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Curso LINGUAGENS EXPRESSIVAS E HISTÓRIA DA ARTE Disciplina LINGUAGEM DOS MATERIAIS

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Curso

LINGUAGENS EXPRESSIVAS E HISTÓRIA DA ARTE

Disciplina

LINGUAGEM DOS MATERIAIS

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Curso LINGUAGENS EXPRESSIVAS E HISTÓRIA DA ARTE

Disciplina

LINGUAGEM DOS MATERIAIS

Eveline CARRANO Maria Helena REQUIÃO

www.avm.edu.br

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So

bre

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au

tora

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EVELINE CARRANO HENRIQUES PORTO, psicóloga (CRP 05/8017),

arteterapeuta (AARJ/10), arte-educadora; pós-graduada com

especialização em Psicoterapia Junguiana e o Imaginário (PUC-RJ)

Terapia de Família (UCAM-RJ) e Arteterapia na Saúde e na

Educação (UNIRIO); curso de mestrado na área de Psicologia

Social e da Personalidade (FGV - RJ). Professora na pós-graduação

em Arteterapia e Psicopedagogia e Terapia de Família no Projeto A

Vez do Mestre (UCAM - RJ) na graduação do curso de Pedagogia

(UCAM - RJ); na pós-graduação (UVA - RJ). Participação em

congressos nacionais e internacionais como palestrante. Atua

como psicóloga e arteterapeuta, ministrando cursos, ateliê,

oficinas com crianças e adultos, atendimento arteterápico e

supervisão e orientação de casos em Arteterapia. Membro da

associação de Marionnette et Thérapie (França). Membro Fundador

da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro - AARJ.

MARIA HELENA PINHEIRO REQUIÃO é professora de História com

especialização em História Contemporânea (Instituto Bennett) sem

defesa de tese, e completou fazendo curso de Atualização em

História (PUC), Atualização em Educação (UERG), Cultura Oriental

(PUC) e Filosofia Oriental também na PUC. Depois resolveu mudar

fazendo Arteterapia com especialização na faculdade (UCAM-RJ) e

fazendo outra especialização em Psicologia Analítica (IBMR),

assunto pelo qual se apaixonou. Atualmente, trabalha com

senhoras idosas em Instituição Israelita, realizando trabalho

voluntário em Instituições Beneficentes. Faz palestras para

senhoras da 3ª Idade, na UNATI, e para prestadoras de trabalhos

voluntários também na UNATI.

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Su

mário

07 Apresentação

09 Aula 1

Os materiais gráficos

43 Aula 2

As tintas

79 Aula 3

As massas

105 Aula 4

Materiais duros

135 Aula 5

As colas e a colagem

161 Aula 6

Materiais alternativos

197 AV1

Estudo dirigido da disciplina

200 AV2

Trabalho acadêmico de

aprofundamento

203 Referências bibliográficas

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Linguagem dos

Materiais

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S

Ap

res

en

taç

ão

Neste caderno, você terá seis aulas.

Na primeira aula, estudaremos a linguagem e as propriedades dos

materiais gráficos.

Na segunda aula, abordaremos as infinitas possibilidades do uso

das tintas.

Na terceira aula, você entrará em contato com os vários materiais

utilizados na modelagem.

Na quarta aula, descobriremos o mundo dos materiais duros e as

sucatas usados na técnica de escultura

Na quinta aula, os materiais utilizados na técnica de colagem.

Experimentando-os, analisando-os.

Finalmente, na sexta aula, descobriremos outras possibilidades de

materiais alternativos e seu uso na arte.

Ob

jeti

vo

s g

era

is

Este caderno de estudos tem como objetivos:

Perceber a diferença entre os materiais e as técnicas

relacionadas aos mesmos;

Conhecer mais sobre a importância da linguagem específica de

cada material e sua aplicação na educação e na saúde;

Aprender a manipular os diferentes materiais, explorando suas

qualidades expressivas;

Aprender novas técnicas e criar outras que serão muito

importantes para o seu trabalho;

Reconhecer no trabalho dos grandes mestres da história da

arte o emprego dos materiais e sua associação com diferentes

técnicas artísticas.

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Os Materiais Gráficos

Eveline Carrano Henriques Porto Maria Helena Pinheiro Requião

AU

LA

1

Ap

res

en

taç

ão

Nesta aula, estudaremos os vários materiais gráficos como, lápis

de cor, lápis cera, hidrocor, carvão, entre outros. Conheceremos a

sua linguagem, suas propriedades e aplicabilidade.

Faremos um breve passeio histórico pela arte, conhecendo os seus

principais artistas, observando como eles utilizavam os materiais

gráficos em suas obras.

Possibilidades para ser trabalhado tanto na educação quanto na

saúde. É uma técnica que facilita a comunicação entre o

aluno/paciente e o professor/terapeuta.

Apresentaremos a vocês diferente técnicas que o desenho nos

permite realizar. Traremos exemplos de trabalhos e sugestões de

atividades, além da indicação do aspecto terapêutico das várias

técnicas que o desenho permite

Espero que gostem e uma boa aula!

Ob

jeti

vo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja

capaz de:

Compreender a linguagem e a aplicabilidade do desenho;

Aprender as várias técnicas do desenho e como aplicá-las para

facilitar o trabalho criativo;

Estudar novas técnicas e criar outras que serão muito

importantes para o seu trabalho.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 10

Os materiais gráficos - desenhos

Os desenhos são comunicações diretas

vindas do inconsciente e não podem

ser facilmente camufladas, diferente

da comunicação verbal.

(Furth, Gregg M.)

Agora, abordaremos os materiais gráficos, muito

utilizados na técnica do desenho. Estes materiais estão

ao alcance das nossas mãos. Acompanha toda a

trajetória da educação, chegando a ser um

instrumento, muitas vezes, fundamental na relação

ensino/aprendizagem.

Por fazerem parte do mundo em que vivemos,

são considerados de grande valor pedagógico e

terapêutico, pois a criança desde a mais tenra idade se

expressa através do grafismo de uma maneira

espontânea e natural.

Os materiais gráficos, como o lápis de grafita,

com sua variedade de grau de dureza; os lápis de cor;

o lápis de cor aquarelável; os lápis de cera, o lápis ou

bastão de carvão; o bastão de pastel seco e a óleo; a

canetinha hidrocor e o pilot são instrumentos de

elevada importância expressiva e gráfica.

Ao experimentarmos esses materiais,

descobriremos suas variadas e ricas possibilidades

expressivas e pictóricas, o que nos levará ao uso de

outras técnicas e à descoberta de novas aplicações e

utilização desses mesmos materiais, os quais

deveremos conhecê-los bem para que possamos atingir

objetivos expressivos em arte, tanto na área da saúde

como na da educação.

Para fins didáticos, poderemos separar esses

materiais em dois grupos: primeiro, os dos materiais

mais duros, pois eles irão permitir maior controle e

Os materiais gráficos – desenhos 10 Os materiais gráficos e a técnica do desenho 11 Os materiais intermediários 27

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Aula 1 | Os materiais gráficos 11

precisão do traçado. Neste grupo, citaremos os lápis de

grafita, os lápis de cor e a canetinha hidrocor. No

segundo grupo, falaremos sobre os materiais de

transição, ou seja, aqueles materiais não se enquadram

somente pela sua dureza, mas, sim que podem sair do

traço, do controle, para a expansão e a fluidez; que

são os lápis de cera, os bastões de carvão, de pastel

seco e óleo, e o lápis de cor aquarelado.

Os materiais gráficos e a técnica do

desenho

O desenho é uma atividade artística cuja

produção resulta em composições bidimensionais

constituídas por pontos, linhas, formas.

Desde o início da humanidade, os materiais

gráficos têm sido utilizados pelo homem como forma de

linguagem e de expressão de sentimentos. No início,

era utilizado em um contexto tribal e religioso, tendo

um cunho místico, como se fosse dotado de poderes

mágicos ou espirituais, bastando o ato de desenhar

para realizar seus pensamentos ou desejos. À medida

que, porém, a humanidade evoluiu, o desenho também

ganhou uma identidade própria, se desvinculando da

religiosidade, mas continuando como uma forma de

expressão, só que agora ligado à arte, com a história

relatando as transformações que ocorriam no mundo.

Até o Renascimento, foi usado como forma de

expressão sem muita preocupação com a técnica, mas

a partir daí pelas mudanças ocorridas na mentalidade

da época foi encarado com mais rigor, tendo sido a sua

técnica bastante apurada.

A história do homem e a do desenho, como

também da pintura, difere das outras técnicas de

comunicação, por antecederem as manifestações

racionais como a linguagem, a escrita e a fala, quando

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Aula 1 | Os materiais gráficos 12

o homem começa a desenhar e a pintar para transmitir

as experiências que viveu. Esta realidade do passado

nos é mostrada no presente. Ao observarmos uma

criança nos seus primeiros anos de vida, veremos que

antes mesmo de ter adquirido um pensamento lógico e

uma fala correta, ela recorre ao traço, buscando uma

forma de expressão que a satisfaça. Ao executar sua

obra, cheia de risco e rabiscos, seus gestos são tão

naturais e espontâneos como os que faz ao andar, ao

comer e ao falar, fazendo parte da expressão intrínseca

da espécie humana. É a necessidade de reproduzir o

que sente, o que imagina e o que vive através do traço.

Sua forma de expressão é um simples rabisco

desordenado, mas que, para ela, torna-se real

concreta. O desejo de representar, de imitar começa

ainda muito pequeno quando, através de uma

variedade de rabiscos, representa histórias simples e

profundas que fazem parte do mundo em que vive.

Com o seu desenvolvimento, esses traços

desordenados tornam-se mais precisos e identificáveis.

Existem numerosas técnicas que ajudam a criança a

expressar seus sentimentos por meio do desenho, mas

o importante é levá-la a tomar consciência de si mesma

e do seu lugar no mundo. Isso, porém, não se refere

apenas à criança, mas também ao adolescente e ao

adulto que passam por crises interiores, sendo o

desenho por suas características de abstração e

ordenação de pensamento uma atividade de grande

valor terapêutico.

Howard Gardner, psicólogo americano, vê nos

primeiros passos do ser humano, buscando se

expressar através do traço, uma intuição genuína da

necessidade de adaptação ao mundo através do

desenvolvimento de percepções, acompanhado por

interações motoras e que são estimuladas pelo

ambiente que o cerca.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 13

A percepção, como não ignoramos, é

imprescindível tanto à saúde como à aprendizagem. É

uma fusão entre o pensamento e o sentimento, o que

nos possibilita estarmos no mundo vivendo, atuando e

refletindo sobre nós, o outro e a realidade em que

vivemos.

E o que é a aprendizagem senão uma reflexão

sobre nós e o mundo, sobre o presente e o passado

para construção do futuro? Baseada nessa e em outras

premissas, a educação ainda no século XIX, na Europa,

e um pouco mais tarde no Brasil, aliou a arte com suas

várias modalidades da educação, dando uma grande

ênfase a essa nova parceria. Porém para que essa

aliança se concretize, é importante educar o modo de

ver, de observar. Ensinar a fazer arte é muito pouco, o

importante é conscientizar a importância da arte e dos

materiais dos quais ela se utiliza na vida de cada um de

nós.

O desenho é uma manifestação do Ego (centro

do nosso consciente), que se utiliza de sua função

organizadora para transmitir suas imagens interiores

vindas do inconsciente, carregadas de informações

importantes ou banais, mas que desconhecíamos.

Através do desenho, podemos avaliar as

condições psíquicas do indivíduo pela proporção e

disposição das formas apresentadas, pela iluminação da

cena (clara ou escura), pelo uso das cores (por vezes

fortes demais) e pela natureza dos motivos (infantis,

assustadores, abstratos).

Quanto mais rígida for a postura do indivíduo,

mais ele necessita do desenho como forma de

expressão não verbal.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 14

De um modo geral, esta é uma atividade bem

aceita, pois o material utilizado dá uma sensação de

segurança.

Quando desenhamos, a coordenação motora fina

é bastante trabalhada; por isso, é necessário o estímulo

do desenho. Ao desenhar, se exercita, também, a

coordenação viso-motora, e o exercício da expressão

espontânea, que envolve o físico e o intelecto. Com ele,

trabalhamos a atenção, a concentração, a organização,

o centrar-se, facilitadores do contato mais íntimo com a

realidade, tanto interna quanto externa.

Existem algumas modalidades de desenhos que

veremos a seguir, juntamente com as indicações de

uso.

Desenho de cópia – trabalha a atenção e a

concentração, direcionado para a realidade,

para o entorno, uma vez que é uma cópia

direcionada para o real. Algumas pessoas têm

enorme dificuldade em executar esse

trabalho, alguma vezes por pura inabilidade,

outras por apresentarem dificuldade de

concentração. É de grande ajuda no trabalho

com pessoas com dificuldade de concentração

e atenção, bem como com características

sonhadoras, isto é, dispersas e desatentas.

Sugestão de atividade:

Solicita-se que cada aluno leve para a sala de

aula uma fotografia, que pode ser da família, do próprio

aluno, de um lugar, de uma festa, enfim, de várias

coisas ou eventos.

Os alunos, individualmente, apresentam aos

colegas a fotografia que trouxeram. A seguir, propõe-se

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Aula 1 | Os materiais gráficos 15

que cada um desenhe, numa folha branca sulfite, a

imagem da fotografia que trouxe. Os desenhos são

expostos e sugeridos comentários sobre os mesmos.

Em outra etapa, os alunos trocam as fotografias

uns com os outros e elaboram novos desenhos.

É montada a exposição dos novos desenhos, de

modo que, para cada foto, dois desenhos sejam

expostos e tecidos comentários sobre os mesmos.

Comparações ocorrerão e, nesse momento, é

importante deixar registrado para o aluno que as

diferenças entre as pessoas é que constituem os

diferentes modos de desenhar.

Cada aluno percebe uma mesma imagem de

formas diferentes e isso se dá porque a percepção está

ligada ao sentido. Vygotsky (1982) diz que uma das

características da percepção é que ela não pode ser

separada da atribuição de sentido do objeto percebido.

Dessa forma, a denominação do objeto e a sua

interpretação ocorre juntamente com a percepção do

mesmo. O significado e o sentido dado aos elementos e

ao mundo acompanham o processo de percepção dos

mesmos.

A solicitação de algo que é importante e especial

para o aluno é uma forma de valorizá-lo e promover

um maior conhecimento entre os sujeitos

Desenho livre ou espontâneo - é uma

ferramenta de valor inestimável nas mãos de

um professor ou de um psicólogo. É uma

forma de conhecer melhor seu aluno ou

paciente, pois o ato de criação nada mais é

do que a revelação de conteúdos psíquicos. O

psicólogo suíço, Carl Gustav Jung, utilizou a

técnica do desenho no atendimento a seus pa-

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Aula 1 | Os materiais gráficos 16

cientes, pois enxergava o seu valor pelos

símbolos que trazia. Para ele, os símbolos

eram um veículo de conhecimento de si e do

mundo e estes símbolos surgiam

espontaneamente no momento do desenho.

Essa é uma atividade íntima, só o indivíduo e

o papel.

Sugestão de atividade:

Colocam-se folhas de papel Kraft (pardo) presas

nas paredes da sala de aula formando um grande

painel. Isso permite que os alunos desenhem num

outro plano, diferente daquele das carteiras. De uma

forma ou de outra, eles apreciam modos inovadores

para desenvolver desenhos.

A proposta é que cada aluno desenhe aquilo que

quiser, usando lápis de cera e/ ou canetas

hidrográficas. Finalizado o tempo, propõe-se que cada

um comente o próprio desenho.

Todos são solicitados a ver, a distância, o painel

desenhado. Na sequência, essa atividade poderá ser

repetida com a sugestão de um tema: coisa da

natureza, um determinado lugar que todos conheçam a

escola, o centro da cidade.

Quanto mais os alunos desenharem de forma

interativa, mais aumenta sua possibilidade de

apropriação. O desenho partilhado e constituído

socialmente é mediador para o desenvolvimento do

conhecimento do aluno.

Desenho dirigido – é aquele feito a partir de

um simples traço ou de um tema. A partir

dele, podem surgir emoções bloqueadas que

necessitam vir à tona.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 17

Sugestão de atividade:

Esta atividade, inicialmente, é individual. Cada

criança tem, à sua frente, uma folha de papel sulfite. O

professor, andando pela sala de aula, efetua em cada

folha um traço. Depois de realizado o traço nas folhas

de todas as crianças, propõe-se que cada uma delas

efetue um desenho a partir desse traço.

Esta atividade aparentemente simples provoca

no aluno o encontro de uma solução a partir do

aproveitamento do traço, transformando-o na

configuração da forma. Isso pode representar um

desafio e, sendo assim, motivar o aluno para a (re)

criação de desenhos.

Após a realização dos trabalhos individuais, a

proposta poderá se estender para o trabalho em grupo.

Ao passar pelos grupos, o professor faz traços em

folhas maiores e propõe que os desenhos sejam

realizados com base neles, de forma interativa. Como

em outras atividades, emergem das dificuldades e

negociações elementos para futuras análises do

professor.

A seguir, trocam-se os trabalhos: cada grupo

fica com a folha de outro grupo. Agora, a proposta é

que cada grupo complemente ou transforme as figuras

já desenhadas pelo grupo anterior.

Nota: esta proposta é muito interessante, pois

ela leva a uma maior integração do grupo, ajuda a

vencer dificuldades, valoriza o processo de criação,

tanto individual como em grupo.

Na sequência, os trabalhos são expostos

para apreciação e comentários do grupo.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 18

Desenho monocromático – ao utilizarmos

uma só tonalidade cromática nos desenhos,

dirigimos a emoção para um foco específico,

trabalhamos, então, com emoções mais

superficiais. Quando usamos uma gama maior

de cores, atingimos emoções mais profundas

e variadas.

Podemos desenhar nos utilizando de vários

materiais como lápis grafite, lápis de cor, lápis de cor

aquarelado, lápis cera (para cobrir fundo), hidrocor

grosso (para traços mais grossos e grandes extensões),

hidrocor fino (para traços mais finos e detalhes mais

elaborados), lápis de cera, pastel seco, pastel a óleo e

carvão.

Esses materiais, quando utilizados de forma

correta, têm uma finalidade terapêutica que atua no

indivíduo de uma maneira subjetiva e pessoal, de

grande valor terapêutico e pedagógico.

Então, vamos a eles:

LÁPIS GRAFITE

Os materiais gráficos trabalham a

organização, o limite, a atenção e a concentração.

Os lápis de grafite, ou lápis preto, constituem os

materiais gráficos, eles são os mais conhecidos,

práticos e utilizados, pois podemos considerá-los como

uma das primeiras ferramentas usadas para escrever.

Porém, sua finalidade vai muito além desse uso,

uma vez que nos oferece uma série de outras

possibilidades para enriquecer o trabalho realizado em

atividades artísticas e na técnica do desenho.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 19

Que tal conhecer um pouco de sua história?

A grafita, utilizada no lápis, é um mineral. A

primeira mina foi descoberta em 1400, mas não

souberam aproveitá-la na escrita ou no desenho. Seu

uso só se formalizou a partir do século XVI quando foi

descoberta uma grande mina com o objetivo de ser

usada como material de desenho sendo fornecida,

então, para todos os países europeus.

A produção de lápis em grande escala,

entretanto, só aconteceu por volta de 1700, através da

fábrica “Faber–Castel,” que ainda conhecemos hoje e

que na ocasião misturavam a grafita com igual

quantidade de enxofre. Outros aperfeiçoamentos foram

acrescentados até chegarmos aos lápis que usamos nos

dias atuais.

Tipos de grafite: os lápis grafites variam de

acordo com o seu grau de dureza. Vão desde os de

categoria B, que são bem macios, passando pelos de

dureza média, os HB, e chegando ao extremo nos H Os

lápis mais duros são referenciados com a letra H do

Inglês hard, enquanto os mais macios recebem a letra

B de black, por produzirem traços mais escuros. Junto

com a letra é associado um número para distinguir o

grau de dureza ou maciez, sendo a escala mais comum

do 6H até o 6B, porém existem alguns fabricantes que

estendem a escala até os limites de 10H a 9B.

Quanto maior o número do H, mais duro será o

grafite, por outro lado, quanto maior o número do B,

mais macio ele se torna.

O lápis HB, também no centro da escala, é o lápis

intermediário, normalmente utilizado na escrita.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 20

Esse é um material que exige certo controle

motor e uma determinada capacidade de manipulação.

Seus trabalhos são muito bonitos, permitindo fazer

excelentes trabalhos de sombra.

O lápis grafite por ser um material resistente,

mas que exige um bom controle motor, trabalha a

concentração, e a coordenação motora fina.

Sugestão de atividade.

Utilize os vários tipos de lápis grafite,

desenhando uma velha árvore e criando uma textura

para o seu tronco.

Lápis, lapiseira ou bastão

O grafite pode ser utilizado acondicionado no

interior de um lápis de madeira, em uma lapiseira ou

como um bastão (barra), dependendo da finalidade ou

preferência de quem a utiliza. Em geral, o lápis oferece

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Aula 1 | Os materiais gráficos 21

a maior variedade de recursos para o artista, já que

com a possibilidade de ser apontado de várias

maneiras, dá maior versatilidade para diversos efeitos.

A lapiseira, por sua vez, permite a execução de traços

contínuos, sem alteração da sua espessura, o que

muitas vezes é desejado, além de ser muito mais

prático pelo fato de não ser necessário apontá-la.

Os bastões são utilizados para o preenchimento de

grandes áreas, onde a precisão não é um requisito.

Com ele é possível um ganho acentuado na velocidade

da cobertura. Embora existam artistas que trabalhem

com apenas um tipo de material, aproveitar as

vantagens de cada um tráz grandes benefícios para a

qualidade dos desenhos. Além da escolha do

equipamento a ser utilizado, para que se obtenham os

resultados esperados, é necessário possuir algumas

variações de graduação do grafite. Os grafites mais

duros são melhores para os esboços iniciais, pois por

serem mais duros, despejam menor quantidade de

grafite sobre o papel, fazendo com que a cor seja mais

clara. Este lápis deve ser passado sem muita pressão

sobre o papel, pois devido a sua dureza, poderá

danificar a superfície. Após o esboço inicial, pode ser

utilizado um lápis mais macio para adicionar

tonalidades mais escuras e enfatizar o desenho

preliminar.

A lapiseira é muito útil quando se deseja traçar

linhas precisas, como no desenho de cabelos, pelos,

estruturas de prédios, ou qualquer outra estrutura

rígida.

Mas antes de acrescentarmos outras

informações sobre o material, vale a pena ler este

artigo escrito por Paulo Coelho.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 22

A HISTÓRIA DO LÁPIS

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A

certa altura, perguntou:

- Você está escrevendo uma história que aconteceu

conosco?

E por acaso, é uma história sobre mim? A avó parou a

carta, sorriu, e comentou com o neto:

- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto,

mais importante do que as palavras, é o lápis que estou

usando.

Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse. O

menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de

especial.

- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!

- Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há

cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-

las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.

"Primeira qualidade:

Você pode fazer grandes coisas, mas não deve

esquecer nunca que existe uma mão que guia seus

passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve

sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade".

"Segunda qualidade:

De vez em quando eu preciso parar o que estou

escrevendo, e usar o apontador.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 23

Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final,

ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas

dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor."

"Terceira qualidade: O lápis sempre permite que

usemos uma borracha para apagar aquilo que estava

errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não

é necessariamente algo mau, mas algo importante para

nos manter no caminho da justiça".

"Quarta qualidade: O que realmente importa no lápis

não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite

que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que

acontece dentro de você."

"Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre

deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo

que você fizer na vida, irá deixar traços, e procure ser

consciente de cada ação".

Autor Paulo Coelho

LÁPIS DE COR

O lápis de cor, assim como os materiais

gráficos, trabalha a organização, o limite, a atenção e a

concentração, contribuindo para que o mesmo aconteça

com a pessoa que desenha, podendo levar ao equilíbrio

interior. Portanto é indicado para pessoas dispersas,

com dificuldade de atenção e concentração.

Este é um material muito conhecido, usado

indistintamente por crianças e por adultos. Proporciona

firmeza ao ser manipulado, transmitindo uma sensação

de segurança e controle. Seu traço macio e seu

pigmento colorido oferecem bons resultados

cromáticos.

O seu uso nos permite trabalhar com linhas finas

ou mais grossas, sinuosas. Dependendo da finalização

que se quer dar ao desenho, pode-se afinar a ponta do

lápis para grossa ou fina. É aconselhável que você

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Aula 1 | Os materiais gráficos 24

experimente lápis de cor de marcas variadas e de

diversos tipos (no mercado existe uma variedade deles,

com espessuras e formatos diferentes) para testar e

escolher aqueles a que mais se adapta: pois alguns são

mais duros; outros são mais macios, quando aplicados

sobre o papel deixam sua marca através de seu traçado

e de seu pigmento.

Agora, para não modificar seu trabalho,

experimente fazer uma série de textura em folhas

separadas. No trabalho com lápis de cores variadas,

não podemos esquecer-nos da cor branca, pois quase

sempre não a sabemos usar. Ela tem o poder de

misturar melhor as outras cores, realçando o desenho,

eliminando a porosidade (aquelas falhas brancas que

aparecem quando o colorido é feito de forma rápida ou

intensa). Outra interessante possibilidade de se usar o

lápis branco é colorindo papéis pretos ou de outra cor

mais escura.

Agora uma sugestão usando lápis de cor.

Faça linhas curvas em papel cartão ou papelão

fino, ficando com uma forma semelhante a esta

a seguir recorte-a, colocando-a sobre uma folha de

papel sulfite, contornando-a de várias maneiras e

criando uma composição.

Este é só um modo de colocar o motivo, que

pode tomar a forma de uma mandala, ou outras formas

mais elaboradas. Também, o motivo pode ser

substituído por outros como flores, borboletas, formas

geométricas. As possibilidades são várias, e podem ser

usadas em todas as faixas etárias. Agradam sempre,

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Aula 1 | Os materiais gráficos 25

pois o efeito é muito interessante pelas cores que

usam, podendo ser mais suaves ou mais fortes,

dependendo da escolha.

A sugestão de trabalho oferece mil

possibilidades de criação.

Agora a vez é sua. Coloque a sua sugestão para

uma atividade usando lápis de cor.

Canetas hidrográficas:

São firmes e seu pigmento é colorido e fluido,

como a tinta, sua textura lembra a aquarela, porém

suas cores são intensas. É um material que deixa os

contornos bem definidos, não permitindo nuances. As

cores podem ser intensificadas pela superposição de

cores, pintando umas sobre as outras.

Requer certa técnica, e quando são muito

pressionadas sobre o papel, ou há superposição de

cores ou o papel pode rasgar. Suas pontas se

apresentam sob três aspectos:

Finas, grossas ou chanfradas.

Sugestão de atividade:

Esta é uma sugestão muito simples, mas que

transforma o trabalho, dando-lhe um aspecto diferente

e muito bonito.

Como material, você usará papel canson branco,

canetas hidrográficas, um pincel não muito grosso e um

potinho com água.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 26

Desenhar uma paisagem. Esta sugestão será

trazida através de uma história, imaginação dirigida ou

mesmo de um trabalho de cópia conforme seu objetivo.

A paisagem será desenhada e pintada com as canetas.

Não será utilizado outro material.

Quando a obra estiver concluída, molhar

levemente o pincel passando sobre ela. As cores fortes

ficarão diluídas dando a impressão de não ser mais um

desenho e sim uma pintura suave.

Cuidado, porém, com a quantidade de água do

pincel, que deve ser pouco molhado; se quiser um

aspecto mais diluído na tinta, passe-o mais vezes.

DESENHO COM HIDROCOR NO VEGETAL

MATERIAL: papel vegetal e hidrocor.

TÉCNICA: O aluno desenha livremente usando o

hidrocor no papel vegetal.

OBJETIVO: Ajuda a desenvolver a coordenação

motora; a imaginação criadora; o movimento muscular

fino, a autoexpressão, o gosto artístico, a orientação

espacial.

PINTURA COM HIDROCOR E ÁLCOOL

Material: canetas hidrográficas, álcool, essência,

pincel pequenos, papel canson.

Técnica: Desenho livre com as canetas

hidrográficas no papel canson. Após terminar o

desenho, passar o pincel molhado no álcool sobre o

mesmo.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 27

Objetivo: Promover um efeito aquarelado no

desenho.

Levar ao rompimento da barreira da linha,

sugerindo a fluidez do traço.

Nota: este trabalho pode e deve ser utilizado

como ilustração no estudo do movimento

impressionista.

Os materiais intermediários

Dando continuidade à linguagem dos materiais

para a técnica do desenho, é importante abordarmos os

materiais que podem ser usados tanto como materiais

mais restritivos como mais expansivos. Chamaremos

estes materiais de intermediários. Esses materiais têm

uma função muito importante no trabalho terapêutico,

pois eles podem ser usados para ajudar na passagem

de um momento para o outro. Uma vez que eles têm a

possibilidade de restringir e de dar limite, característica

do traço, e de elaborar detalhes, dar precisão. Por

outro lado, após ser feito o traço, o mesmo pode ser

desfeito e expandido, modificando a forma original e

levando o desenho rígido a uma fluidez, cobrindo uma

área maior. Vamos ver como isto acontece?

LÁPIS DE COR AQUARELADO

O lápis de cor aquarelado, também conhecido

como lápis aquarela, é aquele cuja mina possui além

dos pigmentos misturados com ceras e vernizes uma

substância solúvel em água.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 28

O lápis de cor aquarelado é bem semelhante ao

lápis de cor comum, porém é bem mais macio. Ele

possui as mesmas características do lápis de cor quanto

a sua linguagem, trabalhando o limite, a restrição no

espaço, a atenção, porém ele tem um fator relevante:

com o auxílio de um pequeno pincel molhado em água,

seu traço se transforma em tinta fluida e aquarelável,

dando liberdade à linha e provocando um efeito todo

especial no desenho, torna as cores mais nítidas,

vibrantes, encobrindo inclusive os traços mais finos,

permanecendo apenas os mais resistentes.

Após a secagem, pode-se trabalhar a cor,

passando-se novamente o lápis seco por cima,

acrescentando detalhes e aumentando a gama de

cores.

Ele enriquece o trabalho de arte, tanto na

educação como na saúde.

Quanto ao seu uso, os lápis aquareláveis

apresentam um melhor resultado quando utilizados em

papéis porosos ou de alta gramatura (específicos para

pintura e desenho) que absorvem parcialmente a água.

Devido ao fato de o papel sulfite não ser muito

resistente ao absorver a água, não é bem recomendada

a utilização de água sobre o desenho com os lápis

aquareláveis nesse tipo de superfície.

Quer saber mais?

O que é a mina de um lápis de cor? A mina é a parte

interna do lápis, e é composta por matérias-primas como pigmentos, aglutinantes, minerais e ceras.

Atenção: os lápis aquareláveis não podem ser

mergulhados na água para não serem danificados,

use sempre um pincel. Por isso, a caixa de lápis

aquareláveis vem sempre acompanhada por um

pincel.

Para produzir o efeito de aquarela, a mina do lápis

de cor aquarelável precisa ser mais macia do que a

mina dos outros lápis. Portanto, o esfarelar da mina é normal.

Quer saber mais?

Os lápis de cor aquareláveis não podem ser usados em tecidos. Os

pigmentos e ceras existentes na composição do produto podem danificá-los. Uma sugestão para remover as manchas é lavar os tecidos manchados Não utilize os lápis aquareláveis para pintar o corpo. Apesar da sua atoxidade, não são indicados para esse fim. O uso inadequado do produto na pele pode causar reações alérgicas ou irritações. Para o uso sobre a pele, algumas lojas dispõe da linha Cara Pintada, disponível em pasta com 6 cores de lápis próprios para esse fim.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 29

Sugestões de atividades:

Desenhar livremente explorando uma só cor.

Passar o pincel umedecido em água sobre o

desenho, desenhar sobre a pintura com outro

lápis de cor procurando reforçar o contorno. Este

exercício é muito interessante para se trabalhar

com pessoas que têm muita dificuldade em se

soltar, em se arriscar a ultrapassar limites, tanto

internos como externos;

Escolha um papel próprio para aquarela,

umedeça-o com água. Desenhe sobre o papel

umedecido com o lápis aquarelável variando

as cores, sem se preocupar com a forma

figurativa. Observe a linha se expandindo, as

cores se misturando e o desenho se

transformando, tanto na forma como na cor.

Esta técnica é muito interessante para se

trabalhar com temas referentes às diferenças

de cor, à integração de grupos e também com

relação ao movimento impressionista;

Traçar um círculo grande, pode ser no centro

do papel. Com a ajuda de um pincel úmido,

levar a cor para o interior do círculo. Esta

técnica leva ao centramento, à busca do

centro, do seu eixo;

Outra técnica muito interessante e criativa é

fazer a ponta de vários lápis aquereláveis de

diferentes cores, reservar o pó retirado dos

mesmos. Umedecer um papel branco com

água e jogar as pontas aleatoriamente sobre

o papel. O pó ao entrar em contato com o

papel umedecido se transforma em aquarela

e forma manchas coloridas. Uma boa

atividade é pedir para identificar formas nas

manchas e contorná-las com o lápis aquarelável

ou canetinha hidrocor.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 30

LÁPIS CERA

Os lápis de cera oferecem grandes e ricas

possibilidades de trabalho. Eles podem ser

considerados como um dos materiais intermediários

entre os gráficos e seu controle e as tintas e sua

expansão. Ao variar do traço firme, que leva à linha e

ao contorno, a possibilidade de expansão e de leveza,

quando deitado, pode cobrir uma pequena ou grande

área só variando o movimento e o gesto.

São utilizados em larga escala e em todas as

faixas etárias, sendo sempre bem aceitos. Em princípio

não são tóxicos, mas os corantes e pigmentos usados

podem modificar essa condição, de maneira que,

desconhecendo-se a química do produto, é melhor ter

certa cautela.

São muito usados para trabalhos infantis nas

escolas primárias. As crianças divertem-se bastante

com as possibilidades de cores variadas e a fácil

utilização. Podem ser empregados diretamente numa

grande variedade de superfícies como papel, cartolina,

gesso, isopor e muito mais. Em superfícies que não

sejam naturalmente porosas, pode não haver aderência

da cera, mas dependendo do objetivo desta aderência

resultam belas texturas que favorecem o trabalho de

composição. Por motivo de saúde, como alergia, o seu

uso pode ser contraindicado, mas estas restrições

acontecem raramente.

Sugestão de atividade:

Uma das funções da arte na educação e na

saúde é desenvolver a criatividade, então por que não

misturarmos os materiais para vermos o que acontece

e os efeitos que provocam.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 31

Contar uma história ou trabalhar um

acontecimento do conhecimento do grupo e, a seguir,

pedir que façam um desenho com lápis cera colorido.

Ao terminarem o trabalho, e estando os lápis

guardados, espalhar uma cor de tinta guache por cima,

diferente da cor do lápis usado. O desenho ficará

destacado porque o guache não fixa na parte que

estiver com lápis cera. É uma brincadeira para criança,

mas que pode muito bem ser usada para produzir

efeitos e para exercitar a criatividade, despertar a

curiosidade e desenvolver a atenção. Como a arte não

tem limites, tudo é válido e possível sendo dessa forma

um ótimo instrumento auxiliar da aprendizagem.

DESENHO COM LÁPIS DE CERA DERRETIDO

MATERIAL: Lápis de cera, papel 40kg, vela (no

lugar do papel 40kg, esta técnica pode ser dada com

cartolina preta).

TÉCNICA: Encosta-se a ponta do lápis de cera à

chama da vela, deixando que a mesma amoleça. Faça o

desenho imediatamente, enquanto o lápis estiver mole.

OBJETIVO: Enriquecimento das experiências dos

alunos, levando-os à exploração das formas e cores

através de materiais pastosos, permitindo a mistura de

cores para a obtenção de tonalidades que enriqueça o

trabalho.

Oferecer ao aluno o melhor meio para poder se

expressar livremente através da forma e da cor, sem a

menor preocupação técnica.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 32

PASTÉIS SECOS

Pastéis secos:

Os pastéis secos são feitos com pigmentos em

pó, misturados com resina ou cola e moldados em

forma de barra. Quanto mais cola tiver a mistura, mais

duros e menos brilhantes se tornam os pastéis.

Deslizam com facilidade, mas deixam um resíduo que

por vezes torna-se difícil trabalhar com eles, por isso é

necessária uma certa orientação. Quando se tem por

objetivo, por exemplo, integrar a figura na composição

tornando-a mais uniforme ficam perfeitos, caso

contrário podem estragar o trabalho.

Existem três maneiras de se utilizar os lápis

pastéis:

Arrastando o lápis longitudinalmente sobre o

papel – ficando o resultado dependendo da

pressão do lápis, quanto maior a pressão,

mais forte será a cor;

Com a ponta do lápis ou da barra – nesse

caso podem-se traçar linhas ou traços

grossos;

Com os dedos, quando se pode aproveitar o

pó que eles deixam.

Durante o desenho a pastel, pode-se usar o

esfuminho. No final, os trabalhos devem ser fixados

Dica de filme

http://entreartes.arteblog.com.br/99081/Pintando-com-lapis-pastel-seco/ Um pequeno filme de um desenho com pastel seco, vale a pena ver.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 33

com um spray apropriado para que a sua forma não se

altere.

Os pastéis têm uma paleta belíssima de tons

suaves, muito atraentes. As tonalidades pálidas de

algumas cores, especialmente as cores de carne,

devem-se à argila ou "branco de Espanha" que se

mistura para torná-los mais opacos. Normalmente, são

caros devido à sua qualidade e à delicadeza da matéria-

prima, o que é uma pena, pois os trabalhos realizados

com este material quando feitos com técnica adequada

são muito bonitos.

Terapeuticamente, trabalha a paciência, o

equilíbrio, a tranquilidade, a coordenação motora, uma

vez que exige um bom controle manual. O resultado

obtido é um prêmio, elevando muito a autoconfiança,

porém para que isto aconteça é necessário antes de

tudo um trabalho de aprendizagem. Só a partir daí é

que se pode esperar um resultado positivo.

PASTÉIS OLEOSOS

Para aqueles que não conhecem os lápis

pastéis, na aparência eles se parecem, mas logo, ao

segurá-los, percebe-se a grande diferença. São de

difícil utilização, exigindo por isso um aprendizado. São

relativamente novos, e muito populares para trabalhos

pouco delineados, mas bastante coloridos. Os pastéis

oleosos oferecem uma resistência ao trabalho, havendo

certa dificuldade na sua manipulação, pois pela sua

constituição são viscosos, pois são fabricados com uma

mistura de pigmento e óleo. Por vezes, a utilização de

aguarrás ou terebintina facilita a sua manipulação.

Aderem com facilidade ao papel e permitem misturas

de cores que se depositam numa camada mais grossa e

pastosa ou mais fina, conforme se pretender. As

imagens criadas são possíveis de correção. Quando

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Aula 1 | Os materiais gráficos 34

utilizados em posição horizontal, depositam uma maior

quantidade de material, o que permite textura e

misturas de cores, pelas suas qualidades pastosas.

Oferecem uma grande gama de cores, podendo

ser comprados avulso.

OBJETIVO: Ajudar a desenvolver a imaginação

criadora, a coordenação motora, o autodomínio e

oferece a oportunidade para melhorar a atenção, a

concentração e a noção de figura e fundo.

Seu uso terapêutico é semelhante aos outros

materiais para o desenho, embora sua constituição seja

um pouco diferente dos outros materiais, ou seja, mais

oleosa, ele apresenta uma gama de possibilidades

criativas, que, pelo traço, pede concentração, atenção,

calma, e, principalmente, uma grande vontade de

acertar. Ultrapassar obstáculos requer boa capacidade

de manipulação, trazendo como prêmio a autoconfiaça

elevando a autoestima.

Sugestões de atividade:

Dê um simples traço com o bastão de pastel

oleoso após, com a ponta do dedo, espalhe o pastel por

sobre a mesma linha, tornando-a mais uniforme. Você

pode variar o tamanho da linha, ela pode ocupar só um

pequeno espaço do papel ou todo o papel, percorrendo

de uma ponta à outra. Pode variar também o tipo de

linha, por exemplo curvas, retas, abertas, fechadas,

quebradas.

Desenhe livremente com pastel oleoso, ao

terminar use um algodão embebido em um removedor,

assim, a pintura será espalhada obtendo uma gama

maior de cores com efeitos suaves e transparentes,

semelhante à aquarela.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 35

Material que você irá utilizar:

Papel 40 kg, pastel oleoso, algodão, aguarrás/

terebintina ou removedor (já existindo sem cheiro) e

cotonetes.

O efeito obtido é muito interessante, parecendo

por vezes uma pintura, mas é um trabalho que exige

calma e paciência, o que leva às vezes o abandono do

trabalho.

Já deixamos muitas sugestões de trabalho, mas

existe uma infinidade de outras atividades. Aprovei o

espaço abaixo para colocar as suas.

CARVÃO

Outro material que podemos situar como

intermediário entre o limite da linha e a fluidez do traço

é o carvão.

O carvão é um material obtido através da

combustão de madeira, em geral mais porosa, ou como

derivado do petróleo. É considerado um dos materiais

mais antigos do mundo, os artistas têm feito uso do

carvão desde que aprenderam a deixar o seu registro

nas paredes das cavernas (pintura rupestre), na Idade

Média e no Renascimento, trabalhando os contrastes

entre os claros e escuros, brincando com a luz e a

sombra, encontraram efeitos magníficos e resultados

surpreendentes.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 36

Atualmente, podemos encontrar o carvão numa

variedade de formas que vão desde as barras,

quadradas ou cilíndricas, aos lápis pastéis. Porém

podem ser usados em pós e espalhados com o próprio

dedo.

O carvão deixa marcas e riscos no papel, porém

seu traço pode ser transitório devido à ausência de

aglutinante em seu conteúdo. Não apresenta, portanto,

muita durabilidade, seu traço deixa um rastro de pó, o

que requer determinados cuidados para não deformar o

desenho feito. Por seu traço não ser muito resistente,

pode causar certa instabilidade naquele que o

manipula. Um bom recurso a ser usado é, ao término

do desenho, pulverizar um fixador sobre o mesmo.

Porém, se olharmos por outro ângulo, oferece

muita facilidade de correção e de obtenção de

diferentes matizes. Esta é a sua grande vantagem: o

traço não fica rígido. Podendo ser apagado e

transformado durante todo o processo de criação, com

um simples toque dos dedos.

O resultado do traço depende da forma como é

manipulado. Quanto mais granulado, mais macio e

menos aderente, a dureza o torna mais resistente. O

uso de um fixador permite a conservação do trabalho.

Quando bem esfumaçado, dá muita leveza ao

trabalho.

O uso do carvão na educação como na saúde é

de grande valor tanto terapêutico quanto como recurso

pedagógico, pois trabalhar com carvão requer

paciência, atenção, concentração, cuidado e paciência.

Além de servir como uma fonte inesgotável para a

criatividade, trabalhando com a criação e a

transformação permanente da imagem.

Quer saber mais?

Você sabia que, laquê de cabelo serve muito bem como fixador do carvão na superfície em que se está trabalhando? O traço do carvão pode ser espalhado com o dedo ou com o esfuminho? Pode-se trabalhar com o carvão em diferentes superfícies, porém a melhor é sobre papel mais poroso, como o canson? O esfuminho tem uma forma semelhante a um lápis, ele serve para espalhar o pigmento do carvão e do pastel seco. Ele é feito de papel enrolado sobre si mesmo.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 37

Sugestão de atividade:

Este é o exemplo de exercício feito com carvão,

manipulando-o de formas diferentes para obter efeitos

grossos, finos e médios.

Agora é a sua vez de experimentar utilizando

formas diferentes, mas obtendo os mesmos efeitos.

Borracha

A borracha, finalmente, encontrou o seu lugar

entre o material do desenho. Sua utilidade é múltipla.

Pode ser usada para limpar uma região, esbater

um traço ou mesmo para fazer um desenho em

negativo como o modelo acima.

Seus efeitos são múltiplos. Quando pressionada

horizontalmente sobre o papel, deixa listras grossas ou

mais finas de acordo com sua espessura. O seu toque

dá uma sutileza, uma leveza ao desenho, pois trabalha

a linha e o tom possibilitando a obtenção de várias

tonalidades dependendo da pressão feita. Quando

usada sobre o carvão simplesmente espalhado sobre o

papel, amplia o efeito luz e sombra (claro e escuro).

Um bom efeito disso é o trabalho com o lápis

borracha.

Estão, vamos experimentar?

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Aula 1 | Os materiais gráficos 38

Aproveite o pequeno espaço acima e faça traços

lineares com o material da sua escolha. Após, use a

borracha fazendo círculos, ou linhas ou até mesmo uma

forma. Veja que efeito interessante. O importante é que

a cor usada para o fundo seja mais intensa.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 39

EXERCÍCIO 1

Sobre o desenho, assinale a alternativa errada:

( A ) O desenho é uma forma de expressão acessível

somente às pessoas dotadas de criatividade;

( B ) As crianças buscam através dos seus primeiros

traços uma adaptação ao mundo;

( C ) Nos primeiros agrupamentos humanos, o desenho

era utilizado em um contexto religioso;

( D ) Através do desenho, podemos avaliar as

condições psíquicas do indivíduo pela proporção e

disposição das formas apresentadas;

( E ) O desenho foi o narrador da história da

humanidade.

EXERCÍCIO 2

Por que o desenho é uma atividade imprescindível tanto

a saúde como à educação.

( A ) Desenvolve a percepção e a atenção;

( B ) Desenvolve a coordenação motora;

( C ) Aumenta a autoestima;

( D ) Desenvolve a criatividade;

( E ) NRA.

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Aula 1 | Os materiais gráficos 40

EXERCÍCIO 3

Agora dê uma sugestão sobre uma atividade de

desenho dirigido, especificando os objetivos que

pretende alcançar.

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____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

EXERCÍCIO 4

Escolha entre a variedade de materiais de desenho e

crie uma atividade de arte para crianças do ensino

fundamental.

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____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

RESUMO

Vimos até agora:

A técnica do desenho e seus benefícios na

saúde e na educação;

A história do desenho fazendo uma correlação

com a trajetória do homem;

Analogia entre o desenvolvimento do desenho

e o grafismo infantil;

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Aula 1 | Os materiais gráficos 41

A importância da percepção desenvolvida no

desenho para a vida do indivíduo tanto na

saúde quanto na aprendizagem;

As diferentes modalidades do desenho com

suas indicações terapêuticas;

Os materiais utilizados no desenho e seus

benefícios tanto na saúde como na

aprendizagem;

Os diferentes materiais utilizados no desenho:

Lápis de cor;

Lápis grafite;

Lápis cera;

Canetas hidrográficas;

Pastéis oleosos.

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As Tintas

Eveline Carrano Henriques Porto Maria Helena Pinheiro Requião

AU

LA

2

Ap

res

en

taç

ão

Nesta segunda aula, falaremos sobre a linguagem, as

propriedades e um breve histórico do uso das tintas na pintura.

Abordaremos os diferentes tipos de tintas, o seu uso na técnica da

pintura, sua aplicação no processo de pintar na arte, tanto na

educação como na saúde.

Não nos limitaremos às tintas, mas tudo relacionado com elas, ou

seja: a preparação do espaço, fundamental para um bom

trabalho, a atitude do professor ou terapeuta e o cuidado que

devemos ter com o material.

Além disso, abordaremos a preparação dos diferentes tipos de

tintas, o cuidado que devemos ter com a limpeza do ambiente

sem perdermos a liberdade de criação.

Traremos, até vocês, a experiência com tinta em várias

modalidades de pinturas intercaladas com trabalhos de pintores,

exemplos de trabalhos e sugestões de atividades, além do seu

aspecto terapêutico.

Este tema é um assunto enriquecedor, tanto na área da saúde

quanto na da educação.

Esperamos que gostem e uma boa aula!

Ob

jeti

vo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja

capaz de:

Compreender a linguagem e o uso das tintas na arte;

Conhecer mais sobre a organização do espaço e a conservação

das tintas na sala de aula e no ateliê de arte;

Aprender sobre a variedade de tintas e a sua manipulação para

facilitar o seu trabalho criativo;

Estudar novas técnicas artísticas e criar outras que serão muito

importantes para o seu trabalho;

Reconhecer o uso das diferentes tintas nos trabalhos dos

grandes mestres da pintura.

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Aula 2 | As tintas 44

As tintas

Devemos ouvir pelo menos uma

pequena canção todos os dias, ler um

bom poema, ver uma pintura de

qualidade e, se possível, dizer algumas

palavras sensatas.

Goethe

Nesta aula, entraremos em contato com as

tintas e descobriremos qual a sua linguagem, o que ela

representa e como podemos usufruí-la em educação e

na saúde.

As tintas, por serem em sua maioria solúveis em

água, são fluidas. A fluidez e a expansão das tintas

favorecem a liberação, a expansão e o soltar-se.

Durante o processo de pintar com as tintas mais

fluidas, percebemos que aos poucos o pincel, que antes

só exercitava caminhar por pequenos espaços no papel,

vai lentamente ganhando espaço, se soltando, cobrindo

áreas mais distantes. Durante o ato de pintar e seu

processo criativo, acredita-se que, na medida em que a

tinta flui no externo, vai aos poucos abrindo espaço

para que o mesmo se dê no mundo interno das

emoções. A expansão das tintas e sua fluidez ajudam a

liberar as emoções, levando à fluidez e à expansão dos

sentimentos.

As tintas mais usadas nos trabalhos de arte na

educação e na saúde são o guache, a cola colorida, a

pintura a dedo, as aquarelas (em suas diferentes

consistências), a anilina, o nanquim, a tinta acrílica,

entre outras.

As tintas na história da arte

Lidar com as tintas é muito prazeroso, uma vez

que elas fazem parte da vida do ser humano, sendo o

ato de pintar inerente aos seres humanos, o que pode

As tintas 44 As tintas na história da arte 44 A organização do espaço 50 Passos importante no preparo do material e do espaço 51 Os suportes 52 As tintas, sua linguagem e sua prática 54 Pintura a dedo 55 A massa de modelar como tinta 56 A tinta guache 58 Pintura livre com guache 59 Cobrindo grandes áreas com guache 60 Tinta acrílica 63 A aquarela 65 Outras variedades de tintas 67 Mais sugestões de atividades com as tintas 69

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Aula 2 | As tintas 45

ser constatado no percurso do homem no mundo desde

a pré-história.

Definir o dia exato em que se descobriram as

tintas é impossível, porém elas estão presentes desde

os ditos tempos da caverna, onde o homem começou a

produzi-las. Essa descoberta não foi de propósito, ela

surgiu pelo incessante desejo do homem de expressar

seus sentimentos, relatar seus conflitos, conquistas,

sua cultura e pela capacidade criadora, que já existia

dentro dele e permanece em cada ser humano. Eram

usadas em pinturas rupestres, feitas nas paredes das

cavernas, acredita-se que estas primeiras pinturas

tenham sido feitas com o intuito de cumprir uma função

social; como uma tentativa de explicar os fenômenos

climáticos, as atividades religiosas ou míticas;

aplacarem a ira dos deuses e atrair suas virtudes.

Os povos da pré-história produziam suas tintas

com materiais retirados da natureza como, por

exemplo, o mineral conhecido chamado ocre. Eles

socavam o ocre com pedras até virar pó, com esse

mineral eles produziam os pigmentos no tom de

vermelho, marrons e amarelos. Já para o fabrico da cor

preta, eles usavam o carvão e ainda tiravam seus

pigmentos da argila, das plantas e de minerais

coloridos, para criar novas cores.

Os pigmentos descobertos eram esfregados com

a mão ou diluídos em água, banha de animal, ou até

mesmo em urina. Essas foram as tintas que deram

vidas às primeiras pinturas feitas em caverna pelo

homem pré-histórico, a qual hoje é denominada arte

rupestre.

O povo egípcio apesar de preferirem as

esculturas se entregou aos encantos das tintas.

Começaram a produzir suas próprias tintas e materiais

Você sabia?

Que foi o Egito o primeiro povo a pintar com uma vasta quantidade de cores. Como os homens da caverna pintavam nas paredes, só que agora nas de seus palácios e templos. Eles também fabricavam as suas próprias tintas com os materiais encontrados na terra de seu país e das

regiões próximas. As cores adicionais eram obtidas a partir da importação da anileira e garança da Índia. A anileira produzia um azul intenso e a garança, o vermelho, o violeta e o marrom. Fabricavam seus próprios instrumentos, como as brochas brutas, que serviam para aplicar a tinta.

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Aula 2 | As tintas 46

para desenvolver suas pinturas. Tempos depois,

aproximadamente 2.000 a.C., segundo relatos

históricos, os chineses e egípcios descobriram o

nanquim, tinta com a qual escreviam e desenhavam.

Em seguida, foram os romanos que se renderam

a elas, produzindo belíssimas pinturas, porém com a

queda de Roma, pararam de produzi-las, sendo

resgatada na Idade Média pelos ingleses.

Na Idade Média, as pinturas eram feitas em

igrejas, prédios públicos e residências de pessoas

importantes. A produção das tintas era feita

sigilosamente pelos artistas.

Foi a partir da Revolução Industrial que se

expandiu a produção das tintas, sendo elas produzidas

em fábricas com equipamentos mecânicos.

Nesse período, os pigmentos eram misturados

ao óleo de linhaça, mas com o advento da primeira e

da segunda guerra, o óleo de linhaça foi substituído por

um óleo sintético, pois o óleo de linhaça passou a ser

usado para fins militares.

As tintas eram pigmentos líquidos, feitas a partir

de minerais, vegetais, frutas silvestres e, até mesmo,

de insetos. Esses pigmentos eram misturados, como já

dito acima, com água, banha, urina, cola, óleo e ovos,

com o qual se faziam as tintas têmperas.

Dica do professor

Dicas: A receita de tinta mais antiga dos chineses era negro fumo misturado com cola e óleo de linhaça, mas foi com os pigmentos retirados do alcatrão

de hula que a revolução de cores surgiu.

Você sabia?

Que foi entre 8.000 a 5.800 a.C. que descobriram os primeiros pigmentos sintéticos.

Você sabia?

Que os artistas

mantinham a fórmula de suas tintas tão bem guardada que elas eram enterradas com eles para que ninguém descobrisse sua invenção.

Você sabia?

Que as tintas, produzidas com equipamento mecânico, chegaram ao mercados em 1867.

O FABRICO DAS TINTAS TÊMPERAS

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Aula 2 | As tintas 47

Como podemos ver, a arte e a criatividade

fazem parte de nossa história e está em nosso sangue.

A arte de pintar pode ser feita em diferentes materiais

como, por exemplo, as telas, os painéis, os tecidos, o

vidro, o papel.

As tintas, pigmentos líquidos, tiveram seu

destaque e têm uma grande importância para o

desenvolvimento do homem, sendo, por muito tempo,

o grande registro da trajetória humana na terra. Como

não havia a fotografia, a pintura durante anos teve

essa grande função: deixar materializados nas telas

momentos épicos e fundamentais da história. Muito do

que sabemos hoje sobre a cultura e costumes dos

diferentes povos deve-se à pintura e à escultura.

Agora, veja alguns exemplos da trajetória da

pintura:

Van Eyk, o pintor mais importante do norte da

Europa do século XV, se dizia o inventor da tinta

óleo. Entretanto, não foi ele quem descobriu a tinta,

mas foi o primeiro artista a dominá-la com perfeição.

Quer saber mais?

Um grande artista a dominar a técnica de pintar com tinta têmpera foi Giotto,

nos anos de 1266 a 1337. Ele produzia seus próprios instrumentos para pintar, como também suas tintas feitas de ovos, a qual já possui 700 anos.

Gruta de Lascaux, França

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Aula 2 | As tintas 48

Agora, uma das várias pinturas encontradas no

Brasil:

Vemos como nossos antepassados se saíram

bem na exposição de seus sentimentos e desejos. Isso

não foi muito complicado, uma vez que as tintas por

serem um material fluido facilitam os movimentos,

além de darem maior opção de criação, devido à

grande variedade de tons e matizes obtidos pela

mistura de cores.

CURIOSIDADE

Esta é uma pintura medindo 2 metros e datada de

10.000 anos encontrada no sopé do monte Alai no

Uzbequistão, abordando tema de seres extra- terrestres.

SÍTIO BAIXÃO DA VACA / PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA - PIAUÍ

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Aula 2 | As tintas 49

Ao usarmos as tintas nos trabalhos de arte na

saúde e na educação, temos diferentes modalidades de

pintura, mas ao optarmos pela escolha da pintura

espontânea, que é mais livre, teremos maior

possibilidade de expressar as emoções que vivem na

nossa mente, muitas vezes de forma inconsciente.

O bom resultado desse trabalho, porém,

depende muito da forma como é feita a proposta e a

posterior leitura do resultado. Pois é preciso ajudar

aqueles com que trabalhamos, e que nunca pegaram

um pincel, a ficarem menos ansiosos, sem

pensamentos limitadores, a serem mais criativos e

autênticos, portanto mais livres para que possam ir

adquirindo confiança na sua expressão criativa, e

caminharem no desenvolvimento da sua arte, chegando

ao reconhecimento de suas dificuldades expressivas, e

vencerem a barreira dos seus medos e sentimentos.

A liberdade, expressa através da pintura, precisa

ser conquistada aos poucos, uma vez que o ser humano

não está acostumado a ela. Quando crianças era fácil e

até mesmo prazeroso se comunicar através do traço ou

das tintas, mas à medida que uma adequação da

sociedade se fez presente, essa liberdade vai sendo

cerceada, perdendo o indivíduo a sua espontaneidade

inicial e, por isso, ela tem que ser reconquistada.

Durante o processo da pintura na arte, as

imagens vão surgindo cadencialmente, ganhando forma

e expressão, sendo plasmadas como símbolos no

espaço do papel. Então, ao pintarmos, produzimos

imagens vindas do inconsciente repletas de simbolismo

e que se tornam conscientes através das pinceladas.

Elas rompem a couraça que limita nossos pensamentos

e que escondem a nossa natureza real. O seu

aparecimento instala um novo núcleo que ira indicará

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Aula 2 | As tintas 50

um novo caminho, só que agora estaremos sendo

aquilo que sempre deveríamos ter sido: autênticos.

lembre-se de que as imagens vêm

para ajudar para receber informações

que vocês não têm conscientemente,

embora estejam dentro de vocês.

Portanto, seja tão fiel quanto possa ao

reproduzir a imagem. Resista a

qualquer pressão para ajustá-la ou

colocar sentido. Apenas receba-a...

Estamos sendo instruídos, mesmo que

não saibamos o que as imagens

significam.

(P. Allen, 1995, apud Susan Bello)

Isso nos mostra que a pintura para ser

realmente terapêutica tem que seguir os passos

necessários e, então, vamos a eles:

A organização do espaço

Quando se fala em pintura ou qualquer outra

atividade de arte na educação e na saúde, algumas

atitudes são fundamentais como, por exemplo, o

planejamento da atividade; a escolha e o preparo dos

materiais de arte, dos suportes e dos outros recursos

que farão parte do trabalho de criação; a organização

do espaço (antes, durante e depois da atividade) e o

objetivo que se quer alcançar com a mesma.

Então, vocês pensarão:

... não posso me utilizar das tintas,

pois não tenho espaço!

Ao que respondo: - O que é uma pena, todos

deveríamos ter aquele lugarzinho claro, limpo, com as

acomodações necessárias para a realização dessa

atividade tão importante para cada um de nós.

O lugar ideal só poucos têm acesso a eles,

porém é preciso se organizar e trabalhar dentro e de

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Aula 2 | As tintas 51

acordo com o que é possível e acessível. A escolha e o

preparo do ambiente, para o exercício das atividades de

artes e do desenvolvimento do processo criativo, nem

sempre correspondem ao “lugar ideal” e sim àquele que

é possível. Por isso, seja no ateliê de artes, no

consultório, na sala de aula ou na comunidade, o

importante é preparar o espaço de uma forma mais

prática possível, e motivar o aluno ou cliente para a

atividade.

Passos importante no preparo do

material e do espaço

1º- Nenhum outro material, além das tintas e

de seus acessórios, devem ser deixados sobre

a mesa.

2º - Todo o material deve estar limpo, tanto

os pincéis como os recipientes para a mistura

e a colocação das tintas; o que é essencial

para conservar a pureza das cores. Não

esquecer o potinho com água, o diâmetro dos

pincéis adequados para trabalhos diversos.

Eles podem ser muitos ou se limitarem ao

essencial, ter à mão um pano ou mesmo um

rolo de papel absorvente, ou uma esponja

para absorver a água dos pincéis antes de

uma mudança de cores. Por vezes, além dos

pincéis, usamos os dedos, as mãos e até

mesmo os pés (muito comum em algumas

atividades com crianças pequenas) para nos

ajudar em alguns trabalhos com as tintas.

Além de alguns outros materiais como rolos,

carimbos, esponjas e muitos outros que você

poderá acrescentar de acordo com suas

experiências.

:: Esponjas:

As esponjas, quando usadas não deixam linhas, fica uma superfície uniforme. Os rolos para tintas servem para cobrir uma grande superfície de forma ampla e rápida. Os carimbos delimitam o espaço das tintas no papel.

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Aula 2 | As tintas 52

Aproveite o espaço abaixo para falar de

materiais utilizados por você em seus trabalhos de

pintura, esclarecendo a sua utilidade. Mais tarde

lembre-se de suas experiências e passe-as para nós e

para seus colegas. Vai ser enriquecedor.

Procure explorar este espaço realizando

experiências com um tipo específico de tinta, por

exemplo guache, procure usar pincéis de tamanhos

diferentes.

3º- As tintas pela sua fluidez despertam

emoções e sentimentos, além de exigirem

concentração para o seu controle, e

atenção e percepção para a mistura de

suas cores. Vê-se, então, que as atividades

com as tintas além de prazerosas são

extremamente terapêuticas, podendo ser

usadas com êxito tanto na saúde como na

educação. Para que isso aconteça, é

necessário trazermos os indivíduos para

aquele momento, evitando conversas e

barulhos periféricos. É importante, antes de

começarmos a atividade com a arte, preparar

não só o espaço externo mas, também, o

espaço “interno”, onde a respiração deve ser

observada e valorizada, através da prática de

exercícios respiratórios e corporais, que

levam a uma maior concentração e

consciência de si mesmo e da integração

“corpo, mente e espírito”. Outra proposta

muito interessante é um relaxamento

psicofísico, onde todos estarão mais abertos

para começarem a atividade proposta.

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Aula 2 | As tintas 53

Os suportes

O uso das tintas na técnica da pintura possibilita

uma grande variedade de atividade, o que é antes de

tudo uma questão de escolha e de objetivo que se quer

trabalhar. A pintura com as tintas pode ser feita em

um número muito grande e irrestrito de suportes, como

as telas e papéis, que existem no mercado em vários

tamanhos, formatos, cores, texturas e gramaturas.

Dando uma maior liberdade de escolha e alternativa,

dependendo do propósito terapêutico ou pedagógico.

Além desses suportes, podemos usar tecidos, madeiras,

plásticos, vidros, sucatas, paredes e outros mais, desde

que se empregue a tinta adequada e a imaginação.

Quando a pintura exigir muitas camadas

sobrepostas ou aguada de tinta, é adequada a

utilização de um papel pardo ou de textura mais

grossa, capaz de suportar a água e a superposição de

cores. Por aí podemos ver a importância do suporte

escolhido, a análise de uma obra passa, também, pela

observação do suporte. Pois o não uso do papel

adequado (suporte) pode influir de forma negativa no

resultado, danificando e prejudicando o mesmo.

Em relação às paredes, estas, atualmente,

quando externas, têm sido muito usadas por grafiteiros

ou pichadores, que expressam suas marcas em forma

de pichação ou em forma de arte. Bem próximo ao que

faziam os homens das cavernas.

Uma boa experiência para ilustrar este assunto é

uma atividade conjunta do animador cultural de um

Ciep, com o nosso trabalho de arte-educação, quando

percebemos que os lápis ceras estavam desaparecendo

e as paredes do Ciep se enchendo de pichação,

chegando a um nível preocupante. Após um projeto

interdisciplinar realizado entre os professores, os alunos

:: Grafite:

O grafite é uma forma de arte praticada em espaços públicos. A pichação é uma marca deixada nas paredes sem qualquer critério artístico.

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Aula 2 | As tintas 54

foram motivados a transformar as pichações em ricos e

criativos trabalhos de grafite. Paredes foram

disponibilizadas para receberem as pinturas, tintas

apropriadas foram adquiridas, aulas com informações

sobre o grafite e técnicas de pintura sobre o mesmo

foram ministradas. Este trabalho acabou se tornando

um grande agregador do grupo de alunos e dos

professores, onde cada um deu a sua contribuição

dentro do possível e do conhecimento de cada um. O

resultado foi surpreendente e seu processo continuado

nos anos seguintes.

Composição:

Refere-se à harmonia e à integração da obra. É

a forma como a pintura é colocada no espaço. Se as

suas proporções em relação ao espaço estão

centralizadas, suas dimensões, pequenas ou grandes, o

número de elementos, as cores que foram utilizadas, o

destaque ou a diluição da figura em relação ao fundo.

A ideia de planos da pintura é dada pela

dimensão dos elementos da composição, além das

cores que os trazem mais para perto ou para longe de

nós.

As tintas, sua linguagem e sua prática

Podemos utilizar as tintas para

explorar o mundo dos sentimentos e

emoções, através da sua fluidez e de

suas cores.

Eveline Carrano

Como vimos anteriormente, as tintas possuem

uma fluidez que lhes é peculiar. Sua fluidez está

diretamente relacionada com a sua consistência, que

lhe dá textura. Quanto maior for a sua consistência,

maior será a sua textura aumentando sua resistência

Dica do professor

Experimente pintar em materiais diferentes daqueles que costuma usar, ou mesmo os utilize de modo novo, e troque suas experiências conosco.

Dica do professor

Teste o que leu, vendo uma paisagem, observando a colocação dos elementos mais próximos ou mais afastados.

Desenhe ou pinte

dois objetos, carros, por

exemplo, sendo um ao lado do outro. Um claro e o outro escuro, e observe com o mais escuro parece estar mais perto. De longe, as cores parecem perder a nitidez.

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Aula 2 | As tintas 55

em fluir. Quanto mais líquida, maior será a sua

possibilidade de fluidez.

Existe uma variedade de tipos de tintas

utilizadas em arte, elas se apresentam em uma ampla

variedade de forma, conteúdo e consistência. Em geral,

nos trabalhos de arte realizados no contexto da saúde e

da educação, as tintas mais utilizadas são o guache, a

cola colorida, a tinta para pintura a dedo, a tinta

acrílica, a aquarela, a anilina, o nanquim, a tinta

relevo, entre outras. A massinha de modelar pode e

deve ser utilizada como pintura a dedo, pois com ela se

consegue um efeito visual muito interessante,

surpreendente e eficaz, ela pode ao mesmo tempo ser

trabalhada no bidimensional e no tridimensional.

As tintas, da mesma forma como os outros

materiais de arte, exigem conhecimento sobre o

material e o conhecimento de diferentes técnicas que

proporcionem a ampliação de seu uso e sua aplicação

prática. Ao utilizá-las na saúde e no processo

terapêutico, devemos estar atentos às suas

características e à sua aplicabilidade no caso específica,

pois as tintas, ao fluírem, despertam e expressam

emoções.

Então, vamos a elas?

Pintura a dedo

A pintura a dedo possui qualidades táteis

bastante importantes, uma vez que ela apela

diretamente aos sentidos, através do contato direto

com os dedos, mãos e pés. Sua consistência é cremosa,

suave, agradável ao toque. Suas cores são fortes e

vibrantes, proporcionando uma pintura muito atraente,

pela liberdade de movimentos, pela mistura de cores,

pelos efeitos e texturas conseguidos no fazer e

Dica de leitura

O livro “Pintando a sua Alma” de Susan Bello, da WAK editora. Este livro aborda o poder que a pintura possui em trabalhar nossas emoções. A autora

dá uma visão ampla, mais profunda, é muito importante sobre como podemos usar a pintura, tanto na educação como na saúde.

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Aula 2 | As tintas 56

desfazer; o que dá uma sensação de segurança para

aquelas pessoas que não têm muita intimidade com o

se expressar através da arte. Levando, também, à

expansão, uma vez que sua textura, juntamente com o

uso das mãos, permite toda a ocupação do papel

utilizado como suporte.

É excelente instrumento para se trabalhar a

coordenação motora, desenvolvendo a experiência tátil.

Permite uma boa mistura de cores, o que ocasiona

surpresas constantes causando um grande prazer. Tem

um aspecto lúdico, trazendo à tona a criança que existe

dentro de cada um de nós.

Algumas pessoas acham a pintura a dedo mais

expressiva do que o guache.

É indicada para pessoas contidas, rígidas ou até

mesmo regredidas. Facilita a coordenação motora.

A massa de modelar como tinta

A massinha para modelar ou plastilina possui

uma flexibilidade mais sólida e sua fluidez acontece

ao ser usada como uma pintura a dedo. É bem mais

resistente e firme do que a tinta para pintura a dedo

oferecendo certa resistência, exigindo um pouco mais

de esforço no seu uso, porém cede ao toque podendo

ser ”esticada” com os dedos. Ela não seca ao contato

com o ar, adere bem a diferentes superfícies e não

gruda nas mãos. Tem uma textura macia que permite,

ao ser usada como tinta, a mistura de suas cores. Ao

ser raspada do papel, deixa um efeito cromático

semelhante à aquarela.

Pintar com massinha de modelar? Sim, lógico,

experimentem e vejam como é bom trabalhar com ela,

e como é bonito o seu efeito e encantador seu

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Aula 2 | As tintas 57

resultado. Para isso, porém é necessário seguirmos

algumas instruções.

Aí vai:

Abram a caixa da massinha de modelar em

toda a sua extensão; a seguir, com uma

faquinha bem fina, corte de uma só vez em

um corte longitudinal todos os tabletes de

cores da massa, formando rodelinhas de mais

ou menos 3 milímetros, semelhantes ao

confete (doce).

Escolha algumas cores diferentes e, de cada

rodelinha, tirem um pedacinho mínimo

espalhando-o a seguir sobre o papel.

Distribua três cores para cada pessoa, se for

em grupo. Sugira a troca de cores entre os

componentes do grupo. Ensinando que com

um pequeno pedacinho da massinha

poderemos pintar uma figura.

As cores podem e devem ser misturadas,

dando origem a novas misturas, ou

sobrepostas, formando figura e fundo. Ao

término da pintura, pode-se inserir na mesma

pequenos detalhes tridimensionais.

Ainda sobre o desenho, você pode desenhar

com um estilete ou palitos, retirar partes,

fazer detalhes mais elaborados ou

acrescentar detalhes modelados em

tridimensional. O resultado fica muito bom e

ainda trabalhamos com o fator surpresa.

Nota: a massinha de modelar é vendida com seis ou

doze cores diferentes;

Escolha uma marca de boa qualidade, que tem

maior poder de aderência;

Nunca use a massinha soft.

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Aula 2 | As tintas 58

Massa de modelar - é indicada para ser usada

com pessoas mais contidas, pois seu uso vai possibilitar

o controle da sua expansão. Para socializar o grupo,

levando à troca e à integração do mesmo.

Sugestão de atividade:

Você pode fazer o trabalho sobre vários

suportes, inclusive papel. Mas aqui sugiro que se

utilizem de CDs antigos ou descartáveis,

confeccionando mandalas. O efeito fica muito bonito, o

importante é que a massa ao ser aplicada alcance um

efeito tal que fique parecendo tinta.

A tinta guache

A tinta guache - é uma tinta à base de água,

de fácil manuseio e sua secagem é rápida. Tem uma

textura semelhante à pintura a dedo, mas seu uso é

feito com pincel, o que leva a um certo “afastamento”

do contato com o material. Tem uma consistência mais

cremosa e espessa, porém, ao ser elaborada em uma

consistência mais líquida, pode ser utilizada e explorada

a sua transparência, aumentando seu poder miscível.

Tem grande poder de cobertura, sendo formada de

pigmentos coloridos moídos, com um pigmento

plástico, ou goma-arábica, e um pigmento branco

tornando o guache mais opaco. Quando o pincel desliza

pela superfície plana, a imaginação flui com as

pinceladas.

Vem em potinhos plásticos e de rosca, de

tamanhos variados ou em bisnagas (os mais

profissionais e importados). É encontrada em

papelarias e casas especializadas em materiais de arte

Nota: Tridimensional possui altura, largura e profundidade. Ex.: uma escultura.

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Aula 2 | As tintas 59

ou em supermercados. É uma pintura de fácil

manuseio, podendo ser usada ao natural, ou diluída em

água ou álcool, de acordo com o seu objetivo. Quando

diluída em álcool, a sua secagem é rápida.

Seu uso é amplo, acompanha as crianças da

pré-escola à vida adulta e/ou profissional. Pode ser

aplicado em diferentes superfícies e materiais tais como

gesso, argila, tela, isopor, vidro, tecido.

Sugestão de atividade:

O trabalho com guache nos tráz tantas

possibilidades, que se torna difícil escolher uma única

atividade; portanto, selecionamos algumas.

Pintura livre com guache

A MONOTIPIA – UMA IMPRESSÃO DE TINTA

Indicamos a monotipia por alguns fatores bem

importantes: ela não requer nenhuma habilidade com a

pintura, tem sempre o fator surpresa, necessita de

poucos acessórios para a sua realização e pelo

desdobramento que a atividade proporciona dentro do

contexto da arte na saúde e na educação.

Pegue uma folha de papel A3 ou A4, pingue ao

acaso, sobre a mesma, pequenas porções de tinta

guache mais encorpada de várias cores, ou se preferir

com apenas duas cores. Ponha outra folha do mesmo

tamanho por sobre a primeira, cobrindo as tintas, vá

aos poucos passando os dedos por sobre a folha

espalhando as tintas que estão entre as duas folhas,

sinta as tintas espalhando e se misturando. Levante e

vá separando lentamente as duas folhas; quando

separadas, observe que em cada uma se formou uma

imagem proveniente da mistura das cores. Formando

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Aula 2 | As tintas 60

uma pintura indefinida, que poderá transmitir alegria,

tristeza ou outro sentimento, de acordo com as cores

utilizadas e as formas obtidas. Geralmente, o efeito é

muito bom, podendo ser mais intenso ou mais sutil

dependendo da quantidade de tinta colocada sobre a

superfície. Outra possibilidade é dobrar uma mesma

folha ao meio abri-la e colocar porções de tinta numa

das duas partes, tornar a dobrá-la passando os dedos

sobre a folha dobrada, espalhando a tinta pela folha.

Aos poucos, abrir e ver a imagem que se formou, em

geral tem uma forma simétrica.

Material utilizado – tinta guache, folha branca,

A3 ou A4, pincéis de diferentes tamanhos.

Retorno - Ouvir com atenção o que cada um

tiver a dizer e, após, acrescentar os esclarecimentos

necessários. Mas atenção, leve sempre mais material

do que o necessário, pois os trabalhos são sempre

repetidos, nunca se limitam a um só.

Esta é uma técnica que proporciona vários

desdobramentos pela mobilização de criatividade. Por

exemplo, descobrir as imagens sugeridas pelas

manchas, e repeti-las em um novo trabalho,

complementá-las com outras, escrever sobre a imagem

surgida.

A tinta guache, de acordo com a sua

consistência, tem maior poder de fluidez, exigindo

maior controle de movimentos, libera emoções e

incentiva a imaginação.

Explorar as cores jogando pequenas quantidades

de guache sobre o papel, buscando novas misturas e

texturas.

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Aula 2 | As tintas 61

Pintar com instrumentos como escova de

dentes, esponjas, cartões, entre outros, respingando e

espalhando a tinta sobre a superfície.

Cobrindo grandes áreas com guache

PINTANDO COM ROLINHO

Exemplo de uma atividade prática com oficinas

de crianças pequenas. Forrar toda a superfície de uma

mesa grande com papel 40 kg, cada criança recebe um

rolinho e vários pratinhos descartáveis com tintas

coloridas são colocados sobre uma mesa auxiliar. Ao

som de uma música mais tranquila, é solicitado às

crianças que pintem com o rolinho seguindo o ritmo da

música, que vai sendo mudado aos poucos, ganhando

maior velocidade e ritmo.

Esta dinâmica é muito interessante para se

trabalhar a integração com o grupo, o lúdico e a

expansão das tintas. Pintar com o rolinho leva

automaticamente a sair do lugar, a ocupar um espaço

maior no papel; dando maior liberdade aos

movimentos. Em geral, crianças e adultos gostam

muito dessa atividade, mesmo os mais recatados.

Atividades com rolinho, também, podem ser

realizadas de pé sobre uma superfície grande e

previamente preparada.

INVESTINDO NOS PINCÉIS GRANDES

Uma ótima oportunidade ao se trabalhar com o

guache é experimentar variar o tamanho do pincel; que

vai dos pequenos, que são muito bons para detalhes e

para uma cobertura menor, aos grandes que servem

para uma cobertura maior e ao descompromisso com

detalhes. Esta atividade pode ser realizada tanto de

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Aula 2 | As tintas 62

forma individual como em grupo. Quando for em grupo,

é necessário ser explicado para o mesmo que o

trabalho é do grupo e que o mesmo deve respeitar o

colega.

PINTURA EM PÉ COM O GUACHE

A pintura em pé é extremamente atraente para

todas as idades. Elas permitem uma maior liberdade de

movimentos e locomoção. A proposta vai desde uma

expressão livre e criativa a um tema específico,

abordando atividades pedagógicas e/ou terapêuticas.

Uma boa proposta é com uma cor dar uma

pincelada no papel formando um traço, pedir para ser

observado o traço e a partir dele dar continuidade à

pintura. Pode-se pedir para esse traço ser dado pelos

participantes, um no papel do outro, valorizando a

troca e o grupo.

Outra proposta é passar tinta nas mãos e

carimbar a folha presa à parede. Quando em grupo, um

pode ser convidado a colocar a sua marca no trabalho

do outro.

A tinta guache para pintura em pé deverá ser

mais consistente para evitar que escorra durante o

processo de criação. Com relação a esta situação,

temos um exemplo ocorrido durante uma atividade com

a oficina de crianças, quando uma menina estava

pintando no cavalete e toda hora lavava o pincel. A

tinta ia ficando cada vez mais liquefeita. Ela foi alertada

para o fato de que a tinta mais líquida iria escorrer e

poderia lhe trazer algum incômodo. Ela pareceu nem se

importar com o fato e continuou a pintar. Estava

concluindo uma cena completa quando, ao colocar o

pincel sobre um pássaro que estava pintando, a tinta

que estava muito líquida escorreu. Ela olhou para a

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Aula 2 | As tintas 63

pintura, olhou nos olhou e falou: ih! O pássaro fez xixi!

E continuou a sua pintura. Neste caso, ela teve uma

saída criativa e integrou a tinta escorrida ao seu

trabalho expressivo. Porém, outras pessoas acabam

abandonando sua obra.

Portanto é sempre bom testar primeiro os

materiais de uma forma mais livre, descomprometida

com o resultado final, para poder conhecer um pouco

mais sobre suas propriedades, seus recursos e sua

linguagem.

COLA COLORIDA

A cola colorida é um material de arte à base de

água e aglutinante, tem uma textura semelhante à da

pintura a dedo, porém com uma diferença, vem dentro

de um tubo, o que a torna favorável para as pessoas

que não gostam de sujar as mãos. Seu brilho é intenso

e permanece o mesmo após a sua secagem. Quando a

tinta é usada para dar ideia de relevo, sua expansão

está presa à linha, ou seja, ao ser usada em detalhes

ou em algumas partes do trabalho. Seu uso fica,

então, mais delimitador, ficando a pessoa mais limitada

a um espaço mais restrito.

Tinta acrílica

A tinta acrílica possui uma textura consistente e

macia, tem brilho, sua secagem é rápida, embora

permita a correção durante o processo de trabalho,

ficando impermeável após sua secagem. Permite uma

grande variação e mistura de tons. Pode ser trabalhada

sob uma forma compacta in natura ou misturada com

água até chegar quase à transparência das aquarelas.

Muito boa de ser usada por ser fácil o seu

manuseio e bom o seu resultado, podendo, durante a

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Aula 2 | As tintas 64

realização do trabalho, serem feitos retoques e

modificações, pois sua textura encorpada oferece

grande poder de cobertura de defeitos e do que não

gostou. Oferece uma boa quantidade de texturas,

trazendo um belo efeito à obra.

Qualquer tinta que use em sua composição,

como aglutinantes de pigmentos, uma resina acrílica,

são chamadas acrílicas. Outra vantagem é que elas não

mudam de cor ao serem misturadas com a água. O

inconveniente da técnica é o preço do material. Não é

barato nem econômico.

Seu uso na técnica da pintura é recente,

datando seu primeiro uso da década de 20, no México,

e depois sendo muito aceita pelos pintores norte-

americanos. Ela tem um grande valor artístico e

pedagógico, pois consegue respostas expressivas bem

próximas aos efeitos e resultados obtidos pelo guache,

pela aquarela e pela tinta a óleo.

O seu valor terapêutico vai variar de acordo com

os objetivos a serem alcançados, pois a tinta acrílica

leva à fluidez e à expansão do gesto, ao ser acrescida

de água.

A criação da palheta de cores para a pintura com

a tinta acrílica é fascinante; pois as suas cores

vibrantes e a sua textura cremosa e macia trazem um

brilho e movimento tal que, muitas vezes, o simples

prazer de misturar as cores na paleta já é um momento

de intensa criação e composição artística, que deve e

pode ser incentivada.

Com suporte, pode ser utilizado, além da tela, o

papel canson? Os pincéis variam de acordo com a

finalidade. Agora, é importante a limpeza e

conservação dos pincéis.

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Aula 2 | As tintas 65

A pintura de painéis e murais temáticos ou não,

com a tinta acrílica, deve ser realizada em espaços

abertos ou fechados, de uma forma tal que as crianças

possam ficar em contato mais próximo com a sua

criação. Na educação, é um bom momento para se

falar no pintor catalão Miró e sua pintura mural.

As atividades com a tinta acrílica são variadas e

múltiplas, portanto, vamos lá, pinte e invente novas

formas de explorar a fluidez dessa tinta.

Bom trabalho!

A Aquarela

A aquarela é uma tinta de secagem rápida, se

apresenta em uma variedade de acondicionamentos

que, em certa situação, necessita de água para se

transformar em tinta (no caso das pastilhas) ou para

fluir (tinta em creme). Sua composição é feita à base

de pigmento, goma-arábica e água.

É um material que necessita de certa

aprendizagem, para o seu uso mais eficaz, pois não é

facilmente utilizável, porém o resultado e os efeitos

obtidos compensam vencer todos os obstáculos. Por

exemplo, é fundamental saber que efeitos cromáticos

como tons mais claros e mais escuros são adquiridos

com acréscimo de água e não do branco como nas

outras tintas. Quanto mais se acrescentar água, mais

clara ficará a cor. Quanto menos água, mais escura

ficará a cor. Portanto, ao se pintar com a aquarela,

devemos ir sempre dos tons mais claros aos mais

escuros, nunca dos escuros para os claros, pois não

conseguiremos a sobreposição das cores.

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Aula 2 | As tintas 66

A aquarela é transparente, tem um aspecto

frágil, delicado, dando oportunidade para se explorar

um belo efeito de luz e sombra.

Pintar com a tinta aquarela desperta emoção,

provoca uma certa tensão, pelo controle do material

que é mais fluido, nos leva a lidar com a suavidade da

transparência e à leveza conseguida através da

sobreposição de suas cores, que vão formando um

emaranhado, uma certa trama de cores e tons quando

sobrepostos. A fluidez de suas cores através de suaves

pinceladas nos conecta com emoções e nos ajudam a

nos conhecer melhor e a lidar mais facilmente com

esses nossos sentimentos.

O papel e sua qualidade têm uma função muito

importante na pintura com a aquarela, por isto existem

papéis apropriados para o uso da pintura com a tinta

aquarela. Entre todos os papéis existentes no mercado,

o mais específico para a aquarela é o papel Fabriano,

feito de linho, ele é mais pesado e compacto, tem

pouca cola em sua superfície, o que permite maior

absorção e aderência da tinta sobre o mesmo. Um

ponto importante a ser considerado é a cor do papel,

que deverá ser branca, pois à cor do papel vai

funcionar como fundo para a pintura, trazendo mais

luminosidade a cor da tinta aquarela. Portanto, são

fatores relevantes de qualidade do papel especial para

a aquarela como a textura, a espessura e a cor, que

influenciam no resultado da pintura.

A textura mais lisa facilita a maior elaboração e

firmeza dos traços e os resultados são mais precisos, já

com os papéis mais porosos, os traços são menos

precisos e o papel pode ser mais úmido.

Um detalhe muito importante, que vai dar um

toque especial na pintura com a aquarela, é o pincel.

Dica da professora

Um bonito trabalho com aquarela é desenhar com lápis preto sobre o

trabalho já pronto e seco.

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Aula 2 | As tintas 67

Assim como o papel, existem pincéis especiais para a

aquarela, que podem ser adquiridos em lojas muito

especializadas. Eles são de vários tamanhos e de

diferentes materiais, seus pelos devem ser mais duros,

longos, largos no início e finos na ponta. No espaço

mais largo, ele acondiciona maior quantidade de água e

tinta: com a ponta fina, ele possibilita uma maior

riqueza e precisão de detalhes. Os pincéis redondos e

de pelo de animais são os mais indicados, porém pode-

se trabalhar com pincéis de diferentes formatos como

os chatos, quadrados.

As aquarelas se apresentam em uma grande

variedade de acondicionamento e de consistência. As

aquarelas em pastilhas são secas e mais conhecidas

dos professores e dos alunos, parecendo estar mais

ligadas ao material escolar, porém existem as

aquarelas acondicionadas em tubos, pequenos ou

grande, são mais cremosas. Já as aquarelas

acondicionadas em vidro são líquidas, prontas para o

uso. Algumas já vêm acompanhas de um lugar especial

para se fazer as misturas de pigmento com a água,

porém podem ser usados os godês e paletas especiais

para aquarela.

Propostas de se trabalhar com a aquarela:

Pode-se molhar o papel e a seguir usar a

aquarela ou sobre o papel seco usando a aquarela com

água. Quanto mais aguada, menor é o controle sobre

ela. Material ligado ao sentimento, quanto mais água

mais o sentimento emerge.

As tintas podem ser classificadas em:

Desestruturadas – aquarela / pintura a dedo.

Estruturada – tinta mais compacta.

Dica da professora

A aquarela dá um bom resultado usado sobre pessoas não transparentes.

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Aula 2 | As tintas 68

É a técnica usada que vai levar a um resultado

estruturado ou desestruturado.

Outras variedades de tintas

Nanquim – tem as mesmas propriedades da

aquarela, porém apresenta uma textura própria.

Trabalha a linha, seu efeito é chamado de Pintabilidade.

É muito usada para trabalhos com a linha. Mais forte e

mais vibrante que o guache.

Tinta Pilot - mais goma arábica – produz um

trabalho lindo. Usa-se pingando gotas de pilot sobre a

goma ou sobre um papel molhado.

A fluidez da tinta faz a emoção vir à tona. É um

material facilitador da expressão em arte, uma vez que

promove o processo criativo.

Sugestão: É importante, também, trabalhar o

corpo com movimentos de expansão e retração que irá

dar a medida certa tanto às pessoas expansivas como

às contidas.

Outra ideia é a escrita, escrever sobre o que viu

e o que sente. Também, é importante conversar com a

obra, com o ponto, com a linha, enfim, com a

composição.

É importante lembrar que o trabalho artístico é

subjetivo.

Sugestão de atividade – após todo o

esclarecimento sobre o uso das tintas, lançar as

perguntas que devem ser respondidas individualmente

um sem que sejam necessariamente respondidas de

forma oral, uma vez que é um trabalho de

Dica da professora

Experimente usar a tinta pingada sobre a goma arábica passada sobre uma placa de isopor. Quando seca, a tinta se solta formando uma película linda.

Você sabia?

Porque, no fim da frase ou relacionado a ela, deve ser escrito separado e com acento no e.

Importante

O material tem uma linguagem que pode ser modificada pela técnica.

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Aula 2 | As tintas 69

autoconhecimento e assim sendo só interessa a quem

responde.

Se você escolhesse uma tinta para te

representar, qual seria ela?

Por quê?

Esta é só uma das sugestões, muitas mais

podem vir de vocês.

Mais sugestões de atividades com as

tintas

Trabalhando com manchas

Pingue gotas de tintas em uma folha de papel

branco, dobrando-o ao meio. A seguir, corte as

manchas formadas, distribuindo-as 2 a 2 aos membros

do grupo que irão recortá-las e, após, colá-las sobre

uma folha de papel ofício, dando origem a um novo

trabalho.

Material: folha de papel 40kg, pincéis, água,

cola, tesoura.

Trabalha a imaginação, a concentração,

desenvolvendo a criatividade. É indicado para pessoas

muito formais.

Prenda uma folha de papel canson /40kg a uma

superfície lisa com fita crepe que, ao ser retirada,

deixará uma margem branca.

Imagine uma paisagem com montanhas, rios,

árvores.

Pense em cores opostas às reais.

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Aula 2 | As tintas 70

Por exemplo, pinte a montanha de cor-de-rosa,

o rio de laranja e assim por diante, usando linhas

largas e cores chapadas.

Retire a fita, suavemente, após a pintura seca.

Além de trabalhar a imaginação e a

concentração, trabalha a organização pela distribuição

dos elementos no papel.

Trabalhando com uma só cor.

Colocar em um recipiente uma cor a sua

escolha. Pode ser uma caixa de ovos que se presta

muito bem para o uso da tinta. Após, colocar tinta

branca ou preta para obter matizes mais claros ou

escuros conforme a sua escolha.

Como material, você usará: tintas, pincéis,

água, caixa de ovos.

O trabalho desenvolve a criatividade, a estética,

a paciência para a elaboração dos diferentes matizes da

sua escolha.

Pintura com carimbos.

Utilize vários materiais de sucata para fazer

carimbos com texturas diferentes (pedaços de madeira,

folhas de árvores, cascas de batatas lavadas e enxutas,

lãs, bordados velhos, barbantes, panos de crochê

inutilizados ou qualquer outro material que tenha a

mão), passe tinta sobre eles e a seguir coloque-os sob

o papel decalcando-os. Pode ser usada uma única cor

ou cores diferentes.

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Aula 2 | As tintas 71

Sobre as texturas como você pode fazer letras

ou pintar outras formas.

Molhando o papel

Molhe levemente o papel e sobre ele pingue

algumas gotas de tinta que deverá ter uma consistência

aquosa, podendo, também, ser passada com pincel ou

mesmo derramada em pequenas porções.

Após, prenda-as em imagens que tanto podem

ser reconhecidas ou abstratas, dando um título para o

trabalho que corresponda às imagens surgidas.

Molhando os dedinhos na tinta

Essa é uma modalidade diferente de pintura,

pois a tinta vai ser misturada com farinha (o que não é

sempre obrigatório). Leve ao fogo ½ kg de farinha

misturada a 1 ½ litro de água, mexendo sempre até

engrossar. Deixe esfriar e misture Lysoforme. Após,

separe esse mingau em vários potes, adicionando a

cada um deles diferentes cores de guache. Está pronto.

Distribua pelas crianças ou adultos que podem iniciar a

obra aplicando com os dedos a tinta sobre o papel.

EXEMPLO DE

AGUADA COM ANILINA

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Aula 2 | As tintas 72

Esse tipo de pintura exige como suporte um

material mais resistente podendo ser papel cartão,

papelão, papel corrugado.

Para algumas pessoas, o contato com o material

traz uma sensação de desconforto por isso deve ser

evitada por algum tempo, tentando fazer uma

aproximação gradativa. Mas o trabalho com esse tipo

de material dá oportunidade de fazer e refazer a obra

várias vezes, uma vez que sua secagem é demorada.

Isso traz confiança a aquelas pessoas sem muita

habilidade manual.

Trabalha a sensação, pois está diretamente

ligada ao tato, o que transmite certa confiança. É

indicada para pessoas com dificuldade de afirmação,

trabalhando a autoconfiança. Dá possibilidade de fazer

um trabalho tanto figurativo quanto abstrato.

Pintura com aquarela.

Colocar um pouco de tinta aquarela nos

compartimentos de uma caixa de ovos acrescentando-

se água.

A seguir, pintar sobre o papel criando uma

composição figurativa ou abstrata, dependendo do seu

objetivo. Pela sua consistência, a tinta pede um suporte

mais resistente, por isso utiliza-se papel canson 40kg,

além de forrar o local de trabalho com jornal.

Esta é uma atividade que, pela sua sutileza,

trabalha o sentimento, a emoção. É uma tinta que além

de não oferecer contornos definidos, sua consistência,

também, não permite um controle sobre ela, por isso

exige paciência.

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Aula 2 | As tintas 73

É indicada para pessoas muito controladoras e

com dificuldade de lidar com suas emoções.

Pintura com moldes

Faça moldes em papel cartão ou papelão, eles

poderão ser vazados ou não conforme o seu objetivo

Passe o pincel batedor no guache, retire o

excesso e bata sobre os moldes previamente

posicionados sobre o papel. É importante ter atenção

na posição do batedor, ele tem que estar na posição

vertical, caso contrário a tinta penetra sob o molde

manchando o trabalho.

Na falta de um pincel batedor, você poderá se

utilizar de pedaços de esponja, pois o efeito é o

mesmo.

Essa é uma técnica muito rica, pois além de ser

uma técnica organizadora, tendo que ser planejada,

estruturada, pode, também, ser utilizada para

estabelecer limites. Se por acaso houver um erro, a

tinta entrando no molde e manchando o trabalho, esse

erro pode ser utilizado para observar como seu aluno

ou paciente reage, qual a solução que ele busca.

Para essa atividade, você precisará do seguinte

material:

Tinta guache / pincel batedor ou esponja / lápis

preto para os moldes / papel cartão ou papelão /papel

canson / tesoura ou estilete.

Pintando com cola colorida areia e

guache

Nessa atividade, você precisará de:

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Aula 2 | As tintas 74

Cola colorida, cartolina, pincéis, areia e guache.

Imagine uma paisagem ou mesmo um desenho

abstrato.

Com o bico da cola, faça o motivo imaginado.

Derrame areia sobre a cola e deixe secar. A

seguir, retire o excesso de areia.

Observe com atenção o trabalho

complementando-o, criando um fundo com tinta

guache.

Esta é uma atividade que se torna bidimensional

pelos elementos utilizados, que lhe dão relevo e volume

mais ou menos evidentes, dependendo da quantidade

utilizada.

É um trabalho que envolve a sensibilidade,

exigindo por isso muita atenção e concentração para

colocar no papel as emoções e as sensações que se

fazem presentes. É uma atividade que envolve a

coordenação motora tanto no traço com cola como na

colocação da areia. Desenvolve, além da estética, a

criatividade e a composição pela colocação dos

elementos.

TRANSFERIR PARA CONCLUSÃO

Observações finais:

A linguagem dos materiais nada mais é do que

uma associação entre o material e suas possibilidades

expressivas e uma técnica artística.

Objetivo da atividade o sujeito.

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Aula 2 | As tintas 75

Tintas – são fluidas, expansivas, favorecendo a

liberação das emoções, é o soltar-se.

Materiais gráficos – permitem o controle. São

restritos.

Massas – por sua maleabilidade são versáteis.

Permitem que as emoções e os sentimentos sejam mais

flexíveis.

Argila, sabonete e parafina possibilitam a

estruturação, o desapego, ao retirar partes.

Materiais duros para a escultura – sabão em

barra, espuma vegetal, gesso, isopor.

Atenção: o terapêutico de uma sessão é

conduzido pelo arteterapeuta, como ele leva seu

paciente a ver e a sentir, não impondo, mas tornando

clara a atividade que praticam juntos. Ele não interfere,

mas amplia o olhar de seu paciente, para que ele saiba

olhar com os olhos da alma, da sabedoria.

Em uma sessão de arteterapia, a arte entra

como instrumento.

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Aula 2 | As tintas 76

EXERCÍCIO 1

Sobre as tintas, assinale a alternativa que não está

correta:

( A ) Através da história, percebemos que as tintas

fazem parte da vida do homem;

( B ) A utilização das tintas depende de uma

aprendizagem complexa;

( C ) O homem se utiliza das tintas para expressar seus

sentimentos;

( D ) Os homens das cavernas produziam suas tintas

com materiais da natureza;

( E ) As pinturas, assim como os desenhos, são o livro

aberto da história do homem.

EXERCÍCIO 2

Sobre as tintas, assinale a alternativa correta:

( A ) As tintas por sua fluidez despertam emoções;

( B ) Exigem concentração para o seu controle;

( C ) Trabalham os sentimentos;

( D ) A concentração despertada pelo trabalho com as

tintas leva à consciência de si mesmo;

( E ) TRA.

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Aula 2 | As tintas 77

EXERCÍCIO 3

Escolha uma das modalidades de pintura abordadas

nessa aula e crie uma atividade. Não se esqueça de

colocar o material que será utilizado, os seus objetivos

e em que casos esse material deve ser utilizado.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

EXERCÍCIO 4

A composição de uma pintura é fundamental a

totalidade da obra. Crie uma paisagem de modo que a

proporção de seus elementos mantenham a mesma

relação com suas dimensões reais.

____________________________________________

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____________________________________________

____________________________________________

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RESUMO

Vimos até agora:

O uso das tintas na educação e na saúde;

A importância das tintas na história da arte;

A pintura rupestre, a tinta na pré-história;

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Aula 2 | As tintas 78

Curiosidades sobre as tintas através dos

tempos;

Organização do espaço para uma atividade

com tintas;

Os suportes adequados para diferentes

atividades com tintas;

Trabalhando a composição na pintura;

As diferentes modalidades na pintura e seu

uso terapêutico;

Sugestões de atividades;

Informações sobre o uso das tintas nas

diferentes modalidades;

Objetivos do uso de cada modalidade de

tinta;

Outras sugestões para o uso das tintas.

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As Massas

Eveline Carrano Henriques Porto Maria Helena Pinheiro Requião

AU

LA

3

Ap

res

en

taç

ão

Nesta terceira aula, estudaremos as massas usadas na técnica de

modelagem, onde conheceremos a sua linguagem, suas

propriedades e sua aplicabilidade na arte, tanto na educação como

na saúde.

Faremos um breve passeio pela história da arte focando o uso

deste material através da arte, na educação e na saúde.

Traremos exemplos de trabalhos e sugestões de atividades, além

da indicação do aspecto terapêutico e pedagógico desses

materiais.

Espero que gostem e uma boa aula!

Ob

jeti

vo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja

capaz de:

Compreender a linguagem das massas e a sua aplicabilidade

através da arte, na educação e na saúde;

Estudar novas técnicas e criar outras que serão muito

importantes para o seu trabalho;

Reconhecer no trabalho dos grandes mestres da história da

arte o emprego e o uso das massas nas diferentes técnicas de

modelagem;

Perceber a sua associação com outras técnicas artísticas.

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Aula 3 | As massas 80

As Massas

Nesta aula, entraremos em contato com um

material muito especial e tão antigo quanto as tintas

criadas pelos nossos antepassados, que é a argila, e as

massas, em sua rica variedade de mistura de material,

usadas na modelagem.

Existe uma infinita gama de materiais que

podem ser transformados em massas de uso artístico;

para esta nossa aula, estaremos explorando as

diferentes massas, sua composição, sua plasticidade e

sua rica utilização no contexto da educação e da saúde.

Entre a variedade desse material, abordaremos a

massa caseira, a plastilina (ou massinha de modelar), a

massinha de biscuit (porcelana fria), o papier marché e

finalmente a argila.

As massa de uma forma geral são flexíveis,

maleáveis e transformáveis. Ao se trabalhar com a

modelagem das massas, experimentando e vivenciando

a sua flexibilidade, quando essas características são

promovidas e valorizadas tanto na educação como na

saúde, o mesmo vai acontecendo com nossas

estruturas internas, que vão aos poucos se

flexibilizando.

A agradável sensação de manipular uma porção

de massa promove uma sensação tátil, envolvente e

prazerosa, que aos poucos vira um jogo lúdico onde a

massa ganha diferentes formas, que podem ser

modificadas constantemente.

No contato vivo, ativo e sensível com as

massas, o homem “toca” a sua singularidade. Ao

manipular as massas, os mundos externos e internos

são transformados e se transformam. As estruturas se

tornam mais maleáveis e, portanto, flexíveis.

As massas 80 Algumas massas, suas qualidades e aplicabilidade artística na educação e na saúde 83

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Aula 3 | As massas 81

Ao manipular as massas, as mãos ficam

encarregadas de expressar ideias e emoções, sem a

utilização de palavras, mas sim através dos gestos e do

silêncio que, ao se materializarem em formas e

símbolos, plasmam conteúdos expressivos que por

vezes ignorávamos.

Neste momento criativo, alguns movimentos são

necessários como a organização do espaço, onde cada

um possa entrar em contato com o material e com o

silêncio externo, promovendo um diálogo entre as mãos

que modelam e a massa que está sendo modelada,

num local protegido onde o sujeito se sinta livre e

envolvido de atenção e carinho, quando poderá, então,

deixar que suas mãos falem por si, sem interferências

exteriores.

Relembrando os passos necessários para a

manipulação agora das massas:

Deixe o espaço livre sem outros materiais

além dos que serão utilizados;

Se as mesas ou bancadas forem próprias para

a atividade, basta que estejam limpas, se não

forem, cubra-as de plástico ou jornal, para

evitar que a massa suje ou grude. Após a

atividade, deixe o ambiente limpo, para

facilitar o acesso de novos grupos e, também,

para evitar a sensação de caos e a desordem;

Fazer exercícios respiratórios ou de

alongamento antes são muito úteis, não só

para o relaxamento como, também, para a

concentração, trazendo seus pacientes ou

alunos para “o aqui agora”, o que irá ajudar e

muito o processo criativo;

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Aula 3 | As massas 82

Não se esqueça do material que vai ser

usado. Ao lado da massa, coloque recipientes

e outros instrumentos necessários como as

goivas, palitos, potes com água, paninhos

que servirão como auxílio na inclusão de

detalhes no trabalho de manipulação das

massas, ou seja, na técnica de modelagem;

Uma música baixinha e instrumental será de

grande ajuda e muito bem recebida.

Ao manipular as massas, na técnica de

modelagem, a percepção, através da sensação tátil e a

coordenação motora fina, fica bem desenvolvida,

uma vez que as mãos são o próprio instrumento de

manipulação do material e numa relação conjunta com

o cérebro, elas materializam formas, carregadas de

conteúdos afetivos e simbólicos.

A manipulação desse material provoca reações e

sensações de leveza que, por vezes, chega a ser lúdica,

provocando reações agradáveis e de prazer.

Para algumas pessoas, entretanto, tocar a argila

ou as massas causa rejeição, isto pode se dar devido

ao contato direto com o material, que provoca

sensações táteis imediatas. É importante valorizar e

cuidar dessa reação, pois ela pode estar ligada a

problemas e sentimentos mais internalizados.

O trabalho com as massas, então, leva à

construção, à forma tridimensional, ao contato com a

consistência da matéria, à relação do sujeito com o

espaço, ao circular o olhar pelos diferentes ângulos da

obra. A forma tridimensional possibilita a formação dos

côncavos e convexos, dos buracos mais profundos e

das saliências mais evidentes. O que permite olhares

mais profundos e internos.

Dica do professor

Todos sabemos a importância da música, seja como instrumento terapêutico ou como coadjuvante da aprendizagem. A internet possui uma vasta coleção de textos a esse respeito. Procure conhecer alguns, você vai sair muito enriquecido dessa pesquisa.

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Aula 3 | As massas 83

Algumas massas, suas qualidades e

aplicabilidade artística na educação e na

saúde

MASSA CASEIRA

A massa caseira como as outras massas, por

serem macias e flexíveis, apelam ao tato e ao toque.

O preparo da massa caseira ativa os sentidos, traz

memórias afetivas da infância e é muito boa para se

trabalhar com o idoso, pois remete a lembranças de

sua relação familiar e dos “velhos tempos”, quando

preparava alimentos para a família.

Todo o processo de preparo e confecção da

massa caseira é fundamental e de grande valor

terapêutico e pedagógico, pois o professor pode

trabalhar vários conceitos enquanto mede, mistura e

prepara a massa, trabalhando uma proposta

interdisciplinar como, por exemplo, conteúdos

matemáticos (peso e medida), conteúdo histórico e

geográfico (a origem da farinha e o plantio do trigo),

química (composição química dos materiais), redação.

A confecção e a modelagem da massa caseira

atuam como um diferencial na técnica da modelagem,

pois mexer nessa massa, moldá-la, utilizando todos os

tipos de ferramentas e equipamentos são atividades

que oferecem boas experiências táteis, sensoriais e

afetivas.

Como todo material, esta massa quando

oferecida deverá ser estimulada a sua experimentação

tátil, para que possam sentir o material que irá ser

utilizado, promovendo um diálogo com o mesmo.

Sempre, ao se iniciar a atividade, é importante lembrar

a importância de manipular e sentir o material,

buscando reconhecer suas qualidades plásticas e

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Aula 3 | As massas 84

afetivas, que constituem a sua linguagem

terapêutica e expressiva.

A consistência da massa caseira é um pouco

mais mole, se a compararmos às outras massas,

podendo apresentar alguma dificuldade para a

modelagem de detalhes mais elaborados e de áreas

mais soltas no espaço. Ela é perecível, porém

responde bem a trabalhos mais imediatos e que não

requerem muita elaboração.

A massa caseira pode ser utilizada em todas as

faixas etárias, das crianças aos idosos.

Agora, o importante: Você sabe fazer a massa?

Se não, aí vai a receita.

Receita de massa caseira:

1 copo de farinha de trigo;

½ copo de sal;

¼ de copo de água;

1 colher de sopa de óleo;

1 colher de chá de desinfetante (lisoforme);

Guardar na geladeira.

A consistência da massa vai ser dada pela

farinha colocada, quanto mais farinha, mais dura ela

ficará. Depois de seca ela não quebra, podendo

inclusive ser pintada. Pode ser acrescentado anilina

comestível ou pó do k-suco, para dar cor e aroma à

massa. Ao se trabalhar com a massa caseira, devemos

ter ao lado um potinho com farinha de trigo, pois se a

pessoa transpirar muito nas mãos poderá passar

farinha na mão, o que evitará que a massa grude nas

mesmas.

Importante

Quando se trabalha com criança ou com idoso, é aconselhável colocar vinagre no lugar de lisoforme, pois se a criança a colocar na boca irá cuspir pelo gosto do vinagre e pela quantidade de sal da massa.

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Aula 3 | As massas 85

Agora, outra receita de massa caseira para você

escolher:

Material:

2 xícaras e meia de maisena;

1 xícara de sal;

Meia xícara de água;

Uma pitada de corante.

Modo de Fazer:

Misturar todos os ingredientes;

Levar a massa ao fogo em banho-maria até

desprender da panela;

Guardar em saco plástico ou vidro bem

tampado;

A massa não deve ser deixada para secar ao

sol. Ela se conserva por vários meses,

independente de qualquer produto químico.

Essa massa pode e deve ser feita em conjunto

pelo próprio professor/terapeuta com a ajuda de seus

alunos/pacientes. Valorizando todo o processo criativo,

que vai do preparo da massa ao fazer.

Sugestão de atividade:

Montar uma oficina com criança usando

massinha de biscoito.

É interessante utilizar uma receita básica de

biscoito (que é uma variação da massa caseira, só que

comestível). Cada criança irá modelar a forma que

imagina, pondo por cima açúcar de confeiteiro

misturado com anilina de bolo e a seguir colocar no

forno. Após, embrulhar com papel celofane colorido.

Dica do professor

Este material, ao ser manipulado, trabalha a coordenação motora

fina, a criatividade e a exploração da textura e da modificação da forma, o que é muito eficiente no trabalho com crianças.

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Aula 3 | As massas 86

Nota – Verificar antes se há qualquer problema

alimentar, pois este é um fato muito importante e que

requer atenção e cuidados.

Nesta oficina, poderá ser observado o

comportamento da criança, verificando sua

socialização. Como ela lida com o fazer e com o

distribuir o produto final, o biscoito. Em uma de nossas

oficinas com crianças, observamos aquelas que

guardavam para comer depois, as que comiam tudo e

não davam para ninguém e as que trocavam entre si. O

que é um bom conteúdo para ser trabalhado tanto no

lado afetivo como no pedagógico, onde atividades como

somar, dividir, classificar por tamanho e cor podem

virar uma brincadeira muito rica.

Outra proposta bem interessante é fazer uma

atividade com um enfoque específico. Por exemplo,

vamos modelar frutas, as frutas que mais gosto, que

mais como ou que nunca comi modelar um cômodo da

casa; modelar animais segundo sua classificação

(mamíferos, domésticos), entre outros. Dependendo do

conteúdo pedagógico/ terapêutico que se quer enfocar,

é só usar a imaginação e pôr a criatividade para

funcionar.

Atenção:

É muito importante o trabalho com massa

caseira com idosos, uma vez que ela trabalha a

memória, a coordenação motora, o olfato, transmite

tranquilidade e aconchego. Permite o prazer de

vivenciar o processo do fazer e do eu posso.

É preferível trabalhar com a massa ao natural.

Se quiser, após secar, poderá ser pintada, utilizando

para isso tinta acrílica, tinta de tecido ou tinta a óleo.

Importante

É necessário trabalhar com um potinho de farinha de trigo ao lado, pois o calor das mãos modifica a consistência da massa.

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Aula 3 | As massas 87

BISCUIT

O trabalho com biscuit é muito prazeroso, uma

vez que oferece inúmeras possibilidades plásticas. É

importante sentir sua textura e descobrir suas

possibilidades plásticas.

Suas melhores qualidades: é branco, macio,

flexível, agradável ao tato, limpo, não faz sujeira nas

mãos nem no espaço onde é trabalhado. O que facilita

o seu uso com pessoas acamadas, mesmo em hospital.

Ele pode ser modelado com as mãos, pode ser

picotado pela tesoura ou por um instrumento, fazendo

uma peça composta por pedaços, como uma flor. Pode

ser desenhado com um estilete ou outro material. Não

oferece resistência, é mais firme que a massa

caseira aceitando detalhes mais elaborados.

Não tem erro, é fácil de ser manipulado. O

mercado oferece biscuit de todas as cores, mas em

caso de necessidade, pode ser pintado, utilizando para

isso tinta a óleo ou tinta acrílica.

A massa de biscuit pode ser comprada ou feita

em casa. Sugerimos uma receita para você fazer a

massa de biscuit, apesar de ter um bom preço ao ser

comprada pronta, acaba se tornando mais cara quando

usada com um grupo grande de pessoas.

Ingredientes:

2 xícaras (de chá) de amido de milho

(Maizena);

2 xícaras (de chá) de cola Cascorez Extra

(rótulo azul) ou Cola Cascorez Porcelana Fria;

2 colheres (de sopa) de vaselina líquida;

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Aula 3 | As massas 88

1 colher (de sopa) de suco de limão (age

como conservante);

1 colher (de sopa) de creme para mãos (não

gorduroso) pra sovar a massa.

Obs.: utilizar colher de pau e panela com

revestimento antiaderente (para fogão).

Preparo:

Coloque todos os ingredientes na panela (com

exceção do creme para as mãos) e misture

bem para dissolver o amido de milho;

Leve ao fogo brando e mexa bem com a

colher de pau até que a massa forme uma

bola e se solte do fundo e das laterais. Evite

deixar que as sobras que costumam ficar na

borda da panela se incorpore à massa;

Depois de pronta, coloque a massa numa

superfície (tampo de mármore, pedra) untada

com o creme para as mãos e sove-a por

vários minutos, ainda quente, até ficar macia;

Quando a massa estiver totalmente fria,

acondicione-a num saco plástico (ou envolva-

a em filme plástico) bem fechado para não

ressecar.

Como você pode observar, esta é uma massa de

fogão.

Agora, vamos à massa de biscuit feita no

micro-ondas.

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Aula 3 | As massas 89

Material:

2 xícaras (chá) de amido de milho;

2 xícaras (chá) de cola especial para biscuit;

2 colheres (sopa) de vaselina líquida;

2 colheres (sopa) de suco de limão;

1 colher (sopa) de creme para as mãos não

gorduroso (sem silicone);

Tigela de vidro (para massa feita no micro-

ondas) ou panela com revestimento interno

antiaderente (para massa feita no fogão);

Colher de madeira.

Modo de preparo (no micro-ondas):

Coloque na tigela de vidro o amido de milho,

a cola e a vaselina líquida, e vá mexendo.

Adicione o limão e misture com todos os

ingredientes (menos o creme, que será

adicionado somente no momento de sovar a

massa);

Coloque a tigela no micro-ondas e regule-o

para 50 segundos, na potência máxima.

Retirar a tigela do micro-ondas e mexer bem

a massa, com a colher de madeira. Depois

volte ao micro-ondas por mais 45 segundos,

retire e mexa. Volte por mais 40 segundos (o

tempo de cozimento poderá variar de um

micro-ondas para outro, se necessário

adicione de 2 a 5 segundos);

Depois, espalhe sobre uma superfície lisa

uma colher (sopa) rasa de creme para as

mãos não gorduroso (não ponha mais creme

que o indicado na receita). Coloque a massa

por cima, ainda quente, e sove por vários mi-

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Aula 3 | As massas 90

nutos seguidos. A massa ficará com uma

textura melhor quanto mais você sová-la;

Coloque a massa num saco plástico ou

envolva-a em filme de cozinha para que não

resseque.

Ao esfriar, a massa deverá ser guardada envolta

por plástico para obter uma maior durabilidade. Não há

necessidade de se guardar em geladeira, porém é

fundamental que seja armazenada em local fresco e

seco. Deverá ser mantida sem contato com o ar para

evitar que ela seque e endureça. Ao se trabalhar com

esta massa, devemos ter por perto um pote de creme

para as mãos, pois, ao contato com o ar, a massa

resseca e racha: ao hidratarmos as mãos, ela volta a

ficar macia e flexível, pois absorve o creme das nossas

mãos.

Sugestão:

Fazer fantoches nos dedos aproveitando as

articulações, o que dará movimento às figuras. Pegar

uma pequena porção de massa, abri-la e envolver o

dedo, continuar modelando até formar um personagem,

que poderá ser utilizado em dinâmicas e teatro de

dedoche.

Indicações terapêuticas do biscuit: Por ser

uma massa delicada, macia e limpa, pode e deve

ser usada e valorizada na técnica de modelagem, pois

apresenta todos os benefícios necessários a um bom

desempenho. Ela ajuda no estímulo à criatividade, no

controle da força muscular, na organização, na

coordenação motora fina, além de trabalhar a

atenção e a concentração. Por ser um material que

pede um contato direto com as mãos, com ou sem o

auxílio de outro instrumento (opcional), apelando,

portanto, ao tato, ao toque direto com a pele.

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Aula 3 | As massas 91

PAPEL MACHÊ

Outra técnica de modelagem barata e bem

aceita por crianças, além de muito utilizada na

confecção de fantoches. O seu processo de criação é

longo e rico, que possibilita o tempo todo a

desestruturação e a posterior estruturação, a

elaboração e a tridimensão. Trabalha com o preparo da

estrutura interna, que pode ser de arame, de papelão

ou de sucata, onde em cada um desses momentos

poderemos trabalhar conteúdos afetivos.

O trabalho com esta técnica vai desde a

confecção da massa, podendo ser feita inclusive com

seus próprios alunos ou pacientes, sendo, aliás, até

mesmo indicada, uma vez que serve como meio de

gastar as energias de pessoas hiperativas ou

agressivas, sendo, portanto, essa a sua indicação

terapêutica.

Receita da massa: Papel machê

Ingredientes:

01 rolo de papel higiênico branco (pode usar

dos baratos) ou papéis fáceis de rasgar como

jornal;

1/2 Kg de farinha de trigo;

Água;

Cola Branca;

04 colheres (sopa) de vinagre;

01 colher (sopa) de Pinho Sol.

Modo de fazer: Rasgue bem picadinho o papel

(rasgue-o com as mãos e em tamanhos de mais ou

menos 3 cm; quanto menor, mais rapidamente ele será

triturado).

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Aula 3 | As massas 92

Deixe de molho na água por 24 horas. Coloque a

polpa numa peneira para escorrer o excesso de água,

junte a farinha de trigo e a cola até dar uma boa liga,

não pode esfarelar.

Coloque o vinagre e o pinho sol - ingredientes

que não deixam a massa apodrecer.

Após secar, pinte a peça com a tinta de sua

escolha: acrílica, tinta óleo, látex ou esmalte sintético.

Se a peça demorar para secar, coloque-a ao sol.

Obs.: Caso deseje criar uma massa colorida,

adicione tinta em pó, gesso ou mesmo argila no

momento em que estiver triturando o papel.

A massa tem uma consistência mole, por isso é

difícil moldar um objeto complexo de uma vez só sem

perder o seu equilíbrio.

Portanto, a construção da peça deve ser dividida

em várias etapas.

O papel machê é um material viscoso, mas que

nos dá um bom retorno, uma vez que podemos moldá-

lo, tornando aparente nossos conteúdos interiores.

MASSA DE MODELAR

É muito indicada para o trabalho com crianças,

mas isso não quer dizer que seja vedada com adultos,

só não é muito usada porque não se presta a trabalhos

de grandes proporções. Para trabalhos menores com

peças pequenas, contas, botões como os da gravura

acima que têm como finalização verniz colorido,

bonequinhos, pode ser muito bem usada, pois, como

todos os materiais usados na modelagem, é um canal

de nossos conteúdos interiores.

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Aula 3 | As massas 93

No trabalho com idosos tem muita aceitação,

principalmente por aqueles que estão em estado muito

regredido, uma vez que nesta faixa etária há uma

preferência por pequenos trabalhos, embora

numerosos, do que por trabalhos grandes e difíceis de

lidar. Além disso, a massa de modelar apresenta uma

grande vantagem; por se prestar a tarefas pequenas,

trabalha a coordenação motora fina muito importante e

difícil de manter com o transcorrer do tempo no idoso.

Agora, vamos a uma receita caseira de massa

de modelar:

1ª receita:

Material:

2 xícaras e meia de maisena;

1 xícara de sal;

meia xícara de água;

uma pitada de corante.

Modo de Fazer:

Misturar todos os ingredientes;

Levar a massa ao fogo em banho-maria até

desprender da panela;

Guardar em saco plástico ou vidro bem

tampado.

Atenção: a massa não deve ser deixada para

secar ao sol. Ela se conserva por vários meses,

independente de qualquer produto químico.

Este material trabalha a coordenação motora,

a criatividade e a exploração.

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Aula 3 | As massas 94

2ª receita:

Material:

4 xícaras de farinha de trigo;

1 xícara de sal;

1 e meia xícara de água;

1 colher de (chá) de óleo.

Confecção:

Numa tigela, misturar todos os ingredientes,

amassar bem até ficar boa para modelar;

Guardar em saco plástico ou vidro bem

tampado.

Atenção: Esta receita não precisa ir ao fogo.

Não seca ao sol, mas você pode colocar as peças

modeladas numa forma e colocar em forno brando para

assar.

Depois de assadas, é só pintar com tinta para

artesanato ou tinta preparada por você.

ARGILA

É o material mais usado terapeuticamente na

modelagem. A sensação de estar em contato com o

barro pode ser muito gratificante ou não, ser até

profundamente desagradável. A argila age como

transformadora de um estado de desencontro para um

estado de equilíbrio, podendo fazer aflorar conflitos

internos indesejáveis. Por ser moldável, integra o

indivíduo com o mundo que o cerca. Por ser fluida,

recebe projeções, mas ao ser manipulada libera

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Aula 3 | As massas 95

tensões, fadigas, depressões, pois é sobretudo um

material vivo e de ação calmante.

Externamente, trabalha a coordenação motora.

Internamente, mobiliza sentimentos, emoções, para

que possam ser conhecidas. Por isso, o trabalho com

argila exige certa técnica:

Após a preparação do espaço, oferecer ao

paciente um pedaço de argila para que ele

possa sentir a sua textura, como o material

reage ao calor das mãos. Rolar a argila nas

mãos, fechar os olhos, sentir a sua textura,

deixá-la correr pela mesa, segurá-la outra

vez, entre os dedos, relaxar, deixar fluir;

Agora, o paciente estará pronto a começar o

trabalho, quando usará apenas os dedos e, se

precisar, água, podendo ser auxiliado nessa

fase por uma esponja ligeiramente úmida

dependendo da natureza do trabalho.

Como a argila é um material que entra em

contato com o homem através da sensação, é

necessário um período preparatório quando o material

será manipulado de forma consciente proporcionando

um encontro entre as mãos, o elemento e a psique.

Esse tempo é muito importante para romper a inibição

ou a rejeição inicial, para que o indivíduo se situe neste

contato, observando se ele lhe é prazeroso, relaxante

ou se existe uma rejeição a ele. Se houver uma

desarmonia entre os dois, o contato não deve ser

forçado. No seu lugar, pode-se oferecer qualquer outro

material, massa de farinha de trigo, papel machê,

biscuit ou massa de modelar, que irão preparando o

caminho para mais tarde introduzir a argila.

Quer saber mais?

Os barros podem ser magros ou gordos. Magros são os que se partem com facilidade. Gordos são os que possuem maleabilidade e plasticidade, tornando o trabalho muito agradável.

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Aula 3 | As massas 96

Indicação terapêutica: é um veículo de

comunicação verbal, indicado para pessoas

emocionalmente muito regredidas e com dificuldade de

comunicação, transformando-se, então, a argila em um

diálogo através dos sentidos.

ARGILA

Formada pela alteração de certas rochas, como

as que têm feldspato, a argila pode ser encontrada

próxima de rios, muitas vezes formando barrancos nas

margens. Apresenta-se nas cores branca e vermelha. A

argila é uma família de minerais filossilicáticos

hidratados, aluminosos de baixa cristalinidade e

diminutas dimensões (partículas menores do que 1/256

mm ou 4 µm (microns) de diâmetro), como a caolinita,

esmectita, montmorillonita, illitas. Apresentam-se

geralmente estáveis, nas condições termodinâmicas e

geoquímicas da superfície terrestre ou de crosta rasa.

No solo a fração de argila, componente comum

das lamas ou barro, como são conhecidos

popularmente, é constituída de minerais desse grupo

das argilas aos quais agregam-se hidróxidos coloidais

floculados e diversos outros componentes cristalinos ou

amorfos.

O termo argila, também, é usado na

classificação granulométrica de partículas.

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Aula 3 | As massas 97

Como este você irá encontrar muitos outros

sites interessantes para trocar informações conosco nos

nossos futuros encontros.

Procure outros tão ou mais interessantes.

Agora, quero deixar umas sugestões de

atividades para trabalhar não só com argila, mas com

qualquer tipo de massa.

Ao trabalhar com modelagem, você pode sugerir

alguns tipos de atividades de acordo com os objetivos

que tiver em mente. Desenvolver a criatividade, a

atenção através da cópia de um modelo sugerido por

você, a coordenação motora em se tratando de

crianças, idosos ou pessoas com qualquer tipo de perda

ou deficiência, a concentração pela complexidade da

tarefa ou qualquer outro problema não relacionado

aqui.

Então, vamos a algumas sugestões:

Tema Livre:

É dada a argila para seu paciente ou aluno, que

irá entrar em contato com ela através de uma

manipulação consciente e ao mesmo tempo relaxante,

quando os dois, indivíduo e massa, se tornarão um só.

Daí surgirá o tema, vindo do seu interior e se fazendo

presente em uma forma tridimensional. Dessa produção

poderá surgir um material que deverá ser aprofundado.

Tema Proposto:

Você sugere um tema de acordo com a

necessidade do momento, criando uma oportunidade

para a elaboração de um conteúdo significativo para

seu paciente ou aluno. Por exemplo, um sentimento

Para pesquisar

A constituição da argila. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Aula 3 | As massas 98

abstrato como superproteção, amor, beleza, vindo de

um fato, de uma imagem ou de um texto e pede que

ele seja expresso na argila.

Ao modelá-lo, o individuo estará trabalhando a

si mesmo.

Tema Escolhido pelo próprio paciente:

Nessa sugestão é o paciente quem escolhe o

tema, seja através de peças já prontas, de imagens

mostradas ou mesmo de temas sugeridos.

O trabalho pronto poderá ser desdobrado em

outros, utilizando o mesmo material ou substituindo-o

por outro, de acordo com a meta a ser atingida.

Como você pode ver, os caminhos são muitos.

Agora é a sua vez.

Estas são as minhas sugestões de trabalho:

O que nos conta a argila:

Na argila, repetimos os mesmos gestos dos

nossos ancestrais da pré-história, uma vez que

trabalhamos com o mesmo material, usando os

mesmos instrumentos - as mãos.

Há aí um forte vínculo passado / presente e que

continuará no futuro mostrando que os conteúdos são

os mesmos, o que varia é a cultura.

... A consciência individual é tudo

menos uma tabula rasa, ou seja, um

lençol branco, mas é influenciada no

mais alto grau por predisposições

herdadas. Abrange a vida psíquica de

nossos ancestrais, retroagindo até os

primórdios mais remotos...

(Jung, C.W. VII p.\283)

TRISTEZA

AMOR

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Aula 3 | As massas 99

Isso nos faz entender que, como o corpo herda

uma estrutura que determina uma forma geral, a

mente é, também, estruturada por fatores herdados da

espécie.

A argila, como é ligada ao nosso cotidiano, é o

material onde os nossos afetos e emoções se

expressam de forma mais espontânea, tornando-se,

dessa forma, uma das principais técnicas terapêuticas,

uma vez que torna tridimensional uma ideia, uma

imagem uma emoção.

Por ser a argila símbolo de nascimento, de vida

e de morte, é um material familiar ao indivíduo, o que

facilita a espontaneidade da manipulação e de

verbalização dos conteúdos interiores e exteriores, uma

vez que atual fortemente na psique do indivíduo. O

simples toque da mão a modela, mas de maneira que

qualquer outro toque reformula o trabalho, levando o

indivíduo a encontrar facilmente a forma que

procurava.

Ao trabalharmos com a argila, entramos em

contato com os quatro elementos (terra, água, fogo e

ar) o que é muito importante, pois nos leva a um

contato direto com a natureza, o que nos põe em

contato com o mundo, passando a nos sentirmos

realmente parte dele, ao mesmo tempo em que damos

um mergulho dentro de nós mesmos.

“E Deus tomando do barro criou o homem”,

(Gênese)... e o homem tomando do barro o imitou

criando a forma.

Este é um material rico, cuja manipulação é

importante em vários tipos de disciplinas. É usado

como auxiliar na psicologia, na terapia ocupacional, na

fisioterapia, na arteterapia e na psicopedagogia,

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Aula 3 | As massas 100

atuando sempre com muita eficiência e alcançando os

objetivos propostos.

Pelo que você pode observar até agora,quando

se fala em modelagem, surge de imediato a ideia de

argila, o que é muito justo dado as propriedades que

ela contém, e o simbolismo que expressa. Porém

existem muitos outros materiais que podem ser usados

com ótimos resultados, uma vez que a técnica de

modelagem é em si bastante terapêutica atuando nas

sensações físicas e viscerais, como também no

sentimento e na cognição. Exige atenção e

concentração para que a criação surja do nada para um

objeto tridimensional, podendo esse projeto ser livre ou

dirigido.

Tem um caráter ordenador através da sensação

que nos leva a construir, a organizar espontaneamente,

sem precisar lançar mão de uma metodologia racional.

Como material, usam-se as mãos para expressar

os estados da alma.

Então, vamos começar, mas ainda voltaremos à

argila.

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Aula 3 | As massas 101

EXERCÍCIO 1

Sobre as massas, assinale a alternativa mais correta:

( A ) As massas são flexíveis e, por isso,

transformáveis;

( B ) O contato com as massas faz aflorar sensações

interiores;

( C ) Permite desenvolver a criatividade;

( D ) Na manipulação da massa, as mãos ficam

encarregadas de expressar emoções;

( E ) TRA.

EXERCÍCIO 2

Assinale a alternativa correta:

( A ) As massas caseiras são bem recebidas nos

trabalhos com idosos;

( B ) O trabalho com papel machê desde a sua

confecção é indicado no trabalho com crianças

hiperativas;

( C ) A manipulação do biscuit é limpa e agradável, por

isso, facilita o trabalho com pessoas acamadas;

( D ) A argila é o material mais usado terapeuticamente

na modelagem;

( E ) TRA.

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Aula 3 | As massas 102

EXERCÍCIO 3

Escolha uma técnica que você usaria para trabalhar

com:

Idoso - Não esquecendo de acrescentar o objetivo.

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____________________________________________

Criança - Também sem esquecer o objetivo.

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EXERCÍCIO 4

Escolha um material utilizado na modelagem e crie uma

atividade para adulto.

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RESUMO

Vimos até agora:

Os materiais para a modelagem, sua

utilização e seus benefícios na saúde e na

educação;

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Aula 3 | As massas 103

A história da utilização dos materiais para a

modelagem fazendo uma correlação com a

trajetória do homem;

Analogia entre as atividades desenvolvidas

em sala de aula e na saúde;

A importância da descoberta dos materiais

para a modelagem para a arte tanto na saúde

quanto na educação;

As diferentes modalidades e técnicas

referentes aos materiais para a modelagem

com suas indicações de trabalhos em arte;

Os materiais para modelagem e seus

benefícios tanto na saúde como na

aprendizagem;

Os diferentes materiais alternativos:

A massa biscuit;

A massa de modelar/plastilina;

A massa caseira;

O papier marché;

A argila;

Acrescentando sugestões sobre sua

utilização.

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Os materiais duros

para escultura

Eveline Carrano Henriques Porto Maria Helena Pinheiro Requião

AU

LA

4

Ap

res

en

taç

ão

Começamos agora a aula dos materiais duros para a escultura.

Neste caderno, você terá cinco aulas.

Estudará um pouco sobre a linguagem dos materiais duros para a

escultura e sua importância na educação e na saúde.

Abordaremos as infinitas possibilidades do uso desses materiais

como material plástico na arte.

Você entrará em contato como os materiais utilizados na técnica

de escultura. Experimentando-os, analisando-os e esculpindo-os.

Conhecerá a linguagem e as propriedades dos materiais de

escultura.

Falaremos sobre a linguagem e as propriedades dos diferentes

materiais duros de escultura.

Nosso objeto de análise e estudo serão os materiais para a

escultura.

Descobriremos o mundo dos materiais duros e as sucatas usados

na técnica de escultura.

Ob

jeti

vo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja

capaz de:

Perceber a diferença entre os materiais de escultura e as

técnicas relacionadas aos mesmos;

Conhecer mais sobre a importância da linguagem específica de

cada material de escultura e sua aplicação na educação e

saúde;

Aprender a manipular os diferentes materiais explorando suas

qualidades expressivas;

Aprender novas técnicas e criar outras que serão muito

importantes para o seu trabalho;

Conhecer alguns dos grandes mestres da técnica da escultura.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 106

Materiais resistentes

ESCULTURA

Iniciamos, agora, o trabalho com materiais

duros utilizados na escultura. Esses, ao contrário

daqueles usados na modelagem, são plásticos, fáceis

de serem manuseados, necessitam de instrumentos

adequados a grande variedade de materiais que à

natureza oferece.

O resultado desse tipo de atividade é a criação

de um objeto tridimensional, ocupando um lugar no

espaço e que pode ser observado por todos os ângulos.

É uma das formas de expressão de arte que

mais se assemelha ao “Ato de Criação do Homem”, o

artista transforma o disforme em uma forma que fala

pela sua expressão.

Terapeuticamente, o ato de esculpir desperta as

energias contidas, e as potencializa, fazendo brotar do

interior do indivíduo sentimentos intensos como a

raiva, a tensão e ansiedade que encontram no ato de

criar um canal para escoar esses sentimentos.

É um processo transformador. Ao trabalhar

sobre a matéria, o homem trabalha sobre si próprio, e

desse trabalho resulta uma transformação tanto interna

quanto externa. É um processo de forte impacto não só

sobre o material trabalhado como em si próprio, e o

resultado é um símbolo tridimensional de “energia x

ideia x ação”.

É uma arte sensorial, é a arte do tato, da

imaginação, da percepção, que é lapidada, esculpida

interiormente a cada movimento. Existe todo um poder

sensorial ligado aos instintos humanos. É a linguagem

LA PETIT CHÂTELAINE

(1895) Camille Claudel

Materiais resistentes 106 Materiais duros para esculturas 110 Escultura em madeira 112 Sabonete de glicerina 113 Sabonete comum 114 Parafina 115 Sabão de coco 116 Escultura de arame 116 Gesso 118

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 107

de uma forma interior que se exterioriza em forma

tridimensional, transformada em algo simbólico que se

pode tocar, acariciar, sentir a textura do material.

A emoção que uma estátua provoca

tem raízes no poder de acariciar.

(Herbert Read)

Essa emoção se faz presente nas esculturas de

Micuelangelo na dor de Maria, na “Pieta,” na força do

homem em “Moisés”, no “Pensador” de Rodin que

consegue tornar visível o ato de pensar, tornando-se

uma forma simbólica do pensamento humano.

Essas manifestações de arte, onde o homem

escolhe os mais duros materiais para expressar seus

conteúdos internos tornando-os perenes, imunes à

passagem do tempo, se repetem incansavelmente

através dos séculos, desde o homem primitivo,

passando pelas mais diferentes sociedades humanas

até os dias de hoje.

Os materiais utilizados na escultura são os

mesmos do passado como a pedra (mármore, pedra

calcária, granito) ou metais (bronze, ouro, prata).

Também usam as mesmas técnicas para melhorar a

durabilidade de certos materiais (argila, terracota) ou

que empregam os materiais de origem orgânica mais

nobres possíveis (madeiras duráveis como ébano,

jacarandá, materiais como marfim ou âmbar). Mas a

esses materiais juntaram-se outros, os mais variados e

impensáveis. Esculpem em quase tudo que consiga

manter por, pelo menos, algumas horas a forma

idealizada (manteiga, gelo, cera, gesso, areia

molhada), são obras efêmeras que, infelizmente, não

podem ser apreciadas por muitos, nem mantidos por

longos dias. Suas formas tornam-se duradoras somente

através da fotografia.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 108

Entre as esculturas feitas com materiais

surpreendentes, temos as obras de Frans Krajcberg que

se inspira e cria em galhos e troncos retorcidos ou

queimados dos nossos mangues, onde existem pregos

e outras intervenções próprias sobre a matéria,

resultando, desse trabalho, belíssimas obras de arte.

São imagens resultantes do seu olhar interior.

Outro tipo de escultura que não podemos deixar

de mencionar são as belíssimas e estranhas obras de

arte encontradas em algumas tribos africanas com o

seu simbolismo mágico.

ESCULTURA NO GELO

RAÍZES

SOMBRAS COM RAÍZES

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 109

Um dos membros da tribo, geralmente o pajé,

dotado de poderes extrapsíquicos sai a caminhar pela

floresta observando as árvores que encontra no

caminho. Ele procura algo que não conhece, mas que

sabe estar preso em alguma das árvores da floresta. Se

ele o encontra, manda derrubar a árvore e o liberta. É o

“espírito da árvore” que se torna visível pedindo para

ser libertado.

Depois de retirado da árvore, ele é levado para a

tribo, onde lhe são prestadas as devidas homenagens,

passando a fazer parte do panteon dos espíritos e

deuses protetores da tribo.

O interessante é a observação dessa imagem.

Ela é absolutamente autêntica. Não recebe nenhum

tratamento. Como está na árvore, permanece. A sua

imagem não é criada, é desbastada nas partes a serem

entalhadas. O pajé segue as indicações que ela traz, e

que só ele consegue ver, entalhando os olhos, boca

bochechas, cabelos, que têm colorações próprias,

diferentes umas das outras e das demais partes do

rosto.

É uma imagem sagrada para a tribo, e

inexplicável para nós.

A escultura desbasta a matéria transformando-a.

Essa mesma transformação acontece no nosso interior.

Terapeuticamente, a escultura age sobre o processo de

organização interna. Trabalha sobre o desapego, a

renovação, deixando o passado, cortando o que não

cabe mais no presente, ajudando a canalizar as

energias para o novo. Atua sobre as sensações

viscerais, trabalhando a percepção, desenvolvendo a

intuição, trazendo autoconfiança pelo fato de conseguir

tirar do indefinido uma forma definida real, que pode

ser tocada, manuseada. Isso traz uma sensação de

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 110

poder e ao mesmo tempo de reflexão, buscando uma

compreensão maior do símbolo que surgiu. De onde

vem? O que transmite?

O trabalho com a escultura, com materiais mais

acessíveis ao espaço e aos instrumentos, também são

usados nas clínicas, hospitais e escolas com excelentes

resultados.

Materiais duros para escultura

Só podemos criar conhecendo o material com o

qual trabalhamos. Temos que conhecer suas

propriedades, respeitá-las e usar os materiais próprios

para obtermos o melhor resultado. Temos que captar

sua essência para conseguirmos o resultado esperado.

Existem muitas maneiras de se fazer uma

escultura.

Entre os materiais úteis estão as argilas, o

gesso, a cera, o sabão, a madeira, o arame, o metal, o

papel.

Muitas sugestões dadas para a pintura e o

desenho, a argila e a colagem podem ser adotadas para

a escultura.

Sugestão de atividade:

Oficina: Escultura de uma Única Linha

Materiais: arame maleável, argila para a base.

Instruções:

Uma linha de arame única também pode criar

uma escultura – uma obra de arte

tridimensional que pode ser vista de lados dife

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 111

rentes. Com cuidado, entorte uma peça única

de arame de várias maneiras, de modo a criar

uma forma agradável. Crie uma imagem

abstrata ou entorte o arame para lembrar um

objeto real;

Para fazer uma escultura que fique

permanentemente de pé, crave as pontas do

arame em uma porção de argila ou massa

para firmá-la. Dê um título engraçado para

ela. E não se esqueça de escolher uma

música interessante para tocar, para servir de

inspiração;

Desdobramento – baseado nos “móbiles” ou

arte que se move de Alexander Calder

(escultor americano 1889-1976), pode-se

propor uma oficina em que se pendura pedaços

de papel colorido ou de argila na ponta de

arames e espetar os arames num bloco de

isopor. Uma leve empurradinha pode colocá-

lo em movimento.

SUCATA

O trabalho com sucata é feito com material que

não tem mais utilidade como latinhas vazias de

refrigerante, garrafas, plásticos, caixas vazias,

tampinhas, papelões, papéis de vários tipos, pedrinhas,

conchas, panos, pregos, enfim os mais variados e

impensáveis materiais que se transformam em formas

e objetos que dão grande prazer para aquele que o

faz.

Uma atividade interessante e bem-sucedida que,

também, é conhecida como “escultura de lixo”, pois

nela juntam-se vários tipos de “lixo”, ou melhor,

materiais recicláveis. Ao seu término, elas podem,

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 112

inclusive, serem pintadas com spray na cor desejada.

Ao término dessa atividade, as crianças ficam

orgulhosas com o resultado obtido.

É uma atividade extremamente terapêutica, pois

é uma atividade de aproveitamento, se desconstrói o

velho para construir o novo. Trabalha o desapego, a

transformação, a esperança no novo, a criatividade e a

habilidade manual. Trabalha, também, a autoconfiança,

a ordem e a noção de aproveitamento.

MADEIRA

É o cerne da árvore. É um material resistente,

Precisa de habilidade para se trabalhar esse material.

Esculpir uma peça de madeira demora algum

tempo. O trabalho deve ser bem devagar, pois entalhar

em madeira exige paciência e muita criatividade.

É um material de grande durabilidade.

Geralmente, para ser trabalhada, devemos usar

ferramentas. Com esses materiais, podem ser feitos

objetos interessantes.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 113

Escultura em madeira

Os trabalhos em madeira começam com a

seleção no tronco de alguns volumes, de acordo com o

objeto que se pretende esculpir. A seguir, faz-se o corte

que define o formato da escultura e, com o machado,

vai-se desbastando a madeira do exterior para o

interior e, sutilmente, começa a identificar-se o objeto.

Para lapidar o objeto, usam-se formões, goivas, e

outros instrumentos. Para terminar, usam-se lixas.

A esta forma de trabalhar a madeira

caracterizada pela remoção gradativa do material

desnecessário, dando forma à obra que se pretende

criar indo do exterior para o interior. Essa é a técnica

chamada subtração. Mas também existe outra, unindo-

se outros pedaços de madeiras diferentes, dependo do

efeito que se quer obter. Essa é a técnica aditiva.

Sabonete de Glicerina

É um produto de higiene pessoal muito usado

mundialmente. O sabonete de glicerina, ao ser

manuseado com determinadas ferramentas, fica mais

transparente. Ele é macio, sendo assim é menos

resistente, modelável e maleável. Aceita bem a

transformação quando aquecido. Trabalha a aceitação

dos pacientes, pois é fácil de ser esculpido.

Pode ser feito em casa

Sabonete de Pétalas de Rosas

500gr de base glicerinada transparente, para

sabonete;

Um pedaço de tubo de PVC;

Ralador de corte reto;

Essência de champanhe;

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 114

Corante alimentício à base de água vermelho;

Durex e papel filme;

Backer plástico (para derreter a glicerina);

Medidor pequeno de “ml” (proveta);

Borrifador com álcool de cereais;

Bastão de vidro ou de plástico para mexer.

Dicas

Derreta a glicerina em panela esmaltada, pois

não é aderente, deixando fogo baixo;

Se a glicerina endureceu, ou o sabonete ficou

feio, pode ser reaproveitado derretendo tudo

novamente;

Não deixe a glicerina ferver;

Após derreter a glicerina, é possível que se

forme uma nata na superfície Isso é normal,

retire com uma colher;

Para desenformar, faça movimentos leves,

deixando entrar ar na fôrma, depois pressione

levemente;

A quantidade de corante varia de acordo com

o seu gosto. Adicione as gotas e misture até

encontrar a tonalidade desejada;

Se notar bolinhas de ar após colocar a

mistura na fôrma, borrife mais um pouco de

álcool de cereais na superfície;

Cuidado com a glicerina derretida, ela pode

queimar a mão.

Sabonete comum

No processo terapêutico, o sabonete é fácil de

manusear, desliza nas mãos, é resistente ao ser

esculpido. Esse material permite facilmente mudança

de forma, após sofrer aquecimento.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 115

É usado para as pessoas rígidas com o objetivo

de levar a mudança de comportamento. Para o

adolescente, a escultura de sabonete é utilizada para

testar os limites. Ele, também, trabalha o olfato pelo

seu aroma perfumado.

Mas não podemos deixar de mostrar as

esculturas da artista plástica inglesa Camille Allen que

são apaixonantes!

Parafina

É um produto derivado do petróleo. Conhecido

por sua alta pureza; por possuir propriedade de

combustível, é a matéria-prima essencial na fabricação

de velas. A parafina é um material mais resistente,

quebra com facilidade, brilha ao ser esculpida.

Em seu natural, a parafina é opaca e bruta;

conforme vai sendo esculpida, vai ficando transparente,

brilhosa e muito bonita, ficando mais maleável, o que

facilita a criatividade. Ao final, sua aparência é

semelhante ao mármore.

É recomendável para as pessoas rígidas, pois o

trabalho com a parafina permite que a pessoa entre

em contato com seus sentimentos.

Quando a parafina é aquecida, ela se transforma

por completo, e novamente com o novo material pode-

se fazer outra escultura totalmente diferente da

primeira. Pode ser tingida com lápis cera colorido ou

purpurina.

Já sei que você gostou tanto quanto eu. Então,

procure saber mais sobre ela. Basta procurar no

google sob o nome Camille Allen. Ela é uma artista

plástica inglesa que vem conquistando o mundo com suas pequenas e sugestivas esculturas.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 116

O material permite que se explore a textura,

trabalhando o baixo relevo e o alto relevo.

Trabalha-se com estilete e goiva ou qualquer

tipo de faquinha. O único problema que o material

apresenta é a sujeira que pode causar grudando no

local onde está sendo trabalhado.

Sabão de coco

Muitas vezes você precisará esculpir pequenas

peças para, em seguida, tirar moldes e confeccionar em

outro material. Uma boa e barata opção para você seria

usar sabão de quadro como matéria-prima. Apesar de

ser usado para lavar roupas, o sabão é excelente para

confeccionar formas simples com adornos, peças

torneadas e até formas mais complexas como figuras

humanas. O sabão permite facilmente ser esculpido e

entalhado. Você pode usar ferramentas como

canivetes, estiletes e umedecer levemente com os

dedos para alisar e obter superfícies planas e lisas. É

agradável de ser manuseado, porém este é um

trabalho muito delicado, e os alunos não devem tentar

cortar o sabão. É importante que eles entendam o

processo de ir tirando aos poucos, raspando o sabão

como as estecas ou utensílios, até que cheguem à

forma que desejam

Escultura de Arame

Uma escultura de arame se assemelha muito a

um desenho de rabiscos tridimensionais.

O arame é um fio de latão, ferro ou cobre. Sua

utilidade é ligada na construção do berimbau,

construção de cercas, para diversos tipos de trabalhos

artesanais; isto sem falar das mil e umas principais

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 117

utilidades do arame, quer seja na indústria ou nas

construções.

É um material maleável, o paciente pode fazer

vários tipos de escultura com o mesmo material. Auxilia

e desenvolve muito a criatividade.

Sugestão de atividade:

Fixar o arame em uma base que poderá ser,

isopor, argila, papel machê ou qualquer outro tipo de

massa, o importante é que ela permita a introdução do

arame e o sustente. Trabalhar o arame, deixando-o na

forma desejada. Após, colocar, sobre ele, cola plástica

em uma quantidade que transborde da sua superfície

caindo sobre toda a escultura. Pode, ainda, deixar cair

sobre ela uma chuva de purpurina colorida, dourada ou

prateada, o que dará um belo efeito.

ÓPERA DE ARAME

É um dos principais cartões postais de Curitiba.

Inaugurado em 1992, no Parque das Pedreiras, próximo

ao Espaço Cultural Paulo Leminski.

A Ópera de Arame foi construída em estrutura

tubular e teto de policarbonato transparente. O projeto

é do arquiteto Domingos Bongestabs, professor do

Quer saber mais?

É muito importante que você conheça o que anda acontecendo em todos os recantos desse Brasil. Então, leia sobre esse belíssimo trabalho feito em arame. Se quiser saber mais, acesse no Google e pesquise sobre o título abaixo “Ópera de Arame” e após em Casas de ópera

do Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 118

departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, o

mesmo autor do projeto da Unilivre. Tem capacidade

para 2.400 espectadores e um palco de 400m²

destinado a apresentações artísticas e culturais.

O cenário externo da Ópera de Arame é

igualmente belo. Era o local onde funcionava uma

antiga pedreira. Hoje, pode-se apreciar a mata nativa,

um lago com carpas, uma cascata de 10 metros e

várias espécies de aves.

Fica na Rua João Gava, bairro do Pilarzinho.

Visite, também, a página dedicada ao Parque das

Pedreiras.

Gesso

O gesso é uma substância, normalmente,

vendida na forma de um pó branco. Misturado com

água, endurece rapidamente, adquirindo forma

definitiva de oito a doze minutos.

Existem vários tipos de gesso, cada um

preparado para uma determinada função: cerâmica,

decoração, moldes dentários e, também, na

modelagem e fixação de placas para forro e na fundição

de molduras.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 119

Devido à sua facilidade em absorver água,

mantém a umidade do ar em áreas fechadas, além de

apresentar isolamento térmico e acústico.

O gesso é, frequentemente, utilizado no auxílio

do tratamento de fraturas ortopédicas. O gesso é

utilizado em pessoas indecisas devido à rapidez no seu

preparo. Depois de seco, passa a ter grande

durabilidade.

O importante nessa aprendizagem de várias

técnicas, envolvendo vários materiais, não é o produto

final, mas sim o beneficio terapêutico que a técnica e o

material trazem para quem lida com eles, além do

aprendizado que o indivíduo obtém sobre a linguagem

da escultura, durante o processo. A descoberta de tais

e diferentes procedimentos, para se obter uma peça

tridimensional, aproxima aqueles que lidam com eles

no mundo da arte, ao torná-lo um observador mais

atento de obras e trabalhos, refletindo não só sobre a

sua mensagem, mas também sobre as técnicas

utilizadas.

Agora, vejamos resultado de esculturas com

materiais inusitados:

Obras do artista sul-africano Jenifer Maestre

que, trabalhando com lápis de cores, faz esculturas

inacreditáveis. O brilho das cores, junto a materiais

ESCULTURAS EM PAPEL FEITAS PELA ARTISTA PLÁSTICA JEN STARK

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 120

pontiagudos, e a aparente maleabilidade da obra

sugerem estranhas plantas e animais.

Mas, vamos agora saber um pouquinho da sua

história.

A ESCULTURA ATRAVÉS DOS TEMPOS

Na tentativa de expressar seus sentimentos e

desejos, o homem lançou mão de várias modalidades

de arte, o desenho, a pintura , a escultura, sendo que

essa última apresentava uma vantagem, além de poder

ser tocada, manuseada, poderia ser transportada,

dependendo de suas dimensões, acompanhando o

homem pelos lugares por onde passava. São dessa

época as esculturas das “Vênus”, imagens femininas

que se caracterizavam por suas formas volumosas, com

grandes seios, abdômen proeminente e grandes

nádegas. A cabeça era um prolongamento do pescoço

apresentando uma forma arredondada. O rosto não

apresentava feições definidas, não havia braços nem

pernas. O objetivo da obra era a procriação, pois era

crença que a figura esculpida representava um desejo,

e este, pelo fato de se tornar visível, era realizado.

O material utilizado era a pedra e o metal, suas

obras tinham um simbolismo, eram figuras mágicas,

que elevavam aos deuses os seus desejos.

Os homens primitivos trabalhavam de duas

formas:

Na primeira, esculpiam a forma desejada em

barro, deixando um orifício. Quando o barro endurecia,

despejava o metal derretido em fornos e esperavam

que ele se solidificasse e então quebravam o barro

deixando visível a forma em metal.

VÊNUS DE WILLENDORFG

BISÃO – ESCULTURA DA PRÉ-HISTÓRIA

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 121

A outra forma utilizada era parecida com a

anterior, só que, nesta, a escultura era feita em cera e

depois de pronta era revestida de barro deixando um

orifício. Quando o barro se solidificava, era aquecido

deixando a cera escorrer pelo orifício. A forma em barro

era então preenchida com metal derretido que se

solidificava ao esfriar. Só então o barro era quebrado.

Com o crescimento das populações, e a prática

da agricultura, estas passaram a se estabilizar nos

locais propícios ao seu desenvolvimento, onde

houvesse água, e a terra fosse fértil. Aí começaram a

surgir grandes aglomerados com língua e costumes

próprios, aparecendo as primeiras civilizações.

Entre elas, temos os Egípcios que nos deixaram

uma produção cultural riquíssima. Sua cultura data de

3200 a.C. e sua arte tinha uma função religiosa. Entre

suas formas de expressão, a escultura foi sem dúvida a

mais bem-sucedida. Esculpiam deuses e faraós sob a

forma antropomórfica ou zoomórfica (a figura humana

misturada à figura de animal, geralmente a cabeça,

representando um deus). Obedeciam a regras rígidas

das quais não podiam se afastar, fixadas pela religião.

As figuras se apresentavam sentadas com as mãos nos

joelhos ou cruzadas. Os homens eram sempre mais

escuros do que as mulheres. Eram esculturas

majestosas, duras e monótonas. Esculpiam, também,

objetos e estelas (placas ou paredes), sempre com

imagens plásticas, em relevos parciais, tendo como

tema a religião ou feitos heróicos dos seus faraós. Na

época do faraó Akhenaton, as figuras se tornaram mais

descontraídas, apresentando um certo movimento.

Com o tempo, as estátuas passaram a ser de

pessoas da corte, sendo que, mais tarde, aqueles que

pudessem pagar teriam a sua estátua, o que era o

objetivo de todos, uma vez que era crença entre os

CABEÇA DE NEFERTITI

O FARAÓ AKHENATON

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 122

egípcios que todos deveriam possuir a sua estátua, pois

elas projetavam uma sombra, e o homem sem sombra

não teria a vida eterna.

Apesar de todas as regras, os egípcios

conseguiram dar às suas esculturas fisionomias

bastante expressivas.

A Índia foi outro país que deixou belíssimas

esculturas feitas em pedra ou em bronze. Esculpiram

deuses e cenas religiosas nas paredes dos templos

feitas em relevo parcial. Deixaram o Santuário de Ellora

com grandes imagens esculpidas na pedra, além de

belíssimas representações do Buda, influindo ainda na

escultura dos países vizinhos

Há poucos anos, o mundo foi surpreendido com

o maravilhoso exército de terracota de Xi´an da

Dinastia Han (220/ 260 a.C.) descoberto na China. São

8 mil guerreiros com alturas que vão de 1.73m a 1.92m

cópia de cada um dos membros do seu exército,

uniformizados com suas armas e seus cavalos

defendendo o túmulo de seu imperador.

A China por sua política de isolamento nos

mostrou poucos vestígios de sua civilização: alguns

vasos, estatuetas, objetos e armas. Mas deixou

monumentais estátuas do Buda consideradas “Tesouro

da Humanidade”.

Na Mesopotâmia, as primeiras figuras

descobertas datam de 5.000 a.C. e são figuras

femininas que muito se assemelham às europeias. Suas

esculturas são de mármore tendendo a uma cópia do

natural. Deixaram estátuas, objetos e estelas que

ajudam a compreender a vida do povo

ESCULTURA EM BRONZE DE SHIVA

TEMPLO DE ANGKOR NO

CAMBOJA (INFLUÊNCIA

INDIANA)

EXÉRCITO DE TERRACOTA DE

XI’AN

GUERREIRO

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 123

Nas esculturas da Mesopotâmia, destacam-se o

tamanho dos olhos.

A civilização Persa (século III até a sua queda

em 640 a.C.) predominantemente guerreira. Esta sua

característica se reflete nas suas manifestações

artísticas. Esculpiram figuras mitológicas além de

imagens zoomórficas monumentais, representação de

criaturas míticas, fantásticas, com cabeça humana e

corpo de leão, touro ou águia que simbolizavam o seu

grande poder militar. A beleza de sua arte pode, ainda,

ser observada nas ruínas de seus palácios imponentes e

luxuosamente decorados.

Os objetos encontrados nas várias escavações

comprovam a beleza de suas esculturas.

A arte grega é um retrato da sua filosofia. Nela

se encontram as características do pensamento e da

vida grega, harmonia moderação e equilíbrio. Tendo

colocado o homem como centro do universo, a arte

exalta-o como personagem supremo. Os deuses

esculpidos em mármore têm as formas e expressões

humanas refletindo a sua filosofia. A estátua grega não

era só uma perfeição de formas, mas principalmente

um reflexo do interior do homem retratada na sua

expressão. Ao contrário dos outros povos da época, a

arte grega não teve um cunho religioso, e por isso já no

século VII a.C. esculpiam grandes figuras em mármore.

Sua preocupação era atingir a perfeição da figura

humana. No princípio, suas figuras eram rígidas, com o

passar do tempo, procuraram dar mobilidade a estas

figuras como é o caso do Discóbolo de Mirón esculpido

em mármore, medindo 1,55 m, que se encontra no

Museu Nacional Romano.

A falta de compromisso com a religião permitiu

que a arte evoluísse rapidamente. É importante

CABEÇA DE UM BOI

VASO COM QUATRO

DANÇARINOS.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 124

observar a perfeição do corpo humano esculpido no

mármore com seus músculos, movimentos e a beleza

da expressão facial. Mas com o passar do tempo, a

Grécia enfraqueceu política e economicamente, sendo

então conquistada por Felipe II, da Macedônia, um país

vizinho. Pouco depois da conquista, ele foi assassinado,

passando, então, o trono para seu filho Alexandre

Magno que construiu um gigantesco império que ia da

Macedônia ao oceano Índico, do Egito até a Índia,

incluindo a Ásia Menor, a Síria, a Armênia, a

Mesopotâmia, a Pérsia e o Afeganistão, morrendo

porém, repentinamente, na Babilônia aos 33 anos.

Impôs a cultura grega aos povos conquistados,

iniciando uma nova era – o Helenismo.

A escultura desse período reflete essa fusão,

acrescenta características orientais que se refletem,

sobretudo, nas proporções que se tornam

monumentais. Suas imagens expressam sentimentos

como dor, amor, liberdade, intensificando-se até a um

realismo dramático. Passam, também, a esculpir

figuras em grupos.

Exemplo dessa época é a Vitória de Samotrácia,

medindo 2,75m, datada provavelmente de 180 a.C.

Provavelmente, colocada na proa de um barco. A figura

feminina mesmo sem cabeça é de uma beleza

inigualável. A posição das pernas, as asas abertas e

afastadas, e o movimento das vestes agitadas ao

vento, transmitem uma mensagem de decisão, força,

coragem – Vitória.

A escultura romana foi, sem dúvida, muito

ligada à escultura grega da qual copiavam modelos.

Esta, porém, não foi a sua única influência, os etruscos,

povo que se desenvolveu ao norte e oeste do rio Tibre,

também, influenciou a escultura romana.

ESCULTURA EM GRUPO –

LACOONTE VITÓRIA DE

SAMOTRÁCIA

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 125

Pouco se sabe sobre este povo. Deixaram

belíssimas obras em bronze, inclusive a Loba

Capitolina, símbolo da criação de Roma. Suas

esculturas deixam clara a sua predileção pelos rostos,

dotando-os de várias expressões diferentes. É através

de suas obras que se conhece um pouco de sua

história.

Roma voltou-se principalmente para a escultura

de seus governantes e continuando a tradição etrusco-

itálica era voltada para o realismo dos traços

fisionômicos. Os retratos do século I a.C são de um

impressionante realismo. São retratos fiéis, muito

expressivos, quase psicológicos.

Esculpiram, também, inúmeros monumentos

relatando companhas militares sempre exaltando a

figura do Imperador. São obras de grande valor

artístico.

No início da Idade Média, predominou a

escultura românica que não foi muito valorizada.

Entretanto, ela aparece nos túmulos que eram

esculpidos com figuras em relevo e nas portas das

igrejas. Como poucas pessoas sabiam ler, a Igreja

lançava mão das esculturas para narrar os

ensinamentos da Bíblia e transmitir os valores

religiosos, esculpindo nos grandes portais e nos

tímpanos (paredes semicirculares que ficam acima dos

portais e abaixo dos arcos que arrematam o vão

superior da porta).

Antoninus Pius Imperador

romano – 140 d.C.

Coluna de Trajano – 113 d.C.

Para saber mais, faça uma visita virtual aos sites

que falam sobre os temas abordados.

www.louvre.fr – Museu do Louvre, Paris

www.thebritishmuseum.ac.uk – Museu Britânico, Londres

Tímpano da igreja Notre Dame de

Paris

Escultura etrusca. Figura reclinada sobre sarcófago. Loba Capitolina.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 126

O surgimento do gótico, nascido nas cidades,

trouxe uma grande transformação na arte. As

esculturas são, sobretudo, sacras. Tem função de

ilustrar e dignificar o ensino da Igreja. Cristo é

glorificado por sua criação.

A escultura gótica é diferente da românica que a

precedeu. A técnica foi se aperfeiçoando, as figuras

tornam-se mais humanas, as vestes se apresentam

com movimento e o artista se submete às exigências

dos materiais.

Nas igrejas, são esculpidos animais fantásticos.

São as gárgulas, isto é, goteiras e que são ligadas às

superstições populares.

Para saber mais:

Vicent de Beauvais, no seu livro Speculum

Majus, uma verdadeira enciclopédia do século XIII, nos

conta sobre as regras que o escultor tinha que

obedecer ao criar sua obra durante o período da Idade

Média, se estendendo, também, sobre a interpretação

do trabalho depois de pronto. Ele nunca era o que

parecia ser.

É um texto muito interessante e que vai

despertar a sua atenção.

...O escultor pode representar as

plantas e os animais; figuras que

simbolizem a música, a astronomia, a

geometria, a filosofia, ou então as 7

Virtudes Teológicas e os 7 Pecados

Mortais, além é claro da História

Sagrada.

Mas, para compreender a escultura

gótica, é preciso saber que qualquer

objeto ou figura pode ser interpretado

de 3 maneiras diferentes:

A arte é simultaneamente uma

descrição, uma composição, e um

símbolo, e que era nesse tempo muito

rígida, regida por um código também mui

A escultura do Bom Pastor do

Museu de Latrão (séc. III) é uma

das raras esculturas da

época.

Cristo do Millón- Catedral de

Sevilha.

Gárgulas da Igreja de Notre Dame de Paris.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 127

to rígido. A iconografia impunha ao

artista as regras que deviam ser

respeitadas para a representação de

qualquer figura. Assim, Deus, os anjos

e os apóstolos estão sempre

descalços; os outros personagens

estão calçados. Teria sido não só

incorreto, mas também herético

representá-los de outro modo. Uma

haste com folhas representa uma

árvore e significa que a cena se

desenvolve na Terra. Uma torre com

uma porta indica uma cidade; mas se

tem um anjo sobre a torre, trata-se de

Jerusalém Celeste.

Mas o motivo é apenas um elemento

da escultura. O lugar ocupado por

cada personagem, também, tem um

significado. O Cristo encontra-se

geralmente no centro, quanto aos

outros elementos quanto mais elevada

é a sua posição no conjunto, maior a

sua categoria. Estar à direita de Cristo

é uma honra maior do que estar à sua

esquerda.

Nos Juízos Finais, os eleitos estão

sempre à direita de Cristo e os

condenados à esquerda. Alguns vitrais

da claraboia de Chartres mostram os

profetas com os evangelistas aos

ombros. Com efeito, a dogmática da

Idade Média ensina que se os

evangelistas se apoiam sobre os

profetas, é porque têm um

conhecimento mais direto com o

Salvador e são, portanto, mais

esclarecidos que os seus

predecessores.

Certos números têm um significado

simbólico preciso. O três, associado à

Trindade, implica valores espirituais. O

quatro exprime elementos

fundamentais do mundo, tal como era

concebido na Idade Média (inspirado

na Antiguidade), e pertence à Terra. A

soma dos números é sete que

corresponde à humanidade e traduz a

dualidade do homem parcialmente

terrestre e parcialmente espiritual. O

número doze, ou seja, o produto de

três por quatro, explica a escolha dos

doze apóstolos, dos doze profetas

menores e assim por diante...

La Virgen del Patrocínio de

Cardona - Espanha

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 128

Aos poucos, a escultura gótica sofreu

transformações tornado-se mais e mais humana e

repleta de sentimentos.

O Renascimento parece ter surgido

repentinamente, como um movimento revolucionário,

mas, na realidade é a continuação de modificações

iniciadas nos últimos tempos da Idade Média,

especialmente na Itália, ainda no século XIV. Antes,

porém, aparece um crescente interesse pelo estudo dos

escritos da antiguidade clássica, é o chamado

Humanismo, o precursor do Renascimento, uma

consequência dos tempos, das mudanças ainda nos

tempos medievais.

Foi uma mudança extraordinária nos vários

campos da Arte.

Na escultura, não podemos esquecer de

Lorenzo Ghiberti (1378-1455), autor dos baixos relevos

das portas de bronze do Batistério de Florença, onde

cria uma ilusão de perspectiva

Donatello, o primeiro a esculpir nus perfeitos,

Sandro Botticelli e Andréa del Verrochio e Miguel

Ângelo, que nos deixaram um número incontável de

obras-primas.

O século XVII foi um período de grandes

mudanças na Europa, e com isso a arte também

mudou, surge o barroco. A escultura barroca

exprime emoções: alegria, dor, sofrimento. Por vezes,

um grupo de esculturas representa uma cena

dramática. As linhas aparecem curvas, as vestes

aparecem com movimento e as expressões são muito A Pietá

Moisés

Pesquise no site do Vaticano www.christusrex.org

navegando em: Capela Sistina/cidade do Vaticano (Basílica de São Pedro).

Para navegar

www.diocesechartres.com que contém informações e imagens da catedral

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 129

expressivas. Grande figura representativa do período:

Gian Lorenzo Bernini.

Enquanto a Europa vivia o Renascimento,

portugueses e espanhóis lançavam-se aos

descobrimentos. Aqui encontraram povos com culturas

muito diferentes da europeia, e por não serem

valorizadas, uma grande parte dela foi destruída ou

perdida.

Sugestão de atividade:

No Brasil, o nosso grande representante do

Barroco foi Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho.

Deixou inúmeras obras de arte espalhadas por vários

museus do Brasil, mas é a cidade de Congonhas do

Campo o seu museu principal com um enorme acervos

em pequenas capelas correspondendo aos passos da

Paixão de Cristo, e numerosas estátuas dos profetas ao

ar livre. São figuras com traços característicos,

encontrados apenas nas sua esculturas.

Baseado no artesanato indígena, crie a sua peça

explicando como foi confeccionada. O material que

utilizou, os desenhos que criou, e as tintas utilizadas

na pintura.

Adquira algumas informações no site:

www.funai.gov.br

Apolo e Daphene

N. Senhora das Dores

Jesus Cristo carregando a cruz

Calendário asteca - México

Faca cerimonial inca feita em ouro

e turquesa

Cultura marajoara – Brasil

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 130

Alguns profetas (por/ volta de 1800)

Com o passar do tempo, as modificações na arte

seguiram o seu caminho natural seguindo os passos

das mudanças ocorridas no mundo. Na primeira metade

do século XX, desenvolveram-se tendências artísticas

como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o

Abstracionismo, o Surrealismo e o Futurismo, cada uma

expressando a seu modo sua visão do mundo, seus

sentimentos suas aflições e esperanças da época.

Um Cristo em pedra-sabão.

O ano era 1921 e a campanha "Semana do

Monumento" pedia a contribuição dos católicos para a

construção da estátua do Cristo Redentor. O projeto,

que começou a ser planejado naquele mesmo ano, só

recebeu fundos uma década depois, quando o arcebispo

Dom Sebastião Leme passou a coordenar o projeto.

Os primeiros esboços deste cartão postal foram feitos

pelo pintor Carlos Oswaldo, que imaginou a estátua

carregando uma cruz, com um globo terrestre nas

mãos e sobre um pedestal que simbolizaria o mundo.

No entanto, foram os católicos e a população do Rio de

Janeiro que escolheram o formato do monumento hoje

visto no alto do Corcovado. O projeto foi desenvolvido

pelo engenheiro Heitor da Silva Costa e levou cinco

anos para ficar pronto.

A escolha do material usado para construir a

obra, também, demandou estudos. Costa e sua equipe

concluíram que o melhor seria usar pedra-sabão,

mesmo material utilizado por Aleijadinho para esculpir

Os Profetas em Congonhas do Campo, em Minas Gerais.

Jonas Oséas Daniel

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 131

A pedra-sabão resiste ao tempo e às altas

temperaturas da capital fluminense. Porém, um simples

arranhão pode danificar o material. Como a construção

do monumento seria impossível no Brasil, os desenhos

foram levados à França, aos cuidados do escultor

polonês Paul Landowski. De volta ao país, as peças

foram transportados nos trens da Estrada de Ferro do

Corcovado e montadas no alto do morro.

Medidas do Cristo

Altura total do monumento: 38m

Altura da estátua: 30m

Altura do pedestal: 8m

Altura da cabeça: 3,75m

Comprimento de cada mão: 3,20m

Distância entre os dedos: 28cm

Localização: Cume do Morro do Corcovado, 710m

acima do nível do mar

Peso da estátua: 1.145 toneladas

Peso da cabeça: 30 toneladas

Peso de cada mão: 8 toneladas

Peso de cada braço: 51 toneladas.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 132

EXERCÍCIO 1

Assinale a afirmativa incorreta:

( A ) A escultura se utiliza de materiais resistentes que

necessitam de materiais adequados;

( B ) Terapeuticamente, a escultura desperta a energia

contida, propiciando o aparecimento de fortes

emoções;

( C ) Os materiais utilizados na escultura são nobres e

caros;

( D ) A escultura é um processo de forte impacto, não

só sobre o material, como também sobre si

próprio;

( E ) TRA.

EXERCÍCIO 2

Sobre a história da escultura, assinale a afirmativa

incorreta:

( A ) As imagens femininas volumosas encontradas na

pré-história representavam a personificação do

desejo de procriação;

( B ) O Egito não desenvolveu a escultura;

( C ) Recentemente foi descoberto na China um

exército de terracota com figuras em tamanho

normal do imperador Xi’na;

( D ) Os gregos buscaram através da escultura alcançar

a perfeição da figura humana;

( E ) Um dos maiores escultores da humanidade foi

sem dúvida Miguel Ângelo.

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 133

EXERCÍCIO 3

Crie uma sugestão de atividade, utilizando a escultura.

Dê os objetivos que pretende alcançar através desta

técnica.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

EXERCÍCIO 4

Vá à internet e procure a escultura Pietá de Miguel

Ângelo. A seguir, amplie suas dimensões para poder

visualizá-la bem. Depois, faça a sua leitura da obra.

Descreva a escultura, os sentimentos que ela expressa,

e os sentimentos que ela desperta em você.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

Pietá – Miguel Ângelo

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Aula 4 | Os materiais duros para escultura 134

RESUMO

Vimos até agora:

A finalidade terapêutica do trabalho com

materiais resistentes;

Os materiais usados na escultura ontem e

hoje;

Trabalhando e conhecendo os diferentes

materiais;

A possibilidade de oficinas de escultura tanto

em ateliê como em sala de aula;

Sugestões de atividades para desenvolver a

criatividade;

Inovações na utilização de materiais;

A escultura escrevendo a história-

modificações pelas quais passou a escultura

de acordo com a época em que

aconteceram;

Escultura – “tocando, vendo, sentindo o

passar do tempo”.

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As Colas e a Colagem

Eveline Carrano Henriques Porto Maria Helena Pinheiro Requião

AU

LA

5

Ap

res

en

taç

ão

Começamos agora a falar sobre a colagem.

Nesta aula, você entrará em contato como os materiais utilizados

na técnica de colagem.

Encontrará sugestões para a sua experimentação e uso de

diferentes tipos de cola.

Você conhecerá a linguagem e as propriedades dos materiais

especiais para a colagem, que são as colas.

Conhecerá um pouco sobre o uso da colagem ao longo da história

da arte.

Ob

jeti

vo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja

capaz de:

Perceber a diferença entre as colas e sua aplicação na técnica

da colagem;

Conhecer mais sobre a linguagem específica de cada material

para a colagem e sua aplicação na educação e na saúde;

Aprender a manipular os diferentes materiais explorando suas

qualidades expressivas;

Aprender algumas técnicas e criar outras que serão muito

importantes para o seu trabalho;

Reconhecer no trabalho dos grandes mestres da história da

arte o emprego da colagem e sua associação com diferentes

técnicas artísticas.

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Aula 5 | As colas e a colagem 136

As Colas

Começaremos agora a falar sobre as colas e seu

uso na técnica de colagem, uma atividade estruturante

que ajuda o desenvolvimento da coordenação motora

fina e da organização espacial, que pode ser realizada

com os mais diversos materiais como recortes de

revistas, jornais, pedaços de papéis coloridos (papel

lustroso, de seda, crepom, celofane, entre outros

tantos), diversos grãos, flores, folhas, baralhos velhos,

serragem, cortiça, rendas, botões, miçangas,

barbantes, tecidos, madeira, areia, pregos, arame... é

uma lista enorme, não? Pois saiba que está muito

aquém da realidade, uma vez que vai depender da

criatividade de cada um.

A Colagem é uma técnica muito antiga, criativa

e rica de possibilidades tanto terapêuticas como

pedagógicas; dependendo do objetivo a ser alcançado,

ela pode ser feita com o uso de tesoura, estilete ou

apenas com as pontas dos dedos.

Chegando a ser divertida para crianças, e

desafiadora para jovens e adultos, facilitadora para

qualquer idade. O uso da cola em atividade de artes

tem por procedimento juntar na mesma superfície

diferentes materiais, podendo ser cada um de origem

diferente ou da mesma origem. Pode ser explorada de

uma forma mais livre e espontânea como relacionada a

algum tema ou proposta específica.

É um ato de apropriação e agregamento de

elementos que já existem na natureza ou na indústria e

passar a utilizá-lo para atividade de artes com um fim

específico, que pode ser auxiliar na compreensão e na

fixação de um conteúdo pedagógico como na expressão

de emoções nas mais diferentes propostas de colagem

terapêutica, tão usadas na área da saúde. Esses

Femmes a leur Toilette – Picasso-

1938

As colas 136 Relembrando a história da colagem 137 As colas e a colagem na saúde e na educação 142

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Aula 5 | As colas e a colagem 137

materiais, que isoladamente não transmitem outro

sentido que não seja o seu original, passam a fazer

parte de um mundo de expressão criativa.

Para que possamos avaliar a sua importância,

falaremos um pouco de sua história, que é também um

pouco da história da evolução da humanidade, falando

através dela, se rebelando contra os padrões da época.

Relembrando a história da colagem

O uso de atividade com a técnica da colagem

surgiu há muitos anos, acompanhando a história do

homem, desde as civilizações egípcias e assírias às

orientais e gregas, percorrendo pela Idade Média, pelos

romanos e ganhando maior expressão, durante o

bizantino, sendo muito usada na técnica do mosaico.

Porém, foi no século XX, juntamente com o

movimento da arte moderna, no Cubismo, sendo muito

explorada por ele, e a seguir pelo Dadaísmo, pois

libertava o artista da superfície, uma vez que podiam

ultrapassá-la.

O Cubismo trabalhava as formas da natureza

por meio de figuras geométricas, e representava todas

as partes de um objeto no mesmo plano. A

representação do mundo passava a não ter nenhum

compromisso com a aparência real das coisas

Os primeiros artistas a utilizarem essa técnica

foram os cubistas Pablo Picasso e Georges Braque, em

1912. Eles colavam diversos materiais em suas pinturas

a óleo. Na obra Natureza Morta com Cadeira de Palha,

Picasso inicia uma nova forma de criação artística.

Ao observarmos a obra, vemos o fundo de

palhinha, contornado por uma corda. Esses elementos

Quer saber mais?

Para saber mais: Sempre que formos executar um trabalho, devemos ter em mente que o mosaico é um tipo de colagem feito para ser durável. Portanto, o tipo de cola a ser usada no mosaico é associada com cimento e argamassa, pois vasos, pisos, muros, mesas de jardins, fontes, bancos externos, enfim, tudo que fica exposto à umidade e ao tempo, deve ser bem cimentado. Existem muitos tipos de argamassa especiais no mercado.

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Aula 5 | As colas e a colagem 138

assim colocados acentuam a força de suas diferenças;

enquanto a corda é uma trança, um entrelaçamento, a

palha em seu trançado é um jogo do aberto e do

fechado. A forma oval da cadeira traz fragmentos de

jornal ligando a obra ao cotidiano. Suas partes são

signos que se juntam sem que tenham uma referência

específica, estimulando dessa forma a participação do

espectador.

Esse trabalho, ao contrário do que possa

parecer, foi fruto de um profundo estudo de pesquisa,

de observação e de criação, buscando uma nova forma

de expressão que juntasse o observador ao trabalho do

artista.

O Cubismo, no seu percurso, passou por

transformações; a princípio, se caracterizava pela

desestruturação da obra, pela decomposição de suas

partes constitutivas; foi o chamado Cubismo

Analítico. Ele trabalhava a desintegração da figura

mantendo essa referência como característica do

movimento. Após, houve uma reação a esta forma de

expressão, que tentava tornar as figuras novamente

reconhecíveis, colando pequenos pedaços de jornal e

letras como uma ligação com a realidade; foi o

chamado Cubismo Sintético.

Mas antes de prosseguirmos, voltemos a George

Braque, o iniciador do Cubismo junto com Picasso. Ele

iniciou sua carreira como artista impressionista, mas

conhecendo Picasso juntou-se a ele no

desenvolvimento do Cubismo. Em 1912, os dois artistas

começaram a incorporar em suas pinturas a técnica da

colagem. Essa parceria permaneceu até 1914 por causa

da 1ª Guerra Mundial. Ele criou a técnica Papiers

Collés, utilizando-se de diferentes tipos de papéis, onde

alguns textos eram claramente legíveis. É dessa época

o quadro abaixo.

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Aula 5 | As colas e a colagem 139

Foi também um notável escultor, deixando obras

belíssimas.

Com a guerra na Europa, surge um novo

movimento o Dadaísmo, um grito de protesto contra a

insanidade da humanidade. Foi um movimento que

agregou escritores e artistas plásticos para expressar

suas decepções em relação à incapacidade das ciências,

da religião e da filosofia que se revelaram pouco

eficazes em evitar a destruição da Europa. Sua

proposta é que a arte ficasse solta das amarras

racionalistas e fosse apenas o resultado do

automatismo psíquico, selecionando e combinando

elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura,

o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a

desordem e o caos. Foi um protesto contra uma

civilização que não conseguira evitar a guerra.

Os artistas dos dois movimentos, cubismo e

dadaísmo, criaram vários tipos de colagem de acordo

com o material que usavam. A diferença entre as

colagens cubistas e dadaístas foi na experimentação

como manifestação do acaso, que era reconhecida

pelos últimos como um elemento de inspiração, um

grito de liberdade contra as regras instituídas.

Vários artistas começaram a misturar imagens

impressas de todo o tipo, desde rótulos até gravuras e

a criar várias formas de fazer arte como, por exemplo,

Statue d Epouvante (1913)

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Aula 5 | As colas e a colagem 140

rasgar ou cortar partes da imagem original para formar

uma nova imagem bem diferente da primeira. Outros,

por sua vez, usavam na colagem materiais descartáveis

como bilhetes de bondes, papéis de embrulhar queijo e

anéis de charuto, que eram arrumados de forma tal,

que ganhavam um novo significado. Era o protesto nas

formas e nas ideias. Eram as transformações na

sociedade, tão bem registradas na arte e pela arte.

Você esta conseguindo perceber como tudo é

uma coisa só? Como a história e a arte contam os

acontecimentos do mundo. A arte como você pode ver

é uma história ilustrada, e rica que nos deixa perceber

através de suas cores e formas o que se passava na

alma do homem. Ela mexe com a nossa sensibilidade,

nos dando maior grau de compreensão.

Mas, passemos a outras grandes contribuições.

Max Ernst fazia colagens criativas a partir de

ilustrações de jornais e revistas ou juntando coisas,

inventando criaturas e ambientes estranhos. Ele

inventou técnicas como a decalcomania e o frottage,

que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma

superfície rugosa, como a madeira de veios salientes, e

esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o

papel adquira o aspecto da superfície posta debaixo

dele. Como o artista não tinha controle sobre o quadro

que estava criando, o frottage também era considerado

um método que dava acesso à expressão abstrata,

provocando a imaginação do espectador e acesso ao

inconsciente.

Outro artista não menos importante, que

desenvolveu a técnica da colagem como arte, foi Henri

Matisse. Ele chamava essa técnica de "desenhando com

tesouras". Ele a usou para criar as suas obras mais

alegres livres e originais. A técnica consiste em cortar

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Aula 5 | As colas e a colagem 141

figuras em papéis coloridos. O resultado são

composições simples, mas muito bonitas que acabaram

influenciando muitos outros artistas depois dele.

Matisse realizou uma obra de grande

maturidade, fazendo uma pesquisa da forma e da cor

através da colagem dos papéis.

O artista, ao retirar parte de uma imagem do

papel, se apropriava dela, acrescentando novos

elementos para dar-lhe outro sentido que expresse um

pensamento, ou um sentimento ou mesmo uma

mensagem. Alguns artistas, no entanto cortavam suas

telas pintadas, para rearrumá-las em novas

composições É a arte da construção sobre a

desconstrução.

O alemão Kurt Schiwitters criava suas colagens

se utilizando do material encontrado nas ruas, como

restos de papel, grampos, rolhas, bilhetes de teatro, de

ônibus aos quais juntava desenhos, pinturas, tornando-

os dessa forma obras onde o equilíbrio e a beleza

existiam apesar do inusitado do material, como

podemos constatar na obra abaixo.

Enfim, os elementos da colagem podem ser

analisados com um sistema de signos que formam um

jogo de diferenças de imagens sem qualquer referência

entre si.

Outro foi o caminho seguido pelos artistas

ligados a Bauhaus, quando usaram a colagem como um

sistema pedagógico. A Bauhaus foi a primeira escola de

design no mundo. Funcionou na Alemanha de 1919 a

1933, ensinando design, artes plásticas, e arquitetura

de vanguarda. O método da escola consistia

basicamente em introduzir os estudantes aos princípios

da forma, instruí-los no trabalho com materiais, cores e

Nu Bleu II

Konstruktion fur edle Frauen

(1919)

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Aula 5 | As colas e a colagem 142

texturas, orientá-los no estudo de obras pictóricas e,

sobretudo, procurava estimular a livre criatividade.

Sobre o método de ensino da escola, Henri

Matisse fez um depoimento em “Escritos em

pensamentos sobre a Arte”:

Desenhar com a tesoura, recortar as

cores vivas, lembra-me o trabalho

direto dos escultores… uma tesoura é

um instrumento maravilhoso e o papel

que uso para os meus recortes é

magnífico… trabalhar com a tesoura

neste papel é uma ocupação na qual

me posso perder… o meu prazer pelo

recorte aumenta a cada dia que passa!

Por que é que não pensei nisto antes?

Cada vez me convenço mais de que

com um simples recorte se pode

expressar as mesmas coisas do que

com o desenho e a pintura.

Bem, acredito que sobre a história da colagem já

falamos bastante. Foi importante o seu conhecimento

para terem uma visão mais ampla não só sobre a

técnica como também para relembrarem a importância

da arte como veículo de divulgação da cultura abrindo

portas da nossa percepção e sensibilidade para o

mundo em que vivemos.

As colas e a colagem na saúde e na

educação

Atividades de arte que se utilizam da cola e de

técnicas de colagem são muito utilizadas tanto na

saúde quanto na educação. É uma atividade facilitadora

da expressão artística e criativa, o seu uso pelo

professor ou pelo profissional de saúde requer

conhecimento sobre a técnica e sobre os diferentes

tipos de cola existentes no mercado, exige um

planejamento e uma organização prévia das propostas

e do espaço.

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Aula 5 | As colas e a colagem 143

Durante o exercício da colagem, o potencial

criativo é estimulado, o que leva à busca de soluções e

recursos ao mesmo tempo interiores e exteriores,

desenvolvendo princípios ordenadores tanto do fazer

como do pensar que possibilitam uma avaliação não só

do trabalho como de si mesmo que acabam gerando

um equilíbrio não só interno como também externo.

Por ser uma atividade organizadora e

estruturante, onde através da busca de materiais mais

adequados e expressivos, os indivíduos, os alunos ou

os pacientes buscam comunicar suas ideias, emoções e

sentimentos sobre um tema proposto. Nesta atividade,

o aluno procura no material ideias para que possam

expressar seus sentimentos e emoções em relação a

um tema. Durante a realização do trabalho, o indivíduo

vai aos poucos juntando imagens que se transformam

em signos que sinalizam para uma nova forma de ver

as dificuldades pelas quais estão passando.

Por outro lado, ela também permite formas de

criação extremamente ágeis e variadas, a manipulação

de imagens diferentes, sem a mínima conexão entre si,

dá margem à criação de novos motivos ou imagens

cujo significado muitas vezes transcende o objetivo,

surpreendendo aquele que a executa e desenvolvendo

a imaginação e a criatividade.

A experiência com a colagem é, na maioria das

vezes um momento de tranquilidade, pois foi

antecedido por um período de escolha das imagens e

por vezes de objetos que irão compor o tema proposto.

Essas imagens poderão ser escolhidas a partir de

revistas, jornais ou similares, como também poderão já

receber as imagens separadas das publicações, o que

evita uma grande perda de tempo na manipulação de

revistas, que geralmente ocasiona uma digressão do

tema, pela leitura de notícias ou reportagens ficando

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Aula 5 | As colas e a colagem 144

dessa forma o trabalho prejudicado pela falta de

concentração.

A colagem não é feita só de imagens, como

vimos anteriormente, podemos utilizar um cem número

de elementos, panos, rendas, metais, papéis das

variadas procedências, madeiras, objetos da natureza e

até mesmo ponta de lápis, o que dá um efeito bastante

interessante.

É uma atividade de grande efeito terapêutico,

uma vez que as imagens escolhidas se remetem a

outras acontecidas dando-lhe uma nova significação. É

utilizado como veículo de comunicação não verbal,

fazendo uso da sensação e da intuição. As imagens

surgidas se expressam de modo extremamente

interessante em relação aos motivos, texturas, formas,

cores e composição. Também não podemos deixar de

notar os poucos elementos utilizados além das mãos na

elaboração da obra.

Para que isso aconteça, nunca é demais repetir:

_ “É importante a organização do espaço onde a

atividade se realiza.”

Manter o espaço limpo, silencioso, acolhedor,

livre de materiais desnecessários, tendo sido feito um

exercício de relaxamento trazendo o aluno tanto o

corpo quanto a mente para a sala de aula, é um passo

quase tão importante quanto a atividade em si. Na obra

pronta, é importante observar a disposição das

imagens e objetos entre si, como também a postura do

aluno durante a sua realização. Houve dificuldade na

escolha das imagens?

Como ele lidou com a variedade de figuras?

Mostrou impaciência? Dúvidas?

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Aula 5 | As colas e a colagem 145

Foi um trabalho prazeroso? Causou emoção?

Mostrou vontade de se colocar frente à obra ou

preferiu se calar?

É importante também levar o aluno à

observação da sua obra.

Mas não esqueçam que não basta fazer a obra, é

preciso refletir sobre ela, pois a arte sem a reflexão

perde muito de seu efeito terapêutico.

Sobre a leitura da obra:

Ler é dar significado ao que vê ou faz.

Embora não perceba, você lê o mundo; as cores,

o tempo, o que acontece ao redor dão uma

interpretação aos filmes, às músicas, às notícias dos

jornais, lendo no que não foi dito, interpretando o que

não foi falado de acordo com a sua sensibilidade, com a

sua compreensão da vida. O mesmo acontece com as

obras de arte, pois elas fazem parte do seu mundo e

sem a sua leitura elas não terão sentido. É verdade que

o nosso relacionamento com elas tem um cunho

diferente ao que damos aos objetos que nos cercam,

pois é uma resposta ao que elas despertam em nós.

É preciso, então, se preparar para saber ler. De

que maneira?

Estando aberto a elas, acolhendo-as, pensando,

sentindo, observando, procurando informações sobre

elas, sobre seu autor, comparando-as com outras do

mesmo autor ou autores do mesmo tempo, enfim,

trazendo-a para dentro de si e devolvendo o seu

sentimento e a sua reflexão sobre ela. Tornando-se

assim seu coautor, pois esta é a finalidade da obra de

arte. Sem a sua participação reflexiva, ela não existe.

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Aula 5 | As colas e a colagem 146

O que você faz com a obra do artista repete na

sua própria obra, pois é preciso que amplie a sua noção

sobre arte; as duas obras, embora com as naturais

diferenças, têm um ponto em comum são “Atos de

Criação”, e como tal têm que ser respeitadas.

Sugestões de atividades:

A colagem, por ser muito criativa, permite uns

cem números de sugestões, mesmo sabendo que estas

servem somente como ponto de referência, pois as

obras prontas ultrapassarão as ideias. Então, vamos a

elas:

COLAGEM COM FIGURAS GEOMÉTRICAS

Material: papel cartão branco, papel lustroso de

várias cores, tesoura, régua, cola.

Recortar e colar figuras geométricas fazendo

uma composição.

Os resultados são os mais criativos. Vão desde

composições abstratas até figuras de bonecos e

animais.

Existem várias propostas para a leitura de uma obra

de arte. Todas interessantes, mas aqui deixo uma

delas de Robert William Ott que muito em comum

com o que deixei acima, é usada em alguns museus.

Ele afirma que para se ler uma obra é necessário:

1- descrevê-la

2- analisá-la

3- interpretá-la segundo a sua visão;

4- estar fundamentado com informações sobre ela;

5- falar sobre ela que ando solicitado.

Esta mesma regra serve para a leitura da sua obra.

Agora experimente, faça a leitura da colagem de

Henri Matisse.

Tristeza do Rei -1952

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Aula 5 | As colas e a colagem 147

COLAGEM COM FLORES

(inspirada na obra de Geórgia O Keeffe, pintora

americana)

Trabalhar com pétalas de rosas sobre papel

cartão branco ou cartolina, cortando o papel em forma

de uma mandala. Colar as pétalas sobre a cartolina ou

papel cartão e no mesmo dia tirar xérox, pois as

pétalas murcham. Após trabalhar sobre a xérox com o

material escolhido (tinta guache, aquarela, pastel seco,

a óleo, lápis de cor, o que melhor represente o

modelo).

Outra sugestão interessante sobre flores é cortar

pétalas de flores em papel lustroso de várias cores,

permitindo inclusive fazer nuances. Após colar as

pétalas formando flores em uma cartolina, fazendo o

arranjo como lhe aprouver.

Fica bastante interessante sendo os resultados

os mais diferentes possíveis. Um jeito muito simpático

de colocar as flores é sob o formato de uma mandala.

É interessante oferecer, também, outros

materiais como contas, botões, papéis picados para

fazer os miolinhos das flores.

É uma atividade criativa que atinge a auto-

estima, a destreza e a habilidade manual, a

organização das flores no arranjo exige concentração,

paciência, desenvolvendo a percepção espacial.

COLAGEM EM GRUPO

Se você é professor ou se trabalha com um

grupo terapêutico, pode abordar um tema atual como,

por exemplo “a violência” fazendo um mural tendo

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Aula 5 | As colas e a colagem 148

como símbolo a pomba a qual se juntarão muitas

outras além de outras colagens, desenhos, pinturas,

dependendo do momento dos componentes do grupo.

É um trabalho em grupo, mas com colaboração

individual. Rico para a reflexão do momento em que a

sociedade atravessa.

COLAGEM COM PAPEL CREPOM

Essa é uma colagem diferente e que exige um

certo planejamento.

Em uma folha de papel ofício 40 kg, fazer um

desenho com lápis preto. À parte, cortar papel crepom

de várias cores em pequenas tiras que, por sua vez,

ainda, serão cortadas em pequenos pedaços, fazendo-

se muitas bolinhas coloridas e bem apertadas.

Passar cola sobre o desenho, e a seguir colar bolinhas

de papel crepom. É bom além do papel oferecer outro

tipo de material como sementes, grãos, contas

barbantes, lãs, ao aluno para que ele possa soltar a

imaginação e completar a colagem, dando destaque a

alguns pontos que ele escolher. Fica um trabalho muito

interessante e de grande efeito. Terapeuticamente,

requer muita atenção e concentração no planejamento.

Com crianças pequenas, as bolinhas não ficarão muito

firmes, mas servirão de exercício para a coordenação

motora, além de ser um momento de descontração. No

trabalho com idosos, é um desafio à paciência e, por

vezes, à coordenação motora, sendo por isso nos dois

casos um exercício muito eficiente. Quanto à colagem,

vai depender do jeito de cada um, pode ser feita

passando a cola diretamente no desenho, ou se preferir

diretamente em cada bolinha se utilizando de um

pincel. O efeito causado é o de um mosaico.

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Aula 5 | As colas e a colagem 149

COLAGEM COM PALAVRAS

Agora, faremos uma colagem diferente, só

utilizando palavras.

Distribua as participantes da colagem folhas de

revista ou jornal de onde eles irão retirar algumas

palavras. Alguns professores ou terapeutas, porém,

preferem dar as palavras já recortadas, sem que haja

escolha, o que torna o trabalho mais organizado.

Essas palavras sem nenhuma conexão entre si

servirão para o aluno se organizar e escrever uma

mensagem, que poderá ser um verso, texto ou mesmo

uma simples frase, mas que servirá de veículo de

expressão de um pensamento, ideia ou sentimento.

COLAGEM REPRESENTATIVA

Muito interessante para ser feita com grupos de

adolescentes.

Escolha uma figura que represente você, pode

ser uma figura humana ou outra a sua escolha, existe

liberdade para que se represente da forma que

imagina. Cole essa imagem no centro de uma folha de

papel canson A2. Depois, escolha entre as demais

imagens que encontrar aquelas que representem as

conquistas que deseja realizar na vida. Se não

encontrar imagens que deseja, crie outras através de

recortes de várias figuras, formando objetos ou

situações, lugares onde deseja chegar, e deixe que

essas imagens falem por você.

braços / vamos/ planeta /ou / salvar/ continuar/ o

/cruzados/ de/ ?

Vamos salvar o planeta ou continuar de braços

cruzados ?

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Aula 5 | As colas e a colagem 150

Cola de contato para E.V.A. Cola colorida com gliter

Cola goma arábica Colas para tecidos

Algumas

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Aula 5 | As colas e a colagem 151

As colas e sua função na colagem de

diferentes materiais.

Conforme mencionamos anteriormente, as colas

têm uma função super importante na técnica da

colagem; dependendo de sua qualidade, composição,

textura e acondicionamento, o seu poder de adesão

será em muito ampliado e o resultado valorizado.

Passamos, então, a falar de alguns tipos de cola, alguns

conhecidos e outros nem tanto, procurando

correlacioná-los com outros materiais.

COLA PERMANENTE

A cola permanente tem uma propriedade muito

interessante e importante para atividades de arte tanto

na área da educação como na da saúde, pois ela tem

um poder de aderência permanente, permitindo que os

objetos colados sejam trocados de posição durante

todo o tempo da atividade e após a mesma, a qualquer

tempo.

Ela conta com o fator surpresa, pois ela ainda

permanece desconhecida para muitas pessoas. Tem um

efeito semelhante ao de um adesivo de enfeite ou de

figurinhas para álbum de figurinhas, é possível ser

retirada de um lugar e colada em outro, todo o tempo.

Tanto pode ser usado através de um pincel

como com os dedos.

Pode ser trabalhada em atividades individuais

como em grupo. Para atividade de grupo, pode ser

preparado um grande painel de papel 40kg ou de

tecido, cada participante recebe um pedaço de papel

colorido, de acordo com a proposta é sugerido que ele

recorte com as pontas dos dedos um símbolo ou uma

imagem representando a proposta. Cada um escolhe

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Aula 5 | As colas e a colagem 152

um lugar no painel para afixar a sua colagem no papel

que deverá estar preso à parede. Pede-se à pessoa

para se afastar e olhar o painel e se perceber nele,

olhando para a sua colagem, vendo em que lugar ela se

encontra. As pessoas podem e devem ser incentivadas

a mudar a sua colagem de lugar, o que deve ser

negociado com o grupo. Graças ao poder da cola

permanente, esta atividade de colagem se torna

possível.

Um bom artista para ser trabalhado neste

momento é o Matisse, pois ele terminou seus dias de

artista recortando e colando figuras em suas paredes e

disse que não tinha a menor ideia do quanto

gratificante seria esta atividade.

Falar um pouco sobre o artista Matisse

COLA SPRAY OU VERNIZ

A cola spray funciona como uma camada

protetora da colagem. Ela é muito boa para proteger as

colagens da ação do tempo e fixar materiais que

contenham mais pó em sua estrutura (as purpurinas e

os pastéis secos).

Após uma atividade de colagem, com o uso da

técnica mista, onde diferentes materiais podem ser

usados, tais como purpurina, botões, miçangas,

lantejoulas, para melhor afixar todos esses materiais no

trabalho, é sugerido vaporizar o verniz/cola sobre toda

a superfície trabalhada.

COLA PARA MADEIRA

A madeira é um excelente material para ser

trabalhado em atividades de artes, portanto nada

melhor do que se usar uma cola especialmente

fabricada para madeira.

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Aula 5 | As colas e a colagem 153

Uma boa proposta é pegar uma tela e com

sobras de madeira construir uma paisagem. Depois é

só pintar, formando uma cena completa.

Sobras de madeira podem ser adquiridas em

qualquer loja que se trabalhe com madeira, muitas

vezes de graça

COLA ESPECIAL PARA PAPÉIS

As colas para papéis são facilmente encontradas

em papelaria, elas têm uma aparência semelhante às

colas de isopor, porém têm uma função específica para

não enrugar os papéis. As colagens de papéis ganham,

então, um novo visual: bem mais reto, sem ondulações

e constrangimentos.

COLA BRANCA COMUM

A cola mais usada nas atividades de colagem é a

cola branca (PVA), cuja consistência vai variar de

acordo com a qualidade do material, o que está

diretamente atrelado à marca da cola. Existem colas de

uso escolar e profissional, com maior poder de

aderência e maior consistência. É usada em diferentes

superfícies e é diluída em água.

Para um melhor resultado na hora de afixar os

materiais na superfície escolhida, a consistência da cola

é fundamental. Uma cola muito aguada não tem quase

aderência, portanto, não tem grande poder de fixação.

Devido à grande quantidade de água contida na cola,

os objetos colados ficam “dançando” no papel,

grudando uns nos outros, nas mãos, enfim causando

muita frustração. Principalmente em atividade em pé,

onde o suporte vai ser colocado na parede. O que faz

com que as colagens escorram e mudem de lugar.

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Aula 5 | As colas e a colagem 154

COLA EM BASTÃO

A cola em bastão se apresenta acondicionada

em tubos de rosca de fácil acesso. Sua consistência é

bem firme, seu poder de adesão é grande e bem mais

“seco”. Esta cola oferece uma série de vantagens:

como ela não precisa de contato direto com os dedos,

não causa incômodo para pessoas que não gostam de

se “sujar”, não escorre, não suja o entorno e nem os

outros materiais ou colagens.

Preste bastante atenção na hora da compra, pois

a qualidade do material é sempre fundamental.

COLA DE ISOPOR

A cola de isopor tem uma grande qualidade:

ela é transparente, ao ser usada forma uma espécie de

fio, muito útil para trabalhos em esculturas de arame.

Sua secagem é mais lenta, por isto tem que se ter

certo cuidado no seu manuseio.

As atividades propostas podem ser das mais

variadas. Para crianças não tão pequenas, é bem

interessante se colocar um tubo de cola num pote de

vidro, pingar algumas gotas coloridas de anilina

dissolvidas em álcool, misturar tudo e deixar secar.

Após algumas horas, ela vai se transformando numa

espécie de geleca, bem parecida com a que já vem

pronta e que encanta as crianças (bom, pelo menos, às

minhas encantavam) tanto as pequenas quanto as

maiores. Elas se sentem como mágicos.

Uma boa ideia para se trabalhar com

adolescentes é, após se construir uma escultura com

arame em três D, fazer desenhos em seu entorno com

a cola de isopor. Gotas vão escorrendo e uma linda

trama brilhosa e transparente se forma.

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Aula 5 | As colas e a colagem 155

Esta atividade pode ser de grande ajuda no

trabalho com adolescentes se “puxar” temas sobre

sexualidade e comportamento sexual, pois eles

relacionam as gotas com espermas. O profissional deve

ter isto em mente e preparar sua atividade tendo esta

proposta como tema.

COLA COLORIDA

A cola colorida é um material que encanta por

si mesma. Ela não é muito usada em atividades de

colagem. Seu maior aproveitamento é como uma

espécie de tinta em relevo. Porém os brilhos de suas

cores podem e devem ser valorizados em atividade de

colagem, mas os materiais a serem colados é que

devem ser diversificados, dando-se mais preferência

aos materiais transparentes, como plásticos e papeis

transparentes (celofanes, manteigas). Esses papéis

colados com a cola colorida permitem ver a intensidade

das manchas de cores que se formam ao se

comprimirem as duas superfície tendo as colas como

intermediário.

Sugestão de uma atividade: cada um recebe ou

escolhe um tubo de cola colorida. Um grande pedaço de

plástico transparente é colocado sobre uma superfície.

Pede-se aos participantes para um de cada vez (se

desejar, todos ao mesmo tempo), que escolha um lugar

e faça um desenho, que pode estar atrelado a uma

história , após os desenhos concluídos colocar um outro

plástico por cima. Pedir aos participantes que passem

os dedos sobre o plásticos observando as cores se

misturarem. Lindas manchas vão se formando e

transformando.

COLA QUENTE

A cola quente vem em tubos individuais, duros,

flexíveis e agora coloridos. Ela necessita de uma

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Aula 5 | As colas e a colagem 156

máquina especial para aquecer os tubos e diluir a cola,

o que a torna aderente, pois antes ela parece um tubo

de plástico. Neste caso, a cola fica acondicionada

dentro de uma pistola.

É muito interessante o seu processo e deve ser

melhor explorado no contexto terapêutico, pois ela

entra como um tubo duro e sem liga e sai líquida,

muito quente, com grande poder de aderência e

quando seca fica dura novamente. Às vezes,

conseguimos efeitos de esculturas, colocando um pouco

de cola, esperando secar e colocando mais cola sobre a

anterior.

Pode ser usada para colagem imediata dos mais

variados materiais com textura, peso e forma

diferentes.

COLAGEM COM ELEMENTOS DA NATUREZA

Introdução

O olhar investigativo da criança é valorizado nesta

proposta que parte da coleta de elementos da

natureza que constituirão a colagem.

Objetivos

- Observar os elementos da natureza.

Explorar os elementos da natureza constituindo uma

colagem - Fazer colagem.

Conteúdos

Colagem

Pesquisa de materiais

Ano

2 e 3 anos

Tempo estimado

Cinco aulas de vinte minutos cada.

Material necessário

1 tubo de cola branca de 500 g, bandeja de isopor

ou plástico, rolinho de espuma pincel. Elementos da

natureza: folhas, grãos, sementes, casca de árvore,

flores, areia, terra... Colher, papelão.

Desenvolvimento das atividades

1ª. aula

Em roda, contar para as crianças que farão um

trabalho de colagem, mas que antes terão que

coletar o material no parque e na cozinha. Contar

quais são os materiais, mostrar algumas folhas,

observando a forma, a cor, a textura, falar, também,

do pó de café. Ir com as crianças até a cozinha para

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Aula 5 | As colas e a colagem 157

pedir a cozinheira que separe borra de café. Andar

com as crianças pelo parque colhendo folhas, grãos,

sementes, flores, casca de árvore, areia, terra...

guardar em baldes.

2ª. aula

Em roda, espalhar o que coletaram sobre uma

toalha plástica e organizar os materiais nas

bandejas com as crianças.

3ª. aula

Em roda, lembrar as crianças para pedirem a borra

de café para a cozinheira, combinar o que terão que

falar; ir com elas até a cozinha e ajudá-las a pedir a

borra de café. Em roda, propor que as crianças

manuseiem a borra de café; conversar sobre a

questão da umidade e contar que precisam deixá-la

seca. Perguntar como poderão fazer para secar.

Ouvir as sugestões e acatar o que for possível.

Se não houver sugestões cabíveis, proponha que

espalhem a borra de café em bandejas e deixe-as

secar ao sol, para tanto, forre o chão com toalha

plástica ou jornal, separe a borra de café em potes e

distribua colheres e bandejas para que as crianças

possam espalhar a borra do café nas bandejas.

4ª. aula

Em roda, combinar com as crianças que farão a

colagem dos materiais coletados. Mostrar a elas que

primeiro terão que passar cola com rolinho de

espuma e depois colarão os materiais. Propor uma

colagem coletiva, em que cada criança faça uma

parte. O professor não deve fazer, para que assim o

produto seja das crianças e para que este não seja

um modelo a ser seguido.

Forrar o chão com jornal e colocar em fila os

materiais, as crianças sentarão de um lado e do

outro das bandejas e entremeando algumas das

bandejas coloque uma com cola, juntamente com os

rolinhos e os pincéis.

Distribua um papelão para cada criança. Acompanhe

o trabalho das crianças, observando se estão

passando cola antes de colocar os materiais, se há

pouca cola ou se estão pondo muitos elementos

sobrepostos sem pôr mais cola. As folhas e as flores

secas podem ser trituradas com as mãos. Valorize a

exploração dos materiais, as soluções encontradas

individualmente. Haverá produtos que se parecem

mais com pintura, por exemplo, os que tenham mais

exploração do pó de café e de terra. Deixe secar.

5ª. Aula.

Expor as colagens em lugar acessível às crianças e

aos pais, converse com os pequenos, apreciando o

resultado, valorizando a combinação de cor, de

elementos, de exploração dos materiais. Dê um

título à exposição e coloque o nome de cada criança

junto ao seu produto. Se possível conte aos pais

como foi realizado o trabalho, pode haver, também, um pequeno texto contando o processo.

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Aula 5 | As colas e a colagem 158

EXERCÍCIO 1

Sobre as colas, assinale a alternativa correta:

( A ) A cola em spray funciona como uma camada

protetora da colagem;

( B ) A cola quente tem grande poder de aderência;

( C ) A cola mais usada em colagem é a cola branca

(PVA);

( D ) A cola colorida, que encanta as crianças, é mais

usada como tinta do que como cola;

( E ) TRA.

EXERCÍCIO 2

Na relação abaixo, qual o artista que não utilizou a

colagem em suas obras:

( A ) Rafael;

( B ) George Braque;

( C ) Pablo Picasso;

( D ) Henri Matisse;

( E ) Max Ernst.

Avaliação

A avaliação é processual, o professor acompanha a

participação das crianças, incentivando-as

individualmente. O momento da apreciação da

exposição traz indícios da exploração e contribui

para a apuração do olhar de todos os envolvidos.

Bibliografia

Fazer e Pensar Arte, Anna Marie Holm, 161 págs,

publicado pelo Museu de Arte Moderna de São

Paulo.

Baby- Art, Os primeiros passos com a arte, Anna

Marie Holm, 94 págs, publicado pelo Museu de Arte

Moderna de São Paulo.

Bambini, Arte, artisti, 157 págs, publicado pela

Reggio Children.

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Aula 5 | As colas e a colagem 159

EXERCÍCIO 3

Lendo sobre a história da colagem, fica evidente que a

história da arte é a história da humanidade. Explique.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

EXERCÍCIO 4

Crie uma atividade para seus alunos utilizando a

colagem.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

RESUMO

Vimos até agora:

Os diferentes materiais usados na colagem;

Relembrando a história da colagem;

O Cubismo e o Dadaísmo;

Diferenças entre os dois movimentos;

Destaques do movimento;

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Aula 5 | As colas e a colagem 160

A colagem na sala de aula e na saúde;

Os requisitos necessários para uma colagem

ser terapêutica;

Como ler uma obra;

O ponto comum entre a obra do artista e a

sua;

Sugestões de atividades.

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Materiais Alternativos

Eveline Carrano Henriques Porto Maria Helena Pinheiro Requião

AU

LA

6

Ap

res

en

taç

ão

Nesta aula, falaremos dos materiais da natureza, sua linguagem,

suas propriedades plásticas e sua aplicabilidade como recurso

pedagógico e terapêutico.

A descoberta de novas possibilidades criativas a partir de

materiais de uso cotidiano ligados à natureza, tais como areia,

pedra, alimentos, entre outros.

Os materiais alternativos e sua utilização por alguns artistas.

Apresentaremos exemplos de atividades e propostas de trabalho,

além da indicação do uso desse material na educação e como

recurso terapêutico na saúde.

Espero que gostem e uma boa aula!

Ob

jeti

vo

s

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja

capaz de:

Aproveitar como recurso de arte os materiais oferecidos pela

natureza;

Conhecer suas possibilidades plásticas, sua linguagem e sua

aplicabilidade na arte;

Estudar novas técnicas artísticas e criar outras que serão muito

importantes para o seu trabalho;

Reconhecer nas obras dos grandes mestres da história da arte

o emprego dos materiais alternativos e sua associação com

diferentes técnicas artísticas.

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Aula 6 | Materiais alternativos 162

Os Materiais Alternativos

Criando com areia de praia:

Ao nos referirmos aos materiais alternativos e

sua aplicabilidade em arte, as atividades com areia não

podem faltar. A areia, de preferência a de praia, é de

fácil acesso para quem mora em regiões próximas ao

mar.

Atividades com areia trabalham com a

percepção e a estimulação tátil. Ao ser utilizada,

trabalha tanto a coordenação motora fina quanto a

ampla.

A criança deverá ser estimulada, num primeiro

contato, a experimentar livremente, de uma maneira

lúdica, as várias possibilidades da areia. Ela poderá,

simplesmente, pegar a areia e a deixar escorrer pelos

dedos, sentindo o seu movimento, a sua

flexibilidade e a sua fluidez.

Sua textura fina e delicada serve como base

para a criação de desenhos, que poderão ser apagados

e transformados em novas linhas e traços, estimulando

a criatividade e auxiliando nas primeiras investidas da

escrita e do desenho, usando apenas a ponta dos dedos

ou o auxílio de algum instrumento.

Pequenas quantidades de areia poderão ser

seguradas e aos poucos ir pegando maiores

quantidades. Brincando de passar de uma das mãos

para a outra sem deixar a areia cair ou, ao contrário, se

encantar ao ver grandes quantidades de areia caindo

das mãos.

Uma proposta muito interessante é colocar uma

quantidade maior de areia acondicionada em um

Os materiais alternativos 162 As pedras 167 Grãos e sementes 175 Criando com frutas, verduras e legumes 180 Folhas e flores como base de criação 188

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Aula 6 | Materiais alternativos 163

tabuleiro grande e pedir para a mesma ser manipulada

e movimentada, em pequenas e grandes quantidades,

de um lado para o outro do tabuleiro, formando

elevações, montanhas, vales e rios.

Desse movimento simples, poderá ser sugerida

a construção de uma cena, com a inclusão de diversos

brinquedos em miniatura. Essas cenas formam algo

semelhante a um desenho tridimensional, de grande

valor terapêutico, pois eles ganham significados

simbólicos e afetivos.

No espaço do tabuleiro de areia, os brinquedos

entram e saem construindo e transformando cenas, que

podem estar representando o cotidiano ou um sonho.

Os brinquedos podem ocupar espaços superficiais ou

podem ser enterrados na areia.

Para saber mais, terapeutas junguianos usam a

caixa de areia como técnica terapêutica para trabalhar

com adultos e crianças.

Margarete Lowenfeld fala do trabalho

terapêutico com a mesa de areia.

Violet Oaklander trabalha com crianças com a

mesa de areia, ressaltando o seu valor terapêutico e

lúdico.

Colocando-se a areia num recipiente plástico,

poderá ser acrescida a ela água, que formará uma

espécie de massa, que poderá ser usada para a

construção de castelos, túneis, poços, montes e o que

mais a imaginação puder inventar. Este procedimento é

muito rico de experiência tátil e de prazer, pois sempre

é muito bem-vindo o brincar com a água e com a areia.

Remete a bons momentos da infância. Ao término do

trabalho, a areia ficará destampada e a água

evaporará.

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Aula 6 | Materiais alternativos 164

A areia pode estar acondicionada em diferentes

recipientes, que facilitarão o seu contato como, por

exemplo, caixa de sapatos, tabuleiros de madeira ou de

plástico, bacias, piscinas de plástico, baldes.

Relato de uma experiência em sala de aula:

A partir da proposta da metodologia triangular

da Ana Mae, foi trabalhado com alunos, neste caso, da

segunda série do ensino fundamental, a artista

brasileira Tarsila do Amaral.

A atividade foi iniciada com a contação da

biografia da artista, localizando-a no tempo e no

espaço, cronológico e histórico, procurando despertar

nos alunos a curiosidade e o olhar para a arte.

No segundo momento, foi apresentada uma tela,

onde os alunos foram estimulados a usar a imaginação,

sendo convidados a embarcar numa viagem através da

pintura “Paisagem com touro” da artista Tarsila do

Amaral.

Em seguida, foi oferecido a cada um porções de

argila para que, a partir da pintura, escolhessem um

objeto para modelar. As crianças escolheram modelar

casinhas, então, uma variedade de casinhas de formas

e tamanhos diferentes surgiram. Após a secagem, elas

pintaram e decoraram suas casinhas. Num outro

momento, pegamos a caixa de areia para que elas

pudessem, com as mãos, fazer montinhos e colocar

suas casinhas em cima deles; em seguida, montaram a

cena que a tela da artista sugeria.

Após o uso, a areia deverá ser acondicionada em

um saco plástico e guardada, evitando contaminação e

poeira.

'Paisagem com Touro'-

1925 óleo/tela 52 X 65cm

Artista: Tarsila do Amaral

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Aula 6 | Materiais alternativos 165

Os brinquedos poderão ser guardados numa

estante fixa perto do tabuleiro de areia ou mesa,

ficando, assim, fácil o seu acesso. Também é

aconselhável guardá-lo em caixas ou gavetas.

Relato de um caso clinico:

Tati, de 6 anos, passou várias sessões brincando

com a areia dentro de uma caixa de sapatos. Todos os

dias ela chegava e misturava anilina de cores vibrantes

a areia. Ela ficava durante todo o atendimento

misturando a areia e acrescentando anilina em pó.

Misturava e misturava. No final da sessão, me pedia

para guardar com muito cuidado até a próxima sessão.

Esta situação se repetiu como se fosse um ritual, até

que um certo dia ela começou a dividir a areia em duas

partes, mudando a forma de trabalhar com a areia. Ela

separava e separava, pois a areia escorria e se juntava.

Tempos depois, ela escolheu nas miniaturas uma

pequena ponte, uma pata e dois patinhos, montou uma

cena onde dividiu a areia em duas partes, de um lado

colocou a pata e no outro, os dois patinhos. Por fim,

colocou a ponte ligando os dois lados e disse que

agora a mãe poderia pegar os filhinhos.

A partir desse dia, o seu comportamento, que

era relatado pela mãe como rebelde, agressivo e hostil

evitando contato, mudou completamente. Passou a ser

mais acessível ao contato com a mãe, bem mais

carinhosa e meiga. Pouco tempo depois recebeu alta.

A areia é de grande valor terapêutico devido a

sua flexibilidade, ao poder de fazer e desfazer, sem

certo e errado.

Na educação ela poderá ser explorada em uma

infinidade de possibilidades, desde a simples

Dica da professora

Os brinquedos são miniaturas que poderão ser adquiridas em lojas especializadas ou junto a crianças da família.

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Aula 6 | Materiais alternativos 166

manipulação à experimentação com traços de linhas e

letras a questões de quantificação na matemática.

Portanto, mãos à obra, aproveite e descubra quanta

atividade você poderá estar proporcionando aos seus

alunos ou pacientes.

Agora passaremos para algumas dicas de

atividades:

Atividade criativa com a areia:

Colorindo a areia e construindo garrafinhas

decoradas.

As garrafinhas com areia colorida são muito

conhecidas nossas, elas são feitas no nordeste e

vendidas em todo o Brasil e levadas para fora por

muitos turistas que admiram o artesanato brasileiro.

Materiais:

Um pote de vidro ou plástico;

Anilina em pó de várias cores;

Álcool;

Palito de madeira, comprido para

churrasquinho.

Preparo:

Misturar a anilina em pó em pequenas porções

de areia (outra alternativa é em primeiro lugar

dissolver a anilina em uma pequena quantidade de

álcool e depois misturá-la à areia, assim ela ganhará

um colorido intenso, e o álcool evapora de imediato),

reservar. Colocar a areia colorida em camadas no pote.

Entre cada camada, poderá ser colocada a areia in

natura. Com o palito fazer desenhos, introduzindo o

palito desde a parte superior da areia até o final do

pote.

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Aula 6 | Materiais alternativos 167

Resultados:

Os resultados serão variados e criativos. As

crianças e os adultos gostam muito.

Colorindo a areia e pintando com ela.

Utilizando a areia para tirar texturas -

Frottage.

Encher e esvaziar potes de tamanhos e

diâmetros diferentes.

Desenhando com linhas com cola e decorando

com areia colorida.

As pedras

Pintando, criando e construindo.

As pedras são materiais que estimulam a

imaginação daqueles que a manipulam. Apesar de

algumas serem brutas, duras, crespas ou lisas e sem

forma definida, muitas vezes bem pesada, seus

diferentes contornos permitem que brinquemos com a

imaginação, vendo formas de animais, casas, pessoas,

monstros, entre outros. Sua variedade de cores e

tamanhos, brilho intenso ou fosco remete-nos às

pedras preciosas dando lugar à confecção de adereços

e bijuterias. Elas também são usadas para a construção

de painéis, quadros, esculturas e mosaicos.

As pedras podem ser um excelente material

pedagógico, com elas podemos trabalhar quantidades,

cores, pesos e medidas; assim como as funções tátil,

visual e auditiva. Ao batermos uma na outra ou em

qualquer outro objeto ou superfície, elas produzem

sons, que podem ser explorados em variações de ritmo

e intensidade, dando lugar à composição de lindas

melodias.

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Aula 6 | Materiais alternativos 168

Em atividades artísticas, são excelentes para

colocarmos em prática o que imaginamos,

transformando-as, lapidando-as, pintando-as, ou

usando-as sobre as telas, mural, objetos.

As pedras representam a materialidade da terra,

a solidez e o concreto. A permanência.

Terapeuticamente, elas podem trabalhar a elaboração,

a construção, a reorganização, a estruturação, o quanto

pesa o seu problema, como você se vê, percebendo

como analiso, como dou solução a um problema.

No conto de fada Joãozinho e Mariazinha, as

pedras demonstram a permanência, o retorno; ao

serem jogadas pelo Joãozinho, elas marcam o caminho

de volta. Já as migalhas de pão são comidas pelos

passarinhos, mostrando sua impermanência. Marcando

a necessidade pela busca do novo.

Este conto é muito bom para ser contado para

famílias que estão vivendo um processo de mudança,

tanto interna quanto externa, porém não querem se

submeter ao mesmo.

Na educação, você pode trabalhar com os alunos

a história do Joãozinho e Mariazinha, focando desde o

cuidado e a preservação da natureza como, por

exemplo, a conservação do meio ambiente, explorando

o fato do pai do Joãozinho ser um lenhador e viver da

derrubada das árvores, comparando com o

desmatamentos das nossas florestas, promovendo um

debate entre os alunos; a culminância desse trabalho

pode ser com uma produção de uma peça teatral a

partir de um texto confeccionado pelos alunos. Dentro

da mesma linha de pensamento, poderíamos trabalhar

os pássaros vivendo livremente em seu habitat e a sua

caça e captura ilegal (criação de pássaros em gaiola),

até o seu uso em outras disciplinas como a matemática

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Aula 6 | Materiais alternativos 169

(quantidade das pedrinhas), na ciência (as essências e

as propriedades medicinais encontradas nas nossas

florestas).

Curiosidade: As pedras vulcânicas, ou pedras

quentes, podem ser usadas em terapia corporal. Elas

são colocadas sobre o corpo. As pedras utilizadas são

pedras basalto, lisas e macias, produto do processo de

arrefecimento de lava vulcânica. O calor emanado das

pedras alcança as terminações nervosas superficiais,

descontraindo os músculos sem que seja necessária a

pressão da massagem tradicional. Esta terapia

proporciona relaxamento, alívio do estresse diário,

melhora da circulação.

Curiosidade: A Marienplatz de Weilheim, nas

cores do pintor russo Wassily Kandinsky. A pintura das

pedras de calçamento reproduz uma pintura de 1909

intitulada "Weilheim Marienplatz". Mais de 500

escolares e moradores de Weilheim participaram, nas

últimas cinco semanas, da transferência do panorama

pictórico da cidade para exatamente 8.332 pedras.

Dicas de técnicas:

Usando a mesma linha da técnica citada em

areia, você pode trabalhar com as crianças a história de

algum artista, mostrando seus quadros, sugerir a

escolha de um tema a ser trabalhado com eles. Por

exemplo: que profissão você gostaria de ter; qual

ponto da tela que mais lhe chamou a atenção e depois

reproduzi-la; ofereça pedras coloridas (ex.: de

aquário) e cola branca para que eles possam construir

sua própria tela. Com pedras maiores, poderemos

trabalhar a terceira dimensão, criando esculturas com

pedras em tamanhos e formas variadas.

Para navegar

Veja no site: http://www.dworld.de/popups/popup_imageoftheday/0,,3528

158_lang_5,00.html

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Aula 6 | Materiais alternativos 170

Algumas sugestões de atividades com

pedras:

Esta técnica permite trazer para o concreto

aquilo que sua imaginação produziu ou viu.

Para a primeira etapa, você precisará de:

Pedras pequenas e lisas;

Tintas guache;

Pincéis;

Jornal para cobrir a mesa;

Pote de água para lavar os pincéis;

Pedaços de panos para limpar e secar os

pincéis e as pedras.

Processo da primeira etapa:

No primeiro momento, as pedras deverão ser

bem lavadas e enxugadas e, em seguida, observadas

até descobrir com o que elas se parecem e depois com

os pincéis e as tintas deverão ser pintadas,

expressando o que foi imaginado. Algumas pessoas

poderão sentir a necessidade de desenhar a lápis antes

de pintar, não tem problema, o desenhar primeiro as

deixarão mais confiantes. Após o término desta etapa,

coloque as pedras para secar.

Para segunda etapa, você precisará de:

Uma lasca de madeira ou quadrados de

papelão;

Material para enfeitar: miçanga, papel

crepom picado, retalhos, jornal ou mesmo as

tintas que usaram para pintar as pedras;

Cola branca.

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Aula 6 | Materiais alternativos 171

Processo da segunda etapa:

Neste momento deverá ser pedido aos

participantes que peguem sua pedra já trabalhada

anteriormente e escolha uma lasca de madeira ou de

papelão, onde deverá ser colocada a pedra. Antes de

ser feita a colagem da pedra no suporte peça-os para

que imaginem em que lugar sua pedra, já com sua

nova personalidade, gostaria de estar. Peça para

colarem a pedra sobre o suporte e depois enfeite o

espaço em volta dela, completando e transformando-o

numa cena.

Proposta para novas etapas:

A partir da cena criada poderão ser

desenvolvidos contos, histórias, narrativas

onde cada uma falará de sua criação e do

contexto em que ela agora faz parte.

Nomear os personagens, dar uma idade para

ele, em que ambiente ele se encontra, como

está sentindo, o que ele deseja seus sonhos,

seus medos, como ele vence seus inimigos,

entre outros? Essa atividade desperta a

criatividade, a fluência verbal e a leitura. As

respostas a essas questões levam a

manifestação e expressão das emoções, ricos

conteúdos que poderão ser explorados em

sua subjetividade tanto na área da saúde

quanto na da educação.

Sugestão de técnicas: “A Pedra Quente”

A técnica da pedra quente é muito interessante.

Elas devem ser coloridas com giz de cera e colocadas

no forno até a cera ser amolecida pelo calor. O

resultado é surpreendente, a cera derretida se funde à

pedra tornando-se um fóssil.

Para navegar

De uma olhadinha, vídeo de pintura em pedras. Vale a pena ver: http://slides.xiztudo.com/2008/08/pintura-em-pedras.html

Importante

Você também pode, ao retirar a pedra do forno, estimular a pintura da pedra oferecendo um pincel para ser passado sobre a cera mole, aproveitando que a

mesma ainda está quente e amolecida. Com isso novas misturas de cores serão realizadas, surgindo novas nuances cromáticas.

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Aula 6 | Materiais alternativos 172

Lenda: A PEDRA DE TOQUE

Existe uma lenda que conta que, quando a

grande biblioteca de Alexandria foi queimada, um livro

foi salvo. Mas não era um livro de muito valor, por isso

um homem pobre, que pouco sabia ler, comprou-o por

uns tostões. O livro não era realmente muito bom, mas

nele havia algo interessantíssimo. Era um tipo de

pergaminho, no qual estava escrito o segredo da "pedra

de toque".

A pedra de toque era uma pedrinha comum, que

podia transformar qualquer metal em ouro puro. No

pergaminho, estava escrito que era encontrada nas

praias do Mar Negro, misturada às outras milhares e

milhares de pedras exatamente iguais a ela. Mas o

segredo era este: a pedra real era quente, enquanto as

outras eram frias. Então, o homem vendeu os seus

poucos pertences, comprou alguns mantimentos e foi

acampar na praia, onde começou a testar as pedras.

Esse era seu plano: ele sabia que se pegasse as

pedras comuns e as jogasse de volta ao chão, poderia

pegar a mesma pedra centenas de vezes. Então,

quando pegava uma fria, ele a jogava ao mar.

Assim, passou uma semana, um mês, um ano,

três anos... e o homem não encontrava a pedra de

toque.

Mas, mesmo assim, ele continuava: pegava uma

pedra, era fria, jogava-a no mar... e assim por diante.

Imagine o homem fazendo isso por anos e anos: pegar

uma pedra, senti-la fria, jogá-la no mar... de manhã

até a noite, por anos e anos.

Mas, uma manhã, ele pegou uma pedra que

estava quente e jogou-a no mar. Ele criara o hábito de

Dica da professora

As crianças assim como os adultos possuem uma imaginação fértil e muito criativa que devem ser valorizadas e incentivadas diariamente.

Dica da professora

Trabalhar com contos e lendas. Ao lado, segue a lenda A pedra de toque, ótima para trabalhar questões como,confiança, determinação, amigos e muitos outros pontos.

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Aula 6 | Materiais alternativos 173

jogar as pedras no mar, vocês compreendem, e o

hábito fez com que ele jogasse a pedra quente,

também, quando finalmente a encontrara. Pobre

homem!

É assim que a mente funciona. A confiança é

uma pedra de toque. Muito raramente você encontra

alguém em quem você pode confiar. Muito raramente

você encontra um coração quente, amoroso, no qual

pode confiar. Normalmente, você encontra pedras que

parecem a pedra de toque, quase iguais, mas são frias.

Por anos, desde a infância, você pega uma pedra,

sente-a fria, e a joga no mar.

Um dia é um fenômeno muito raro, você

encontra a verdadeira pedra de toque. Você a pega,

sente que é quente, mas, mesmo assim, você a joga.

Então, você irá chorar, sem saber como isso pôde

acontecer. É um simples mecanismo. Desde a infância,

você aprende a desconfiar. Você é educado de tal

maneira que não pode confiar. A dúvida foi colocada

bem funda no seu ser. Na verdade, é uma medida de

segurança: se não duvidar, não sobreviverá. Você tem

que olhar o mundo com olhos hostis, como se todos

fossem seus inimigos. Ninguém é quente, ninguém é

uma pedra de toque. Você não pode confiar nem em

seus pais. Aos poucos, a criança percebe que não existe

ninguém em quem pode confiar. Os pais são muito

contraditórios: dizem uma coisa e fazem outra. A

criança sente-se confusa; é difícil para ela entender o

que, realmente, a mãe quer. Na verdade, nem a

própria mãe sabe. E, cada vez mais, a criança sente

que é impossível confiar em alguém.

Essa lenda pode ser trabalhada com qualquer

faixa etária, de diferentes maneiras. Uma delas é

colocar diferentes pedrinhas em potes com apenas uma

diferente. Os participantes deverão procurar uma a

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Aula 6 | Materiais alternativos 174

uma até chegar a pedra especial (a pedra diferente

deve ser mostrada e depois escondida).

TÉCNICA TERAPÊUTICA

Trabalhar com pedras pode despertar diferentes

sentimentos, pois, ao ser manipulada, ela estimula o

tato, dando uma sensação de força, permanência, de

dureza, de textura (lisa, crespa, etc.), às vezes, por

sua transparência e cor, remetem às pedras preciosas.

Está técnica deve começar com a leitura da

lenda da pedra do toque. Após a leitura, incentive o

diálogo sobre o texto lido.

Para o segundo momento, separe os seguintes

materiais.

Pedras pequenas e lisas, de diferentes cores,

formatos e tamanhos. Algumas já vêm previamente

furadas, o que vai facilitar o seu uso na montagem e

criação de colares;

Fios de barbantes coloridos, ou de couro, ou

correntes, fio de náilon.

Coloque sobre a mesa os materiais, peça para

pensarem numa pessoa muito especial, depois escolha,

entre as pedras, aquela que mais se parece com a

pessoa amiga. Deve se pensar pelo menos em quatro

ou cinco pessoas. Caso alguém pense em mais ou em

menos, não tem problema. Após a escolha das pedras,

deverá ser dado o fio que unirá as pedras escolhidas.

Os fios devem ser maleáveis para o caso das pedras

não possuírem furos para passar o fio, para que eles

possam ser enrolados ao redor da pedra dando um nó.

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Aula 6 | Materiais alternativos 175

Esse trabalho ajuda a pessoa a identificar seus

amigos, pessoas especiais, e muitas vezes julgamos

não ter amigos e eles estão tão perto de nós, a ponto

de serem jogados ao mar, como na lenda.

Dicas: Fazendo sua própria pedra.

Pegue uma caixa de leite vazia, corte a parte de

cima, coloque uma xícara de gesso em pó e um copo de

água (averiguar a quantidade de água), misture

rapidamente, pois o gesso endurece muito rápido.

Depois do gesso seco, tire da caixa (se achar mais fácil

rasgue a caixa), aí está uma pedra de gesso, com ela

você pode trabalhar a técnica de esculpir, a colher e a

faquinha plástica são ótimos instrumentes para esculpir

a pedra de gesso.

As pedras, também, são ótimas para fazer

construções. Escolham pedras lisas, lave-as e seque-as.

Com cola branca, ou cola de silicone, vá unindo uma na

outra, na forma que quiser, formando casa, torre,

monte. Porém, esse é um trabalho muito lento, deverá

esperar que a cola de cada camada de pedra seque.

Quando finalizar, pincele com cola branca para dar um

brilho todo especial.

Grãos e sementes

Texturas, cores, tamanhos e formas criativas.

A nossa natureza é riquíssima. Ela produz

inúmeros materiais com os quais podemos utilizar em

diversos trabalhos artísticos, tanto na arte, na

educação quanto na saúde. Com eles, podemos

trabalhar a textura, as formas, os tamanhos, as cores,

os pigmentos para criação de tintas e muito mais.

Dica da professora

Outra possibilidade de atividade com pedra é uma infinidade de jogos e

brincadeiras. Os jogos possibilitam trabalhar a atenção, a concentração, a coordenação motora ampla e a socialização.

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Aula 6 | Materiais alternativos 176

Os trabalhos com os grãos e as sementes

permitem o despertar da atenção para a valorização

dos recursos oferecidos pela natureza como materiais

de arte de grande possibilidade criativa e reflexiva

sobre o cuidado com a terra e com seus frutos, tão

importante na alimentação.

Através das sementes, podemos levá-los a

descobrir um mundo fascinante, onde uma pequena

semente ou grão podem se transformar em árvores,

flores, frutos, em alimento, através do processo de

plantação e germinação. Quem nunca experimentou

colocar um grão de feijão no algodão molhado dentro

de um copo para vê-lo crescer e se tornar um broto, e

vir até se transformar num pé de feijão? Essa, com

certeza, é uma experiência simples, mas de extrema

grandeza, pois podemos trabalhar a morte, o

nascimento, o crescimento, o dar frutos...

Terapeuticamente, essa experiência nos leva a

refletir sobre como estamos, como nos sentimos, e o

que estou precisando para crescer mais forte e

saudável, o que preciso para me desenvolver, onde

estou plantada, se estou forte, alimentada, seca,

murcha, e muito mais, pois quem dará os significados

serão os pacientes, ou os alunos, ou até mesmo seus

clientes.

A partir dos grãos secos, podemos trabalhar com

várias técnicas diferentes como na colagem, por

exemplo. Essa técnica é muito aceita nas diferentes

faixas etárias, pois ela é muito simples e facilitadora da

expressão plástica.

Os grãos e as sementes, também, podem ser

usados no desenho, criar formas, linhas, usando

apenas papel, cola, sementes e muita criatividade. As

sementes podem ser pintadas e transformadas em

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Aula 6 | Materiais alternativos 177

belíssimas bijuterias, bordados, mosaicos, adornando

telas, caixas, agendas e em tudo o mais que a

imaginação permitir criar.

Dicas: experiências com o “Meu pé de

feijão”

Antes de trabalhar com o feijão, conte o conto

“João e o pé de feijão”, depois sugira o plantio do

feijão, ensine como cuidar do pé de feijão e a observar

seu crescimento, dia após dia. Ao término dessa

experiência, o feijão se tornará um broto, levante

questões, comente e fale a respeito das observações,

sempre incentivando a escrita e a narrativa a partir da

história pessoal, baseada nas experiências com o

plantio do pé de feijão.

Outras atividades:

MOSAICO COM SEMENTES

Material:

papéis ou cartões;

cola;

Sementes de formas e cores diversas (feijão,

ervilha, amendoim, arroz, milho.

Procedimento

Desenhe livremente sobre o cartão e, em

seguida, aplique as sementes como elementos de

textura e cor, colando-as sobre o desenho.

Procure usar sementes bem coloridas e

contrastantes, colando uma a uma para evitar

deslocamento não prejudicar o trabalho.

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Aula 6 | Materiais alternativos 178

Pode-se iniciar o trabalho espalhando cola sobre

uma parte do desenho aplicando imediatamente as

sementes.

Use a cola polar que tem a propriedade de

plastificar, protegendo, assim, as sementes da

deterioração.

No caso de não conseguir sementes coloridas,

use qualquer uma neutra (arroz, por exemplo) como

textura, colorindo, em seguida com anilinas dissolvidas

em álcool de 90º.

Construindo mandalas com grãos e

sementes:

Material:

Papel Canson A3 em forma circular;

Cola branca;

Diferentes sementes ou grãos;

Lápis preto;

Lápis cera.

Processo:

Em primeiro lugar, faça um desenho com traços

suaves para não marcar, depois preencha com o giz de

cera, colorindo, em seguida passe a cola branca sobre

as linhas do contorno do desenho e com uma

colherinha ou manualmente, uma a uma, coloque as

sementes. Aproveite a variedade de sementes e ou

grãos e misture dando colorido e texturas em seu

desenho.

Dica da professora

Com o mesmo procedimento, você pode desenhar livremente e construir diferentes imagens com as sementes.

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Aula 6 | Materiais alternativos 179

Mandala Tibetana

Mandala é uma palavra sânscrita para círculo de

cura ou mundo inteiro. É uma representação do

universo e de tudo que há nele. Khyil-khor é a palavra

tibetana para mandala e significa "centro do universo

onde um ser totalmente iluminado habita". Os círculos

sugerem totalidade, unidade, o útero, completude e

eternidade. Representa a harmonia do cosmo e a

energia. Tem o poder de modificar as nossas energias

diárias e exercem influência sobre o ambiente.

Carl Gustav Jung, eminente psiquiatra suíço, fez

uso do termo mandala e de seu significado simbólico na

construção de sua teoria. Correlacionava a mandala e

suas imagens circulares usadas na religião e na

psicologia, elas podem ser confeccionadas de várias

maneiras e com vários materiais diferentes, que vão

das areias, pedras, pétalas de flores, ou da forma

tradicional como desenho e pintura.

Trabalhar com mandalas tem um efeito

terapêutico muito profundo, tanto em produção

espontânea quanto em trabalhos efetuados em

processo terapêutico; não tendo grande valor

terapêutico no caso de cópia ou repetição de forma

aleatória.

Técnica: Frottage

Material:

Papelão ou papel panamá;

Cola branca;

Sementes ou grãos;

Giz de cera;

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Aula 6 | Materiais alternativos 180

Processo:

Escolha alguns tipos de sementes ou grãos,

como, por exemplo, arroz, lentilha, linhaça, sementes

de girassol. E cole aleatoriamente numa base de

papelão, ou papel panamá; em seguida, pegue papel

A4, coloque sobre as sementes coladas no papelão e

com giz de cera deitado, passe sobre o papel. Vá

virando o papel e mudando de cor, isso produzirá um

lindo efeito.

Criando com frutas, verduras e legumes

Como já mencionado anteriormente, frutas,

verduras e legumes serviram como base para a

descoberta dos pigmentos que deram vida às tintas.

Delas foram tiradas belíssimas cores com as quais

milhares de telas, tecidos, entre outros, foram

pintados. Contudo, estas descobertas não ficaram no

esquecimento e até hoje elas são usadas e

reinventadas. Pois, além de podermos usá-las para a

extração de pigmentos, elas também servem como

material para a escultura e para a criação de carimbos.

Trabalhar com os materiais alternativos é

interessante e agrada a qualquer faixa etária.

Por ser um produto natural, ele possui texturas

muito interessantes, como também volume, cor e

perfume; portanto, eles são excelentes para trabalhar

os órgãos do sentido como o tato, o visual, o paladar e

o olfato. Na área da saúde, podemos trabalhar as

quatro funções de Jung: emoção, pensamento,

sensação e intuição.

As técnicas desenvolvidas a partir do uso das

frutas, das verduras e dos legumes permitem trabalhar

tanto a transformação, a estruturação, a alimentação

Dica da professora

Use sua criatividade e imaginação colando as sementes ou grãos em caixa de madeiras, agendas, telas, em uma placa de madeira, lata de molho, vidros.

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Aula 6 | Materiais alternativos 181

saudável quanto os problemas causados pela

alimentação. Ela desperta o alquimista em cada um de

nós ao proporcionar novas descobertas através da

criação e da mistura de elementos químicos contidos

na cor, na textura.

A arte em alimentos é uma nova forma de

decoração que está ganhando espaço em eventos,

festas e casamentos.

VELAS FEITAS COM FRUTAS

Material necessário:

200 g de parafina;

Corante à base de óleo na cor desejada;

Pavio parafinado;

Palitinho de churrasco;

Essência à base de óleo de acordo com a

fruta;

Fruta: mexerica ou tangerina.

Modo de fazer:

O primeiro passo é derreter a parafina em fogo

baixo. Enquanto isso, prepare a fruta escolhida,

cortando-a na parte de cima. Com o auxílio de uma

colher, retire o miolo da mexerica. Depois que a

parafina derreter, coloque o corante com o auxílio de

um palitinho. Aproveitando a parafina ainda quente,

acrescente a essência. Uma gotinha é o suficiente.

Deixe esfriar a parafina por mais ou menos cinco

minutos e depois despeje na fruta com uma concha,

mas não precisa encher até a boca. Uma dica: se você

girar a casca, a parafina vai colorir toda a parte de

dentro. Formará uma casca durinha. Fure a fruta no

meio e, no lugar do furo, insira um pedacinho de pavio.

Está pronta a vela na fruta.

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Aula 6 | Materiais alternativos 182

IMPRESSÕES COM LEGUMES

Materiais:

Legumes diversos (batata, cenoura);

Papéis de diversas cores e formas;

Cortador de legumes ou facas;

Tintas de impressão, óleo, guache e pincéis;

Varsol.

Procedimento:

Cortar o legume ao meio (vertical ou horizontal)

obtendo a base do carimbo, desenhar e encavar sobre

a base um desenho qualquer, a sua escolha, que você

consiga encavar o legume. Cubra com tinta de

impressão o desenho encavado no legume, estampe

em um papel qualquer para testar o carimbo antes usar

o papel ou tecido escolhido.

Sugestões:

Evite desenhar no legume um desenho muito

repicado, as formas simples são mais fáceis de se

recortar (cavar) no legume.

Na hora de usar o carimbo, aplique pouca tinta

sobre o legume.

Procure variar os motivos dos carimbos.

Imprima em várias cores e aproveite para um

melhor resultado técnico, principalmente quando sobre

tecido.

Há uma preocupação quando se trabalha com

crianças no momento de recortar ou cavar o desenho

no legume, por isso, recomendamos a partir dos 6

anos.

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Aula 6 | Materiais alternativos 183

Agora é só curtir e usar sua criatividade e

imaginação e confeccionar seus carimbos de legumes,

as crianças e adultos adoram essa técnica.

Vivências interessantes naturalmente enriquecem

a linguagem oral e gráfica da criança.

Sugestão de atividades:

Esculturas com legumes

Outra interessante possibilidade de se trabalhar

com os legumes é criando esculturas em terceira

dimensão e construindo cenários. Esta é uma boa

oportunidade para se trabalhar o valor do alimento para

o crescimento saudável, incentivando a alimentação

mais natural. Os alimentos possuem uma variedade de

cores e sabores, onde cada cor está relacionada a uma

vitamina específica com seu valor nutricional específico.

Já que estamos falando de arte, aqui cabe um dica:

comer colorido é a melhor opção.

CENÁRIO - PERSONAGEM

TRABALHANDO A FAMÍLIA COM ALHO PORÓ

Trabalhar com materiais leva à descoberta de

infinitas possibilidades criativa e expressiva. O uso e o

domínio das mãos levam ao aumento da coordenação

progressiva dos movimentos, a partir de propostas e

atividades que podem ser em grupo ou individual.

Cada atividade proposta pode ser modificada e

adaptada, segundo as necessidades, ao

desenvolvimento intelectual e à coordenação motora de

cada um, respeitando sempre a individualidade no

grupo, pois o desenvolvimento motor é diferenciado,

enquanto alguns ensaiam os primeiros rabiscos, outros

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Aula 6 | Materiais alternativos 184

já desenvolveram traços mais elaborados e firmes.

O apoio e o encorajamento afetivo é

fundamental e indispensável à expressão e à expansão

da criatividade. Devendo, sempre, serem fortalecidas e

estabelecidas as relações de troca, apoio, cooperação e

amizade no grupo, seja familiar ou entre amigos.

Sugestão de atividade:

Materiais:

Desenvolvimento da atividade:

TRABALHANDO A AMIZADE ESCULPINDO UMA

ABÓBORA PEQUENA E A LARANJA

Deve-se lembrar, sempre, que a experiência

criadora realizada pelo aluno é mais importante para

seu desenvolvimento do que a excelência do produto

final do trabalho.

Provando que é possível existir amizade entre

pessoas de diferente nacionalidade, cores, credo.

Deve a professora limitar-se a estimular,

encorajar e saber apreciar o resultado do esforço do

aluno. Jamais procure coisas erradas, apontá-las ou

modificá-las.

Sensibilizar o aluno em suas reações com o

meio, proporcionando-lhe variadas ocasiões e modos de

enriquecer suas observações e experiências. Vivências

interessantes naturalmente enriquecem a linguagem

oral, intelectual e motora (gráfica).

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Aula 6 | Materiais alternativos 185

Giuseppe Arcimboldo (1527 — 1593) foi um

pintor italiano.

Iniciou seus trabalhos em Milão, com seu pai,

mas atingiu a fama em Praga, sob a proteção do

Imperador Rudolph XI. Suas obras principais incluem a

série "As quatro estações", onde usou, pela primeira

vez, imagens da natureza, tais como frutas, verduras e

flores, para compor fisionomias humanas. A ideia de

reproduzir as estações como pessoas já era usada

desde a época dos romanos, no entanto, Arcimboldo foi

o pioneiro na utilização de vegetais de cada época, na

composição de rostos humanos.

Arcimboldo trabalhou inicialmente com seu pai,

no vitral da catedral de Milão. A partir de 1562, morou

em Praga, então capital do reino da Boêmia e hoje da

República Tcheca, onde consolidou sua carreira como

artista. Serviu na corte de Fernando I e de seus

sucessores, Maximiliano II e seu filho Rodolfo II,

grandes mecenas. Arcimboldo foi admirado como

artista pelos três monarcas, tornou-se pintor da corte e

chegou a ser nomeado Conde Palatino. Praga

transformou-se no século XVI, principalmente por

causa de Rodolfo II, em um dos maiores centros

culturais da Europa, de intensa e diversa atividade

cultural e científica. Seus governantes eram vistos,

além de seus domínios, como simpatizantes do exótico.

Nesse contexto, as singularidades da arte de

Arcimboldo encontraram solo fértil para florescer.

Fonte: Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe-

_Arcimboldo

Outras possibilidades: TINTA COM VERDURAS E

VEGETAIS

Materiais:

Faca;

Sabonete;

“As quatro estações”

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Aula 6 | Materiais alternativos 186

Limão;

Filtro de papel;

Três vidros pequenos;

Dois vidros grandes;

Funil;

Repolho roxo.

Técnica

Despeje água quente em um repolho cortado

em pedaços. Deixe descansar por alguns

minutos.

Filtre o caldo do repolho e distribua pelos três

vidros pequenos.

Junte o suco do limão a um dos vidros e

observe.

Coloque um pouco de sabonete picado no

outro vidro e mexa.

O caldo de repolho que era roxo adquire outras

cores. Como o limão é ácido, ele deixa o caldo

vermelho. Como o sabonete é alcalino, a água pode

ficar verde ou azul.

Adicione outros ingredientes naturais à água do

repolho. Os ingredientes que forem ácidos deixarão a

mistura vermelha. Nos que forem álcalis, a mistura

ficará verde ou azul.

Exemplos de ingrediente que podem ser usados:

vinagre, bicarbonato de sódio, fermento, detergente,

amônia, suco de laranja, suco de cenoura e

refrigerante.

Essa atividade é indicada principalmente para

crianças e adolescentes pela quantidade de

conhecimentos que transmite, desenvolvendo ao

mesmo tempo a criatividade. Entretanto não fica

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Aula 6 | Materiais alternativos 187

excluída do trabalho com adultos, trabalhando a

capacidade de transformação de uma situação pelos

ingredientes que colocamos nela.

TINTURA PARA TECIDO

Materiais:

dois lenços brancos de algodão;

beterraba ;

cascas de cebola;

uma panela;

peneira;

luvas de borracha;

uma tigela grande;

água;

uma folha de papel ofício.

Técnica

Coloque a casca da cebola na panela e cubra

com água. Deixe ferver durante quinze

minutos.

Deixe esfriar e coe o líquido na peneira,

despejando na tigela. Calce as luvas de

borracha e mergulhe o lenço no líquido.

Torça o lenço e estique-o sobre a folha de

papel seca e limpa. Espere secar.

Com a casca de cebola - para fazer tinta

amarela.

Com a beterraba - para fazer tinta roxa.

Coloque a beterraba na panela e cubra com

água. Deixe ferver durante quinze minutos.

Deixe esfriar e coe o líquido na peneira,

despejando na tigela. Calce as luvas de

borracha e mergulhe o lenço no líquido.

Torça o lenço e estique-o sobre a folha de

papel seca e limpa. Espere secar.

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Aula 6 | Materiais alternativos 188

Sua aplicação nas áreas de saúde e de

educação:

Atenção: As cores podem desbotar com a

lavagem, pode ser usado um fixador de tinta.

A confecção das tintas, a partir do preparo de

alimentos crus e de materiais e produtos da natureza,

pode e deve ser usada tanto na escola como na terapia.

Em história e geografia, podemos usar os países

que originaram os alimentos se referindo à história dos

mesmos.

Na terapia, todo o processo de escolha e de

confecção das tintas, a partir dos alimentos, pode ser

usado para se trabalhar situações relacionadas com

questões alimentares, através da criatividade no lidar

com esses produtos.

Folhas e flores como base de criação

As atividades desenvolvidas com flores, folhas e

gravetos proporcionam a formulação de variados

trabalhos, todos dotados de uma certa magia e

encantamento, com profunda expressão. Para muitos,

lidar com as flores e as folhas é muito prazeroso, está

ligado à terra e à natureza. Apela aos sentido

remetendo a lembranças de infância, aos sonhos da

adolescência, à beleza da maturidade, à suavidade da

idade madura. Seus espinhos remetem à defesa

natural, ao cuidado no toque, e, também, às dores, à

saudade, aos amores e desamores, entre muitos

outros.

Podemos trabalhar com as folhas e as flores

ainda frescas, mais ao natural, como secas, porém ao

trabalharmos com elas de forma in natura, fresca, o

Dica da professora

Na escola, essas tintas podem ser usadas para incrementar as aulas de ciência, trabalhando desde o cuidado da terra, o plantio como o crescimento e o florescer.

Dica da professora

Na arte, podem ser trabalhados com os alunos a criação, a mistura e o uso das cores criadas a partir dos alimentos.

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Aula 6 | Materiais alternativos 189

trabalho não resiste muito tempo. Uma das formas de

eternizá-lo é através da xérox, da foto ou até mesmo

da filmagem. Já quando trabalhamos com elas secas, o

trabalho se torna mais resistente ao tempo e seus

efeitos.

As técnicas desenvolvidas tanto na educação

quanto na saúde com estes materiais permitem

trabalhar a fragilidade versus a firmeza a mobilidade, a

organização, a estruturação e a resistência ao tempo.

Isto é, caminhamos da cor e da forma à ação do

tempo, trazendo o envelhecimento e o desfazer da

forma.

Sugestão de atividade:

COLAGEM COM APROVEITAMENTO DE MATERIAIS

COLHIDOS NA NATUREZA

Materiais:

Papel cristal (impermeável), goma, pétalas de

flores, ramos de folhas.

Procedimento

Dobre meia folha de papel ao meio, sobre ela

arrume as folhas, as pétalas coloridas, procure sempre

compor um motivo.

Colar sobre uma das partes do papel, passar um

friso de colas nas bordas do mesmo e sobrepor a outra

parte, colando-as. Prenda o trabalho com durex no

vidro da janela para ser visto através da luz. Levando à

criança a melhor observação da natureza e a

desenvolver a imaginação.

O professor deve cuidar para que a exposição

seja representativa, não só de todas as crianças como

das várias técnicas de arte.

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Aula 6 | Materiais alternativos 190

Nessa atividade, usaremos pétalas das flores

como também suas folhas, porém, naturais, o que

permite trabalhar a fragilidade.

MANDALA DE FLORES

Material:

Pétalas de rosas e folhas naturais;

Cola;

Cartolina ou papel cartão ou papel canson

cortado no tamanho do papel A4.

Preparo:

Cole as pétalas e as folhas sobre o papel de sua

escolha, criando a forma que você deseja ou, então,

sugira a criação de uma mandala.

Após a confecção da mandala, pode-se tirar uma

xerox colorida da mesma, o que a manterá sempre

fresca. Podendo, também, ser trabalhada com outros

materiais.

Retorno:

Lembre-se, sempre, de que o retorno é muito

importante, por isso, converse com o grupo que você

estiver trabalhando. Pergunte como elas se sentiram,

quais as lembranças que surgiram.

Sugestão de atividade:

Agora, experimente trabalhar com as folhas,

gravetos e as pétalas das flores secas. Para secá-las,

coloque-as envoltas num papel tolha e coloque dentro

de livro, outro debaixo de um peso, para que elas

possam secar esticadinhas.

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Aula 6 | Materiais alternativos 191

Para essa atividade, precisaremos dos seguintes

materiais:

Folhas secas e gravetos de diferentes

tamanhos;

Giz de cera;

Papel A4.

Processo:

Coloque as folhas e os gravetos por baixo do

papel, depois com o giz de cera deitado passe por cima

do papel. Peça para que mude a cor e a posição do

papel para ver o resultado.

Experimente, é muito divertido!

COMPOSIÇÃO COM VÁRIOS TIPOS DE GALHOS DE

MADEIRA

Materiais:

Vários gravetos (pequeno, médio);

Pó de serragem;

Cola;

Folhas de papel;

Argila ou gesso (opcional).

Procedimento:

Junte os gravetos e coloque-os em cima da

mesa, pegue uma folha de papel, faça uma composição

livre, que pode ser tridimensional ou bidimensional.

Você pode complementar com folhas e gravetos

uma modelagem com argila ou gesso, fixando esses

materiais na escultura depois de pronta, porém ainda

úmida.

Dica da professora

Você pode usar as folhas como carimbo. Pincele a folha com tinta guache depois pressione contra o papel.

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Aula 6 | Materiais alternativos 192

Observação: Se for trabalhar com crianças,

cuidado ao selecionar os gravetos a serem usados

(espinho).

A professora deve conhecer bem as técnicas de

arte e saber empregá-las de modo que atenda as

necessidades individuais de seus alunos.

EXERCÍCIO 1

Nesta aula, como vocês viram, tratamos de materiais

“não convencionais” e que dependem da criatividade de

cada um. Por isso, como não podia deixar de ser, as

atividades serão criadas por vocês.

Escolham 4 materiais alternativos e criem sessões

terapêuticas ou pedagógicas.

1ª atividade

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Aula 6 | Materiais alternativos 193

2ª atividade

3ª atividade

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Aula 6 | Materiais alternativos 194

4ª atividade

RESUMO

Vimos até agora:

Os materiais alternativos, sua utilização e

seus benefícios na saúde e na educação;

A analogia entre as atividades desenvolvidas

em sala de aula e na saúde;

A importância da descoberta dos materiais

alternativos para a arte tanto na saúde

quanto na educação;

As diferentes modalidades e técnicas

referentes aos materiais alternativos com

suas indicações de trabalhos em arte;

Os materiais alternativos e seus benefícios

tanto na saúde como na aprendizagem;

Entre curiosidade e histórias, sugerimos como

utilizar os diferentes materiais alternativos

em trabalhos envolvendo a arte:

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Aula 6 | Materiais alternativos 195

A areia;

As pedras;

As sementes e os grãos;

Os alimentos;

As folhas e as flores;

Os gravetos.

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS: AULA 1 – 1A; 2E. AULA 2 – 1B; 2E. AULA 3 – 1E; 2E. AULA 4 – 1C; 2B. AULA 5 – 1E; 2A.

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AV1 – Estudo Dirigido da Disciplina

CURSO: Linguagens Expressivas e História da Arte

DISCIPLINA: Linguagens dos Materiais

ALUNO(A): MATRÍCULA:

NÚCLEO REGIONAL: DATA: _____/_____/___________

QUESTÃO 1: Escolha entre a variedade de materiais de desenho e crie uma

atividade de arte para crianças do ensino fundamental, justificando a partir do

conteúdo estudado.

Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:

Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:

endereço eletrônico) – OPCIONAL:

Resposta (com as suas palavras):

QUESTÃO 2: Escolha uma técnica que você usaria para trabalhar com:

Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:

Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:

endereço eletrônico) – OPCIONAL:

Resposta (com as suas palavras):

Idoso - Não esquecendo de acrescentar o objetivo.

Criança - Também sem esquecer o objetivo

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QUESTÃO 3: Vá à internet e procure a escultura Pietá de Miguel Ângelo. A seguir

amplie suas dimensões para poder visualizá-la bem. Depois faça a sua leitura da

obra. Descreva a escultura, os sentimentos que ela expressa, e os sentimentos que

ela desperta em você.

Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:

Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:

endereço eletrônico) – OPCIONAL:

Resposta (com as suas palavras):

QUESTÃO 4: Lendo sobre a história da colagem, fica evidente que a história da

arte é a história da humanidade. Explique.

Indicação da página do módulo onde este assunto é apresentado:

Indicar referências de pesquisa complementar (livros: bibliografia e sites:

endereço eletrônico) – OPCIONAL:

Resposta (com as suas palavras):

Pietá – Miguel Ângelo

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ATENÇÃO:

Na realização das avaliações (AV1 e AV2), procure desenvolver uma

argumentação com suas próprias palavras.

Observe que é importante você realizar uma pesquisa aprofundada para atender

aos objetivos propostos consultando diferentes autores. No entanto, é

fundamental diferenciar o que é texto próprio de textos que possuem

outras autorias, inserindo corretamente as referências bibliográficas

(citações), quando este for o caso.

Vale lembrar que essa regra serve inclusive para os nossos módulos, utilizados

com freqüência para as respostas das avaliações.

Em caso de dúvidas, consulte o material sobre como realizar as citações diretas

e indiretas ou entre em contato com o tutor de sua disciplina.

AS AVALIAÇÕES QUE DESCONSIDERAREM ESTE PROCEDIMENTO ESTARÃO

SEVERAMENTE COMPROMETIDAS.

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AV2 – Trabalho Acadêmico de Aprofundamento

CURSO: Linguagens Expressivas e História da Arte

DISCIPLINA: Linguagens dos materiais.

ALUNO(A): MATRÍCULA:

NÚCLEO REGIONAL: DATA: _____/_____/___________

ATIVIDADE SUGERIDA: produção de arte / registro / relatório

INSTRUÇÕES:

Na disciplina de linguagens dos materiais estudamos sobre: os materiais gráficos,

as tintas, as massas, esculturas, colagens e vários outros materiais alternativos

como grãos, areias, sucatas, etc., correto? Pois é! Agora é hora de aplicá-lo. Vamos

lá!! Então você deverá fazer o seguinte:

1. Escolha um desses materiais trabalhados nas aulas e assim terá uma aula

específica para te dar suporte teórico e técnico.

2. Depois de escolhido a aula, deverá ter em mãos todo material dessa aula

para começarmos a trabalhar.

3. E então depois de tudo isso deverá produzir uma arte.

4. Mas tem mais!! Precisará tirar fotografias do início, do meio e do fim da

atividade. Se for usar argila ou tintas ou qualquer material que lhe suje as

mãos peça a alguem para lhe fotografar. Faz parte da atividade enviar pelo

mesnos três fotos marcando três momentos da realização do trabalho.

5. Por fim, além de nos enviar as fotos da atividade, deverá fazer um relatório

de todo o processo, desde a escolha do material até a arte final.

LEMBRE-SE:

Nós só precisamos das fotos e do relatório final.

Você não precisa nos enviar a arte, pois ela é sua.

Bom trabalho!!!

DICAS:

Não tenha medo de trabalhar com materiais que nunca trabalhou. Até porque aí

que está a graça.

Antes de começar a atividade tenha tudo em mãos.

Procure uma hora ou um local que tenha tranqüilidade e que possa ficar durante

um tempo sem ser incomodado (a).

Prepare com antecedência a maquina fotográfica para que na hora ela não venha

faltar, pois a atividade deverá ser obrigatoriamente fotografada.

Procure fazer o relatório o mais cedo possível. E... Mãos a obra!

Material escolhido:

Relato da observação:

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Fotos:

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