curso direito administrativo p/ tcm-rj 2016

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Aula 00 Direito Administrativo p/ TCM-RJ - Técnico de Controle Externo (Com videoaulas) Professor: Daniel Mesquita 00000000000 - DEMO

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  • Aula 00

    Direito Administrativo p/ TCM-RJ - Tcnico de Controle Externo (Com videoaulas)

    Professor: Daniel Mesquita

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  • Direito Administrativo p/ TCM-RJ Tcnico de Controle Externo.

    Teoria e exerccios comentados.

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    AULA 00: Princpios da Administrao Pblica.

    SUMRIO

    1. APRESENTAO 2

    2. CRONOGRAMA 5

    3. INTRODUO AULA INAUGURAL 7

    4. REGIME JURDICO-ADMINISTRATIVO 8

    5. CLASSIFICAO DOS PRINCPIOS NO DIREITO ADMINISTRATIVO 12

    5.1 ONIVALENTES, PLURIVALENTES, MONOVALENTES E SETORIAIS 12

    5.2. EXPLCITOS E IMPLCITOS: 16

    5.2.1 EXEMPLOS DE PRINCPIOS EXPLCITOS NA CONSTITUIO 17

    5.2.2 EXEMPLOS DE PRINCPIOS IMPLCITOS NA CONSTITUIO 17

    5.2.3 EXEMPLOS DE PRINCPIOS EXPLCITOS NA LEI 9.784/99 (LEI DE PROCESSO ADMINISTRATIVO) 18

    6. PRINCPIOS BASILARES 20

    6.1 PRINCPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO SOBRE O PARTICULAR 21

    6.2. PRINCPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PBLICO 25

    7. PRINCPIOS DO ART. 37, CAPUT, DA CF: O LIMPE!. 28

    7.1 PRINCPIO DA LEGALIDADE 30

    7.2 PRINCPIO DA IMPESSOALIDADE 36

    7.1 OUTROS PRINCPIOS CONSAGRADOS. 55

    8. RESUMO DA AULA 66

    9. QUESTES COMENTADAS 75

    10. QUESTES EM LISTA E GABARITO 98

    11. REFERNCIAS 115

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    1. Apresentao

    Bem vindos ao curso de noes de Direito Administrativo,

    preparatrio para o concurso do TCM-RJ, cargo de Tcnico de Controle

    Externo.

    A banca organizadora do concurso a IBFC e as provas sero

    aplicadas no dia 16 de Outubro.

    Voc deve estar pensando: esse curso suficiente para a minha

    aprovao?

    sim! E vou explicar a razo.

    O nosso material super completo, pois possui vdeos e aulas em

    pdf. Veja bem, so aulas em pdf e no apostilas.

    Nessas aulas em pdf voc vai ter todo o contedo cobrado em seu

    edital, nada mais, nada menos. Assim, voc no precisa ir at uma

    livraria, ficar folheando sumrios para ver se o livro que voc quer

    adquirir atende ao edital.

    Alm disso, o nosso pdf cheio de questes comentadas da banca

    do seu concurso e de concursos do mesmo estilo que a sua banca. Assim,

    voc no vai precisar procurar questes em sites de questes eu j fiz

    isso para voc!

    Outro elemento fundamental do nosso pdf para a sua aprovao

    so os resumos ao final de cada aula.

    Por fim, se voc tiver dvidas, pode tir-las em nosso frum!

    Se voc continua em dvida, veja as avaliaes que tivemos de

    nossos alunos nos ltimos cursos ministrados:

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    Uma inovao a disponibilizao de um nmero de whatsapp

    (61) 9432-6886 para que voc tenha um meio direto de tirar as dvidas

    comigo.

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    Meu amigo tenha isso em mente: SE VOC ESTUDAR, VOC VAI

    PASSAR E SE VOC PASSAR, VOC VAI SER CHAMADO!

    Hoje eu estou aqui desse lado, tentando passar o caminho das

    pedras pra voc, mas lembre-se de que eu j estive a, onde voc est

    agora.

    Segue um resumo do meu currculo pra voc me conhecer melhor:

    Daniel Mesquita: Professor de Direito Administrativo no

    Estratgia Concursos desde o incio do site. Procurador do Distrito

    Federal. Bacharel em Direito pela Universidade de Braslia UnB. Mestre em "Constituio e Sociedade pelo Instituto Brasiliense de Direito Pblico - IDP. Ps-graduado em direito pblico. Ps-graduando

    em Direito Societrio pelo INSPER. Coautor do livro Direito

    Administrativo da Srie Advocacia Pblica, da editora Mtodo. Coautor

    do livro Direito Administrativo 4001 questes comentadas, Ed. Mtodo.

    Coautor do livro Direito Constitucional 4001 questes comentadas, Ed.

    Mtodo. Artigo no livro Licitaes, Contratos e Convnios

    Administrativos, Ed. Frum, ano 2013, n.1, jan. 2013. Professor de

    Direito Administrativo, tica no Servio Pblico e de Estatuto da OAB.

    Ex-Procurador Federal. Ex-Presidente da Associao dos Procuradores

    do Distrito Federal, binio 2010/2012. Ex-Analista Judicirio do

    Tribunal Superior Eleitoral. Ex-Tcnico judicirio no Superior Tribunal

    de Justia. Foi examinador de direito administrativo em diversas

    bancas de concurso pblico, dentre elas, as de ingresso nas carreiras

    da AGU, da administrao pblica federal, na OAB, no Ministrio Pblico

    e no Poder Judicirio. Aprovaes em concurso pblico: Tcnico do

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    Superior Tribunal de Justia; Analista do Tribunal Superior Eleitoral;

    Procurador Federal/AGU; Procurador do Distrito Federal.

    Veja que j fui aprovado em vrios concursos e que j fui,

    inclusive, examinador de bancas de concurso.

    Mas nem tudo na vida so louros. Na minha fase de concursando

    obtive tambm derrotas e reprovaes. Desanimei por algumas vezes,

    mas continuei firme em meu objetivo, pois s no passa em concurso

    quem para de estudar!

    Espero que a minha experincia possa ajud-lo no estudo do

    direito administrativo.

    Vamos tomar cuidado com os erros mais comuns, aprofundar nos

    contedos mais recorrentes e dar a matria na medida certa, assim como

    um bom mdico prescreve um medicamento.

    Para que esse medicamento seja suficiente, ele deve atacar todos

    os sintomas e, ao mesmo tempo, deve ser eficiente contra o foco da

    doena. Isso quer dizer que no podemos deixar nenhum ponto do edital

    para trs.

    Todos esses instrumentos voc ter a sua disposio para encarar

    a batalha.

    2. Cronograma

    Abaixo, segue o contedo do nosso curso, bem como o

    cronograma:

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    AULA CONTEDO DATA

    Aula

    00.

    regime jurdico administrativo: princpios bsicos do direito administrativo, princpios fundamentais constitucionais expressos e implcitos da administrao pblica.

    25/07

    Aula

    01.

    organizao administrativa da administrao: administrao direta e indireta; conceito e composio; autarquias, fundaes pblicas, sociedades de economia mista

    disponvel

    Aula

    02.

    4. atos administrativos: conceito, caractersticas e requisitos; elementos; mrito do ato administrativo; atributos do ato administrativo; classificao dos atos administrativos; pressupostos; espcies de atos administrativos; invalidao, revogao e convalidao dos atos administrativos; vinculao e discricionariedade

    disponvel

    Aula

    03.

    5. poderes e deveres dos administradores; uso e abuso dos poderes; poder discricionrio, regulamentar, poder de polcia; hierarquia e disciplina na administrao

    disponvel

    Aula

    04. servios pblicos: conceito, elementos e classificao 28/07

    Aula

    05.

    6. licitao: conceito, finalidades, fundamentos e objeto da licitao; princpios da licitao; obrigatoriedade; ABUSO NA CONTRATAO DIRETA; PROCEDIMENTOS (AS FASES DA LICITAO); TIPOS DE LICITAO; MODALIDADES; REVOGAO E ANULAO; LEI 8.666/93.

    disponvel

    Aula

    06.

    ; DISPENSA; INEXIGIBILIDADE E VEDAO; MOTIVAO DOS ATOS DE DECLARAO DE INEXIGIBILIDADE E DE DISPENSA DE LICITAO;

    disponvel

    Aula

    07. LEI 10.520/2002; disponvel

    Aula

    08.

    7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITO, SUJEITOS E ESPCIES; PECULIARIDADES (CARACTERSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS); CLUSULAS EXORBITANTES; INTERPRETAO; FORMALIZAO; EXECUO (GARANTIAS PARA EXECUO DO CONTRATO); EXTINO E PRORROGAO DO CONTRATO; REVISO E RESCISO; INEXECUO; DURAO E RENOVAO; SANES ADMINISTRATIVAS;

    disponvel

    Aula

    09. BATERIA DE EXERCCIOS IBFC 05/08

    Aula

    10.

    8. AGENTES PBLICOS: CLASSIFICAO DOS AGENTES PBLICOS; ORGANIZAO DO SERVIO PBLICO; REGIMES JURDICOS FUNCIONAIS; RGOS PBLICOS; SERVIDORES PBLICOS; NORMAS CONSTITUCIONAIS

    29/07

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    3. Introduo Aula Inaugural

    ESPECFICAS CONCERNENTES AOS SERVIDORES PBLICOS; ESTATUTO DOS FUNCIONRIOS PBLICOS DO RIO DE JANEIRO, LEI 94/79 E ALTERAES.

    Aula

    11.

    DIREITOS. CONCURSO PBLICO; ACESSIBILIDADE, ESTABILIDADE, REMUNERAO ESTATUTO DOS FUNCIONRIOS PBLICOS DO RIO DE

    JANEIRO, LEI 94/79 E ALTERAES.

    01/08

    Aula

    12.

    DEVERES DOS SERVIDORES PBLICOS; RESPONSABILIDADES DOS SERVIDORES PBLICOS; ACUMULAO DE CARGOS E FUNES; ESTATUTO DOS FUNCIONRIOS PBLICOS DO RIO DE JANEIRO, LEI 94/79 E ALTERAES.

    01/08

    Aula

    13.

    responsabilidade civil da administrao: conceito, a responsabilidade objetiva do estado, direito de regresso, a responsabilidade subjetiva, ao de reparao de danos, ao regressiva, responsabilidades civil, penal e administrativa do agente pblico.

    disponvel

    Aula

    14.

    controle da administrao pblica: conceito, tipos e classificao das formas de controle (formas de controle); controle interno e externo; controle exercido pela administrao sobre seus prprios atos (controle administrativo): recursos administrativos (legalidade objetiva, oficialidade, informalismo, verdade material e contraditrio e ampla defesa); controle de mrito e de legalidade

    disponvel

    Aula

    15.

    bens pblicos: conceito, classificao e regime jurdico dos bens pblicos; administrao, gesto e alienao dos bens pblicos; caractersticas dos bens pblicos (inalienabilidade, imprescritibilidade, impenhorabilidade e no-onerao); da alienabilidade condicionada; aquisio de bens pela administrao; afetao e desafetao

    03/08

    Aula

    16. bateria ii -ibfc 17/08

    Aula

    17.

    14. processo administrativo no municpio do rio de janeiro. (lei n 133 de 19.11.1979; decreto n 2477 de 25.10.1980 e decreto n 13150 de 14.08.1994).

    disponvel

    Aula

    18. REGIME PREVIDENCIRIO E APOSENTADORIA. 08/08

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    Nesta aula inaugural de Direito Administrativo, vamos abordar um

    tema importante da matria: regime jurdico administrativo: princpios

    bsicos do direito administrativo, princpios fundamentais constitucionais

    expressos e implcitos da administrao pblica.

    No se esquea de que, ao final, voc ter um resumo da aula e

    as questes tratadas ao longo dela. Use esses dois pontos da aula na

    vspera da prova!

    Programe-se para ler os resumos na semana que antecede a

    prova. Lembre-se: o planejamento fundamental.

    No que depender de mim voc est dentro! Acredite voc capaz!

    4. Regime jurdicoadministrativo

    o conjunto harmnico de regras e princpios que guardam

    correlao lgica entre si e compem o Direito Administrativo.

    No Direito Administrativo, a Administrao Pblica est vinculada

    s normas e aos princpios. Assim, se existe uma lei regulando

    determinado tema, essa lei deve ser aplicada pelo agente pblico. Se no

    houver uma lei especfica para a situao, ele deve se valer dos princpios

    da Administrao Pblica para resolver a situao.

    A palavra princpio vem do latim principium, que significa

    incio, comeo, origem das coisas. Para Celso Antnio Bandeira de Mello

    (2000, p.747-48), Princpio [...] , por definio, mandamento nuclear

    de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposio fundamental que se

    irradia sobre diferentes normas compondo o esprito e servindo de critrio

    para sua exata compreenso e inteligncia exatamente por definir a

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    lgica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tnica

    e lhe d sentido harmnico.

    Ao contrrio das normas, que possuem estrutura fechada, pois

    informam o que nelas est escrito, de forma objetiva, os princpios

    possuem uma estrutura aberta, admitindo maior abstrao e pluralidade

    de interpretaes.

    Voc ver ao longo de nosso curso que o Direito Administrativo

    no se estrutura a partir de um cdigo desse ramo do direito, uma vez

    que no h um conjunto sistematizado de normas como o Cdigo Civil

    para disciplinar a atividade administrativa. O que h so diversas leis e

    alguns princpios que orientam essa atividade.

    Voc observar, ainda, que todas as leis e princpios do direito

    administrativo fundamentam-se em dois princpios basilares: a

    supremacia do interesse pblico sobre o particular e a

    indisponibilidade do interesse pblico. Esses princpios so

    chamados de basilares porque orientam no s a atividade do

    administrador pblico, mas tambm do Poder Legislativo ao editar as leis

    do regime jurdico-administrativo.

    Assim, deve-se considerar que o conceito de regime jurdico

    administrativo (como conjunto harmnico de regras e princpios) deve

    ser sempre permeado pelas ideias da indisponibilidade e supremacia do

    interesse pblico. Nesse sentido, Di Pietro destaca que a expresso

    regime jurdico administrativo reservada to-somente para abranger o

    conjunto de traos, de conotaes que tipificam o Direito Administrativo,

    colocando a Administrao Pblica numa posio privilegiada, vertical, na

    relao jurdico-administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime

    administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e

    sujeies.

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    Todos os princpios que se incluem listados no Regime Jurdico

    guardam coerncia lgica com os demais princpios e por isso, muitas

    vezes, possvel que diversos deles sejam aplicados a mesma situao

    concreta. Na maioria das vezes, eles confluem, ou seja, um corrobora

    com o outro e todos podem ser aplicados ao mesmo tempo.

    Entretanto, em algumas situaes esses princpios entram em

    conflito e fica bastante difcil decidir qual deles deve ser aplicado em

    detrimento do outro. Nessas situaes difceis, entra em cena a Teoria

    das Ponderaes. Ela foi desenvolvida para auxiliar e guiar a atuao

    do aplicador do Direito para que faa a melhor escolha quando estiver

    diante de uma situao como essa. Ela largamente aplicada no apenas

    em Direito Administrativo, por isso, importante que vocs a conheam.

    Em Direito, sabemos que, ao aplicarmos uma regra, essa exclui

    as demais que se contrapem a ela. No caso do princpio, a aplicao

    de um deles no exclui automaticamente a aplicao de outro. Por isso,

    quem vai aplicar o direito situao ftica deve eleger, dentre o leque

    de princpios disponveis, qual deles preserva o interesse mais

    importante, que merece maior proteo em face do caso concreto.

    Vamos ver um caso em que o Supremo Tribunal Federal aplicou

    essa teoria:

    EMENTA: ATO ADMINISTRATIVO. Terras pblicas estaduais.

    Concesso de domnio para fins de colonizao. rea superior

    a dez mil hectares. Falta de autorizao prvia do Senado

    Federal. Ofensa ao art. 156, 2, da Constituio Federal de

    1946, incidente data dos negcios jurdicos translativos de

    domnio. Inconstitucionalidade reconhecida. Nulidade no

    pronunciada. Atos celebrados h 53 anos. Boa-f e confiana

    legtima dos adquirentes de lotes. Colonizao que implicou,

    ao longo do tempo, criao de cidades, fixao de famlias,

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    construo de hospitais, estradas, aeroportos, residncias,

    estabelecimentos comerciais, industriais e de servios, etc.

    Situao factual consolidada. Impossibilidade jurdica de

    anulao dos negcios, diante das consequncias desastrosas

    que, do ponto de vista pessoal e socioeconmico, acarretaria.

    Aplicao dos princpios da segurana jurdica e da proteo

    confiana legtima, como resultado da ponderao de

    valores constitucionais. Ao julgada improcedente, perante

    a singularidade do caso. (...) (ACO 79)

    Nesse caso, uma ocupao urbana se consolidou contrariando de

    forma expressa uma exigncia da Constituio de 1946. Diante do grande

    lapso de tempo decorrido entre o vcio do ato administrativo apontado e

    a situao atual, considerando o crescimento de cidades na rea, no

    houve a declarao de nulidade do ato administrativo.

    Foi feita, portanto, uma ponderao entre o princpio da

    legalidade, de um lado, e o da segurana jurdica, de outro, concluindo o

    Tribunal pela manuteno da situao ftica, o que fez prevalecer o

    princpio da segurana jurdica no caso concreto.

    Viram, essa teoria no precisa ser conhecida com grande

    profundidade, basta que vocs tenham conscincia de que ela existe e

    qual seu preceito bsico, qual seja, ponderar entre princpios

    dissonantes aquele que encontra melhor aplicabilidade diante do caso

    concreto.

    1. (CESPE -2016 -TRE-PI- Tcnico Administrao)

    O regime jurdico-administrativo caracteriza-se

    Questes de concurso

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    a) pelas prerrogativas e sujeies a que se submete a

    administrao pblica.

    b) pela prevalncia da autonomia da vontade do indivduo.

    c) por princpios da teoria geral do direito.

    d) pela relao de horizontalidade entre o Estado e os

    administrados.

    e) pela aplicao preponderante de normas do direito privado.

    Di Pietro destaca que a expresso regime jurdico administrativo

    reservada to-somente para abranger o conjunto de traos, de

    conotaes que tipificam o Direito Administrativo, colocando a

    Administrao Pblica numa posio privilegiada, vertical, na relao

    jurdico-administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime

    administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e

    sujeies.

    Gabarito: Letra A.

    5. Classificao dos princpios no Direito

    Administrativo

    5.1 Onivalentes, Plurivalentes, Monovalentes e Setoriais

    Digenes Gasparini divide a categoria dos princpios de acordo

    com a sua origem e aplicabilidade. A diviso feita pelo autor a seguinte:

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    a) Onivalentes (ou Universais): vlidos para qualquer

    cincia. Ex.: princpio de no contradio: Uma coisa no pode ser e no ser ao mesmo tempo.

    b) Plurivalentes (ou Regionais): vlidos para um grupo de

    cincias. Ex.: princpio da causalidade, nas cincias naturais:

    causa corresponde um dado efeito.

    c) Monovalentes: valem s para uma cincia. Ex.: os

    princpios gerais do direito.

    Ateno! Di Pietro e Cretella Jnior acrescentam mais um item a

    esta classificao:

    d) Setoriais: valem para setores especializados que compe

    uma determinada cincia. Ex.: princpios processuais penais.

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    Vlidos para qualquer

    cincia.

    Ex. Princpio da no

    contradio.

    2. (MPE-SC/2013 MPE SC Promotor de Justia) Analise o enunciado da questo abaixo e assinale certo (C) ou errado (E):

    ONIVALENTES (ou UNIVERSAIS)

    PLURIVALENTES (ou REGIONAIS)

    MONOVALENTES

    SETORIAIS Valem para um setor

    especializado de

    uma cincia.

    Ex.: princpios processuais penais.

    Valem s para uma

    cincia.

    Ex. os princpios gerais do direito.

    Vlidos para um

    grupo de cincias

    Ex. Princpio da causalidade.

    Questes de concurso

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    Os princpios da Administrao Pblica podem ser

    classificados em onivalentes, comuns a todos os ramos do

    saber; plurivalentes ou regionais, que informam os diversos

    setores em que se dividem determinada cincia; setoriais,

    comuns a um grupo de cincias, informando-as nos aspectos

    em que se interpenetram; e monovalentes, que se referem a

    um s campo do conhecimento.

    Depois do quadro que colocamos acima ficou fcil, no ? A

    questo inverte os conceitos de Princpios Plurivalentes (ou Regionais),

    que, na verdade, informam um grupo de cincias (como, por ex., o

    Princpio da Causalidade, vlido para as cincias naturais, lembram?) com

    o conceito dos Princpios Setoriais, que embasam um determinado ramo

    autnomo de uma dada cincia (exemplificamos acima com os princpios

    processuais penais). Gabarito: errado.

    3. (CESPE/2014 TJ/SE - Titular de Servios de Notas e de Registros) O princpio administrativo da

    autotutela considerado um princpio onivalente.

    Ainda nem estudamos o Princpio da Autotutela, mas,

    familiarizados com o conceito de Princpios Onivalentes, j conseguimos

    responder intuitivamente esta questo, no ? Ora, Onivalentes so os

    princpios aplicveis a todas as cincias, sendo incongruente esse

    conceito com a prpria denominao do princpio administrativo da

    autotutela, posta na questo. Autotutela um Princpio Setorial, que

    informa especificamente o Direito Administrativo (setor especializado da

    cincia jurdica), fazendo parte do regime jurdico administrativo.

    Significa a possibilidade de a administrao rever os prprios atos que

    sejam ilegais (anulao) ou inconvenientes/inoportunos (revogao).

    Gabarito: errado.

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    5.2. Explcitos e Implcitos:

    Os princpios podem ser classificados ainda como implcitos e

    explcitos.

    a) Princpios explcitos: Encontram-se previstos

    expressamente na Constituio Federal e/ou nas normas

    infraconstitucionais. Esto positivados (escritos) no

    ordenamento jurdico.

    b) Princpios implcitos: No esto expressos nas normas

    jurdicas, mas surgem em decorrncia dos julgados, da

    necessidade do ordenamento jurdico. Ou seja, no est l

    exatamente escrito, mas ele existe.

    possvel que o princpio esteja implcito na Constituio, mas

    expresso na norma infraconstitucional, e assim tambm ocorre de forma

    inversa. Por isso, quando analisamos esta classificao, precisamos

    verificar se o examinador indica um local especfico para a nossa anlise

    (exemplo: "princpio constitucional explcito") ou se ele refere o nosso

    ordenamento jurdico de modo geral.

    Para ilustrar isso, tomemos o princpio da segurana jurdica, que

    um exemplo tradicional e importante de princpio constitucional

    implcito, porque, embora no escrito na Constituio, tem seu

    embasamento no art. 5, XXXVI, da CF. Esse mesmo princpio da

    segurana jurdica vem previsto expressamente no art. 2 da Lei de

    Processo Administrativo (Lei 9.784/99), sendo um princpio expresso

    para a administrao pblica federal (j que este o mbito de incidncia

    da aludida lei).

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    5.2.1 Exemplos de Princpios Explcitos na Constituio

    5.2.2 Exemplos de Princpios Implcitos na Constituio

    ART. 37, CAPUT, DA CF

    "LIMPE"

    DISPOSITIVOS ESPARSOS

    EX. DE PRINCPIOS

    EXPLCITOS NA

    CONSTITUIO

    Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficincia

    Responsabilidade Civil do Estado

    Isonomia (igualdade formal)

    Controle judicial dos atos

    administrativos

    Devido Processo Legal

    Contraditrio

    Ampla defesa 00000000000

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    5.2.3 Exemplos de Princpios Explcitos na Lei 9.784/99 (Lei de

    Processo Administrativo)

    Os princpios a seguir listados esto todos previstos no art. 2 da

    Lei 9.784/99 (Lei que regula o processo administrativo no mbito da

    Administrao Pblica Federal):

    PRINCPIOS IMPLCITOS NA

    CONSTITUIO

    Supremacia do interesse pblico

    Indisponibilidade

    Autotutela

    Razoabilidade / Proporcionalidade

    Segurana jurdica

    Continuidade dos Servios Pblicos

    Motivao

    Finalidade

    Presuno de Legitimidade

    Especialidade

    Tutela ou controle

    Oficialidade

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    4. (FUNIVERSA 2016 - IF-AP - Auxiliar de Administrao)

    Os princpios que regem a Administrao Pblica podem ser

    divididos em dois grupos: os expressos e os implcitos ou

    reconhecidos. A propsito desse assunto, assinale a

    Questes de concurso

    Legalidade

    Finalidade

    Impessoalidade

    Moralidade

    Publicidade

    Razoabilidade

    Proporcionalidade

    Motivao

    Ampla Defesa

    Contraditrio

    Segurana Jurdica

    Interesse Pblico

    Eficincia

    Impulso oficial

    PRINCPIOS EXPLCITOS

    NA LEI 9.784/99

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    alternativa que apresenta apenas princpios expressamente

    previstos na Constituio Federal de 1988 (CF).

    a) legalidade, moralidade, eficincia e continuidade dos

    servios pblicos

    b) legalidade, moralidade, impessoalidade, eficincia e

    supremacia do interesse pblico

    c) legalidade, moralidade, eficincia, continuidade dos

    servios pblicos e supremacia do interesse pblico

    d) legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade,

    proporcionalidade e autotutela

    e) legalidade, publicidade, moralidade, eficincia e

    impessoalidade

    A banca pediu o LIMPE que acabamos de ver.

    Conforme diz a CF/88: Art. 37. A administrao pblica direta

    e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do

    Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de

    legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

    eficincia e, tambm, ao seguinte (...).

    Gabarito: Letra e.

    6. Princpios basilares

    Como vimos, os princpios basilares (os mais importantes do

    Direito administrativo, dos quais todos os demais princpios decorrem)

    so o da supremacia do interesse pblico sobre o particular (ou

    princpio do interesse pblico) e o da indisponibilidade.

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    Celso Antnio Bandeira de Melo se refere a esses dois princpios

    basilares como sendo as "pedras de toque" do direito administrativo.

    Mas o que isso significa? A pedra-de-toque utilizada na ourivesaria para

    avaliar a pureza dos metais que nela se esfregam. Moral da histria?

    Esses princpios so to importantes, que sempre devem ser os

    parmetros para avaliar as situaes e normas envolvendo o direito

    administrativo.

    5. (CESPE/2015 - TRE/GO - Tcnico Judicirio - rea

    Administrativa) O regime jurdico-administrativo brasileiro

    est fundamentado em dois princpios dos quais todos os

    demais decorrem, a saber: o princpio da supremacia do

    interesse pblico sobre o privado e o princpio da

    indisponibilidade do interesse pblico.

    Como vimos, os princpios da supremacia do interesse pblico sobre

    o privado e da indisponibilidade do interesse pblico so os centrais do

    regime jurdico-administrativo. Portanto, alternativa correta. Gabarito:

    Correto.

    Vamos a eles!!

    6.1 Princpio da supremacia do interesse pblico sobre

    o particular

    Questo de concurso

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    Por esse princpio constitucional implcito e basilar do direito

    administrativo, entendemos que sempre que houver conflito entre

    interesse pblico e o particular deve prevalecer o interesse pblico, que

    representa a coletividade.

    A supremacia do interesse pblico orienta todo o regime jurdico

    administrativo e significa a superioridade do interesse pblico frente

    aos interesses particulares.

    Do princpio da supremacia do interesse pblico decorre o carter

    instrumental da administrao pblica, de modo que a administrao

    pblica deve servir como instrumento realizao do interesse pblico,

    do interesse da coletividade.

    Tambm em decorrncia desse princpio, a Administrao Pblica

    goza de poderes e prerrogativas especiais com relao aos

    administrados, o que faz com que o poder pblico possa atuar imediata

    e diretamente em defesa do interesse coletivo, fazendo prevalecer

    a vontade geral sobre a vontade individual.

    Diz-se, portanto, que a relao entre Estado X indivduo de

    verticalidade. As ordens do Estado se impem aos indivduos de forma

    unilateral.

    Isso no quer dizer que os entes pblicos podem fazer o que bem

    entendem com os indivduos. A supremacia no absoluta, deve

    respeitar os direitos individuais e coletivos previstos na Constituio (p.

    ex.: liberdade, propriedade, devido processo legal, moradia, sade etc.)

    e deve ser exercida sempre visando o interesse pblico.

    ALERTA MXIMO! ALERTA MXIMO!

    Nunca se esquea: o princpio da supremacia do interesse pblico

    sobre o privado limitado tambm pela proporcionalidade, ou seja,

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    o ato praticado pelo administrador s ser legtimo se o meio utilizado

    por ele for adequado para atender ao fim perseguido.

    Se ele abusar, tomar uma medida gravosa ao administrado e

    desnecessria ou se escolher um meio inadequado, o princpio da

    supremacia no vai proteger esse administrador.

    Voc j ouviu falar em interesse pblico primrio? Existe

    interesse pblico secundrio? Existe sim, meus caros, leiam com ateno.

    O interesse pblico primrio coincide com a realizao de

    polticas pblicas voltadas para o bem estar social. Pode ser

    compreendido como o prprio interesse social, o interesse da coletividade

    como um todo.

    O interesse pblico secundrio decorre do fato de que o Estado

    tambm uma pessoa jurdica que pode ter interesses prprios,

    particulares. Esses interesses existem e devem conviver no contexto dos

    demais interesses individuais. Assim, o interesse pblico secundrio no

    se est protegido pelos ditames da supremacia aqui estudada. De regra,

    o interesse secundrio tem cunho patrimonial.

    Portanto, quando falamos em princpio da supremacia estamos

    nos referindo prevalncia do interesse pblico primrio (coletivo)

    sobre o interesse privado (individual).

    Por isso que o princpio da supremacia inaplicvel s relaes da

    Administrao Pblica regidas pelo direito privado. Por exemplo: quando

    o Estado est explorando atividade econmica em um mercado

    concorrencial, ele no goza dessa supremacia, sob pena de acabar com

    as demais empresas do ramo e violar o princpio da livre concorrncia

    garantido na Constituio. por isso que o art. 173, 2, da CF, dispe

    que as empresas pblicas e as sociedades de economia mista no

    podero gozar de privilgios fiscais no extensivos s do setor privado.

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    Por fim, no toa que o princpio da supremacia do interesse

    pblico um princpio basilar do direito administrativo. em razo dele

    que existe o poder de polcia (que o poder de que dispe a

    administrao pblica para condicionar ou restringir o uso de bens e o

    exerccio de direitos ou atividades pelo particular, em prol do bem-estar

    da coletividade - Marcelo Alexandrino 2010, p. 239). Alm disso, em

    razo dele que se diz que o poder pblico tem a seu dispor as clusulas

    exorbitantes dos contratos administrativos e pode desapropriar

    bens particulares.

    Questes de concurso

    Prerrogativas decorrentes do princpio da supremacia: - Possibilidade de a Administrao criar obrigaes para os particulares, por

    meio de ato unilateral (ex. poder de polcia);

    - Possibilidade de a Administrao modificar, unilateralmente, relaes j

    estabelecidas com os particulares (ex. clusulas exorbitantes);

    - Presuno de veracidade e legitimidade dos atos administrativos;

    - Poder de autotutela (revogao de atos administrativos, nos limites da lei,

    mediante manifestao unilateral de vontade e anulao de seus prprios atos

    quando viciados);

    - Prazos maiores para interveno ao longo de processo judicial;

    - Prazos especiais para prescrio das aes em que parte o Poder Pblico;

    - Interveno na propriedade privada (ex. desapropriao).

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    6. (CESPE/2013 - TRT/10 REGIO (DF e TO) -

    Analista Judicirio - rea Judiciria) O princpio da

    supremacia do interesse pblico , ao mesmo tempo, base e

    objetivo maior do direito administrativo, no comportando,

    por isso, limites ou relativizaes.

    No caiam nessa pegadinha! Nenhum princpio absoluto!

    Portanto, afirmar que o princpio no comporta limites e relativizaes

    ser sempre um erro! Gabarito: errado.

    7. (CESPE/2012 - TJ/RR - Analista Processual) O

    princpio da supremacia do interesse pblico vincula a

    administrao pblica no exerccio da funo administrativa,

    assim como norteia o trabalho do legislador quando este edita

    normas de direito pblico.

    O princpio da supremacia do interesse pblico norteia no s a

    atividade do Poder Executivo, mas do Estado como um todo, inclusive do

    Poder Legislativo, pois nenhum agente ou rgo pblico pode visar

    primeiramente o interesse particular, mas sim o interesse pblico.

    Gabarito: correto.

    Vamos agora ao princpio da indisponibilidade do interesse

    pblico?

    6.2. Princpio da indisponibilidade do interesse pblico

    Esse princpio - que basilar e encontra-se implcito na

    Constituio - preconiza que o administrador exerce a funo pblica

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    em nome e no interesse do povo, logo, no pode abrir mo/dispor

    livremente daquilo que no seu, devendo sempre atuar nos estritos

    limites da lei.

    O princpio da indisponibilidade, assim, decorre da ideia de que os

    interesses da Administrao no so de uma pessoa, de um agente, ou

    de um determinado partido ou "governo", mas de toda a coletividade, de

    modo que no podem ser apropriados, pois no pertencem a ningum de

    forma especfica. Nesse sentido, por exemplo, o administrador no pode

    criar entraves, criar empecilhos futura administrao.

    Nas palavras de Bandeira de Melo (2010, p. 74), nem mesmo o

    prprio rgo administrativo que os representa no tem disponibilidade

    sobre eles, no sentido de que lhe incumbe apenas cur-los o que

    tambm um dever na estrita conformidade do que predispuser a

    intentio legis. Continua o autor, afirmando que a noo de administrao

    ope-se ideia de propriedade.

    Esse princpio impe uma srie de restries (sujeies) conduta

    administrativa, trazendo como decorrncias, entre outras: a proibio de

    alienar bens pblicos enquanto afetados finalidade pblica, restries

    alienao de bens pblicos; necessidade de concurso pblico para

    admisso de pessoal; necessidade de licitao para celebrao de

    Indisponibilidade do interesse pblico

    Princpio Implicto

    Conceito

    O interesse pblico, qualificado como prprio da coletividade, indisponvel,

    inaproprivel

    Na administrao Pblica,os bens e interesses no esto

    "a livre disposio" da vontade do administrador .

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    contratos administrativos; proibio de renncia de receita, salvo

    autorizao legal etc.

    a partir da indisponibilidade do interesse pblico que surgem os

    princpios da legalidade, da finalidade, da razoabilidade, da

    proporcionalidade, da motivao, da responsabilidade do Estado, da

    continuidade do servio pblico, do controle dos atos administrativos, da

    isonomia e da publicidade.

    8. (IBFC/2013 - SEPLAG/MG - Prova: Direito) O interesse pblico, sendo qualificado como prprio da

    coletividade, no se encontra livre disposio de quem quer

    que seja, por inapropriveis. Ao prprio rgo administrativo

    que o representa incumbe apenas guard-lo e realiz-lo. O texto refere-se ao:

    a) Princpio da Legalidade

    b) Princpio da Eficincia.

    c) Princpio da Indisponibilidade do Interesse Pblico.

    d) Princpio da Impessoalidade

    Tranquila a questo que, embora tenha um errinho de portugus

    no seu enunciado, traz bem a noo do princpio da indisponibilidade do

    interesse pblico. Gabarito: C.

    9. (CESPE/2014 - Cmara dos Deputados - Analista

    Legislativo) A respeito do regime jurdico administrativo,

    julgue o item a seguir.

    Questes de concurso

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    O princpio da indisponibilidade do interesse pblico no

    impede a administrao pblica de realizar acordos e

    transaes.

    Questo muito interessante e atual. O STF entende ser possvel

    atenuar o princpio da indisponibilidade do interesse pblico, em

    particular na realizao da transao, quando o ato no se demonstrar

    oneroso para a Administrao e representar a melhor maneira para

    realizar o interesse coletivo. Ateno para a ementa do RE 252.885/MG:

    Poder Pblico. Transao. Validade. Em regra, os bens e o

    interesse pblico so indisponveis, porque pertencem coletividade. ,

    por isso, o Administrador, mero gestor da coisa pblica, no tem

    disponibilidade sobre os interesses confiados sua guarda e realizao.

    Todavia, h casos em que o princpio da indisponibilidade do interesse

    pblico deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que a

    soluo adotada pela Administrao a que melhor atender ultimao

    deste interesse. (...). (STF. 1 T. RE n. 253.885/MG. Rel. Min. Ellen

    Gracie. DJ de 21/06/2002). Gabarito: Certo.

    7. Princpios do art caput da CF o LIMPE

    Passemos agora a tratar dos princpios do LIMPE, tambm

    conhecidos por Princpios Mnimos do Direito Administrativo, que so

    princpios expressos destacados no caput do art. 37 da Constituio:

    Legalidade Impessoalidade Moralidade

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    Publicidade Eficincia

    Da leitura do art. 37, caput, percebemos que os princpios do

    LIMPE so aplicveis:

    - administrao direta e indireta;

    - administrao de todos os poderes: Executivo,

    Legislativo e Judicirio.

    - em todas as esferas federativas: Unio, Estados, DF e

    Municpios;

    Ento, os princpios do LIMPE so aplicveis tambm s

    autarquias (e agncias reguladoras), fundaes, empresas pblicas e

    sociedades de economia mista, bem como nos poderes Executivo,

    Legislativo e Judicirio e, ainda, em todos os nveis da federao, perante

    a Unio, Estados, Distrito Federal e Municpio.

    Desse modo, o Frum de Barreiras BA (pertence ao Poder

    Judicirio da Bahia), ao fazer uma compra de impressora, deve observar

    os princpios do LIMPE. A PETROBRS (sociedade de economia mista), ao

    gerir o seu RH, deve observar os princpios do LIMPE. O INSS (autarquia

    federal), ao cuidar dos seus bens, deve atentar para esses princpios.

    Art. 37, caput, CF - A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade , impessoalidade , moralidade , publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte (...)

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    10. (CESPE/2011 - TRE/ES - Tcnico Judicirio) Os

    princpios elencados na Constituio Federal, tais como

    legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

    eficincia, aplicam-se administrao pblica direta,

    autrquica e fundacional, mas no s empresas pblicas e

    sociedades de economia mista que explorem atividade

    econmica.

    As empresas pblicas e as sociedades de economia mista tambm

    compem a Administrao Pblica indireta. Mesmo aquelas que exploram

    atividade econmica, esto obrigadas a seguir os princpios do LIMPE,

    porque so integrantes da administrao pblica. Por isso, a questo est

    errada. s voc fazer a leitura atenta do art. 37 da CF. Gabarito: errado.

    Tranquilo, no ? Ento vamos adentrar um pouco mais no

    PRINCPIO DA LEGALIDADE, o primeiro princpio expresso no art. 37

    da CF.

    7.1 Princpio da legalidade Erro! Indicador no definido.

    simples, de acordo com o princpio da legalidade, a

    Administrao s pode agir de acordo com a lei. Para a

    administrao Pblica, vige o princpio da legalidade administrativa ou

    princpio da legalidade estrita, em decorrncia do qual o

    administrador pblico somente pode atuar conforme determina a

    lei, amplamente considerada, abarcando todas as formas legislativas,

    desde o prprio texto constitucional, at as leis ordinrias,

    Questo de concurso

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    complementares e delegadas. No existindo previso ou autorizao na

    lei ou no ordenamento jurdico como um todo, est proibida a atuao do

    ente pblico e qualquer conduta praticada ao alvedrio do Direito ser

    considerada ilegtima, conforme ensina o doutrinador Matheus Carvalho.

    importante notarmos que a legalidade pode ser vista sob dois

    enfoques diferentes: (I) legalidade como no contradio lei e (II)

    legalidade como subordinao lei. O primeiro modo de ver a

    legalidade utilizado no mbito do Direito Privado, significando que ns,

    enquanto particulares, estamos agindo dentro da legalidade sempre que

    fizermos qualquer coisa no proibida pela lei. Esse critrio, de no

    contradio lei, est expresso no art. 5, II, da CF/88, ("ningum ser

    obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de

    lei"). De outro lado, o modo de ver a legalidade como subordinao lei,

    que o aplicvel ao direito administrativo, significa que o

    administrador somente pode fazer aquilo que estiver previsto,

    expressamente autorizado na lei.

    2 enfoques da legalidade: subordinao e no contradio lei.

    (1) Para o Dir. Privado o particular pode tudo,

    salvo o que estiver proibido em lei.

    Critrio de no contradio Lei.

    (2) Para o Dir. Pblico o Administrador s pode

    fazer o que est previsto em lei.

    Critrio de Subordinao Lei.

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    Assim, no confunda princpio da legalidade administrativa

    (critrio de submisso lei), que rege a atuao da Administrao Pblica

    (sempre conforme a lei determina ou autoriza), com o princpio da

    legalidade geral ou autonomia da vontade (critrio de no contradio

    lei), que permite aos particulares fazerem tudo que a lei no proba.

    Alm disso, veja que a administrao deve observar no apenas

    as leis em sentido estrito, mas tambm os princpios jurdicos e o

    ordenamento jurdico como um todo ("atuao conforme a lei e o

    Direito", como aponta o inciso I do pargrafo nico do art. 2.0 da Lei

    9.784/1999).

    Vale lembrar que a noo de legalidade (estranha ao Estado

    Absolutista, em que tudo pertencia ao Monarca), surgiu com o Estado

    de Direito (conceituado como o estado politicamente organizado que

    obedece as suas leis), constituindo-se como uma das bases desse Estado

    Legalidade em sentido amplo ou Bloco de Legalidade.

    Hoje, no Brasil, o Princpio da Legalidade (= Dever da Legalidade)

    entendido em sentido amplo, significando que o controle do ato se

    far em face:

    (a) da aplicao da lei;

    (b) da aplicao da regras e princpios constitucionais.

    Legalidade em sentido amplo significa a anlise face a

    compatibilidade com a lei e tambm face s regras e princpios

    constitucionais.

    Quando se faz o controle de um ato que no est compatvel

    com a razoabilidade ou a eficincia (que so Princpios

    Constitucionais), o Judicirio est fazendo um controle e

    legalidade legalidade em sentido amplo.

    Constituio controle de legalidade.

    Leis controle de legalidade

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    de Direito, na medida em que serve como forma de proteger os direitos

    dos indivduos em face da atuao do Estado.

    Em nossa Constituio de 1988, por exemplo, que surgiu no

    contexto histrico de retorno democracia, aps anos de ditadura militar,

    o legislador constituinte, ressabiado que estava com a cultura de

    violaes, entendeu necessrio assinalar, com muita nfase o princpio

    da legalidade, de modo que ele veio previsto em diversos dispositivos

    constitucionais: (a) art. 5, II, da CF/88 ("ningum ser obrigado a

    fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei"); (b) art.

    37, caput, da CF/88 (transcrito acima); (c) art. 150, I, da CF/88 ("Sem

    prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: I - exigir ou

    aumentar tributo sem lei que o estabelea").

    Assim, em um Estado de Direito, as aes da Administrao so

    definidas e autorizadas previamente pelo povo, por meio de leis

    aprovadas pela vontade geral.

    O princpio da legalidade existe, justamente, para consagrar o

    princpio da indisponibilidade do interesse pblico. Se esse interesse no

    pode ser alienado pela Administrao, ele deve ser curado, tratado,

    cuidado, promovido, nos termos da vontade geral e nos limites conferidos

    pelo povo.

    E como o povo confere limites aos atos da Administrao?

    Por meio da edio de leis!

    por isso que o princpio da legalidade significa a

    subordinao da Administrao s imposies legais.

    Na jurisprudncia do STF, encontramos casos clssicos em que se

    decidiu com fundamento no princpio da legalidade. Dentre eles, no MS

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    26.955, o Tribunal decidiu que a alterao de atribuies de cargo

    pblico somente pode ocorrer por intermdio de lei formal.

    Mas e se a lei no define exatamente como o administrador deve

    agir?

    Nesse caso, o gestor deve observar as demais fontes do direito

    administrativo. Ele no pode realizar o ato de modo ilgico ou

    incongruente. Deve se pautar nos princpios gerais da Administrao para

    agir de modo razovel, escolhendo a melhor opo dentre as hipteses

    oferecidas na legislao (princpio da razoabilidade).

    Toda competncia conferida por lei deve obedecer a certo fim. Por

    isso o agir da Administrao deve ser adequado ao que se pretende

    atingir, ou seja, deve haver uma correlao entre os meios adotados e

    os fins almejados (mais uma vez, o princpio da proporcionalidade se

    aplica).

    Tamanha a importncia do princpio da legalidade para a

    Administrao Pblica que Di Pietro (2009, p. 63) afirma que os princpios

    fundamentais do direito administrativo so o da legalidade e o da

    supremacia do interesse pblico sobre o particular.

    Se o CESPE afirmar que esses so os princpios basilares do direito

    administrativo, a alternativa no estar errada, pois estar adotando a

    posio de Di Pietro. Entretanto, o que a CESPE vem cobrando, como

    vimos acima, a posio de Bandeira de Mello, no sentido de que os

    princpios basilares so a supremacia do interesse pblico sobre o

    particular e a indisponibilidade do interesse pblico, pois deste ltimo

    que surge o princpio da legalidade.

    Vamos treinar um pouco?

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    11. (CESPE/2015 FUB - Assistente em Administrao) Na hierarquia dos princpios da

    administrao pblica, o mais importante o princpio da

    legalidade, o primeiro a ser citado na CF.

    No existe hierarquia nos princpios da administrao pblica.

    (expressos ou no), os princpios so postulados que devem ser aplicados

    de forma harmoniosa. Assim, a aplicao de um princpio no exclui a

    aplicao de outro, portanto, no h preferncia, todos so importantes.

    Embora o princpio da legalidade venha primeiro, no poder ser

    considerado com maior relevncia. Gabarito: errado.

    12. (CESPE/2014 TER/GO - Tcnico Judicirio - rea Administrativa) Por fora do princpio da legalidade,

    o administrador pblico tem sua atuao limitada ao que

    estabelece a lei, aspecto que o difere do particular, a quem

    tudo se permite se no houver proibio legal.

    Estamos diante da aplicao do princpio da legalidade, que

    quanto Administrao Pblica, determina a submisso ao que est

    previsto (atos vinculados) ou autorizado (atos discricionrios) na lei.

    Simplificando, s poder fazer aquilo que est em lei. Por outra vertente,

    o particular poder fazer tudo aquilo que a lei no probe (autonomia da

    vontade). Gabarito: certo.

    Passemos agora anlise dos demais princpios constitucionais

    do LIMPE.

    Questes de concurso

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    7.2 Princpio da Impessoalidade

    A primeira acepo do PRINCPIO DA IMPESSOALIDADE

    indica que a Administrao no pode praticar qualquer ato com vistas a

    prejudicar ou beneficiar algum, nem a atender o interesse do prprio

    agente. O agir deve ser impessoal, pois os agentes pblicos devem

    visar, to somente, o interesse pblico.

    Por isso que se diz que o princpio da impessoalidade se confunde

    com o da finalidade, pois ato administrativo que no visa o interesse

    pblico viola tanto o princpio da impessoalidade como o da finalidade.

    Outro aspecto do princpio da impessoalidade exclusivo e

    inconfundvel: esse princpio tambm informa que os atos realizados

    no mbito da Administrao no so praticados por Fulano, Beltrano

    ou Cicrano, mas pelo rgo ao qual o agente se vincula. o que

    prev expressamente o 1 do art. 37 da CF:

    Art. 37, 1/CF A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo,

    informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes,

    smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de

    autoridades ou servidores pblicos.

    Resumindo, o princpio da impessoalidade significa que os atos

    da administrao devem ter por finalidade interesse pblico, no

    podendo haver privilgios ou perseguies; todos devem ser tratados

    com isonomia pela Administrao, e os atos praticados pela

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    administrao devem ser creditados ou imputados ao rgo, no a

    particulares (polticos, agentes, etc.).

    Vamos observar a aplicao prtica do princpio da

    impessoalidade? Fcil, por exemplo, as regras constitucionais que

    impem a realizao do concurso pblico para provimento de cargos

    na Administrao Pblica (art. 37, II) e a que determina que as

    contrataes devem ser precedidas de licitao (art. 37, XXI) decorrem

    do princpio da impessoalidade.

    13. (CESPE/2015 MPU - Tcnico do MPU - Segurana Institucional e Transporte) O servidor

    responsvel pela segurana da portaria de um rgo pblico

    desentendeu-se com a autoridade superior desse rgo. Para

    se vingar do servidor, a autoridade determinou que, a partir

    daquele dia, ele anotasse os dados completos de todas as

    pessoas que entrassem e sassem do imvel. Com referncia

    a essa situao hipottica, julgue o item que se segue.

    O ato praticado pela autoridade superior, como todos os atos

    da administrao pblica, est submetido ao princpio da

    moralidade, entretanto, consideraes de cunho tico no so

    suficientes para invalidar ato que tenha sido praticado de

    acordo com o princpio da legalidade.

    Pessoal, estamos diante do princpio da Impessoalidade que

    estabelece que a Administrao no pode praticar qualquer ato com

    vistas a prejudicar ou beneficiar algum, nem a atender o interesse do

    Questes de concurso

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    prprio agente, o agir deve ser impessoal, pois os agentes pblicos

    devem visar, to somente, o interesse pblico.

    Gabarito Errado.

    14. (CESPE/2013 TRT/10 REGIO (DF e TO) - Analista Judicirio) Considere a seguinte situao

    hipottica. Determinado prefeito, que filho do deputado

    federal em exerccio Jos Faber, instituiu ao poltico-

    administrativa municipal que nomeou da seguinte forma:

    Programa de Alimentao Escolar Jos Faber. Nessa situao

    hipottica, embora o prefeito tenha associado o nome do

    prprio pai ao referido programa, no houve violao do

    princpio da impessoalidade, pois no ocorreu promoo

    pessoal do chefe do Poder Executivo municipal.

    De acordo com o princpio da impessoalidade, o ato no pode

    beneficiar terceiro e nem atender o interesse do prprio agente. Lembre-

    se o agir deve ser impessoal.

    Gabarito: Errado.

    Caro amigo, nesse momento voc deve ligar o SINAL DE

    ALERTA!

    Se voc est prestando um concurso em que a imprensa no tirar

    o olho de seus atos e das aes de seus colegas, qual dos princpios voc

    acha que ser mais explorado em sua prova?

    Isso mesmo, o PRINCPIO DA MORALIDADE!

    Ento vamos l.

    O princpio da moralidade impe ao administrador o dever de

    sempre agir com lealdade, boa-f e tica. Alm de obedecer aos limites

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    da lei, o gestor deve verificar se o ato no ofende a moral, os bons

    costumes, os princpios de justia, de equidade e, por fim, a ideia de

    honestidade.

    Contedo do princpio - ideias advindas da Moralidade.

    O Princpio da Moralidade traduz a ideia de administrador que atua

    com:

    (a) honestidade;

    (b) obedincia a princpios ticos;

    (c) lealdade;

    (d) boa-f;

    (e) correo de atitudes,

    (f) probidade.

    Moral Comum X Moral Administrativa.

    A moral comum diferente da moralidade administrativa (esta

    ltima mais rigorosa):

    (a) moral comum se refere ao certo e errado nas regras de

    convvio social, bastando o agir corretamente para atend-la;

    (b) a moralidade da administrao no se contenta apenas

    com o correto, exigindo que o administrador, alm de agir

    corretamente, seja o melhor administrador possvel (boa

    administrao). No basta agir de forma correta, tem que ser da melhor

    forma.

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    Moral Comum Moral Administrativa

    Entre particulares Do administrador no trato da

    coisa pblica.

    Correo de atitudes.

    Apenas o conceito de certo X

    errado

    Correo de atitudes + boa

    administrao

    Menos rigorosa Mais rigorosa

    Moralidade significa agir de forma honesta, com boa-f, com transparncia, com probidade.

    A ideia de moralidade consiste no conceito da boa administrao (Hauriou).

    Teoria do Desvio de Finalidade. Se o administrador desvia do interesse pblico, o ato no ser apenas ilegal, como imoral.

    Atente-se para o fato de que a moral administrativa um

    requisito de validade do ato administrativo, em razo de ter sido

    elencado pela Constituio Federal no caput do art. 37 como princpio

    jurdico expresso.

    Assim, como ensina o doutrinador Marcelo Alexandrino um ato

    contrrio a moral administrativa est sujeito a uma anlise de

    legitimidade/legalidade, devendo ser declarado nulo (pela prpria

    Administrao ou pelo Judicirio), e no meramente inoportuno ou

    inconveniente, o que importaria em simples revogao.

    Resumidamente, podemos dizer que ofendem o princpio da

    moralidade administrativa os atos de improbidade, nepotismo,

    favorecimento de agentes estatais, fraudes em concursos e licitaes,

    entre outros exemplos.

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    O tema que mais vem sendo cobrado em concursos quanto ao

    princpio da moralidade a Smula Vinculante 13 do STF, que veda a

    prtica do nepotismo na Administrao Pblica.

    A partir da edio dessa smula restou consagrado o

    entendimento de que no preciso de lei em sentido formal para se punir

    um indivduo por nomear parentes para cargos pblicos. Isso porque,

    essa prtica viola frontalmente os princpios constitucionais da

    moralidade e da impessoalidade.

    Pela importncia da Sumula Vinculante n 13, transcrevemos

    a sua redao:

    Como se v, a smula vinculante impede a nomeao de cnjuge,

    companheiro ou parente da autoridade nomeante ou de servidor da

    mesma pessoa jurdica para exerccio de cargo em comisso, de

    confiana ou de funo gratificada em qualquer rgo de quaisquer dos

    poderes e de quaisquer dos entes estatais.

    A smula considera prtica imoral a nomeao de parentes

    colaterais em at terceiro grau. So parentes de terceiro grau colateral o

    seu tio e o seu sobrinho. Veja a contagem dos graus:

    A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica, investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana, ou, ainda, de funo gratificada na Administrao Pblica direta e indireta, em qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.

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    Pai

    Grau 1 Grau 2

    Voc Irmo

    Grau 3

    Sobrinho

    Av

    Grau 2 Grau 3

    Pai Tio

    Grau 1

    Voc

    O texto veda, tambm, o nepotismo cruzado ao informar que a

    smula alcana as designaes recprocas, ou seja, a SV n 13 veda a

    nomeao de um parente de Fulano, que presidente da FUNASA, por

    exemplo, para o exerccio de um cargo em comisso no INSS enquanto,

    ao mesmo tempo, Beltrano, que parente do presidente do INSS,

    nomeado para exerccio de cargo em comisso na FUNASA.

    Muita ateno nesse ponto: aps a edio da Smula Vinculante

    em comento, o Supremo Tribunal Federal afirmou que a nomeao de

    parentes para cargos polticos no implica ofensa aos princpios que

    regem a Administrao Pblica, em face de sua natureza eminentemente

    poltica, e que, nos termos da Smula Vinculante 13, as nomeaes para

    cargos polticos no esto compreendidas nas hipteses nela elencadas

    (RCL 6650, divulgado no Informativo STF 524).

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    Portanto, olho aberto, meus amigos: no ofende o princpio da

    moralidade a nomeao de parentes para o exerccio de cargo

    poltico, como o de Secretrio de Estado, Ministro, presidente de

    autarquia, etc.

    Resumindo a SV 13:

    Parentesco proibido pela Smula Vinculante 13:

    1) Cnjuge / companheiro.

    2) Parente at 3 grau (INCLUSIVE).

    (reta /colateral / afinidade).

    Aqui, a proibio no atinge o "primo".

    Hipteses proibidas pela Smula Vinculante 13:

    1) Nomeante Nomeado. Cargo em comisso* / funo gratificada*

    2) Servidor da PJ Cargo em comisso/ FG*. (da mesma PJ) Direo / Chefia /Assessoramento

    Aqui, a proibio "na mesma pessoa jurdica" inclui, por exemplo, servidores da Unio de qualquer dos poderes (ex. Judicirio e Legislativo), no importando o local territorial em que exercem as funes. Amplo demais, no h instrumentos de controle - pouco resultado prtico. FG*: funo gratificada.

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    3) Ajuste mediante designaes recprocas: nepotismo cruzado.

    Aqui, se trata da "troca de parentes" entre Pessoas Jurdicas (o Estado manda o parente para Unio e vice-versa).

    "Esquecidos" da Smula Vinculante 13: Agente poltico.

    Primo.

    Outro enfoque do princpio da moralidade que a sua

    inobservncia constitui ato de improbidade administrativa (art. 37,

    4, da CF).

    Mas o que seriam atos de improbidade?

    A Lei n 8.429/92 responde essa questo ao afirmar que constitui

    ato de improbidade:

    (a) auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em

    razo do exerccio de cargo, mandato, funo, emprego ou atividade (=

    enriquecimento ilcito art. 9);

    (b) qualquer ao ou omisso, dolosa ou culposa, que enseje

    perda patrimonial, desvio, apropriao, malbaratamento ou dilapidao

    dos bens ou haveres de entidades pblicas (= causam prejuzo ao

    errio art. 10);

    (c) qualquer ao ou omisso que viole os deveres de

    honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade s instituies (=

    atentam contra os princpios da Administrao Pblica art. 11).

    Apesar da redao clara da lei e da Constituio, que no excluem

    qualquer autoridade das sanes pela prtica de improbidade, num

    julgamento pouco moralizador, o Supremo Tribunal Federal entendeu que

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    o Presidente da Repblica e os Ministros no respondem por

    improbidade administrativa com base na Lei 8.429/92 (RCL 2138:

    divulgado no Informativo STF n 471, julgado em 13.06.2007).

    Por outro lado, o Superior Tribunal de Justia entende que os

    prefeitos podem ser processados por seus atos pela Lei n

    8.429/92 (RESP 12433779 AgRg, julgado em 21.06.2011).

    Ainda, lembre-se de que o controle dos atos da Administrao

    ofensivos legalidade e moralidade pode ser feito pelo particular,

    atravs da ao popular, conforme consagrado expressamente pelo art.

    5, inciso LXXIII, da CF:

    Dessa forma, as principais aes para controle da moralidade

    administrativa so a ao de improbidade administrativa e a ao

    popular.

    Por fim, fique atento, o princpio da moralidade deve ser

    observado tanto pela Administrao Pblica quanto pelos

    particulares que com ela se relacionem. Dessa forma, o ato de colar em

    concurso pblico, caracteriza uma violao ao princpio da moralidade

    administrativa, perpetrada pelo particular.

    Sobre o princpio da moralidade, vale apreciar as seguintes

    questes:

    LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia

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    15. (CESPE/ 2015 TCU - Tcnico Federal de Controle Externo - Conhecimentos Bsicos) No que se refere aos

    princpios e conceitos da administrao pblica e aos

    servidores pblicos, julgue o prximo item.

    Ofender o princpio da impessoalidade a atuao

    administrativa que contrariar, alm da lei, a moral, os bons

    costumes, a honestidade ou os deveres de boa

    administrao.

    Pessoal, aqui estamos diante da ofensa ao princpio da Moralidade e

    no da impessoalidade. Sendo assim veja o conceito: O princpio da

    moralidade impe ao administrador o dever de sempre agir com lealdade,

    boa-f e tica. Alm de obedecer aos limites da lei, o gestor deve verificar

    se o ato no ofende a moral, os bons costumes, os princpios de justia,

    de equidade e, por fim, a ideia de honestidade.

    Gabarito Errado.

    16. (CESPE/2015 FUB - Assistente em Administrao) De acordo com o princpio da moralidade,

    os agentes pblicos devem atuar de forma neutra, sendo

    proibida a atuao pautada pela promoo pessoal.

    Voc j sabe os conceitos dos princpios e, como vimos segundo o

    princpio da impessoalidade a Administrao no pode praticar

    qualquer ato com vistas a prejudicar ou beneficiar algum, nem a atender

    o interesse do prprio agente, o agir deve ser impessoal, pois os agentes

    pblicos devem visar, to somente, o interesse pblico. Veja que essa

    Questes de concurso

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    atuao neutra refere-se ao princpio da impessoalidade e no

    moralidade.

    Gabarito: Errado.

    Vamos em frente, passamos agora ao PRINCPIO DA

    PUBLICIDADE.

    Nas palavras de Zannoni (2011, p. 45), o princpio da publicidade

    impe transparncia aos atos administrativos, sob pena de ineficcia,

    ressalvadas as hipteses de sigilo previstas em lei.

    Contedo do Princpio da Publicidade.

    Publicidade significa:

    Conhecimento pblico - dar cincia ao titular do interesse

    (povo).

    Publicidade tambm condio de eficcia dos atos

    (significa incio de produo efeitos).

    Ex. contrato administrativo no publicado vlido, mas no

    produz efeitos, pois a publicidade condio de eficcia, no de

    validade (art. 61, nico, da Lei 8.666).

    Publicidade tambm significa incio de contagem de prazos.

    Ex. (1) o incio do prazo de 30 dias para direito de defesa de

    infrao de trnsito, etc.

    Alm disso, Publicidade significa tambm mecanismo de

    controle (= mecanismo de fiscalizao).

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    Publicidade Publicao.

    Uma das maneiras de publicidade a publicao, mas no a

    nica. A publicidade, entre outros, ser feita:

    (a) por publicao no Dirio Oficial;

    (b) por notificao pessoal ao interessado (ex. notificao direta

    do interessado de uma multa de trnsito);

    (c) por realizao de procedimento de portas abertas, em que

    qualquer um pode entrar para assistir;

    (d) publicao em jornal de grande circulao.

    Assim, basicamente, o princpio da publicidade tem por escopo

    assegurar que todos tenham conhecimento dos atos da

    Administrao (inclusive tornando pblica a motivao desses atos),

    como objetivo de possibilitar a fiscalizao e controle dos atos da

    Administrao pelos cidados, rgos de controle, entre outros.

    Se todo poder emana do povo, nada mais lgico do que dar a mais

    ampla publicidade aos atos editados pela Administrao Pblica, seja por

    meio de boletins internos, por certides, pelo dirio oficial ou mesmo pela

    internet. por isso que a Constituio traz em seu bojo o art. 5, XXXIII:

    Com se percebe da redao do dispositivo, em certos casos, a

    prpria Constituio impe o dever do sigilo. Como assim? A prpria

    Constituio impe o sigilo?

    XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;

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    Isso mesmo, em certos casos a CF impe o sigilo. So eles: para

    proteger a intimidade do indivduo (art. 5, X) e para promover a

    segurana da sociedade e do Estado.

    Outro regramento constitucional relacionado ao princpio da

    publicidade o direito dos indivduos de petio aos Poderes Pblicos

    em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e a

    obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos

    e esclarecimento de situaes de interesse pessoal, tudo isso

    independentemente do pagamento de taxas (art. 5, XXXIV).

    Se as informaes relativas pessoa do solicitante, constantes de

    registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter

    pblico, no forem fornecidas, o indivduo poder se valer do habeas data

    perante o Poder Judicirio, para que este intervenha e determine o

    fornecimento da informao (art. 5, LXXII, da CF).

    Uma questo muito em voga nos ltimos anos a possibilidade

    da divulgao dos vencimentos brutos mensais dos servidores

    pblicos, desde que no sejam divulgados o endereo residencial e os

    nmeros do CPF e da carteira de identidade destes (STF), que decorre

    diretamente do princpio da publicidade.

    No podemos concluir o princpio da publicidade sem informarmos

    a vedao constitucional de se utilizar a publicidade institucional

    do Estado para realizar promoo pessoal. Essa proibio encontra

    previso expressa no art. 37, 1, da CF, assim expresso:

    1 - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos.

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    Desse modo, a publicidade deve ter carter educativo, mas,

    em ateno ao princpio da impessoalidade, deve ser rechaada toda

    forma de utilizao de publicidade institucional para promoo pessoal de

    polticos. J havamos falado disso, lembra?

    Remdios Constitucionais.

    O Habeas Data somente cabvel para informaes sobre a

    sua pessoa - informaes pessoais (seja para obter ou corrigir).

    Para o direito lquido e certo de informao (informaes de

    meu interesse e no sobre a minha pessoa) cabe o Mandado de

    Segurana (ex. informaes de meu interesse para a constituio de

    uma empresa).

    Ento, vamos l, resolver algumas questes sobre o princpio da

    publicidade:

    17. (FCC 2016- TRT - 23 REGIO (MT)- Tcnico Judicirio - rea Administrativa) O Supremo Tribunal

    Federal, em importante julgamento, considerou legtima a

    publicao, inclusive em stio eletrnico mantido pela

    Administrao pblica, dos nomes dos seus servidores e do

    valor dos correspondentes vencimentos e vantagens

    pecunirias, no havendo qualquer ofensa Constituio

    Federal, bem como privacidade, intimidade e segurana dos

    servidores. Pelo contrrio, trata-se de observncia a um dos

    princpios bsicos que regem a atuao administrativa, qual

    seja, o princpio especfico da

    Questes de concurso

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    a) proporcionalidade.

    b) eficincia.

    c) presuno de legitimidade.

    d) discricionariedade.

    e) publicidade

    Falamos em aula! Uma questo muito em voga nos

    ltimos anos a possibilidade da divulgao dos

    vencimentos brutos mensais dos servidores pblicos,

    desde que no sejam divulgados o endereo residencial e os

    nmeros do CPF e da carteira de identidade destes (STF), que

    decorre diretamente do princpio da publicidade.

    Gabarito: Letra e.

    18. (FCC/2015 TRT - Analista Judicirio rea

    Judiciria) A atuao da Administrao pblica informada

    por princpios, alguns inclusive com previso constitucional

    expressa, que se alternam em graus de relevncia de acordo

    com o caso concreto em anlise. Do mesmo modo, a

    aplicao dos princpios na casustica pode se expressar de

    diversas formas e em variados momentos, ou seja, no h

    necessariamente idntica manifestao da influncia dos

    mesmos nas diferentes situaes e atividades

    administrativas. Dessa forma,

    O princpio da publicidade no incide apenas para orientar a

    divulgao e a transparncia dos atos finais, mas tambm

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    permite aos administrados conhecer documentos e ter

    informaes ao longo do processo de tomada de deciso.

    Sim! Isso inclusive est expresso na CF, vejamos:

    Art. 37. (...) 3 A lei disciplinar as formas de participao do usurio na

    administrao pblica direta e indireta, regulando especialmente:

    (...)

    II - o acesso dos usurios a registros administrativos e a informaes sobre

    atos de governo, observado o disposto no art. 5, X e XXXIII.

    Art. 216. (...) 2 - Cabem administrao pblica, na forma da lei, a

    gesto da documentao governamental e as providncias para franquear sua

    consulta a quantos dela necessitem.

    Gabarito Certo.

    Passemos ento ao derradeiro princpio expresso no art. 37,

    caput, da Constituio Federal, o PRINCPIO DA EFICINCIA.

    Esse princpio consagra a busca de resultados positivos, seja

    sob o enfoque do agente pblico, que deve exercer suas funes da

    melhor forma possvel, seja sob enfoque da prpria estrutura

    adminis