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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL MARCELO MIRANDOLA BICHIR QUAIS AS TÉCNICAS MAIS EFICAZES DENTRO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE SÃO PAULO 2016

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

MARCELO MIRANDOLA BICHIR

QUAIS AS TÉCNICAS MAIS EFICAZES DENTRO DA

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA O

TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE

PERSONALIDADE BORDERLINE

SÃO PAULO 2016

MARCELO MIRANDOLA BICHIR

QUAIS AS TÉCNICAS MAIS EFICAZES DENTRO DA

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA O

TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE

PERSONALIDADE BORDERLINE

Trabalho de conclusão de curso lato sensu Área de concentração: Terapia Cognitivo-comportamental Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins

SÃO PAULO 2016

FICHA CATALOGRÁFICA

Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Bichir, Marcelo M.

Quais as técnicas mais eficazes dentro da terapia cognitivo-comportamental

para o tratamento do transtorno de personalidade borderline

Marcelo Mirandola Bichir, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2016

47f + CD-ROM

Trabalho de Conclusão de Cursos (especialização) – Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC).

Orientação: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon

1.Terapia Cognitivo Comportamental, 2 Transtorno de Personalidade

Borderline. I Bichir, Marcelo Mirandola. Trigueirinho, Renata Alarcon.

Marcelo Mirandola Bichir

Quais as técnicas dentro da TCC mais eficazes para o tratamento do transtorno de

personalidade borderline.

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das

exigências para obtenção do título de Especialista

em Terapia Cognitivo-Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer:____________________________________________________________

Profª_______________________________________________________________

Parecer:____________________________________________________________

Profº_______________________________________________________________

São Paulo, de de

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos familiares.

Sem o apoio deles o trabalho seria mais árduo e cansativo.

Obrigado por tudo, mãe, pai, irmãs e minha querida avó.

Resumo

O presente estudo exploratório tem como objetivo investigar quais são as

técnicas mais eficazes dentro da terapia cognitivo-comportamental (TCC) para tratar

o transtorno de personalidade borderline (TPB). Após a leitura dos artigos, ficou

constatado que a terapia comportamental dialética (TCD) criada por Marsha

Linehan, é a terapêutica mais eficaz, e foi desenvolvida para tratar este transtorno

de personalidade. Além disso, a terapia do esquema, desenvolvida por Jeffrey

Young, mostrou resultados encorajadores em um estudo no sistema de saúde da

Holanda. No entanto, faltam novos estudos que repliquem sua eficácia. A técnica

STEPPS (System Training for Emotinal Predictability and Problem Solving) aparece

como uma solução viável para o tratamento do TPB, mas faltam estudos que

corroborem isso. Sendo assim, a TCD é extensivamente testada desde 1993 e

comprovadamente eficaz para o tratamento do TPB.

Palavras-chaves: Terapia Cognitivo Comportamental; Transtorno de Personalidade

Borderline; Terapia Comportamental Dialética.

Abstract

This follow study aims to find, trough literature review in the present to the past

ten years, wich are the most effectives techniques in the cognitive behavior therapy

to treat borderline personality disorder (BPD). After read the articles, it´s possible to

say that the most effective tool inside CBT it´s dialectical behavior therapy (DBT).

This type of therapy helps reduce the cognitive, emotional and behaviors symptoms

of BPD. Besides that, the schema therapy – individual and group form, it´s a good

way to treat BDP. Unfortunately, there are a few studies that support this practical. In

the same way the STEPPS (System Training for Emotinal Predictability and Problem

Solving) it´s cited with at effective tool to treat BPD. But the DBT it is the most cited

and used, and was development to treat this personality disorder.

Keywords: Cognitive Beahavior Therapy; Borderline Personality Disorder; Dialectical

Behavior Therapy.

SUMÁRIO

1 Introdução 7

2 Objetivo Geral 18

3 Metodologia 19

4 Resultados 20

5 Discussão 41

6 Considerações finais 43

Referências 44

Anexo – Termo de Responsabilidade Autoral 47

7

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo revisar de maneira assistemática

artigos dentro de um recorte temporal de dez anos - contados do presente ano para

trás – a fim de tentar identificar se há dentro da terapia cognitivo comportamental,

técnicas mais eficazes para o tratamento do transtorno de personalidade borderline

(TPB). Foram usadas como fonte de pesquisa os sites: Scielo, Bireme, PubMed,

Google Acadêmico. Os termos usados para a pesquisa foram: transtorno de

personalidade borderline, terapia cognitivo comportamental, transtorno de

personalidade borderline e terapia cognitivo comportamental, borderline personality

disorder, cognitive behavior therapy, borderline personality disorder and cognitive

behavior therapy.

Transtornos de personalidade podem ser compreendidos como um padrão

persistente de vivências íntimas e de comportamentos que desviam de forma

acentuada das expectativas da cultura do indivíduo (PASTORE, 2014). E segundo o

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014) o transtorno

de personalidade é um padrão persistente de experiência interna e comportamento

que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e

inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do

tempo e leva a sofrimento ou prejuízo. Os transtornos de personalidade

apresentados neste manual são (DSM-5, 2014, p. 645):

Transtorno da personalidade paranoide – é um padrão de desconfiança e de suspeita tamanhas que as motivações dos outros são interpretadas como malévolas;

Transtorno da personalidade esquizoide – é um padrão de distanciamento das relações sociais, e uma faixa restrita de expressão emocional.

Transtorno da personalidade esquizotípica – é um padrão de desconforto agudo nas relações íntimas, distorções cognitivas ou perceptivas e excentricidades do comportamentos;

Transtorno da personalidade antissocial – é um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros.

Transtorno da personalidade borderline – é um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos, com impulsividade acentuada.

Transtorno da personalidade histriônica – é um padrão de emocionalidade e busca de atenção em excesso.

Transtorno da personalidade narcisista – é um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.

Transtorno da personalidade evitativa – é um padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa.

8

Transtorno da personalidade dependente – é um padrão de comportamento submisso e apegado relacionado a uma necessidade excessiva de ser cuidado.

Transtorno da personalidade obsessiva-compulsiva – é um padrão de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle.

Mudança de personalidade devido a condição médica – é uma perturbação persistente da personalidade entendida como decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica (p. ex., lesão no lobo frontal).

Outro transtorno de personalidade especificado e transtorno de personalidade não especificado – são categorias utilizadas em duas situações: 1) o padrão da personalidade do indivíduo atende aos critérios gerais para um transtorno de personalidade, estando presente traços de vários transtornos da personalidade distintos, mas o critério para qualquer um desses transtornos específicos não são preenchidos; ou 2) o padrão de personalidade do indivíduo atende aos critérios gerais para um transtorno de personalidade , mas considera-se que ele tenha um transtorno da personalidade que não faz parte da classificação do DSM-5 (p. ex., transtorno da personalidade passivo-agressiva).

Além desta classificação e definição, há outra que é importante ressaltar, até

para ampliar o entendimento do transtorno de personalidade borderline, é a

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde, conhecida com a sigla CID, que está na sua décima versão. Nela o TPB é

compreendido como Transtorno de personalidade com instabilidade emocional:

Transtorno de personalidade caracterizado por tendência nítida a agir de

modo imprevisível sem consideração pelas consequências; humor

imprevisível e caprichoso; tendência a acessos de cólera e uma incapacidade

de controlar os comportamentos impulsivos; tendência a adotar um

comportamento briguento e a entrar em conflito com os outros,

particularmente quando os atos impulsivos são contrariados ou censurados.

Dois tipos podem ser distintos: o tipo impulsivo, caracterizado principalmente

por uma instabilidade emocional e falta de controle dos impulsos; e o tipo

"borderline", caracterizado, além disto, por perturbações da autoimagem, do

estabelecimento de projetos e das preferências pessoais, por uma sensação

crônica de vacuidade, por relações interpessoais intensas e instáveis e por

uma tendência a adotar um comportamento autodestrutivo, compreendendo

tentativas de suicídio e gestos suicidas. Personalidade (transtorno da):

- agressiva

- "borderline"

- explosiva

Exclui:

Personalidade dissocial (transtorno da) (F60.2).” (Organização Mundial de

Saúde - OMS, Genebra, Suíça.)

Para fins didáticos e de pesquisa fica estabelecido como definição o termo

9

transtorno de personalidade borderline a sigla TPB. No entanto, a classificação do

CID10 pode e deve ser abarcada para compreensão mais ampla e aprofundada do

tema aqui pesquisado.

A justificativa e motivação para este trabalho é que dentro de todos estes

transtornos de personalidade supracitados, aquele que apresenta a maior

dificuldade de tratamento, maior complexidade e heterogeneidade, segundo Pastore

(2014), é o TPB. O alto índice de tentativa de suicídio – de 37% a 73% (BLACK,

BLUM, PFHOL & HALE, 2004, apud PASTORE, 2014), somados ao alto grau de

impulsividade e dificuldade de relacionamentos interpessoais destes pacientes,

trazem dificuldades no tratamento psicológico. E muitos psicólogos, por falta de

recursos de manejo, quando se deparam com pacientes com este diagnóstico,

acabam encaminhando a pessoa portadora deste transtorno de personalidade. Por

isto posto, o tratamento de TPB é um desafio, como afirma Blum (et al., 2008). Esta

autora faz esta afirmação, pois segundo ela e sua equipe, diversos medicamentos

têm sido utilmente usados para conter a impulsividade, depressão, autoagressão,

mas seus efeitos são modestos. Além disso, Blum (et al., 2008) afirma que muitas

psicoterapias voltadas para o tratamento de TPB têm sido desenvolvidas com

sustentação empírica, como terapia dialética comportamental, terapia cognitivo

comportamental, terapia focada no esquema, a terapia focada na transferência, além

da terapia grupal que combina técnicas de terapia cognitivo-comportamental e treino

de habilidades chamada STEPPS (System Training for Emotinal Predictability and

Problem Solving)

Os transtornos de personalidade estão cada vez mais ocupando espaço na

literatura científica, sendo tanto foco de revisões teóricas quanto estudos empíricos

(BROOK & HORN, 2010; BRODOSKY, MALONE, ELLIS, DULIT, & MANN, 2006;

PARIS, 2005; apud PASTORE, 2014). Segundo Pastore (2014) este olhar para os

transtornos de personalidade se deve aos avanços das ciências humanas,

biológicas e sociais, no que se refere ao maior aprofundamento nesses complexos

fenômenos psíquicos. E aquele que ocupa um lugar de destaque é o TPB. Isto

ocorre pelo seu grau de complexidade, heterogeneidade e dificuldade no tratamento.

Além disso, há uma dificuldade e até evitação por parte dos profissionais que

trabalham com esta população, pois muito se sentem impotentes, desmotivados e

desgastados devido às inúmeras dificuldades que envolvem o tratamento da TPB

(ANESTIS, SELBY & JOINER, 2007 apud PASTORE, 2014). E as dificuldades

10

centrais são: labilidade afetiva, impulsividade e a agressividade (NIGG, LOHR,

WESTERN, GOLD & SILK, 1992 apud PASTORE, 2014) e ficam mais acentuadas

quando estes pacientes apresentam tentativas de suicídio associadas (ROMARO,

2002 apud PASTORE, 2014).

O TPB é caracterizado por um padrão invasivo e conturbado de

relacionamentos interpessoais, assim como uma autopercepção distorcida de si

mesmo e os seus afetos (MALLONEY, DEGENHARDT, DRAKE & NELSON, 2009;

SOLLO et al., 2012; KENRBERG, 1998 apud PASTORE, 2014). Os primeiros

sintomas tendem a ocorrer no final da adolescência, começo da vida adulta, como

alto grau de impulsividade, e com uma tendência a remissão parcial da

sintomatologia a partir da quarta década da vida (LIEB, ZANARINI, SCHMANL,

LINEHAN, & BOHUS, 2004; apud PASTORE, 2014). O TPB era conhecido como

esquizofrenia ambulatória, personalidade "como se", esquizofrenia pseudoneurótica,

transtorno psicótico de caráter (KAPLAN e SADOK, 2008; apud PASTORE, 2014).

Há um conjunto de fatores que dão sustentação ao diagnóstico de TPB: o

caráter biológico/genético, experiência de separação e perda, vínculo afetivo

instável, abuso infantil - sendo ele verbal, físico e/ou sexual - e ambiente familiar

conturbado e caótico (O´DONHUE e CUCCIARE, 2007, apud PASTORE, 2014). A

literatura científica aponta a separação precoce das figuras parentais e as perdas na

infância como componentes importantes no diagnóstico de TPB (AKISKAL et al.,

1985; apud PASTORE, 2014); sendo que de 20% a 40% dos pacientes que

possuem diagnóstico de TPB passam por separação traumática de pelo menos um

dos pais (GUNDERSON & SABO 1993; apud PASTORE, 2014). Esta mesma

literatura destaca a questão do abuso sexual na infância, sendo que a incidência a

partir de estudo indica que 81% dos pacientes com TPB sofreram abuso sexual e/ou

físico na infância (HERMANN, PERRY e VAN DER KOLK, 1989, apud PASTORE,

2014). Neste sentido, pessoas que tenham sofrido abuso sexual apresentam quatro

vezes mais chances de desenvolver o TPB (ZELKOVITZ, PARIS, GUZDER e

FELDMAN, 2001; apud PASTORE, 2014). Outros fatores fundamentais em relação

ao abuso sexual e o grau de severidade do TPB são a idade que o abuso ocorreu, a

frequência em que acontecia e a gravidade/intensidade existente e percebida pelos

indivíduos (MCLEAN & GALLOP, 2003; ZANARINI, FRANKENBURG, &

VUJANOVIC, 2002; apud PASTORE, 2014).

O ambiente familiar caótico e conturbado constitui também forte indicador

11

para o desenvolvimento de TPB, pois relacionamentos com vínculos problemáticos,

abuso emocional e negligência por parte dos cuidadores são fortes fatores de risco

para o desenvolvimento do TPB (JOHNSON et al., 2001; apud PASTORE, 2014);

tanto quanto o abuso sexual é o fator mais apontado na literatura sobre o transtorno

(ZELKOVIZT et al., 2001; apud PASTORE, 2014). O vínculo inseguro a figuras

parentais e ambientes familiares conturbados, emocionalmente instáveis e

negligentes também podem ser fatores desencadeantes de TPB (SALZMAN et al.,

1993). Neste sentido, outro aspecto é a qualidade do vínculo estabelecido entre

criança e os pais ou cuidadores e o desenvolvimento do apego inseguro (BOWLBY,

1969/1973, apud PASTORE, 2014). Pesquisas apontam que experiências com

cuidadores inseguros, imprevisíveis, assustadores ou abusivos predisporiam a

criança a um tipo de apego inseguro que poderia ser preditor para o

desenvolvimento do TPB no futuro (LEVY et al., 2006; LYONS-RUTH, JACOBVITZ,

CASSIDY & SHAVER, 1999, apud PASTORE, 2014).

A prevalência do TPB é de aproximadamente de 2% a 7% da população,

sendo que dentro desta estatística, a prevalência é três vezes maior em mulheres do

que em homens (LINKS, HEISEL, & GARLAND, 2003; apud PASTORE, 2014). Os

principais critérios diagnósticos de TPB são: esforços feitos pelo paciente para evitar

abandonos reais ou imaginários, significativa instabilidade nos relacionamentos

interpessoais, alternância de extremos de idealização e desvalorização, acentuada

perturbação na identidade e na autoimagem, desregulação afetiva - labilidade de

afetos - assim como impulsividade em diversas áreas de sua vida (KENBERG, 1998;

apud PASTORE, 2014). Além disso, é necessário estar presente dois dos seguintes

indicadores como: alterações na sexualidade, abuso de substâncias, direção

imprudente ou comer compulsivo para que o diagnóstico de TPB seja conclusivo

(APA, 2002, apud PASTORE, 2014). Há ainda nestes pacientes sentimentos

crônicos de vazio, raiva inadequada, dificuldades importantes nos relacionamentos,

incluindo lutas corporais (GABBARD & WILKINSON, 1994; apud PASTORE, 2014).

Uns dos critérios mais relevantes e que sustentam o diagnóstico de TPB são

as tentativas de suicídio e comportamentos de autoagressão (LINEHAN, 2010;

BRODSKY et al., 2006; apud PASTORE, 2014). Pastore (2014) afirma que estes

comportamentos muitas das vezes ocorrem para chamar a atenção para o

sofrimento emocional que sofrem, e que não chegam a constituir um risco real à

vida. Mesmo assim, toda e qualquer tentativa de suicídio requer atenção cautelosa,

12

bem como cuidados intensivos. Os comportamentos de autoagressão, chamados

também de parassuicidas devem ser acompanhados de perto e ter atenção especial

para o risco potencial de que o suicídio se consume numa dessas tentativas

(LINEHAN, 2010; PARIS, 2005; KOENIGSBERG, 2002; apud PASTORE, 2014).

Pastore (2014) afirma que é fundamental entender os fatores que aumentam o risco

de suicídio, bem como mantém a ideação suicida, para a compreensão do TPB e

seu tratamento.

Entende-se por suicídio como ato deliberado do indivíduo contra si mesmo,

com a finalidade de morrer (OMS, 2001; BRODSKY et al., 2006; apud PASTORE,

2014). Em paciente com TPB o suicídio gira em torno de 10%, e as tentativas de

suicídio variam entre 37% a 73% (BLACK, BLUM, PFHOL & HALE, 2004, apud

PASTORE, 2014). Pesquisas indicam que 1% dos pacientes que preenchem este

diagnóstico conseguem consumar o suicídio, igualando-se ao índice de letalidade de

outras patologias graves como esquizofrenia e depressão maior (PARIS, 2005; apud

PASTORE, 2014). Esses dados levam a uma reflexão acerca do preconceito e

rotulação de pacientes com TPB que tentam suicídio apenas para manipular ou

chamar atenção (LINEHAN, 2010, apud PASTORE, 2014).

Estudo aponta que pacientes com TPB que apresentavam automutilações e

tentativas de suicídio também apresentam baixa autoestima e visão negativa de si. E

ainda, constatou-se que as consequências psicológicas de abusos físicos e

emocionais foram determinantes ou desencadeantes para tentativas de suicídio.

Além disso, o estudo aponta que a incapacidade de tolerar a solidão e o intenso

vazio estão associados ao aumento significativo da ansiedade, o que pode explicar o

desejo do paciente de tirar ou atentar contra a própria vida. (BROKE e HORN, 2010,

apud PASTORE, 2014).

No que se refere aos aspectos cognitivos, os pacientes com TPB têm

comprometimento de algumas funções como atenção, flexibilidade cognitiva,

memória de trabalho, capacidade de planejamento e memória viso-espacial (LE

GRIS e VAN REEKUM, 2006; apud PASTORE, 2014). Além dessas funções há

ainda em pacientes com ideação suicida dificuldade de resolução de problemas,

déficits de memória e atenção, estilo cognitivo negativo, impulsividade e falta de

capacidade de planejamento (O´CONNOR & NOYCE, 2008, apud PASTORE, 2014).

Estudos de neuroimagem cerebral em indivíduos com TPB mostram

evidências de interrupção nos circuitos neurais em áreas do cérebro responsáveis

13

pelos mecanismos intelectuais, agressivos e de regulação afetiva (NEW, GOODMAN

TRIEBWASSER & SIEVER, 2008, apud PASTORE, 2014). Observa-se ainda que

esses pacientes sofrem de rigidez cognitiva, o que, possivelmente, os levam a

pensar que o suicídio é a única opção (LE GRIS e VAN REEKUM, 2006; apud

PASTORE, 2014). A literatura pesquisada por Pastore (2014) mostra que pessoas

com TPB têm deficiências cognitivas nas áreas cerebrais responsáveis por funções

executivas. E estas funções interagem com aspectos emocionais, alterando a

capacidade que a pessoa tem de pensar e controlar seus impulsos

comportamentais, o que pode levar maior propensão ao comportamento suicida.

Apesar de evidências que demonstram alterações neurológicas por meio de estudos

de neuroimagem e avaliações neuropsicológicas, o TPB não é considerado, ainda,

segundo Pastore (2014), uma desordem neurocognitiva definitiva.

Além do que já foi exposto, outro autor que nos ajuda a entender o TPB e

suas idiossincrasias é Martin Brüne, médico e pesquisador alemão do tema.

Segundo Brüne (2016) o transtorno de personalidade Borderline (TPB) é uma

síndrome psiquiátrica caracterizada por desregulação emocional, impulsividade

(gastos financeiros descontrolados, sexualidade exacerbada, uso de substâncias

psicoativas) comportamentos de risco, irritabilidade, sentimento de vazio, disforia

crônica ou depressão, ideação paranoide e estados dissociativos, autoagressão ou

comportamento suicida e medo do abandono, assim como relacionamentos

interpessoais instáveis. Ele ainda afirma que o TPB é um problema de saúde

pública, uma vez que ele ocorre não apenas em pessoas com problemas

psiquiátricos, mas assim como na população em geral.

Brüne (2016) afirma que TPB é frequentemente associado a outra

comorbidade psiquiátrica como, depressão, outros transtornos de personalidade, e

parece ser uma síndrome de sobreposição com transtorno afetivo bipolar, transtorno

de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno de estresse pós-

traumático.

Este autor faz uma consideração a respeito do TPB e o comportamento

ecológico. Segundo esta visão há um conceito dentro do comportamento ecológico

chamado de Teoria da História de Vida - THD que explica como diferentes

organismos manejam os recursos que têm disponíveis para o crescimento físico e

reprodução. No entanto, há diferenças na capacidade de investir energia para o

crescimento físico em oposição ao investimento de energia na atividade de

14

reprodução, resultando em diferentes Estratégias de História de Vida (EHV). Fatores

ecológicos (ambientais) e a interação com fatores genéticos determinam se um

indivíduo adota EHV rápido ou lento. Esta lógica é aplicada também em seres

humanos (Tabela 1).

Brüne (2016) expõe em seu artigo alguns traços da neuropsicologia do TPB.

De modo resumido, as dificuldades que estes pacientes têm de expressar de modo

apropriado suas emoções, que muitas vezes os levam a idealização e alterar a

percepção dos outros, impulsividade e comportamento de risco, são indicadores de

alta resposta ao estresse. Esta alta resposta, leva a uma alta taxa, e este autor

classifica como, EHV - que são moldadas pela seleção natural - em contextos

perigosos e imprevisíveis. Isso aumenta a vigilância à ameaça, e sub-regula a

sensibilidade para a resposta social. O que leva a alterações no eixo hipotálamo-

hipófise-adrenal, o que está correlacionado com sintomas severos e o histórico de

traumas na infância.

No que se refere a traços de personalidade e comportamento interpessoal,

Brüne (2016) afirma que pesquisas sugerem que a rápida estratégia de história de

vida poderia estar associada a altas taxas de procura por novidades, baixas taxas de

cooperação, baixa taxa de evitar perigo, baixa autopercepção.

A questão da sexualidade também é disfuncional aqueles que possuem o

diagnóstico de TPB. Isso porque Brüne (2016) diz que alta taxas de EHV poderiam

estar a associadas com aumento de comportamentos de risco relativos ao sexo,

relações sexuais precoces e um grande número de parceiros sexuais, e um grande

esforço de manter relações sexuais está também associado a baixo cuidados

parentais na infância. Abaixo a relação entre TPB e EHV:

Tabela 1 Relação entre TPB e EHVª Rápidas EHVª Lentas EHVª

Cognições/emoções Baixa empatia* Alta sensibilidade a ameaça*

Alta empatia Baixa sensibilidade à ameaça

Neuropsicologia Baixa tolerância a frustração* Controle executivo pobre*

Alta tolerância a frustação Bom controle executivo

Personalidade Alto neuroticismo* Baixa amabilidade * Baixo grau de autopercepção*

Baixo neuroticismo Alta amabilidade Alto grau de autopercepção

15

Temperamento Alta procura por novidade* Baixo grau de evitar perigos* Alta impulsividade* Alta propensão a risco*

Baixa procura por novidade Alto grau de evitar perigos Baixa impulsividade Baixa propensão a risco

Comportamento Interpessoal Oportunista* Baixo esforço parental* Relacionamentos íntimos instáveis*

Altruísta Alto esforço parental Relacionamentos íntimos estáveis

Fisiologia do estresse Alta taxa de cortisol* Resposta ventilatória hipóxica reduzida *

Baixa taxa de cortisol Resposta ventilatória hipóxica aumentada.

Outros marcadores biológicos

Maturação sexual precoce* Alta carga alostática (processo de luta e fuga, exposição contínua ao estresse que se volta contra o próprio organismo)

Maturação sexual tardia Baixa carga alostática (processo de luta e fuga, exposição contínua ao estresse que se volta contra o próprio organismo)

ª Estratégias de História de Vida

*Evidências que apoiam no diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline Fonte: Brüne, 2016

Do ponto de vista genético há uma prevalência da hereditariedade em TPB

gira em torno de 40%, segundo estudos recentes, diz Brüne (2016). Este autor

afirma que há controvérsia quanto a diferença de prevalência de TPB entre homens

e mulheres. Quando constatado nos homens, eles se mostram mais agressivos, e

aparentam traços do transtorno de personalidade antissocial. Já as mulheres têm

sinais depressão e ansiedade. Em comparação com as mulheres, o TPB para

homens é caracterizado por temperamento explosivo e alto grau de procura por

novidades. Somado a isso, os traços ou até mesmo o transtorno de personalidade

antissocial é comum estar presente para homens diagnosticados com TPB. E ainda,

Brüne (2016) diz que homens com TPB fazem mais uso de substâncias psicoativas

que mulheres. Já as mulheres com TPB apresentam comorbidades relativas a

transtornos alimentares, ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-

traumático (TEPT).

Este autor diz que o TPB é uma questão e um problema de saúde pública, por

tudo que já foi posto, e pelos achados em neuroimagem e estudos de genética de

pessoas com TPB. Estes apontam que adaptação precoce a ambientes adversos e

com alto grau de estresse pode ser adaptativo em ambientes instáveis, mas este

modo de funcionar pode ser disfuncional em ambientes seguros. Há ainda a questão

16

da plasticidade cerebral, que pode ser positiva ou negativa, e isso dependerá da

interação dos genes com o ambiente. Isto porque a variação alélica pode promover

EHV rápidas ou lentas, dependendo das contingências ambientais. Esta perspectiva

tem implicações fundamentais para o entendimento do TPB, isto porque pacientes

com TPB podem estar entre aqueles que têm mais capacidade de plasticidade

genética, devido às adversidades que enfrentam precocemente e suas histórias de

vida, e até por isso acabam desenvolvendo estratégicas interpessoais disfuncionais.

No que diz respeito ao tratamento psicoterápico, Brüne (2016) cita a terapia

comportamental dialética (TCD) como uma maneira eficaz de tratar o TPB. A TCD é

um tratamento cognitivo comportamental com substancial apoio empírico (KLIEM,

KROGER, & KOSFELDER, 2010; LEICHSENRING, LEIBING, KRUSE, NEW, &

LEWEKE, 2011, apud NEACSIU et al. 2014). A TCD é um tratamento focado na

emoção e tem como intuito melhorar a experiência emocional, bem como sua

expressão, e reduzir a experiência de evitação em pessoas diagnosticadas com

TPB. E ainda, inclui o balanço dialético da aceitação versus a mudança de emoções

problemáticas como um caminho para atingir o sofrimento emocional. Isto é

alcançado ensinando aos pacientes como diminuir a vulnerabilidade emocional,

regular e mudar emoções, e aceitar e permitir que as emoções sejam vividas por

completo. Além disso, outro foco da TCD é modelar a consciência, aceitação e

regulação emocional dos pacientes com TPB (LINEHAN, 1993a, apud NEACSIU et

al., 2014).

Wetzelaer (et al., 2014) amplia a compressão do TPB dizendo que este

transtorno na maioria dos casos traz um prejuízo na esfera educacional, onde muitos

não terminam seus estudos, ou o fazem com baixo rendimento acadêmico. Além

disso, há perdas no contexto profissional, com um desempenho abaixo de sua

capacidade, ou ficam incapacidade de trabalhar, conseguir ou manter o emprego.

Quanto a adesão ao tratamento ao TPB Tanesi (et al. 2007) afirma que é um

comportamento complexo que compreende não somente a característica do

paciente, assim como do clínico e das estratégias de tratamento utilizadas. A não-

adesão (BALCKWELL, 2000, apud TANESI, et al. 2007) ocorre quando: relutância

em procurar ajuda, rejeição a procedimentos como exames laboratoriais, consultas e

sessões irregulares, interrupções prematuras no acompanhamento, não

cumprimento das orientações, uso de dose inadequada e de medicações não

recomendadas. No que se refere a psicoterapia, os motivos da não-adesão

17

(GUNDERSON, 1989, apud TANESI et al. 2007) são: frustração com o tratamento,

falta de suporte social e dificuldades logísticas em comparecer às consultas.

Um estudo (STONE, 2006, apud TANESI et al. 2007) sobre revisão dos

tratamentos psicológicos ressalta a existência de três linhas psicológicas para o

manejo do transtorno de personalidade borderline: cognitivo-comportamental,

psicodinâmica e suportiva. Esta autora afirma que todas elas buscam melhorar os

sintomas e dificuldades destes pacientes. E ressalta seis problemas sérios que os

psicoterapeutas enfrentam no início do processo: suicídio, automutilação, ameaças

de interrupção precoce do tratamento, depressão, abuso de substância,

manifestações de ansiedade e pânico e dissociação. Depois de superadas esses

problemas surgem outras questões: raiva injustificada, mordacidade, manipulação,

reivindicações, ciúmes, pensamento tipo tudo ou nada, atitudes extremas como

idealização e desvalorização e traços masoquistas.

Sendo assim, revisar e tentar encontrar quais são as melhores técnicas faz-se

necessários, a fim de ajudar pessoas que satisfazem este critério diagnóstico a

melhorar a qualidade de vida, e auxiliar psicoterapeutas a trilharem caminhos mais

eficazes no tratamento.

18

2 OBJETIVO GERAL

Verificar quais as técnicas mais eficazes dentro da terapia cognitivo-

comportamental para o tratamento do transtorno de personalidade borderline.

19

3 METODOLOGIA

Foi realizado um estudo exploratório a fim de tentar encontrar quais são as

técnicas mais eficazes dentro da terapia cognitivo-comportamental para o tratamento

do transtorno de personalidade borderline.

Para tanto, foi feita uma revisão assistemática de artigos contemplada do

presente ano até 2006, nos sites Bireme, Scielo, PubMed e Google Acadêmico

usando as palavras-chaves: transtorno de personalidade borderline; terapia cognitivo

comportamental; transtorno de personalidade borderline e terapia cognitivo

comportamental; borderline personality disorder, cognitive behavior therapy;

borderline personality disorder and cognitive behavior therapy. Artigos fora do

período desejado foram descartados. Os artigos descartados o foram, pois ou não

contemplavam o tema pesquisado em questão ou tinham outros assuntos estudados

que não eram pertinentes.

20

4 RESULTADOS

Segundo Zanarini (2009) o TPB atinge cerca de 2% a 6% de adultos norte-

americanos e causa alto prejuízo psicossocial, bem como cuidados psiquiátricos.

Esta mesma autora ressalta que o tratamento deste transtorno é desafiador, uma

vez que estes pacientes tendem a interromper abruptamente o processo

psicoterapêutico; há retrocesso no tratamento; e há uma forte contra-transferência

daqueles que se dispõe a ajudar estas pessoas. Zanarini (2009) diz ainda que os

efeitos das medicações psicotrópicas são de eficácia limitada, uma vez que estas

reduzem de maneira modesta os principais sintomas do TPB.

Dois tratamentos psicológicos dentro das terapias cognitivo-comportamentais

ressaltados por esta autora em seu artigo que trazem relevância clínica e que

ajudam eficazmente as pessoas portadoras de TPB são: a terapia comportamental

dialética e terapia focada no esquema. A terapia comportamental dialética,

desenvolvida pela Marsha Lihenan e descrita em seu livro, sugere que o cerne que

acomete os pacientes com TPB é a instabilidade emocional. Lihenan (apud

ZANARINI, 2009) afirma em seus estudos que a origem desta labilidade emocional

tem um caráter inato que desencadeia esta vulnerabilidade. Somado a isso, uma

infância com um ambiente disfuncional. A pessoa com TPB torna-se rapidamente

colérica, e leva um bom tempo para se acalmar. Linehan (apud ZANARINI, 2009)

afirma esta desregulação emocional característica do TPB alimenta a impulsividade

e a turbulência nos relacionamentos interpessoais que estas pessoas estabelecem.

A terapia comportamental dialética, desenvolvida por Linehan, é caracterizada

por desenvolvimento de habilidades grupais em terapia de grupo, terapia individual,

coaching por telefone e uma equipe de tratamento multidisciplinar (LINEHAN apud

ZANARINI, 2009). Esta abordagem terapêutica é mais eficaz quando comparada

com tratamentos usuais (TU), isto porque a TCD em um estudo comparativo, reduziu

mais o número de episódios de comportamentos parassuicidas (automutilação e

tentativas de suicídio). Pessoas submetidas a este tipo de tratamento permanecem

por mais tempo na terapia individual e reduzem os dias de internações em hospitais

psiquiátricos. Um segundo estudo apontado pelo Zanarini (2009) que teve como

objetivo fazer o acompanhamento dos pacientes por mais um ano aponta que essas

pessoas submetidas a TCD reduziram os comportamentos parassuicidas, houve

21

também a redução da raiva, e um autorrelato e melhora na adaptação e

desempenho social. Ou seja, os autores deste estudo comparativo entre TCD e

terapias usuais / tradicionais concluíram, após um ano de acompanhamento, que a

TCD é superior em eficácia e em redução e sintomas e melhoria do quadro geral.

Linehan (apud ZANARINI, 2009) realizou outro estudo randomizado de TCD e

tratamento da comunidade terapêutica realizado por especialistas. Este estudo

consistia em um ano de psicoterapia em TCD e um ano de acompanhamento. Os

sujeitos submetidos a esta abordagem psicológica tiveram redução nas tentativas de

suicídio, menos tempo de hospitalização devido a ideação suicida, e obtiveram um

declínio no quadro médico geral no que se refere a suicídio e automutilação. E

ainda, houve menos desistência do tratamento por partes dos sujeitos que fizeram

TCD, assim como menos hospitalização e frequência em pronto-socorros. Os

autores deste estudo concluíram que a TCD é mais eficaz que da comunidade

terapêutica realizado por especialistas.

Outra autora referência no tratamento de pessoas que satisfazem o

diagnóstico de TPB, e que criou uma técnica dentro da terapia cognitivo-

comportamental, conhecida com TCD, é a Marsha M. Linehan.

Linehan (et al, 2006) faz um estudo comparativo entre a abordagem

desenvolvida por ela - TCD - e a terapia não comportamental desenvolvida por

profissionais especialistas. Para tanto, pacientes foram submetidos ao tratamento de

TCD por um ano, e mais um ano de acompanhamento.

Esta autora traz dados importantes para exemplificar o grau de severidade de

acomete pacientes que preenchem o diagnóstico de TPB. Estatísticas americanas

apontam para uma taxa de 69% a 80% de comportamentos suicidas para pessoas

com TPB. E ainda mais alarmante: 9% conseguem se suicidar. Além disso, estes

pacientes fazem mais uso de serviços médicos quando comparados a pacientes

com depressão maior, e outros transtornos de personalidade.

Linehan (et al, 2006) faz comparação entre TCD e o tratamento baseado na

mentalização. Ela afirma que a TCD tem mais consistência e suporte empírico, uma

vez que esta técnica foi desenvolvida e vem sendo aprimorada desde 1991, por

estudos randômicos. Os resultados apontam que a TCD tem sido o tratamento mais

eficaz para TPB. No entanto, a autora cita uma ponderação feita pela Associação

Americana de Psiquiatria e seu guia de práticas em que, é difícil verificar qual

recurso/variável da TCD que é responsável pela melhoria dos pacientes submetidos

22

a esta terapêutica. Mas este estudo tem o propósito de identificar quais elementos

são responsáveis pela eficiência da TCD. O presente estudo é uma replicação de

um estudo feito em 1991 comparando TCD e os tratamento usuais.

Os participantes deste estudo são mulheres de 18 a 45 anos que preenchem

os critérios de TPB, e que já tentaram suicídio ao menos duas vezes ou

comportamento auto agressivo nos últimos cinco anos, e ao menos um desses

critérios nas últimas oito semanas. Foram excluídos do estudo aqueles com

diagnóstico esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo, transtorno bipolar, transtorno

psicótico não especificado, retardo mental.

A TCD é um tratamento cognitivo-comportamental desenvolvido para cuidar

de paciente suicidas que preenchem o diagnóstico de TPB. Este tratamento foca

diretamente os comportamentos suicidas, comportamentos que interferem no

tratamento e outros comportamentos perigosos severos e de instabilidade

emocional.

Mesma autora supracitada destaca 5 funções básicas da TCD no tratamento

da TPB: aumentar a capacidade comportamentais; melhorar a motivação para

habilidades comportamentais no que se refere ao manejo contingências e redução

das emoções e cognições que interferem no tratamento; assegurar que os

comportamentos se generalizem para o cotidiano do paciente; proporcionar um

ambiente terapêutico estruturado de tal modo que reforce comportamentos

funcionais e melhorar as capacidades do terapeuta e a motivação a tratar os

pacientes de maneira eficaz.

Linehan (et al, 2006) aponta que foi recrutado e treinado o grupo formado por

16 terapeutas em TCD. E destaca mais uma vez cinco funções desta abordagem:

melhoria da motivação para habilidades comportamentais (gestão das contingencias

e redução de emoções e cognições que interferem no tratamento); assegurar

generalização de ganhos no cotidiano do paciente; assegurar um ambiente

terapêutico estruturado para reforçar comportamentos mais funcionais do que

disfuncionais e melhorar a capacidade e a motivação para tratar eficazmente os

pacientes.

Do outro lado, a comunidade terapêutica de especialistas ou CTE, diferente

dos profissionais que usam terapêuticas usuais no tratamento de TPB, e neste

estudo são formados por 25 profissionais selecionados e supervisionados de modo

controlado.

23

Nos resultados, a já citada autora mostra ao confrontar a TCD com outros

profissionais especialistas, durante o primeiro ano houve uma queda na

administração de medicação psicotrópica para os pacientes. Entretanto, não há

diferenças significativas no ano de acompanhamento entre as duas abordagens. Na

comparação de comportamentos suicidas, a TCD ficou com metade da taxa dos

profissionais especialista do que outras abordagens. Ao longo dos dois anos - um de

tratamento e outro de acompanhamento - a taxa de suicídio foi zero para ambos os

grupos. O grupo de TDC teve metade das tentativas de suicídios comparado com o

grupo CTE. O mesmo ocorre para comportamentos de autoagressão. Ambos grupos

tiveram uma melhoria significativa na ideação suicida e razões para viver. O grupo

TCD usou menos os serviços de crises/emergência que o grupo CTE ao longo dos

dois anos de estudo. Mais pacientes submetidos a CTE largaram o estudo que

aqueles que estavam por TCD. A taxa de desistência foi três vezes maior para CTE.

A autora conclui que a TCD é mais eficaz na prevenção de tentativas de

suicídio em uma taxa de 50% menor que terapias não comportamentais realizadas

por especialistas. Além disso, TCD é mais eficaz na redução de visitas de salas de

emergência e de internação psiquiátrica por ideação suicida. E ainda, TCD é duas

vezes mais eficaz em manter o paciente em processo psicoterapêutico que CTE não

comportamentais.

Outro autor que traz luz as técnicas comportamentais cognitivas eficazes para

o tratamento de TPB é Andrada D. Neacsiu em seu artigo publicado em 2014 com

seus colegas.

Neste artigo, Neacsiu (et al. 2014) amplia o conhecimento do TPB dizendo

para além das características e sintomas levantados anteriormente, as pessoas

diagnosticadas com este transtorno também podem abusar de substâncias, e têm

uma vulnerabilidade biológica emocional caracterizada pela alta sensibilidade

emocional e reatividade e a demora para retornar ao estado considerado

normal/regular. Além disso o autor afirma que pessoas com TPB vivenciam a raiva

intensa, assim como têm dificuldade de controlar a expressão de raiva. Somado a

isso, o sentimento de vergonha é muito comum e persistente no TPB. A severidade

deste transtorno indica um grau de cronicidade (WIDIGER & WEISSMAN, 1991,

apud NEACSIU et al. 2014); comorbidades associadas (LIEB, ZANARINI,

SCHMAHL, LINEHAN, & BOHUS, 2004 apud NEACSIU et al. 2014); grau de

letalidade (LINEHAN, RIZVI, SHAW-WELCH, & PAGE, apud NEACSIU et al. 2014);

24

alta utilização de serviços de tratamentos relacionados ao transtorno (BENDER et

al., 2001, apud NEACSIU et al. 2014); e poucos resultados alcançados no decorrer

dos tratamentos (GUNDERSON, et al. 1989; RIZVI, 2011, apud NEACSIU et al.

2014). Outro traço característico de pessoas que preenchem o diagnóstico de TPB é

a intensidade de suas emoções e o grau de reatividade emocional o que gera um

estado de estresse emocional frequente, uma vez que elas têm um alto grau de

vulnerabilidade emocional e demora de voltar para o estado emocional de

estabilidade (LINEHAN, 1993a, CROWELL, BEUCHAINE, & LINEHAN, 2009, apud

NEACSIU et al. 2014).

Em um estudo de eletrofisiologia, pessoas com TPB evidenciaram uma

melhora na reatividade cortical quando deparados com estimulação emocional

desagradável quando comparado com grupo controle (MARISSEN, MEULEMAN, &

FRANKEN, 2010, apud NEACSIU et al. 2014).

Segundo Neacsiu (et al. 2014) os pacientes com TPB têm como característica

a vivência de evitação, bem como a evitar emoções desagradáveis. E ele diz ainda

que o intenso afeto negativo e a problemática expressão emocional não apenas

causa estresse nessas pessoas, como também as levam a um descontrole

comportamental. O sentimento de culpa é um dos preditores responsáveis para

comportamentos de autoagressão em mulheres com o diagnóstico de TPB

(BROWN, COMTOIS, & LINEHAN, 2002, apud NEACSIU et al. 2014). Em

comparação com pacientes que não preenchem o diagnóstico de TPB, pacientes

com TPB têm mais comportamentos disruptivos que são indicadores da

desregulação da raiva (gritar, berrar, ameaçar, etc; SANSONE, FARUKHI, &

WIEDERMAN, 2011, apud NEACSIU et al. 2014).

Além disso, o esforço em suprimir e evitar experiências privadas dolorosas é

uma das possíveis chaves para explicar a relação entre os efeitos negativos e

comportamentos autodestrutivos no TPB. O foco do trabalho terapêutico está na

mudança das experiências de evitação, bem como reduzir a experiência mal

adaptativa e de expressão da raiva, ansiedade, vergonha, e potencial culpa, que

dessa forma pode contribuir na redução dos comportamentos de descontrole

(NEACSIU et al. 2014).

Neacsiu (et al. 2014) chegou a resultados que apontam para maior eficácia

para TCD na expressão da raiva em pacientes com TPB quanto comparada a

comunidade terapêutica tratada por especialistas (CTE). O mesmo acontece quando

25

estas duas abordagens terapêuticas são comparadas no quesito evitação de

vivência de emoções desagradáveis, por exemplo. Há uma rápida diminuição na

taxa de evitação quando pacientes com TPB são submetidos à TCD do que CTE.

Além disso, a TCD mostrou-se mais eficaz na aceitação de experiências privadas

aversivas (incluindo emoções negativas). Os resultados demonstram ainda que a

TCD não é apenas eficaz nestes quesitos supracitados, mas como também ensina

os pacientes como experimentar e expressar emoções negativas de maneira mais

eficiente.

O autor resume que a TCD é um tratamento mais eficaz que o CTE no

tratamento de comportamentos de risco relacionados ao TPB, assim como tentativas

de suicídio, autoagressão, e dependência de substância.

Outra técnica dentro da abordagem cognitivo-comportamental que é

expressada como eficaz no tratamento do TPB é Terapia Focada no Esquema ou

Terapia do Esquema. Técnica esta desenvolvida pelo psicólogo Jeffrey Young, e aqui

é colocada como alternativa relevante por Pim Wetzelaer e colegas (2014) no artigo

a seguir.

Segundo Wetzelaer (et al., 2014) a terapia do esquema (TS) é

comprovadamente mais eficaz que terapia focada na transferência (TFT) quando

feito um estudo randômico controlado comparando ambas abordagens

psicoterapêuticas. Ele diz ainda que sua eficiência pode ser aumentada na

modalidade de atendimento em grupo. E explica a psicoterapia de grupo pode

prover um ambiente familiar para os pacientes, dando um senso de pertencimento e

facilitando formação de vínculos seguros necessário para reparação parental - esta

entendida como elemento fundamental para TS, que se refere a tentativa do

terapeuta, dentro dos limites da relação profissional, conhecer as necessidades

emocionais mais elementares do paciente. Outra vantagem da TS em relação a TFT

é que a primeira se adaptada melhor as condições ao sistema de saúde holandês de

modo mais eficaz sem perda da eficiência.

Wetzelaer (et al., 2014) afirma que testes randômicos controlados de terapia

do esquema em grupo (TSG) mostraram-se eficientes para o tratamento transtorno

de personalidade borderline (TPB). Neste estudo, o autor afirma que a modalidade

grupal de TS é mais curta - oito meses quando comparada com a modalidade

individual da TS, que mostra resultado após 3 anos de psicoterapia. No entanto, o

autor ressalta que foram feitos apenas dois pequenos estudos demonstrando a

26

eficácia da TSG. E pondera que em sessões individuais existem vantagens sob a de

grupo, pois o terapeuta está em melhor posição para motivar o paciente para o

tratamento, para oferecer um contato mais extenso e aprofundado com o evento

traumático.

Em contraste, a TSG pode prover um ambiente de troca de experiências e

conexões entre os participantes que são elementos importantes para lidar com as

questões relacionadas ao TPB. E exemplifica afirmando que o forte senso de

conexão provido pelo grupo, pode ajudar nos medos de abandono. Assim como

compartilhar experiências comuns entre os pares pode ajudar da diminuição nos

sentimentos de isolamento e defectividade. Além disso, ele afirma que a TSG é mais

eficaz que a proposta individual, visto os resultados positivos e eficazes em menor

tempo quando comparado a TS individual. Mas ele afirma que combinar estas duas

modalidades de TS podem aumentar ainda mais a chances de eficácia no

tratamento do TPB.

No entanto, Wetzelaer (et al., 2014) afirma que apenas dois estudos testaram

TSG, o que indica que há necessidade ampliar e aprofundar a relevância desta

técnica cognitivo-comportamental no tratamento de TPB.

Mais um estudo que coloca em comparação a TCC com TU para pessoas

com TPB é o de Kate Davison (et al., 2006).

Davidson (et al., 2006) fez estudo comparativo entre o tratamento com TCC e

TU com 106 pacientes num recorte de tempo de dois anos. Ao olhar para os

resultados primários a autora e sua equipe constataram que não houve diferença

significativa entre TCC e TU no que se refere a pacientes com internação

psiquiátrica e contato com atendimento emergencial. Por outro lado, percebeu-se

uma redução significativa após dois anos de tratamento e acompanhamento no

número de tentativas de suicídio a favor da TCC do que TU. Além disso, autora e

equipe constatam que a combinação de TCC e TU quando comparado a só TU é

muito mais eficaz para tratar os sintomas de ansiedade que podem vir

acompanhados ao TPB, assim como os sintomas de estresse, comportamentos

suicidas.

Na comparação separada a TCC é mais eficaz na redução de tentativas de

suicídio, do que TU, assim como na necessidade de internação psiquiátrica. Outros

dados importantes a favor da TCC é que após um ano de estudo, os resultados do

Brief Symptom Inventory indicam melhoria nos sintomas de estresse. E após dois

27

anos há uma melhoria nas crenças disfuncionais e no estado de ansiedade, afirma

Davidson (et al., 2006). No entanto, a autora afirma que não há diferença

significativa no primeiro e segundo ano estudado entre TCC e TU no que diz respeito

a depressão, traços de ansiedade, outros sintomas psiquiátricos, funcionamento

interpessoal, ou qualidade de vida. De modo geral, Davidson (et al., 2006) afirma

que todos os pacientes tiveram uma melhoria no quadro geral após o tratamento e o

acompanhamento. Ela constata neste estudo que os níveis de estresse e de

experiência disfuncional em todos os participantes permanecem relativamente altos,

mesmo após dois anos. Estas informações sugerem que o tratamento, mesmo que

relativamente breve, pode ser benéfico para os pacientes com TPB.

Davidson (et al., 2006) conclui seu estudo dizendo que a TCC pode oferecer

mudanças importantes em comportamentos de autoagressão e suicídio, estresse

afetivo e pensamento disfuncional para pessoas que satisfazem o diagnóstico de

TPB.

Mais um pesquisador sobre TPB, John Norrie (et al., 2013) analisa em seu

estudo a relação da importância da competência do terapeuta cognitivo-

comportamental e a eficácia no tratamento.

No seu artigo Norrie (et al., 2013) afirma logo de início: quanto mais

competente e treinado o psicoterapeuta cognitivo-comportamental, as chances são

significativamente maiores para redução do número de tentativas de suicídio em

pacientes com TPB. Foram investigados os efeitos do tratamento a partir do modelo

de estudo conhecido como BOSCOT randômico controlado de terapia cognitivo-

comportamental para transtorno de personalidade em comparação com tratamento

usual. Foi comparado com TU com 106 pessoas com TPB.

Foram selecionadas duas competências do psicólogo cognitivo-

comportamental para serem analisadas separadamente: a aliança terapêutica e a

competência como a terapia é conduzida. Para tanto Norrie (et al., 2013) define

aliança terapêutica como uma relação de trabalho específica entre paciente e

terapeuta. E a segunda a competência como a terapia é conduzida envolve o

entendimento dos problemas do paciente, a maneira como é conduzida a

intervenção ou uso de técnicas, e a atitude do terapeuta em conduzir intervenções

de forma qualificada. Foi mensurada a competência do terapeuta usando a BOSCOT

Rating Scale (DAVIDSON, 2007, apud NORRIE et al., 2013 ).

Ao analisar os resultados, Norrie (et al., 2013) e sua equipe constataram que

28

o número de internações psiquiátricas foi menor para o grupo de pacientes

submetidos a TCC quando comparado com o TU. Além disso, foi constatado que a

competência que o terapeuta em TCC para transtorno de personalidade pode

oferecer mudança no comportamento suicida em 20 ou menos sessões em um ano,

e esse efeito permanece durante dois anos de acompanhamento do estudo. Além

disso, a TCC para transtorno de personalidade, bem como as competências dos

terapeutas cognitivos-comportamentais, pode ser um auxílio de curto prazo para o

comportamento de autoagressão agudo. E ainda, a TCC é uma técnica eficaz e de

longo prazo para prevenção de comportamento suicida.

Outros autores que trazem luz à busca de técnicas mais eficazes para o

tratamento do TPB são Manuela Navarro-Leis e Marcos López Hernández-Ardieta.

Eles apresentam a seguir três terapias da chamada terceira gerção dentro da TCC.

Navarro-Leis & Hernández-Ardieta (2013) em seu artigo falam da dificuldade

de se determinar a eficácia dos tratamentos dos transtornos de personalidade como

um todo, pois os estudos neste campo da ciência psicológica são pouco numerosos,

com amostras escassas e heterogêneas - o que dificulta a replicação e análise das

variáveis com consistência e fidedignidade científica - e não cumprem o projeto de

controle. Dentre todos os estudos realizados, aqueles que têm uma eficácia

científica são os voltados para o tratamento do TPB. E os autores destacam três

tratamentos dentro da TCC: a TCD, assim como a Terapia da Aceitação e do

Compromisso, e Psicoterapia Analítico Funcional como possibilidades viáveis, e

enquadradas dentro da TCC da terceira geração (HAYES, MASUDA, BISSETT,

LUOMA y GUERRERO, 2004, apud NAVARRO-LEIS & HERNANDEZ-ARDIETA,

2013).

Os autores definem brevemente cada uma dessas três possibilidades de

tratamento para TPB, dentro da TCC. A TCD, que é o tratamento que demonstrou

mais eficácia em ensaios clínicos controlados (LINEHAN, AMSTRONG, SUÁREZ,

ALLMOND y HEARD, 1991; LINEHAN, HEARD y ARMSTRONG, 1993 apud

NAVARRO-LEIS & HERNANDES-ARDIETA 2013) na redução de internações

psiquiátricas, nos comportamentos autoagressivos e no consumo de substâncias.

Assim como demonstrou eficácia na redução do mal-estar psicológico, diminuição

dos sentimentos de desesperança, ansiedade, e comportamento suicida. Os autores

explicam que a TCD é baseada no ensinamento de habilidades sociais ao paciente,

combinando aprendizado ao treinamento das mesmas na modalidade de

29

psicoterapia grupal e individual. Esta modalidade para o TPB contempla orientações

por telefone em momentos de crises; trabalha os problemas motivacionais que

interferem nas situações de comportamentos desadaptativos. Ao término do

processo de TCD o paciente deve ser capaz de usar meios adequados, assim como

responder as situações adaptativamente e com efetividade (NAVARRO-LEIS &

HERNANDES-ARDIETA, 2013).

Sendo assim, a TCD tem os seguintes focos (NAVARRO-LEIS &

HERNANDES-ARDIETA, 2013): desenvolver comportamentos e habilidades que

possam superar situações de risco de vida do paciente (tentativa de suicídio e

comportamentos de autoagressão); ensinar ao paciente a colocar em prática

condutas mais adaptativas reduzindo, ao mesmo tempo, condutas que interferem no

êxito da terapia. Linehan (apud NAVARRO-LEIS & HERNANDES-ARDIETA 2013)

enfatiza a importância da aceitação e a validação das experiências do próprio

paciente, para então conseguir mudar.

Em cada sessão o paciente tem que trabalhar: habilidades básicas de

consciência (baseada na teoria de Mindfulness); habilidades de efetividade

interpessoal - treinamento de assertividade e resolução de problemas interpessoais;

redução do sofrimento emocional; ensinar os pacientes a manejar e aceitar o mal-

estar (NAVARRO-LEIS & HERNANDES-ARDIETA, 2013).

Os autores citam ainda uma técnica dentro da TCC chamada de Terapia da

Aceitação e do Compromisso, conhecida pela sigla TAC, ou no original em inglês

ACT. Esta abordagem da terceira geração ou onda da TCC foi desenvolvida

especialmente para tratar comportamentos de evitação de determinado estimulo

aversivo que é uma característica dos transtornos de personalidades. E como já foi

citada neste trabalho, as pessoas com TPB têm, um muito casos, um padrão de

evitar emoções intensas e desagradáveis como raiva, culpa. A TAC traz a

oportunidade de os pacientes entrarem em contato com emoções desagradáveis e

desenvolver estratégias de controle, e alterar o padrão comportamental por meio da

mudança de contexto em que estes eventos privados (emoções) acontecem.

Segundo Navarro-Leis & Hernández-Ardieta (2013) desta forma a TAC traz como

meta e resultado uma maior flexibilidade comportamental, uma vez que o paciente

não estará mais condicionado a agir sempre para evitar das suas emoções

desagradáveis. Mas poderia agir em relação aos seus valores pessoais, mesmo que

isso envolva uma experiência de desconforto no curto prazo.

30

Outro objetivo básico da TAC é a aceitação psicológica e estar disposto a

entrar em contato com uma situação aversiva, sempre que isso vale a pena para

pessoa (HAYES, STROSAHL Y WILSON, 1999; LUCIANO et al., 2010; LUCIANO,

RODRÍGUEZ Y GUTIÉRREZ 2004; WILSON Y LUCIANO, 2002, apud NAVARRO-

LEIS & HERNANDES-ARDIETA, 2013). Desta maneira, tem-se como objetivo ajudar

o paciente a lidar com situações pessoais e se relacionar de maneira diferente com

o mal-estar inevitável. As estratégias neste sentido são a utilização de exemplos,

metáforas e exercícios práticos em sessão, para que o paciente desenvolva

habilidades necessárias para conduzir sua vida.

A Psicoterapia Analítica Funcional, ou PAF propõe a aplicação dos princípios

da modelação operante do comportamento, por meio das contingências de

reforçamento (SKINNER, 1957, apud NAVARRO-LEIS & HERNANDES-ARDIETA,

2013). Segundo os autores, esta abordagem enfatiza as funções evocadoras,

discriminativas e reforçadoras do terapeuta, de modo que este pode manejar as

contingências principais da problemática do paciente, bem como a relação

terapêutica. Esta abordagem, portanto, é indicada para pessoas com problemas de

relacionamento interpessoais, aspecto característico das pessoas com transtorno de

personalidade, como é o caso dos pacientes com TPB. Há três comportamentos

clinicamente que ocorrem dentro da sessão: CCR1 - são comportamentos

equivalentes aqueles que ocorrem fora da sessão e que são comportamentos

problemáticos do ponto de interpessoal; CCR2 - são comportamentos que indicam

uma melhoria relevante do paciente em sessão, como por exemplo, a diminuição da

agressividade verbal; CCR3 são as interpretações do paciente sobre seu próprio

comportamento. Os terapeutas devem aplicar cinco regras básicas da PAF

(KOHLENBERG Y TSAI, 1991, apud NAVARRO-LEIS & HERNANDES-ARDIETA ,

2013): detectar os comportamentos clinicamente relevantes que ocorrem durante a

sessão de psicoterapia; evocar os CCR1 e construir um ambiente em que possam

aparecer os comportamentos problemáticos e que assim permita desenvolver

melhorias para o paciente; reforçar positivamente, de maneira natural os CCR2;

detectar quais propriedades de seu próprio comportamento são reforçadores para o

paciente; e gerar CCR3 adequadas, ou seja, proporcionar ao paciente o

desenvolvimento de habilidades para analisar, sob uma perspectiva funcional, a

relação entre seus comportamentos e outros fatores.

Os autores afirmam que há uma consistência empírica que respaldam estas

31

três terapias da terceira geração para o tratamento de transtornos de personalidade,

de modo geral. Uma evidência neste sentido é a consistência dos seus princípios

básicos - condicionamento operante, incluindo os últimos avanços sobre a análise

funcional da linguagem. Além disso, apontam as estratégias de intervenções para

elaboração de condutas variadas. Quatro casos clínicos de TPB foram tratados com

TCD e houve uma mudança notável nos comportamentos problemáticos como

tentativa de suicídio e comportamento de autoagressão (SHEARIN Y

LINEHAN,1992, apud NAVARRO-LEIS & HERNANDES-ARDIETA, 2013). Quanto a

estudos de TAC, os autores apontam um estudo controlado onde 22 pacientes

diagnosticados com TPB, com importantes condutas autoagressivas, foram tratados

por 14 semanas. Foram comparados os tratamentos usuais, TU, com TCD. A

combinação destes dois tratamentos surtiu resultados positivos nos comportamentos

autoagressivos, desregulação emocional, evitação experiencial, assim como nos

sintomas de ansiedade de depressão. Os resultados deste estudo apontam para

uma melhora de 83% dos pacientes no seu nível funcionamento adequado. Gratz y

Gunderson (2006, apud NAVARRO-LEIS & HERNANDES-ARDIETA, 2013) autores

deste estudo, afirmam que a aceitação emocional e os comportamentos orientados a

valores pessoais são elementos chaves para as melhorias referidas.

Navarro-Leis & Hernández-Ardieta (2013) encerram seu artigo afirmando que

estas três terapias - TAC, TCD e PAF - são compatíveis entre si, compartilham

objetivos, e em alguns casos, são aplicadas e avaliadas de modo combinado. A PAF

gera condições necessárias (a construção de uma relação terapêutica efetiva) para

uma aplicação mais eficaz da TAC. Por outro lado, a TCD incorpora elementos

destas duas terapias citadas, como o formato de psicoterapia individual e em grupo,

a possibilidade do contato telefônico com o terapeuta em situações de crises. E

concluem afirmando que estas terapias possibilitam um avanço no tratamento de

transtorno de personalidade.

O manejo de modo integral para pacientes com TPB é o que está descrito no

artigo de Maria Teresa García López, Maria Fe Martín Pérez, Raúl Otín Llop. Eles

destacam o programa que se mostra eficaz no tratamento de TPB: STEPPS (System

Training for Emotinal Predictability and Problem Solving).

Neste artigo, Lopez (et al., 2010) destacam a importância do tratamento

integral para o TPB. Este envolve unidades de hospital dia, tratamento ambulatorial,

psicofarmacológico, psicoterapia individual, em grupo e familiar, terapia ocupacional,

32

grupos psicoeducativos de famílias, programa reabilitador sociolaboral, grupo de

relaxamento, grupo de autocontrole, grupo de expressão criativa, técnicas de

autoconhecimento, atividades básicas da vida cotidiana.

No que diz respeito à psicoterapia, Lopez (et al., 2010) aponta a TDC como

uma das possibilidades eficazes para o manejo dos sintomas do TPB. Além disso,

cita um protocolo dentro das TCC chamado STEPPS que trabalha a resposta

emocional dos pacientes para resolução de problemas. E à medida que o paciente

vai progredindo neste programa, o número de sessões diminui até a alta definitiva. O

primeiro passo deste programa consiste em explicar as características do TPB,

assim como as possibilidades de mudar os problemas inerentes ao TPB, e a

responsabilidade do paciente no tratamento. O segundo centra as atenções no

treinamento de habilidades para o manejo das emoções; e por último, o treinamento

de habilidades para o manejo dos comportamentos problemáticos e suas interações.

Estudos publicados sobre o STEPPS comparando com tratamentos usuais

para TPB indicam que os resultados obtidos com o STEPPS são mais eficazes

(LOPEZ et al., 2010). E os autores dizem que em um estudo mais recente, a

combinação do STEPPS e o TU ambulatorial melhoram a afetividade, a cognição, os

relacionamentos interpessoais e a impulsividade (segundo ZANARINI Rating Scale

for Borderline Personality Disorder) como diminuem as visitas em pronto-socorro. No

entanto não foram detectadas mudanças no número de comportamentos

autoagressivos e tentativas de suicídio (BLUM, ST JOHN e cols., 2008, apud LOPEZ

et al., 2010). Em um ensaio clínico (CHIESA E FONAGY, 2007 apud LOPEZ et al.,

2010) comparando um programa de tratamento hospitalar de longa duração e outro

programa com STEPPS, mostram melhores resultados para diminuição de

comportamentos de autoagressão. Outro estudo de tratamento breve (GRAZT,

LACROCE e cols, 2006, apud LOPEZ et al., 2010) de oito semanas de duração em

hospitalização parcial e posterior acompanhamento ambulatorial durante um mês

usando o STEPPS. Os resultados mostram uma melhoria significativa da

afetividade, do controle das emoções, diminuição de comportamentos parassuicidas.

No entanto, não melhorou o nível de funcionamento global, nem a qualidade de vida.

Chiesa e Fonagy (2006, apud LOPEZ et al., 2010) fizeram um estudo

retrospectivo de seis anos, comparando três grupos de pacientes, um deles fazendo

tratamento com STEPPS, outro de internação hospitalar de longa duração e o

terceiro tratamento psiquiátrico usual. Nas variáveis ajuste social e funcionamento

33

global, as autoagressões, comportamentos parassuicidas, os pacientes que foram

submetidos ao programa STEPPS obtiveram uma melhoria significativa.

Lopez (et al., 2010) chama a atenção para versatilidade do programa

STEPPS. Ele é facilmente adaptado para tratamento de adolescentes e para

realidades diferentes (países) e se mantém eficaz no tratamento de TPB.

A TCD é mais uma vez citada como não apenas uma técnica eficaz, mas

como comumente utilizada nas instituições de saúde da Espanha. Isso é constatado

no artigo a seguir de Enrique García Bernardo (2007).

Bernardo (2007) faz algumas considerações acerca do tratamento de pessoas

que possuem TPB. Ele reforça o que já foi dito afirmando que é muito difícil e

complexo o tratamento psicoterápico para este transtorno de personalidade. E expõe

as principais dificuldades: a complexidade que cada paciente traz, com suas

nuances clínicas; a variabilidade clínica devido a momento evolutivo que o atendido

está; as dificuldades de abordagem terapêutica que tem, muitas vezes que unir

diferentes recursos de procedências diversas - linhas de abordagens diferentes -

para então, tentar formar um todo coerente e homogêneo; limitações quanto aos

resultados esperados de um tratamento farmacológico convencional é realizada de

forma isolada; a problemática que permeia o nível institucional, como em consultas

convencionais, e no nível ambulatorial e hospitalar. Ele afirma que todas estas

possíveis barreiras são ponderadas no momento de buscar quais técnicas

terapêuticas e psicoterapêuticas são mais adequadas e eficazes para o tratamento

do TPB.

Ressalta Bernardo (2007) que a TCD é utilizada por todas as instituições que

se dedicam a tratar pacientes com o diagnóstico de TPB. Ele afirma ainda que esta

terapêutica, desenvolvida por Linehan (1993 apud BERNARDO, 2007), é indicada

especialmente para os momentos iniciais do tratamento. Isto porque a TCD ajuda no

controle dos comportamentos impulsivos. E expõe algumas das características

principais da TCD: tem uma duração mais curta, quando comparada a psicoterapias

psicodinâmicas; especialmente útil para pacientes que têm problemas em

estabelecer uma aliança terapêutica. O autor indica ainda quais os principais

objetivos da TCD: modulação dos afetos; manutenção do estado de ânimo; controle

do comportamento no sentido de mitigar os sentimentos de abandono, insuficiência,

desconfiança e incompetência; formato técnico que combina sessões individuais e

em grupo para o treinamento e desenvolvimento de habilidades aprendidas, assim

34

como atendimento por telefone em momento de crises.

Outro artigo espanhol feito por María Acuñas Gelabert (et al., 2009) analisa a

eficácia da TCD no tratamento dos sintomas de hostilidade e impulsividade,

característicos do TPB.

Gelabert (et al., 2009) faz um levantamento de perfis de hostilidade e de

impulsividade numa amostra de pacientes com TPB tratado com TCD. Ele

contextualiza que a desregulação emocional, que é uma característica do TPB, tem

sua origem em experiências passadas de apego inseguro e/ou experiência de abuso

físico, verbal, sexual e/ou violência. E o resultado destas experiências aversivas e

traumáticas são os comportamentos de hostilidade e impulsividade, que geram

sofrimento e prejuízos para as pessoas que passaram por estas situações.

Os autores afirmam que a TCD vem se firmando nos últimos anos como a

terapia mais utilizada para o tratamento de pessoas com TPB. E continuam dizendo

que a Associação Psiquiátrica Americana recomenda esta terapia como um

tratamento de primeira linha. Além disso, estudos internacionais vêm demonstrando

sua eficácia no tratamento dos principais comportamentos disfuncionais presentes

neste transtorno de personalidade, especialmente os comportamentos impulsivos,

aquisição de habilidades adaptativas de regulação emocional, especialmente a

regulação da raiva/hostilidade (GELABERT et al., 2009).

Este trabalho apresenta uma amostra de pacientes diagnosticados com TPB

em um hospital dia do hospital universitário Son Dureta. E estes pacientes foram

submetidos à TCD de grupo, onde a impulsividade foi medida pela Escala de

Impulsividade de Barratt (BIS-11) e a hostilidade foi medida pelo Inventário de

Hostilidade de Buss-Durkee (BDHI). Ao todo foram objeto deste estudo 27 pacientes

usuários destes serviços (GELABERT et al., 2009).

Os resultados, segundo Gelabert (et al., 2009) apontam para: 24 pacientes

foram submetidos a escala BDHI e na escala BIS-11 26 pacientes. A amostra foi

classificada com altos índices de hostilidade e impulsividade. Após o tratamento com

TCD as pontuações da escala BDHI diminuíram, sendo que as maiores diminuições

foram para subescalas de hostilidade verbal, ressentimento e hostilidade total. Já na

escala BIS-11 observou-se o seguinte: diminuição das subescalas impulsividade

motora, e impulsividade total, no entanto, estas, segundo os autores, não foram

significativas.

Pode-se concluir, segundo Gelabert (et al., 2009), que quando comparado os

35

níveis de hostilidade e impulsividade após o tratamento com TCD, os dados indicam

uma redução de todas as pontuações em hostilidade medidas, assim como uma

redução nos níveis de impulsividade na escala total, com destaque para subescala

impulsividade motora.

Autora colombiana María José Sarmiento Suárez (2008) em seu artigo faz

uma revisão buscando artigos que versassem sobre TCD e TPB. E corrobora a

eficiência desta técnica psicoterapêutica.

Suárez (2008) faz uma revisão da literatura buscando artigos que contemplem

os termos dialectical behavior therapy e borderline personality disorder. Do que já foi

supracitado, ele amplia a compreensão do TPB dizendo que o transtorno por ser

desencadeado em momentos de crises como, separações, divórcios, perda do

emprego, brigas conjugais.

A autora reforça o que já foi exposto neste trabalho que a TCD é o primeiro

tratamento que mostrou efetividade em ensaios clínicos controlados. Atualmente,

esta terapia é recomendada como tratamento escolhido para os pacientes de TPB

pela APA e pelo Departamento de Saúde do Reino Unido.

Além disso, Suárez (2008) levanta evidências clínicas da eficiência da TCD

citando o primeiro estudo randômico controlado feito Linehan e colaboradores (1991,

apud SUÁREZ, 2008) comparando TCD e TU em um grupo de pacientes

acompanhados por um ano. Os pacientes que receberam a TCD mostraram uma

redução em frequência e em gravidade dos comportamentos parassuicidas, menos

dias de hospitalização, e uma melhor aderência ao tratamento. E ainda, os pacientes

verbalizaram que estavam menos irritáveis, e o seu funcionamento social havia

melhorado. Outro estudo, agora com veteranos de guerras com diagnóstico de TPB,

após o tratamento com TCD houve uma redução na ideação suicida, no sentimento

de desesperança, e os sintomas depressivos. Outro estudo, agora na Holanda, com

pacientes diagnosticados com TPB e abuso de substâncias, comparados a TCD com

TU. A TCD mostrou uma melhor aderência ao tratamento, redução da autoagressão,

e comportamentos impulsivos no acompanhamento de 6 meses.

No ano de 2006 Linehan (apud SUÁREZ, 2008) e seus colaboradores fizeram

um estudo controlado randômico mais amplo e rigoroso que havia sido feito até o

momento, comparando TCD e tratamento realizado por especialistas da

comunidade. Foram sujeitos 101 pacientes que cumpriam os critérios de TPB e

havendo uma tentativa de suicídio ou autoagressão. Ambos os grupos obtiveram

36

melhoria. No entanto aqueles submetidos TCD evidenciaram uma melhor resposta

terapêutica, em especial diminuir as tentativas de suicídio, a autoagressão, assim

como o uso de serviços de urgências.

Outro artigo que mais uma vez afirma que a TCD foi desenvolvida para o

tratamento do TPB e é eficaz para tanto, é o de Juanita Gempeler (2008).

Neste artigo Gempeler (2008) faz um retrospecto da TCD e da sua autora,

Marsha Linehan. Afirma que esta enfrentou dificuldades em tratar pacientes com

diagnóstico de TPB com a TCC clássica, nos anos 1970. Foi a partir destas

dificuldades de manejo clínico que fizeram Linehan desenvolver a TCD.

O componente que dá nome a teoria, a dialética, neste contexto é entendido

como a aceitação e a mudança das emoções desagradáveis e dos comportamentos

disfuncionais - impulsividade, autoagressão, comportamentos parassuicidas. E

Gempeler (2008) diz que a aceitação não exclui a mudança. E ainda, este balancear

entre aceitação e mudança ajuda a romper a rigidez dos pensamentos, sentimentos

e comportamentos. E o conceito de dialético é a integralidade (holística) e a síntese,

movimentos que juntos facilitam o processo de psicoterapia.

Abaixo segue tabela sobre as principais modalidades e características da

TCD:

Tabela 2 - Modalidades e características da TCD

Modalidades Características Terapia Individual - Uma sessão por semana de 50 a 90

minutos de duração. Em momentos de crise pode ser maior. - Trabalham os objetivos de maneira hierarquizada (uso de tarefas diárias) - Identificar contingências envolvidas na manutenção da conduta disfuncional.

Treinamento de habilidades - Sessões grupais de 2 horas ou 2 horas e meia, uma vez por semana, pelo menos durante o primeiro ano de tratamento. - Manejo de contingências e generalização de habilidades.

Consulta de Habilidades (usa-se para pacientes que têm problemas com uso de drogas)

- Busca-se reforçar o vínculo do paciente com o terapeuta ou, ao menos, com um membro de grupo que ajude o paciente participe das sessões. - Fortalecimento por meio de líderes em treinamento de habilidades (um participante faz um acompanhamento direto das tarefas, exercícios do paciente).

37

Consultas telefônicas - Ajudar a colocar em prática habilidades favorecendo sua generalização no cotidiano. - Intervir em momentos de crises. - Reparar a relação terapêutica sem que o paciente tenha que esperar até a próxima sessão (manter o paciente em terapia)

Estruturação do ambiente do paciente - Manejo das contingências - Qual aspecto do tratamento mantém o comportamento.

Atenção aos terapeutas - Supervisões semanais individuais e coletivas

Fonte: Gempeler, 2008

Gempeler (2008) diz que o tratamento da TCD se divide em uma etapa de

pré-tratamento e quatro estágios com suas metas particulares. Seguem descritos na

tabela 3:

Tabela 3 -Estágios e metas do tratamento da TCD

Pré-tratamento (orientação e compromisso) – três entrevistas

- Levantar as expectativas do paciente (se são realistas ou não). - Não é um programa de prevenção de suicídio. - Por meio de trabalho em equipe deve-se mostrar a vida vale a pena ser vivida. - Descrevem-se as bases do tratamento (cognitivo-comportamental baseadas na aprendizagem de habilidades, que equivale aceitar sem julgamento e percebê-las como algo essencial na vida).

Estágio 1 (desenvolvimento de habilidades básicas) – no mínimo um ano

- Conseguir um modo de vida razoavelmente funcional e estável. - Diminuir os comportamentos suicidas e parassuicidas. - Diminuir os comportamentos que interferem na terapia. - Diminuir os comportamentos que interferem na qualidade de vida. - Fortalecer o vínculo terapeuta-paciente.

Habilidades Comportamentais - sessões grupais e individuais uma vez por semana

Tomada de consciência ativa – descrever vivências sem julgamentos nem críticas, “participar cuidadosamente” (Zen).

Regulação das emoções.

Eficácia interpessoal.

Manutenção de autonomia mínima.

Tolerância ao mal-estar

Estágio 2 – Descoberta (redução da angústia pós-traumática) – no mínimo 1 ano

- Elaborar traumas prévios (processar). - Reduzir a negação. - Resolver tensões dialéticas (culpa

38

associada ao trauma) - Tomada de consciência de motivação, medos e conflitos internos.

Continuar fortalecendo habilidades comportamentais estabelecidas no estágio 1

Estágio 3 – Fortalecer atitudes (resolver problemas da vida e aumentar o autorrespeito) – Por tempo indefinido

- Desenvolver confiança e si mesmo. - Autoestima e autorrespeito (independente de validação externa). - Promoção de independência do terapeuta. - Autonomia.

Habilidades: validar emoções, opiniões e ações individuais, assim como diminuir a vergonha e o ódio de si mesmo.

Estágio 4 (desenvolver a capacidade de manter a alegria)

-Ampliar a consciência - Desenvolver plenitude espiritual e o movimento dentro do fluxo da vida (por meio de terapias longas orientadas para o insight e práticas espirituais).

Fonte: Gempeler, 2008.

E para concluir seu artigo, Gempeler (2008) levanta evidências que reforçam

a eficácia no tratamento do TPB. Em estudos controlados financiados pelo Instituto

de Saúde Mental e o Instituto Nacional de Abuso de drogas colombianos, mostram

que a TCD é mais eficaz que o TU para pacientes com diagnóstico de TPB e com

comorbidades de abuso de substâncias. Quem recebeu TCD em comparação com

TU apresentou menor probabilidade de deixar a terapia, reportam menos

comportamentos suicidas, necessitam menos hospitalização, e quando o fazem

ficam por menos tempo, e tiveram melhor pontuação nas escalas de ajustes global e

social. Além destes estudos a autora cita outros, agora da Universidade de

Washington. Koons, Robins, Tweed & Lynch (apud GEMPELER, 2008) em estudos

aleatórios controlados analisaram a eficácia entre TCD e TU em mulheres com TPB

e com pelo menos uma história recente de parassuicidio. Os sujeitos que receberam

TCD mostraram uma redução estatisticamente significativa na ideação suicida,

depressão, desesperança e raiva quando comparado aos sujeitos que receberam o

TU. Outro estudo randômico controlado feito na Noruega por Verheul et al. (apud

GEMPELER, 2008) também confrontando TCD e TU mostra que os pacientes

submetidos a TCD mostraram maior adesão ao tratamento, redução dos

comportamentos suicidas e redução de comportamentos de autoagressão.

Outros autores que além de aprofundarem a compreensão de algumas

técnicas da TCD, e dessa forma ampliar o entendimento desta terapêutica, trazem

evidências científicas da eficácia no tratamento do TPB, são os espanhóis Irene de

39

la Vega e Sabrina Sánchez Quintero.

Vega & Quintero (2012) reforçam o que já foi dito por muitos autores

supracitados. E ampliam o entendimento da TCD afirmando que ela é uma terapia

eficaz para o tratamento do TPB. O que pode ser dito a mais do que já foi exposto é

o aprofundamento dos treinamentos de habilidades para os pacientes:

Tabela 4 – TCD e as habilidades a serem treinadas.

Treinamento de habilidades para pacientes com TPB no tratamento com TCD

Habilidades básicas de consciência Uso da técnica de Mindfullness – a consciência do aqui e agora, estar presente no presente - para ser usada durante todo o tratamento. São ensinadas técnicas de meditação que são dirigidas para o sentimento de vazio e o desconhecimento de si. O objetivo é controlar a própria mente ao invés de ela controlar o indivíduo. Há três estágios fundamentais:

A mente racional – que pensa de forma lógica e fria;

A mente emocional que atua de forma emotiva, sendo guiada pelas emoções do momento;

A mente sábia, que integra as duas anteriores.

Habilidades de efetividade interpessoal Tem como objetivo tornar as pessoas mais eficazes do ponto de vista interpessoal. Os pacientes têm que analisar situações e determinar quais objetivos desejam nelas; analisar quais fatores contribuem para efetividade interpessoal e quais interferem; analisar aspectos a considerar antes de pedir algo, de expressar uma opinião ou dizer não; treinar habilidades específicas como manter uma posição/ponto de vista por meio da técnica disco rachado, utilizar um enfoque cortês e tranquilo sem ameaçar. Isso tudo é trabalhado por meio de role playing em situações hipotéticas.

Habilidades de regulação das emoções Objetivo principal é o paciente aprender a observar sua resposta emocional de forma consciente e sem julgamento. Ele aprende a identificar e nomear as emoções e reconhecer as funções que estas têm. O terapeuta deve ensinar técnicas para aumentar a consciência e a frequência das emoções positivas, por exemplo, por meio de atividades agradáveis. E reduzir o impacto de emoções negativas, por

40

exemplo, mudando a resposta que se dá a elas, mediante a um comportamento oposto a emoção.

Habilidade de tolerância ao mal-estar São técnica ligadas ao zen budismo relacionadas à aceitação. O mais importante não é evitar a dor e o sofrimento e sim aprender a manejá-los. São dois módulos:

Habilidades de sobrevivência em situações de crises – aprender a tolerar a dor de uma situação determinada, sem incorrer em comportamentos que aumentem o sofrimento.

Habilidades de aceitação da realidade – aceitar sem julgamento, a si mesmo e uma situação atual tal qual ela se a presenta no momento. Técnicas de aceitação radical, dirigira a mente para a aceitação e cultivar a boa vontade. Trabalham-se exercícios de autoconhecimento e o meio ambiente, e auto-observação.

Fonte: Vega & Quintero (2012)

Os autores trazem evidências científicas que apontam para eficácia da TCD

como instrumento terapêutico no tratamento no TPB. Em um estudo que teve como

intuito avaliar a eficácia da TCD em comparação com TU (farmacológico,

counselling, e atenção em urgências) Linehan et al., 1991 (apud VEGA &

QUINTERO, 2012), houve uma redução nos comportamentos de autoagressão,

hospitalizações e visitas a serviços de urgências e aumento a aderência ao

tratamento. Outros estudos, mais recentes mostram que a TCD de forma abreviada

também traz muitos benefícios em relações aos sintomas do TPB (PASIECZNY Y

COONOR 2011; STANLEY, BRODSKY, NELSON Y DULIT, 2007, apud VEGA &

QUINTERO, 2012).

41

5 DISCUSSÃO

Após todas as leituras dos artigos acima, pode-se identificar algumas técnicas

dentro da abordagem da terapia cognitivo-comportamental que são usadas no

tratamento do TPB com resultados promissores e esperançosos, tanto para aqueles

que preenchem este diagnóstico, quanto para os terapeutas que buscam melhor

compreensão e condução da terapia ao se depararem com esta demanda.

A terapia do esquema e sua configuração grupal mostra-se eficaz, pois os

participantes trocam experiências e pontos de vistas, têm maior probabilidade de

formar vínculos afetivos mais estáveis, saudáveis e seguros por perceberem e

verem outras pessoas com problemas parecidos, características fundamentais para

reparação parental, um dos focos para remissão dos sintomas do TPB. No entanto,

há ainda poucas pesquisas que sustentam a TSG como técnica mais frequente e

eficaz para o tratamento do TPB.

A técnica mais frequentemente citada por diversos autores, e com resultados

satisfatórios para o tratamento dos sintomas do TPB é a TCD. Desenvolvida por

Marsha Linenhan, ela tem como premissa principal trabalhar a relação terapêutica,

com técnicas comportamentais, da terceira geração da TCC. Usa o mindfulness que

é a atenção plena no aqui e agora e trabalha, por exemplo, os pensamentos

dissociativos; abarca técnicas da terapia da aceitação e compromisso para trabalhar

com a evitação de emoções e pensamentos desagradáveis típicos do TPB; apoio em

situações de crises (ideação suicida e para prevenir tentativas de suicídio) com

atendimento por telefone, e treinamento de habilidades comportamentais em grupo,

só para destacar algumas das técnicas da TCD. Além disso, há uma alternância

entre a modalidade de psicoterapia individual e grupal na TCD, o que a torna mais

ainda eficaz na melhora do quadro geral dos sintomas da TPB, e no tempo

desprendido em terapia.

Parece haver um consenso entre os estudiosos no assunto que a TCD é,

atualmente, a técnica que melhor se encaixa as demandas da TPB, trazendo uma

melhoria no quadro sintomatológico, e oferecendo melhoria no funcionamento

cognitivo, comportamental, social e emocional dos pacientes que se submetem a

esta técnica.

Sendo assim, pode-se verificar que, para terapeutas e pesquisadores do TPB,

42

a TCD é a técnica mais eficaz dentro da TCC no tratamento do TPB.

43

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do trabalho em questão foi tentar encontrar as técnicas mais

eficazes dentro da terapia cognitivo-comportamental para tratar pessoas com TPB

em um recorte histórico de dez anos - 2006-2016. E após leituras e análises, é

possível afirmar que TCD desenvolvida por Marsha Linehan é a técnica mais

utilizada e cidata em estudos e na prática clínica. A terapia dos esquemas, em seu

formato individual e grupal, aparece como uma boa alternativa, porém pouco citada

nos artigos pesquisados. A técnica STEPPS (System Training for Emotinal

Predictability and Problem Solving) também é citada como ferramenta para ajudar

na remissão dos sintomas do TPB. Mas no cômputo geral, a TCD é a técnica mais

eficaz para o tratamento do TPB.

44

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dezembro de 2015.

47

Anexo

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu MARCELO MIRANDOLA BICHIR, afirmo que o presente trabalho e suas

devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da

responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental,

sob o título “QUAIS AS TÉCNICAS MAIS EFICAZES DENTRO DA TERAPIA

COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DO TRANSTORNO

DE PERSONALIDADE BORDERLINE”, isentando, mediante o presente termo, o

Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu

orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias

à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a

confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

__________________________________

Assinatura do (a) Aluno (a)