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1 CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO HIGIENE DO TRABALHO Aula 1 Profª. MSc. Marta Cristina Wachowicz Especialista em Psicologia do Trabalho Mestre em Engenharia de Produção-Ergonomia

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1

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE E

SEGURANÇA DO TRABALHO

HIGIENE DO TRABALHO

Aula 1

Profª. MSc. Marta Cristina Wachowicz

Especialista em Psicologia do Trabalho

Mestre em Engenharia de Produção-Ergonomia

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HIGIENE DO TRABAHO

1. Higiene do Trabalho

2. PPRA

3. Riscos Biológicos

4. Riscos Ambientais

5. Riscos Ergonômicos

6. Prevenção de Riscos Ocupacionais

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REFERÊNCIAS

BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Segurança do trabalho & gestão ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abordagem holística. São Paulo: Atlas, 1999.

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REFERÊNCIAS

MATTOS, U. A. de O.; MASCULO, F. S. (org.). Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier-Abepro, 2011.

ZOCCHIO, Álvaro. Prática da prevenção de acidentes: abc da segurança do trabalho. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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SITES de PESQUISA

www.protecao.com.br

www.mtb.gov.br ou www.trabalho.gov.br

www.anamt.com.br

www.previdenciasocial.gov.br ou www.mpas.gov.br

www.anvisa.gov.br

www.saude.gov.br

www.saudeetrabalho.com.br

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AULA 1

HIGIENE DO TRABALHO

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Higiene Ocupacional

Higiene Industrial

Higiene do Trabalho

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É uma técnica preventiva queatua na exposição do trabalhador a um ambiente agressivo com o objetivo de evitar doenças profissionais.

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É a ciência e a arte dedicada aprevenção, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos existentes ou originados dos locais de trabalho, os quais podem prejudicar a saúde e o bem estar das pessoas no trabalho, enquanto considera os possíveis impactos sobre o meio ambiente geral.

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OBJETIVO

Eliminar ou reduzir os agentesagressivos de natureza química, física ou biológica encontrados no ambiente de trabalho, capazes de acarretar doenças profissionais ou qualquer outro prejuízo a saúde do trabalhador.

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FASES DA HIGIENE DO TRABALHO

1. Antecipação (prevenção)2. Reconhecimento (identificação)3. Avaliação (quantificação do

agente)4. Controle (medidas, ações)

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1. AntecipaçãoSão considerados os riscos ambientais que poderão ocorrer nos ambientes de trabalho, visando a introdução de sistemas de controle durante as fases de projeto, instalação, ampliação, modificação ou substituição de equipamentos ou processos.

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2. ReconhecimentoIdentificar os riscos ambientais que podem influenciar a saúde dos trabalhadores. É necessário um estudo sobre matérias primas,produtos e subprodutos, métodos e ...

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2. Reconhecimento... procedimentos de rotina, processos produtivos, instalações e equipamentos existentes. É a primeira avaliação qualitativa do ambiente de trabalho.

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3. AvaliaçãoFase da avaliação quantitativa dos riscos ambientais através de medições de curto ou longo prazonos ambientes de trabalho e comparação com os limites de tolerância...

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3. AvaliaçãoAs avaliações devem ser realizadas após a elaboração de estratégias de amostragem que devem estar de acordo com as técnicas de avaliação e análise selecionadas.

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4. ControleDeve ser dimensionado levando-se em consideração os recursos técnicos e financeiros, sendo preferencialmente recomendados os controles de engenharia...

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4. ControleEsta é a fase mais importante, devendo ser iniciada, sempre que possível, durante as fases de antecipação e reconhecimento.

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Engenharia de Segurança doTrabalho & Medicina do Trabalho• Detecção de hipersuscetíveis• Mapeamento de populações

críticas• Evidências de sinergismos entre

agentes ambientais• Procedimentos de restrição de

exposição

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Engenharia de Segurança doTrabalho & Medicina do Trabalho• Educação e treinamento• Ações técnico-legais conjuntas• Limitação e definição de áreas

críticas• Análises da correlação exposição X

danos à saúde

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Engenharia de Segurança doTrabalho & Medicina do Trabalho• Validação de medidas de controle• Aconselhamento médico na fase

pré-admissional, periódico ou de transferência de acordo com a situação ambiental / pessoal.

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Os diversos agentes químicos que podem poluir um local de trabalho e entrar em contato com o organismo dos trabalhadores podem apresentaruma ação localizada ou serem distribuídos aos diferentes órgãos e tecidos, levados pelos fluidosinternos (sangue e outros), produzindo uma ação generalizada.

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AERODISPERSÓIDES

• NÉVOASSuspensão no ar de pequenas gotas líquidas apreciáveis a olho nu, originados por ruptura mecânica de líquidos. Sua margem de tamanhoestá compreendida entre 2 e 60 μm.

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AERODISPERSÓIDES

• NÉVOASAerosóis líquidos formados por desagregação mecânica de líquidos. Ex. pinturas spray, névoas de H2SO4 no carregamento de baterias.

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AERODISPERSÓIDES

• NEBLINAS Aerosóis líquidos formados por condensação de vapores em temperaturas normais. Ex. neblina de gasolina.

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AERODISPERSÓIDES

• POEIRASAerosóis sólidos formados por desagregação mecânica desólidos. Ex. minérios, madeiras, cereais, amianto, granito, etc.

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AERODISPERSÓIDES

• FUMOSSuspensão no ar de partículas sólidas metálicas geradas em um processo de condensação, partindo da sublimação ou volatilização de um metal.

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AERODISPERSÓIDES

• FUMOSEsta acompanhado, na maioria das vezes, de uma reação química (geralmente de oxidação). O seutamanho varia de 0,001 a 0,5 μm.

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AERODISPERSÓIDES

• FUMOSAerosóis sólidos formados por condensação de sólidos envolvendo processo de oxidação.

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AERODISPERSÓIDES

• FUMAÇASAerosóis sólidos resultante de combustão incompleta demateriais carbonáceos ( carvão e óleos ). Ex. queima de materiais orgânicos.

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Por este motivo as vias de ingresso destas substâncias ao organismo são:

InalaçãoAbsorção cutâneaIngestão

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INALAÇÃO

Dependendo fundamentalmente do esforço físico realizado, os autores concluem que mais de 90% das intoxicações generalizadas tenham esta origem.

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Em função da facilidade de absorção de gases e vapores, podem passar ao sangue, para serem distribuídos a outras regiões do organismo.

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Alguns sólidos e líquidos ficam retidos nesses tecidos, podendo produzir uma ação localizada, ou dissolvem-se para serem distribuídos através do aparelho circulatório.

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ABSORÇÃO CUTÂNEA

Ocorre quando uma substância de uso industrial entra em contato com a pele, podem acontecer as seguintes situações:

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ABSORÇÃO CUTÂNEA

• A pele e a gordura protetora podem atuar como uma barreira protetora efetiva.

• O agente pode agir na superfície da pele, provocando uma irritação primária.

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ABSORÇÃO CUTÂNEA

• A substância química pode combinar com as proteínas da pele e provocar uma sensibilização.

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ABSORÇÃO CUTÂNEA

O agente pode penetrar através dela, atingir o sangue e atuar como um tóxico generalizado. Ex.: mercúrio, chumbo, agrotóxicos, são substancias que podem ingressar através da pele, produzindo uma ação generalizada.

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Apesar destas considerações, normalmente a pele é umabarreira bastante efetiva para os diferentes tóxicos, e sãopoucas as substâncias que conseguem ser absorvidas emquantidades perigosas.

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As medidas de prevenção de doenças, nesses casos, devem incluir a proteção da superfície do corpo.

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INGESTÃO

Representa apenas uma via secundária de ingresso de tóxicos no organismo, já que nenhumtrabalhador ingere, conscientemente, produtos tóxicos.

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INGESTÃO

Isto pode acontecer de forma acidental ou ao engolirpartículas que podem ficar retidas na parte superior dotrato respiratório ou ainda ao inalar substâncias emforma de pós ou fumos.

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LIMITE de TOLERÂNCIA

É a intensidade dos riscos físicos ou concentração dos riscos químicos, sob os quais acredita-se que a maioria dos trabalhadores pode ficar exposta, sem sofrer efeitos à saúde, durante a sua vida laboral.

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No Brasil há dois tipos de limites de tolerância:

1. Média PonderadaRepresenta a concentração existente durante a jornada de trabalho. Isto é, podemos ter valores acima do limite fixado ou inferior ao limite de tolerância...

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No entanto estas oscilações para cima não podem ser indefinidas,devendo respeitar um valor máximo que não pode ser ultrapassado.

Este valor máximo é obtido através da aplicação de um fator de desvio, conforme fórmula:

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MÉDIA PONDERADA

VALOR MÁXIMO = LT x FD

LT = Limite de TolerânciaFD = Fator de Desvio

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2. Valor TetoRepresenta uma concentração máxima que não pode ser excedida em momento algum da jornada de trabalho. Para as substâncias com estes limites, não são aplicados os fatores de desvio, sendo o valor máximo sempre igual ao limite de tolerância fixado.

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O efeito produzido no organismo humano por uma intoxicação:

AGUDOExposição curta em altas concentrações produzidas por substancias rapidamente absorvida pelo organismo.

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O efeito produzido no organismo humano por uma intoxicação:

CRÔNICOExposição repetida a pequenasconcentrações. Tem efeito acumulativo no organismo.

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CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS

A. Pela Forma B. Pelos Efeitos no Organismo

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A. PELA FORMAToma-se como referência a forma na qual o agente químico se apresenta no ambiente. Leva-se em consideração a importância para a Higiene Industrial, esta classificação inclui somente agentes químicosambientais, isto é, aqueles que estão em suspensão ou dispersos no ar.

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A. PELA FORMAToma-se como referência a forma na qual o agente químico se apresenta no ambiente. Leva-se em consideração a importância para a Higiene Industrial, esta classificação ...

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A. PELA FORMA... inclui somente agentes químicosambientais, isto é, aqueles que estão em suspensão ou dispersos no ar.Ex.: gases e vapores.

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B. PELOS EFEITOS NO ORGANISMOAções fisiopatológicas produzidas no organismo:1. Irritantes2. Pneumoconióticos3. Tóxicos sistêmicos4. Anestésicos ou Narcóticos5. Cancerígenos

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1. IRRITANTESSão os compostos químicos que produzem uma inflamação,devido a uma ação química ou física nas áreas anatômicas que entram em contato, principalmente com a pele e mucosas do sistema respiratório.

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1. IRRITANTESOs fatores que indicam a gravidade do efeito provocado pelassubstâncias químicas são as concentrações das substâncias no ar e o tempo de exposição.

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As substâncias irritantes se dividem:

Irritantes do trato respiratório superiorSão substâncias muito solúveis em meio aquoso (Soda caustica) e, portanto com ação nas vias aéreassuperiores (garganta e nariz).

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Irritantes de ação sobre os brônquiosSão substâncias de solubilidade moderada em fluidos aquosos e atuam principalmente nosbrônquios (ozônio, anidrido sulfuroso -S02, cloro).

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Irritantes do tecido pulmonarPertencem a este grupo, as substâncias pouco solúveis em fluidos aquosos e, portanto comuma maior penetração no sistema respiratório, atingindo os alvéolos pulmonares e produzindo uma ação tóxica (dióxido de nitrogênio, ozônio, entre outros).

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2. PneumoconióticosSão as substâncias químicas sólidas, que se depositam nos pulmões e se acumulam, produzindo pneumopatia e degeneração fibrótica do tecido pulmonar...

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2. PneumoconióticosAs poeiras inertes, apesar de não produzirem esta degeneração do tecido pulmonar, exercem uma ação em consequência do acúmulo de poeiras nos alvéolos pulmonares impedindo a difusão do oxigênio através dos mesmos.

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3. Tóxicos SistêmicosSão substâncias químicas que,independentemente de sua via de entrada, se distribuem por todo organismo produzindo efeitos diversos sendo que ...

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3. Tóxicos Sistêmicos... algumas apresentam efeitos específicos ou seletivos sobre um órgão ou sistema (inseticidas hidrocarbonetos halogenados, hidrocarbonetos aromáticos, metanol).

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4. Anestésicos ou NarcóticosSão substâncias químicas que atuam como depressor do sistema nervoso central agindo como anestésicos ou narcóticos em altas concentrações por curtos períodos de tempo...

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4. Anestésicos ou NarcóticosSua ação depende da quantidade de tóxico que chega ao cérebro, podendo provocar intoxicações sistêmicas quando o indivíduo éexposto repetidamente em baixasconcentrações.

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4. Anestésicos ou NarcóticosDividem-se em:• Anestésicos primários

(hidrocarbonetos alifáticos: butano, propano, cetonas ).

• Anestésicos de ação sobre as vísceras(hidrocarbonetos clorados: pecloroetileno, tricloroetileno, tetracloreto de carbono).

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4. Anestésicos ou NarcóticosDividem-se em:• Anestésicos de ação sobre o

sistema formador de sangue (hidrocarbonetos aromáticos: benzeno, tolueno, xileno).

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4. Anestésicos ou NarcóticosDividem-se em:• Anestésicos de ação sobre o

sistema nervoso(álcoois: metílico, etílico,

dissulfeto de carbono).• Anestésicos de ação sobre o

sangue e o sistema circulatório (nitrocompostos orgânicos: nitrobenzeno, anilina).

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5. CancerígenosSão substâncias químicas que podem gerar ou favorecer o crescimento desordenado de células no organismo. Estas substâncias atuam no núcleo celular (DNA e RNA) causando desordem genética, crescimento e difusão de células.

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5. CancerígenosPodem ser divididas segundo o efeito causado no organismo como:

MutagênicoInduz uma modificação permanente e transmissível nas características genéticas de um servivo.

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5. CancerígenosPodem ser divididas segundo o efeito causado no organismo como:

CarcinogênicoCausa câncer em consequência deexposição aguda ou crônica (ex. benzeno).

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5. CancerígenosPodem ser divididas segundo o efeito causado no organismo como:

TeratogênicoProduz um defeito físico, má formação, no embrião (ex. talidomida).

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B. PELOS EFEITOS NO ORGANISMO

1. ALÉRGICOSSão substâncias químicas cuja ação se caracteriza por não afetar a totalidade dos indivíduos (requerendo uma predisposição fisiológica), atingindo somente aqueles previamente sensibilizados.

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B. PELOS EFEITOS NO ORGANISMO

1. ALÉRGICOSAs dermatites por contato produzidas pelo níquel, cromo, mercúrio, formaldeídos e etc. são exemplos detóxicos alergênicos.

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B. PELOS EFEITOS NO ORGANISMO

2. ASFIXIANTESSão substâncias químicas capazes de impedir a chegada do oxigênio para os tecidos.Se subdividem em:

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Asfixiante simples

Qualquer contaminante químico que não apresenta nenhum efeito específico, geralmente substânciasinertes, quando presente no ambiente reduz a concentração de oxigênio no ar (ex.: nitrogênio,hidrogênio, hélio. acetileno ).

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Asfixiante químico

Substâncias que impedema chegada de oxigênio nas células, bloqueando os mecanismos do organismo. Estas substâncias podematuar ao nível de sangue, das células ou cérebro (paralisando os músculos da respiração)...

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Asfixiante químico

Encontram-se neste grupo as seguintes substâncias: monóxido decarbono, nitratos e nitritos, sulfato de hidrogênio, ácido cianídrico.

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3. PRODUTORES de DERMATOSES

São substâncias que independente dos efeitos tóxicos que exercem no organismo, em contato com a pele originam alterações na mesma,através de diferentes formas: irritação primária, sensibilizações alérgicas e fotosensibilização.

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4. EFEITOS COMBINADOS

Existem contaminantes químicos que desencadeiam somente um dos efeitos citados e outros que desencadeiam, simultaneamente,vários efeitos...

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4. EFEITOS COMBINADOS

Deve-se levar em consideração também, a presença em um mesmo ambiente de trabalho, de contaminantes distintos ao mesmo tempo.Dividem-se em:

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4. EFEITOS COMBINADOS

SimplesQuando os contaminantes atuamsobre órgão ou sistemas fisiológicos distintos.

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4. EFEITOS COMBINADOS

AditivoQuando vários contaminantes distintos atuam sobre o mesmo órgão ou sistema fisiológico.

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4. EFEITOS COMBINADOS

PotencializadorQuando um ou vários produtosmultiplicam as ações de outros. O efeito só pode ser calculado se conhecermos a magnitude dospotenciadores.

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B. PELOS EFEITOS NO ORGANISMO

Quando o efeito de uma substância tóxica é potencializado pela ação de uma segunda substância diz-se que as substâncias apresentam sinergismo, assim sendo ...

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B. PELOS EFEITOS NO ORGANISMO

Quando o efeito de uma substância tóxica é reduzido pela ação de outra substância diz-se que as substâncias apresentam antagonismo.

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B. PELOS EFEITOS NO ORGANISMO

As substâncias com efeitos sinérgicos não são necessariamente nocivas por si próprias, podendo apresentar estes efeitos em decorrência de vias de penetração distintas.