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Dissertação PAPEL DA ANGIOTENSINA-(1-7) SOBRE O CONTROLE AUTONÔMICO CARDIOVASCULAR: AVALIAÇÃO AGUDA E CRÔNICA EM MODELOS GENETICAMENTE MODIFICADOS Daniela Ravizzoni Dartora

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Dissertação

PAPEL DA ANGIOTENSINA-(1-7) SOBRE O CONTROLE

AUTONÔMICO CARDIOVASCULAR: AVALIAÇÃO AGUDA E

CRÔNICA EM MODELOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

Daniela Ravizzoni Dartora

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INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em Medicina:

Área de Concentração: Cardiologia e

Ciências Cardiovasculares

PAPEL DA ANGIOTENSINA-(1-7) SOBRE O CONTROLE

AUTONÔMICO CARDIOVASCULAR: AVALIAÇÃO AGUDA E

CRÔNICA EM MODELOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

Autora: Daniela Ravizzoni Dartora

Orientadora: Dra. Maria Cláudia da Costa Irigoyen

Co-orientadora: Dra. Karina Rabello Casali

Dissertação submetida como requisito para

obtenção do grau de mestre ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Área

de concentração: Cardiologia e Ciências

Cardiovasculares, da Fundação Universitária

de Cardiologia / Instituto de Cardiologia do

Rio Grande do Sul.

Porto Alegre, 2012

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Dedico todo este trabalho a minha FAMÍLIA, especialmente aos meus

pais Carlos e Erci que sempre oferecem amparo e segurança; e representam o

diferencial e a singularidade que me trouxe até aqui e que me motiva a

continuar sempre.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, por sabidamente me designar ao local ao qual

pertenço e com as pessoas com as quais convivo.

Aos meus pais Erci e Carlos Dartora, meu grande e maior motivo. Por

terem ensinado a mim e aos meus irmãos a ter um coração bom. Que

permitiram sempre que eu sonhasse e realizasse meus sonhos. Pelo amor e

apoio incondicional, por todas as lágrimas enxugadas e por serem a minha

maior garantia. De todos os títulos que eu possa um dia obter, o maior e mais

importante é minha certidão de nascimento. Eu amo vocês!

A minha irmã Rafaela e ao meu irmão Carlos, por serem meus grandes

amigos. Por me ensinarem que o amor e a união se fortalecem nas

particularidades e que esse é o incremento para a parceria incondicional e

indissolúvel que formamos. Por serem minha torcida, por me apoiarem e me

compreenderem. Por terem me proporcionado um passado inesquecível, um

presente que é uma aventura e por me garantirem, com sua presença

constante, um futuro inimaginável. Amo vocês!

Aos meus avós Italo, Suelly, Margarida e Mario, por representarem o

início de tudo. Por todas as orações e pedidos feitos, pela fé inabalável, por

ensinarem o valor do trabalho, da honestidade e a da perseverança. Vocês são

fundamentais para mim, sem a vossa presença e a ajuda não estaria aqui.

Ao Roger Pereira, meu namorado, grande e fundamental companheiro,

que me acompanha nesta aventura desde o final de minha graduação,

compartilhando comigo vivências, me compreendendo e apoiando

incondicionalmente.

As minhas tias Tania e Sandra e tio Paulo e meus primos Marcelo e

Paula por serem incentivadores do meu trilhar e grandes exemplos.

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5

A Dra. Maria Claudia Irigoyen, que me recebeu em seu laboratório

quando eu era uma estudante de iniciação científica. Por me conceder

ensinamentos acadêmicos e de vida. Por me privilegiar com sua valiosa

presença em minha caminhada acadêmica, topando o desafio. Pela confiança

e amadurecimento que me proporcionou. É um orgulho e uma honra ser tua

aluna.

Ao Dr. Robson Santos, pelo brilhantismo e imenso conhecimento. Pela

oportunidade de fazer parte de sua linha de pesquisa e viabilizar a realização

dos experimentos que culminam nesta dissertação. Pela oportunidade de

vivenciar ainda no mestrado a experiência da pesquisa no exterior. Por sempre

me receber em seu laboratório e em sua casa.

A Dra. Karina Rabelo Casali, cujas palavras não conseguem

dimensionar o tamanho de minha gratidão. Por ser minha co-orientadora,

minha amiga, meu ombro para desabafar, por sempre saber que tudo daria

certo e nunca deixar fraquejar. Pela maneira de conduzir o aluno,

proporcionando extenso crescimento e autonomia. Pelas inúmeras horas de

trabalho, escrita, análise de dados. Obrigada por dividir teu tempo e teu

conhecimento comigo. É um enorme privilégio ser tua aluna.

Ao resultado do mestrado que já está publicado na revista de minha

vida, minhas amigas Bruna Eibel e Lucinara Dadda Dias, por toda a ajuda e

apoio desde o início. As minhas amigas Andressa, Liliane, Graziela, Cinara,

Isabel e Ludmila pela grata surpresa que foram nessa caminhada. Obrigada

por contribuírem tanto para meu crescimento, por me ajudarem nas angustias e

vivenciarem minhas alegrias.

Aos professores e mestres, em especial a Dra. Melissa Medeiros

Markoski, primeira professora desta empreitada, pelos ensinamentos que vão

além da biologia molecular, das terapias e das vias de sinalização.

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Ao Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação

Universitária de Cardiologia e todas as pessoas envolvidas na Pós-Graduação

especialmente Fernanda, Débora e Madalena, e na Pesquisa da Instituição, por

muitas vezes dividirem conosco as dificuldades desta etapa. Pelo auxilio na

organização dos eventos, na solução de problemas e dúvidas.

Ao INCT Nanobiofar por fomentar essa pesquisa e pela minha bolsa de

mestrado.

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SUMÁRIO

BASE TEÓRICA

Introdução......................................................................................... 12

1. Doenças Cardiovasculares............................................................... 12

2. Controle da Pressão Arterial............................................................. 13

3. Avaliação do Controle Autonômico: Variabilidades da Freqüência

Cardíaca e da Pressão Arterial.........................................................

17

4. Sistema Renina Angiotensina........................................................... 19

5. Angiotensina-(1-7)............................................................................ 24

6. Modelos Genéticos........................................................................... 30

7. Justificativa....................................................................................... 33

8. Hipótese de Pesquisa....................................................................... 34

9. Objetivos........................................................................................... 35

9.1 Objetivo Geral................................................................................... 35

9.2 Objetivos Específicos........................................................................ 35

10. Referências Bibliográficas................................................................

ARTIGO

36

Resumo............................................................................................ 53

Introdução......................................................................................... 54

Métodos............................................................................................ 56

Análise Estatística............................................................................. 61

Resultados........................................................................................ 61

Discussão......................................................................................... 63

Referências...................................................................................... 68

Legendas das Figuras...................................................................... 73

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Tabela 1............................................................................................ 75

Figura 1............................................................................................. 76

Figura 2............................................................................................. 77

Figura 3............................................................................................. 78

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LISTA DE ABREVIATURAS

A779 – antagonista seletivo para angiotensina-(1-7)

AGT – Angiotensinogênio

Ang – Angiotensina

Ang I – Angiotensina I

Ang II – Angiotensina II

Ang-(1-7) – Angiotensina-(1-7)

AT1 – receptor angiotensinérgico subtipo 1

BK – Bradicinina

BVLC – Bulbo Ventrolateral Caudal

BVLR – Bulbo Ventrolateral Rostral

CA – Controle Autonômico

DC – Débito Cardíaco

DCV - Doenças Cardiovasculares

ECA – Enzima Conversora da Angiotensina

ECA 2 - Enzima Conversora da Angiotensina

eNOS – Enzima Óxido Nítrico Sintase Endotelial

FC – Frequência Cardíaca

HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica

HF – High Frequency – Alta Frequência

KO-Mas – camundongos knockout para o receptor Mas

LF – Low Frequency – Baixa Frequência

LF/HF – balanço simpato-vagal

NEP - endopeptidase neutra

NTS – Núcleo do Trato Solitário

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PA – Pressão Arterial

PAD – pressão arterial diastólica

PAS – pressão arterial sistólica

POP - prolyl oligopeptidase

RP – Resistência Periférica

RV – Retorno Venoso

RVP – Resistência Vascular Periférica

SNA – Sistema Nervoso Autônomo

SNC – Sistema Nervoso Central

SNS – Sistema Nervoso Simpático

SRA – Sistema Renina Angiotensina

SRAA - Sistema Renina Angiotensina-Aldosterona

TOP - thimet oligopeptidase

VFC - Variabilidade Frequência Cardíaca

VLF – Very Low Frequency – Muito Baixa Frequência

VPA – Variabilidade da Pressão Arterial

VPAS - Variabilidade da Pressão Arterial Sistólica

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistema Renina Angiotensina – Visão Atualizada...........................23

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INTRODUÇÃO

1. DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no

mundo. Em 2008, estima-se que 17,3 milhões de pessoas morreram de DCV

representando 30% de todas as mortes globais. Projeções da Organização

Mundial da Saúde especulam que até o ano de 2030 aproximadamente 23,6

milhões de pessoas morrerão de DCV principalmente por doença cardíaca e

derrame 1.

No Brasil, segundo dados do DataSUS, somente em 2005, 283.927

pessoas morreram devido a doenças do aparelho circulatório, o que

corresponde a 29% do total de mortes no país. Dentre as doenças do aparelho

circulatório as causas de maior impacto na mortalidade são as doenças cérebro

vasculares, que correspondem a 9% das mortes, e as doenças isquêmicas do

coração, que equivalem a 8,44% da mortalidade total, ambas fortemente

associadas à hipertensão.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a hipertensão

arterial sistêmica (HAS) é uma das principais causas de mortalidade

cardiovascular e representa o fator de risco individual mais importante para as

DCV. Estima-se que até o ano 2025 mais de 1,56 bilhões de pessoas no

mundo se tornem hipertensas2 mantendo a HAS como um problema global de

saúde pública 3.

Tendo em vista a expressiva taxa de morbi-mortalidade e os elevados

custos sociais e econômicos ligados às DCV nas últimas décadas houve um

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aumento substancial no número de investigações clínicas e experimentais

promovendo um grande avanço na área de pesquisa cardiovascular.

Tais avanços são o substrato essencial para o desenvolvimento de

estratégias terapêuticas mais eficientes, visando um controle sustentado e

homogêneo da pressão arterial (PA) 4.

2. CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL

A regulação da PA é uma das funções fisiológicas mais complexas e que

depende de ações integradas e paralelas dos sistemas cardiovascular, renal,

neural e endócrino 5-7 4, 8. A manutenção da PA em níveis adequados é crucial

para a sobrevivência, uma vez que através dela garante-se a perfusão

sanguínea adequada a todos os tecidos, mesmo frente às alterações regionais

de fluxo impostas pelas diferentes situações assumidas no cotidiano de um

indivíduo. Estas modificações podem causar alterações hemodinâmicas

acompanhadas de oscilações expressivas nos níveis de PA, porém, devido à

interação dos mecanismos reguladores, tais alterações possuem um

incremento transitório mantendo os valores pressóricos dentro de uma faixa

relativamente estreita de variação 5-7, 9 10, 11.

A regulação efetiva da PA é o resultado da atividade de sistemas de

retroalimentação que operam a curto e longo-prazo. O controle de PA envolve

mecanismos neurais e neuro-humorais que modulam não só a atividade do

sistema nervoso autônomo (SNA) para o coração e para os vasos, como

também o volume sangüíneo e a secreção de vários hormônios 12.

Os efeitos determinados pela ação hormonal não são instantâneos como

os neurais, mas, sendo mais duradouros tornam o controle da PA mais efetivo,

especialmente em situações de elevações ou quedas prolongadas da PA 10.

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O principal mecanismo de controle a curto-prazo é desempenhado

pelos reflexos cardiovasculares originados nos pressoreceptores arteriais, nos

quimiorreceptores e nos receptores de estiramento na região cardiopulmonar 4,

12. Os pressorreceptores controlam também a liberação de vários hormônios

que participam da regulação a longo-prazo da PA agindo como coadjuvantes

na manutenção dos níveis basais de pressão, intensificando e prolongando as

respostas cardiovasculares por minutos ou até mesmo horas13.

Os mecanismos neurais de controle da PA resultam em alterações

apropriadas do débito cardíaco (DC), da resistência periférica (RP) e do retorno

venoso (RV)11 através da intervenção do sistema nervoso central (SNC), que,

integrando as informações provenientes de diferentes sensores do sistema

cardiovascular, modula a atividade cardíaca e vascular através da inervação

autonômica periférica e da liberação de diferentes hormônios. A regulação

neural da PA funciona como um arco-reflexo envolvendo receptores,

aferências, centros de integração, eferências e efetores, além de alças

hormonais 14-17

Entre os principais sistemas aferentes cardiovasculares envolvidos na

regulação autonômica da PA estão os barorreceptores aórticos e carotídeos

(barorreflexo), os quimiorreceptores carotídeos e aórticos (quimiorreflexo) e as

fibras aferentes vagais cardiopulmonares (Reflexo Bezold-Jarisch) 14, 17. As

informações da periferia referentes aos níveis de PA, volume sanguíneo ou

composição gasosa do sangue, são processadas pelo SNC através do Núcleo

do Trato Solitário (NTS) que processa a informação e deflagra respostas

autonômicas reflexas para a normalização dos parâmetros fisiológicos. O

núcleo do trato solitário recebe as aferências correspondentes aos receptores

cardiovasculares no SNC e desempenha função importante na modulação da

atividade eferente autonômica do sistema cardiovascular 11.

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O reflexo pressorreceptor é considerado um sistema de controle que

mantém a PA dentro de limites normais em períodos de segundos a minutos

sendo extremamente eficiente em controlar a variabilidade da pressão arterial

(VPA)12. A rapidez desse sistema regulatório é obtida através de um sistema de

retro-alimentação pelo sistema nervoso autônomo 8. O reflexo pressorreceptor

participa da homeostase hemodinâmica principalmente por controlar o tônus

simpático e parassimpático para coração e vasos, no qual uma estimulação

dos mesmos produz redução reflexa da atividade simpática e aumento da

atividade vagal 4.

A atividade simpática exerce uma potente influência excitatória nas

estruturas cardiovasculares como o coração e as artérias, no primeiro

aumentando a freqüência cardíaca (FC), a velocidade de transmissão do

potencial elétrico e aumentando a contração miocárdica; nas artérias

aumentando o tônus vasoconstritor, a resistência vascular periférica (RVP)

sempre visando adequada perfusão tecidual em acordo com as condições

fisiopatológicas do organismo18.

Deste modo, as alterações dos níveis pressóricos como os encontrados

na HAS e outras patologias cardiovasculares, podem estar associadas à

disfunção dos diferentes sistemas de controles da PA 11.

Os pressorreceptores arteriais são o mais importante mecanismo de

controle reflexo da PA momento a momento. São mecanorreceptores

constituídos por terminações nervosas livres que se situam na adventícia de

grandes vasos como a carótida e a aorta e que são estimulados por

deformações das paredes desses vasos provocadas normalmente pela onda

pressórica na parede mecano-elástica desses vasos. A ativação dos

pressorreceptores gera potenciais de ação que são conduzidos a regiões

especificas do SNC, principalmente ao NTS pelos nervos vago e

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glossofaríngeo. Através da excitação de neurônios pré e pós-ganglionares

específicos modula-se o aumento da atividade vagal e a FC. O tônus simpático

para o coração e vasos pode ser reduzido quando outros neurônios do NTS,

estimulados pelo aumento da PA, excitam o bulbo ventrolateral caudal (BVLC)

que inibe os neurônios pré-motores do bulbo ventrolateral rostral (BVLR)

promovendo redução da contratilidade e bradicardia, queda na RVP e

conseqüente diminuição dos níveis pressóricos 11.

Alterações sustentadas nos níveis pressóricos podem impor ao

pressoreceptores um processo de adaptação, deslocando a faixa de

funcionamento para os novos valores de PA, garantindo a manutenção de uma

faixa de oscilação, mesmo que esta seja deslocada como em indivíduos

hipertensos11. Tal propriedade já foi descrita nos pioneiros experimentos de

Goldblatt e colaboradores, 1934, que denotaram uma atividade barorreflexa

preservada embora deslocada para um nível mais alto de PA.

Lopes e colaboradores monitoraram os níveis pressóricos de filhos

jovens de indivíduos hipertensos e demonstraram que, quando comparados a

filhos jovens de indivíduos normotensos, apresentam níveis pressóricos mais

elevados, níveis maiores de catecolaminas séricas de repouso e menor

resposta à hipotensão induzida por vasodilatador19. Tais resultados sugerem

um uma deficiência no controle reflexo da FC, mediado pelos barorreceptores

nos indivíduos com predisposição genética para HAS e demonstrando o

envolvimento precoce do (SNA) na gênese da HAS.

A investigação da fisiopatologia das DCV implica em entender os

mecanismos fisiológicos e suas alterações em especial àquelas ligadas à

manutenção dos níveis de PA. Um dos métodos amplamente utilizado para

avaliação do controle autonômico é baseado na análise das variabilidades da

FC e da PA.

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3. AVALIAÇÃO DO CONTROLE AUTONÔMICO - VARIABILIDADES DA

FREQUÊNCIA CARDÍACA E DA PRESSÃO ARTERIAL

O SNA representa uma interface entre o SNC e o corpo como um todo.

Alterações corporais provocadas pelas situações diárias as quais estamos

sujeitos são mediadas pela ativação do SNA. Essa influência não é

unidirecional e por isso, situações patológicas podem alterar a modulação

deste sistema 20

na regulação não só de coração, vasos, trato gastrointestinal,

sistema genito-urinário como também sistema imunológico, metabolismo,

inflamação. 18, 20.

O controle neural da função cardíaca é fundamentalmente

determinado em sua porção eferente pela interação de mecanismos simpáticos

e parassimpáticos que em situações fisiológicas usualmente ocorre que a

ativação de um é acompanhada pela inibição do outro 20, 21.

Para o estudo do controle cardiovascular, existem muitos parâmetros

que podem ser avaliados, porém poucos são de caráter não invasivo. A análise

no domínio da freqüência, ou análise espectral, é uma metodologia de grande

aplicação clínica e potencialidade, a qual usa em grande parte registros não

invasivos e fornece uma avaliação quantitativa da função cardiovascular 13, 20,

22, 23. A avaliação da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) e da pressão

arterial sistólica (VPAS) fornece informações importantes a respeito do controle

autonômico (CA), pois expressa quantitativamente o resultado da ação do SNA

sobre o sistema cardiovascular. Quanto menor a VFC, maiores serão os riscos

de doenças cardíacas 24, 25. Além disso, a VFC constitui um importante fator

prognóstico para o aparecimento de eventos cardíacos em indivíduos

previamente sadios e em portadores de cardiopatias 26-32.

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O aumento da PA juntamente com o aumento da VPA são dois

importantes determinantes do dano cardíaco 28, 34. Além disso, a VPA exerce

um papel crucial na modulação dos processos de dano a órgãos alvo tanto em

modelos experimentais quanto nos seres humanos 35, 36.

O controle reflexo da circulação mediado pelo barorreflexo é

considerado um importante preditor de risco depois de eventos cardíacos.

Mudanças na sensibilidade barorreflexa e na VFC representam os dois

principais marcadores da atividade do SNA estão relacionados com aumento

da taxa de mortalidade principalmente em indivíduos hipertensos com história

de doença cardiovascular 37, 38.

Inúmeros estudos têm demonstrado que a redução na sensibilidade

barorreflexa e na VFC são marcadores independentes de mortalidade após o

infarto do miocárdio 37, 38 e que a desnervação sino-aórtica aumenta a VPA

contribuindo para lesões de órgãos alvo. Ainda nesse contexto outros estudos

39, 40 sugerem que a VPA é mais importante na determinação da lesão a órgãos

alvo do que os níveis de pressóricos por si só, o que parece ser confirmado por

recente estudo publicado por Flues e colaboradores no qual independente dos

níveis pressóricos a desnervação dos barorreceptores é capaz de provocar

hipertrofia cardíaca. 37.

A análise espectral de séries temporais de FC (tacograma) e de PA

sistólica (sistograma) permite não apenas a avaliação da variabilidade como a

sua caracterização em componentes freqüenciais específicas. As oscilações

rítmicas de PA e FC apresentam três faixas distintas: a faixa HF (High

Frequency- alta freqüência), similar à atividade respiratória normal; a LF (Low

Frequency – baixa freqüência) e a VLF (Very Low Frequency – muito baixa

freqüência). Tais oscilações variam em amplitude e freqüência de acordo com

o comportamento, condições fisiológicas e patológicas20, 22. Além disso, tais

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componentes de freqüência da VPA estão associadas a diferentes

modulações tanto do sistema nervoso simpático quanto da função vascular

miogênica, do óxido nítrico derivado do endotélio e até mesmo à modulação do

sistema renina-angiotensina (SRA) sobre a PA41.

O SRA e o SNA possuem uma relação bidirecional tornando-se difícil

separar seus efeitos para determinar uma sequência de acontecimentos, uma

vez que tanto o SRA quanto o sistema nervoso simpático (SNS) são

importantes fatores reguladores da PA 42, 43. As crescentes evidências acerca

das interações recíprocas entre os rins e o cérebro na regulação cardíaca

reforçam ainda mais essa relação 44, 45 e motivam o estudo do sistema renina

angiotensina (SRA) e seu papel sobre o controle da PA.

4. SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA

O sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA) é uma cascata

hormonal coordenada e um potente regulador na fisiologia humana atuando no

controle da PA sanguínea, volume e balanço hidroeletrolítico; afeta coração,

vasculatura e rins11, 46. A ação no controle da homeostase cardiovascular e

demais funções fisiológicas relacionadas estão bem estabelecidas há longo

tempo, porém mais recentemente sabe-se que a hiperatividade do SRA

desempenha também um papel fundamental na fisiopatologia das DCV47 uma

vez que desencadeia uma série de efeitos devastadores neste sistema -

incluindo HAS, doença arterial coronariana, aterosclerose, doença cérebro-

vascular, eventos isquêmicos entre outros. 48.

A modulação do SRA na fisiopatologia das DCV como a hipertensão, por

exemplo, é especulada desde os pioneiros experimentos de Goldblatt e

colaboradores em 1934 49 onde ao posicionar um clamp na artéria renal de

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cães observou elevação dos valores pressóricos que se sustentava por

diversos meses ou até mesmo anos 50.

Em sua definição clássica, e que perdurou por muito tempo, o SRA

auxilia na manutenção da PA através da angiotensina II (Ang II), gerada na

circulação pela cascata enzimática iniciada pela renina, uma enzima

glicoprotéica secretada pelas células justaglomerulares das artérias renais

aferentes (do rim). A renina madura e ativa cliva o angiotensinogênio (AGT)

produzido maciçamente pelo fígado na forma circulante gerando o

decapeptídeo angiotensina I (Ang I). Pela ação da Enzima Conversora de

Angiotensina (ECA) que remove dois aminoácidos da porção carboxy-terminal,

da Ang I resulta a formação do peptídeo biologicamente ativo Ang II11, 46. Desde

então a Ang II vem sendo estudada e relatada como um dos fatores

determinantes não só no estabelecimento como na manutenção de diferentes

tipos de HAS11.

Além da clivagem da Ang I em Ang II a ECA também metaboliza a

bradicinina (BK), potente vasodilatador, e a substância natriurética em

metabólitos inativos aumentando ainda mais a produção da Ang II 51. A

substância pressórica que era de fato liberada a partir da ação da renina sobre

seu substrato protéico foi identificada durante a década de 40 por dois grupos

de pesquisa independentes, na Argentina 52 e nos Estados Unidos da América

(EUA) 53, e que foi denominada de hipertensina e angiotonina respectivamente

por cada um dos grupos. Esses termos foram unificados e deram origem a

angiotensina (Ang) duas décadas após a descoberta. Posteriormente o

substrato plasmático foi identificado como sendo o angiotensinogênio 54.

As duas formas clássicas da angiotensina, Ang I e Ang II, e

posteriormente a ECA foram descritas por Skeggs e colaboradores em 1954 55.

E a conceitualização clássica de geração da Ang II a partir da Ang I por ação

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21

da ECA foi considerada por muito tempo o passo e produto final desta

cascata enzimática na qual a Ang II é o principal efetor do sistema 56,

expressando suas propriedades de vasoconstrição, retenção de sódio,

mitógenas e proliferativas através da interação com o receptor AT1 57. A Ang II,

de fato, exerce importante papel na regulação da pressão sanguínea, no

volume plasmático, atividade dos nervos simpáticos, e também na

patofisiologia da hipertrofia cardíaca, infarto do miocárdio, HAS e

aterosclerose58.

Desde o advento das técnicas de biologia molecular, a definição de um

sistema exclusivamente circulante endócrino cujo principal produto é a Ang II

tem sido desafiada. A clonagem sistemática de inúmeros componentes do SRA

na metade da década de 80 tornou possível através de uma abordagem

molecular testar algumas hipóteses que preconizavam que talvez o rim não

fosse a única fonte de produção de renina e que as angiotensinas poderiam ser

sintetizadas em outros tecidos, nos quais não teriam apenas papel na

regulação da pressão 59.

De fato, os genes codificantes para inúmeros componentes do SRA

foram encontrados em diferentes tecidos: cérebro, coração, glândulas pituitária

e adrenal, leito vascular. Portanto a existência de um completo e operacional

SRA local/tecidual, com vias enzimáticas tecido-específicas para o

processamento da Ang I e Ang II 57 sugerem uma função local, restrita e

específica do SRA nestes tecidos 59.

Para que se possa definir o sistema renina-angiotensina como tecidual é

imprescindível que todos os componentes necessários para a biossíntese dos

peptídeos ativos residam neste tecido. Dentre os critérios para o

estabelecimento de um SRA local encontram-se a presença de mRNA para

todos os componentes do sistema em quantidade detectável, um produto

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22

biologicamente ativo sintetizado no próprio tecido, receptores para os

produtos ativos, regulação do produto ativo no próprio tecido independente da

circulação sistêmica e a redução ou eliminação da ação do produto gerar uma

resposta fisiológica 51 60. A possibilidade de produção local de componentes

evidencia que ação do SRA poderia ocorrer de forma intácrina e autócrina

quando na própria célula que produz o peptídeo, de forma parácrina quando a

ação se dá em células adjacentes aquelas que produziram o peptídeo e

também de forma endócrina como o postulado inicialmente 11.

Os SRA locais parecem ter sua importância ligada ao fato de que

exerceriam efeitos diretamente relacionados a mecanismos regulatórios locais,

contribuindo para um grande número de rotas metabólicas homeostáticas nos

tecidos, de desenvolvimento mais lento, porém de caráter mais permanente

como: crescimento celular, formação da matriz dos tecidos, proliferação

vascular, modulação da função do endotélio e controle de processos

apoptóticos 61.

Até pouco tempo, o eixo principal do SRA era formado pela Ang II e sua

enzima formadora ECA que exerciam papéis fundamentais. No entanto, nos

últimos anos a descoberta de novos peptídeos vasoativos e enzimas vêm

ampliando a visão de ação e abrangência do SRA 46.

A visão mais vanguardista a respeito deste complexo sistema propõe

que novos e importantes peptídeos sejam formados e que essas angiotensinas

sintetizadas na cascata enzimática possuam características contrarregulatórias

e modulatórias entre si denotando a existência de dois eixos principais de

antagonismo endógeno 59, 62. Assim, inúmeros outros peptídeos são

reconhecidos atualmente por terem importância biológica 47 sendo a

Angiotensina-(1-7) (Ang-(1-7)) especialmente importante.

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23

O primeiro eixo, chamado de vasopressor e representado

predominantemente pela tríade ECA/Ang II/AT 1 acarretam situações de

vasoconstrição, proliferação, inflamação, estresse oxidativo, trombogênese e

fibrose e o outro eixo, mais vasodilatador, representado pela Enzima

Conversora de Angiotensina 2 (ECA2)/Ang-(1-7)/Mas na sua maioria promove

vasodilatação, potenciação do efeito bradicinina, inibição da proliferação e a

trombogênese, atenuação do efeito vasoconstritor da Ang II e inibição da ECA

62, 63 e o balanço obtido entre as ações desses eixos e dessas angiotensinas é

que parece determinar a direção dos efeitos do SRA para a vasoconstrição ou

vasodilatação.

Figura 1 – Sistema Renina Angiotensina – Visão Atualizada 57

O aumento dos níveis de Ang II em condições patológicas e os efeitos

deletérios deste peptídeo tem sido demonstrados em numerosos sistemas

biológicos e celulares e a redução e/ou controle dos níveis da mesma é de

extrema importância clínica 46. Ainda, os efeitos benéficos do bloqueio do SRA

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24

têm sido atribuídos à inibição das propriedades vasoconstritoras e

hipertróficas da Ang II.

Porém, considerando a possibilidade da captação de componentes

circulantes pelos tecidos e a contribuição destes para a formação local das

angiotensinas fica clara a dificuldade de separação entre os componentes

locais e teciduais e se ilustra a complicada regulação fisiológica inerente ao

SRA 62.

Embora o SRA tenha inegavelmente um importante papel na regulação

da PA e na homeostase hídrica e seja o alvo primário no tratamento da HAS,

inúmeras questões sobre a fisiologia e bioquímica deste sistema permanecem

em aberto. Dentre estas questões pode-se destacar a natureza dos peptídeos

ativos e se as ações observadas nos tecidos devem ser atribuídas às ações

diretas desses peptídeos gerados nos próprios tecidos ou são secundárias aos

efeitos hemodinâmicos das angiotensinas 59.

Dentre esses novos peptídeos e imprimindo complexidade a este eixo

está o heptapeptídeo biologicamente ativo Ang-(1-7) e a uma enzima homologa

a ECA: a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA 2) 64.

5. ANGIOTENSINA-(1-7)

A descoberta do heptapeptídeo Ang-(1-7) foi realizada por Santos e cols.

em experimentos com homogenato de cérebro de cães 65. Apesar de

considerado, na época um peptídeo inativo do SRA, a consistência e

magnitude da produção de Ang-(1-7) e sua independência de formação da via

clássica da ECA, observada em diversos estudos 66-69 suscitou a possibilidade

de que a Ang-(1-7) poderia exercer efeitos centrais e periféricos seletivos.

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Block e colaboradores demonstraram pioneiramente que a Ang-(1-7) é

um peptídeo endógeno através da aplicação de técnicas de imunohistoquímica,

evidenciando imunorreatividade para Ang-(1-7) em diversas áreas do SNC 70.

Subseqüente a este estudo, outros demonstraram a existência de Ang-(1-7) no

plasma de diferentes espécies 66

, inclusive no dos seres humanos 71

. Estes

estudos demonstraram que a concentração plasmática de Ang-(1-7) não é

afetada pela inibição aguda da ECA e aumenta várias vezes após a

administração crônica de inibidores da ECA 72.

A Ang-(1-7) tem atraído atenção recentemente devido à seletividade de

suas ações, à possibilidade de ser formada por via independente da Ang II e

por exercer um papel contrarregulador dos efeitos da Ang II em decorrência

principalmente de suas ações centrais e periféricas 46, 63, 73-75, possuindo um

papel fundamental na regulação do sistema cardiovascular74 por

contrabalançar intrinsecamente as ações tróficas e pressoras da Ang II. Assim,

um balanço inadequado entre a Ang II e a Ang-(1-7) pode determinar diferentes

estados cardiovasculares patofisiológios 57.

Embora já existissem diversas evidências farmacológicas indicando a

presença de um receptor específico para a Ang-(1-7), o estabelecimento

definitivo da Ang-(1-7) como um peptídeo de grandeza e importância biológica

somente aconteceu após a demonstração da existência de um receptor

específico, diferente do AT1 e AT2 76-78.

Estudos utilizando um antagonista específico para a Ang-(1-7), o A-779

[D-Ala7-Ang-(1-7)] indicavam a existência de um receptor específico para este

peptídeo. Então em 2003, Santos e cols. relataram que a Ang-(1-7) possui

como ligante endógeno, através do qual desencadeava suas ações biológicas:

o Mas 76, um proto-oncogene primeiramente identificado in vivo por suas

propriedades tumorigênicas e que codifica uma proteína com sete domínios

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hidrofóbicos trans-membrana considerado até então um receptor acoplado à

proteína G “órfão”. 79.

Múltiplas linhas de evidências têm demonstrando que os efeitos

benéficos da Ang-(1-7) no coração, por exemplo, são mediados pela interação

com o receptor Mas e conseqüente aumento da produção de óxido nítrico

(NO)73 pela ativação endotelial da enzima óxido nítrico sintase endotelial

(eNOS) e por vias de sinalização dependentes da Akt. 80. Somado a isso

estudos utilizando probes de sequências antisense ao Mas são capazes de

abolir a síntese protéica em cardiomiócitos 81, diminuir a atividade de MAPK

como a ERK 1 e ERK 2 corroborando com os achados nos quais a deleção do

Mas que leva a disfunção cardíaca.

A Ang –(1-7) pode ser formada tanto a partir da Ang I quanto da Ang II.

Diferentes endopeptidades tecido-específicas como a endopeptidase neutra

(NEP), thimet-oligopeptidase (TOP) e prolil-oligopeptidase (POP) catalizam a

hidrolise da Ang I em Ang-(1-7) 57. Tanto POP quanto TOP parecem mediar à

formação do heptapeptídeo no endotélio vascular e nas células musculares

lisas e a NEP tem sido amplamente relacionada com o tecidos renal 82 e

responde pela maior parte da Ang-(1-7) presente na circulação já que é uma

enzima ligada à membrana localizada na porção luminal do endotélio 69, 83-85.

A formação direta de Ang-(1-7) a partir da Ang II foi descoberta

recentemente a partir da identificação de uma enzima homóloga à ECA, a ECA

2. A enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) é uma carboxipeptidase com

805 aminoácidos encontrada em humanos e roedores que compartilha 42%

homologia com a ECA 86, 87, exibe alta eficiência catalítica para a conversão de

Ang II a Ang-(1-7), acima de 400 vezes que para a conversão de Ang I a Ang-

(1-9), e não tem sua atividade bloqueada pelos inibidores da ECA. Dessa

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27

forma, a ECA 2 previne o acúmulo de Ang II enquanto favorece a formação

de Ang-(1-7), contrarregulando as ações deletérias da Ang II 86.

A descoberta da ECA 2 representou um impulso no interesse em

investigar o potencial da Ang-(1-7) de agir como um inibidor endógeno das

ações da Ang II em sua, até então, limitada aceitação como regulador da

homesotase em mamíferos 88.

A ECA 2 é capaz portanto de converter o peptídeo vasoconstritor e

promotor de crescimento Ang II em Ang-(1-7), um peptídeo com propriedades

vasodilatadoras e anti-proliferativas; este é, portanto, um aparente mecanismo

para balancear diretamente os níveis de Ang II e Ang-(1-7), modulando os

eixos pressor/mitogênico e depressor/anti-proliferativo do SRA 89. Além da

degradação direta da Ang II em Ang-(1-7) a ECA2 catalisa a conversão de Ang

I em Ang-(1-9), para posterior formação de Ang-(1-7) via ECA 57.

A diversidade de enzimas que contribuem para a formação da Ang-(1-7)

pode refletir função de localização tecido-específica e o acesso

aos correspondentes substratos, Ang-(1-7) ou Ang II, dentro do compartimento

intra e extracelular e representar uma modulação da Ang-(1-7) dependendo de

quando e onde os substratos estarão expressos 50.

Os estudos sobre a função da Ang-(1-7) no controle da PA sugerem que

o SRA possui a capacidade de limitar as ações pressoras e proliferativas da

Ang II através de mecanismos que dependem da geração alternativa de Ang-

(1-7). Neste contexto, a Ang-(1-7) agiria como peptídeo sinalizador da ativação

do mecanismo de feedback negativo que limitaria ou contra regularia os efeitos

produzidos pela Ang II através da estimulação de substâncias vasodilatadoras

como prostaciclinas, NO ou ambos 63.

As ações opostas que a Ang-(1-7) promove em relação aquelas

promovidas pelas Ang II ocorrem através da estimulação de NO e

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prostaglandinas vasodilatadoras, potenciação dos efeitos da BK, melhora da

função contrátil pós-isquemia, efeitos anti-arritmogênicos, inibição da

proliferação celular 51, 90. Sendo que os alvos preferenciais da ação da Ang-(1-

7) são o coração e os vasos mediando às alterações funcionais e bioquímicas

que levam aos efeitos acima citados 90

.

A identificação de um SRA cerebral independente e a caracterização da

presença de Ang II no mesmo representou o passo inicial para que se

postulasse o conceitos de SRA teciduais. Neste tecido o SRA contribui para as

funções clássicas do SRA endócrino como regulação cardiovascular e

homeostase fluido-eletrolítica 91.

A Ang II e a Ang-(1-7) tem amplas ações sobre o cérebro. A Ang II pode

ter uma importante função no desenvolvimento da HAS 92 e a Ang-(1-7), por

sua vez, produzida e agindo no cérebro, desempenha papel importante na

modulação da função cardiovascular e foi inicialmente identificada em regiões

como o hipotálamo, medulla oblongata, e amígdala 93. Os primeiros estudos

envolvendo Ang-(1-7) revelaram que este peptídeo pode ser tão potente quanto

a Ang II na liberação de vasopressina no NTS 94. Além disso, a Ang-(1-7) sobre

o cérebro, altera o reflexo barorreceptor aumentando o ganho do mesmo, atua

sobre controle neural da homeostase da PA e FC95, 96 e também participa de

processos ligados a aprendizagem e a memória uma vez que se encontra

presente também no hipocampo 97.

Entre os neurotransmissores e neuromoduladores que participam no

controle da PA em áreas do tronco cerebral, uma crescente atenção tem sido

dada aos peptídeos do SRA 98-100. Estudos demonstraram altas concentrações

de receptores como o AT1 e fibras com imunorreatividade a Ang II nas áreas

ventrolateral e dorsomedial da medula 99, 101, 102. Além disso, importantes

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interações entre peptídeos angiotensinérgicos e elementos neuronais na

medula ventrolateral também foram demonstradas 103.

Além disso, estudos têm demonstrado uma ação modulatória dos

peptídeos do SRA sobre a atividade a sensibilidade baroreflexa 101. O SRA

tecidual está envolvido na regulação da estrutura e função cardiovascular,

conseqüentemente no controle em longo prazo da PA, podendo modular a

manutenção da alta resistência periférica e hiperatividade vascular encontradas

em diversos tipos de HAS 61.

Em animais de experimentação a Ang II promove menor sensibilidade do

barorreflexo contribuindo para a fisiopatologia da HAS e insuficiência cardíaca

nesses modelos 104. Somado a isso, o efeito da Ang II sobre o barorreflexo

parece não depender da elevação dos níveis pressóricos, o que permite

especular que o papel atenuador do SRA sobre o barorreflexo deva ser

exercido diretamente no SNC 101. Centralmente, as ações da Ang II já estão

bem caracterizadas e o papel da Ang-(1-7) tem sido explorado. Estudos

demonstraram que a Ang II e a Ang-(1-7) exercem ação principalmente

excitatória no BVLR e BVLC via interação com subtipos distintos de receptores

77, 98, 101.

A Ang-(1-7) tem mostrado ação contra-regulatória no SRA podendo agir

também centralmente exercendo diversos efeitos opostos aos da ANG II 96, 98.

Micro-injeções no NTS ou infusão ventricular lateral do heptapeptídeo facilitam

o barorreflexo da FC o que contrasta com o bem estabelecido efeito inibitório

induzido pela Ang II 98.

Os primeiros estudos envolvendo Ang-(1-7) revelaram que sua presença

estimula a atividade dos neurônios neuro-hipofisários-hipotalâmicos regulando

a liberação de vasopressina com potência igual ao da Ang II 94. Por outro lado,

enquanto a Ang II no cérebro, diminui a sensibilidade dos barorreceptores, a

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Ang-(1-7) facilita o barorreflexo 95, 96. Além disso, embora esses peptídeos

possam induzir efeitos pressores e depressores similares no RVLM / CVLM, a

Ang-(1-7), agindo através de seu receptor específico 76, 77, 96, desencadeiam

também mecanismos periféricos distintos que envolvem o aumento da

atividade vagal enquanto os efeitos da Ang II são predominantemente

mediados pela redução da atividade simpática 105.

Receptores dos peptídeos e de outros componentes da cascata do SRA

estão amplamente distribuídos no cérebro 106, exercendo uma influência

estimulatória no SNS, e a hiperatividade simpática está associada ao aumento

da atividade do SRA enquanto a sensibilidade do baroreflexo é influenciada

pelos peptídeos vasoativos deste sistema 101, 107.

Neste contexto, a introdução de animais geneticamente modificados

para o eixo Ang-(1-7)-Mas favorecem o estudo mais aprofundado das

alterações crônicas promovidas tanto pela super-expressão da Ang-(1-7), como

pela deleção do seu receptor Mas.

6. MODELOS GENÉTICOS

A possível importância terapêutica do estímulo ao eixo Ang-(1-7)–Mas

motiva a caracterização do seu papel funcional. Para isso, modelos alterados

geneticamente representam uma importante ferramenta no estudo da

fisiopatologia das DCV: tanto animais que super expressam quanto aqueles

que são knockout para algum componente do SRA 108. Embora apresentem

limitações, modelos genéticos de ratos e camundongos modificados

representam uma poderosa ferramenta para testar hipóteses no contexto do

animal inteiro 59.

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O desenvolvimento de ratos transgênicos TGR (A1-7)3292, que

expressam uma proteína de fusão que leva à elevação crônica da

concentração plasmática de Ang-(1-7) em até 2,5 vezes 109, 110 é um modelo

que amplia as possibilidades de compreender a participação da Ang-(1-7) na

complexa regulação neural e humoral da PA e fornecer ainda mais evidências

para o papel da Ang-(1-7) na função cardíaca.

Os animais TGR (A1-7)3292 apresentam discreto são mais resistentes

à indução da hipertrofia cardíaca por isoproterenol que seus controles e

apresentam redução das arritmias pós reperfusão e melhora na função pós-

isquêmica em coração isolado. De fato, a PA desses animais não apresenta

diferenças significativas quando comparados aos seus controles. Entretanto, a

freqüência e a contratilidade cardíacas apresentam-se aumentadas,

provavelmente como uma resposta compensatória periférica ou algum efeito

central provocado pelo aumento crônico da concentração deste peptídeo. Outro

estudo utilizando o mesmo modelo mostrou uma atenuação da hipertrofia

cardíaca, acompanhada da melhora da função sistólica 109. Esses dados

sugerem que estes ratos, mesmo não tendo alteração significativa da PA,

preservam a sua função cardiovascular.

Por outro lado, o camundongo knockout para o receptor Mas,

desenvolvido por Walther e colaboradores 111, permitiu uma investigação

apropriada do papel deste receptor em vários órgãos e tecidos, bem como sua

importância no sistema cardiovascular. Estudos feitos com este animal

permitiram identificar o Mas como um receptor funcional para a Ang-(1-7) e

forneceram uma base molecular mais clara para as ações fisiológicas deste

peptídeo. Considerando a elevada expressão vascular do receptor Mas 108

e

que os animais knockout para este receptor desenvolvem disfunção endotelial

112, é possível atribuir um papel importante ao Mas sobre a função endotelial.

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Além disso, camundongos com deleção do receptor Mas,

apresentam disfunção cardíaca, diminuição da fração de encurtamento 113,

aumento da expressão de proteínas de matriz extracelular 113, 114 bem como

redução da VFC com aumento do tônus simpático 90, 111 . Além disso, muitos

dos efeitos cardiovasculares da Ang-(1-7) são completamente bloqueados pelo

antagonista seletivo do Mas, A779, no coração e vasos sanguíneos reforçando

que os efeitos são mediados por um receptor específico e corroboram com o

exposto acima 96.

A utilização de modelos de animais geneticamente modificados

permite o estudo dos efeitos fisiológicos da Ang-(1-7) e seu papel em situações

patológicas, como na HAS permitindo a avaliação desse componente

sistemicamente, assim como a avaliação do possível potencial terapêutico

desse peptídeo.

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7. JUSTIFICATIVA

A literatura aponta um papel determinante do eixo Ang-(1-7)-Mas

sobre o controle da PA, tanto por ação local como sistêmica, mas pouco se

sabe sobre o efeito de alterações agudas e crônicas sobre o controle

autonômico cardiovascular. A utilização de modelos de animais geneticamente

modificados, como os camundongos knockout para o receptor Mas e os ratos

transgênicos superexpressando a Ang-(1-7), permite o estudo dos efeitos

crônicos da intervenção sobre o eixo Ang-(1-7)-Mas de forma global e

sistêmica. A avaliação do controle autonômico cardiovascular sob tais

condições nesses diferentes modelos contribui para a caracterização do papel

da Ang-(1-7) e o possível potencial terapêutico desse peptídeo.

Desta forma, nessa proposta pretendemos investigar o papel exercido

pela Ang-(1-7), de forma crônica, com uso de animais geneticamente

modificados, e através da sua administração aguda nestes mesmos modelos,

sobre o controle autonômico da PA e da FC.

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8. HIPÓTESE DE PESQUISA

H0 : A intervenção sobre o eixo Ang-(1-7) / Mas não altera o controle

autonômico de forma aguda e crônica em situações fisiológicas.

H1 : A intervenção sobre o eixo Ang-(1-7) / Mas altera o controle

autonômico de forma aguda e crônica em situações fisiológicas.

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9. OBJETIVOS

9.1. Objetivo Geral

Avaliar efeito da intervenção sobre o eixo Ang-(1-7) / Mas sobre o

controle autonômico cardiovascular de forma aguda e crônica em modelos

animais geneticamente modificados.

9.2. Objetivos Específicos

Avaliar o efeito da super-expressão de Ang-(1-7) e da deleção de seu

receptor Mas em modelos animais geneticamente modificados assim como

efeito da infusão deste peptídeo e seu antagonista, sobre:

a) o controle autonômico cardíaco avaliado pela VFC e componentes

de modulação simpática e parassimpática

b) o controle autonômico vascular avaliado pela VPA e sua

componente de baixa frequência LF

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ARTIGO

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INTERVENÇÃO SOBRE O EIXO ANGIOTENSINA-(1-7) MAS INDUZ

ALTERAÇÕES NO CONTROLE AUTONÔMICO CARDIOVASCULAR DE

FORMA AGUDA E CRÔNICA, AVALIADAS EM MODELOS ANIMAIS

GENETICAMENTE MODIFICADOS.

DANIELA RAVIZZONI DARTORA – Biomédica, mestranda; Instituto de

Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia

(IC/FUC) /Brasil.

Título Abreviado: Intervenção sobre o Eixo Angiotensina-(1-7) Mas Induz

Alterações no Controle Autonômico Cardiovascular em Modelos Animais

Geneticamente Modificados

Robson Augusto Souza dos Santos – Médico, doutor; Instituto de Cardiologia

do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia (IC/FUC) /Brasil e

Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG/Brasil.

Maria Cláudia da Costa Irigoyen – Médica, livre-docente; Instituto de

Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia

(IC/FUC) /Brasil e Universidade do Estado de São Paulo- USP/Brasil.

Karina Rabelo Casali – Engenheira Biomédica, doutora; Instituto de Cardiologia

do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia (IC/FUC) /Brasil.

Autor Correspondente

Karina Rabello Casali

Unidade de Pesquisa do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do

Sul/Fundação Universitária de Cardiologia.

[email protected], [email protected]

Telefone: (51) 3230-3600 Fax: (51) 3217-2035

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RESUMO

Introdução: Existe crescente interesse pelo entendimento da função dos

componentes do SRA sobre os processos fisiológicos e patológicos com

destaque para Ang-(1-7) e seu receptor Mas no controle autonômico

cardiovascular. Objetivo: Avaliar o efeito agudo e crônico da intervenção sobre

o eixo da Ang-(1-7) /Mas sobre o controle autonômico (CA) cardiovascular

através de infusão intravenosa e em modelos animais geneticamente

modificados para super-expressão da Ang-(1-7) ou deleção do receptor Mas.

Métodos: Foram utilizados ratos TGR (A1-7)3292 (TG) e controle SD e

camundongos KO-Mas e controles WT. Através da análise espectral da VFC e

VPA avaliou-se o CA cardiovascular desses modelos frente a diferentes

intervenções sobre o eixo Ang-(1-7)/Mas como o bloqueio, usando bomba

osmótica ou injeção aguda em bolus e aleatórias de Ang-(1-7) ou A779 ou

Salina. Resultados: Experimento Crônico: KO-Mas apresentou aumento na

PAS, na sua variabilidade, na LF da VPAS quando comparado ao grupo

controle. Após o bloqueio com bombas osmóticas o grupo TGb, apresentou

aumento da FC, PAS, PAD, VPAS, LF/HF, e na LF da VPAS. Experimento

Agudo: nos animais SD, após injeção de Ang-(1-7) houve aumento da VFC, da

modulação parassimpática cardíaca e redução de PAS e PAD. Nos animais do

grupo TG a intervenção aguda com A779 causou aumento FC, PAS, PAD,

VPAS e na LF da VPAS. Conclusões: A intervenção sobre o eixo Ang-(1-7)

/Mas induz alterações no CA cardiovascular de forma aguda e crônica nos

modelos estudados.

Palavras-chave: Sistema renina-angiotensina, angiotensina-(1-7), controle

autonômico.

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INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no

mundo representando elevados custos sociais e econômicos. Nas últimas

décadas houve um aumento substancial no número de investigações clínicas e

da área básica, que promoveram um grande avanço na área de pesquisa

cardiovascular visando minimizar o desafio imposto por estas patologias2, 3.

O sistema nervoso autônomo (SNA) representa uma interface entre o

sistema nervoso central (SNC) e o sistema cardiovascular e sua modulação

exacerbada, através do aumento do tônus simpático, está ligada ao

desenvolvimento das DCV 20. A alteração no controle neural do sistema

cardiovascular representa a principal característica da HAS de origem

neurogênica, por exemplo, 3 e a hiperatividade simpática tem sido

repetidamente demonstrada na HAS37 sendo diretamente associada à lesão de

órgãos alvo e ao agravamento do quadro na insuficiência cardíaca 12, 21.

Para o estudo do controle cardiovascular, existem muitos parâmetros

que podem ser avaliados, porém poucos são de caráter não invasivo. A análise

no domínio da freqüência, ou análise espectral, é uma metodologia de grande

aplicação clínica e potencialidade, a qual usa em grande parte registros não

invasivos e fornece uma avaliação quantitativa da função cardiovascular 13, 20,

22, 23.

O sistema renina angiotensina (SRA) além de potente regulador na

fisiologia humana, atuando no controle da PA sanguínea, volume e balanço

hidroeletrolítico 11, 46 desempenha também um papel fundamental na

fisiopatologia das DCV 47. A ação complexa de forma local e sistêmica atribui

ao SRA um papel multifuncional sobre a regulação autonômica, renal e

cardiovascular uma vez que está intimamente envolvido na regulação dos

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mesmos 115. A visão clássica deste sistema, como essencialmente

endócrino, de ação sistêmica cujo principal efetor era a Angiotensina II (Ang II)

mudou consideravelmente nos últimos anos com a identificação de

componentes dos mesmos em diferentes tecidos e do surgimento de novos e

importantes peptídeos, enzimas e vias na cascata enzimática 51, 57

. Dentre os

novos peptídeos a Angiotensina-(1-7) (Ang-(1-7)) é um dos mais importantes e

promissores uma vez que ao ligar-se ao seu receptor funcional, o Mas,

desencadeia suas ações biológicas comumente contrárias aquelas exercidas

pela Ang II 47, 63, 74, estabelecendo um sistema contrarregulatório e modulatório

entre si e evidenciando 59, 62 dois eixos principais de antagonismo endógeno.

O SRA e o sistema autonômico possuem uma relação bidirecional

tornando-se difícil separar seus efeitos para determinar uma sequência de

acontecimentos, uma vez que tanto o SRA quanto o SNS são importantes

fatores reguladores da PA e fisiopatologia das DCV42, 43.

Modelos geneticamente modificados de animais de experimentação

representam uma poderosa ferramenta para o estudo do efeito de alterações

crônicas 59. Animais que apresentam alterações no eixo Ang-(1-7)/Mas, sejam

eles camundongos knockout 111, 113 para este receptor ou ratos transgênicos

que expressam proteínas que elevam as concentrações plasmática de Ang-(1-

7) 109, 110, permitem a avaliação dos efeitos evocados pela alteração crônica

deste eixo sobre parâmetros cardiovasculares e esclarecer questões

relacionadas à modulação autonômica cardíaca e vascular 108.

Desta forma, embora a literatura aponte um papel determinante do eixo

Ang-(1-7)-Mas sobre o controle da PA, tanto de forma local como sistêmica,

pouco se sabe sobre o efeito de alterações agudas e crônicas sobre o CA

cardiovascular. A utilização de modelos de animais geneticamente modificados

permite o estudo dos efeitos fisiológicos da Ang-(1-7) permitindo a avaliação

Page 56: Dissertação€¦ · HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica HF – High Frequency – Alta Frequência KO-Mas ... pelos reflexos cardiovasculares originados nos pressoreceptores

56

desse componente sistemicamente, assim como a avaliação do possível

potencial terapêutico desse peptídeo.

MÉTODOS

Todos os procedimentos experimentais realizados nos animais em

estudo obedeceram às normas estabelecidas pela Sociedade Brasileira de

Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL) e Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal (COBEA) e Guide for the Care and Use of Laboratory

Animals 116. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Fundação Universitária de Cardiologia/Instituto de Cardiologia do Rio

Grande do Sul (CEP/IC-FUC) sob o número UP: 2546/2009.

ANIMAIS

Os animais utilizados neste protocolo experimental foram fornecidos

pelo Laboratório de Hipertensão do Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Minas Gerais, mantido sob a responsabilidade de um

dos co-autores do estudo (Santos, RA) Os animais foram mantidos em

condições ideais de temperatura (20ºC – 25ºC), com ciclo claro e escuro de 12

horas (06:00 às 18:00) e com água e ração ad libitum.

Utilizou-se ratos transgênicos TGR(A1-7)3292 que apresentam uma

expressão aumentada de Ang-(1-7) e uma consequente elevação crônica das

concentrações plasmáticas desse peptídeo 109 e seu rato controle o Hannover

Sgrague-Dawley, ambos com peso médio de 250g e idade de 15 semanas. E

camundongos knockout para o receptor Mas 111 e seus controles os

Page 57: Dissertação€¦ · HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica HF – High Frequency – Alta Frequência KO-Mas ... pelos reflexos cardiovasculares originados nos pressoreceptores

57

camundongos WT ambos com peso médio de 30g e idade de 12 – 20

semanas.

Grupos experimentais

O protocolo experimental foi dividido de acordo com o intuito do

estudo: avaliação do efeito crônico (a) Experimento Crônico, e avaliação do

efeito agudo (b) Experimento Agudo.

(a) Experimento Crônico: Os animais utilizados no protocolo - devido as suas

próprias características genéticas - encontram-se em uma situação crônica de

elevação plasmática da Ang-(1-7) como nos ratos TGR ou de redução, como a

obtida pela deleção do receptor Mas nos camundongos knockout. Os registros

foram realizados em situação basal. Para induzir uma situação de bloqueio do

eixo Ang-(1-7), foi utilizada a droga A779, administrada através do uso de

bomba osmótica, implantada sete dias antes do protocolo experimental:

Camundongo Controle Wild Type (WT) n=8

Camundongo Ko-Mas (KO) n=8

Rato Controle: Sprangue Dawley Hannover (SD) n=5

Rato TGR (A1-7)3292 (TG) n=5

Rato TGR (A1-7)3292 + bomba osmótica contendo A779 (Alzet®

Micropump modelo 2001) (TGb) n=5

(b) Experimento Agudo: Intervenções agudas com a infusão de drogas em

ratos TGR (1-7) 3292 e ratos Sprangue-Dawley Hannover (SD):

Rato SD com infusão de Ang-(1-7) n=5

Rato SD com infusão de A779 n=5

Rato SD com infusão de Ang-(1-7) + A779 n=5

Rato SD com infusão de Solução Salina n=5

Rato TGR (A1-7)3292 com infusão de A779 n=5

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58

Rato TGR (A1-7)3292 com infusão de Solução Salina n=5

Cirurgia de Cateterismo

Os ratos TG e SD foram anestesiados com Ketamina (50 mg/kg) e

Cloridrato de Xylasina (10 mg/kg) e os camundongos Mas-Ko e WT com

Ketamina (80 mg/kg) e Cloridrato de Xylasina (16 mg/kg) por via intraperitonial.

Através de uma incisão na região inguinal esquerda foram implantados

cateteres de tubos tygon PE-50 (diâmetro interno de 0,05 mm) com

aproximadamente 15 cm, conectados a tubos de polietileno PE-10 (diâmetro

interno de 0,01 mm), com aproximadamente 4 cm (Clay Adams, USA)

preenchidos com soro fisiológico 0,9% e heparina sódica (Liquelme-Roche,

5000U), na proporção de 0,5 mL para 0,02 mL, respectivamente. As cânulas

foram introduzidas e fixadas com fio de algodão na artéria e veia femoral,

passadas subcutaneamente e exteriorizadas no dorso da região cervical, para

obtenção dos registros de PA e FC. Após esses procedimentos, os animais

eram colocados em gaiolas individuais, aquecidos e recebiam água e alimentos

ad libitum.

Registro da Pressão Arterial e Processamento dos Sinais

Vinte e quatro horas após a canulação, com o animal acordado e com

livre movimentação pela caixa, a cânula arterial foi conectada a um transdutor

de sinal/pressão (modelo 041-500503A – CDX III Transducer With Male/Male

Linden Fittings; Argon, Athens, TX, EUA), calibrado e conectado a um

amplificador de sinais General Purpose, Stemtech, Wood Dale, IL, USA. Os

sinais amplificados de PA e FC foram gravados em um microcomputador

equipado com sistema de aquisição de dados (AT/MCA CODAS-DATAQ

Instruments, Akron, OH, EUA) que permitiu a análise das ondas da pressão,

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59

batimento-a-batimento, com uma freqüência de amostragem de 2000 Hz e

4000Hz por canal, para ratos e camundongos, respectivamente, para a

mensuração dos valores de PAS, PAD, PAM e FC.

Para os animais WT, KO, SD, TG do protocolo crônico os sinais de PA

foram gravados durante 30 minutos basais. Para os animais do protocolo

agudo os sinais de PA foram gravados em duas etapas antes e depois da

injeção das drogas pela cânula inserida na veia, totalizando 5 horas de registro.

Os animais TGb também foram registrados por 5 horas embora não

recebessem nenhuma injeção.

Bloqueio Crônico com bomba osmótica TGR

Os animais TGR foram anestesiados com solução de Ketamina (50

mg/kg) e Cloridrato de Xylasina (10 mg/kg) para que minibombas osmóticas

ALZET modelo 2001 contento 200µl de solução com A779 fossem implantadas

subcutaneamente no dorso do animal próximo as escápulas. Deste modo, o

conteúdo da bomba foi entregue no espaço subcutâneo local permitindo que a

absorção do composto pelos capilares locais resultasse na

administração sistêmica. Os registros foram realizados sete dias após a

implantação das bombas.

Infusão de drogas com registro simultâneo da pressão

Para a realização do protocolo agudo, utilizamos a infusão intravenosa

de Ang-(1-7) e de A779 - um específico e potente antagonista da Ang-(1-7) 72.O

procedimento experimental do protocolo agudo nos animais TG e SD consistiu

da injeção em bolus, através da cânula posicionada na veia femoral, de

soluções de Ang-(1-7) na dose 2,5 nmol/kg e de A-779 na dose de 12,5

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60

nmol/kg diluídas imediatamente antes do uso em solução de salina estéril

(0,9% de NaCl). Foi também executada a infusão de solução salina. A ordem

das infusões foi aleatória nos grupos experimentais.

Avaliação do Controle Autonômico

A partir das séries temporais de freqüência cardiaca (tacograma) e de

pressão arterial sistólica (sistograma) obtidas nos registros de pressão arterial

selecionou-se trechos estacionários de 300 batimentos para a análise espectral

usando um modelo matemático auto-regressivo 22, 28. As oscilações rítmicas

presentes nas séries de tacograma e sistogramas apresentam três faixas

distintas: a faixa HF (High Frequency: 0,75 - 3 Hz); a LF (Low Frequency – 0,20

– 0,75 Hz) e a VLF (Very Low Frequency – 0-0,20 Hz) para ratos e a faixa HF

(1 - 5 Hz); a LF ( 0,10 – 1 Hz) e a VLF (0-0,10 Hz) para camundongos. Os

espectros das séries temporais foram avaliados quantitativamente a fim de se

obter os valores de VFC e de VPAS. Os parâmetros obtidos pela análise

espectral que se diferenciam por sua significância fisiológica são as

componentes LF e HF em valores absolutos ou normalizados por expressarem

a modulação cardíaca simpática e parassimpática, respectivamente, e a

relação entre as potências das componentes LF/HF da VFC, por quantificarem

o balanço simpato-vagal cardíaco 20. Além disso, a potência absoluta das

componentes LF e VLF da VPAS refere-se à modulação simpática vascular e à

modulação exercida pelo do SRA sobre a PAS. A relação entre as

componentes LF da VFC e da VPAS, chamada índice alfa, corresponde à

sensibilidade baroreflexa espontânea 32.

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61

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos serão avaliados utilizando o Teste t para os

experimentos crônicos e o teste de análise de variância (ANOVA) de duas vias,

seguida de post-hoc de Tukey para o experimento agudo. Os valores serão

considerados significativos para p < 0,05 e foram expressos em médias e

desvio-padrão.

RESULTADOS

Experimento Crônico

Os resultados apresentados na Tabela 1 correspondem aos parâmetros

hemodinâmicos e das variáveis correspondentes ao controle autonômico

obtidos a partir da avaliação do registro basal dos animais KO e WT e dos

animais TGR (A1-7) e SD.

O grupo KO-Mas apresentou aumento na pressão arterial sistólica (PAS)

e na VPAS quando comparado ao grupo controle. Somado a isso, a

componente de baixa frequência LF da VPAS apresentou-se maior no grupo

KO-Mas denotando um aumento da modulação simpática vascular. Não houve

diferença entre os grupos quando analisado o perfil da VFC.

Em relação aos animais TGR quando comparados aos seus controles

SD não evidenciou-se diferenças entre suas características basais frente aos

parâmetros de FC, PAS,PAD, no balanço simpato-vagal e na modulação

simpática vascular.

Na Figura 1 constam os resultados correspondentes à avaliação do

controle autonômico dos animais dos grupos: SD e TGb. Após o bloqueio de

sete dias com o A779, utilizando as bombas osmóticas o grupo TGb,

apresentou aumento expressivo da FC, PAS, PAD, VPAS, LF/HF, e na LF da

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VPAS denotando um aumento da modulação simpática vascular após uma

semana de bloqueio com o antagonista do Mas.

Experimento Agudo

Na Figura 2 apresenta-se o painel referente à análise temporal do efeito

da injeção de solução salina e de Ang-(1-7) nos animais SD. A avaliação dos

dados coletados durante as 5 horas mostrou aumento da VFC após infusão de

Ang-(1-7) evidente 4 horas após a infusão, acompanhado de um aumento da

modulação parassimpática cardíaca, expressa pelo seu componente de alta

frequência HF. Além disso, observa-se redução dos valores de PAS e PAD

após a injeção de Ang-(1-7) quando comparados à situação controle, pós-

infusão de solução salina.

Os grupos de animais controle SD que receberam a intervenção aguda

com solução salina e com solução de A779 não apresentaram diferenças

estatísticas significativas nos parâmetros hemodinâmicos e do controle

autonômico analisados. No entanto, a infusão concomitante de Ang-(1-7) e

A779 nos animais SD desencadeou alterações pontuais nos parâmetros de

VPAS e componente de baixa freqüência da VPAS somente uma hora após a

infusão retornando já na terceira hora aos valores basais. Em relação à VFC

houve aumento do balanço simpato-vagal na quinta hora após a injeção

indicando uma predominância da modulação simpática cardíaca. A FC

permanece inalterada.

Nos animais do grupo transgênico a intervenção aguda com A779

causou aumento significativo da FC a partir da 3ª hora pós-infusão, sem

nenhuma alteração significativa nos parâmetros da VFC. No entanto a mesma

evocou mudanças expressivas em diversos parâmetros da variabilidade da

pressão arterial, evidenciados na figura 3. A avaliação temporal permite

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63

vislumbrar um aumento bastante expressivo de PAS, PAD, VPAS e na LF da

VPAS a partir de duas horas após a injeção perdurando até 4 horas. Na quinta

hora todos os parâmetros retornam a valores similares a situação basal.

DISCUSSÃO

O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos da intervenção sobre o eixo

da Ang-(1-7)-Mas sobre o controle autonômico cardiovascular de forma

crônica, utilizando modelos animais geneticamente modificados para super-

expressão da Ang-(1-7) ou deleção de seu receptor Mas, e de forma aguda

através da infusão de Ang-(1-7) e seu antagonista A779.

A avaliação dos parâmetros hemodinâmicos nos camundongos KO-

Mas demonstrou que a deleção deste receptor não interfere diretamente nos

parâmetros ligados a modulação cardíaca uma vez que os valores de FC e

VFC não foram diferentes do grupo controle. Por outro lado a avaliação da PA

e sua variabilidade evidenciou aumento da PAS, da VPAS e componente de

baixa freqüência LF ligado à modulação simpática vascular. O aumento do

componente simpático corrobora com o estudo de Walther e colaboradores que

encontrou aumento do tônus simpático acompanhado de redução da VFC, não

observada em nosso estudo.

Apesar da presença expressiva do receptor Mas no músculo cardíaco e

sua influencia evidente sobre a função cardíaca de forma global 90, 118 sua

deleção no modelo KO-Mas ainda apresenta efeitos contraditórios sobre a FC e

parâmetros específicos ligados à modulação e a contratilidade 113, indicando a

necessidade de estudos adicionais e aprofundados. Considerando a elevada

expressão vascular do receptor Mas 108 e que os animais knockout para este

receptor desenvolvem disfunção endotelial 112, é possível atribuir um papel

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64

importante ao Mas sobre a função vascular evidenciada em nosso estudo

pelo aumento da componente simpática vascular no modelo KO-Mas

A avaliação crônica feita sobre parâmetros cardiovasculares em

modelos geneticamente modificados mostrou que os animais com

superexpressão de Ang-(1-7) em situação basal não apresentam diferença nos

parâmetros hemodinâmicos e de controle neural cardiovascular pela análise

espectral da VFC e PA. Tais resultados corroboram com outros estudos da

literatura que demonstram que de fato, a PA desses animais não apresenta

diferenças significativas quando comparados aos seus controles 109, 110

. A

elevação crônica deste peptídeo é induzida através da manipulação genética

que permite que peptídeos sejam liberados em diferentes tecidos a partir de

uma proteína de fusão produtora de Ang-(1-7) neste modelo. Tal alteração de

forma sistêmica pode estabelecer uma condição fisiológica e de homeostase

que justificaria a inexistência de diferenças nos parâmetros cardiovasculares

neste modelo 110. O grupo de animais transgênicos no qual foi avaliado o efeito

do bloqueio crônico com A779 em bomba osmótica por sete dias apresentou

aumento nos parâmetros de FC balanço simpato-vagal cardíaco, VPAS e

modulação simpática vascular em relação ao grupo TG demonstrando que este

modelo é altamente dependente da ação do eixo Ang-(1-7)-Mas para o controle

autonômico cardíaco e vascular.

Na atual visão sobre o SRA, no qual existem dois eixos principais de

balanço endógeno, a Ang-(1-7) exerce importante papel no controle

cardiovascular com efeitos benéficos tanto por ação local quanto sistêmica.

Sua ação sobre a PA é evidenciada quando observamos os animais controles

que receberam injeção deste peptídeo. A figura dois mostra que a injeção de

angiotensina-(1-7) nos animais controle SD começa a ter ação sobre a

modulação cardíaca mais especificamente aumentando a modulação

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65

parassimpática duas horas após de sua administração. Tais efeitos são

refletidos sobre os valores de pressão e vislumbrados através da redução da

PAS e PAD após 5 horas. A ação primeiramente sobre a modulação cardíaca

seguida de uma alteração sobre a PA denota a influencia de mecanismos

centrais, já bastante evidenciados na literatura 95

.

Microinjeções de Ang-(1-7) em áreas específicas centrais, ligadas ao

controle pressórico evocaram melhora da sensibilidade do baroreflexo e

conseqüente redução da PA 98, 105. Nossos resultados demonstram que tal

ação central, evidenciada em outros trabalhos, ocorre preferencialmente via

mecanismos centrais atuantes diretamente sobre a inervação cardíaca uma

vez que a modulação parassimpática emerge seus efeitos duas horas após a

injeção de Ang-(1-7) enquanto que os valores de PA são reduzidos de forma

efetiva somente na quinta hora pós-injeção.

No intuito de avaliar os efeitos desencadeados pela ligação da Ang-(1-7)

com seu receptor funcional Mas inúmeros trabalhos têm utilizado o antagonista

de deste receptor, o A779. Em nosso estudo a injeção de A779 nos animais

controle SD não proporcionou alterações hemodinâmicas quando comparados

à injeção de solução salina neste mesmo modelo. A inexistência de alteração

pode indicar que em situações fisiológicas, onde existe um suposto equilíbrio

dos eixos do SRA, o efeito pode estar atrelado a Ang-(1-7) circulante e ao

quanto à homeostase deste sistema depende do eixo específico Ang-(1-7)-

Mas.

De fato, no modelo no qual a alteração genética acarreta

superexpressão deste peptídeo, a injeção do antagonista induziu alterações

expressivas nos parâmetros cardíacos e vasculares. Neste modelo 2 horas

após a injeção de A779 a FC, assim como os valores de PAS e PAD, estão

aumentados. Em adicional a variabilidade da PA e seu componente LF ligado a

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66

modulação simpática vascular também estão elevados. Tais efeitos tanto

cardíacos quanto vasculares perduram até quatro horas após a injeção,

momento no qual se inicia o reestabelecimento do equilíbrio na quinta hora de

avaliação podendo denotar a ativação de vias de sinalização celular

específicas além dos efeitos reflexos.

A alteração expressiva induzida no modelo transgênico pode denotar a

importância do eixo Ang-(1-7)-Mas na homeostase cardiovascular. Essa

alteração impõe uma ação compensatória onde ao passo que se aumenta a

Ang-(1-7) e a expressão do Mas pela modificação genética outras vias também

podem estar aumentadas como o eixo Ang II/AT 1. Isso torna-se evidente

quando a intervenção com o A779 proporcionou alterações generalizadas nos

parâmetros hemodinâmicos e de CA cardiovascular.

A literatura aponta um papel determinante do eixo Ang-(1-7)-Mas sobre

o controle da PA, tanto por ação local como sistêmica. Nosso estudo

demonstrou pela primeira vez as alterações cardiovasculares induzidas pela

intervenção no eixo Ang-(1-7)-Mas de forma crônica e aguda em modelos

animais geneticamente modificados sugerindo uma a ação central da Ang-(1-7)

sobre a modulação cardíaca e vascular.

Além disso, o modelo animal e o tipo de intervenção genética podem

denotar efeitos cardiovasculares diversos. Enquanto o camundongo KO-Mas

apresenta uma alteração ligada a PA e sua variabilidade, portanto efeito mais

vascular, o rato com superexpressão não apresenta alteração em situação

basal. Da mesma forma a intervenção aguda também evoca efeitos diversos

nos diferentes modelos. Enquanto a injeção de Ang-(1-7) induz alterações

sobre o CA cardíaco precedentes as alterações de PA nos animais controle

SD, a injeção de A779 não causou modificações. O experimento com animais

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67

TG demonstrou a dependência homeostática do eixo Ang-(1-7)-Mas tanto na

situação com bloqueio por bomba osmótica quanto após a injeção de A779.

Essa abordagem representa um importante acréscimo e avanço no

conhecimento dos mecanismos fisiológicos envolvidos no controle autonômico

da PA, uma vez que as repercussões funcionais e estruturais da ativação ou

bloqueio do eixo Ang-(1-7)-Mas são importantes na busca de evidências que

justifiquem futuras aplicações terapêuticas no manejo das DCV.

AGRADECIMENTOS

A toda a equipe do Laboratório de Hipertensão Experimental – InCor – FMUSP

e do Laboratório de Hipertensão da UFMG.

AGÊNCIAS FINANCIADORAS

INCT Nanobiofar, CAPES, FAPEMIG

CONFLITO DE INTERESSES

O presente estudo foi criado e conduzido de forma independente pelos autores,

com o apoio financeiro de agências acima referidas não havendo conflito de

interesses.

Page 68: Dissertação€¦ · HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica HF – High Frequency – Alta Frequência KO-Mas ... pelos reflexos cardiovasculares originados nos pressoreceptores

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LEGENDA DAS FIGURAS

Figura 1. SD Resultados avaliação controle autonômico cardiovascular:

experimento efeito crônico comparando animais controles SD,

transgênicos TG e transgênicos com bomba osmótica contendo A779 por

7 dias. Os painéis ilustram as variações da frequencia cardíaca (A), indice de

balanço simpato vagal LF/HF (B), variabilidade da Pressão arterial (C) e

componente de baixa frequencia LF da VPA (D). * diferente em relação ao

grupo TG (ANOVA com comparação múltipla por teste de Tukey).

Figura 2. Resultados avaliação controle autonômico cardiovascular:

experimento efeito agudo por infusão de Ang-(1-7) em animais controles

SD . As barras descrevem a avaliação temporal desde a situação basal até 5

horas após a infusão de solução salina (barras brancas) e solução com Ang-(1-

7) (barras pretas). Os paineis ilustram as variações da variabilidade da

frequencia cardíaca (A), componente de alta frequencia HF da VFC em

unidades normalizadas (B), Pressão arterial sistólica(C), Pressão arterial

distólica (D), cujas curvas temporais foram diferentes, dependentes da injeção

dada (P<0.001; P=0.002; P=0.008; P=0.010,respectivamente). * diferente em

relação à injeção de solução salina (ANOVA com comparação múltipla por

teste de Tukey).

Figura 3. Resultados avaliação controle autonômico cardiovascular:

experimento efeito agudo por infusão de A779 em animais transgênicos.

As barras descrevem a avaliação temporal desde a situação basal até 5 horas

após a infusão de solução salina (barras brancas) e solução com A779 (barras

pretas). A linha cinza corresponde a aproximação polinomial (de ordem 6) do

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andamento temporal da intervenção por A779. Os painéis ilustram as

variações de Pressão arterial sistólica (A), Pressão arterial diastólica (B),

variabilidade da pressão arterial (C) e componente de baixa frequência LF da

VPA (D), cujas curvas temporais foram diferentes, dependentes da injeção

dada (P<0.001; P<0.001; P=0.015; P=0.003, respectivamente). * diferente em

relação à injeção de solução salina (ANOVA com comparação múltipla por

teste de Tukey).

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Tabela 1. Parâmetros hemodinâmicos e da análise espectral obtidos no

experimento em situação crônica com os camundongos KO-Mas e WT.

Valores expressos em média ± DP. Pressão arterial sistólica PAS; pressão

arterial diastólica PAD; pressão arterial média PAM; freqüência cardíaca FC;

variabilidade da freqüência cardíaca VFC; variabilidade da pressão arterial

sistólica VPAS; componente de baixa freqüência (low frequency) LF;

componente de alta freqüência (high frequency) HF; componente de muito

baixa freqüência (very low frequency) VLF; expressos em unidades absolutas

(ms2) e por unidades normalizadas (nu). * P < 0.05 comparado ao grupo

controle.

WT (n=8) KO Mas (n=8) SD (n=5) TGR (n=5)

PAS (mmHg) 127.26 11.20 135.07 6.98* 147.32 9.70 148.59 14.14

PAD (mmHg) 100.64 14.34 106.88 9.62 106.15 10.04 110.02 5.90

FC (bpm) 642.11 87.80 601.73 103.91 318.99 35.47 335.94 30.71

VFC - var (s2) 29.19 4.94 21.07 2.02 22.10 6.06 18.22 10.10

- LF nu 31.54 20.86 22.64 24.92 12.83 7.40 14.92 15.63

- HF nu 68.45 20.80 77.36 24.90 87.10 7.44 84.56 16.77

- LF/HF index 0.64 0.76 0.54 0.93 0.18 0.10 0.23 0.30

VPAS – var

(mmHg2)

3.54 1.54 5.87 2.12* 14.40 9.27 11.15 3.53

-VLF (mmHg2) 0.02 0.04 0.41 0.68 6.97 6.65 7.26 7.33

- LF (mmHg2) 0.12 0.11 0.47 0.34* 5.01 4.29 3.17 2.88

- HF (mmHg2) 0.25 0.33 0.20 0.13 1.91 1.56 2.98 2.47

-index -

(ms/mmHg)

0.22 0.21 0.09 0.11 0.75 0.39 1.29 1.99

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Figura 1.

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Figura 2.

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Figura 3.