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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UFPB VIRTUAL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL METODOLOGIA CIENTÍFICA E TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BOLSA FAMÍLIA E A REDUÇÃO DA EVASÃO ESCOLAR NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL MONSENHOR SEVERINO CAVALCANTE DE MIRANDA Maria da Penha de Pontes Macêdo Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal-UFPB Profª. Maria Elizabeth Batista Pimenta Braga Orientadora RESUMO O objetivo deste trabalho é investigar se a contribuição da transferência de renda para as famílias em situação de pobreza através do Programa Bolsa Família teve efeito na redução da evasão escolar numa escola do 1º ao 5º ano da rede municipal de ensino. Como metodologia foi utilizada a pesquisa documental de natureza quantitativa, fazendo uso de documentos internos da Instituição de ensino para comparar dados dos últimos 3 anos. Observou-se que a condicionalidade do PBF foi satisfatória e a redução da evasão escolar foi significativa no 1º e 2º ano enquanto no 3º, 4º e 5º ano os indicadores apontam um índice bastante elevado de evasão escolar na Escola Municipal de Ensino Fundamental Monsenhor Severino Cavalcante de Miranda na cidade de Araruna. Palavras-Chaves: Bolsa Família. Evasão. Condicionalidade. 1 INTRODUÇÃO A evasão escolar é um assunto ainda muito discutido e abrange a maioria das escolas brasileiras, motivo pelo o qual as discussões se acentuam tendo como foco central do debate o papel tanto da família quanto da escola em relação à vida escolar da criança e do adolescente, muito embora vários estudos tenham apontado aspectos sociais considerados como determinantes da evasão escolar, dentre eles a desestruturação familiar, as políticas de governo, o desemprego e a desnutrição. (QUEIROZ, UFMT).

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UFPB VIRTUAL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL

METODOLOGIA CIENTÍFICA E TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

BOLSA FAMÍLIA E A REDUÇÃO DA EVASÃO ESCOLAR NA

ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL MONSENHOR SEVERINO

CAVALCANTE DE MIRANDA

Maria da Penha de Pontes Macêdo

Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal-UFPB

Profª. Maria Elizabeth Batista Pimenta Braga

Orientadora

RESUMO

O objetivo deste trabalho é investigar se a contribuição da transferência de renda para as

famílias em situação de pobreza através do Programa Bolsa Família teve efeito na redução da

evasão escolar numa escola do 1º ao 5º ano da rede municipal de ensino. Como metodologia

foi utilizada a pesquisa documental de natureza quantitativa, fazendo uso de documentos

internos da Instituição de ensino para comparar dados dos últimos 3 anos. Observou-se que a

condicionalidade do PBF foi satisfatória e a redução da evasão escolar foi significativa no 1º e

2º ano enquanto no 3º, 4º e 5º ano os indicadores apontam um índice bastante elevado de

evasão escolar na Escola Municipal de Ensino Fundamental Monsenhor Severino Cavalcante

de Miranda na cidade de Araruna.

Palavras-Chaves: Bolsa Família. Evasão. Condicionalidade.

1 INTRODUÇÃO

A evasão escolar é um assunto ainda muito discutido e abrange a maioria das escolas

brasileiras, motivo pelo o qual as discussões se acentuam tendo como foco central do debate o

papel tanto da família quanto da escola em relação à vida escolar da criança e do adolescente,

muito embora vários estudos tenham apontado aspectos sociais considerados como

determinantes da evasão escolar, dentre eles a desestruturação familiar, as políticas de

governo, o desemprego e a desnutrição. (QUEIROZ, UFMT).

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Diante das discussões já é possível observar a preocupação nas três instâncias, Federal,

Estadual e Municipal em amenizar a evasão escolar, investindo em políticas públicas que

assegure a permanência da criança e adolescente na escola, bem como exigindo da família o

compromisso de acompanhar a vida escolar dos aprendentes junto à escola.

Nesta pesquisa destacou-se o PBF, programa de transferência de renda que beneficia

famílias em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 60.00 a R$ 120.00) e

extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$60.00). A ligação do programa com

a redução da evasão escolar se explica através da condicionalidade determinada pelo Decreto

nº 6.917 em que as famílias enquadradas nos critérios de renda só receberão o benefício se os

aprendentes de 6 a 15 anos apresentarem frequência mínima de 85% e os que estão entre 16 e

17 anos frequência mínima de 75%. (SANTOS, 2009).

Os valores pagos pelo programa variam de acordo com a renda das famílias. O

Benefício Básico é de R$ 62.00 (sessenta e dois reais) e destinam-se as famílias consideradas

extremamente pobres, ou seja, com renda mensal de até R$ 60.00 (sessenta reais) por pessoa.

Nele se enquadram inclusive as famílias que não tenham crianças ou jovens (SANTOS,

2009).

O PBF integra a estratégia Fome zero que tem como objetivo assegurar o direito

humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e

contribuindo para erradicação da extrema pobreza e para a conquista da cidadania pela parcela

da população mais vulnerável à fome.

As condicionalidades que devem ser seguidas na educação, foram motivo de

indagação pela pesquisadora, uma vez que existe uma grande queixa com relação à evasão

escolar. Diante disto se resolve aprofundar o tema de forma documental para verificar se

realmente o Programa Bolsa Família vem contribuindo para reduzir a evasão escolar e qual a

participação da família neste controle da condicionalidade.

O estudo foi desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Monsenhor

Severino Cavalcante de Miranda na cidade de Araruna-PB, com o objetivo de investigar a

redução da evasão escolar mediante a implantação do Programa Bolsa família, analisando a

possível contribuição deste programa junto às famílias que por sua vez tem a responsabilidade

de colocar e manter os seus filhos na referida instituição de ensino.

A metodologia utilizada na coleta de dados foi a pesquisa documental, que envolveu a

investigação em documentos internos da instituição escolar, onde os dados numéricos,

percentuais, relatórios e frequência dos alunos e dos pais foram fornecidos pela gestora

escolar.

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O trabalho está distribuído em seis tópicos principais. No primeiro está a

fundamentação teórica composto por alguns conceitos e fundamentos acerca do objeto de

estudo, enriquecendo dessa maneira a pesquisa com algumas teorias.

O segundo é o material e método apresentando os procedimentos, estratégias e

instrumentos utilizados na pesquisa, logo após tem o terceiro tópico com a caracterização geo-

histórica da cidade onde se encontra a escola. No quarto tópico está a análise dos resultados

obtidos na realização da pesquisa. Posteriormente estão as considerações finais apontando

alguns ponto alcançados na pesquisa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica está subdividida em três itens: Algumas concepções acerca

das políticas públicas, o estado e a seguridade social, Programa Bolsa Família: Uma política

pública social voltada para os desfavorecidos

2.1 Algumas concepções acerca das políticas públicas

A busca para uma única definição de políticas públicas não é possível, pois existem

conceitos diferenciados de um autor para outro, entretanto, todos costumam utilizar conceitos

que fazem relação às ações realizadas pelo governo. Apesar das diferentes definições para as

políticas públicas, existe uma mais conhecida que foi pensada por Laswell, sua concepção

está embasada nas decisões e análises sobre política pública que sua vez visa responder as

seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz (SOUZA, 2006).

As políticas públicas costumam ser associadas comumente aos mecanismos que o

Estado utiliza para oferecer condições de vida digna àquelas pessoas que estão marginalizadas

socialmente e não tem meios para sobreviver. Na verdade, não se pode pensar em políticas

públicas apenas dessa perspectiva. Segundo Mesksenas (2002 p.77), “No século XX, as

políticas públicas são definidas como um mecanismo contraditório que visa à garantia da

reprodução da força de trabalho. Tal aspecto da organização do Estado nas sociedades

industriais, não traduz um equilíbrio nas relações entre o capital e o trabalho”.

A reprodução da força de trabalho representa uma característica do capitalismo que foi

utilizada para definir no século passado políticas públicas. O estado regido pelo sistema

capitalista buscava o desenvolvimento provocando conseqüentemente a desigualdade na

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relação entre trabalhadores e empregadores, pois o capital produzido nas indústrias através da

força do trabalho não era retornado para os trabalhadores de maneira justa.

No decorrer dos tempos sempre existiu uma subdivisão de classes sociais nas relações

entre as pessoas, as quais podem se destacar por um grande afastamento em todos os aspectos.

Geralmente o estado representado por aqueles que estão em condição de superioridade são os

responsáveis por todas as decisões relacionadas à sociedade, eximindo completamente a

participação das classes trabalhadoras ou ainda daqueles considerados excluídos socialmente.

Mesksenas (2002 p.77-78) afirma que.

Um outro aspecto das contradições presente nas relações políticas do Estado implica

a exclusão das classes trabalhadoras nas instancias de decisão e gerenciamento das

políticas públicas e, ao mesmo tempo no apelo para a incorporação das demandas

dessas classes na extensão dos direitos sociais. Tal aspecto integra o receituário de

medidas que garantem a legitimidade das condições de governabilidade presentes no

Estado frente ao conjunto da sociedade. Assim a intervenção estatal que ocorre por

meio das políticas públicas emerge numa complexa disputa pelo poder relacionado às contradições econômicas e políticas.

Como se sabe o Estado tem grande representatividade no contexto da sociedade e das

políticas públicas na atualidade, nesta perspectiva é possível perceber a autonomia do Estado

nas ações que o mesmo pode realizar provocando diversas transformações no espaço de

atuação, essa definição pode parecer complexa no mundo moderno para as políticas públicas.

No processo de definição de políticas públicas, sociedades e Estados complexos

como os constituídos no mundo moderno estão mais próximos da perspectiva teórica

daqueles que defendem que existe uma “autonomia relativa do Estado”, o que faz

com que o mesmo tenha um espaço próprio de atuação, embora permeável a

influências externas e internas (EVANS, RUESCHMEYER E SKOCPOL apoud

SOUZA, 2006, p. 27).

No atual contexto histórico, o mundo passa por uma onda de transformações que

jamais aconteceu antes, tais transformações podem ser atribuídas ao processo de globalização

que por sua vez provoca uma série de problemas, dos quais podem ser citados aqueles de

ordem sociais. Diante desta situação surgem os diversos tipos de políticas para tentar

minimizar o efeito devastador provocado pela globalização.

O processo de globalização em desenvolvimento atinge todas as sociedades. (...)

Também a consenso que a forma atual de globalização cria desemprego e exclusão social, causando danos econômicos-sociais e ambientais. Desencadeia violências de

todo tipo. (...) Vale salientar que a pressão da globalização para baixo cria a

necessidade do governo buscar alternativas novas do contato direto com os cidadãos

superando o ortodoxo de fazer política. De igual maneira, a cidadania

conscientemente organizada necessita criar mecanismo de contato e controle de

políticas estatais, democratizando-as. Isso demanda novos experimentos de

participação política direta de maior número possível de cidadãos. Assim, um dos

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maiores desafio da globalização é a discussão profunda e ampla a cerca de uma

política da condição social humana global (VERZA, 2000 p. 84 -87).

As políticas ganha fundamental importância na tentativa de oferecer alternativas para

superar problemas sociais, tais como desemprego, marginalização, injustiça social, violência e

outros. Estes problemas representam grandes desafios que recai na responsabilidade do

Estado para serem resolvidos através dos seus mecanismos, visando o alcance de objetivos

que possam proporcionar o bem estar da coletividade. A partir destes pressupostos, surgem as

políticas públicas para desenvolver ações que possam buscar a possível solução para acabar

ou minimizar problemas dentro do âmbito social.

2.2 O Estado e a seguridade social

As políticas sociais surgiram com várias finalidades, em alguns momentos estavam

voltadas para trabalhadores do setor moderno e para população que se encontrava fora do

mercado de trabalho formal. Em outros momentos se constituíram em programas socais

destinados a regular relações entre Estado e sociedade, naquelas dimensões que afetaram os

processos de reprodução social das classes trabalhadoras e demais segmentos sociais.

(GENTILLI, 2006)

No decorrer da história o capitalismo se expandiu muito rapidamente, entretanto,

como se sabe a classe trabalhadora era muito importante para essa expansão, mas não havia a

valorização da mão-de-obra, por isso surgiram em diversos momentos da história conflitos de

trabalhadores que buscavam conquistar direitos. O resultado das lutas de classes podem ser

definidos pela conquista das políticas sociais que não representava nada de muito importante

dentro do Estado capitalista.

As políticas sociais conduzidas pelo Estado capitalista representam um resultado da

relação e do complexo desenvolvimento das forças produtivas e das forças sociais.

Elas são o resultado da luta de classes e ao mesmo tempo contribuem para a

reprodução das classes sociais. (FALEIROS, 2007, p. 46)

As políticas públicas voltadas para beneficiar as classes trabalhadoras ou ainda aqueles

que estão fora do mercado de trabalho representam políticas de cunho social. Neste contexto,

as classes trabalhadoras e, sobretudo a população que se encontra sem trabalho formal deve

receber do Estado os serviços necessários para o seu bem-estar.

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As políticas de Assistência Social, como as demais políticas no âmbito da gestão

estatal da reprodução da força de trabalho, buscam responder a interesses

contraditórios, engendrados por diferentes instâncias da sociedade, e assim não se

configuram como simples produto dos interesses dos „de cima‟, mas como espaço

onde também estão presentes os interesses dos subalternizados da sociedade.

(YAZBEK, 1995, p. 9).

As ações do Estado representadas pelas políticas sociais não são simplesmente ações

de natureza econômica, na verdade tem um significado mais abrangente, pois busca

minimizar gastos no setor social. Isso significa que o Estado busca evitar gastos mais

elevados através de ações como, por exemplo, em educação que pode evitar violência e outras

conseqüências no meio social.

As despesas de manutenção da regulação do mercado colocam também em crise a

política social. Contudo, a política social não é uma estratégia exclusivamente

econômica, mas também política, no sentido da legitimação e controle dos

trabalhadores (...) crise de legitimação política articulada queda dos gastos na área social. (BEHRING, 2007, p. 169)

As políticas sociais podem ser representadas através dos mais variados programas,

obviamente o objetivo é sempre minimizar problemas dentro da sociedade, como por

exemplo, acabar ou reduzir a pobreza. A transferência de renda monetária foi uma forma

adotada no Brasil para tentar diminuir alguns de seus problemas sociais, nesta perspectiva

podem ser obtido resultados positivos. Segundo Silva (2006, p.3)

[...]transferência de renda é aqui concebida como uma transferência monetária direta

a indivíduos ou a famílias. No caso brasileiro, a idéia central dos Programas de

Transferência de Renda é proceder a uma articulação entre transferência monetária e

políticas educacionais, de saúde e de trabalho direcionadas a crianças, jovens e

adultos de famílias pobres. Dois pressupostos são orientadores desses programas:

um de que a transferência monetária para famílias pobres possibilita a essas famílias

tirarem seus filhos da rua e de trabalhos precoces e penosos, enviando-os à escola, o

que permitirá interromper o ciclo vicioso de reprodução da pobreza; o outro é de que

a articulação de uma transferência monetária com políticas e programas

estruturantes, no campo da educação, da saúde e do trabalho, direcionados a famílias

pobres, poderá representar uma política de enfrentamento à pobreza e às desigualdades sociais e econômicas no país.

A Constituição Federal de 1988 representa o marco inicial para que o país passe

reconhecer oficialmente os direitos sociais dos cidadãos, em seu capítulo II, no artigo 6º, ao

expressar que “[...] são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a

previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na

forma desta Constituição”.

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No atual contexto social o assistencialismo brasileiro tem um significado muito

importante, pois abrange uma grande parte da população desfavorecida ou marginalizada, por

isso também pode ser considerada positiva. Numa outra perspectiva, aqueles que são

favorecidos por este assistencialismo representam os cidadãos que estão sendo atendidos pelo

Estado como garante a constituição brasileira.

[...] a assistência social brasileira deixou de ser, em tese, uma alternativa de direito,

ou dever moral, para transformar-se em direito ativo ou positivo, da mesma forma

que os demandantes dessa assistência deixaram de ser meros clientes de uma

atenção assistencial espontânea – pública e privada - para transformar-se em sujeitos

detentores do direito à proteção sistemática devida pelo Estado (PEREIRA, 1996, p.99-100).

A consolidação dos direitos sociais brasileiro se configura através do surgimento da

constituição, isso significa que o Estado tem o dever de garantir a sociedade condições

necessárias para uma boa qualidade de vida, tais condições não ficam limitadas apenas a

serviços públicos oferecidos pelas suas instituições, mas através de mecanismos que possam

se configurar através de ações efetuadas com políticas públicas.

2.3 Programa Bolsa Família: Uma política pública social voltada para os desfavorecidos

Sabe-se que a evolução do Programa Bolsa Família vem acontecendo desde os anos

90, mas aqui se enfatiza a evolução recente de 2003 a 2006 que segundo o PNAD conseguiu

atingir a meta de cobertura do público alvo em apenas 3 anos de sua criação. Muito embora

ainda exista um grande número de domicílios que ainda precisa da cobertura do Programa.

A transferência de renda para as famílias mais carentes causou impactos positivos na

pobreza, pois o número de pessoas nessas condições sociais vem reduzindo no Brasil desde

2004, segundo o PNAD é o Programa que está contribuindo de forma favorável para que isto

aconteça (ROCHA, 2008).

O programa Bolsa Família vem sendo observado por todos que desejam encontrar

soluções para os problemas da desigualdade e da pobreza e que obviamente é justificada

através de traços específicos que ele incorpora a partir do pressuposto de que a transferência

de renda é um mecanismo legal de política social no Brasil e também através da

condicionalidade do Programa em termos de frequência a escola e cuidados com a saúde

(ROCHA, 2008).

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Para melhor entender a Gestão de Benefícios é importante saber que benefícios da

família é um conjunto de todos os benefícios financeiros específicos e transferidos a família

por meio do seu respectivo responsável pela Unidade Familiar (RF). Para garantir o benefício

mensalmente, é preciso que esteja devidamente atualizado e dentro das normas exigidas pelo

o Programa. Sempre que houver irregularidade no cadastro aparece uma mensagem, o motivo

e orientação para o gestor municipal. (Manual de Gestão de Benefícios, 2010).

Para Queiroz (2004), a evasão escolar está ligada a vários fatores internos e externos

entre eles está a condição de vida das famílias, nesta situação se encaixa o Programa Bolsa

Família que visa contribuir economicamente para que as famílias garantam a permanência dos

filhos na escola evitando assim a exclusão, assunto que hoje muito se discute e não é

permitido em hipótese alguma a criança fora da escola, muito menos pela financeira.

Promover a cidadania é também garantir condições para que isto aconteça, mesmo que

seja preciso o acompanhamento da educação como uma forma de assegurar este direito e o

Programa Bolsa família faz este acompanhamento visando promover a cidadania e a melhoria

para a qualidade de vida da população beneficiada. Por fim se conclui a fundamentação

teórica com os dados estatísticos e outros registros que irão fazer parte do nosso objeto de

estudo.

3 MATERIAL E MÉTODO

3.1 Procedimentos Metodológicos

Quanto ao procedimento adotado na coleta de dados se enquadra no grupo de pesquisa

documental, que se utiliza da fonte de papel, porém nenhum grupo de pesquisa deve ser

considerado de forma rígida, porque nem sempre a pesquisa se enquadra totalmente no

determinado grupo. A pesquisa documental envolve a investigação em documentos internos

ou externos e pode ser usada tanto em pesquisa quantitativa como qualitativa (ZANELLA,

2009).

Para realizar este estudo a pesquisadora usou como metodologia a pesquisa

documental de natureza quantitativa, no caso, trata-se de informações coletadas na ficha de

freqüência e na tabela de matricula, movimento e rendimento escolar de alunos da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Monsenhor Severino Cavalcante de Miranda. Os dados

que foram utilizados são classificados como documentos internos da organização que

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serviram para atender aos objetivos propostos através de dados estatísticos dos 3 últimos anos,

bem como outros documentos que foram de grande importância para alcançar os objetivos.

A coleta de dados se iniciou com uma visita a instituição de ensino para uma conversa

com a gestora escolar, falar sobre o objetivo da visita e saber da possibilidade de fornecer

estes dados que fazem parte do objeto da pesquisa.

Posteriormente foi relacionado o material necessário: estatística ou rendimento escolar

dos últimos 03 anos 2008, 2009 e 2010 (tabulado com base na formula: Nº de Evadidos ÷

Matrícula Inicial + Admitidos Após Março – Afastados por Transferência x 100), diários de

classe, relatório da frequência do Bolsa Família, frequência dos pais em reuniões também dos

três últimos anos. A gestora se dispôs a atender com a documentação solicitada para fazer as

cópias. De posse dos documentos internos foi possível iniciar a análise documental de cunho

quantitativo.

4 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO DE ARARUNA

4.1 Caracterização Histórica

A região que abrange o município de Araruna teve como primeiros habitantes os

indígenas, esta suposição fundamenta-se em marcas possivelmente deixadas por eles,

materializada em gravuras desenhadas nas rochas, as quais são conhecidas como pinturas

rupestres.

Segundo Lucena (1985), os primeiros indígenas a habitar a região pertenciam às tribos

Paiacus, Janduis, Cararás, entre outras. Todas essas tribos mencionadas pertenciam a grande

nação Cariri que era conhecida de forma generalizada como Tapuias. Estes índios tinham

como característica principal, permanecerem pouco tempo vivendo num ambiente e devido a

este costume eram denominados de nômades.

Durante muitos anos esta região esteve oculta ao conhecimento dos colonizadores,

permanecendo nesta situação até o século XVII, quando possivelmente houve as primeiras

concessões de terras. “Acreditamos que a primeira destas concessões de terras foi feita em 07

de junho de 1706, a Antônio Freire”. (LUCENA, 1985, p. 13). Fato que indica o período da

possível descoberta da região.

O autor supracitado também expõe outras hipóteses a respeito da possível descoberta

da região, entre as quais, apresenta-se um relato com base em fontes orais revelando que

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foram pessoas da família Soares, os verdadeiros pioneiros da região quando se fixaram no

local onde se deu origem ao município.

Os primeiros a receber concessão de terras na região, conseguiram através do

documento de sesmaria, adquirir posse sobre uma certa área na serra. “... concedendo terras a

Luiz Soares de Oliveira, em 22 de julho de 1788”. Tavares (1909 apud RODRIGUEZ, 2001,

p. 11). A Referida data marca a possível descoberta da região que envolve o município de

Araruna, porém, a fundação do povoado aconteceu depois de vários anos, quando surgiu o

primeiro habitante na serra, fixando-se na área mais alta e iniciando o processo de ocupação

da região.

O município de Araruna foi fundado por volta de 1845, momento que se formou o seu

povoado, quando Feliciano Soares do Nascimento, morador da localidade de Jacu dos Órgãos,

no estado do Rio Grande do Norte, recebeu cerca de duas léguas de terras em uma área sobre

o planalto (RODRIGUEZ, 2001). Na ocasião, sua primeira atitude foi construir uma

residência e cultivar produtos agrícolas numa roça.

Depois de alguns anos, Feliciano Soares construiu uma capela para cumprir uma

promessa a Nossa Senhora da Conceição, e no dia 04 de julho de 1854, pela Lei Provincial Nº

25, foi criada a Freguesia de Araruna (LUCENA, 1985). Após a construção da capela,

começou a edificação das residências ao seu redor, formando a primeira rua da cidade.

Depois de duas décadas de criada a freguesia, por volta de 1870, os moradores

estavam sentindo dificuldades para comunicar-se com as autoridades e resolver seus

problemas, pois, caso alguém quisesse entrar em contato com alguma autoridade, teria que

percorrer uma grande distância até Bananeiras, Jurisdição administrativa a qual Araruna

estava subordinada (PRODER, 1996). O problema era justamente a distância que separava as

duas localidades.

Diante das dificuldades foi tomada a primeira providência no dia 07 de outubro de

1871, para a Freguesia se tornar independente, através de apelo por meio de um abaixo-

assinado de proprietários, criadores e pessoas influentes, solicitando ao presidente da

província a criação de uma Vila, título que indicava uma certa autonomia da localidade. No

dia 29 de maio de 1876, um deputado apresenta um projeto de lei criando o termo, quando

finalmente no dia 10 de julho do mesmo ano, o Barão de Mamanguape, sanciona a Lei nº 616,

que originava a Vila de Araruna, desligando-se administrativamente do município Bananeiras

(PRODER, 1996).

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Após a emancipação política do município de Araruna, a população se organizava para

o progresso que iria expandir a área urbana da cidade, marcando o inicio do processo de

urbanização, com a edificação das residências que lentamente surgiriam em torno da primeira

e única rua que existia.

A palavra Araruna na linguagem indígena significa Arara-Preta. Mesmo não havendo

atualmente nenhum indício deste pássaro no município, essa ave de plumagem azul-escuro era

muito comum na região, por causa deste fato a serra recebeu esta denominação. Como na

localidade já habitaram indígenas durante muito tempo no passado, por isso o nome do

município de Araruna vem do tupi arara una e significa arara preta (LUCENA, 1985).

No decorrer do tempo, surgiram várias residências numa área que seria posteriormente

a zona urbana, foi então que o nome emprestado a serra passou a ser utilizado para denominar

o povoado que surgiu no ponto mais alto do planalto.

4. 2 Caracterização Geográfica

O estado da Paraíba está situado no extremo leste da Região Nordeste do Brasil, com o

seu território dividido em quatro mesorregiões geográficas, entre os paralelos 6º e 8º de

latitude sul (S) e os meridianos de 34º30‟ e 38º30‟ de longitude oeste de Greenwich (W Gr.).

Tem uma extensão territorial de 56.439.838 km², faz fronteira com três estados nordestinos,

ao norte com o Rio Grande do Norte; com Pernambuco ao sul; com o Oceano Atlântico ao

leste e ao oeste com o Ceará. A área que compõem o estado divide-se em quatro mesorregiões

– Sertão Paraibano, Borborema, Agreste Paraibano e Mata Paraibana – as quais, por sua vez,

são subdividido em microrregiões e estas em municípios. (IBGE, 2010).

O município de Araruna está situado na microrregião do Curimataú Oriental no

Agreste Paraibano. A sede da cidade se encontra aproximadamente a 165 km da capital João

Pessoa e a 100 km de Campina Grande. Possui uma extensão territorial de 245,72 km2,

situado na fronteira com o Rio Grande do Norte, limita-se ao Leste com Dona Inês, Riachão e

Campo de Santana (ex-Tacima), ao Sul e Oeste com Cacimba de Dentro e ao Norte com

Monte das Gameleiras, Serra de São Bento e Passa e Fica no Rio Grande do Norte.

O município de Araruna foi fundado por volta de 1845, momento que se formou o seu

povoado, quando Feliciano Soares do Nascimento, morador da localidade de Jacu dos Órgãos,

no estado do Rio Grande do Norte, recebeu cerca de duas léguas de terras em uma área sobre

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o planalto (RODRIGUEZ, 2001). Na ocasião, sua primeira atitude foi construir uma

residência e cultivar produtos agrícolas numa roça.

No dia 29 de maio de 1876 foi apresentado um projeto de lei criando o termo que

permitiu ao Barão de Mamanguape, no dia 10 de julho do mesmo ano, sancionar a Lei nº 616

que originava a Vila de Araruna, desligando-se administrativamente do município Bananeiras

(PRODER, 1996).

A escola pesquisada está localizada no município de Araruna, que por sua vez está

situado na microrregião do Curimataú Oriental no Agreste Paraibano. A sede da cidade se

encontra aproximadamente a 165 km da capital João Pessoa e a 100 km de Campina Grande.

O município de Araruna possui uma extensão territorial de 245,72 km2, situado na

fronteira com o Rio Grande do Norte, limita-se ao Leste com Dona Inês, Riachão e Campo de

Santana (ex-Tacima), ao Sul e Oeste com Cacimba de Dentro e ao Norte com Monte das

Gameleiras, Serra de São Bento e Passa e Fica no Rio Grande do Norte. De acordo com o

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2010 sua população era

estimada em 19.879 habitantes. Área territorial de 245,7 km².

O município de Araruna apresenta a característica típica de um município interiorano,

pois tem uma população razoavelmente pequena. Segundo o último recenseamento do IBGE

(2010), a sua população é de 18.879 habitantes.

A densidade demográfica de Araruna é uma das maiores de todos os municípios que

compõem o Curimataú, sendo representado por cerca de 76,8 hab/km2. Tal resultado é obtido

através da divisão do total da população absoluta pelo o valor que representa o total da

extensão territorial do município.

Araruna representa o início do Planalto da Borborema na encosta Oriental, pois está

localizado na região denominada Frente de Planalto, com altitude de 570 metros do nível do

mar, contrapondo-se aos baixos níveis da Depressão Sublitorânea com altitude de 200 metros

do nível do mar. “...o conjunto de Serras de Araruna caracterizariam um „horst‟ evidenciado

pelo contraste com o „graben‟ do Curimataú”. (CARVALHO, 1982, p. 51).

Essa característica, propícia um conjunto de drenagem que possibilita o carreamento

de um grande volume de material desagregado das rochas e do relevo para as partes baixas

que estão em volta da serra de Araruna.

A área que compõe o município está situada sobre os maciços residuais do Planalto da

Borborema, uma das mais importantes Unidades Geomorfológicas do país, que se destaca

pela extensão do território que ocupa, cortando o estado de Norte a Sul, como também, deve

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ser enfatizada a importância geológica do referido maciço residual, pois todo o capeamento

sedimentar da região vinculado a série Serra dos Martins, está sobre rochas cristalinas de

origem Pré-cambriana, na qual, houve deposição durante um longo período geológico,

originando a atual formação geomorfológica (CARVALHO, 1982).

Em todo o território do município, observa-se a presença de numerosas rochas que

ocupam imensas áreas do relevo, apresentando-se como gigantescos blocos rochosos ou

simplesmente fragmentadas compondo parte da formação do solo.

O capeamento sedimentar que recobre todo o território representado pela serra de

Araruna está associado com a Série Serra dos Martins. “O capeamento terciário (“Serra dos

Martins”, no entender de muitos estudiosos)... recobre a superfície de algumas serras

(Araruna, Cuité, D. Inês, Teixeira, Princesa Izabel, etc.)...”. (CARVALHO, 1982, p. 44).

O relevo está distribuído de forma suavemente ondulada, em algumas áreas do

município, predominando em sua maior parte, a presença de numerosas saliências com

grandes elevações, essa característica destaca-se com mais ênfase no lado norte e leste do

município.

O solo se caracteriza por ser raso e pedregoso, sendo bastante comum observar o

afloramento de sedimentos rochosos com grande diversidade de tamanho em toda área que

envolve o município, oriundas de rochas maiores que se fragmentaram, formando, por

exemplo, seixos, calhaus, matacões ou blocos (RODRIGUEZ, 2001).

O clima quente e seco predominante em seu território caracteriza o aspecto da

paisagem semi-árida, com baixos índices pluviométricos durante o ano, resultante do inverno

irregular, ou seja, costuma chover no verão, geralmente no mês de janeiro, após esse período

acontece uma pausa, recomeçando com maior intensidade no mês de março e segue até julho.

Quando o inverno chega ao fim, as chuvas são muito raras, caracterizando o resto do ano com

a estiagem que normalmente é bastante intensa.

As chuvas que se precipitam na região dependem da Massa Equatorial Atlântica, que

se forma no Oceano Atlântico, dando origem ao regime de chuvas que normalmente começa

no final do verão, quando inicia o mês de março, aumentando de intensidade nos meses de

maio, junho e julho, período do inverno.

A temperatura costuma apresentar pouca variação térmica durante o ano, devido a

baixa latitude, variando entre 22º a 26ºC, enquanto a umidade relativa do ar tem uma média

em torno de 80% (PRODER, 1996).

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Todas estas características indicam uma particularidade do município, destacando-o

como um lugar de ar puro, sendo considerado um dos melhores climas da região, que agrada a

todos que passam ou param na cidade.

O município de Araruna se encontra numa região de clima menos seco que o semi-

árido característico da região nordestina. Em algumas localidades mais preservadas das

alterações provocadas pela interferência antrópica, existe uma cobertura vegetal mais

volumosa com porte arbóreo, apesar de prevalecer abrangendo todo o território, uma

vegetação arbustiva (RODRIGUEZ, 2001).

O clima seco em conjunto com o solo da região favorece para o desenvolvimento de

uma vegetação de caatinga hipoxerófila, caracterizada por algumas peculiaridades que as

diferenciam de outras vegetações, pode ser destacada a variação de porte, geralmente bastante

diversificada, apresentando-se como vegetação caducifólia, característica comum de plantas

que perdem a folhagem em determinada época do ano. Esse tipo de vegetação é muito comum

em toda a região Nordeste.

O território de Araruna está situado numa área de pequenos rios que contribuem com a

bacia hidrográfica do rio Curimataú. Os principais afluentes são os rios Calabouço e Riacho

de Areia. O primeiro corta o município no sentido Oeste-Norte, com uma parte de seu leito no

estado do Rio Grande do Norte; o segundo está situado a Sudoeste do município, ambos os

rios recebem águas pluviais, e podem ser classificados como rios temporários ou

intermitentes, pois, possuem água em seu leito apenas nos períodos de chuva, normalmente

durante o inverno, quando acabam as chuvas os referidos rios secam, permanecendo nesse

estado maior parte do ano. (RODRIGUEZ, 2001).

5 ANÁLISE DE RESULTADOS

A condição da Educação para que a meta do PBF seja atingida é que os aprendentes de

6 a 15 anos tenham frequência de 85% e para os que têm entre 16 e 17 anos tenham

frequência de 75%. Diante desta condição a necessidade de recorrer a documento do PBF que

comprove esta frequência, o que foi possível mediante o relatório de frequência bimestral

apresentado no Sistema de Acompanhamento da frequência escolar do Programa Bolsa

Família através da coordenação.

Para os alunos do 1º ao 5º ano que é o caso da instituição pesquisada, a regra para o

cálculo do percentual é feita da seguinte forma: número de dias freqüentados multiplicado por

100 e divido pelo número de dias letivos/mês, se a frequência do aprendente foi inferior ao

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mínimo exigido, existe uma tabela no relatório do PBF que codifica os motivos justificados e

não justificados e a família ou responsável pelo aprendente já fica ciente da situação.

Observando o relatório do PBF foi possível detectar que nos meses de outubro e

novembro de 2008 o menor percentual foi de 90%. No ano de 2009 também nos meses de

outubro e novembro o menor percentual foi de 94% e em 2010 no mesmo período, o menor

percentual também foi de 90%, como pode ser constatado no gráfico 1.

Gráfico 1: Relatório de freqüência do PBF

Com esta amostra é possível comprovar que os valores percentuais atendem as

condições exigidas pelo PBF que é de 85% de freqüência dos aprendentes na faixa etária de 6

a 15 anos.

O acompanhamento da frequência escolar no âmbito do PBF é um forte componente

no combate a evasão escolar, motivo pelo o qual se destaca a importância da escola através

dos seus atores acompanhar o acesso e a permanência dos aprendentes na escola de forma

constante, fazendo o registro diário de cada aluno com ícones destinados a marcar presença ou

falta no diário escolar que serão computados a cada final de bimestre para os cálculos do

percentual de frequência exigido pelo PBF.

A avaliação da participação da família se fez através do uso da frequência de reunião

dos pais ou responsáveis nos 03 últimos anos. Detectou-se que no ano de 2008 e 2009 houve

um equilíbrio na participação das famílias nos encontros bimestrais já em 2010 apesar de um

100 100 100

9094

90

0

20

40

60

80

100

120

2008 2009 2010

Freqüência de Alunos (%)

Frequenta

Frequentado

Fonte: Elaboração da própria autora a partir dos dados da pesquisa.

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número maior de alunos houve uma queda na participação nos referidos encontros. A gestora

escolar explica que esta situação representa uma tomada de consciência do próprio aluno que

deve freqüentar a escola diariamente em cumprimento a condição exigida pelo PBF, desta

forma os pais já se sentem seguros de que os filhos estão vindo e freqüentando a escola, ou

seja, os anos iniciais do Programa exigiam mais vigilância da família até que os filhos se

adaptassem as normas exigidas.

Comparando o índice de evasão nos anos de 2008, 2009 e 2010 verifica-se que houve

uma redução bastante significativa neste período.

Gráfico 2: Rendimento escolar de 1º ao 5º ano referente a 2008.

No ano de 2008 o número de evadidos era consideravelmente elevado como pode ser

observado no gráfico 2. O primeiro ano apresenta maior expressividade no número de

evadidos como pode ser observado na apresentação dos dados, sendo seguida pelo segundo

ano e o quarto ano, entretanto, o terceiro e quinto ano não apresentaram evasão.

O ano de 2009 percebe-se algumas mudanças marcantes com relação ao número de

alunos evadidos. Observe no gráfico 3 que no 1º e 2º ano houve uma redução de 17% e 9%

respectivamente. A diferença entre 2008 e 2009 é bastante significativa com relação aos dois

primeiros anos do ensino fundamental.

No 3º ano aconteceu o inverso, pois, em 2008 não houve nenhuma evasão, enquanto

em 2009 aumentou um pouco, apresentando 3,9% de evadidos. Enquanto o 4º e 5º ano

diminuiu respectivamente 2% e 4,4% com relação ano de 2008.

100

7178 76

91

0

20 2218

917

9

06

00

20

40

60

80

100

120

1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano

Rendimento escolar - 2008 (%)

Aprovação

Reprovação

Evasão

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Fonte: Elaboração da própria autora a partir dos dados da pesquisa.

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100

55,6

65,3

80 81,8

0

40,7

30,8

16 13,6

03,7 3,9 4 4,6

0

20

40

60

80

100

120

1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano

Rendimento escolar - 2009 (%)

Aprovação

Reprovação

Evasão

Gráfico 3: Rendimento escolar de 1º ao 5º ano referente a 2009.

Os dados com relação ao ano de 2010 sofreram algumas variações que podem ser

demonstrados no gráfico 4. No 1º ano não houve evasão mantendo-se no mesmo índice do

ano de 2009, enquanto no 2º ano diminuiu 0,2%. Apesar de melhorar consideravelmente,

infelizmente os dados revelam um pequeno aumento no 3º, 4º e 5º ano com relação ano de

2009.

Gráfico 4: Rendimento escolar de 1º ao 5º ano referente a 2009.

Nos três últimos anos a evasão diminuiu significativamente principalmente no

primeiro e segundo ano, apresentando valores bem inferiores aos observados inicialmente,

100

62,5

74

90

77

0

34

14,55

15,5

0 3,511,5

5 7,5

0

20

40

60

80

100

120

1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano

Rendimento escolar - 2010 (%)

Aprovação

Reprovação

Evasão

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Fonte: Elaboração da própria autora a partir dos dados da pesquisa.

Fonte: Elaboração da própria autora a partir dos dados da pesquisa.

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entretanto, o terceiro, o quarto e o quinto ano não apresentaram resultados muito favoráveis, a

princípio não existe uma explicação a respeito deste fato.

Mesmo não apresentando resultados satisfatórios no âmbito educacional, é importante

destacar que o PBF contribui de maneira direta na presença e permanência dos aprendentes no

espaço escolar, evitando que os mesmos estejam fora da sala de aula, portanto não se pode

negar que existe muito para melhorar, mas foram muitos os resultados positivos alcançados

por este programa principalmente no âmbito social.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve o objetivo de investigar a relação do PBF com a redução da evasão

escolar e a presença da família na escola, logo foi possível perceber que realmente houve

melhorias significativas, tanto com relação à presença dos alunos na escola, como também à

participação dos pais ou responsáveis no processo educacional dos alunos. Essa presença

ocorre através da visita realizada pelos mesmos para se informarem a respeito da situação dos

seus filhos em sala de aula.

Considerando os três últimos anos é possível perceber que diminuiu a evasão de forma

mais acentuada no primeiro e segundo ano, pois os dados demonstram que houve uma

redução gradativa durante o período analisado nos anos citados, entretanto, o terceiro, quarto

e quinto ano, não obtiveram resultados tão satisfatórios neste mesmo período apresentando

variações de percentuais que podem se caracterizar como uma situação instável.

É importante também enfatizar um fato que contribuiu para elevação da auto-estima

dos aprendentes e a redução da evasão escolar. A escola Monsenhor Severino Cavalcante de

Miranda era considerada de periferia, por ser afastada do centro da cidade, entretanto, sua

localização perdeu essa característica devido ao crescimento da cidade que se expandiu

bastante nos últimos anos e algumas áreas de periferia acabaram se tornando mais

centralizada.

Outros aspectos que também contribuíram para a redução da evasão escolar foram

observados, como por exemplo, qualidade da merenda escolar, a sala de leitura e até mesmo a

própria formação dos professores. Essas informações podem ser comprovadas através do

IDEB que indica uma melhora considerável, porém é inegável que o Programa Bolsa Família

é um ponto forte com relação à freqüência dos aprendentes, por ser uma condição para

permanecer de forma regular no Programa.

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As constatações que foram demonstradas por este trabalho são importantes, mas, além

disso, é preciso considerar que muito mais importante são as indagações que este trabalho

pode deixar para realização de outras pesquisas. As pesquisas na sua maioria geram outros

estudos que poderão ajudar nas decisões futuras e como o Programa Bolsa Família está em

evidência certamente ainda há muito a se fazer para que a transferência de renda continue

complementando a renda dos segmentos mais necessitados.

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Minicurrículo

Maria da Penha de Pontes Macêdo

Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba, especialista

em Administração da Educação à Distância pela Universidade Federal da Paraíba.

Atualmente exercendo a função de Coordenadora Pedagógica na Secretaria Municipal de

Educação na cidade de Araruna, PB.

Contato: [email protected]

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ANEXOS

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