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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
TATIANA CRISTINA DA SILVA
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL APLICADA NO
TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA IDEAÇÃO SUICIDA NA
ADOLESCÊNCIA
SÃO PAULO
2016
TATIANA CRISTINA DA SILVA
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL APLICADA NO
TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA IDEAÇÃO SUICIDA NA
ADOLESCÊNCIA
Trabalho de conclusão de curso de especialização
Área de concentração: Terapia cognitivo-comportamental
Orientadora: Profª. Drª Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins
SÃO PAULO
2016
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.
Silva, Tatiana C.
Terapia Cognitivo comportamental aplicada no tratamento e prevenção da
ideação suicida na adolescência.
Tatiana Cristina da Silva, Renata Trigueirinho Alarcon - São Paulo, 2016.
34f. + CD-ROM
Trabalho de Conclusão de Curso (especialização). Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-comportamental (CETCC).
Orientação: Profª. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientador: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins
1.Terapia cognitivo comportamental 2. Ideação suicida na adolescencia. I. Silva, Tatiana Cristina. II. Alarcon, Renata Trigueirinho.
Tatiana Cristina da Silva Terapia cognitivo-comportamental aplicada no tratamento e prevenção da ideação suicida na adolescência.
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialização em Terapia Cognitivo-comportamental
BANCA EXAMINADORA
Parecer: ________________________________ Prof. Título________________________________ Parecer: __________________________________ Prof. Título__________________________________ São Paulo,
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que permitiu sabedoria e discernimento para superar os
obstáculos e vencer mais uma etapa.
Aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado demonstrando um amor
incondicional, não medindo esforços para que esse objetivo fosse alcançado.
A todos os professores do curso pelos seus ensinamentos que foram
importantíssimos para a minha vida acadêmica, em particular as professoras e
mestres Eliana Melcher Martins e Renata Trigueirinho Alarcon pelo apoio,
compreensão e incentivo.
Aos colegas de turma pelas experiências compartilhadas e também pelos momentos
de descontração.
E por fim a todos que de alguma forma contribuíram para a conclusão dessa
monografia.
Os meus sinceros agradecimento.
RESUMO
Este estudo propôs explorar por meio de levantamento bibliográfico exploratória,
realizados em livros e artigos periódicos, as estratégias e fatores de risco
relacionadas na ideação e comportamento suicida entre os adolescentes e suas
características epidemiológicas, uma vez que o suicídio é um problema complexo no
qual não existe uma única causa ou razão. E apresentar a contribuição que a terapia
cognitivo-comportamental vem oferecendo no tratamento e prevenção da ideação e
comportamento suicida, propondo amenizar o sofrimento psíquico e emocional com
objetivo de educar o adolescente a reconhecer as cognições negativas, a superar
seus pensamentos suicidas substituindo por pensamentos funcionais.
Palavras-chave: Adolescência, Ideação e comportamento suicida, fatores de risco,
tratamento e prevenção do suicídio na terapia cognitivo-comportamental.
ABSTRACT
This study proposes to explore through exploratory bibliographical survey, carried out
in books and journal articles, strategies and risk factors listed in suicidal thoughts and
behavior among teenagers and their epidemiological characteristics, once suicide is
a complex problem in which there isn't a single cause or reason only.
Bring forward the contribution that cognitive-behavioral therapy has been offering to
treatment and prevention of suicidal ideation and behavior, suggesting easing the
mental and emotional distress in order to educate adolescents to recognize the
negative cognitions, to overcome his suicidal thoughts replacing them by functional
thoughts.
Keywords: Adolescence, ideation and suicidal behaviors, risk factors, treatment and
suicide’s prevention in cognitive behavioral therapy.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
1.2 A terapia cognitivo comportamental ............................................................... 12
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 15
2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 15
2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 15
3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 16
4.1 Conceito de ideação suicida na adolescência ............................................... 17
4.2 Comportamento suicida ................................................................................... 18
4.3 Fatores de risco para o suicídio na adolescência e suas características
epidemiológicas ..................................................................................................... 19
4.4 Identificando a importância da atuação clínica e a técnica da psicologia
cognitiva comportamental no tratamento e prevenção do suicídio ................... 21
5 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 30
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 33
ANEXO...................................................................................................................................35
9
1 INTRODUÇÃO
Nesta monografia pretende-se explorar por meio de levantamento
bibliográfico, o tema ideação e comportamento suicida na adolescência, e a
importância da identificação de fatores de risco para saber interpretá-los e manejá-
los de forma adequada, e o valor da prática da psicologia clinica no tratamento e
prevenção.
O suicídio é um problema complexo no qual não existe uma única causa ou
razão, e na adolescência não é diferente, se torna um fenômeno complexo e
multideterminado, com interação nos fatores de ordem biológica, genética
psicológica, social e cultural (KOVÁCS, 2008, p.112). De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (WHO, 2010), é um grave problema de saúde pública,
principalmente no que se refere ao aumento dos índices na população jovem de
todo o mundo.
A presença de ideação suicida pode caracterizar um primeiro passo para a
consolidação do suicídio (BORGES; WERLANG, 2006). O suicídio inclui processos
autodestrutivos, lentos, crônicos e manifestações de autoagressão e autodestruição
(KOVÁCS, 2008, p.113), e com essa visão se destaca a necessidade dos
profissionais da área da saúde estarem capacitados para a identificação dos fatores
de risco e o manejo de sintomas.
Conhecer os principais fatores de risco associados à ideação e ao suicídio na
adolescência, e suas manifestações e complexidade envolvidos nesse
comportamento se torna um importantíssimo passo para o programa de
planejamento e intervenção (BRAGA; DELL’AGLIO, 2013).
Além da prática da psicologia clinica no tratamento e prevenção, o sucesso do
tratamento está no vinculo afetivo bem cultivado, o bom relacionamento com a
família, amigos e sociedade.
Suicídio é uma palavra originada do latim, com junção de expressões sui (si
mesmo) e caederes (ação de matar), significa o ato voluntario por meio do qual o
individuo possui a intenção de provocar a própria morte (ARAUJO; VIEIRA;
COUTINHO, 2010).
Ao longo da historia, o suicídio foi estigmado por diversas religiões e sendo
um segredo de família. E somente na época do nascimento da ciência, do empirismo
10
é que se inicia o rompimento com a igreja não se delegando a Deus todos os atos e
escolhas humanas. Então nesse momento há uma intervenção de contexto, e o
suicida deixa de ser aquele que não tem fé, passando a ser alguém visto com
problemas e em sofrimento (KOVÁSC, 2008, p.113).
De acordo com a (WHO, 2004) Organização Mundial da Saúde, o suicídio
constitui-se atualmente em um problema de saúde pública, pois encontra-se em
muitos países, entre as três principais causas de morte entre indivíduos de 15 á 35
anos e é a segunda principal causa de morte entre os adolescentes de 10 á 24 anos.
Nos últimos 45 anos as taxas de suicido aumentaram cerca de 60% em todo o
mundo. Estima que até o ano de 2020 ocorram, aproximadamente, um milhão e
meio de suicídios em todo o mundo.
O suicídio constitui-se na segunda causa de morte entre adolescentes,
somente inferior à mortalidade por acidentes de trânsito (BRAGA; DELL’AGLIO,
2013). Outros pesquisadores apontam o suicídio como sendo a terceira causa de
morte, porém nenhum outro estudo aponta um número maior. Ou seja, estando
entre o segundo ou terceiro lugar, já exige um estado de alerta (referência desses
outros pesquisadores).
Apesar desses dados alarmantes, o Brasil encontra-se no grupo de países
com taxas baixas de suicídio, essas taxas variam de 3,9 a 4,9 para cada 100 mil
habitantes a cada ano. Entre os anos de 1994 e 2004, no entanto, como se trata de
um país populoso, está entre os dez países com maiores números absolutos de
suicídio (Ministério da Saúde, 2006).
A evolução das taxas de suicídio no Brasil tem variações conforme o sexo,
observe tabela:
11
Tabela 1. Evolução das taxas de suicídio no Brasil
Ano Masculina Feminina Total
1994 6.1 1.7 3.9
1995 6.7 1.8 4.2
1996 6.9 1.8 4.3
1997 7.0 1.8 4.3
1998 6.9 1.8 4.3
1999 6.6 1.5 4.0
2000 6.5 1.6 4.0
2001 7.3 1.8 4.5
2002 7.0 1.9 4.4
2003 1.2 1.8 4.4
2004 7.1 1.9 4.5
Fonte: Ministério da Saúde/SVS, 2006.
E ainda que o Brasil apresente uma taxa avaliada baixa pela OMS, os dados
identificados de 1994 a 2004 apontam que alguns estados brasileiros já apresentam
taxas altas comparáveis aos países apontados como de frequência de média a
elevada.
Tabela 2. Taxas de suicídio, por faixa etária das regiões brasileiras no ano de 2004
Idade 10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 29 anos
Norte 0.76 3.91 6.13
Nordeste 0.41 2.75 4.64
Sudeste 0.35 2.49 5.35
Sul 0.84 5.56 9.94
Centro-Oeste 1.58 6.31 9.00
Fonte: Ministério da Saúde/SVS, 2006.
Para Araújo, Viera e Coutinho (2010) os números apresentados em
estatísticas sobre o suicido entre adolescentes são subestimados, uma vez que nas
estatísticas oficiais, os números são extraídos de causas de morte assinadas em
atestados de óbito. Acredita-se que a família e a sociedade usualmente podem
pressionar para que a verdadeira causa não seja divulgada, diante do sentimento de
culpa e ou vergonha pelo ato cometido pelo adolescente.
O suicídio é um problema complexo com interação com os fatores biológicos,
genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais e, por esses motivos, não
12
existe uma única causa ou razão. E também se torna uma auto eliminação,
consciente, voluntária e intencional difícil de explicar, e do porque algumas pessoas
escolhem o suicídio para a resolução de tais problemas enquanto outras, em
situação similar ou pior, não o fazem (KOVÁSC, 2008, p.112).
O mesmo autor relata que o suicídio é um ato que envolve questões
individuais elaboradas ou não, e que se acumulam ao longo da vida, ou seja, a
pessoa esta convivendo há bastante tempo com o sofrimento. Erroneamente muitos
os ligam a fatos atuais, mas este na realidade é o dito popular “a gota de água que
faltava para transbordar o pote”, no qual a cognição fica completamente
comprometida e prejudicada e as emoções e sentimentos surgem e se misturam.
De acordo com os pesquisados, Hildebrandt, Zard e Leite (2011), os
adolescentes masculinos cometem mais suicídio do que as adolescentes femininas.
Entretanto, a taxa de tentativas de suicídio é duas vezes maior entre as meninas,
elas vivenciam mais depressão do que os meninos, porém encontram alternativas
de ajuda mais facilmente, o que minimiza o risco do suicídio. Já os meninos, como
são mais agressivos e compulsivos, tem essas características contribuindo para atos
fatais.
Algumas pessoas não percebem ou não querem ver, que o grau de
sofrimento nos que tentam o suicídio é muito intenso, esses não veem sentido na
vida, não tem expectativa do futuro, perdem a vontade pela busca de objetivos de
vida e os sentimentos são ambivalentes em relação à vida e à morte
(KOVÁSC, 2008, p.113).
1.2 A terapia cognitivo comportamental
A terapia cognitivo comportamental (TCC) e a terapia cognitivo (TC) são termos
usados como sinônimo para descrever a psicoterapias baseadas no modelo
cognitivo.
A terapia cognitivo-comportamental, apresentada nos estudos com as siglas
(TCC), tem sua origem na terapia comportamental tradicional, a qual integrou
processos cognitivos aos seus princípios teóricos de condicionamento. A TCC
surgiu no final dos anos 60 por Aaron T. Beck, como consequência de determinados
fatores históricos contextuais como:
13
Insatisfação com a terapia comportamental baseada nos paradigmas de
aprendizagem tipo estímulo e resposta;
Insatisfação com o modelo psicodinâmico de terapia;
E o desenvolvimento das ciências cognitivas;
A premissa básica da TCC refere-se à afirmação de que um processo interno
(pensamento) influência as emoções e os comportamentos de uma pessoa
(ZANELATTO; LARANJEIRA, 2013, p.95 e p.96).
Os autores Petersen e Wainer (2011, p.18) nos descrevem que a técnica da TCC
é uma abordagem estruturada, diretiva, com metas claras e focada no presente, seu
objetivo é causar mudanças nos pensamentos e no sistema de significados (as
crenças) dos pacientes, provocando uma mudança emocional e comportamental
duradoras. Zanelatto e Laranjeira (2013, p.111) apresentam que a TCC fundamenta-
se na teoria de que as respostas emocionais e comportamentais não são
influenciadas diretamente por situações, mas sim, pela forma como essas
informações são processadas e construídas. Por isso da importância de identificar
essas crenças e pensamentos e posteriormente modificá-los, torna-se fundamental
para o tratamento (PETERSEN; WAINER, 2011, p. 19). Greenberger e Padesky
(1999, p. 24) relatam que se o paciente quer se sentir melhor, quer melhorar seus
sentimentos e mudar comportamentos, é pelos pensamentos que essas mudanças
devem começar.
AMBIENTE / SITUAÇÃO
Figura 1- pensamentos (crenças, imagens, lembranças), estado de humor, comportamentos, reações
físicas e ambientes (passado ou presente) todas as áreas são interligadas, as linhas de ligação
mostram que cada aspecto diferente da vida de uma pessoa influencia todos os outros
(GREENBERGER; PADESKY, 1999, p. 14).
Pensamento
Estado de
Humor
comportamento
Reações
Físicas
14
Para Zanelatto e Laranjeira (2013, p.113) a TCC tem o objetivo fundamental
de utilizar a técnica para uma restauração e ou uma reestruturação cognitiva e o
desenvolvimento de habilidades para a resolução de problemas. Assim para Wright
et al.,(2012 p. 21) a Terapia cognitivo-comportamental tem ainda como uma meta
importante ajudar os pacientes a aprenderem o suficiente sobre a técnica, para
assim se tornarem capazes de identificar seus próprios pensamentos com distorções
cognitivas e comportamentos desadaptativos, ou seja os pacientes serão
capacitados e assumirão o papel de ser seu próprio terapeuta.
Wenzel, Brown e Beck (2010, p.93) apresentam a técnica da terapia cognitivo
baseada em técnicas sólidas compostas por um leque de estratégias cognitivas e
comportais, e quando voltado para pacientes suicidas, compartilham de muitas
similaridades básicas do tratamento padrão da TCC. Na terapia cognitiva com
pacientes suicidas envolve o problema de vida especificamente os que se
relacionam diretamente as recentes crises suicidas, ou seja, o foco é o
desenvolvimento de estratégias para prevenir as crises suicidas, sejam essas
prevenções de forma direta com estratégias que modificam a ideação e a interação
suicida, ou de forma indireta, estratégias no qual o paciente possa usar para
provocar esperanças para o futuro e acrescentando sentido a sua vida, e educando
o paciente no modelo cognitivo pelas quais interpretações ou equívocos
interpretativos estão associados às experiências emocionais e reações
comportamentais, na qual o paciente possa associar identificar e avaliar seus
pensamentos que emergem as crenças negativas relacionadas a perturbações e
crises suicidas, que definem a maneira na qual o paciente veem a sim mesmo, o
mundo e o futuro.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Compreender o fenômeno suicida na adolescência, com propósito de amenizar o
sofrimento psíquico e o desenvolvimento da ideação e diminuir os índices dos
comportamentos suicidas.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar e compreender as estratégias relacionadas a ideação suicida e
comportamento suicida;
Identificar as ocorrências e seus fatores de risco e características epidemio-
lógicas de adolescentes que tentam suicídio;
Identificar a importância da prática da psicologia clinica com a técnica da
terapia cognitivo-comportamental no tratamento e prevenção.
16
3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada como proposta para executar este projeto de
pesquisa, foi de pesquisa bibliográfica exploratória, com base nos estudos de
diversos autores para uma maior compreensão e interpretação do assunto
abordado, considerando o significado das causas e circunstâncias dos fatores e
suas práticas em adolescentes de 13 a 24 anos.
Para realizar a coleta dos dados foram utilizados como levantados como
recursos as referencias artigos científicos disponíveis em sites científicos, como
Scielo, Google acadêmicos e demais documentos eletrônicos e livros com assuntos
pertinentes ao tema da monografia, datados a partir do ano de 2006 até o ano de
2015.
As palavras-chaves utilizadas para as buscas de artigos foram: adolescência
com ideação suicida, Ideação e comportamento suicida, fatores de risco, tratamento
e prevenção do suicídio na terapia cognitivo-comportamental.
Utilizando-se como critérios de inclusão: os artigos com abordagem
qualitativa, exploratória, descritiva e estudos de casos e estudos, datados a partir do
ano de 2006 até o ano de 2015.
E como critério de exclusão: estudos abordando outros transtornos, a
abordagens medicamentosas e outras que não fossem da TCC e trabalhos e livros
publicados anteriores a 2006 e com idiomas estrangeiros.
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4 RESULTADOS
4.1 Conceito de ideação suicida na adolescência
A adolescência, de acordo com o paradigma biomédico, é uma fase do
desenvolvimento humano identificada principalmente pelas transformações da
puberdade relacionadas à maturidade biopsicossocial, marcadas por inúmeras
transformações físicas, emocionais e sociais. E na mesma perspectiva, na
adolescência ocorrem conflitos entre gerações, entre interesses e valores e também
nessa fase o prazer aparece aliado ao medo e as vivencias de novas experiências,
entre perdas e ganhos, lutos e aprendizados e imaturidade e insegurança ao se
deparar com novas visões da família e sociedade, ao seu novo papel social com
escolhas e responsabilidades (HILDEBRANDT; ZARD; LEITE, 2011).
De acordo com Griffa e Moreno (2010, p.37) nessa fase da adolescência
ocorre o distanciamento afetivo da família, que vai deixando de ser o centro da
existência para o adolescente, e, na tentativa de ser tornar independente, são
frequentes os atos de rebeldia e de auto afirmação. Na afetividade é um período de
ambivalência, as confusões e os descontroles são frequentes, é uma busca pelo
sentido da vida. E, muitas vezes, por não saber lidar com todas essas mudanças,
esse choque de transformações entre informações, valores e interesses é que os
adolescentes recorrem a ideações suicidas como um método de resolução de
problemas.
Em termos de definição, ideação suicida se refere ao pensamento ou ideia
suicida que engloba desejos, atitudes ou planos que uma pessoa tenha de se matar
(BORGES; WERLANG, 2006).
A ideação suicida é um importante prenunciador de risco para o suicídio,
sendo considerado o primeiro passo para sua efetivação, a decisão de cometer o
suicídio não ocorre de maneira rápida, com frequência o adulto ou o adolescentes
que comete o suicídio manifestou anteriormente algum sinal com relação à ideia de
tentar contra a própria vida, e, conforme as literaturas, após a primeira tentativa
outras podem vir a surgir, até que uma seja fatal. (BRAGA; DELL’AGLIO, 2013).
A frequência e a intensidade dos pensamentos ou ideia suicida, engloba
desejos, atitudes ou planos que tenha de se matar, e a frequência e a intensidade da
ideação suicida aumentam como a idade cronológica, principalmente depois da
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puberdade. Estudos apontam que adolescentes mencionam que a depressão e a
desesperança explicam uma grande proporção do índice da ideação suicida,
fazendo com que esse transtorno seja um dos principais fatores de risco do suicídio.
(BORGES; WERLANG, 2006).
4.2 Comportamento suicida
As tentativas de suicídio são consideradas comportamento de risco que
podem ser o caminho para a ocorrência de um suicídio completo, muitas vezes,
método é obtido por meio de informações virtuais, cujo acesso é rápido e não expõe
aquele que busca informações sobre.
Quando se pretende descrever o comportamento suicida como sendo um ato
consciente ou inconsciente pode-se definir a partir da premissa que, é consciente
porque o adolescente está munido de coragem e determinação para atentar contra a
própria vida. E se for considerado um ato inconsciente pode se pensar que o
adolescente chegou ao alto nível de sofrimento e baixa autoestima, com seus
valores pessoais diluídos (KOVÁSC, 2008, p.113).
Muitas vezes o pedido de ajuda do adolescente não vem claramente
expresso, pois o adolescente suicida não o verbaliza por receio das reações de
terceiros, pelos preceitos religiosos e também pelo medo de ser privado de sua
liberdade e excluído do convívio com os amigos e sociedade. O comum é o pedido
vir por meio de comentários, manifesto de atos, comportamentos de introversão,
irritação, agressão, etc., esse sinais não devem ser ignorados (KOVÁSC, 2008,
p.114). Atitudes de arrogância e enfrentamento que procuram demonstrar muita
força interior podem ser pedido de ajuda, de limite, de expressão de dúvidas e
angustia (BORGES; WERLANG; COPATTI, 2008). O adolescente que pensa,
ameaça, tenta ou concretiza o suicídio está revelando um colapso em seus
mecanismos adaptativos, diria não somente na adolescência, mas em qualquer
idade, como uma tentativa de alivio de sua dor e seu sofrimento (BORGES;
WERLANG, 2006).
Conforme Wenzel, Brown, Beck (2010 P.201) as pesquisas demonstram que
a impulsividade não é necessariamente um traço de personalidade encontrada em
todos os adolescentes suicidas, más que é uma característica que determina os
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adolescentes a agirem sem pensar, e adolescentes com algum transtorno de
conduta apresentam altos níveis de agressão, e concluíram que a impulsividade e a
agressão deveriam ser consideradas fatores diretos de vulnerabilidade para atos
suicidas entre os adolescentes.
O suicida quer viver e morrer ao mesmo tempo, a percepção da situação de
sofrimento é diversa em cada adolescente, por isso a importância de não julgamento
e não minimizar o sofrimento a dor do outro, muitas vezes os adolescentes se
envolvem em comportamentos suicidas, porém sem o desejo de morrer, as
tentativas acontecem de forma impulsivas. Sendo uma forma de demonstrar amor,
raiva ou simplesmente para escapar de alguma situação dolorosa e com uma visão
negativa do futuro. E o uso e abuso de substâncias psicoativas, em especial o
excesso de álcool, é o segundo diagnostico psiquiátricos mais frequente entre os
adolescentes que comentem o suicídio, pois o consumo de bebidas alcoólicas e
outras substâncias contribuem para o comportamento suicida em adolescentes já
vulneráveis, além das manifestações psicoativas como alucinações visuais, auditivas
e premonições, muitas vezes o consumo é por curiosidade, desejo de desafiar
limites, bem como uma tentativa de fuga da realidade. O uso dessas substâncias
pode ser visto também como forma de anestesiar a angustia, as incertezas e as
inseguranças (HILDEBRANDT; ZARD; LEITE, 2011).
Wenzel, Brown, Beck (2010 P.202) em suas revisões de estudos apontam
que 10% dos adolescentes que tentam o suicídio fazem uma nova tentativa dentro
de três meses, de 12 a 20% fazem novas tentativas dentro do prazo de um ano e de
20 a 50% as novas tentativas acontecem de dois a três anos depois. Adolescentes
que realizam múltiplas tentativas tem uma maior probabilidade de vivenciar sintomas
psiquiátricos severos. Qualquer adolescente que tenha em seu histórico
apresentado comportamentos suicidas devera ser monitorado com especial
proximidade para evitar futuros comportamentos suicida.
4.3 Fatores de risco para o suicídio na adolescência e suas características
epidemiológicas
Os adolescentes que relatam a experiência de qualquer comportamento
suicida tiveram mais atitudes permissivas com relação ao suicido, do que aqueles
20
sem tais experiências. A permissividade se relacionou positivamente com a ideação
suicida, tentativas de suicídio e com a maioria dos fatores de risco do suicídio, as
atitudes dos adolescentes diferenciam por tipo de família e por gênero, adolescentes
com pais divorciados tiveram as atitudes mais permissivas com relação ao suicídio e
aqueles com uma experiência de morte na família tiveram as atitudes mais
negativas. Os sentimentos de tristeza, desesperança, humor depressivo, falta de
motivação, diminuição do interesse ou prazer, perda ou ganho significativo de peso,
problemas de sono, capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, dentre
outros, é um grande risco para o suicídio, e a adolescência é considerada um
período propicio para a ideação quanto as tentativas de suicídio, principalmente
quando associadas a depressão. Entre outros eventos como a presença de fatores
estressores ao longo da vida, a exposição a diferentes tipos de violência, uso de
drogas licitas e ou ilícitas, problemas familiares, histórico de suicídio na família,
questões relacionadas à pobreza, à influência da mídia e as questões geográficas
também são fatores que contribuem para o risco de suicídio (BRAGA; DELL’AGLIO,
2013). Petersen; Wainer (2011 p.174) acrescenta que os adolescentes por se
encontrarem em conflito com sua própria autonomia, podem vir a ter uma menor
probabilidade de procurar ajuda. Borges e Werlang (2006) expõe que se torna
necessário uma visão mais abrangente a problemática, onde os adolescentes
podem estar expressando algo que vai além de comportamentos naturais, das
características próprias da adolescência, podem estar demonstrando um sofrimento
decorrente de conflitos internos e tendo apenas a possibilidade de morte como
alternativa.
Os elevados números de suicídio na adolescência são apontados em partes
pela dificuldade de muitos jovens de enfrentar as exigências sociais e psicológica
impostas pelo período de adolescência, experimentarem grandes mudanças, por
adquirir novas habilidades e enfrentar diversos desafios (BRAGA; DELL’AGLIO,
2013).
Borges, Werlang e Copatti (2008) relatam que nessa fase do
desenvolvimento, aparecem sentimentos intensos de baixa autoestima e mesmo
quadros psiquiátricos de grande risco.
Para Braga e Dell’Aglio (2013) os fatores de risco e aspectos, isoladamente,
não são preditores do suicídio, mas as consequências deles derivadas podem
aumentar a vulnerabilidade dos indivíduos ao comportamento do suicida.
21
De acordo com Hildebrandt, Zard e Leite (2011) os adolescentes justificam as
tentativas de suicídio em função dos vínculos familiares fragilizados ou distorcidos e
relações afetivas rompidas ou não correspondidas que significa frustração afetiva,
familiar, racional, social e cultural. Outros fatores de risco para o suicídio estão os
transtornos mentais, a doença mental representa um fator que predispõe ao suicídio,
a presença de um distúrbio psiquiátrico favorece o desenvolvimento e
comportamento suicida nos adolescentes. E compartilhando desse conceito, os
autores Braga e Dell’Aglio (2013) relacionam o suicídio a diversos transtornos
psiquiátricos, sejam os transtornos do eixo I (transtorno clínicos) ou do eixo II
(transtorno de personalidade) porém os do eixo I estão intensamente relacionados
com o aumento da probabilidade de tentativas de suicídio, dentre eles a depressão
que estabelece uma relação com a ideação suicida entre os adolescentes, para se
chegar ao ato de suicídio devem ser considerados, desde transtornos mentais,
alcoolismo, doenças crônicas, estrutura familiar, tolerância à frustração, até o meio
em que se vive com seus preceitos social, cultural e religioso. Com relação aos
meios de cometer o suicídio, foi possível verificar diferenças em países nos quais a
arma de fogo é permitida e países onde tal uso é proibido. A maioria dos estudos
norte-americanos descreve a presença de arma de fogo no ambiente doméstico
como um dos principais fatores de risco para o suicídio de adolescentes que
apresentavam ideação suicida, sendo que a maior parte dos adolescentes que
cometem o suicídio nos Estados Unidos, o faz por meio de arma de fogo.
E outro fator tão importante quanto é a forma como o suicídio é apresentado
pela mídia. Esta faz diferença no impacto que o tema causará na sociedade e no
adolescente, principalmente naqueles adolescentes mais vulneráveis, pois encoraja
aqueles que desejam morrer ou que tenham a ideação suicida ao transmitir e
detalhar o suicídio ocorrido (BRAGA; DELL’AGLIO, 2013).
4.4 Identificando a importância da atuação clínica e a técnica da psicologia
cognitiva comportamental no tratamento e prevenção do suicídio
O paciente que tenta o suicídio precisa de alguém para confiar, e a criação
desse vinculo terapeuta x paciente é de extrema importância. O tratamento de forma
franca e honesta facilita uma comunicação sem interferências, possibilitando que a
22
confiança comece a se estabelecer e o paciente nesses momentos de crise sinta-se
à vontade para entrar em contato com o terapeuta (KOVÁSC, 2008 p.122). Para
Wenzel, Brown, Beck (2010 P.94) é imprescindível que o clínico demonstre uma
postura calorosa, escuta atenta, empática, colaborativa, e isenta de julgamento, para
aprimorar a aliança terapêutica e torna-lá sólida e para num completo engajamento
no tratamento a construção de um rapport é crucial, para evitar e prevenir um
abandono prematuro e para a efetividade de estratégias da terapia cognitiva.
Para Hildebrandt, Zard, Leite (2011) em se tratando de doença mental, a
escuta se constitui em instrumentos indispensáveis na abordagem terapêutica,
portanto é possível avaliar as funções psíquicas do individuo, momento que pode
detectar precocemente patologias associadas ao ato suicida e indicar um tratamento
especifico e adequado.
Wright, Jesse H. et al. (2012 p. 129) expõe em seus conceitos que, a relação
terapêutica é um dos elementos chave para influir a esperança no paciente, o
relacionamento empírico colaborativo da TCC oferece ao paciente desmoralizado,
desmotivado e muitas vezes destruído, uma esperança considerável, utilizando- se
de métodos cognitivos para desenvolver um estilo de pensamento mais otimista
identificando os pontos fortes e estabelecendo metas realistas. Petersen; Wainer
(2011 p.174) aponta que os próprios dilemas da adolescência fazem com que o
tratamento sejam permeado de desafios e sutilezas. E o clínico com uma postura de
aceitação e empatia acaba obtendo um maior vínculo com o adolescente
possibilitando estratégias de intervenção, de forma que possam ser definidas
conjuntamente, fazendo com que o adolescente compreender que o suicídio é uma
solução definitiva para um problema temporário (PETERSEN; WAINER (2011
p.189).
Importante ressaltar que lidando com o risco do suicídio os profissionais
experimentam uma gama de sentimentos, como raiva, frustação, tristeza que
precisam ser observados, para que não interfiram nas suas atuações futuras, já que
os profissionais estão comprometidos com o ato de salvar vidas, e quando uma
pessoa voluntariamente busca se matar, pode despertar um sentimento de aversão
(HILDEBRANDT, ZARD, LEITE, 2011). Wendel, Brow e Beck (2010 p.184)
apresentam por meio de suas pesquisas que, quando um clínico acrescenta em seu
rol de casos uma paciente suicida geralmente esperam ter de lidar com alguns
desafios com múltiplas crises, muitos clínicos se hesitam ao tratar pacientes
23
suicidas, temendo a possibilidade de ramificações legais e éticas no caso do
paciente cometer o suicídio.
Como em qualquer doença, o senso comum traz que quando os sintomas
desaparecem, a crise se extingue, e o risco acabou. Além disso, quando se pensa
no suicídio também se tem a ideia de que com a melhora, o risco de cometer o ato
tenha deixado de existir, porém é importante desconfiar dessas falsas melhoras,
principalmente quando situações que contribuem para a crise continuarem sem
solução (KOVÁSC, 2008, p. 116).
O Suicídio sendo o fenômeno complexo e um grave problema de saúde
pública requer nossa atenção, porém a prevenção e controle não são tarefas fáceis
que envolvem uma série de atividades que vão desde proporcionar as melhores
condições possíveis para criar os adolescentes, passando pelo tratamento eficaz de
perturbações mentais até o controle ambiental dos fatores de risco (OMS, 2006).
E por sua vez o objetivo da TCC não é a do clinico aconselhar os pacientes a
melhor forma de aborda os problemas de sua vida, más, o objetivo é proporcionar
meios para que os pacientes descubram alternativas de interpretar e responder aos
seus problemas de sua vida, por meio colaborativo, sistemática e cientifico
(WENZEL; BROWN, BECK, 2010 P. 94).
Wendel, Brow e Beck (2010 p. 206 e 207), a terapia cognitiva voltada para
pacientes adolescentes suicidas compartilham de similaridades básicas com a
terapia cognitiva para pacientes que enfrentam outros tipos de dificuldades, porém é
importante salientar algumas questões na condução da TCC para pacientes suicidas
adolescentes, o tratamento é adaptado em termos de:
Abordar a confidencialidade para que o adolescente possa perceber que o
terapeuta é confiável e as questões discutidas serão mantidas em sigilo, já
que na maior parte das vezes o adolescente é encaminhado e trazido pelos
pais;
Engajar o paciente no tratamento, a construção de um rapport é o primeiro
passo no tratamento de adolescentes suicidas para prevenir um abandono
prematuro e para maximizar a efetividade da estratégia da terapia;
Conduzir uma avaliação do problema apresentado, a conceitualização
cognitiva do caso derivada da avaliação psicológica e da descrição da
sequência de eventos que ocorreu antes da crise suicida;
24
Incluir os membros da família, vários motivos importantes para envolver a
família no tratamento, eles podem ajudar a manter o adolescente no
tratamento, encorajando-os a comparecer às sessões, a proporcionar
informações sobre eventos que transcorrem antes da crise suicida guiando
assim o plano de tratamento e sendo um facilitador para implantar o plano se
segurança, estando atentos a aumentos na ideação suicida e o apoio
emocional;
Desenvolver um plano de segurança, o plano inclui uma lista de alerta,
estratégias de auto ajuda e informações para contratar membros da família,
profissionais de saúde mental e serviço de emergência. No plano de
segurança para adolescentes é de extrema importância incluir informações
para contatar um adulto responsável em caso de qualquer ideação suicida,
assim como o contato com os amigos poderá ser uma estratégia de distração
reduzindo o risco de suicídio. No plano de segurança o adolescente aprende
habilidades de resolução de problemas e identificam razões para viver.
Pesquisas têm sido desenvolvidas com o objetivo de identificar fatores de
risco ou potenciais suicidas em adolescentes, e umas das técnicas utilizadas pela
terapia cognitiva comportamental para auxiliar na coleta de informações, são as
escalas Beck. As escalas Beck, são denominadas por quatro medidas de escalas, o
inventário de depressão (BDI), o inventário de ansiedade (BAI), a escala de
desesperança (BHS) e a escala de ideação suicida (BSI) (CUNHA, 2011 p. 04).
O BDI utilizado para medida de depressão, é uma escala de auto relato de 21
itens, cada um com quatro alternativas, subentendendo graus crescentes de
gravidade da depressão e os itens foram observados com base em relatos e
observações de sintomas e atitudes mais frequentes em pacientes psiquiátricos com
transtornos depressivos. O BAI mede a intensidade de sintomas de ansiedade, a
ansiedade conhecida como uma das emoções humanas básicas e seus sintomas
podem ser uma das principais dificuldades enfrentadas pelos seres humanos, é
constituído por 21 itens que são afirmações descritivas de sintomas de ansiedade. O
BHS faz a medição do pessimismo e da extensão das atitudes negativas frentes ao
futuro, é uma escala dicotômica que engloba 20 itens consistindo em afirmações que
envolvem cognições sobre desesperança, permitindo que seja possível avaliar a
extensão das expectativas negativas a respeito do futuro imediato e remoto. E por
fim, o BSI que é para investigar a ideação suicida, medir a extensão das ideias de
25
suicídio do paciente, a extensão de seu desejo de morre, do seu desejo de
realmente tentar suicídio. É constituído por 21 itens, sendo os primeiros 19 itens
refletem gradações da gravidade de desejo, atitude e planos suicidas e os 02 últimos
de caráter informativo fornecem subsídios sobre o paciente a respeito do número de
tentativas prévias de suicídio e quanto à seriedade da intenção de morrer (CUNHA,
2011 p. 04; 05; 06 e 09).
O modelo cognitivo de Beck segue dois elementos básicos, a tríade cognitiva
e as distorções cognitivas. A tríade cognitiva é a visão negativa que o paciente tem
de si mesmo, onde ela se vê como inadequada, incapaz e inapta; na visão negativa
que tem do mundo, incluindo as relações, o trabalho e outra atividades e; na visão
negativa do futuro, que esta ligada cognitivamente ao seu grau de desesperança. E
as distorções negativas são compreendidas como sendo os erros na percepção e no
processamento das informações, ou seja, em seus pensamentos. Quando os
pensamentos se associam a ideação suicida, a desesperança torna-se intensa e a
morte é vista pelo paciente como um alivio e uma saída para a sua dor e para o seu
sofrimento psicológico. O tratamento com a TC auxilia o paciente a modificar suas
crenças da qual se produzem certos estados de humor, de modo a identificar suas
percepções distorcidas, reconhece seus pensamentos negativos e a busca por
evidencias que sustentam os pensamentos negativos, e posteriormente identificados
faz com que o paciente busque pensamentos alternativos que reflitam a realidade
mais de perto e a gerar pensamentos mais dignos de crédito, um processo chamado
de reestruturação cognitiva. (POWELL, VANIA BITENCOURT et al, 2008).
Hastenreiter (2013) apresenta que plantar a esperança em um paciente não é
tarefa fácil, geralmente estão presos em padrões comportamentais e pensamentos
de que nada do que for feito surtirá algum efeito positivo, por isso é de extrema
importância que o terapeuta tenha conhecimento da TCC e suas técnicas de
reestruturação cognitiva porque são excelentes ferramentas terapêutica, caso
contrário o paciente acabará validando suas cognições de desesperança,
acreditando que elas são de fato a representação de sua realidade. E a ativação
comportamental também possui um efeito positivo sobre as outras intervenções,
estando à escolha de tarefas de ativação comportamental congruente com o
interesse do paciente, assim a paciente passa a se perceber com mais capacidade
de realizar outras atividades, aumentando assim seu interesse pelo tratamento.
26
Wright, Jesse H. et al. (2012 p. 134) aponta que perguntar para o paciente os
motivos significativos que o leva a pensar em viver, podem proporcionar uma
oportunidade para romper esse elo da desesperança, ter uma elevação do humor e
direcionar o pensamento do paciente a um caminho mais positivo, o declínio na
intensidade dos pensamentos suicidas.
Wendel, Brow e Beck (2010 p.51) apresentam de forma clara que a premissa
da TCC é identificar o significado que as pessoas atribuem ao estimulo e
experiências ambientais negativas, como as interpretam e julgam as implicações
dessas situações, analisando sistematicamente o grau no qual se caracteriza a
situação, moldando por sua vez o seu humor as suas respostas comportamentais, e
a técnica aplicada em pacientes, adolescentes suicidas os ajudará a desenvolver
habilidades necessárias para administrar futuras crises suicidas.
A figura 1.1 ilustra os principais conceitos da terapia cognitiva para descrever
estratégia e processos específicos de atuação do terapeuta no tratamento junto aos
pacientes e ou adolescentes suicidas.
Figura1.1 Principais conceitos da terapia cognitiva
Esquema
Negativo
Antecedentes (Situação, Experiência
Interna)
Cognição (Pensamentos, Imagens
Julgamentos) Interoretações
Reações (Emoção, sensação
fisiológica, comportamento)
27
Esquemas: “são estruturas internas relativamente duradouras
de características armazenadas, genéricas ou prototípicas, de
estímulos, ideias ou experiências que são usadas para
organizar novas informações de uma forma significativa,
determinando, portanto, como um fenômeno é percebido e
conceituado”( WENZEL; BROWN, BECK, 2010 P. 53).
Ainda que tenham apontado que a desesperança seja um construtor central
para o entendimento dos atos suicida para Wenzel, Brown, Beck (2010 P.56) a
desesperança não caracteriza todos os pacientes suicidas, acreditam que os
estressores de vida se acumulem a ponto dos pacientes perceberem que são
intoleráveis e insuportáveis, aumento assim o estado de desesperança. As
experiências anteriores de uma pessoa determinam por qual tipo de esquema de
suicídio ela vai ser caracterizar, e dessa forma a TCC apresentam ao menos dois
tipos de esquema de suicídio, o caracterizado por traço de desesperança e outro por
esquema de percepções de intolerabilidade. Conteúdos cognitivos relacionados ao
suicídio que prenunciam futuros atos suicidas como a ideação suicida e a intenção
suicida podem ser associados a qualquer esquema de suicídio, seja ele de
desesperança como de intolerabilidade ou até de outro. Por esse motivo no modelo
da TCC, a frequência, a duração e a severidade das cognições relacionadas ao
suicídio se acumulam para encorajar o adolescente e um ato suicida, quanto mais
frequente, mais duradouras e severas forem essas experiências de cognições,
maiores serão a probabilidade de o adolescente cometer o suicídio.
A avaliação das cognições desadaptativas é uma atividade central da terapia
cognitiva. Após o paciente adquirir condições de identificar pensamentos e imagens
associados a experiências emocionais negativas, ele desenvolve estratégias para
validar suas cognições e desenvolver alternativas mais adaptativas, além disso, a
terapia incorpora estratégias comportamentais que por sua vez aumentam o nível de
atividades do paciente e coloca a prova crenças disfuncionais em seus ambientes
(WENZEL; BROWN; BECK, 2010 p.100).
Na técnica da TCC, se tem como um dos métodos de estratégias
comportamentais incluir no cotidiano do paciente as atividades de interesse
significativos, o hábito de praticar atividades físicas, esportes, reforçar o vinculo
afetivo com a família e amigos, frequentar festas, encontros, por fim se o paciente
conseguir mobilizar planos de ação antissuicída e usá-los para lidar com os
28
pensamentos suicidas, valorizando uma revisão periódica dos planos e de suas
estratégias de enfrentamento a probabilidade de ativar um bom resultado pode se
tornar grande, construindo assim estratégias de enfrentamento eficazes (Wright,
Jesse H. et al. 2012 p. 137).
A medida final do sucesso do tratamento esta em manter os ganhos da
terapia em longo prazo, incluindo o componente da estratégia de intervenção de
recaídas dos episódios suicidas, durante a tratamento o paciente é incentivado a
realizar algumas tarefas de casa e pratica-las todos os dias e à medida que vão
adquirindo confiança mais se ajudam a enfrentar os sintomas e a adversidades,
com atitudes e crenças funcionais, promovendo maior autonomia e reconhecer o
gatilhos ou sinais precoce da recaída, educar os pacientes sobre o risco da recaída
é uma pratica inteligente (WRIGHT, JESSE H. et al. 2012 p. 247).
Além do tratamento clinico, a família é de extrema importância para eficácia
do tratamento e no desenvolvimento de um plano de prevenção de recaída e a
família também precisa de ajuda. De acordo com Hildebrandt, Zard, Leite (2011) as
tentativas de suicídio refletem nas pessoas próximas ao adolescente com ideação
suicida, havendo uma mudança no cotidiano de vida dessa família, inserindo dor e
insegurança, pois, ao mesmo tempo esse adolescente é vitima e homicida, cujo
sofrimento paralisa a família e gera o medo de que essa situação possa vir a
ameaçar a estrutura familiar.
Interessante convidar os familiares do paciente a participar de algumas
sessões de tratamento da fase aguda, porque além de incentivar a aliança
terapêutica e também a aliança com a pessoa que o paciente tem maior vinculo
afetivo, nesse processo é útil para obter informações adicionais sobre o paciente e
as pessoas em sua volta (Wright, Jesse H. et al. 2012 p. 257) e complemento a
importância da envolver a família no tratamento Wendel, Browm e Beck, 2010 p.
207) a família é um facilitador para implementar o plano de segurança, auxiliando a
identificar os sinais de alerta da ideação suicida e quando necessário contatando um
profissional de saúde durante uma crise, em resumo a família tem um papel de
apoio. Por outro lado Seminoti, Paranhos e Thiers (2006) apontam que é possível
encontrar famílias que demonstram falta de interesse pelo tratamento, por medo de
rejeição da sociedade, não encontram capacidade para enfrentar o problema e o
pacto de silêncio é interpretado como uma crença de tentar proteger a família de
outros eventos suicidas.
29
Destaca-se ainda que a área da educação necessita estar integrada a rede de
atenção ao adolescente, quando se trata da temática do suicídio e os profissionais
da educação estejam qualificados para identificar situações que possam representar
fatores de risco. Hildebrandt, Zard, Leite (2011) consideram ser de grande valia a
inserção de adolescentes em redes de apoio, como forma de prevenção ao ato
suicida, sendo importante o encaminhamento para grupos de socialização,
ocupando os tempos livres, mantendo-os em atividades manuais, danças, cursos
profissionalizantes, etc., assim como um programa de prevenção do uso de
substancias psicoativas se faz necessário, evitando um futuro adolescente
dependente químico.
30
5 DISCUSSÃO
São diversos os fatores de risco de suicídio entre os adolescentes, e um
fenômeno complexo.
Estudos demonstram que as meninas tentem mais a ideação suicida, porém
os meninos o cometem mais, pois se utilizam de meios mais agressivos em suas
tentativas, e a probabilidade de êxito é bem maior.
O poder de uma crença popular disfuncional muitas vezes vem a atrapalhar
um trabalho adequado de prevenção, deixando o adolescente sem um tratamento
eficiente e muitas mortes que poderiam ser evitadas acabam acontecendo.
O simples conhecimento dos fatores de risco, não é suficiente para evitar o
suicídio, além de conhecer a dinâmica do suicídio e as características de gênero
envolvidos nesse comportamento, é importante que os profissionais da saúde
estejam capacitados para identificar, manejar e interpretar se possível,
precocemente os sintomas de forma adequada.
Trabalhar em prevenção em relação ao suicídio envolve uma complexidade
de variações e estratégias que devem ser observadas. Abordar a temática do
suicídio é ainda um tabu e que desperta medo nas pessoas. Porém trabalhar os
fatores de proteção ao suicídio na adolescência é de vital importância para se
construir estratégias de prevenção para que se possa atenuar os efeitos dos fatores
de risco, fortalecendo as redes de apoio dos adolescentes, envolvendo os familiares,
amigos, escolas e sociedade, promovendo relações mais satisfatórias, tendo em
vista os relacionamentos pessoais e a intervenção medicamentosa especifica para
essa faixa etária.
A prevenção deveria fazer parte das nossas ações sejam elas
governamentais ou não, pois os adolescentes estão vulneráveis as influências
ambientais e sociais podendo ter seus reflexos de natureza construtiva ou destrutiva.
Além disso, cobrar de nossas autoridades, ações governamentais, uma vez
que o suicídio é visto com uma questão de saúde pública. Pois a questão do suicídio
precisa ser combatida, evitando-se que mais adolescentes recorram à morte, como
forma de enfrentamento de dificuldades encontradas ao longo de seu
desenvolvimento, efetivamente contribuir para a recuperação e o estabelecimento da
saúde dos adolescentes.
31
Metodologias precisam ser desenvolvidas para identificar com precisão os
adolescentes que tentam suicídio e que sejam avaliados junto ao sistema de
atenção à saúde em especial nas unidades de emergência.
A Terapia cognitiva comportamental tem apresentado o beneficio adicional
registrado em muitos estudos, pois provoca resposta mais rápida em comparação a
alguns outros métodos de tratamento, a TCC proporciona um resultado em prazo
mais longo e reduz o risco de recaídas.
Há criticas equivocadas de que a técnica da TC tem a tendência em
estabelecer o “poder do pensamento positivo” sendo que na realidade a técnica tem
a capacidade de instalar no paciento os pensamentos realistas, na extensão em que
se pode conhecer a realidade, auxiliando o julgamento realístico dos fatores.
Pacientes suicidas são desafiadores em termos das dificuldades que
apresentam, para os clínicos e todos os profissionais da saúde, porque a cada crise
difere da outra, não seguem uma regra. Portanto a importância do encorajamento
dos clínicos nessa tomada de decisões.
O modelo da TCC capacita os adolescentes suicidas a se tornarem seus
“próprios terapeutas”, porque o sucesso no tratamento também depende do
desempenho individual do adolescente, melhorando sua auto eficácia, sua
motivação sobre ser capaz de fazer mudanças positiva em sua vida.
32
6 CONCLUSÃO
Por meio de uma revisão bibliográfica, com base nos estudos de diversos
autores, esta monografia demonstrou as contribuições da técnica da Terapia
Cognitiva Comportamental para amenizar o sofrimento psíquico, emocional e o
desenvolvimento da ideação e comportamentos suicidas na adolescência, cujos
objetivos foram ensinar o paciente, e adolescente a reconhecer as cognições
negativas, a superar seus pensamentos suicidas, examinando as evidências contra
e a favor dos pensamentos distorcidos e substituindo por pensamentos funcionais,
por meio de técnicas claras e objetivas.
Na mudança do pensamento se implica na mudança do comportamento,
possibilitando a extinção da ideação suicida.
Durante a revisão bibliográfica foi possível testemunhar a satisfação que os
profissionais terapêuticos tem na transformação de um paciente sem esperança
para uma pessoa ativa, e sendo ativa em todo o seu contexto uma experiência
significativa. E as pesquisas apontaram que os pacientes que receberam o
tratamento com a técnica cognitiva comportamental tiveram uma redução no índice
de cometer um novo ato suicida, caindo pela metade das vezes em comparação aos
que receberam outros tipos de tratamentos, ou seja a técnica é promissora para
ajudar os adolescentes a desenvolverem suas habilidades em lidarem com os
problemas e evitar assim as futuras crises suicidas.
A TCC prepara ferramentas de autoajuda a fim de promover o bem-estar ao
longo de toda a vida, e inclui em sua abordagem uma psicoeducação sobre a
importância que se encontram em alguns casos, a utilização do psicofarmaco no
plano de tratamento. E as técnicas podem ajudar os pacientes perceberem, que a
mudança é possível, desde que usada de forma estruturada, podem ainda auxiliar
os pacientes a neutralizar a desesperança.
Podemos assim concluir que a TCC se funda eficiente para o tratamento
suicida, assim como suas diversas técnicas cognitivas comportamentais são
eficazes para o tratamento entre outras patologias, pois se constitui de
embasamentos capazes de alterar as estruturas cognitivas mais remotas de uma
pessoa, trazendo lhe menos prejuízo ao seu curso de vida.
33
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35
ANEXO
Termo de Responsabilidade Autoral
Eu Tatiana Cristina da Silva, afirmo que o presente trabalho e suas devidas
partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade
autoral sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de
Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob
o título “Terapia cognitivo-comportamental aplicada no tratamento e prevenção
da ideação suicida na adolescência”, isentando, mediante o presente termo, o
Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador
e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à
"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as
responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a
confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
_______________________ Tatiana Cristina da Silva