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1ª Parte – Noções sobre o Regimento Interno Instrutora: Dra. Ruth Barros Pettersen da Costa

SUMÁRIO. 1. Introdução: Do Poder Legislativo e Dos

Deputados. 2. Do Regimento Interno. 3. Dos Conceitos

Básicos. 4. Da Estrutura Finalística. 5. Dos Trabalhos

Parlamentares.

1. INTRODUÇÃO: DO PODER LEGISLATIVO E DOS DEPUTADOS

O princípio da separação de poderes encontra-se disposto no art. 2º da Constituição

Federal. Significa órgãos estatais distintos exercendo funções estatais distintas. Registre-se que a

expressão “separação de poderes” é equívoca, pois o poder é uno. O que se separam são as

funções do poder, ou seja, as manifestações ou o exercício do poder, as quais são exercidas por

órgãos distintos.

Demais disso, a Constituição Federal de 1988, pela primeira vez, alçou o princípio da

separação de poderes a cláusula pétrea, consoante dispõe o inciso III do § 4º do art. 60, não

podendo ser, pois, objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir o referido

princípio. Registre-se que princípio é uma espécie de norma, juntamente com a regra, que

exprime valores. E os princípios são proposições fundamentais. São as colunas mestras do

Direito.

O PRICÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES REPRESENTA A DIVISÃO ORGÂNICA,

FUNCIONAL OU HORIZONTAL DO PODER,

em que há órgãos estatais distintos exercendo funções estatais distintas.

No Estado absolutista, o monarca enfeixava, de forma ilimitada, o exercício do poder.

Esta fórmula gerava o despotismo, a desigualdade e a injustiça.

Com a evolução do princípio da separação de poderes buscou-se a superação do

absolutismo no exercício do poder. Este princípio foi concebido na Antiguidade por Aristóteles

(“A Política”), teve sua primeira formulação teórica com Locke (“Segundo Tratado do Governo

Civil”) e cujo aprimoramento e divulgação deram-se com Montesquieu (“O Espírito das Leis”).

Este último autor entendia que a liberdade do homem estaria em perigo caso se concentrassem

em uma só pessoa os poderes (legislativo, executivo e judiciário), pois, para ele, “todo homem

que detém o poder tende a abusar dele”. Desde Montesquieu, esta visão tripartite do poder foi

concebida como “poderes harmônicos e independentes entre si”.

Nesse sentido, o Legislativo exerce a função legislativa; o Executivo, a função

executiva ou administrativa e o Judiciário, a função julgadora ou jurisdicional. Contudo, os

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poderes exercem essas funções com preponderância ou predominância, mas não com

exclusividade, pois, na verdade, todos os poderes exercem todas as funções.

Em relação ao Poder Legislativo, as suas funções preponderantes ou típicas são a

LEGISLATIVA e a FISCALIZADORA; as funções secundárias ou atípicas são a administrativa e a

jurisdicional.

Quanto à estrutura e membros do Poder Legislativo, ela se classifica em relação aos

entes federados da seguinte forma:

PODER LEGISLATIVO

ÓRGÃOS/MEMBROS/ ENTES FEDERADOS ÓRGÃOS1 MEMBROS

UNIÃO

Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e

Senado Federal.

Deputados Federais e

Senadores.

ESTADOS Assembleias Legislativas. Deputados Estaduais.

DISTRITO FEDERAL Câmara Legislativa ou Distrital.

Deputados Distritais.

MUNICÍPIOS Câmara de Vereadores. Vereadores.

Focaliza-se o presente estudo no PODER LEGISLATIVO ESTADUAL, que é

representado pela Assembleia Legislativa e cujos membros são os Deputados Estaduais.

Os Deputados Estaduais são representantes do povo goiano, eleitos pelo sistema

proporcional e pelo voto direto e secreto, para mandato de 4 (quatro) anos.

Como é fixado o quantitativo de membros do Poder Legislativo estadual? Em função

do número de Deputados federais. Assim, nos termos do art. 45, §1o, da CF/88, o número de

deputados federais será fixado de acordo com a proporção da população de cada Estado, nos

termos do que dispuser lei complementar federal (Lei complementar nº 78/93), mas cada

Estado terá o mínimo de 08 e máximo de 70 deputados. Para o Estado de Goiás foi fixado o

número de 17 (dezessete) representantes na Câmara dos Deputados.

De seu turno, dispõe o art. 27, caput, da CF/88: “o número de Deputados à

Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos

Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os

Deputados Federais acima de doze.” Assim:

1 Observa-se que apenas o Poder Legislativo federal é bicameral; nos demais entes federados é ele

unicameral.

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Nº de Deputados Federais x 3. Se der acima de 36, então, 36 + (nº de Deputados Federais – 12).

Somente corresponde ao triplo nos Estados onde se elegerem, no máximo, 12 Deputados Federais:

12 x 3 = 36. Estado de Goiás: 17 x 36 = 51 Então, leva-se em conta 36 + (17-12 = 5) = 41 Deputados

Estaduais.

Para cumprir as suas funções preponderantes ou típicas (legislativa e fiscalizadora)

e as suas funções secundárias ou atípicas (administrativa e jurisdicional) a Assembleia

Legislativa organiza-se, respectivamente, por meio de sua estrutura finalística e sua estrutura

administrativa.

A estrutura administrativa do Poder Legislativo é formada para o cumprimento de

suas funções secundárias ou atípicas (Mesa Diretora,2 Diretorias, Secretarias, Seções etc.), cuja

regulamentação encontra-se em diversas normas internas, como a Resolução nº 1.007, de 20 de

abril de 1999. Já a estrutura finalística da Assembleia Legislativa é formada para o cumprimento

de suas funções preponderantes ou típicas, cuja regulamentação mais relevante é o Regimento

Interno, que é veiculado por meio da Resolução nº 1.218, de 3 de julho de 2007, com suas

alterações posteriores.

Destarte, o presente estudo centraliza-se na estrutura finalística da Assembleia

Legislativa e no Regimento Interno.

2. DO REGIMENTO INTERNO

O Regimento Interno de um o rga o e o ato que organiza, normativamente, o seu

funcionamento. Pelo Regimento Interno sa o delineados procedimentos que devem ser

obedecidos para que haja o cumprimento dos fins daquele o rga o.

No caso da Assembleia Legislativa, em seu Regimento Interno encontram-se regras

atinentes a composiça o do parlamento estadual, organizaça o dos o rga os deliberativos, descriça o

do processo legislativo, comportamento dos parlamentares e, outrossim, de procedimentos

especiais, como a apresentaça o e tramitaça o de projetos de emendas constitucionais, projetos de

leis orçamenta rias, posse do governador e do vice-governador, julgamento por crime de

responsabilidade do governador e seus secreta rios etc.

Portanto, o Regimento Interno regula o exercí cio das atividades do Poder Legislativo

do Estado de Goia s, principalmente aquelas ligadas a s suas funço es tí picas, que sa o as de legislar

e fiscalizar o Poder Executivo.

Este ato normativo encontra-se estruturado em 12 (doze) Tí tulos concernentes: a

2 A Mesa Diretora, que é o órgão diretivo máximo da Assembleia Legislativa, atua tanto no âmbito da estrutura finalística quanto da estrutura administrativa.

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posse, exercí cio mandato parlamentar e ocupaça o dos cargos da Mesa (Título I – Das

Disposições Preliminares); a estruturaça o orga nica do parlamento, mas na o aquela atinente a s

atividades de sua rotina administrativa, porquanto para esta ha uma resoluça o pro pria (a

Resoluça o nº 1.007/99), e sim aquela voltada ao desempenho da funça o legislativa e

fiscalizadora (Título II – Dos Órgãos da Mesa); ao estabelecimento do procedimento para a

consecuça o do processo legislativo (Títulos III - Dos Trabalhos Legislativos; IV – Das

votações; e V - Da Elaboração Legislativa); a s regras de atuaça o da Assembleia fora do

expediente normal dos parlamentares e fora da Sessa o Legislativa Ordina ria, ou seja, durante o

recesso parlamentar (Título VI – Da Convocação Extraordinária da Assembleia); a

manutença o da ordem no a mbito interno da sede da Assembleia Legislativa (Título VII – Da

Ordem Interna); a remuneraça o dos deputados e dos cargos do primeiro escala o do Executivo

(Título VIII – Da Remuneração e da Ajuda de Custo de Deputados, dos Subsídios do

Governador, Vice-Governador e Secretários de Estado); a definiça o de regras relativas a

tramitaça o de processos especiais, como a tomada de contas do Governador, apreciaça o de veto,

Emendas a Constituiça o, e da reforma do pro prio Regimento Interno, por exemplo (Título IX –

Dos Processos Especiais, da Reforma da Constituição e da Reforma do Regimento

Interno); ao estabelecimento da Secretaria da Assembleia, responsa vel pelas atividades

administrativas da Casa (Título X – Da Secretaria); a s regras relativas aos pro prios

parlamentares, como decoro, licenças, extinça o de mandato etc. (Título XI – Dos Deputados); e,

finalmente, outras disposiço es gerais (Título XII – Das Disposições Gerais e Transitórias).

Por fim, cumpre observar que sendo veiculado por Resoluça o, somente pelo mesmo

tipo de norma pode-se proceder a modificaça o do Regimento. Ademais, para se garantir certa

estabilidade ao ato, a alteraça o na o pode ser algo muito fa cil ou muito simples de ser

implementada. E essa ideia que foi adotada pelo art. 193, que impo e restriço es a partir da

iniciativa da apresentaça o da proposta alteradora, vedando a iniciativa por um u nico

parlamentar: “O Regimento Interno so podera ser alterado mediante projeto de resoluça o,

apresentado pela Mesa ou por proposta de, no mí nimo, 1/3 (um terço) dos Deputados”. Exige-se,

ainda, o quo rum da maioria absoluta para a sua aprovaça o, em dois turnos de votaça o.

3. DOS CONCEITOS BÁSICOS

Antes de adentrar nos temas seguintes, inclusive tratando acerca dos aspectos

específicos do Regimento Interno, é importante destacar os conceitos básicos que envolvem a

matéria, com vistas a facilitar a sua compreensão.

APARTE: é a permissão para falar dada por um orador a outro parlamentar pelo

tempo máximo de dois minutos.

AUDIÊNCIA PÚBLICA: as comissões da Casa promovem audiência pública com a

participação de autoridades, especialistas ou entidades da sociedade civil para

instruir matéria que se encontre sob seu exame, bem como para discutir assunto

de interesse público relevante.

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DESTAQUE: é o pedido para que se vote em separado determinado dispositivo,

emenda ou outro ponto em particular.

EMENDA: proposta acessória de outras proposições constantes de uma

proposição normativa. Os tipos de emendas constam do art. 136 do RI.

LEGISLATURA: período de 4 (anos), que corresponde ao período de mandato

dos Deputados Estaduais. Atualmente a Assembleia Legislativa do Estado de

Goiás encontra-se na 18ª Legislatura, que se iniciou em 1º de fevereiro de 2015,

com a posse dos novos Deputados, eleitos ou reeleitos, e se encerra no dia 31 de

janeiro de 2019, quatro anos depois.

ORDEM DO DIA: é a pauta de projetos que serão discutidos e poderão ser

votados em uma sessão. É uma fase importante, pois nela ocorrem as discussões

e votações das propostas. Cabe ao Presidente da Assembleia Legislativa escolher

e incluir os projetos que farão parte da ordem do dia.

PEDIDO DE VISTA: solicitação feita pelo Deputado para examinar melhor

determinado projeto, adiando, portanto, sua votação. Quem concede vista é o

Presidente da Comissão onde a matéria está sendo examinada, pelo prazo

improrrogável de até 1 (uma) reunião ordinária da Comissão de Constituição,

Justiça e Redação e até 1 (uma) para as Comissões de mérito. Caso a matéria

tramite em regime de urgência, na Comissão Mista, a vista concedida é de até 1

(uma) reunião da Comissão, obedecido o interstício mínimo de 24 (vinte e

quatro) horas entre uma reunião e outra.

PELA ORDEM: instrumento regimental utilizado pelo Deputado com o objetivo

de solicitar informações sobre o andamento dos trabalhos da sessão, fazer

reclamação quanto à observância do regimento e apontar falha ou equívoco em

relação à proposição da pauta. É diferente da chamada questão de ordem.

PERÍODO LEGISLATIVO: é o período de funcionamento da Assembleia

Legislativa, em cada semestre, ou seja, de 15 de fevereiro a 30 de junho (1º

período) e de 1º de agosto a 15 de dezembro (2º período). Há, assim, anualmente,

dois períodos legislativos.

PROPOSIÇÃO: denominação genérica de toda matéria submetida à apreciação da

Assembleia Legislativa. São proposições: propostas de emenda à Constituição

(PECs); projetos de lei ordinária, de lei complementar, de decreto legislativo e de

resolução; requerimentos; pareceres e emendas.

QUESTÃO DE ORDEM: é utilizada pelo Deputado para suscitar, em qualquer fase

da sessão, dúvida a respeito de interpretação ou aplicação do regimento interno,

podendo ser levantada em rápidas observações e desde que sejam de natureza a

influir diretamente na marcha dos trabalhos, corrigindo qualquer engano ou

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chamando a atenção para dispositivo regimental que não esteja sendo obedecido.

A questão é decidida pelo Presidente da sessão ou reunião.

QUÓRUM E TIPOS DE QUÓRUNS: há vários tipos de quóruns para aprovação de

matérias e demais decisões da Casa. O mais comum é o de maioria simples,

exigido para aprovação de projetos de lei ordinária, de resolução e de decreto

legislativo. Os projetos de lei complementar requerem maioria absoluta, ou seja,

metade mais um dos Deputados. A rejeição de veto governamental também exige

o voto, em votação aberta, da maioria absoluta dos Deputados. Já a aprovação de

proposta de emenda à constituição (PEC) é feita por três quintos dos

parlamentares, nos dois turnos de discussão e votação. Para a cassação de

mandato, é exigido a maioria absoluta. Para a eleição da Mesa da Assembleia, se o

registro for feito individualmente, exige-se o quórum de maioria absoluta; se o

registro for feito por chapa, será eleita a que obtiver maior número de votos.

Abaixo, é exposta a tabela com os tipos de quóruns para aprovação de matérias

na Assembleia:

SITUAÇÕES

PREVISTAS

QUÓRUM ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA (41)

Regra geral para

deliberação de matéria, no

Plenário e nas Comissões

(CE, art.18, § 2º).

Maioria

simples

A maioria, presente a

maioria absoluta dos

Deputados

Aprovação de Projeto de

Lei Complementar.

Maioria

absoluta 21

Aprovação de Proposta de

Emenda Constitucional. 3/5 25

Abertura da Sessão

Plenária. 1/3 14

Abertura da Reunião das

Comissões com 11

membros.

1/3 04

Abertura da Reunião de

Comissões com 7

membros.

1/3 03

RECESSO PARLAMENTAR: é a suspensão das atividades da Assembleia

Legislativa. Corresponde às “férias” parlamentares e ocorre de 1º de julho a 31 de

julho e de 16 de dezembro a 14 de fevereiro.

RELATÓRIO: é a manifestação do relator a respeito de determinada proposição.

Quando aprovado pela maioria da Comissão, o relatório passa a constituir o

parecer do colegiado sobre a matéria em exame.

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SESSÃO X REUNIÃO: a sessão é a realização dos trabalhos parlamentares no

âmbito do Plenário. A reunião é a realização dos trabalhos parlamentares no

âmbito das Comissões.

SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA: é aquela que ocorre durante o

recesso parlamentar. O § 4º do art. 16 da Constituição Estadual elenca os

legitimados que podem convocá-la.

SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA: é aquela realizada a cada ano da legislatura,

independentemente de convocação. Corresponde ao próprio período anual de

trabalhos parlamentares. Nos termos da Constituição Estadual, art. 16, e do

Regimento Interno, art. 68, II, a sessão legislativa ordinária ocorre de 15 de

fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro.

VOTAÇÃO: é o ato decisório do procedimento legislativo. Nos termos do § 2º do

art. 18 da Constituição Estadual, salvo disposição constitucional em contrário, as

deliberações da Assembleia Legislativa e de suas comissões serão tomadas por

maioria absoluta de votos, presente a maioria absoluta de seus membros

(maioria relativa).

VOTAÇÃO NOMINAL: votação realizada, registrando-se, no painel eletrônico, se

votam “sim” ou “não”, conforme sejam a favor ou contra o que se estiver votando.

Encerrada a votação, o Presidente proclamará o resultado final, de acordo com o

registrado no painel eletrônico, não podendo mais ser admitido a nenhum

Deputado votar.

VOTAÇÃO POR ESCRUTÍNIO SECRETO: votação realizada nos casos previstos

na Constituição Estadual e naqueles em que por maioria simples ou relativa se

julgar conveniente, a requerimento de qualquer Deputado, formalizado por

escrito.

VOTAÇÃO SIMBÓLICA: votação em que não há registro individual de votos. O

Presidente da sessão pede aos parlamentares favoráveis à matéria que

permaneçam como se encontram, cabendo aos contrários manifestarem-se.

VOTO DE MINERVA: é o voto exigido do Presidente da Casa e das Comissões em

caso de empate nas votações. O Presidente somente vota em caso de empate, em

votações nominais e secretas.

VOTO EM SEPARADO: caso algum Deputado não concorde com o relatório

apresentado pelo Relator pode pedir vista do processo, a fim de apresentar seu

voto em separado, pedindo destaque, quando mais de uma vez poderá propor

emendas, modificando o projeto, ou ainda manifestar-se pela rejeição total do

mesmo. O voto será submetido ao crivo dos membros da Comissão e, caso

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aprovado, constituirá parecer da Comissão, ficando o relatório,

consequentemente, prejudicado.

4. DA ESTRUTURA FINALÍSTICA

Consoante já estudado, a estrutura finalística da Assembleia Legislativa é destinada

ao cumprimento de suas funções preponderantes ou típicas, ou seja, legislativa e fiscalizadora,

cuja regulamentação mais relevante encontra-se no Regimento Interno, que é veiculado por

meio da Resolução nº 1.218, de 3 de julho de 2007, com suas alterações posteriores.

Portanto, quais são os órgãos que fazem parte da estrutura finalística da Assembleia

Legislativa? São eles: Plenário, Mesa Diretora e Comissões.

Depois de eleitos em um só turno de votação, no mês de outubro de ano eleitoral, os

Deputados Estaduais são diplomados perante o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO),

geralmente no mês de dezembro imediatamente posterior às eleições. A diplomação consiste no

Certificado conferido pelo TRE atestando a regular eleição do candidato. Após a diplomação

ocorrerá a posse, que representa a investidura dos eleitos no cargo de Deputado Estadual, para

mandato de 4 (quatro) anos.

A posse ocorrerá no dia 1º de fevereiro do 1º ano da legislatura, em sessão

preparatória.

Porém, antes de iniciar os trabalhos parlamentares, devem ser escolhidos os

membros da Mesa Diretora e, após, os membros das Comissões Permanentes.

4.1 Da Organização do Plenário: composição, órgão diretivo e atribuições

O Plenário é o órgão de deliberação máximo da Casa Legislativa. É ele composto por

todos os 41 (quarenta e um) Deputados, os quais são empossados, conforme mencionado, no dia

1º de fevereiro do 1º ano de cada legislatura, em sessão preparatória.

De seu turno, o órgão diretivo da Casa Legislativa é a Mesa Diretora, cuja atividade

principal consiste na direção da própria Casa e dos trabalhos parlamentares que ocorrem em

Plenário. O mandato da Mesa Diretora é de 2 (dois) anos, vedada a reeleição para o mesmo

cargo, na mesma legislatura (CE, art. 16, § 3º).

A Mesa Diretora compõe-se do Presidente, 1º e 2º Vice-Presidentes, dos 1º, 2º, 3º e

4º Secretários. O 1º e o 2º Vice-Presidentes são substitutos (nas faltas e impedimentos) do

Presidente; o 3º e 4º Secretários são substitutos (nas faltas e impedimentos) do 1º e 2º

Secretários. Entretanto, o Presidente convidará qualquer Deputado para substituir os

Secretários, na falta de seus titulares ou substitutos legais (RI, art. 9º).

A eleição da Mesa Diretora será realizada no dia 1º de fevereiro da 1ª Sessão

Legislativa, depois da posse dos Deputados, e no dia 10 de outubro da 2ª Sessão Legislativa, por

votação nominal, presente a maioria absoluta dos Deputados, após registro junto à Mesa,

individualmente ou por chapa, de candidatos que pretendem concorrer aos respectivos cargos

(RI, art. 5º).

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Se nenhum dos candidatos a qualquer cargo alcançar a maioria absoluta de votos,

será realizado um segundo turno de votação entre os dois mais votados, considerando-se eleito

aquele que atingir maior número de votos e, em caso de empate, o mais idoso dentre os de maior

número de legislaturas no Poder Legislativo Estadual. Em se tratando de chapa, será eleita a que

obtiver maior número de votos (RI, art. 5º, §§ 1º e 2º).

Na indicação dos candidatos ou composição das chapas serão respeitados, dentro do

possível, os critérios de representação pluripartidária e proporcionalidade (RI, art. 5º, § 6º).

A posse dos membros da Mesa Diretora para o 1º biênio será logo após o término da

eleição. Já a posse dos membros da Mesa Diretora para o 2º biênio ocorrerá em 1º de fevereiro

do ano seguinte ao da eleição, com as mesmas formalidades exigidas para o início da legislatura

(RI, art. 6º).

Registre-se que a Assembleia Legislativa reunir-se-á, anualmente, na Capital do

Estado, de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro, sendo que as

reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente,

quando caírem em sábados, domingos e feriados (CE, art. 16, caput e § 1º).

Por outro lado, quanto às sessões, são atribuições do Presidente (RI, art. 16):

a) abrir, presidir, suspender e encerrar as sessões;

b) fazer ler a ata pelo 2º Secretário, o expediente e as comunicações pelo 1º

Secretário;

c) convocar, a requerimento verbal de seu Presidente ou a pedido do Líder do

Governo, reunião da Comissão Mista e da Comissão de Constituição, Justiça e

Redação para apreciar proposições em regime de urgência;

d) conceder a palavra aos Deputados;

e) chamar a atenção do orador instantes antes de se esgotar o tempo a que tem

direito e quando este estiver vencido;

f) decidir as questões de ordem e as reclamações;

g) determinar ao 1º Secretário a leitura da ordem do dia;

h) submeter à discussão e votação a matéria a isso destinada;

i) estabelecer o ponto da matéria que deve ser objeto da votação;

j) anunciar o resultado da votação;

k) fazer organizar, sob sua responsabilidade, a ordem do dia das sessões com, no

mínimo, 24 (vinte e quatro) horas de antecedência (pauta prévia);

l) convocar, a requerimento do Líder do Governo, sessões extraordinárias da

Assembleia Legislativa, definindo a pauta da sessão com as matérias que

tramitarão em regime de urgência;

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m) determinar, em qualquer fase dos trabalhos, quando julgar necessário, a

verificação de presença (para abertura da sessão: quórum de 1/3; para votação:

quórum de maioria absoluta);

Quanto às sessões, é atribuição do 1º Secretário, fazer a chamada nas votações

nominais e secretas e na verificação de presença (RI, art. 21).

Quanto ao 2º Secretário, são suas atribuições nas sessões (RI, art. 22):

a) fiscalizar a redação das atas e proceder à sua leitura;

b) encarregar-se dos livros de inscrição de oradores;

c) anotar o tempo do orador na tribuna;

d) fiscalizar a folha de frequência dos Deputados e assiná-la com o 1º Secretário e o

Presidente.

4.2 Da Organização das Comissões: composição, órgãos diretivos e atribuições

Atualmente, existem 17 (dezessete) comissões permanentes (RI, arts. 44 e ss.):

Executiva; Constituição, Justiça e Redação; Tributação, Finanças e Orçamento; Educação, Cultura

e Esporte; Saúde e Promoção Social; Serviços e Obras Públicas; Desenvolvimento, Ciência e

Tecnologia; Meio Ambiente e Recursos Hídricos; Segurança Pública; Agricultura, Pecuária e

Cooperativismo; Defesa dos Direitos do Consumidor; Minas e Energia; Direitos Humanos,

Cidadania e Legislação Participativa; Organização dos Municípios; Criança e Adolescente;

Habitação, Reforma Agrária e Urbana; e Turismo.

As comissões permanentes serão constituídas nos primeiros 10 (dez) dias da 1ª e 3ª

sessões legislativas, sendo que as Comissões de Constituição, Justiça e Redação; Tributação,

Finanças e Orçamento e Organização dos Municípios serão compostas por 11 (onze) membros e

as demais por 7 (sete) membros, respeitada a proporcionalidade de cada partido político com

representação na Casa (RI, art. 27, caput).

Os membros das comissões permanentes e temporárias serão nomeados por ato do

Presidente da Assembleia, publicado no Diário Oficial da Casa, após a indicação escrita dos

líderes dos partidos (RI, art. 29). Cabe também ao Presidente da Casa nomear, na ausência dos

membros efetivos das comissões e de seus suplentes, substitutos ocasionais, observada a

indicação partidária (RI, art. 16, III, “b”).

Aos Deputados, exceto ao Presidente, ao 1º Secretário e ao 2º Secretário é

assegurado o direito de participar, no mínimo, de 2 (duas) comissões permanentes (RI, art. 26).

Cada partido terá, nas comissões, tantos suplentes quanto forem os seus membros

efetivos, aos quais substituirão em caso de falta ou impedimento, mediante convocação verbal

do Presidente, que obedecerá à ordem de registro. Não havendo suplente para proceder à

substituição, a comissão funcionará sem a representação partidária respectiva (RI, art. 27, §§ 1º

e 2º).

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Ao suplente, convocado para a reunião de qualquer das comissões permanentes,

será assegurado o direito de permanecer nos trabalhos até o final, mesmo com o posterior

comparecimento do titular, caso em que terá direito a voz, mas sem direito a pedido de vista e

voto (RI, art. 32).

As comissões permanentes e temporárias, dentro dos 5 (cinco) dias seguintes à sua

constituição, reunir-se-ão para eleger o Presidente e o Vice-Presidente. A eleição nas comissões

permanentes será convocada e presidida nas sessões legislativas subsequentes pelo Presidente

da comissão na sessão legislativa anterior, ou pelo Vice-Presidente, no impedimento ou ausência

daquele e, no impedimento de ambos, pelo mais idoso dos membros presentes. A eleição será

feita por votação nominal e maioria simples, considerando-se eleito, em caso de empate, o mais

idoso dos votados (RI, art. 64).

Se qualquer comissão permanente não se instalar dentro de 5 (cinco) dias contados

de sua organização, o Presidente da Casa convocará os seus membros, com a antecedência de 24

(vinte e quatro) horas, para se reunirem sob a Presidência do 1º Vice-Presidente e realizarem a

eleição (RI, art. 64, § 6º).

5. DOS TRABALHOS PARLAMENTARES

Neste tópico, será estudada a parte mais visível da atuação parlamentar, que que é

realizada no Plenário e nas Comissões Permanentes. Diz-se que é a “parte mais visível”, pois são

destacados a ordem das sessões e das reuniões e os respectivos procedimentos mais visíveis e

gerais, como a discussão e votação, sem mencionar, entretanto, os aspectos ou procedimentos

mais específicos. Estes últimos serão tratados quando do estudo do processo legislativo pela

Dra. Maira e, quanto aos trabalhos nas Comissões, tratará do tema o Dr. Nicolas. Nesta parte do

estudo, o enfoque será dado aos trabalhos parlamentares no Plenário.

5.1 Da Sessão e Da Reunião

Destaque-se que no âmbito do Plenário são realizadas as sessões e, no âmbito das

Comissões, são realizadas as reuniões.

Portanto, já é possível fixar a diferença existente entre sessão e reunião. As sessões

e as reuniões consistem na realização dos trabalhos parlamentares de forma efetiva, no dia a dia

da atividade parlamentar. No Plenário, usa-se a expressão “sessão”; nas Comissões, usa-se a

expressão “reunião”.

Pode dizer-se, assim, que o Deputado, no exercício do mandato, deve “participar das

sessões do Plenário e das reuniões de Comissão de que seja membro”.

No dia a dia da atividade parlamentar – durante o período anual de funcionamento

do Poder Legislativo (sessão legislativa), que começa no dia 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º

de agosto a 15 de dezembro – as sessões e reuniões que mais interessam, pois em seu âmbito é

que ocorrem as discussões e votações de proposições – que podem consistir em projetos de

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13

emenda constitucional, lei, resolução, decreto legislativo, requerimentos, emendas e pareceres

de comissão, conforme RI, art. 111 –, são a sessão/reunião ordinária e a sessão/reunião

extraordinária.

A sessão/reunião ordinária consiste na realização dos trabalhos parlamentares no

horário regimental, de segunda a sexta-feira.

A sessão/reunião extraordinária são aquelas convocadas com esse caráter, cuja

realização dar-se-á em dias ou horas diversas das prefixadas para as ordinárias. São como “horas

extras”.

5.2 Horário de Funcionamento das Sessões e das Reuniões

As sessões ordinárias são aquelas realizadas às terças, quartas e quintas-feiras, das

15:00 horas às 18:00 horas (RI, art. 68, II c/c § 1º do art. 69),3 no “Plenário Getulino Artiaga” do

Palácio Alfredo Nasser, sede do Poder Legislativo do Estado de Goiás.

As sessões extraordinárias são realizadas em dias ou horas diversas das prefixadas

para as ordinárias, quando com esse caráter forem convocadas (RI, art. 68, III).

As sessões extraordinárias poderão ser iniciadas logo após o término das sessões

ordinárias, não tendo prazo determinado e podendo estender-se até que se esgote a matéria

constante da pauta. Por isso é que o Presidente, sempre que convocar sessões extraordinárias,

definirá a pauta da sessão com as matérias que tramitarão em regime de urgência,4 fazendo a

comunicação em sessão ou por outro meio rápido e seguro. Ademais, na sessão extraordinária

não haverá pequeno expediente e discussões parlamentares (RI, art. 70).

As reuniões ordinárias das comissões técnicas abaixo relacionadas serão realizadas

nos seguintes horários, dias e locais (RI, art. 31):

a) Comissão de Constituição, Justiça e Redação: das 14:00 horas às 15:00 horas,

nas terças e quintas-feiras, na Sala “Deputado Solon Amaral”;

b) Comissão de Tributação, Finanças e Orçamento: das 14:00 horas às 15:00 horas,

nas quartas-feiras, na Sala “Deputado Solon Amaral”.

Compete aos Presidentes das demais Comissões fixar dia e horário para as

respectivas reuniões ordinárias, sendo obrigatória a realização de, no mínimo, 1 (uma) reunião

quinzenal, dando ciência disso ao Plenário.

3 Nas segundas (das 20:00 horas às 23:00 horas) e sextas-feiras (das 09:00 horas às 12:00 horas) são realizadas as sessões especiais ou Fórum de Debates (RI, art. 68, IV).

4 Tramitarão em regime de urgência as matérias de iniciativa do Governador, por solicitação deste, bem como de iniciativa parlamentar, dede que solicitado. Neste último caso, dependerá de aprovação plenária (RI, art. 106). Se a Assembleia Legislativa não se manifestar no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias sobre o projeto em regime de urgência, será este incluído na ordem do dia da sessão imediata, sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos, até que se ultime a votação (CE, art. 22, § 1º).

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O tempo de duração da reunião de qualquer Comissão será de 1 (uma) hora,

podendo ser prorrogado a requerimento de qualquer de seus membros, aprovado por maioria

absoluta.

A Comissão que não se reunir nos prazos mencionados poderá ser dissolvida e seus

membros destituídos por ato da Mesa Diretora, sendo encaminhadas à Comissão Mista as

matérias que nela estiverem em tramitação.

Entretanto, reuniões extraordinárias poderão ser convocadas pelo Presidente ou a

requerimento de um terço dos membros da Comissão, em dias e horários diversos dos previstos

para as reuniões ordinárias.

Antes, porém, de passar ao estudo propriamente dito da ordem das sessões e das

reuniões, mostra-se aconselhável evocar as normas de organização do Plenário e das Comissões,

pois as sessões e reuniões somente começarão efetivamente a ocorrer depois de escolhidos os

membros da Mesa Diretora e os membros e órgãos diretivos das Comissões.

5.3 Do Plenário: Ordem das Sessões (RI, arts. 73 e ss)

A sessão ordinária inaugural, independentemente de convocação, ocorrerá no dia 2

de fevereiro de cada ano, sendo transferida para o primeiro dia útil seguinte se essa data recair

em sábado, domingo ou feriado (RI, art. 7º).

A Mesa Diretora, composta pelo Presidente e 1º e 2º Secretários, dirigirá os

trabalhos do Plenário. Havendo número legal para o seu funcionamento e não se achando no

recinto qualquer membro da Mesa Diretora, assumirá a direção dos trabalhos o Deputado mais

idoso dentre os presentes, que convidará, para Secretários, 2 (dois) Deputados (RI, art. 10).

Registre-se, porém, que se à hora do início dos trabalhos, o Presidente não se achar

no recinto, será substituído pelo 1º Vice-Presidente ou, na falta deste, pelo 2º Vice-Presidente.

Tão logo compareça, o Presidente assumirá a direção dos trabalhos (RI, art. 19). Os Secretários

substituir-se-ão conforme sua numeração ordinal (1º, 2º, 3º e 4º Secretários) e, nessa ordem,

substituirão o Presidente nas faltas e impedimentos dos Vice-Presidentes (RI, art. 24).

O membro da Mesa Diretora somente pode participar de debates ou deixar o

Plenário passando o exercício do cargo ao substituto legal (RI, art. 12 c/c § 2º do art. 17).

Havendo proposição de sua autoria na ordem do dia no momento da discussão e

votação, O Presidente passará a direção dos trabalhos a seu substituto (RI, art. 17).

Portanto, à hora do início da sessão plenária os membros da Mesa e os Deputados

ocuparão seus lugares (RI, art. 73).

A presença dos Deputados será verificada no painel eletrônico, para efeito legal de

declaração de número, a fim de ser aberta a sessão.

Se, porém, não estiver presente o número exigido (quórum de abertura, que

representa, no mínimo, 1/3 dos Deputados), o Presidente deixará de abrir a sessão, declarando a

falta de quórum e transferindo toda a ordem do dia para a sessão seguinte.

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Somente por motivo de força maior, a sessão pode ser iniciada após o horário

regimental, durando, nessa hipótese, se necessário, as 3 (três) horas previstas.

Diariamente, a lista de presença dos Deputados será entregue ao Diretor da

Secretaria, pelo 1º Secretário, para fins de pagamento da remuneração. Considera-se presente o

Deputado que tenha registrado sua presença no painel eletrônico.

A sessão plenária é dividida em 3 (três) partes, com duração de até 3 (três) horas,

das 15:00 horas às 18:00 horas, das sessões de terças, quartas e quintas-feiras:

a) 1ª Hora: Pequeno Expediente;

b) 2ª Hora: Votação da Ordem do Dia;

c) 3ª Hora: Grande Expediente: discussões parlamentares.

5.4 Divisão da Sessão Plenária

5.4.1 Atos que Antecedem o Pequeno Expediente

Achando-se presentes no mínimo 1/3 (um terço) dos Deputados (quórum de

abertura, que corresponde a 14 (quatorze) Deputados), o Presidente abrirá a sessão, declarando

“sob a proteção de Deus, havendo número legal, declaro aberta a presente sessão”, convidando,

em seguida, um dos Deputados para fazer a leitura de um trecho da Bíblia Sagrada, a qual

permanecerá sobre a mesa dos trabalhos, no Plenário.

Aberta a sessão, o 2º Secretário fará a leitura da ata da sessão anterior, a qual, logo

após, será colocada em votação.

O Deputado somente poderá falar sobre a ata para retificá-la. No caso de qualquer

reclamação, o 2º Secretário prestará os necessários esclarecimentos e quando, apesar deles, o

Plenário reconhecer a procedência da observação, será feita a retificação, se for o caso, em termo

lavrado em sequência à ata emendada.

Depois de aprovada a ata, o 1º Secretário fará a leitura, por síntese, dos ofícios e

demais papeis recebidos e, de acordo com o despacho do Presidente, irá dando aos mesmos o

destino conveniente.

A seguir, o Presidente declarará oportuno o momento para apresentação dos

pareceres das comissões, projetos e requerimentos.

As proposições, que podem consistir em projetos de emenda constitucional, lei,

resolução, decreto legislativo, requerimentos, emendas e pareceres de Comissão, após

apresentadas à Mesa serão obrigatoriamente autenticadas e numeradas (RI, art. 111). E, sempre

que houver 2 (duas) ou mais proposições, sobre o mesmo assunto, serão elas anexadas uma à

outra, sendo partilhada a autoria dos projetos.

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5.4.2 1ª Hora: Pequeno Expediente

Finda a apresentação de matéria, passar-se-á ao pequeno expediente, quando até 9

(nove) Deputados, obedecida a ordem de inscrição e a proporção partidária, usarão da palavra

pelo prazo improrrogável de até 5 (cinco) minutos, sem apartes, sobre assunto de sua livre

escolha.

A falta de orador inscrito implicará a absorção do tempo destinado ao pequeno

expediente pela fase destinada à votação da ordem do dia.

5.4.3 2ª Hora: Votação da Ordem do Dia

A ordem do dia inicia com a leitura, pelo 1º Secretário, dos projetos apresentados na

sessão, os quais serão votados preliminarmente.

Somente ocorrerá a votação de matérias se houver a presença da maioria absoluta

dos Deputados (quórum de deliberação). Não havendo este quórum mínimo, a ordem do dia será

transferida para a sessão seguinte, sendo o tempo a ela destinado incorporado ao das discussões

parlamentares.

O Deputado que adentrar ao Plenário, após a chamada nominal e a tempo de

participar das votações, solicitará ao Presidente o registro de sua presença. Durante a votação

nenhum Deputado poderá deixar o recinto, sob pena de ser registrada a sua ausência, mesmo

que retorne posteriormente.

A votação não será interrompida, salvo se encerrada a hora destinada à sessão.

No momento da votação o Deputado poderá fazer declaração ou encaminhamento

de voto, durante 5 (cinco) minutos improrrogáveis, da própria bancada ou da tribuna, não

podendo ser aparteado.

No decorrer da discussão ou votação poderá ser feita a verificação de quórum, a

pedido de qualquer Deputado ou por determinação do Presidente e, uma vez verificada a

inexistência de número legal, passar-se-á à fase seguinte dos trabalhos, transferindo-se a

matéria da ordem do dia para a sessão seguinte e registrando-se em ata o nome dos faltosos.

5.4.4 3ª Hora: Grande Expediente: Discussões Parlamentares

Encerrada a votação da ordem do dia ou não havendo quórum para votação de

matérias, passar-se-á às discussões parlamentares, na qual o orador inscrito poderá ceder seu

tempo a outro Deputado inscrito ou não, oralmente ou mediante anotação no livro próprio.

É permitida a permuta da ordem de inscrição mediante anotação de próprio punho

dos permutantes no livro competente ou mediante declaração subscrita por ambos.

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Findos os trabalhos, ou esgotado o prazo da sessão, o Presidente, antes de encerrá-

la, informará a ordem do dia da sessão seguinte, providenciando a divulgação pública da mesma

na internet, na página da Assembleia.

Em caso de urgência ou interesse público, desde que submetido ao Plenário e

aprovado por maioria absoluta, poderá ser incluída matéria que não conste da ordem do dia,

redistribuindo-se cópia dessa aos Deputados antes do início da sessão.

2ª Parte – Técnica Legislativa Instrutor: Dr. Murilo Teixeira Costa

SUMÁRIO. 1. Princípios. 2. Regras sobre a Estruturação

das Leis. 3. Regra sobre a Epígrafe. 4. Regra sobre a

Ementa. 5. Regras sobre o Preâmbulo. 6. Regras sobre a

Vigência. 7. Regra sobre a Revogação. 8. Regras sobre a

Redação e Articulação das Leis. 9. Regra sobre o

Agrupamento de Artigos. 10. Regra sobre a Grafia dos

Capítulos, Títulos, Livros e Partes. 11. Regra sobre a

Identificação e a Grafia das Subseções e Seções. 12. Para

Obtenção de Ordem Lógica. 13. Regras sobre a

Alteração das Leis. 14. Regra sobre a Apresentação de

Emenda Parlamentar em Projeto de Lei de Iniciativa

Reservada.

A elaboração de leis, como toda produção científica, é uma atividade que deve ser

desenvolvida com técnica, seguindo alguns princípios e regras que procuram conferir clareza,

precisão e ordem lógica à redação normativa.

A Lei Complementar n. 33, de 1º de agosto de 2001 (LC nº 33/01), estabelece os

princípios e as regras fundamentais sobre a elaboração e a redação das leis. Ela atende ao

comando do art. 18, § 1º, da Constituição do Estado de Goiás, que dispõe que lei complementar

regulará a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

Vejamos, portanto, quais são os princípios e as regras fundamentais de técnica

legislativa.

1. Princípios (art. 6º da LC nº 33/01):

a) excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto;

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b) a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este não vinculada por

afinidade, pertinência ou conexão;

c) o âmbito de aplicação da lei será estabelecido de forma tão específica quanto o

possibilite o conhecimento técnico ou científico da área respectiva;

d) o mesmo assunto não poderá ser disciplinado por mais de uma lei, exceto quando

a subsequente se destine a complementar lei considerada básica, vinculando-se a

esta por remissão expressa;

e) não é permitida a autorização legislativa para a prática de atos de competência

do Poder Legislativo pelos demais Poderes e órgãos do Estado, salvo nos casos

expressos nas Constituições Federal e Estadual;

f) para apresentação de proposta legislativa, deverá o autor certificar-se de que a

espécie normativa eleita afigura-se como a única forma de regular a matéria;

g) restringir o conteúdo de cada artigo da lei a um único da lei a um único assunto

ou princípio.

2. Regras sobre a estruturação das Leis:

A lei será estruturada em três partes básicas: preliminar; normativa; e final.

a) parte preliminar: compreende a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enunciado do

objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições normativas.

Exemplo:

“LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000. (EPÍGRAFE)

Estabelece normas de finanças públicas

voltadas para a responsabilidade na gestão

fiscal e dá outras providências. (EMENTA)

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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e

eu sanciono a seguinte Lei Complementar: (PREÂMBULO)

Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para

a responsabilidade na gestão fiscal, com ampara no Capítulo II do Título VI da

Constituição. (ENUNCIADO DO OBJETO)

(...)

§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios. (INDICAÇÃO DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO DAS

DISPOSIÇÕES NORMATIVAS)

(...)”

b) parte normativa: compreende o texto das normas de conteúdo substantivo

relacionadas com a matéria regulada. Vem logo após a parte preliminar.

Exemplo:

“LEI Nº 11.211, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2005. (parte preliminar) Dispõe sobre as condições exigíveis para a identificação do couro e das matérias-primas sucedâneas, utilizados na confecção de calçados e artefatos. (parte preliminar)

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: (parte preliminar) Art. 1o Esta Lei estabelece as condições exigíveis para a identificação do couro e das matérias-primas sucedâneas, utilizados na confecção de calçados e artefatos. (parte preliminar) Art. 2o Ficam as empresas fabricantes ou importadoras de calçados e artefatos, descritos nos Anexos I e II desta Lei, obrigadas a identificar por meio de símbolos os materiais empregados na fabricação dos respectivos produtos, quando destinados a consumo no mercado brasileiro. (parte normativa) Art. 3o Na identificação do material usado na fabricação do calçado, os símbolos devem caracterizar a natureza do material empregado na fabricação do cabedal, forro e sola, observando-se: (parte normativa) I – os símbolos e números são estampados ou impressos em cor contrastante, em local próprio, de forma visível e legível, em português, de modo a facilitar a identificação pelo consumidor; (parte normativa)

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II – a identificação é aplicada na parte posterior da palmilha-forro (palmilha interna), correspondente ao calcanhar. (parte normativa) Art. 4o No emprego de materiais de diferentes naturezas, o produto ou a parte correspondente será identificada pelo material que a compuser em mais de 50% (cinquenta por cento) de sua superfície. (parte normativa) Art. 5o Na identificação dos materiais empregados na fabricação de produtos descritos no Anexo II desta Lei, o símbolo será aposto na parte interna, sem prejuízo de sua visibilidade. (parte normativa) Art. 6o A identificação de materiais empregados na fabricação de estofados, móveis e automotivos, será feita por meio de etiqueta impressa, fixada na costura, em uma das faces laterais. (parte normativa) (...)”

c) parte final: compreende as disposições pertinentes às medidas necessárias à

implementação das normas de conteúdo substantivo, às disposições transitórias,

se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revogação, quando couber.

Exemplo:

“Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.

Institui o Código Civil

............................................................................................

LIVRO COMPLEMENTAR DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. Art. 2.029. Até dois anos após a entrada em vigor deste Código, os prazos estabelecidos no parágrafo único do art. 1.238 e no parágrafo único do art. 1.242 serão acrescidos de dois anos, qualquer que seja o tempo transcorrido na vigência do anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916. (...) Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)) (...) Art. 2.033. Salvo o disposto em lei especial, as modificações dos atos constitutivos das pessoas jurídicas referidas no art. 44, bem como a sua transformação, incorporação, cisão ou fusão, regem-se desde logo por este Código.

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Art. 2.034. A dissolução e a liquidação das pessoas jurídicas referidas no artigo antecedente, quando iniciadas antes da vigência deste Código, obedecerão ao disposto nas leis anteriores. Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. (...) Art. 2.041. As disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto na lei anterior (Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916). (...) Art. 2.043. Até que por outra forma se disciplinem, continuam em vigor as disposições de natureza processual, administrativa ou penal, constantes de leis cujos preceitos de natureza civil hajam sido incorporados a este Código. Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação. Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho de 1850. Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legislativos, aos Códigos referidos no artigo antecedente, consideram-se feitas às disposições correspondentes deste Código.”

3. Regra sobre a epígrafe: deve ser grafada em caracteres maiúsculos, propiciará

identificação numérica singular à lei e será formada pelo designativo da espécie normativa, pelo

número respectivo e pelo ano de promulgação.

Exemplo: LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000.

Errado: Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.

4. Regra sobre a ementa: será grafada por meio de caracteres que a realcem e

explicitará, de modo conciso e sob a forma de título, o objeto da lei.

Exemplo:

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“Estabelece normas de finanças públicas

voltadas para a responsabilidade na gestão

fiscal e dá outras providências.”

5. Regra sobre o preâmbulo: indicará o órgão ou instituição competente para a

prática do ato, e sua base legal. No caso de projeto de lei complementar, deve-se indicar no

preâmbulo, como base legal, o dispositivo da constituição que autoriza a edição daquela norma.

A redação do preâmbulo também sofre variação na hipótese de rejeição de veto e no caso de

sanção tácita.

Exemplos:

“A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS, nos termos do art. 10 da

Constituição Estadual, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:”

“A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS, nos termos do art. 90 da

Constituição Estadual, decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:”

6. Regras sobre a vigência: será indicada de forma expressa e de modo a

contemplar prazo razoável para que se tenha amplo conhecimento da lei, antes de sua entrada

em vigor. Dessa forma, os destinatários da lei não serão pegos de surpresa e terão um tempo

razoável para se adaptar aos seus ditames.

Nesta perspectiva, a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” deve ser

reservada para as leis de pequena repercussão.

Regra sobre contagem de prazo: A contagem do prazo para entrada em vigor das leis

que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último

dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral.

As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula “entra em

vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação”.

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7. Regra sobre a revogação: a cláusula de revogação deverá enumerar,

expressamente, as leis ou disposições legais revogadas. A expressão “revogam-se as disposições

em contrário” não deve ser utilizada, pois a revogação deve ser expressa.

Certo: Art. 9º Fica revogada a Lei nº xxxxx.

Errado: Art. 9º Revogam-se as disposições em contrário.

8. Regras sobre a articulação e redação das leis:

a) a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura “Art.”,

seguida de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste.

Exemplo: Art. 1º; Art. 2º ... Art. 9º (numeração ordinal até o artigo nono) e

numeração cardinal a partir deste: Art. 10. ... Art. 11. ... e assim por diante.

b) regra de desdobramento dos dispositivos legais: os artigos desdobrar-se-ão em

parágrafos ou em incisos; os parágrafos em incisos, os incisos em alíneas e as alíneas em itens.

c) regra sobre a utilização do parágrafo: os parágrafos são utilizados para expressar

os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por

este estabelecida.

Exemplo: Constituição da República

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados

e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e

tem como fundamentos:

............................................................

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Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

(...)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

............................................................

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre

questões específicas das materiais relacionadas neste artigo.

d) regra sobre a utilização do inciso, da alínea e do item: os incisos, as alíneas e os

itens servem para promover as discriminações e enumerações.

Exemplo: Constituição da República

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,

desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mão brasileira, desde que

qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

............................................

II – naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos

originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto

e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do

Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que

requeiram a nacionalidade brasileira.

e) regra sobre a representação dos parágrafos: os parágrafos serão representados

pelo sinal gráfico “§”, seguido de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste,

utilizando-se, quando existente apenas um, a expressão “parágrafo único” por extenso.

f) regra sobre a representação dos incisos: os incisos serão representados por

algarismos romanos.

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g) regra sobre a representação das alíneas: as alíneas serão representadas pelas

letras do alfabeto brasileiro, grafadas em minúsculo.

h) regra sobre a representação dos itens: os itens serão representados por

algarismos arábicos.

9. Regra sobre o agrupamento de artigos: o agrupamento de artigos poderá

constituir Subseções; o de Subseções, a Seção; o de Seções, o Capítulo; o de Capítulos, o Título; o

de Títulos, o Livro; e o Livros, a Parte. Essa composição poderá também compreender

agrupamentos em Disposições Preliminares, Gerais, Finais ou Transitórias, conforme necessário.

10. Regra sobre a grafia dos Capítulos, Títulos, Livros e Partes: serão grafados

em letras maiúsculas e identificados por algarismos romanos, podendo as Partes desdobrar-se

em Parte Geral e Parte Especial, ou ser subdivididas em partes expressas em numeral ordinal,

por extenso.

11. Regra sobre a identificação e a grafia das subseções e Seções: serão

identificadas em algarismos romanos, grafadas em letras minúsculas e postas em negrito ou

caracteres que as coloquem em realce.

12. Para a obtenção de ordem lógica, reunir sob as categorias de agregação -

subseção, seção, capítulo, título e livro – apenas as disposições relacionadas com o objeto da

lei.

13. Regras sobre alteração das leis:

a) é vedada, mesmo quando recomendável, qualquer renumeração de artigos e de

unidade superiores ao artigo, devendo ser utilizado o mesmo número do artigo ou unidade

imediatamente anterior, seguido de letras maiúsculas, em ordem alfabética, tantas quantas

forem suficientes para identificar os acréscimos.

Exemplo: Constituição da República

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Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para

um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:

b) é vedado o aproveitamento do número de dispositivo revogado, vetado,

declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal de Justiça, de

execução suspensa pelo Senado Federal em face de decisão do Supremo Tribunal Federal,

devendo a lei alterada manter essa indicação, seguida da expressão “revogado”, “vetado”,

“declarado inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo

Tribunal de Justiça”, ou “execução suspensa pelo Senado Federal, na forma do art. 52, X, da

Constituição Federal”;

c) é admissível a reordenação interna das unidades em que se desdobra o artigo,

identificando-se o artigo assim modificado por alteração de redação, supressão ou acréscimo

com as letras “NR” maiúscula, entre parênteses, uma única vez ao seu final.

Exemplo: Lei nº 15.405, 04 de outubro de 2005.

Art. 1o O art. 2

o da Lei n

o 13.605, de 29 de março de 2000, passa a vigorar acrescido do seguinte

parágrafo: “Art. 2

o (...)

................................................................................. § 3

o O Programa Renda Cidadã deve beneficiar, prioritariamente, famílias integradas por pessoas

portadoras de deficiência ou hanseníase”. (NR)

14. Regra sobre a apresentação de emenda parlamentar em projeto de lei de

iniciativa reservada: os projetos de lei de iniciativa reservada dos demais Poderes e do

Ministério Público podem ser objeto de emenda parlamentar, desde que não provoque aumento

de despesa e mantenha pertinência temática em relação ao projeto original.

Entende-se por pertinência temática a correlação que deve haver entre a inovação e

o objeto do projeto original.

Veto: é o ato que manifesta a discordância, total ou parcial, do Chefe do Poder

Executivo com o projeto de lei aprovado, por razões jurídicas (inconstitucionalidade) ou

políticas (contrariedade ao interesse público). Ele deve ser efetivado no prazo de quinze dias

úteis, contados da data do recebimento do projeto de lei pelo Chefe do Poder Executivo, o qual

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deve comunicar, dentro de quarenta e oito horas, ao Poder Legislativo, as razões do veto (CE, art.

23, § 1º).

O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou

de alínea, ou seja, não se admite que o veto alcance somente determinada expressão de um

dispositivo (veto de cauda).

Ao ser encaminhada ao Poder Legislativo, a mensagem de veto será apreciada

dentro de trinta dias, só podendo ser rejeitada pelo voto da maioria absoluta dos Deputados, em

escrutínio secreto. Na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, portanto, são necessários 21

(vinte e um) votos para que o veto seja rejeitado. Admite-se a rejeição parcial do veto total.

A apreciação do veto no plenário deverá ser feita em um turno de discussão e

votação, momento no qual poderão falar até nove deputados, pelo prazo de dez minutos cada

um, respeitada a proporção partidária, permitindo-se apartes. No momento da votação o voto

não mantém o veto, e o voto sim rejeita o veto.

Caso o veto seja rejeitado, a lei será enviada ao Chefe do Poder Executivo para ser

promulgada dentro de quarenta e oito horas, sendo que, uma vez esgotado esse prazo, sem

manifestação, a lei retornará ao Presidente da Casa Legislativa para promulgá-la e, se este não o

fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente fazê-lo (CE, art. 23, §§ 6º e 7º).

Sanção: é o ato que manifesta a concordância do Chefe do Poder Executivo com o

projeto de lei aprovado. Ela pode ser expressa ou tácita. A sanção expressa ocorre quando o

Chefe do Poder Executivo, dentro do prazo de quinze dias úteis do recebimento do autógrafo de

lei, manifesta, expressamente, sua concordância com o projeto de lei. Nesta hipótese, a

promulgação é automática e a lei deve ser encaminhada para a publicação.

A sanção tácita dá-se quando o Chefe do Poder Executivo deixa transcorrer o

referido prazo de quinze dias úteis sem opor veto ao projeto de lei. Neste caso, o projeto de lei é

considerado sancionado tacitamente, devendo a respectiva lei ser promulgada, dentro de

quarenta e oito horas, pelo Chefe do Poder Executivo, sendo que, uma vez esgotado esse prazo,

sem manifestação, a lei retornará ao Presidente da Casa Legislativa para promulgá-la e, se este

não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente fazê-lo (CE, art. 23, §§ 6º e 7º). A

promulgação, na hipótese de sanção tácita, não é automática.

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3ª Parte – Principais questões administrativas relacionadas a

pessoal de Gabinete Instrutor: Dr. Gabriel Jardim Caixeta

O ocupante de uma função gratificada é regido pela Resolução nº

1.118/03.

Principais pontos a serem enumerados:

A) Expediente: 40 horas semanais (art. 6º);

B) Local de lotação: Gabinete do Parlamentar ou outro local em que o

titular do mandato designar, como nos municípios de representação parlamentar (arts. 1º, §2º e

6º);

C) Regime Previdenciário: Regime Geral de Previdência Social –

RGPS (art. 7º);

D) Direitos dos ocupantes de função gratificada (art. 8º)

d') férias anuais de trinta dias, concedidas preferencialmente em

janeiro ou julho;

d'') adicional de férias, correspondente a 1/3 da gratificação;

d''') gratificação natalina (décimo terceiro salário);

d'''') licenças tais como previstas pelo Regime Geral de Previdência

Social. Importante: a estabilidade provisória no cargo depende de decisão do INSS, não

bastando mero atestado médico. Há também estabilidade da gestante, da confirmação da

gravidez até cinco meses após o parto, além do salário maternidade.

d''''') indenização em virtude de revogação da gratificação de

representação, consistente no pagamento de férias e décimo terceiro, integrais ou

proporcionais. A indenização será calculada conforme a retribuição do mês em que for

publicado o ato revogatório.

E) Deveres dos ocupantes de função gratificada (art. 4º). Além da

assiduidade, da urbanidade, da eficiência, da probidade, etc: exercer as funções que lhe forem

designadas, as quais compreendem diferentes níveis de complexidade, tais como redação de

correspondência; de discurso; de parecer do parlamentar; atendimento a pessoas

encaminhadas ao gabinete; serviços de secretaria e digitação; pesquisa e acompanhamento

interno e externo de assuntos de interesse do parlamentar; recebimento e entrega de

correspondência, etc.

F) Acúmulo de cargos.