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XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós- Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência Universidade do Vale do Paraíba 1 Currículo Escolar: “Quem realmente o conhece?” Rosângela Ribeiro¹, Sonia Cristina Fagundes Carraro² Orientadora:Juliane da Rocha Moraes 1 BILAC, Faculdade de pedagogia Bilac, 4PDA, [email protected] 2 BILAC, Faculdade de pedagogia Bilac, 4PDA, [email protected] Resumo - Esse estudo buscou apresentar conceitos e definições de currículo sob a óptica de vários autores, intercalado com opiniões sobre saberes adquiridos em sala de aula, observação in loco, entrevistas feitas com diretores escolares, docentes, alunos e pais de alunos e de como vêem o currículo em sua escola. Em que sentido diz-se que o currículo pode ser a identidade, a marca registrada de uma unidade escolar. Inferências feitas a partir de estudos e definições sobre o currículo oculto e de como esse pode ser encarado pelos orientadores e por docentes. Palavras-chave: Currículo Oculto, escola, docente, aluno. Área do Conhecimento: Humanas (Educação) Introdução O nível de profissionalização dos professores, a interação da equipe gestora com os funcionários e a maneira como esse todo trabalha para a construção do conhecimento, imprime na unidade escolar uma marca indelével. Como síntese, se pode destacar: 1. “Que o currículo é a expressão da função socializadora da escola; 2. Que é um instrumento que cria toda gama de usos, de modo que é imprescindível para compreender o que costumamos chamar de prática pedagógica; 3. Além disso, está estreitamente relacionado com o conteúdo da profissionalização dos docentes. O que se entende por bom professor e as funções que se pede que desenvolva depende da variação nos conteúdos, finalidades e mecanismos de desenvolvimento curricular; 4. No currículo se entrecruzam componentes e determinações muito diversas: pedagógicas, políticas, práticas administrativas, produtivas de diversos materiais, de controle sobre o sistema escolar, de inovação pedagógica, etc.; 5. Por tudo o que foi dito, o currículo, é um ponto central de referência na melhora da qualidade de ensino, na mudança das condições da prática, no aperfeiçoamento dos professores, na renovação da instituição escolar em geral e nos projetos de inovação dos centros escolares”. (SACRISTAN, 2000, pag.32) Corroborando com nossas considerações em sala de aula, de que currículo envolve muito mais do que uma relação de conteúdos: “Questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e administrador/professor, quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes sociais (classe dominante/classe dominada) e questões raciais, étnicas e de gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos”. (HORNBURG e SILVA, 2007, p.1) José de Almeida, filósofo, docente da PUC SP e vice presidente da TV Cultura, é de longa data que docentes de vários países se questionam sobre o que deve ser ministrado em sala de aula. E por muito tempo repassado saberes que a humanidade havia acumulado por milênios. Em tempos recentes, porém, apenas esses saberes não tem se mostrado suficientes para atender a demanda dos avanços por que passou a humanidade. Além disso, a escola se viu na necessidade de ensinar tudo o que uma pessoa precisa aprender durante sua formação. Aliada a essa formação quase que universal, a escola, em alguns lugares cuida até de aspectos sociais da família do educando, como planejamento familiar, auxilio alimentação, entre outros benefícios de que são carentes essas famílias. Almeida, citando o educador português Antonio Nóvoa, disse que quando o conheceu em Genebra, Suíça, impressionou-se com a

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XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e III Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba

1

Currículo Escolar: “Quem realmente o conhece?”

Rosângela Ribeiro¹, Sonia Cristina Fagundes Carraro²

Orientadora:Juliane da Rocha Moraes

1BILAC, Faculdade de pedagogia Bilac, 4PDA, [email protected]

2BILAC, Faculdade de pedagogia Bilac, 4PDA, [email protected]

Resumo - Esse estudo buscou apresentar conceitos e definições de currículo sob a óptica de vários

autores, intercalado com opiniões sobre saberes adquiridos em sala de aula, observação in loco, entrevistas feitas com diretores escolares, docentes, alunos e pais de alunos e de como vêem o currículo em sua escola. Em que sentido diz-se que o currículo pode ser a identidade, a marca registrada de uma unidade escolar. Inferências feitas a partir de estudos e definições sobre o currículo oculto e de como esse pode ser encarado pelos orientadores e por docentes. Palavras-chave: Currículo Oculto, escola, docente, aluno. Área do Conhecimento: Humanas (Educação)

Introdução

O nível de profissionalização dos professores, a interação da equipe gestora com os funcionários e a maneira como esse todo trabalha para a construção do conhecimento, imprime na unidade escolar uma marca indelével.

Como síntese, se pode destacar:

1. “Que o currículo é a expressão

da função socializadora da escola;

2. Que é um instrumento que cria toda gama de usos, de modo que é

imprescindível para compreender o que costumamos chamar de prática

pedagógica;

3. Além disso, está estreitamente

relacionado com o conteúdo da profissionalização dos docentes. O que se

entende por bom professor e as funções que se pede que desenvolva depende da

variação nos conteúdos, finalidades e mecanismos de desenvolvimento curricular;

4. No currículo se entrecruzam

componentes e determinações muito

diversas: pedagógicas, políticas, práticas administrativas, produtivas de diversos

materiais, de controle sobre o sistema escolar, de inovação pedagógica, etc.;

5. Por tudo o que foi dito, o

currículo, é um ponto central de referência na melhora da qualidade de ensino, na

mudança das condições da prática, no

aperfeiçoamento dos professores, na renovação da instituição escolar em geral e

nos projetos de inovação dos centros escolares”. (SACRISTAN, 2000, pag.32)

Corroborando com nossas considerações

em sala de aula, de que currículo envolve muito mais do que uma relação de conteúdos:

“Questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e administrador/professor,

quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano da escola e fora dela,

ou seja, envolve relações de classes sociais (classe dominante/classe

dominada) e questões raciais, étnicas e de

gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos”. (HORNBURG e SILVA,

2007, p.1)

José de Almeida, filósofo, docente da PUC – SP e vice – presidente da TV Cultura, é de longa data que docentes de vários países se questionam sobre o que deve ser ministrado em sala de aula. E por muito tempo repassado saberes que a humanidade havia acumulado por milênios.

Em tempos recentes, porém, apenas esses saberes não tem se mostrado suficientes para atender a demanda dos avanços por que passou a humanidade. Além disso, a escola se viu na necessidade de ensinar tudo o que uma pessoa precisa aprender durante sua formação.

Aliada a essa formação quase que universal, a escola, em alguns lugares cuida até de aspectos sociais da família do educando, como planejamento familiar, auxilio alimentação, entre outros benefícios de que são carentes essas famílias.

Almeida, citando o educador português Antonio Nóvoa, disse que quando o conheceu em Genebra, Suíça, impressionou-se com a

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capacidade que ele tinha em dar consistência a práticas educativas.

Nóvoa defende a ideia de que não se pode pretender que a escola resolva todos os problemas da sociedade e que é preciso “dar à escola o que é da escola e o que dar à sociedade o que é da sociedade”.

Nesse sentido, pode-se afirmar que quando se espera que a escola resolva tanto problemas sociais quanto didáticos, corre-se um sério risco que um seja negligenciado em detrimento do outro.

Nessa mesma linha de Nóvoa, o educador Paulo Freire, lembrado por Almeida, ressaltava que o educar não é aplicar conhecimento na cabeça das crianças, como se faz depósitos em contas bancárias. O educador precisa levar em conta o que a criança traz do seu contexto social pra dentro da sala de aula e fazer disso caminho a ser percorrido pela prática do saber.

Depois da contribuição de Piaget, Vygotsky e outros pesquisadores, soubemos que a construção do conhecimento se dá por meio de um longo processo de trocas, assimilações, acomodações, adaptações e elaborações.

Para Almeida, cabe à escola direcionar-se para um currículo que leve em consideração as necessidades pedagógicas dos alunos e as características da sociedade a qual está inserida a escola, adaptando-se às diretrizes dos currículos nacionais.

“Que organizam a base da subjetividade e da experiência do aluno.” (MOREIRA e SILVA, 2002:96) TECNOLOGIA EDUCATIVA.

Em muitas escolas os laboratórios de informática compõem o arsenal tecnológico.

Muitas mudanças já foram realizadas e outras estão previstas, mas será que os currículos estão sendo observados?

É importante avaliar como os currículos nessas escolas são trabalhados quando aliados à tecnologia. Sabe-se que muitas vezes isso ainda é feito de forma fragmentada, ou seja, ainda existe a tal grade curricular que vê as disciplinas isoladamente.

É nesse contexto que está a urgência de se pensar em um currículo transdisciplinar, que faça com que as áreas do conhecimento estejam integradas e conectadas.

Cada área do saber tem seu valor e suas especificidades, mas é preciso reconhecer que nenhuma delas deve prevalecer sobre as outras. Cada uma deve ser respeitada em sua essência.

Para Vitor Paro, professor da USP, diretor que não decide tudo sozinho, professor que trabalha em parceria e aluno responsável por sua própria aprendizagem são aspectos determinantes para a construção de um currículo democrático.

Porém, não é isso o que se vê na maioria das escolas.

Acrescenta ainda que se pode alcançar esse modelo de currículo quando o educador aprende a reconhecer a subjetividade do outro e isso só se consegue numa gestão democrática.

Não se pode falar de currículo sem mencionar:

“Currículo Oculto”

O currículo oculto é o mais interessante de se observar in loco, pois não parece ser tão oculto assim.

É mais explicito do que se imagina, está em conversas numa roda de professores, está na própria maneira como esse encara o aluno e o que pensa sobre ele, numa frase solta em sala de aula, em como os funcionários da unidade escolar tratam sua clientela.

Pode-se definir currículo oculto nas escolas como o conjunto de normas sociais, princípios e valores transmitidos tacitamente através do processo de escolarização. Não aparece explicitado nos planos educacionais, mas ocorre sistematicamente produzindo resultados não acadêmicos, embora igualmente significativos.

É o conteúdo implícito, geralmente inconsciente que acompanha as atividades escolares. É o ensino da submissão, do preconceito e do individualismo, assim como o da autonomia e da solidariedade.

O currículo oculto nas escolas serve para reforçar as regras que cercam a natureza e o uso dos conflitos, e estabelece uma rede de suposições que visa determinar regras sobre a conduta dos estudantes. Em um currículo oculto, as suposições em sala de aula não podem ser planejadas, pelo próprio fato de serem escondidos e incidentais. Dessa maneira, um tema importante ou um assunto de interesse fica sujeito a um acontecimento para vir à tona. A orientação educacional tem o compromisso de auxiliar a escola em sua função social, criando ou reformulando ações pedagógico-educacionais e favorecendo a articulação de valores que resultem em atitudes éticas no âmbito do convívio social. Está sob sua responsabilidade desencadear ações que ampliem o diálogo e a compreensão entre os protagonistas da comunidade, sem jamais negar a natureza dos conflitos. O exercício dessas competências só é possível quando o orientador educacional deixa a rotina de sua sala e se insere em outros espaços para procurar e explicitar os elementos do currículo oculto. As ações serão eficazes quando contribuírem para melhorar a qualidade do ensino e da

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aprendizagem, o que requer a interlocução com a equipe docente e o entendimento do sujeito como um ser histórico, crítico e social. É muito importante sua participação nos momentos de formação dos professores, desenvolvendo estratégias para problematizar o convívio e as relações entre as pessoas.

Ainda que a instituição não conte com um cargo específico para essa função, suas atribuições precisam ser realizadas no dia a dia. O orientador pedagógico deve ser capaz de identificar se a ação docente está de acordo com os princípios que norteiam o projeto pedagógico da escola.

Compreender as características da diversidade da família moderna e seus impactos na Educação. Informar-se sobre as principais características dos alunos com necessidades educativas especiais e como garantir a socialização e a aprendizagem. Sendo assim, os professores devem estar preparados para trabalhar com temáticas em aula.

Trata-se de promover coletivamente o abandono do discurso pessimista e paralisador do fracasso da escola e do aluno e debruçar-se sobre os obstáculos que precisam ser superados. Dessa forma, o avanço escolar de um currículo pode ser construído com base nos interesses dos alunos e da comunidade escolar e acontecerá por meio do diálogo, da problematização do contexto real e da provocação da consciência crítica dos envolvidos de forma explícita, tanto nas propostas escolares quanto nas práticas em sala de aula. A integração do educacional com o pedagógico só funciona nas escolas que acreditam e apostam na troca de experiências e saberes, com o apoio institucional necessário e a adesão de gestores e docentes que não temem buscar oportunidades para propiciar o desenvolvimento de suas competências profissionais.

De acordo com Telma Vinha, professora de psicologia da Unicamp, um dos papéis mais importantes do orientador é gerenciar o currículo oculto.

A maior parte dos problemas enviados para a sala dele (exclusão de sala de aula, furto, briga, bulling, mau uso dos espaços coletivos, cola em provas, plágio de trabalho, atitude de desrespeito ao professor) está vinculada a esses “currículos” que são ensinados e aprendidos de forma não explícita nas relações interpessoais que se constroem na escola.

Para Telma, o orientador precisa ter certo distanciamento da problemática para que possa analisar as questões envolvidas.

Também é responsabilidade do orientador promover ações que ampliem o diálogo e a compreensão entre os protagonistas, sem jamais negar a natureza dos conflitos.

Todo esse esforço no sentido de resolver as questões seja entre alunos, ou entre professor-aluno entra no exercício de explicitar o currículo oculto.

Ele está presente no cotidiano escolar sob a forma de aprendizagens não planejadas. É o resultado das relações interpessoais desenvolvidas na escola, da hierarquização entre administradores, direção, professores e alunos e da forma como os alunos são levados a se relacionarem com o conhecimento.

No cotidiano escolar, os alunos desenvolvem saberes que não constam nos planejamentos. Alguns, inclusive, não são desejados pelo professor e são aprendidos através das rotinas.

A escola produz tipos particulares de conhecimentos em concordância com as relações sociais de produção capitalista, entre as quais a obediência, o trabalho alienado com avaliação externa e outros.

Para Bowles e Gintis (1981), existe o princípio da correspondência entre as relações escolares e as sociais. Os autores colocam que a hierarquização escolar e as relações sociais desenvolvidas no interior da escola correspondem às relações sociais de trabalho na sociedade capitalista.

Sendo assim, a escola teria como função a reprodução da força de trabalho por meio de suas relações sociais. Os autores não citam a expressão currículo oculto, mas consideram existir aprendizagens importantes não figuradas nos planejamentos.

Numa abordagem diferenciada, Silva (1992) considera que o tipo de relação estabelecido entre aluno e conhecimento é que produz um currículo oculto. Em seu estudo, conclui que, sob a aparência de uma escolarização de mesmo formato (séries, ano, horário), os alunos experimentam tipos bastante diversos de escolarização.

Nas escolas que atendem a crianças de classes baixa e média, o conhecimento é aprendido numa relação de subordinação, ao passo que na escola de alunos de classes média e alta a aprendizagem contempla os princípios que estão por trás da produção do conhecimento.

Podemos observar que existem divergências entre os autores a respeito de quais fatores produzem o currículo oculto nas escolas. Estes fatores variam desde as relações interpessoais até a relação que se estabelece entre alunos e conhecimentos.

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Em contrapartida, é possível notar que o currículo oculto é resultado da prática pedagógica dos professores, seja por meio das relações pessoais ou do trato com o conhecimento.

Materiais e Métodos

Realizamos uma pesquisa etnográfica, qualitativa e quantitativa.

Em busca de novas versões sobre currículo, elaboramos um questionário, uma entrevista fechada, e esta entrevista foram encaminhados para dois Diretores, vinte Professores, vinte Pais e vinte Alunos, com as seguintes perguntas:

Entrevista para diretor 1. Qual a sua formação?

2. Porque buscou esta função? 3. Defina o seu perfil como diretor da

escola?

4. De uma maneira geral, quais são as atribuições do diretor em relação ao currículo?

5. Quais os conhecimentos básicos que uma pessoa precisa ter para exercer a função de diretor escolar?

6. Você acredita na autonomia da escola em relação ao currículo? Justifique

7. Como transformar a gestão em gestão democrática?

8. Como é o planejamento escolar?

9. Quais as maiores dificuldade encontradas para a realização do currículo?

10. Como é seu relacionamento com o corpo docente?

Entrevista para professores 1. O que é o currículo escolar?

2. Como é desenvolvido o currículo escolar? 3. Como são as relações no ambiente escolar?

4. Descreva características da equipe gestora da sua escola 5. O que você faria se fosse diretor da

sua escola com relação ao currículo?

Entrevista para os pais 1. Como é o currículo da sua escola?

2. Você participa das decisões em relação ao currículo da escola?

3. Você gosta da escola? Por quê?

4. Descreva características da equipe gestora da sua escola

5. O que você faria se fosse diretor da sua escola em relação à aprendizagem dos alunos?

6. Como são tratados os pais na sua escola

Entrevista para alunos 1. Você gosta da sua escola?

2. Como é a participação dos alunos nas decisões?

3. Como são as aulas na escola?Justifique

4. Como é a relação dos alunos com o diretor?

5. O que você ensinaria se fosse professor?

6. O que você mudaria em sua escola?

Resultados

Mediante as perguntas da entrevista pronta, nos encaminhamos às unidades escolares situada na região sul e leste de São José dos Campos. Na escola da região sul, fomos muito bem acolhidas, a Diretora logo se prontificou a responder a entrevista, aliás, ela acabou por digitá-las e também autorizou a fazer com os professores, pais e alunos. Em uma das entrevistas com alunos, um deles me disse que gostaria de tirar os professores mais antigos das salas de aulas, pra poder colocar outros mais humildes.

Já na escola da zona leste, a diretora da escola entrevistada relutou bastante em fornecer a entrevista dela, e quanto à dos pais e alunos não autorizou, mostrando assim muita insegurança no trabalho desenvolvido, talvez temendo possíveis críticas.

Quando soube que alguns professores haviam concordado em responder a entrevista, pediu que mostrássemos a ela, ferindo assim, toda e qualquer ética profissional.

O que se percebe é que os professores tem uma visão muito limitada do que seja currículo, salvo raras exceções.

Em uma das entrevistas, uma professora desabafa sua desilusão com a área educacional e diz que os “poderosos da educação” precisam entender que a escola existe para atender interesses da comunidade e não exigências dos órgãos centrais da Secretaria da Educação e de outras instituições.

Uma mãe ao responder à pergunta: Como é o currículo da sua escola, respondeu que não sabia, pois o currículo escolar não é exposto aos pais, que é instituído e aplicado.

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Conclusão

As novas teorias de currículo escolar nos

apresentam um recurso, não de resistência, mas de acréscimo a que leis já existentes e que buscam dar conta de um universo educacional mais extenso, mais amplo.

O currículo escolar atual não é, portanto, o mesmo proposto pela tradição escolar e conservado de igual maneira por todas as escolas.

Pode-se mesmo dizer que, na era da tecnologia, o currículo passa a ser definido como sendo todas as situações vividas pelo aluno dentro e fora da escola, seu cotidiano, suas relações, as experiências de vida acumuladas por esse aluno ao longo de sua existência.

É importante dizer que para a formação do currículo escolar individual de cada aluno, a organização da vida particular de cada um constitui-se no principal instrumento de trabalho para que o professor possa explorar no desenvolvimento de suas atividades.

Logo, o que se quer dizer é que a escola deve na experiência cotidiana do aluno, buscar elementos que subsidiem a sua ação pedagógica e, ao mesmo tempo, recursos que contribuam para a formação do currículo escolar dos educandos.

A escola não pode esquecer que quando os alunos chegam, eles já possuem uma história de vida, recebem influências fora da escola e apresentam um comportamento individual, social e uma vivência sociocultural específica ao ambiente de origem de cada um deles.

Todas essas características individuais dos alunos integram elementos básicos que auxiliam na formação do currículo escolar.

A sociedade de um modo geral tem feito progressos significativos em vários aspectos e a escola nem sempre acompanha essas evoluções para favorecer o acesso ao conhecimento.

Para tanto, se faz necessário que essa instituição que trabalha diretamente com o processo educacional do ser humano entenda e tenha clareza do que quer alcançar e aonde quer chegar.

A escola precisa ter objetivos bem definidos, para que possa desempenhar bem o seu papel social, onde a maior preocupação deve ser o crescimento intelectual, emocional e social do aluno. Então, é que entra a importância do currículo escolar e o uso adequado da tecnologia educativa buscando as suas fontes de inspirações no saber e nas necessidades do contexto social onde a comunidade escolar está inserida.

Sendo assim, acredita-se que nas escolas observadas, as articulações entre teoria e a prática do currículo escolar tem sido favorável em determinados aspectos da prática docente.

Os professores tem se esforçado para relacionar os conteúdos escolares a aspectos da vida dos alunos objetivando o desenvolvimento cognitivo dos mesmos.

Na análise realizada, observou-se que alguns professores tem buscado a desfragmentação do ensino, mostrando que é possível unir cem por cento do conteúdo ministrado à experiência de vida dos alunos.

Nesta linha, percebe-se que essa escola fundamenta-se nas novas teorias do currículo e, portanto, está inserida em uma ótica mais moderna da concepção de ensino-aprendizagem. Logo, pode-se assim considerar, que o desempenho escolar de tais alunos deve ser bem mais elaborado, visto que suas realidades são conhecidas e levadas em consideração no cotidiano da sala de aula.

O educador e escritor Rubem Alves, em seu livro Lições do Velho Professor, admite:

“Há, finalmente, um extraordinário

florescimento de experimentos

educacionais alternativos centralizados no

aluno e no mundo real em que ele vive. [...] E não existe a possibilidade de alienação,

porque os desafios partem da vida, em toda a sua diversidade e imprevisibilidade.

Os problemas das crianças das praias de Alagoas, nas favelas do Rio, nas matas da

Amazônia, nas montanhas de Minas não são os mesmos. O que esses experimentos

educacionais buscam, além dos saberes

que porventura venham a ser aprendidos, é o desenvolvimento da capacidade de ver,

de se maravilhar diante do mundo, de fazer perguntas e de pensar – sem medo de

errar. Tenho a esperança de que esses experimentos continuem a pipocar, porque

é neles que o meu coração se sente mais feliz e esperançoso.” (ALVES, 2013, p.46).

É como diz FREIRE:

“Por isso mesmo pensar certo coloca o

professor ou mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com

que os educandos, sobretudo os das

classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática

comunitária – mas também [...] discutir com os alunos a razão de ser alguns desses

saberes em relação com o ensino dos conteúdos”. (FREIRE, 2002, p.33).

De acordo com considerações prévias, chegamos à conclusão de que currículo é a tentativa de se padronizar normas e condutas escolares, no intuito de que o sistema educacional “fale em uníssono” um mesmo “idioma pedagógico”

O currículo é uma parte importante da

organização escolar e faz parte do projeto-politico-pedagógico de cada escola. Por

isso ele deve ser pensado e refletido pelos

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sujeitos em interação “que tem um mesmo

objetivo e a opção por um referencial teórico que o sustente.”

(VEIGA, 2002, p. 7). Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes

necessários à prática educativa. 25ª Ed. São Paulo: Paz e Terra: 2002 http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/entrevista-vitor-paro-professor-faculdade-educacao-usp-680062.shtml http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/curriculo-consistente-568009.shtml http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/orientador-educacional/curriculo-oculto-468655.shtml http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/173/1470 ALVES,Rubem.Lições do velho

professor.Campinas – SP: Papirus:2013.