cultura.sul54

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Cultura Sul 54

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  • FEVEREIRO 2013 | n. 54www.issuu.com/postaldoalgarve8.662 exemplares

    Panormica:

    Tradio & Modernidade

    p. 5

    Espao Educao:

    ACTA prepara subidas a palco

    p. 10

    Uma opinio,uma viso:

    Bom tempo para as indstrias Culturais e Criativas?

    p. 10

    Espao Cultura:

    2020: um horizonte para a Cultura

    p. 9

    mensalmente com o pOsTalem conjuntocom o pblicO

    Lusa Monteiro:

    A Insupervel mudez

    da borboleta p. 11

    Prunus Dulcis

    p. 8

    Contos de Inverno na Ria Formosa:

    conceio agostinho

    d.r.

    d.r.

    d.r.

    d.r.

  • 01.02.20132 Cultura.Sul

    O Cultura.Sul assume nesta edio uma nova imagem, que se deseja mais clara e com uma maior aposta na fotografia.Em termos de contedos apostamos, neste novo ciclo deste que o nico caderno cultural da regio em formato jornal, tornar mais presentes um maior nmero de reas da Cultura, numa procura incessante por uma cada vez maior abrangncia do fen-meno cultural.Espao por isso para a entra-da de uma seco reservada s bibliotecas regionais, Sala de leitura, de um novo espao dedicado s grandes salas de espectculo do Algarve e aos respectivos programadores, Aqui h espectculo, bem como, de uma seco dedica-da, alternadamente em cada ms, msica e ao teatro, sob as designaes Notas soltas e Boca de cena.Queremos oferecer aos nossos leitores, mais e melhor, diver-sidade e pluralidade, em re-as que no Algarve precisam de destaque, a Cultura e os agen-tes culturais.Quem pode almejar uma so-ciedade mais desenvolvida, conhecedora, sapiente e por isso mais democrtica, livre e completa, sem que a Cultura desempenhe um papel central na vida da comunidade e por maioria de razo tambm na imprensa regional algarvia?O desgnio de colaborar, mes-mo desempenhar um papel fulcral na divulgao cultural na regio, uma aposta que o Cultura.Sul faz desde h mais de quatro anos e que com a nova imagem renova como objectivo e como linha mes-tra de um caminho em que contamos com o imprescin-dvel apoio de todos os nos-sos colaboradores.A eles se deve o que o Cultura.Sul e ser, sua pena as cen-tenas de peas que ao longo do tempo trouxemos s pgi-nas deste caderno cultural e o muito que demos e promete-mos dar em prol da Cultura da regio e do desenvolvimento cultural do Algarve.

    Mais e melhor Cultura.Sul

    Ficha Tcnica:

    Direco:GORDAAssociao Scio-Cultural

    Editor:Ricardo Claro

    Paginao:Postal do Algarve

    Responsveispelas seces: Contos da Ria Formosa:

    Pedro Jubilot Espao ALFA:

    Ral Grade Coelho Espao AGECAL:

    Jorge Queiroz Espao CRIA:

    Hugo Barros Espao Educao:

    Direco Regionalde Educao do Algarve

    Espao Cultura:Direco Regionalde Cultura do Algarve

    Grande ecr:Cineclube de FaroCineclube de Tavira

    Juventude, artes e ideias: Jady Batista

    Da minha biblioteca:Adriana Nogueira

    Momento:Vtor Correia

    Panormica:Ricardo Claro

    Patrimnio:Isabel Soares

    Sala de leitura:Paulo Pires

    Colaboradoresdesta edio:Carlos CampanioJos GonalvesRicardo MoreiraRui MonteiroRui ParreiraVtor Azevedo

    Parceiros:Direco Regional de Cul-tura do Algarve, Direco Regional de Educao do Algarve, Postal do Algarve

    e-mail redaco:[email protected]

    e-mail publicidade:[email protected]

    on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve

    Tiragem:8.662 exemplares

    O empreendedorismo na oportunidade

    No mbito da presente con-juntura econmica, caraterizada pelo aumento do volume de im-postos e a consequente quebra do poder de compra, as famlias e as empresas apresentam-se no seu limiar de sustentabilidade, sucumbindo por vezes perante as dificuldades. Consequente-mente, e frequentemente numa tentativa de sobrevivncia, as di-ficuldades sentidas pelo setor empresarial resultam na elimi-nao de postos de trabalho, intensificando a diminuio do poder de compra dos agregados familiares, num ciclo indigno, que imperativo ser invertido.

    Conforme percetvel na vida diria, o desemprego sobressai como principal flagelo social, afetando no apenas enquanto questo econmica mas tam-bm como fator de alienao social de uma parte significa-tiva da populao ativa, nor-

    malmente jovem e qualificada. Deste modo, vrias tm sido as dinmicas propostas no senti-do da ativao de mecanismos de valorizao da inovao e do conhecimento como forma de auto emprego, objetivando um impulso positivo econo-mia nacional.

    Atravs do CRIA, a Univer-sidade do Algarve tem vindo a desempenhar um relevante papel na promoo da empre-gabilidade e valorizao do co-nhecimento, apoiando quer os novos licenciados e ps-gradu-ados que procuram novas opor-tunidades de emprego atravs da criao do prprio posto de trabalho, como aqueles que embora alvo do flagelo do de-semprego, procuram criar da adversidade uma oportunidade, consolidando novas ideias de negcio assentes na experin-cia profissional. Face s exign-cias associadas ao arranque de um novo percurso profissional, o CRIA tem vindo a disponibili-zar apoio institucional na rea do empreendedorismo, desde a validao da ideia de negcio, sua implementao no mer-cado, procurando valorizar as competncias e experincia de cada promotor, reforando as carncias identificadas.

    No entanto, importa cada vez mais realar e otimizar as

    ferramentas disponveis no apoio ao empreendedorismo e criao de empresas, adap-tando-as s necessidades dos promotores e consolidando o seu papel alavancador.

    Ferramentas de apoio ao investimento, quer especifica-mente direcionadas a pblicos desempregados, como o Pro-grama de Apoio ao Empreende-dorismo e Criao do Prprio Emprego (PAECPE), ou a setores de atividade, como o Quadro de Referncia Estratgica Nacional (QREN), o Programa de Desen-volvimento Rural (PRODER), ou o Programa Operacional das Pescas (PROMAR), devem assentar a sua atuao na pro-moo de um empreendedoris-mo de oportunidade e no de necessidade, impulsionando financeiramente, e numa fase de desenvolvimento, projetos

    que demonstrem potencial de gerao de receita e de criao de emprego.

    Em suma, e muito embora as enormes limitaes com que nos deparamos diariamente, ainda possvel transformar obstculos em oportunidades, e oportunidades em sucesso, como muitos empreendedo-res e empresas continuam a demonstrar. Associado ao co-nhecimento gerado nas Uni-versidades, reao perante uma situao de desemprego, ou ao reconhecimento de uma oportunidade, o empreende-dorismo precisa-se, bem como a sua promoo e desmistifica-o. Importa porm que todos consigamos confluir para um resultado comum e que as fer-ramentas colocas ao dispor da sociedade civil cumpram a sua misso.

    Cada vez mais inteligentes!

    O aumento sistemtico de, pelo menos, trs pontos por dcada, no nvel mdio dos quoficientes de inteli-gncia tem sido constatado em todos os pases ociden-tais, chegando a registar--se aumentos de seis a oito pontos.

    As crianas e os jovens es-to cada vez mais inteligen-tes. Razes? Melhor alimen-tao, escolarizao mais

    alargada e maiores exign-cias cognitivas do meio.

    Na verdade, qualquer um pode aperceber-se de que um jovem hoje sabe fazer muito mais coisas do que um de h 30 ou 40 anos. Portanto, a afirmao de que hoje os jovens so mais ignorantes e incapazes do que os dessa poca injus-ta e no tem nada que a sus-tente.

    Apesar disso, as pessoas que hoje acham que tm motivos para pensar que so pouco inteligentes, no devem esquecer duas coisas:

    1 - h muitos modos de ao inteligentes que no se vem;

    2 - que, para apreciar o nosso grau de inteligncia,

    no necessrio fazer com-paraes com outros.

    Repito: os jovens esto cada vez mais inteligentes.

    Logo, isto significa que po-dem fazer coisas bem me-lhores que as geraes an-teriores.

    Na verdade, qualquer jo-vem, independentemente do seu nvel de intelign-cia pode sempre atingir o patamar do extraordinrio. Como? Simples (e difcil ao mesmo tempo, claro est, mas realizvel por qualquer um). A pessoa dever: Man-ter-se atenta, interessada e ligada aos outros;

    Estar disponvel para res-ponder adequada e prota-mente s necessidades des-ses outros;

    Procurar o melhor desem-penho possvel em tudo o que fizer.

    Experimentem!

    d.r.

    Inteligncia est a crescer

    d.r.

    Ricardo [email protected]

    Editorial Espao CRIA

    Jos Gonalves Gestor de Cincia e Tecnologia no CRIA - Diviso de Empreen-dedorismo e Transfernciade Tecnologia

    Juventude, artes e ideias

    Rui MonteiroHipnoterapeuta

  • 01.02.2013 3Cultura.Sul

    Cineclube de TaviraProgramao: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | 965 209 198 | 934 485 440 [email protected]

    SESSES REGULARESCine-Teatro Antnio Pinheiro | 21.30 horas

    7 FEV | CIRKUS COLUMBIA, Danis Tanovic, Bsnia Herzegovina / Reino Unido / Frana / Alemanha / Slovnia / Blgica / Servia 2010 (113) M/12

    14 FEV | HOLY MOTORS, Leos Carax, Fran-a / Alemanha 2012 (115) M/16

    21 FEV | EDEN LOUEST (PARASO A OESTE), Costa Gavras, Frana / Grcia / Itlia 2009 (110) M/12

    28 FEV | DESTE LADO DA RESSURREIO, Joaquim Sapinho, Portugal 2011 (116) M/12

    O URSO

    22 FEV | 21.30 | Campesino RFC - Monte Francisco - Castro MarimComdia conta a histria de uma viva e de um credor que so envolvidos por uma trama onde se revela a exal-tao humana e a sensibilidade nervosa, numa hilariante crtica ao comportamento de homens e mulheresAg

    endar

    Cineclube de Faro Programao: cineclubefaro.blogspot.pt

    O SAMBA TAMBM MORA AqUI *IPJ | s teras-feiras | 21.30 horas

    12 FEV | CARAMURU A INVENO DO BRASIL (comdia), Guel Arraes, Brasil, 2001, (85)19 FEV | AMARELO MANGA (drama), Clu-dio Assis, Brasil, 2003, (103)26 FEV | EDIFCIO MASTER (document-rio), Eduardo Coutinho, Brasil, 2002, (110)

    CHRIS MARKER - ARTISTA TOTALENCONTROS VOLTA DE CHRIS MARKERSede | s 21.30 horas

    14 FEV | SEM SOL, Sans Soleil, Frana, 1983, (100)21 FEV | NVEL 5, Level 5, 1997, Frana, 1997, (106)28 FEV | O PONTO, La Jete, Frana, 1962, (28)

    * a confirmar em cineclubefaro.blogspot.pt

    Fevereiro com quatro filmes europeus

    Enquanto ficamos espera da disponi-bilidade da cpia para podermos exibir Amour e Detachment, este ms propomos quatro filmes europeus, entre os quais Des-te Lado da Ressurreio, o ltimo de Joa-quim Sapinho.

    Com a digitalizao gradual dos filmes distribudos em Portugal, cada vez se torna mais difcil programar sem termos o equi-pamento necessrio para exibir filmes nes-se formato (um investimento que continua a milhas do nosso alcance). Com excepo de Guimares, os cineclubes portugueses continuam limitados a exibir em 35 mm celuloid (cada vez mais raro, por exemplo existe uma cpia em Portugal de Amour, Detachment que estreou entre ns no for-mato digital). A segunda opo exibirmos em dvd ou bluray, mas tambm recorrer a esta opo depende das distribuidoras e por vezes leva vrios meses.

    Continuamos ansiosamente espera de notcias positivas do Instituto do Cinema e do Audiovisual sobre a possvel abertura do concurso de apoio exibio de filmes nacionais, europeus e ibero-americanos para 2013. Embora de recursos limitados,

    este programa (anulado em 2012) tem-se revelado indispensvel para a continuida-de das actividades cineclubistas.

    Repetimos, a maneira mais simples, mais agradvel, mais enriquecedora e menos dispendiosa de ajudarem a evitar o co-lapso que ameaa o Cineclube de Tavira apenas uma: disfrutem das nossas sesses enquanto c estamos. O valor do nosso bi-lhete de entrada continua baixo: quatro euros para o pblico e apenas dois para os scios e portadores de um carto de estu-dante ou de scio de INATEL.

    Cena do filme Cirkus Columbia

    d.r.

    Espao AGECAL

    Defender o Patrimnio Arqueolgico uma mudana de paradigma?

    At aos anos 70, a defesa do patrimnio foi bandeiras de resis-tncia de quem se opunha ao pro-gresso descontrolado. Na Amrica, mais avanada que ns em polti-cas ambientais, comeava a falar-se de gesto de recursos culturais. Ns teimvamos na cegueira, e fingamos no ver que para l do Atlntico Norte havia tambm coi-sas boas. E organizvamo-nos em

    associaes, que l iam autofingin-do poder defender o patrimnio, em particular o arqueolgico, do avano do beto e dos interesses de lucro fcil.

    Finalmente, l tivemos arquelo-gos full-time: os primeiros no plo industrial de Sines, menina dos olhos do marcelismo, na primeira grande interveno organizada de arqueologia preventiva. Que, ali-s, s ramos capazes de entender como de salvamento. E depois, no incio dos anos 80, a militncia converteu-se em responsabilidade institucional. Com os Servios Re-gionais de Arqueologia, a defesa e o salvamento tornaram-se po-ltica de patrimnio: de um lado os operacionais de terreno, que queramos salvar o mundo; de um

    outro os burocratas, que queriam preparar a sustentabilidade legal das intervenes.

    Estvamos ns nos anos 90 a salvar o mundo, protagonistas da dirty archaeology a acreditar na generosidade de um estado feito medida dos interesses de uma cida-dania consciente e livre (ou daquilo que dele restava), quando nos caiu o Ca nos braos. Em pleno torve-linho de descrena nas bondades do xito individual e no progresso custa dos capitais europeus. Foi o ponto de viragem. No lugar e tem-po certos para podermos operar a mudana no quadro legal. Com a instituio do princpio da conser-vao pelo registo cientfico e com a aplicao da mxima ambiental do poluidor pagador, o Estado

    tornava-se garante da defesa do pa-trimnio arqueolgico. E recm re-crutados agentes, disseminados por todo o pas, encarnaram a misso de fazer cumprir escrupulosamente o novo quadro legal ps-Ca.

    Os promotores imobilirios, os empreiteiros de grandes obras p-blicas, mesmo o pequeno dono de obra privada tinham agora de con-tratar servios de arqueologia. Que o Estado, pela sua vocao e mis-so, no estava em condies, nem tinha nimo, de fornecer. A defesa convertera-se em janela de oportu-nidade, frequentemente amarrada prtica e mitologia do turismo. O territrio passou a ser olhado como um arquivo de terra. E os re-gistos de terreno constituram um acervo que supria as materialida-

    des, sacrificadas ao desenvolvimen-to. E os arquelogos, imprescind-veis para dar corpo imposio da arqueologia preventiva, foram capazes de fazer-se ouvir e reivin-dicar um estatuto parte no tecido social.

    Este equilbrio, cuja fragilidade s uns poucos vislumbraram, rom-peu-se com a drstica quebra das operaes imobilirias e do inves-timento em obra pblica. S ento os arquelogos se deram conta de que o seu papel no o de presta-dores de servio aos empreiteiros, at ento encarados como inimi-gos, impulsionadores de um pro-gresso cego, destruidor de valores a defender. S agora os arquelogos se deram conta de que o seu papel o de gestores de recursos culturais.

    Grande ecr

    Rui ParreiraArquelogo e vogal da AGECAL

    EXPOSIO DE JOS MRIO CAROLINO

    At 10 MAR | Casa do Povo de Santo Estvo- TaviraNihil no pintura, no escultura, um projecto esttico no qual se desvaloriza o existente, procuran-do uma nova ordem

    d.r.

  • 01.02.20134 Cultura.Sul

    O desconforto dos programadores

    Embora o cenrio tenha mudado um pouco desde 2005, ainda h poucas salas de espectculos no Algarve, no se prevendo que esta realidade possa ser alterada nos prximos anos. Dir-se- que bem contadas at nem

    so poucas, mas no me re-firo aqui aos anfiteatros com palcozitos de se medirem aos palmos, sem condies mnimas. Refiro-me a infra--estruturas que possam ri-valizar com as melhores do Pas, com equipas tcnicas e programao permanentes. Destas ltimas, creio que a regio merecia muitas mais.

    Conquanto as poucas salas de espectculos do Algarve estejam a fazer um trabalho insubstituvel, tanto ao nvel do que oferecem Regio, como ao nvel de uma evi-dente descentralizao que noutras reas quase quim-rica os programadores dos vrios espaos (uns mais do que outros) sempre tentaram equilibrar as suas agendas com espectculos comerciais e eruditos.

    Porm, h uma varivel nova, que entra nas contas da programao, e que afronta as linhas programticas dos Mu-

    nicpios, a vontade dos pro-gramadores e at as exign-cias dos pblicos: a dita crise!

    Pois bem, esta crise econ-mica e financeira, que o Pas atravessa, leva a que a Cultu-ra seja fortemente afectada. Primeiro, comeou pela ide-ologia governamental de que a Cultura um estorvo, uma rea de somenos, um luxo de ociosos. E, assim sendo, para que nos serviria um Minist-rio da Cultura? A importn-cia da Cultura foi reduzida a uma secretaria de Estado. A, morou um incapaz Secretrio de Estado, at chegar este se-

    nhor annimo e annimo se tem mantido. Em ambos os casos no s no houve zelo pela Cultura como explcito que a ignoram. Depois, apa-receu uma violenta Lei dos Compromissos que probe o investimento autrquico e deixa as populaes rfs do apoio do poder local, quan-do rfs estavam h muito do poder central.

    neste cenrio que os programadores ss ou sob direco superior tm de gizar as suas programaes. Sem dinheiro e na impossibi-lidade total de fazerem con-trataes, a cultura erudita d quase totalmente lugar ao que comercial. Projectos que enchem salas conseguem facilmente fazer parcerias de bilheteira para viabilizarem os seus projectos. E ento a msica, a dana e o teatro no comercial, tero de morrer? E que programadores se orgu-lharo disso?

    d.r.

    A questo a de saber que lugar tem nos palcos a erudio face aos cortes oramentais na Cultura

    Teatro Municipal de Faro Programao: www.teatromunicipaldefaro.pt

    7 FEV | Histria do Soldado, Igor Stravinsky (msica), 12 horas, durao: 1h, preo: entre 5 e 10

    Cine-Teatro LouletanoProgramao: http://cineteatro.cm-loule.pt

    1 FEV | Fado Conversa, com Antnio Pinto Basto convida Jos Gonalez (msica), 21.30 horas, durao: 1h55, preo: 103 FEV | Madagscar 3 (cinema), 15 horas, durao: 1h33, preo: 37 FEV | Conversas 5., com Antnio Pinto Ribeiro (ciclo), 21 horas, durao: 1h20, entrada livre12 FEV | O samba que mora em mim (cinema), 21 horas, durao: 1h12, preo: 314 FEV | Assim Assim, de Srgio Graciano (cinema), 21 horas, durao: 1h37, preo: 321 FEV | Improvisos 5., com Paulo Machado (ciclo), 21 horas, durao: 1h20, entrada livre

    24 FEV | Astrix e Oblix ao servio de sua Majestade (cinema), 15.30 horas, durao: 1h49, preo: 328 FEV | Balas e Bolinhos 3 (cinema), 21 horas, durao: 2h20, preo: 3

    AMO - Auditrio Municipal de Olho Programao: www.cm-olhao.pt/auditorio

    At 28 FEV | Exposio de Anbal Ruivo Uma Vida de Arte (escultura), de tera-feira a sbado, das 14 horas s 18 horas, entrada livre2 FEV | No h euros para ningum (teatro), 21.30 horas, preo: 12.523 FEV | As aventuras do Kiko (teatro), 16 horas, preo: 8 / 5 (crianas at 12 anos)

    TEMPO - Teatro Municipal de PortimoProgramao: www.teatromunicipaldeportimao.pt

    2 FEV | Fora do Baralho, com Mrio Daniel (magia), 21.30 horas, durao: 1h30, preo: 12 (balco), 14 (plateia)8 FEV | Ciclo de Solistas da Orquestra do Algarve (msica), 21.30 horas, durao: 1h, preo: 1015 FEV | Cinema s 6.S Tabu (cinema), 21.30 horas, durao: 1.58 horas , preo: 3

    23 FEV | Lago dos Cisnes, de Daniel Cardoso (dana), 21.30 horas, durao: 1.30 horas, preo: 10 (balco), 12 (plateia)

    Aqui h espectculo

    Carlos CampanioProgramador

    O projecto de rock em portugus NOME nasceu em Faro, em 2004. Foi a banda ven-cedora da primeira edio do concurso +Msica, em 2005, promovido pela C-mara de Loul, e a banda vencedora do concurso para abertura de trs concertos dos Xutos e Pontaps no Algarve em 2006. Nesse mesmo ano, os NOME gravaram uma primeira maquete com dois temas, com a

    participao especial de Elsio Donas, dos Ornatos Violeta. Depois de alguns concer-tos em 2007 com bandas como The Gift ou Terrakota, comearam a preparar Cdigo Pele, lanado no final de 2009. Em Novem-bro de 2012 editam o primeiro lbum, O Pulsar da Matilha, que conta com a parti-cipao especial da cantora Viviane, entre outros nomes da msica portuguesa.

    Des

    taqu

    e 22 FEV | Nome (msica), 21.30 horas, durao: 1h30, preo: 10

    A Bela Adormecida desperta a magia dos contos de fadas. Um mundo encanta-do de castelos e florestas, maldies e fa-das; somente o beijo do amor verdadeiro conseguir desfazer o feitio a sagrao do Romantismo.

    Baseado no conto La Belle au bois Dor-mant, de Charles Perrault, bem ao estilo francs do sculo XVIII, considerado um dos bailados que maior interesse desperta no grande pblico.

    Repleta de romantismo e marcada pelo lirismo, esta obra representa um grande desafio para os bailarinos, sobretudo na interpretao da personagem principal, Princesa Aurora, exigindo um estilo aca-dmico cristalino elegante e frgil.

    A relao da msica de Tchaikovsky com a coreografia de Marius Petipa de tal for-ma perfeita que seria difcil imaginar outra leitura da partitura.

    Des

    taqu

    e 24 FEV | A Bela Adormecida, Russian Classical Ballet (dana), 17.30 horas, durao: 2h20, preo: 28 (1 plateia), 25 (2 plateia)

    Dois casais encontram-se para falar so-bre um incidente entre os seus dois filhos pequenos: aps uma luta, um deles partiu dois dentes ao outro. Ambos os casais con-

    cordam que estas coisas acontecem, que o mal pode ser remediado e acreditam no poder pacificador da cultura mas, infeliz-mente, as coisas no so to simples.

    Des

    taqu

    e 16 FEV | O deus da matana, de Yasmina Reza (teatro), 21.30 horas, durao: 1.30 horas, preo: 5

  • 01.02.2013 5Cultura.Sul

    A iniciativa Travessas de Cultura, uma parceria entre a Universidade do Algarve e a Direco Regional de Cultura do Algarve (DRC Algarve), en-cerrou os encontros promovidos no mbito deste ciclo de debates infor-mais de reflexo sobre a vida cultural da regio quinta-feira da passada se-mana em So Brs de Alportel, num momento dedicado temtica De-sign industrial e artesanato, media-do por Rui Parreira da DRC Algarve.

    Depois de em 2010 e 2011 se terem levado a cabo dois ciclos de debates/conferncias sob as designaes, res-pectivamente, de A Cultura em Con-ferncia e Quintas de Cultura, as Travessas de Cultura, pensadas para o ano de 2012, fecharam a sua activi-dade j em Janeiro de 2013, depois de sete encontros destinados a debater temticas to diversas como a Eco-nomia Criativa, a Rdio e Televiso, Artes Performativas, entre outros.

    Os debates animados, que se desen-volveram um pouco por todo o Algar-ve, juntaram nesta ltima edio que decorreu no Centro de Artes e Ofcios de So Brs de Alportel, designers, ges-tores de projectos pblicos de cruza-mento do artesanato com o design, agncias dedicadas inovao e cria-tividade, empresrios e muitas outras pessoas para debaterem as questes relacionadas com as potenciais van-tagens do encontro entre as artes an-cestrais e a modernidade tutelada pela interveno do design.

    Com o mote dado pela apresentao dos resultados do projecto TASA Tc-nicas Ancestrais, Solues Actuais, tute-lado pela Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve), o debate fluiu, ao mes-mo tempo que se salpicou de exemplos de dificuldades e vitrias encontradas

    no cruzamento do que de melhor a tra-dio produz com as propostas inova-doras do design.

    Espao desde logo, tambm, para conversa ter sido trazida a expe-rincia relacionada com o projecto Design&Ofcios, uma parceria entre o municpio de So Brs de Alportel e a Associao de Designers do Sul com o propsito de desenvolver contributos para promover, inovar e recriar alguns

    dos artefactos de cariz artesanal, desen-volvidos na regio da serra algarvia.

    A fora do artesanato

    Ao contrrio do que se possa por-ventura pensar, o Algarve tem no artesanato uma panplia de produ-tos tradicionais que oferecem uma importante margem de progresso para a majorao das respectivas po-

    tencialidades comerciais, haja para tal a capacidade de unir aos sabores ancestrais dos misteres artesos a inovao e criatividade, bem como o Marketing & Comunicao, o design e a gesto de produtos.

    Por outro lado, a reactivao das actividades artesanais abre espao sobrevivncia e salvaguarda das tcni-cas e das tradies, ao mesmo tempo que cria espao para a criao de em-prego como fim ltimo de projectos que alcancem um grau de desenvol-vimento que os viabilize do ponto de vista empresarial, independentemen-te da escala que se possa atingir.

    A debilidade do tecido industrial e as resistncias do empresariado

    inovao

    Um dos principais problemas en-contrados pelos designers da regio na imposio da sua actividade pro-fissional como potenciador do de-senvolvimento da produo regio-nal prende-se antes de mais com a associao exacerbada que se faz do design ao design grfico e de comu-

    nicao, quase ignorando vertentes como o design industrial e de mate-riais, entre outros.

    A par deste desconhecimento, o Algarve apresenta um tecido indus-trial muito dbil, onde as indstrias, alm de residuais tm uma baixssi-ma aposta na inovao e no desenvol-vimento de novos produtos. Factor a que se soma, no mbito do empre-sariado, uma resistncia inovao, ao desenvolvimento de novos produ-tos e conquista de novos mercados e nichos de mercado, em particular tendo em vista a internacionalizao.

    No oposto desta realidade esto al-guns empresrios que na regio apos-tam em firmar lanas fora de portas e que assumem remar contra a mar como modus vivendi. o caso, pre-sente na ltima edio das Travessas de Cultura, da Novacortia e da brand Pelcor que apostam na diversificao do negcio tradicional da produo de discos para rolhas de cortia atravs de uma brand que tem por base a produ-o de produtos em pele de cortia e uma clara aposta no mundo da moda como veculo de internacionalizao.

    Desafio

    Certo que os actores regionais, pblicos, privados e institucionais, bem como, designers e artesos, no esto adormecidos perante o desa-fio de cruzar a tradio e a moderni-dade apostando num reanimar das actividades artesanais e num desen-volvimento de novas solues para a reconverso de produtos e saberes ancestrais.

    Antes falta, isso sim, uma platafor-ma que agilize as sinergias existentes e as iniciativas no terreno, de forma a permitir completar os ciclos de rein-veno do artesanato e que possa, dotada dos meios para o efeito, unir artesos e designers, empresas e ino-vao e todos estes e os mercados fi-nais sob pena do esforo realizado at agora se perder, deitando janela fora o trabalho levado a cabo que, a no ser assim, apenas ficar para a hist-ria da investigao, deitando por terra o primado da sua dimenso prtica, desiderato final do muito que se vai fazendo neste domnio e no enorme desafio de renovar a tradio dando--lhe cores de modernidade em prol do desenvolvimento integrado e susten-tvel de um sector que doutra forma sucumbir com o passar dos tempos.

    Ricardo ClaroAlguns produtos artesanais da regio reinventados

    Panormica

    NO H EUROS PRA NINGUM

    2 FEV | 21.30 | Auditrio Municipal de OlhoTrata-se de um espectculo de comdia que tem Octvio Matos encenador, director e actor, ao lado de outros grandes nomes da revista nacional, como Natalina Jos e Anita Guerreiro

    Agendar

    13 FESTIVAL DE MSICA AL-MUTAMID

    15 FEV | 21.30 | Centro Cultural de LagosMasmudi Kebir um ritmo da msica clssica do Egipto, mas tambm da msica para dana oriental. tambm o nome de um projecto de msica e dana que nos d a conhecer a dana oriental

    Tradio & Modernidade

    Antnio Correia em representao da Novacortia

    fotos: d.r.

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  • 01.02.2013 7Cultura.Sul

    FORA DO BARALHO

    2 FEV | 21.30 | TEMPO - Teatro Municipalde PortimoMrio Daniel apresenta um espectculo de magia para toda a famlia que mistura a arte da iluso com a arte cnica

    UMA VIDA DE ARTE

    At 28 FEV | Foyer do Auditrio Municipalde OlhoAnbal Ruivo mostra escultura em ferro, madeira, pedra ou gesso. O pintor e escultor, natural de So Brs de Alportel, tem o curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes de LisboaA

    gend

    ar

    Fotografia, Arte e Criatividade

    O que arte, o que criatividade? Arte - actividade que tem caracters-ticas criativas e estticas. Criatividade - capacidade de criar. Estas so duas definies muito sintticas, que quase se fundem, escolhidas de entre milha-res de definies e conceitos que tm alimentado e continuaro a alimen-tar discusses volta do tema.

    Estas so opinies de alguns fot-grafos: A criatividade apenas um momento em que olhamos para o or-dinrio mas vemos o extraordinrio, Dewitt Jones; Uma vez enquadrada, qualquer coisa pode dar uma boa fo-tografia, Cristophe Gilbert; Quero evocar o que est fora do quadro que-ro evocar um nexo do caos, Gerard Castello Lopes; Naquela frao de

    segundo o seu olho deve captar uma composio ou uma expresso e voc deve seguir a sua intuio e fazer a fotografia. nesse momento que o fotgrafo criativo. o instante! Se voc o perder, para sempre, Henri Cartier-Bresson.

    O objectivo da ALFA o de contri-buir, atravs de formao, de tert-lias, de exposies, de palestras, de desafios, da partilha e do convvio entre fotgrafos, para fazer com que os seus associados desenvolvam ap-tides criativas a nvel fotogrfico, passando do simples carregar no obturador em modo automtico para um trabalho pessoal em que o fotgrafo domina a tcnica e a m-quina, fazendo dela o que ele quer e no o inverso. Esse um passo essen-cial para que a capacidade criativa do fotgrafo aumente, passando o seu trabalho a reflectir as suas escolhas, o seu prprio olhar, a sua capacidade artstica e criativa.

    A ALFA quer contribuir, desafiando a criatividade dos seus associados e divulgando os seus trabalhos, para o engrandecimento e divulgao da arte fotogrfica.

    d.r.

    Espao ALFA

    Vtor AzevedoVice-presidente da ALFA

    Momento

    Manif contra

    a Troika

    e pela Cultura

    Foto de Vtor Correia

  • 01.02.20138 Cultura.Sul

    INTERFACE MAKONDEAt 30 MAR | Galeria de Arte do Convento Esprito Santo LoulOtelo Fabio apresenta construes sobre algumas fotografias do povo Maconde de Manuel Viegas Guerreiro

    ESPECTCULO DE NORBERTO LOBO8 FEV | 21.30 | Centro Cultural de LagosUma das figuras principais da msica portuguesa do novo sculo, Norberto Lobo dono de um per-curso aparte de qualquer meio de ensino acadmico especializado

    Prunus Dulcis

    por esta razo que no Algarve, ainda hoje, h tantas amendoeiras. E pronto, termina assim a nossa hist-ria do rei Ibn-Almundin e da princesa Gilda. E agora, minha princesa linda, so horas de ir dormir que amanh dia de escola. Boa noite!

    Mas pai e acaba assim? E eles casaram?

    Sim! Digamos que sim. Eles fica-ram juntos vivem juntos.

    E foram felizes para sempre?Sim! Eles so felizes, muito felizesE tiveram muitos filhos!!!Muitos, muitos, no. Alguns!Alguns quanto, pap?Alguns neste caso so dois. Um me-

    nino e uma menina.Assim como eu e o mano.Sim, a menina por acaso tambm

    se chama Sonya.A princesa Gilda da histria a

    me, no , pai?Sim! ela, minha querida. Deu-lhe um beijo to terno como

    s os pais sabem dar. Agora dorme bem. At amanh.

    Bons sonhos.Claro que vou ter bons sonhos, ma-

    jestade pai-Ibn. Com uma histria as-sim to bonita!

    Ivo apagou a luz. Colocou sobre a cmoda o livro, que na capa ostenta-va o ttulo: Lendas das mouras encan-tadas no Algarve, que estava consigo desde a infncia e agora passava aos seus filhos.

    Ivo Almerindo, agora gerente de uma quinta com turismo de habi-tao rural, j fora rapaz de muitos ofcios. A escola no queria nada com ele, dizia ao tempo de estudante. Ia ao mar com o pai. Trabalhava na terra com o av. Nas frias de Vero, servia s mesas das esplanadas dos cafs e restaurantes da zona, onde pratica-va o ingls e ganhava uns cobres que amealhava para uma viagem de com-boio Europa. Foi nessa viagem de sonho que conheceu a mulher dos seus sonhos, quando a ajudou a car-regar a mochila na estao de Milo.

    Nessa tarde de Agosto ambos es-

    tavam de passagem pela capital da Lombardia. Ela que vinha do sul re-gressava a casa no norte da Europa. Ele vinha do norte e tambm estava j de volta para o sul. Opostos geo-grficos e fsicos que ali se atraram num instante mgico. Ivo ficou so-bretudo maravilhado com a beleza da loira nrdica, qual princesa de histria de encantar, que o deixou desconcertado. A rapariga tambm ficou deslumbrada com a histria de vida do rapaz, aliada sua tez more-na, que misturava traos fisionmi-cos dos homens dos povos das an-tigas culturas mediterrnicas. Tudo isto no espao de algumas horas em que passearam juntos pela cidade. O primeiro e nico beijo desse dia aconteceu na imponente catedral. O resto do dia passou muito rpi-do, demasiado rpido. Num pice chegaram as duas da manh, hora a que os seus comboios partiriam com alguns minutos de diferena. Mas quando os altifalantes da estao anunciaram a partida do comboio de Ivo, que estava janela olhando triste e embevecido para Gylda na plataforma, ele agarrou de repente na sua mochila azul e saltou porta fora. Abraou a rapariga e disse-lhe que iria com ela, se ela quisesse. Meteram-se no comboio rumo a Es-tocolmo via Berlin. Ivo ficou mara-vilhado com a capital da Sucia e os arredores da cidade onde Gylda mo-rava. Com a experincia que tinha de trabalhar em bares e restaurantes e a fluncia com que fala ingls, no lhe foi difcil arranjar logo trabalho,

    enquanto Gylda acabava o seu curso de enfermagem.

    Ivo teve no entanto que regressar ao Algarve no incio do ano para aju-dar os pais, quando recebeu a notcia do falecimento do av. Mas no prin-cpio de Junho, j Gylda partia para o Algarve. Esse primeiro Vero que pas-saram juntos foi, assim a bem dizer, algo de idlico. Fizeram tudo o que h para fazer nas frias. Tudo correu bem. Visitaram todo o pas sempre junto costa. No podiam estar mais felizes. Gylda sentia-se encantada com o cu sempre azul, a tempera-tura amena e a vida ao ar livre. De-cidiram recuperar a velha mas tpica casa de campo dos avs no Lacm, frente barra natural que ali se forma e disforma sazonalmente, para onde foram viver e plantaram uma horta.

    Mas no final do ano Gylda comea-va a dar sinais de irritabilidade, infeli-cidade, insegurana, algo pouco habi-tual nela. Sentia-se triste e deprimida. Jurava a Ivo que era ali que queria es-tar. Queria ficar junto dele. Amava-o, mas no sabia explicar o porqu des-se seu mal estar. Um dia, em conver-sa, um amigo alemo explicou-lhes que s vezes as pessoas sofrem de um sndroma que tem a ver com a falta de luz ou excesso dela, se no esto habituadas. Ou podia ser tambm por causa da falta de frio ou de calor. Seria a falta de neve ? pensou Ivo, mas no o quis verbalizar, no fosse Gylda ficar a pensar demasiado nisso e querer voltar j para a Sucia. Mas passados alguns dias ela no mostra-va sinais de melhorar e o prprio Ivo

    tambm se comeava a sentir mal por no conseguir fazer nada para resol-ver a situao. Uma noite no escri-trio, quando abriu uma das caixas ainda por arrumar deparou-se com um livro que lhe haviam oferecido na infncia. Lembrava-se bem dele. Comeou a folhe-lo e parou num

    conto de que costumava gostar par-ticularmente. Tinham-no lido para ele tantas vezes. Leu-o desta vez para si prprio, pela primeira vez. Ficou aterrado na premonio, ao ponto de ficar to emocionado que os olhos se lhe embaciaram. Mas nesses seus re-motos pensamentos foi interrompido por Gylda que o reclamava para junto dela na cama. Assim lhe concedeu o desejo. Que outra coisa no lhe vinha no pensar.

    Mas no dia seguinte algo urgia fazer. Tal como Ibn-Almundin, Ivo Almerindo mandou plantar amen-doeiras em toda a extenso do seu terreno volta da casa. Se o rei mou-ro conseguira libertar a sua prince-sa Gilda do sofrimento, tambm ele faria tudo para mant-la a seu lado vivendo o intenso amor que por ela tinha. Em seguida viajaram para a Su-cia. Gylda melhorou rapidamente. Reencontrou a famlia e os amigos. Deram passeios na montanha, anda-ram pela capital.

    S voltaram no fim da Primavera seguinte. Seguiu-se o Vero que Gyl-da e Ivo sempre aproveitavam ao m-ximo sabendo que o Inverno podia trazer momentos menos memor-veis. No entanto, no fim do Outono, Gylda temia voltar a adoecer como lhe acontecera no ano anterior. Ivo encorajava-a dizendo-lhe que nesse Inverno ele tinha esperana que ela j no iria sentir a nostalgia da neve, mas sem lhe revelar o seu plano. Es-tava confiante. Tinha chovido bem no Outono. As rvores estavam cres-cidas. Se tudo corresse como espera-va, no incio do novo ano estariam em flor.

    E assim numa bela manh de Janei-ro, quando Ivo j comeava a deses-perar e Gylda a deixar-se entristecer, tiveram ambos uma florida surpresa.

    Ivo! Ivo! Vem c ver, est lindo! Tudo coberto de branco! Est tudo branquinho! Lindo ! , gritou ela ao abrir as janelas e ver aqueles flocos de flor esbranquiados deixados sobre os ramos, que a partir da curariam a sua saudade do branco Inverno nrdico.

    Amendoeiras em flor

    Pedro [email protected]

    Contos de Inverno na Ria Formosa

    d.r.

    d.r.

    Vista de um amendoal florido

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  • 01.02.2013 9Cultura.Sul

    2013, e agora?

    Parece-me fundamental que a di-nmica desenvolvida pelas Bibliotecas da Rede Pblica sejaefetivamente(re)conhecida, valorizada e mediatizada, o que passa tambm pela insero, nosmedia, de espaos de informao e reflexo sobre os projetos, desafios e caminhos de futuro das bibliotecas no Algarve, como este que agora se enceta a convite do editor deste suplemento.

    Em 1987 surgiu em Portugal uma poltica integrada de desenvolvimen-to da leitura pblica, atravs daRede Nacional de Bibliotecas Pblicas, a qual constitui h que assumi-lo esubli-nh-lo um dospoucosprojetos cul-turais, de iniciativa estatal, de mdio--longo prazorealmenteconsistentes, abrangentes, estruturados, consolida-dos e de inegvel impacto sociocultu-ral/educativo dinamizado nas ltimas dcadas no nosso pas.

    Cabe-nos agora no ficar sentados sombra dessa conquista ou ento espera que a crise passe. A atual fase no deve ser encarada como si-nnimo de estagnao ou retroces-so culturais, mas como um pretexto, ainda que difcil, para uma atitude de renovao adaptativa, isto , uma oportunidade dereinvenopara as bibliotecas. No era a poetisa brasi-leira Ceclia Meireles que dizia que a vida s possvel reinventada?

    Mltiplos so os desafios que se colocam hoje s bibliotecas pblicas, talvez resumveis a cinco: a diversida-dede perfis e necessidades dos seus utilizadores, a sustentabilidade finan-ceira, a realidade digital, a cooperao em rede e o marketing cultural. E isso implica abordar tpicos porventura polmicos mas inevitveis como: o alargamento da oferta e da rea tra-dicional de interveno das bibliote-cas, no j concebidas apenas como locais de leitura, mas tambm, numa

    tica mais ambiciosa, pluridisciplinar e diversificada e sem perder o devido enfoque no livro , como epicentros socioculturais e focos de criatividade e de produo de conhecimento que promovam mudanas na comunidade em que se inserem e que correspon-dam crescente heterogeneidade de interesses e motivaes dos seus uten-tes; o acesso pago (aplicado com sen-satez, seletividade e gradao) a certos servios e formatos disponibilizados, aspeto muito ligado a uma poltica de formao de pblicos e moldagem da sua atitude/mentalidade perante a Cultura, e ainda ao modo como as bi-bliotecas comunicam as suas propos-tas e persuadem os seus destinatrios para os amplos benefcios imateriais (socioeducativos e esttico-artsticos) das mesmas, no obstante o seu pa-gamento questo que me parece

    fulcral; a necessidade de conjugar a tradicional primazia conferida ao livro impresso e os novos suportes digitais de leitura existentes no mercado, e de manter uma ligao atualizada e proa-tiva com as novas tecnologias e inova-es; as vantagens da cooperao em rede, do estmulo ao voluntariadoe das parcerias entre diferentes biblio-tecas (prtica tantas vezes esquecida) e destas com o setor privado, a socie-dade civil e outras entidades culturais nacionais e estrangeiras, como forma quer de mobilizar mais vontades e influncias em prol de objetivos co-muns, quer derentabilizar, partilhar e minimizar os recursos necessrios; e aindauma aposta mais decididana questo fundamental da difuso, do envolvimentoe do marketing, diver-sificando atores, canaiseformatos, e arriscando perspetivas incomuns e surpreendentes.

    Para fechar, trs sugestes de leitu-ra, muito pessoais: aArte da Viagem, de Paul Theroux (Quetzal), espcie de manual literrio, filosfico e prtico de viagem;O Anibaleitor, de Rui Zink (Caminho), histria improvvel, des-concertante e cativante de amor pela leitura, especialmente indicada para quem no gosta de ler; eAgora e na hora da nossa morte, de Susana Mo-reira Marques (Tinta-da-China), um brilhante livro de estreia que desafia os limites para falar do mais ntimo dos momentos.

    d.r.

    2020: um horizonte para a Cultura no Algarve

    A diversificao da oferta cultural e patrimonial nas ltimas dcadas tem permitido ao Algarve potenciar o de-senvolvimento econmico, comple-mentando o turismo de sol e mar: es-tudo recente1 demonstra que 85,9% dos turistas inquiridos considera que uma oferta cultural e patrimonial, mesmo num destino turstico de mar, fun-damental.

    O documento estratgico Portugal 2020 | Plano Nacional de Reformas, define uma agenda de mobilizao da sociedade civil e de focalizao das polticas pblicas na promoo da ino-vao, objetivando um maior desen-volvimento e internacionalizao das indstrias culturais e criativas, orien-tadas para a produo, distribuio e consumo de bens e servios de elevado valor acrescentado, que resultem em sinergias e complementaridades com grande potencial de competitividade, inovao e internacionalizao.

    No Algarve, o cluster das Indstrias Culturais e Criativas precisa de uma aposta de desenvolvimento por parte dos parceiros essenciais: CCDR-Algar-ve; Universidade, Direes Regionais de Cultura e de Economia, IAPMEI, Autarquias.

    Contudo, o setor da Cultura fun-damental para a gesto, planificao e perceo do real impacto, direto e indireto, no crescimento econmico, na inovao, na competitividade, no emprego e no desenvolvimento sus-tentvel da regio.

    A importncia e transversalidade da rea da Cultura configuram um hori-zonte cultural 2020, nomeadamente nos trs nveis de conhecimento pre-vistos no Plano Nacional de Reformas, para o Algarve pretende-se:

    Conhecimento Inteligente: Duplicar o nmero de doutorados nas institui-es culturais da regio atravs da cria-o de parcerias com as universidades,

    e promover o aumento de doutoramen-tos na rea Cultural. Atualmente exis-tem cerca de duas centenas de pessoas a trabalhar em instituies culturais na regio mas menos de meia dezena de pessoas possui o grau de Doutor. E criar centros de Investigao e de excelncia, objetivo j definido no PROT Algarve, instrumento de gesto territorial que tambm ambiciona desenvolver e uni-formizar os instrumentos estatsticos para a rea da Cultura, criando bases de dados fiveis e comparveis.

    Conhecimento Sustentvel: Pro-mover e implementar medidas de efi-cincia energtica nos equipamentos culturais da regio, promovendo as necessrias aes de formao e sensi-bilizao. Possibilitar o desenvolvimen-to do quarto objetivo estratgico do PROT-Algarve: a articulao Patrim-nio/Ambiente e Desenvolvimento Sus-tentvel, visando inverter a tendncia de, essencialmente, amarrar a Cultura prtica do turismo e ambicionando

    abrir uma perspetiva de futuro, em que o patrimnio contribua para a di-versificao da base econmica, para a coeso social e para a programao do conhecimento e da inovao cientfica e tecnolgica.

    Conhecimento Inclusivo: A inves-tigao ligada ao patrimnio cultural (material e imaterial) permite um co-nhecimento das estratgias, produtos e tcnicas exploradas. Este conhecimento possibilita identificar potencialidades at aqui desconhecidas ou em franco desaparecimento e, com novas abor-dagens, (in)formar as comunidades, ao incentivar a cultura cientfica e esti-mular o desenvolvimento de produtos culturais e criativos. Refira-se ainda que esta questo pode estar interligada a um estmulo da valorizao social dos idosos, com a compilao dos saberes que estes detm. A identificao dos meios existentes e o estabelecimen-to de plataformas temticas ligadas cultura e criao artstica (audiovisual, media, publicidade, design e arquite-tura), so fundamentais para melho-rar a capacidade empreendedora e gerar emprego na regio. A criao de emprego qualificado deve resultar da criao de novos produtos tursticos com valor acrescentado associados cultura e ao patrimnio. A reabilitao urbana nos ncleos histricos urbanos existentes tambm ir criar emprego de forma direta.

    Uma forte aposta no sector Cultural na regio algarvia permite, acima de tudo, melhorar a qualidade de vida das populaes, contribuir para um usufru-to complementar dos equipamentos existentes e, em ltima anlise, promo-ver uma maior coeso social.

    1 Oom do Valle et alli (2011), The cultural offer as a tourist product in coastal destina-tions: the case of Algarve, Portugal, Tourism and Hospitality Research 11 (4) 233-247

    A poesia invade as paredes

    Espao Cultura Sala de leitura

    d.r.

    85,9% dos turistas querem oferta cultural mesmo num destino turstico de mar

    Com 2020 como hori-zonte, o setor da Cultu-ra fundamental para a gesto, planificao e perceo do real impac-to, direto e indireto, no crescimento econmico, na inovao, na competi-tividade, no emprego e no desenvolvimento susten-tvel do Algarve

    Paulo PiresProgramador do Departamento So-ciocultural do Municpio de Silves

  • 01.02.201310 Cultura.Sul

    Bom tempo para as Indstrias Culturais e Criativas no Algarve?

    Depois do sucesso britnico a Unio Europeia (UE) encomenda, em 2006, um relatrio ao KEA European Affair sobre as Indstrias Culturais e Criativas (ICC), dando-lhes o corpo definido de economia da cultura. Nesse relatrio ficaram definidas as reas de atividade que seriam, ou no, consideradas como pertencen-tes s ICC, balizando-as em 4 nveis. No primeiro, centro da economia da cultura e motor de inovao, esto as artes e o patrimnio. Seguem-se trs crculos, o primeiro, das indstrias culturais, indstrias onde o produ-to provm das artes e se destina ao mercado global, incluindo, desde, a indstria musical at ao cinema. O segundo, das Indstrias Criativas, indstrias onde a criatividade e os produtos culturais so combinados na construo de novos produtos. Por fim, o ltimo crculo o das indstrias relacionadas, que no sendo, nem, marcadas pela criatividade, nem por utilizarem elementos culturais, pro-

    duzem ferramentas para os trs nveis anteriores. A economia da cultura saa da sua gnese anglo-saxnica e ganhava corpo de sector econmico europeu.

    Dois anos depois as ICC chegam a Portugal. A regio norte olhando o seu patrimnio artstico, mate-rial e imaterial, decidiu que urgia transforma-lo num fator de desen-volvimento econmico e social. Em 2008 a Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), juntamente com Serralves e outros parceiros culturais, encomen-da um Estudo Macroeconmico para o Desenvolvimento de um Cluster das Indstrias Criativas. O quadro traa-do, cria-se a ADDICT Agncia para o Desenvolvimento das Indstrias Cria-tivas, a CCDRN abre linhas de inves-timento sectoriais oradas em mais de 40 milhes de euros. Prepara-se o futuro com investimentos estruturais, eventos que geram mercado s ICC, agrupam-se empresas e desenvolvem--se estratgias.

    Descendo no pas e avanando no tempo, em 2010 o Ministrio da Cultura encomenda um estudo sobre O Sector Cultural e Criativo em Por-tugal. O pas vira as atenes para as ICC como uma estratgia de futu-ro, um sector em que Portugal pode competir internacionalmente com vantagem. Abrem centros de empre-sas em Lisboa, exige-se respostas s ICC do Norte. A soluo deus ex machi-

    na para a crise que galopava no che-ga. As ICC perdem a aura de seduo.

    Em 2013, o Norte responde com os projetos infraestruturais a abrirem portas, o Polo das Indstrias Criati-vas da Universidade do Porto (PINC) a colocar empresas nos mercados ex-ternos com sucesso, e a ter lista de es-pera para incubar l, a regio passou de receitas geradas, em 2008, de 800 milhes para mais de 1,4 mil milhes em 2012, sem contar com a revitali-zao dos sectores do calado e tx-til, que incorporam, atualmente, uma forte componente de design. As suas autarquias so as nicas do pas a re-forar os investimentos neste sector, contrariando a tendncia de reduo

    acentuada do resto do pas.Hoje, em 2013, a regio do Algarve,

    aps investir cerca de 6 milhes, por via da CCDR Algarve, em empresas do sector criativo em 2011 e de realizar o Projeto TASA, tem a possibilidade de aprender com os ltimos quatros anos de investimentos e da retirar dividendos. O Algarve, alm de deter um ncleo, no que respeita s ICC, de uma diversidade significativa, apre-sentando a mais valia do seu patri-mnio demonstrar vrias influncias, uma universidade capaz de prover de conhecimento e tecnologia inovado-ra as empresas, conta com trs impor-tantes fatores de mercado, que mais nenhuma regio do pas detm, o

    que lhe permite substanciar o desen-volvimento das ICC de forma segura e a ritmos de crescimento superiores aos do resto do pas. A elevada pre-sena do sector do turismo, permite s ICC encontrar um mercado, inter-no regio, onde os seus produtos tm elevada procura, desde artes de palco a objetos de design, que pode ser abordado de forma controlada, incremental, na diversidade e com-plexidade dos produtos a oferecer, e permite internacionalizaes privile-giadas, fruto da presena de cadeias hoteleiras de cariz global. O elevado nmero de turistas a visitar o Algarve todos os anos constitui um mercado de consumidores finais de nvel euro-peu, permitindo o teste de produtos e internacionalizaes sustentadas. Por ltimo, o clima algarvio, juntamente com o elevado nmero de no nacio-nais residentes, permite a atrao de empresas no portuguesas, que pode-ro funcionar como ncoras do sec-tor, bem como a atrao de talentos e a constituio de empresas portu-guesas como fornecedoras de outras na rea econmica da cultura.

    As sinergias existem, falta, no en-tanto, que as autoridades regionais liguem os pontos, permitam o acesso informao do que existe na regio e tracem um plano para que os inves-timentos aconteam numa lgica de economia de aglomerao, poten-ciando o existente e criando pontes para o futuro.

    ACTA prepara subidas ao palcoA Companhia de Teatro do Algar-

    ve (ACTA) prepara e ultima por estes dias uma nova programao que se rege por uma filosofia de carcter ldico, mas tambm de carcter pe-daggico, traves mestras do sucesso que tm vindo a promover no teatro algarvio desde a sua formao.

    Actualmente em cena itinerante nas escolas com o Auto da ndia, de Gil Vicente, a ACTA desenvolve em diferentes concelhos da regio o propsito de pedagoga previsto no pilar da programao teatral para a educao, de que tambm exemplo o projecto de servio educativo VATe.

    Mas h mais para ver, ouvir, sentir e apreciar nas produes com o cunho da companhia e o Cultura.Sul foi ou-vir Lus Vicente, director da ACTA, que falou sobre a nova programa-o, mas tambm sobre a nova fase da companhia, recentemente sedia-da no Teatro Lethes, cuja gesto e

    programao tem agora a seu cargo. Para Lus Vicente, cedo para fazer o balano, porque no obstante j terem realizado diversos espectcu-los no ltimo trimestre de 2012, no esto, segundo o responsvel, a fun-cionar na plenitude do [nosso] pro-jecto, assegura. Assente na ideia de que primeiro continua-se e depois comea-se, Lus Vicente antev para meados deste ano poder comear a falar de uma filosofia de programa-o do Teatro Lethes.

    Contudo, a ACTA no pra e quer seja como promotora e/ou respons-vel pela realizao dos espectculos em agenda, no tem mos a medir e apresenta, desde j, uma programa-o de primeira linha.

    No dia 27 de Maro sobe ao palco do Lethes a pea O Deus da Matan-a, de Yasmine Reza, cuja realizao defende, alm da caracterstica ldi-ca, um propsito pedaggico, que

    vem na sequncia da recente reali-zao de Bullying, sobre violncia entre os jovens, sendo que o novo tem como foco os pais.

    A 16 de Abril, a vez de Obras Incompletas de Gil Vicente estre-arem no teatro farense. Trata-se de um exerccio tentador e que prome-te, uma vez que sero completadas acrescentando textos actuais, como Gil Vicente os escreveria nos dias de hoje, refere o director.

    No obstante a qualidade dos espectculos em agenda, a Cultura tambm ela vtima da crise eco-nmica que assola o pas e a ACTA est dependente de financiamentos pedidos Direco Geral das Artes, numa quantia de 250 mil euros, para realizar novos projectos pre-vistos ainda para 2013, como o caso da pera original, co-produzi-da com a Orquestra do Algarve, mesa com Rossini.

    Contudo, h muito para ver e ouvir no Teatro Lethes, onde teatro, msica, dana, stand-up comedy e diferentes workshops estaro em cena durante

    todo o ano. A agenda de espectculos pode ser consultada online em www.actateatro.org.pt/teatrolethes.

    Pedro Ruas/Ricardo Claro

    Sinergias precisam que se criem pontes para o futuro

    d.r.

    ACTA responsvel pela gesto e programao do Lethes

    d.r.

    Uma opinio, uma viso

    Ricardo MoreiraConsultor e Investigadordas Indstrias Culturais e CriativasEconomista

    Boca de cena

  • 01.02.2013 11Cultura.Sul

    E TUDO O CASAMENTO LEVOU

    22 FEV | 21.30 | Auditrio Pedro Ruivo - FaroTrata-se de uma divertida comdia, encenada por Heitor Loureno e protagonizada por Almeno Gon-alves e Maria Joo Abreu, dupla que promete um sero muito divertido

    LAGO DOS CISNES

    23 FEV | 21.30 | TEMPO - Teatro Municipalde PortimoEstreia mundial da nova pea do Quorum Ballet, uma companhia que actualmente referncia incontor-nvel na dana contempornea portuguesa

    Lusa Monteiro

    Lusa Monteiro numa insupervel confisso da cigana

    O ttulo deste artigo mistura os ttulos das trs novelas que compem o ltimo livro de Lusa Monteiro: A Insuper-vel mudez da borboleta (que deu o nome ao volume), A in-vencvel confisso de rsula e A poeta que amou ciganas (e fadas marrecas), intercetan-do tempos, modos e gneros, como a autora.

    Lusa Monteiro um caso srio de qualidade. Jornalis-ta durante 17 anos, deixou essas lides e est a fazer um ps-doutoramento, depois de dois doutoramentos (um em Filosofia e outro em Literatu-ra) e um mestrado. Dedica-se ao teatro e a escrever, quer artigos cientficos, quer fic-

    o, drama e ensaio no aca-dmico, tendo ultrapassado a fasquia das 40 publicaes. uma escritora premiada e te-mos a sorte de a ter por perto, pois, natural de Vila Nova de Famalico, vive no Algarve h muitos anos.

    Falar sobre este livro num jornal no fcil. No porque a sua leitura seja difcil e s acessvel a um pblico muito experiente na leitura, mas por-que falar das histrias mini-mizar a beleza do texto. E estas novelas vivem, essencialmente, do literrio que tm em si.

    O subttulo do livro enca-minha-nos para uma temtica recorrente em Lusa Monteiro: duas confisses sficas e um desagravo de amor. A contra-capa elucida um pouco mais: trs pequenas novelas sobre o amor entre mulheres. Na primeira, encontramos uma professora em final de carrei-ra que se apaixona por uma jovem aluna a quem chama lbia; na segunda, a relao terna e corajosa de Auta e r-sula, heronas daquele que fi-cou na Histria como o mas-

    sacre das 11 mil virgens, em Colnia, no ano de 383 d.C.; por ltimo, um desagravo de amor de uma das mais interes-santes escritoras do Modernis-mo portugus: Judith Teixeira, a que gosta de ciganas (e fa-das marrecas).

    Sugiro que se tomem es-tas palavras como princpios orientadores da leitura, ser-vindo, inclusive, para no nos distrairmos com a histria, dando margem a uma fruio literria.

    Estas no so histrias de suspense. Nem nos passa pela cabea interrogarmo-nos so-bre como acabam. A escrita flui e somos levados na cor-rente das palavras. Bebemos as palavras, como Judith e Ur-dela, personagens da ltima histria do livro: Volvidos uns segundos de silncio, a gua levantou fervura. Urdela rasgou duas pginas do livro e meteu cada uma na caneca.

    Gosta de ch de papel, Judi-th, interrogou Urdela na sua voz bonita, mas sria e pouco amistosa. Falava o portugus de uma forma escorreita, como se nunca tivesse desvirginado os ouvidos com outro som.

    Isso no faz mal, ch de pa-pel, com poemas e tudo, gra-cejou Judith.

    A outra riu, sem desprender o olhar das folhas que ama-chucava com os dedos finos dentro das canecas. Depois explicou: cada palavra tem um sabor, embora algumas tenham um paladar mais for-te, como as flores. A gua lava--lhes a tinta e faz com que o sabor intrnseco a cada palavra se liberte nas papilas (p.110).

    Nesta novela, um desagra-vo de amor, onde a escritora Judith Teixeira (1880-1959) a personagem principal, a narrati-va no segue uma linha tempo-ral. Sobre Pepita, por exemplo, a cigana que tanto amou, ora estamos perante o seu nasci-mento, ora acompanhamos a sua menarca, ora percebemos que se deu a sua conceo. Por

    esta ordem. Mas isso no nos

    confunde. O narrador (ou narra-dora) alterna entre vrios nveis de realidade: uns, apresenta-os como dados histricos (o ho-mem do regime, embaixador em Madrid, antissemita, res-ponsvel pela censura a Judi-th Teixeira Ele vencera Judith porque era um vencedor nato. Ele acabava tambm de ven-cer Aristides de Sousa Mendes, que andava l por Bordus a desbaratar vistos para a ruim corja dos judeus. Mas ele fora l, ele vira, ele denunciara tudo ao seu amado Salazar. Nem um dos tinhosos entrou em Portu-gal - p.80); outros, como da-dos ntimos das personagens, deixando-nos, por exemplo, ler as cartas de amor trocadas entre Pepita e Judith (Eu no tenho

    a tua habilidade em entender a humanidade. Esta pode ser a razo pela qual gosto mais de mulheres que de homens por-que ns fomos contagiadas por esta doena de fazer com que as amizades ganhem corpo - p.97); outras vezes ainda faz--nos entrar nos sonhos de Judi-th, acompanhando-a na morte.

    A histria que inicia o volu-me narrada na primeira pes-soa, intercalando poemas com prosa, que poderia toda ela ser uma longa carta de amor: Ja-mais te oferecerei um poema, pequena, jamais, lbia, no porque o amor um vinho caro que perde corpo me-dida que se bebe, quando o amor deveria ser cacho de pa-lavras, cheio de sol, mosto de

    seiva, eterna semente de giras-sol (p.24).

    A temtica do amor homos-sexual, apresentado com a na-turalidade que existe no amor heterossexual, sem voyeuris-mo, ainda no muito co-mum no nosso meio literrio. Comparvel a Lusa Monteiro poder estar outro nome das letras portuguesas: Frederico Loureno, que tambm abor-da estes amores de um modo no preconceituoso. Ambos so excelentes autores e o facto dos amores que narram serem entre pessoas do mesmo sexo no retira (nem atribui) qua-lidade ao que escrevem. Para mim, eles esto bem acompa-nhados, numa simples estante, sob o nome Literatura.

    d.r.

    Da minha biblioteca

    Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

    Capa da obra de Lusa Monteiro

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  • 01.02.201312 Cultura.Sul

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