cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

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Page 1: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

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2 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

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Page 3: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 3A L

avoura

A Lavoura

ANO 114 - NO 687DIRETOR RESPONSÁVEL

Antonio Mello Alvarenga Neto

EDITORA

Cristina Baran

[email protected]

ENDEREÇO

Av. General Justo, 171 - 7º andar

20021-130 - Rio de Janeiro - RJ

Tel.: (21) 3231-6350

Fax: (21) 2240-4189

ENDEREÇO ELETRÔNICO

www.sna.agr.br

e-mails: [email protected]

[email protected]

DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Paulo Américo Magalhães

Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837

e-

mail:[email protected]

IMPRESSÃO:

Central Indústria Gráfica

Tel.: (32) 3215-8988

www.centralindustriagrafica.com.br

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:

Aguinaldo José de Lima

Ana Carolina Miotto

Antonio Mello Alvarenga Neto

Carla Gomes

Daniela Miyasaka S. Cassol

Eduardo Pinho Rodrigues

Eliana Cezar Silveira

Fernanda Domiciano

Gabriela Afonso Prado

Gastão Crocco

Ibsen de Gusmão Câmara

Ivani Cunha

Isabella Vincoletto

Jacira Collaço

João Eugênio

Juliana Caldas

Liliane Castelões

Luís Alexandre Louzada

Marcos Esteves

Paulo Sader

Pietro Massari

Regina Flores

Renato Ponzio

Ronaldo Spirlandelli

Samar Velho da silveira

Sérgio de Marco

Silvia Palhares

Sophia Gebrim

É proibida a reprodução parcial ou total dequalquer forma, incluindo os meioseletrônicos, sem préviaautorização do editor.

ISSN 0023-9135

Os artigos assinados são de responsa-

bilidade exclusiva de seus autores, não

traduzindo necessariamente a opinião

da revista A Lavoura e/ou da Socie-dade Nacional de Agricultura

Capa: Uva da variedade grenache,

da fazenda vinícola “La Vieille Ferme”,

em Vinsobres, Provence, França,

de propriedade da Família Perrin

Foto de Cristina Baran

[email protected]

SNA 114 ANOS 06

PANORAMA 10

SOCIEDADE RURAL

BRASILEIRA - SRB 22

SOBRAPA 25

BIOTECNOLOGIA 34

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO 42

EMPRESAS 48

PESQUISARaça bovina americana é foco de

melhoramento pela Embrapa

O senepol é uma raça adaptada

ao calor, fértil e sua carne

é de boa qualidade 38

HORTICULTURATomate: produção integrada com milho

ganha força

Um novo aumento da produção de

tomate poderá ocorrer em 2012

nas propriedades onde o

cultivo é alternado com

o plantio de grãos 40

LEITENovos desafios da produção leiteira

O mercado leiteiro é um setor de

grande impacto no agronegócio

com uma produção média

estimada de 32 bilhões

para 2011 49

VINICULTURAVinhos, tradição e modernidade 14

ALGODÃO

Avanços e recordes do algodão

no Brasil 21

VITICULTURA

Produção integrada de uva: maior valor

agregado no processamento

à cadeia vitivinícola 29

VITICULTURA

Cultivo protegido de uva aumenta

produtividade em 100% 35

SILAGEMÉ tempo de pensar na silagem 44

COOPERATIVISMOExportações das cooperativas crescem

34,6% entre janeiro e outubro 46

DESENVOLVIMENTO

AGRÍCOLAAs Câmaras Setoriais e Temáticas

do Ministério da Agricultura 54

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Page 4: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

4 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

DIRETORIA EXECUT IVA

ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO PRESIDENTE

ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA 1O VICE-PRESIDENTE

OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA 2O VICE-PRESIDENTE

JOEL NAEGELE 3O VICE-PRESIDENTE

TITO BRUNO BANDEIRA RYFF 4O VICE-PRESIDENTE

FRANCISCO JOSÉ VILELA SANTOS DIRETOR

HÉLIO MEIRELLES CARDOSO DIRETOR

JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES DIRETOR

LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS DIRETOR

RONALDO DE ALBUQUERQUE DIRETOR

SÉRGIO GOMES MALTA DIRETOR

SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasil e-mail:[email protected] · http://www.sna.agr.brESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979

Academia Nacional

de Agricultura CADEIRA

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41

TITULAR

ROBERTO FERREIRA DA SILVA PINTO

JAIME ROTSTEIN

EDUARDO EUGÊNIO GOUVÊA VIEIRA

FRANCELINO PEREIRA

LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS

RONALDO DE ALBUQUERQUE

TITO BRUNO BANDEIRA RYFF

FLÁVIO MIRAGAIA PERRI

JOEL NAEGELE

MARCUS VINÍCIUS PRATINI DE MORAES

ROBERTO PAULO CÉZAR DE ANDRADE

RUBENS RICUPERO

PIERRE LANDOLT

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

ISRAEL KLABIN

SYLVIA WACHSNER

ANTONIO DELFIM NETTO

ROBERTO PARAÍSO ROCHA

JOÃO CARLOS FAVERET PORTO

ANTONIO CABRERA MANO FILHO

JÓRIO DAUSTER

ANTONIO CARREIRA

ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO

IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA

JOHN R I CHARD LEWIS THOMPSON

JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES

AFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO

ROBERTO RODRIGUES

JOÃO CARLOS DE SOUZA MEIRELLES

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES

LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO

ALYSSON PAOLINELLI

OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA

DENISE FROSSARD

EDMUNDO BARBOSA DA SILVA

ERLING S. LORENTZEN

PATRONO

ENNES DE SOUZA

MOURA BRASIL

CAMPOS DA PAZ

BARÃO DE CAPANEMA

ANTONINO FIALHO

WENCESLÁO BELLO

SYLVIO RANGEL

PACHECO LEÃO

LAURO MULLER

MIGUEL CALMON

LYRA CASTRO

AUGUSTO RAMOS

SIMÕES LOPES

EDUARDO COTRIM

PEDRO OSÓRIO

TRAJANO DE MEDEIROS

PAULINO FERNANDES

FERNANDO COSTA

SÉRGIO DE CARVALHO

GUSTAVO DUTRA

JOSÉ AUGUSTO TRINDADE

IGNÁCIO TOSTA

JOSÉ SATURNINO BRITO

JOSÉ BONIFÁCIO

LUIZ DE QUEIROZ

CARLOS MOREIRA

ALBERTO SAMPAIO

EPAMINONDAS DE SOUZA

ALBERTO TORRES

CARLOS PEREIRA DE SÁ FORTES

THEODORO PECKOLT

RICARDO DE CARVALHO

BARBOSA RODRIGUES

GONZAGA DE CAMPOS

AMÉRICO BRAGA

NAVARRO DE ANDRADE

MELLO LEITÃO

ARISTIDES CAIRE

VITAL BRASIL

GETÚLIO VARGAS

EDGARD TEIXEIRA LEITE

FUNDADOR E PATRONO : OCTAVIO MELLO ALVARENGA

DIRETORIA TÉCNICA

ALBERTO WERNECK DE FIGUEIREDO

ANTONIO FREITAS

CLAUDIO CAIADO

JOHN RICHARD LEWIS THOMPSON

FERNANDO PIMENTEL

JAIME ROTSTEIN

JOSÉ MILTON DALLARI

KATIA AGUIAR

MARCIO SETTE FORTES DE ALMEIDA

MARIA HELENA FURTADO

MAURO REZENDE LOPES

PAULO PROTÁSIO

ROBERTO FERREIRA S. PINTO

RONY RODRIGUES OLIVEIRA

RUY BARRETO FILHO

COMISSÃO F ISCAL

CLAUDINE BICHARA DE OLIVEIRA

MARIA CECÍLIA LADEIRA DE ALMEIDA

PLÁCIDO MARCHON LEÃO

ROBERTO PARAÍSO ROCHA

RUI OTAVIO ANDRADE

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Page 5: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 5

SSSSSNANANANANACarta daCarta daCarta daCarta daCarta da

Antonio Mello Alvarenga Neto

NN

Segurança alimentar para 9 bilhões de bocas

população mundial atingiu, no início de no-

vembro, sete bilhões de pessoas. Até 2050,

a ONU estima que chegaremos a nove bi-

lhões de habitantes. São 213 mil novas bo-

cas por dia, ou 78 milhões por ano.

O maior desafio a ser enfrentado nas próximas

décadas será equacionar a oferta de alimentos para

os novos habitantes do planeta. Não é tarefa fácil,

principalmente se levarmos em conta que temos atu-

almente cerca de um bilhão de pessoas subnutridas.

Caberá ao Brasil desempenhar importante papel

na solução dessa equação, que envolve segurança ali-

mentar e sustentabilidade. Principalmente nos pró-

ximos 20 ou 30 anos, enquanto novas áreas de pro-

dução no mundo não venham a ser desenvolvidas.

Além de produzir alimentos em quantidade, qua-

lidade e preço para a sua população, o Brasil precisa-

rá responder, cada vez mais, ao desafio de suprir

as necessidades de alimentação do mundo. Isso sem

falar na produção de energia verde.

Para atender a essa demanda, a expansão virá

com o aumento da produtividade de nossas pasta-

gens e com a incorporação, ao processo produtivo,

de novas áreas no cerrado. É inevitável.

O Brasil tem conseguido aproveitar suas vanta-

gens comparativas para tornar-se referência no agro-

negócio global. Temos terra, água, clima, tecnolo-

gia e mão-de-obra qualificada para satisfazer a cres-

cente demanda global por produtos de origem agro-

pecuária.

Há tempos estamos aumentando nossa produção

a taxas maiores do que aquelas alcançadas em ou-

tras regiões do planeta. Com isso, vamos consolidan-

do nossa posição de grande player nos mercados do

agronegócio mundial.

Somos o maior produtor de café, cana-de-açú-

car e laranja do mundo; o segundo maior produtor

de soja e o maior exportador mundial de carnes. Em

pouco tempo, seremos o principal polo mundial de

algodão e de biocombustíveis e um dos principais for-

necedores de madeira, papel e celulose.

As exportações da agropecuária brasileira atin-

giram a cifra recorde de US$ 92 bilhões no período

de 12 meses, entre novembro de 2010 e outubro de

2011. O valor representa uma expansão de 25% em

relação ao mesmo período do ano anterior.

Considerando que as importações do setor alcan-

çaram o montante de US$ 16,8 bilhões no mesmo pe-

ríodo, o superávit da balança comercial do agrone-

gócio alcançou a extraordinária cifra de US$ 75 bi-

lhões!

É difícil imaginar o que seria da economia brasi-

leira se não fosse esse vigoroso sucesso de nosso agro-

negócio.

Há muitos interessados em investir no desenvol-

vimento do setor. No entanto, precisamos supe-

rar alguns obstáculos. O primeiro deles é propor-

cionar mais segurança aos investidores, resolven-

do a questão do novo Código Florestal e a legisla-

ção sobre a venda de terras para estrangeiros.

Outro problema é a precariedade de nossa in-

fraestrutura de transporte, armazenagem e logís-

tica de exportação. Somos muito eficientes “da

porteira para dentro”, mas nossa infraestrutura não

acompanhou o crescimento do agronegócio, afe-

tando duramente a competitividade dos produtos

brasileiros no exterior, e reduzindo a renda dos pro-

dutores. Para se ter uma ideia, o custo do frete

no Brasil chega a ser quatro vezes maior que em

outros países exportadores do agribusiness, como

é o caso dos EUA e da Argentina.

As oportunidades são claras e devemos

aproveitá-las. Somos uma nação que precisa cres-

cer, proporcionar emprego e boas condições de

vida aos brasileiros. Não podemos impedir o pro-

gresso de nosso agronegócio. O Brasil precisa

produzir alimentos e energia renovável para os

novos habitantes do planeta. Uma questão de

segurança alimentar e sustentabilidade.

AA

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Page 6: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

6 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

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Até 2050, a população mundial será de nove

bilhões de habitantes, segundo estimativas da ONU.

Organismos internacionais apontam que há cerca

de um bilhão de pessoas mal alimentadas no mun-

do. Com o objetivo de debater os desafios que o

planeta terá de enfrentar na produção de alimen-

tos, nos próximos anos, bem como o papel do Bra-

sil na solução deste problema, a Sociedade Nacio-

nal de Agricultura, para comemorar a Semana

Mundial da Alimentação, promoveu, em seu audi-

tório, no dia 19 de outubro, uma reunião com

membros da diretoria e da Academia Nacional de

Durante evento,

instituição assina acordo

com a Organização das

Cooperativas Brasileiras

lação, vem se tornando responsável por garantir boa parte das ne-

cessidades de alimentação do mundo”.

Segundo o presidente da SNA, o Brasil vem respondendo bem

a este desafio, aumentando sua produção a taxas maiores do que

os índices de crescimento em outras regiões do planeta. “O país

está ganhando participação cada vez maior no mercado interna-

cional, consolidando-se como um grande player do agronegócio

mundial”, salientou, acrescentando que, mesmo com um cená-

rio positivo, “é necessário melhorar a pauta exportadora, com o

incremento de produtos de melhor valor agregado”.

Em seguida, o diretor da SNA, Fernando Pimentel, disse que,

apesar do bom momento pelo o qual o agronegócio vem passando, o

setor não está imune à crise internacional. Na ocasião, traçou um

painel geral do Brasil no contexto geoeconômico que, para ele,

apresenta estabilidade, ao lado de países como China e Austrália.

SNA comemora a Semana

Mundial da Alimentação

SNA comemora a Semana

Mundial da Alimentação

Agricultura. O encontro contou ainda com a participação de au-

toridades representativas do setor agrícola.

Na abertura do evento, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga,

saudou os presentes e falou sobre a importância de promover um

debate de qualidade, reunindo personalidades de vários segmentos

do agronegócio. Citando números da FAO - que prevê, até 2050, a

necessidade do mundo em aumentar a produção de grãos em cerca

de 50%, e de carnes, em quase 100% -, Alvarenga abordou a questão

de futuras demandas globais.

“Nos próximos anos, a crise de alimentos estará cada vez mais

presente nos fóruns internacionais e em nosso dia-a-dia. A preocu-

pação mundial se voltará com grande intensidade para a segurança

alimentar. E o Brasil deverá desempenhar um papel cada vez mais

importante nesse sentido. Além de produzir alimentos em quantida-

de, qualidade e preço para atender às necessidades de sua popu-

Fábio Meirelles, presidente da Federação de

Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), afirmou

que as lideranças do campo devem se empenhar

para defender o produtor, a cultura agrícola e a

sociedade brasileira. “É necessário estabelecer uma

política de defesa da nossa economia, dentro da

realidade nacional”.

Cooperativismo

O movimento cooperativista ganhou destaque

durante o encontro, que foi finalizado com a assi-

natura de um convênio entre a SNA e a Organiza-

ção das Cooperativas Brasileiras (OCB), para promo-

ver ações de ensino e capacitação, bem como pro-

jetos de sustentabilidade e segurança alimentar. Es-

tiveram presentes à ocasião Márcio Lopes de

Freitas, presidente da OCB-Nacional, Marcos Diaz,

presidente da OCB-RJ, Jorge Barros, superintenden-

te técnico do Sescoop-RJ, e Renato Nobile, supe-

rintendente da OCB-Brasília.

O vice-presidente da SNA, Joel Naegele, consi-

derou o acordo histórico. “O documento garante

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Fábio de Salles Meireles (presidente da FAESP); Antonio Alvarenga (presidente da

Sociedade Nacional de Agricultura), e o vice-presidente da SNA, Osaná de Araújo Almeida

Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ), Márcio Lopes de Freitas (presidente da

OCB-Nacional) e Antonio Alvarenga (presidente da SNA)

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Page 7: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 7

a permanência das práticas cooperativistas,

para que os produtores tenham maior assis-

tência e ganhos”.

Márcio Lopes de Freitas informou que,

atualmente, o país conta com 1612 coopera-

tivas, respondendo por 44% da produção bra-

sileira. “Cooperativa é negócio, é estruturada

para ganhar dinheiro”, afirmou, sugerindo,

como estratégias para o setor, maior

interatividade entre cooperativas e empresas,

e a formação de uma sociedade anônima para

captar recursos do exterior.

Ao anunciar a estruturação de um gran-

de centro de formação cooperativista em São

Paulo, Freitas declarou que “as cooperativas

devem ter um compromisso maior nas comu-

nidades em que estão presentes”.

Cesário Ramalho, presidente da Socieda-

de Rural Brasileira, destacou o papel da SRB

setor “é uma espécie de rede onde pequenos, médios e grandes

produtores dependem um do outro e das comunidades que utili-

zam os produtos”. “Nesse âmbito”, disse a coordenadora, “é im-

portante saber o que o consumidor deseja”. Sylvia observou ainda

a falta de marcas genuinamente brasileiras no agronegócio, em com-

paração às multinacionais.

Também presente ao encontro, o diretor da SNA, Márcio

Sette Fortes de Almeida, argumentou que “o produto rural é

competitivo até a porteira da fazenda, mas vai perdendo com-

petitividade quando chega ao consumidor final”. O diretor atri-

bui este problema a falhas de infraestrutura, incluindo fatores

como transporte e armazenamento (neste caso, a carência de

silos). De acordo com Márcio Fortes, “30% da safra se perde no

próprio trajeto”. Segundo ele, “falta investimento e diálogo”

para resolver esses gargalos.

Ao introduzir no debate a questão ambiental, o vice-presiden-

te da SNA, almirante Ibsen de Gusmão Câmara, reconheceu que

há dificuldades em conciliar a produção de alimentos com a rea-

lidade das mudanças climáticas. “O clima onde as regiões são frias

será atenuado, mas nas regiões temperadas e tropicais, será mais

quente. O panorama agrícola será totalmente modificado. Portan-

to, as próximas décadas serão cruciais para a preservação da hu-

manidade”.

Ao final da reunião, o diretor da SNA, Alberto de Figueiredo,

apresentou aos representantes da OCB um programa destinado à

melhoria da pecuária leiteira no Estado do Rio

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neste setor. “Temos um relacionamento profundo com várias asso-

ciações rurais. O agricultor deve ter a capacidade de gerir seu

negócio, com o apoio das cooperativas”, declarou, ressaltando a

luta da SRB por uma renda e apoio maior ao homem do campo.

Produção e consumo

Para falar sobre a produção cafeeira, Ruy Barreto Filho, dire-

tor da SNA, denunciou o abandono do setor nos últimos 25 anos,

lembrando a extinção, pelo governo, do Instituto Brasileiro do Café

(IBC). O diretor também chamou a atenção para a falta de políticas

de exportação. “Não exportamos café solúvel e, ao mesmo tem-

po, somos importadores de café brasileiro industrializado. Nossa

política vesga beneficia o produtor e prejudica a exportação com

valor agregado”, alertou.

Já na visão de Ruy Barreto, “o café não é um produto primário

e tornou o Brasil um dos maiores países do mundo”. Ampliando o

debate, o produtor frisou que “o mundo tem, atualmente, uma

enorme responsabilidade para alimentar sete bilhões de pessoas”.

Representando a Embrapa, Regina Lago, chefe da área de ali-

mentos da instituição, abordou as oscilações nos preços de mer-

cado, chamou a atenção para o aumento do valor da cesta básica,

e falou sobre a importância da produção alimentar. “Atualmente,

não basta produzir o alimento; é preciso que haja qualidade e se-

gurança”, declarou, citando a atuação da Embrapa nas áreas de

nutrição, biotecnologia e saúde.

Com o foco voltado para a cadeia do agronegócio, a coorde-

nadora do Projeto OrganicsNet, Sylvia Wachsner, ressaltou que o

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Joel Naegele (vice-presidente da SNA), Márcio Lopes de Freitas (presidente da OCB-Nacional), Antonio Alvarenga (pres. SNA),

Marcos Diaz (presidente da OCB-RJ), Cesário Ramalho (presidente da SRB), Renato Nobile (superintendente da OCB-Brasília) e

Jorge Barros (superintendente do Sescoop-RJ) comemoram a parceria SNA/OCB

O empresário e produtor rural Ruy Barreto e o presidente da FAESP, Fábio de Salles

Meireles, durante almoço comemorativo, ao lado da diretoria da SNA: Antonio

Alvarenga (presidente), almirante Ibsen de Gusmão Câmara (vice-presidente), Ronaldo

de Albuquerque (diretor) e Roberto Paraíso Rocha (membro da Comissão Fiscal)

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Page 8: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

8 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

A Sociedade Nacional de Agricultura promo-

veu, no dia 6 de outubro, a festa de lan-

çamento de sua nova publicação, Animal

Business Brasil.

Participaram do evento, no auditório da

SNA, mais de 80 pessoas, entre membros da

diretoria, lideranças empresariais, autoridades

e representantes do setor agropecuário.

Na ocasião, o presidente da Sociedade Na-

cional de Agricultura, Antonio Alvarenga, dis-

se que, apesar da notável liderança do Brasil

como maior exportador de carne bovina e de

frango do mundo, é preciso avançar mais em

termos de produtividade. “Nos últimos anos ti-

vemos grandes progressos nos setores de grãos

e cana de açúcar. Agora é preciso cuidar do au-

mento da produtividade de nossa pecuária”.

Alvarenga ressaltou ainda a importância da

tecnologia para o desenvolvimento da pecuá-

ria - aspecto que constitui um dos principais

focos da nova revista da SNA, também volta-

da para a ampliação da inserção internacional

das cadeias produtivas do segmento animal.

Ao abordar os propósitos da publicação,

seu editor, Luiz Octavio Pires Leal, informou

que a Animal Business Brasil é uma revista de

negócios, direcionada a atrair investimentos

para o setor. “Divulgar internamente e no ex-

terior as tecnologias avançadas e as oportuni-

dades de investimentos constituem também

objetivos da nova publicação, e para isso con-

tamos com a colaboração de especialistas”.

O diretor da SNA, Márcio Sette Fortes de

Almeida, que assina um artigo no primeiro nú-

mero da revista, destacou que a publicação é

voltada para o produtor que pretende adotar

novas tecnologias, e elogiou os esforços do em-

presariado e do governo brasileiro para incre-

mentar a qualidade dos produtos de origem

animal.

Especializada em tecnologia da criação, re-

produção, industrialização e comercialização de

animais, a revista Animal Business Brasil, em seu

número de estreia, publica matérias sobre re-

produção high tech, avicultura brasileira, mer-

cado de saúde animal, comércio internacional

de cavalos, exportação de carne, entre outros.

Com 72 páginas em cores, periodicidade

bimestral e forte distribuição no Brasil e no ex-

terior, a publicação bilíngue (português e in-

glês) tem por objetivo estimular as exportações

e os investimentos em tecnologia no segmen-

to animal do agronegócio brasileiro.

Durante o coquetel de lançamento da re-

vista, o público assistiu a uma apresentação do

pianista Osmar Milito e da cantora Sanny Alves,

que mostraram clássicos da música brasileira.

Sociedade Nacional de Agricultura

lança nova publicação

DA

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DA

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Embaixador Flávio Perri, Antonio Alvarenga (presidente da SNA), Roberto Paulo Cézar de

Andrade, membro da Academia Nacional de Agricultura, e o ex-deputado Márcio Fortes

Cristina Baran, editora da revista A Lavoura; Márcio Sette Fortes de Almeida, diretor da

SNA; e os representantes da Animal Business Brasil: Marcelo Thadeu Rodrigues

(diagramador) e Luiz Octavio Pires Leal (editor)

Antônio Carlos de Andrade (economista); Antonio Alvarenga (presidente da SNA), e

os diretores Francisco Vilela e Sérgio Malta

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Page 9: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 9

O projeto OrganicsNet, da Sociedade Nacional de Agri-

cultura, participou do 3º Workshop de Cooperação Inter-

nacional - Gestão & Inovação na Panificação, realizado em

outubro, na Federação das Indústrias do Estado Mato Grosso

do Sul.

O evento mostrou aos empresários do setor de panifica-

ção do estado as novas práticas de gestão, além das tecno-

logias e inovações que visam à melhoria do processo produ-

tivo, com o incremento da qualidade.

Na ocasião, a coordenadora do projeto OrganicsNet,

Sylvia Wachsner, apresentou o case da primeira padaria

orgânica do Brasil, a Molino D´Oro, localizada em Itaipava

- região de Petrópolis (RJ). O estabelecimento, que per-

tence ao Sítio do Moinho, utiliza fermento natural sem co-

adjuvantes no processo produtivo, e desenvolve conheci-

mento e técnica próprios para garantir a qualidade e a ras-

treabilidade de seus produtos, fabricados com matéria pri-

ma italiana.

Dias antes de sua palestra, Sylvia fez uma visita a Itaipava

e teve a oportunidade de conversar com os técnicos respon-

sáveis pela Molino D‘Oro e acompanhar todas as etapas da

produção de pães.

OrganicsNet debate orgânicos na panificação

A Faculdade de Ciências Agro-ambi-

entais (FAGRAM) realizou, no último dia

20 de outubro, no auditório da SNA, a

cerimônia de formatura de sua última

turma de Zootecnia. Após quinze anos

de funcionamento, a FAGRAM encerrou

suas atividades no campus da Penha.

O presidente da SNA, Antonio Al-

varenga, lamentou o término do cur-

so “por falta de demanda no Rio de

Janeiro” e ressaltou a importância da

Zootecnia na segurança alimentar de

futuras gerações.

“Até 2050, teremos dois bilhões de

pessoas a mais no mundo para alimen-

tar, e a Zootecnia é a área que cuida

da produção de alimentos de origem

animal com qualidade e respeito ao

meio ambiente e ao homem. O mundo

espera que Brasil consiga aumentar sua

produção para suprir esta demanda,

pois ainda podemos crescer em eficiên-

cia e em área, de forma sustentável e

responsável” – declarou Alvarenga.

A coordenadora do curso de

Fagram forma sua última turma de Zootecnia

Zootecnia, Christianne Perali, lembrou a história da FAGRAM e chamou a atenção para os deveres a atitudes dos novos

profissionais. “Apesar de ser a última turma, a responsabilidade de cada um dos zootecnistas formados nesta data e nas

turmas anteriores está centrada na produção com ética e responsabilidade ambiental e social”. A professora recomendou

aos formados que se dediquem constantemente ao aprimoramento profissional e trabalhem com afinco para atingir seu

sucesso.

Os demais professores agradeceram ao período de convivência com os alunos e as experiências trocadas em sala de

aula, e manifestaram pesar pelo fim do curso.

Colaram grau, durante a cerimônia, os alunos Leonardo Gonçalves, Flávio Bindi, Amanda Arêa, Ildecir Sias, Ellen Simas,

Gustavo Mattozinhos da Rosa, Eruana Santos, Marcos Nalin, Marcos Provetti e Mário Tremura.

Estiveram presentes à mesa o professor Olavo David Filho, Christianne Perali, Antonio Alvarenga, Dione Firmino (paraninfa),

professor Markus Budjinsky e Marcos Aronovich.

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Formandos posam para a foto clássica

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Page 10: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

10 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

A safra de trigo em 2011, em áreas

irrigadas com pivô central, no Distrito

Federal, Minas Gerais e em Goiás acom-

panhou a redução de produtividade

verificada em todo o país. Em compa-

ração à safra anterior, a produtividade

foi 10% inferior, embora algumas lavou-

ras tenham alcançado em torno de 115

sacos por hectare com a cultivar BRS

264, quando a média foi de 90 sacos por

hectare. Levantamento da Companhia

Nacional de Abastecimento (Conab) in-

dica que a produção nacional deverá ser

de 5.129,9 mil toneladas, 12,8% menor

do que a colhida em 2010.

A área total cultivada com trigo ir-

rigado no Distrito Federal, Minas Gerais

e em Goiás também teve uma redução

neste ano. Em relação a 2010, a cultu-

ra foi plantada em menos 20% das áre-

as. As condições climáticas favorece-

ram o bom desenvolvimento das plan-

tas de trigo na região do Brasil Central.

“A maioria das lavouras foi colhida no

período seco, sem a ocorrência de chu-

vas, o que favoreceu a qualidade dos

grãos e, consequentemente, favoreceu

a comercialização. Os produtores estão

vendendo a sua produção entre R$

37,00 e R$ 42,00 por saco de 60 kg”,

explica o pesquisador da Embrapa Cer-

rados Júlio Cesar Albrecht.

As cultivares BRS 264 e BRS 254 são

indicadas para região do Cerrado do

Brasil Central, que compreende os es-

tados de Minas Gerais, Goiás, Mato

Grosso, Bahia e o Distrito Federal. Atu-

almente, 90% da área plantada com

trigo irrigado nessa região utiliza as

variedades lançadas pela Embrapa.

As unidades da Empresa Brasilei-

ra de Pesquisa Agropecuária - Embra-

pa Cerrados e Embrapa Trigo são as

responsáveis pelo desenvolvimento do

programa de melhoramento do trigo.

Somado à boa produtividade, o tri-

go produzido na região é todo de alta

qualidade, comparável ao das melho-

res regiões produtoras do mundo, como

o Canadá. Todas as variedades planta-

das no Cerrado são de trigo pão e

melhorador, conforme a demanda da

indústria moageira. “No Brasil, o trigo

de melhor qualidade industrial é o do

Cerrado, em função de sua alta força

de glúten e estabilidade”, acrescenta

o pesquisador.

Menos perdas

O ataque de pragas e doenças não

foi significativo nesta safra, o que con-

tribuiu para a produtividade e a quali-

dade do trigo nessa região. Dessa for-

ma, muitos produtores conseguiram

chegar até o final do ciclo com apenas

duas aplicações de fungicidas e duas de

inseticida, o que baixou os custos das

lavouras.

A brusone continua sendo a doença

que mais causa prejuízos na triticultura

do Cerrado. Segundo o pesquisador da

Embrapa Cerrados, no caso do plantio

do trigo irrigado, a doença se agrava

com a ocorrência de chuvas no estágio

de espigamento. Isso diminui conside-

ravelmente a produtividade da lavou-

ra e a qualidade de grãos. Os grãos

infectados apresentam-se enrugados,

pequenos, deformados e com baixo

peso específico. Para as lavouras per-

manecerem livres desta doença, os tra-

tamentos com fungicidas, indicados

pela pesquisa, devem ser preventivos.

A Embrapa possui projetos em an-

damento que visam identificar fontes

de resistência à brusone, mas ainda não

foram desenvolvidas cultivares resis-

tentes ao fungo Pyricularia grisea, cau-

sador da doença. Experimentos em

rede estão sendo desenvolvidos em

Planaltina-DF, Dourados-MS e Londrina-

PR. Nos campos experimentais da

Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF,

estão sendo testados vários genótipos

anualmente. O objetivo é selecionar

materiais que apresentem baixo nível

de incidência da doença.LILIANE CASTELÕES - EMBRAPA CERRADOS

Safra de trigo em 2011 é menor,mas com excelente qualidade

Safra de trigo em 2011 é menor,mas com excelente qualidade

Safra de trigo em 2011 é menor,mas com excelente qualidade

EM

BRA

PA

TRIG

O

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Page 11: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 11

A Pesagro-Rio dá mais um passo para o domínio da tecnologia de

produção de embriões in vitro de bovinos de leite.

Nasceram entre os dias 21 e 24 de junho passado, as três primei-

ras bezerras desenvolvidas a partir de embriões produzidos integral-

Bezerros de laboratório

PESA

GRO

-RIO

Bezerras produzidas

“in vitro” pela

Pesagro-Rio

Bois confinados em Minas

produzem 80 mil ton de carne

Rebanho mantido nos currais

e piquetes aumentou 20%

Iniciado o período das águas, os

pecuaristas de Minas Gerais que mantiveram

bois em confinamento durante a seca de

2011 estão levando o gado gordo para os

abatedouros. Neste ano, cerca de 400 mil

animais (volume 20% superior ao de 2010)

ficaram nos currais ou piquetes durante um

período de até três meses para cada lote,

recebendo alimento e água, informa a

Emater-MG, vinculada à Secretaria de Agri-

cultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

“Os animais de confinamento ofere-

cem carne em quantidade e com a quali-

dade exigida pelos frigoríficos e os consu-

midores, um produto muito valorizado”,

diz o coordenador estadual de

Bovinocultura da Emater, José Alberto de

Ávila Pires.

Ele estima que pelo menos 90% dos bois

confinados em Minas neste ano já foram ofe-

recidos no mercado. Segundo o balanço re-

alizado pela Emater, o volume total de ani-

mais preparado à base de ração deve possi-

bilitar o aproveitamento de 80 mil tonela-

das de carne. Este volume é suficiente para

o abastecimento de 6,7 milhões de pessoas

em quatro meses, consumindo cada uma a

média de 12 quilos.

O agrônomo Renato de Assis Porto de

Melo, assessor técnico do programa Minas

Carne, criado pela Secretaria da Agricultura,

também ressalta a importância do

confinamento de bovinos e diz que os produ-

tores estão aderindo ao sistema com

profissionalismo. “Eles fazem altos investi-

mentos principalmente na compra de ração

para os animais confinados e, por isso, sem-

pre têm a expectativa de obter uma remu-

neração melhor ao vender esse gado do que

obteriam com a comercialização de animais

engordados no pasto”, explica.

A arroba do boi, comercializada atual-

mente em Minas Gerais por cerca de R$ 100,

tem apresentado cotações

crescentes desde janeiro.

Segundo análise da

Subsecretaria do Agronegó-

cio da Secretaria da

Agricultura, no período de

janeiro a outubro de 2011,

o preço médio subiu

19,92%. Há sinais de que a

tendência de alta seguirá

até janeiro/fevereiro.

De agora em diante,

acrescenta o assessor da se-

va que vem aprimorando o confinamento

desde 1979, quando adotou essa alterna-

tiva de manejo do gado utilizando ape-

nas cem bois. No ano seguinte engordou

mil animais e depois continuou expandin-

do a produção.

Para 2012, Queiroz confirma que vai tra-

balhar com 40 mil bois, pois em sua opinião

a engorda de um grande volume de animais

possibilita renda ao produtor inclusive nos

períodos de baixa cotação da carne. “Prin-

cipalmente quando se pode contar com uma

boa safra de milho no dstado, como a esti-

mada para 2012, e a possibilidade de pro-

duzir na propriedade uma parte dos compo-

nentes da ração”, finaliza.

Cenário do boi

Dados da Emater mostram que, em Mi-

nas Gerais, um grupo de 63 produtores tra-

balha com plantéis confinados de mil a cin-

co mil cabeças, respondendo por 56,5% dos

animais dentro do sistema. Para completar

a oferta da carne confinada no Estado, há

um contingente de 658 pecuaristas que tra-

balham na faixa inferior a 150 e até mil bois.

De acordo com Ávila Pires, a presença des-

se número de pequenos produtores é um

bom suporte à atividade, que garante o abas-

tecimento do mercado interno em extenso

período, possibilitando a oferta de carne

bovina de qualidade a preços estáveis.

IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA,

PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

cretaria, a procura pela carne deve aumen-

tar, sendo a oferta quase exclusivamente do

produto de confinamentos. Começa um novo

ciclo de engorda de animais centralizado nos

pastos que já apresentam sinais de recupe-

ração.

Números positivos

Considerado um dos pioneiros do

confinamento de bois no Brasil, o pecuarista

Adalberto José de Queiroz, do município de

Frutal (Triângulo Mineiro), manteve em cur-

rais, desde março, um total de 12 mil bois e

ainda conta com 25% desse plantel. Para o

produtor, os resultados deste ano foram po-

sitivos porque ele conseguiu fechar bons

contratos de venda a termo, isto é, comer-

cialização dos animais à base de acertos que

independem dos preços praticados geral-

mente pelo mercado. Predominam nas ne-

gociações as condições dos animais ofereci-

dos, o cumprimento de prazos e outros as-

pectos. “Estamos entregando boi por R$

98,50 a arroba e um mês atrás vendíamos

por um preço acima da cotação atual do

mercado”, enfatiza.

Queiroz ressalta que o confinamento

é uma prática rentável sobretudo para os

produtores que cuidam bem da gestão do

negócio. “É necessário aproveitar bem as

oportunidades para vender o boi gordo e

também para comprar os bezerros que

iniciarão um novo ciclo nos currais ou pi-

quetes”, esclarece. O pecuarista obser-

Confinamento é rentável para produtores que cuidam bem

da gestão do negócio

SEC

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A Lavoura DEZEMBRO/2011 11

mente no Laboratório de Reprodução Animal do Campo Experimen-

tal Santa Mônica, em Valença-RJ, mais um fruto da parceria entre

a Pesagro-Rio e a Embrapa Gado de Leite. O resultado foi come-

morado pelo presidente da Pesagro, Sílvio Galvão, que destacou a

parceria estratégica, a dedicação e o profissionalismo das equipes

e dos pesquisadores responsáveis pelo trabalho.

De acordo com a pesquisadora Raquel Varella Serapião, da

Pesagro-Rio, os embriões foram produzidos a partir de óvulos

coletados de vacas doadoras de alto valor genético da raça Gir e

fecundados com sêmen de touro Holandês, sendo então transferi-

dos para vacas receptoras (barrigas de aluguel) do rebanho do

Campo Experimental, sendo todas as etapas executadas pela equipe

da empresa.

A técnica vem sendo utilizada para a produção de matrizes que

resultem em animais de alta qualidade genética, permitindo a

melhoria do rebanho fluminense e o aumento da produtividade do

leite, informou o pesquisador da Pesagro Agostino Jorge dos Reis

Camargo, que integra a equipe do projeto.

!ALAV687-10-13-Panorama.pmd 4/11/2011, 09:3011

Page 12: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

12 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Pesquisa avalia

transferência de renda

do agronegócio para

outros setores da

economia

O agronegócio brasileiro, nos últimos 15 anos, aumentou

sua produção e cresceu mais do que o PIB do País, permi-

tindo que se expandissem o consumo interno e a exportação de

seus produtos. Analisando esse contexto, uma pesquisa desen-

volvida no programa de Pós-graduação em Economia Aplicada,

da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP),

observou o papel do agronegócio no processo de transferência

de renda para os demais setores da economia doméstica e tam-

bém para o mercado externo.

De autoria de Adriana Ferreira Silva e orientação do pro-

fessor Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, do Departamento

de Economia, Administração e Sociologia (LES), o estudo

intitulado “Transferências Interna e Externa de Renda do Agro-

negócio Brasileiro” apontou que a redução da concentração

de renda e da pobreza no Brasil também teve suas raízes no

agronegócio. “Ao assumir posição estratégica para o contro-

le da inflação e geração de divisas no comércio exterior, esse

setor teve participação relevante nesta trajetória”, explica

Adriana.

Setor pecuarista

Segundo a pesquisadora, devido à queda de preços dos pro-

dutos agropecuários, a sociedade absorveu, entre os anos de

1995 a 2009, uma renda de R$ 837 bilhões do agronegócio, prin-

cipalmente do setor pecuarista, e dos segmento primário e in-

ESA

LQ

/U

SP

Safra estadual deve alcançar volume

5,3% superior ao do ano passado

Apesar das importações crescentes de alho pelo Brasil –

entre janeiro e agosto de 2011 entraram no país 109,9 mil

toneladas do produto argentino e chinês –, os agricultores

mineiros investem no aumento da safra. O IBGE estima que a

produção de alho em Minas Gerais neste ano vai alcançar 19,7

mil toneladas, volume 5,3% maior que o registrado no ano

passado.

A colheita mineira prevista para este ano equivale a

16,6% da safra nacional, garantindo a vice-liderança do

ranking brasileiro do alho, atrás apenas de Goiás. Para o su-

perintendente de Política e Economia Agrícola da

Subsecretaria do Agronegócio da Secretaria da Agricultura

de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, o aumento da safra

estadual é consequência principalmente da intensa utiliza-

ção de tecnologia nas lavouras. “Por isso, a produtividade

média de alho no Estado é de 12,1 toneladas de alho por

hectare. Há dez anos, a produtividade era de 8,1 toneladas

por hectare”, explica Albanez.

Primeiro colocado na produção estadual de alho, o Alto

Paranaíba tem uma safra estimada de 13,8 mil toneladas, volu-

me correspondente a cerca de 70% da safra estadual. Albanez

avalia que o plantio, principalmente na região líder de produção,

foi estimulado em 2011 pela recuperação de preço registrada em

2010, como consequência de uma redução temporária das im-

portações de alho chinês.

Qualidade reconhecida

O agricultor familiar Oswaldo Júnior, que mantém o cultivo

de alho em 18 hectares no município de São Gotardo, no Alto

Paranaíba, diz que o produtor deve sempre investir na qualida-

de, independente da importação. “É necessário produzir sem-

pre o nosso alho com qualidade, exista ou não a importação. Além

disso, o volume das compras externas do produto pelo Brasil pode

cair, e nesse caso os preços internos serão mais compensadores.”

Oswaldo concorda que o alho nacional, especialmente o co-

lhido nas lavouras mineiras, tem a preferência dos consumidores

que valorizam a qualidade. A observação é compartilhada pelo

extensionista Dener Henrique de Castro, que atua no município.

CRIS

TIN

A

BA

RA

N

Setor pecuarista: queda de preços devido ao aumento da produção

Alho: colheita mineira equivale a 16,6% da safra nacional, ficando

atrás apenas de Goiás

12 DEZEMBRO/2011 A Lavoura12 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Alho: Minas aposta na qualidade para concorrer

!ALAV687-10-13-Panorama.pmd 4/11/2011, 09:3012

Page 13: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 13

dustrial da agricultura. “Essa queda de preços se dá devido ao

aumento da produção, gerado pela aquisição de novas tecnolo-

gias. Isso significa que a renda perdida pelo agronegócio não

afetou sua sustentação. Além disso, o fato da produção apre-

sentar crescimento nesse cenário é um indicador de que as

quedas de preço não representaram perda total da rentabilida-

de das novas tecnologias”, afirma.

Adriana expõe ainda outro motivo para a queda dos pre-

ços no País: o avanço da tecnologia e o aumento da produ-

ção em escala internacional. “Aliados ao protecionismo dos

países mais desenvolvidos, eles geraram uma baixa dos pre-

ços em grandes proporções. Ou seja, o desempenho do Bra-

sil não se deu de forma isolada, ele apenas ajustou seus cus-

tos ao movimento dos demais países”, explica. O trabalho

conclui que a redução dos preços reais dos produtos agrope-

cuários foi fator primordial na capacidade do poder aquisiti-

vo dos consumidores, em especial, para as famílias de baixa

renda - nas quais grande parcela da renda é despendida em

alimentos. Por outro lado, há que se garantir que os preços

pagos aos produtores remunerem seus esforços, para que

desestímulos à produção de alimentos não surjam e no futu-

ro ocasionem uma redução da oferta e consequente eleva-

ção dos preços.

Esta pesquisa de Adriana Ferreira Silva ganhou o Prêmio

Edson Potsch Magalhães de melhor tese em economia rural,

durante a realização do 49º Congresso da Sociedade Brasi-

leira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER),

realizado em julho.

ANA CAROLINA MIOTTO - ESALQ/USP

A colheita do milho começou em junho no Nordeste bra-

sileiro, e os produtores da região, principalmente os pe-

quenos agricultores familiares do Semiárido, já comemo-

ram o aumento da produção. Na região de Irecê, no cen-

tro norte da Bahia, que integra cidades como Ibititá,

Canarana, Lapão e João Dourado, a produtividade desta

safra foi três vezes maior do que a dos últimos seis anos.

A média, que era de 40 mil toneladas, subiu para 142 mil

toneladas de milho este ano.

Boa parte desse sucesso se deve à utilização do BRS

Caatingueiro, desenvolvido pela Embrapa Tabuleiros Costei-

ros, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, e

comercializado pela Embrapa Transferência de Tecnologia,

unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Superprecoce

A cultivar apresenta grãos semiduros amarelos e é

adaptada especialmente ao Semiárido nordestino. Sua

principal vantagem é o ciclo superprecoce, o que per-

mite boas colheitas mesmo em períodos de pouca chu-

va. Como o florescimento do BRS Caatingueiro ocorre

entre 41 e 50 dias, diminui o risco de estresse hídrico

no momento em que o milho é mais sensível à falta de

água.

Após o plantio, a cultivar precisa de apenas 90 dias para

atingir a época da colheita. Mas se a distribuição das chuvas

for regular, a safra já está garantida com 65 a 70 dias de plan-

tio. Na região mais seca do Semiárido, a produtividade do BRS

Caatingueiro varia em torno de 2 a 3 toneladas de grãos por

hectare.

Em condições mais regulares de precipitação, a produti-

vidade pode chegar a 6 toneladas de grãos por hectare. Por

isso, a cultivar é ideal para os pequenos produtores, que

geralmente dispõem de poucos recursos, encontram dificul-

dades para ter acesso ao crédito e não têm tipo algum de

orientação técnica.

EDUARDO PINHO RODRIGUES - EMBRAPA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

“O produto de Minas Gerais tem qualidade reconhecida em todo

o país, especialmente nos mercados de São Paulo, Recife e Ama-

zonas”, explica.

A preferência do consumidor brasileiro pelo alho nacional

também é citada por Eduardo Sekita, diretor do grupo Sekita, de

São Gotardo, que trabalha com a parceria de 49 produtores em

190 hectares da propriedade. Esse contingente de agricultores

familiares deve garantir ao grupo, em 2011, uma produção da

ordem de 3,7 mil toneladas, ele informa.

“O grande problema é que as importações permitidas pelo

governo federal possibilitam a venda do acho chinês por R$ 40,00

a caixa de dez quilos, enquanto no Alto Paranaíba o preço varia

de R$ 42,00 a R$ 45,00, porque abaixo disso seria insuficiente para

cobrir os custos de produção”, explica o executivo.

Segundo Sekita, outro aspecto que dificulta a situação dos

produtores brasileiros é que o alho importado está presente em

todo o país durante o ano inteiro. Já o produto colhido nas lavou-

ras da maioria dos Estados chega ao consumidor em um período

definido, de agosto a fevereiro, sendo que em Minas Gerais o

abastecimento predomina numa faixa de tempo ainda menor, de

agosto a janeiro.

Organização da produção

“Diante do cenário da importação de alho pelo Brasil, os agri-

cultores devem buscar orientação junto às associações e coope-

rativas para desenvolver a produção programada”, recomenda o

superintendente do Mercado Livre do Produtor (MLP) da

CeasaMinas pela Subsecretaria de Agricultura Familiar da Secre-

taria da Agricultura, Lucas de Oliveira Scarascia. Ele diz que é

fundamental para os produtores o acesso a informações sobre as

tendências do mercado, política de abastecimento do país, situ-

ação do câmbio e interesse de outros países em colocar seus pro-

dutos no Brasil.

IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS

ED

UA

RD

O P

INH

O

Milho BRS

Caatingueiro

melhora a produção

no Semiárido

Milho BRS

Caatingueiro

melhora a produção

no Semiárido

BRS Caatingueiro: superprecoce

com produto importado

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Page 14: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

14 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

VINICULTURAVINICULTURA

Vinhos, tradição

e modernidade

Vinhos, tradição

e modernidade

CRIS

TIN

A BA

RA

N

Uvas para a produção dos vinhos

Château de Beaucastel: os “galets”

(pedras arredondadas no solo),

retém o calor do dia e aquecem

as videiras durante a noite

ANTONIO ALVARENGA

PRESIDENTE DA SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA - SNA

14 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

A família Perrin produz

vinhos desde 1909, na

região da Provence, e

hoje é uma das maiores

podutoras da França

Uvas para a produção dos vinhos

Château de Beaucastel: os “galets”

(pedras arredondadas no solo),

retém o calor do dia e aquecem

as videiras durante a noite

!ALAV687-14-20-Vinicultura.pmd 4/11/2011, 09:3214

Page 15: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 15

VINICULTURA

Em recente viagem à França,

tivemos a oportunidade de co-

nhecer as propriedades viní-

colas da tradicional família Perrin,

gente simples, elegante e muito aco-

lhedora.

A família Perrin dedica-se à pro-

dução de vinhos desde 1909, na re-

gião da Provence, sendo atualmente

uma das maiores produtoras de vinho

da França.

François Perrin dirige o grupo de

empresas da família com extrema de-

dicação e eficiência, adotando mo-

dernas técnicas de gestão - desde o

manejo das videiras, colheita das

uvas e produção dos vinhos até sua

comercialização, incluindo toda a

complicada logística envolvida no pro-

cesso e o marketing dos produtos. O

ambiente é bastante informal, mas

tudo funciona perfeitamente. Aqui

vale nosso ditado: “o olho do dono é

que engorda o gado”. Atento a tudo

que se passa em suas propriedades,

caves e instalações industriais, é vi-

sível seu amor pela terra, videiras e

pela produção do vinho.

O reconhecimento desse trabalho

apaixonado vem, dentre outros resul-

tados relevantes, por meio da avali-

ação dos críticos especializados. Re-

centemente, um dos vinhos – Château

de Beaucastel, branco, velhas vinhas

– obteve a nota máxima - 100 - do

renomado crítico norte-americano

Robert Parker, uma das maiores au-

toridades mundiais em vinhos, cuja

crítica favorável pode lançar o preço

de um vinho às alturas. É a primeira

vez que um vinho branco da região de

Châteauneuf-du-Pape recebe 100

pontos.

“Assemblage”

Um dos principais segredos de um

bom vinho é o “assemblage”, ou seja,

o percentual de cada tipo de uva em

sua composição final. Esse “assem-

blage” é sempre diferente em cada

safra, tendo em vista que anualmen-

te as características das uvas são

diferentes conforme o clima e épo-

ca da colheita, que interferem no re-

sultado final após sua maturação e

fermentação. É François Perrin quem

define a data de início da colheita e

dá a palavra final no “assemblage”

de cada um dos vinhos produzidos

pelas vinícolas da família.

Linha de produtos

Há uma extensa linha de produ-

tos, desde o especialíssimo Châ-

teauneuf-du-Pape – Château de

E

Propriedade da família Perrin, na Provence,

França, onde são produzidos e armazenados

os vinhos Château de Beaucastel (detalhe)

CRIS

TIN

A BA

RA

N

CRIS

TIN

A BA

RA

N

A Lavoura DEZEMBRO/2011 15

!ALAV687-14-20-Vinicultura.pmd 4/11/2011, 09:3215

Page 16: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

16 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

VINICULTURA

A Lavoura DEZEMBRO/2011 17

A vinícola Perrin e Fils faz parte de uma associa-

ção exclusiva que reúne 12 empresas pertencen-

tes a famílias tradicionais produtoras de vinhos, com

o objetivo de manter a tradição e transmitir às ge-

rações futuras a paixão que eles têm com a produ-

ção do vinho. A associação realiza reuniões periódi-

cas com as famílias associadas e também promove

programas de cooperação mútua, sobretudo na divul-

gação de seus produtos, visando ganhar maior com-

Primum Familae Vini (Grandes Famílias do Vinho)

petitividade no mercado internacional.

Atualmente, os membros da Primum Familae Vini

são as vinícolas: Champagne Pol Roger, Joseph Drouin

(Borgonha), Hugel & Fils (Alsácia), Perrin & Fils

(Rhone), Château Mouton Rothschild (Bordeaux), to-

dos da França; Torres e Vega Sicilia (Espanha); Tenuta

San Guido e Antinori, ambos da Toscana, Itália; Egon

Müller Scharzhof, da Alemanha; e Grupo Symington,

de Portugal.

Beaucastel – até vinhos mais sim-

ples, como os La Vieille Ferme ou

Côtes du Rhone, de boa qualidade,

honestos e adequados para os seg-

mentos de mercado aos quais se pro-

põem atender.

Há também os excelentes vinhos

Gigondas, produzidos a partir de

uvas grenache, cultivadas em solos

muito arenosos; o Vinsobres, um dos

melhores Crus do sul do Vale do Rhone,

cujo vinhedo está localizado ao nor-

te de Châteauneuf-du-Pape, a uma

altitude de cerca de 300 m e clima

bastante adequado para a uva syrah;

e o Vacqueyras, produzido em solos

argilosos pesados com cascalho de

Ouvèze, onde uma combinação das

uvas grenache com syrah produz um

vinho aromático e de muito boa re-

putação na França.

A linha de produtos inclui vinhos

tintos, brancos, roses e até um

doce. Também há vinhos orgânicos

– como é o caso do Château de Beau-

castel e Côtes du Rhone Rouge

Obedecendo o método tradicional de produção, a colheita do Château de Beaucastel é manualPERRIN

ET F

ILS

PERRIN

ET F

ILS

VINICULTURA

!ALAV687-14-20-Vinicultura.pmd 4/11/2011, 09:3216

Page 17: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 17

VINICULTURA

17 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Nature. Desde 1962, os vinhedos de

Château de Beaucastel produzem

vinhos orgânicos.

Há vinhos produzidos a partir de

vinhas antigas, algumas com 90

anos. Em determinados anos, depen-

dendo da característica da safra, são

produzidos alguns vinhos especiais,

como é o caso do “Hommage à

Jacques Perrin”, que também já re-

cebeu a pontuação máxima do críti-

co Robert Parker.

A produção total das propriedades

da família Perrin é de 10 milhões de

garrafas por ano, sendo 500 mil gar-

rafas do Châteauneuf-du-Pape.

Galets

No Château de Beaucastel, o mé-

todo de produção é tradicional: co-

lheita manual e sistemas artesanais

de prensagem, maturação, envelhe-

cimento, engarrafamento e guarda

em barris de carvalho.

O terreno em Beaucastel – entre

as cidades de Avignon e Orange - é

marcado pela presença de um gran-

de número de pedras arredondadas,

conhecido como “galets” Estes

“galets” retêm o calor do dia e aque-

cem as videiras durante a noite. O

clima tem um papel importante: bai-

xa precipitação, o vento Mistral, seco

e forte, que chega a atingir 100 km/

hora. Todos estes componentes – in-

clusive as diferenças entre altas e

baixas temperaturas – se combinam

e se complementam pa-ra dar às vi-

nhas de Beaucastel excepcionais qua-

lidades e originalidade

reconhecidas mundial-

mente.

A propriedade cobre

um total de 130 hecta-

res, dos quais apenas

100 hectares são planta-

dos com vinhas: 75%

são dedicados à produ-

ção do Châteauneuf-du-

Pape – Chateau de Beau-

castel, e 25% para produ-

ção do Côtes-du-Rhone

denominado Coudoulet

de Beaucastel. Os res-

tantes 30 hectares, são

utilizados na rotação de

culturas para preparar

novos plantios de vinha,

porque, a cada ano, um

ou dois hectares de vi-

nhas velhas são desati-

vadas e uma área equivalente é

replantada em terreno onde não hou-

ve produção dura*nte, pelo menos,

dez anos. Desde 1962 o cultivo dos

vinhedos de Beaucastel é orgânico.

Château de Beaucastel tinto

O vinho é resultado de 13 varie-

dades de uvas. As videiras têm em

média 50 anos e o rendimento é de,

no máximo, 30 hectolitros por hecta-

re. Essa é uma vinha saudável e vi-

brante, devido a anos de cultivo

orgânico. Na produção do vinho tin-

to Château de Beaucastel, são utili-

zados 30% de mourvedre, 30% de

grenache, 10% de syrah, e 5% de

muscardin, vaccarese e cinsault

cada. O restante é composto de pe-

quenas quantidades de sete outras

variedades permitidas em Château-

neuf-du-Pape, que proporcionam uma

complexidade graciosa que fazem o

Château de Beaucastel ser um vinho

extraordinário.

O período de colheita é fundamen-

tal, porque as uvas são colhidas e vi-

nificadas separadamente, permitin-

do-lhes expressar suas próprias per-

sonalidades no produto final.

A colheita e a classificação são

manuais. As peles das uvas são aque-

cidas rapidamente para 80°C e, em

seguida, resfriado a 20°C antes de le-

var os cachos para cubas de

maceração onde ficam durante 12

dias. O suco é, então, drenado.

A partir do método de aquecimen-

to flash, Beaucastel Rouge segue uma

vinificação mais ou menos clássica. A

maioria das variedades são fermen-

tadas separadamente. O vinho jo-

vem, em seguida, amadurece em

barricas de carvalho por cerca de 12

meses. As castas das uvas - vinifi-

cadas separadamente - são mistura-

das após a fermentação e uma série

de degustações. O vinho resultante é

então amadurecido por um ano em

grandes barricas de carvalho e depois

engarrafado. Finalmente, o vinho é

maturado em garrafas e guardado

nas caves Beaucastel por mais um

ano antes de ser colocado à venda.

Château de Beaucastel branco

Os vinhos brancos do Château de

Beaucastel estão entre os melhores

Produção do vinho Château de Beaucastel:

maturação, envelhecimento e guarda...

PERRIN

ET F

ILS

PERRIN

ET F

ILS

... em barris de carvalho

A Lavoura DEZEMBRO/2011 17

!ALAV687-14-20-Vinicultura.pmd 4/11/2011, 09:3217

Page 18: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

18 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

VINICULTURA

vinhos brancos da França. Produzidos

a partir de uvas cultivadas em clima

quente, sendo 80% roussanne, 15%

grenache blanc e 5% de outras vinhas.

As vinhas datam entre 10 e 40 anos.

Há uma pequena quantidade do

“Vieilles Vignes” cuvée, produzido in-

teiramente a partir de vinhas

roussanne, com cerca de 100 anos de

idade.

A vinha que produz o Château de

Beaucastel Blanc possui apenas sete

hectares para uma produção de

6.000 garrafas por ano. A extraordi-

nária qualidade e reduzida produção

tornam esse vinho uma raridade no

mercado.

As uvas são colhidas à mão e le-

vadas para a adega em pequenos

cestos. A classificação também é

manual, para separar as uvas verdes

ou danificadas. Trinta por cento do

vinho é fermentado em barris e o

restante em temperatura controla-

da, em cubas de aço inoxidável. Uma

vez que a fermentação é concluída,

a metade do vinho novo amadurece

em pequenos barris de carvalho e

metade em cubas por cerca de oito

meses. O Vieilles Vignes cuvée é

mantido em carvalho por um perío-

do mais longo.

Engarrafamento do vinho rosé “La Vieille Ferme” (detalhe), da Perrin et Fils

PERRIN

ET F

ILS

François Perrin na cave

em Beaucastel, onde estão

guardadas garrafas de

vinho de diversas safras.

No detalhe, o vinho

branco Château de

Beaucastel, que foi

recentemente premiado

com a nota máxima

PE

RR

IN

ET

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CRIS

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VINICULTURA

18 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

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Page 19: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 19

VINICULTURA

A França é referência mundial na produção de vinhos. É

lá que se produz os mais famosos vinhos do mun-

do e a maior variedade de vinhos de alta qualidade.

A vinicultura existe na França há mais de 2.000

anos. A partir de 1905, o governo começou a controlar

e regulamentar a produção do vinho no país. Em 1935

foi criado o Institut National des Appellations d’Origine

(INAO), que fiscaliza toda a produção de vinhos na

França.

Cada região produtora tem sua própria regulamen-

tação e classificações diversas. As principais regiões

produtoras são Bordeaux, Borgonha, Champagne,

Alsácia, Rhone e Loire.

São cerca de 110 mil vinhedos espalhados pelo país,

com os “terroirs” mais diversos, nas mãos de cerca

de 69 mil produtores/negociantes e cooperativas. Só

em Bordeaux, são mais de 7.000 châteaus e cerca de

13.000 vinhedos.

A legislação é rigorosa no controle da produção dos

vinhos, sendo os vinhos classificados conforme sua

qualidade:

“Vin de Table”, ou vinho de mesa

São vinhos básicos, simples e mais baratos. É o

vinho produzido pelas comunidades onde, mais ou me-

nos, se faz o que quer. Representam cerca de 17% do

vinho produzido na França e é, quase que totalmente,

consumido localmente. A região de origem não é men-

cionada no rótulo.

“Vin de Pays” ou vinho regional

São vinhos regionais em que as regras de produ-

ção são menos rígidas do que nas AOC, especialmen-

te no que se refere às cepas de uvas que podem ser

usadas. Existe uma maior liberdade e é aqui que os

produtores deixam fluir sua criatividade e experimen-

tação na busca de novos vinhos. Apesar de existir muito

vinho de baixa qualidade, pode-se encontrar bons pro-

dutos com esta denominação. Correspondem a cerca

de 30% da produção total.

Os vinhos franceses

VDQS, vinho delimitado de qualidade superior

Na teoria, um degrau antes de um vinho ou região

alcançar o nível AOC, ficando situado entre esta clas-

sificação e o “Vin de Pays”. Corresponde a aproxima-

damente 2% do total da produção.

“Vin d’Appellation d’Origine Contrôlée” - AOC

(Vinho de Denominação de Origem Controlada)

Nesta categoria estão os grandes vinhos franceses.

As normas de produção são estabelecidas pelo Institut

National des Appellations d’Origine (INAO). A AOC pos-

sui regras rígidas de controle e fiscalização, determinando

desde as uvas que podem, ou não, ser produzidas na re-

gião, procedimentos de controle do vinhedo, uvas que

podem ser usadas na elaboração dos vinhos, porcentuais

dos cortes, teores de álcool, etc. Daqui saem a grande

maioria dos grandes vinhos da França. São mais de 450

diferentes AOC espalhadas por todas as regiões produ-

toras, respondendo por cerca de 50% da produção nacio-

nal. A denominação é estampada no rótulo e pode ser

usada sozinha, ou em conjunto com o nome da região.

A França rivaliza com a Itália como maior produtor e com

a Espanha em termos de área plantada. Sua produção

anual alcança cerca de 5.8 bilhões de garrafas. O consumo

per capita está hoje ao redor de 60 litros anuais, uma signifi-

cativa redução em relação aos 150 litros da década de 1950.

Enquanto o consumo na França vem se reduzindo, na China

está em franca expansão.

Superfície de Vinhedos

1. Espanha – 1.113.000 ha (hectare)

2. França – 840.000 ha

3. Itália – 818.000 ha

4. China – 470.000 ha

O mercado mundial de vinhosProdução Mundial de Vinhos

1. Itália – 47.700.000 hl (um hectolitro = 100 litros)

2. França – 45.600.000 hl

3. Espanha – 35.200.000 hl

Consumo Mundial de Vinhos

1. França – 29.900.000 hl

2. Estados Unidos – 27.300.000 hl

3. Itália – 24.500.000 hl

4. Alemanha – 20.300.000 hl

5. China – 14.000.000 hl

Exportação Mundial de Vinhos

1. Itália – 18.600.000 hl

2. Espanha – 14.400.000 hl

3. França – 12.500.000 hl

4. Austrália – 7.700.000 hl

Vinhos produzidos na Provence, França, pela Perrin et Fils

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Page 20: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

20 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

VINICULTURA

Numa pequena região, no coração da região sul do Rhone,

fica a área de produção de Châteauneuf-du-Pape, en-

tre as cidades de Avignon e Orange. Situada no topo de uma

colina, possui 3.000 hectares de vinhedos. Nesta área o solo

é coberto de pequenas pedras que absorvem calor durante

o dia e aquecem as raízes das videiras de noite, os chama-

dos “galets”. Uma das regiões de terras mais caras na Fran-

ça, em Châteauneuf-du-Pape o hectare custa em média o equi-

valente a R$ 1 milhão e as propriedades medem em torno de

5 hectares.

A estória desses vinhedos tem as suas raízes num dos capí-

tulos mais curiosos da História da França, que é a chegada dos

papas à Avignon durante a Idade-Média. Nesta cidade, seis pa-

pas se sucederam ao longo de um período de setenta anos.

Denominação

Em 1929, a denominação de origem, Châteauneuf-du-Pape,

foi sacramentada.

A denominação permite a utilização de 13 tipos de uvas

diferentes para constituir esse vinho. Contudo, nos

“assemblages”, a proporção de uva grenache noir costuma

ser de 80%, sendo complementada em geral pela syrah e a

mourvèdre. As outras variedades são usadas como tempe-

ro: cinzault, muscardin, vaccarèse, terret noir, picpoul noir,

counoise.

Vale mencionar também as castas brancas que produzem

vinhos, cuja qualidade vem aumentando a cada ano, e cuja

uva dominante é a grenache blanc, seguida pela clairette, a

bourboulenc, a picardan e a roussanne.

Fama mundial

De fama mundial, conhecido pelas suas garrafas amplas e

bojudas, que trazem o selo das armas dos papas estampado

no vidro, o Châteauneuf-du-Pape possui grande força e volu-

me, graças à uva grenache que proporciona a sua consistên-

cia característica de um vinho de guarda. Assim, os seus

melhores vinhos podem esperar de 10 a 12 anos até serem

consumidos, alguns dos quais podem ser guardados por até

25 anos.

A sua cor mais característica é um rubi escuro com refle-

xos granada. Os seus aromas, por tradição, são extremamen-

te sedutores. Entre eles, predominam toques pronunciados

de frutas vermelhas maduras, de especiarias e de ervas aro-

máticas, sempre de grande intensidade.

No paladar, há equilíbrio entre acidez e álcool, sendo que

o seu corpo aveludado e volumoso tem um final longo e

frutado, com um amargor leve e amadeirado.

Para os tintos: mourvedre, grenache, syrah, cinsault,

counoise, muscardin, vaccarese.

Para os brancos: grenache blanc, bourboulenc, clairette,

roussanne, picpoul, picardan.

Châteauneuf-du-Pape

produz vinhos de fama mundial

CRIS

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CRIS

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Châteauneuf-du-Pape, uma das regiões de terra mais caras da França...

... e as vinhas com as quais são produzidos os vinhos com alto

valor no mercado

VINICULTURA

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Page 21: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 21

Avanços e recordes do algodão no Brasil

ALGODÃO

SÉRGIO DE MARCO

PRESIDENTE DA ABRAPA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE ALGODÃO

RONALDO SPIRLANDELLI

PRESIDENTE DA APPA – ASSOCIAÇÃO PAULISTA DOS PRODUTORES DE ALGODÃO

O setor agropecuário é uma das molas propulsoras da

economia brasileira. Respondendo por quase 1/3 do

nosso PIB (Produto Interno Bruto), compete de igual

para igual com o setor automobilístico e, mais recentemente,

com os empreendimentos imobiliários. Somente nos primeiros

três meses de 2011, a agricultura foi responsável pelo aumen-

to de 1,3% do PIB, e o algodão foi uma das culturas que mais

contribuíram para esta ampliação.

A indústria nacional consome 1 milhão de toneladas/ano de

pluma, e nos primeiros 5 meses de 2011 as vendas estiveram

concentradas basicamente nesse mercado. A safra 2010/2011,

que já começou a ser colhida, deverá abastecer o mercado

externo, prevendo-se novos recordes de exportação, cujo vo-

lume de 2010 esteve próximo de meio milhão de toneladas.

Os números relativos à exportação fizeram com que o Bra-

sil ganhasse destaque entre os outros países que cultivam a

fibra, como China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. E tam-

bém está impulsionando os produtores brasileiros no sentido

de fomentar a atuação comercial em Hong Kong e Cingapura,

que integram os Tigres Asiáticos. As expectativas são grandes

em relação a esses dois países, e os números a serem alcança-

dos giram em torno de 60 mil toneladas. É mais um grande passo

para os agricultores brasileiros, pois o horizonte continua pro-

missor, haja visto o crescimento de 66% da área plantada, re-

sultando numa safra 74% maior do que a do ano passado, se-

gundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

Esforços em pesquisas

Este espaço alcançado no cenário nacional e internacional

corresponde a uma série de esforços em pesquisas. Vale res-

saltar ações de entidades como a Embrapa Algodão, os

Institutos Agronômicos de Campinas e do Paraná, o Instituto

Mato-Grossense do Algodão, a Fundação de Apoio a Pesquisa e

Desenvolvimento do Oeste Baiano e a Fundação Goiás,

entre outras, que colaboram para o aperfeiçoamento genético

da fibra, do cultivo e do controle de pragas, assim como para a

seleção de plantas mais resistentes a doenças. Todas estas ações

se configuram como colaborações relevantes para o produtor

de algodão, o qual passa a receber orientações e diretrizes que

culminam na rentabilidade dos negócios.

Além destes estímulos ou contribuições das pesquisas para

o progresso do setor, destacamos importantes avanços no

setor industrial, como o desenvolvimento de maquinários agrí-

colas e novas tecnologias, os quais, se agregados corretamen-

te, contribuem para que o processo de colheita e industrializa-

ção sejam aperfeiçoados, tanto para o grande, como para o

médio e para pequeno produtor do algodão.

Diante destes dois exemplos - esforços em pesquisa e

avanços da indústria - fica evidente como a fibra é impor-

tante para o cenário interno, pois faz com que corporações

de diversos setores participem do processo e comecem a se

desenvolver também. Evidentemente estas ações são tam-

bém positivas para a geração empregos, seja no campo ou

na cidade.

Cabe-nos refletir como o avanço positivo da cultura algo-

dão não se trata de uma ação isolada e que também

não traz frutos e méritos somente para o setor produtivo do

algodão. Há o envolvimento de toda uma cadeia de empresas e,

portanto, eles são partilhados. E para o crescimento ininter-

rupto é preciso que haja continuidade do fortalecimento

dessa cadeia, seja com pesquisas ou estudos, ou com a ge-

ração de novos negócios, pois isto fará com que o Brasil te-

nha destaque sempre.

CA

RLO

S RU

DIN

EY

O

Com melhoramento genético e maquinário adequado, a área

cultivada no Brasil aumentou 66% em 2011

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Page 22: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

22 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

A citricultura brasileira em Anuga 2011Diretor de Citricultura da Rural, Gastão Crocco, visitou a feira de Anuga,

em Colônia, Alemanha. Considerada a maior do mundo, ela recebeu 6.500 expositores.

A agenda de trabalho também contou com visitas a vários importadores do suco

brasileiro, às grandes cadeias de supermercados do continente e aos terminais da

Citrovita e da Cutrale em portos da Bélgica e da Holanda, respectivamente

GASTÃO CROCCO

DIRETOR DE CITRICULTURA DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA

PAULO SADER

COLABORADOR DA RURAL E CITRICULTOR

Entre 8 e 12 de outubro, aconteceu em Colô-

nia, Alemanha, a Feira de Anuga. O evento é

o maior do gênero alimentício no mundo e é re-

alizado a cada dois anos. Apresentaram-se cer-

ca de 6.500 expositores de diversos países,

compradores e vendedores.

A fim de mostrar e vender produtos da ca-

deia produtiva, a participação da Citrovita,

Citrosuco e Dreyfus como expositores - com

estandes - foi especialmente interessante para

a citricultura nacional. Além disso, a Cutrale re-

cebeu clientes e convidados paralelamente à

feira.

Como está em curso a negociação de novo

padrão de relacionamento e negócios entre os

elos da cadeia produtiva - o Consecitrus - a So-

ciedade Rural Brasileira (SRB) entendeu ser na-

tural e importante que o setor agrícola buscas-

se conhecer, com profundidade, todo o trajeto

que perfaz a laranja brasileira, dos pomares até

o consumidor final. Pensando nisso, a Rural pre-

parou-se para visitar a Anuga 2011 e fazer con-

tatos com os principais agentes do mercado de

suco de laranja no mundo, de modo a extrair

informações valiosas que possam orientar as

negociações de criação do futuro conselho.

Além da Rural, representada pela diretoria

de Citricultura, estiveram em atividades con-

juntas a Faesp, com seu diretor Marco Antonio

dos Santos; a CitrusBR, representada por seu

presidente Christian Lohbauer e o Coordena-

dor do Consecitrus, João de Almeida Sampaio.

Estiveram com o grupo, também, a Alicitrus, com

o diretor Paulo Celso Biasioli, a FGV/MB Associ-

ados, com Roberto Perosa e a Cutrale, com seu

Diretor Corporativo Carlos Viacava.

A agenda de trabalho também contou com

visitas a vários importadores do suco brasilei-

ro, às grandes cadeias de supermercados do

continente e aos terminais da Citrovita e da

Cutrale em portos da Bélgica e da Holanda, res-

pectivamente.

A satisfação dos europeus em receber, de

modo inédito, uma comitiva organizada com

representantes de produtores do Brasil foi evi-

dente e se manifestou na franqueza das consi-

derações e respostas dadas aos questionamen-

tos elaborados pelo grupo e por produtores con-

sultados pela Rural, antes da partida. Foi a for-

ma que a Rural encontrou de ampliar a partici-

pação e incluir os que não puderam viajar. Os

brasileiros expuseram preocupação em relação

aos custos de produção, à necessidade de apro-

ximar os elos da cadeia produtiva na busca de

eficiência e remuneração equilibrada para to-

dos, e as impressões colhidas foram as que se-

guem abaixo.

O mercado e a concorrência – O suco de

laranja tornou-se um produto velho, ou desa-

tualizado. O consumo de bebidas cresce com a

substituição desses produtos rapidamente ul-

trapassados, em primeiro lugar, por bebidas

energéticas e isotônicos, que vendem quase 17

bilhões de litros/ano, com crescimento médio

de 7,1% a.a., de 2004 a 2010***

. Nos últimos dois

anos, enquanto o consumo de refrigerantes

cresceu 2 bilhões de litros, o de sucos caiu 71

milhões.

O consumo de FCOJ 100% natural é o que

apresenta maior queda. Dentre outros fatores,

em função da concorrência acirrada de produ-

tos com marketing de intenso apelo à diversão

e esportividade, cujas embalagens diferencia-

das atraem os segmentos infantil e jovem. O

NFC tem condição mais vantajosa em relação

ao concentrado e é com ele que se fazem as

guerras promocionais nas gôndolas dos super-

mercados.

No caso do NFC, o principal concorrente

do Brasil no mercado europeu é a Espanha. A for-

ça de sua concorrência deve-se à pequena dis-

tância dos mercados consumidores e do curto

lapso entre a colheita e a mesa do consumidor,

contado em poucas horas. A qualidade deste

produto, embora bastante inferior ao que ofe-

recemos, não parece incomodar o consumidor,

uma vez que seu consumo cresce em detrimen-

22 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

E

A notícia de que os produtores rurais têm

sofrido fortes pressões de custos não se

configurou novidade para os engarrafadores,

que já há cinco anos sentem essa influência

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Page 23: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 23

to do nosso.

Entre os sucos, o de maçã, produ-

zido em larga escala na Polônia e na Chi-

na, é o principal concorrente da laran-

ja. São os dois “sucos base” utilizados

para misturas. Na lógica de mercado, o

que estiver mais barato terá preferên-

cia no mix. No momento, o suco de maçã

vem acompanhando a alta da laranja.

Aliás, nos últimos 5 anos, a alta de pre-

ços das frutas em geral tem deixado os

engarrafadores e supermercados sem

muita referência de preço. Desta for-

ma, os contratos de fornecimento fe-

chados têm sido de curto prazo, um ano.

Do ponto de vista da distribuição,

os engarrafadores têm sofrido forte

pressão das grandes cadeias varejis-

tas/supermercados que vendem cada

vez mais produtos com marca própria

em vez de comercializarem as marcas

tradicionais que receberam anos e mi-

lhões de investimentos em logística e

marketing. Os produtos de marca pró-

pria dos supermercados vendem-se em

giro rápido a preços inferiores aos das

marcas dos engarrafadores. Com as

margens caindo, os engarrafadores

substituem seus produtos adaptando-

os para não perder mercado.

O que se observa, na ponta do con-

sumo, portanto, são duas guerras: uma

de preços e promoções em que o

engarrafador tem de reduzir constan-

vendas de orgânicos ou produtos com apelo de

sustentabilidade. Não há identificação de ori-

gem. No máximo vê-se estampado um “suco tipo

Florida”, por exemplo. Neste quesito, muitos

engarrafadores veem como positivo o apelo de

origem brasileira como tática de marketing.

Para os intermediários europeus importa

que haja um bom relacionamento ao longo da

cadeia produtiva, mas os efeitos da concentra-

ção sobre os produtores não são considerados

por eles quando se mencionou o alto grau de con-

centração de poder econômico das indústrias

produtoras de suco e seu impacto sobre os elos

que estão do lado de dentro da porteira.

A visão dos engarrafadores europeus –

A visita de produtores, considerada muito posi-

tiva por todos, reforçou a noção de que a alta

dos preços do suco nos últimos anos é estrutu-

ral. A notícia de que aqueles, nas propriedades

rurais, têm sofrido fortes pressões de custos,

não se configurou novidade para os

engarrafadores que já há cinco anos sentem a

pressão, não só da laranja, mas das frutas em

geral. Tal fato é atribuído a um conjunto de pro-

blemas cambiais, fitossanitários e climáticos.

O consumidor não está disposto, contudo,

a pagar preços altos e tem um constante inte-

resse por novidades. O comprador tradicional

de suco FCOJ vem substituindo suas compras

por NFC, experimentando, aos poucos, as mar-

cas próprias dos varejistas, cujos preços são

mais baixos e impõem margens de ganho meno-

res aos engarrafadores.

A guerra de preços e o marketing

agressivo parecem ter contribuído para

a aceleração do “envelhecimento” do

suco de laranja puro, concentrado ou

não, que vai sendo ultrapassado por uma

série impressionante de bebidas de

baixíssimo teor de suco, embaladas em

frascos coloridos, sem clareza a respei-

to das características do conteúdo ou

de sua origem e que atendem a um pú-

blico sem muita condição de avaliação

crítica sobre o que está bebendo como,

por exemplo, o kit lanche (pequenas em-

balagens) vendido e promovido em su-

permercados ingleses.

Como se negocia – O suco não é

armazenado pela indústria nacional na

Europa, apenas nas fábricas no Brasil,

segundo as conversas na ocasião. Há

uma estocagem mínima e breve para

distribuição aos engarrafadores.

Quando os preços estão altos,

como no momento, US$ 2.700,00/ t, o

comprador adquire em contratos de

curto prazo, “da mão para a boca”,

com preços fixos, nunca renegociáveis.

Quando há queda muito expressiva de

preço, maior do que US$ 200,00/t,

ocorre do comprador suspender a com-

pra de longo prazo, no que é, em geral,

atendido pela indústria que procura

renegociar a entrega mais à frente.

As grandes cadeias varejistas, por

temente suas margens para manter mercado e

não inviabilizar seu próprio negócio; outra en-

tre as bebidas mix, que levam cada vez mais

água e outras frutas na composição. Essas guer-

ras são alimentadas pelas barreiras psicológi-

cas de preço que imperam entre os consumido-

res finais. Entre a infinidade de produtos que

pretendem atender a este consumidor sensível

ao preço estão muitos cuja composição apre-

senta até 2% de suco natural.

Os novos mercados – O consumo de suco

de laranja no Leste Europeu ainda é muito bai-

xo e vem sendo afetado pela crise econômica.

Na China o consumo é crescente, mas o

carro chefe na preferência do consumidor é o

“Pulpy”, com baixíssimo teor de suco embora

com grande quantidade de polpa. Este produto

é destaque da Coca Cola no país asiático, onde

foi lançado em 2005, e foi responsável por fa-

zer do Minute Maid Pulpy o terceiro braço de

US$ 1 bilhão da companhia. Em todo caso, o

baixo uso de suco na fórmula produz pouco im-

pacto nas exportações brasileiras. No Japão, o

consumo está estagnado há anos e já foi alcan-

çado pelos chineses (80 mil ton/ano).

As novas tendências mercadológicas –

Os operadores do mercado parecem conserva-

dores e tradicionais no que diz respeito à influ-

ência das tendências e das grandes causas am-

bientais e sociais sobre o consumo de suco de

laranja: fundamental é o preço!

Ninguém parece apostar no incremento das

sua vez, negociam volumes certos de entrega.

Se os preços estão altos elas reduzem ou suspen-

dem as compras, colocando outras bebidas nas

prateleiras. Os engarrafadores, por seu turno,

estão obrigados a suspender, também, suas com-

pras, fazendo com que a indústria a estoque ou

baixe preços. Os movimentos dos varejistas e

dos engarrafadores são sentidos durante a sa-

fra no Brasil, principalmente quando eles pedem

um suco com característica especial como mai-

or ou menor acidez.Ao negociar suas compras,

todos os engarrafadores dizem consultar os pre-

ços das quatro grandes indústrias, sem usar qual-

quer outra referência, alegando, ainda, que não

há correlação entre os preços da Bolsa em Nova

York e o que se pratica na Europa, posto que a

Bolsa carrega preços afetados por especuladores

e grandes investidores, tais como fundos de pen-

são, que distorcem o mercado.

Por fim, a questão formulada com intenção

de ajudar na elaboração do CONSECITRUS: os

engarrafadores estariam dispostos a criar um

índice em que, preservando a identidade das

partes, seriam abertos os valores negociados

em suas compras de suco? A resposta foi nega-

tiva em face de limitações empresariais e legais

para a divulgação destes dados, por causa do

risco de alterar de modo significativo o funcio-

namento do mercado.

***Fonte: Markestrat a partir de Tetra Pak e

Euromonitor

A Lavoura DEZEMBRO/2011 23

“O consumo de bebidas cresce, mas com a substituição

pelos energéticos e isotônicos, que vendem quase 17

bilhões de litros/ano”, ressalta Crocco

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Page 24: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

24 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Sociedade Rural BrasileiraRua Formosa, 367, 19O andar – Anhangabaú - Centro

CEP 01049-000- São Paulo – SP

Tel: (11) 3123-0666 – Fax: (11) 3223-1780

www.srb.org.br

Jornalista Responsável: Silvia Palhares – [email protected]

Corredator: Renato Ponzio

Tela da Rural seráexposta no maior festival

de artes da Europa

O Brasil será homenageado no maior festival de artes da

Europa, a Europalia. Nesta 23ª edição, serão apresen-

tados 130 shows, 60 apresentações de dança e 40 de tea-

tro, 20 exposições de artes visuais e 90 palestras e confe-

rências literárias em cinco países: Bélgica, Luxemburgo,

França, Alemanha e Holanda. O evento iniciou em outubro

deste ano e segue até fevereiro de 2012.

Um dos quadros que embarcarão para a Europa é “A

Florada do Café”, do italiano Antônio Ferrigno (1863 - 1940),

que pertence ao centenário acervo da Sociedade Rural Bra-

sileira. Discípulo da Scuola di Maiori (Itália/ 1863 - 1920),

Ferrigno morou em São Paulo por 12 anos, de 1893 a 1905.

Nesse período, reproduziu paisagens paulistanas, do inte-

rior e do litoral.

Por ter retratado diversas fazendas de café, a pedido

dos proprietários que queriam fixá-las em telas, ficou co-

nhecido como o “pintor do café”. Um de seus trabalhos

mais conhecidos é a série de seis telas sobre a atividade

cafeeira, que ele pintou na Fazenda Santa Gertrudes, loca-

lizada no atual município de Santa Gertrudes/SP e de pro-

priedade de um dos fundadores e ex-presidente da Rural,

Conde de Prates.

As seis telas que compõe a série – A Florada, A Colheita,

Lavadouro, O Terreiro, Ensacamento do Café e Café para a

Estação – foram enviadas pelo governo brasileiro à famosa

Exposição Universal de Saint Louis (EUA), em 1903, e será

uma delas que voltará a encantar o mundo 108 anos depois.

RENATO PONZIO

A sede da Rural tem um vasto e rico acervo, que narra a história da agricultura

e pecuária no Brasil. Os destaques são a biblioteca com milhares de obras,

muitas do começo do século XX, e os quadros dos pintores paisagistas Antonio

Ferrigno, Rosalbino Santoro e Oscar Pereira da Silva

O

Ministro Mendes Ribeiro Filho

visita a Sociedade Rural Brasileira

No dia 3 de outubro, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abaste-

cimento, Mendes Ribeiro Filho, participou, na sede da Socieda-

de Rural Brasileira, de um almoço-reunião com o presidente da enti-

dade Cesário Ramalho da Silva e as principais lideranças do agronegó-

cio nacional.

Na abertura do encontro, Cesário Ramalho enfatizou que a pre-

sença do ministro na “Casa da Agricultura Brasileira”, valoriza e

apoia o setor que é formado pelo pequeno, médio e grande pro-

dutor. Destacou, também, que a presidente Dilma Rousseff tem

feito um trabalho de sinergia que vai ao encontro das causas prin-

cipais do agro brasileiro, a exemplo das novas medidas de apoio

contidas no Plano Safra 2011/2012.

Em nome da agropecuária nacional, o presidente da Rural pe-

diu a Mendes Ribeiro que olhasse com atenção para algumas ques-

tões que atrapalham o desenvolvimento e o crescimento do se-

tor: “O novo Código Florestal, no qual estamos trabalhando há

quase dois anos, e entendemos que deve ser aprovado ainda este

ano. A segunda questão que perturba o nosso setor e que está

inibindo investimentos importantes é o da regulamentação da venda

de terras para estrangeiros”.

Durante seu discurso, Mendes Ribeiro salientou que não en-

tende a razão de a agricultura não ter a importância da qual é

digna no dia-a-dia dos brasileiros. E, esclareceu, que “se eu te-

nho alguma coisa que fazer na agricultura é emprestar minha ex-

periência política para o reconhecimento do setor, o seu fortale-

cimento, para que as pessoas possam perceber que ao ajudarmos

a agricultura, ela vai ajudar o Brasil”.

O ministro da Agricultura finalisou ressaltando que “queremos

ser, até a metade de 2013, um país livre de aftosa, mas para isso há

que se ter o comprometimento e a disposição dos estados e mu-

nicípios, dos integrantes da cadeia, e a participação concreta da

iniciativa privada”.

Sobre os pedidos do presidente da Rural, Mendes Ribeiro co-

mentou que tem o novo Código Florestal como objetivo, bem como

a definição da AGU em relação a terras para estrangeiros. Outra

prioridade apontada pelo ministro é a construção, junto de sua

equipe, de um seguro de renda para os produtores.

SILVIA PALHARES E RENATO PONZIO

O presidente da SRB, Cesário Ramalho (esq) recebe o ministro da Agricultura

Mendes Ribeiro

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Page 25: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 25

Carta da S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Ibsen de Gusmão Câmara

Presidente

Um futuro sombrio

O notável sucesso do agronegócio brasileiro pode ser

comprovado por ter sido capaz de suprir as necessidades

alimentares decorrentes do acréscimo da população na-

cional havido nos últimos 60 anos, da ordem de 140 mi-

lhões de pessoas, além de permitir ao País tornar-se atu-

almente um grande exportador de alimentos. Grãos e

carnes, juntamente com minérios, formam hoje a maior

parte da base de nossa receita de exportação, a ser pro-

vavelmente reforçada dentro de algum tempo pelo petró-

leo do pré-sal. Grande parte da indústria brasileira, em

especial a de manufaturados, tornou-se pouco ou não com-

petitiva, prejudicada que foi pelas exportações agressivas

dos países asiáticos, notadamente a China, nos quais o

baixo custo da mão-de-obra os torna imbatíveis,

vulnerabilidade essa à qual se acrescem a vigência de

nossa legislação trabalhista e tributária complexa e ul-

trapassada, a carência crônica de vias de transporte mo-

dernas e eficientes, e todos os demais problemas do “cus-

to Brasil”.

Assim, tudo leva a crer que, embora seja indesejável,

nossa receita de moedas estrangeiras continuará por lon-

go tempo baseada na exportação de produtos primários,

com destaque naqueles derivados do labor nos campos. E

isto dependerá de forma crucial dos impactos das mudan-

ças climáticas e de sua evolução.

Os cenários futuros das alterações de clima já em cur-

so ainda são precários, mas mesmo assim precisam ser

considerados com muito cuidado pelos agricultores e

pecuaristas, e o que já se pode prever justifica graves pre-

ocupações.

Estudo elaborado em 2008 – e revisto em 2009 – por

equipe da Fundação Brasileira para o Desenvolvimen-

to Sustentável (FBDS), denominado Economia das

Mudanças Climáticas no Brasil – Estimativas das

Ofertas de Recursos Hídricos no Brasil em Cenários

Futuros de Clima 2015-2100, com base em dados con-

tidos em 15 diferentes cenários, levou a conclusões

merecedoras de considerações com profunda serieda-

de. Ele é longo e complicado, mas adiante menciona-

se parte de seus resultados e recomendações. Uma das

mais significativas dessas conclusões diz respeito à

variação do fluxo das principais bacias hidrográficas

do País, intimamente ligado às variações de precipi-

tações hídricas.

Considerando como base de referência (100%) as

médias dos fluxos das diferentes bacias no período de

1961-1990, abaixo são indicados os respectivos futu-

ros valores percentuais previstos para o período 2011-

2040:

Bacia do Amazonas .............................. 88%

Bacia do Tocantins ................................ 83%

Bacia do Paraguai ................................ 68%

Bacia do Paraná.................................... 80%

Bacia do Parnaíba ................................ 69%

Bacia do S. Francisco ........................... 73%

Outros rios da Região Sul .................... 95%

Embora se reconheça que o estudo é apenas uma pri-

meira abordagem do tema, constata-se que todas as baci-

as pesquisadas evidenciam tendência para diminuição de

fluxo, decorrente de redução das precipitações e do aumen-

to da evapotranspiração, acentuada esta pela maior tem-

peratura do planeta. Serão especialmente afetadas as ba-

cias do Nordeste e do Centro-oeste, enquanto as do Sul

sofrerão menor alteração. No período seguinte, de 2041-

2100, as previsões ainda mais se agravam; na bacia do S.

Francisco, por exemplo, no final do Século, o fluxo poderá

reduzir-se para 43%, passando toda a região a ter clima

semiárido. Assim, vale ponderar sobre as consequênci-

as para os cultivos irrigados ao longo do rio e para o

polêmico e caríssimo Projeto de Transposição, hoje em

andamento.

Claro está que as reduções de fluxo não serão rigida-

mente proporcionais a menores índices de precipitação

hídrica posto que, com o aumento de temperatura e, con-

sequentemente, incremento da evapotranspiração, em al-

guns casos poderá haver diminuição de fluxo de alguns rios

mesmo sem haver redução de chuvas. Há também a reco-

nhecer que as previsões se baseiam em modelos matemá-

ticos e que estes são passíveis de alterações e de aperfei-

çoamento, afetando as previsões. Uma das recomendações

do estudo é justamente que futuras versões sejam

efetuadas, mediante constante aperfeiçoamento desses

modelos.

Contudo, mesmo com tantas incertezas, seria pruden-

te levar em conta que, em decorrência das mudanças cli-

máticas, cuja realidade já não mais pode ser negada, há

clara tendência de agravamento das condições hídricas no

País e, por óbvio, as atividades agrícolas deverão preparar-

se para uma provável redução da disponibilidade de água.

Nesta oportunidade, lembre-se que, justamente quan-

do esse cenário sombrio se vislumbra, as alterações propos-

tas no novo Código Florestal favorecem redução de flores-

tas, indispensáveis para a alimentação das bacias e dos

aquíferos.

!ALAV687-25-28-Sobrapa.pmd 4/11/2011, 09:3625

Page 26: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

26 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Citações

A imprensa atribuiu o seguinte pensamento ao Dr. Britaldo

Silveira Soares Filho, professor do Instituto de Geociências da

Universidade de Minas Gerais, que, dentre outros temas de

pesquisa, atua em análise e modelagem de Sistemas Ambien-

tais e em Meteorologia Agrícola, e desenvolve modelos mate-

máticos de mudanças no uso e na cobertura do solo:

“O País precisa parar de ver as áreas protegidas como cus-

to e enxergá-las como um investimento para garantir equilíbrio

climático, chuvas e produção agrícola (...) O Brasil dá uma

contribuição para o mundo com suas florestas; isto precisa ser

reconhecido e apoiado.”

Essas observações são extremamente oportunas numa oca-

sião em que muitos, sem os conhecimentos necessários, defen-

dem mudanças do Código Florestal para reduzir as áreas com

florestas nas reservas legais, em margens de rios e nos terre-

nos acidentados, sem atentar para o que preceitua o conheci-

mento científico.

Natureza em perigo

Um dos mais conhecidos produtos extraídos das flo-

restas nativas é a castanha-do-pará, semente da casta-

nheira (Bertholletia excelsa), ou castanheira-do-pará,

árvore da Família Lecythidaceae e única espécie do gê-

nero. O fruto da castanheira é uma cápsula lenhosa ex-

tremamente dura e aproximadamente esférica, com 10

a 15 centímetros de diâmetro, provida de uma abertura

com uma espécie de tampa; as castanhas se desenvolvem

arrumadas dentro dessa cápsula. Quando os frutos ama-

durecem e caem, alguns roedores, especialmente as

cotias, roem a tampa e liberam as sementes, comendo

parte delas e enterrando as demais, que assim germinam

e regeneram a planta.

As castanheiras são polinizadas somente por um tipo de

abelha, que por sua vez depende para sua reprodução de de-

terminada orquídea. Dessa forma, a regeneração das casta-

nheiras é condicionada à existência dessas abelhas e da orquí-

dea, num encadeamento ecológico extremamente interessan-

te, mas que constitui uma vulnerabilidade para a existência

da espécie.

As castanheiras são árvores monumentais, encon-

tradas dispersas nas florestas de terra firme da Ama-

zônia, e são nativas das Guianas, Venezuela, Brasil e

parte leste da Bolívia e do Peru. No Brasil, existem no

Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará

e Rondônia, mas devido aos extensos desmatamentos

vêm-se tornando muito raras em vastas regiões do País,

embora estejam supostamente protegidas pela legisla-

ção. Hoje, a árvore somente é relativamente comum no

Suriname, Bolívia e Acre. Apesar de seu nome popular,

atualmente metade da produção total da castanha-do-

pará vem da Bolívia. Sabe-se da existência de planti-

os, em pequena escala, pelo menos no estado do Acre,

mas a quase totalidade da produção de castanhas pro-

vém das florestas nativas.

A castanheira é considerada ameaçada de extinção e clas-

sificada na categoria de “Vulnerável”, tanto na lista oficial

brasileira quanto na da IUCN.

Os peixes e a floresta

Já se sabia que alguns peixes amazônicos comedores de

frutos são importantes na distribuição de sementes e no

consequente rejuvenescimento da floresta, mas pesquisas re-

centes permitiram melhor avaliar seu verdadeiro papel nesta

função ecológica.

A pesquisadora Jill Anderson, da Universidade de Duke,

North Carolina, e sua equipe instalaram radiotransmissores

em 24 tambaquis (Colossoma macropomum) durante três chei-

as na região e monitoraram o tempo que os peixes mantinham

ingeridas as sementes. Os dados obtidos indicaram que as se-

mentes podem ser carregadas até 5,5 km, uma das maiores

distâncias conhecidas para animais que dispersam sementes.

Uma vez expelidas em águas rasas, elas germinam quando as

águas refluem e ajudam a reflorestar as margens dos rios.

A pesca excessiva dos tambaquis de grande tamanho, no

entanto, pode estar comprometendo esse meio natural de dis-

persão de sementes, de considerável importância para a ma-

nutenção e regeneração das florestas ripárias da região.

Outro peixe amazônico comprovadamente responsável por

dispersão de sementes na Amazônia é o cachorro-de-padre

(Auchenipterihthys longimanus), segundo foi constatado por

pesquisa realizada na Universidade Federal do Pará, financi-

ada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Fonte: Nature 31-03-2011 e Ciência Hoje 01-06-2011

Costa Rica cria enorme parque marinho

A pequena Costa Rica, reconhecida como um dos países

mais preocupados com a conservação de sua flora e fauna,

expandiu uma área marinha já protegida no Pacífico para cerca

de um milhão de hectares.

Centrada na ilha de Cocos, que se situa a 550 km do con-

tinente, e denominada Área de Manejo dos Montes Subma-

rinos, a nova reserva é rica em tartarugas-de-couro

(Dermochelys coreacea), hoje fortemente ameaçadas de

extinção, e em tubarões-martelos, bem como outros tipos de

tubarões, atuns e espécies endêmicas, agora completamente

protegidas nas áreas de exclusão de pesca recentemente cri-

adas. O número das tartarugas-de-couro havia caído 40% na

região, em virtude principalmente da coleta de seus ovos, e

os tubarões-martelos também se encontram em acentuado

declínio devido às capturas visando à exportação de suas

nadadeiras para o Oriente.

Segundo um representante da ONG Conservation

International, que ajudou Costa Rica na criação da Área Ma-

rinha Protegida, ela contribuirá fortemente para conservar o

ecossistema único das montanhas submarinas existentes na

região.

É auspicioso constatar-se que a criação de Áreas Mari-

nhas Protegidas de grande extensão é uma forte tendência

em várias regiões do globo. Somente neste século, já foram

criadas as seguintes: Monumento Nacional Marinho

Papaanaumokuakea (2006, EUA, 360.000 km2), Área Ma-

rinha Protegida Ilhas Phoenix (2008, Kiribati, 408.250 km2),

Monumento Nacional Marinho Fossa das Marianas (2009,

EUA, 246.608 km2), Monumento Nacional Marinho Ilhas

Remotas do Pacífico (2009, EUA, 210.000 km2), Área Mari-

nha Protegida Ilhas Príncipe Edward (2009, África do Sul,

180.633 km2), Área Marinha Protegida Chagos (2010, Ter-

ritório Britânico do Oceano Índico, 544.000 km2) e Parque

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Page 27: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 27

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Marinho Motu Motiro Hiva (2010, Chile, 150.000 km2).

Encontram-se propostas ou em planejamento: Reserva

Marinha da Comunidade Britânica Comer Sudoeste (Pro-

posta para 2011, Austrália, 322.000 km2), Área Marinha

Protegida das Ilhas Cook (1.000.000 km2) e Área Marinha

Protegida em águas internacionais no Mar de Sargaços

(? 5.000.000 km2).

À vista desses exemplos, quando o Brasil, que se com-

prometeu internacionalmente a proteger 10% de suas águas

jurisdicionais, vai envolver-se nesse esforço de proteger a vida

marinha?

Fonte:Science 11-03-20 e MPA News

As florestas do mundo

Levantamento realizado pela FAO em 2010, abrangendo

233 países , indicou que existem no mundo um pouco mais de

quatro bilhões de hectares de florestas, representando cerca

de 30% das terras do planeta, o que corresponde a aproxima-

damente 0,6 hectares por habitante humano. Rússia, Brasil,

Estados Unidos da América, Canadá e China possuem mais

de metade da área total de florestas.

Embora 30% das terras do planeta seja uma extensão con-

siderável, é necessário levar em conta que a FAO define como

floresta quaisquer terras abrangendo mais de meio hectare,

dotadas de vegetação com altura superior a cinco metros e uma

cobertura de copa superior a dez por cento, ou de árvores com

capacidade de atingir esta altura in situ. Assim, plantações

homogêneas de árvores para fins comerciais podem ser inclu-

ídas na área total de florestas indicadas acima. Embora elas

contribuam com a efetivação de alguns serviços ambientais

prestados pelas florestas naturais, pouco significam em termos

de preservação da diversidade biológica.

Fonte: FAO, 2010. Global Forest Resources Assessment. Forestry Paper 163.

Pesca destrutiva

Segundo constatou um estudo patrocinado pela prestigio-

sa Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, em

inglês), a pesca desordenada não apenas dizimou as popula-

ções de várias espécies, tais como bacalhaus e atuns, mas tam-

bém alterou drasticamente a constituição da biomassa nos

oceanos do mundo.

Uma equipe da Universidade da Colúmbia Britânica, do

Canadá, analisou os modelos matemáticos de mais de 200

cadeias alimentares marinhas em torno do mundo, abrangendo

o período de 1880 a 2007, avaliou a distribuição de biomassa

nesses ecossistemas e extrapolou os resultados para todos os

oceanos. O resultado evidenciou dados alarmantes: a biomassa

total de peixes predadores – como, dentre outros, os atuns -

despencou em mais de dois terços nos últimos cem anos, sen-

do que 40% somente desde a década dos anos 70, enquanto que

a biomassa de suas presas, tais como sardinhas e afins, aumen-

tou globalmente cerca de 130%, a despeito de reduções regio-

nais.

A conclusão é que hoje temos um oceano diferente, no qual

o desequilíbrio nas cadeias alimentares não é saudável nem

sustentável. Mesmo que novos procedimentos de pesca susten-

tável sejam adotados mundialmente – algo improvável – não

poderemos prever quais serão as futuras condições de equilí-

brio a serem atingidas com a evolução dos ecossistemas hoje

afetados.

Fonte: Science, 25-02-2011

Aumenta a quantidade de carbono naatmosfera

No decorrer de 2010, o carbono atmosférico originado pe-

las atividades humanas alcançou o nível recorde de 30,6 bilhões

de toneladas, de acordo com estimativas divulgadas pela

Agência Internacional de Energia, em maio último. Esse to-

tal é superior em 5% ao recorde anterior, estabelecido em

2008. Em 2009, devido à crise econômica mundial, havia ocor-

rido uma pequena queda .

Verifica-se portanto que, apesar das repetidas advertências e

conferências internacionais sobre aquecimento global, a economia

mundial continua desprezando-as e aumentando as emissões de

CO2, o mais importante gás do efeito estufa. A situação asseme-

lha-se à de um carro que, aproximando-se de um precipício, con-

tinuasse a acelerar o motor ao invés de usar os freios.

Outros dados podem ser obtidos no endereço eletrônico

go.nature.com/rtgd7f.

A importância dos insetos

Segundo informação divulgada pelas Nações Unidas e

publicada na edição de 18-03-2011 da revista Science, a con-

tribuição dos insetos para a produção anual de alimentos,

consequente de sua ação como polinizadores, corresponde a 153

bilhões de euros. O informe decorreu de um estudo em que se

examinou o fenômeno de diminuição das abelhas em muitas

regiões do mundo e suas conseqüências para a agricultura. Não

foram indicados os parâmetros utilizados para chegar-se a tal

montante.

Essa notícia faz lembrar que as diferentes espécies de abe-

lhas nativas sem ferrão, existentes nos nossos ambientes na-

turais, estão em processo de acentuada redução em muitas

regiões em virtude do desmatamento. Se outras razões não

houvesse, isto bastaria para justificar a preservação de áreas

com vegetação nativa próximas aos cultivos.

Como se distribui a energia usada pelohomem

Em 2008, a energia total usada pelo homem para todos os

fins derivou de fontes muito díspares. A queima de combustí-

veis fósseis correspondeu, em conjunto, a 85,1%, distribuídos

da seguinte forma: petróleo – 34.6%, carvão - 28,4% e gás –

22,1%. A energia nuclear contribuiu com apenas 2,0% e aque-

las ditas renováveis, com 12,9%. No entanto, se excluirmos

destas o uso tradicional de biomassa (6,3%), as demais formas

de energia renovável ficariam com apenas 6,6% do total, as-

sim repartidas: biomassa não tradicional – 3,9%,

hidroeletricidade – 2,3%, energia eólica – 0,2%, energia solar

e geotérmica – cada uma com 0,1%, e energia oceânica –

0,002%.

Esses números mostram que os combustíveis fósseis – res-

ponsáveis pela maior parte do efeito estufa - geraram mais de

quatro quintos da energia total utilizada em 2008 e, assim,

evidenciam a enorme dificuldade para serem substituídas, em

curto prazo, as fontes produtoras do carbono atmosférico. No

que pesem as ameaças do aquecimento global, em todos os

cenários imaginados como viáveis os combustíveis fósseis con-

tinuarão a ter um papel importante nas próximas décadas, a

não ser que se reduza substancialmente o uso de energia, o que

levaria nosso tipo de civilização ao colapso.

Qual, então, poderá ser a saída?

Fonte dos dados numéricos: Nature 12-05-2011

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Page 28: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

28 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

SOBRAPA

Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental

CONSELHO DIRETOR

PRESIDENTE

Ibsen de Gusmão Câmara

DIRETORES

Maria Colares Felipe da Conceição

Olympio Faissol Pinto

Cecília Beatriz Veiga Soares

Malena Barreto

Flávio Miragaia Perri

Elton Leme Filho

CONSELHO FISCAL

Luiz Carlos dos Santos

Ricardo Cravo Albin

SUPLENTES

Jonathas do Rego Monteiro

Luiz Felipe Carvalho

Pedro Augusto Graña Drummond

Geologistas debatem se devemos criaruma nova época para marcar a atuaçãohumana no planeta

O tempo geológico é dividido em eóns, eras, períodos e

épocas, separadas por fatos geológicos ou biológicos que as

distinguem e deixam marcas nos sedimentos. Desde 11.700

anos atrás, quando se convencionou o fim da última

glaciação, vivemos na época denominada Holoceno. Contu-

do, os profundos impactos causados pela atuação humana

sobre o planeta estão levando alguns geólogos a proporem

o início de uma nova época, que seria denominada

Antropoceno. Esta denominação, sugerida no ano 2000, ain-

da não está formalmente aceita, mas já vem sendo usada

repetidamente.

Alguns acham a idéia prematura, ou mesmo sem sen-

tido, mas outros a defendem, uma vez que a presença hu-

mana evidentemente está deixando marcas muito profun-

das em todo o globo. A produção de alimentos, a urbaniza-

ção e outras formas de utilização dos espaços já alteraram

mais de metade das terras não cobertas pelo gelo. A movi-

mentação do solo e das rochas já ultrapassou em volume

os efeitos das alterações naturais, tais como erosão e

vulcanismo. Espera-se que no final deste século, devido às

maciças emissões de dióxido de carbono, a acidez devida

ao CO2 tenha alterado em 0,3 a 0,4 pontos o pH da água

do mar, afetando significativamente a composição dos se-

dimentos oceânicos.

Seja como for, o estabelecimento de uma nova época

vai depender de sua aceitação e oficialização pela Comis-

são Internacional de Estratigrafia, mas, de qualquer

forma, aceita ou não a ideia, é indiscutível que a passa-

gem do homem sobre a Terra, dure ela quanto durar,

deixará uma impressão indelével.

Perigoso precedente

Os Parques Nacionais são uma das mais rígidas cate-

gorias das áreas naturais protegidas, conhecidas oficial-

mente no Brasil como Unidades de Conservação. Sua ra-

zão de ser é proteger áreas onde o impacto humano seja o

menor possível, de modo a permitir que nelas a natureza

siga seu curso, viabilizando a sobrevivência dos

ecossistemas em sua integridade. Para isto, é indispensá-

vel que seus limites sejam mantidos imutáveis. A criação

das Unidades de Conservação é prevista na Constituição

Federal, que determina em seu Artigo 225 a definição, em

todas as unidades da Federação, de “...espaços territoriais

e seus componentes a serem especialmente protegidos, sen-

do a alteração e a supressão permitidas somente através de

lei...” . A verdadeira razão de ser das Unidades de Conser-

vação é constituírem bancos genéticos, onde a diversidade

da vida seja preservada em perpetuidade.

Em agosto de 2011, porém, a Presidente Dilma, por Me-

dida Provisória, alterou a demarcação dos denominados

Parques Nacionais da Amazônia, Campos Amazônicos e

Mapinguari, todos na Amazônia, e liberou a exploração mi-

neral no entorno de dois deles. Com a mudança, as

empreiteiras recebem autorização para estabelecer cantei-

ros de obras das usinas hidrelétricas de Tapajara, Santo

Antônio e Jirau.

A Usina de Tapajara, prevista no PAC, dependia da alte-

ração dos limites do P.N. Campos Amazônicos, e está prevista

para gerar 350 megawatts. O Parque perdeu 340 km2, mas foi

compensado por um aumento de 1.500 km2. O P.N. da Amazô-

nia e o P.N. Mapinguari perderam respectivamente 70 km2 e

280 km2, com a justificativa de que antes haviam recebido

ampliações.

Embora, no caso, as alterações de limites tenham sido

compensadas com acréscimos, o precedente é perigoso

porque o princípio de perpetuidade foi negligenciado. Se

for reduzido o território já estabelecido, mesmo compen-

sando a perda com inclusão de outra área, o ecossistema

sofrerá. Parques Nacionais podem receber acréscimos,

mas não devem estar trocando de lugar. Além disto, o

desrespeito à inviolabilidade serve de exemplo para ou-

tros casos futuros, em que compensações sejam ignora-

das.

Lamentavelmente, o descaso flagrante com as unida-

des de conservação e a falta de compreensão de sua enor-

me importância biológica vêm motivando disputas entre

ambientalistas e ruralistas. Recentemente o deputado

federal Moreira Mendes (PPS-RO) propôs uma “grande

campanha” para que novas unidades só sejam criadas

com autorização do Congresso Nacional. Se for aceita a

estapafúrdia proposta, com a “eficiência” conhecida do

nosso Congresso, o Brasil não cumprirá os compromis-

sos assumidos por ocasião da Conferência de Nagoya

para ampliar suas áreas naturais protegidas, uma ten-

dência mundial em um mundo cada vez mais

antropizado.

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Page 29: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 29

VITICULTURA

A Produção Integrada de

Frutas irá atender à

sustentabilidade social

e à rentabilidade da

produção, tornando o

produtor mais competitivo

em um cenário de

economia globalizada

e mercados exigentes

em qualidade e segurança

do alimento

A Lavoura DEZEMBRO/2011 29

Produção integrada de uva:

maior valor agregado

no processamento

vitivinícola

Produção integrada de uva:

maior valor agregado

no processamento

vitivinícola

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Page 30: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

30 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

A viticultura ocupa uma área de aproximadamente

82,5 mil hectares no Brasil e produz 1,34 milhão

de toneladas de uva/ano. Deste volume, cerca da

metade (50,39%) é destinada ao processamento para a elabo-

ração de vinhos, sucos e outros derivados, sendo o restante

(49,61%) comercializado como uva de mesa.

Do total da uva processada, estima-se que 77% sejam usa-

das na produção de vinho de mesa e 9% na de suco de uva,

ambas elaboradas a partir de uvas de origem americana, es-

pecialmente as cultivares de Vitis labrusca e Vitis bourquina, ehíbridos interespecíficos diversos; e que cerca de 13% seja des-tinada à produção de vinho fino e espumante, elaborados comcultivares Vitis vinifera.

A produção de uva para processamento, conclui-se, é umimportante segmento gerador de emprego e renda no país,capaz de fornecer um produto com valor agregado – suco, vi-nho e espumante – que atrai divisas à nação. Prova disso é que,segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), ex-portamos vinho para 22 países, destacando-se os Estados Uni-dos, Alemanha, Inglaterra e República Tcheca.

Essa condição só foi alcançada devido ao desenvolvimentode tecnologias de ponta no Brasil. Todavia, ela está ameaçadadevido ao rigor crescente do mercado externo em relação aprodutos de qualidade e saudáveis, em conformidade com osrequisitos da sustentabilidade ambiental e da segurança alimen-tar, mediante a utilização de tecnologias não-agressivas ao meioambiente e à saúde humana.Sistema da Produção Integrada de Frutas - PIF

A adoção do sistema PIF por parte dos viticultores e viníco-las é uma forma segura de vencer esses desafios. A ProduçãoIntegrada da Uva é definida como a produção econômica deuvas de alta qualidade, dando prioridade a métodos segurosdo ponto de vista ecológico, os quais minimizam os efeitos se-cundários nocivos do uso de agroquímicos, de modo a salva-guardar o ambiente e a saúde humana. Além disso, a PIF sur-giu para atender, também, à sustentabilidade social e à renta-bilidade da produção, tornando o produtor mais competitivoem um cenário de economia globalizada e mercados exigentesem qualidade e segurança do alimento.

A adoção da PIF, adicionalmente, proporciona outros be-nefícios aos produtores, por abranger princípios de sustenta-bilidade ambiental, permitindo o ajustamento de conduta jun-to a órgãos ambientais. Traz, ainda, uma grande contribuiçãopara a gestão da propriedade, já que direciona o produtor aorganizar e registrar suas informações, possibilitando análiseseconômicas mais pertinentes e confiáveis.

Para o consumidor, os produtos da PIF garantem a re-dução dos riscos de contaminação, sejam de ordem quí-mica (resíduos de agrotóxicos, micotoxinas, nitratos eoutros), física (solo, vidro, metais e outros) ou biológica(dejetos, bactérias, fungos e outros). Para atingir essesobjetivos é preciso seguir normas, desde o manejo dovinhedo até a embalagem do produto processado, passan-do pelo cuidado na colheita e no transporte.Qualidade e segurança

Em sintonia com uma preocupação setorial, diversas açõesvêm sendo organizadas pela Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (Embrapa), para que seja possível se produzir commelhor qualidade e maior segurança para o produtor e para oconsumidor. Desde 1997, a Embrapa Uva e Vinho tem atuadocom o sistema de Produção Integrada (PI), possibilitando uma

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certificação que é aceita internacionalmente.O processo de certificação envolve a auditoria da empresa

ou produtor rural que produz a uva, o vinho e/ou o suco poruma empresa certificadora, a qual deve ser acreditada peloInstituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia(Inmetro) para esta finalidade. Dessa forma, a Produção Inte-grada preconiza que todo o sistema de produção, desde a pro-dução da uva no campo, até a elaboração do vinho ou do suco,passe por um processo de avaliação de conformidade com oscritérios descritos nas Normas da Produção Integrada de Uvapara Processamento, permitindo receber o selo da ProduçãoIntegrada somente aqueles produtores ou vinícolas que aten-dem todos os pré-requisitos.

VITICULTURA

SAMAR VELHO DA SILVEIRA

ENGENHEIRO AGRÔNOMO, MESTRE E DOUTOR EM FITOTECNIA

PESQUISADOR EMBRAPA UVA E VINHO

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Page 31: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 31

VITICULTURA

31 OUTUBRO/2011 A Lavoura

nhedos da Serra Gaúcha e da Campanha. Os primeiros resulta-dos foram obtidos na safra 2011, culminando no processamentoda matéria-prima – elaboração de suco ou vinho, de acordo coma cultivar – e na realização de análises multirresíduos na uva,no suco e no vinho.

A análise multirresíduo visa detectar a eventual presençade resíduos químicos na uva e em seus produtos, sendo que arelação de moléculas químicas analisadas segue a legislaçãovigente. Nesse sentido, o Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (MAPA) atualiza periodicamente os limites má-ximos de resíduos e de contaminantes tolerados para fins demonitoramentos de agrotóxicos, através da publicação, noDiário Oficial, de Instruções Normativas. Dessa forma, sabe-se quais os princípios ativos proibidos, os permitidos e em queníveis podem estar presentes nos alimentos.Manuais técnicos

Neste ano, foram instaladas novas parcelas de validaçãodas Normas da Produção Integrada de Uva para Processamentono Vale do São Francisco e no Estado do Paraná. Em comple-mentação a estas atividades, estão sendo preparados manu-ais técnicos a serem utilizados em futuros cursos de capacita-ção para técnicos que atuarão junto a produtores de uvas e avinícolas. Estes manuais contêm a informação técnica neces-sária para implantar o sistema de Produção Integrada, desde ainstalação do vinhedo – passando pelo manejo do solo e da plan-ta – e a colheita, até o processamento da uva na vinícola.Estruturação do Projeto da Embrapa

O Projeto da Embrapa irá elaborar, validar e disponibilizar àsociedade brasileira as Normas Técnicas da Produção Integra-da de Uva para Processamento – Vinho e Suco (Normas PIUP).Ele contempla vinte e duas atividades, distribuídas em quatroplanos de ação (Gestão do Projeto; Elaboração e Harmonizaçãodas Normas; Transferência de Tecnologia via Unidades de Vali-dação; Articulação e Sensibilização de Agentes de Mídia paraExternalização do Sistema PIUP). O projeto abrangerá quatroregiões – Serra Gaúcha, Campanha (RS), Vale do São Franciscoe Estado do Paraná.

Nestas regiões, está prevista a instalação de parcelas ex-perimentais, onde serão avaliadas as cultivares mais impor-tantes de uva, de acordo com sua representatividade de culti-vo, seguindo o seguinte esquema:

- Grupo 1: Vinhos finos (Vitis vinifera) – Serra Gaúcha,Campanha, Lagoa Grande (PE) e Casa Nova (BA);

- Grupo 2: Vinhos de mesa e suco (Vitis labrusca) – SerraGaúcha e Paraná.

No Rio Grande do Sul, foram instaladas, em meados de2010, quatro parcelas experimentais, também denominadasunidades demonstrativas, localizadas em:

- Flores da Cunha: vinhedo cultivar Merlot, da Vinícola LuizArgenta; Caxias do Sul: vinhedo cultivar Isabel, de RodrigoFormolo, viticultor associado à Cooperativa Vitivinícola NovaAliança; Garibaldi: vinhedo cultivar Concord, de Selmar Cor-bellini, viticultor associado à Empresa Tecnovin e Santana doLivramento: vinhedo cultivar Cabernet Sauvignon, da VinícolaAlmadén.

No Estado do Paraná e no Vale do São Francisco, as unida-des demonstrativas já estão sendo instaladas de acordo com aseguinte localização:

- Araucária (PR): vinhedo cultivar Bordô, de Nelson Bertu-lucci, viticultor assistido pela Emater-PR; Almirante Tamandaré(PR): vinhedo cultivar Bordô, de Mauro S. Perussi, viticultor as-sistido pela Emater-PR; Lagoa Grande (PE): vinhedo cultivarTempranillo, da Vinícola Ducos; e Lagoa Grande (PE): vinhedocultivar Syrah, da Vinícola Santa Maria.

Uva da cultivar Merlot, na vinícola

Luiz Argenta, no município de

Flores da Cunha/RS

Exigência do mercadoA avaliação de conformidade é uma exigência de mercado,

a qual assegura a qualidade e a inocuidade do produto, possi-bilitando o controle e a rastreabilidade hábil e permanente detodo o sistema e do processo produtivo. O processo de certifi-cação permite, portanto, o acesso a mercados externos, osquais são reconhecidamente exigentes em termos de segurançaalimentar.

Após diversos outros processos de certificação para frutas,como a maçã, o pêssego, a uva de mesa, a manga e o mamão,a uva para processamento está sendo trabalhada em um pro-jeto coordenado pela Embrapa e com a parceria de diversasinstituições e empresas privadas. Este projeto abrange os polosde viticultura de clima temperado, tropical semiárido e sub-tropical do Brasil, representados, respectivamente, pelo Esta-do do Rio Grande do Sul, pelo Vale do São Francisco e pelo Es-tado do Paraná.

No Rio Grande do Sul, o projeto iniciou-se na metade de2010, com a instalação de quatro áreas de validação em vi-

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Page 32: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

32 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Ações previstas• Elaboração e Harmonização das Normas -

Esta etapa do projeto visa à elaboração eharmonização das Normas Técnicas da Produção In-tegrada de Uva para Processamento. Para estefim, pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho eEmbrapa Semiárido elaboraram as referidasNormas, as quais foram posteriormenteapresentadas ao setor produtivo para suadiscussão e harmonização.

As Normas Técnicas da Produção In-tegrada de Uva para Processamento con-templam 15 áreas temáticas, as quaisabrangem todas as etapas do sistemade produção da uva e do seu processa-mento. Cada área contém práticas obri-gatórias, recomendadas, permitidas,com restrição e proibidas. Sua impor-tância reside no fato de constituir-seem documento regulamentador espe-cífico para a cultura da uva para proces-samento, vindo a nortear todas as prá-ticas adotadas dentro do sistema. Por-tanto, o documento, além de dar asdiretrizes para a produção de ali-mentos seguros à saúde hu-mana, conterá as leis que re-gem a Produção Integrada deFrutas no Brasil. Nele, asempresas certificadoras de-verão se basear para estabelecer a conformidade, ou não, daspráticas adotadas no vinhedo e na vinícola por aqueles que de-sejarem receber o selo da PI.

• Transferência de Tecnologia via Unidades de Valida-

ção - A experiência da Embrapa em projetos de produçãointegrada tem demonstrado que a forma mais eficiente detransferir tecnologia aos produtores rurais é através da ins-talação de unidades de validação, onde o produtor observae vivencia diariamente a aplicação do sistema. Nesse con-texto, o viticultor adquire confiança e sente-se seguro paraadotá-lo na sua propriedade. Por outro lado, as unidades devalidação também servem para detectar e corrigir as possí-veis falhas do sistema, as quais somente são detectadasquando o Sistema da Produção Integrada está sendo aplica-do no campo.

No Sistema da Produção Integrada, prevalecem as normase critérios de manejo definidos na Instrução Normativa MAA20/2001 e Instrução Normativa MAA 11/2003, as quais norteiam

a elaboração das Normas PIUP e quetêm como principais características:

• O manejo da cultura devemaximizar a entrada de luz no dosselvegetativo, promover o desenvolvi-

mento equilibrado das plantas, per-mitir a produção de fruta de alta

qualidade e regular a produção deacordo com a capacidade das

plantas;• Os agroquímicos somen-

te podem ser utilizados quan-do indicados pelos resultados

de análises, do monitoramentode pragas e moléstias ou quan-

do recomendados pelos técnicosresponsáveis, mas desde que este-

jam registrados para a cultura noMapa e que sejam respeitadas as do-

ses de aplicação e os prazos de carênciaconstantes do rótulo do produto. Nas fo-tos abaixo, é possível visualizar o moni-

toramento de pragas e moléstias que éadotado nas parcelas da Produção In-tegrada de Uva para Processamento;

• Adoção de práticas queminimizam o impacto ambientale de critérios (relevo, clima, solo,

segurança ambiental e alimentar) desde a escolha da áreapara plantio do vinhedo até o processamento da uva na vi-nícola, visando à redução dos riscos de contaminação quí-mica (resíduos de agrotóxicos, micotoxinas, nitratos e ou-tros), física (restos de vidro, metais e partículas de solo)e biológica (fungos, bactérias, dejetos e outros).

Externalização do Sistema de Produção Integrada de Uva

para Processamento - Após a conclusão da etapa de elabora-ção e validação das normas, o sistema será transmitido à ca-deia produtiva da uva e do vinho e à sociedade brasileira, atra-vés da realização de cursos de capacitação de técnicos, diasde campo, seminários e distribuição dos manuais técnicos queorientam e embasam a adoção do sistema, bem como por meioda publicação de artigos na mídia.Duração do projeto e parceiros

O projeto tem previsão de duração de três anos e meio:teve início em meados de 2010 e término no final de 2013.

Um importante conjunto de instituições, empresas pri-vadas e cooperativas do setor vitivinícola aporta a este pro-

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VITICULTURA

Colheita de uva da variedade Cabernet Sauvignon em parcela

da Produção Integrada, na Vinícola Almadén,

em Santana do Livramento, em 2011

Monitoramento de pragas e doenças na PI: à esquerda, armadilha modelo do tipo McPhail, para captura dos adultos da mosca-das-

frutas do gênero Anastrepha; no centro, armadilha modelo Delta, para captura de adultos da traça-dos-cachos (Cryptoblabes gnidiella);

à direita, dano do besouro desfolhador (Maecolaspis aenea) nas bagas

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A Lavoura DEZEMBRO/2011 33

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Embrapa inicia pesquisa

sobre compostos bioativos em

bagaço de uvas

A Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) ini-

ciou atividades de pesquisa que visam “extrair do bagaço

de uvas compostos bioativos, como o resveratrol e outras mo-

léculas, que possam contribuir para saúde e desenvolver bebi-

das lácteas e sucos de frutas com estes compostos funcionais

de interesse comercial e industrial”, explica a pesquisadora

Lourdes Maria Correa Cabral, líder do projeto extração e uso

de substâncias de interesse comercial e industrial a partir de

do. O projeto vai aperfeiçoar a técnica de separação do caroço

do bagaço e os processos de extração e refino do óleo da se-

mente da uva, garantindo seu aproveitamento. Os resíduos da

indústria vinícola e de sucos ganharão aproveitamento econômi-

co e para os produtores, mais opções de renda.

Fases

Na primeira fase, serão realizados estudos de extração de

compostos com atividade biológica (bioativos) dos bagaços por

meio de extração com solvente e enzimática, além de estu-

dos de extração de óleo das sementes presentes no bagaço.

Pretende-se, no primeiro ano do projeto, aperfeiçoar o pro-

cesso de extração no que diz respeito à atividade antioxidan-

te em cada um dos extratos. Será verificado o nível de ativida-

de antioxidante e o teor de antocianinas para saber qual é o

mais interessante do ponto de vista funcional.

Em uma segunda fase, as instituições parceiras vão realizar

estudos e testes com os extratos e desenvolver os produtos.

Participam do projeto pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho

(Bento Gonçalves, RS), Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE)

e quatro grupos de pesquisa da Universidade Federal do Rio

de Janeiro – Escola de Química, Grupo de Bioquímica Médica,

Instituto de Microbiologia e Grupo Ciência de Alimentos. Além

da parceria de instituições de ensino e pesquisa, o projeto

conta com a participação da Vinícola Aurora e da Tecnovin,

empresas produtoras de vinhos e suco de uva com expressiva

participação no mercado, sediadas no Rio Grande do Sul.

JOÃO EUGÊNIO - EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS

jeto o apoio do setor produtivo, disponibilizando suas áre-as de vinhedos ou de seus fornecedores e associados paraa implementação das Estações de Validação das NormasPIUP, além de vários insumos empregados na produção deuvas, de mão-de-obra especializada e de logística de trans-porte. Também o meio acadêmico e a área de extensão,além do governo federal, oferecem suporte. Compõem talgrupo a Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Gran-de do Sul (Fecovinho), a União Brasileira de Vitivinicultura(Uvibra), o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e o Insti-tuto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf); a em-presa Tecnovin, além das vinícolas Almadén, Luiz Argenta,Ducos e Santa Maria; a Cooperativa Central Nova Aliança(Coocenal); e ainda a Universidade Federal do Rio Grandedo Sul (UFRGS), Emater-PR e Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento (MAPA).

Ao MAPA, representado por seus agentes federais, cabeacompanhar todas as etapas do projeto, analisar as questõesque envolvem a legislação do país e a conformidade dos proce-dimentos a serem preconizados nas Normas PIUP e os adota-dos na realização das análises multirresíduos. Além disso, após

a validação das Normas PIUP a campo, são os responsáveis pordar continuidade aos procedimentos legais até a publicação dasNormas no Diário Oficial da União.Mais competitividade

A concretização deste projeto proporcionará mais compe-titividade ao setor da uva e do vinho, seja pelo aumento daqualidade de seus produtos, seja pelo marketing positivo queo sistema possibilita. Com isso, busca-se atender à satisfaçãodo consumidor, que está cada vez mais exigente, e o acesso anovos mercados.

No entanto, para a manutenção destes benefícios, apósa publicação das Normas da Produção Integrada de Uvapara Processamento no Diário Oficial, torna-se necessá-ria a criação de um comitê a fim de atualizar o sistemaanualmente, principalmente quanto à Grade de Agroquí-micos, à adoção de novas práticas ao sistema e àharmonização dessas Normas com as adotadas pelos prin-cipais países importadores.

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coprodutos gerados na produção de

vinhos e suco de uva. O projeto vai

trabalhar com resíduos do proces-

samento de suco de uva, vinho tin-

to e vinho branco e também vai es-

tudar a extração de óleo dos caro-

ços presentes no bagaço. O óleo da

semente de uva tem alto valor agre-

gado e é muito utilizado na indús-

tria de cosméticos, cada vez mais in-

teressada em utilizar ingredientes

naturais, mas ainda não é extraído

do resíduo da uva, sendo descarta-

VITICULTURA

O óleo do resíduo da uva

ainda é descartado, mas pode

ter aproveitamento econômico

Processo de microvinificação da uva feita na Cantina Experimental da

Embrapa: à esquerda, as uvas despejadas na desengaçadeira... vão para o

minitanque de fermentação, onde se inicia o processo de maceração... e os

garrafões de vidro onde ocorrem os processos de fermentação (tumultuosa à

esq e lenta à dir) em Bento Gonçalves, RS

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Page 34: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

34 OUTUBRO/2011 A Lavoura

A Monsanto está em fase de multiplicação de uma semente

de soja transgênica inédita no mundo, resistente a ervas da-

ninhas e a insetos, desenvolvida especialmente para o Brasil,

e poderá lançá-la comercialmente nas próximas safras. A soja

Intacta RR2 Pro foi aprovada em 2010 pela Comissão Técni-

ca Nacional de Biossegurança (CTNBio).

“A nova soja foi desenvolvida pensando na produção no Bra-

sil, onde as plantas daninhas e as pragas são os principais entra-

ves para a produção agrícola. Nesta fase de desenvolvimento,

fazemos melhoramento genético de novas cultivares para ter o

registro. Em paralelo, começamos a produção de sementes para

disponibilizar ao agricultor,” afirmou Geraldo Berger, diretor de

Regulamentação da empresa. Segundo ele, a Monsanto já está

multiplicando as sementes para conseguir ter um volume que

considera suficiente para as principais regiões produtoras, e so-

mente depois fará o lançamento no país. “Logo que tiver-

mos volume suficiente, a soja será lançada em 2012/13”, esti-

ma Berger. “Vamos fazer um trabalho bastante grande na próxi-

ma safra com agricultores, para que eles conheçam a tecnolo-

gia” acrescentou.

Quando chegar ao mercado, a soja será mais uma al-

ternativa para produtores reduzirem os gastos com de-

fensivos na lavoura. O diretor evitou comentar sobre

eventuais ganhos de produtividade com a nova soja, di-

zendo apenas que os testes são “promissores”: “se al-

guém tem o controle de plantas daninhas e resistência a

insetos, protegendo a planta desses fatores, é possível

ampliar o potencial produtivo, com a expectativa de um

aumento da produtividade em função dessas caracterís-

ticas”, pondera.

Segundo a estimativa do diretor da consultoria Céleres,

Anderson Galvão, a Monsanto tem prometido um ganho de pro-

dutividade de 8% com a nova soja, que deverá ser plantada

para multiplicação em cerca de 60 mil hectares em 11/12.

Berger afirma ainda que a forma de trabalho com a soja

Roundup Ready, resistente ao herbicida glifosato, repetiu-se:

o estabelecimento de parcerias entre a Monsanto, outras em-

presas de melhoramento genético e produtores de sementes

para desenvolver o novo produto, que oferece, além do RR, a

tecnologia Bt, de proteção contra insetos. Segundo a Céleres,

na safra 11/12 a soja RR, plantada em larga escala no Brasil

há vários anos, estará presente em 82,7 % das lavouras do

Brasil, em uma área de 20,8 milhões de hectares, contra 18,4%

na temporada 2011.Fonte: Agrolink

Monsanto multiplica soja inédita

À direita, a soja RR2 foi desenvolvida para resistir a ervasdaninhas e insetos no Brasil

Brasil se torna centro de

negócios para transgênicosEm cinco anos, o Brasil se consolidou

como segundo maior produtor de grãos

transgênicos do mundo, atrás apenas dos

EUA, e se transformou em um centro de

negócios para as indústrias de sementes

geneticamente modificadas (GMs).

Quem elogia as mudanças que fize-

ram da produção transgênica uma ban-

deira nacional são os representantes das

indústrias e os pesquisadores, que criti-

cavam a lentidão na aprovação das se-

mentes. Eles comemoram o quadro atu-

al como uma vitória de organizações

como o Conselho de Informações sobre

Biotecnologia (CIB) que ctem entre seus

29 associados as indústrias multinacio-

nais Monsanto, Syngenta, Basf e Bayer,

principais investidores do setor.

O país aprovou 33 sementes GMs

desde 1998 – 23 delas nos últimos três

anos. O sistema de avaliação deslanchou

depois da criação da Comissão Técnica

Nacional de Biossegurança (CTNBio), em

2005. Os 27 membros da organização

estão levando menos de um ano para li-

berar a produção comercial de organis-

mos geneticamente modificados. “O

Brasil vive um novo momento desde

2005. A CTNBio tem feito um trabalho

exemplar na avaliação e liberação de se-

mentes seguras para o consumidor e o

meio ambiente”, disse a diretora-exe-

cutiva do CIB, Adriana Brondani. Ela de-

fende que o país se tornou referência não

apenas por tomar decisões mais rapida-

mente, mas também por ter adotado um

marco regulatório estruturado.

Apesar de ter aprovado a importação

de 36 tipos de transgênicos para consu-

mo humano e produção de ração animal,

a maior parte da União Europeia proíbe

o cultivo de transgênicos, informa Sylvia

Burssens, pesquisadora da Universidade

de Gent (Bélgica).

Cobranças à CTNBio - Contudo, a

atuação da CTNBio)vem sendo forte-

mente questionada por pesquisadores e

representantes de organizações que de-

fendem o ambiente e os direitos dos con-

sumidores. “A CTNBio nunca negou um

pedido de liberação comercial de um

transgênico”, questiona Ana Carolina

Brolo de Almeida, advogada da Terra de

Direitos, organização que estuda entrar

na Justiça Federal contra a liberação do

feijão transgênico da Embrapa, que ocor-

reu em 15 de setembro. “Estamos

aguardando prazo de 30 dias que as en-

tidades de registro e fiscalização possu-

em para possível apresentação de recur-

so junto ao CNB (Conselho Nacional de

Biossegurança)”.

O próprio Conselho Nacional de Se-

gurança Alimentar (Consea) colocou em

xeque a liberação do feijão. Para o pre-

sidente do Consea, Renato Maluf, faltam

estudos para provar que a semente re-

sistente ao mosaico dourado – principal

doença do feijoeiro – é segura para a saú-

de e o ambiente. Na votação da CTNBio,

15 membros foram favoráveis, dois se

abstiveram e cinco disseram que falta-

vam estudos, pedindo diligências. Mes-

mo assim, a liberação foi considerada

válida.

Por outro lado, as 33 liberações de se-

mentes permitiram que os transgênicos

passassem a cobrir mais da metade dos

50 milhões de ha destinados pelo país à

produção de grãos (2/3 da área da soja

e 2/3 do plantio de milho de inverno,

além de metade da área do milho de ve-

rão). A tecnologia facilita o controle de

ervas daninhas e insetos, mas não im-

plica necessariamente em redução de

custos ou no uso de agrotóxicos.Fonte: Agrolink

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Page 35: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 35

VITICULTURA

Cultivo protegido de uva

aumenta produtividade

em 100%

Sistema que utiliza cobertura

impermeável reduz também

incidência de doenças em até 70%

AR

QU

IVO

IA

C

Cultivo protegido de uva

aumenta produtividade

em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 35

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Page 36: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

36 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

VITICULTURA

ARQ

UIV

O IAC

Aumento de 100% na produtivi-

dade e redução de 70% na apli-

cação de defensivos agrícolas.

Esses são os resultados do uso do cul-

tivo protegido em “Y” com cobertura

impermeável para plantio de videiras.

A técnica, introduzida e adaptada pelo

Instituto Agronômico (IAC), de Campi-

nas, para as condições do Estado de São

Paulo, poderá substituir, mesmo que

gradativamente, a condução em

espaldeira a céu aberto para cultivo da

uva niagara rosada, sistema muito uti-

lizado pelos produtores paulistas.

A nova técnica, resultante de traba-

lho do IAC, melhora ainda a qualidade

dos frutos, gera cachos de uva maiores

e protege a plantação contra chuvas de

granizo e ataque de pássaros, que po-

dem acabar com toda a produção ou pre-

judicar seriamente a qualidade das uvas

atingidas. O estudo é inédito no Estado

de São Paulo.

Diminuição de pragas

A principal contribuição do cultivo

protegido está na diminuição da ocor-

rência das principais doenças da viticul-

tura. “O uso de cobertura de plástico ou

de outro material impermeável prote-

ge as folhas e cachos da incidência di-

reta da chuva e, consequentemente,

reduz as condições que favorecem o de-

senvolvimento de doenças fúngicas”,

diz José Luiz Hernandes, pesquisador do

IAC, da Secretaria de Agricultura e Abas-

tecimento do Estado de São Paulo.

Ainda segundo Hernandes, a cober-

tura impermeável funciona como um

guarda-chuva sobre a videira e os fun-

gos não têm como se instalar, já que não

há água livre sobre as plantas. “Em

ensaios que foram conduzidos sem ne-

nhuma pulverização para controle de

antracnose, míldio, mancha-das-folhas

e podridão, que são as principais doen-

ças da uva niagara rosada, constatou-

se a redução de 60% a 70% da ocorrên-

cia de enfermidades”, afirma o pesqui-

sador do IAC.

Neste mesmo percentual é a queda

do uso de defensivos agrícolas. “Essa

redução, além do retorno financeiro de-

vido à baixa do uso de defensivos, eco-

nomia de mão-de-obra, combustível e

diminuição do desgaste de equipamen-

tos, gera ainda um retorno que, em ge-

ral, não é capitalizado, como a prote-

ção do meio ambiente e também um

ganho humano, tanto para a saúde dos

aplicadores como dos consumidores fi-

nais”, explica Hernandes.

Normalmente, os produtores utili-

zam o sistema de condução em

espaldeira a céu aberto (parecido com

uma cerca com três fios de arame) para

o cultivo da uva niagara rosada. Neste

método, as parreiras ficam um pouco

mais baixas e são distribuídas pelas ruas

de maneira uniforme. Os ramos anuais

são conduzidos na vertical e precisam

ser amarrados aos fios de arame para

não serem derrubados ou quebrados

pelos ventos ou pelo peso da uva. “No

sistema em Y, os ramos ficam quase na

horizontal e deitam-se naturalmente

sobre os arames. Com isso, reduz-se a

necessidade de amarrio para que eles

não caiam e ainda os desestimula a bro-

tar – por não ficarem mais na horizon-

tal – reduzindo também a necessidade

de desbrota das plantas, uma operação

que demanda muitas horas de trabalho

no vinhedo”, diz o pesquisador do IAC.

Na videira, no sistema usual, os

cachos ficam a uma altura entre 80 cen-

tímetros a um metro do solo, enquanto

no “Y”, ficam entre 1,5 m e 1,8 m. De

acordo com o pesquisador do IAC, a di-

ferença na altura das parreiras também

reflete na ocorrência de doenças.

“Quanto mais próximo do chão, mais

perto a planta fica da umidade e do

calor refletido e, com isso, há maior

incidência de doenças. Se a planta fica

mais alta e mais ventilada, esse índice

vai diminuir”, explica.

A

Ao proteger as folhas da incidência direta da chuva, a

cobertura diminui o ataque dos fungos e outras doenças

!ALAV687-35-37-Viticultura.pmd 4/11/2011, 09:4236

Page 37: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 37

Redução no custo de produção

Os cachos das uvas também ficam

mais afastados por conta da disposição

dos ramos, separados com metade para

cada lado do “Y”. Segundo o pesquisador

do IAC, essa característica também influ-

encia a aplicação de defensivos e a pro-

dutividade. “Na uva, se os cachos ficam

muito próximos, quando você aplica o

defensivo, um vai impedir que o outro

receba o produto aplicado. Quanto à pro-

dutividade, se os ramos estão mais aber-

tos, as gemas ficam mais expostas à luz

solar. Isso altera a fisiologia da uva e es-

timula a produção”, explica Hernandes.

Com a diminuição no número de

aplicação de defensivos, redução da

desbrota e amarrio, o cultivo protegido

em “Y” otimiza o tempo para o cuida-

do com a plantação, reduzindo signifi-

cativamente a mão de obra utilizada e

influenciando positivamente no custo de

produção.

“A circulação dentro do vinhedo é

facilitada possibilitando a mecanização

de diversas operações, desde a aplica-

ção de defensivos por turbina, aduba-

ções, até a circulação de pequenos ve-

ículos na colheita. Some-se ainda o

maior conforto do agricultor ao realizar

as tarefas com o corpo em posição mais

ereta, na sombra e protegido da chu-

va”, acrescenta.

O sistema já está sendo implanta-

do em alguns municípios paulistas,

como Louveira, Jundiaí, Indaiatuba e

Itupeva. “Há um aumento da procura de

informações por parte dos produtores.

Eles estão percebendo a vantagem do

cultivo protegido em “Y” e querem im-

plantar em seus vinhedos, por isso já

estamos trabalhando na edição de um

boletim técnico sobre o assunto”, co-

menta Hernandes.

Investimento

O custo inicial para implantação do

sistema é elevado. Para plantar um hec-

tare de espaldeira a céu aberto o pro-

dutor investe em média R$ 30 mil. No

sistema protegido em “Y” com cober-

tura impermeável, o valor pode chegar

a R$ 70 mil. “Pelo valor mais elevado

do investimento, a recomendação é que

o produtor faça a conversão aos poucos,

ao longo dos anos”. Hernandes ressal-

ta que o investimento é recuperado em

pouco tempo por conta da maior produ-

tividade e menores gastos com defen-

sivos e mão-de-obra.

ARQ

UIV

O IAC

O material utilizado para colocar em

cima da estrutura é o filme plástico

impermeável, a ráfia plastificada ou o

telado plástico. Este último não é im-

permeável e perde a principal vantagem

que é a diminuição de doenças.

O pesquisador do Instituto Agronômi-

co alerta para a necessidade do uso de

quebra-ventos nos vinhedos que adotam

a técnica. “Devido à altura de 1,5m do

telado, é necessário utilizar quebra-ven-

to que pode ser tanto natural, como a

plantação de renques de plantas altas,

como artificial, com a colocação de tela.”

Qualidade das uvas

As uvas cultivadas em sistema pro-

tegido têm qualidade superior às plan-

tadas a céu aberto. Com o aumento no

tamanho das bagas, os cachos também

ficam maiores, e com menos resíduos

de defensivos, deixando o produto mais

atraente para o consumidor.

O Estado de São Paulo é o maior pro-

dutor e consumidor de uvas de mesa no

Brasil. A niagara rosada, destinada ao

consumo in natura, é a mais cultivada

no Estado – cerca de cinco mil hectares

plantados.

CARLA GOMES – ASSESSORA DE IMPRENSA DO IAC E

FERNANDA DOMICIANO – ESTAGIÁRIA

ARQ

UIV

O IAC

A maior exposição ao sol

estimula a produção

Os cachos no sistema

protegido são maiores,

mais atraentes para

o consumidor

VITICULTURA

!ALAV687-35-37-Viticultura.pmd 4/11/2011, 09:4237

Page 38: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

38 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Depois de formar seu primeiro rebanho adaptado da raça caracu, a Embrapa

Gado de Corte, com sede em Campo Grande, MS, agora investe no resultado

da cruza entre as raças red poll e senegal n’dama: o gado senepol

PESQUISA

Raça bovina americana é foco de melhor am

O senepol foi desenvolvido nos Estados Unidos e tem

pelagem curta, cor avermelhada, resistente a

parasitoses, carne marmorizada, precocidade sexual

e bom acabamento. A venda de sêmen tem crescido nos

últimos anos, o que indica um resultado satisfatório obti-

do pelos usuários. O senepol é uma raça adaptada ao ca-

lor, resistente às doenças tropicais, fértil, que apresenta

bom acabamento de carcaça e carne de boa qualidade -

macia e suculenta, bem ao gosto do consumidor.

Formação do rebanho

Esta nova opção em trabalhos de melhoramento gené-

tico em rebanhos adaptados da Embrapa teve a colabora-

ção de dois criadores da raça em Mato Grosso do Sul, os

pecuaristas Roberto Coelho, da fazenda San Francisco, e

de Ivo Reich, da fazenda CMI. “A colaboração desses cri-

adores foi fundamental para a formação do rebanho puro

de origem importada (POI). Os animais serão utilizados em

pesquisas da Embrapa e como unidade demonstrativa do

programa de melhoramento da raça senepol”, informa o

pesquisador Roberto Torres, supervisor dos trabalhos. Se-

gundo Torres, a Embrapa Gado de Corte já fez pesquisas

com a raça senepol, tendo sido utilizada em avaliações de

cruzamentos de raças taurinas adaptadas e um teste de

touros em parceria com a associação americana de cria-

dores de senepol.

Os pecuaristas que se dispuseram a colaborar com a Em-

brapa colocaram suas melhores matrizes para coleta de

ovócitos (células sexuais produzidas nos ovários dos ani-

mais), doaram o sêmen de reprodutores, de materiais uti-

lizados na sincronização das receptoras. Depois, fizeram

parceria para a realização da maturação dos ovócitos e co-

briram custos diversos, como o de transporte para a cole-

ta e de mão-de-obra especializada. Esta foi utilizada para

realizar trabalhos como de acasalamentos das doadoras,

inoculação dos embriões, diagnóstico de gestação e

sexagem dos embriões. “Coube à Embrapa disponibilizar

as matrizes utilizadas como receptoras e executar o ma-

nejo dos animais durante o processo de implantação. Sem

dúvida, uma parceria digna dos resultados proporciona-

dos”, declara Roberto Torres. O pesquisador informa tam-

bém que foram implantados 121 embriões. Destes, resul-

taram 31 prenhezes de machos e 22 de fêmeas. Estas pre-

nhezes, explica Torres, são oriundas de 17 das 24 vacas

coletadas e de 10 touros diferentes. “Se considerarmos

também os “avôs” maternos, temos um total de 19 touros

diferentes o que ajudará o rápido estabelecimento do re-

banho senepol da Embrapa”.

Os animais oriundos destas prenhezes se unirão àque-

les provenientes do cruzamento absorvente com o senepol

que serão apresentados para registro. A expectativa da Em-

brapa é estabelecer um rebanho de 100 matrizes puras da

raça senepol.

O crescimento da raça no Brasil

A raça senepol foi introduzida no Brasil em 1999 e hoje

a estimativa é de que existam 15 mil animais registrados

no país. O número de animais dessa raça tem crescido no

O

Rebanho Senepol

da fazenda CMI

ARQ

UIV

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MBRA

PA

38 DEZEMBRO/2011 A Lavoura Senepol: raça foi introduzida no Brasil em 1999

!ALAV687-38-39-Pesquisa.pmd 4/11/2011, 09:4338

Page 39: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 39

PESQUISA

hor amento pela EmbrapaBrasil e prestado uma importante contribuição na melhoria

genética da raça nelore via cruzamento. A informação é do

pesquisador Gilberto Romeiro Menezes, que trabalha no

Núcleo do rebanho da Embrapa juntamente com Roberto

Torres. “A Embrapa começou a trabalhar com melhoramento

genético da raça há dois anos, trabalho no qual são avali-

adas características de reprodução, desempenho e quali-

dade de carne”, explica Menezes. Ainda segundo pesqui-

sadores, um aspecto positivo é de que esses animais con-

seguem, com certa facilidade, montar nas vacas nelore e

assim fazer o cruzamento sem problema.

Espaço conquistado pela raça: vários fatores

O espaço na pecuária brasileira conquistado pela raça

está ligado a uma série de fatores, entre eles a fertilida-

de, adaptabilidade, eficiência reprodutiva, produtividade

e qualidade da carne, características necessárias para o

sucesso na pecuária moderna.

O cruzamento entre raças, quando bem elaborado, ofe-

rece aumento de rentabilidade para o produtor, isso por-

que os produtos cruzados normalmente superam os de ra-

ças puras.

A procura por animais adaptados tende a aumentar,

bem como o trabalho de cruzamento entre elas. A busca é

por animais mais produtivos, que produzam carne saboro-

sa e de boa qualidade, além de outros atributos.

A pesquisa deverá comprovar as qualidades da raça por

meio de trabalhos científicos, indicando-a para o cruza-

mento industrial com zebuínos como o nelore e animais de

1/2 sangue britânicos e/ou continentais. Isso aproveita-

ria a heterose maternal, produzindo 100% heterose nos pro-

dutos com essas cruzas.

ELIANA CEZAR SILVEIRA – EMBRAPA GADO DE CORTE

A Lavoura DEZEMBRO/2011 39

Vaca da raça senepol

bate recorde na

produção de embriões

Tácita de quatro anos é o nome da vaca da raça senepol,

recordista mundial na produção de embriões. Enquanto as

outras vacas produzem em média de seis a dez embriões, Tá-

cita produz de 60 a 100. Isso representa prolificidade em

bovinocultura.

Esse recorde é o resultado da explosão genética exclusi-

va presente no rebanho bovino senepol. De acordo com Jair

dos Santos, que trabalha há mais de cinco anos com a raça,

é visível a alta performance dos animais seja a pasto ou em

confinamento.

“O senepol tem características muito peculiares. Um dos

grandes exemplos disso é a vaca Tácita. Ela representa o

resultado do investimento que fazemos em agregar tecno-

logia de ponta com excelência em melhoramento genético,

seleção e produção. Não é a toa que ela produz dez vezes

mais embriões que vacas de outras raças”, relata o pecua-

rista.

A vaca super produtiva faz parte do rebanho da senepol

Água Limpa, onde há muitos outros animais campeões da

raça. O criatório disponibiliza para venda aspirações de

novilhas selecionadas criteriosamente e com classificação

máxima da fazenda. Além disso, a senepol Água Limpa ofe-

rece touros selecionados, criados a campo e aprovados em

testes levados ao extremo.

A raça

O senepol combina a tolerância ao calor e a resistência

aos insetos e enfermidades do gado n’dama com a

docilidade, qualidade da carne e alta produção leiteira do

gado red poll. O cruzamento dessas duas raças originou o

senepol. Longevidade, habilidade materna, fertilidade, dis-

posição, pelo zero, caráter mocho, rendimento da carcaça,

facilidade de manejo são outras características marcantes

da raça senepol.

SE

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Tácita: vaca recordista em embriões

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Page 40: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

40 DEZEMBO/2011 A Lavoura

HORTICULTURA

Tomate: produção integrada commilho ganha força

Agricultor mineiro colhe a hortaliça o ano

inteiro e vende também para outros Estados

Produtores de tomate de Minas Gerais produziram 441,8

mil toneladas da hortaliça em 2011, volume 8,7% superior

ao do ano passado, informa a Secretaria de Agricultura, Pe-

cuária e Abastecimento com base em dados do IBGE. Boa parte

deles faz uma rotação da cultura com o milho e a soja, que es-

tão em fase inicial de plantio. Para quem cultiva tomate, é tem-

po de avaliar o mercado, sobretudo o comportamento da de-

manda, para programar o reinício do plantio da hortaliça em

janeiro ou fevereiro.

Um novo aumento da produção de tomate poderá ocorrer

em 2012, principalmente nas propriedades onde o cultivo da

hortaliça segue alternado com a produção de grãos, o que pode

resultar em equilíbrio na administração das contas da propri-

edade. “Atualmente, a receita gerada pelas lavouras de to-

mate em Minas Gerais é da ordem de R$ 7 mil por hectare”,

informa Georgeton Silveira, coordenador estadual de

Olericultura da Emater-MG, vinculada à Secretaria.

Em Lagoa Formosa, na região do Alto Paranaíba, a produção

alternada é utilizada em grande escala. A safra de tomate do muni-

cípio, em 2011, alcançou 28 mil toneladas (40,7% da produção regi-

onal). Agora o milho e feijão podem ser cultivados até a definição

de outros espaços para a hortaliça.

Rotação de culturas

“Uma das vantagens da rotação de culturas é que os resí-

duos orgânicos mantidos no solo depois da colheita do toma-

te substituem parte da adubação para o novo plantio”, expli-

ca o produtor Marcos Nascimento. Ele ainda fará uma colhei-

ta da hortaliça neste ano para completar a safra estimada de

4,2 mil toneladas e em seguida vai ocupar o espaço com milho

ou soja.

Integrante de um grupo de cinco produtores que se de-

dicavam exclusivamente ao cultivo de grãos no município,

Nascimento enfatiza que o rodízio das lavouras é uma boa

alternativa. “Inclusive porque existe um limite para a utili-

zação das áreas de tomate. Elas não devem atender ao

cultivo da hortaliça em safras seguidas”, informa. O produ-

tor diz que vem obtendo resultados satisfatórios com a pro-

dução de tomate iniciada em 2010 e acrescenta que está

animado com a possibilidade de aumento da receita para

compensar os investimentos em tecnologia, sobretudo irri-

gação e adubação.

“O clima da região é um dos fatores que ajudam na produção

de tomate”, observa o agricultor. Neste ano, segundo Nascimen-

to, o cultivo foi de 70 hectares. Para a próxima safra a programa-

ção é de uma área 50% maior. Ele estima que a produção vai alcan-

çar 6,3 mil toneladas.

Além de ser destinado ao atacado e varejo de diversas regiões

de Minas Gerais, o tomate também reforça a participação de La-

goa Formosa no entreposto da CeasaMinas, localizado na Região

Tomate: previsto novo aumento da produção em 2012

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!ALAV687-40-41-Horticultura.pmd 16/11/2011, 13:1940

Page 41: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 41

HORTICULTURA

Tomate mineiro é destinado

principalmente a atacadistas

e varejistas de São Paulo

Metropolitana de Belo Horizonte. “Uma parte do produto é envi-

ada para outros Estados, como Goiás, São Paulo e Distrito Fede-

ral”, finaliza Nascimento.

Agricultura familiar

No Sul de Minas, agricultores familiares participam da pro-

dução de hortaliças com assistência da Emater-MG. Eles traba-

lham em terras cedidas sem custo, com o compromisso de, de-

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pois de cada safra, devolver aos proprietários as áreas

enriquecidas com os resíduos orgânicos do tomate. Essas áreas

serão utilizadas no período das águas para a produção de mi-

lho e outros grãos, e após a safra os pequenos produtores

vão reiniciar mais um período com as hortaliças.

José Nelson Martins é um dos 12 agricultores que se bene-

ficiam há quatro anos do cultivo de lavouras de tomate no Sí-

tio São João, localizado em Turvolândia e está entusiasmado

com as perspectivas do produto para 2012. “Os resultados

obtidos até agora com tomate são animadores”, ele diz. “Nes-

te ano, colhemos em cinco hectares. Até o final de dezem-

bro ou início de janeiro vamos fazer o primeiro plantio para a

safra de 2012 e em junho o segundo, completando a ocupa-

ção de 10 hectares”, prevê o agricultor.

Produção

A produção será destinada principalmente a atacadistas

e varejistas de São Paulo, que parecem dispostos a adquirir

até um volume maior que o previsto atualmente”, acrescenta

José Nelson. Ele ainda explica que, neste ano, a cotação do to-

mate produzido no Sítio São João variou de R$ 17 a R$ 33 a caixa

de 23 quilos.

Segundo o agricultor, o grupo de produtores do Sítio São João

consegue administrar os negócios sem dificuldade porque está bem

organizado. “Os equipamentos de irrigação que utilizamos nas la-

vouras e também os insumos foram comprados em conjunto, com

orientação da Emater, que ajuda também a organizar a comerci-

alização do tomate”, finaliza.

IVANI CUNHA - SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Atender um novo segmento do mercado que busca produtos

com sabores diferenciados. Essa é a meta da Embrapa Hor-

taliças com o BRS Couto, recentemente lançado pela empresa.

O híbrido do segmento mini-italiano ou mini-saladete, pos-

sui frutos alongados e peso variando entre 50g e 80g, um pou-

co mais graúdos que os segmentos cereja e cerejão.

De acordo com o pesquisador Leonardo Boiteux, o mate-

rial vai atender um novo nicho de mercado, que busca por

produtos com características e sabores diferenciados. “O

segmento mini-italiano apresenta expansão de consumo nos

grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, Belo Horizonte

e São Paulo”, afirma.

Características

Entre as características da nova cultivar, destaca-se a múl-

tipla resistência a doenças. Segundo o pesquisador, o material

é um dos poucos híbridos deste segmento com tolerância a

geminivírus, um dos principais problemas da cultura do toma-

teiro no Brasil. “O BRS Couto é tolerante a algumas das princi-

pais espécies de geminivírus ou begomovírus que infectam o

tomateiro nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Bra-

sil”, explica.

Além disso, o material possui resistência ao nematóide-das-

galhas (Meloidogyne incognita, M. javanica e M. arenaria), além

de tolerância a populações do pulgão que atacam as solanáceas

Tomate do segmento

mini-italiano atende novo

nicho de mercado

(Macrosiphum euphorbiae). O BRS Couto

é ainda resistente aos fungos que cau-

sa a Murcha de Fusário raça 1 e 2 e

Murcha de Verticílio raça 1.

Sementes

O tomate BRS Couto é também o

primeiro material lançado pela Embrapa

Hortaliças sob os termos da Lei de Ino-

vação (lei nº 10.973/04). De acordo com

o chefe-adjunto de Transferência de

Tecnologia, Warley Marcos Nascimen-

to, o material foi desenvolvido

numa cooperação técnica com a

empresa de sementes Agrocinco,

que detém a exclusividade de co-

mercialização do BRS Couto por um pe-

ríodo de cinco anos.

Ele explica que a produção de se-

mentes do híbrido será coordenada

pela Embrapa Transferência de Tec-

nologias, e as sementes do tomate

BRS Couto estarão disponíveis até o

final de dezembro de 2011 para os pro-

dutores brasileiros.MARCOS ESTEVES - EMBRAPA HORTALIÇAS

Tomate BRS Couto, mini

italiano: um pouco mais

graúdo que o cereja e o

cerejão

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!ALAV687-40-41-Horticultura.pmd 16/11/2011, 13:1941

Page 42: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

42 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Pele e pelo,

proteção e beleza

do animal

A pele é o maior órgão do corpo e uma barreira natu-

ral de defesa, fornecendo proteção contra agentes ex-

ternos e refletindo muito do que se passa no organismo

do animal. Devido a esses fatores, a pele merece uma

atenção especial. Já o pelo, além de seu elemento es-

tético e característico das raças, também possui sua

importância, ao proporcionar isolamento térmico e atu-

ar como um meio protetor entre o animal e o habitat.

São vários os fatores que podem ocasionar mu-

danças na pele e no pelo dos animais de estimação;

alguns são fisiológicos, como as diversas fases da

vida. Por exemplo, quando deixam de ser filhotes e

se tornam adultos, a pelagem torna-se mais espes-

sa. Já os mais idosos podem ter seus pelos

embranquecidos ao longo do tempo, principalmente na

região do focinho. Outra mudança normal e frequente

é a troca do tipo de pelagem no verão e no inverno. Con-

tudo, é possível que algumas alterações de coloração e

queda de pelos sejam decorrentes de fatores que neces-

sitam de cuidados médicos. As doenças de pele/pelagem

podem ser causadas por pulgas, carrapatos, piolhos, fungos,

bactérias, vermes, desnutrição, alergias, desequilíbrios

hormonais, entre muitos outros fatores.

Problemas de pele prejudicando o animal

Nem sempre o proprietário percebe, mas coceiras,

lambeduras e mordeduras nas patas são os primeiros

indicativos de que o animal precisa de avaliação dermatológica

de um médico veterinário. Sobre a pele dos seres vivos existe

uma população de bactérias. Geralmente inofensiva, a flora

de microorganismos não faz com que esse órgão perca suas

funções de barreira natural e eficaz às infecções bacterianas.

Por isso, arranhaduras ou irritações que prejudiquem a inte-

gridade da pele podem torná-la mais susceptível a infecções.

Nos animais de estimação, a coceira pode se tomar um gran-

de sofrimento e também aflige o dono do pet. Neles, os proble-

mas de pele estão mais relacionados à estrutura do tecido do

que à quantidade de bactérias que o animal tem sobre o corpo.

Os sintomas clínicos mais comuns dos problemas dermatológicos

nos animais de estimação são os três já citados, além da perda

de pelos e odor desagradável. Nos casos mais severos, entre-

tanto, é aflitivo ver o bichinho coçando-se, lambendo-se sem

parar e até mordendo as patas. Porém, as causas das alergias

e dos problemas de pele muitas vezes têm origem genética,

dificultando a prevenção. É aconselhável, ao detectar primei-

ros sintomas, procurar um médico veterinário para diagnosti-

car a causa do problema, para que a coceira não se agrave e o

animal não chegue a machucar-se, ferindo a pele e, assim, per-

mitindo a contaminação e a infecção do tecido.

Ainda que existam algumas raças mais predispostas, qual-

quer animal pode manifestar os sintomas e desenvolver pro-

blemas de pele. Hoje em dia, já existem exames eficazes,

como raspados de pele, citologia e exames de sangue, que

auxiliam o médico veterinário a um diagnóstico mais preci-

so para determinar as causas dos problemas dermatológicos.

Além do tratamento, que pode envolver vacinas manipuladas

e medicamentos para diminuir a inflamação e a coceira, é de

extrema importância realizar a assepsia (desinfecção) do

ferimento ou lesão.

Atenção aos sinais

Apesar da dificuldade de evitar as causas do aparecimen-

to dos problemas de pele, principalmente nos animais com pre-

disposição, é importante tomar alguns cuidados, dentre os

quais limpar frequentemente o local onde o animal costuma

dormir, escovar diariamente a pelagem do animal e evitar que

ele ande ou permaneça sobre superfícies molhadas. Vale lem-

brar também que, em condições normais, os donos de ani-

mais de estimação não precisam evitar o contato com o bi-

cho de estimação, pois, na maioria das vezes, não estarão

sob o risco de contágio.

Isso mostra que são muitos os aspectos envolvidos com a

saúde da pele e dos pelos dos pets. Um outro fator relaciona-

do, de extrema importância, é a alimentação. Esta deve ser

balanceada e suplementada com nutrientes específicos para

proporcionar uma pele saudável e uma pelagem bonita e ma-

cia. As rações de boa qualidade cumprem este papel adequa-

damente, mas “lanchinhos” como bolachas, pães e outras gu-

loseimas devem ser evitados: alguns animais podem ter rea-

ções alérgicas e até mesmo intoxicação ao ingerir esses ali-

mentos. A higiene também é muito importante, principalmen-

te no que diz respeito ao combate de pulgas e carrapatos, pois

estes parasitas, além de trazerem problemas para a pele e o

pelo, podem causar doenças aos nossos amigos.

ISABELLA VINCOLETTO - MÉDICA VETERINÁRIA DA VETNIL (ADAPTADO)

Alterações de coloração e queda de pelo devem ser

observadas pelo proprietário do cão

!ALAV687-42-43-Animais.pmd 4/11/2011, 09:4742

Page 43: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 43

Papai Noel

também

visita os pets

Cada vez mais frequente nos lares

brasileiros e considerados membros da família,

os pets também estão inclusos nas listas de

presentes de fim de ano

Os pets hoje são mais do que animais de companhia. Tor-

naram-se membros da família, recebendo todos os mi-

mos e regalias que merecem, afinal, a felicidade do pet

reflete e influencia na do dono. E com a chegada das fes-

tas de fim de ano, os bichinhos de estimação são pre-

sença garantida nas listas de presentes. Para os que nunca

pensaram nesta possibilidade, o mercado oferece produ-

tos variados que prometem agradar. Veja algumas dicas

da Focinho Dourado para cães e gatos.

Almofadas e Cobertores

Feitas de materiais como plush ou pelúcia, as almo-

fadas e cobertores da Focinho Dourado não possuem de-

formações e trazem conforto e maciez para os pets. Seu

design é moderno e são fáceis de lavar.

Coleiras caninas e felinas

De couro ecológico, as coleiras possuem design moder-

no e são adornadas com pedras de strass, pérolas ou me-

tal. São acessórios de luxo que seguem as últimas tendên-

cias da moda pet.

Cama com

brinquedo:

conforto e

diversão

Almofada de plush:

conforto e maciez

para cães

FO

CIN

HO

DO

URADO

FO

CIN

HO

DO

URAD

O

Se você já rodou a cidade procu-

rando algo que ajudasse na difícil ta-

refa de fazer seu cãozinho engolir

aquele comprimido indicado pelo ve-

terinário - algo mais eficaz que o mi-

olo de pão no qual você tentou, sem

sucesso, esconder o remédio - agora

você não precisa mais gastar a sola

dos seus sapatos à toa: a solução che-

gou e está a um click de distância! É

só visitar o Empório Total, loja virtu-

al da Total Alimentos, no endereço

www.emporiototal.com.br. Lá você

Remédio mais fácil

Snack especial para

comprimidos ajuda na

administração de remédios

para os cães

O Snack Equilíbrio, da Total Alimen-

tos, além de ser um petisco saboroso,

possui uma abertura especial desenvol-

vida especialmente para acomodar a

maioria das cápsulas, comprimidos e

pílulas. Ele pode ser facilmente engoli-

do por cães de pequeno, médio e gran-

de porte, assim seu pet consome o re-

médio sem perceber e causar stress

nem pra si próprio, nem pra você.

O produto é vazado e possui uma

tampa (feita do próprio petisto) para

manter o remédio em seu interior. “O

design especial unido à alta palatabili-

dade do alimento ajudam na eficácia

dos tratamentos, que muitas vezes são

interrompidos devido à dificuldade na

administração do medicamento”, ex-

plica a médica veterinária Márcia Fer-

nandes, Gerente de Produto da linha

Super Premium da Total Alimentos.

encontra uma caixa de Equilíbrio

Snack Especial, com 40 unidades em-

baladas individualmente.

TO

TAL ALIM

EN

TO

S

O petisco é oco para inserir o medicamento

Arranhadores e Kit com Cama, Arranhador e Brinquedo

Diversão garantida para gatos, os arranhadores foram

confeccionados em MDF forrados com pelúcia. O kit con-

tendo cama, arranhador e brinquedo garantem conforto e

diversão para gatos em qualquer lugar, já que o kit se trans-

forma numa prática bolsa que pode ser levada para onde

quiser. É importante que o gato tenha um local para arra-

nhar pois com esse ato, além de se divertir, ele apara e afia

suas unhas e marca o seu território.

www.focinhodourado.com.br

!ALAV687-42-43-Animais.pmd 4/11/2011, 09:4743

Page 44: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

44 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

O plantio

de milho, cana e das

diversas gramíneas, agora

na primavera para o verão,

permite ao produtor planejar o

fornecimento de comida para os períodos

rigorosos do ano. A melhor forma de preservar

o alimento é ensilando, pois evita a perda de peso

em tempos de escassez de pasto

SILAGEM

É tempo de pensarna silagem

É tempo de pensarna silagem

Há um costume entre os pro-

dutores que trabalham com

rebanhos de corte de forma

extensiva em não produzirem e guar-

darem alimento para os períodos crí-

ticos do ano, onde a natureza não

disponibiliza comida farta e de quali-

dade para a manutenção do peso dos

animais. Desta maneira, o que geral-

mente ocorre é o emagrecimento e

perda de tempo, pois quando a época

de bons pastos retorna o rebanho tem

que primeiro recuperar os quilos per-

didos para depois começar a ganhar

peso.

Uma das formas de evitar este

“efeito sanfona” é fazer ensilagem, que

é um processo de conservação dos ali-

mentos em locais hermeticamente fe-

chados, livres de oxigênio. Seu objeti-

vo é preservar ao máximo o valor nu-

tritivo original da forragem escolhida

para isto, seja ela cana, capim ou mi-

lho e sorgo (planta inteira). A ensilagem

é a forma mais eficiente e barata que

se conhece para garantir suprimento de

volumoso ao rebanho durante o perío-

do de entressafra. “É ideal para siste-

mas de produção que buscam

maximizar o uso da terra, do trabalho

e do tempo”, afirma a diretora técnica

da Kera Nutrição Animal, Regina Flores.

Segundo a diretora, o processo de

conservação da forragem baseia-se na

redução do pH (aumento da acidez) gra-

ças à produção de ácido lático a partir

do açúcar. “A forragem se conserva

porque levamos para o silo toda a flo-

ra microbiana que está aderida à for-

ragem na lavoura. Esta flora está com-

posta por um universo muito grande,

mas os que podem influir na maior ou

menor qualidade da silagem são os

fungos, leveduras, bactérias láticas,

(que são as responsáveis pela conser-

vação da silagem), clostrídios e

coliformes”, explica Regina.

Para o consultor técnico da empresa,

Carmelindo Tomielo, uma boa silagem

precisa ser complementada com a adi-

ção de inoculantes biológicos que são

“bons micro-organismos” que auxiliam

na fermentação da ensilagem. Uma

silagem sem adição de inoculantes de-

mora de 25 a 40 dias para chegar a um

pH menor que 4,5; isto significa que,

neste período, também se desenvolve-

rão bactérias láticas, coliformes e

clostrídios. “Este processo faz perder o

valor nutritivo da silagem. Para inativar

estes micro-organismos, o inoculante

deverá baixar o pH abaixo de 4,5 o mais

rapidamente possível. Com altas concen-

trações de bactérias por grama de

silagem, pode-se conseguir que a silagem

esteja ‘pronta’ em três dias”, avalia

Tomielo.

Vantagens

O custo de produção para silagem

varia muito, porque há diferenças na

escala, tipo de cultura a ser ensilada,

fertilidade do solo, etc. Mas, em geral,

H

Trator distribuindo silagem no cocho aberto

NE

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S

!ALAV687-44-45-Silagem.pmd 4/11/2011, 09:4944

Page 45: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 45

uma silagem tem entre R$35 a R$90 por

tonelada de matéria original (matéria

úmida). É importante salientar que a

silagem produzida e bem armazenada

dura por muitos anos. Fazendo silagem,

é possível a manutenção de um maior

número de animais ou unidades ani-

mais (450 kg) por unidade de terra;

permite a manutenção ou maximiza-

ção da produção (carne ou leite); per-

mite, através do confinamento, ofertar

animais bem nutridos em épocas de

melhor preço; permite armazenar gran-

de quantidade de alimento em pouco

espaço.

Apesar das vantagens deste processo, são

necessários cuidados para sua compo-

sição ideal em termos de equilíbrio de

micro-organismos. O universo da flora que

integra a pastagem é vasto, sendo compos-

to, dentre outros, de fungos, leveduras,

clostrídios, coliformes e bactérias láticas,

sendo as últimas as responsáveis pela con-

servação da silagem. A proporção entre os

componentes da flora influirá na maior ou

menor qualidade da silagem.

Fermentações

Logo após o fechamento do silo, as

fermentações se iniciam. Dentre elas, a que

mais interessa é a lática: as bactérias láticas

transformam os açúcares em ácido lático,

o qual aumenta a acidez da forragem, res-

ponsável por sua conservação. A acidez é

medida por pH, uma medida de acidez que

vai de zero a 14, sendo que o quanto me-

nor for o pH, mais ácido será o meio. As-

sim, quando a forragem entra no silo, ela

tem um pH de 6,0 a 6,5 e ele precisa ficar

abaixo de 4,5 para que coliformes e

clostrídios parem de se desenvolver. E por

que é preciso que eles se desenvolvam o

mínimo possível?

Propriedades microbiológicas ideais para a silagemPorque os coliformes consomem

energia e proteínas da forragem e pro-

duzem chorume, um líquido poluente

que baixa o valor nutritivo da silagem.

Além disso, o chorume causa a formação

butírica que dá sabor e cheiro repulsi-

vos à silagem, diminuindo o consumo pelo

animal. Outro grave problema é a produ-

ção de toxinas, muito prejudiciais à saú-

de animal, como a histamina – responsá-

vel pela laminite, entre outras doenças –

a cadaverina, putrescina, triptamina além

de outras toxinas, que podem causar

abortos, lesões hepáticas, renais e intes-

tinais e diarreia, cuja gravidade depen-

de do teor das mesmas. Como não é pos-

sível evitar que elas se desenvolvam,

pode-se, pelo menos, diminuir seu tem-

po de multiplicação com o uso do

inoculante. Este produto deverá possuir

um alto teor de bactérias por grama de

silagem, dados que que estão no rótulo

de todos os produtos comerciais.

Nem toda silagem será aproveitada

Todo o alimento que passa por um pro-

cesso de conservação – neste caso, uma fer-

mentação – perde valor nutritivo. O que o

inoculante faz é diminuir ao máximo esta

perda e também em termos físicos, com mau

cheiro, aquecimento no cocho, etc. Con-

tudo, o problema mais grave é a morte de

animais por silagem deteriorada, algo que

está sendo cada vez mais frequente e tem

duas causas principais: primeiro, o grande

desenvolvimento de clostrídios e seus pro-

dutos tóxicos, listados acima. Depois, o de-

senvolvimento de fungos na silagem. Eles se

desenvolvem na presença de ar, o que sig-

nifica que a compactação é fundamental

para dar estabilidade à silagem.

Presença de fungos

O sinal mais evidente da presença de

fungos é o aquecimento da silagem, que

geralmente acontece logo após o fecha-

mento do silo. Neste momento, o ar esta-

rá presente, e, quanto melhor for a com-

pactação, o processo ocorrerá com me-

nor intensidade. Porém, o aquecimento

retornará quando o silo for aberto para

utilização. Os fungos produzem micotoxi-

nas altamente tóxicas: aflatoxina, cuja

dose letal é igual à estricnina;

zearalenona, abortiva e até mortal; DON;

vomixina e uma lista de mais de 500 subs-

tâncias. Para evitá-las, o primeiro passo

sempre será a compactação, facilitada

pelo corte da forragem em partículas pe-

quenas, observação do teor de matéria

seca e as particularidades de cada silagem,

por exemplo, bolas de pré-secado sempre

terão mais ar em seu interior.

Porém, às vezes uma boa compactação

será impossível, como na presença de pro-

blemas climáticos, quando a matéria seca da

silagem estiver muito alta. Neste caso, o

produtor deve também utilizar uma bacté-

ria propiônica, que produz o ácido de mes-

mo nome e que inativa fungos e leveduras.

Desta forma, apesar de não poder impedir

a presença de ar, eles se manterão inativos

graças à presença do ácido propiônico.

REGINA FLORES

DIRETORA TÉCNICA DA KERA NUTRIÇÃO ANIMAL

Cortando a silagem para colocar no distribuidor

AG

RO

PRESS A

GÊN

CIA

DE N

OTÍC

IAS

Silagem: esmo com o cuidado do produtor,

ocorrem perdas naturais de ordem química

ou física

SILAGEM

!ALAV687-44-45-Silagem.pmd 4/11/2011, 09:4945

Page 46: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

46 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

COOPERATIVISMO

Exportações das cooperativas

crescem 34,6% entre janeiro e outubro

APPA

AD

MIN

ISTR

ÃO

D

OS

PO

RTO

S

DE

PA

RA

NA

GU

Á

E

AN

TO

NIN

A

Resultado recorde retrata profissionalismo

do setor e qualidade dos produtos

ser explicada, de acordo com o gerente de Ramos e Mercados da

OCB, Gregory Honczar, pelos mesmos condicionantes já observados

no passado, principalmente pela forte demanda do etanol brasileiro

aliada aos bons preços.

Mercados

A China se mantém como o principal mercado de destino dos

produtos cooperativistas. De janeiro a outubro, os chineses com-

praram US$ 661 milhões. O valor corresponde a 12,9% das expor-

tações do segmento. Os Emirados Árabes ocuparam a segunda

colocação, com US$ 497,2 milhões e 9,7%. Na sequência, estão

Estados Unidos (US$ 483,5 milhões; 9,4%), Alemanha (US$ 384,9

milhões; 7,5%) Holanda (US$ 265,1 milhões; 5,2%) e Japão (US$

243,5 milhões; 4,7%).

Estados exportadores

Na relação dos estados exportadores, São Paulo, mais uma vez,

registrou o maior valor, com US$ 1,7 bilhão, representando 33,4% dos

negócios do setor. O Paraná, por sua vez, fechou com US$ 1,6 bilhão

e 33% do total. Na terceira colocação, está Minas Gerais (US$ 666,8

milhões; 13%), seguido do Rio Grande do Sul (US$ 331,4 milhões; 6,5%)

e Santa Catarina (US$ 248,9 milhões; 4,8%).

Importações

Também houve expansão de 33,8% nas compras externas

efetuadas por cooperativas de janeiro a agosto deste ano, se com-

paradas ao mesmo período do ano passado, passando de US$ 165,6

milhões para US$ 221,6 milhões. Sob a ótica das importações, a par-

ticipação na pauta é 0,3%. Entre os principais produtos importados

pelas cooperativas nos primeiros oito meses de 2011, destacam-se

os seguintes: cloretos de potássio (com compras de US$ 39,5 mi-

lhões, representando 17,8% do total importado pelas cooperati-

vas); cevada cervejeira (US$ 23,8 milhões, 10,7%); malte não torra-

do (US$ 17,7 milhões, 8,0%); e diidrogeno-ortofosfato de amônio (US$

17,2 milhões, 7,7%).

GABRIELA AFONSO PRADO - OCB

As cooperativas brasileiras registraram um novo recorde em

exportações. Nos primeiros dez meses de 2011, o setor

contabilizou crescimento de 34,6% em relação ao mesmo

período de 2010, alcançando US$ 4,4 bilhões em vendas ao exterior.

Para o intervalo avaliado, esse foi o melhor resultado registrado des-

de 2005. Os dados fazem parte de um estudo elaborado pelo Minis-

tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O

resultado positivo se repetiu no saldo da balança comercial do seg-

mento, que fechou em US$ 4,9 bilhões nos primeiros dez meses do

ano, outro recorde, superando em 34,7% o de 2010, quando atingiu

US$ 3,6 bilhões.

Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras

(OCB), Márcio Lopes de Freitas, os indicadores comprovam que o

movimento cooperativista está respondendo às exigências de mer-

cado com produtos e serviços de qualidade. “O profissionalismo marca

a gestão das cooperativas brasileiras e isso reflete nos resultados

alcançados. Por isso, trabalhamos com um cenário positivo e a indi-

cação é de que chegaremos a praticamente US$ 6 bilhões no final

de 2011”, disse.

Produtos

No grupo de produtos exportados pelas cooperativas, conti-

nua em primeiro lugar o complexo sucroalcooleiro, com US$ 1,9

bilhão, respondendo por 37,2% do total. Em seguida, aparece o

complexo soja, com US$ 1,1 bilhão e 22,4%. Café em grão fechou

o período com US$ 623,7 milhões, representando 12,1% das vendas.

A carne de frango também está entre os principais itens, registran-

do US$ 461,2 milhões e correspondendo a 9%. Vale citar ainda o tri-

go, com US$ 241,5 milhões e 4,7% das exportações.

A permanência do complexo sucroalcooleiro na liderança pode

Soja em grão: um dos principais produtos exportados pelas cooperativas

A

!ALAV687-46-47-Cooperativismo.pmd 4/11/2011, 12:4246

Page 47: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 47

COOPERATIVISMO

Cooperativas mostram força

no campo com exemplo

de boas práticasatendidas outras 64 mil pessoas em ou-

tros projetos realizados pela coopera-

tiva, que alcançou desde propriedades

rurais até comunidades inteiras.

Já a Coplana (cooperativa dos

Plantadores de Cana da Zona de

Guariba) foi pioneira na implementação

de uma Central de Recebimentos de

Embalagens de Defensivos. A unidade,

coordenada pela Divisão Agrícola, com-

pletou16 anos de trabalho em prol da

preservação ambiental e da saúde da

população rural. Com sua estrutura re-

cém modernizada e ampliada, a Central

teve capacidade de processamento

aumentada de 20 para 90 toneladas

mensais.

Resultados

Os resultados obtidos pela Central

da Coplana são modelo no mundo, ao

atingir a marca de 100% de devolução

das embalagens de defensivos utilizadas

por seus cooperados. Desde a implan-

tação, a unidade já retirou do meio

ambiente 3,1 mil toneladas de embala-

gens (o equivalente a 2,8 mil caminhões

carregados). O descarte adequado co-

meça com o trabalho do produtos ain-

da no campo, com a tríplice lavagem. Ao

chegar à Coplana, as embalagens são

inspecionadas e separadas. Após pren-

sagem e enfardamento, são levadas à

indústria de reciclagem.

Outra referência no setor é a ativi-

dade desenvolvida pela Coplacana, Co-

operativa dos Plantadores de Cana do

COPLACANA

A Lavoura DEZEMBRO/2011 47

Fomentar boas práticas agrícolas é

fundamental para pautar um futuro

de sucesso no Brasil, reconhecido in-

ternacionalmente pelo seu potencial

para ser o celeiro do mundo. Algumas

cooperativas brasileiras já aderiram à

ideia e demonstram engajamento à cau-

sa, apresentando resultados sensíveis

na valorização da educação e sustenta-

bilidade no campo.

No ano passado, dezenas de proje-

tos realizados por produtores e associ-

ados conscientes atingiram milhares de

pessoas em seus diversos grupos, irra-

diando oportunidades e conscientiza-

ção à população rural e urbana de di-

versas faixas etárias.

Iniciativas

São iniciativas assim que tornam

possível ao Brasil ser uma potência em

alimentos e energia limpa. “Ao difundir

os hábitos sustentáveis, é possível ins-

tituir uma nova mentalidade voltada à

adoção de boas práticas e diminuir de

maneira significativa os danos à saúde,

ambiente e qualidade de vida dos pro-

fissionais envolvidos, bem como minimi-

zar os impactos ao meio ambiente”, afir-

ma José Annes Marinho, gerente de

educação da ANDEF (Associação Nacio-

nal de defesa Vegetal), complementando

que diversas iniciativas produtivas e efi-

cazes foram apresentadas à entidade

esse ano, ao longo do XIV Prêmio Andef

– que destaca atividades de responsa-

bilidade social e ambiental.

Projeto

Um dos projetos que chamou a aten-

ção foi a iniciativa da Cooperativa

Cooxupé, que em 2010 realizou 231

eventos educacionais, envolvendo mais

de 26,5 mil participantes em debates e

palestras sobre o uso correto e seguro

de defensivos agrícolas.

Tal conscientização já surtiu efeitos.

Com os eventos, as vendas dos equipa-

mentos de proteção individuai (EPIs) au-

mentou em 28% nas lojas Cooxupé. além

das palestras e treinamentos, foram

estado de São Paulo, dentro do proje-

to Implantar, realizado pelo Instituto

Nacional de Processamento de Embala-

gens Vazias (InpEV). Durante todo o ano

de 2010, a Coplacana realizou ações

itinerantes no estado de São Paulo para

receber embalagens vazias. Nessas oca-

siões, aproveitou para falar sobre a im-

portância da aplicação segura de de-

fensivos, abordando o uso de EPIs,

tríplice lavagem e devolução em local

correto.Resultados em eficácia e ges-

tão foram notórios – a Coplacana ficou

em terceiro lugar no programa, princi-

palmente por causa da redução dos

custos no processamentos das embala-

gens em 60%, um índice e tanto.

Responsabilidade social

Quando o assunto é responsabilida-

de social, a Cocari também se sobres-

sai. Por meio da campanha Cocari Soli-

dária, em atividade desde 2005, a coo-

perativa estimula o voluntariado, unin-

do forças de cooperados, familiares e

colaboradores em prol da população

carente. Além disso, a instituição orga-

niza promoções para arrecadar recur-

sos, para distribuição integral em asilos,

creches e escolas. A partir de 2008, o

projeto passou a incentivar o envolvi-

mento a comunidade na preservação

ambiental, distribuindo mudas de árvo-

res produzidas por alunos da Associação

de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)

de Mandaguari – esses alunos foram con-

tratados pela Cocari, a fim de contri-

buir para a inclusão social de portado-

res de necessidades especiais.

Embalagens de defensivos

utilizadas: 100% de devolução

!ALAV687-46-47-Cooperativismo.pmd 4/11/2011, 09:5047

Page 48: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

48 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

Misturador de ração

Equipamento é destinado a produtores

de médio e pequeno porte

Um vagão misturador de pequeno para médio porte é o novo

lançamento que a Casale Equipamentos, de São Carlos, SP. O

Unimix é um novo produto que traz como vantagem o forneci-

mento de uma ração homogênea aos animais, evitando que con-

suma uma dieta desbalanceada. Isto é possível porque o Unimix

foi projetado para realizar uma perfeita mistura entre o volumo-

so e o concentrado.

O fabricante explica que o equipamento processa entre 500 a

600 kg por mistura sendo ideal para produtores de leite, ovinos,

caprinos ou bovinos de cor te que tenham rebanhos pequenos.

Ele vem com um opcional: uma balança eletrônica que permite

pesar e dosar de forma independente os elementos que compõem

a dieta, o que o transforma num equipamento de precisão na hora

de distribuir a comida no cocho.

De acordo com a Casale, o Unimix é um produto que agrega valor

à produção, pois seu custo/benefício é bem significativo. No momen-

to em que a dieta é balanceada e o animal come aquilo que realmente

necessita, o retorno em produção de leite e/ou carne é garantido, em

consequência, o lucro também, esclarece o fabricante.

A Coimma, tradicional fabricante de Balanças e Troncos

de Contenção para a pecuária, colocou no mercado o ‘Tron-

co Americano Supremo’.

Segundo o fabricante, o equipamento conta com novo

sistema push-lock, imobilização hybrid-wall e sistema de

travamento dos por tões e pode ser conjugado às diversas

linhas de balanças eletrônicas da empresa. O novo modelo

conta com avançado sistema de contenção, mensuração,

castração, acionamento por pistões e dispositivo salva-vi-

das como itens de série. Todos estes dispositivos facilita-

rão sobremaneira qualquer tipo de tratamento fitossanitário,

além de evitar estresses e lesões nos animais, explica a

Tronco de contenção e medição

para o rebanho

Tronco americano Supremo

COIMMA

Nutrição sob medida para a fase

pré-inicial dos pintinhos

Produto de alta performance nutre os pintinhos em

seus primeiros dias de vida

A Presence, nova marca da Evialis, lançou

uma novidade em nutrição para os primeiros

dias dos pintinhos: a ração Préforte.

De acordo com a Presence, diversos são os

fatores que influenciam o desempenho das aves

em seus primeiros momentos de vida. Um dos

principais influenciadores é o tempo decorrido

entre a eclosão e o início da ingestão de alimen-

to e água, que reflete diretamente na dependên-

cia que o pintinho terá das reservas contidas do

saco vitelino. A manutenção dos pintinhos em

jejum por períodos prolongados após a eclosão

determina menor habilidade para absorção de

aminoácidos e outros nutrientes pelo intestino

quando as aves passam a ser realimentadas.

Pintinhos em condição de subnutrição inicial de-

vido ao jejum prolongado e à inadequada dispo-

nibilidade de nutrientes no primeiro alimento têm perdas no potencial de

ganho de peso que jamais são recuperadas, quando comparados a pinti-

nhos que foram nutridos de forma adequada após a eclosão. Préforte

Presence chega ao mercado para suprir essa necessidade, utilizando o

que há de mais moderno e eficaz em nutrição pré-inicial, explica o fabri-

cante.

Benefícios

Com o objetivo de maximizar a digestibilidade, a Préforte apresen-

ta formulação apurada e ingredientes funcionais que melhoram a efici-

ência alimentar, integridade intestinal e balanço hídrico. A Préforte ain-

da inova ao combater o estresse térmico recorrente nas regiões mais

quentes do país, por meio da inclusão de vitamina C protegida e espe-

cífico balanço eletrolítico para esta fase, esclarece a Presence. Misturador de ração Unimix

CASALE

PRESENCE

Préforte: para os

primeiros dias

dos pintinhos

Coimma.

• Mais informações sobre a Coimma podem ser obtidas no telefone 0800 11 2555 ou no site www.coimma.com.br.

!ALAV687-48-Empresas.pmd 4/11/2011, 09:5248

Page 49: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 49

LEITELEITE

DANIELA MIYASAKA S. CASSOL E

PIETRO MASSARI

MÉDICOS VETERINÁRIOS

Ainda há muito a fazer para a adequação da IN 51.

Como o agronegócio brasileiro é persistente, apesar dos obstáculos,

a participação do mercado é crescente

O agronegócio é a principal locomotiva da econo-

mia brasileira: próspero e rentável. O leite é um

dos alimentos de maior importância para o ho-

mem e o mercado leiteiro é um setor de grande impacto

no agronegócio, com uma produção média estimada de

30,6 bilhões de litros em 2010 (IBGE) e 32 bilhões para

2011. Cerca de 90% dos produtores são considerados pe-

quenos e apenas 10% são médios e grandes, que geram

aproximadamente 4,2 milhões de empregos diretos e 42

milhões indiretos. A exportação do alimento é de 455 mi-

lhões de litros e é um importante componente para o equi-

líbrio da balança comercial brasileira.

Com a criação do Plano Nacional da Qualidade do Lei-

te (PNQL), em 1996, por meio do Ministério da Agricultu-

ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e com apoio de ór-

gãos de ensino e pesquisa, houve muitos debates e dis-

cussões para implantar novos regulamentos técnicos e

critérios para produção de leite. Este foi o ponto de par-

tida de uma série de normativas e portarias que viria a

culminar com a criação do Conselho Brasileiro de Quali-

dade do Leite (CBQL) pela Instrução Normativa (IN) 37.

Instrução Normativa 51

Com a publicação da IN 51 definiu-se parâmetros técni-

cos sobre a qualidade do leite (regulamentos técnicos de

GU

STAVO

PAN

HO

S

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Instalações adequadas previnem contaminações e facilitam o manejo

GU

STAVO

PAN

HO

S

!ALAV687-49-53-Leite.pmd 4/11/2011, 09:5349

Page 50: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

50 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

LEITE

produção, identidade e qualidade dos leites tipos A, B e C,

do leite pasteurizado e do leite cru refrigerado e o regula-

mento técnico da coleta de leite cru refrigerado e seu trans-

porte a granel).

Antes da criação e publicação da IN 51 não existiam

parâmetros para contagem de células somáticas e de con-

tagem bacteriana total para o leite C, somente ao leite A e

B. Da data de sua publicação até 1o de julho de 2005 para as

regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, o limite máximo era

de 1 milhão de CCS e de CBT e para as regiões Nordeste e

Norte com a data de 1o de julho de 2007. Atualmente o teto

está em 750 mil células/ml para CCS e CBT.

Parâmetros prorrogados

Os parâmetros atuais estão em vigor até 1o de dezem-

bro de 2011 por motivo de prorrogação, já que deveriam

ter sido novamente modificados em 1o de julho de 2011,

onde passariam de 750.000 cél./ml para 400.00 cél./ml e

100.000 cél./ml de CCS e CBT, respectivamente. Veja o

quadro comparativo:

Atual Exigência Redução

IN 51 de:

CBT 750.000 100.000 86%(Contagem Bacteriana Total) cél./mL cél./mL

CCS 50.000 400.000 46%(Contagem de Células 7cél./mL cél./mLSomáticas)

Fonte: IN 51 (MAPA)

Outras informações estão disponíveis no site do MAPA (www.agricultura.gov.br)

A CCS deve ser alcançada com o tempo, tentando

baixar cada vez mais as concentrações. Outro fator a

ser corrigido é a assistência, capacitação técnica, di-

vulgação de informações de modo mais abrangente,

que deve chegar a todos os produtores, oferecendo co-

50 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

nhecimento com clareza, não só sobre as mudanças,

mas também o modo correto de se adaptar as exigên-

cias da IN 51.

Cuidados contra a contaminação do leite

O produtor deve ter o conhecimento de que a quantidade

de microorganismos presentes no leite varia de acordo com a

contaminação inicial, o tempo e temperatura de armazena-

mento, podendo variar em decorrência de processos inflama-

tórios do úbere ou de enfermidades no rebanho.

Para a obtenção da produção de leite com qualidade, higi-

enização no processo de obtenção, resfriamento do leite (4oC)

e controle da mastite são de fundamental importância. Na

higienização destaca-se a limpeza das mãos dos ordenhado-

res, dos equipamentos e do úbere da vaca com água potável.

O ordenhador deve estar com roupas limpas, ser organizado,

manter uma rotina e seguir processos de higienização.

Sala de ordenha

A sala de ordenha deve ser um local sem agitação, limpo

e fresco. Os equipamentos devem ser lavados com água

morna de 70o a 7oC e detergente alcalino clorado na dosa-

gem indicado pelo fabricante. Depois, é preciso passar de-

tergente ácido diluído em água a 45ºC. A sala de ordenha

deve fornecer conforto térmico às vacas. Materiais como

latões, caneca de fundo preto, papel toalha, frascos para

imersão dos tetos, escova para limpeza do material, deter-

gente, soluções desinfetantes, todos devem sempre estar

disponíveis para uso. Para desinfecção dos equipamentos,

materiais e até no pré e pós-dipping pode ser utilizada uma

solução à base de cloreto de alquil dimetil benzil amônio (de-

sinfetante) + poliexietilenonilfenileter (tensoativo).

Resfriamento do leite

Em relação ao resfriamento do leite, o tanque de resfri-

amento deve ficar próximo ao local da ordenha e ser de fá-

cil acesso para o veículo coletor. O local deve ser coberto,

GU

ST

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PA

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O exame CMT pode detectar

a mastite subclínica, sem

sintomas tão aparentes

!ALAV687-49-53-Leite.pmd 4/11/2011, 09:5350

Page 51: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 51

LEITE

pavimentado, com energia elétrica e água de boa qualida-

de. Deve haver um bom isolante térmico a fim de evitar o

aquecimento do leite. A instalação do tanque deve ser feita

perfeitamente em nível para facilitar o escoamento do leite

e da água de lavagem aproveitando o desnível que já existe

no fundo do tanque. A potência do resfriador deve ser sufi-

ciente para permitir rápido abaixamento da temperatura do

leite sem que tenha alterações em sua qualidade.

Controle da mastite

A mastite bovina deve ser entendida como uma inflama-

ção da glândula mamária. As principais causas são bactérias,

fungos, leveduras e algas. A mastite pode ser clínica ou

subclínica, podendo aquela ser detectada pelo exame da ca-

neca de fundo escuro ou caneca telada, em que é identifica-

da a presença de grumos. Já a forma subclínica não apresen-

ta sinais clínicos e por isso é assim chamada, mas pode facil-

mente ser detectada por meio do California Mastitis Testis

(CMT). Outros métodos, como a análise da CCS (contagem

de células somáticas), cultura bacteriológica e condutividade

elétrica são também muito eficazes para a identificação des-

tas mastites. Pode ser diferenciada pelo agente causador na

forma contagiosa ou ambiental; sendo a contagiosa mais

comum durante toda lactação por Staphycoccus aureus,

Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis,

Streptococcus uberis e ambiental, que ocorre principalmente

no pré-parto e início da lactação, causada por Escherichia coli,

Klebsiella sp, Enterobacter sp, Streptococcus dysgalactiae.

Para o tratamento da vaca em lactação com mastite

recomenda-se a utilização de um antibiótico eficaz e se-

guro à base de gentamicina associado a um mucolítico

(bromexina), administrado pela via intramamária associ-

ado a penicilinas, estreptomicina, oxitetraciclina +

diclofenaco de sódio, ou de acordo com a orientação do

médico veterinário. Na secagem é recomendada a utiliza-

ção de gentamicina em alta concentração.

Ainda há muito a fazer até a adequação da IN 51. Como

o agronegócio brasileiro é persistente, apesar dos obstá-

culos, a participação do mercado é crescente. Como van-

tagens brasileiras, temos terras abundantes, potencial de

produção, climas favoráveis, imensa disponibilidade de

água doce e energia renovável, capacidade empresarial,

tudo isso faz do agronegócio um importante componente

da balança comercial que permite ao Brasil comemorar o

superávit primário.

LEITE

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ST

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BRA

PA

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A água utilizada na higienização e materiais é sempre potável

O treinamento dos empregados também inclui

o uso correto e eficiente dos equipamentos

!ALAV687-49-53-Leite.pmd 4/11/2011, 09:5351

Page 52: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

52 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

LEITE

Pesquisas sobre produção

de leite orgânico podem

fortalecer a cadeia

produtiva

Sem conter resíduos químicos de qualquer

espécie, o leite orgânico é mais saudável do que o

convencional, embora ambos possuam o mesmo

valor nutritivo. Contudo, o que seria uma opção

de consumo esbarra na baixa produção

brasileira, cerca de 0,01% do total

Observando esta demanda crescente, foi implantada

uma rede de pesquisa interinstitucional coordenada pelo

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno-

lógico (CNPq), da qual a Embrapa Cerrados, Unidade da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), faz

parte. A meta do projeto, cuja expectativa de investimen-

to é de R$ 1 milhão, também visa ao desenvolvimento e

fortalecimento da cadeia produtiva do leite orgânico no país

a partir da disponibilização de tecnologias – e os trabalhos

da Embrapa Cerrados já começaram.

Com a pesquisa localizada neste bioma, será estudada

a produção de biomassa de forragem para sistemas agro-

ecológicos de leite. A pastagem será avaliada durante três

anos. “Plantamos braquiária consorciada com estilosantes

e, nas faixas, vamos plantar feijão guandu”, informa o pes-

quisador responsável João Paulo Guimarães. Segundo ele,

para uma pastagem ser orgânica, não deve ser utilizado

nenhum insumo químico, as fontes de adubo têm de ser

substituídas por fontes naturais e o sistema de pastejo tem

de ser do tipo rotativo (conforme a Lei 10.831/03 e a Ins-

trução Normativa 64/08, que entrou em vigor em janeiro

de 2011).

Substituição da ureia

O pesquisador explica que, para substituir a ureia, que

não é permitida no sistema orgânico por ser obtida a par-

tir do petróleo, utiliza-se adubação verde, com legumino-

sas fixadoras de nitrogênio, como é o caso do estilosantes

e do guandu. “Para aumentar a absorção de nutrientes pelas

A média brasileira da produção orgânica é de 9 litros de leite

por dia

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BRA

PA

AG

RO

BIO

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GIA

Na produção orgânica de leite, não são permitidos

conservantes ou aditivos

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!ALAV687-49-53-Leite.pmd 4/11/2011, 09:5352

Page 53: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura DEZEMBRO/2011 53

LEITE

A bebida pode remunerar até 50% a mais

em relação ao produto convencional,

cujo valor pago é de R$ 0,80 por litro,

enquanto com o orgânico o produtor pode ser

remunerado com até R$ 1,20 por litro

A produção de leite orgânico registrada em 2010 chegou a

quase 5,5 milhões de litros, o equivalente a 1% do comércio

total do produto. Produzido em sistema diferente do processo

habitual, representa uma fonte de renda alternativa para o

agricultor, a preços atrativos.

“A mudança do sistema produtivo pode ser bastante posi-

tiva, já que estudos mostram que o leite orgânico é valorizado

no mercado e o preço chega a ser 50% maior do que o conven-

cional em algumas regiões”, explica o pesquisador da Empre-

sa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), João Paulo

Guimarães Soares, zootecnista da unidade Cerrados da Em-

brapa, no Rio de Janeiro.

A produção de leite no sistema orgânico ainda é em peque-

na escala (a média diária varia entre oito e dez litros). Isso

acontece porque existem poucos produtores certificados no

Brasil adequados à Lei 10.831 e à Instrução Normativa nº 64 do

Ministério da Agricultura. Os custos de produção são menores,

pois o produtor usa menos insumos. Esse sistema evita a uti-

lização de máquinas agrícolas, trabalha com plantio direto e

compostos orgânicos, porém, exige mão-de-obra maior e mais

qualificada.

Para adotar o sistema orgânico de produção é necessário

ter, no mínimo, um período de 12 meses de manejo sustentá-

vel necessário para a conversão, principalmente das pastagens.

Somente depois desse período o produto é considerado orgâ-

nico.

SOPHIA GEBRIM – MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

O leite orgânico não contém resíduos químicos

ASSESSO

RIA

DE C

OM

UN

ICAÇ

ÃO

DO

MIN

ISTÉRIO

DA A

GRIC

ULTU

RA

raízes das gramíneas e leguminosas, também vamos

utilizar fungos micorrízicos, desenvolvidos em labora-

tório. Como fonte de fósforo, são usados fosfatos de

rochas naturais e, para suprir de potássio, no lugar do

cloreto de potássio, usamos o pó de rocha. Tudo é

natural e não tem nada de adubo químico”.

As pastagens foram instaladas na sede da Embra-

pa Cerrados, localizada em Planaltina (DF), e também

na escola agrícola do município de Unaí (MG), que

possui um projeto ligado a agricultores familiares sen-

do desenvolvido por pesquisadores da Unidade. O es-

tudo das pastagens levará 36 meses. Em seguida,

segundo o pesquisador, serão avaliadas as condições

de pastejo e, por fim, validada a pesquisa junto aos

agricultores familiares do DF e entorno. “O projeto de

agricultura orgânica é direcionado à agricultura fami-

liar, que é responsável por quase 60% de toda a produ-

ção de leite do país”, informa.

O pesquisador destaca, ainda, que para implemen-

tar esse projeto buscou-se estabelecer parceiras com

os outros trabalhos já em andamento na Embrapa

Cerrados. “Além da parceria com o Projeto Unaí, tam-

bém estamos trabalhando em conjunto com o projeto

de rochas potássicas e com o de melhoramento de le-

guminosas. Quero agregar todos os grupos que pos-

sam trabalhar com agricultura orgânica. Acredito num

sistema diferenciado que ofereça produtos de quali-

dade com segurança alimentar”, enfatizou o pesqui-

sador.

Projetos

O pesquisador João Paulo Guimarães Soares é lí-

der do projeto componente Sistemas Orgânicos de

Produção Animal (iniciado em outubro de 2007) do

Macroprograma 1 da Embrapa - Bases Científicas e

Tecnológicas para o Desenvolvimento da Agricultura

Orgânica no Brasil. Além do projeto de pesquisa apro-

vado em dezembro pelo CNPq, o pesquisador também

coordenará a partir deste ano, com previsão de tér-

mino para 2013, um trabalho de estruturação da ca-

deia produtiva do leite orgânico no Distrito Federal e

municípios do entorno.

Serão priorizados os seguintes locais: Paranoá (DF),

PAD-DF, Padre Bernardo (GO), Luziânia (GO), Formo-

sa (GO), Cristalina (GO) e Unaí (MG). O trabalho con-

ta com recursos do programa Mais Alimentos, do Mi-

nistério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

“Com esses dois projetos aprovados externamen-

te queremos apoiar financeira e tecnicamente o de sis-

temas orgânicos de produção animal, que está inseri-

do no projeto em rede de agricultura orgânica”, ex-

plica o pesquisador.

JULIANA CALDAS

Leite orgânico

aumenta

a renda do

produtor

Leite orgânico

aumenta

a renda do

produtor

!ALAV687-49-53-Leite.pmd 4/11/2011, 09:5353

Page 54: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

54 DEZEMBRO/2011 A Lavoura

A

Sua importância no entendimento

entre o setor privado do

Agronegócio e o governo

As Câmaras Setoriais e Temáticas se con-

solidaram, ao longo dos últimos anos,

como o principal foro de interlocução

do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-

cimento com o setor produtivo. São ferramen-

tas indispensáveis para a identificação de opor-

tunidades ao desenvolvimento das cadeias pro-

dutivas, definindo ações prioritárias de interes-

se para o agronegócio brasileiro e seu relacio-

namento com os mercados internos e externos.

Este elo entre governo e setor privado resulta

em um mecanismo democrático e transparente

de participação da sociedade na formulação de

políticas públicas.

As Câmaras Setoriais, ligadas à ideia de ca-

deias produtivas, e as Temáticas, que tratam de

temas transversais, são constituídas por repre-

sentantes de entidades de caráter nacional: for-

necedores de insumos, produtores, trabalhado-

res, indústrias, exportadores, importadores, en-

tidades de assistência técnica e extensão rural,

instituições financeiras, supermercados e órgãos

públicos ligados ao setor, entre eles, Ministério

da Agricultura, Ministério de Desenvolvimento

Agrário (MDA), Ministério de Desenvolvimento In-

dústria e Comércio Exterior (MDC), Ministério da

Fazenda, Planejamento, da Integração, Relações

Internacionais, Ciência e Tecnologia, dos Trans-

portes, EMBRAPA, SEBRAE, entre outros.

As Câmaras Setoriais e Temáticas contribu-

em com análises e informações que permitem a

identificação de prioridades de atuação do Go-

verno, resultando em contribuições para os pla-

nos agrícolas e pecuários do Governo Federal e

busca de consenso para conflitos e negociações

internas e externas que promovam o desenvol-

vimento, agregação de valor e aumento de com-

petitividade dos diversos setores do agronegó-

cio brasileiro, hoje responsável por 26,4% do PIB

nacional, por 36% das nossas exportações, e que

responde por 39% dos empregos gerados no mer-

cado interno.

Atualmente existem 34 Câmaras que repre-

sentam diferentes setores e temas do agrone-

gócio nacional: Açúcar e Álcool, Algodão e deri-

vados, Arroz, Aves e Suínos, Biodiesel, Borracha

Natural, Cacau, Cachaça, Caprinos e Ovinos, Car-

ne Bovina, Citricultura, Culturas de Inverno,

Equideocultura, Feijão, Fibras Naturais, Flores

e Plantas Ornamentais, Fruticultura, Hortaliças,

Leite e derivados, Mandioca e derivados, Mel e

Produtos Apícolas, Milho e Sorgo, Palma de Óleo,

Silvicultura, Soja, Tabaco, Viticultura, Vinhos e

derivados, Agricultura Orgânica, Agricultura Sus-

tentável e Irrigação, Crédito e Comercialização

do Agronegócio, Seguros do Agronegócio, Infra-

estrutura e Logística do Agronegócio, Insumos

Agropecuários e Relações Internacionais

Para garantir a máxima eficiência dos traba-

lhos das Câmaras, o MAPA conta uma estrutura es-

pecífica para acompanhá-las: a Coordenação-Ge-

ral de Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas. For-

mada por uma equipe de vários profissionais, a

CGAC tem como principal função coordenar e

apoiar os trabalhos das Câmaras.

Agendas estratégicas

Ao longo de 2010, as Câmaras Setoriais do

MAPA se dedicaram à construção das agendas es-

tratégicas de seus diversos setores. O objetivo

foi estabelecer um plano de trabalho para cada

cadeia representada por Câmara, para os pró-

ximos cinco anos (até 2015), além de facilitar e

organizar a ação conjunta das Câmaras nos as-

suntos de interesse comum e fortalecê-las como

ferramentas de construção de Políticas Públicas

e Privadas para o Agronegócio.

Para tanto, foi definida uma metodologia

única, a fim de que os assuntos transversais (que

perpassam diversas cadeias) fossem claramen-

te identificados e o conjunto das propostas pu-

desse compor uma Agenda Estratégica do Agro-

negócio Nacional.

De acordo com a metodologia adotada, as

Agendas se estruturaram em torno de 11 gran-

des temas: Estatísticas, Pesquisa e Desenvolvi-

mento, Inovação, Assistência Técnica

(Capacitação, Difusão e Extensão), Defesa Agro-

pecuária, Marketing e Promoção, Gestão da Qua-

lidade, Governança da Cadeia, Crédito e Segu-

ro, Comercialização, Relações Internacionais e

Legislação.

Para cada tema foram identificados, inici-

almente, itens de agenda e diretrizes, compon-

do um documento inicial para discussão. Após a

aprovação da Agenda, foram estabelecidos os

itens prioritários e, a partir daí, foram definidas

as Ações a Tomar, com seus respectivos respon-

sáveis e prazos de execução.

As Agendas Estratégicas, assim, passaram a

orientar a elaboração das pautas das reuniões,

de forma que cada Câmara pudesse acompanhar

a evolução das questões elencadas. No que se

refere aos assuntos comuns, foi feito um traba-

lho de consolidação dessas Agendas, para iden-

tificar quais as questões que afetariam as cadeias

produtivas. Esta fase foi fundamental na ela-

boração da Proposta do MAPA para o Pla-

no Plurianual 2011-2015, onde se buscou

alinhar as prioridades do MAPA com aque-

las apontadas pelas Agendas.

Versões eletrônicas desses docu-

mentos estão disponíveis no site do

MAPA (www.agricultura.gov.br). A inten-

ção é disseminar este trabalho, permi-

tindo não só a participação de pessoas

ligadas às cadeias que não fazem parte

das Câmaras como, ao mesmo tempo,

balizar a atuação dos diversos agentes

da Cadeia em suas ações, tendo como

objetivos, prioridades e metas aquelas

elencadas nas Agendas Estratégicas.

Nesse sentido, foi proposta a criação de

uma Visão de Futuro e a indicação de Indi-

cadores e Metas para 2015. A Visão de Fu-

turo corresponde à manchete que os se-

tores gostariam de ver estampadas nos ca-

dernos de Economia dos grandes jornais do

país. Os indicadores e metas permitirão ava-

liar, com o passar do tempo, se as ações ado-

tadas tanto pelo Governo quanto pelo se-

tor produtivo estão sendo efetivadas. Des-

sa forma, as Agendas Estratégicas atuam

como instrumentos para facilitar a celebra-

ção de compromissos mútuos entre Gover-

no e setor privado, pelo fortalecimento da

Agropecuária brasileira.

A participação da SNA

A Sociedade Nacional de Agricultu-

ra - SNA tem atuado como membro efe-

tivo das Câmaras Temáticas, cujos temas

perpassam por todas as cadeias produ-

tivas. A participação ativa de sua dire-

toria e do presidente Antonio Alvarenga,

nas Câmaras Temáticas de Infraestrutu-

ra e Logística do Agronegócio e de Se-

guros do Agronegócio, tem fortalecido

a representatividade destes fóruns, con-

ferindo maior peso de legitimidade nas

decisões tomadas em plenário e enca-

minhadas ao governo. Recentemente,

a SNA foi convidada a participar como

membro efetivo da recém criada Câma-

ra Temática de Crédito e Comercializa-

ção do Agronegócio, cujos objetivos são

discutir e debater a melhor adequação

e modernização do crédito agrícola

existente, tanto o público como o pri-

vado, e criar inovações em mecanismos

de comercialização.

Aguinaldo José de Lima atua na Coordenação Geral de

Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas (GCAC) do Minis-

tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

As Câmaras Setoriais e Temáticas

do Ministério da Agricultura

DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA

Atualmente, existem 34 Câmaras que representam

diferentes setores do agronegócio. A SNA participa

como membro efetivo desses fóruns. Na foto, o diretor

Francisco Vilela Santos (em primeiro plano) repre-

senta a SNA na Câmara de Seguros do Agronegócio

m

!ALAV687-54-Desenv.Agrícola.pmd 4/11/2011, 16:0254

Page 55: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

A Lavoura OUTUBRO/2009 55

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Page 56: Cultivo protegido de uva aumenta produtividade em 100%

56 OUTUBRO/2009 A Lavoura

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