crÔnicas prÉ-modernistas na escola · euclides da cunha, monteiro lobato e lima barreto, os quais...

25
CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA

Upload: duongdiep

Post on 20-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

CRÔNICAS

PRÉ-MODERNISTAS

NA ESCOLA

Page 2: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Realização

E.E.E.B. Lourenço Leon von Langendonck

Organização

Elenice Hoffmann Klippel

Elaboração de conteúdo

Analice Souza

Bárbara Fialho

Bruna Staudt

CarolaineKiles

Cristine Amaral

DieleBopsin

Diéssica Lopes

Elaine Dias

Gabriel Ribeiro

Gabriela Silva

Page 3: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Grasiéla Reis

Grasieli Dias

Jéssica Dias

Jocastha Reck

Jonas Dias

Kelvin Teixeira

Laudimir Gonçalves

Luís Miguel Rech

Maique Rolim

Manuela Bopsin

Mateus Lorensi

Mikaela Oliveira

Miriani Rodrigues

Natan Gross

Priscila Teixeira

Renata Jacobi

Roger Silva

ThaliaEssig

Yuri de Souza

Disponível em:

langendonckvirtual.wordpress.com

Maquiné, outubro de 2016

Page 4: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

SUMÁRIO

Apresentação.....................................................................................................3

Superação constante .......................................................................................4

Basta recomeçar ..............................................................................................5

Uma vida de superação ...................................................................................6

Fruto de um amor inesquecível.......................................................................7

Mulher: violência não é o fim... .......................................................................9

O vaso de porcelana .......................................................................................11

Camaleão .........................................................................................................12

Um dia na vida de João ..................................................................................14

A realidade vivida por Ana .............................................................................15

Dificuldades de um operário ..........................................................................16

Humildade vem de berço ...............................................................................17

À procura de um emprego.............................................................................18

Repressão à mulher ........................................................................................19

Salário contado.........................................................................................................20

Médico do SUS............................................................................................................21

Page 5: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Apresentação A presente publicação reúne textos produzidos pelos alunos do terceiro

ano do Ensino Médio Politécnico do período diurno. Tais produções, inseridas

na categoria crônica, foram realizadas nas aulas de literatura ministradas pela

Profª Esp. Elenice Hoffmann Klippel, no ano de 2016 na Escola Estadual de

Ensino Médio Lourenço Leon vonLangendonck.

O ponto de referência para as referidas produções foi o estudo do Pré-

Modernismo Brasileiro, mais propriamente as temáticas de autores como

Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros

representantes – passaram a expor uma visão crítica dos problemas sociais

pertinentes ao país, na época de referência.

Os alunos foram organizados em duplas a fim de concernir pontos de

vista críticos e culturais focando uma questão social da atualidade e usando de

focos narrativos diferentes respeitando o estilo próprio de cada autor. Os

textos, de modo geral, problematizam questões de relevância social e humana

de maneira clara e sucinta, enfocando personagens e situações

verossimilhantes ao contexto no qual estão inseridos e, visando sempre, a

reflexão de seus leitores.

Boa leitura a todos!

Page 6: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Superação constante

Mikaela Oliveira

A poluição dos rios é mais um problema ambiental que afeta a

população. As águas poluídas – além de prejudicar nossa saúde, afetar os

ecossistemas, entupir bueiros e atrapalhar o escoamento dos rios – provocam

sérias doenças à população.

Seu Mário é um senhor grisalho de 62 anos que provém de origem

simples e sofrida. Muito bem visto por seus conhecidos, um homem bondoso,

humilde e trabalhador. É da agricultura que tira seu sustento. Mora em uma

pequena casa ao fundo da sua lavoura de repolhos, perto do rio que fornece

água para toda a sua cidade.

Nos períodos chuvosos, seu Mário quase sempre é vítima da enchente,

pela qual - infelizmente - muitas vezes já perdeu suas plantações e alguns

objetos. Aos poucos ele reconstrói a lavoura, replantando, cuidando com

carinho e dedicação de cada fase e procedimento, comprando também o que

falta. Mesmo em meio às dificuldades e aos problemas, Seu Mário de jeito

nenhum pensa em sair de sua propriedade onde passou a maior parte de sua

vida, vivendo muitas alegrias e se superando a cada novo obstáculo que

surgia.

É um verdadeiro guerreiro, admirado e querido por todos. Nunca se

permitiu desistir e muito menos entristecer, deu sempre a volta por cima. Tendo

esperança de que o mundo se conscientize da gravidade da poluição e do

quanto ela pode nos prejudicar.

Page 7: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Basta recomeçar

Jonas Dias e Jéssica Dias

Brasil, julho de 1992 nascia James – aquele que mais tarde seria um

exemplo a ser seguido ao enfrentar uma cultura discriminatória. Tudo começou

por volta de seus sete anos de idade, vivenciando atos de violência racial em

seus locais de convívio.

Com o passar do tempo foi memorizando tudo aquilo que lhe acontecia,

assim tornando-se um garoto incapaz de enfrentar a sociedade que lhe

oferecia tal preconceito. Sua mãe – Dona Geralda - uma diarista que

trabalhava para suprir as necessidades de sua família, não suportou mais

assistir ao sofrimento de seu filho; mudaram-se do interior.

Foram para a capital onde poderia oferecer melhor condição de vida ao

filho, mas de nada adiantou, pois aqueles fatos ocorridos ainda não haviam

sido esquecidos. Contudo, com novas amizades e um novo cenário aos poucos

o jovem foi desbravando o mundo a sua volta.

Após muitos anos, apesar dos obstáculos impostos pelas dificuldades

da vida, James foi para Brasília, onde ingressou em um renomado cargo no

meio político, o que lhe permitiu desenvolver projetos voltados para o combate

ao racismo. O mesmo racismo que tanto o oprimiu durante sua vida inteira.

Page 8: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Uma vida de superação

Analice Silva, Bruna Staudt e Priscila Teixeira.

Conhecemos pessoas durante a vida inteira, a roda da vida é assim, ela

gira e gira, e dá margem a surpresas muito positivas como esta, de ter

ganhado um grande amigo. Tudo começou percorrendo juntos uma longa

caminhada, conheceram-se na rua, indo pelo mesmo caminho, à procura de

um futuro melhor.

Florismundo, um menino humilde, de coração puro, procurando alcançar

seus objetivos, trabalhava todos os dias de sol a sol, arrecadando alguns

trocados. Órfão de pai e de mãe, ele se mantinha do que recebia, sua vida era

difícil, porém sua esperança era maior ainda.

Roberto, de classe alta, vendo as condições precárias em que o menino

se encontrava, resolveu tomar uma atitude, comovido com a situação daquele

garoto. Com essa iniciativa a vida de Florismundo seguiu em rumo uma grande

mudança, assim ele teve a oportunidade de alcançar suas metas.

O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

logo após ganhou uma bolsa de estudos em uma universidade, mas sequer

imaginava que futuramente trabalharia nesta mesma instituição. Para mantê-la

trabalhava à noite, na firma de Roberto redator de jornais e isto lhe ajudava a

suprir suas necessidades.

Hoje aquele menino humilde tornou-se um grande escritor e professor

de uma boa universidade, agora Florismundo agradece pela oportunidade que

Roberto lhe deu e por isso são até hoje grandes amigos.

Page 9: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Fruto de um amor inesquecível

Miriani Rodrigues e Mateus Lorensi

Joana era uma jovem de 24 anos que trabalhava como doméstica

durante o dia e à noite como garçonete em uma boate. Ela era casada com

Paulo, um rapaz de 28 anos que trabalhava como jardineiro. Seus sonhos eram

semelhantes – ter uma filha – porém, Joana tinha uma doença que a impedia

de realizar este sonho.

Ao completarem dez anos de casados, Paulo começou a sentir dores em

seu peito, mas não deu muita importância, pois tinha uma vida corrida e por

isso não dispunha de muito tempo para se cuidar. Os meses foram se

passando e Paulo só piorava, até que em certo dia ele sofreu uma parada

cardíaca e foi parar na UTI. Joana, ao ficar sabendo, deixa seu serviço e vai

ver seu companheiro.

Os dias de trabalho de Joana viraram dias cuidando de Paulo. Ele fizera

mais de trinta exames até descobrir o que aconteceu. Então depois de duas

semanas a resposta veio: Paulo tinha um câncer no fígado há alguns meses e,

por este motivo estava agravado. Sua chance de viver estava resumida em

quinze por cento.

Após saber dessa notícia Joana decidiu que ficaria ao lado de Paulo até

o último instante. Ela levou um travesseiro e um cobertor e começou a passar

suas noites segurando a mão de quem tanto amava. E foi ali que ela lembrou

todos os momentos vividos ao seu lado. Após três semanas, o médico disse a

Joana que Paulo dependia de um medicamento muito caro e que o hospital

não poderia lhe oferecer, ela então se desesperou. Pegou o telefone e

começou a ligar para todas as pessoas que conhecia, porém, ninguém podia

ajudá-la. A agonia tomou conta de sua vida, pois a vida de seu marido estava

se esvaindo e ela sentia-se impotente.

Em certa madrugada, Paulo veio a falecer. Joana não via sua vida seguir

em frente sem seu amor, pior do que isto, sabendo que ela poderia tê-lo

Page 10: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

salvado e fracassou. Contudo, o destino não a havia deixado só. Passados

dois meses em depressão, Joana percebeu que havia algo diferente com ela.

Ao consultar seu médico, descobriu que havia acontecido um milagre,

ela estava grávida de dois meses de Paulo. Joana havia ficado com um fruto

de seu amor em seu ventre. Sete meses depois nasce uma menina com o

rosto semelhante ao de seu marido. O nome que ela escolheu: Vitória, pois

além de ser filha de seu amor eterno, nasceu de um ventre que não poderia tê-

la gerado. Vitória então cresceu sabendo que seu pai, o grande amor da vida

de sua mãe, morrera por falta de remédios no hospital.

Page 11: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Mulher: Violência não é o fim...

Kelvin Teixeira e Laudimir Casagrande

Laura é uma moradora de Santa Rosa, tem 25 anos, estudante de

Medicina, atualmente namorando um jovem rapaz chamado Rodrigo, que é

facilmente reconhecido por seu temperamento particular.

Laura iniciou sua faculdade graças ao seu esforço, através do Exame

Nacional de Ensino Médio – o ENEM - ela foi uma das melhoras candidatas do

Brasil, conquistando assim uma vaga em uma das melhores e mais renomadas

faculdades do Brasil, a UFRGS. Rodrigo é um rapaz de 29 anos, formado há

três anos em Educação Física e atualmente trabalha em uma academia perto

de sua residência e de Laura. Certa noite, Laura chegou em casa toda feliz

dizendo que tinha uma boa noticia para dar a Rodrigo.

Ele, curioso com o entusiasmo da namorada, perguntou a ela qual a

novidade. Laura então diz que vai embora pra Porto Alegre para poder fazer

sua faculdade. No seu ponto de vista, Rodrigo aceitaria ir com ela, mas sua

verdadeira reação foi um tanto espantosa. Rodrigo disse que não iria e para

espanto de Laura, ele falou que ela também não iria. Na hora, a moça

considerou uma brincadeira e foi para o quarto para organizar suas coisas;

Rodrigo ficou na sala.

Por volta das dez horas da noite, Laura disse que ia à casa de sua mãe.

Quando estava saindo, Rodrigo a chama no quarto, mas quando ela chega é

recebida com várias agressões físicas. Laura tenta se defender, mas Rodrigo é

mais forte fisicamente e continua agredindo-a. Depois de ter apanhado, Laura

sai e vai direto à casa de sua mãe e conta tudo o que tinha acontecido.

Imediatamente mãe de Laura, Dona Vera, liga para a polícia e comunica do

acontecido.

A polícia vai à casa de Rodrigo e, chegando lá dão ordem de prisão a

ele por violência contra mulher. Ao chegar à delegacia, Laura conversa com o

Page 12: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

delegado e descobre que Rodrigo já tinha antecedentes criminais por agressão

a outras mulheres, porém nenhuma levara adiante a denúncia, uma vez que

Rodrigo as ameaçava.

Depois de alguns meses do acontecido, Rodrigo foi a julgamento e por

decisão unânime foi condenado. Já Laura, está no semestre final de sua

Faculdade e não vê a hora de se formar e voltar para ver sua mãe e sua família

novamente.

Page 13: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

O vaso de porcelana

Elaine Dias e Grasieli Dalpiaz

Betânia, mãe solteira, mulher batalhadora de 44 anos, trabalha como

diarista manhãs e tardes inteiras para dar de comer a seus três filhos

pequenos: Pietro, Pierre e Patrícia. Em sua cidade possui uma creche, mas

não há mais vagas para poder deixar as crianças. Então deixa com sua amiga

Andréia que é aposentada.

Às vezes, porém, não é possível deixá-los com Andréia, fazendo com

que Betânia seja obrigada a levar as crianças junto ao serviço, gastando três

passagens a mais no ônibus.

Numa tarde, ela estava limpando as janelas da casa de sua patroa, Ana

Paula, enquanto seus filhos estavam olhando TV, mas Pietro que sempre foi o

mais agitado, correu pela imensa sala, deslumbrado com tanto espaço e tantos

objetos diferentes, acabou quebrando um vaso de cerâmica chinesa que

custava muito mais do que poderiam imaginar. Quando viu aquele vaso partido,

Betânia ficou gelada, gritou com o menino, pois teria que repor o dinheiro do

vaso, ou sua patroa iria demiti-la.

Quando a patroa chega em casa, Betânia é obrigada a mostrar o objeto

quebrado, ela é repreendida pois o vaso tinha sido um presente de um grande

amigo que mora no Exterior. Betânia, obviamente, não se nega a pagar o

estrago. Pede, porém, que a patroa desconte mensalmente uma quantia de

seu salário para não ficar sem nada. O que os filhos da diarista não conseguem

entender é como um mero vaso pode custar tanto que deixaria a mãe sem

receber! Eles ainda não conseguem compreender a sociedade em que vivem.

Page 14: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Camaleão

Gabriel Ribeiro e Luís Miguel Rech

— ISSO É UM ASSALTO! — Esse é mais um dia ―comum em minha

vida. — PASSA A GRANA! TIO! (Gritos) — CALEM A BOCA QUE NINGUÉM

MORRE! Todos os dias quando saio em busca de um trabalho presencio

muitos assaltos em ônibus como esse.

Meu nome é Pedro, tenho 24 anos, moro na zona norte do RJ e estou

desempregado há seis meses. Aos 14 anos meus pais perderam minha

guarda, logo fui encaminhado para um orfanato, pois minha mãe se prostituía e

meu pai chegava todos os dias embriagado em casa e violentava a mim e à

minha mãe. Permaneci no orfanato até completar 18 anos, a partir daí, saí em

busca de um emprego e de um lar para morar. Por falta de escolaridade fui

rejeitado em muitos empregos, mas fui aceito em uma pizzaria como

entregador, lá permaneci durante cinco anos, comprei uma casa humilde no

morro onde nasci, conheci muitas pessoas no decorrer do tempo, cidadãos de

boa índole, que lutam diariamente por uma vida digna, misturam-se com

traficantes e com o crime.

— Vocês todos estão bem? – Pergunta o motorista.

— Sim, estamos. – Todos respondem.

— Já estamos cansados disso, todos os dias é a mesma coisa! – Escuto uma

voz feminina vindo do fundo do ônibus. – Olho fixamente, logo reconheço, era

Ana, mulher que cuidava de mim no orfanato, portanto vou logo conversar com

ela e com uma mulher que estava ao seu lado, a tal mulher era filha de Ana, já

formada em Língua Portuguesa. No decorrer da conversa perguntei se sua filha

poderia me dar algumas aulas particulares, pois queria aprender a ler e

escrever corretamente e, rapidamente consigo as aulas para começar logo na

semana seguinte. Agradeço-as e desço do ônibus.

Semanas depois concluo as aulas e já percebo uma grande mudança,

pois já tenho mais facilidade para ler e escrever. Tudo está correndo como

gostaria em minha vida, fui chamado para trabalhar de garçom em um

restaurante, ali conheci uma linda moça, fomos nos conhecendo melhor, hoje

Page 15: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

estamos morando na mesma casa e batalhando sempre para conseguirmos

concluir nossos objetivos.

Vivendo cada dia mais na favela percebo que a violência, o tráfico e o

crime, estão presentes sim na realidade de nossas comunidades e vejo

também que pessoas inocentes sofrem as consequências por não terem

condições de morar em um lugar melhor, se submetem a viver lado a lado com

a marginalidade. Ainda que tenham toda vontade de sair dessa tortura, sofrem

com o preconceito da sociedade.

Page 16: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Um dia na vida de João.

Natan Gross e Yuri de Souza

Na grande cidade de Porto Alegre, João era só mais um jovem adulto

que recém tinha se formado e estava em busca de um emprego. No entanto,

ele já sabia que não seria tão fácil conseguir o ‘emprego dos sonhos’, pois teria

que passar por algumas dificuldades que a sociedade impunha. Assim que ele

chegou à grande empresa que o havia chamado, percebeu que era o único

negro entre os outros candidatos e também observou que estavam usando

ternos de grife e relógios de ouro, já ele estava usando um terno simples e um

pequeno relógio que não esbanjava riqueza. Percebeu também que nenhum

dos outros candidatos interagiu com ele, apenas conversavam entre si. Estava

ansioso, pois já haviam começado a chamar um por um dos candidatos.

Transcorrida uma hora, enfim o chamaram, viu que era o último a ser

entrevistado. Entrou na sala onde estava um homem bem vestido sentado

atrás de uma mesa e havia uma cadeira, onde seria entrevistado. Respondeu

todas as perguntas muito bem, via que estava indo bem. Passados alguns

minutos da entrevista, João percebeu que estava sofrendo um tipo de

discriminação racial, pois via que o empresário estava dando desculpas

racistas para não o contratar, mesmo sabendo que era o melhor entre os

outros candidatos, viu ali que estava perdendo uma grande oportunidade, não

por sua culpa, mas sim pelas barreiras que a sociedade impõe em sua vida.

Depois de alguns dias da entrevista, viu que outro bem menos

capacitado que ele havia sido contratado pela empresa, já estava ciente

disso. Com isso, João viu que o mundo em que vive hoje está repleto de

discriminações e dificuldades e que nunca vai ser fácil achar um lugar em que

reine a completa igualdade.

Page 17: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

A realidade vivida por Ana.

Bárbara Fialho e Cristine Amaral

Ana vivia com seus pais, em uma cidade pequena chamada Riozinho,

onde tinham que plantar para poder comer. Um lugar muito distante de toda

civilização moderna, e sem nenhum tipo de poluição.

Ao passar dos anos, Ana foi crescendo e mudando seu jeito de pensar,

ganhou uma bolsa de estudos em uma faculdade e mudou-se para a capital

onde foi morar com seus tios. Ana vivia estudando para garantir um futuro

melhor para si mesma e para seus pais, mas em uma dessas desventuras da

vida, seus pais faleceram devido a uma peste que afetou toda a região onde

moravam. Sem saber o que fazer, Ana arranjou um emprego para sobreviver

ali naquela cidade tão grande.

O tempo passou e as necessidades aumentaram, pois o preço de tudo

era muito alto, e o salário que ganhava de atendente na lojinha era muito

pequeno. A jovem e sonhadora Ana, devido à necessidade decidiu largar os

estudos e voltar para o interior para seguir o mesmo destino de seus pais, com

a baixa renda. Agora manuseia a pesada enxada, o suor escorre, e uma

lágrima no olho desce sofrendo a triste realidade vivida, imaginando como seria

um dia sair daquele lugar e retornar ao seu antigo sonho de vida.

Page 18: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Dificuldades de um operário.

Thalia Essig e Maique Rolim

Carlos, um homem trabalhador, que mora em um bairro pobre de Porto

Alegre, vive uma rotina muito difícil em seu dia a dia. Ele acorda todos os dias

muito cedo para trabalhar em uma fábrica de calçados, como operário, ele tem

que pegar um ônibus que passa às 05h30min da manhã e que quase sempre

está lotado, muitas vezes ele não consegue pegá-lo e tem que se deslocar

para uma estação a fim de pegar o metrô, quando isso acontece ele acaba

chegando atrasado ao trabalho e tem que ouvir muitas reclamações de seu

chefe.

Ao sair do trabalho ele tem que esperar outro ônibus e precisa ficar em

torno de meia hora esperando, isso se torna muito perigoso, pois, a parada se

encontra em um ponto crítico da cidade onde há muita violência e falta de

segurança.

Ao chegar em casa, muita cansado, ainda tem que organizar suas

coisas e preparar seu jantar, pois mora sozinho, depois disso, vai tomar um

banho e, finalmente vai dormir, mas não consegue dormir direito. Há um

motivo: a fábrica onde ele trabalha está enfrentando uma grave crise financeira

e ele está com muito medo de perder seu emprego, pois depende dele para se

manter. Tenta achar uma solução para não chegar atrasado ao seu trabalho e

não ir para a rua, é isso que tira o seu sono durante esta noite e que o faz

refletir horas e horas deitado em sua cama.

Page 19: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Humildade vem de berço.

Carolaine Kiles e Roger Silva

João nasceu negro, pobre e natural de uma favela conhecida por possuir

grande número de traficantes. Com tais argumentos, ele teria tudo para seguir

o caminho da marginalidade, mas não. João cresceu sendo criado apenas por

sua mãe Judite que trabalhava dia e noite para poder pôr comida na mesa. A

cada dia que passava, João admirava-se ainda mais com a força de sua mãe e

jurou dar um futuro melhor a ela.

A partir daí, o rapaz estudou muito, durante anos até conseguir se

formar em Direito. Tudo foi muito difícil para ele, passava noites em claro

tentando dar conta dos deveres da faculdade para no outro dia poder trabalhar

na construção de um edifício na Zona Sul do Rio de Janeiro sem se preocupar.

Mal sabia ele que o problema maior ainda estava por vir.

Ao concluir a faculdade de João foi em busca de um trabalho em sua

área de conhecimento, mas infelizmente sofreu muito preconceito por ser negro

e morar em uma favela. Passando por cima de seus direitos como cidadão,

João aturou o racismo e por ser batalhador como sua mãe, conseguiu o

emprego que tanto sonhou. Hoje, João mora com sua mãe num apartamento

em Copacabana, e por mais que sua vida financeira tenha mudado e muito,

João nunca se esqueceu da sua humildade e nem de onde saiu.

Page 20: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

À procura de um emprego.

Gabriela Santos e Manuela Bopsin

Mário, formado há oito meses no Ensino Médio, de classe social baixa,

não teve a oportunidade de fazer o ensino superior. Ele sonha em ter uma

faculdade e uma renda estável, para ajudar sua família. Na sua cidade, abriu

uma empresa de fazer alimentos enlatados. Com toda a expectativa e alegria,

o jovem foi para a fila de inscrição levar seu currículo. Já pensando em o que

fazer com o seu primeiro salário, e também ajudar a sua mãe a pagar as

contas de casa.

No dia da divulgação dos contratados, acordou ansioso

e esperançoso de que iria conseguir o tal emprego. Mas logo que chega lá seu

nome não está na lista, por ele não ter experiência e nem qualificação que era

preciso na área. Com isso, veio o grande desânimo, ou seja, o que acontece

com milhares de brasileiros.

Apesar da geração de empregos dos últimos anos em alguns setores,

ainda há milhões de brasileiros desempregados. A falta de boa formação

educacional e qualificação de qualidade também atrapalha a vida dos futuros

trabalhadores.

Na semana seguinte, desanimado foi ao mercado para sua mãe,

passando em frente a uma agropecuária viu a placa informando que estavam à

procura de um funcionário, sem muita expectativa, entrou e foi conversar com o

gerente, o qual lhe disse que qualificação não era necessário, mas que era

preciso experiência.

Page 21: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Repressão à mulher

Diéssica Lopes e Renata Jacobi

Meu nome é Denise. Desde minha infância cresci em um bairro pobre.

Há dois anos trabalho em uma empresa que fica longe da minha casa. Por este

mesmo motivo preciso pegar dois ônibus para chegar ao meu destino.

Ultimamente, minhas tarefas têm aumentado, e por isso tenho saído cada vez

mais tarde.

No dia 26 de março, eu estava indo até a parada de ônibus, quando me

dei por conta de que era muito tarde e o último ônibus já tinha passado. Sem

pensar duas vezes, comecei a andar. De repente, um táxi parou ao meu lado.

No exato momento, entrei no veículo. Ele, então, começou a andar em alta

velocidade, para qualquer direção. Bruscamente o motorista parou o carro em

um local totalmente desconhecido e me obrigou a sair do carro.

Em questão de segundos me deu um tapa na cara. Pegou uma arma e

apontando-a para mim, me obrigou a entregar minha bolsa e conta bancária.

Ainda por cima, levei alguns chutes e puxões de cabelo. Acordei caída no

chão, ouvindo som de sirenes. Era a polícia que tinha me encontrado, e eu

estava sendo levada pela ambulância. Após algumas horas já estava bem

melhor.

Fui à polícia registrar ocorrência e logo após fui pra casa. Com tudo isso,

pude ver e presenciar o quanto a mulher continua sendo reprimida mesmo no

século XXI.

Page 22: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Salário contado

Diele Bopsin e Jocastha Reck

Tocou o sinal, e todos os seus alunos lhe deram adeus. Pegou sua bolsa

cheia de livros, chaveou a porta da sala e seguiu para casa. Bibiana tinha pele

e cabelos claros, olhos como o azul do céu, na face trazia a preocupação e o

cansaço de quem trabalhava pensando nas contas que não iria conseguir

pagar naquela semana, pois com o salário de professor sendo parcelado e

viúva, tinha que sustentar suas filhas de qualquer maneira.

Com seus passos rápidos chega em casa e bate na porta duas vezes,

espera um pouco, bate mais duas. Era um código que havia combinado com

Ana, a mais velha, para que esta não abrisse a porta para qualquer estranho. A

porta se abre e a pequena Alice a recebe com um abraço caloroso de criança.

Ao chegar à cozinha, liga a TV, está começando o jornal, olha sua mesa, há

mais duas contas a serem pagas: “Vou pagar a luz e a água esta semana. Se

cortarem o telefone não me fará tanto mal.” Pensa ela.

Escuta que há notícias sobre seu Estado. É seu salário! Seu décimo

terceiro ficará para o próximo ano. E agora? Contava com ele para os

presentes da Natal das meninas. Senta-se à mesa com seu caderno de contas,

e põe-se a somar. E fala baixinho, como quem fala pra si mesmo: Tantos anos

de estudo e dedicação, pra não receber nem meu salário!

Page 23: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

Médico do SUS

Grasiéla Reis

Carlos é um jovem que se formou na área de Medicina com seus 28

anos e muitos sonhos. Começou a trabalhar em um hospital público na cidade

de Porto Alegre, o qual como tantos outros, sofria com a superlotação e a falta

de recursos materiais e humanos.

No ano de 1997, com a falta de médicos no SUS, Carlos assumiu um

cargo com maior responsabilidade, por meio do qual ele pôde acompanhar a

situação de um idoso à espera de uma cirurgia de transplante de rins. Como se

tratava de um hospital público e de um paciente sem recursos - além da fila

pela espera de um doador compatível - Carlos presenciou aos poucos o

declínio de vida daquele senhor.

Perante o fato ocorrido e, com o coração na mão, Carlos decidiu tomar

uma atitude inesperada: doar um de seus rins para o idoso. Com isso, durante

os exames de rotina descobriu que o idoso era seu pai, o qual havia

desaparecido há vários anos em Porto Alegre.

Em meio a tanta tragédia ocorrida, Carlos encontrou um ponto positivo

nessa história, doou seu rim e esperou a recuperação de seu pai no hospital,

para a adaptação do novo órgão, mas agora, após algumas semanas, o idoso

se recupera e pode enfim ir para casa com Carlos, seu filho, o qual ele não via

há anos.

Page 24: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,

3º Ano A Politécnico/2016

CRÔNICAS

PRÉ-MODERNISTAS

NA ESCOLA

Page 25: CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros ... O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,