elementos modernistas na canção “pela internet”, de gilberto gil

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IV Encontro Internacional de Literaturas, Histórias e Culturas Afro-brasileiras e Africanas Universidade Estadual do Piauí UESPI 1 NA JANGADA DE SIGNOS: ELEMENTOS MODERNISTAS NA CANÇÃO PELA INTERNET, DE GILBERTO GIL José Wanderson Lima Torres 1 Alfredo Werney Lima Torres 2 RESUMO Constata-se, no âmbito nacional, uma ligação da música popular com a literatura, fundamental para compreendermos a formação da cultura artística brasileira. Este fato moveu muitas pesquisas, nas mais diversas áreas, como as realizadas por Sant’Anna, Naves, Vasconcelos e Oliveira. Com a consolidação da canção como o gênero musical brasileiro por excelência, o papel desempenhado pela literatura no processo de formação cultural dos leitores enfraqueceu, principalmente na década de 1970, pois a música popular entra em cena e passa a ser uma das matrizes de intepretação da realidade brasileira. Gilberto Gil, nesse contexto, é uma das vozes poético-musicais que mais se destacou na história da música popular brasileira. Um dos inventores da Tropicália, juntamente com Caetano Veloso e Torquato Neto, ele sempre esteve conectado com as experiências literárias do Modernismo brasileiro. Profundamente ligado ao antropofagismo de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, suas letras procuram realizar uma fusão de elementos da cultura pop e da cultura afro-brasileira. Processos compositivos como a paródia, a intertextualidade, a bricolagem, a crítica social aliada a uma linguagem de alta elaboração poética são frequentemente utilizados pelo compositor. Em sua obra musical coabitam as múltiplas vozes da tradição brasileira e estrangeira, compostas por meio de um discurso alegórico e fragmentado. Nessa perspectiva, este artigo pretende realizar uma leitura músico-literária da obra “Pela internet”, uma composição que resume os proce dimentos mais reveladores da dicção de Gilberto Gil. Examinaremos, principalmente, as relações empreendidas entre essa canção e a estética modernista. PALAVRAS-CHAVE: Canção. Modernismo. Gilberto Gil. “Pela Internet”. 1 Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professor do Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Estadual do Piauí UESPI. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí UESPI. Professor do Instituto Federal do Piauí -IFPI Campus Floriano. E-mail: [email protected] ISBN: 978-85-8320-162-5

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IV Encontro Internacional de Literaturas, Histórias e Culturas Afro-brasileiras e Africanas

Universidade Estadual do Piauí – UESPI

1

NA JANGADA DE SIGNOS: ELEMENTOS MODERNISTAS NA CANÇÃO “PELA INTERNET”, DE GILBERTO GIL

José Wanderson Lima Torres1 Alfredo Werney Lima Torres2

RESUMO

Constata-se, no âmbito nacional, uma ligação da música popular com a literatura,

fundamental para compreendermos a formação da cultura artística brasileira. Este fato

moveu muitas pesquisas, nas mais diversas áreas, como as realizadas por Sant’Anna,

Naves, Vasconcelos e Oliveira. Com a consolidação da canção como o gênero musical

brasileiro por excelência, o papel desempenhado pela literatura no processo de formação

cultural dos leitores enfraqueceu, principalmente na década de 1970, pois a música

popular entra em cena e passa a ser uma das matrizes de intepretação da realidade

brasileira. Gilberto Gil, nesse contexto, é uma das vozes poético-musicais que mais se

destacou na história da música popular brasileira. Um dos inventores da Tropicália,

juntamente com Caetano Veloso e Torquato Neto, ele sempre esteve conectado com as

experiências literárias do Modernismo brasileiro. Profundamente ligado ao

antropofagismo de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, suas letras procuram

realizar uma fusão de elementos da cultura pop e da cultura afro-brasileira. Processos

compositivos como a paródia, a intertextualidade, a bricolagem, a crítica social aliada a

uma linguagem de alta elaboração poética são frequentemente utilizados pelo

compositor. Em sua obra musical coabitam as múltiplas vozes da tradição brasileira e

estrangeira, compostas por meio de um discurso alegórico e fragmentado. Nessa

perspectiva, este artigo pretende realizar uma leitura músico-literária da obra “Pela

internet”, uma composição que resume os procedimentos mais reveladores da dicção de

Gilberto Gil. Examinaremos, principalmente, as relações empreendidas entre essa

canção e a estética modernista.

PALAVRAS-CHAVE: Canção. Modernismo. Gilberto Gil. “Pela Internet”.

1 Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professor do

Mestrado Acadêmico em Letras da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. E-mail:

[email protected]

2 Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Professor do Instituto Federal do Piauí

-IFPI – Campus Floriano. E-mail: [email protected]

ISBN: 978-85-8320-162-5

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1- Introdução

É inegável o diálogo existente entre a canção popular brasileira e a literatura

moderna. O Modernismo de 1922, embora tenha sido um movimento que deu mais

relevância às produções literárias, deixou marcas visíveis no discurso dos cancionistas

populares, sobretudo no final da década de 1960, com as inovações estéticas

empreendidas pela Bossa nova e com o surgimento do Tropicalismo. Essa ligação

orgânica da música popular com a literatura, fundamental para compreendermos a

formação da cultura artística brasileira, moveu muitas pesquisas, nas mais diversas

áreas, como as realizadas por Affonso Romano de Sant’Anna, Santuza Cambra Naves,

Anazildo Vasconcelos e Solange Ribeiro de Oliveira.

O fato é que no Brasil, diferente do que ocorreu na maioria dos países de

tradição europeia, a canção popular urbana participou das experiências mais

substanciais da intelligentsia do país. Negligenciar o papel de fundamental importância

dessa arte é deixar de compreender questões cruciais do processo de construção social e

da formação da identidade cultural do Brasil. Como argumentou José Miguel Wisnik, a

música popular brasileira “além de ser uma forma de expressão vem a ser também [...]

um modo de pensar – ou, se quisermos, uma das formas de riflessione brasiliana”

(WISNIK, 2004, p. 215).

Com a consolidação da canção como o gênero musical brasileiro por excelência,

o papel desempenhado pela literatura no processo de formação cultural dos leitores

enfraqueceu, principalmente na década de 1970, pois a música popular entra em cena e

passa a ser uma das matrizes de interpretação da realidade brasileira. Anazildo

Vasconcelos da Silva (1980, p.75) afirmou que nesse período “rompe-se o paralelismo

entre manifestação poética designada de literária e a manifestação paraliterária chamada

de letra poética, devido à utilização comum dos canais de massa”. Para ele, a poesia

abandonou o canal tradicional de comunicação poética, o gráfico, e “invadiu os canais

de comunicação de massa ou paraliterária, o sonoro e o visual” (SILVA, 1980, p.75).

Sobre essa mesma época, em que houve um visível salto qualitativo das letras

poéticas, Augusto de Campos (Apud PERRONE, 2008, p. 36), admirador declarado dos

grandes cancionistas da MPB, chegou a dizer: “Se quiserem compreender esse período

extremamente complexo de nossa vida artística os compêndios literários terão que se

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entender com o mundo discográfico”. Na realidade, essa relação não foi totalmente

amistosa, pois ela gerou várias polêmicas e dissabores entre intelectuais e artistas

populares, como se pode constatar na entrevista que o escritor Bruno Tolentino deu à

revista Veja, no ano de 1996, na qual ele questionou o valor intelectual da MPB. Por

sinal, esse mesmo escritor envolveu-se, posteriormente, em um controverso debate com

o cantor e compositor Caetano Veloso.

A eclosão da Bossa nova e da Tropicália, entre as décadas de 1960 e 1970, fez

com que se unissem poetas do livro com poetas da canção. Vinícius de Moraes, que

elaborou poesia para ser impressa e para ser cantada, contribuiu de forma decisiva para

que houvesse uma “contaminação feliz”3 entre MPB e literatura acadêmica. Para José

Miguel Wisnik (2004, p. 18):

O fato de que o pensamento mais ‘elaborado’, com seu lastro literário,

possa ganhar vida nova nas mais elementares formas musicais e

poéticas, e que essas, por sua vez, não sejam mais pobres por serem

‘elementares’, tornou-se a matéria de profundas consequências na vida

cultural brasileira das últimas décadas.

Essa observação do pesquisador paulista demonstra o verdadeiro nó que a MPB

representou na formação social e cultural do país. A tensão existente entre um fazer

musical voltado para o entretenimento e um fazer musical mais voltado para a

contemplação intelectual – os quais Mário de Andrade (s/d) chamou, respectivamente,

de “música interessada” e “música desinteressada” – marcaram os debates sobre a

música popular no Brasil. É notório que, ao tratarmos do trabalho de compositores

como Chico Buarque, Vinícius de Morais, Gilberto Gil, Caetano Veloso, tais conceitos

tendem a se embaralhar. Isto porque suas obras estão pautadas pela expressividade do

corpo e produzidas com o intuito de atender a determinados setores do entretenimento

da classe média, mas, ao mesmo tempo, eles também utilizam a canção para manifestar

seus pensamentos e ideias, criando interpretações consistentes sobre a sociedade

brasileira.

Gilberto Gil, nesse contexto, é uma das vozes poético-musicais que mais se

destacou na história da música popular brasileira. Um dos inventores da Tropicália,

3 Termo de José Miguel Wisnik (2004, p. 218).

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juntamente com Caetano Veloso e Torquato Neto, ele sempre esteve conectado com as

experiências literárias do Modernismo brasileiro. Profundamente ligado ao

antropofagismo de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, suas letras procuram

realizar uma fusão de elementos da cultura pop e da cultura afro-brasileira. Processos

compositivos como a paródia, a intertextualidade, a bricolagem, a crítica social aliada a

uma linguagem de alta elaboração poética são frequentemente utilizados pelo

compositor. Em sua obra musical coabitam as múltiplas vozes da tradição brasileira e

estrangeira, compostas por meio de um discurso alegórico e fragmentado. As canções de

Gil trazem signos que remetem ao universo sonoro do baião de Luiz Gonzaga, à

suavidade e ao refinamento interpretativo de João Gilberto, à leveza das canções

praieiras de Dorival Caymmi, à explosão das guitarras do rock, ao balanço do samba e

às experiências sonoras sincopadas dos negros da Bahia.

Nessa perspectiva, este artigo pretende realizar uma leitura músico-literária da

obra “Pela internet”, uma composição que, a nosso ver, resume os procedimentos mais

reveladores da dicção4 de Gilberto Gil. Examinaremos, principalmente, as relações

empreendidas entre essa canção e a estética modernista. Compreendendo que a leitura

de uma letra poética independente de sua estrutura musical é insuficiente para

deslindarmos seus efeitos de sentidos, partimos do conceito de canção na perspectiva da

semiótica, isto é, como um gênero híbrido cujo sentido é construído por meio da

articulação de elementos verbais e musicais.

4 Vale dizer que utilizamos o termo “dicção” no sentido compreendido por Luiz Tatit (2002). Para ele a

dicção é “a maneira de cantar, de gravar, de dizer o que diz e, principalmente, a maneira de compor”

(TATIT, 2002, p. 11).

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2- A canção tropicalista e o Modernismo

Difícil investigarmos o percurso da canção popular no Brasil sem relacioná-la

com a série literária. Vários foram os movimentos musicais brasileiros que buscaram

dialogar com os estilos de época da literatura nacional. Dentre eles, podemos destacar a

Bossa nova e o Tropicalismo. Em relação aos bossa-novistas, vale dizer que eles foram

os primeiros compositores a empreender uma conexão intertextual mais orgânica com a

literatura nacional, em especial com a poesia moderna. Isto se observa nas canções que,

em geral, são compostas com textos concisos e diretos, arranjos econômicos e melodias

sem ornamentações desnecessárias, letras não confessionais que recusam o excesso de

expressão da subjetividade e privilegiam situações do cotidiano.

Augusto de Campos (1974, p.53) afirmou que Bossa nova foi responsável por

um “espetacular salto qualitativo” na música brasileira. O poeta concretista entendia que

esse estilo musical estava “em consonância com a renovação da arte brasileira em todos

os seus campos, da arquitetura à poesia concreta” (CAMPOS, 1974, p. 53). Ele também

atestou que uma das características mais revolucionárias da Bossa Nova “foi o seu estilo

interpretativo, decididamente antioperístico” (CAMPOS, 1974, p. 53). Como vimos,

havia uma harmonia entre compositores da Bossa nova e escritores modernos, embora

houvesse escritores que consideravam a música popular como uma arte menor.

A Tropicália foi, inegavelmente, o movimento musical brasileiro que mais se

comunicou com as ideias do Modernismo de 1922. A síntese antropofágica oswaldiana

encontrou ressonância nas mais diversas experiências tropicalistas, da canção às artes

plásticas. Embora alguns tropicalistas, como Caetano Veloso, relativizem a influência

de Oswald de Andrade, como comentou Marcos Napolitano (2007), é visível em muitas

letras desse movimento a presença do poeta modernista. Por exemplo, a linguagem

fraturada e estruturada por meio de recortes que lembram o discurso cinematográfico de

“Alegria, alegria”, de Caetano Veloso, assemelha-se ao estilo da poesia do escritor

paulista:

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Alegria, alegria (trecho)

Caminhando contra o vento

Sem lenço, sem documento

No sol de quase dezembro

Eu vou

O sol se reparte em crimes,

Espaçonaves, guerrilhas

Em Cardinales bonitas

Eu vou

Em caras de presidentes

Em grandes beijos de amor

Em dentes, pernas, bandeiras

Bomba e Brigitte Bardot

(CHEDIAK, s/d, p.22)

Em seus aspectos músico-literários, o Tropicalismo imprimiu novas associações

entre palavra e música, explorando as potencialidades visuais e sonoras do texto e

tingindo a música de melodias não harmônicas, de mistura de instrumentos musicais

com timbres divergentes e arranjos musicais densos e inventivos, como os que Rogério

Duprat fez para o disco-manifesto do movimento, Tropicália ou Panis et circenses. As

letras, em sua maioria, buscaram expressar, através do fragmentário e do alegórico, as

tensões político-sociais do Brasil. Além de ter recomposto as ideias poéticas de Mário

de Andrade e Oswald de Andrade, os tropicalistas incorporaram elementos da poesia

concreta, rompendo as fronteiras entre o prosaico e poético, entre o intuitivo e o

racional.

Muitos desses recursos estilísticos podem ser encontrados na composição

“Batmakumba”, uma canção que entrecruza elementos da cultura afro-brasileira

(macumba) com símbolos da cultura de massa (Batman). Nessa composição é visível o

diálogo com a escrita dos poetas concretos: ênfase no plano visual do texto; ruptura com

a sintaxe e a versificação tradicionais; leitura dinâmica, já que o texto pode ser lido de

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várias maneiras; reciprocidade entre estrutura e conteúdo, pois o significado do texto

está em sua própria forma.

Batmakumba5 (Gilberto Gil e Caetano Veloso)

A Tropicália foi um movimento que quebrou com a homogeneidade de

discursos, pois os artistas exploraram a dinamização, contestaram a ideia de totalidade

harmônica e colocaram em um mesmo patamar “as contradições da cultura brasileira,

num turbilhão de fragmentos justapostos”, gerando um discurso “aglutinado,

descontínuo, como o sonho” (BEZERRA, 2004, p. 32).

5 Presente em: < www.gilbertogil.com.br>. Acesso em 02 de jul de 2016.

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A canção tropicalista, portanto, buscou diversos caminhos estéticos, quebrou

paradigmas poéticos e musicais, destronando o purismo e o nacionalismo acrítico que,

por longo tempo, predominou no discurso de nossa música popular. Como atestou

Santuza Cambraia Naves (2010, p. 221):

Os baianos inauguraram, com a tropicália, uma nova relação com a

diferença, assumindo uma postura afirmativa e comprometendo-se de

modo indiferenciado com todos os aspectos captáveis do universo

brasileiro, como o brega e cool, o nacional e o estrangeiro, o erudito e

o popular, o rural e o urbano e assim por diante. Paradoxalmente, a

atitude tropicalista é híbrida quanto a seus procedimentos básicos: ao

mesmo tempo em que rompe com o conceito de forma fechada [...]

retoma, justamente em decorrência de sua postura includente, os

próprios elementos dessas formas fechadas, promovendo uma

continuidade entre iê-iê-iê e marchinha, rock e baião.

Esse jogo entre tradição e ruptura é o ponto nevrálgico da estética dos

tropicalistas, principalmente do trabalho poético-musical de Gilberto Gil. O cancioneiro

do compositor baiano está articulado com a tradição musical da MPB, mas, ao mesmo

tempo, traz elementos sonoros que põe em xeque essa mesma tradição. Em

“Parabolicamará”, por exemplo, o compositor entrecruza diversas expressões, como

signos próprios do universo da capoeira e as inovações tecnológicas do tempo da antena

parabólica: “Antes mundo era pequeno/ Porque Terra era grande/ Hoje mundo é muito

grande/ Porque Terra é pequena/ Do tamanho da antena parabolicamará/ Ê, volta do

mundo, camará/ Ê, ê, mundo dá volta, camará”. Aqui a ideia de autenticidade e purismo

das expressões culturais negras é desconstruída, já que o compositor propõe um

hibridismo entre elas e as novidades do mundo do consumo.

Muitos estudiosos da literatura e da MPB, dentre eles Augusto de Campos e

Charles Perrone, afirmam com veemência que Gilberto Gil é um poeta da canção, em

virtude da alta elaboração de suas letras poéticas. De fato, o compositor não quer

simplesmente encaixar as palavras em uma estrutura melódica já existente, pois sua

escrita é autorreflexiva e repleta de recursos metafóricos, sonoros e visuais

característicos da poesia feita para ser lida – como é o caso da expressiva canção

“Metáfora” (Deixe a meta do poeta, não discuta /Deixe a sua meta fora da disputa/ Meta

dentro e fora, lata absoluta/ Deixe-a simplesmente metáfora).

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3- Jangada multicultural: uma leitura músico-literária da canção “Pela

internet”.

Pela internet6 (Gilberto Gil)

Criar meu web site

Fazer minha home-page

Com quantos gigabytes

Se faz uma jangada

Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar

Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve um oriki do meu velho orixá

Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar

Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve meu e-mail até Calcutá

Depois de um hot-link

Num site de Helsinque

Para abastecer

Eu quero entrar na rede

Promover um debate

Juntar via Internet

Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar

O chefe da milícia de Milão

Um hacker mafioso acaba de soltar

Um vírus pra atacar programas no Japão

Eu quero entrar na rede pra contactar

Os lares do Nepal, os bares do Gabão

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular

Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

3.1- Epílogo

“Pela internet”, faixa presente no disco Quanta (1994), é uma das obras que

mais sinalizam a maneira de Gilberto Gil articular signos verbais e musicais. Essa

canção trata da velocidade das informações, dos acontecimentos simultâneos, do

6 Presente em www.gilbertogil.com.br. Acesso em 02 de jul de 2016.

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estabelecimento da internet e do processo de globalização (o que muitos chamariam de

pós-modernidade7), a partir da utilização de uma linguagem carregada de neologismos e

de palavras que remetem à cultura negra e praieira de Salvador. Através de um

sugestivo arranjo de palavra e música, o sujeito lírico apresenta-nos as experiências

fragmentadas e o dinamismo da cultura.

Há nela, portanto, um cruzamento de signos que nos mostram um jogo entre

tradição e modernidade. As construções frasais e os neologismos criados por Gilberto

Gil apontam para essa visão: “infomaré”, “porto de disquete”, “que veleje nesse

informar”, “com quantos gigabytes se faz uma jangada”. É importante notar que o

artista baiano conseguiu misturar, de forma engenhosa, o legado musical de Caymmmi,

que tão bem interpretou em suas canções praieiras o estado da Bahia, com elementos da

música negra norte-americana.

Essa tensão entre elementos da cibercultura e das tradições populares é o ponto

central da canção. Gilberto Gil, fazendo um contraponto ao nacionalismo e

regionalismo estreitos, construiu uma música que, ao mesmo tempo, demonstra um

encantamento com as inovações digitais e valoriza a riqueza do folclore e das

manifestações populares. Não há aqui o conhecido topos dos poetas árcades, que

propunham um retorno à vida simples e idílica do campo, em contraposição ao mundo

caótico e barulhento das urbes. O que o cancionista baiano conseguiu foi elaborar um

discurso em que essas duas visões – a que valoriza a simplicidade da vida rural e a que

se deslumbra com o mundo da tecnologia – são postas no mesmo patamar, criado, desse

modo, um texto poético cheio de nuances.

3.2- Elementos modernistas na canção de “Pela internet”.

“Pela internet” possui em sua estruturação uma clara inter-relação com a estética

da literatura moderna. No que se refere especificamente à letra, o primeiro a ser notado

é o uso de uma linguagem fortemente poética, em que não há uma preocupação em

narrar, mas sim em apresentar um conjunto de imagens dispostas de forma fragmentada,

como os planos de um filme. Esse estilhaçamento da linguagem, que já podíamos

7 É o caso, por exemplo, de Frederic Jameson (2001), para quem a pós-modernidade é a expressão, no

plano cultural, do processo de globalização. Ver mais em: A cultura do dinheiro (JAMESON, 2001).

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observar, de forma ainda mais radical, em “Alegria, alegria” e “Domingo no parque”,

faz com que visualizemos uma série de imagens articuladas em um ritmo poético

incessante:

Criar meu web site

Fazer minha home-page

Com quantos gigabytes

Se faz uma jangada

Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar

Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve um oriki do meu velho orixá

Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Esses procedimentos podem ser relacionados com a técnica utilizada por Oswald

de Andrade em algumas de suas poesias, nos quais o poeta procurou captar a plástica de

um momento, ao invés de criar ideias e conceitos, através de uma escrita cheia de cortes

e planos visuais paralelos, como vemos em “Cidade”:

Cidade

Foguetes pipocam o céu quando em quando

Há uma moça magra que entrou no cinema

Vestida pela última fita

Conversas no jardim onde crescem bancos

Sapos

Olha

A iluminação é de hulha branca

Mamães estão chamando

A orquestra rabecoa na mata

(ANDRADE, s/d, p. 103).

A ideia de poesia como “resumo, essência, substrato”, defendida por Mário de

Andrade (1980, p.250), e “síntese, invenção e surpresa”, adotada por Oswald de

Andrade (2011, p.63), estão presentes em “Pela internet”. Na canção de Gilberto Gil,

observamos que o texto não busca atingir níveis metafóricos de grande profundidade,

pois o que o cancionista quer é nos apresentar o ritmo intenso da vida no mundo

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contemporâneo, onde as informações circulam em um andamento vertiginoso – efeito

acentuado pela grande quantidade de verbos que indicam movimento: fazer, velejar,

abastecer, levar, jogar, juntar. Dessa forma, recusa-se a “lógica intelectual, o

desenvolvimento, a seriação dos planos” (ANDRADE, 1980, p.250) com o intuito de se

atingir efeitos icônicos:

Eu quero entrar na rede

Promover um debate

Juntar via Internet

Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar

O chefe da milícia de Milão

Um hacker mafioso acaba de soltar

Um vírus pra atacar programas no Japão

A sensação de simultaneidade, provocada pela inserção de diversos planos

superpostos, é também algo digno de nota. A letra fala de diferentes países e situações

que se desenrolam em um mesmo tempo: o grupo de tietes de Connecticut, o chefe de

polícia de Milão, um hacker que solta vírus para atacar programas no Japão. A cidade

na perspectiva dessa canção se aproxima do conceito de cidade pós-moderna, em que os

limites precisos e as zonas estagnadas dão lugar a um “conjunto de fragmentos distintos

onde os efeitos de coesão, de continuidade e de legibilidade urbanística dão lugar a

formações territoriais mais complexas, territorialmente descontínuas e sócio e

espacialmente enclavadas” (MENDES, 2011, p.474).

3.4- Diálogos com a tradição cultural afro-brasileira

É inegável a importância das experiências sonoras dos negros na construção do

que se costumou chamar de MPB. Passadas mais de cinco décadas do surgimento dessa

sigla, já que ela começou a se estabelecer no final da década de 1960, parece-nos mais

claro que este tipo de tradição musical origina-se de uma linha que se inicia com o

lundu e a modinha, e se consolida com a criação do samba urbano carioca. Em outros

termos: a partir de pesquisas musicológicas e históricas, podemos afirmar, com mais

segurança, que a música popular urbana é, de fato, uma invenção negra.

Não apenas historiadores, teóricos e musicólogos, como José Ramos Tinhorão e

Mário de Andrade, que sempre mencionou a síncope como a grade contribuição dos

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negros para o repertório brasileiro, falaram da importância basilar das sonoridades

negras para a formação da cultura musical do Brasil. Gilberto Mendes, destacado

compositor erudito, disse, em entrevista ao programa Provocações, apresentado por

Antônio Albujamra: “O negro é fundamental na música do século XX, porque o negro

criou a música popular urbana, uma coisa que não existia, é uma invenção do negro.

Existia música folclórica, música do campesinato”8.

Gilberto Gil, nesse contexto, é uma das principais vozes negras da canção

brasileira. Em seu projeto estilístico tropicalista, ele procura empreender um diálogo

entre as inovações científicas e tecnológicas do mundo contemporâneo e a cultura afro-

brasileira. Algumas de suas obras evidenciam essa estética, como é o caso das canções

que compõem o disco Quanta (1994). Esse trabalho musical é revelador de um estilo

que se propõe a elaborar um tenso diálogo entre a tradição e a modernidade. Tradição

porque ele está assentado nas sonoridades da música brasileira, sobretudo no samba e

no baião do Nordeste. Modernidade, porque há variados processos de reconstrução

criativa, visando mostrar que a cultura dos negros sofrem constantes modulações.

Um elemento notório em “Pela internet” é o diálogo que Gilberto Gil

estabeleceu com a tradição afro-brasileira, fato comum no Modernismo brasileiro que,

diferente das vanguardas europeias (especialmente se pensarmos nos exemplos do

Futurismo e do Dadaísmo), não propunha uma negação da tradição, mas sim uma

síntese tensa. Como afirmou Marcos Napolitano (2007, p.130), os tropicalistas não a

recusaram, mas sim a transformaram em “mosaico de relíquias, sintomas de uma

brasilidade fragmentada. Antes valorizaram seus elementos mais recalcados”.

“Pela internet”, como o próprio título sugere, é uma reconstrução criativa – uma

“transcriação”, nos termos de Haroldo de Campos – da composição “Pelo telefone”, um

dos nossos primeiros sambas que foram gravados. O compositor de “Parabolicamará”,

no entanto, atualizou o cenário: ao invés do antigo telefone, vê-se o celular; ao invés da

8 Ver em: < https://www.youtube.com/watch?v=Y8SU76Ua9Pk>. Acesso em 05 jul. 2016

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roleta, vê-se o videopôquer. Com seu espírito de bricoleur9, o cancionista procurou

mostrar as transmutações por quais passou a vida nos grandes centros urbanos, a partir

da expansão do mundo globalizado.

Pelo Telefone (trecho)

O Chefe da polícia

Pelo telefone manda me avisar

Que na carioca tem uma roleta para se jogar

O Chefe da polícia

Pelo telefone manda me avisar

Que na carioca tem uma roleta para se jogar

A canção “Pela internet”, em consonância com o primeiro samba, está ligada à

expressividade musical da cultura negra. É importante dizer que todo o rendilhado da

letra poética de Gilberto Gil é reforçado pela estruturação dos elementos musicais,

como arranjo, melodia, ritmo e harmonia. O cancionista elaborou uma estrutura

melódica com notas curtas e rápidas, imprimindo ao texto um ritmo vigoroso – efeitos

que emulam a velocidade das informações no mundo da internet. Em relação ao ritmo

musical, ouvimos um samba, mas não um samba típico, já que ele traz elementos do

funk e da Black Music, bem a ao estilo de Jorge Ben. Gilberto Gil, desse modo, fez uma

fusão de estilos e timbres – guitarras, gaitas, samplers, slaps de contrabaixo, percussão

– que se integram perfeitamente ao sentido da letra poética.

A gravação de “Pela internet” consagrada é a do próprio Gilberto Gil. Na

realidade, poucos artistas conseguem interpretar as canções do compositor baiano de

uma maneira que acrescente informações e novidades a elas. Isso ocorre porque que o

autor de “Se eu quiser falar com Deus”, ao compor, pensa em todo o conjunto da

canção: timbre, arranjo, instrumentação, performance, inflexão das frases musicais,

harmonia. Diferente de muitos artistas que compõem apenas a estrutura básica da

música – ou seja, letra e melodia – e o entrega para arranjadores e maestros terminarem

9 Santuza Cambraia Naves (1998), baseando-se nas ideias de Claude Lévi-Strauss, conceitua bricoleur

como aquele que busca trabalhar, de forma criativa e inventiva, com os instrumentos já disponíveis, ao

contrário do engenheiro, que pode ser definido como aquele que recorre ao rigor construtivo. Segundo a

autora, “o mito do engenheiro não teve lugar na experiência modernista brasileira, pois tanto os músicos

quanto os poetas do movimento tenderam a assumir uma postura antropofágica”, ajustando-se então ao

perfil de bricoleur (p.190).

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o processo musical. Dessa maneira, “Pela internet” é uma espécie de resumo do

pensamento e da performance musical de Gilberto Gil.

4- Considerações finais

A consanguinidade entre literatura e música popular no Brasil deixou marcas

profundas na cultura artística desse país. Com o surgimento do Modernismo, na década

de 1920, essa relação se torna ainda mais intensa, na medida em que poetas

consagrados, como Manuel Bandeira e Vinícius de Moraes, passam a se interessar pela

canção popular. Desse encontro profícuo entre escritores acadêmicos e músicos

populares surgiram grandes compositores, para os quais a letra de uma canção não é

apenas um suporte à estrutura musical, mas sim um componente que pode conter

qualidades literárias por si só. É o caso de mestres da canção como Gilberto Gil,

Djavan, Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano Veloso, José Miguel Wisnik e Milton

Nascimento.

O Tropicalismo foi o movimento da MPB que mais se preocupou em criar um

laço intertextual com o Modernismo de 1922. Gilberto Gil, um dos orquestradores desse

movimento, trouxe muitos elementos modernistas para canção brasileira, tais como a

linguagem não narrativa, a concisão, a exploração do plano visual do texto, o

hibridismo musical, o antropofagismo. Elementos estes que foram essenciais para a

modernização da canção brasileira e indispensáveis para que se originassem

movimentos artísticos e musicais como o Manguebeat, na década de 1990.

Em nossa análise, mostrarmos que “Pela internet” é uma canção que resume as

experiências poéticas e musicais de Gilberto Gil. Essa canção possui uma letra que

mescla elementos da cultura afro-brasileira com o mundo da cibercultura, gerando uma

síntese antropofágica. Além disso, procedimentos poéticos como a simultaneidade de

planos, a concisão, a intertextualidade, o diálogo com a tradição, mostram a afinidade

do trabalho de Gilberto Gil com as ideias literárias de Mário de Andrade e Oswald de

Andrade.

Se o poeta é “a antena da raça”, como enunciou o escritor norte-americano Ezra

Pound (2006), não seria exagero dizer que Gilberto Gil é a “antena” da MPB, porque ele

capta mais rapidamente as modulações e os desdobramentos da cultura. Enquanto

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outros músicos de sua época aglomeravam-se para defender um nacionalismo ingênuo,

bem como para difundir uma visão estreita de regionalismo, o compositor baiano já se

deslumbrava com as parabólicas e com os novos processos de globalização, mas sem

esquecer a tradição – como vemos claramente em seu disco Parabolicamará (1991).

“Pela internet” é uma obra tecida por meio da confluência de componentes

musicais e literários, arranjados a partir de um discurso cheio de nuances. O cancionista

sobrepõe vários planos de sentidos em sua letra, mostrando o dinamismo da vida

contemporânea. No que se refere aos elementos do plano musical, observamos que o

arranjo, a mistura tropicalista de instrumentos, a construção melódica e a harmonia

estão em perfeita sintonia com o espírito da letra poética. Gilberto Gil revela as

transformações sociais e culturais que ocorreram depois da eclosão da internet, que, na

visão do compositor, é uma espécie de “jangada” do mundo contemporâneo, com seus

signos visuais e sonoros em contínuo trânsito.

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