crónica nº 146

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  • 7/27/2019 Crnica N 146

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    Crnica N 14666 Dias, so os que lhe restam da suavida!

    Por Henrique de Almeida Cayolla

    Portugal, 25 Julho 2013

    Voc leitor, verifique o dia em que est a ler este artigo, e acerte a data, porque se calharj falta menos.No se est a dramatizar, procura-se alert-lo para uma verdade insofismvel:Restam-lhe 66 dias da sua vida!Estou a amea-lo? No, estou a avis-lo de uma ameaa!Se nestes 66 dias, voc no tomar conscincia, no reflectir calma e pausadamente, sedurante a sua vida at agora, tenha a idade que tiver, ter tomado as decises e posturasmais correctas, e chegando concluso que errou, no tiver a verticalidade, a coragem,e o bom senso de decidir que vai corrigir essa maneira de ser e estar, terminado o

    perodo que lhe dou, ento digo-lhe, que vai deixar fugir a oportunidade de se redimir, e

    vai desperdiar a primeira ocasio soberana para comear a ser dono do seu destino, e avai-se arrepender!Esta abordagem invulgar ao assunto que se segue, deve-se ao facto de pretender choc-

    lo verdadeiramente, para se consciencializar que imperativo que use de formaadequada uma situao que posta sua disposio, sem recear crticas ou palavrasdesprezveis.Voc, se no est satisfeito com a forma como decorre a sua vida e a dos seusfamiliares, tem que ser capaz de romper com a forma como se comportou em escolhasque fez, que comprovadamente s lhe vieram trazer infelicidades, dificuldades e umavida de privaes, e escolher uma forma de no beneficiar qualquer dos partidos queconhece, pertencentes portanto ao sistema vigente em Portugal.

    LEIA ATENTAMENTE AS PALAVRAS QUE SE SEGUEM, DA AUTORIA DOPROF. PAULO MORAIS, TIRADAS DO SEU RECENTE LIVRO DACORRUPO CRISE. QUE FAZER

    Prembulo: Fao notar que o aumento do tamanho de determinadas frases ou o seurealce, de minha autoria, para chamar a ateno do peso de certas informaes ouafirmaes do Dr. Paulo Morais.

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    A sada da crise

    Portugal dispe de condies naturais, geogrficas e humanas nicas. O pas temterritrio e tem gente ambiciosa e trabalhadora. O ambiente social o melhor da

    Europa, os nveis de segurana so invejveis, a integrao dos trabalhadoresestrangeiros pacfica. E, no entanto, a estrutura produtiva est obsoleta, objectivosestratgicos no h, o Estado asfixia a economia.A localizao geoestratgica deste tringulo desenhado por Portugal continental,

    Aores e Madeira, ao qual acresce a zona econmica exclusiva, concede-nos aprerrogativa de detentores de meio oceano Atlntico. Poderamos ser a plataforma deligao comercial da Europa ao mundo. Mas sem o mnimo de organizao nostransportes, nas vias de comunicao martimas, ferrovirias e terrestres, o resultado

    penoso.Temos um clima fabuloso, somos o refgio temperado da Europa. Contudo, os

    portugueses tiritam de frio no Inverno, porque vivem em casas mal construdas e

    energeticamente ineficientes. E o turismo, apesar dos progressos, ainda sazonal elocalizado.Pgina 130Os terrenos e o clima so propcios ao desenvolvimento de agricultura, pecuria esilvicultura de eleio. Mas o mundo rural est ao completo abandono, salvo a honrosaexcepo que a produo vitivincola. O patrimnio histrico e cultural nico, prpriodo mais antigo pas europeu, no rentabilizado, usufrudo ou sequer mantido.Por ltimo, possumos essa condio de povo de dispora, arauto da unidade humana.S que os quase cinco milhes de emigrantes e lusodescendentes espalhados pelomundo so desprezados pelas autoridades. Nem condio eleitoral lhes conferem.Quanta oportunidade perdida por falta de organizao adequada do pas, e em particular

    do Estado! Entregue a uma classe dirigente incapaz, inculta e degradada, Portugalest condenado ao subdesenvolvimento. Com outro enquadramento, outras regras,outro tipo de governao e polticos de qualidade, superar-nos-amos. Se dvidashouvesse, bastaria observar que so estes mesmos portugueses que constituem 25% da

    populao activa do Luxemburgo, fazendo deste o pas mais rico da Europa.Com toda esta matria-prima de imensa qualidade, os resultados so, no final,desoladores. O que falha pois a organizao e a organizao de um pasdesigna-se poltica. Do que estamos a necessitar melhor poltica,melhor governao.Os vindouros no nos perdoaro se mantivermos este lodaal. Urge mudar o

    paradigma desta grande nao de quase quinze milhes de pessoas. preciso que ospolticos tenham vergonha na cara por deixarem o pas neste estado.H que reescrever o enredo desta tragicomdia. S um sobressalto cvico nos podetirar deste torpor que nos encaminha para o abismo.Pgina 131 (parte)A mudana passaria idealmente por um processo eleitoral em que houvessealternativas claras e em oposio. Com efeito, o povo dispe ainda dessa armapoderosa que o voto. Mas as eleies no so ainda e infelizmente, o acto em que opovo no escolhe verdadeiramente quem comanda os seus destinos. Mas so pelomenos, o momento em que podemos decidir quem no manda e despedir osincompetentes para governar. Urgem alteraes legislao eleitoral queresponsabilizem os eleitos perante os seus eleitores. Isto pode ser conseguido pordiversas formas, atravs da introduo de crculos uninominais. Em alternativa, poder-

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    se-ia dar a possibilidade aos eleitores de manifestar, na lista partidria, a suapreferncia, um dos nomes propostos na lista.

    O que no se pode permitir que tudo se mantenha como at aqui. Aproximar oseleitos e aumentar afiscalizao sobre a sua actividade uma emergncia.

    Pgina 144 (parte) Uma nova classe dirigente

    Portugal tem todas as condies para ser um pas culto, rico, com uma populaosaudvel, um pas desenvolvido.Bastar que seja bem governado. E, sobretudo, governado em funo do interesseda sua populao e no de alguns grupos econmicos que dominam o pas deforma feudal. preciso que os dirigentes pensem nas geraes futuras e no apenas noimediatismo.

    No fundo, Portugal precisa de ser governado por quem saiba interpretar o sermo de

    Antnio Vieira.Pgina 145Algum que se farte destas prticas polticas crnicas e perversas que incentivam a queOs peixes grandes comam os pequenos. O contrrio seria menos escandaloso, porqueum peixe grande poderia alimentar muitos peixes pequenos. Portugal clama poralgum que represente uma nova era, que se assuma como smbolo e mandatrio davontade dos peixes pequenos.

    claro que assumir um caminho destes colide com muitos dos interessescronicamente instalados no regime. E afronta muitos daqueles que financiam aclasse poltica e que custa dela acumulam fortunas obscenas.

    S quando os governantes tiveram a coragem de ousar este caminho, Portugalprogrediu. Foi assim com D. Joo II, que pensou os Descobrimentos. O PrncipePerfeito percebeu que, para que a faanha dos Descobrimentos tivesse sucesso, deveriaretirar privilgios aos poderosos. E assim libertou Portugal do poder dos Duques deBragana e Viseu, senhores feudais poca.

    Se no souberem ler a histria, os governantes sero apenas mais alguns a integrar alista j longa de maus governantes, dos muitos que os portugueses j tiveram desuportar ao longo da sua histria. Os governantes de que hoje necessitamos so os queconsigam enfrentar, sem medo, os actuais poderes fticos que empobrecem o pas e

    preservam uma estrutura econmica e poltica de tipo feudal.

    Haver na vida pblica nacional corajosos que queiram calar o medo e trilhar estecaminho?