crmv-mg na superagro minas 2010

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Revista Oficial do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010 Abr/Mai/Jun 2010 | Ano XXVIII #105 | www.crmvmg.org.br

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Page 1: CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010

Revista Oficial do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais

CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010

Abr/Mai/Jun 2010 | Ano XXVIII #105 | www.crmvmg.org.br

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Page 3: CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010

3V&Z EM MINAS

ÍNDICE

Revista Veterinária e Zootecnia em MinasAbr/Mai/Jun 2010 - Ano XXVIII #105

Publicação Oficial do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais

CapaCRMV-MG na Superagro Minas 2010

04 - Normas para Publicação/V&Z em Minas e Expediente

05 - EditorialPalavra do Presidente

12 - Artigo Técnico 1Ceratoconjuntivite infecciosa bovina no sul

de Minas Gerais/Brasil: relato de caso

15 - Artigo Técnico 2Hiperadrenocorticismo canino:

Revisão de literatura

25 - Artigo Técnico 3Caracterização e aspectos gerais da

produção de vacinas para uso em

pequenos animais no Brasil

33 - Artigo Técnico 4Necropsia, coleta e remessa de amostras

de suínos para diagnóstico laboratorial

41 - Artigo Técnico 5Avaliação de mercúrio total pelo método

semi-quantitativo Allegra em peixes da espécie

espadarte Xiphias gladius (Linnaeus, 1758)

06

45 - Artigo Técnico 6A importância e dificuldades do cultivo

e reprodução de peixes nativos no Brasil

47 - Artigo Técnico 7Histórico da intervenção do Estado

na pecuária leiteira no Brasil

49 - Artigo Técnico 8O Brasil pede socorro à

classe médica veterinária

54 - OpiniãoO Conselho Regional de Medicina Veterinária

do Estado de Minas Gerais (CRMV-MG) e os

desafios da responsabilidade técnica em

defesa agropecuária

57 - Balanço Financeiro58 - Registro

Page 4: CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010

4 V&Z EM MINAS

Os artigos de revisão, educação continuada, congressos, seminários e palestras devemser estruturados para conter Resumo, Abstract, Unitermos, Key Words, ReferênciasBibliográficas. A divisão e subtítulos do texto principal ficarão a cargo do(s) autor(es). Os Artigos Científicos deverão conter dados conclusivos de uma pesquisa e conter Re-sumo, Abstract, Unitermos, Key Words, Introdução, Material e Métodos, Resultados,Discussão, Conclusão(ões), Referências Bibliográficas, Agradecimento(s) (quando hou-ver) e Tabela(s) e Figura(s) (quando houver). Os itens Resultados e Discussão poderãoser apresentados como uma única seção. A(s) conclusão(ões) pode(m) estar inserida(s)na discussão. Quando a pesquisa envolver a utilização de animais, os princípios éticosde experimentação animal preconizados pelo Conselho Nacional de Controle de Experi-mentação Animal (CONCEA), nos termos da Lei nº 11.794, de oito de outubro de 2008e aqueles contidos no Decreto n° 6.899, de 15 de julho de 2009, que a regulamenta, devemser observados. Os artigos deverão ser encaminhados ao Editor Responsável por correio eletrônico ([email protected]). A primeira página conterá o título do trabalho, o nome completodo(s) autor(es), suas respectivas afiliações e o nome e endereço, telefone, fax e endereçoeletrônico do autor para correspondência. As diferentes instituições dos autores serãoindicadas por número sobrescrito. Uma vez aceita a publicação ela passará a pertencerao CRMV-MG.O texto será digitado com o uso do editor de texto Microsoft Word for Windows, versão6.0 ou superior, em formato A4(21,0 x 29,7 cm), com espaço entre linhas de 1,5, commargens laterais de 3,0 cm e margens superior e inferior de 2,5 cm, fonte Times NewRoman de 16 cpi para o título, 12 cpi para o texto e 9 cpi para rodapé e informações detabelas e figuras. As páginas e as linhas de cada página devem ser numeradas. O títulodo artigo, com 25 palavras no máximo, deverá ser escrito em negrito e centralizado napágina. Não utilizar abreviaturas. O Resumo e a sua tradução para o inglês, o Abstract,não podem ultrapassar 250 palavras, com informações que permitam uma adequadacaracterização do artigo como um todo. No caso de artigos científicos, o Resumo deveinformar o objetivo, a metodologia aplicada, os resultados principais e conclusões. Nãohá número limite de páginas para a apresentação do artigo, entretanto, recomenda-senão ultrapassar 15 páginas. Naqueles casos em que o tamanho do arquivo exceder olimite de 10mb, os mesmos poderão ser enviados eletronicamente compactados usandoo programa WinZip (qualquer versão). As citações bibliográficas do texto deverão serfeitas de acordo com a ABNT-NBR-10520 de 2002 (adaptação CRMV-MG), conformeexemplos:

EUCLIDES FILHO, K., EUCLIDES, V.P.B., FIGUEREIDO, G.R.,OLIVEIRA, M.P.Avaliação de animais nelore e seus mestiçoscom charolês, fleckvieh e chianina, em três

dietas l.Ganho de peso e conversão alimentar. Rev. Bras. Zoot.,v.26, n. l, p.66-72, 1997.

MACARI, M., FURLAN, R.L., GONZALES, E. Fisiologia aviária aplicada a frangosde corte. Jaboticabal: FUNEP,1994. 296p.

WEEKES, T.E.C. Insulin and growth. In: BUTTERY, P.J., LINDSAY,D.B., HAYNES,N.B. (ed.). Control and manipulation of animal growth. Londres: Butterworths, 1986,p.187-206.

MARTINEZ, F. Ação de desinfetantes sobre Salmonella na presença de matériaorgânica. Jaboticabal,1998. 53p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de CiênciasAgrárias e Veterinárias. Universidade Estadual Paulista.

RAHAL, S.S., SAAD, W.H., TEIXEIRA, E.M.S. Uso de fluoresceínana identificaçãodos vasos linfáticos superficiaisdas glândulas mamárias em cadelas. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 23, Recife, 1994. Anais...Recife: SPEMVE, 1994, p.19.

JOHNSON T., Indigenous people are now more combative, organized. Miami Herald,1994. Disponível em http://www.submit.fiu.ed/MiamiHerld-Summit-Related.Arti-cles/. Acesso em: 27 abr. 2000.

Os artigos sofrerão as seguintes revisões antes da publicação: 1) Revisão técnica por consultor ad hoc; 2) Revisão de língua portuguesa e inglesa por revisores profissionais; 3) Revisão de Normas Técnicas por revisor profissional; 4) Revisão final pela Comitê Editorial; 5) Revisão final pelo(s) autor(es) do texto antes da publicação.

Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas GeraisSede: Rua Platina, 189 - Prado - Belo Horizonte - MGCEP: 30410-430 - PABX: (31) 3311.4100E-mail: [email protected]

Presidente

Nivaldo da Silva - CRMV-MG Nº 0747

Vice-Presidente

Fernando Cruz Laender - CRMV-MG Nº 0150

Secretária-Geral

Liana Lara Lima - CRMV-MG Nº 3487

Tesoureiro

Antônio Arantes Pereira - CRMV-MG Nº 1373

Conselheiros Efetivos

Adauto Ferreira Barcelos - CRMV-MG Nº 0127/Z

Affonso Lopes de Aguiar Júnior - CRMV-MG Nº 2652

Antônio Carlos de Vasconcelos - CRMV-MG Nº 1108

Feliciano Nogueira de Oliveira - CRMV-MG Nº 2410

Manfredo Werkhauser - CRMV-MG Nº 0864

Ronaldo Reis - CRMV-MG Nº 193

Conselheiros Suplentes

Luiz Antônio Josahkian - CRMV-MG Nº 309/Z

Maria Ignez Leão - CRMV-MG Nº 0385

Paulo Afonso da Silveira Ferreira - CRMV-MG Nº 2566

Paulo César Dias Maciel - CRMV-MG Nº 4295

Paulo Cezar de Macedo - CRMV-MG Nº 1431

Vitor Márcio Ribeiro - CRMV-MG Nº 1883

Gerente Administrativo

Joaquim Paranhos Amâncio

Delegacia de Juiz de Fora

Delegado: Murilo Rodrigues Pacheco

Rua José Lourenço Kelmer nº 1.300, sala 205

Juiz de Fora - MGTelefax: (32) 3231.3076

E-mail: [email protected]

Delegacia Regional de Teófilo Otoni

Delegado: Audomar Minas Novas Max

Rua Epaminondas Otoni, 35, sala 304

Teófilo Otoni (MG) - CEP 39800-000

Telefax: (33) 3522.3922

E-mail: [email protected]

Delegacia Regional de Uberlândia

Delegado: Paulo César Dias Maciel

Rua Santos Dumont, 562 - sl. 10 - Uberlândia - MG

CEP 38400-025 - Telefax (34) 3210.5081

E-mail: [email protected]

Delegacia Regional de Varginha

Delegado: Mardem Donizetti

Rua Nepomuceno, 106 - Jd. Andere - Varginha - MG

CEP 37026-340 - Telefax: (35) 3221.5673

E-mail: [email protected]

Delegacia Regional de Montes Claros

Delegado: Méd. Vet. Affonso Lopes de Aguiar Junio

Av. Ovídio de Abreu, 171 - Centro - Montes Claros - MG

CEP 39400-068 - Telefax: (38) 3221.9817

E-mail: [email protected]

Visite nosso site: www.crmvmg.org.br

Revista V&Z em Minas

Editor Responsável

Nivaldo da Silva

Conselho Editorial Científico

Adauto Ferreira Barcelos (PhD)

Antônio Marques de Pinho Júnior (PhD)

Christian Hirsch (PhD)

Fernando Cruz Laender (MS)

Júlio César Cambraia Veado (PhD)

Liana Lara Lima (MS)

Nelson Rodrigo S. Martins (PhD)

Nivaldo da Silva (PhD)

Marcelo Resende de Souza (PhD)

Jornalista Responsável

Carla Maria Camargos Mendonça - MG07465 J.P.

Fotos

Arquivo CRMV-MG e Banco de Imagens

Redação, Editoração e Projeto Gráfico

Gíria Design e Comunicação

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Tiragem

11.000 exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores

e não representam necessariamente a opinião do CRMV-MG

e do jornalista responsável por este veículo. Reprodução per-

mitida mediante citação da fonte e posterior envio do mate-

rial ao CRMV-MG.

NORM

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ENVIAR MATERIAL PARA:

Conselho EditorialRua Platina, 189 - Prado - Belo Horizonte - MG - CEP: 30410-530PABX: (31) 3311.4100 - Email: [email protected]

Normas GeraisEX

PEDIEN

TE

Page 5: CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010

EDITO

RIAL

5V&Z EM MINAS

Acreditamos que o processo de Educação Continuada dos profissionaisinscritos neste CRMV-MG constitui-se em uma de nossas missões àfrente deste Conselho de Classe. Ao longo do tempo nosso Programade Educação Continuada tem intensificado sua busca pelo aprimora-mento do exercício da atividade da Medicina Veterinária e da Zootecniaem nosso estado. Educação Continuada é investimento e não despesa eé a forma que encontramos para mostrar aos colegas o quanto estamospreocupados com as nossas profissões. O mercado está sempre a exigirque o profissional esteja atualizado e preparado para o exercício de suaatividade. Sabemos das dificuldades de muitos em poderem se atua-lizar. É gratificante quando, em conversas ou por informações que noschegam, ficamos sabendo o quanto as publicações deste CRMV-MGtêm sido úteis para a grande maioria dos colegas, sendo para muitosa única fonte de consulta e atualização. Como nossos periódicos che-gam a outras regiões do país, muitos colegas e estudantes nos enviamcorrespondências elogiando as matérias publicadas e solicitandonúmeros de nossa revista V&Z em Minas, Boletim Informativo e Ca-dernos Técnicos, assim como a sua inclusão entre aqueles que recebemestes materiais. Ficamos contentes pela repercussão de nosso trabalho,trabalho este que é coletivo, fruto da atuação de muitos e que contacom total apoio de todos os diretores e corpo de conselheiros do CR-MV-MG. Infelizmente informamos aos colegas de outros estados queapenas aos profissionais destas Minas Gerais é que podemos enviarnossas publicações. Preocupada com a inserção dos profissionais da Medicina Veterináriae da Zootecnia junto à sociedade, bem como a valorização dos mesmos,a atual diretoria deste conselho tem investido na participação do CRMV-MG em inúmeros eventos realizados em diferentes regiões de MinasGerais, como foi na última Superagro 2010. Pelo segundo ano consecu-tivo o CRMV-MG pôde mostrar à sociedade mineira o quanto o mé-dico veterinário e o zootecnista podem fazer por ela, nas mais diversasáreas de atuação de nossas profissões. O retorno esperado é o reconhe-cimento da nossa importância para a vida do cidadão comum, aqueleque irá demandar nossos serviços. Temos que nos mostrar e mostrara todos que estamos muito próximos deles, mesmo que eles não saibam.Reconhecidos seremos mais valorizados e isto faz bem. A atual diretoria do CRMV-MG completou um ano de gestão. Senti-mos a necessidade de dizer que durante estes últimos 12 meses reali-zamos um intenso trabalho, buscando cumprir uma agenda pré-deter-minada, que inclui a fiscalização do exercício profissional e das empre-sas inscritas, cobrar os preceitos estabelecidos nos códigos de éticaprofissional de nossas profissões, investir em qualificação profissionale, preparar a estrutura administrativa do CRMV-MG para o futuro. Mui-tos foram os desafios vencidos e outros ainda a vencer, porém estamos

trabalhando para continuar a merecer a confiança depositada pelos mi-lhares de colegas que acreditaram em nossas propostas. Neste segundo de gestão que se inicia, estamos agendando outra serie deprojetos e ações para os próximos 12 meses. Continuaremos o trabalhoiniciado e abriremos novas frentes, sempre em busca de fazer o que acre-ditamos ser o melhor para as nossas profissões, especialmente aqui emnosso estado, porém sem esquecer o que acontece em outras regiões bra-sileiras. A preocupação com a ocupação dos espaços que, por direito epor lei são nossos, continuará a ser uma de nossas metas. A disputa pe-lo mercado de trabalho e tentativas de outras profissões em atuar emáreas afins, disputando ou até mesmo tentando excluir nossos profis-sionais é uma constante. Estamos e estaremos sempre em alerta paraaté mesmo, se preciso for e de forma intransigente, defender os médicosveterinários e zootecnistas. Preocupa-nos muito o futuro. A MedicinaVeterinária e a Zootecnia brasileira estão apenas engatinhando comoprofissões, se comparadas com outros países, onde o exercício profis-sional é reconhecido e valorizado e, principalmente, respeitado por todaa sociedade.

AtenciosamenteProf. Nivaldo da SilvaCRMV-MG 0747Presidente do CRMV-MG

Errata: Artigo Técnico 2 publicado na revista V&Z de março/2010

Relação entre a reação ao CMT, a produção de leite e a incidência de quartos com mastite(Relationship between the reaction to the CMT, milk production and the incidence of the mammary quarters with mastitis)

Luciano Bastos Lopes1, Claudio Antonio Versiani Paiva2, Nivaldo da Silva3, Ricardo Araújo Nascimento4

1- Médico Veterinário • CRMV-MG nº5907 • Doutor em Ciência Animal pelo Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UFMG2- Médico Veterinário • CRMV-MG nº6203 • Mestre em Ciência Animal pelo Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal da UFMG3- Médico Veterinário • CRMV-MG nº0747 • Doutor em Veterinária - Universidad Complutense de Madrid • Professor Associado - Escola de Veterinária daUFMG4- Médico Veterinário • CRMV-MG nº5797 • Doutor em Parasitologia pela UFMG • Pós-Doutorado em Parasitologia - UFMG

Page 6: CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010

SUPERAGRO MINAS 2010

A Superagro Minas 2010, realizada entre 26 de maio e seisde junho, consolidou sua vocação de maior encontro doagronegócio mineiro. Nos dez dias de evento, o complexoExpominas/Parque de Exposições da Gameleira, em BeloHorizonte, foi visitado por 75 mil pessoas. No ano passa-do, foram 64 mil. O volume de negócios realizados tambémsofreu forte alta: foram 40% a mais do que 2009, totali-zando R$ 6,1 milhões em 12 pregões. Resultado da parceria entre o governo de Minas – pormeio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária eAbastecimento (Seapa) e Instituto Mineiro de Agropecuá-ria (IMA), a Federação de Agricultura e Pecuária do Es-tado de Minas Gerais (Faemg) e Sebrae Minas, o evento,criado em 2005, realiza plenamente sua pretensão de de-senvolver o agronegócio mineiro, especialmente por meioda promoção de negócios que visa as mais variadas áreasdo setor. Produtores, empresas, pesquisadores, criadores eoutros profissionais envolvidos encontram-se e têm opor-tunidade de exercer e negociar suas especialidades. Outracaracterística peculiar da iniciativa é o fomento a eventoscom vocação para o conhecimento, como congressos e sim-pósios, entre outros. A Superagro funciona, assim, como um grande agregador.

Da sua programação, também fazem parte a ExposiçãoEstadual Agropecuária (que completou 50 edições nesteano), a Feira e Festival Internacional da Cachaça (a Ex-pocachaça, no décimo terceiro aniversário) e o Ciclo de Au-las Técnicas. Em 2010, duas novidades de peso foram a-gregadas: a II Conferência Nacional sobre Defesa Agro-pecuária e a Expovet – Feira de Negócios, Serviços e Pro-dutos Pet e Veterinários. Foi realizada também uma Feirade Softwares, que apresentou aos produtores e demais par-ticipantes um amplo e variado leque de softwares voltadospara o agronegócio. Aberto à visitação pública, o evento dáa oportunidade ao cidadão de conhecimento sobre as ativi-dades agrícolas e pecuárias do estado e do país.Para o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to de Minas Gerais, Gilman Viana, a Superagro é um even-to sustentado pelos negócios que ali são realizados, o queacaba atraindo empresas, inclusive de outros estados, pa-ra participar deste encontro do agronegócio mineiro. “Oevento é voltado para negócios e isso gera credibilidadeem um ambiente de geração de novos contatos e comercia-lização”, salientou.Outro ponto destacado por Viana foi o Ciclo de Aulas Téc-nicas - organizado pela Superagro em parceria com a UFMG,

Minas Gerais apresenta todo seu potencial para o agronegócio

Por Carla Mendonça

6 V&Z EM MINAS

Exposição Estadual Agropecuária

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7V&Z EM MINAS

CAPA

PUC Betim e Fead, que recebeu 1,2 mil participantes. Se-gundo ele, foi um momento de grande importância tantopara os palestrantes – profissionais de empresas do agro-negócio -, como para os estudantes de áreas afins ao setor.“A demanda para participar do Ciclo foi maior que a o-ferta”, comemorou. Viana salientou também as presençasdos segmentos de apicultura, fruticultura e florestas, alémda II Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária, querecebeu participantes de todo o país.Já de acordo com o diretor-geral do Instituto Mineiro de Agro-pecuária (IMA), Altino Rodrigues Neto, o sucesso tem queser medido pelo interesse dos expositores em participardo maior encontro do agronegócio do Estado. “O evento cres-ce a cada ano e um número maior de interessados buscaparticipar da Superagro. Na área do conhecimento já rece-bemos três novas propostas de participação para o próxi-mo ano, além do segmento da piscicultura, que tambémestá interessado em participar”, conta.Com relação aos números alcançados em 2010, o diretor-geral acredita que se trata de um processo constante, umavez que este cenário é reforçado por uma grande parte dosnegócios realizados no período pós-feira. “Muitos equipa-mentos e insumos novos são apresentados durante a feirae estes passam a ser comercializados com maior intensi-dade após o evento, uma vez que o público atingido é gran-de”, salientou. Mediante esta crescente importância econômica e de co-nhecimento da feira, o Conselho Regional de Medicina Ve-terinária do Estado de Minas Gerais (CRMV-MG) nãopoderia ficar de fora. Com o intuito de gerar mais visibili-

dade para os médicos veterinários e zootecnistas, a insti-tuição, além de apoiar o evento, esteve presente com doisestandes – um na área da SuperAgro e outro na Expovet.De acordo com prof. Nivaldo Silva, presidente do CRMV-MG, “participar da Superagro, a maior feira do agronegó-cio em nosso estado, é uma grande oportunidade para mos-trar à sociedade como os profissionais da Medicina Vete-rinária e da Zootecnia estão presentes em seu dia a dia.Quem fica conhecendo as áreas de atuação ou as ativida-des desenvolvidas por nossas profissões e passa a nos vercom outros olhos. Fica sabendo que atuamos em áreas quea maioria da população desconhece. Passa a nos valorizarainda mais”. Este posicionamento faz parte do perfil da atual gestão doCRMV-MG. O presidente salienta que “este é um compro-misso que assumimos e faz parte de nossas estratégias demarketing profissional. Ao mostrar para todos quão im-portantes somos para a sociedade, esta passará a exigir nos-sa participação junto aos órgãos de fiscalização do gover-no, especialmente na inspeção de alimentos de origem ani-mal, na área da saúde pública, na segurança alimentar, nossupermercados como responsáveis técnicos, entre outrasatividades que temos, por lei, atribuições específicas, comonas cadeias produtivas de alimentos. Isto, logicamente,além daquelas áreas nas quais a população já conhece nos-so trabalho. Assim buscamos dar maior visibilidade àsnossas profissões. Temos que investir nisso para valorizarnosso trabalho e ocupar nossos espaços e, desta maneira,buscar abrir novas oportunidades de trabalho para os atu-ais e os futuros profissionais”.

Feira Estande CRMV-MG na Superagro

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8 V&Z EM MINAS

II Conferência Nacional de Defesa Sanitária Agropecuária

A II Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária foipromovida entre 26 e 29 de maio e debateu o futuro do se-tor no Brasil. Nela foram apresentados os resultados pre-liminares do Projeto de Inovação Tecnológica para DefesaAgropecuária - realizado pela Universidade Federal de Vi-çosa (UFV), com apoio do Ministério da Agricultura, dosórgãos de defesa agropecuária dos estados e de institui-ções de ensino superior e pesquisa. Por meio de palestras,minicursos e workshops o evento reuniu o público alvo for-mado por 1630 profissionais, dentre médicos veterinários,zootecnistas, agrônomos, biólogos, técnicos agrícolas e far-macêuticos, além de representantes de órgãos dos gover-nos e da iniciativa privada.Na abertura, que contou com mais de 1000 participantes,o palestrante Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricul-tura, debateu a importância da defesa agropecuária nãosó para a questão da higiene/saúde, como também para au-mentar a competitividade comercial do segmento mineiroe brasileiro no mundo. Em um balanço da IICNDA, o diretor geral do IMA, Al-tino Rodrigues Neto, ressaltou que “o estímulo à pesquisafoi a peça fundamental nas diretrizes da conferência, poissão fundamentais para entendermos melhor as necessi-

dades do mercado. Com a conferência, conseguimos aliaro conhecimento acadêmico às novas políticas de defesasanitária”. O secretário Gilman Viana, da SEAPA-MG, também res-saltou a importância do tema. “Temos que tentar, cada vezmais, universalizar a aceitação da defesa como método in-dispensável no crescimento deste mercado”, explicou. Se-gundo Viana, “o momento atual é rico para convencer o se-tor produtivo de que esta causa também é uma causa de-le”. O secretário acrescentou que a defesa se pratica paraa expansão do agronegócio. “A renda do negócio agrícolaprecisa seguir regras de qualidade, e essas envolvem a de-fesa agropecuária. Assim que estivermos alinhados comelas, o mundo vai nos acolher melhor e seremos tão bonsquanto os países de primeiro mundo”, completou. O coordenador do projeto, Evaldo Vilela, argumenta quea iniciativa surgiu da necessidade de levar o assunto "de-fesa agropecuária" para dentro das universidades. “O agro-negócio do Brasil é potente, mas para se manter assim,precisa de uma defesa agropecuária forte. Fortalecer a á-rea para uma atuação mais eficiente exige a formação deprofissionais mais capacitados”. Vilela assegura que essafoi a motivação básica, mas outras vieram em conseqüên-

II Conferência Nacional de Defesa Sanitária Agropecuária

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9V&Z EM MINAS

CAPA

cia, como “conhecer quais as tecnologias disponíveis no Bra-sil com aplicação na defesa e entender o que pensa o usu-ário da defesa e as demandas dos empresários do setor”. O CRMV-MG apoiou o evento, pois, de acordo com o pre-sidente, Nivaldo Silva, é necessário incentivar a discussãode um tema tão importante. De acordo com ele, “ricas dis-cussões sobre o sistema de defesa sanitária deste país esobre as ameaças presentes e futuras para as cadeias pro-dutivas foram fomentadas. Estas ameaças pairam não sópara o mercado interno, mas podem afetar decisivamenteas exportações brasileiras. Ao apoiar a II CNDA, o CRMV-

MG foi a única entidade de classe parceira deste evento,contribuindo para o aprimoramento dos profissionais damedicina veterinária e da zootecnia de Minas Gerais, quetrabalham em órgãos ligados à defesa sanitária, nas insti-tuições de ensino e de pesquisa”. O presidente esclarece que“o CRMV-MG, por meio de seu Programa de EducaçãoContinuada, apóia e continuará apoiando eventos que tra-gam benefícios ao aprimoramento técnico de nossos cole-gas, pois acreditamos ser esta uma das nossas missões,além daquela que é a da fiscalização do exercício profis-sional”.

ExpovetA Expovet - Feira de Negócios, Serviços e Produtos Pet eVeterinários – foi uma das novidades da Superagro. Du-rante 29 de maio a primeiro de junho, o evento destinadoa médicos veterinários, pet shops, clínicas e consultórios,criadores, associações e instituições, ONGs, atacadistasdistribuidores, tosadores e importadores contou com cir-culação de mais de 4500 pessoas e destacou o potencialdos mercados pet e veterinário em Minas Gerais. Somenteo primeiro (que inclui pequenos animais como cães, gatos,aves e pássaros - entre outros) conta com 4.698 estabeleci-mentos no estado. Nada mais natural do que criar um even-to para atender esta demanda.Realizada pela Primor Eventos, em parceria com CRMV-MG, dentre outros, a feira objetivou atender os empresá-rios e profissionais do setor com últimas novidades do seg-mento. “Minas é um mercado crescente, mas os proprie-tários dessas lojas geralmente se dedicam a todos os afaze-

res do estabelecimento e, com isso, não têm muita opor-tunidade para frequentar feiras, principalmente fora doestado. A Expovet na Superagro tem a função de fazer es-sa ponte entre profissionais, empresários e mercado”, expli-ca Fabiana Braz, da Primor Eventos. Sobre o balanço fi-nal, ela considera positivo. “Estamos muito felizes com o re-sultado e a feira terminou com a certeza de que se consoli-dará no calendário de eventos de Belo Horizonte. Busca-mos expositores de diferentes áreas para que a diversidadefosse o forte da Expovet. Desta forma, foi possível apresen-tar não só para os profissionais da capital, mas tambémpara os do interior as novidades e tendências do Brasil edo exterior”, comemora Braz.O CRMV-MG, além de apoiar o evento por meio do Pro-grama de Educação Continuada, foi responsável peloCiclo de Palestras, destinado a médicos veterinários. Ostemas apresentados foram “Distúrbios endócrinos em cãos

Expovet Expovet

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10 V&Z EM MINAS

e gatos”, por Rubens Antônio Carneiro, “Doenças infeccio-sas da reprodução em bovinos”, por Rômulo Cerqueira Lei-te, “Diagnóstico e tratamento de cólicas em eqüinos”, porRafael Resende Faleiros, “Marketing em clínicas de peque-nos animais”, por Paulo César Dias Maciel, “Controle detrânsito de animais – Emissão de GTA”, por Patrícia Pra-ta Maluf e Kênia da Silva Guimarães, “ResponsabilidadeTécnica em pet shops”, por Messias Francisco Lôbo Jú-nior, “Estratégias para o controle de mastites bovinas”, por

Lívio Ribeiro Molina e “Doping em cavalos”, por CleytonEustáquio Braga.O evento contou ainda com o Espaço Grooming Show PetSociety, no qual vários profissionais demonstram tosa emdiversos tipos de cachorro, e cursos e palestras com en-trada gratuita e também campeonato de agilidade de cãesfrente a obstáculos e a exposição de animais de diversasraças.

Feira Expovet Ciclo de Palestras

Agility na Expovet Exposição Estadual Agropecuária

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11V&Z EM MINAS

Expovet

Expovet Ciclo de Palestras

Page 12: CRMV-MG NA SUPERAGRO MINAS 2010

Ceratoconjuntivite infecciosa bovinano sul de Minas Gerais/Brasil:

relato de caso(Infectious bovine keratoconjuntivitis in southern

Minas Gerais/Brazil: a case report)Geraldo Márcio da Costa1, Nelson Eder Martins2, Ronnie Antunes de Assis3

1- Médico veterinário • CRMV-MG nº5385 • Doutor em Ciência Animal • Professor Adjunto - Depto Medicina Veterinária -UFLA • [email protected] Médico veterinário • CRMV-MG nº1823 • Mestre em Medicina Veterinária - Depto Medicina Veterinária Preventiva - UFMG3- Médico veterinário • CRMV-MG nº6075 • Doutor em Ciência Animal - LANAGRO-MAPA - Pedro Leopoldo (MG)

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RESUMONeste trabalho os autores fazem o relato de um surto de ceratoconjuntivite infecciosa bovina que ocorreu em 50% dosanimais de um lote de 180 cabeças de novilhas, na região sul de Minas Gerais. Os sinais clínicos predominantes foram:blefaroespasmo com lacrimejamento uni ou bilateral abundante, opacidade de córnea e cegueira em decorrência de ul-ceração córnea em alguns animais. A alta concentração de animais e o agrupamento de animais jovens provenientes dediferentes rebanhos, além de erros de medicação foram considerados como importantes fatores de determinantes paraocorrência deste surto. Entre as medidas tomadas para o controle, são citadas: isolamento e tratamento local dos animaisdoentes com ungüento tópico à base de cefoperazona, associado à oxitetraciclina de longa ação por via intramuscular,e uso de bacterina autógena. Palavras-chave: ceratoconjuntivite, bovinos, surto, controle.

ABSTRACTAn outbreak of infectious bovine keratoconjuntivitis (IBK) in the southern region of Minas Gerais/Brazil is described.About 50% of animals in a lot of 180 heifers were affected. Blepharospasm and abundant tearing were the most commonclinical signs. There were also corneal opacity and blindness provoked by corneal ulceration in some animals. The de-termining factors of outbreak were the group of young animals from different herds in a system of high density and ina-dequate medication. The control of the epidemic illness was conducted by the isolation of sick animals and its treatmentwith topical ointment cefoperazone associated with the long-term action oxytetracycline by intramuscular route andutilization of autologous bacterin. Key-words: keratoconjunctivitis, cattle, outbreak control.

1- IntroduçãoA ceratoconjuntivite infecciosa, também conhecida como “pinkeye”, é uma doençainfecto-contagiosa causada por uma bactéria Gram negativa, a Moraxella bovis,e está amplamente disseminada entre bovinos, especialmente, entre animaisjovens (McConnel et al., 2007a). Entre os sinais clínicos mais comuns destacam-se o lacrimejamento intenso, blefaroespasmo e fotofobia. Em alguns casos, ocorreopacidade, ulceração e ruptura da córnea que podem evoluir para cegueira tempo-rária ou irreversível e, como conseqüência, os animais devem ser descartados. Aslesões podem ser uni ou bilaterais, sendo que, neste caso, o comprometimento émuito mais expressivo.

Esta doença é de alta morbidade entre os rebanhos bovinos,sendo descrita em diferentes países como EUA, Austrália e paísesda América do Sul, incluindo Argentina, Uruguai e Brasil (Geor-ge, 1990; McConnel et al., 2007b; Conceição et al., 2004). Nos paí-ses que integram o MERCOSUL a ceratoconjutivite Infecciosa Bo-vina está relacionada entre oito doenças relevantes selecionadas paraestudos (Conceição e Gil-Turnes, 2003). Os prejuízos econômicos

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são consideráveis e são representados pela redução noganho de peso e na produção de leite, gastos com trata-mentos repetitivos, desvalorização comercial dos animaise eventuais descartes de animais que apresentam seqüelasoculares graves (George, 1990). Embora seja uma doença de ocorrência comum no Brasil,existem poucas publicações sobre os fatores determi-nantes para sua ocorrência. Deste modo, este trabalho des-creve um surto desta doença que correu em bovinos leiteirosna região sul de Minas Gerais, enfatizando os fatores epi-demiológicos envolvidos e as medidas de controle ado-tadas para a resolução do problema.

2- Descrição do CasoO surto ocorreu em uma propriedade leiteira localizadano sul do Estado de Minas Gerais/Brasil e envolveu umlote de 180 novilhas mestiças da raça Girolanda na faixaetária de 18 a 24 meses, formado a partir de animais prove-nientes de diferentes rebanhos da mesma região. Os animaiseram mantidos a pasto, com alta densidade, onde recebiamsuplementação de sal mineral e silagem.Os primeiros casos apareceram subitamente, no inverno,a partir de alguns dos animais adquiridos e a doença rapi-damente se disseminou no rebanho, acometendo cerca de50% do lote. Os sinais clínicos observados foram compa-tíveis com a doença, conforme descritos por Brown et al.(1998) e se caracterizavam por lacrimejamento uni ou bi-lateral abundante e blefaroespasmo. Quatro animais, repre-sentando cerca de 4% dentre aqueles clinicamente acome-tidos, apresentavam opacidade e ulceração de córnea queevoluiu para cegueira.Foram coletados swabs oculares de 10 animais que se en-contravam no início da doença e que não haviam sido sub-metidos a tratamento. Estes foram assepticamente trans-portados em caldo Brain Heart Infusion (BHI-Difco-USA)e incubados a temperatura de 37ºC, por 24-48 horas. Apósa incubação e a avaliação de crescimento, que ocorreu em100% dos tubos, o agente foi isolado em placas de AgarSangue desfibrinado de carneiro a 10%. A identificação pre-suntiva dos microrganismos foi feita por meio de testesbioquímicos de acordo com as orientações de Quinn et al.(1994). Moraxella bovis foi isolada de todas as amostrasanalisadas, sendo que em muitos casos em associação comBacillus spp. e Staphylococcus spp.Assim que se constatou a ocorrência da doença no reba-nho, os animais passaram a ser tratados com oxitetracicli-do diretamente na conjuntiva ocular. Embora o teste de an-tibiograma tenha apontado que as amostras isoladas eramsensíveis a este antibiótico, o tratamento não foi eficiente.A provável razão do insucesso desta terapia foi atribuídaà posologia inadequada, uma vez que o tratamento era rea-lizado uma única vez ao dia e pelo fato de os animais fecha-

rem os olhos no momento da aplicação do produto, im-pedindo que o medicamento entrasse em contato com a mu-cosa ocular. Segundo Ward e Clark (1991), ao se fazer aopção pelo tratamento tópico com oxitetraciclina, deve-serepetir a aplicação três a quatro vezes ao dia, pelo fato deo medicamento ser rapidamente eliminado pelo lacrime-jamento intenso.Para o controle do surto, todos os animais do lote foramclinicamente examinados e aqueles que apresentavamquadros clínicos associados à doença foram separados esubmetidos à antibioticoterapia tópica e por via intramus-cular. Visando à seleção mais criteriosa dos antibióticosa serem utilizados, os isolados de Moraxella bovis foramsubmetidos ao antibiograma, verificando-se sensibilidadepara penicilina, ampicilina, cefalotina, cefoperazona, gen-tamicina, canamicina, sulfametoprin e tetraciclina, e resis-tência para licomicina e sulfa. Os perfis de sensibilidadeobservados foram semelhantes àqueles descritos por Geor-ge (1990), para amostras isoladas nos EUA, e por Concei-ção e Gil-Turnes (2003), para isolados obtidos de rebanhosda Argentina, Uruguai e Brasil. Embora Moraxella bovisseja normalmente sensível a maioria dos antibióticos equimioterápicos, podem existir variações quanto ao perfilde sensibilidade de origens diferentes e entre amostras ori-undas de um mesmo rebanho (Brown et al., 1998; Concei-ção e Gil-Turnes, 2003). Tal fato reforça a necessidade dese realizar o antibiograma para a escolha mais criteriosados medicamentos a serem utilizados. Com base nos resultados dos antibiogramas e em funçãoda impossibilidade de se instituir tratamentos em inter-valos menores que 24 horas devido ao elevado número deanimais a serem tratados, passou-se a utilizar a cefopera-zona em forma de ungüento (Pathozone®-Pfizer), apli-cado diretamente sobre a mucosa ocular dos animais aco-metidos. Após a aplicação do produto, era feito massagea-mento palpebral, visando assegurar a distribuição do mes-mo por toda a mucosa ocular. Esta medicação foi instituí-da diariamente nos animais acometidos, por um períodode cinco a sete dias. Preventivamente, ambos os olhos fo-ram tratados nos animais com lesão unilateral. O trata-mento parenteral foi realizado com oxitetraciclina de longaação na dose diária de 20mg/kg que foi aplicada em trêsdoses intervaladas de 48 horas. Segundo George (1990),melhores resultados são obtidos por via IM em relação àmedicação tópica quando se emprega este antibiótico noscasos de ceratoconjuntivite.Os animais do lote negativo eram examinados diariamen-te e aqueles que apresentavam sinais clínicos sugestivosda doença eram isolados e prontamente tratados. Nestegrupo, utilizou-se uma bacterina autógena contendo hidró-xido de alumínio como adjuvante, produzida a partir deisolados obtidos do surto. Foram utilizadas duas doses de AR

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10 mL, aplicadas por via subcutânea, intervaladas de 21 dias.Com o isolamento dos animais doentes, a implantação dotratamento tópico com ungüento a base de cefoperazonae por via intramuscular com oxitetraciclina de longa açãoe a utilização de bacterina autógena no grupo negativo, adoença foi controlada. Não se verificou agravamento doquadro clínico dos animais acometidos após a reformu-lação da medicação. Nos casos mais avançados, caracteri-zados por ulceração da córnea e cegueira, embora seja re-latada a possibilidade de recuperação dos animais, foi fei-ta opção pelo descarte dos animais.Fatores ambientais, sazonais, infecções intercorrentes e va-riações quanto à virulência dos isolados e à condição imu-nológica dos animais frente aos diferentes sorotipos envol-vidos na etiologia da doença têm papel importante na ocor-rência e na gravidade dos quadros clínicos (Brown et al.,1998). Observa-se certa sazonalidade com relação à dis-tribuição dos casos, que geralmente se concentram nos me-ses mais quentes do ano, associados com o aumento popu-lacional de vetores mecânicos, principalmente Musca au-tumnalis e Musca domestica, e maior exposição aos raiosultravioleta (Conceição e Gil-Turnes, 2003). Porém, não seconstatou aumento na população de moscas na proprie-dade em questão e o surto ocorreu no inverno, período noqual a população de moscas e a exposição à radiação sãomenores. Fatores estressantes decorrentes do transporte prolongadodos animais foram relacionados com maiores taxas de iso-lamento de Moraxella bovis. O estresse provocado pelotransporte dos animais e aglomeração dos mesmos em umlote único e de grande dimensão são fatores determinantespara a ocorrência do surto em questão. Além, disto, o agru-pamento de animais jovens de origens diversas constituium fator facilitador para a entrada e a disseminação dadoença no rebanho, tendo em vista a diferença de condiçãoimunológica que pode existir entre animais oriundos derebanhos diferentes e a existência de diferentes tipos soro-lógicos do agente, conforme relatado por Conceição et al.(2004). Estes autores verificaram a existência de diferentestipos sorológicos e genotípicos entre amostras de Mora-xella bovis isoladas de rebanhos da Argentina, Uruguai eBrasil, o que numa situação de aglomeração de animais deorigens diversas pode facilitar a disseminação de amos-tras para as quais os mesmos não tenham imunidade.

3- ConclusãoA aglomeração de animais jovens e de origens diversas,em um sistema de alta densidade, e o não isolamento dosanimais doentes, bem como as falhas nos protocolos ini-ciais de tratamento foram os fatores mais relevantes paraa ocorrência do surto descrito.

4- Referências BibliográficasBROWN, M.H.; BRIGHTMAN, A.H., FENWICK, B.W.; RIDER,M.A. Infectious Bovine Keratoconjunctivitis: A Review. Journal Veterinary Internal Medicine, v.12, p.259-266, 1998. CONCEIÇÃO, F.R.; DELLAGOSTIN, O.A.; PAOLICCHI, F.; LETURIA, A.C.; GIL-TURNES, C. Molecular diversity ofMoraxella bovis isolated from Brazil, Argentina and Uruguay over aperiod of three decades. The Veterinary Journal, v.167, n.53-58, 2004. CONCEIÇÃO, F.R.; GIL-TURNES, C. Moraxella bovis: Influenciadas características genotípicas e fenotípicas no controle da ceratocon-juntivite infecciosa bovina. Ciência Rural, v.33, n.4, p.778-787, 2003. GEORGE, L.W. Antibiotic treatment of infectious bovine keratocon-junctivitis. Cornell Veterinary, v.80, n.3, p.229–35, 1990.McCONNEL, C.S.; SHUM, L.; HOUSE, J.K. Infectious bovinekeratoconjunctivitis antimicrobial therapy. Australian VeterinaryJournal, v. 85, n.1-2, p.65-69, 2007a. McCONNEL, C.S.; SHUM, L.; HOUSE, J.K. Antimicrobial susceptibility of australian bovine Moraxella isolates. AustralianVeterinary Journal, v.85, p.85-70, 2007b. QUINN, P. J., CARTER, M. E., MARKEY, B., CARTER, G. R.Clinical Veterinary Microbiology. London: Mosby, 1994. 648p. WARD, D.A.; CLARK, S.E. Ocular Pharmacology. Veterinary Clinical North American Large Animal Practice, p.779–791, 1991.

Figura 1 - Opacidade de córnea e lacrimejamento

Figura 2 - Cegueira parcial

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Hiperadrenocorticismo canino: revisão de literatura

(Canine hyperadrenocorticism: a review)

RESUMOO Hiperadrenocorticismo ou síndrome de Cushing é um distúrbio associado ao excesso de cortisol sistêmico, que podeser de origem endógena ou exógena. Considerada como uma das endocrinopatias mais comuns nos cães e rara nosfelinos pode ser classificada como hipófise dependente, adrenal dependente ou iatrogênica. O Hiperadrenocorticismohipófise dependente normalmente ocorre devido a hiperplasia ou tumor na glândula hipófise que sintetiza e secretaACTH em excesso ocasionando uma hiperplasia adrenal bilateral secundária promovendo alta estimulação da liberaçãodo cortisol adrenal. O adrenal dependente resulta de hiperplasia ou neoplasia da glândula resultando em produção ex-cessiva de glicocorticóides e ou mineralocorticóides. O iatrogênico ocorre devido ao excesso de administração de cor-ticóides. Os sinais clínicos clássicos incluem; polidipsia, poliúria, polifagia, dilatação abdominal, alopecia, piodermatite,dificuldade respiratória e letargia. Exames clínicos e laboratoriais, ultrassonográficos e radiológicos podem auxiliar nodiagnóstico. Utiliza-se tratamento clínico e ou cirúrgico e quando não tratado pode acarretar seqüelas como Diabetesmelitus, hepatopatias, infecções, alterações cardíacas, musculoesqueléticas e dermatopatias. Palavras-chave: hipera-drenocorticismo, cães, tumor adrenal, sinais clínicos.

ABSTRACTHyperadrenocorticism or Cushing's syndrome is a disorder associated with excess systemic cortisol, which can be en-dogenous or exogenous origin. Regarded as one of the most common endocrinopathies in dogs and rare in cats can beclassified as dependent on pituitary, adrenal dependent or iatrogenic. Pituitary dependent hyperadrenocorticism usuallyoccurs due to hyperplasia or tumor in the pituitary gland that synthesizes and secretes excess ACTH causing a bilateraladrenal hyperplasia secondary promoting high stimulation of adrenal cortisol release. The excessive production of glu-cocorticoids and mineralocorticoids can be caused by dependent adrenal hyperplasia or neoplasia of the gland. The ia-trogenic occurs due to excessive administration of corticosteroids. The classic signs include; polydipsia, polyuria,polyphagia, abdominal enlargement, alopecia, pyoderma, difficulty breathing and lethargy. Clinical and laboratory,and ultrasound imaging may help in diagnosis. Used medical treatment and or surgery and if left untreated can lead tosequelae such as diabetes mellitus, liver diseases, infections, cardiac, musculoskeletal and skin diseases. Key-words: hy-peradrenocorticism, dogs, adrenal tumor, clinical signs.

Rubens Antonio Carneiro1, Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho2, Cinthia Brillante Cardinot3

1- Médico veterinário • CRMV-MG nº1712 • Professor adjunto - Depto de Clínica e Cirúrgias Veterinária - EVUFMG 2- Médica veterinária • CRMV-MG nº4331 • Professora adjunto - Depto de Clínica e Cirúrgias Veterinária - EVUFMG3- Residente R2 Hospital Veterinário da UFMG

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1- IntroduçãoO hiperadrenocorticismo canino (HCA) é doença comumem cães e desenvolve-se mais comumente em animais demeia idade a idosos, aparentemente sem predileção sexual,porém, a afecção devido a tumores de adrenais é mais di-agnosticada em fêmeas. Cães com menos de 20 kg tendema apresentar o hiperadrenocorticismo hipófise dependente(HHD) e os de menor peso tendem a ter o hiperadreno-corticismo adrenal dependente (HAD) devido a tumoresde adrenal.A maioria dos animais apresenta sinais clínicos que pro-gridem lentamente e, que muitas vezes, são confundidospelos proprietários como sinais de envelhecimento até quese tornem extremamente graves. Estes sinais são sequelasde combinações dos efeitos gliconeogênicos, lipolíticos,catabolismo protéico, imunossupressores e antiinflama-tórios dos glicocorticóides. Altos níveis de cortisol de for-ma contínua afetam todos os tecidos corpóreos devido assuas múltiplas ações resultando no desenvolvimento dacombinação clássica de lesões e sinais clínicos dramáticos,que incluem: polidipsia, poliúria, polifagia, dilatação ab-dominal, alopecia, piodermatite, dificuldade respiratória,astenia muscular, e letargia. Em geral, 85 a 90% de cães com hiperadrecorticismo es-pontâneo è devido a produção excessiva de ACTH pelahipófise, geralmente resultantes de neoplasia. Esses tu-mores são funcionais e 50% deles podem desenvolver sin-tomas neurológicos. Os outros 10 a 15% remanescentes sãodevidos à neoplasia ou hiperplasia adrenal. Pequeno núme-ro de animais pode apresentar simultaneamente neoplasiapituitária e adrenal. Dentre as raças mais acometidas desta-cam-se Poodles, Boxers, Terriers, Dachshunds e Beagles.

2- Anatomia e Fisiologia AdrenalAs glândulas adrenais se situam próximo à junção tora-colombar, são retroperitoneais e, em geral, de localizaçãocraniomedial ao rim correspondente. São embriológica, mor-fológica e funcionalmente separáveis em duas partes dis-tintas: o córtex e a medula adrenal. A medula é responsá-vel pela produção de adrenalina e noradrenalina; o córtexé tipicamente dividido em três zonas: reticular, fasciculadae glomerulosa.• Zona reticular: corresponde 15% do córtex produzindouma pequena quantidade de glicocorticóide e principal-mente andrógenos. É adjacente à medula, menos espessae localizada internamente.• Zona fasciculada: corresponde a 60% do córtex sendo amais espessa das três camadas adrenocorticais. Sintetizaglicocorticóides, principalmente cortisol. É a zona interme-diária.• Zona glomerulosa: corresponde a 25% do córtex e pro-duz mineralocorticóides, principalmente aldosterona. É a

zona mais externa sendo que a síntese de aldosterona éregulada primariamente pelo sistema renina-angiotensinae concentrações séricas de potássio.As zonas, fasciculada a reticulada, são reguladas primaria-mente pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), queatua estimulando a conversão do colesterol.

3- GlicocorticóidesOs glicocorticóides sintetizados pela zona reticular e fas-ciculada afetam o organismo em várias situações. Estãoenvolvidos com a estimulação da gliconeogênese e glico-gênese pelo fígado e músculo, supressão da absorção celu-lar periférica e utilização da glicose plasmática, promoçãodo catabolismo protéico e das gorduras, estimulação da eri-trocitose, supressão das respostas inflamatórias e do teci-do linfóide, manutenção da pressão sanguínea, inibidoresda síntese e antagonistas da vasopressina no nefron dis-tale e antagonistas periféricos aos efeitos da insulina.Sua secreção é controlada, em parte, pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, por meio de uma retroalimentação nega-tiva simples. As secreções de ACTH e fator liberador decorticotrofina (FLC) são influenciados pelas variaçõesdiárias do nível de cortisol.

4- MineralocorticóidesO rim é o sítio primário da retenção de sódio após libera-ção de aldosterona, que promove a reabsorção ativa desódio, cloretos e água, bem como a secreção de potássionos túbulos coletores e em muitos tecidos epiteliais, inclu-sive a mucosa intestinal, glândulas salivares, glândulas su-doríparas e rins. No túbulo contorcido proximal ocorre areabsorção de sódio (Na) e cloro (Cl) e a reabsorção de Na,trocando pelo potássio (K), no túbulo contorcido distal.A liberação pela zona glomerulosa do córtex da adrenal éinfluenciada pelo sistema renina-angiotensina e pelos ní-veis plasmáticos de potássio. O ACTH e o Na têm poucainfluência sobre a liberação de aldosterona. A renina é secretada pelas células do aparelho justaglo-merular renal quando ocorre estimulação dos receptoresde estiramento em resposta à hipotensão ou a baixa per-fusão renal, ou pela estimulação dos receptores de Na e Clna mácula densa. É também liberada pela estimulação donervo simpático e é inibido pela angiotensina II, hormônioantidiurético (ADH), hipertensão e aumento da reabsor-ção de Na pelos túbulos renais.A renina age sobre o angiotensinogênio, uma alfa-2 globu-lina produzida pelo fígado, transformando-o em angioten-sina I. Esta é hidrolisada em angiotensina II por uma enzimaconversora. A angiotensina II leva a uma poderosa vaso-constrição e estimula a secreção de aldosterona pela zona-glomerulosa.

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5- Regulação na Secreção de GlicocorticóidesO centro de liberação do hormônio FLC está localizado naparte anterior do núcleo paraventricular no interior do hipo-tálamo, que exerce controle sobre a secreção de ACTH pe-la hipófise anterior. O ACTH, por sua vez, exerce controlesobre a secreção de cortisol pela adrenal. O cortisol com-pleta o ciclo por afetar o controle exercido pelos hormônioshipotalâmicos e hipofisários.A secreção de ACTH é aumentada resposta ao stress, hipo-glicemia e devido à alimentação em humanos e animaistendo pouca ação sobre a secreção adrenocortical dos mine-ralocorticóides e esteróides andrógenos. Alterações comodor, trauma, hipóxia, hipoglicemia aguda, cirurgia e piróge-nos podem estimular a secreção de ACTH e cortisol.

6- PatogeniaO HAC canino pode ser classificado como hipófise depen-dente, adrenal dependente ou iatrogênico. O hiperadreno-corticismo hipófise dependente (HDP) tem sido associadocom o adenocarcinoma de pituitária que sintetiza e secretaACTH em excesso levando a uma hiperplasia adrenal bi-lateral secundária promovendo alta estimulação da libera-ção do cortisol pelas adrenais. Este é responsável por 80 a85% dos casos de hiperadrenocorticismo. Os tumores adrenais são responsáveis pelos outros 10 a 15%dos casos de hiperadrenocorticismo espontâneo nos cães.Os adenomas e os carcinomas são as neoplasias mais co-mumente identificadas e podem ser encontrados bilateral-mente. O tumor adrenocortical induz a produção excessivade cortisol que inibe a produção de corticotropina no hipo-tálamo, inibindo a produção de ACTH pela hipófise. Na au-sência de ACTH a adrenal contralateral cessa a produçãode cortisol acarretando em hipoplasia e atrofia da mesma. Contudo, a causa mais comum de HAC é o uso descon-trolado de glicocorticóides com objetivos terapêuticos,

também denominada de hiperadrecorticismo iatrogênico.Como o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal está normalesta administração excessiva e prolongada por via oral,injetável ou tópica suprime a liberação do ACTH que porsua vez leva a atrofia bilateral das glândulas adrenais.

7- Sinais ClínicosOs sinais clínicos são muitos e variados. Podem estar rela-cionados com a compressão ou invasão de neoplasias hi-pofisárias ou adrenal, porem a maioria dos sintomas estárelacionada com a produção excessiva de cortisol. Altosníveis de cortisol afetam todos os tecidos corpóreos devidoas suas múltiplas ações. Estes sinais dependem da idadedo animal e do tipo corporal, do poder de observação doproprietário e da causa do HAC.• Sistema Cutâneo: Devido ao catabolismo protéico queleva a atrofia colagênica a pele torna-se fina e inelástica, asveias ficam proeminentes e facilmente visualizadas, poden-do ocorrer estrias na pele. A cicatrização fica extremamen-te lenta devido à inibição da proliferação dos fibroblastos.A mudança na cor da pelagem pode ser observada comosinal cutâneo inicial em alguns cães. Os pêlos pretos tor-nam-se descorados ou cor de ferrugem e os pêlos marronsclareiam para marrom claro ou loiro. Esta alteração podeenvolver todo o comprimento da haste do pêlo ou apenasas porções distais. No último caso, a mudança da cor do pê-lo parece devida ao descoramento pelo sol porque os pêlosnão crescem na velocidade normal. A mudança na cor uni-forme parece ser mediada por hormônios sexuais. A calcinose cutânea é um achado patognomônico do hipera-drenocorticismo, pois, os glicocorticóides têm uma discretaação mineralocorticóide o que leva a retenção de cálcio,não só na pele mas como em outros órgãos como brôn-quios e rins. Podem ocorrer hipotricose e alopecia devidos tanto pelocatabolismo protéico que impede que os pêlos cresçamquanto pelo efeito inibidor do cortisol da fase anagênica

Figura 1 - Eixo hipófise adrenal (A) normal (B) HHD (C) neoplasia adrenocortical

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do folículo piloso. Esta alopecia fica mais evidente nasregiões do flanco e abdome. Devido a alteração na quebra de gordura esta acumula-senas glândulas sebáceas levando a formação de comedões.Ocorre também hiperpigmentação cutânea devido à doen-ça crônica da pele que está sujeita a piodermas, seborréias,e em cerca de 5% dos cães, demodicose. Em cerca de 40%dos animais pode ocorrer flebectasia principalmente ven-trais, levando ao aspecto de vasos proeminente e eviden-tes. O abaulamento abdominal ocorre em 90 a 95% dos cãesafetados devido a um somatório de fatores destacando-sea perda de elastase cutânea, o aumento do peso do conteú-do abdominal juntamente com o decréscimo do vigor mus-cular, hepatomegalia, acúmulo de gordura e atrofia damusculatura esquelética como consequência da ação pro-teolítica do cortisol, bexiga cronicamente repleta e dila-tada resultante da polidpsia e, em parte pela reduzida ca-pacidade de esvaziamento completo.• Sistema urinário: Poliúria e polidipsia, com ingestão dequantidade maior que 100 ml/kg de água por dia.Os altos níveis de glicocorticóides reduzem a reabsorçãotubular da água através do aumento da taxa de filtraçãoglomerular e do fluxo sanguíneo renal e através da inibi-ção da ação do hormônio antidiurético (ADH), levando aum quadro de poliúria com polidipsia compensatória.• Sistema respiratório: Estes cães geralmente apresentamsinais de angústia respiratória devido ao aumento da de-posição de gordura no tórax, juntamente com a astenia dosmúsculos respiratórios e ainda pela elevada pressão apli-cada sobre o diafragma devido ao acúmulo de gordura doabdômen e hepatomegalia acentuando assim a dificuldaderespiratória. As complicações respiratórias do HAC in-cluem respiração ofegante, broncopneumonia, minerali-zação fibrose distrófica e tromboembolismo pulmonar.• Polifagia: O animal tende a roubar alimentos, comer lixoou ficar solicitando alimentos continuadamente. O aumen-to de apetite ocorre por conseqüência direta dos glicocor-ticóides. A polifagia, está presente em 80 a 90% dos cães.• Sistema endócrino: As cadelas intactas com HAC paramde ciclar ou mantem-se em anestros prolongados e os ma-chos geralmente apresentam testículos pequenos e flácidos.Pode ocorrer aumento do clitóris resultante da hiperse-creção andrógenos adrenais.Os glicocorticóides tem efeitos antiinsulínicos o que levaao animal apresentar-se com baixas de ATP, pois, a glicosenão pode ser transportada para o interior da célula, levan-do a uma polifagia na tentativa de aumentar a quantidadede glicose circulante na corrente sanguínea. Devido a esteefeito insulinico resistente dos glicocorticóides uma par-cela dos animais com HAC podem apresentar diabetesmelito, porém apenas cerca de 5% dos cães destes cãesapresentam esta afecção de modo evidente.

• Sinais músculo-esqueléticos: As anormalidades mús-culo-esqueléticas são comuns no HAC canino, devido àatrofia dos músculos esqueléticos e fraqueza, que estámais pronunciada sobre a cabeça, ombros, coxas e pelve.Apresentam dificuldade de subir escadas, pular, com tole-rância ao exercício reduzida A fraqueza tem sido repor-tada em 75 a 85% dos cães com HAC.Cães mais velhos podem desenvolver doença articular de-generativa e artrites com claudicação, osteoporose e es-teomalácia, com ou sem a presença de fraturas patolo-gicas. O quadro crônico pode exacerbar problemas co-muns, como a ruptura do ligamento cruzado anterior e lu-xação de patela.• Sinais Neurológicos: Geralmente estão associados aocrescimento e expansão do tumor hipofisário no hipotá-lamo e tálamo. O quadro neurológico pode aparecer diasou meses após o diagnostico de HAC. O sinal clínico maiscomum é estupor, demência, compressão da cabeça, mar-cha lenta, andar em círculos, alterações de comportamen-to, convulsões, ataxia e adipsia.

8- DiagnósticoA suspeita clínica pode surgir durante a anamnese ouatravés de achados clínicos e laboratoriais compatíveiscom pacientes com hiperadrenocorticismo. Como examescomplementares avaliam-se o hemograma completo; uri-noanálise com cultura, determinação das enzimas hepáti-cas, testes da função hepática, cálcio, fósforo, sódio, potás-sio, colesterol, glicemia, proteína plasmática total, albumi-na plasmática, e bilirrubinas. Além dos testes com baseno sangue e na urina, deve ser realizada a ultra-sonografiae a radiografia abdominal nestes cães e gatos.• Hemograma: Os achados mais comumente encontradosé hemograma de estresse que caracterizado por neutrofiliasem desvio a esquerda, eosinopenia e linfopenia. A produ-ção elevadas de cortisol leva a neutrofilia devido à des-marginização destas células, a linfopenia ocorre devido alinfocitólise causada pelo esteroíde enquanto que a eosino-penia é causada pelo sequestro medular dos eosinófilos. • Perfil bioquímico: As alterações compatíveis com HACsão aumento da fosfatase alcalina (FA), pois, uma de suasisoenzimas é esteróide estimulada. A FA-corticóide-indu-zida é a única enzima que aparece tanto nos cães que re-cebem administração exógena de glicocorticoides quantonos cães que apresentam excessiva liberação endógena deglicocorticóide. Aumento da ALT devido à congestão e he-patomegalia, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemiadevido à má metabolização das gorduras. A uréia podeestar diminuída devido à diurese provocada pelos glicor-ticóides. O estímulo da lipólise por glicocorticóides pro-voca elevação nas concentrações sanguíneas de lipídeose colesterol. Noventa por cento dos cães com HAC apre-

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sentam-se com as concentrações plasmáticas elevadaspara o colesterol. O aumento da diurese pode acarretarhipofosfatemia, porém o os eletrólitos não se alteram nor-malmente.• Urinálise: Na urinálise devido a poliúria e a polidipsiaa densidade normalmente é encontrada em valores meno-res que os de referência. Aproximadamente 50% dos ani-mais com HAC apresentam infecções do trato urinário, po-rém, estes animais não demonstram os sinais clínicos ca-racterísticos como polaquiúria, estrangúria e hematúria,que pode ser devido à ação antiinflamatória da cortisona.• Hormônio tireoideano: Os níveis basais da tiroxina estãogeralmente baixos nos casos de HAC canino (aproxima-damente em 70% dos casos). Esses níveis esporadicamen-tes baixos são o resultado da ação dos glicocortocóides e,geralmente, não indicam hipotireoidismo concomitante.O HAC crônico (iatrogênico ou de ocorrência natural)suprime a secreção de TSH pela pituitária, levando a umhipotireoidismo secundário. Altera-se, também, a ligaçãodo hormôrnio tireóideo com as proteínas plasmáticas, au-mentando o metabolismo do hormônio da tireóide. Os tes-tes de resposta ao TSH são usualmente normais. Quandoo HAC é corrigido, os níveis dos hormônios tireoideanosretornam ao normal.• Diagnóstico por imagem: A ultra-sonografia abdominalpode evidenciar massas na adrenal, assim como a tomo-grafia computadorizada pode ser importante na identifi-cação de tumores na pituitária.• Teste de supressão com dexametasona: O teste da su-pressão com dexametasona é utilizado para a confirmaçãodo diagnóstico de HAC espontâneo, e na distinção entre ahiperplasia e a neoplasia adrenocortical. Utiliza-se dexa-metasona, um glicocorticóide sintético, por não interferirem radioimunoensaios que medem o cortisol sanguíneo,não fazendo reação cruzada com testes de cortisol.a) Teste de supressão com baixa dose de dexametasonaEste teste tem sido usado como o teste diagnóstico inicialpara confirmar HAC espontâneo. - Procedimento: Obtém-se pela manhã uma amostra desangue em jejum para a determinação do cortisol plas-mático basal e então se administra a dexametasona nadose de 0,01mg/Kg IV. Coleta-se amostras de sangueapós 4 e 8 horas para a determinação da concentraçãoplasmática de cortisol. Em cães e gatos normais, a concen-tração plasmática de cortisol decresce dentro de 2 a 3 ho-ras e persiste por até 8 horas, por inibir a secreção de AC-TH hipofisário. Cães normais apresentam concentraçãode cortisol plasmático menor que 1,4 μg/dL 4 e 8 horasapós.- Fundamento: Tumores adrenocorticais funcionais secre-tam excesso de cortisol e independem do controle o ACTH,já causando uma supressão na liberação de ACTH pela

hipófise. Dessa forma, a administração de dexametasonaem um cão com tumor adrenocortical não afetará a con-centração plasmática de cortisol nas horas subseqüentesà administração, que deve ser igual ou maior que 1,4 μg/d.A secreção de ACTH por tumores hipofisários causa umahiperplasia adrenocortical devido à estimulação crônicae excessiva do córtex adrenal. Uma hipófise anormal nãoresponde ao “feedback” negativo do cortisol. A administra-ção de baixa dose de dexametasona neste caso causa umgrau variável de supressão do cortisol plasmático numperíodo após administração, não sendo mais suprimidoapós 8 horas de aplicação. Em cães com HHD ocorre umasupressão variável do cortisol após 4 horas, apresentandovalores menores que 1,4 μg/dL, mas após 8 horas a con-centração de cortisol plasmático encontra-se tipicamentemaior que 1,4 μg/dL. Resultados entre 1,0 e 1,4 μg/dLnão garantem o diagnóstico de HAC e o clínico deve sebasear em outras informações para o correto diagnóstico.Assim como no teste de estimulação com ACTH, este testepode ser enganoso. Aproximadamente 22 e 33% dos casosfalham na demonstração da supressão de cortisol após 4e 8 horas, respectivamente.A ausência da supressão é considerada como um resulta-do não-específico, podendo ser tanto HHD quanto HAD.Os resultados desse teste podem ser afetados por drogasanticonvulsivantes concomitantes, estresse e glicocorti-cóides exógenos.

9- Teste de Supressão com Alta Dose de Dexametasona Utilizado para a Diferenciação entre HHD e HAC• Procedimento: Mesmo da dose baixa, porém utilizando0,1 mg/Kg de dexametasona por via intravenosa (IV).Considera-se supressão quando a concentração plasmá-tica de cortisol for menor que 50% da concentração basal4 ou 8 horas após a administração ou menor que 1,4 μg/dL4 ou 8 horas após. • Fundamento: O HHD resulta de uma excessiva e crô-nica secreção de ACTH pelo tumor que pode potencial-mente ser suprimido pela dexametasona em doses altas.Este teste não causa supressão do cortisol em cães comtumor adrenocortical, enquanto que 75% dos cães comHHC apresentam supressão. Não se sabe porque algunscães com HHD são extremamente resistentes à supressãocom dexametasona.

10- Concentração do Cortisol Basal PlasmáticoA determinação de cortisol basal plasmático não temvalor diagnóstico, pois, cerca de 50% dos cães com HACespontâneo apresentam níveis dentro da faixa de normali-

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dade. A média das concentrações basais de cães com HACestão significativamente acima da média de cães normais, mas os resultados ainda se encontram dentro da faixa denormalidade. Este fato é explicado pelo fato da libertaçãodos hormônios ocorrer durante todo o dia, originando pi-cos na concentração plasmática de cortisol. Essas flutua-ções explicam a ampla variação nos valores normais decortisol plasmático basal (0,5 a 6,0 μg/dL).• Teste de estimulação com ACTH: Esse teste é um artifíciomuito utilizado para diferenciação do HAC iatrogênico doendógeno, e para monitorar a terapia com Mitotane, pois éo único capaz de avaliar a reserva adrenocortical e forne-cer informação correta da eficiência do tratamento. Cães e gatos com HHD apresentam hiperplasia da adre-nal secundária à estimulação cronicamente excessiva pelaACTH. Estas adrenais hiperplásicas têm a capacidade desintetizar quantidades excessivas de cortisol. Cães com tu-mores adrenocorticais funcionais (adenomas e carcino-mas) possuem capacidade similarmente anormal de sín-tese do cortisol. Animais com HHD e HAD têm o poten-cial para resposta exagerada ao ACTH.O teste pode começar a qualquer hora do dia com amostrade soro obtida antes e duas horas após a injeção de ACTH,na dependência de qual ACTH foi utilizado. Em cães com hiperadrenocorticismo, a resposta do ACTHé exagerada. Tal prova é realizada, com a colheita de sangueantes e 2 horas após a administração de 2,2 UI de ACTH

porcino gel/Kg P.V.IM (Cortigel-40). Também pode serutilizado o ACTH sintético, na dose de 0,25 mg/cão/IV(Cortrosina), coletando-se o sangue antes e 1 hora depoisem cães e ½ hora depois em gatos.Valores normais da concentração basal de cortisol encon-tram-se na faixa de 0,5 a 6 ug/dl e após estimulação variamde 6 a 17 ug/dl. A pós-estimulação entre 17 e 22 ug/dl sãousualmente considerados no limite superior e acima de 22ug/dl são consistente com HAC. Respostas anormais, emque o posterior é maior que o normal é evidência de HAC,mas não auxilia na diferenciação entre HPD e a neoplasiaAdrenal.Se o cortisol pré-ACTH estiver normal ou aumentado e opós-ACTH for normal, ele não exclui o HAC. Se o pacien-te estiver apresentando sinais clínicos do distúrbio, o testede estimulação pelo ACTH deve ser repetido semanas oumeses, ou deve-se efetuar um teste de supressão com dexa-metasona; visto que a resposta ao teste não é 100% sensí-vel nem 100 % específico.Se o cortisol pré-ACTH estiver normal ou aumentado, e opós ACTH for anormalmente alto, confirma-se o hipera-drecorticismo e a presença de uma glândula adrenal capazde responder ao ACTH. Isto, entretanto não diferencia oHHD da neoplasia adrenal.Se houver aumento marcante do cortisol pré_ACTH e pe-queno ou nenhum aumento pós_ACTH, sugere-se que exis-ta um tumor adrenal autônomo secretor de cortisol.Uma das vantagens do teste de estimulação com ACTH éa habilidade em identificar HAC iatrogênico. Um cão comsinais clínicos e com testes laboratoriais de rotina suges-tivos de HAC, com concentração de cortisol basal baixa ounormal e pouca ou nenhuma resposta ao ACTH exógenoé compatível com HAC iatrogênico.O teste de resposta ao ACTH usualmente confirma umdiagnóstico de HAC, mas não distingue confiavelmente ahiperplasia da neoplasia adrenocortical. Resultados seme-lhantes são obtidos em cães com tumores funcionais deadrenal, onde 55 a 60% apresentam resultados elevadosna estimulação por ACTH. Uma porcentagem significa-tiva (30 a 40%) dos cães hiperadrenais apresenta resulta-dos normais no teste de estimulação com ACTH. A pro-dução e secreção do ACTH endógeno são suprimidas pelaexcessiva liberação de cortisol por tumores adrenais fun-cionais, sendo detectadas baixas ou indetectáveis concen-trações de ACTH nesses cães. A supressão do ACTH en-dógeno causa atrofia de tecido adrenocortical normal, con-tudo, devido a sua função autônoma, células neoplásicasapresentam receptores para o ACTH. Concentrações decortisol basal e/ou pós-estimulação com ACTH podemvariar num mesmo animal quando o teste é realizado emtempos diferentes.

Efeitos da administração de dexametasona em cão normal, com HHD eHAD / Fonte NELSON & COUTO, 1994.

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11- Concentração de ACTH SéricoA mensuração da concentração do ACTH sérico tem sidoútil e confiável para distinguir entre HHD e HAD. Tu-mores de adrenais funcionais e HAC iatrogênico devemsuprimir a secreção de ACTH através do mecanismo nor-mal de “feedback” negativo, enquanto que o HHD resul-ta numa excessiva secreção de ACTH, levando à hipertro-fia adrenocortical bilateral. O uso conjunto da concen-tração endógena de ACTH com o ultra-som de adrenal po-dem seguramente diferenciar entre o HHD e HAD, porémnenhum desses testes possui valor diagnóstico quandoutilizados isoladamente.A liberação de ACTH é feita em picos, e a concentração plas-mática varia de minuto a minuto. Para diminuir os efeitosdo estresse ou hora do dia, o sangue para dosagem de AC-TH deve ser obtido entre 8 e 9 horas da manhã, e o cão tersido hospitalizado durante a noite. A colheita do sangue de-ve ser feita rapidamente, pois o ACTH é pouco estável emsangue fresco. As amostras devem ser centrifugadas e oplasma deve ser congelado a – 20ºC logo após a coleta. Ocontato com vidro deve ser evitado devido à aderência doACTH a este material. A concentração basal de ACTHem cães sadios tem média de 45 pg/mL, mas pode variar de10 a 110 pg/mL. Concentrações endógenas de ACTH me-nores que 10 pg/mL em cães com HAC espontâneo é bas-tante sugestivo de tumor adrenocortical funcional. Apro-ximadamente 60% dos cães com tumor adrenocortical a-presentam concentração de ACTH indetectável, e 40% têmvalores de ACTH maior ou igual a 45 pg/mL é consistentecom HHD, resultado obtido em 85 a 90% desses cães.

12- Concentração de Cortisol PlasmáticoA determinação do cortisol basal plasmático não tem va-lor diagnóstico, pois cerca de 50% dos cães com HAC es-pontâneo apresentam níveis dentro da faixa de normali-dade, apesar da média das concentrações basais de cãescom HAC estar significativamente acima da média de cãesnormais. Este fato é explicado pela liberação dos hormôniosocorrer durante todo o dia, originando picos na concentra-ção plasmática de cortisol. Essas flutuações explicam a am-pla variação nos valores normais de cortisol plasmático ba-sal (0,5 a 6,0 ug/dl).• Avaliação do cortisol urinário: Tradicionalmente a men-suração da concentração de cortisol urinário coletado numperíodo de 24 horas fornece uma avaliação integrada da ele-vada produção de hormônio no decorrer do tempo. Pro-blemas de liberação episódica do cortisol, presente em en-saios plasmáticos podem ser evitados. Apesar de ser umteste seguro, é raramente utilizado em cães e gatos devidoao fato de ser muito trabalhoso.

• Avaliação da relação cortisol:creatinina urinária: A men-suração da relação cortisol:creatinina urinária de amos-tras colhidas casualmente é um teste relativamente sen-sível, contudo o teste não é específico, pois muitos cães comdoenças não adrenais também apresentam resultados anor-mais, como no caso de Diabetes melitus, Diabetes insípi-dos, piometra, hipercalcemia e insuficiência hepática.• Teste de estimulação com FLC: O CRH hipotalâmico écomercialmente disponível e exerce efeito na concentraçãode ACTH e cortisol em cães com HAC. Uma única doseIV (1μg/Kg) de CRH aumenta a concentração de ACTHe cortisol em cães normais. Cães com HDP têm uma res-posta exagerada com relação à concentração de cortisol,enquanto que não há aumento significativo na concen-tração de cortisol em cães com tumor adrenocortical.

13- TratamentoO conhecimento da causa do HAC é ideal para se estabe-lecer o tratamento, mas não é vital, mesmo porque a causanão é identificada em alguns casos. As opções médicas ecirúrgicas e a expectativa devem ser discutidas com o pro-prietário. Os proprietários esperam que o seu animal retor-ne ao estado endócrino normal, mas deve-se explicar queisso nem sempre é possível, pois alguns cães podem apre-sentar excesso ou deficiência hormonal após o tratamento.• Tratamento cirúrgico:a) HAD:Uma vez diagnosticado o HAC e a presença de um tumorde adrenal, deve-se localizar o tumor e procurar por pos-síveis metástases. A cirurgia abdominal não deve ser con-siderada sem a realização de ultra-sonografia abdominale RX torácico. Assim que o tumor é identificado e retira-do, realiza-se infusão de dexametasona IV na dose de 0,1mg /kg por um período de 6 horas. Esta dose deve ser re-petida duas a quatro vezes ao dia por via subcutânea. A-pós o período de recuperação da cirurgia, 48 a 72 horas,deve-se ser substituída a administração parenteral de dexa-metasona por prednisolona 0,5 mg/kg por via oral (PO)BID durante dois dias, com redução gradual da dose du-rante 2 a 3 meses. A concentração de sódio e potássio deveser monitorada após a cirurgia, sendo que concentraçõesmenores que 138 mEq/L de sódio ou de potássio maioresque 5,5 mEq/L podem indicar a necessidade de terapiacom mineralocorticóide. Devido ao grande número de com-plicações, (má cicatrização, imunossupressão e tromboem-bolismo), o prognóstico da cirurgia é reservado, porém,80% de cães submetidos à cirurgia têm sobrevivido, comperíodo de recuperação de aproximadamente um mês. b) HHD:A hipofisectomia é descrita nos cães, mas é um procedi-mento raro devido a suas altas taxas de complicações e pe-la facilidade de tratamentos alternativos, como a adrena-

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lectomia bilateral nos casos de hiperplasia adrenocorticalbilateral ou pela destruição da adrenal por drogas.• Tratamento medicamentoso:a) HHD:Terapia com Mitotane ou o.p.’DDD (Lisodren®) é a me-lhor forma de tratamento para o HAC espontâneo. É umapotente droga adrenocorticolítica com efeito citotóxico nocórtex adrenal, causando necrose seletiva na zona fascicu-lata e reticular. Devido ao fato da zona glomerulosa ser re-lativamente resistente aos efeitos citotóxicos do medica-mento, a secreção de aldosterona é normalmente preserva-da. O único outro efeito causado pela droga é uma mode-rada degeneração hepática com atrofia centrolobular e con-gestão.Cães com hiperplasia adrenal são mais sensíveis aos efei-tos destrutivos do Mitotane do que cães sem doença adre-nal. Frequentemente respondem à terapia após 5 a 9 dias enormalmente tornam-se hipoadrenais se a medicação nãofor interrompida após o primeiro sinal de resposta. Qual-quer cão diagnosticado como sendo HHD e que requeiramais de 21 dias consecutivos de tratamento com Mitotanedeve ser cuidadosamente reavaliado. As possíveis expli-cações para a resistência à medicação podem ser devidoao fato de que a medicação pode não estar sendo efetuadacorretamente, falta de absorção pelo trato gastrointestinal,o cão tem HAD ou o diagnóstico incorreto.Uma pequena porcentagem de cães pode responder à dro-ga em menos de cinco dias, porém, cerca de 85% dos cãesrespondem dentro de 5 a 9 dias. A administração do Mito-tane duas vezes ao dia durante as refeições aumenta suaabsorção. A terapia de indução começa com a adminis-tração do Mitotane na dose de 25 mg/kg/BID. A adminis-tração deve ser interrompida quando o cão demonstrarqualquer redução no apetite, o consumo de água for menorque 60 mL/kg por dia, houver emese, diarréia ou apatia,significando o final da terapia de indução.Caso desenvolvam-se sinais de apatia, fraqueza, vômito,diarréia ou anorexia, a terapia com glicocorticóides é reco-mendada, tanto na fase de indução quanto na fase de ma-nutenção da terapia com Mitotane. A atividade citolíticado Mitotane teoricamente não atinge a zona glomerulosada adrenal, e, portanto, não atua na secreção de mineralo-corticóides. Entretanto, cães que desenvolverem distúrbioseletrolíticos (aumento de potássio e diminuição de sódio)apresentam deficiência de mineralocorticóides. Esses cãesrequerem terapia tanto com glicocorticóides como minera-locorticóides. A deficiência de glicocorticoides geralmenteé transitória, contudo, o hipoadrecorticismo por deficiên-cia de glicocorticoides e mineralocorticoides em cães trata-dos com Mitotane pode ser permanente.O objetivo da terapia é promover uma melhora clínica e nes-se momento deve ser realizado o teste de estimulação com

ACTH, devendo-se interromper a terapia até que se avalieo resultado do teste, que deve ser compatível com hipoadre-nocorticismo. Uma boa resposta no teste é indicada poruma concentração plasmática de cortisol pré e pós ACTHmenor que 5g/dL. Se o cão apresentar uma resposta doteste de estimulação normal ou exagerada após 8 a 9 diasde terapia, a medicação diária deve ser mantida por mais3 a 7 dias. A resposta ao teste de estimulação deve serchecada a cada 7 a 10 dias até a concentração plasmáticade cortisol pós-ACTH atingir valores menores que 5g/dL.Geralmente não são necessários vários testes de estimu-lação, pois 85% dos cães respondem durante a fase inicialde 5 a 9 dias de medicação.As falhas na resposta ao tratamento são raras, mas, po-dem ocorrer nas seguintes situações:- Cão com tumor de adrenal resistente aos efeitos citotóxi-cos do Mitotane;- Medicação com perda de potência, sendo necessária a subs-tituição por um novo frasco;- Medicação não realizada junto com alimentação, causan-do redução na absorção;- Diagnóstico incorreto ou casos de HAC iatrogênico- Animal com resistência ao Mitotane, respondendo à tera-pia somente após 14 dias ou necessitando de 100 a 150 mg/kg/dia de Mitotane.- Rápida metabolização da droga, como ocorre na admi-nistração conjunta com fenobarbital – que estimula a me-tabolização hepática;- Quando o proprietário não fornece a medicação correta-mente;b) HAD:O tratamento ideal para cães que apresentam tumores a-drenocorticais funcionais é a remoção cirúrgica do tumor.Contudo, alguns apresentam tumores inoperáveis ou me-tástases, estão inabilitados em sofrer procedimentos cirúr-gicos ou possuem proprietários relutantes à cirurgia. Adroga adrenocorticolítica (Mitotane), pode também ser uti-lizada nesses casos. O protocolo é semelhante ao utilizadonos cães com HHD, usando a mesma dose inicial de 25mg/kg/BID. Se após 7 a 10 dias de tratamento, o teste de res-posta ao ACTH não revelar uma concentração de cortisolideal (< 5g/dL), a dose inicial deve ser mantida por mais7 a 10 dias. Se num segundo teste o valor ainda não aindanão estiver ideal, faz-se a medicação por mais 7 a 10 diascom a mesma dose ou pouco maior. Aproximadamente60% dos cães com HAD apresentam uma boa respostaao tratamento.• Terapia de manutenção: A terapia de manutenção deveser iniciada ao término da terapia de indução, que é iden-tificada pelos sinais clínicos e pelo teste de estimulaçãocom ACTH. Em cães com HHD, o uso do Mitotane nãoafeta a hipófise anormal, portanto persiste a secreção ex-

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cessiva de ACTH. Falhas na terapia causam um novocrescimento das adrenais com retorno dos sinais clínicos.Cães que respondem à terapia de indução com Mitotaneem até nove dias, ou que apresentam a com concentraçãoplasmática de cortisol pós estimulação com ACTH entre1 e 4 `g/dL, devem ser tratados com a terapia de manuten-ção com Mitotane na dose de 25 mg/kg a cada 7 dias.Aqueles cães que respondem a terapia após 10 dias ou queapresentam concentração plasmática de cortisol pós es-timulação com ACTH maior que 4g/dL devem receber50mg/kg a cada 7 dias. Sempre que possível, as dosagensdevem ser divididas em 4 a 7 dias da semana. Quando aconcentração plasmática de cortisol após estimulação comACTH estiver menor que 1g/dL, se o cão exibir sinais deapatia e anorexia, a terapia com Mitotane deve ser inter-rompida transitoriamente e a dose reduzida. O teste de es-timulação com ACTH deve ser realizado 1 a 3 meses apóso inicio da terapia de manutenção. Se o resultado da con-centração plasmática de cortisol ultrapassar de 4 a 5g/dL,a dosagem de Mitotane deve ser aumentada, e se estiveralém de 22 `g/dL, a terapia com Mitotane deve ser diária,assim como na fase de indução.- Reações adversas: Reações adversas resultam da sensi-bilidade à droga ou de sua administração excessiva comsubseqüente desenvolvimento de deficiência de glicocor-ticóides e, se grave, de mineralocoticoides. A reação maiscomum do Mitotane é a irritação gástrica e vômitos logoapós a administração. Se o distúrbio gástrico for causadopor sensibilidade à droga e não pela terapia estar comple-ta, dividir a dose posteriormente e ou aumentar o intervalode tempo entre administrações para ajudar a diminuir osvômitos. • Terapia com Cetoconazol: O cetoconazol é uma drogaantimicótica de largo espectro, com baixa incidência de toxi-cidade, que causa inibição reversível da esteroidogêneseadrenal e efeitos negligenciáveis sobre a produção de mine-ralocorticóides. A administração de baixas doses dessa dro-ga leva a uma redução significativa da concentração séri-ca de andrógenos, e em altas doses a secreção de cortisolé suprimida. O cetoconazol é administrado na dose de 5mg/Kg/BID por 7 dias.Caso não se note alteração do apetite ou icterícia, a dosepode ser aumentada para 10 mg/Kg/BID. Após 14 diasde tratamento deve ser realizado o teste de estimulaçãocom ACTH. Se o resultado não tiver satisfatório, pode-seaumentar a dose para 15 mg/Kg/BID. A dose requeridadeve ser na anamnese, exame físico, exames complemen-tares, e monitoração pelo teste de estimulação com ACTH.O resultado de teste tem como objetivo promover uma con-centração de cortisol plasmático pré e pós a administraçãode ACTH menor que 5g/Kg. A remissão dos sinais clíni-cos geralmente requer doses de 30mg/Kg por dia. Dados

laboratoriais demonstram que 80% dos cães tratados comcetoconazol apresentam uma rápida redução na concen-tração de cortisol. Os efeitos colaterais, apesar de raramen-te ocorrerem, incluem vômito, anorexia, diarréia e aumen-to transitório das enzimas hepáticas. A maior desvanta-gem do uso desta droga falha na resposta em alguns cãese necessidade de ser administrada duas vezes ao dia in-definitivamente. O uso do cetoconazol torna-se vantajosodevido aos mínimos efeitos de toxicidade e por não afetara produção de mineralocorticóides. • Outras drogas:a) Selegiline ( L-Deprenil):Esta aprovada para uso humano na moléstia de Parkin-son. Este é um agente que atua como inibidor da enzimamonoanino oxidase B, a qual serve para normalizar a con-centração de dopamina hipotalâmica- hipofisária. Em al-guns casos de HHD, a depleção de dopamina pode in-fluenciar no desenvolvimento do HAC. De acordo comBruyette et al (1997), o Ldeprenil é bastante eficaz no tra-tamento de HHD, porém, em animais que desenvolvemdoenças associadas como diabetes mellitus, pancreatites,e pacientes com insuficiência renal não é aconselhávelusar esse medicamento.b) Trilostane (Modrenal): O trilostane tem efeito inibitório na síntese de glicocorti-coides pela glândula adrenal. Apesar da necessidade deterapia diária, o baixo risco de reações adversas torna essadroga uma alternativa atrativa em relação ao mitotane.Seu uso recente em um pequeno número de cães tem se mos-trado promissor.c) Ciproheptadina:O aumento da concentração de serotonina no SNC podeestar associado ao excesso de secreção de ACTH pela pi-tuitária, portanto, o aumento na atividade secretora da a-drenal. A ciproheptadina (Periactin), um medicamento comefeitos antisetonimicos, anti-histamínicos e antocolinérgi-cos, tem sido usado com êxito limitado no tratamento destress humano e cães com HHD. Embora tenham sido pu-blicados alguns casos bem documentados de remissão, aciproheptadina provoca sedação, aumento de apetite e ga-nho de peso.

14- Referências BibliográficasBEHREND, E.N.; KEMPPAINEN, R.J. Medical therapy of caninecushing´s syndrome. Endocrinology, v. 20, n. 6, p. 679-96, 1998.FELDMAN, E.C. Hiperadrenocorticismo. In: ETTINGER, S.J.;FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4. ed.São Paulo: Manole, 1997. p. 2123-76.KAPLAN, A.J.; PETERSON, M.E.; KEMPRRAINEN, R.J. Effectsof disease on the results of diagnostic tests for use in detectinghyperadrenocorticism in dogs. Journal of Animal Veterinary Medical Association, v. 207, n. 4, p. 445-451, 1995.LIEW, C.H.V.; GREGO, D.S.; SALMAN, M.D. Comparison of results of adrenocorticotropic hormone stimulation and low-dose

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Figura 2 - Calcinose cutânea (Foto: Prof. Adriane Costa Val)

Figura 3 - Abdomem penduloso, comedos, hiperpigmentação(Foto: Prof. Adriane Costa Val)

Figura 4 - Comedos (Foto: Prof. Adriane Costa Val)

Figura 5 - Abdomem penduloso, hipotricose, alopecia (Foto: Prof. Adriane Costa Val)

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Caracterização e aspectos gerais daprodução de vacinas para uso em

pequenos animais no Brasil(Characterization and general aspects of the production

of vaccines for use in small animals in Brazil)Frederico Crepaldi Nascimento1

1- Médico veterinário • CRMV-MG nº8588 • Mestre em Epidemiologia-UFMG • Clínico de Pequenos Animais •[email protected]

RESUMONeste artigo o autor aborda aspectos técnicos importantes sobre a produção, controle e uso de vacinas e soros hiperi-munes comerciais para uso em cães e gatos, no Brasil. Ressalta que a vacinação deve ser considerada como uma ferra-menta de controle, prevenção e erradicação de doenças dentre outras obrigatoriamente necessárias e que vários fatorespodem interferir na resposta imunológica dos animais vacinados. Palavras-chave: vacinas, soros imunes, produção, con-trole.

ABSTRACTIn this paper the author addresses important technical aspect of production, control and use of vaccines and hyperimmunesera for commercial use in dogs and cats in Brazil. He points out that vaccination should be considered as a tool for con-trol, prevention and eradication of diseases among others necessarily required and that several factors may interferewith immune response in vaccinated animals. Key-words: vaccines, immune sera, production, control.

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1- IntroduçãoAs vacinas são importantes instrumentos para prevenção econtrole de doenças infectocontagiosas da atualidade. Hámuitos séculos o homem utiliza a imunização como formade prevenção às doenças.Hoje em dia na clínica de pequenos animais a vacinaçãoé uma rotina lucrativa e responsável adotada por quasetoda a massa veterinária. Existem dois tipos básicos de va-cinas circulantes no mercado, as consideradas pelos clíni-cos como éticas e não éticas. Elegeram-se as vacinas impor-tadas como éticas, ou seja, apenas comercializadas e apli-cadas por médicos veterinários devidamente registradosem seus conselhos regionais. As não éticas são as vacinasnacionais, comercializadas para qualquer estabelecimentocomercial, intitulados casa de ração, geralmente armaze-nadas e transportadas de forma errônea e sem conheci-mentos básicos de manipulação para aplicação ou conser-vação.Os imunobiológicos produzidos no Brasil, contam comdiversas vacinas e soros hiperimunes, são inúmeros labo-ratórios produtores de vacinas para pequenos animais noBrasil. Existem muitas variedades de vacinas, as mais co-mumente usadas são as polivalentes rotineiramente cha-madas de octuplas ou déctuplas para cães e as tríplices paragatos. Além destas existem vacinas contra a raiva caninae felina, tosse dos canis, giárdia, fungos, dentre outros. Ossoros hiperimunes são um auxílio contra infecções insta-ladas de cinomose e parvovirose.Muitas vacinas são feitas com microorganismos vivos taiscomo vírus ou bactérias que foram modificados ou atenu-ados para serem menos prejudiciais ou não-virulentos quan-do inoculados, mas, ainda assim, serem capazes de indu-zir proteção. Em outros casos, microorganismos, quandomortos ou inativados, podem permanecer imunogênicos,mas não se multiplicarem depois da injeção. A maioria das vacinas pode ser classificada em: repli-cantes (ou vivas-atenuadas) e não-replicantes (mortas). Es-tes dois tipos podem ainda ser subdivididos. Isto dependese o microorganismo completo é usado na sua forma natu-ral ou nativa ou, se algum componente ou outros compo-nentes do microorganismo são usados, ou então, se foramaplicadas tecnologias inovadoras como a recombinaçãogenética. Para conveniência de uso muitas vacinas contemmais de um microorganismo, e são chamadas vacinascombinadasA associação de vários antígenos, usados para imuniza-ção ativa, tem sido largamente empregada e comprova naprática os excelentes resultados obtidos, tanto em Medi-cina Veterinária como humana, já que o sistema imunitá-rio tem plena condição de responder às diversas informa-ções que lhe são impostas por diversos agentes vacinaisou infecciosos, tanto de forma múltipla, como isoladamen-

te de maneira precisa e potente. Entretanto, cada vez maisse faz necessário o uso combinado de métodos de fabri-cação compatíveis aos diversos antígenos envolvidos paraque sejam alcançados estes resultados.

2- Programa Básico de VacinaçãoPara o cão e o gato, a titulação de anticorpos colostraiscomeça a cair a partir do 45º dia de vida, podendo assiminiciar o programa de vacinação nesta data. A imunizaçãoprocede com 3 doses intercaladas de 21 ou 30 dias (a cri-tério do clínico), sendo que a raiva somente é recomenda-da ser aplicada com 90 dias de vida no mínimo (Merial2007). As vacinas polivalentes para cães contem antíge-nos contra: parvovirose canina, coronavirose, cinomose,adenovirose, hepatite infecciosa canina, parainfluenza,leptospirose (até cinco sorotipos L. canicola, L.icterohae-morrhagiae, L. grippotyphosa, L. copenhageni e L. po-mona).Cuidados de armazenamento e transporte:• Conservar entre 2°C e 8°C, ao abrigo da luz.• Evitar congelamento.• Em casos raros de reação anafilática, administrar epine-frina. • Incinerar o frasco e a sobra de produto não utilizado. • O produto contém antibióticos e estabilizantes como pre-servantes. • Manter fora do alcance de crianças. O uso concomitantecom substâncias antimicrobianas ou anti-inflamatóriaspoderá interferir com o desenvolvimento e a manutençãoda resposta imune após a vacinação. • A vacinação deverá ser precedida por um minucioso exameclínico do animal, realizado por um médico veterinário.

3- Vacinas Polivalentes• A fração Cinomose é um vírus vivo modificado, purifi-cado e atenuado por cultivo em linhagem celular.• A fração Adenovírus Tipo 2 é um vírus vivo modificado,purificado e atenuado por cultivo em linhagem celular, queconfere proteção contra Doença Respiratória causada porAdenovírus Tipo 2 e proteção cruzada contra Hepatite In-fecciosa Canina causada por Adenovírus Canino Tipo 1. • A fração Coronavírus Canino é composta de vírus mor-to, purificado, cultivado em linhagem celular. A produçãode um antígeno inativado eficaz, seguro e com grandepoder antigênico é possibilitada por técnicas especiais depreparação e pelo uso de um sistema adjuvante especial. • A fração Parainfluenza Canina (CPI) é um vírus vivomodificado, purificado e atenuado por cultivo em linha-gem celular. • A fração Parvovírus Canino da vacina é preparada a par-tir de um vírus de campo atual que foi isolado, modificadoe atenuado através de baixas passagens em cultivo celu-

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lar. O vírus vacinal foi purificado e modificado para pro-porcionar segurança, conservando suas características deantigenicidade e eficácia. • As frações Leptospira das vacinas são preparadas a par-tir de componentes de membrana externa através da tec-nologia O.M.C. (Outer Membrane Complex), usada paraextrair os antígenos altamente imunogênicos das célulasda L. icterohaemorrhagiae, L. canicola, L. grippotyphosae L. pomona.

4- Vacina contra GiárdiaÉ indicada a vacinação contra Giárdia cães sadios a partirde 8 semanas de idade, como auxiliar na prevenção da do-ença clínica causada por Giardia lamblia, que atualmenteestá disseminada por todo o mundo e reconhecida como zoo-nose pela Organização Mundial de saúde (O.M.S.) O cãoinfecta-se facilmente ingerindo cistos de Giardia, que po-dem estar presentes na água, nos alimentos ou nos pêlosdos animais, causando síndrome dá má-absorção/má-digesão, levando à desidratação, diarréia, perda de peso,dor abdominal e flatulência. Além disso, são sinais clínicoscomuns da giardíase a perda de apetite, vômitos e letargia.Segundo o fabricante, a vacinação de cães contra Giárdiadiminui significativamente a incidência, severidade e du-ração da eliminação de cistos e, consequentemente, a con-taminação do ambiente.

5- Vacina contra Tosse dos Canis e Gripe CaninaRecomendada para vacinação de cães adultos e filhotes,sadios, com idade de 8 semanas ou mais, como um auxi-liar na prevenção contra as doenças causadas pelo Adeno-vírus Canino Tipo 2, pelo vírus da Parainfluenza Caninae pela Bordetella bronchiseptica. Sua composição é com-posta por Adenovírus Canino Tipo 2, de vírus da Parain-fluenza Canina (vírus vivos modificados) e Bordetellabronchiseptica (cultura viva não virulenta).Para esses antígenos a via de aplicação é muito variável,a maioria dos laboratórios desenvolveram tecnologia paraaplicação intranasal, com estímulo de produção de IgA,vacinando os cães a partir de 8 meses.

6- Raiva Canina e FelinaA vacina antirabica é composta de vírus rábico, cultivadoem cultura de células de linhagem, inativado pela Beta-propiolactona, adsorvido em adjuvante e preservado comThimerosal a 1: 10.000.

7- Vacina Contra Leishmaniose Visceral CaninaA vacinação de cães para leishmaniose auxilia na pre-

venção da doença, reduzindo a incidência e, conseqüente-mente, a disseminação da Leishmaniose Visceral Canina(LVC).A vacina é classificada como inativada e de subunidade,sendo uma fração glicoprotéica purificada (FML - FucoseManose Ligand), feita através de um extrato inativado depromastigotas de Leishmania donovani. A produção deum antígeno inativado eficaz, seguro e com grande poderantigênico é possibilitada por técnicas especiais de prepa-ração e pelo uso de um sistema adjuvante especial. Deveser administrada por via subcutânea em animais compro-vadamente soros negativos, em três doses impreterivel-mente a cada 21 dias e com reforço anual exato. Outravacina no mercado contra a LVC é uma vacina de proteínarecombinante para ser aplicada em cães sadios acima de4 meses de idade.

8- Vacinas Polivalentes FelinasÉ uma vacina líquida preparada a partir de vírus da Leu-cemia, Panleucopenia, Rinotraqueíte, Calicivirose felinase Chlamydia psittaci, cultivados em linhagens celulares einativados por processo que conserva o seu poder imu-nogênico. O produto contém um sistema de adjuvante ex-clusivo para proporcionar boa resposta imune. Contémneomicina, polimixina B, anfotericina B e timerosal comoconservantes.

9- Vacinas RecombinantesExistem hoje no mercado vacinas com uma proposta ino-vadora de imunização, as chamadas vacinas recombinan-tes. As vacinas recombinantes representam um novo con-ceito de imunização. Elas são o futuro de um trabalho deengenharia genética que conseguiu extrair do vírus ape-nas as informações genéticas necessárias para que o or-ganismo reconheça a doença, recombiná-las em um vetor(outro vírus completamente inofensivo) e depois replicaro resultado em laboratório. Assim, é possível proteger pes-soas e animais de modo mais seguro e eficiente. São maisseguras e não têm o risco de causar a doença ao invés deproteger contra ela (o que é chamado de reversão da viru-lência), ou seja, mais seguras que as tradicionais vacinasvivas-atenuadas.A tecnologia das vacinas recombinantes é uma importanteferramenta para a prevenção e o controle de doenças decães e gatos, como cinomose, leucemia felina e raiva. A tec-nologia recombinante permite imunizar animais de formamais segura, minimizando a possibilidade de reações pós-vacinais, e, sendo mais potente, protege contra as principaisdoenças. O mercado veterinário já dispõe de vacinas com tecnologiarecombinante para diversas doenças e estas podem ofe-recer um novo perfil de eficiência contra enfermidades de

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pequenos animais. “Hoje, as vacinas com vetor viral sãotão potentes e eficazes quanto à de vírus vivos modifica-dos. Porém, têm a vantagem de ser mais seguras, pois imu-nizam o animal apenas contra partes específicas do pa-tógeno, minimizando a probabilidade de reações pós-vaci-nais indesejadas”.A vacina recombinante não tem o risco de sofrer reversãoda virulência viral e causar encefalite pós-vacinal (no casoda vacina contra a cinomose canina). “Um dos objetivos dequalquer imunização é estimular a melhor resposta imuno-lógica possível no animal, mas de modo a reduzir ao máxi-mo a possibilidade de reações pós-vacinais. A vacina re-combinante favorece este propósito”, afirma Dr. RonaldSchultz.

10- Falhas VacinaisAs ações de vacinação, amplamente utilizadas pelos servi-ços de Saúde Pública, têm por objetivo envolver extratossignificativos das populações a que são dirigidas, a fim deprevenir a ocorrência de doenças. Entretanto, toda vacinaque venha a ser utilizada oferece restrições quanto à se-gurança de uso e à eficácia.À medida que a incidência das doenças declina ao longodo tempo, como resultado de boas coberturas vacinais, douso de vacinas eficazes e de programas bem supervisiona-dos, podem aumentar as notificações de eventos adversostemporalmente associados à vacinação.Quando as doenças tendem ao controle ou mesmo à erra-dicação, devem ser avaliados os riscos que a doença repre-senta para a população e os riscos de ocorrência de even-tos adversos ou associados à vacinação, para prevenir aperda de confiança, o decréscimo de cobertura vacinal e oretorno da incidência da doença aos níveis anteriores.Os eventos associados à vacinação evidenciam-se quandodo registro de queixas, por parte do público, sobre proble-mas de saúde, observados em animais, após períodos detempo muito próximos à administração da vacina contraa raiva, que são associados ao produto utilizado.As vacinas contra a raiva, do tipo Fuenzalida & Palácios,produzidas para uso em atividades de órgãos municipais,são submetidas a testes de controle, preconizados por or-ganismos internacionais e endossados pela OMS, a fim deavaliar sua qualidade. São submetidas a testes de potên-cia, esterilidade e inocuidade, dentre outros.Com estes testes procura-se definir a capacidade especí-fica do produto em promover um estímulo do sistema imu-ne e induzir resistência nos animais vacinados, se não exis-tem riscos de contaminação do produto ou de seu subs-trato pela ação de agentes oportunistas ou se o produto éseguro para uso, sem a possibilidade de reproduzir casosda doença, seja por reativação da patogenicidade do vírus,

seja pela preservação de qualquer partícula ativa ao finalda produção.A eficácia da vacina reflete a expectativa de que numa sig-nificante proporção de indivíduos vacinados, em determi-nada população, os efeitos do produto utilizadoapresentam resultados clinicamente seguros e significa-tivos de prevenção da doença contra a qual se promove avacinação.Por falha vacinal pode-se entender um deficiente estímuloimunológico, determinado por um produto elaborado coma finalidade de proteger um organismo vivo contra um a-gente etiológico específico.As falhas vacinais podem se originar de fatores interliga-dos à vacina e ao próprio organismo animal ao qual for a-dministrada, constituindo falhas reais do produto e de fa-tores interligados à conservação e à manipulação, consti-tuindo falhas aparentes do produto.São falhas aparentes das vacinas contra a raiva:1. Administração a animais em período de incubação de rai-va, que evoluem para o quadro da doença. Os estímulos i-munogênicos podem ter ocorrido tardiamente, não impe-dindo a progressão do vírus rábico para o sistema nervosocentral.2. Administração de volume menor que o recomendadopelo laboratório produtor. É o que se observa quando per-siste a prática de vacinar gatos com 1 ml da vacina Fuen-zalida & Palácios, sem que haja qualquer orientação téc-nico-científica para esta conduta.3. Conservação a temperaturas inadequadas ou com os-cilações intensas. Apesar de a vacina contra raiva, do tipoFuenzalida & Palácios, apresentar boas características determo-estabilidade, podem ocorrer importantes alteraçõesde potência ou na qualidade do material componente dasuspensão, quando do congelamento ou da elevação datemperatura a níveis superiores aos recomendados.4. Inadequada limpeza e esterilização dos equipamentose materiais utilizados para a manipulação da vacina, al-terando e/ou deteriorando as características dos compo-nentes da vacina, podendo favorecer a transmissão degermes patogênicos.5. Aplicação da vacina por via ou local contra-indicado.Muitas vezes, se for administrada com imperícia, podeocorrer à transfixação da pele ou perfuração de órgãos ab-dominais.6. Uso da vacina em animais de espécies diferentes daque-las para as quais o produto foi produzido. De acordo coma espécie animal, as vacinas possuem potências específi-cas, são desenvolvidas em substratos próprios, além deapresentarem conservantes e componentes adequados pa-ra um estímulo imunogênico compatíveis com os resulta-dos esperados.

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As falhas reais imputadas às vacinas contra a raiva po-dem ser resumidas em:a) Por deficiente resposta imune do animal• Administração em animais imunocomprometidos ouimunodeprimidos, como, por exemplo, quando em trata-mentos medicamentosos com corticóides ou outros imu-nossupressores, na evolução de quadros de leucemia ou deoutros tipos de quadros patológicos graves ou quando hou-ver alta infestação parasitária, como no caso de toxoca-riose em cães e gatos jovens.• Administração em animais que apresentem imunidadepassiva, como, por exemplo, por terem recebido anticorposanti-rábicos de origem materna, através de via transpla-centária ou da lactação.b) Por problemas do produto• Produção de vacina com cepas não prevalentes. As cepasdo vírus rábico utilizadas obedecem às recomendações deorganismos de referência internacionais, sendo compro-vadamente eficazes para desenvolvimento de imunidadecontra o vírus rábico.• Inativação de vacinas produzidas com vírus atenuados,por conservação inadequada. No caso de vacinas contra araiva, resíduos de sabões, detergentes ou outros solventesde gorduras, em seringas, agulhas ou demais equipamen-tos utilizados para administração, alteram o vírus rábico.• Uso de vacinas com prazo de validade vencido, determi-nado pelo laboratório produtor.• Uso de vacinas ineficazes, com potência inadequada pa-ra a produção do estímulo antigênico esperado, promovepouca ou nenhuma reação do sistema imune individual.

11- Soros HiperimunesO soro é indicado como medida profilática em cães sen-síveis e no tratamento curativo da Cinomose, Hepatite In-fecciosa Canina, Leptospirose e gastroenterites, pode serindicado quando houver alto risco de infecção ou quandojá existir infecção em nível de criatório. Existem basicamente dois tipos de soros para pequenosanimais, geralmente utilizados para cinomose e gastroen-terites. Contra a cinomose o mais famoso é o CINO-GLOBULINdo Laboratório Bio-Vet, que consiste numa solução de imu-noglobulinas purificadas e concentradas, específicas con-tra a Cinomose, Hepatite Infecciosa Canina e Leptospiro-se provocada pelas L. canicola e L. icterohaemorrhagiae,tendo ainda como auxiliar anticorpos contra os agentessecundários Bordetella bronchiseptica, Streptococcus sp(pyogenes) e Salmonella thyphimurium. O produto quan-do injetado confere aos cães imunidade passiva imediata,passando a neutralizar os agentes etiológicos destas doen-ças e ainda os agentes secundários que causam outras com-plicações ao organismo. A potência do produto é verifica-da através das provas de soroneutralização, frente aosvírus de Cinomose e Hepatite Infecciosa Canina, e Lep-tospiras.Deve-se administrar por via subcutânea. Como medida pro-filática, a dose indicada do soro é de 0,5 a 1 ml por quilo dopeso corpóreo, permanecendo no organismo em níveis satis-fatórios de 6 a 7 dias, recomendando ser reaplicada cada 5a 6 dias (quando houver grande exposição às respectivasdoenças), como tratamento curativo, usar 1 a 2 ml por Kg depeso e repetir a dose dentro de 24 a 48 horas ou segundocritério do médico veterinário.O soro contra gastroenterites consiste numa solução deimunoglobulinas purificadas e concentradas, específicascontra a Coronavirose e Parvovirose caninas. O produtoquando injetado confere aos cães imunidade passiva ime-diata, passando a neutralizar os agentes etiológicos destasdoenças quando do momento da infecção, ou quando osvírus deixam o intestino para apresentarem-se nos linfono-dos mesentéricos, ou ainda, no caso de Parvovirose, quan-do de sua viremia. A atuação fundamental deste soro con-siste em casos onde há risco de infecção momentânea. A potência do produto é verificada através das provas desoroneutralização, frente aos respectivos vírus, dosandocada ml do soro no mínimo para a fração Coronavirosecanina 10.000 doses neutralizantes em cultura de tecido50/ml, e para a fração Parvovirose canina 10.000 dosesneutralizantes em cultura de tecido 50/ml. A adminis-tração segue o mesmo principio do soro contra cinomose.

Fonte: Tizard, 1979 Adaptação: Ivanete Kotait, 1996. (in: Manual Técnicodo Instituto Pasteur, 3, 1999)

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12- Produção de Vacinas• Produção em biorreatores:Grandes empresas utilizam a forma de biorreatores comoescolha para produção de imunobiológicos, sendo as maisautomatizadas feitas em 100% de biorreatores e outrasmenos automatizadas seguindo alguns passos fora deles.É um sistema de multiplicação celular e viral totalmentecomputadorizado, tornando o risco de contaminação pra-ticamente nulo e produzindo lotes homogêneos, com gran-de concentração de antígenos. Os biorreatores proporcio-nam melhor crescimento celular em monocamadas e me-lhor replicação viral, devido à presença de “microcarriers”(pequenas esferas plásticas em suspensão no meio de cul-tura), reduzindo o risco de reações pós-vacinais, diminuin-do a quantidade de proteínas estranhas.• Cepas:O objetivo das mesmas é a similaridade entre os agentesvacinais e as cepas encontradas no campo. A alta massaantigênica em uma vacina é fundamental para superarprecocemente os anticorpos maternos e conferir proteçãopara os filhotes. O baixo número de passagens em cultivocelular garante uma vacina mais eficaz. • Princípio Master Seed:É o princípio utilizado para fabricação de vacinas recom-binantes e consiste no seguinte processo:- A cultura de estoque original do antígeno (bactéria, ví-rus, vetor recombinante, etc.) é preparada (“master seed”).- A cultura “Master Seed” é completamente testada paraverificar:- Identidade: o que é que reivindica ser- Pureza: livre de todos os possíveis contaminantes co-nhecidos (micoplasmas, vírus etc.)

- Potência: quantificação da infectividade e estabilidadeda viabilidade (normalmente armazenada em nitrogêniolíquido), imunogenicidade consistente estabelecida em tes-tes de eficácia apropriados em animais alvo e de labora-tório.• De um frasco qualificado de “Master Seed”, um númerolimitado de subculturas, propagações ou passagens sãousadas para produzir Sub-Master Seeds ou “WorkingSeeds” (que também devem ser testados para pureza epotência)• Cada lote de produção é iniciado de um ou mais frascosdo “Working Seed”• Normalmente 10 a 50 frascos de Master Seed permitemquantidades de Sub-Master e “Working Seeds” suficien-tes para todo o ciclo de produção de uma vacinaFonte de substrato:• Substratos de vários tipos são usados:- ovos embrionados: muitas vacinas aviárias, influenza- camundongos recém-nascidos: algumas vacinas de raiva- meios de cultura sólidos e líquidos: bactérias, fungos, pro-tozoários- células de mamíferos, fixas a superfícies ou em suspen-são no meio: vírus• Meios de cultura usados em cada lote de produção pre-cisam ter a sua identidade e pureza validadas • Se os substratos forem de animais ou ovos embrionados,deve-se testar a sua origem no que diz respeito a contami-nação (agentes adventícios) • Substratos celulares podem ser derivados de uma fonteanimal e usados em poucas subpassagens (células primá-rias)• Devido ao alto risco de contaminação com agentes pato-gênicos, cada lote de células primárias exige testes de pu-reza e ausência de agentes adventícios• Os melhores substratos celulares são as linhagens decélulas "imortais" capazes de muitas passagens• Podem ser completamente caracterizadas e testadas• Podem ser clonadas para selecionar tipos de célula comcaracterísticas desejáveis de crescimento e rendimento deantígeno• Linhagens de células podem ser preparadas e armaze-nadas em nitrogênio líquido como “master seed”, “sub-mas-ter seed” e “working seed”• Cada novo lote de produção começa com um ou maisfrascos da cultura do “working seed” • Sistemas de propagação:Os sistemas de propagação variam com o tipo de vacina:Vacinas a vírus, incluindo vacinas recombinantes usandocomo vetor um vírus:• Propagação exige células vivas• Crescimento da cultura celular a partir das células do“working seed”

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• Recipientes de propagação incluem frascos de vidro oude plástico, garrafas que rolam lentamente (culturas emroller), ou biogeradores ("fábricas de células")• Células podem estar fixas em uma camada única (mono-camada) ou flutuando livremente (suspensão)• Recipientes com pequenas esferas (microportadores) sãousados para aumentar a área da superfície celular dentrode uma cultura • No momento apropriado, o “working seed” do vírus é ino-culado nas culturas celulares • Condições especiais podem ser necessárias para ajudara adsorção vírus-célula e a infecção• Recipientes biogeradores são usados em alguns siste-mas de propagação célula-vírus para melhorar o controlede pH, oxigênio, temperatura, etc.• Multiplicação do vírus pode ser monitorada por mudan-ça visual em células infectadas (efeito citopático, CPE),mas alguns vírus ou cepas específicas (ex. BVD) não sãocitopáticosVacinas bacterianas, de micoplasma, fungos, protozoáriose recombinantes usando como vetor uma célula bacteriana• Propagadas dentro ou sobre meios de cultura sem célu-las, quer líquidos (caldo) ou sólidos (Agar)• Condições de temperatura, pH, oxigênio e dióxido decarbono normalmente críticas• Sistemas de cultura em fermentador permitem moni-toração contínua, computadorizada e o controle em gran-des volumes• Oferecem rendimentos mais elevados e de qualidademais consistente • Vacinas de peptídeos sintéticos:• Ainda não comercializadas• Síntese química de peptídeos• Ausência do sistema de cultura biológica, portanto maiorcontrole e menor risco de contaminação• Coleta e Processamento:1. Coleta• A coleta das culturas deve ser programada para o perío-do de máximo rendimento do antígeno • Em cultura de vírus pode ser necessário "liberar" o vírusdas células por procedimentos tais como congelamento edescongelamento rápidos ou ultra-sonificação2. Inativação (de vacinas não-replicantes) • A inativação de vacinas completas bacterianas ou a ví-rus é realizada por uma variedade de tecnologias muitasvezes patenteadas, incluindo substâncias químicas• O formol é muito usado• É necessária uma inativação cuidadosa que evite a des-naturação do(s) antígeno(s) com perda da imunogenici-dade 3. Fragmentação de partículas, separação e concentraçãode antígenos

• Além da fragmentação de células para liberar vírus, po-de ser necessário uma fragmentação adicional por ultra-sonificação, substâncias químicas, ou outros meios paraproduzir subunidades ou frações (como o pili de Escheri-chia coli) A separação das frações pode precisar de cen-trifugação, precipitação, filtração ou ultrafiltração.• Estas mesmas técnicas podem também ser usadas paraconcentrar antígenos4. Refrigeração, período de quarentena para testes inter-mediários• Lotes de vacina coletada são mantidos sob refrigeraçãoou congelamento, enquanto os testes intermediários depureza, potência e inativação (se necessário) são executa-dos.5. Mistura e Enchimento• Muitas vacinas (polivalentes, combinadas) são formu-ladas com antígenos de diferentes cepas ou espécies de mi-croorganismos patogênicos multiplicados separadamente• Depois que cada lote componente passou pelos testes,ele é misturado em proporção pré-determinada para dar umlote ou "série" de vacina • O adjuvante (se for preciso) é normalmente misturadonesta etapa, como também são os conservantes como othimerosal (sal de mercúrio)• A vacina é então envasada em frascos ou seringas6. Liofilização (se necessário) • A maioria das vacinas vivas de microorganismos com-pletos precisa ser liofilizada para manter a sua viabilidade(e potência) por meses ou até um, dois ou mesmo três anos(quando corretamente armazenadas)• Liofilização é um processo complexo para extrair a umi-dade sob vácuo a temperaturas de congelamento para dei-xar um “pellet” seco• Imediatamente antes de ser usado no campo, o “pellet”seco é reconstituído usando um "diluente", tanto uma vaci-na líquida de compatibilidade conhecida, como um líqui-do, ex. água estéril sem a presença de pirógenos - Prova de Garantia e de Qualidade:• Testes de garantia de qualidade são realizados ao longodo processo de produção conforme os procedimentos re-comendados• Uma falha em qualquer ponto resulta na suspensão daprodução e rejeição do lote• É preferível detectar um problema no início, antes dasdespesas de processamento pós-coleta e envase• O teste final é realizado numa amostragem aleatória defrascos envasados• Normalmente são realizados testes de pureza, esterili-dade, potência e inocuidade• Fiscais do governo podem exigir amostras para testesconfirmatórios; amostras coletadas de todos os lotes sãoarmazenadas.

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- Problemas: Na maioria das vacinas produzidas em sis-temas biológicos existem variações inerentes, geralmentedifíceis de explicar, entre os lotes:• Erro humano como o uso de técnica não estéril• Falha de equipamento• Defeitos de matéria-prima, estes podem ser muito sutis,como uma pequena mudança na qualidade da água• Contaminação, particularmente por contaminantes nãoóbvios: bactérias ambientais de crescimento lento, ou con-taminantes virais (ex. BVD em soro de bezerro), em níveltão baixo que escapa aos testes normais de detecção.

13- ConclusãoCom a invenção das vacinas, milhões de vidas foram sal-vas no mundo. Vacinar é a melhor forma de proteger pes-soas e animais contra doenças graves e fatais, mas nemtodas as vacinas são iguais. Os processos de fabricação etecnologias utilizadas variam de acordo com o laboratórioe país de fabricação. Devem ser vacinados unicamente oscães em bom estado de saúde, pois os doentes, mal nutri-dos e fracos, não respondem satisfatoriamente à imuniza-ção. A imunidade é estabelecida 21 dias após pelo menos trêsdoses da vacina, devendo nesse período, os animais seremmantidos isolados dos riscos de infecção. Esta imunidade perdura por 01 (um) ano, quando devemser revacinados. A vacina deve ser conservada à temperatura de 2°C a 8°C. O uso concomitante com substâncias antimicrobianas ouantiinflamatórias poderá interferir com o desenvolvimentoe a manutenção da resposta imune após a vacinação. Esta vacina foi cuidadosamente preparada e testada antesde ser colocada à venda. O uso de qualquer produto biológico pode causar reaçõesanafiláticas. O antídoto nesses casos dependerá do tipode reação e caberá ao Médico Veterinário instituir a tera-pia adequada. A administração da vacina pode provocaro aparecimento de um pequeno nódulo no local da apli-cação que pode persistir por um período de até dois meses,sendo a maioria dos casos auto-limitantes, reduzindogradualmente e desaparecendo. A vacina é um estímulo para o Sistema Imunológico. A res-posta adequada à vacinação está diretamente ligada àcompetência imunológica de cada animal.

É importante lembrar que: • A vacina deve ser considerada como uma ferramenta decontrole, prevenção e erradicação de doenças dentre ou-tras obrigatoriamente necessárias;• Nenhuma vacina confere imunidade em 100% dos ani-mais vacinados. O processo de imunização tem estreitarelação com a imunocompetência individual dos animais; • Vacinas não conferem imunidade em animais muitojovens por interferência dos anticorpos maternais; • Animais estressados, imunodeprimidos, mal nutridos,que estejam incubando doenças infecciosas, apresentandoverminoses ou ainda estejam afetados por outras enfer-midades, podem apresentar resposta à imunização com-prometida.• Qualquer fator de natureza biológica (contaminação),química (substâncias químicas) ou física (calor, sol) capazde neutralizar ou inativar os vírus, torna estes antígenosineficientes, porque a ausência da replicação viral é insu-ficiente para a estimulação de uma resposta imune ade-quada. Isto pode ocorrer quando são observados fatoresrelacionados à má conservação ou validade superada davacina, ou ainda fatores humanos como erro na prepara-ção da vacina no momento da aplicação, uso de medica-mentos associados na mesma seringa, uso de produtosquímicos para esterilizar seringas, uso excessivo de álcoolpara assepsia da pele;• A vacina não deve ser utilizada como única ferramentade controle de doenças em grupos de animais. Devem serconsideradas obrigatoriamente, as medidas de biossegu-rança (os fatores de risco que aumentam a susceptibili-dade à doença devem ser combatidos).

14- Referências BibliográficasBIOVET: Biovet Brasilhttp://www.biovet.com.br/site/start/index.asp?categoria=3&sub-categoria=1&ling=pt&prod_menu=1 [acesso em 10/06/2010]FORTDODGE: Fort-Dodge http://www.fortdodge.com.br/divi-soes/pets/tecnologia.php[acesso em 10/06/2010]MERIAL: Merial saúde animal http://www.merial.com.br/vaci-nologia/Definitions/AtoE/AtoE8.htm [acesso em 10/06/2010]MERIAL: Merial saúde animalhttp://br.merial.com/donos_caes/solucoes/vacinacao/raiva/raiva.asp [acesso em 10/06/2010]REICHMANN, M. L. A.B. et al. Vacinação contra a raiva dos cães e gatos. In: Manual Técnico do Instituto Pasteur, n.3, 1999. 31p.http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/extras/manual_03.pdf[acesso em 10/06/2010]

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Necropsia, coleta e remessa de amostras de suínos para diagnóstico laboratorial

(Autopsy, collection and shipment of samples from pigs for laboratory diagnosis)

Eduardo Coulaud da Costa Cruz Júnior1, Roberto Mauricio Carvalho Guedes2

1- Médico veterinário • CRMV-DF nº10099 • Mestrando em Patologia, UFMG • [email protected] Médico veterinário • CRMV-DF nº4346 • PhD, Professor Adjunto - Depto de Clínica e Cirurgia Veterinárias - EVUFMG •Escola de Veterinária, UFMG • [email protected]

RESUMOEste artigo apresenta os procedimentos para realizar necropsia em suínos, bem como instruir sobre a coleta e envio deamostras ao laboratório para exames complementares, o que possibilitará uma adequada interpretação e adoção de me-didas de forma rápida e eficiente para o controle de doenças nesta espécie animal. Palavras-chave: necropsia, suínos, co-leta e remessa de material, diagnóstico.

ABSTRACTThis paper presents the procedures for conducting autopsies on pigs as well as instruct on collecting and sending samplesto the laboratory for additional tests, which will enable a proper interpretation and adoption of measures to fast and ef-ficient way to control animal diseases in this species. Key-words: necropsy, pigs, collection and shipment of material, diag-nosis.

1- IntroduçãoA necropsia constitui uma ferramenta imprescindível para se chegarao diagnóstico correto de diversas patologias. É preciso estar familiari-zado com a anatomia e morfologia dos órgãos para a correta interpre-tação dos achados. Esta adequada interpretação permite ao veterinárioa adoção de medidas de forma rápida e eficiente. Além disto, estas infor-mações irão ser fundamentais para que o patologista que receberá as a-mostras no laboratório execute os exames mais adequados. Dessa for-ma, este manuscrito tem como proposta demonstrar o procedimento ne-cropsia em suínos, bem como instruir sobre a coleta e envio de amostrasao laboratório para exames complementares.

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1. Procedimento de Necropsia:Estar preparado para o procedimento de necropsia signi-fica utilizar material adequado e sentir-se capacitado paraa sua execução. Pensar que a faca enferrujada que é dis-ponibilizada como última alternativa irá resolver o proble-ma é o primeiro passo para o fracasso do procedimento.Sem dúvida alguma, a faca tem papel principal no proce-dimento, mas esta tem de ser adequada para tal fim e as-sociada a outras ferramentas, tais como chaira (afiador),tesoura, pinça, segueta ou machadinha e luvas (Figura 1).A utilização de luvas pode soar estranha já que estaremosnecropsiando suínos, espécie rotineiramente evisceradapara aproveitamento da carne sem a utilização deste ma-terial de proteção. Entretanto, importante lembrar que a-gora necropsiamos animal(is) que estão enfermos, sendoalguns agentes patogênicos comuns ao suíno e ao homem,como por exemplo o Streptococcus suis. Como amostras frescas são as ideais para avaliação ma-croscópica e envio de material para laboratório, a euta-násia de animais doentes é o procedimento mais recomen-dado. A eutanásia por eletrocussão seguida de sangria é oprocedimento mais adequado. Para tanto, um fio elétrico,com dois eletrodos em uma extremidade e um adaptadormacho na outra são suficientes (Figura 1). Importante lembrar que os achados principais devem serlistados em folha a parte, juntamente com informações ge-rais como idade, percentual de animais acometidos e sin-tomatologia clínica, para envio ao laboratório juntamentecom as amostras coletadas. O ideal é que o procedimento seja executado em um locallimpo, bem iluminado e com disponibilidade de água, além

de se manter uma distância de segurança biológica, emrelação aos animais sadios.Para seleção de animais doentes para a eutanásia, se as-segure de que representem a condição clínica principal norebanho ou lote, estejam na fase aguda da doença e que nãotenham sido medicados. Preferencialmente, o animal deve ser colocado em uma pla-taforma elevada, limpa, como por exemplo, uma tábua oumesa (figura 2). Esta recomendação é particularmente im-portante caso tenham de ser feitas várias necropsias. Lom-balgias são consequências frequentes de um posiciona-mento inadequado para estes procedimentos.

Inicia-se a necropsia com uma avaliação externa rápida,ectoscopia, que leva em conta o estado geral do animal co-mo, condição corporal em relação ao seu lote e sua idade,presença de manchas avermelhadas (hemorragias) ou a-zuláceas (cianose) na pele e suas localizações, palidez ounão das mucosas visíveis. Além disso, podem ser obser-vadas hérnias, abscessos, inchaço de articulações, necrosede cauda e/ou orelha, canibalismos, corrimentos vulvares,diarréias, entre outros. Em seguida, o animal é posiciona-do em decúbito dorsal e é realizada a desarticulação dos mem-bros torácicos e pelvinos, nesta ordem (figura 3a). É inte-ressante que os cortes de desarticulação dos membros an-teriores sejam estendido em forma de “V” até a região men-toniana da mandíbula (Figura 3b), para facilitar a retiradada pele, osso esterno e parede abdominal ventral. Faça aavaliação dos linfonodos inguinais com relação ao tama-nho, coloração e superfície de corte (figura 4). Estes linfo-nodos estão frequentemente aumentados de volume emcasos de circovirose suína, epidermite exsudativa ou qua-dros septicêmicos.Procede-se então a abertura das cavidades torácica e ab-dominal a partir da pele incisada na região mentonianamandibular, seccionando as articulações costocondrais,

Figura 1 - Material utilizado na necropsia

Figura 2 - Utilização de plataforma elevada para o procedimento denecropsia.

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bilateralmente, e a parede abdominal ventral. Importanteobservar, neste momento, a presença de líquido ou exsu-dato nas cavidades torácica e abdominal. No caso da pre-

sença de tal material, a utilização de suabe sobre superfí-cies afetadas é uma alternativa para o isolamento bacte-riano. Utilize suabes com meio de transporte para que pre-servem melhor sua amostra. A observação do posiciona-mento normal dos órgãos irá auxiliar no diagnóstico depossíveis torções intestinais ou gástricas. Com ambas as cavidades abertas, todos os órgãos serãoexaminados. Assim, deve-se retirar a língua, traquéia, esô-fago, pulmões e coração, juntamente. Para isso, realiza-seuma incisão lateral e paralela as rafes da mandíbula, deforma que libere a língua, sem no entanto seccionar o esô-fago. Em seguida, desarticula-se o osso hio-ióideo de cadalado e segue rebatendo a língua, traquéia e esôfago, cau-dalmente, em direção aos pulmões, até que sejam libera-dos juntamente (figura 5). Durante a retirada dos pulmões, é importante observarse os mesmos apresentam algum tipo de aderência à cavi-dade torácica, lesão chamada de pleurite ou pleurisia (fi-gura 6).Na cavidade abdominal, serão avaliados o baço, fígado, rins,estômago e intestinos, nesta ordem. Os órgãos do tubo di-gestivo, que possuem grande quantidade de bactérias emseu lúmen, são deixados por último para diminuir a con-taminação da carcaça.Os intestinos devem ser separados do mesentério, uti-lizando-se a tesoura, pelo menos o suficiente para se fazeruma boa avaliação dos mesmos. Esta separação deve seriniciada no íleo, próximo a junção íleo-cecal. Assim sendo,a identificação da porção final do intestino delgado é im-perativa. Para tanto, lembrem-se de localizar inicialmenteo ceco e, posteriormente, a prega íleo-cecal (Figura 7).

2- Avaliação dos órgãosConforme dito anteriormente, a avaliação deve começarpelos órgãos com menor contaminação. Assim, devem serexaminados os pulmões, coração, baço, fígado, rins, bexi-ga, cornetos nasais, sistema nervoso central, articulações,estômago e intestinos, nesta ordem. Entretanto, nos casosonde existir uma suspeita clínica específica, particular-mente associada a diarréia, o intestino deve ser o primeiroórgão a ser avaliado, seguido de coleta de amostras fres-cas e fixadas em formalina 10%, tamponada.2.1 AVALIAÇÃO DOS PULMÕESObserva-se inicialmente a superfície dos pulmões, que de-ve apresentar cor rósea clara e lisa na ausência de lesões(figura 5). Além disso, deve ser avaliada a consistência dosmesmos através de palpação. Para pulmões normais é es-perada crepitação moderada, demonstrando presença dear no interior dos alvéolos. São exemplos de lesões encon-tradas em pulmões e que devem ser registradas: superfíciedeprimida, coloração vermelha escura e consistência bor-rachosa, sugestivo de atelectasia; mesmas

Figura 3 - a) Desarticulação dos membros torácicos e pelvinos, animalem decúbito ventro-medial, b) Secção da pele na região mentoniana damandíbula para facilitar a abertura das cavidades corporais.

Figura 4 - Avaliação dos linfonodos inguinais após a desarticulação dosmembros pelvinos

a

b

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características anteriores, mas consistência firme e pre-sença de exsudato ao corte é sugestivo de broncopneumo-nia que pode estar associada a presença de abcessos ou,aderências pleurais (pleurites) e à presença de material es-pumoso brancacento na traquéia e brônquios que é su-gestivo de edema pulmonar. Em relação ao material a ser coletado para pesquisa labo-ratorial, podem ser realizados suabes de tonsilas, cornetosnasais (figura 16), traquéia, pulmões, brônquios e cavida-de torácica. Ao utilizar suabe, deve-se ter bastante cautelapara que o mesmo toque apenas o tecido alvo. Podem ser

coletados também fragmentos de tecidos com lesões parahistopatologia ou imuno-histoquímica.

2.2 AVALIAÇÃO DO CORAÇÃODurante a abertura do saco pericárdico, não é esperadoqualquer tipo de aderência entre os folhetos visceral e pa-rietal do pericárdio. Além disso, este último deve apresen-tar superfície lisa e brilhante. Alterações como superfícierugosa, deposição de material fibrinoso ou aderências são

sugestivos de pericardite (figura 8). As câmaras cardíacastambém devem ser avaliadas, buscando principalmentelesões vegetativas nas válvulas semilunares da aorta e mi-tral, sugestivo de endocardite valvular. Este material é ex-celente para isolamento bacteriano e deve ser enviado aolaboratório. Para tanto, o ideal é a utilização de suabe (commeio de transporte) sobre a área acometida pela lesão,

Figura 7 - Ceco à mão direita, íleo à esquerda, ligados pela prega íleo-cecal, e linfonodos mesentéricos abaixo do íleo (Fonte: Dr. Pat Halbur,Iowa State University)

Figura 8 - Coração com superfície rugosa e deposição de fibrina, lesõestípicas de pericardite fibrinosa (Fonte: Túlia M.L.Oliveira)

Figura 5 - Pulmões, traquéia, esôfago e língua retirados juntos

Figura 6 - Pulmões aderidos às costelas (pleurisia)

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antes que seja feita qualquer manipulação.2.3 AVALIAÇÃO DOS RINS E BEXIGA Os rins devem ser cortados sagitalmente em sua curva-tura maior e retirada a cápsula. Qualquer alteração vistaem sua superfície, como pontos ou manchas avermelha-

das ou brancacentas deve ser relatada (figura 9). A ocorrência de pontos brancacentos na superfície dosrins é um achado frequente em animais com circovirose econstitui um quadro de nefrite. Manchas vermelhas oubrancas devem ser seccionadas para verificar se aprofun-dam em formato de cunha, o que é sugestivo de infarto re-cente ou antigo, respectivamente.A bexiga deve apresentar mucosa lisa, brilhante e semqualquer mancha. Lesões císticas são particularmente fre-quentes em matrizes gestantes e se caracterizam por es-pessamento da parede, mucosa avermelhada (Figura 10)ou necrótica e conteúdo purulento, necrótico ou hemor-

rágico.2.4 A AVALIAÇÃO DAS MENINGES, ARTICULAÇÕESE CORNETOS NASAISA avaliação das meninges e do sistema nervoso central émuito importante, especialmente, nos casos em que o ani-mal tenha apresentado tremores musculares, incoordena-ção, perda do equilíbrio, movimentos de pedalagem, opis-tótono e episódios de convulsões. Na avaliação das me-ninges, a cabeça deve ser desarticulada na região atlanto-occipital. Para a abertura do crânio, recomenda-se rebatertoda a pele e musculatura sob a região que será serrada,conforme figura 11. Para as patologias nervosas, como ameningite estreptocócica procede-se a coleta de suabes(figura 12) ou tecido imerso em formol tamponado a 10%,para histopatologia. Nesses casos, é possível encontrar apresença de secreção purulenta discreta a moderada de-

Figura 9 - Manchas avermelhadas na superfície renal

Figura 10 - Bexiga com hemorragia puntiforme na superfície mucosa

Figura 11 - Abertura do crânio com uma incisão transversal sobre o ossofrontal e duas laterais temporais até o forame magno (Fonte: Dr. Pat Hal-bur, Iowa State University)

Figura 12 - Suabe do sistema nervoso central (Fonte: Dr. Pat Halbur, IowaState University)

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positada sobre as meninges e/ou córtex cerebral.A avaliação das articulações deve ser particularmente de-talhada naqueles animais com histórico de claudicações ouque apresentem edemas ou aumento de volume nas mes-mas. Uma alteração comumente encontrada nesta regiãoé a turbidez do líquido sinovial, em diferentes graus, asso-ciada a hiperemia (aguda) e/ou proliferação da membranasinovial (crônica), que é fortemente indicativa de artrite in-fecciosa. Para lesões encontradas nas articulações reco-menda-se o envio de material para bacteriologia. Nestes ca-sos, suabes de conteúdo articular são amostras adequadaspara isolamento bacteriano (Figura 13).Os cornetos nasais devem ser avaliados em todos os ani-mais e para isso é feita uma secção entre o 2º e 3º molaressuperiores (figura 14). Uma vez seccionado, é feita a avali-ação dos cornetos que devem preencher toda a área da ca-

vidade nasal. Caso seja constatada uma atrofia e conse-quentemente aumento de área descoberta pelo preenchi-mento esperado do corneto nasal, tem-se reabsorção docorneto nasal. Além disso, é imprescindível avaliar o septonasal que em condições normais apresenta-se sem qual-quer curvatura que indique reabsorção de corneto nasal(figura 15). Suabes de cornetos ou tonsilas permitem iso-lamento de Pasteurella multocida toxigênica, causadora

da Rinite Atrófica.

2.5 AVALIAÇÃO DO FÍGADO, ESTÔMAGO E INTES-TINOSO fígado deve apresentar superfície lisa, brilhante, bordascortantes, coloração vermelha e ausência de qualquer nó-dulo, abscesso ou mancha. Coloração amarelada é suges-tiva de degeneração gordurosa que pode progredir para qua-dro cirrótico (Figura 17). Abcessos (Figura 18) podem serobservados na superfície ou no parênquima do órgão, sen-

Figura 13 - Suabe do líquido sinovial (Fonte: Dr. Pat Halbur, Iowa StateUniversity)

Figura 14 - Secção entre o 2º e 3º molares superiores para avaliação doscornetos nasais (Fonte: Dr. Pat Halbur, Iowa State University)

Figura 15 - Desvio de septo e reabsorção leve de corneto nasal ventraldireito.

Figura 16 - Suabe de cornetos nasais

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do necessário a secção do mesmo em várias regiões.Particular atenção deve ser dada à pars oesophagea naavaliação do estômago. Esta região é a mais acometida porúlceras nesta espécie (Figura 19), por ser desprovida decélulas mucosas. Animais de creche que tenham apresen-tado sintomatologia nervosa também merecem avaliaçãocuidadosa do estômago, pois podem apresentar acentuadoedema de submucosa em decorrência da Doença do Ede-ma, causado por Escherichia coli enterotoxigênica.Após avaliação do posicionamento normal dos intestinose retirada dos mesmos da cavidade abdominal, faz-se aavaliação de sua serosa que é ligeiramente rósea, lisa ebrilhante. Em casos de torções, o abdômen está dilatadoe os intestinos apresentam posicionamento alterado, comalças dilatas e com a superfície serosa intensamente con-gesta, quadro que é visto com maior frequência em ani-mais de terminação (Figura 20). A avaliação detalhada dointestino se inicia na junção íleo-cecal, com visualizaçãodo mesentério e linfonodos mesentéricos, que é seguidada secção longitudinal do órgão e exame da parede e mu-cosa. Porções de jejuno, íleo, ceco, cólon proximal e espiraldevem ser feitas da mesma forma. Importante tambémseccionar a ampola retal para avaliar a consistência dasfezes e verificar se o animal apresentava diarréia ou não. Em relação às patologias do sistema digestivo, mais pre-cisamente as de ordem entéricas, pode-se coletar conteúdointestinal de diferentes segmentos, de acordo com a pa-tologia sob suspeita, para bacteriologia e realização de

PCR. Neste caso, recomenda-se utilizar tubos coletores univer-sais descartáveis ou tubos Falcon, previamente esteriliza-dos. No caso de peritonites, recomenda-se a utilização desuabes. Para a histopatologia, deve-se coletar segmentosintestinais acometidos, linfonodos mesentéricos e fígado,em caso de lesão neste último.

Figura 17 - Fígado amarelado, com superfície rugosa e diminuído devolume, configurando quadro sugestivo de cirrose hepática

Figura 18 - Fígado apresentando abscessos em sua superfície. (Fonte:Túlia M.L.Oliveira)

Figura 19 - Úlcera Gástrica grau IV, com presença de coágulo sanguíneointragástrico

Figura 20 - Alças intestinais distendidas e com intensa congestão.

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A coleta de material deve ser realizada o mais rápido pos-sível após a morte do animal. Isso se torna extremamenterelevante quando se tem interesse em bacteriologia e his-topatologia. Vale ressaltar que a qualidade dos resultadosdiagnósticos está intimamente relacionada com a quali-dade do material recebido pelo laboratório. Isso demons-tra o quanto é importante preservar de forma correta o ma-terial a ser remetido, conforme a pesquisa diagnóstica quese busca.Para bacteriologia, as amostras coletadas devem ser acon-dicionadas com a mínima manipulação e exposição ao am-biente, afim de evitar contaminações com outros agentese isto mascarar o agente causador da lesão. Assim, para co-leta para bacteriologia deve-se utilizar preferencialmentesaco plástico limpo (não reaproveitados) ou suabe com meiode transporte. Após acondicionado em saco plástico, o material deve sercolocado em isopor com gelo, identificado e encaminhadopara o laboratório, o mais breve. Em relação a este mate-rial, podem ser solicitados diagnósticos de isolamento eidentificação bacteriana, antibiograma ou concentraçãoinibitória mínima de diferentes antimicrobianos e tambémpode ser realizado a PCR, exame muito específico e sen-sível.No caso da histopatologia ou imuno-histoquímica, os teci-dos coletados devem ser acondicionados preferencialmen-te em frascos rígidos de tampa rosqueada e larga, e imer-sos em solução de formalina tamponada a 10% (figura 22).Para 1 litro desta solução utiliza-se: 100 mL de formal-deído a 37-43%, 900 mL de água destilada, 4,0 g de fosfatode sódio monobásico e 6,5 g de fosfato de sódio dibásico.Os fragmentos de tecido coletados devem medir entre 2 e3 cm, visando garantir uma boa penetração do formol. Alémdisso, é preciso evitar que os fragmentos a serem coletadospara histopatologia sejam amassados e manipulados emdemasia, de forma que comprometa sua integridade.

Apesar de tudo aqui abordado, pode restar ainda uma dú-vida: qual exame devo escolher ? Bacteriologia? PCR? His-topatologia? Imunoistoquímica?A escolha ideal é aquela que associa a histopatologia comalgum outro dos acima citados. A histopatologia é uma fer-ramenta que permite visualizar o padrão de lesão tecidual.Entretanto, na maioria das vezes ela não nos permitiráafirmar qual é o agente etiológico envolvido. Ela apenas nosfornecerá subsídios para afirmar se estamos diante de umcaso de infecção bacteriana ou viral, ou até mesmo enu-merar quais os possíveis agentes por exclusão. Contudo,será necessário associar uma ferramenta diagnóstica queapresente maior especificidade que pode ser a bacteriolo-gia, imuno-histoquímica ou PCR. A escolha de apenas umaPCR, por exemplo, também deve ser cautelosamente in-terpretada pois o PCR positivo para um determinado a-gente, sem avaliação histopatológica, apenas nos permiteinferir que havia presença do agente, sem contudo afirmarque ele era o causador da lesão.São várias ferramentas diagnósticas disponíveis na medi-cina veterinária atualmente. Contudo, elas têm sido mui-tas vezes pouco utilizadas ou, ainda, má utilizadas. É pre-ciso conhecer quais os exames são indicados em cada ca-so, a correta forma de acondicionamento para cada diag-nóstico e, sobretudo, ter um importante senso crítico na in-terpretação dos resultados e suas respectivas correlaçõescom o quadro clínico encontrado nas granjas.

3- Referências BibliográficasSERAKIDES, R.; SANTOS, R.L.; GUEDES, R.M.C.; OCARINO,N.M.; NUNES, V.A.; NOGUEIRA, R.H.G. Cadernos didáticos, Pa-tologia Veterinária. Belo Horizonte: FEP MVZ Editora, 2006, 320p. SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D.S.N. Doenças dos Suínos.Goiânia: Cânone Editorial, 2007. 770p.STRAW, B.; ZIMMERMAN, J.J.; D’ALLAIRE, S.; TAYLOR, D.J.

Figura 21 - Enterite fibrinonecrótica Figura 22 - Material acondicionado de forma correta em formol tampo-nado a 10% para histopatologia ou imunohistoquímica e em saco plásticopara bacteriologia (Fonte: Dr. Pat Halbur, Iowa State University)

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Avaliação de mercúrio total pelométodo semi-quantitativo Allegraem peixes da espécie espadarteXiphias gladius (Linnaeus, 1758)*(Evaluation of total mercury by semi-quantitative method Allegra in fish species of swordfish

Xiphias gladius (Linnaeus, 1758))Larissa R. de Carvalho1, Majorie T. Duarte2

1- Graduanda de Medicina Veterinária da Fundação Educacional Dom André Arcoverde Valença - RJ - Brasil •[email protected] Docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Fundação Educacional Dom André Arcoverde Valença - RJ - Brasil

* Trabalho apresentado como monografia de graduação

RESUMOForam determinados os níveis de mercúrio total em Espadarte (Xiphias gladius) também conhecido como Meka, com oobjetivo de avaliar a qualidade do pescado consumido pela população. Os exemplares já estavam descabeçados e evis-cerados, quando foram pesados para verificar a relação entre peso e concentração mercurial. Para determinação de mer-cúrio total, utilizou-se o Método Allegra de determinação semi-quantitativa de mercúrio em pescado. A amostragem foicomposta de 30 exemplares do peixe de diferentes pesos, onde 40% apresentaram valores menores que 1ppm, 30% es-tavam acima de 1ppm e 30% apresentaram valor igual à 1ppm. Os resultados apresentados denotam o potencial de in-toxicação por mercúrio ao consumidor, principalmente nos casos de ingestão contínua desse peixe. Palavras-chave:intoxicação mercurial, pescado, meka.

ABSTRACTHave been determined the total of mercury levels in Sword fish (Xiphias gladius) also know as “Meka”, with the objectiveof evaluate the quality of the fish consumed by the population. The units were beheaded and without organs, when beenweighed to verify the relation between weight and mercuric concentration. The Method Allegra for determination of thesemi-quantitative of mercury was used in fish. The sample was composed of 30 units of Sword fish (Xiphias gladius) ofdifferent weights, where 40% presented values lesser than 1ppm, 30% were above of 1ppm, 30% presented value equalthe 1ppm. The results presented show the potential for mercury to the consumer, especially in cases ingestion continuesthat fish. Key-words: intoxication by mercury, fish, sword fish.

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1- IntroduçãoO pescado e seus derivados, além de serem fontes de pro-teínas, são também as principais formas de ingestão de mer-cúrio pelo homem, isso devido à ampla distribuição dessemetal pesado pela natureza, através de fontes poluentes,que podem ser de origem geológica ou antropogênica(SELLANES et al., 2002).Segundo Ferreira (2006), o mercúrio assim como vários deseus compostos são substâncias extremamente tóxicas, edescreveu o mercúrio como sendo um metal pesado, utiliza-do em larga escala para fins industriais e agrícolas na fa-bricação de acetileno; na indústria de madeira; na fabrica-ção de aparelhos elétricos; aparelhos de controle, como ter-mômetro e barômetro; pilhas e baterias; nas indústrias defabricação de papel; como fungicida; na proteção de se-mentes contra bactérias e fungos; nas pinturas de alta efi-ciência de cascos de barcos; entre outros. Outra forma dedispersão é a combustão de petróleo e carvão, chegandoao meio marinho pela atmosfera, precipitado pela chuva.O mercúrio inorgânico é liberado no ambiente e convertidoem metilmercúrio por meio de metilação bacteriana, essecomposto por sua vez é facilmente absorvido pela biotaaquática (MAURO et al., 1999).O metilmercúrio é a forma orgânica de maior toxicidade,segundo Dias et al. (2008) esse composto, pode represen-tar até 100% do mercúrio total presente no tecido muscu-lar dos peixes. Para Mauro et al. (1999) esse composto porser muito solúvel em gordura atravessa facilmente asmembranas celulares, danificando principalmente tecidodo sistema nervoso. Seus efeitos são variados e irrever-síveis podendo agir até como uma neurotoxina potente.O mercúrio, quando ingerido pelo pescado, combina-secom aminoácidos sulfurados e compostos alquimercuriassão fixados aos radicais sulfídricos das proteínas forman-do uma união química muito rígida dificultando assimsua eliminação. Alguns estudos já publicados mostramque os produtos submetidos aos processos de salga e de-fumação, não modificaram sua quantidade de mercúriototal (SOUZA et al., 1992). Porém outro estudo relatouque, o processo de cocção e fritura pode reduzir em tornode 30 % esse teor de mercúrio no pescado o que não dimi-nui o risco de exposição a esse metal em populações queconsomem peixes com altos teores de mercúrio em gran-des quantidades e frequência (LIMAVERDE FILHO et al.,1999).A contaminação do pescado é de interesse à Saúde Cole-tiva, principalmente em se tratando de mulheres grávidas,pois pode levar danos ao feto e crianças pequenas, porcausar problemas no desenvolvimento do sistema ner-voso. Esse risco depende da quantidade de peixe ingerido,da espécie e dos níveis de mercúrio contidos neles (EPA etal., 2004).

Organismos aquáticos são indicadores da presença demercúrio, levando em conta que as concentrações dessemetal aumentam à medida que se chega ao final da cadeiaalimentar. O elevado nível de mercúrio encontrado namusculatura desses animais ressalta as necessidades deum monitoramento do ambiente, pois se sabe que a mus-culatura é a porção do pescado mais consumida na ali-mentação humana (FERREIRA, 2006).Devido aos seus hábitos alimentares, os peixes da espécieEspadarte se encontram na ponta da cadeia alimentarmarinha, com isso se tornam propícios ao acúmulo de mer-cúrio na musculatura. O acompanhamento do teor dessemetal nessa espécie se torna importante, por ser um dospeixes mais exportados do Brasil para outros continentes,principalmente o Europeu. Diferentes concentrações de mercúrio são encontradas emdiversas espécies de pescado, porém espécies predadorascomo os cações (Carcharrhinus spp) e o Espadarte (Xiphiasgladius), tendem a apresentar maiores níveis de mercúriodevido ao seu tamanho e a idade em que são capturados,por ficarem mais tempo expostos ao mercúrio. Esses ani-mais se contaminam devido à ingestão de espécies não-car-nívoras que se alimentam de plânctons contaminados pormercúrio causados pela poluição.Alguns países adotam limites máximos de teor de mercú-rio, com isso alguns peixes se tornam impróprios para o con-sumo por oferecerem riscos tóxicos. Em países como osEstados Unidos e o Japão, o limite é de 1ppm para qual-quer espécie. Já na União Européia e no Brasil, o limitemáximo permitido para espécies pouco carnívoras é de0,5 ppm e de 1ppm para espécies predadoras, como o Es-padarte (BRASIL, 1999). Várias tragédias humanas ocorreram no mundo como con-seqüência direta da utilização do mercúrio e, este fato, vemmobilizando a atenção da comunidade científica mundial(FERREIRA, 2006).Portanto, objetivou-se a partir do presente trabalho ava-liar o grau de contaminação mercurial na musculatura de pei-xes da espécie Espadarte capturados no litoral capixaba,no período compreendido entre junho a agosto de 2008.

2- Material e MétodosPara a realização desse estudo, foram utilizados 30 exem-plares da espécie Espadarte. Esses animais foram obtidosde um entreposto de pescado, localizado na Cidade de Ita-pemirim no Estado do Espírito Santo (Brasil).A amostragem foi analisada, utilizando o Método Allegrade determinação semi–quantitativa de mercúrio (YAL-LOUZ, 1997), que é composto de 3 etapas: Pré-tratamen-to, determinação e comparação visual.Os peixes adquiridos já chegaram eviscerados e desca-beçados à indústria devido ao espaço que esses animais

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ocupam nas embarcações. Na ocasião, os peixes foramacondicionados em um container, pertencente à indústria,proporcionando assim um melhor armazenamento paraos peixes. No dia seguinte foram retirados seguimentosda musculatura de aproximadamente 40g e colocados emsacos de polietileno, identificados e encaminhados ao Labo-ratório de Controle de Qualidade próprio, onde foram es-tocados à temperatura de – 15ºC por 24h. Seguindo o Método Allegra de determinação semi–quan-titativa de mercúrio, fez - se primeiramente a digestão dasamostras, utilizando erlemayer de 50 mL onde foram pesa-dos cinco gramas da amostra em balança analítica e adi-cionaram-se cinco gotas de dimeticona, com a finalidadede que, ao colocar o ácido, a amostra não espumasse. Essasamostras foram digeridas em 25 mL de solução sulfoní-trica, obtida através da mistura de Ácido Sulfúrico, Pen-tóxido de Vanádio e Ácido Nítrico. A digestão foi realizadaem capela com exaustor, no banho-maria à 90ºC por 1 ho-ra e 30 minutos. Posteriormente, adicionou-se 20 mL de água destilada, 25mL de permanganato de potássio e 2 mL de hidroxilaminaa 20%. Logo após essa etapa, transferiu - se esse extrato ob-tido para um erlemayer com boca esmerilhada, que com-põe o sistema, onde se adicionou 25 mL de cloreto estano-so. Os vidros foram colocados nos aparelhos do sistemae após essa etapa o papel detector de mercúrio foi colocadono aparelho, ficando a amostra por 20 minutos no sistema.O papel detector de mercúrio é responsável pela capturado mercúrio que evapora quando o aparelho é ligado. Essepapel detector fica armazenado em um dessecador comágua e sal de magnésio.A determinação do mercúrio se dá por ação do cloreto es-tanoso e do ar comprimido do sistema que juntos promo-vem a evaporação do mercúrio da amostra.O resultado foi obtido por comparação visual, para issoutilizou-se um padrão de mercúrio a 1ppm, que foi prepa-rado com 70 mL de água destilada, 0,5 mL de mercúrio a1ppm e 2 mL de cloreto estanoso. Esse padrão foi levadoao aparelho juntamente com as amostras. O resultado de-pende da cor do papel detector de mercúrio que se ficarmais escuro, estará acima de 1ppm; se ficar mais claro es-tará abaixo de 1ppm; e se ficar igual à coloração do papeldetector estará igual a 1ppm.

3- Resultados e DiscussãoNo presente estudo foram encontrados valores acima eabaixo do limite de 1ppm. Sendo que 40% das amostrasestavam abaixo do limite de 1ppm, 30% apresentaram va-lor igual à 1ppm e 30% estavam acima do limite de 1ppmcomo pode ser observado na Tabela 1. Esses resultadosconfirmam a tendência de peixes predadores como os Es-padartes a acumularem mercúrio. Porém um estudo reali-

zado por Dias et al. (2008), mostrou que apenas 16% dasamostras de Espadarte estavam com valor superior a 1ppm,diferentemente do presente estudo.Vários autores relatam que a assimilação de mercúrio pe-los peixes está diretamente relacionada aos seus hábitosalimentares e que, dentre estes, os carnívoros se destacamapresentando as maiores concentrações deste metal emum ecossistema (SILVA et al., 1982).Por conta dessa relação, a Administração de Alimentos eDrogas (FDA) recomenda que não é recomendado ingerirpeixes como: Cação, Peixe- Batata, e Espadarte pelos seus

Tabela 1 - Teores de mercúrio total em Espadarte.

AMOSTRA PESO (KG) MERCÚRIO (1PPM)

Espadarte 50 Menor

56 Menor

96 Maior

41 Menor

24 Menor

29 Menor

100 Maior

34 Igual

40 Igual

32 Menor

30 Menor

83 Maior

82 Maior

94 Maior

38 Igual

33 Igual

32 Menor

40 Menor

34 Igual

23 Igual

28 Igual

38 Igual

51 Menor

51 Maior

153 Maior

45 Maior

18 Menor

97 Maior

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altos níveis de mercúrio e que se deve alimentar de aproxi-madamente 350gr por semana de uma variedade de espé-cies que apresentem baixos níveis de mercúrio, como porexemplo, os Pintados, Truta, Corvina, entre outros. Segundo Marino et al. (1976), o teor de mercúrio na mus-culatura, aumenta proporcionalmente com o tamanho doexemplar, porém no presente trabalho, a correlação pesoe teor de mercúrio total não se mostrou significativa, de-vido à presença de amostras relativamente pequenas queapresentaram concentração de mercúrio igual ou até mai-or que as demais amostras. No trabalho de Lacerda et al. (2000), a existência dessacorrelação entre mercúrio muscular e o peso foi relatadaem diferentes espécies de Cação pertencentes ao GêneroCarcharrhinus, com isso essa correlação vem sendo uti-lizada para definir o consumo de uma dada espécie por par-te dos humanos. Trabalhando com peixes de água doce em pisciculturasde São Paulo, Morgano et al. (2005), analisaram diferentesespécies de peixes e não encontraram nenhuma das amos-tras com níveis de mercúrio acima do permitido pela legis-lação vigente.De acordo com Kitahara et al. (2000), as espécies anali-sadas independentemente de serem predadoras ou não,apresentaram quantidades de mercúrio abaixo do limiteda legislação brasileira, diferentemente do presente estudoonde foram encontrados valores superiores a esses limites.Já Ferreira et al. (2006), confirmaram que peixes carní-voros possuem uma maior tendência em acumular mer-cúrio na musculatura, porém os valores médios encontra-dos em outros peixes analisados em seu estudo estão abai-xo da tolerância da legislação. No trabalho de Yallouz etal. (2001), 53% das amostras de atum sólido enlatado es-tudado, apresentaram um teor de mercúrio acima do máxi-mo recomendado, demonstrando a tendência que peixescarnívoros possuem em acumular mercúrio.

4- ConclusõesPode-se concluir que há risco sanitário imediato pelo con-sumo de peixes da espécie estudada e que houve correla-ção entre peso e concentração de mercúrio.Observou – se que 30 % das amostras apresentaram valo-res maiores que 1ppm, estando assim em desacordo coma legislação vigente e incompatível com o consumo. Os elevados níveis de mercúrio obrigam um maior contro-le do consumo de determinados peixes principalmente emse tratando de gestantes, por conta da vulnerabilidade dofeto ao mercúrio, que é capaz de atravessar a barreira trans-placentária.Os resultados obtidos servem como um alerta para neces-sidade de uma maior fiscalização e um monitoramentopermanente da contaminação de mercúrio em espécies

marinhas predadoras como o Espadarte, esse controle de-ve ser feito tanto para saber o grau de contaminação mer-curial pelas autoridades sanitárias, quanto para implan-tação dos programas de APPCC (Análise Perigos PontosCríticos de Controle) e BPF (Boas Práticas de Fabricação)nas indústrias de pescado.

5- Referências BibliográficasBRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento -Secretaria de Defesa Agropecuária, 20 de dezembro de 1999. Instrução Normativa n º42.DIAS, A. L. C., GUIMARÃES, J. R. D., MALM, O., M; COSTA, P.A. S. Mercúrio total em músculo de cação Prionace glauca (Lin-naeus, 1758) e de espadarte Xiphias gladius (Linnaeus, 1758), nacosta sul-sudeste do Brasil e suas implicações para a saúde pública.Caderno Saúde Pública, v. 24, n. 9, 2008.FERREIRA, M. S. Contaminação mercurial em pescado captura naLagoa Rodrigo de Freitas. 2006. 100 p. Dissertação (Mestrado emMedicina Veterinária) - Centro de Ciências Médicas, UniversidadesFederal Fluminense - Rio de Janeiro.KITAHARA, S. E., OKADA, I. A.; SAKUMA, M. Mercúrio totalem peixes de água doce. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 20, n.2, p.267-273, 2000.LACERDA, L. D., PARAQUETTI, H. H. M., MARINS, R. V.,REZENDE, C.E., ZALMON, I .R., GOMES, M. P., FARIAS, V. Mercury content in shark from the South-Eastern Brazilian coast.Revista Brasileira de Biologia, v. 60, n.4, 2000.LIMAVERDE FILHO, A. M., CAMOS R. C., GOES V. A., PINTOR.A.G. Avaliação da perda de mercúrio total em peixes antes e apósos processos de fritura e cocção. Revista Ciência e Tecnologia Ali-mentos, v.19, p.19-22, 1999.MAURO, J. B. N., GUIMARÃES, J. R.D., MELAMED, R. Aguapéagrava contaminação por mercúrio.Revista Ciência Hoje, v. 25, n.15,p. 68 – 71, 1999.MARINÕ, M e MARTIN M. Contenido de mercúrio em distintasespécies de moluscos y pescados. Anales de bromatologia, v. 28,p.155-178, 1976.MORGANO, M. A., GOMES, P. C., MANTOVANI, D. M. B.Níveis de mercúrio total em peixes de água doce de pisciculturaspaulistas. Revista Ciência e Tecnologia Alimentos, v. 25, n. 2, p. 250-253, 2005. SELLANES, A. G., MÀRSICO, E. T; SANTOS, N., SÃOCLEMENTE, S. C.; OLIVEIRA, G. A ., MONTERIRO, A .B. S. Mercúrio em peixes marinhos. Acta Scientiae Veterinariae, v. 30, p .107-112, 2002.SILVA, C.C. A., TOMMASI, L. R., BOLDRINI, C. V., PEREIRA,D.N. Níveis de mercúrio na baixada santista. Ciência e Cultura, v.35, n.6, p.771 – 773, 1982.SOUZA, J.V. B, GOYANNES A.L. Contenido de mercúrio en produ-tos de la pesca por espectrometria de absorción atômica en vaporfrio. Anales de Bromatologia, v. 44, p.45-57, 1992.U.S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, What YouNeed to Know about Mercury in Fish and Shellfish.Disponível em:http://www.epa.gov/waterscience/fish/advice/>. Acesso em: 20set 2008.YALLOUZ, A. Y. Método alternativo de determinação de mercúrioem amostras ambientais. 1997. Tese (Doutorado em QuímicaAnalítica). Pontifícia Universidade Católica - Rio de Janeiro.YALLOUZ, A. Y., CAMPOS, R. C.; LOUZADA, A. Níveis de mer-cúrio em atum sólido enlatado comercializado na cidade do Rio deJaneiro. Revista Ciência e Tecnologia, v. 21, p. 4, 2001.

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A importância e dificuldades do cultivo e reprodução de peixes nativos no Brasil

(The importance and difficulty of cultivation and breeding of native fish in Brazil)

Wesley Antunes Meireles1*, Luciano Xavier dos Santo2*, Sandro Figueiredo3*1- Médico veterinário • CRMV-MG nº57542- Zootecnista • CRMV-MG nº1455/Z3- Técnico em Agropecuária • CREA-MG nº27310TD*Os autores trabalham com a reprodução de peixes de caráter reofílico na Estação de Piscicultura de Machado Mineiro.Convênio CEMIG/Horizontes Energia/IFNMG - FADETEC

RESUMONeste artigo os autores comentam sobre a necessidade de atuação de profissionais cada vez mais qualificados para tra-balharem no setor produtivo e científico para aumentar a competitividade dos peixes nativos em relação aos exóticos,incentivando a preservação ambiental das bacias hidrográficas. Palavras-chave: cultivo, reprodução de peixes, qualifi-cação profissional.

ABSTRACTThe authors commented on the need for performance of increasingly skilled professionals to work in the productive sectorand scientists to increase the competitiveness of native fish in relation to the exotic, encouraging environmental preser-vation of the watersheds. Key-words: cultivation, fish breeding, professional qualification.

1- IntroduçãoDe acordo as estatísticas providas pelo IBAMA, em 2005 foram cultivadas 114 mil toneladas de peixes exóticos e 58mil toneladas de peixes nativos. Deste modo, diante do grande número de espécies de potencial que estão sendo culti-vadas em diversos estados brasileiros, a participação dos peixes nativos na piscicultura nacional ainda tem sido muitomodesta (KUBITZA et al., 2007).

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No Brasil, os cultivos de peixes exóticos, destacando-sea tilápia, carpa comum e a truta arco-íris, triunfam sobreo cultivo dos peixes nativos, devido sua tecnologia de cul-tivo e intensas pesquisas ligadas a desova induzida, lar-vicultura e nutrição (PIEDRAS et al., 2006). Além disso,a maioria das espécies exóticas não apresentam a incon-veniente presença de espinhas musculares (KUBITZA etal., 2007), enquanto está presente em várias espécies na-tivas, causando temor nos pais, no momento de optar emcolocar o pescado no prato de sua família. Assim, cada vezmais as crianças crescem sem contato com carne de peixe,tornando-se consumidores adultos sem tradição no con-sumo de pescado (KUBITZA et al., 2007). O desconheci-mento da tecnologia de beneficiamento do pescado, deforma artesanal ou mecânica, traz dificuldades do produ-tor rural em vender seu produto (NEIVA, 2010). Desde mo-do, os autores sugerem que sejam realizados treinamentosaos pescadores e produtores de peixes para beneficiaremseus pescados e conseguirem maior barganha no processode comercialização.

A larvicultura de peixes nativos com potencial para a pis-cicultura é, ainda hoje, fator de estrangulamento na cria-ção de várias espécies (LUZ & PORTELLA, 2002). Essadificuldade é relatada principalmente em relação às espé-cies que praticam o canibalismo durante toda a vida ouparte dela (SIPAÚBA-TAVARES & ROCHA, 1994). Noentanto, a alimentação é um dos fatores de maior impor-tância a serem considerados na criação de espécies nati-vas, tanto na fase de larvicultura (CESTAROLLI et al.,1997), como também na fase adulta, quando necessitar detreinamento alimentar (CAVERO et al., 2003).

2- Considerações FinaisEm virtude das escassas informações sobre o comporta-mento biológico das espécies nativas em seu habitat natu-ral, para que os programas de povoamento e repovoa-mento realizados pelas empresas que realizam tal prática

(CEMIG, CODEVASF, FADETEC e outras) no Estado deMinas Gerais tenham sucesso, é necessário o aprimora-mento das técnicas da indução da reprodução, identifi-cando o modelo propício para a utilização de hormôniosindutores e definindo a dosagem de hormônio e o períodode latência para obtenção de maior número de larvas ealevinos de boa qualidade (ANDRADE & YASUI, 2003).Estas informações poderão nortear novos experimentos,melhorando as condições de cultivo, valorizando a ativi-dade no sentido econômico, assim como aumentando o nú-mero de alevinos destinados à preservação das espécies(ANDRADE-TALMELLI et al., 2002). Outra causa de in-sucesso na reprodução de espécies nativas é a dificuldadede captura dos reprodutores no ambiente natural, além daescassez de estudos genéticos e sanitários na solturadestes peixes nas bacias hidrográficas do Estado de MinasGerais.Deste modo, destaca-se como conclusão deste trabalho, anecessidade de atuação de profissionais cada vez maisqualificados trabalharem no setor produtivo e científicopara aumentar a competitividade dos peixes nativos emrelação aos exóticos, incentivando a preservação ambien-tal de nossas bacias hidrográficas.

3- Referências BibliográficasANDRADE, D.R.; YASUI, G.S. O manejo da reprodução natural eartificial e sua importância na produção de peixes no Brasil. RevistaBrasileira de Reprodução Animal, v.27, n.2, p.166-172, 2003.ANDRADE-TALMELLI, E.F.; KAVAMOTO, E.T.; NARAHARA,M.Y.; FENERICH-VERANI, N. Reprodução induzida da piabanha,Brycon insignis (Steindachner, 1876), mantida em cativeiro. RevistaBrasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.803-811, 2002.CAVERO, B.A.S.; PEREIRA-FILHO, M.; ROUBACH, R.; ITUASSÚ, D.R.; GANDRA, A.L.; CRESCÊNCIO, R. Efeito da densidade de estocagem na homogeneidade do crescimento de juve-nis de pirarucu em ambiente confinado. Pesquisa AgropecuáriaBrasileira, v.38, n.1, p.103-107, 2003.CESTAROLLI, M.A.; PORTELLA, M.C.; ROJAS, N.E.T. Efeito donível de alimentação e do tipo de alimento na sobrevivência e no desempenho inicial de larvas de Curimbatá Prochilodus scrofa(STEINDACHNER, 1881). Boletim do Instituto de Pesca, v.24,p.119-129, 1997.KUBITZA, F.; ONO, E.A.; CAMPOS, J.L. Os caminhos da pro-dução de peixes nativos no Brasil: Uma análise da produção e obstáculos da piscicultura. Panorama da Aquicultura, v.3, p.14-23, 2007.LUZ, R.K.; PORTELLA, M.C. Larvicultura de trairão (Hoplias lacerdae) em água doce e água salinizada. Revista Brasileira deZootecnia, v.31, n.2, p.829-834, 2002.NEIVA, C. Aplicação da tecnologia de carne mecanicamente sepa-rada – CMS na indústria de pescado. Santos, SP. Disponível em:ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/IIsimcope/palestra_cristiane_neiva.pdf Acessado em: 31/03/2010.PIEDRAS, S.R.N.; POUEY, J.L.O.F.; MORAES, P.R.R. Comporta-mento alimentar e reprodutivo de peixes exóticos e nativos cultiva-dos na zona sul do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira deAgrociência, v.13, n.3, p.341-344, 2006.SIPAÚBA-TAVARES, L.H.; ROCHA, O. Sobrevivência de larvas dePiaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887) (Pacu) e Colossomamacropomum (Cuvier, 1818) (Tambaqui), cultivadas em laboratório.Biotemas, v.7, n.1/2, p.46-56, 1994.

Figura - Peixes cultivados na Estação de Piscicultura de MachadoMineiro (Arquivo fotográfico dos autores).

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Histórico da intervenção do Estadona pecuária leiteira no Brasil*

(Historical of the State intervention in milk cattle raising in Brazil)

Danilo Cavalcanti Gomes1, Erly do Prado2, Matheus Anchieta Ramirez3, Daniel Ottoni1, Danilo Barreto Cyrillo¹, Edgard OnodaLuiz Caldas¹, Leonardo Salgado Maia¹1- Estudantes de graduação da Escola de Veterinária da UFMG, IC • Voluntário2- Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da EV-UFMG • CRMV-MG nº47953- Mestrando em Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG

* Trabalho premiado na FEPALE 2010

RESUMONeste artigo é realizada uma análise sobre a intervenção do estado brasileiro na pecuária leiteira, avaliada em perspectivahistórica nacional, sem identificar situações e particularidades regionais ou locais. Utilizou-se como metodologia pes-quisas bibliográficas nas áreas de Sociologia Rural, Ciência Política e Economia Rural buscando-se avaliar esta inter-venção desde a introdução dos primeiros bovinos, no inicio do período colonial brasileiro até os tempos atuais.Constatou-se que os governantes brasileiros ainda não foram capazes de construir um projeto de desenvolvimento sócio-econômico para o setor leiteiro, que produzisse tanto boa rentabilidade aos produtores, quanto acessibilidade ao leitepara toda população. Palavras-chave: políticas públicas, pecuária leiteira, Estado.

ABSTRACTIn this paper an analysis of state intervention in the Brazilian dairy industry, valued at national historical perspective,without identifying situations and specific regional or local. Used as library research methodology in the areas of RuralSociology, Political Science and Rural Economy seeking to evaluate this intervention since the introduction of the firstcattle at the beginning of the Brazilian colonial period to modern times. It was found that the Brazilian officials havenot been able to build a project of socio-economic development for the dairy sector, which produces both good returns toproducers, as accessibility to milk for the whole population. Key-words: public policy, dairy, State.

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1- IntroduçãoUm dos grandes entraves para o desenvolvimento socioe-conômico da pecuária leiteira no Brasil é a carência de po-líticas públicas eficientes para o setor. A grande impor-tância que o leite alcançou na dieta da população brasi-leira não refletiu na valorização do segmento mais funda-mental da cadeia láctea: a produção. A história da bovi-nocultura leiteira é marcada por uma intervenção estatalirregular, em que não há uma política eficiente de apoiogovernamental para os produtores. Este trabalho teve porobjetivo avaliar por meio de uma perspectiva histórica aspolíticas do Estado brasileiro em relação ao setor leiteiro.Verificar como as condutas político-econômicas dos dife-rentes governos nacionais foram significativas para a bai-xa sustentabilidade da pecuária leiteira no Brasil.

2- MetodologiaO trabalho foi feito por meio de pesquisas bibliográficasnas áreas de Sociologia Rural, Ciência Política e Econo-mia Rural e discussões sobre o assunto no Grupo de Es-tudos da Agricultura Familiar/UFMG. A análise da inter-venção do Estado na pecuária leiteira foi avaliada em pers-pectiva histórica nacional, sem identificar situações e par-ticularidades regionais ou locais. As atividades da pesqui-sa ocorreram entre Março e Setembro de 2009.

3- Resultados e DiscussãoDesde a introdução dos primeiros bovinos, no inicio do pe-ríodo colonial brasileiro, até o ano de 1944, a atividade lei-teira não teve qualquer atenção por parte das autoridadespolíticas nacionais (PRADO, 2005).No ano de 1945, o leite fluido passou a ser tabelado pelogoverno do presidente Getúlio Vargas com o objetivo de ga-rantir acessibilidade ao produto pela população e ajudara controlar a inflação. Esse tabelamento perdurou até o iní-cio dos anos 90, quando ocorreu a fase de intensa liberali-zação econômica.De 1945 a 1965 existiu uma tímida política de assistênciatécnica, porém não havia uma clara definição de políticaspara o setor. De 1965 a 1985 houve grande apoio governa-mental por meio de oferta abundante de crédito subsidia-do, Assistência Técnica e Extensão Rural e pesquisa agro-pecuária. Basta lembrar que é nesse período que foramcriadas a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Ex-tensão Rural (EMBRATER) e a Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária (EMBRAPA).A partir de meados da década de 80 houve uma tendênciaà liberalização da economia em que a pecuária vai se sub-meter às regras do mercado. Entre 1990 e 1994 ocorreu a li-beração geral dos preços do leite e a abertura para a con-corrência internacional. Segundo MEIRELES (2004), essasituação prejudicou bastante a produção leiteira no Brasil,

que não possuía poder competitivo com o leite em pó im-portado, já que esse contava com fortes subsídios nos seuspaíses de origem.Somente em 2001, o governo do presidente Fernando Hen-rique Cardoso interveio para coibir a concorrência de-sigual que até então existia, com o estabelecimento de ta-rifas anti-dumping no setor. Apesar de a medida favorecero leite nacional, pouco foi feito pelo Estado nos primeirosanos do século XXI, que beneficiasse os produtores, fican-do estes ainda bastante submissos à indústria de laticí-nios.As intervenções do Estado brasileiro na pecuária leiteirapodem ser, assim, classificadas em quatro posturas dife-rentes: omissa, predatória, perdulária e negligente. Cons-tatando-se que os governantes brasileiros ainda não foramcapazes de construir um projeto de desenvolvimento sócio-econômico para o setor leiteiro, que produzisse boa renta-bilidade aos pecuaristas e também acessibilidade ao leitepara toda população. Em meio aos descaminhos históricosda política brasileira, Prado (2005) mostra que os produ-tores estão se tornando trabalhadores pluriativos, comoforma de melhorarem sua renda. Nesse contexto, de des-caso com a pecuária leiteira, observa-se ainda que o setoragrário é permissivo aos baixos rendimentos financeirosda atividade.

4- ConclusãoA identificação desses comportamentos do Estado é fun-damental para a compreensão dos problemas de rentabili-dade que vive a bovinocultura de leite atualmente. A pe-cuária leiteira tem sido vitima das contradições políticaspor parte da classe dirigente, bem como da falta de sensi-bilidade política dos segmentos envolvidos com o meioagrário, que ainda não sabem ao certo como resolver as di-ficuldades políticas, econômicas e sociais do setor.

5- Referências BibliográficasPRADO, Erly. A Saga da pecuária leiteira no Brasil: uma atividadehistoricamente desfigurada tanto pelo Estado como pelo Mercado.2005. 49f. Monografia (Graduação em Ciências Sociais) – Universi-dade Federal de Minas Gerais.MEIRELES, Almir José. O leite e a economia brasileira: 1951-2002.Revista Balde Branco, São Paulo, v.40, n.480ª, p.48-52, 2004.PRADO, E. et al,. Avaliação do desempenho econômico técnico-econômico de explorações leiteiras em Divinópolis–MG. Belo Horizonte: Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.47, n.3, p.361-372, 1995.RUBEZ, J. O Leite nos últimos dez anos. Leite Brasil, São Paulo,setembro de 2003. Disponível em: http://www.leitebrasil.org.br/ar-tigos/jrubez_093.htm Acesso em 13 agosto 2009.GOMES, Sebastião Teixeira. Economia da Produção de Leite. 1. ed.Belo Horizonte, 2000. 132p. (Coleção de artigos/CCPR – Itambé).EMBRAPA GADO DE LEITE. Preço por litro de leite "C" ao produ-tor e ao consumidor (MG), Juiz de Fora. Estatísticas do Leite. Agostode 2006. Disponível em: http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/infor-macoes/estatisticas/indicadores/leiteccp.php Acesso em 10 set. 2009.

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O Brasil pede socorro à classe médica veterinária(Brazil asks the veterinary category for help)

Rogério Vieira Santiago1

1- Advogado • OAB/MG nº64560 • [email protected]

RESUMONeste trabalho o autor relata suas preocupações com o sistema de saúde brasileiro, as desigualdades sociais deste país.Um ponto importante ressaltado foi a criação do Sistema Único de Saúde pelo governo federal e a inserção da MedicinaVeterinária neste contexto. Palavras-chave: saúde, desigualdades sociais, SUS, Medicina Veterinária.

ABSTRACTIn this paper the author reports his concerns to the Brazilian health system, social problems in this country. An importantpoint emphasized was the creation of the Unified Health System by the federal government and the insertion of VeterinaryMedicine. Key-words: health, social problems, SUS, Veterinary Medicine.

1- IntroduçãoAo menos desde o início do século passado, quando gran-de parte do mundo já era composto por países indepen-dentes de seus colonizadores, graves epidemias já dizi-maram povos inteiros, dado ao pequeno avanço da “ciên-cia médica” da época. Como exemplo, lembro-me da famo-sa “gripe espanhola”que espantou o mundo nos anos 20 (vin-te) do século passado. Tantas vidas humanas foram dizi-madas em virtude de doenças viróticas e bacterianas que,disseminadas, geraram epidemias, como foi a “gripe espa-nhola” do início do século passado e, mais recentemente, aprópria “gripe suína” do ano passado. Dada a fácil profusão destas doenças viróticas e bacteri-anas que um dia ameaçaram apenas um grupo limitadode pessoas e, de um momento em diante, se espalhou portodo o mundo, ameaçando a perpetuação da vida humanaem geral na terra, as profissões de “médico sanitarista” e“médico cientista”, ganharam grande relevo e passarama ganhar também o reconhecimento do valor de seus des-forços laborativos especialmente dos países mais ricos.Quando se fala que estas duas especialidades da medicinaganharam mais relevo nas comunidades mais ricas, é por-que era preciso que os Estados-personificados fossem osmaiores incentivadores, inclusive do ponto de vista eco-nômico-financeiro, para que dos estudos deles, surgissemas soluções para cura e/ou tratamento de diagnoses novasque tanto ameaçavam a perpetuação da vida humana naterra.A seu turno, a grande maioria dos países mais pobres, oschamados de terceiro mundo, que não tinham recursospara patrocinar e incentivar a profusão da “ciência mé-dica científica preventiva”, teve que se contentar em gas-

tar os parcos recursos que tinha com o resultado do pro-duto dos trabalhos desenvolvidos pelos médicos estran-geiros, consistente em remédios, vacinas e medicamentospara cura ou ao menos redução dos efeitos de diagnosesantes incuráveis.Não se desconhece que, mesmo em países de terceiro mun-do, onde o incentivo para a profusão desta espécie de ativi-dade médica ainda é acanhada por pura falta de recurso,surgiram ícones da ciência médica que verdadeiramentese abstraíram por completo da falta de incentivos governa-mentais e, contando com a força única de seus próprios i-dealismos, contribuíram enormemente para a erradicaçãode várias doenças que antes mataram milhares, quiçá atémilhões de pessoas no mundo inteiro.Também sem deixar de dar exemplo, aqui mesmo dentrodo Brasil tivemos personalidades como Oswaldo Cruz,Hilton Rocha e tantos outros médicos que dedicaram todaa vida para servir ao próximo e tentar salvar a vida alheia,independente de onde ela estivesse e independentementede qualquer contrapartida pecuniária.E, até mesmo bem próximo, assisti ainda menino meu avômaterno dedicar toda sua vida para tratar de pessoas por-tadoras de hanseníase, geralmente pobres do ponto de vis-ta sociológico, que viviam à margem da sociedade dentrode “leprosários”, isoladas de tudo e de todos, muitas das ve-zes contando apenas com o médico até mesmo para conversar.Vi até aí, em médicos anônimos, mas nem assim menosilustres que os antes nominados que marcaram a história damedicina do Brasil, homens dotados de sensos humanís-ticos tão elevados, que colocavam a vida alheia submetidaa seu trato, acima de rigorosamente todos os seus inte-resses pessoais e até familiares.

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Voltando ao meu avô, sou uma testemunha viva de que adimensão de seu amor ao próximo e a vontade de servir àcoletividade portadora de hanseníase era tão exacerbada,que ele chegou ao ápice de levar consigo toda sua famíliapara morar na “Colônia Santa Isabel”, “leprosário” do in-terior de Minas Gerais de onde foi diretor durante muitose muitos anos, isto tudo dentro de um momento históricoem que a doença não tinha cura e o isolamento dos doen-tes em “leprosários” era condição para evitar a profusãoda diagnose. Mesmo com o risco de seus próprios familiares ficaremdoentes por força de contato com os “leprosos” que comeles passaram a conviver, ainda assim ele deu talvez omaior de todos os exemplos de humanismo e solidarie-dade para com todos os que ficaram submetidos aos seuscuidados profissionais, levando para morar consigo den-tro do “leprosário” seus familiares, promovendo aí tambémuma inclusão social destes doentes. Fruto de tanta abdicação ao dinheiro/conforto e, de uma e-levada dose de humanismo no trato com seus pacientes,quando ele deixou a direção do “leprosário”, a saudade des-pertada em todos que com ele conviveram foi tamanhaque, em reconhecimento, eles lhe prestaram uma singela,porém significativa homenagem que ele trouxe por todasua vida profissional como um verdadeiro “troféu”, talvez omaior que ele recebeu durante mais de 50 (cinqüenta) anosde dedicação contínua à medicina, destes que dinheironenhum deste mundo paga: a nova direção da colônia fezquestão de deixar seu nome eternizado naquele “lepro-sário” dando a uma de suas alas o nome de sua filha maisvelha Maria Luíza, àquela época uma menina e que maistarde tornou-se minha mãe.Muitos falam que “não se fazem médicos como antiga-mente”, aí se referindo à “mercantilização” da atividademédica, onde o que se mais se vê é a proliferação de coo-perativas de trabalho que buscam muito mais extroversão(sinônimo de lucro), que aprimoramento do atendimentoao cidadão.Outros tantos falam que a nova geração de médicos nãoveio comprometida com idealismos humanistas por forçado capitalismo hoje globalizado por força do fenecimentoda doutrina “marxista” que antes impulsionou a criação deum “bloco comunista” que tinha princípios e ideais mara-vilhosos, mas que se revelaram inatingíveis onde imple-mentados.Dada a globalização do capitalismo diria até mesmo deforma “selvagem” e agressiva, era mesmo de se imaginarque a “mosca azul” “picaria” a classe médica, desvirtu-ando seu idealismo e colocando em risco a necessidadeconstante de impulsionamento das “atividades médicascientíficas, sanitaristas e comunitárias”, estas dependen-tes de implementação cada vez mais forte de políticas gover-namentais de cunho social, muitas das vezes esquecidas

em retóricas de palanque das campanhas eleitorais, preju-dicando a imensa e densa camada da população que se en-contra na base piramidal societária, carente de recursos atémesmo para se deslocar aos postos de saúde público.No Brasil, desde 05/10/1988, com a promulgação da atualordem constitucional federal, houve uma visível preocu-pação do legislador constituinte em criar, dentro da “lexmater” nacional, normas programáticas que pudessemconduzir à criação de Sistemas de Saúde Únicos, que atin-gissem a integralidade dos brasileiros, daí previsão jus-constitucional de que todos os benefícios da seguridadesocial, ao menos os concebidos dali em diante, teriam deser inspirados no princípio da “universalidade”.A criação do Sistema Único de Saúde, no plano constitu-cional e/ou infra-constitucional, tem como um dos maio-res desafios reduzir as desigualdades regionais, seja doponto de vista sócio-econômico, seja do ponto de vista cul-tural, não para transformar os múltiplos “Brasis” que exis-tem dentro do todo unitário “Brasil”, retirando do povo bra-sileiro uma de suas maiores riquezas, consistente na di-versidade de povos, raças, credos, culturas, todas passí-veis de convivência pacífica e respeitosa dentro de uma mes-ma região geográfica, mas sim para assegurar para todaesta população tão desigual em rigorosamente todos osaspectos, acesso a um sistema de saúde público igualitárioe gratuito.Examinando o Sistema Único de Saúde do ponto de vistalegislativo, é possível vislumbrar que a principal preocu-pação de seus criadores, foi o de “universalizar” a rede pú-blica de saúde, não apenas fornecendo acesso a ela paratoda a população brasileira, sem distinções, mas tambémpossibilitando que esta rede tivesse custeio suficiente aassegurar um atendimento de boa qualidade.Hoje ainda é utópico, mas o desejo mesmo do legisladorinfraconstitucional foi atender ao postulado previsto noart. 196 da CF/88, criando mecanismos para que o Estadopudesse efetivamente cumprir sua obrigação de matizesconstitucionais de garantir o acesso de todos os brasileirosaos mais elevados níveis de atendimento médico-hospitalar.Fala-se utópico, porque a criação de uma rede de tantasramificações capaz de atingir com eficácia até lugares aque o homem não tem acesso por vias terrestres, como éo caso da população indígena embrenhada dentro da mataamazônica, acessível apenas por via fluvial, é algo aindainimaginável dentro de um país de dimensões continentaise recheado de imensas desigualdades regionais, das maisvariadas ordens e grandezas.Conquanto ainda utópico o sonho do legislador constitu-inte federal ver implementada no Brasil uma rede de a-tendimento médico hospitalar estatal de alta qualidade,que atenda a todos indistintamente, do “Oiapoque aoChuí”, tornando até desnecessário que os brasileiros te-nham que se filiar a estas cooperativas de trabalho médico

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que hoje se multiplicam para viabilizar o acesso à rede pri-vada de saúde, fato é que, sobretudo, nos últimos gover-nos, a preocupação com o bem estar do ser humano vemimpulsionando à melhoria da rede pública de saúde. Nãoque o Brasil tenha atingido um nível de excelência naprestação destes serviços, menos ainda que hoje eles este-jam atingindo a “universalidade” dos brasileiros, mas simque hoje já é possível ver dentro dos mais altos escalões degoverno, pessoas comprometidas em ampliar cada vez maisa rede, de molde a atingir cada vez mais pessoas e servirmelhor a cada uma delas.Quanto a valorização do trabalho médico que se encontraembrenhado nesta rede, também ainda há um longo cami-nho a ser trilhado, já que num país desta dimensão, detantas desigualdades e, tanta pobreza na base piramidalsocietária, era mesmo de se esperar que todos os que a elaestão filiados ainda não recebem a contrapartida justapelo tanto que empenham. Eis aí o retorno do idealismodentro da classe médica, que hoje vem conduzindo jovensa se embrenhar dentro de matas fechadas por vias fluviaispara atendimentos a povoados que muitas vezes nem fa-lam a língua portuguesa, praticamente fora da civilizaçãoe vivem em situações de higiene completamente fora dos pa-drões vistos até mesmo nas mais pobres cidades deste país.Transparece que, mesmo dentro deste “capitalismo sel-vagem” e globalizado, ainda há profissionais da medicinaque, muito além de meramente atender seus pacientes, de-sejam ir além, contribuindo para a perenização da vidahumana na terra.

2- A Visão da “Medicina Veterinária”Dentro do Sistema Único de SaúdeA mesma evolução que ocorre na medicina humana, nãose vê na “medicina veterinária”, a quem o legislador cons-tituinte federal também determinou fossem criadas nor-mas viabilizadoras de sua integração ao Sistema Único deSaúde dos humanos.Ressoa visível que a preocupação do legislador constitu-inte com a saúde animal, ao menos dentro do que sobre-veio jusconstitucionalizado, não teve como objetivo criarnormas e mecanismos tão só para resguardo da integri-dade/intangibilidade da rica fauna do país, mas sim pararesguardo da saúde dos animais criados para gerar ali-mentos para consumo interno e/ou destinados à exportação. Vê-se, infelizmente, que o legislador constituinte federalidealizador do texto constitucional que sobreveio efetiva-mente promulgado em 05/10/1988, não teve uma visãomais amplificada do quanto seria importante a criação demecanismos hábeis ao fomento da saúde animal como umtodo, independente do animal ter ou não valor economi-camente agregado.Até porque por detrás de cada parlamentar constituinte

existia um cidadão brasileiro, que tinha família e filhos, asociedade brasileira esperava que o texto constitucionalfederal proporcionasse importância ao trato até mesmoda saúde do animal doméstico. Isto porque, todos os que têmdentro de sua casa um animal doméstico, sabem muito bemo quanto eles se interagem com a família, servindo de ele-mento agregador de seus membros. Quando um animaldoméstico morre, a família que dele cuida geralmente sen-te “luto” tal como se um dos seus componentes, seres hu-manos, tivessem partido para a vida etérea.Daí se vê que, se o legislador constituinte originário fede-ral teve grande preocupação com a tutela da família, deve-ria ele também ter o máximo de cuidado para que estes“apêndices” familiares, como os animais domésticos quecom a família se interagem de forma amorosa, tivessem aproteção do Estado. Verifica-se que a preocupação maiordo legislador constituinte originário federal relativamenteà criação de sistemas únicos de fomento da saúde animal,ficou restrita a dois grupos: aos que têm valor econômicoagregado e aos que de uma maneira ou de outra se trans-formam em alimento da população.Vejam todos que dentre os arts. 196 a 200 da CF/88, quetratam da “saúde” enquanto benefício da “seguridade so-cial” no plano constitucional, o legislador constituinte nãotrouxe uma disciplina da “saúde” animal como um todo,mas apenas daqueles que servem de alimento para o serhumano. Existem, dentre os incisos do art. 200 da CF/88,normas programáticas determinantes da criação de me-canismos mais seguros de “vigilância sanitária” para pre-venir “epidemias”, aí integrando a “saúde animal” no Sis-tema Único de Saúde apenas enxergando a possibilidadede sua tutela pelo Estado, quando dela derivar risco à in-tegridade da vida humana.Numa síntese, o legislador constituinte brasileiro apenasintegrou ao Sistema Único de Saúde que sobreveio criado,no que tange à “saúde animal”, as atividades afetas ao po-der de polícia administrativa de “vigilância sanitária”,seja para evitar proliferação de “doenças” animais aindapouco conhecidas em seres humanos, gerando “epide-mias” incontroláveis, seja para controlar a higiene da ca-deia produtiva dos alimentos derivados da criação animal,aí com o fito de controlar a qualidade dos alimentos quefomentam a vida do ser humano.O que se tornou “único” no plano constitucional são as nor-mas de cunho sanitário de criação de animais criados paraabastecerem a alimentação humana.Esta atividade tornou-se “única” em todo o território nacio-nal, obviamente porque era realmente necessário que ocontrole sanitário da criação animal para os fins ali decli-nados fosse realmente nacionalizado para evitar a quebrado princípio da “universalidade” do sistema. Enxerga-seaí certa dose de despreocupação com a tutela da “saúdeanimal” vista de forma isolada do contexto da “saúde hu-

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mana”. E, ainda, uma preocupação apenas de tutelar a“saúde animal” relativamente àqueles que servem e/oufornecem derivados que servem de alimento ao ser humano.Hoje, passados 22 (vinte e dois) anos da promulgação daatual ordem constitucional brasileira, vê-se com maiorclareza que é preciso criar mecanismos de tutela pelo Es-tado da “saúde animal” como um todo. Mais consciente doque representa, sobretudo a “Floresta Amazônica” para asobrevivência do planeta terra, a sociedade brasileira hojeassiste organismos estrangeiros procurando na rica florae fauna desta maior floresta tropical do mundo soluçõespara criar mais e mais medicamentos para tratamento dediagnoses humanas ainda carentes de melhor profilaxia.O que mais causa tristeza é perceber que até hoje, a socie-dade brasileira em geral repudia a iniciativa estrangeiranão porque toda esta riqueza de diversidade animal nativapertence a nós, brasileiros, mas sim porque fruto da pes-quisa dela estão sendo desenvolvidos medicamentos empaíses estrangeiros, para futura revenda ao Brasil.Não se consegue, em momento algum, se abstrair deste “ca-pitalismo” verdadeiramente avassalador, para se perceberque a tutela da fauna e da flora pelo Estado Brasileiro re-presenta muito mais que geração de divisas, mas sim umacontribuição para que o meio ambiente mundial seja ree-quilibrado.Já era hora do brasileiro perceber que a natureza está cla-mando por “socorro” exatamente porque o bicho-homema está destruindo. E, fruto desta destruição, destruindo flo-ra e faunas que paradoxalmente poderiam servir de sal-vação deles.O aquecimento global, o aumento exagerado de pragaspara quem maneja plantio, decorre precipuamente de doisfatores: o primeiro, a falta de controle da devastação dasmatas; o segundo, a falta de controle da mortandade dasespécimes que se servem destas pragas para se alimenta-rem, dentro da “cadeia alimentar” animal, mortandade es-ta derivada muitas das vezes pela perda do habitat naturalfruto do desmatamento indiscriminado e impassível decontrole.Era para o brasileiro já ter “acordado de seu sono letár-gico” para se aperceber que a proteção ao meio ambiente,nele incluindo a integridade de sua fauna e flora nativas,é medida de salvaguarda à própria sobrevivência do serhumano em sociedade. Basta que todos tragam à memóriauma reportagem televisiva recentemente divulgou acercada invasão de macacos numa determinada cidade da Áfri-ca do Sul, para que possamos visualizar o que acontecerácom a fauna nativa das florestas, se seu habitat naturalsobrevier destruído ou se o animal que serve de seu ali-mento dentro da “cadeia alimentar” entrar em processode extinção também por obra do ser humano.Foram cenas muito chocantes, onde o que se viu foi o ver-

dadeiro acuamento do ser humano africano dentro de suascasas, transformando estes seres humanos em alvos demacacos famintos e, justamente porque famintos e violen-tos e, também, ameaçadores da perenização da via huma-na ali naquela localidade específica. No Brasil, ainda nãose chegou a este ponto tão radicalizado os efeitos danososdecorrentes da destruição do meio ambiente, da fauna eflora nativas. Todavia, é preciso muito mais que tutelar asmatas nativas, mas também tutelar a fauna e flora nati-vas, para que o bicho-homem possa continuar vivendo emsociedade na terra...A visão da “medicina veterinária” dentro do Sistema Úni-co de Saúde restrita apenas à atividade estatal ligada à“vigilância sanitária”, há de se amplificar quando nada,quando nada, para que fruto do processo do desmata-mento indiscriminado e da matança de animais que têmconteúdo econômico, possa ela servir de vetor para redu-ção do risco de perecimento das vidas humanas, ou ao me-nos redução do risco da migração de animais que per-deram seu habitat natural para os núcleos urbanos, colo-cando em risco a integridade do bicho-homem. Enfim, énecessário que até mesmo a classe de “médicos veteri-nários” enxergue sua profissão com maior amplitude,como verdadeiros vetores indispensáveis para perpetua-ção do bicho-homem. “A amplificação conceitual do quecompreende o Sistema Único de Saúde, legislado ou não,é medida que não pode mais tardar...”Falar em apenas tutelar a saúde dos animais que serveme/ou fornecem derivativos que servem de alimentos parao ser humano, através de atividades tipicamente de Es-tado, como poder de polícia administrativa, é algo muitoacanhado quando o tema em voga é “saúde pública”, quehá de albergar também medidas preventivas e repressivasde aumento quantitativo de certo animais, dada a matan-ça indiscriminada de seus predadores, criando desequi-líbrio na “cadeia alimentar” deles e colocando em risco a vi-da humana, que pode-se transformar na próxima vítimadestes animais em super-população, se por sua vez seuspredadores forem também mortos descompassadamente.O fato social está aí para quem quer ver: basta que todosretirem as vendas de seus “olhos” e aí sim enxergarão oprosseguimento do desmatamento descontrolado de nos-sas matas, a matança indiscriminada dos nossos bichos,a aparição de pragas antes desconhecidas nas lavourasem quantidades também descomunais, a grande quanti-dade de ocorrências de eventos da natureza, cada vez maisfortes e mais freqüentes, o aquecimento global etc...“Tudo isto está acontecendo simplesmente porque o ecos-sistema como um todo está em desequilíbrio cada vezmais descompassadamente...”Se a história realmente for “cíclica”, como dizem os histo-riadores de escol, o bicho-homem se encaminha para um

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processo de auto-extermínio de sua raça, da mesma formaque aconteceu com os dinossauros que por primeiro po-voaram a terra. Só que, diferentemente do processo de ex-tinção destes dinossauros, o processo de auto-extermíniodo bicho-homem está acontecendo por causa deste “capi-talismo” selvagem, pela vontade voraz de exploração econô-mica dos recursos naturais na base do “vale tudo”...“Há uma cegueira abissal por parte de quem está no agro-negócio e enxerga no Estado um inimigo...”Mais que meramente reprimir o “modus operandi” do ma-nejo de determinado plantio, ou da criação deste ou da-quele animal, o Estado deve educar inclusive o produtor ru-ral para nele incutir a certeza de que todas as medidas fis-calizatórias adotadas, se de um lado podem reduzir o lu-cro, de outro lado podem assegurar a perenização da ati-vidade. E, num segundo momento, educar ainda os pro-dutores rurais de que, se houver por parte deles uma par-ceria com o Estado-fiscal, está aí lançada a “pedra de to-que”para início de uma campanha pelo reequilíbrio do ecos-sistema como um todo, incluindo o bicho-homem nele eenxergando nas medidas propedêuticas de preservaçãoambiental de fauna e flora nativas, medidas preservadorasda “cadeia alimentar” dos bichos, da perpetuação da vidade todos eles, cada qual em seu próprio habitat natural,pelo menos estancando este processo de auto-extermíniodeflagrado de forma inconsciente pelo bicho-homem...Independentemente de todas estas medidas, é preciso edu-car os jovens deste país para que, ao menos a próxima ge-ração, se livre deste conceito globalizado “capitalista” tãoselvagem que hoje ainda predomina, para passar a se enxer-gar como uma célula viva dentro do ecossistema que, porser a mais racional dos espécimes animais até hoje vistas,deve ser a primeira a “dar o exemplo”para as demais menosracionais e/ou irracionais de que existe lugar para todose que todos podem conviver pacífica e harmoniosamente,desde que preservem e respeitem a intangibilidade de seushabitats.

3- Considerações FinaisÉ preciso recuperar, resgatar e até criar, para os que nãotêm a verdadeira “ratio” da “veterinária”, se incluir dentreas “ciências médicas”, humanizar a atividade dos profis-sionais da veterinária, diminuir a carga de “mercantilis-mo” dela e, sobretudo, buscar a chamada “função social”que gravita sobre a profissão, transformando quem hoje seenxerga apenas como profissional habilitado para tratarde doenças animais, para um dia trespassar a se enxergarcomo verdadeiro educador do homem, enquanto animalracional, para que ele paralise enquanto pode este proces-so de auto-extermínio que ele próprio, aí inconsciente-mente, há anos deflagrou em desfavor quando nada,

quando nada, dele próprio...Antes de terminar este artigo, faço minhas as palavras domúsico mineiro Beto Guedes, em sua obra “O Sal da Ter-ra”, dada a sensibilidade com que ele trata o tema emvoga, “in verbis”:

“Anda!Quero te dizer nenhum segredoFalo nesse chão, da nossa casaBem que tá na hora de arrumar...Tempo!Quero viver mais duzentos anosQuero não ferir meu semelhanteNem por isso quero me ferirVamos precisar de todo mundoPrá banir do mundo a opressãoPara construir a vida novaVamos precisar de muito amorA felicidade mora ao ladoE quem não é tolo pode ver...A paz na Terra, amorO pé na terraA paz na Terra, amorO sal da...Terra!És o mais bonito dos planetasTão te maltratando por dinheiroTu que és a nave nossa irmãCanta!Leva tua vida em harmoniaE nos alimenta com seus frutosTu que és do homem, a maçã...Vamos precisar de todo mundoUm mais um é sempre mais que doisPrá melhor juntar as nossas forçasÉ só repartir melhor o pãoRecriar o paraíso agoraPara merecer quem vem depois...Deixa nascer, o amorDeixa fluir, o amorDeixa crescer, o amorDeixa viver, o amorO sal da terra...”

E agora sim terminando este artigo, tomo emprestado umadágio popular, que bem se aplica a tudo quanto foi dito:“é melhor prevenir do que remediar...”

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1- IntroduçãoO Brasil se tornou o grande produtor mundial de carne e asbarreiras sanitárias são o principal obstáculo às exporta-ções, razão pela qual a prevenção de doenças, entre elas aFebre Aftosa, "deveria ser encarada como uma questão desegurança nacional, pois doenças desse tipo criam entra-ves e barreiras de países importadores que, na verdade, sãopaíses concorrentes das exportações brasileiras", como re-centemente afirmou a secretária de Desenvolvimento Agrá-rio de Mato Grosso, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias,na audiência pública realizada em maio/2010, em Brasí-lia-DF, pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abasteci-mento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Depu-tados.Assim, para continuarmos a competir no mercado mun-dial de produtos de origem animal, devemos realizar nestepaís ações integradas para a preservação da saúde do ani-mal por meio do combate e erradicação de doenças, a fisca-lização do trânsito de animais, a modernização dos regu-lamentos da defesa sanitária, a manutenção e a evoluçãodo status sanitário, entre outras ações, que fazem parte dosmecanismos utilizados para se ter um bom sistema de de-fesa sanitária animal. Deve-se ressaltar que estas preocu-pações devem também estar voltadas para o mercado in-terno, para oferecer, aos consumidores nacionais, produtosda melhor qualidade e segurança. Esta atuação deve exis-tir em todos os segmentos da cadeia produtiva, qualquer queseja ele, com ações integradas e a efetiva participação de to-dos os atores envolvidos, desde o produtor, os profissio-nais, e os órgãos governamentais de fiscalização sanitária.

Segundo trabalho publicado pela FAO (Impact of AnimalDisease Outbreaks on Livestock Markets: an FAO Analy-sis, 2008): “ Embora se reconheça que as doenças dos ani-mais podem ter um significativo impacto local, a crescenteinterdependência dos mercados cria uma consciência, cadavez maior, dos seus efeitos sobre os custos na cadeia produ-tiva e nos mercados mundiais de carne bovina”. Esta afirma-ção ressalta a importância dos Serviços Veterinários postoque a OIE e os seus países membros reconhecem que devemudar a visão tradicional de que os veterinários se ocupemunicamente das doenças animais. Necessita-se, portanto,reforçar a visão do papel do veterinário na área de saúdepública, o controle de riscos ao longo da cadeia alimentar,assim como o bem-estar dos animais. Nesta nova visão, aOIE considera que os Serviços Veterinários são um “BemPúblico Mundial” e o seu alinhamento com as normas in-ternacionais como sendo uma prioridade de investimentopúblico.Este papel está bem representado no Brasil pelos diferen-tes programas governamentais criados pelo Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), destina-dos ao controle e/ou erradicação de várias doenças dosanimais:

PROGRAMAS SANITÁRIOS NACIONAIS – (MAPA)• Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa;• Programa Nacional de Controle e Erradicação da Bruce-lose e Tuberculose Bovina;• Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívo-ros e Outras Encefalopatias;• Programa Nacional de Sanidade Suína;

O Conselho Regional de MedicinaVeterinária do Estado de MinasGerais (CRMV-MG) e os desafios da responsabilidade técnica em defesa agropecuária*

Prof. Nivaldo da Silva • Médico veterinário • CRMV-MG nº0747

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OPINIÃO

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• Programa Nacional de Sanidade Avícola;• Programa Nacional de Sanidade dos Eqüídeos;• Programa Nacional de Sanidade dos Animais Aquáticos;• Programa Nacional de Sanidade dos Caprinos e Ovinos;Em linhas gerais estes programas recomendam como me-didas gerais de atuação:- Vacinação- Controle de Trânsito- Diagnóstico Populacional- Testes/Retestes - Sacrifício de animais- Interdição (propriedades/animais)

Diante da grande dimensão deste país, a coordenação des-tes Programas Sanitários Nacionais é realizada pelo MA-PA e, por delegação, a sua execução pelas agências estadu-ais de defesa agropecuária ( em Minas Gerais, pelo Insti-tuto Mineiro de Agropecuária – IMA), órgãos municipais(secretárias de agricultura e órgãos de vigilância sanitá-ria) e por profissionais autônomos credenciados, devidamen-te registrados nos CRMVs. Para dar suporte aos progra-mas, existe uma rede laboratórios credenciados, compos-ta por: Laboratórios Oficiais (LANAGRO, IMA etc.), La-boratórios de Instituições de Ensino e Pesquisa e por Labo-ratórios Privados (para realizar exames de anemia infec-ciosa equina, brucelose, alimentos, entre outros). Todas es-tas ações estão sob a responsabilidade técnica de profis-sionais crdeneciados e habilitados dentro dos programasou por pertencentes a seus respectivos órgãos de execução.

2- Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária

Para regulamentar o sistema de defesa agropecuário bra-sileiro o governo federal publicou o DECRETO Nº 5.741,DE 30 DE MARÇO DE 2006, regulamentando os arts.27-A, 28-A e 29-A da Lei Agrícola de nº 8.171, de 17 de ja-neiro de 1991, organizando o Sistema Unificado de Aten-ção à Sanidade Agropecuária (SUASA). Ao criar o SUA-SA ficou determinado que, entre os participantes, o siste-ma deve ser composto por: serviços e instituições oficiais,produtores e trabalhadores rurais, suas associações e téc-nicos que lhes prestam assistência, órgãos de fiscalizaçãodas categorias profissionais diretamente vinculados à sani-dade agropecuária, e as entidades gestoras de fundos orga-nizados pelo setor privado para complementar as ações pú-blicas no campo da defesa agropecuária. Segundo este decreto o SUASA irá operar em conformida-de com os princípios e definições da sanidade agropecuá-ria, incluindo o controle de atividades de saúde, sanidade,

inspeção, fiscalização, educação, vigilância de animais,vegetais, insumos e produtos de origem animal e vegetal.Assim, desenvolverá, permanentemente, as seguintes ati-vidades: I - vigilância e defesa sanitária vegetal; II - vigilân-cia e defesa sanitária animal; III - inspeção e classificaçãode produtos de origem vegetal, seus derivados, subpro-dutos e resíduos de valor econômico; IV - inspeção e clas-sificação de produtos de origem animal, seus derivados,subprodutos e resíduos de valor econômico; V - fiscalizaçãodos insumos e dos serviços usados nas atividades agrope-cuárias. Além disso, o SUASA deve articular-se-á com o Sis-tema Único de Saúde (SUS), no que for atinente à saúde pú-blica. Está estabelecido no Art. 73. que, ao prestador de ser-viço credenciado competirá, entre outras ações, garantir asupervisão destes serviços por Responsável Técnico (RT),observando a legislação sanitária agropecuária vigente. Desta maneira, legalmente está garantida a obrigatorie-dade da presença de um RT nas atividades relacionadas àdefesa sanitária animal, em todos os segmentos da cadeiaprodutiva, da carne e do leite, assim como de outros pro-dutos de origem animal. Como parte do Sistema Unificado de Atenção à SanidadeAgropecuária e com o objetivo de inspecionar e fiscalizar osprodutos de origem animal e vegetal e os insumos agrope-cuários, foram constituídos os Sistemas Brasileiros de Ins-peção de Produtos e Insumos Agropecuários, na seguinteforma: I - Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Ori-gem Vegetal; II - Sistema Brasileiro de Inspeção de Produ-tos de Origem Animal; III - Sistemas Brasileiros de Ins-peção de Insumos Agropecuários. Assim, de acordo com o Art. 142., a inspeção higiênico-sa-nitária, tecnológica e industrial dos produtos de origemanimal é da competência da União, dos Estados, do Distri-to Federal e dos Municípios, ficando estabelecido a obriga-toriedade prévia de fiscalização, sob o ponto de vista indus-trial e sanitário, de todos os produtos de origem animal,comestíveis ou não-comestíveis, sejam ou não adicionadosde produtos vegetais. Esta inspeção deve abranger a inspe-ção ante e post mortem dos animais, recebimento, manipu-lação, transformação, elaboração, preparo, conservação, a-condicionamento, embalagem, depósito, rotulagem, trân-sito e consumo de quaisquer produtos, subprodutos e re-síduos de valor econômico, adicionados ou não de vege-tais, destinados ou não à alimentação humana. Estas atividades conforme estabelece a Lei nº 5517 ( Art.5º - letras E e F) e em decisões recentes do STJ e da JustiçaFederal ( em ações vitoriosas do CRMV-MG) são de com-petência de médicos veterinários, devendo estes serem osúnicos responsáveis técnicos por elas.

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56 V&Z EM MINAS

3- Algumas Ações de ResponsabilidadeTécnica em Defesa Agropecuária

• RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM ESTABELECI-MENTOS PRODUTORES DE ALIMENTOS DE ORI-GEM ANIMAL, especialmente em frigoríficos e lacticíniosincluem:1- Inspeção e Fiscalização dos Produtos2- Procedimentos voltados para as Boas Práticas de Fabri-cação (BPF), Procedimentos Padrão de Higiene Opera-cional (PPHO), Procedimentos Sanitários Operacionais(PSO) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle(APPCC).

• RESPONSABILIDADE TÉCNICA NOS ESTABELE-CIMENTOS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA:- RT nos estabelecimentos que atuam no segmento daavicultura (Emissão de GTA)- RT nos estabelecimentos que atuam no segmento dabovinocultura (certificação de propriedades para expor-tação);- RT nos estabelecimentos que atuam no segmento dasuinocultura (Emissão de GTA)- RT nos estabelecimentos que atuam no segmento deovino e caprinocultura;- RT em estabelecimentos de produção de animais aquáti-cos

• RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM ESTABELECI-MENTOS MÉDICOS VETERINÁRIOS:De acordo com a Resolução do CFMV nº 670 de 10/08/2000os Estabelecimentos Médicos Veterinários são conceitua-dos em:- Hospitais- Clínicas- Consultórios- Ambulatórios- Unidade Móvel de atendimento Médico Veterinário

• RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM ESTABELECI-MENTOS DE COMÉRCIO DE INSUMOS VETERINÁ-RIOS incluem o controle de qualidade dos seguintes pro-dutos:- Vacinas- Produtos de uso veterinário- Produtos controlados (anestésicos)- Rações

• RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM EVENTOSAGROPECUÁRIOS:- Controle de entrada e saída de animais- Emergências sanitárias

• RESPONSABILIDADE TÉCNICA EM CENTROS DECONTROLE DE ZOONOSES – CCZ:“O controle de zoonoses e de doenças transmitidas porvetores é de competência legal dos municípios por dis-posição constitucional e deve constar nas Leis OrgânicasMunicipais, no Capítulo relativo à Proteção e no Capítulorelativo à Prevenção à Saúde. Considerando que as infec-ções por zoonoses representam 60% das doenças infecto-contagiosas dos seres humanos e 75% das doenças emer-gentes, a participação do médico veterinário na orientaçãopara a prevenção das zoonoses é imprescindível”.Diante destas múltiplas participações de profissionaiscomo responsáveis técnicos em defesa sanitária animal,devemos fazer uma pequena abordagem sobre as respon-sabilidades que recaem sobre estes profissionais.

4- O Que é Ser Responsável Técnico?Responsável Técnico é o cidadão habilitado, na forma dalei que regulamentou sua profissão, ao qual é conferidaatribuição para exercer a responsabilidade técnica de umempreendimento. Tem o dever de trabalhar para a preser-vação da saúde, da segurança e do bem-estar da popula-ção, bem como o de agir em favor da prevalência do inte-resse público sobre o privado na empresa em que atua.Este profissional, técnico de nível superior dotado de am-plas condições de discernimento, tem o dever de aprovare de rejeitar produtos e serviços destinados ao consumi-dor. Desta forma, é sua função apontar vícios e defeitos,motivo pelo qual é indispensável na efetiva participaçãodas decisões técnicas da empresa à qual presta serviçosespecializados. Pela sua participação, em todos os seg-mentos da cadeia produtiva e de comercialização, o RT éco-responsável pela garantia de qualidade do produto sobsua responsabilidade e responde civil e criminalmente pe-los danos que o mesmo possa vir a causar em que conso-me ou utiliza dos mesmos.

5- Considerações FinaisQuais seriam os DESAFIOS ATUAIS para o exercício daresponsabilidade técnica, considerando as exigências domercado e o processo de formação dos profissionais quechegam ao mercado de trabalho:• Conscientização dos profissionais sobre as responsabi-lidades ao assinar contratos de RT;• Conscientização do empresário sobre o papel do RT emsua empresa;• Treinamento e Atualização do Responsável Técnico pelaprópria empresa ou pelos órgãos de fiscalização;• Maior fiscalização das atividades de ResponsabilidadeTécnica;

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OPINIÃO

• Melhores condições de trabalho para o exercício da RT;• Maior divulgação das ações do Responsável Técnico.Diante dos desafios para o exercício da responsabilidadetécnica, observando os aspectos legais e as suas limita-ções, o CRMV-MG tem intensificado suas ações de fis-calização do exercício profissional e de defesa dos médicosveterinários e dos zootecnistas como RTs em atividadescujas atribuições são privativas das profissões, como es-tabelecido nas leis nº 5517 e 5550. Entre estas ações estão: - Convênios com Ministério Público - Convênios com Órgãos Públicos- Convênios com Entidades Privadas- Seminários de Responsabilidade Técnica- Fiscalização de Estabelecimentos

- Orientação e Assessoramento a Profissionais e Empresas- Publicações TécnicasFinalizando “Responsabilidade Técnica pode e deve serconsiderada como sinônimo de Garantia de Qualidade dosprodutos ou serviços”. Quando exercida por profissionaiscompetentes, devidamente credenciados e habilitados pe-los órgãos governamentais responsáveis pela defesa sani-tária animal, tem ampla aceitação pelos mercados nacio-nais e internacionais, garantindo a qualidade e segurançados produtos de origem animal.

* Palestra apresentada na II Conferencia Nacional de De-fesa Agropecuária - maio/2010 - Belo Horizonte-MG

RECEITA DESPESA

TOTAL: 5.482.389,04 TOTAL: 5.482.389,04

RECEITA ORÇAMENTÁRIA RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES RECEITA PATRIMONIAL RECEITA DE SERVIÇOS TRANSFERÊNCIAS CORRENTES OUTRAS RECEITAS CORRENTES

RECEITAS DE CAPITAL OPERAÇÕES DE CRÉDITO ALIENAÇÃO AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL

RECEITA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA DEVEDORES DA ENTIDADE ENTIDADES PÚBLICAS DEVEDORAS DESPESAS JUDICIAIS DESPESAS A REGULARIZAR RESTOS A PAGAR DEPÓSITOS DE DIVERSAS ORIGENS CONSIGNAÇÕES CREDORES DA ENTIDADE ENTIDADES PÚBLICAS CREDORAS TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS CONVERSÃO PARA REAL

SALDOS DO EXERCÍCIO ANTERIOR CAIXA GERAL BANCOS C/ MOVIMENTO BANCOS C/ ARRECADAÇÃO RESPONSÁVEL POR SUPRIMENTO BANCOS C/ VINC. A APLIC. FINANC.

DESPESA ORÇAMENTÁRIADESPESAS CORRENTES DESPESAS DE CUSTEIO TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

DESPESAS DE CAPITAL INVESTIMENTOS INVERSÕES FINANCEIRAS

DESPESAS EXTRA-ORÇAMENTÁRIA DEVEDORES DA ENTIDADE ENTIDADES PÚBLICAS DEVEDORAS DESPESAS JUDICIAIS DESPESAS A REGULARIZAR RESTOS A PAGAR DEPÓSITOS DE DIVERSAS ORIGENS CONSIGNAÇÕES CREDORES DA ENTIDADE ENTIDADES PÚBLICAS CREDORAS TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS CONVERSÃO PARA REAL

SALDOS PARA O EXERCÍCIO SEGUINTE CAIXA GERAL BANCOS COM MOVIMENTO BANCOS COM ARRECADAÇÃO RESPONSÁVEL POR SUPRIMENTO BANCOS COM VINC. A APLIC. FINAN.

Nivaldo da SilvaPresidente - CRMV-MG nº 0747

Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais - CRMV/MGBalanço Financeiro - Período: JAN a ABR 2010

3.013.182,003.013.182,002.631.926,0282.372,5373.422,75

0,00225.460,70

0,000,000,000,000,000,00

275.357,7918.967,19

46,700,000,000,000,00

62.323,9250.471,96143.456,56

91,460,00

2.193.849,250,00

22.175,806.781,45

0,002.164.892,00

965.883,47918.468,49918.468,49

0,0047.414,9847.414,98

0,00

315.828,2621.448,86530,600,000,00

41.345,050,00

74.690,8829.632,23148.180,64

0,000,00

4.200.677,310,00

12.227,2631.900,452.100,00

4.154.449,60

BALA

NÇO FIN

ANCE

IRO

Antônio Arantes PereiraTesoureiro - CRMV-MG nº 1373

Walter Fernandes da SilvaContador - CRC-MG nº 21567

57V&Z EM MINAS

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58 V&Z EM MINAS

Movimentação de Pessoas FísicasInscrições Médicos(as) Veterinários(as): 10851 Poliana Antunes Rocha Silva10854 Thiago Campos de Souza10855 Aline Cândida Moreira10857 Renato Avelar Mazorche10858 Priscila Fonte Boa Rabelo10859 Guilherme Porto Nunes Ferreira10860 Vinicius de Carvalho Neiva10861 Mateus Caixeta Rodrigues Calazans10862 Rafael Falci Pereira de Mello10863 Bruno Vicentini10864 Renata Vitarele Gimenes Pereira10865 Daniel Lucio dos Santos10866 Letícia Henriques Soares Leal10867 Ana Karolina Carlos Pinheiro Santos10868 Viviane Leles da Silva10870 Jean Claudio da Costa10871 Cristiano Antonio de Moraes Miers10872 Thiago Grego Duarte10873 Natalia Alkmim Oliveira10875 Francisco Delgado de Araujo Neto10876 Maria Letícia Ferraz Haber10877 Luiz Gustavo Piroli Cabral10878 Carla Emanuela Tertuliano Caires10879 Hernani Villela Santana10880 Luiz Felipe de Freitas Dumont10881 Felipe Jose Gazzinelli10882 Patrícia Simas Pereira10883 Karina Iris Righi Alves10884 Gabriela Miccoli Alves10885 Gabriela Helena de Rezende Tosi10886 Ítalo Paiva de Oliveira10887 Andre de Barros Duarte Pereira10888 Luciana Andrade Martins Ferreira10889 Erika Melissa Franco10890 Keilly Chrystina Marques Ribeiro10891 Cyntia Mendes Ferreira10892 Stella Maris Guimarães Lima10893 Rafael Gusmão Onofre Guimarães10894 Ricardo Ribeiro Ciancio Siqueira10895 Renan Araujo Nascimento10896 Artur Vieira Vasconcelos10897 Raquel Viana de Souza10898 Francisco Luiz do Prado10899 Thiago de Oliveira Nunes Rodrigues10900 Rubia Monteiro de Castro Cunha10901 Franciane Soares Fuchs10902 Cecília Bonolo de Campos10904 Wander Lucio Alves Costa10905 Karina Braga de Morais Freitas10906 Lucas Teixeira Garcia10907 Paloma Teixeira Magalhães10908 Juliana Soares Lara10909 Letícia de Paula Ferreira Souza10910 Manuela Cassano Hernandez Martin10911 Patrícia Pieroni Andrade10912 Bruno Bailoni Junqueira10913 Arnaldo Zandim Neto10914 Ana Paula Bernardinelli Siqueira10915 Julio Augusto Gibram Silva10916 Patrícia Daniele Araujo Ribeiro10917 Marcelo Anselmo de Mendonça10918 Érica Cristina Kokke do Rego10919 Rodrigo de Andrade Meira10920 Petyana Borges10921 Fabio Porreca Felício10922 Priscilla Laguardia de Moura10923 Samanta Moreira Laporte10924 Palmira Silvestre de Oliveira10925 Lincoln Luiz Franco Syrio10926 Ernane Barbosa Soares10927 Márcia Cristina Costa Nascimento10928 Francisco Carlos Ferreira Junior10929 João Paulo Nunes Bastos10930 Ariosvaldo Teruel Lourenço10931 Paulo Cesar Pereira de Castro10932 Larissa de Paula Barbosa10933 Willian Delecrodi Gomes10934 Bruno Carneiro de Resende10935 Kátia de Souza Ferreira10936 Rodrigo Cesar Mota Nogueira

10937 Leonardo Pereira Mesquita10938 Alexsandro Gonçalves10939 Rodolpho da Costa Machado10940 Luciano Gomes Leite10941 Artur de Souza Vasconcelos10942 Tassia Sell Ferreira10943 Elisangela das Dores Espindula de Morais10944 Marylin Goulart Torres Martins10945 Anderson de Souza Machado10946 Fernando Naves Mundim10947 Carla Perpetuo de Magalhães10948 Mariana Amata Mudado10949 Silvia Trindade Pereira10950 Joselma Maria Dias10951 Hamilton Nascimento Pereira10952 Thiago Luiz de Paula Rodrigues10953 Julia Nakajima10954 Lucas Carneiro Graciano10955 Welington Geraldo Mota10956 Roberta Tavares Moreira10957 Marli do Carmo Cupertino10958 Diego Luiz Gomide Costa10961 Anelise Borges Santos10962 Andre Navarro Lobato10963 Marcio Aparecido Candido Nicacio10964 Henrique Lopes Flores Sousa10965 Adriano Henrique Bastos de Faria10966 Adairton da Silva Lima10967 Marcelo Vinicius Gontijo Pinheiro10968 Ana Paula Barbosa Prado10969 Rachel Ferreira Moreira10970 Guilherme de Caro Martins10971 Nilciene Barros da Silva10972 Stephanie Elise Muniz Tavares Branco10973 Luiz Vicente Generoso Alves Ferreira10974 Lilian Faria Tannus10975 Claudia Reany Borba10976 Edmundo Luiz Pereira da Silva Junior10977 Bernardo de Caro Martins10979 Tiago Castro dos Reis10981 Paulo Renato Pereira Tavares10982 Jose Caetano da Cruz Franco10983 Fernanda de Oliveira Monteiro10984 Flavia Cardoso Lacerda Lobato10985 Paulo Victor Pimenta Pereira10986 Octavio Augusto Navarro de Araujo Lima10987 Rute Maria de Paula Oliveira10988 Jordanio Ribeiro dos Santos10989 Luiz Fernando Schneider Loureiro10990 Rafael Neri Siuves10991 Ana Flavia Sousa Morais10992 Sandra Mascarenhas Falci10993 Luana Martins Hannes10994 Thiago Zanforlin Freitas10995 Vinicius Zacarias Miranda10996 Juliana Diniz Matos10997 Leandro Mendes Caxito10998 Danatha Guimarães da Cunha10999 Fernanda Kelly Barros de Carvalho11001 Diego Ferreira Barreto11002 Luiz Felipe de Souza Silva11003 Ubirajara Leoncy de Lavor11006 Jean Luiz Soares11007 Marilia Gabriela Liguori da Silva11008 Camila de Oliveira Costa11009 Corina de Oliveira Ribeiro11010 Ana Beatriz Cassaro Muniz11011 Daniele Teixeira11012 Raphael Luiz Mariani Pimenta11013 Thiago Castro Sena11014 Dionisia Soares Campos11015 Juliana Reis Santana Rocha11016 Gilson Sebastião Dias Junior11017 Merith Yves Higashi Ribeiro11018 Karine Magalhães de Oliveira Lopes11019 Carla Maria Sassi de Miranda11020 Gertrud Elisa Campos Edler11021 Anna Dalva Vasconcelos Costa11022 Livia Monteiro Magalhães11023 Roberta Juliana Costa Vasconcelos11025 Enid Araujo Costa Leite11026 Leonardo Oliveira Longuinho11027 Alan Sbizera Martinez11028 Camila de Aguiar Lima11029 Adriana Freire Franco11030 Fabio Henrique Resende

11031 Natasha Lagos Maia11032 Bruno Rocha Penido11033 Heloisa Porto Lucas11034 Sandra Cássia Renno Abdalla11035 João Gabriel da Silva Neves11036 Caroline de Assis Gomes11038 Rafael Rodrigues Campos11039 Thais Aparecida Martins11040 Anna Carolina do Nascimento Frazão11041 Glauber Neves Pedra11042 Wilson Aparecido Barreiro Junior11043 Junior de Campos Fagundes11044 Luisa Almeida Deragon Garcia11045 Lucas Torres Alves da Costa11046 Natalia Ferreira de Oliveira11047 Lucas Daniel dos Santos Silva11048 Juliana Santana Valente11049 Marcela Vasconcelos de Magalhães11050 Kariny Silva Martins11051 Cristiano Jose de Souza11052 Michelle Catarine Diniz Gomes11054 Walter Icassatti11056 Eduardo Carneiro Beuttemmuller11057 Marcelo Fernandes Lopes11058 Gerson Ferreira Varella Neto11059 Leonardo Mattos Figueira11060 Lucas Antonio Lisboa Rennó11061 Leonardo Nassar Lage Marinho11062 Fernanda Figueiredo Garcia11063 Decio Guimarães Gomes11065 Cristina da Silva Santos11066 Lilian Danúsia Wojcik11067 Pablo Eduardo Ferreira11068 Germana Abreu Figueiredo Duarte de Carvalho11069 Valdinei Ribeiro de Azevedo 11070 Moema Costa Carvalho11071 Daniela de Assis Vilela11072 Ana Claudia da Costa11073 Claudia Galvão Reis11074 Vanilla Gomes do Carmo Pena11075 Daniel Trindade Terra11076 Lucas Franco de Souza11077 Bernardo Barbosa Rocha11078 Sávio Cardoso Resende11079 Daniela Viana de Matos Salomão11080 Viviana Feliciana Xavier11081 Rogéria Aparecida de Souza11082 Laura Paes Leme Domingues de Araujo11083 Aline Silva dos Reis11084 Pierry Lamas Januario11085 Ricardo Figueiredo Fonseca11086 Vanessa Marques Barcelos e Faria11088 Patrícia Andrade Guimarães Mitre11089 Talita Braulina Leandro Ribeiro11090 Amanda Pifano Neto Quintal11091 Leandro Souza Castro11092 Roberto de Melo Junior11093 Rodrigo Fernandes Lopes11087 Fernanda Aparecida Tolomelli Vale11094 Marcela Junqueira Leão11095 Andre Luiz Santos Oliveira11096 Igor Carvalho Silva11097 Rafael Romão Oliveira

Zootecnistas:1714/Z Fernando Amorim Almeida1715/Z Frederico Freitas Inglês de Sousa1716/Z Rozania Michelle Leite1717/Z Mateus Contatto Caseta1718/Z Gustavo Henrique Carneiro de Souza1719/Z Rodrigo Carvalho Bastos1720/Z Guilherme de Souza Moura1721/Z George Henrique de Queiroz1722/Z Guilherme Augusto Alves1723/Z Alexandra Cristina Loss Zielinsky1724/Z Moises Quadros1725/Z Maquilene Oliveira de Araújo1726/Z Rafael Fernandes Barros

Inscrição MilitarMédicos(as) Veterinários(as): 10607 Wanessa Luciene Fonseca Tavares

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59V&Z EM MINAS

REGISTRO

ReinscriçõesMédicos(as) Veterinários(as): 1418 Paulo Roberto Bernardes de Carvalho2095 Lygia Maria Friche Passos2986 Marcel Fonseca Guilherme4300 Luiz Arthur Vieira Paixão6059 Fernanda Botaro de Oliveira Santos6811 Karina Tenório Murta Bregunci6838 Daniela Ferreira Resende9190 Annez Andraus Dumont Prado

Inscrições Secundárias Médicos(as) Veterinários(as): 7603 "S" Maria Célia Ramos Bellenzani7866"S" Regis Borges Figueiredo 10856"S" Joyce Ferreira Cavallette10959"S" Juliano Pereira Gabilan10978"S" Flavio Guiselli Lopes11000"S" Flavia Donadeli Viana11024"S" João Paulo Mendes Caires11037"S" Jose Rogério Moura de Almeida Neto11064"S" Bruna Falcone Ortelan

Transferências RecebidasMédicos(as) Veterinários(as): 1382 Marcelo Jose Faria Brasileiro4612 Sergio Leão Magalhães5404 Renata Mendes Carneiro5079 Juliana Haddad Giffoni6814 Erika Aparecida Oliveira7768 João Paulo Junqueira Antebi7826 Thaisa Araujo de Souza8236 Anna Carolina Massara Brasileiro9458 Leandro Gianvecchio Manhezzo9765 Roberta Mota Machado10029 Marcio Capozzoli10852 Camila Analia de Castro Veiga10853 Claudio Shehata Zagha10869 Ronald de Lucca10874 Cristiano Gadben Fortes10903 Sady Alexis Chavauty Valdes10960 Ana Izabel Passarella Teixeira10980 Luis Augusto Leal Piffer11004 Fernando Passon Casagrande11005 Giancarlo Magalhães dos Santos11053 Jorge Evandro Simoni11055 Rodrigo da Silva Arenas

Transferências ConcedidasMédicos(as) Veterinários(as): 1013 Julio Wallace Cardoso1381 Paulo Sergio Tavares Ribeiro2627 Geraldo Teixeira do Nascimento3265 Pedro Luiz Valim de Lima6119 Silas Primola Gomes6203 Claudio Antonio Versiani Paiva6229 Sergio Henrique Manfredi6411 Erico Furtado Alvares6503 Shirley Miti Nishiyama6524 Marcelo de Andrade Mota6697 Rodrigo de Souza Ferreira6860 Juliana de Almeida Tomaim6890 Gustavo Guimarães de Matos7004 Jose Paulo Sieve Junior 7445 Lea Resende Moura8255 Raquel Silva de Moura8586 Marisa Araujo Silva8635 Junia Miranda Marques8750 Thiago Luiz Viotto8875 Fernando Francisco Borges Resende9034 Rodrigo Otavio Decaria de Salles Rossi9062 Erika Nascimento Ferreira9170 Lutianne Jorge Ribeiro9346 Túlio Raphael Rosa Alves9351 Juliana Melo Ferraz9528 Ângelo Augusto Procópio Costa

9551 Guilherme Vogas Peixoto9566 Lívia Pinheiro Chagas da Cunha9685 Daniel Ragoneti de Moraes9691 Mauricio Oliveira Salan9986 Roberta Renzo10130 Marina Mendonza de Miranda10271 Lorraine Sulaiman Abrão Almeida10415 Vinicius Eustáquio Barreto Campos10513 Rodrigo Teixeira Gomes10546 Luciana Santos de Assis10597 Roberta Ogawa

Zootecnistas:204/Z Agostinho Luiz Maria Suzano Giantaglia986/Z Cintia Righetti Marcondes

Cancelamento Médicos(as) Veterinários(as): 504 Darcy Estelino Mozzer852 Ricardo Alves Pereira1720 Jose Newton Coelho Meneses1674 Edson Curi2179 Salvador Real Pereira2229 Eugenio Carvalho Alzamora2101 Etienne Marques Reis2763 Murilo Jesus Prates3018 Augusto Bellini Andrade Filho4006 Gilmar Moreira de Almeida4443 Ana Cristina Barbosa de Assis4765 Jose Gonçalves Mestrener Junior5375 Silvio Coelho Bastos5173 Patrícia Macedo Gonçalves Ruiz5655 Adriana Agostini Lopes5791 Marcos Antonio Casassanta Pereira Filho5828 Lucio David de Carvalho6194 Flavio Jose Barbosa Francelin6217 Alcione de Oliveira Alexandrino6270 Alexandre Cesar Vogel6685 Custodio Agostinho Freire6773 Marcelo Ribeiro de Magalhães Gomes7069 Rodrigo Antunes Calil7160 Gustavo de Castro Bregunci7621 Marina Loures Alvim Taiss7770 Andrea Cristina Otoni Lopes7933 Nayara de Oliveira Belo8018 Aléssio Batista Miliorini8365 Rafael de Souza Laguna8395 Norberto Bonamichi Neto8434 Flavia Martins Leite dos Santos8648 Lívia Noronha Tourinho8865 Camila Paixão de Carvalho8895 Luciana do Espírito Santo8911 Grazielle Moreira Fonseca9165 Jose Ramon Ribeiro Filho9220 Gizela Melina Galindo9243 Andre Roberto Marcolino Costa9482 Maria de Fátima Silva de Resende9494 Vanessa Gebrin de Castro Pereira9542 Juliana Cassiano Silva9589 William Gonçalves Cardoso9610 Renata Campos Varalta9624 Maria Beatriz Tassinari Ortolani9674 Lucas Rezende Bastos9806 Alessandro Henrique de Souza Figueiredo9857 Luciana de Figueiredo Pinto10057 Denise Botelho de Carvalho10134 Josie Homsi Brandeburgo10210 Camila Rodrigues Gontijo de Andrade10284 Frederico Fulgêncio Caldas10424 Viviane Benvenga Gallo10473 Rodrigo Ayres de Moraes10547 Bernardo Jose Rezende10749 Vitor Groppo Felippe

Zootecnistas:284/Z Euler Antonio da Silva397/Z Altamiro de Magalhães Filho402/Z Andre Luiz Juliano432/Z Inaldo Teixeira de Gouveia757/Z Márcia Maria Gonçalves Ferreira669/Z Mauricio Batista Conceição604/Z João Luiz Cerboni de Toledo1076/Z Rosana Cristina Pereira

1112/Z João Kerson Dantas Carvalho1128/Z Marcos Horacio de Souza1415/Z Alex Amaral de Pinho 1443/Z Jovenal Ferreira dos Santos1524/Z Flavio Guimarães Vedolin1529/Z Everton de Sousa Pereira Silva

Cancelamento de inscriçõesMédicos(as) Veterinários(as): 863 Estanislau da Costa Faria1030 Paulo Garcia de Carvalho3008 Odilon Mattos3090 Abdon Moreira3237 Sebastiana Guimarães Landa4008 Zuleide Alves de Souza Santos3984 Marcus Tacito Penalva Costa4447 Wiviani Maria Chaves de Figueiredo6323 Kátia Sellos de Oliveira6832 Jorge Luis Antelo Suarez6852 Rômulo Kind Lopes7119 Rita Augusta de Carvalho7239 Silvia Noyma Xavier7695 Graciele Vieira Gama7777 Andrea Correa e Silva Coxir8223 Thiago Coutinho dos Santos Teixeira8709 Rodrigo do Amaral Coragem Alves8813 Luciano Castro Borges9146 Milton Ribeiro Monteiro Neto9325 Ana Clara Rodrigues Lino

Cancelamento de inscrições,profissionais em débitoZootecnistas: 1033/Z Eurio Luis Carvalho1135/Z Alfredo Ribeiro Franco Alves1304/Z Márcia Cristina Costa Nascimento 1343/Z Adriano Branquinho Pereira1596/Z Igor Pimenta Carvalho1622/Z Tainara Soares Pontes

Cancelamento de inscrições,profissionais em execução fiscalMédicos(as) Veterinários(as): 369 Orville Augusto Massula Rehfeld1486 Paulo Cesar Correa Lima2597 João Batista Moreira5386 Guilherme Marchetti Garcia6551 Gilberto Marchetti Garcia

Suspensão por AposentadoriaMédicos(as) Veterinários(as): 364 Lucio Jose Baptista634 Renato Marquete722 Arnaldo Almeida Rodrigues889 Elba Moreira Andrade Pinto1414 Paulo Roberto de Oliveira

FalecimentoMédicos(as) Veterinários(as): 565 Paulo Antonio Raposo1710 Dermeval Ribeiro de Almeida

Zootecnistas: 1127/Z Jose Alves Machado

ExteriorMédicos(as) Veterinários(as): 7444 Karem Guadagnin

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