crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

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Page 1: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Bruno da Cruz Faber (Sem Bolsa)

Orientadora: Regina Souza Gomes

Projeto: Modalização e Discurso Jornalístico

Departamento de Letras VernáculasUFRJ / Faculdade de Letras

Page 2: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Introdução

Análise de crítica literária presente em jornais

Como corpus foi utilizado o caderno “Prosa & Verso” do jornal O Globo, abrangendo os meses de fevereiro até maio

A base metodológica para o presente estudo é a semiótica de linha francesa

Page 3: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Objetivos

Analisar os recursos modais utilizados pelo enunciador para manipular o leitor, ganhar a sua confiança e alcançar a crença na crítica

Buscar as estratégias utilizadas para identificação entre enunciador e enunciatário

Averiguar as relações modais do saber e do crer, relacionadas tanto à instância do enunciado quanto à da enunciação

Page 4: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Fundamentos teórico-metodológicos:

análise baseia-se na semiótica de linha francesa, que procura "explicitar, sob a forma de construção conceitual, as condições de apreensão e de produção de sentido." (GREIMAS; COURTÉS, 2008, 455);

as modalidades, para a teoria, dizem respeito ao discurso como um todo, e devem ser apreendidas em um nível mais geral e abstrato (BERTRAND, 2003, p. 311-312);

Page 5: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Fundamentos teórico-metodológicos:

as modalidades podem ser estudadas em diferentes níveis de abstração:

no nível narrativo – explica as pré-condições lógicas para a ocorrência das ações narrativas;

no nível discursivo – um enunciado modal modifica outro enunciado; pode recair sobre o enunciado propriamente dito ou sobre a enunciação.

Page 6: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Quadro base das Modalidades (Fontanille e Zilberberg, 2001, p. 256)

EfetuaçõesAptidõesMotivaçõesCrenças

FazerPoderDeverAderir

SerSaberQuererAssumir

RealizantesAtualizantesVirtualizantes

Potencializantes

Page 7: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Modalização no texto jornalístico de crítica literária:

Nível da enunciação

O enunciador se qualifica como sujeito crítico a partir de seu conhecimento especializado sobre as obras julgadas e seu contexto de produção.

Portanto, o dizer do enunciador encontra-se modalizado por um saber e um crer.

Page 8: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Modalização no texto jornalístico de crítica literária:

Nível da enunciação

O enunciador doa ao enunciatário um saber reconhecer a qualidade literária das obras e interpretá-las.

Logo, o enunciador modaliza pelo saber a conjunção do enunciatário com o valor literário da obra de arte literária.

Page 9: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Exemplos:

“Um bom ‘era uma vez’ sempre era seguido de um ‘outra vez’”

(Talento ao reconstruir olhar infantil, O Globo, 28/03/09)

“Os textos de Agamben trazem as marcas de suas leituras: Benjamin – cujas obras editou em italiano - Heidegger, Foucaut, Deleuze, Derrida”

(Diálogos com Agamben, O Globo, 18/04/09)

Page 10: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Exemplos:

“Parece que o medo é algo inerente ao ser humano. Mas é também certo que o medo pode ser historicizado (…)”

(A Arquitetura do medo e da intimidade, O Globo, 25/04/09)

Page 11: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Modalização no texto jornalístico de crítica literária:

Nível do enunciado

O dito é modalizado por um saber e um crer (e seus desdobramentos).

Portanto, os conteúdos enunciados são mostrados como verdadeiros, duvidosos, excluídos, certos, etc.

Page 12: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Exemplos:

“Os medos não são representações estáticas e ganham configurações distintas ao longo do tempo” (saber-ser)

(A Arquitetura do medo e da intimidade, O Globo, 25/04/09)

“Qual era mesmo o seu preferido?” (não saber-ser)

(Talento ao reconstruir olhar infantil, O Globo, 28/03/09)

Page 13: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Conclusões

Ao modalizar o enunciado, o enunciador deixa marcas do seu julgamento quanto aos conteúdos enunciados.

Na crítica literária de jornais, o enunciador modifica o estatuto modal do enunciatário por meio de um saber e um crer;

No discurso, é possível haver uma variação modal em relação aos mesmos conteúdos, produzindo efeitos de sentido diversos.

Page 14: Crítica jornalística: um olhar discursivo-modal

Bibliografia

● BERTRAND, D. Caminhos da semiótica literária. Bauru, SP: EDUSC, 2003.

● FONTANILLE, J.; ZILBERBERG, C. Tensão e significação. São Paulo: Discurso Editorial:

Humanitas/FFLCH/USP, 2001.

● GREIMAS, A. J.; COURTÉS, J. Dicionário desemiótica. São Paulo: Contexto, 2008.