criterios de qualidade em eds escolas guia

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  • 8/9/2019 Criterios de Qualidade Em EDS Escolas Guia

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    Um documento produzido pelas redes SEED e ENSI

    para o debate internacional

    Escrito por Soren Breiting, Michela Mayer et Finn Mogensen

    Traduo de Manuel Gomes

    Guia para

    a melhoria da

    qualidade

    da Educao para

    o Desenvolvimento

    Sustentvel

    Critrios

    de qualidade paraEscolas - EDS

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    ndice

    Prefcio 4

    O desenvolvimento dos critrios de qualidadecomo parte do trabalho da ENSI 6

    A rede SEED 7

    Introduo 9

    Critrios de qualidade relativos qualidade dos processosde ensino e aprendizagem 15

    Critrios de qualidade relativos poltica e organizaoescolares 36

    Critrios de qualidade relativos s relaes externas da escola 46

    Agradecimentos 50

    Sugestes de leituras 51

    A publicao Critrios de Qualidade para Escolas-EDSest disponvel em: www.seed-eu.net

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    PrefcioEsta publicao destinada s escolas e s autoridades educativas envolvidas naEducao para o Desenvolvimento Sustentvel (EDS). Ela apresenta umaproposta de lista no exaustiva de critrios de qualidade para serem usadoscomo ponto de partida para reflexes, debates e propostas de trabalho futuro emEDS, junto de instituies educativas, professores, directores de estabelecimentos,pais e alunos.

    Propusemos a nova expresso Escolas-EDS (Escolas de Educao para oDesenvolvimento Sustentvel), em vez das expresses eco-escolas ou escolasverdes correntemente usadas. Esta nova expresso permite-nos sublinhar que

    h novos desafios para as escolas que desejem envolver-se numdesenvolvimento orientado para a EDS. A EDS trata no apenas os aspectos dadependncia dos seres humanos relativamente qualidade do ambiente e doacesso aos recursos naturais, hoje e no futuro, mas igualmente os aspectos departicipao, de eficcia pessoal, de igualdade e de justia social que soessenciais preparao dos alunos, tendo em vista o seu envolvimento nodesenvolvimento sustentvel.

    No entanto, a experincia e os resultados obtidos nas eco-escolas, nasescolas verdes e na educao ambiental, em geral, e num certo nmero deoutros domnios pedaggicos, como a educao para a paz, para a sade, para acidadania e para a educao global, so altamente relevantes para a consecuodeste desgnio.Alm disso, h numerosos exemplos de escolas que se dedicam EDS sem a identificarem como tal.

    No presente contexto, as Escolas-EDS so aquelas que escolheram a educaopara o desenvolvimento sustentvel como o fundamento da sua misso e do seu

    Projecto Educativo de Escola. Consideram o desenvolvimento sustentvel comoum princpio essencial a ter em conta quando se planifica, quer a vida diria daescola, quer as suas mudanas e desenvolvimento de longo prazo.A nvelinternacional, o nmero deste tipo de escolas, ainda que sob denominaesdiversas, tem aumentado e melhorado a sua qualidade. Elas esto empenhadasem mudanas profundas ao nvel dos objectivos e dos papis das instituieseducativas, enquanto procuram oferecer aos alunos um contexto favorvel aodesenvolvimento da cidadania e da participao activa, sem esquecer a4

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    complexidade das combinaes sociais, econmicas, polticas e ambientaisinerentes ao desenvolvimento sustentvel.

    Esta proposta de critrios de qualidade constitui um dos resultados da redeeuropeia Comenius III Desenvolvimento Escolar pela Educao Ambiental(SEED - School Development through Environmental Education). O trabalho darede SEED constitui um exemplo concreto das actividades da ENSI, uma rededescentralizada de organismos educativos nacionais e de instituies deinvestigao.A rede ENSI um dos parceiros da UNESCO na Dcada das NaesUnidas da Educao para o Desenvolvimento Sustentvel (DNUEDS), 2005-2014,com a finalidade de envolver todos os pases em estratgias concretas de EDS,seu desenvolvimento e avaliao.

    Este trabalho tem em conta os documentos internacionais de referncia e aexperincia das redes ENSI e SEED, quer em termos de avaliao escolar, quer emtermos de outro tipo de actuao, terica ou prtica. Inspira-se na anlise dosrelatrios de investigao sobre desenvolvimento de Eco-escolas, elaboradospor investigadores e ou representantes de 13 pases (ver lista anexa) e cujomaterial, desde j, gostaramos de agradecer. A anlise dos relatrios nacionais publicada separadamente.

    Um primeiro esboo desta publicao foi enviado para consulta a um certonmero de educadores reconhecidos no domnio do desenvolvimento de eco-escolas, de EDS e de educao em geral (ver lista em anexo). Os seus comen-trios e propostas permitiram melhorar e servir de base presente publicao.Agradecemos a todos os colegas que contriburam com as suas sugestes paramelhorar este trabalho, mesmo que nos no tenha sido possvel integr-lastodas.Ao mesmo tempo assumimos a inteira responsabilidade do texto final.

    A fim de assegurar um acesso mais equitativo aos materiais aqui apresentados,o original ingls foi traduzido em numerosas lnguas e agradecemos tambm aostradutores de cada uma dessas verses. Aprecimos, ainda, o trabalho de revisodo texto ingls realizado por Nicola Bedlington, do secretariado da ENSI.Astradues em outras lnguas so vivamente encorajadas, sem qualquer restriode direitos de autor, na condio de que seja feita a referncia adequada publicao original.

    Sren Breiting, Michela Mayer e Finn Mogensen5

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    O desenvolvimento de critrios dequalidade como parte do trabalho da

    rede ENSIGunther Pfaffenwimmer, Presidente da ENSI

    A rede ENSI1 teve um papel activo na discusso e desenvolvimento das Eco-escolas e dos Critrios de Qualidade, desde Junho de 1995, de acordo com o seuprograma de trabalho e orientao poltica.

    A rede ENSI e os seus actores nacionais estiveram envolvidos em interessantes e

    importantes desenvolvimentos em ambos os campos, em todos os pasesmembros e pases parceiros.

    Em 2002, aquando da elaborao da proposta para o projecto da rede Europeiado COMENIUS III Desenvolvimento Escolar pela Educao Ambiental (SEED), arede ENSI decidiu contribuir para esta iniciativa e, em colaborao com a redeSEED, lanou um projecto de investigao que se desenvolvia em duas etapas.

    A primeira etapa da investigao tinha por objectivo identificar os critriosexplcitos e implcitos, inspirados pelos valores da educao ambiental utilizadospara orientar, apoiar ou premiar as Eco-escolas implicadas na integrao deprincpios e aces de sustentabilidade nos seus programas escolares. Esta etapaenvolvia igualmente a identificao e o registo de estudos de caso inovadoresneste domnio.A informao recolhida e a reflexo produzida nesta fase doprojecto resultaram na publicao SEED/ENSI: A Comparative Study on Eco-school Development Process2 (Mogensen et Mayer, 2005).

    Estimulada pelo estudo comparado, a segunda etapa da investigao consiste naproposta da presente lista de Critrios de Qualidade para as escolas implicadasna EDS. Estamos convencidos que os resultados deste estudo apoiaro odesenvolvimento internacional de critrios para a educao para odesenvolvimento sustentvel.

    6

    1 Environment and School Initiatives (ENSI) - rgo descentralizado do Centre for EducationalResearch and Innovation (CERI) da OCDE.

    2 Um Estudo Comparado do Processo de Desenvolvimento da Eco-escola

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    A rede SEED Johannes Tschapka, coordenador da SEED

    A rede europeia COMENIUS III, Desenvolvimento Escolar pela Educao Ambiental(SEED) constituda por um grupo de autoridades educativas e de institutos quepromovem a educao ambiental como motor do desenvolvimento escolar. Nos 14pases europeus parceiros da SEED e nos 6 pases membros que no fazem parte daUE, a educao ambiental encoraja uma cultura inovadora de ensino e aprendi-zagem promotora da educao para a sustentabilidade. A rede SEED convida asescolas, as instituies de formao de professores e as autoridades educativas atrabalharem em conjunto, a aprenderem com a partilha de experincias e a aumen-

    tarem o seu conhecimento, trabalhando no sentido do desenvolvimento sustentvel.

    Destinatrios

    Pela criao da rede COMENIUS III, torna-se possvel rede SEED encorajar acooperao entre parceiros atravs do trabalho em projectos COMENIUS existen-tes, terminados e futuros. Os parceiros associados rede beneficiam destes de-senvolvimentos da educao ambiental.A SEED tambm facilita o dilogoprximo e uma melhor compreenso entre polticos e prticos nos vriossistemas educativos. O principal grupo alvo o dos alunos, que beneficiam dasprticas de ensino inovadoras e das modernas pedagogias de ensino e daaprendizagem.

    Critrios de qualidade

    A rede SEED oferece um conjunto sistemtico de critrios teis ao movimento dasEco-escolas nos pases parceiros e nos pases membros, critrios que podem ser

    utilizados por qualquer escola empenhada na EDS, no como uma resposta final, mascomo um estmulo para a construo em cada escola de uma viso e de umaplanificao prprias. A SEED entende a educao ambiental e a educao para asustentabilidade como um processo de ensino e de aprendizagem com vista aencorajar a participao democrtica dos alunos enquanto cidados activos para amudana social e ambiental. precisamente a apreciao crtica destes processos demudana produzidos no mbito do desenvolvimento de escolas EDS que est na baseda definio dos objectivos da investigao. 7

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    Esta publicao dos Critrios de Qualidade para Escolas de EDSest disponvel em ingls e nas seguintes lnguas:

    CataloCriteris de qualitat per a Escoles Sostenibles - Orientacions per a la millora de la qualitat en

    l'Educacio per al Desenvolupament Sostenible

    DinamarqusKvalitetskriterier for ESD-skoler - En guide til at fremme kvaliteten af uddannelse for

    baredygtig udvikling

    FrancsCriteres de qualite pour les etablissements scolaires eco-responsables (ESD) -

    Guide pour l'amelioration de la qualite de l'education a l'environnement pour undeveloppement durable

    AlemoBildung fur Nachhaltige Entwicklung in Schulen - Leitfaden zur Entwicklung von

    Qualitatskriterien

    HngaroA Fenntarthato Fejl_des iskolainak min_segi kriteriumai - Utmutato a Fenntarthato Fejl_dest

    szolgalo Pedagogia min_segenek javitasara.

    ItalianoCriteri di qualita per 'Scuole per lo Sviluppo Sostenibile' - Linee guida per il miglioramento

    continuo della qualita nell'Educazione allo Sviluppo Sostenibile

    CastelhanoCriterios de Calidad en la Educacion para el desarrollo sostenible escolar - Orientaciones para

    favorecer la calidad de la Educacion para el desarrollo sostenible

    PortugusCritrios de Qualidade para Escolas-EDS - Guia para a melhoria da qualidade da Educao para

    o Desenvolvimento Sustentvel

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    Introduo

    Objectivo da publicaoOs critrios de qualidade, aqui listados de forma no exaustiva, tm comofinalidade fornecer um ponto de partida para as escolas que desejem focalizar-sena EDS como veculo do seu prprio desenvolvimento. A primeira etapa para umaescola que deseje desenvolver-se num caminho inspirado pela EDS consiste numacordo a encontrar sobre o que a escola deseja realizar e sobre os instrumentosa propor para uma avaliao implcita e explicita dessas realizaes que estejamorientados para o desenvolvimento propriamente dito.

    Do nosso ponto de vista, uma lista de critrios de qualidade um instrumentoque sintetiza uma filosofia de EDS, que deve ser construdo e aceiteconjuntamente por todas as escola associadas e que no pode ser consideradocomo um instrumento de controlo de qualidade, mas sobretudo como umaoportunidade para a melhoria da qualidade, aberto ao debate em curso e deforma participada.Assim, os critrios de qualidade devero dar uma orientao eum sentido, mas no devem ser confundidos com os indicadores dedesempenho ou qualquer coisa desta ordem. De facto, um conjunto de critriospode ser considerado como uma traduo de um conjunto de valorespartilhados, formulados de forma mais explcita e mais prxima da prtica, masno to prescritivos e limitativos como os indicadores de desempenho.

    Nesta sequncia, a lista de critrios proposta tem o objectivo de facilitar asdiscusses no seio da escola e entre todos os parceiros, a fim de clarificar osprincipais objectivos e as mudanas necessrias no sentido da EDS e dedesenvolver uma lista de critrios de qualidade, prpria de cada escola eadaptada ao seu contexto e ao seu projecto para a mudana.

    A ideia partilhada sobre a qual os critrios propostos se baseiam inspira-se numaviso comum internacional de EDS, na qual os resultados mais importantes soos que se referem aos processos de ensino e aprendizagem, ao clima e organizao escolares, mais importantes do que as aces prticas ou osresultados obtidos na escola ou na comunidade.

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    Apesar do interesse em se focalizar a EDS como agente de mudana de curtoprazo no sentido de um estilo de vida mais sustentvel, defendemos que aprincipal agenda da EDS seja a construo de novas formas de pensar o nossofuturo comum, de vivenciar o nosso planeta e de participar na resoluo dosproblemas da sociedade.Assim, este material visa estimular um desenvolvimentocentrado na escola e com a participao dos principais parceiros, de forma aalcanar a mudana susceptvel de melhorar a sua capacidade de oferecer aosalunos uma aprendizagem adequada, concordante com os desafios do futuronum mundo em mudana.

    Este trabalho fundamenta-se na anlise de relatrios nacionais extensivos sobreo desenvolvimento de Eco-escolas nos seguintes pases: Alemanha,Austrlia,

    ustria, Blgica (Flandres), Coreia, Dinamarca, Espanha (Catalunha), Finlndia,Grcia, Hungria, Itlia, Noruega e Sucia (Mogensen and Mayer, 2005). Osautores desta proposta combinaram a informao destes relatrios nacionaiscom a experincia e as ideias constantes da literatura internacional.

    Os relatrios nacionais foram escritos com interpretaes diversas do termoeco-escola, tradicionalmente relacionadas com outras tantas concepes deeducao ambiental e do possvel contributo desta e da EDS para odesenvolvimento da escola na sua globalidade. O principal objectivo desteestudo foi o de recolher informaes sobre os critrios explcitos e implcitosutilizados em cada pas para definir e avaliar uma eco-escola e o seudesenvolvimento e de ver quais os cenrios da EA e da EDS que foramutilizados implicitamente, tudo isto do ponto de vista de quem elaborou orelatrio de cada pas.

    Os autores tambm tinham por objectivo clarificar a designao Escolas-EDSaplicada s escolas que desejem aceitar o desafio da EDS em toda a sua

    complexidade e utilizar esse esforo para o desenvolvimento geral da escola.Consideramos que a reflexo em curso e a partilha de informaes, deexperincias e de ideias, entre os alunos e entre os professores, constituem osangue vital duma escola dinmica.

    Uma escola empenhada na EDS est empenhada em aprender para o futuro,convidando alunos e professores a adoptarem uma cultura da complexidade,usando um pensamento crtico para explorar e discutir, clarificando os valores,10

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    reflectindo sobre a relevncia educativa da aco e da participao e revendotodas as disciplinas e metodologias de ensino luz da EDS. Estes podem seros elementos essenciais para desenvolver as competncias de aco dosalunos. Uma escola deste tipo no dominada por estruturas hierrquicastradicionais, mas por redes dinmicas e por experincias de cooperao anvel local e global. Neste contexto, a ideia de uma escola como um sistemacomplexo e como uma organizao que aprende estimula novas formasde pensar, tendo em conta o clima da escola e as suas relaes internas. Claroque estas escolas esto conscientes da importncia do trabalho de campo edo valor pedaggico de alcanar mudanas e resultados visveis e fsicos,tanto na escola como na comunidade local, mas estas mudanas e resultadosso considerados ferramentas de aprendizagem para uma mudana

    educativa e cultural mais profunda e no fins em sim mesmos.

    Numa escola que funciona bem, a sua competncia corresponde a muito maisque a soma das competncias individuais. Depende da sua capacidade de lidarcom a experincia, reflexes, inovaes e cooperao. Enquanto indivduos, anossa experincia guardada na nossa memria para utilizaes ulteriores, masonde est guardada a experincia da escola como organizao? Faz sentido olhara cultura da escola como a expresso da sua memria colectiva, o quesignifica que novas experincias, reflexes, inovaes, etc., devem serincorporadas na cultura da escola e mudar os modos como as pessoasinteragem, discutem e pensam.

    O papel da Direco da Escola o de facilitar este processo, mas os objectivos, osprocessos e a organizao devero basear-se numa viso partilhada. A teoria e aprtica da escola como organizao que aprende sero teis para odesenvolvimento geral da escola e no apenas para o domnio da EDS.

    A presente abordagem encoraja a integrao da EDS na vida da escola econsidera o envolvimento na EDS no como uma obrigao extra para osprofessores e para a direco, mas como uma oportunidade de melhorar o ensinoe a aprendizagem em curso e promover inovaes teis a toda a escola.

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    Como se organizam os critrios de qualidade e como se utilizamNos captulos que se seguem, os critrios apresentam-se em 3 grupos principais:

    1. Critrios de qualidade relativos qualidade dos processosde ensino e aprendizagem

    2. Critrios de qualidade relativos poltica e organizaoescolares

    3. Critrios de qualidade relativos s relaes externasda escola

    Cada grupo de critrios subdividido em domnios e para cada um deles apresentada uma breve descrio da aco e da sua fundamentao,acompanhada de uma lista de critrios. Os critrios e os domnios no soindependentes, sobrepem-se parcialmente. Este gnero de sobreposio einteraco no dever ser entendido como uma limitao da formulao, mascomo um indicador dos mltiplos mecanismos em jogo numa instituiocomplexa como a escola. Cada domnio apresentado a partir de um exemplode uma prtica escolar que d uma ideia sobre o que o critrio pode significarnuma situao real. Os exemplos so relatos de casos inspirados em prticasrecolhidas no contexto internacional. Como se pretende apenas exemplificar salguns aspectos so apresentados, deixando a informao sobre os obstculos eos problemas para os estudos de caso.

    Ao escrever a fundamentao e os exemplos para cada domnio, os autorestiveram a preocupao de considerar diferentes perspectivas nacionais etransnacionais. Neste processo, inspiraram-se em documentos internacionaissobre a educao ambiental e sobre a EDS.

    O quadro que se segue d uma viso geral dos grupos e domnios dos critriosde qualidade, podendo ser til s escolas para a formulao dos seus prprioscritrios de qualidade.Os critrios de qualidade aqui propostos no devero ser adoptados semdiscusso e tomadas de deciso que envolvam os principais actores da escola.Espera-se, na sequncia dessas reflexes, que alguns desses critrios sejamsuprimidos, revistos e reformulados. Por esta razo, terminmos cada domnio

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    com reticncias para simbolizar a introduo de novos critrios ou critriosreformulados.

    Este processo deve ser considerado interactivo: EDS significa envolvimento detoda a escola num processo idntico ao da investigao-aco, aceitando que odesenvolvimento escolar no s um processo complexo, mas igualmente e emparte imprevisvel. Isto requer uma estrutura que se responsabilize por umaavaliao e reviso regulares dos critrios de qualidade propostos e dos projectosincludos no plano de aco concreto.

    O leitor notar que a maior parte dos critrios de qualidade so igualmentepertinentes para EDS como o podero ser para muitos outros campos que

    estimulem o desenvolvimento da escola e a modernizao das possibilidades deensino e aprendizagem. Pensamos que a combinao dos critrios de qualidadelistados, numa adaptao local, que poder fazer com que o desenvolvimento daEDS numa escola faa dela uma verdadeira Escola de Educao para oDesenvolvimento Sustentvel. Um desenvolvimento escolar desta naturezaexige participao activa e pode tornar-se um espao onde alunos e professorespossam exercitar o seu conhecimento e competncias para a construo de umasociedade de desenvolvimento sustentvel. No existem vias pr-determinadaspara o desenvolvimento sustentvel:A viagem a meta que pretendemos atingir

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    Critrios dequalidade relativos poltica eorganizao

    escolares

    10. Domnio da polticae planeamentoescolares

    11. Domnio do clima daescola

    12. Domnio da gestoda escola

    13. Domnio da reflexoe da avaliao dasiniciativas da EDSao nvel da escola

    Critrios dequalidade relativos srelaes externas daescola

    14. Domnio dacooperao com acomunidade

    15. Domnio das redes eparcerias

    Critrios dequalidade relativos qualidade dosprocessos de ensino e

    aprendizagem

    1. Domnio dosprocessos de ensino eaprendizagem

    2. Domnio dosresultados visveis naescola e nacomunidade local

    3. Domnio dasperspectivas para ofuturo

    4. Domnio da culturada complexidade

    5. Domnio dopensamento crtico eda linguagem dapossibilidade

    6. Domnio daclarificao dosvalores e do seudesenvolvimento

    7. Domnio da acoprospectiva

    8. Domnio daparticipao

    9. Domnio do contedodisciplinar

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    1. Critrios de qualidade no domnio dos processosde ensino e aprendizagem

    ExemploUma turma do 8 ano estava a fazer uma pesquisa sobre a utilizao depesticidas numa comunidade local. No mbito deste trabalho, fez-se uma visita auma pequena quinta onde se cultivava cebolas num terreno alugado. O agricultortinha chegado com a famlia um ano antes, vindo de uma regio do pas onde aprecipitao tinha baixado por causa da desflorestao, causando grandesdificuldades a numerosas famlias.

    Os alunos recolheram as respostas s perguntas que tinham preparado sobre o

    uso dos pesticidas e dos seus efeitos na sade. Era claro que a utilizao depesticidas tinha consequncias na sade, mas, por outro lado, permitia recolhasmais frequentes de cebolas. O agricultor usava uma srie de sementeiras, deforma a ter cebolas em diferentes estdios de desenvolvimento. Uma vez porms colhia as cebolas para as levar para o mercado regional para obter osmelhores preos. Com essa receita podia manter a famlia que vivia com elenuma cabana, pagar a renda da terra, e, ainda, mandar dinheiro para a parte dafamlia que continuava a viver na sua regio de origem.

    Quando deixou o campo, a turma passou em frente duma cultura de cebolas queno tinham uma aparncia to fresca e saudvel como as outras, muitas delastinham as folhas com manchas castanhas, devidas ao ataque de larvas deinsectos. Para surpresa dos alunos, o agricultor explicou que estas cebolas erampara o seu consumo familiar e que, por isso, ele no gostava de as tratar compesticidas. Os alunos bombardearam-no com perguntas para saber por que novendia ele as cebolas no tratadas no mercado, ao que ele respondeu que porestas cebolas no obteria um bom preo no mercado porque no tinham to

    bom aspecto como as tratadas.

    De volta escola, os alunos teceram crticas muito negativas ao agricultor, poisperceberam que ele utilizava uma dupla moral para ganhar dinheiro. O professorajudou-os a compreender o dilema do agricultor como um conflito pessoal edeslocou a sua ateno para o conceito de lei de mercado. Uma vez queficaram muito impressionados com o que tinham visto, a turma decidiu investigareste assunto mais a fundo. Depois de uma primeira discusso em brainstorm,15

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    decidiram questionar a atitude dos pais sobre esta questo e fazer umaexperincia no mercado local.

    Os alunos organizaram-se para comprar uma certa quantidade de cebolas debom aspecto e uma certa quantidade de cebolas sem pesticidas e lev-las aomercado. Prepararam cartazes explicativos das diferenas e quiseram vend-lasao mesmo preo. No mercado, recolheram as reaces e opinies dosconsumidores. O projecto terminou com uma exposio e uma apresentao emque a turma descreveu as suas descobertas e preocupaes e questionou acomunidade sobre qual a direco que ela desejava seguir na sequncia destesacontecimentos.

    FundamentaoO desenvolvimento sustentvel no algo esttico, antes um processo debusca de um desenvolvimento da nossa vida quotidiana e das comunidades, emsentidos que beneficiem o mximo de pessoas, agora e no futuro, e que aomesmo tempo minimizem o nosso impacto negativo no ambiente. Para tal, sonecessrios cidados activos, criativos e crticos, capazes de resolver osproblemas e os conflitos com esprito de cooperao e capazes de associar osconhecimentos tericos a inovaes e ideias prticas.

    Como consequncia, a abordagem a seguir no processo de ensino-aprendizagemdeve colocar o aluno no centro e criar contextos favorveis que lhes permitamdesenvolver as suas prprias ideias, valores e perspectivas. Os professores devemconsiderar os alunos como agentes activos na construo do seu prprioconhecimento. Como as questes relativas ao desenvolvimento sustentvel somuitas vezes complexas e controversas, importante ser capaz de lidar comdiscordncias e com a complexidade (ver mais frente).A focalizao na EDSpode ser usada nas escolas como oportunidade de aprendizagem das matrias

    nucleares, muitas vezes com implicaes prticas para o quotidiano dos alunos eda comunidade local. Ao mesmo tempo, este tipo de abordagem permiteaumentar a auto-estima dos alunos.

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    Critrios de qualidade no domnio dos processos de ensino eaprendizagem

    Os professores ouvem e valorizam as preocupaes, experincias, ideias eexpectativas dos alunos, e os seus planos didcticos so flexveis e abertos mudana.

    Os professores encorajam a aprendizagem cooperativa e experiencial. O ensino tem em conta o valor das actividades prticas, relacionando-as com

    o desenvolvimento conceptual e a capacidade de teorizao dos alunos. Os professores facilitam a participao dos alunos e criam contextos

    favorveis ao desenvolvimento da sua prpria aprendizagem, ideias eperspectivas.

    Os professores procuram meios de avaliar os resultados dos alunos quesejam coerentes com os critrios atrs mencionados.

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    2. Critrios de qualidade no domnio dos resultadosvisveis na escola e na comunidade local

    ExemploOs professores duma escola rural estavam preocupados com uma florestaprxima da escola. Era uma floresta abandonada h alguns anos onde poucaspessoas ousavam entrar. As crianas estavam fascinadas com a floresta equeriam explor-la e utiliz-la para as suas actividades.

    As crianas propuseram-se pedir ajuda comunidade e aos pais para limpar afloresta, deixando-a sem lixo abandonado e tornando-a mais acessvel. Com osprofessores, elaboraram planos especficos sobre o que fazer e quando fazer.

    Durante trs dias de trabalho e com a ajuda da comunidade, esta florestaabandonada transformou-se num espao mais acolhedor para as pessoas. Foramplantadas outras plantas autctones a fim de aumentar a variedade de espciesvegetais presentes e foram colocadas pedras artsticas ao longo dum trilho.Toda a comunidade continuou a ajudar na preparao do solo para a plantaode outras rvores de diferentes espcies.

    Hoje a floresta usada como um lugar educativo. Constitui um prolongamentodo espao escolar, funcionando tambm como uma espcie de jardim botnicopara observao ao longo de todo o ano.A escola desenvolve projectosespecficos que tratam diferentes aspectos da floresta ao longo do ano e osprofessores e alunos cuidam-na com regularidade. A populao local vem agora escola para correr e fazer exerccio e durante os feriados o parque florestal amplamente utilizado.

    FundamentaoA EDS apela tomada de decises e a aces prticas; as escolas no devem

    apenas falar do futuro, mas agir para o futuro. No entanto, o principal objectivoda aco da escola no se prende com os resultados materiais/tcnicos visveis,mas com a aprendizagem e o envolvimento dos alunos.

    Os objectivos educativos e os objectivos do desenvolvimento sustentvel nemsempre tm as mesmas prioridades. Na educao, o que importa no tanto otema em estudo e/ou qual o resultado visvel que se espera da aco, mas que aescolha do tema resulte das ideias e opinies dos alunos e que os professores se18

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    preocupem com o desenvolvimento do pensamento crtico e a clarificao devalores quando os alunos esto a investigar e a resolver problemas.

    A gua ou a energia, os lixos, ou a remodelao do ptio da escola so exemplosde questes em que a participao fundamental, para as quais no h soluessimples e onde h espao para a incerteza. Isto implica ter em conta diferentespontos de vista e o exerccio da democracia na partilha e tomada de deciso.Tambm importante que os professores elucidem os alunos sobre o poder dasrelaes - sociais, institucionais, econmicas - para que no fiquem com a falsaimpresso de que podero sozinhos tomar a deciso final.

    O que verdadeiramente interessa que compreendam como funcionam as coisas

    na realidade para que estejam preparados a mud-las no futuro, se fornecessrio. Os resultados podem ter mais ou menos sucesso, sem que com issose deixe nos alunos um sentimento de frustrao. Mas quando algum resultado atingido e um pequeno sonho de mudana se torna realidade por mrito doesforo conjunto da turma ou da escola, extraordinariamente importantevalorizar essa mudana, mesmo junto dos alunos que no participaram, ealimentar e manter os resultados obtidos. Em muitos casos, acompanhar asmudanas obtidas mais difcil do que a mudana em si. Esta questo podeconstituir matria para a reflexo dos alunos e de toda a escola.

    Critrios de qualidade no domnio dos resultados visveis na escolae na comunidade local

    As mudanas materiais e tcnicas na escola e na comunidade local,relevantes para a EDS, so consideradas como oportunidades deensino-aprendizagem e so usadas para a participao e para a tomada dedeciso democrtica.

    As mudanas alcanadas e os resultados obtidos na escola e na comunidadelocal so alimentados e mantidos.

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    3. Critrios de qualidade no domnio das perspectivas para ofuturo

    ExemploUma professora duma turma do quinto ano do ensino bsico procurava umaforma concreta de abordar os aspectos intergeracionais dos problemas dodesenvolvimento. Ento, ela props aos alunos que imaginassem quantos netosiria ter cada um. Depois, pediu a cada um deles que escolhesse um dos futurosnetos ou netas e que o/a reproduzisse numa figura em cartolina - distribuiupedaos de cartolina e papis de diversas cores para serem utilizados para asroupas. Em seguida, pediu que escrevessem um nome possvel para o neto ouneta e o que imaginavam que seriam os seus pratos favoritos e actividades

    preferidas. Desta forma conseguiu que os alunos se projectassem na vida dosseus potenciais netos.

    Na parede da sala de aula, a professora traou um friso cronolgico, indicando oano em curso e algumas dcadas passadas e futuras. Depois de alguma reflexocom os alunos sobre o significado deste friso, a turma discutiu sobre quantosanos teriam de passar at que os seus netos tivessem a idade que eles tinhamimaginado. Finalmente, as figuras em cartolina que representavam os netosforam colocadas sobre o friso cronolgico no perodo de tempo adequado emrelao actualidade.

    A partir desse momento foi fcil professora estimular os alunos a pensar nofuturo em relao a problemas concretos. Indicando os seus netos, conseguiachegar a aspectos de oportunidade ou ameaa gerados pela situao actual e aescolhas possveis. Muitas vezes conseguia-se prever que os desejos dasgeraes actuais seriam contrrios aos interesses dos netos, a no ser que setivesse em conta esse conflito de interesses.

    FundamentaoO desenvolvimento da sociedade no faz parte dos interesses dos estudantesmais jovens, a menos que sejam ajudados a reflectir e a compreender o processodesse desenvolvimento. Em algumas culturas, os alunos tm o hbito de olhar oseu prprio desenvolvimento bem como o dos seus pares e vem a sociedade e omeio circundante como esttico. Noutras culturas, a incerteza e a falta de

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    estabilidade tal que os alunos pensam que no faz sentido preocuparem-secom o futuro.

    O futuro comea em cada segundo e o nosso futuro influenciado pelo quens e os outros faamos, so duas afirmaes que representam pontos departida para enfrentar os problemas do desenvolvimento. Outra forma possvel olhar para trs no tempo e tentar descobrir o que que deu origem s mudanasque conhecemos e s condies de vida que temos agora.

    Quando olhamos para o futuro no deveramos considerar o desenvolvimentocomo uma direco pr-determinada, mas salientar as mltiplas opes para asdecises a tomar, as solues alternativas e as diversas formas de

    desenvolvimento. Sem uma compreenso dos diversos futuros possveis, nohaver espao para a democracia.A democracia constri-se sobre a ideia de queem conjunto podemos moldar o futuro que desejamos. Todas as decises e todasas mudanas tm implicaes no futuro, a curto e a longo prazos. Tentar prev-las e decidir sobre quais as implicaes ou cenrios mais desejveis ajuda osalunos a envolverem-se activamente na construo do futuro da sociedade e dascondies da sua vida quotidiana.Aceitar a impossibilidade de eliminar os riscose as incertezas faz parte desta compreenso, a que se junta a capacidade deaprender com o passado e com os erros cometidos.

    Critrios de qualidade no domnio das perspectivas para o futuro

    Os alunos trabalham a partir de cenrios e de vises do futuro procurandomodalidades alternativas de desenvolvimento e de mudana,e estabelecendo critrios de escolha.

    Os alunos comparam os efeitos de curto e longo prazos das alternativase das decises.

    Os alunos procuram as relaes entre passado, presente e futuro paraobterem uma compreenso histrica da questo em estudo.

    Os alunos trabalham com estratgias de planeamento como forma dereduzir riscos futuros e de aceitar a incerteza.

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    4. Critrios de qualidade no domnio da cultura dacomplexidade

    ExemploO desafio da complexidade est no centro da vida escolar duma pequena escolado 1 ciclo do ensino bsico. No s ao nvel do projecto de escola mas tambmao nvel da sua organizao se tenta ter em conta a complexidade da realidade.Como se trata de uma escola do 1 ciclo, a primeira questo que os professoresse colocaram foi: O que significa a complexidade para ns? e O que significaa complexidade para as nossas crianas?

    Os professores decidiram eleger a explorao de ligaes e relaes como

    estratgia comum a todas as reas disciplinares e a todos os anos. Comoconsequncia, a astronomia e a observao do cu revelaram-se de particularinteresse para a escola: observando o movimento do sol e das estrelas, os alunosaprendiam a noo de tempo e de espao e questionaram-se quanto ao seulugar no planeta. Aprenderam a esperar e a relacionar esta espera com a emooda descoberta. Os professores acreditavam que no se pode pedir s crianasque cuidem de uma rvore ou se preocupem com a qualidade da gua se elasno tiverem tempo para jogar, tocar e usufruir do contacto fsico com a natureza.Por isso, as crianas fizeram trabalho de campo em diferentes condiesatmosfricas e programavam cada sada procurando preparar-se no somentepara as tarefas a desempenhar, mas tambm para o inesperado, perguntando-se Que devo fazer se? Depois das visitas de estudo, as crianas faziamreflexes e relatrios sobre as suas emoes, as percepes, onde encontraram oinesperado e como geriram a situao.

    A empatia com a natureza tambm foi explorada atravs de antigos mitos econtos, em que as crianas eram convidadas a inventar os seus prprios mitos.

    Tambm foi pedido aos alunos que mantivessem e cuidassem do jardim daescola, reforando a ligao natureza que eles tinham descoberto ecomeando por cuidar de coisas pequenas e de dimenses locais para aprendera cuidar das coisas grandes e distantes.

    FundamentaoA complexidade tornou-se uma das palavras-chave da EDS, mas o seu significadoe os desafios que coloca educao esto ainda por explorar. A ideia emergente22

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    a de que no s temos um mundo complexo e situaes ambientais de gestocomplexa, mas tambm temos necessidade de um pensamento complexo quese contraponha ao reducionismo de muitas racionalidades tecnocrticas.

    Tem-se reconhecido que a crise ambiental o resultado da aplicao de ummodo de pensar orientado para a simples resoluo de problemas e para acompreenso do todo, dividindo-o em partes, a um mundo natural e socialcomplexo. A educao tem um papel fundamental na construo de uma culturada complexidade. So trs as direces principais exploradas pelas escolas epelos investigadores em educao que podem ser aplicadas em todas asdisciplinas e em todas as actividades da escola, no sentido de se construir umprocesso educativo orientado para a complexidade.

    a) A ateno s relaes, no espao e no tempo, que ligam todos os seres vivosentre si, os acontecimentos naturais com os econmicos e sociais, ocomportamento individual com o global, com o objectivo de construir uma visosistmica da realidade e promover a capacidade de apreender as relaes entreos efeitos globais e as aces locais.b) A importncia da transformao da diversidade e dos constrangimentos emoportunidades para o futuro. Os constrangimentos so diferentes das leis dacincia ou da tcnica e permitem evolues no previsveis, alm de deixaremespao para a criatividade.A prpria aprendizagem um exemplo dessesprocessos semi-caticos e no previsveis, em que a diversidade individual e osconstrangimentos do contexto permitem a construo de significados e soluespessoais.c) A conscincia dos limites - dos recursos, do tempo necessrio para que secompletem os ciclos biolgicos, do potencial da mente humana, - emconjunto com a conscincia da imprevisbilidade dos complexos sistemasnaturais ou sociais e do risco associado a cada aco ou inaco.

    O conhecimento, neste quadro, no s racional, mas tambm emocional ebaseado em valores, e inclui empatia, respeito pela diversidade (biolgica, social,cultural, ) e a conscincia dos limites do prprio conhecimento. Sabedoria eprecauo na planificao da aco so consequncias deste ponto de vistacomplexo. Precauo significa estar consciente dos limites do nossoconhecimento e, em caso de dvida sobre as possveis consequncias graves deuma deciso, esperar o pior e t-lo presente quando so avaliados os prs e oscontras de solues alternativas.

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    Critrios de qualidade no domnio da cultura da complexidade

    Os alunos trabalham na construo da compreenso do problema,examinando os diferentes pontos de vista e os diferentes interesses, antesde tentarem encontrar uma soluo.

    O ensino de todas as disciplinas e reas disciplinares baseia-se na procurade relaes, influncias mltiplas e interaces.

    Os alunos tm a oportunidade de se confrontar com a diversidade -biolgica, social e cultural- e de a perspectivar como oportunidades dealargamento das opes de mudana.

    Os alunos so encorajados a ouvir as suas prprias emoes e a us-lascomo forma de obter uma compreenso mais profunda dos problemas e das

    situaes. Os alunos e os professores aceitam a incerteza como parte da vida

    quotidiana e preparam-se para esperar o inesperado e lidar com ele, semesquecer a importncia do princpio da precauo.

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    5. Critrios de qualidade no domnio do pensamento crtico eda linguagem da possibilidade

    ExemploAlunos do 7 ano de escolaridade trabalharam num projecto que tratavaproblemas e questes relativos ao uso de pesticidas. No sentido de introduzir osalunos na complexidade do problema, o professor pensou consciencializ-lospara os conflitos de interesses em jogo. Por isso, foi pedido a metade da turmaque tomasse posio, identificando e analisando argumentos favorveis ao usode pesticidas, enquanto que a outra metade da turma tomaria a posiocontrria, procurando argumentos desfavorveis ao seu uso.

    Foi-lhes tambm pedido que procurassem informao relevante que pudessesuportar as suas posies: em bibliografia (livros, jornais, Internet, etc.) e em en-trevistas a testemunhas da comunidade local. No final do trabalho, os alunosdeveriam apresentar as posies que defendiam num debate em sala de aula.

    Para reforar a autenticidade do trabalho escolar, as testemunhas dacomunidade local (um agricultor tradicional, um agricultor biolgico, oresponsvel dum supermercado local, um representante de uma associao deconsumidores e o presidente do crculo local da associao de caminhantes)foram convidados a estar presentes no debate. Em seguida, foi pedido aos alunosque discutissem em grupo e tomassem posio sobre o tema.

    Neste processo, no s foi pedido aos alunos que tomassem uma posio sobre autilizao dos pesticidas e argumentassem a favor dela, mas tambm queidentificassem alternativas e aces possveis, utilizando os argumentosdesenvolvidos no decurso do processo de aprendizagem.

    FundamentaoOs alunos so expostos todos os dias a uma quantidade de informaoesmagadora - informao complexa, cheia de incertezas e de contradies eraramente neutra relativamente a valores e polticas. Torna-se evidente que oconhecimento no um fenmeno objectivo, independente de pontos de vista edo momento em que produzido.

    Para se tornarem cidados activos e responsveis, os alunos necessitam deaprender a pensar por si, a no tomar todos os tipos de informao ou de

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    argumentos como certos, mas, pelo contrrio, reflectir e procurar os pressupostosque subjazem s manifestaes de conhecimento, s opinies e aos pontos devista.

    Por outro lado, atravs da combinao do pensamento crtico com a linguagemda possibilidade salienta-se que ser crtico no significa ser negativo e cpticosobretudo e todos de forma determinista. Um pensador crtico no uma pessoaque diz sempre no, mas uma pessoa que se esfora por integrar o processocrtico de reflexo e questionamento com uma viso emptica e optimista dopotencial disponvel, procurando solues e orientaes positivas.A linguagemda possibilidade garante que o pensador crtico no procure limites e restries,mas, de forma aberta e criativa, procure e se deixe inspirar por percursos que se

    revelaram positivos e frutferos em outras culturas, outras pocas e outrassituaes. Assim, concentrando-se no s no que possa ser errado mastambm no que possa estar certo, o pensamento crtico, combinado com alinguagem da possibilidade, d aos seres humanos capacidades pessoais ecolectivas, capazes de transformar e indicar uma nova viso do futuro enecessrias quando se pretende caminhar no sentido do desenvolvimentosustentvel.

    Critrios de qualidade no domnio do pensamento crtico e dalinguagem da possibilidade

    Os alunos trabalham relaes de poder e conflitos de interesses, por exemploao nvel local, entre pases e entre geraes presentes e vindouras.

    Os alunos so encorajados a olhar para as situaes de diferentesperspectivas e a desenvolver a empatia identificando-se com os outros.

    Os alunos so encorajados a encontrar argumentos para defender diferentesposies.

    Os alunos so encorajados a procurar exemplos do que (ou foi) til efrutuoso em outras situaes, de forma a imaginarem novas possibilidades eaces alternativas.

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    6. Critrios de qualidade no domnio da clarificao dos valorese do seu desenvolvimento

    ExemploTrabalhar com os valores dos alunos mais difcil para os professores jempenhados nas questes ambientais. Conhecedor deste facto, um grupo deprofessores fez da construo e clarificao de valores o centro da suainvestigao-aco. O desafio, disseram eles, acreditar naquilo que se fazenquanto simultaneamente se d espao s crenas dos outros. O problemasurgiu do facto de se verificar um elevado nmero de caadores entre os pais dosalunos, e a questo levantada por um aluno sobre a coerncia entre os valoresdeclarados pelos caadores de amor natureza e as suas aces.

    No incio, os professores evitaram exprimir as suas posies, mas organizaramuma srie de encontros com a associao de caadores, com a guarda-florestal ecom uma associao contra a caa. Foi pedido a um velho caador que contassehistrias sobre o que o fascinava na caa e foi feita uma pesquisa sobre atradio da caa na regio.

    No decorrer destes encontros, entre as vrias questes que foram levantadas,estava a da biodiversidade e da sua importncia para a evoluo futura.Comeou a distinguir-se entre a caa das espcies ameaadas e a caa deespcies actualmente em abundncia em relao ao habitat que o ser humanoconsidera imprescindvel para si prprio.

    As Leis regionais, nacionais e internacionais foram tidas em conta e discutidas.Os professores apresentaram-se como facilitadores da discusso, ajudando osalunos a clarificarem as suas posies e a colocarem questes.Tambm elesderam as suas opinies sem, no entanto, se chegar a uma posio unnime

    quanto ao problema da caa.

    Os resultados e as questes apresentados pelos alunos no final do anomostraram uma compreenso profunda no s quanto ao dilema da caa, massobretudo quanto mudana nas relaes entre o ser humano e os outros seresvivos em tempos diferentes e em diferentes regies do mundo.

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    FundamentaoOs valores so uma parte importante da cultura da complexidade e daconstruo de um pensamento crtico.A EDS assenta explicitamente em valores ena racionalidade. A mensagem importante a de que, se partilharmos o valor dorespeito pela diversidade dos seres humanos, devemos praticar esse valoraceitando a existncia de outros valores.

    No se consegue facilmente transmitir valores nem mud-los. A investigaomostra que uma mudana de comportamento de curto prazo no corresponde aodesenvolvimento de valores de longo prazo. Para comear a negociar valores e aconstruir novos valores, o primeiro desafio consiste em tomar conscinciadaqueles por que se pautam as pessoas na sua vida quotidiana.

    Nas nossas sociedades os valores explcitos so frequentemente diferentes dosvalores implcitos nas aces, uma vez que se misturam com os interessespessoais. As opinies ou decises baseadas em valores so frequentementeapresentadas como factos ou como concluses necessrias.

    Os professores tm um papel difcil neste processo de clarificao edesenvolvimento de valores: tm de, por um lado, clarificar e tornar explcitos osseus prprios valores e, por outro lado, respeitar os valores dos alunos.

    Critrios de qualidade no domnio da clarificao dos valores e doseu desenvolvimento

    Os alunos trabalham sobre a distino entre conhecimento factual e opiniesbaseadas em valores e investigam os valores e os interesses que estosubjacentes.

    Os professores centram o seu trabalho na clarificao e discusso dos valores

    por parte dos alunos, desse modo fortalecendo a reflexo, o respeito mtuo ea compreenso de outros valores.

    Os professores aceitam o desafio de no impor os seus prprios valores eopinies, permitindo que os alunos mantenham as suas prprias posies.

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    7. Critrios de qualidade no domnioda aco prospectiva

    ExemploUma turma de alunos de 10 anos desenvolveu um projecto sobre a questoSomos sensveis escolha e uso das embalagens?. Na origem do projectoestava a descoberta por parte de alguns alunos de que no seu dia a dia areciclagem das embalagens no era vulgar. Por exemplo, um grupo de alunosestava muito interessado no facto de no serem recicladas as embalagens deplstico do lquido usado para a lavagem dos vidros dos carros, vendido nasestaes de servio.

    Antes de abordar o problema especfico, o professor optou por trabalhar oproblema das embalagens, em geral, para alargar os seus horizontes sobre amatria. Os alunos recolheram informao no comrcio local sobre a quantidadee tipo de embalagens, analisaram o ciclo das embalagens de plstico donascimento morte, visitaram empresas de reciclagem na indstria doplstico, fizeram uma dramatizao para apresentarem os conflitos de interessesna utilizao das embalagens, e elaboraram um questionrio para evidenciar asatitudes da populao relativamente s embalagens.

    Com base no conhecimento adquirido e nas questes levantadas nainvestigao, os alunos escreveram Entidade competente sobre embalagenspara recolher informao sobre a etiquetagem, Cmara Municipal parasaberem mais sobre a recolha diferenciada dos lixos e a vrios produtores parasaberem qual a quantidade de embalagens para os produtos seleccionados.

    Depois de terem identificado diferentes argumentos, pontos de vista e dadosfactuais sobre as embalagens, os alunos voltaram questo especfica inicial e

    em conjunto com o professor decidiram escrever Companhia Petrolfera visada.Explanaram a sua anlise e sugeriram a reciclagem das embalagens de plstico.Receberam posteriormente uma resposta da companhia dizendo que era umaboa ideia e que iriam considerar seriamente por em prtica um sistema derecolha e reciclagem com base no estudo dos alunos.

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    FundamentaoO significado da aco tem a ver com o facto de os alunos em conjunto com oprofessor decidirem agir para resolver ou contrariar um problema dedesenvolvimento sustentvel com o qual esto a trabalhar e posteriormentereflectirem sobre o processo da prpria aco. Uma aco dirigida mudana:mudana no estilo de vida dos alunos e/ou nas suas condies de vida locais eglobais.

    O fundamento da aco reside na convico de que a aprendizagem significativaresulta do envolvimento dos alunos na resoluo de problemas reais.Atravs dosdados recolhidos, da pesquisa de informao relevante, do questionamento sobrea validade das fontes de informao, da anlise das hipteses, da deteco de

    preconceitos, da explorao de alternativas e da apresentao dos seus prpriospontos de vista e possibilidades de aco, os alunos tornam-se maisconhecedores dos mecanismos, fenmenos e obstculos envolvidos na soluodum problema ambiental.

    No entanto, para alm deste tipo de conhecimento mais racional, os alunosadquirem tambm meta-conhecimento pelo facto de terem estado pessoalmenteenvolvidos na resoluo de um problema real. Durante o processo, entraramfrequentemente em contacto com adultos disponveis para os ouvir e que oslevaram a srio. Atravs desta abordagem os alunos ganham confiana na acoindividual e colectiva e compreendem a importncia do seu envolvimento.

    Critrios de qualidade no domnio da aco prospectiva

    As questes e as aces propostas para trabalho dos alunos so escolhidaspelos professores pelo seu valor educativo e no apenas como forma deresolver os problemas reais.

    Os alunos participam nas decises relativas aco a desenvolver perante oproblema, aprendendo atravs da reflexo sobre essas experincias.

    O ensino centrado em estratgias de aco autnticas, em possibilidadesde aco e na experincia a partir de aces reais.

    O envolvimento dos alunos na aco acompanhado de reflexes sobre osefeitos locais e globais, comparando riscos e possibilidades de decisesalternativas.

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    8. Critrios de qualidade no domnio daparticipao

    ExemploUm professor do 8 ano de escolaridade trabalhou durante muitos anos com aparticipao dos alunos, convencido de que a noo de participao uma partefundamental e ao mesmo tempo um pr-requisito do desenvolvimentosustentvel. Desde os primeiros anos os alunos foram gradualmentedesenvolvendo competncias de participao e partilha de responsabilidades.

    No incio, o professor procurou deliberadamente criar uma atmosfera na turma,propcia participao dos alunos nas decises relativas metodologia de

    trabalho, enquanto que as relativas escolha dos assuntos ou temas de estudocontinuavam da responsabilidade do professor.

    Mais tarde, o professor atribuiu aos alunos mais responsabilidades eoportunidades de escolha, at ao ponto de tomarem parte na maioria dasdecises relativas ao ensino e aprendizagem, incluindo temas de projectos,metodologias de trabalho, escolha de aces e avaliao.

    Um aspecto importante nas iniciativas do professor para melhorar a participaodos alunos foi a forma como as regras foram estabelecidas.As regras foramestabelecidas pelo dilogo e pela negociao. As relaes de poder eramrelativamente transparentes e claras e os alunos sabiam quando podiam ou noinfluenciar uma deciso.

    FundamentaoA noo de participao est estreitamente relacionada com o ideal dedemocracia.

    Participar fazer parte, partilhar responsabilidades e envolver-se em acescomuns - todos os assuntos que ajudam a preparar os alunos sobre osfundamentos da vida social. No entanto, a participao no linear neminata, depende das competncias dos alunos na matria, mas tambm decondies como: a cultura da escola, o clima de ensino e a competncia doprofessor. Tendo tudo isto em conta, o desafio central do professor o de darespao e melhorar a capacidade dos alunos para uma participao efectiva.

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    Escutar e exprimir as suas opinies, assumir responsabilidades e exercerinfluncia nas decises so capacidades que tm de ser aprendidas.

    Do ponto de vista da aprendizagem, a participao desempenha um papelimportante porque coloca os alunos no centro do processo de aprendizagem epermite-lhes que se apropriem dele, promove a motivao para discutir,encontrar solues e agir no contexto social. Alm disso, a participao dosalunos importante porque este tipo de processo de ensino-aprendizagem temcomo objecto e afecta as suas vidas e os seus futuros. Porm, participao nosignifica que o aluno deva decidir tudo acerca do projecto. O importante deixarespao para que tenha oportunidade de escolher participar at ao mximo dassuas capacidades, mas sendo sempre o professor a pessoa responsvel pela

    qualidade geral da aprendizagem no tempo que lhe est atribudo.

    Critrios de qualidade no domnio da participao

    Os professores centram o seu trabalho nas capacidades necessrias para queos alunos possam participar e cooperar de forma significativa, por exemplo,saber ouvir, expressar pontos de vista, assumir responsabilidade edemonstrar solidariedade.

    Os professores do oportunidade aos alunos de participarem no processo detomada de decises de acordo com as suas idades e as suas capacidades.

    Os alunos tornam-se experientes em processos de participao democrtica.

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    9. Critrios de qualidade no domnio do contedodisciplinar

    ExemploAlunos de 14 anos trabalharam num projecto sobre conflitos de interesserelativos utilizao de um ribeiro junto escola. Depois de terem observado aforma como um piscicultor e os pescadores linha utilizavam o ribeiro, os alunosfizeram um conjunto de perguntas, a saber: Como funciona uma piscicultura? Deque modo influencia a qualidade da gua? Que espcie de peixes socomerciveis? Os pescadores linha tm o direito de pescar em qualquer lugar?Como introduo ao tema, os alunos recolheram amostras de gua, fauna e florae construram dois aqurios idnticos. Num deles juntaram um suplemento de

    nutrientes e com o tempo a gua ficou turva e o nmero de seres vivos diminuiu,dando aos alunos uma primeira impresso sobre os efeitos da piscicultura naqualidade da gua do ribeiro.

    Para terem uma ideia precisa sobre o funcionamento da piscicultura, os alunosconstruram maquetes em papel-mch, utilizando clculos matemticos.Tambm discutiram problemas tcnicos relativos alimentao dos peixes e necessidade de oxigenao da gua.

    Para a investigao do tema de um ponto de vista societal, pesquisaram eanalisaram as leis que regulamentam o funcionamento da piscicultura e da pesca linha.

    Mais tarde, utilizando o conhecimento que tinham adquirido, os alunosentrevistaram o proprietrio da piscicultura e um pescador, no sentido deidentificar e analisar as razes e opinies dos visados no projecto.As entrevistasforam transcritas para o computador, as redaces e a ortografia foram

    corrigidas em trabalho cooperativo, dando lugar a um relatrio.

    A inteno do professor foi usar conceitos de biologia, qumica, geografia,matemtica e cincias sociais, tais como nutrientes, metabolismo, decomposio,escala, oxidao, autorizao, interesses, conflitos, limites, valores, etc. Os alunosconsideraram que esta abordagem contribuiu para uma melhor compreenso eenriquecimento de diversos temas e conceitos relacionados com o problema ecom os conflitos de interesses.

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    FundamentaoAs disciplinas curriculares tm muito que oferecer EDS. No entanto, muitodificilmente um problema de Desenvolvimento Sustentvel poder ser tratadoatravs de uma nica disciplina. O critrio para incluir uma determinada rea doconhecimento o facto de poder contribuir - junto com outras disciplinas - pararesponder s questes relacionadas com o problema.As cincias naturais ou ascincias sociais no so, por exemplo, chamadas a intervir pelo seu mritointrnseco, mas para que os seus modelos e conceitos sejam usados como meiode aprofundar a compreenso dos alunos sobre a complexidade do problema emestudo.

    Um problema um territrio em que os vrios assuntos podem ser postos em

    confronto com diferentes tipos de mapas (poltico, climtico, geolgico, etc.) quese revelem teis para a compreenso e planificao das aces. Os mapas de quenecessitamos dependem daquilo que pretendemos mudar. O importante no utilizar todos os mapas possveis, mas ter a capacidade de os usar ecompreender o processo de simplificao da complexidade sem confundir omapa com o territrio.

    Trabalhar com problemas e questes relacionados com o desenvolvimentosustentvel requer uma abordagem que ultrapassa as fronteiras de cadadisciplina. O importante reforar as relaes entre diferentes perspectivasdisciplinares de forma no fragmentada.

    Caber EDS, por outro lado, apoiar a aprendizagem nas disciplinas tradicionais,fornecendo exemplos e perspectivas que contribuam para a revitalizao einovao do correspondente processo de ensino e aprendizagem. Deste ponto devista um desafio para as escolas a explorao das possibilidades da EDS comoum veculo para melhorar a eficcia das aprendizagens das matrias nucleares

    e a produo de sentido nas situaes de aprendizagem. A abordagem orientadapara o problema, autntica e interdisciplinar, quando se trabalha com problemasrelacionados com o desenvolvimento sustentvel, pode alargar o mbito dasdisciplinas mais tericas e acadmicas do currculo, frequentemente isoladas.

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    Critrios de qualidade no domnio do contedo disciplinar

    Os professores em EDS centram-se em problemas e temas - as disciplinasdevem intervir de forma funcional e relevante para a compreenso dacomplexidade das questes.

    As teorias e os conceitos das disciplinas acadmicas so utilizados paradar racionalidade ao conhecimento fundado na experincia, frequentementeingnuo e acrtico.

    Os professores procuram ideias e perspectivas na EDS para revitalizar einovar o processo de ensino e aprendizagem nas disciplinas tradicionais.

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    10.Critrios de qualidade no domnio da poltica e planeamentoescolares

    ExemploA direco de uma escola convocou uma reunio para todo o pessoal da escolapara se abordar a Dcada das Naes Unidas da Educao para oDesenvolvimento Sustentvel (DNUEDS). Tambm foram convidados a participarrepresentantes de pais e algumas pessoas com papis-chave na comunidadelocal. Antes da reunio, transmitiu aos participantes a informao que tinharecebido por escrito e a que tinha pesquisado na Internet sobre a DNUEDS. Noconvite, a direco da escola assinalava o interesse da matria, mas manifestavareservas quanto a um especial envolvimento da Escola na EDS.

    Durante a reunio todos foram convidados a contribuir com argumentos pr econtra sobre uma concentrao de esforos no domnio da EDS. No se chegou adecises, mas foram criados alguns grupos de trabalho para se estudaremdiversos aspectos em maior detalhe com vista a uma reunio onde se pudessetomar decises.Alguns pontos importantes a ter em conta incluam uma reflexosobre quais das actividades e projectos anteriormente levados a cabo na escolapoderiam ser utilizados neste novo contexto. Outros pontos relacionavam-se coma forma como o envolvimento na EDS poderia influenciar a aprendizagem dosalunos nas disciplinas nucleares e acabar por afectar os seus resultados nosexames finais. Os pais e os diferentes actores da comunidade foram encorajadosa expressar as suas opinies sobre o assunto.

    Na segunda reunio todos os grupos de trabalho apresentaram os resultadosencontrados para serem discutidos. Por fim chegou-se a acordo quanto a iniciarum trabalho em EDS, mas todos os grupos expressaram as suas incertezas sobrea forma de avanar. Foi sublinhado por muitos que os passos seguintes deveriam

    ser encarados como explorativos e de aprendizagem e no como passos de fcilprogresso e sucesso. Foi acordado identificar uma lista de Critrios de Qualidadepara o trabalho da escola em EDS e usar essa lista como ponto de partida.Foram, ainda, identificados alguns pequenos passos necessrios ao envolvimentode todo o pessoal da escola neste domnio.

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    FundamentaoA poltica da escola tem funes internas e externas que podem ser reforadasao serem centradas na EDS. Para o exterior, o empenho na EDS pode ajudar aescola a tirar proveito duma imagem claramente orientada para o futuro.Internamente, uma focalizao na EDS como motivo gerador quer de reflexo,quer de inovao pode ajudar a transformar a escola numa dinmicaorganizao aprendente. A prpria natureza da EDS implica uma atmosfera deintercmbio de ideias e reflexes baseadas em desejos e vises de futuro. Destaforma pode contribuir para fugir rotina e s tarefas triviais e habilitar eenvolver toda a comunidade escolar, se a direco da escola entender o seupotencial. Em todas as escolas a direco ter o papel fundamental de ajudar adespertar os mltiplos recursos e energias de todo o seu pessoal. No processo de

    planificao fundamental um acordo sobre o caminho a seguir, sabendo quepequenos passos na direco certa so muito mais sustentveis do que muitasmudanas num curto espao de tempo.

    Numa escola que funciona bem a competncia da escola muito mais do que asoma das competncias individuais. Como foi dito na introduo, importanteentender a cultura da escola como uma expresso da sua memria colectiva, oque significa que cada nova experincia, reflexes, inovaes, etc., sejamincorporadas na cultura da escola e mudem a forma como as pessoas interagem,discutem e actuam. competncia da direco da escola facilitar este processo,mas os objectivos, os processos e a organizao devero constituir uma visopartilhada envolvendo todos os interessados.

    Critrios de qualidade no domnio da poltica e planeamentoescolares

    A escola inclui a EDS na sua misso e no seu plano de aco anual.

    A direco da escola encoraja os professores a utilizarem cenrios de futurona planificao a longo prazo do seu trabalho em EDS.

    A escola atribui um tempo apropriado para o trabalho dos alunos em DS, talcomo para as reflexes dos professores e para a clarificao das questesrelacionadas com a EDS na escola.

    A escola cria um procedimento de resposta s necessidades dos professoresde formao relevante para a EDS.

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    11. Critrios de qualidade no domnio do clima da escola

    ExemploUma escola de uma pequena cidade caracterizada pela diversificao da oferta aosalunos: o trabalho de projecto sobre temas para um futuro sustentvel est no centroda aprendizagem em cada nvel de ensino e em cada turma. Os professores acreditamque estar bem na escola e estar preparado para o futuro so objectivos quecaminham juntos e que uma atmosfera construtiva, no competitiva mas estimulante, a melhor para os alunos.

    A direco da escola procura trabalhar atravs de uma diviso justa de papis e deresponsabilidades: alguns professores tm a responsabilidade de coordenar o trabalho

    de projecto da turma, outros cuidam dos projectos comuns entre-turmas, como porexemplo os projectos de intercmbio com outras escolas, a integrao de alunosdeficientes no trabalho da turma, ou as relaes com a autarquia ou com asinstituies educativas.

    Os pais e a comunidade so informados regularmente do desenvolvimento dosprojectos e sentem-se orgulhosos das actividades da escola: formou-se umaassociao de pais e de cidados para apoiar a escola e as actividades da associaoso planeadas em conjunto com as actividades escolares, no sentido de discutir comos pais e com os cidados interessados os mesmos temas que se pede aos alunos queexplorem durante o ano.

    Cada ano um novo desafio e o primeiro ms de cada ano lectivo dedicado planificao do trabalho de projecto e construo de uma relao de confiana erespeito na comunidade educativa.

    dedicada uma ateno especial aos recm-chegados - professores, alunos, pais ou

    outro pessoal - fazendo actividades de grupo de idades diversas, de tutoria entrealunos e actividades especiais para pais interessados.

    Todos os parceiros esto representados na Assembleia de Escola, mas a inteno daescola promover um debate mais amplo sobre os principais problemas e asprincipais decises a tomar, antes de irem a deciso da Assembleia.

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    FundamentaoO clima da escola um conceito difcil de definir, mas experienciado por todosos professores e alunos. Tem uma forte influncia sobre o conjunto de relaesexistentes entre alunos, professores, outro pessoal da escola e direco, pais ecomunidade externa e sentido de maneiras diferentes pelos diversos grupos(professores, alunos, etc.) da escola e no interior de cada um desses grupos. Umforte sentido de identidade, o orgulho de pertencer escola e, ao mesmo tempo,o sentimento de que as dvidas e as crticas so no s permitidas, mas bem-vindas, podem ser, para muitos, as principais componentes dum clima positivo daescola.

    A EDS pode ter uma influncia positiva no clima da escola e aprende-se melhor o

    que a participao, o pensamento crtico, a explicitao de valores, a acoconcreta e a aceitao da complexidade, numa escola onde tudo isto sedesenvolve como parte integrante do trabalho escolar.

    Para a EDS tambm importante que todos os membros da comunidade tomemconscincia da sua misso e do contributo que podem dar: o pessoal auxiliar, opessoal do bar, so to importantes como os professores ou os pais naconstruo de prticas dirias de respeito e cuidado com os recursos da escola,confiana nas regras da democracia e prazer no ambiente social e deaprendizagem.

    Critrios de qualidade no domnio do clima da escola

    A atmosfera da escola tal que cada um sente poder contribuir sem medocom ideias e propostas inovadoras.A direco da escola tem aqui um papel-chave como agente facilitador.

    A escola vista como uma arena no interior da qual todos os parceiros

    exercem a democracia e a participao e todos se envolvem nos processosde tomada de deciso a diferentes nveis.

    Toda a comunidade escolar, especialmente os pais, informada da relevnciada EDS para a aprendizagem global dos alunos e envolvida na avaliaoda escola.

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    12. Critrios de qualidade no domnioda gesto da escola

    ExemploVisitmos uma escola relativamente grande na provncia. Fomos bem recebidospela presidente da direco, que nos mostrou a escola com orgulho. Com muitasrvores, arbustos floridos e flores em torno de pequenos relvados, em muitoslugares havia condies para que os alunos se sentassem no exterior a trabalharou simplesmente a relaxar. Muitas rvores tinham etiquetas de madeira com adesignao comum e o nome cientfico. Uma seco era destinada a um jardimde plantas aromticas com plantas medicinais e para a cozinha.

    Enquanto estvamos sentados e falvamos sobre como foi possvel tudo istoatravs de um fundo especial de um projecto para melhoria da escola, iniciou apausa para almoo. Passou uma turma de alunos com as suas lancheiras com oalmoo. Uma das meninas atrapalhou-se e deixou cair o arroz ao cho.Imediatamente correu a um edifcio, regressou com uma p e uma vassoura elimpou o cho. Antes da turma desaparecer na cantina a aluna voltou a correr etomou a sua posio junto dos companheiros. Ao nosso comentrio sobre oacontecimento, a presidente respondeu: Sim, aprenderam o que devem!

    Mais tarde, quando questionmos a presidente quanto ao envolvimento dosalunos no trabalho de melhoria do parque da escola, ela respondeu que elesajudaram a plantar as rvores. Demo-nos conta que os alunos foram usadoscomo instrumentos para a gesto do belo parque da escola. Mas a presidenterapidamente viu o potencial de um maior envolvimento dos alunos. Dem-meum ano mais! foi o comentrio final desta eficiente presidente.

    Fundamentao

    primeira vista, os critrios de qualidade no domnio da gesto da escolapoderiam estar relacionados com a limpeza e beleza do parque da escola, com aboa gesto dos edifcios ou procedimentos de poupana de energia e gua ebom tratamento dos lixos. Mas, analisando mais profundamente, depende.Depende do grau em que estas belas realizaes so teis para a consecuodas aprendizagens que preparam os alunos para que venham a ter em conta osaspectos do desenvolvimento sustentvel nas suas vidas futuras. Nestaperspectiva, o valor do envolvimento dos alunos nas actividades de gesto da40

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    escola deve sobretudo ser visto e avaliado em relao ao seu valor educativo eno em relao aos resultados, por exemplo, na poupana de energia ou nareduo da quantidade de lixo na escola.Assim, este domnio dos critrios dequalidade deve estar estreitamente ligado com as vrias reas que estorelacionadas com os processos de ensino e aprendizagem.

    Na escola tradicional, o ensino-aprendizagem est separado da gesto da escola.As decises relativas gesto so tomadas longe do alcance dos alunos. Isto,apesar do facto de a gesto da escola ter frequentemente um enorme impactona vida dos alunos na escola.

    Os professores bem podem esforar-se a ajudar os alunos a empenharem-se

    como participantes responsveis durante as suas aulas e na gesto da escola nocampo dos problemas de sustentabilidade. Mas se a escola gerida com estiloautoritrio (de cima para baixo), esta gesto funcionar como currculo ocultoe agir contra o que os professores esto a tentar conseguir. Em vez de olhar osalunos como objectos que podem ser geridos como parte da gesto da escola,pode ser mais til - de novo - procurar caminhos para melhorar o seu sentimentode pertena e a sua participao na gesto, no sentido de transformar asactividades de gesto em actividades de aprendizagem.

    As reas em que se podem focalizar os esforos so principalmente asrelacionadas com o desenvolvimento sustentvel: da gesto dos recursosnaturais (gua, energia, materiais, biodiversidade) reduo do uso de qumicose de substncias perigosas, da ateno recolha do lixo preocupao com umtransporte seguro dos alunos, do cuidado com os hbitos alimentares ao respeitopelo ambiente natural dentro e fora da escola. O interesse de uma vida exemplar poder relacionar o estilo de vida do dia a dia com o respeito pelasnecessidades e desejos dos outros e ajudar a que todos sejam participantes

    efectivos na mudana. Estes esforos tero um impacto positivo indirecto emestudantes que vivem parte da sua vida num contexto explicitamenteempenhado nas questes da sustentabilidade.

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    Critrios de qualidade no domnio da gesto da escola

    A escola faz um balano regular das suas necessidades relativas sustentabilidade, envolvendo alunos, professores e o pessoal administrativoe auxiliar.

    A escola decide todos os anos quais sero os novos desafios e quais asaces a empreender para a melhoria contnua da gesto da escola.

    A escola esfora-se por ser um exemplo de gesto dos recursos e apresentaos resultados comunidade escolar e extra-escolar.

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    13. Critrios de qualidade no domnio da reflexo eda avaliao das iniciativas de EDS ao nvel da escola

    ExemploDepois de 2 anos de muitas aulas dedicadas ao desenvolvimento sustentvel, osprofessores duma escola de 3 ciclo do ensino bsico sentiram necessidade deuma reflexo sobre os objectivos e mtodos utilizados no seu ensino. Os alunosconsideravam a EDS como mais uma obrigao sem especial interesse ouparticipao pessoal nos temas propostos. Os professores quiseramverdadeiramente compreender quais tinham sido os obstculos ou os erroscometidos e pediram a pessoas especializadas em EDS que dinamizassem umencontro.

    Como primeiro passo, foi pedido aos professores que pensassem no futuro, emvez do passado. O que que queriam realmente obter? Quais eram os objectivosmais importantes a longo prazo do seu ensino para um DS? De seguida, combase nos objectivos, iniciaram uma reflexo sobre como, sobre asmetodologias e contedos que poderiam ser usados para atingir esses objectivos.

    Neste processo, os professores deram-se conta de que em muitos casos o seuensino sobre a EDS era mais uma transmisso de contedos do que uma ajudapara os alunos desenvolverem um pensamento crtico e criativo. O resultado foium sentimento de frustrao para os alunos, aos quais se pedia que abordassemproblemas demasiado grandes e demasiado distantes da sua vida quotidiana.

    Os professores decidiram repensar o seu ensino e procurar novas abordagens.Assim, acordaram sobre alguns critrios que deveriam ser seguidos por cadaprofessor na planificao de qualquer disciplina, projecto ou iniciativa na escola.Os critrios eram em certo sentido abstractos, por isso, os professores

    decidiram encontrar-se regularmente para compararem os exemplos prticosque iriam encontrar para descrever cada um dos critrios.

    O primeiro exemplo a emergir era sobre o critrio da participao e referia-se ausncia de participao: os professores estabeleceram os critrios semenvolver nem os alunos nem os pais no processo! Com a ajuda dos parceirosexternos, os professores planificaram uma srie de iniciativas para envolver os

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    alunos e os pais no exerccio de organizar uma escola melhor orientada para ofuturo e no sentido do desenvolvimento sustentvel.

    O processo foi longo, mas no final do ano a escola tinha desenvolvido umconjunto de critrios que descreviam as abordagens pedaggicas, o tipo deactividades, o papel da escola na comunidade, sempre no sentido de caminharpara a EDS. Os critrios foram explicitados e escritos numa carta da Escola paraa EDS aprovada em Assembleia de Escola. Na carta, um dos critrios para odesenvolvimento da escola era estar envolvido na investigao, recolher dadosrelativos s inovaes e ao desenvolvimento e discutir os dados em grupos detrabalho mistos, onde pais, alunos e pessoal estivessem representados juntamente com os professores.

    FundamentaoNo temos receitas para o DS nem para a EDS. A reflexo sobre as aces, aauto-avaliao e a investigao-aco, so modalidades de trabalho que podemajudar o desenvolvimento da escola na direco do desenvolvimento sustentvel.Reflexo e investigao necessitam de tempo, de perguntas claras, de recolha dedados e de interpretao e debate, tendo em conta diferentes perspectivas.Documentar a aco e os processos de ensino constitui o primeiro passo. Outrospassos necessitam de uma definio da qualidade que a escola pretende atingire dos critrios de qualidade que podem ser usados para a avaliao dosresultados.A discusso de um conjunto de critrios de qualidade especficos daescola, aberta participao dos alunos, pais, pessoal da escola e membros dacomunidade externa, uma forma de desenvolver uma compreenso comum dafilosofia de EDS da escola e uma cultura de participao.

    A discusso no dever acabar na discusso dos critrios, mas continuar com oenvolvimento de todos os interessados na interpretao dos dados recolhidos e

    depois na avaliao interna dos resultados obtidos. Passar dos resultados visveisa curto prazo para resultados de aprendizagem de mdio e longo prazos,relativos a valores e ao pensamento crtico e no apenas a comportamentos, no um processo fcil, mas pode ser desenvolvido atravs da clarificao doscritrios e atravs da reflexo e da avaliao da aco em curso.

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    Critrios de qualidade no domnio da reflexo e da avaliao dasiniciativas de EDS ao nvel da escola

    A escola atribui um tempo apropriado para a reflexo dos professores e paraa investigao no domnio da EDS.

    A escola identifica e desenvolve critrios de qualidade para EDS, de acordocom a sua viso de EDS, e utiliza-os na avaliao interna.

    A escola cria procedimentos de mobilizao dos ganhos e das realizaes daEDS, tal como dos obstculos encontrados, para benefcio de toda a escola,mesmo dos professores que no estejam envolvidos em iniciativas de EDS.

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    Um primeiro passo nesta direco consiste em utilizar as caractersticas e osproblemas da comunidade como recursos para o trabalho de campo e para umaaprendizagem activa. Um outro passo consiste em propor a escola como uma vozimportante no processo de planeamento do desenvolvimento sustentvel local eum passo seguinte consiste em oferecer os recursos e competncias da escolapara os estudos e aces da comunidade que tenham em vista asustentabilidade. Neste processo, as escolas tornam-se centros sociaisnucleares e abertos, fontes de conhecimento especializado que partilhamresponsabilidades com outros actores da comunidade. Professores e alunosganham visibilidade e reconhecimento, enquanto que estes ltimos comeam apraticar o seu futuro papel de cidados activos.

    Critrios de qualidade no domnio da cooperao com acomunidade

    A escola envolve a comunidade como um recurso para um ensino-aprendizagem significativo.

    A escola utiliza a comunidade como campo para aces reais. A escola permite que a comunidade local lhe endosse as suas preocupaes

    e a utilize como centro comunitrio. .

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    15. Critrios de qualidade no domnio das redese parcerias

    ExemploUma autarquia pretendeu integrar as suas 50 escolas num sistema escolar nicoem que tivessem um papel importante o trabalho em rede, as parcerias e oenvolvimento de uma instituio universitria de educao. No incio, as escolasforam chamadas a participar num curso de formao de professores no qual seformaram dois professores por escola para motivarem, conduzirem e agiremcomo amigos crticos para com os seus colegas.

    Com o apoio da autarquia, este grupo de amigos crticos e a universidade

    formaram uma equipa facilitadora da cooperao entre escolas.

    As escolas constituram parcerias definidas por critrios geogrficos, ou emalguns casos, por interesses em determinadas temticas da EDS. As parceriasforam estabelecidas a trs nveis: a direco da escola, os professores e osalunos. Uma escola estava especialmente interessada em ter apoio para aformulao de um plano de aco que inclusse EDS no processo de ensino.Graas ao estabelecimento de redes, cooperavam entre si em tarefas comuns, emque os amigos crticos tinham um papel-chave na partilha de informao e deexperincias.

    Um outro grupo de escolas estava situado perto de uma zona hmida resgatadade um lago e quis desenvolver um programa de EDS centrado no conflito deinteresses relacionado com essa recuperao. Os amigos crticos, em conjunto,facilitaram o contacto com os actores locais interessados e com conhecimento daregio: proprietrios, a autarquia, ONGA, etc. Estes contactos deram origem auma parceria duradoura entre uma das escolas e a organizao ambientalista.

    FundamentaoA avaliao sistemtica e regular e a partilha de experincias e de informaorelevante para a EDS constituem um aspecto fundamental do trabalho em rede edas parcerias. Redes e parcerias podem ser estabelecidas em diferentes nveis:redes locais entre escolas vizinhas; redes entre escolas e ONGs ou OrganismosGovernamentais (OGs) que se dedicam inovao educacional no domnio daEDS (universidades, centros ou associaes com experincia na formao deprofessores) ou redes com parceiros internacionais.

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    Ao nvel da escola, tanto os alunos como os professores tm um papel activo noprocesso de criao e manuteno de redes e parcerias. A escola ganha com asredes tanto de forma reactiva como pr-activa, de facto, as escolas podem inovaro seu ensino-aprendizagem, aprendendo com as experincias de outrasinstituies educacionais e iniciando e promovendo redes e parcerias no seio dasquais se geram e se transmitem as suas prprias experincias. O trabalho emrede, nesta perspectiva, tem um carcter dinmico, qualificante de todos osparceiros e mobilizador de sinergias.

    O desafio para as autoridades educativas nacionais e regionais o de garantirrecursos econmicos e enquadramentos que permitam que as escolasestabeleam e mantenham redes e parcerias.

    Critrios de qualidade no domnio das redes e parcerias

    A escola coopera com outras escolas no sentido de desenvolver, partilhar ecomparar ideias e informao relevantes para a EDS.

    A escola faz parte de redes locais, nacionais e internacionais, relevantes paraa EDS, nas quais os alunos so encorajados a tomar iniciativa.

    A escola procura cooperao com instituies que se dedicam aodesenvolvimento educacional no domnio da EDS.

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    Agradecimentos

    Esta publicao inspirou-se e teve em conta os relatrios nacionais sobre oDesenvolvimento das Eco-escolas, produzidos por 13 pases membros dasredes ENSI e SEED. Ficamos reconhecidos pelo seu importante trabalho. Osautores dos relatrios nacionais so:Reiner Mathar, Alemanha; Syd Smith,Austrlia; Gunther Pfaffenwimmer,ustria; Willy Sleurs, Blgica (Flandres); Sun-Kyung Lee, Coreia; Soren Breitinget Finn Mogensen, Dinamarca; Mariona Espinet, Merce Guilera, Rosa Tarin, RosaM. Pujol, Espanha (Catalunha); Lea Houtsonen, Finlandia; Eugenia Flogaitis,Georgia Liarakou, Maria Daskolia, Grcia; Nikolett Szeplaki et Attila Varga,

    Hungria; Michela Mayer, Itlia; Astrid Sandas, Nruega; Evalotta Nyander, Sucia.

    Numerosos professores especialistas em EDS desempenharam o papel de amigoscrticos, fornecendo preciosas observaes sobre as primeiras verses:

    Roy Ballentyne, Austrlia; Daniella Tilbury, Austrlia; Gunther Pfaffenwimmer;Peter Posch, Franz Rauch, ustria; Paul Hart, Bob Jickling, Canad; KirstenNielsen, Keld Norgaard, Karsten Schnack, Dinamarca;Theresa Franquesa,Espanha;Merce Junyent Pubill, Espanha - Catalunha;Attila Varga, Hungria; ElisabettaFalchetti, Serena Recagno, Itlia; Stephen Sterling,William Scott, Justin Dillon,Reino Unido; Johan Ohman, Sucia.

    A traduo e adaptao desta publicao, em portugus, foi feita por ManuelGomes3 e revista por Filomena Matos4.

    3 Manuel Gomes, doutorando em Ensino da Geografia, Departamento de Geografia da FL Universidade

    de Lisboa; Equiparado a Bolseiro pelo Ministrio da Educao no mbito de Projecto de

    InvestigaoEducao para o Desenvolvimento Sustentvel e os canais de comunicao com a

    escola. Uma abordagem no ensino formal e o exemplo da Geografia.4 Filomena Matos, licenciada em Filologia Germnica com especializao em Administrao Educacional;

    Professora do ensino bsico, requisitada no Conselho Nacional de Educao.

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    Sugestes de leituras

    Benedict, Faye (Ed) (2000): From the Pilot to the Mainstream -Generalisation of good practice in Environmental Education,ENSI International Conference, Oslo.

    Elliott, John (Ed.) (1998): Environmental Education: on the way to a sustainablefuture, ENSI International Conference, Linz (ustria).

    Huckle, John & Stephen Sterling (Eds.) (1996): Education for Sustainability.Earthscan Publications, London.

    Kyburz-Graber, Regula; Posch, Peter & Peter, Ursula, (Eds.) (2003): InterdisciplinaryChallenges in Teacher Education - Interdisciplinary and Environmental Education.Innsbruck/ Wien: Studienverlag.

    Mogensen, Finn & Mayer Michela (2005):A Comparative Study on EcoschoolDevelopment Process, ENSI/SEED, Wien.

    Morin, E