cristofani guia para ler as parabolas de jesus

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  • Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Ummtodosimplespara lerparbolas

    JOS ROBERTO CRISTOFANI

  • Boa Nova Educacional2015

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    JOSE ROBERTO CRISTOFANI

  • Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    ndice

    1 UMAS PALAVRAS INICIAIS

    3 OBSERVAES GERAIS

    11 MTODO DE LEITURA

    30 APLICAO DO MTODO

    37 BIBLIOGRAFIA BSICA

    38 CRDITOS

  • 1Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Umas palavras iniciais

    Este um guia para ler as parbolas de Jesus. Um mtodo fcil e prtico, que pode ser utilizado por qualquer pessoa que queira estudar as parbolas presentes nos Evangelhos.

    As parbolas presentes nos Evangelhos continuam a fascinar os leitores e as leitoras ainda hoje. Muito

    provavelmente, porque falam bem de perto s vidas das pessoas que as leem.

    Talvez uns as prefiram pela riqueza de imagens que as parbolas trazem. Ou talvez pela variedade de temas que elas tratam. Pode ser, tambm, pelos ensinamentos to variados que elas contm.

    De qualquer maneira, as parbolas exercem uma profunda atrao sobre todos ns, leitoras e leitores da Bblia. Pois nelas nos vemos de forma clara como num espelho.

    Por causa disso seria bom que tivssemos um guia que nos ajudasse a tirar maior proveito da leitura das parbolas. E exatamente isso que propomos aqui. Fornecer um guia simples e prtico que nos auxilie em nossa leitura

  • 2Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    das parbolas.

    Este guia destina-se, primordialmente, quelas pessoas que, como voc, desejam ler a Bblia com maior profundidade sem precisar frequentar uma escola de Teologia. Mas que nem por isso deixam de estud-la.

    Este e-book se compe dos seguintes trs passos:

    Observaesgerais Mtododeleitura Aplicaodomtodo

  • 3Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    I. Observaes Gerais

    Parbola uma comparao com uma ideia s

    A parbola diferente da alegoria, pois a alegoria compara cada elemento da estria, enquanto que a parbola compara um nico elemento.

    Por exemplo: A parbola do Semeador (Mateus 13.3-8)

    Eis que o semeador saiu a semear. 4 E, ao semear, uma parte caiu beira do caminho, e, vindo as aves, a come-ram. 5 Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto no ser profunda a terra. 6 Saindo, porm, o sol, a queimou; e, porque no tinha raiz, secou-se. 7 Outra caiu entre os espinhos, e os espi-nhos cresceram e a sufocaram. 8 Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um.

    Vejamos a interpretao alegrica da parbola (Mateus 13.18-23):

    18 Atendei vs, pois, parbola do semeador. 19 A todos os que ouvem a palavra do reino e no a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no co-rao. Este o que foi semeado beira do caminho. 20 O que foi semeado em solo rochoso, esse o que ouve a

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    palavra e a recebe logo, com alegria; 21 mas no tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca durao; em lhe chegando a angstia ou a perseguio por causa da pa-lavra, logo se escandaliza. 22 O que foi semeado entre os espinhos o que ouve a palavra, porm os cuidados do mundo e a fascinao das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutfera. 23 Mas o que foi semeado em boa terra o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.

    Note que cada elemento comparado separadamente.

    Asementecomparadapalavradoreino. Asavesaomaligno. Osoloaocorao. Osolangstiaeperseguio. Osespinhosaoscuidadosdomundoeafascinaodasriquezas.

    Assim, cada elemento ou figura da parbola representa, na leitura alegrica, um tipo de situao especfica em relao recepo da Palavra.

    O problema da leitura alegrica que podemos atribuir a cada elemento de uma parbola aquilo que bem entendermos, pois no temos controle do que pode representar cada um deles. Veja o exemplo abaixo.

    Um antigo telogo de nome Orgenes leu alegoricamente a parbola do Bom Samaritano (Lucas 10.29-37):

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    29 Ele, porm, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem o meu prximo? 30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalm para Jeric e veio a cair em mos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retira-ram-se, deixando-o semimorto. 31 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. 32 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, tambm passou de largo. 33 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. 34 E, chegando--se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes leo e vi-nho; e, colocando-o sobre o seu prprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. 35 No dia seguinte, ti-rou dois denrios e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. 36 Qual destes trs te parece ter sido o prximo do homem que caiu nas mos dos salteadores? 37 Respondeu-lhe o intrprete da Lei: O que usou de misericrdia para com ele. Ento, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.

    OhomemdescendoparaJericAdo. Jerusalmoparaso. Jeric,omundo. Osladresequivalemaospodereshostis.

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Osacerdoterepresentaalei. Olevita,osprofetas. OsamaritanoCristo. Asferidassoadesobedincia. OanimalocorpodeCristo. Ahospedariaequivaleigreja.

    Com a atribuio de um significado para cada elemento, Orgenes podia sugerir que a parbola mostrava a histria da salvao, desde a expulso de Ado do paraso e sua peregrinao pelo mundo, passando pela lei e os profetas, at alcanar o perdo atravs do corpo de Cristo e ser colocado na igreja.

    Observando o versculo 29 podemos ver que a parbola responde pergunta feita por um mestre da lei: Quem meu prximo? e no tematiza a histria da salvao como sugere Orgenes.

    Portanto, na leitura alegrica, qualquer significado pode ser atribudo aos elementos da parbola, criando, assim, um sentido muito diverso daquele que a parbola quer transmitir.

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    A parbola expressa a vida cotidiana

    As parbolas expressam a vida cotidiana das pessoas que as esto ouvindo. As imagens so tiradas do dia-a-dia dessas pessoas.

    Vejamos na parbola da rede (Mateus 13.47-48) como as imagens utilizadas so bem conhecidas dos ouvintes de Jesus.

    47 O reino dos cus ainda semelhante a uma rede que, lanada ao mar, recolhe peixes de toda espcie. 48 E, quando j est cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora.

    Se notarmos que Jesus contou a parbola da rede sentado beira mar, como nos informa Mateus 13.1, ento a histria ganha um colorido ainda mais vivo para os seus ouvintes.

    Por outro lado, pode ser que, para ns que no moramos prximos ao mar ou rios, essa imagem do pescador recolhendo os peixes na rede, escolhendo alguns e lanando outros fora, soe totalmente estranha, pois no

    temos essa experincia em nosso cotidiano.

    O fato de as parbolas usarem imagens do dia a dia dos ouvintes serve como alerta para que interpretemos a mensagem da parbola e no suas imagens.

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Isso significa que podemos atualizar a parbola para nossos dias atravs de sua mensagem usando imagens da atualidade.

    A tcnica dos dois quadros

    Os autores dos Evangelhos sabiam enquadrar as parbolas de Jesus dentro do contexto de sua mensagem e usaram para isso o que chamamos de tcnica dos dois quadros.

    Essa tcnica consiste em prover uma moldura (quadro 1) para determinada parbola (quadro 2), que inserida dentro dessa moldura. O quadro 1 o contexto no qual a parbola deve ser lida e interpretada.

    Visualmente temos:

    3

    Contexto

    Parbola

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    Tomemos como exemplo a parbola das crianas brincando (Mateus 11.16-19):

    16 Mas a quem hei de comparar esta gerao? seme-lhante a meninos que, sentados nas praas, gritam aos companheiros: 17 Ns vos tocamos flauta, e no danas-tes; entoamos lamentaes, e no pranteastes. 18 Pois veio Joo, que no comia nem bebia, e dizem: Tem de-mnio! 19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis a um gluto e bebedor de vinho, amigo de pu-blicanos e pecadores! Mas a sabedoria justificada por suas obras.

    Nesse texto o quadro 2 a parbola em si que ocupa os versculos 16b-17. Por meio dela ficamos sabendo que nas brincadeiras de roda algumas

    crianas propem um tipo de brincadeira (festa de casamento e sepultamento) e outras no querem brincar disso.

    O significado da parbola dado pelo enquadramento que ela recebe. O quadro 1, constitudo dos versculos 16a 18 e 19, prov o contexto no qual a parbola quer ser lida.

    Assim, o versculo 16a introduz uma pergunta Mas a quem hei de comparar esta gerao? e os versculos 18

    e 19 esclarecem que essa gerao no acolhe nem Joo Batista nem tampouco a Jesus, antes critica a ambos.

    Por si s uma parbola pode ter qualquer significado, mas quando emoldurada por um contexto ela ganha contornos especficos.

  • 10Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Para ilustrar o que dissemos, faamos um exerccio com a mesma parbola, alterando, porm, seu enquadramento:

    Mas a quem hei de comparar esta igreja? semelhante a meninos que, sen-tados nas praas, gritam aos companheiros: Ns vos tocamos flauta, e no danastes; entoamos lamentaes, e no pranteastes. Pois veio um Pastor, que no batia palmas nem gritava aleluia, e dizem: muito frio! Veio outro Pastor que bate palmas e grita aleluia, e dizem: Eis a um avi-vado e pentecostal! Mas a sabedoria justificada por suas obras.

    Com essa nova moldura a parbola passa a ter outro sentido do que aquele que tinha no contexto em que foi colocada por Mateus.

    Alis, os prprios evangelistas usaram enquadramentos diferentes para uma mesma parbola. Vejamos, por exemplo, a parbola da ovelha perdida. Mateus a usa para ilustrar o interesse de Deus Pai em que nenhum de seus filhos se perca (Mateus 18.10-14), enquanto que Lucas utiliza a mesma parbola para mostrar o interesse e a alegria de Deus pelo pecador que estava perdido e foi achado (Lucas 15.3-7).

    Portanto, para uma leitura consistente das parbolas necessrio observar a tcnica dos dois quadros.

  • 11Jos Roberto Cristofani

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    II. Mtodo de leitura

    O mtodo de leitura um roteiro bastante simples. Ele se constitui de seis perguntas que, respondidas com preciso, nos levaro a um bom entendimento das parbolas.

    Tais perguntas so:

    1.OquemotivouJesusacontaraparbola? 2.Aqualaudinciasedirigeaparbola? 3.Qualocontextoliterriodaparbola? 4.Qualofundoscio-histricodaparbola? 5.Qualareao/aoqueaparbolaexige? 6.Comoatualizaramensagemdaparbola?

    O que motivou Jesus a contar a parbola?

    As parbolas contadas por Jesus so motivadas pelas circunstncias. preciso, portanto, descobrir o motivo que levou Jesus a contar tal parbola, pois disso depende a descoberta do ponto de comparao.

    Por exemplo:

    1

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Lucas 10.29 Ele, porm, querendo justificar-se, pergun-tou a Jesus: Quem meu prximo?

    Jesus conta a parbola do Samaritano para responder a pergunta: Quem meu prximo?

    Lucas 14.7 Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, props-lhes uma parbola.

    A parbola dos Primeiros Lugares contada para explicar o dito Todo o que se exalta ser humilhado e todo o que se humilha ser exaltado. (Lucas 14.11).

    Lucas 15.2 E murmuravam os fariseus e os escribas, di-zendo: Este recebe pecadores e come com eles.

    Trs parbolas, a Ovelha Perdida, a Dracma Perdida e o Filho Perdido, so contadas para rebater as crticas feitas a Jesus pelo fato de acolher pecadores.

    Lucas 18.1 Disse-lhes Jesus uma parbola, sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer.

    A parbola do Juiz Inquo tem o propsito declarado de ensinar o dever de orar sempre.

    O primeiro passo, portanto, para uma boa compreenso da parbola identificar o motivo que levou Jesus a cont-la.

  • 13Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    A qual audincia se dirige a parbola?

    Jesus contava suas parbolas para ouvintes bem concretos, isto , Jesus se dirigia a pessoas que o ouviam, ou porque queriam aprender ou porque o desafiavam ou por outro motivo qualquer. Mas sempre estavam interessadas em suas palavras.

    Mesmo quando a igreja releu as parbolas de Jesus e as aplicou a uma nova situao, preservou a referncia a audincia.

    Dessa forma, audincia a que se dirige a parbola deve ser procurada. Ela pode aparecer em dois lugares no:

    A.Inciodaparbola B.Contextoprximodamesma.

    A. Exemplos de audincia que podemos encontrar no incio:

    Algumas parbolas trazem uma referncia audincia logo no incio do texto. Outras fazem meno da mesma no incio de uma srie de parbolas. Vejamos os exemplos abaixo:

    a. Parbola do Semeador (Lucas 8.5-8)

    8.4 Afluindo uma grande multido e vindo ter com ele

    2

  • 14Jos Roberto Cristofani

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    gente de todas as cidades, disse Jesus por parbola:

    A audincia, aqui, a grande multido mencionada no versculo imediatamente anterior ao incio da parbola.

    b. Trs ParbolasA Parbola da Ovelha Perdida (Lucas 15.3-7), Dracma Perdida (15.8-10) e Filho Perdido (15.11-32)

    15.1 Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pe-cadores para o ouvir. 2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.

    Nessa srie de trs parbolas, a audincia composta de publicanos e pecadores (v. 1) e de fariseus e escribas (v. 2),

    sendo mencionada no incio da srie. Ainda que o ensino das parbolas se destine especificamente aos fariseus e escribas, a audincia deve ser considerada composta dos dois grupos, pois para os fariseus e escribas o ensino de Jesus uma

    reprovao e para os publicanos e pecadores seu ensino de salvao.

    B. Exemplos de audincia que encontramos no contexto prximo:

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Outras vezes precisamos procurar a audincia nas imediaes da parbola, ou seja, necessrio ler um trecho maior do texto no qual ela est inserida. Vejamos abaixo:

    a. Parbola das Crianas Brincando (Lucas 7.31-35)

    7.24 Tendo-se retirado os mensageiros, passou Jesus a dizer ao povo a respeito de Joo: Que sastes a ver no deserto? Um canio agitado pelo vento?

    A audincia pode ser encontrada no contexto prximo anterior que se constitui dos versculos 24 a 30. No versculo 24 h uma meno genrica de que o povo ouvia a Jesus. J no versculo 30 a referncia se torna mais especfica, pois aponta os fariseus e os interpretes da lei como aqueles aos quais se dirige a palavra por terem rejeitado tanto a Jesus como a Joo Batista.

    b. Parbola do Dois Devedores (Lucas 7.41-43)

    7.40 e 49 Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simo, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mes-tre. [...] Os que estavam com ele mesa comearam a dizer entre si: Quem este que at perdoa pecados?

    A audincia, neste caso, deve ser procurada nos versculos 40 e 49. Alm do fariseu que convidou Jesus para uma refeio em sua casa (v. 40), a

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    parbola se dirige aos convidados que estavam com eles mesa (v. 49).

    c. Parbola da Figueira Estril (Lucas 13.6-9)

    13.1 Naquela mesma ocasio, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos mistu-rara com os sacrifcios que os mesmos realizavam.

    A audincia pode ser genrica. Nesse caso, a parbola se dirige a alguns mencionados no versculo 1.

    Portanto, descobrir a audincia qual dirigida a parbola um passo importante na busca pelo significado da mesma, pois cada situao concreta na qual a audincia se encontra exige um ensinamento especfico.

    Qual o contexto literrio da parbola?

    Chamamos de contexto literrio a seo na qual a parbola est inserida, isto , a vizinhana literria. Isto significa que devemos ler o texto ao redor da parbola.

    Com isso determinaremos o que chamamos anteriormente de quadro 1.

    Para determinar os limites da vizinhana literria de uma parbola, devemos observar o incio e o trmino de uma seo.

    3

  • 17Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Os evangelistas usaram alguns elementos para indicar onde determinado assunto tem incio e onde tem seu trmino. Os elementos so os seguintes:

    A.Mudanasdelugar B.Mudanasdetempo C.Mudanasdepersonagens D.Mudanasdeassunto

    Esses critrios podem aparecer sozinhos ou juntos.

    A. Mudana de lugar

    O primeiro critrio que se pode observar para delimitar uma seo a mudana de lugar. Por exemplo:

    Lucas 14.1 Aconteceu que, ao entrar ele num sbado na casa de um dos principais fariseus para comer po, eis que o estavam observando.

    As parbolas dos Primeiros Lugares (Lucas 14.7-11) e da Grande Ceia (Lucas 14.16-23) esto dentro da seo que tem seu incio em 14.1 quando Jesus entra na casa de um dos principais fariseus.

    Ao observarmos Lucas 13.22-35, notamos que Jesus passava por cidades e aldeias, ou seja, estava em outro lugar.

  • 18Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Assim, 14.1 marca uma mudana de lugar que indica que uma nova seo est comeando.

    O fim dessa seo pode ser demarcado em 14.24, pois em 14.25 Jesus, ao que tudo indica, j deixou a casa na qual estivera comendo.

    Portanto, as duas parbolas mencionadas acima esto dentro do trecho que se inicia em 14.1 e termina em 14.24.

    B. Mudana de tempo

    Outra maneira de encontrar o incio de um trecho observar se h mudana de tempo, quer dizer, se h indicativos de que houve um deslocamento temporal. Exemplo:

    Lucas 8.1 Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e

    anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele,

    A expresso depois disso, que se encontra no texto acima, indica que houve um deslocamento temporal em relao ao que foi dito antes.

    Na sequncia do texto a prxima mudana de tempo aparece no versculo 22 (Aconteceu que, num daqueles

    dias...).

  • 19Jos Roberto Cristofani

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    Isso significa que as parbolas do Semeador (Lucas 8.4-8) e a da Candeia (Lucas 8.16-18) esto inseridas na seo de Lucas 8.1-21 e devem ser lidas, primeiramente, dentro desse contexto.

    C. Mudana de personagens

    Chamamos de mudana de personagens as variaes de interlocutores que ocorrem em determinadas passagens. Tal mudana pode indicar, ou no, o incio de uma seo. Vejamos o exemplo:

    Lucas 15.1 Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. 2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.

    O texto acima apresenta os publicanos e pecadores e os fariseus e escribas como os novos interlocutores de Jesus. No texto anterior (Lucas 14.25-35) os personagens a quem Jesus se dirigia eram as grandes multides, como pode ser visto em Lucas 14.25.

    J em Lucas 16.1 h novos personagens (os discpulos) substituem aqueles mencionados em Lucas 15.1-2.

    Assim, as parbolas da Ovelha Perdida, da Dracma Perdida e do Filho Perdido (Prdigo) de Lucas 15 esto colocadas dentro da seo que tem seu incio no versculo 1 e tem seu trmino no versculo 32.

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    D. Mudana de assunto

    A mudana de assunto ou tema tambm permite demarcar a vizinhana de uma parbola. Por exemplo:

    Lucas 18.1 Disse-lhes Jesus uma parbola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer:

    O texto acima introduz um novo assunto em relao ao anterior. Enquanto no trecho anterior (Lucas 17.20-37) o tema sobre quando vir o Reino de Deus (Lucas 17.20), e na seo posterior (Lucas 18.9-14) o assunto tratado acerca de alguns que se consideravam justos e desprezavam outros (Lucas 18.9), o tema em 18.1 o dever se orar sempre e nunca esmorecer.

    Assim, a parbola do Juiz Inquo (Lucas 18.2-5) est inserida na seo de Lucas 18.1-8.

    Portanto, usando os critrios acima alistados, possvel estabelecer a vizinhana textual na qual uma determinada parbola est inserida.

    Antes de concluir este tpico preciso mencionar que cada evangelista utiliza a parbola segundo interesses prprios.

    Assim, necessrio, ainda, fazer uma comparao entre os Evangelhos para verificar como cada Evangelista enquadrou a parbola. Vejamos o seguinte exemplo:

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    Parbola da Ovelha Perdida Mateus 18.10-14 e Lucas 15.1-7

    Observando o quadro acima possvel visualizar as diferenas no enquadramento que cada evangelista deu parbola da Ovelha Perdida. As diferenas podem ser assim resumidas:

    MATEUS LUCAS

    10 Vede, no desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos cus veem incessante-mente a face de meu Pai celeste. 11 Porque o Filho do Homem veio salvar o que es-tava perdido.

    1 Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. 2 E murmuravam os fariseus e os es-cribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.

    12 Que vos parece? 3 Ento, lhes props Jesus esta parbo-la:

    Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, no deixar ele nos montes as noventa e nove, indo procurar a que se extraviou? 13 E, se porventura a encontra, em verdade vos digo que maior prazer sentir por causa desta do que pelas noventa e nove que no se extraviaram.

    4 Qual, dentre vs, o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, no deixa no deserto as no-venta e nove e vai em busca da que se perdeu, at encontr-la? 5 Achando-a, pe-na sobre os ombros, cheio de jbilo. 6 E, indo para casa, rene os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque j achei a minha ovelha perdida.

    14 Assim, pois, no da vontade de vosso Pai celeste que perea um s destes pequeninos.

    7 Digo-vos que, assim, haver maior j-bilo no cu por um pecador que se arre-pende do que por noventa e nove justos que no necessitam de arrependimen-to.

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    1.AaudinciadeMateuscompostapelosdiscpulos(Igreja)18.1; 2.AaudinciadeLucascompostadepecadores,publicanos,fariseus

    eescribas15.1-2;

    3.MateustemumaversodaparbolaumpoucodiferentedadeLucas.EnquantoMateusenfatizaqueumaovelhaextraviou-se,Lucasdizqueaovelhaestavaperdida.Noprimeirocaso,aovelhaextraviadaequivaleaqualquerdestespequeninos(Mateus18.6,10e14),isto,pessoasquejestoparticipandodacomunidade.Nosegundocaso,aovelhaperdi-daequivalequelespecadoresepublicanos(Lucas15.1),ouseja,quelaspessoasqueaindanochegaramaoconhecimentodoEvangelho;

    4.OquemotivouMateusausaraparbolafoiaquestodeescndalosnacomunidade.JLu-casfoimotivadoautilizaraparbolaparafa-zerfrentecrticadosfariseuseescribasfeitaaJesusporestereceberpecadores;

    5.MateususaaparbolaparailustrarqueDeusnoquerquenenhumadesuasovelhasseperca;

    6.Lucas,poroutrolado,usaaparbolaparailus-traroresgatedopecador;

    7.Mateus conclui seu textodizendoqueDeusnoquernenhumdospequeninosseperca.Lucas,porseuturno,finalizaseutextocomaob-servaoquehmaiorjbilo.

    A comparao do uso que os evangelistas fazem da mesma parbola serve para mostrar as diferenas que existem entre os textos. E exatamente nas diferenas que devemos concentrar nossa ateno, pois so elas

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    que revelam as pistas mais promissoras para o correto entendimento da parbola.

    Qual o fundo scio-histrico da parbola?

    Sendo que as parbolas, como qualquer outro texto bblico, nascem dentro de uma realidade bem concreta, natural que elas sejam lidas dentro do contexto em que nasceram.

    Devemos esperar, tambm, que as parbolas, ou qualquer outro texto bblico, faam referncias, direta ou indiretamente, aos

    aspectos eco-geogrficos (cidades, aldeias, rios, montanhas, vegetao, etc).

    Os textos trazem informaes acerca da economia (moedas, valores monetrios, sistema de troca, custo, circulao de bens, etc).

    H, tambm, veiculao de ideias correntes da poca (filosofias, crenas, etc).

    Aparecem, ainda, referncias a costumes (maneira de comer, sepultar, festas, etc).

    Assim, devemos verificar as informaes que esto presentes na parbola e buscar compreend-las, pois, lembremos que para os ouvintes originais as informaes e figuras utilizadas nas parbolas eram absolutamente claras e compreensveis. Vejamos os seguintes exemplos:

    4

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    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS

    A. Eco-geogrficas

    As informaes eco-geogrficas dizem respeito, sobretudo, aos elementos da ecologia e geografia do ambiente no qual a parbola ambientada.

    Lucas 10.30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalm para Jeric e veio a cair em mos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto.

    No incio da parbola somos informados de que um homem descia de Jerusalm para Jeric. Esse dado geogrfico,

    alm de fornecer o trajeto que o homem ia percorrer, possivelmente estava fazendo referncia a um

    caminho que, por ser muito utilizado, tornara-se uma rota de circulao para todo tipo de pessoa e que, por causa disso, perigosa, inclusive, dando, assim, um carter de verossimilhana histria contada por Jesus.

    Deste modo, o episdio contado por Jesus ganha um realismo quase jornalstico, pois, com muita

    probabilidade, um assalto violento, como este, e as atitudes diante do ocorrido, poderia acontecer com certa

    frequncia naquele trajeto.

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    B. Econmicas

    As informaes de carter econmico so dadas, quase sempre, sem maiores explicaes. como se algum, nos dias de hoje, falasse que algo custou dez reais. Tal informao no necessita, para algum que vive no Brasil, de nenhuma explicao complementar, pois todos sabem o que vale dez reais.

    Assim, quem est ouvindo a parbola, sabe do que se trata. Mas ns no sabemos. Vejamos abaixo:

    Lucas 15.8 Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, no acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente at encontr-la?

    Dracma? Sim. Uma moeda de prata da tica. Ela equivalia a, aproximadamente, ao denrio romano. Um denrio era o salrio de um operrio por um dia de trabalho. Perder uma dracma, tendo dez delas, era perder a dcima parte do total, isto , um dia inteiro de trabalho.

    A importncia dessa pequena moeda para aquela mulher no pode ser calculada. Porm, pela diligncia com que ela a procurou, podemos ter uma ideia do alto valor que a moeda tinha para ela.

    Portanto, se conseguirmos perceber a importncia que a dracma tinha para aquela mulher, poderemos compreender o ponto de comparao da parbola.

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    C. Ideias Correntes

    Muitas ideias e teorias eram de domnio pblico e eram transmitidas de muitas formas. A parbola revela, s vezes, o imaginrio corrente na poca, ideias, teorias, conceito e outros conhecimentos. Por exemplo:

    Lucas 18.9 Props tambm esta parbola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: 10 Dois homens subiram ao templo com o propsito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano.

    Uma ideia bastante corrente entre os judeus da poca de Jesus era a mencionada no texto acima alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros. Essa ideia aludida usada como a motivao para Jesus contar a

    parbola. Este o ponto de comparao da parbola.

    D. Costumes

    Costumes, aqui, englobam aquelas informaes caractersticas de um determinado grupo cultural. Essas informaes revelam determinados tipos de comportamento social; maneiras de fazer festa; modo de sepultar os mortos; tipo de roupas; meios de transportes e todas as informaes que mostram a cultura de cada

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    grupo. Observemos o texto abaixo:

    Lucas 14.7 Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, props-lhes uma parbola: 8 Quando por algum fores convidado para um casamento, no procures o primeiro lugar; para no suceder que, haven-do um convidado mais digno do que tu,

    Numa festa de casamento, na poca de Jesus, esperava-se um determinado tipo de comportamento dos convidados. No texto acima, ao que tudo indica ao escolherem os primeiros lugares mesa, os convidados estavam agindo corretamente conforme um padro estabelecido para aquela situao.

    Qual a reao/ao que a parbola exige?

    As parbolas, via de regra, exigem uma atitude do ouvinte, normalmente uma reao ou uma ao.

    A. Reao

    Lucas 11.5 Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vs, tendo um amigo, e este for procur-lo meia-noite e lhe disser:

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    Amigo, empresta-me trs pes, 6 pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. 7 E o outro lhe responda l de dentro, di-zendo: No me importunes; a porta j est fechada, e os meus filhos comigo tambm j esto deitados. No posso levantar-me para tos dar; 8 digo-vos que, se no se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o far por causa da importunao e lhe dar tudo o de que tiver necessidade.

    B. Ao

    Lucas 10.29 Ele, porm, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem o meu prximo?

    Lucas 10.37 Respondeu-lhe o intrprete da Lei: O que usou de misericrdia para com ele. Ento, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.

    Como atualizar a mensagem da parbola?

    A parbola do Servo Impiedoso Mateus 18.21-35 pode ser utilizada

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    numa situao de conflito dentro da comunidade, seja conflito pessoal ou comunitrio.

    Isso decorre do fato de que a comunidade de Jesus tem que viver as exigncias do Reino de Deus, caracterizado pelo perdo de pecados, ofensas e dvidas.

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    III. Aplicao do mtodo

    Sob este ttulo apresentarei os procedimentos passo a passo como exemplo.

    Parbola do Servo Impiedoso Mateus 18.21-35

    21 Ento, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Se-nhor, at quantas vezes meu irmo pecar contra mim, que eu lhe perdoe? At sete vezes? 22 Respondeu-lhe Je-sus: No te digo que at sete vezes, mas at setenta ve-zes sete. 23 Por isso, o reino dos cus semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. 24 E, passando a faz-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25 No tendo ele, porm, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possua e que a dvida fosse paga. 26 Ento, o servo, prostrando-se reverente, rogou: S pa-ciente comigo, e tudo te pagarei. 27 E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou--lhe a dvida. 28 Saindo, porm, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denrios; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me de-

  • 31Jos Roberto Cristofani

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    ves. 29 Ento, o seu conservo, caindo-lhe aos ps, lhe implorava: S paciente comigo, e te pagarei. 30 Ele, en-tretanto, no quis; antes, indo-se, o lanou na priso, at que saldasse a dvida. 31 Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. 32 Ento, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, per-doei-te aquela dvida toda porque me suplicaste; 33 no devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como tambm eu me compadeci de ti? 34 E, indignando--se, o seu senhor o entregou aos verdugos, at que lhe pagasse toda a dvida. 35 Assim tambm meu Pai celeste vos far, se do ntimo no perdoardes cada um a seu ir-mo.

    O que motivou Jesus a contar a parbola?

    O motivo que levou Jesus a contar a parbola foi a questo do perdo. Isso se pode ver nos versculos 21-22:

    21 Ento, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, at quantas vezes meu irmo pecar contra mim, que eu lhe perdoe? At sete vezes? 22 Respondeu-lhe Jesus: No te digo que at sete vezes, mas at setenta vezes sete.

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    A questo proposta a seguinte: Quantas vezes devo conceder para (cancelar) o pecado do irmo?

    A palavra (per) + doar = (para no sentido de distribuio) + dar, conceder.

    Perdoar, portanto, desistir , cancelar , remir

    Perdo em MateusUm levantamento semntico sobre o termo perdo no Evangelho de Mateus revela que o mesmo ocorre 16 vezes, distribudo da seguinte maneira:

    depecados=9x(9.2,5,6;12.31[2x],32[2x];18.21,35) deofensas=4x(6.14[2x],15[2x]) dedvidas=3x(6.12;18:27,32)

    Qual a audincia a que se dirige a parbola?

    A audincia a que se dirige a parbola deve ser buscada no incio da mesma ou contexto prximo anterior.

    No caso de Mateus 18.21-35, em resposta pergunta de Pedro que Jesus conta a parbola. Contudo, a audincia pode ser encontrada no incio do captulo 18:1

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    Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discpulos, perguntando: Quem , porventura, o maior no reino dos cus?

    Lendo o contexto de Mateus 18.21-35 descobrimos que a audincia a quem se dirige a parbola o grupo de discpulos (18.1) e no apenas Pedro (18.21).

    Qual o contexto literrio da parbola?

    A parbola est inserida numa seo que comea em 18.1 (naquela hora se aproximaram de Jesus os discpulos e perguntaram...) e se estende at 19.1 (E aconteceu que, concluindo Jesus estas palavras...). Desta forma temos:

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    MATEUS MARCOS LUCAS

    O maior no Reino dos Cus (18.1-5) 9.33-37 (10.15) 9.46-48 (18.17)

    Os tropeos (18.6-9) 9.42-48 17.1-2

    A parbola da ovelha perdida (18.10-14) --------------- 15.3-5

    Como se deve tratar um irmo (18.14-20) --------------- 17.3

    Quantas vezes se deve perdoar (18.21-22) --------------- 17.4

    P A R B O L A (18.23-35) --------------- ---------------

    Concluso do discurso (19.1) --------------- ---------------

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    ObeservaoDeve-se notar que o captulo 18 de Mateus trata, de modo geral, do relacionamento entre os irmos:

    maioroquesefazcomoumacriana(18.1-5) nofazertropearumdospequeninos/escndalos(18.6-9) nopereaumdospequeninos/ovelhaperdida(18.10-14) procedimentoparacomoirmopecador(18.15-20)

    Comparando os trs Sinticos, pode-se ver:Comparando os trs Sinticos, pode-se ver:

    1.SomenteMateustemostextonessaordem 2.EmMarcosamaiorpartedostextosestausente 3.EmLucasostextosesto:

    a.emlugaresdiferentes b.resumidos c.ausentes

    4.AparbolaexclusivadeMateus

    Portanto, Mateus fez um arranjo textual sua maneira, com um propsito bem especfico, qual seja: ilustrar uma verdade com a parbola.

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    Qual o fundo scio-histrico da parbola?

    v. 23 - Rei + servos = ajuste de contas

    v. 24 - devia 10.000 talentos - maior unidade monetria da poca (provavelmente impostos, pois 10.000 talentos = 174 toneladas de ouro).

    v. 25 - vender famlia e tudo o que possua (no judaico, pois aos judeus era proibido vender a famlia)

    v. 26 - conservo - outro a servio do rei devia 100 denrios = 30 gramas de ouro (1 denrio = 1 dia de trabalho e 10.000 talentos = 100.000.000 denrios!)

    v. 30 - lanou na priso - pois h possibilidade de saldar a dvida.

    ObservaoAo considerarmos o fundo scio-histrico da parbola fundamental considerar as ocorrncias dos termos dvida, devedor e dever em Mateus. Isto nos auxilia no entendimento do tema da parbola.

    DvidaemMateus-6.12;18.32 DevedoremMateus-6.12;18.24 DeveremMateus-18.28,30,34;23.16,18

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    Qual a reao/ao que a parbola exige?

    Devemos perdoar o pecado do irmo, pois Deus j nos perdoou. Portanto, nosso perdo resultado do perdo divino e no sua causa.

    Comparar:

    Mateus6.14com18.32,33 Mateus6.15com18.35

    Como atualizar a mensagem da parbola?

    Para executar este passo necessrio um bom conhecimento da realidade da Igreja e da sociedade.

    Cada pessoa que l a parbola deve aplicar a mensagem da mesma sua realidade.

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    Bibliografia Bsica

    JEREMIAS, J. As Parbolas de Jesus. 4 edio. So Paulo, Paulinas, 1983.

    DUPONT, J. Por que parbolas: O mtodo parablico de Jesus. Petrpolis, Vozes, 1980.

    MIRANDA, O. A. Introduo ao Estudo das Parbolas. So Paulo, ASTE, 1984.

    FEE, G. D. e STUART, D. Entendes o que Ls? So Paulo, Vida Nova, 1984. Pp. 120-135.

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    Crditos

    texto e diagramao

    JosRobertoCristofani

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    Rev. Prof. Dr. Jos Roberto Cristofani

  • AUTOR

    Jos Roberto Cristofani

    Pastor Presbiteriano - PhD em Bblia

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    EDITORA

    Boa Nova Educacional

    So Paulo - So Paulo - Brasil

    DATA

    2015

    Guia para ler asPARBOLAS DE JESUS