6516102 todas as parabolas da biblia

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HERBERT LOCKYER

Todas as PARBOLAS da BbliaUma anlise detalhada de todas as parbolas das Escrituras

ISBN 85-7367-521-7

Brochura

Categoria: Teologia/Referncia Essa obra foi publicada em ingls com o ttulo All the Parables of the Bible, por Zondervan Publishing House 1963 por Herbert Lockyer 1999 por Editora Vida 1a impresso, 1999 2a impresso, 2000 3a impresso, 2001 4a impresso, 2004 5a impresso, 2005 6a impresso, 2006 Todos os direitos reservados na lngua portuguesa por Editora Vida, rua Jlio de Castilhos, 280 03059-000 So Paulo, SP Telefax: (Oxx11) 6618-7000 As citaes bblicas foram extradas da Edio Contempornea da Traduo de Joo Ferreira de Almeida, publicada pela Editora Vida, salvo quando outra fonte for indicada. Gerncia editorial: Fabiani Medeiros Preparao de texto: Mardnio Nogueira e Fabiani Medeiros Reviso de provas: Joo Lira e Josu Ribeiro Editorao eletrnica: Imprensa da F Capa: Nouveau Comunicao editores cristos Impresso no Brasil, na Imprensa da F

Dedicado aJAMES CORDINER, DE ABERDEEN grande defensor da f, e a seus quatro filhos, James Jr., Alfred, Norman, Stephen, todos igualmente dedicados causa de Cristo.

SUMRIOIntroduo A longevidade do mtodo de parbolas; O significado do termo parbola; As vrias divises da linguagem figurada; O valor da instruo por parbolas; A misso da parbola; A falsa e a verdadeira interpretao da parbola; As mltiplas formas da parbola. Primeira parte As parbolas do Antigo Testamento Introduo As parbolas As parbolas As parbolas As parbolas As parbolas As parbolas As parbolas As parbolas dos livros histricos (Gnesis J) de Salomo (Provrbios, Eclesiastes e Cntico dos Cnticos) de Isaas de Jeremias de Ezequiel de Daniel de Osias, de Miquias e de Habacuque de Zacarias e de Malaquias

Segunda parte As parbolas do Novo Testamento Introduo As parbolas e seu potencial na pregao; Parbolas como retratos falados; As parbolas de acordo com um esboo; Parbolas do incio do ministrio; Parbolas do final do ministrio; Parbolas da semana da paixo. As parbolas de Joo Batista As parbolas do Senhor Jesus Cristo em Mateus em Marcos em Lucas Ausncia de material parablico em Joo Instrues parablicas em Atos Instrues parablicas nas epstolas paulinas Instrues parablicas nas epstolas universais Instrues parablicas em Apocalipse Bibliografia ndice de assuntos

INTRODUOEm todo o mbito literrio no h livro mais rico em material alegrico e em parbolas do que a Bblia. Onde, por exemplo, podemos encontrar parbolas, emblemas ou figuras de linguagem comparveis quelas que os grandes profetas da antigidade dentre os quais Jesus, o maior de todos eles empregavam quando discursavam aos de sua poca? Sabendo do poder e do fascnio da linguagem pictrica, usavam esse recurso para aumentar o efeito de seu ministrio oral. Como descobriremos em nosso estudo sobre as parbolas da Bblia, especialmente as transmitidas pelo Senhor Jesus, veremos que so o mais perfeito exemplo de linguagem figurada para mostrar e reforar as verdades divinas. Em outro livro meu, All the miracles of the Bible [Todos os milagres da Bblia], tratamos das diferenas entre milagres parbolas em ao e parbolas milagres em palavras. Nada h de miraculoso nas parbolas, que, na maior parte, so naturais e indispensveis, chamando a ateno para a graa e para o juzo. Os milagres manifestam poder e misericrdia. Westcott, no estudo The gospels [Os evangelhos], afirma que a parbola e o milagre "so perfeitamente correlatos entre si; na parbola, vemos a personalidade e o poder do Grande Obreiro; no milagre, a ao geral e constante da Obra [...] naquela, somos levados a admirar as mltiplas formas da Providncia e neste, a reconhecer a instruo vinda do Universo". No debate acerca dos vrios aspectos do desenvolvimento e da demonstrao do mtodo parablico encontrado na Bblia, interessante observar quantos escritores do assunto mencionam, de forma elogiosa, a abrangente pesquisa de Trench em seu Notes on the parables [Anotaes sobre as parbolas]. O dr. Gordon Lang, por exemplo, no "Prefcio" do seu livro esclarecedor The parables of Jesus [As parbolas de Jesus], afirma que o trabalho do dr. Trench foi o nico que ele consultou ao preparar a sua obra. "Seria simplesmente um atrevimento tentar escrever alguma coisa sobre as parbolas", diz o dr. Lang, "sem a orientao que advm da percia e da grande percepo do dr. Trench". Outros estudiosos de parbolas, entre os quais me incluo, so unnimes em reconhecer que devem muito ao dr. Trench. Para orientar pregadores e estudiosos, apresentamos a seguir uma indispensvel introduo que trata dos mais variados aspectos da parbola.

A longevidade do mtodo de parbolasEmbora o uso das parbolas tenha sido caracterstica mpar do ensino popular de Jesus, visto que "Sem parbolas no lhes falava", no foi Cristo o criador desse recurso didtico. As parbolas so utilizadas desde a antigidade. Embora Jesus tenha contribudo para os escritos sagrados com parbolas inigualveis e tenha elevado esse mtodo de ensino ao mais alto grau, era sabedor da existncia milenar desse mtodo de apresentar a verdade. Na poca e na regio em que Jesus apareceu, as parbolas eram, como as fbulas, um mtodo popular de instruo, e isso entre todos os

povos orientais. O dr. Salmond, no manual The parables of our Lord [As parbolas do nosso Senhor], faz lembrar, no pargrafo que trata do "Encanto da linguagem figurada", que a utilizao desse tipo de linguagem exercia: ... atrao especial sobre os povos orientais, para quem a imaginao era mais rpida e tambm mais ativa que a faculdade lgica. A grande famlia das naes conhecidas como semitas, aos quais pertencem os hebreus, junto com os rabes, os srios, os babilnios e outras raas notveis j demonstraram a especial tendncia imaginao, como tambm um gosto particular por ela. A antigidade desse mtodo disseminado de linguagem se confirma pelo fato de figurar no AT em larga medida e sob diferentes formas. A primeira parbola, registrada, em forma de fbula, mostra rvores escolhendo para si um rei, retrato d que aconteceria entre o povo (Jz 9). Joto usou essa fbula com o objetivo de convencer os habitantes de Siqum sobre a tolice de terem escolhido por rei o perverso Abimeleque. As parbolas e os smiles do AT, abordados nesta seo, mostram que era muito comum o mtodo de instruo por meio de parbolas. Para uma melhor compreenso da maneira em que os escritores judeus da antigidade usavam o mundo visvel para ilustrar o reino espiritual, o leitor precisa consultar o captulo muito interessante de Trench, chamado "Outras parbolas que no as das Escrituras". Em nota de rodap, cita-se a declarao dos judeus cabalis-tas, segundo a qual "a luz celestial nunca desce at ns sem um vu [...] impossvel que um raio divino brilhe sobre ns, a menos que velado por uma diversidade de revestimentos sagrados". Graas sua infinidade, Deus tinha de utilizar aquilo com que os seres humanos estivessem familiarizados, com o objetivo de comunicar finita mente humana a sublime revelao de sua vontade. A revelao de preceitos fundamentais era revestida de parbolas e analogias. Hillel e Shammai foram os mais ilustres professores a usar parbolas antes de Cristo. Depois de Jesus veio ainda Meir, com quem, segundo a tradio, a capacidade de criar parbolas declinou consideravelmente. A figueira do povo judeu secou e no pde mais produzir frutos. Quando o Senhor Jesus apareceu entre os homens, como Mestre, tomou a parbola e honrou-a, usando-a como veculo para a mais sublime de todas as verdades. Sabedor de que os mestres judeus ilustravam suas doutrinas com o auxlio de parbolas e comparaes, Cristo adotou essas antigas formas de ensino e deu-lhes renovao de esprito, com a qual proclamou a transcendente glria e excelncia de seu ensino. Depois de Jesus, as parbolas poucas vezes foram usadas pelos apstolos. No existem parbolas em Atos, mas, como mostraremos quanto ao NT, as epstolas e o Apocalipse contm impressionantes exemplos da verdade divina revestida em trajes humanos. Embora os apcrifos faam grande uso das figuras de linguagem, no h parbolas nos evangelhos apcrifos. Entre os pais da igreja havia um ou

dois que se utilizavam de parbolas como meio de expresso. Trench fornece uma seleo desses primeiros escritores da igreja, cujos trabalhos eram ricos em comparaes. Entre os exemplos citados, est este excerto dos escritos de Efraem Siros: Dois homens iniciaram viagem a certa cidade, localizada a cerca de 6 km. Uma vez percorridos os primeiros quinhentos metros, encontraram um lugar junto estrada, em que havia bosques e rvores frondosas, alm de riachos; lugar muito agradvel. Ambos olharam ao redor, e um dos dois viajantes, com a inteno de continuar a caminhada rumo cidade dos seus desejos, passou apressado por aquele local; mas o outro primeiramente parou para olhar melhor e depois resolveu permanecer um pouco mais. Mais tarde, quando comeava a querer deixar a sombra das rvores, temeu o calor e assim deteve-se um pouco mais. Ao mesmo tempo, absorto e encantado com a beleza da regio, foi surpreendido por uma fera selvagem que assombrava a floresta, sendo capturado e arrastado at a caverna do animal. Seu companheiro, que no se descuidou em sua viagem, nem se permitiu demorar naquele lugar, seduzido pela beleza das rvores, seguiu diretamente para a cidade. Comparada com as parbolas da Bblia, essa que acabamos de ver parece um tanto sem graa e infantil. Como demonstraremos mais tarde, as parbolas de Jesus so magnficas na aplicabilidade, na conciso, na beleza e no poder de atrao. Embora Cristo no tenha criado o recurso didtico da parbola, certamente o dotou de elevada originalidade, conferindo-lhe profunda importncia espiritual, com dimenses at ento desconhecidas.

O significado do termo parbolaEmbora estejamos inclinados a limitar o significado de parbola s parbolas de Jesus encontradas nos trs primeiros evangelhos, na verdade o vocbulo tem uma flexibilidade de emprego, pois abarca diferentes aspectos da linguagem figurada, como os smiles, as comparaes, os ditados, os provrbios e assim por diante. No AT a palavra hebraica traduzida por parbola m_sh_l, que significa provrbio, analogia e parbola. Com ampla gama de empregos, essa palavra "cobre diversas formas de comunicao feitas de modo pitoresco e sugestivo todas aquelas em que as idias so apresentadas numa roupagem figurada. Em virtude de sua aplicao ser to variada, encontrase na verso portuguesa diferentes tradues". A idia central de m_sh_l "ser como" e muitas vezes refere-se a "frases constitudas em forma de parbola", caracterstica da poesia hebraica. O vocbulo nunca usado no sentido tcnico e especfico de seu correspondente neotestamentrio. Pode ser encontrado no discurso figurado de Balao:

Ento proferiu Balao a sua palavra... (Nm 23:7,18; 24:3,15). O mesmo substanciais: termo usado em ditados proverbiais curtos e

Pelo que se tornou em provrbio: Est tambm Saul entre os profetas? (ISm 10:12). Salmond observa que "nesse sentido a palavra usada em referncia s mximas de sabedoria contidas no livro conhecido como Provrbios"; essas mximas se apresentam em larga medida na forma de comparao, como quando se diz: Os tesouros da impiedade de nada aproveitam, mas a justia livra da morte (10:2). M_sh_l o termo traduzido por provrbios em 1:1, em 10:1 e na frase: ... assim o provrbio na boca dos tolos (26:7,9; v. lRs 4:32). Tambm usado com respeito frase de sabedoria tica de J: Prosseguiu J em seu discurso... (27:1; 29:1). tambm usado em referncia aos ditados obscuros, declaraes enigmticas e enigmas: ... decifrarei o meu enigma na harpa (Sl 49:4); ... proporei enigmas da antigidade (Sl 78:2). E usado ainda como correspondente de figura ou alegoria: Fala aos filhos de Israel... (Nm 17:2; 24:3). C. W. Emmet, no Dictionary of the gospels [Dicionrio dos evangelhos], organizado por Hastings, observa que "h cinco passagens no AT geralmente citadas como a mais prxima representao da 'parbola' no sentido tcnico do termo. Cumpre salientar que em nenhuma dessas passagens se encontra a palavra parbola. Como j vimos, quando temos a referncia "no temos o referente (a parbola propriamente dita); de igual modo, quando temos o referente, no encontramos a referncia". As parbolas de Nata (2Sm 12:1-4) e de Joabe (2Sm 14:6) so um tanto semelhantes, tendo uma histria real com uma aplicao forte. A primeira corresponde Parbola do credor e dos devedores, e a de Joabe traz mente a Parbola do filho prdigo. A Parbola do profeta ferido (lRs 20:39) conta com o auxlio de uma

dramatizao. "Em todas as trs parbolas", diz Emmet, "o objetivo comunicar a verdade da histria e condenar o ouvinte mediante os comentrios impensados que saem de sua prpria boca". Nos ltimos dois casos, o mtodo talvez inclua a suspeita de trapaa, modalidade no utilizada pelo nosso Senhor; a aplicao da Parbola dos lavradores maus (Mt 21:33) tem sua origem em Isaas 5:1-6. A Parbola da vinha do Senhor (Is 5:1-7) verdadeira, embora apenas pouco desenvolvida, e serve de exemplo da relao entre a parbola e a metfora. A linha divisria entre a parbola e a alegoria estreita (SI 80:8). A Parbola do lavrador (Is 28:24-28) apresenta uma comparao entre o mundo natural e o espiritual, e no h narrao. Conseqentemente, o AT faz grande uso das parbolas, mostrando algumas vezes serem iguais em esprito, em forma e em linguagem, com notveis semelhanas, s parbolas do NT. Nossa exposio acerca das parbolas do AT revela que podem ser divididas em trs classes: narrativas, das quais a das Arvores um exemplo (Jz 9:7-15); predicantes, conforme a encontrada na da Vinha do Senhor (Is 5:1-7); simblicas, ilustrada pela Parbola dos dois pedaos de pau (Ez 37:15-22). No NT, o termo "parbola" assume uma variedade de significados e formas, sem se restringir s longas narrativas dos Evangelhos que conhecemos como parbolas de Cristo. H no grego duas palavras traduzidas por "parbola". O termo mais comum parbola, que ocorre 48 vezes nos evangelhos sinpticos sem nunca encontrar definio. O seu significado s se pode conjec-turar, tendo sido aproveitado da Septuaginta, que geralmente traduz o vocbulo hebraico "parbola" por parabol_. H sobretudo duas idias presentes na raiz da primeira palavra, a saber, "representar ou significar algo"; "semelhana ou aparncia". Esse termo grego significa "ao lado de" ou "lanar ou atirar", transmitindo idia de proximidade, num cotejamento que visa a verificar o grau de semelhana ou de diferena. Uma "semelhana" ou "pr uma coisa ao lado da outra". Certo escritor disse que o vocbulo original significa comandar ou governar, como um prncipe cujos preceitos e ordens de justia devem ser obedecidos pelo povo. O outro vocbulo traduzido como "parbola" paroimia, que significa "adgio, ditado enigmtico, provrbio, apresentao que se distingue dos meios normais de comunicao". Esse termo praticamente prprio de Joo, que o usa quatro vezes (Jo 16:6-18,25; 15:1-18). Esse apstolo nunca usa o primeiro termo, parabol__, que o nico dos dois usados por Mateus, por Marcos e por Lucas. Paroimia, usado na Septuaginta e por Joo, denota um provrbio (ou parbola) "tirado dos acontecimentos e objetos do dia-a-dia, disponvel para o uso pblico e para esse fim destinado. O que se dizia uma vez em qualquer caso poderia ser repetido sempre nas mesmas circunstncias".

Encontra-se flexibilidade no uso do termo "parbola" quando aplicado a ditos proverbiais concisos: Sem dvida me direis este provrbio (parbola): Mdico, curate a ti mesmo (Lc 4:23); Disse-lhes uma parbola (Lc 6:39; 14:7) tambm usado em referncia a comparaes ou afirmaes ilustrativas sem a presena de narrativa. Por exemplo, o cego conduzindo outro cego: "Explica-nos essa parbola" (Mt 15:15; Lc 6:39). Alm disso h ainda a figueira e seu sinal evidente: "Aprendei agora esta parbola da figueira" (Mt 24:32,33). As palavras de Jesus Cristo sobre as coisas que profanam so citadas como "parbolas" : "Seus discpulos perguntaram-lhe a respeito da parbola" (Lc 7:1-23). Na nossa verso, o termo "parabol_ " traduzido por figura: "... e da [Abrao] tambm em figura [parbola] o recobrou" (Hb 11:19). Muitas das figuras de linguagem usadas por Jesus contm a semente da parbola. Outras, chamadas parbolas, so simplesmente smiles ou comparaes maiores. Pense sobre esta parbola embrionria: "Pode o cego guiar o cego?" (Lc 6:39). Fairbairn diz que precisamos apenas desenvolver esta pequena indicao, para termos uma histria perfeita. "Dois cegos so vistos levando um ao outro pela estrada e, depois de lutarem contra as dificuldades, ambos caem no fosso ao lado da estrada". Nesse provrbio sucinto e ilustrativo de Jesus, temos a substncia, embora no a forma, da parbola. Nos episdios acima, os aspectos comuns da vida so empregados para ressaltar uma verdade mais sublime. Se entendermos o uso dos termos j citados, estaremos prontos para responder pergunta "O que exatamente ma parbola?" O que ela no ser compreendido quando examinarmos sua natureza. "O uso constante de um termo com o significado de semelhana, tanto no hebraico como no grego, torna evidente que uma caracterstica essencial da parbola est em unir duas coisas diferentes, de forma que uma ajude a explicar e a ressaltar a outra". O estudo das parbolas de Cristo nos convence de que eram mais que uma boa escolha de ilustraes acerca da verdade que ele queria transmitir. A parbola j foi explicada como "um smbolo externo de uma realidade interna". E tambm o "seu poder est na harmonia expressa entre o mundo natural e o espiritual". Bond, em The Master Teacher [O maior dos mestres], explica a parbola como "uma figura retrica que traduz, por contrastes e similaridades, as leis e os fatos naturais, empregando os termos da vida espiritual". A narrativa fiel natureza ou vida usada com o propsito de comunicar verdades espirituais mente do ouvinte. Certa estudante de escola dominical "chegou quase l" quando disse que, para ela, a parbola era "uma histria terrena com um significado celestial". As parbolas demonstram haver harmonia preordenada entre as coisas espirituais e as naturais. Usam-se objetos materiais para expressar"

verdades espirituais e revelar que a natureza mais do que aparenta ser. A natureza um livro de smbolos fato que Tertuliano tinha em mente quando escreveu: "Todas as coisas da Natureza so esboos profticos das operaes divinas; Deus no apenas nos conta as parbolas, mas as executa". Charles Kingsley refora esse sentimento neste pargrafo: "Este mundo terreno que vemos um retrato exato, o padro do mundo espiritual e celestial que no vemos". A afirmao de Paulo sobre o mundo visvel de Deus, que nos instrui acerca dos mistrios da f e dos deveres morais, diz: "Pois os atributos invisveis de Deus, desde a criao do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vem pelas coisas que foram criadas..." (Rm 1:20). Incontveis so os outros testemunhos sobre o fato de que, quando a Bblia e a natureza so postas lado a lado, parecem corresponder. Lisco, cujo trabalho muito instrutivo On the parables [Sobre as parbolas] de especial valor por citar os grandes telogos da Reforma em relao a cada parbola, diz que o mundo fsico tipifica o mundo moral, mais sublime: "Ambos os reinos se desenvolveram de acordo com as mesmas leis; as parbolas de Jesus no eram meras ilustraes, mas analogias internas, a natureza tornando-se testemunha do mundo espiritual; tudo o que se encontra no reino terreno tambm existe no reino celestial". Quando examinarmos as parbolas de Jesus, descobriremos que so terrenas na forma e celestiais no esprito, de acordo com a caracterstica da prpria manifestao de Cristo. O fato de a natureza ter sido escolhida por Deus para representar verdades e relacionamentos de natureza espiritual e de durao eterna justamente o que lorde Bacon tinha em mente quando escreveu: "A verdade e a Natureza diferem, da mesma forma que a impresso original difere da cpia". Thomas Carlyle, em Sartor resartus, concorda e diz que "todas as coisas visveis so emblemas. O que voc v aqui, no est aqui por acaso; a matria apenas existe para representar uma idia e torn-la palpvel". O arcebispo Trench, cujo excepcional Notes on the parables [Anotaes sobre as parbolas] nunca ser suficientemente reconhecido, por mais que seja elogiado, lembra que "as analogias ajudam a fazer a verdade inteligvel [...] As analogias do mundo natural [...] so argumentos e podem ser chamadas testemunhas, sendo o mundo da natureza testemunha do mundo espiritual em todos os sentidos, procedente de uma mesma mo, crescendo a partir da mesma raiz e sendo constitudo para o mesmo fim. Todos os amantes da verdade reconhecem prontamente essas misteriosas harmonias e a fora de argumentos que delas resultam. Para eles, as coisas da terra so cpias das do cu". Da talentosa pena de um verdadeiro profeta cristo, o dr. John Pulsford, selecionamos a seguinte contribuio, encontrada em seu livro Loyalty to Christ [Lealdade a Cristo]: "As parbolas no so ilustraes foradas, mas reflexos das coisas espirituais. Terra e cu so obras do nico Deus. Todos os efeitos naturais esto ligados s suas causas espirituais e suas causas espirituais esto ligadas aos seus efeitos

naturais. Os mundos espirituais e os mundos naturais concordam, como o interno e o externo". J nos detivemos o suficiente sobre o assunto das analogias existentes entre as obras de Deus na natureza e na providncia, e suas operaes pela graa. Uma concluso apropriada para essa inegvel correspondncia em muitas das parbolas, quem d William M. Taylor, em Parables ofour Savior [As parbolas do nosso Salvador]: "O mundo natural veio em sua forma primitiva e ainda sustentado pela mo daquele que criou a alma humana; e a administrao da Providncia continua sendo feita por Aquele que nos deu a revelao de sua vontade nas Sagradas Escrituras, e nos ofereceu a salvao por seu Filho. Portanto, talvez encontremos um princpio de unidade que percorra essas trs reas de sua administrao; e o conhecimento de suas operaes em qualquer uma delas pode ser til em nossa investigao a respeito das demais". Como o termo geralmente traduzido por "parbola" significa pr lado a lado, transmitindo a idia de comparao, a parbola literalmente pr ao lado ou comparar verdades terrenas com verdades celestiais, ou uma semelhana, ou ilustrao entre um assunto e outro. As parbolas demonstram: o que h fora de ns o espelho em que podemos contemplar o espiritual e o interno, como Milton nos revela nestas linhas: E se a terra E apenas a sombra do cu e das coisas que nele h, E um se parece com o outro mais do que se supe na terra?

As vrias divises da linguagem figuradaSo vrias as figuras de linguagem que a Bblia emprega, e todas so necessrias para ilustrar verdades divinas e profundas. Como nossa tendncia agrupar todas essas palavras sem distinguir umas das outras, cada forma, parece-nos, merece ateno especial. Benjamin Keach, na sua obra antiga e um tanto difcil, The metaphors [As metforas], apresenta uma dissertao introdutria a respeito da distino de cada figura de linguagem. H tambm o captulo sobre "As figuras de linguagem da Bblia", do dr. A. T. Pierson. Insisto com o leitor para que leia a obra de Trench, de elevada percia, On the definition of the parable [Sobre a definio da parbola] , em que diferencia a parbola da alegoria, da fbula, do provrbio e do mito. SMILE. O vocbulo smile significa parecena ou semelhana, exemplificado no Salmo dos dois homens: "Ser como a rvore plantada junto a ribeiros de guas [...] Os mpios [...] so como a moinha que o vento espalha" (Sl 1:3,4). O smile difere da metfora por ser apenas um estado de semelhana, enquanto a metfora transfere a representao de forma mais vigorosa, como podemos ver nestas duas passagens: "Todos os homens so como a erva, e toda a sua beleza como as flores do campo. Seca-se a erva, e caem as flores..." (Is 40:6,7); "Toda a carne como a erva, e toda a glria do

homem como a flor da erva. Seca-se a erva, e cai a sua flor..." (lPe 1:24). No smile, a mente apenas repousa nos pontos de concordncia e nas experincias que se combinam, sempre alimentadas pela descoberta de semelhanas entre coisas que diferem entre si. O dr. A. T Pierson observa que "a parbola autntica , no uso das Escrituras, um smile, geralmente posto em forma de narrativa ou usado em conexo com algum episdio". Portanto, parbolas e smiles se parecem. PROVRBIO. Ainda que os princpios da parbola estejam presentes em alguns dos pequenos provrbios, das declaraes profticas enigmticas e das mximas enigmticas da-Bblia (ISm 10:12; SI 78:2; Pv 1:6; Mt 24:32; Lc 4:23), no entanto, diferem do provrbio propriamente dito, que em geral breve, trata de assuntos menos sublimes e no se preocupa em contar histrias. Os apcrifos renem parbolas e provrbios num s grupo: "Os pases maravilhar-se-o diante de seus provrbios e parbolas"; "Ele buscar os segredos das sentenas importantes e estar familiarizado com parbolas enigmticas" (Ec 47:17; 39:3). Embora parbola e provrbio se-jam termos permutveis no NT, Trench ressalta "que os chamados provrbios do evangelho de Joo tendem a ter muito mais afinidade com a parbola do que com o provrbio, e so de fato alegorias. Dessa forma, quando Cristo demonstra que o relacionamento dele com o seu povo se assemelha ao pastor com as ovelhas, tal demonstrao denominada provrbio, embora os nossos tradutores, mais fiis ao sentido que o autor pretendia, a tenham traduzido por parbola (Jo 10:6). No difcil explicar essa troca de palavras. Em parte deve-se a um termo que no hebraico significa ao mesmo tempo parbola e provrbio". (Cf. Pv 1:1 com ISm 10:12 e Ez 18:2.) De modo geral, provrbio um dito sbio, uma expresso batida, um adgio. METFORA. A Bblia rica em linguagem metafrica. A metfora afirma de modo inconfundvel que uma coisa outra totalmente diferente. O termo origina-se de dois vocbulos gregos que significam estender. Um objeto equiparado a outro. Aqui temos dois exemplos do uso de metforas: Pois o Senhor Deus sol e escudo (Sl 84:11); Ele o meu refgio e minha fortaleza (Sl 91:2). Dessa forma, como pode ser observado, metfora um termo conhecido por ns "na rea da experincia que faz sentido, e indica que determinado objeto, possuidor de propriedades especiais, transfere-as a outro objeto pertencente a uma rea mais elevada, de modo que o anterior nos d uma idia mais completa e realista das propriedades que o ltimo deve ter". Nas passagens supracitadas, tudo o que relacionado ao Sol, ao escudo, ao refgio e fortaleza transferido para o Senhor. O Sol, por exemplo, fonte de luz, calor e poder. A vida na Terra depende das propriedades do Sol. Portanto, o Senhor como Sol a fonte de toda a vida.

No evangelho de Joo no existem parbolas propriamente ditas, mas h, entretanto, uma srie de metforas impressionantes como: Eu sou o bom pastor (Jo 10:11). Eu sou a videira verdadeira (Jo 15:1). Eu sou a porta (Jo 10:7). Eu sou o po da vida (Jo 6:35). Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6). ALEGORIA. No fcil distinguir entre parbola e alegoria. Esta ltima no uma metfora ampliada e dela difere por no comportar a transferncia de qualidades e de propriedades. Tanto as parbolas como as metforas abrangem expresses e frases, servindo para desvendar e explicar algumas verdades ocultas que no poderiam ser facilmente compreendidas sem essa roupagem. Num verbete de Fairbairn sobre as "parbolas", em sua renomada Biblical enciclopaedia [Enciclopdia bblica], ele diz: "A alegoria corresponde rigorosamente ao que se encontra na origem da palavra. E o ensinamento de uma coisa por outra, da segunda pela primeira; deve existir uma semelhana de propriedades, uma seqncia de acontecimentos semelhantes de um lado e de outro; mas a primeira no toma o lugar da segunda; as duas se mantm inconfundveis. Considerada dessa forma, a alegoria, em sentido mais amplo, pode ser tida como um gnero, do qual a fbula, a parbola e o que geralmente chamamos alegorias so espcies". A. alegoria, explica o dr. Graham Scroggie, "... uma declarao de fatos supostos que aceita interpretao literal, mas ainda assim exige ou admite, com razo, interpretao moral ou figurada". A alegoria difere da parbola por conter aquela menos mistrios e coisas ocultas que esta. A alegoria se interpreta por si s e nela "a pessoa ou objeto, ilustrado por algum objeto natural, imediatamente identificado com esse objeto". Diz o dr. Salmond: "Quando nosso Senhor conta a grande alegoria da vinha, do agricultor e dos ramos, em que ensina aos seus discpulos a verdade sobre o relacionamento que ele prprio tinha com Deus, comea dizendo que ele prprio a videira verdadeira e seu Pai, o agricultor (Jo 15:1). Desejando uma melhor compreenso das figuras de linguagem mencionadas na Bblia, recomendamos ao leitor a obra de grande flego do dr. E. W. Bullinger sobre o assunto, a qual, sem dvida, o melhor estudo j feito sobre o mtodo figurado empregado pela Bblia. O dr. Bullinger lembra que h grande controvrsia sobre a definio e significado exato de alegoria e declara que, na verdade, os smiles, as metforas e as alegorias so todos baseados na comparao.

Smile a comparao por semelhana. Metfora a comparao por correspondncia. Alegoria a comparao por implicao. Na primeira, a comparao afirmada; na segunda, substituda; na terceira, subentendida. A alegoria ento diferente da parbola, pois esta um smile continuado, enquanto aquela representa algo ou d a entender que alguma coisa outra. H uma alegoria a que Paulo se refere de modo inequvoco: "... Abrao teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria..." (coisas que ensinam ou dizem mais do est escrito v. Gl 4:22,24). Bullinger chega a provar que a alegoria pode algumas vezes ser fictcia; no entanto, Gaiatas 4 mostra que uma histria verdadeira pode ser alegorizada (ou seja, pode mostrar algum ensinamento alm daquele que, na verdade, se observa), sem no entanto anular a verdade da histria. A alegoria sempre apresentada no passado e nunca no futuro. Dessa forma, distingue-se da profecia. A alegoria oferece outro ensinamento com base nos acontecimentos do passado, enquanto a profecia trata de acontecimentos futuros e corresponde exatamente ao que se diz. Hillyer Straton, em seu A guide to the parables of Jesus [Guia das parbolas de Jesus], comenta que "a alegoria uma descrio codificada. Ela personifica coisas abstratas; no pe uma coisa ao lado da outra, mas faz a substituio de uma pela outra. Cada aspecto da alegoria se torna importante". O dr. Straton, ento, acaba por citar a mais famosa alegoria de toda a literatura, O peregrino, em que John Bunyan usou a sua imaginao notavelmente frtil para ressaltar a verdade da peregrinao crist. FBULA. A fbula uma narrao fictcia que pretende ilustrar um princpio ou uma verdade (Jz 9:8-15; 2Rs 14:9). A misso primordial da fbula reforar o conceito da prudncia. A fbula, usada poucas vezes nas Escrituras, est a quilmetros de distncia da parbola, embora uma possa, em alguns momentos, ser semelhante outra nos aspectos externos. Comparando qualquer das fbulas de Esopo com as parbolas de Jesus, percebe-se que a fbula um tipo inferior de linguagem figurada e trata de assuntos menos elevados. Est associada terra e focaliza a vida e os negcios comuns a todos. Tem por funo transmitir lies de sabedoria prudente e prtica e gravar nas mentes dos ouvintes as virtudes da prudncia, da diligncia, da pacincia e do autocontrole. Tambm trata do mal como loucura e no como pecado, alm de ridicularizar as falhas e desdenhar os vcios, escarnecendo deles ou os temendo. Essa a razo por que a fbula faz grande uso da imaginao, dotando plantas e animais de faculdades humanas, fazendo-os raciocinar e falar. A parbola, no entanto, age numa esfera mais sublime e espiritual e nunca se permite a zombaria ou a stira. Tratando das verdades de Deus, a parbola naturalmente

sublime, com ilustraes que correspondem realidade nunca monstruosas ou anti-natu-rais. Na parbola, nada existe contra a verdade da natureza. Fairbairn diz: "A parbola tem um objetivo mais admirvel [...] A parbola poderia tomar o lugar da fbula, mas no o contrrio". Desejando informaes acerca da narrativa mtica, o leitor deve ler o pargrafo "Os mitos", de Trench. TIPO. Significa marca ou impresso e tem a fora da cpia ou do padro (ICo 10:1-10,11 "exemplos"; na margem "tipos"). As parbolas unem os tipos de um lado, e os milagres de outro. Todas as figuras de linguagem que a Bblia emprega so elos de uma corrente unida de forma inseparvel; os elos como um todo s podem ser desvinculados em detrimento de alguns. Os muitos tipos da Bblia constituem um estudo independente e fascinante. PARBOLA. Apesar de j termos tratado da natureza da parbola, retornamos a ttulo de resumo. Na parbola, a imagem do mundo visvel emprestada e se faz acompanhar de uma verdade do mundo invisvel ou espiritual. As parbolas so os portadores, os canais da doutrina e da verdade espiritual. Cumpre ressaltar que as parbolas no foram feitas para ser interpretadas de uma nica forma. Em algumas, h grandes disparidades e aspectos que no podem ser aplicados espiritualmente. Esto sempre ligadas ao domnio do possvel e do verdadeiro. Os discursos e as frases, cheios de sabedoria espiritual e de verdade, so chamados parbolas por dois motivos: 1. por infundir um senso de culpa e a compreenso da autoridade divina; 2. por ser a pedra de toque da verdade normas que, portanto, devem ser seguidas. A parbola j foi definida como "a bela imagem de uma bela mente". A parbola tambm a justaposio de duas coisas que divergem na maioria dos seus aspectos, mas concordam em alguns. "Os milagres", diz o dr. A. T. Pierson, "ensinam sobre as foras da criao; as parbolas, sobre as formas da criao. Quando a parbola for proftica, estar sempre em roupagem alegrica; quando instrutiva e didtica, em roupagem factual e histrica". "Diferente do smile e da metfora e considerada uma espcie de alegoria", diz Fairbairn, "pode-se dizer que a parbola uma narrativa, ora verdadeira, ora com aparncia da verdade; exibe na esfera da vida natural um processo correspondente ao que existe no mundo ideal e espiritual". possvel que a Parbola do filho prdigo seja o relato de fatos reais. As parbolas so "pomos de ouro em quadros (molduras) de prata".

O valor da instruo por parbolasO ensino por parbolas tem muitas utilidades e possui vantagens

sem igual. Seu mrito ou valor, como instrumento pedaggico, est no fato de ser um teste de carter cujo resultado pode ser punio ou bno. Smith, em seu Biblical dictionary [Dicionrio da Bblia], diz: "s vezes, a parbola afasta a luz daqueles que amam a escurido. Protege a verdade contra os escarnecedores. Deixa uma mensagem aos descuidados, que depois pode ser interpretada e compreendida. Releva-se, entretanto, aos que buscam r> verdade". A parbola pode ser ouvida, assim como o seu significado pode ser compreendido, ainda que os ouvintes jamais se preocupem com o seu significado real. Em meio s muitas vantagens, pode-se provar que as parbolas das Escrituras so muito proveitosas, porque a parbola: 1. atraente e, quando completamente compreendida, mais fcil de lembrar. de grande ajuda memria. Estamos mais inclinados a nos lembrar de uma narrao ou ilustrao do que de qualquer outra coisa proferida em um sermo. A parbola pode ser relembrada muito depois de j termos esquecido o tema principal do sermo. 2. presta grande auxlio mente e capacidade de raciocinar. Os seus significados devem ser estudados. E como uma mina de ouro, e devemos escav-la e busc-la com toda a nossa diligncia, para descobrir o verdadeiro veio. O mtodo parablico nos faz pensar. "O Mestre dos mestres sabia que no poderia ensinar nada aos seus ouvintes, se no os levasse a ensinar a si prprios. Ele deveria alcanar a mente deles e faz-los trabalhar com a dele. A forma da parbola atraa a todos, mas apenas os pensadores entendiam o seu significado". O significado no podia ser encontrado sem o uso do pensamento. A parbola ao mesmo tempo atraa e peneirava a multido. 3. estimula os afetos e desperta as conscincias, como quando o inferno, numa parbola, mostrado como uma fornalha de fogo e a conscincia como um verme roedor. 4. chama e prende a ateno. Atentos s parbolas de Jesus, os ouvintes se mostravam maravilhados e diziam: "Nunca ningum falou como este homem". Ele precisava fazer o povo ouvi-lo e conseguiu! Era maravilhosa a forma em que usava, pronta e espontaneamente, as sugestes do momento; desse modo chamava e prendia a ateno dos que estivessem sua volta! 5. preserva a verdade. Ao escrever acerca desse mrito em particular, Cosmo Lang disse: "Quando as pessoas pensam por si mesmas, nunca esquecem; o exerccio da mente produz esse efeito. Alm do mais, a linguagem dos smbolos expressa por aquilo que o olho pode ver e construda na imaginao mais poderosa e de efeito mais duradoura do que a linguagem que utiliza somente palavras abstratas. Ela comunica e traz de volta mente o significado interior com rapidez e segurana; traz consigo uma mensagem rica em sugestes e associaes". As palavras mudam constantemente de significado, ao passo que os smbolos usados para a vida e para a natureza, como os que foram empregados pelo Senhor em suas parbolas, so to duradouros quanto a prpria natureza e a vida.

Ao comentar acerca das parbolas de Mateus 13, Finis Dake, em sua Annotated reference Bible [Bblia de referncias anotada], apresenta sete benefcios do uso das parbolas: 1. revelar a verdade de forma interessante e despertar maior interesse (Mt 13:10,11,16); 2. tornar conhecidas novas verdades a ouvintes interessados (Mt 13:11,12,16,17); 3. tornar conhecidos os mistrios por comparaes com coisas j conhecidas (Mt 13:11); 4. ocultar a verdade de ouvintes desinteressados e rebeldes de corao (Mt 13:11-15); 5. acrescentar mais conhecimento da verdade aos que a amam e anseiam mais dela (Mt 13:12); 6. afast-la do alcance dos que a odeiam ou que no a desejam (Mt 13:12); 7. cumprir as profecias (Mt 13:14-17,35).

A misso da parbolaOs intuitos e a misso da parbola esto intimamente ligados aos seus mtodos de ensino. Quais so as funes ou os objetivos da parbola? J tratamos rapidamente do seu poder de atrao, mas por que Cristo usou esse mtodo? Para iluminar, exortar e edificar. No prefcio de seu livro esclarecedor Lectures on our Lord's parables [Prelees sobre as parbolas do nosso Senhor], o dr. John Cumming diz que: A profecia um esboo do futuro, que ser preenchido pelos eventos; os milagres so pr-atos do futuro, realizados em pequena escala no presente; as parbolas so a prefi-gurao do futuro, projetadas em uma pgina sagrada. Todos os trs crescem diariamente em esplendor, interesse e valor. Em breve, o Sol Meridional os far transbordar! Espero que estejamos prontos! Fazendo uso da parbola, Jesus procurou confiar as verdades espirituais do seu Reino ao entendimento e ao corao dos homens. Ao adotar um mtodo reconhecido pelos mestres judeus, Cristo atraiu mentes e prendeu atenes. Os homens tinham de ser conquistados, e a parbola era o melhor mtodo disponvel para conseguir isso. Alm do mais, Jesus foi extraordinrio no uso das parbolas. Jesus adotou o mtodo de ensinar por parbolas quer ao se dirigir aos discpulos, quer aos fariseus, seus inimigos, a fim de convencer aqueles e condenar estes. A pergunta dos discpulos "Por que lhes falas por meio de parbolas?" (Mt 13:10) respondida por Jesus nos cinco versculos seguintes. Cristo abria a boca e falava em parbolas por causa da diversidade de carter, de nvel espiritual e de percepo moral de seus ouvintes (Mt 13:13). "Por isso lhes falo por parbolas". Por isso d a entender, segundo Lisco: "Como a instruo to comumente dada a eles em linguagem clara de nada lhes aproveita, agora vou tentar, com figuras e

smiles, lev-los a refletir, conduzindo-os a uma preocupao maior acerca da salvao". Infelizmente, tal era a insensibilidade tola dos lderes religiosos, os quais no compreendiam a verdade profunda e espiritual que Jesus, de maneira to vigorosa, lhes entregou em forma de parbola. Esses lderes tambm no perceberam que as parbolas so os melhores instrutores dos que esto cheios da Palavra de Deus, e ensinam e valorizam as coisas relacionadas paz eterna.

A falsa e a verdadeira interpretao da parbolaAntes de iniciarmos, deve-se dispensar especial ateno a um princpio fundamental, qual seja: a parbola precisa ser considerada no todo, como algo que ilustra ou reala alguma verdade central, obrigao ou princpio no governo divino, e as suas diferentes partes somente servem, em certo sentido, para crescer e se desenvolver. E de suma importncia procurar saber com certeza a real esfera de ao e o objeto da parbola. Alm do mais, necessrio examinar com cuidado e observar a relao da parbola com o ambiente em que foi produzida e com a situao dos seus ouvintes, a fim de que se chegue o mais prximo possvel da verdade que ela revela. Lisco diz: "Para que a parbola seja explicada e aplicada, primeiramente precisamos examinar sua relao com o que a precede e a segue, e descobrir, com base nisso, antes de qualquer outra coisa, a sua idia principal. Enquanto no chegarmos a esse ponto central, a esse cerne da parbola, da maneira mais precisa e conclusiva para isso examinando de modo atento e reiterado o assunto e as circunstncias dessa parbola, nem precisamos nos ocupar do significado de qualquer de seus integrantes, uma vez que cada um deles s pode ser corretamente compreendido tomando por base esse ponto central. O objetivo principal da parbola pode ser deduzido com base numa exposio mais genrica ou mais especfica, quando no do objetivo primordial do narrador, que se pode depreender quer da abertura, quer da concluso. Por exemplo, observe o que vem antes e depois da parbola da Vinha do Senhor e da do Rico e Lzaro. Quanto a esse aspecto, uma leitura atenta do captulo "The settingof parables" ["O ambiente das parbolas"], de Ada R. Habershon, ajudar o leitor. Muito j se escreveu sobre a interpretao da parbola. Ela tem sofrido bastante com as vrias interpretaes errneas. Tomemos primeiro as ms interpretaes. Quanto abuso tem havido no uso das parbolas! Muitos so culpados de aplicar certas parbolas de forma artificial e de forar um significado que os seus autores jamais sonharam! H dois extremos que devem ser evitados na interpretao da parbola. Um extremo dar-lhe muita importncia o outro atribuir-lhe pouca importncia. Cumming, em seu livro Lectures [Prelees], tratou desse erro duplo desta forma: H dois grandes erros na interpretao das parbolas: um consiste em arrancar significado de cada parte, como se no houvesse nada secundrio; o outro, em considerar boa parte da pa-

rbola secundria, mera tapearia. O primeiro repreensvel, pois a parbola e a sua verdade no so, como j dissemos, duas retas que se encontram em todos os pontos, mas sim uma reta e uma esfera que se tocam em grandes momentos. Cada parbola materializa um grande propsito, que notoriamente o principal e o mais nobre, e isso sempre deve ser levado em conta na interpretao de todos os aspectos secundrios da Bblia. O segundo v pouco sentido na parbola; percebe em boa parte dela mera inteno de inventar uma histria, sendo seus componentes meros conectivos que mais prejudicam que apresentam a finalidade da parbola. Este ltimo tipo destri muitas das riquezas das Escrituras. Cada parte da parbola, como em qualquer trecho da Bblia, tem seu significado e importncia. Uma pintura perfeita no tem partes que no contribuam para o resultado geral, e cada parte a vida brilha e resplandece de tal forma que a ausncia da menor delas j seria uma deficincia. Desejando um tratamento mais aprofundado acerca dos prs e dos contras da interpretao, o interessado deve ler o captulo "The interpretation of parables" ["A interpretao das parbolas"], da obra incomparvel de Trench, The parables of our Lord [As parbolas do nosso Senhor], e "Methods of interpretation" ["Mtodos de interpretao"], da obra de Ada Habershon, The study of parables [O estudo das parbolas]. Trench, referindo-se aos extremos acima, diz que tem havido exageros nos dois sentidos."Os defensores da interpretao superficial e no detalhada esto confortavelmente satisfeitos com sua mxima favorita. Toda comparao deve ser interrompida em algum ponto". Trench cita um ditado de Teofilacto: "A parbola, se for sustentada em todos os seus aspectos, no ser parbola, mas o acontecimento que a gerou". Quanto ao outro extremo da interpretao, "H o perigo de, com uma mente frtil, deixar de atribuir o devido valor Palavra de Deus, a menos que o prazer que o intrprete sente no exerccio dessa "fertilidade", admirada que por tantos, no lhe tire de vista que a santificao do corao pela verdade o principal objetivo das Escrituras". Muitos dos pais da igreja, buscando alegorizar passagens tanto do Antigo como do NT, foram muito extremistas. Se estavam ou no errados em pensar que havia um significado para todas as coisas o que se tem debatido h sculos. Agostinho um exemplo notvel dos que espremiam as parbolas para ensinar algo totalmente fora dos limites. Ao tratar do ensino tradicional da igreja (considerando as parbolas alegorias, em que cada termo representava o criptograma de uma idia, de modo que o todo precisava ser decodificado em cada termo), C. H. Dodd, em The parables of the kingdom [As parbolas do reino], cita a interpretao de Agostinho da Parbola do bom samaritano: Descia um homem de Jerusalm para Jerico seria uma

referncia ao prprio Ado; Jerusalm a cidade celestial da paz, cuja bno Ado perdeu; Jeric a lua e representa a nossa mortalidade, porque nasce, cresce, mngua e morre; os assaltantes so o diabo e seus anjos; os quais o despojaram, i.e., lhe retiraram a imortalidade; e, espancando-o, persuadindo-o a pecar; deixando-o meio morto, porque, quando o homem compreende e conhece a Deus, vive; mas, quando se entrega, sendo oprimido pelo pecado, est morto; por causa disso, chamado meio morto; o sacerdote e o levita, que o viram e passaram de largo, representam o sacerdcio e o ministrio do AT, que no continham a riqueza da salvao; o samaritano significa o guardio, e o prprio Jesus conhecido por esse nome; atou-lhe as feridas o resgate do pecado; o leo o consolo da esperana; o vinho a exortao para trabalhar com ardor; a cavalgadura era a carne, por meio da qual Jesus veio at ns; pondo-o sobre a sua cavalgadura a crena na encarnao de Cristo; a hospedaria a igreja, em que os viajantes recebem refrigrio no retorno da peregrinao ptria celestial; o outro dia significa o perodo posterior ressurreio do Senhor; os dois denrios so os dois mandamentos do amor, ou a promessa desta vida e da que est por vir; o hospedeiro o apstolo Paulo. O arcebispo Trench segue as linhas mestras de Agostinho, com um detalhamento ainda mais frtil. Outro exemplo desse tipo de interpretao se encontra entre os intrpretes da Reforma e os catlicos romanos, que encontraram um grande significado para o leo da Parbola das dez virgens. Para aqueles, o leo a f, sem a qual as virgens no poderiam fazer parte das bodas; para estes, so as obras, que, de acordo com essa viso, eram igualmente necessrias. O mesmo se deu com o termo virgens e as suas classificaes. No entanto, Hillyer H. Straton afirma: "Sua interpretao depender do lugar em que se encontra; voc paga e encolhe o que comprar. Uma coisa sabemos: Jesus desejava ressaltar que devemos estar preparados". Outros exemplos desse mtodo de interpretao no-autorizada se vem na Parbola do mordomo infiel, interpretada por alguns como a histria da apostasia de Satans, e na Parbola da prola de grande valor, uma referncia Igreja de Genebra. Trench relata o exemplo de Fausto Socino, para quem, com base na Parbola do credor incompassivo em que

Deus perdoou seu servo apenas com uma petio (Mt 18:32), no por alguma reparao ou interveno de um mediador, podemos com isso concluir que, da mesma forma, sem sacrifcios nem intercessores, Deus perdoar os pecadores simplesmente pelas oraes. Diante dessa aplicao, podemos concordar com a observao de Jernimo a respeito desses que "torcem, para satisfazer vontades prprias, aquelas passagens que as contrariam". Como cada parbola tem uma lio prpria, que nos impede de tentar encontrar significados diferentes ou especiais em cada uma de suas circunstncias e ensinos descritivos, indispensvel descobrir a real finalidade da parbola. O dr. Graham Scroggie mostra como nos podemos proteger contra o engenho artificial, imprprio e equivocado ao tratar da parbola. Deve-se tomar o cuidado ao tentar distinguir entre interpretao e aplicao. "Uma interpretao, muitas aplicaes" pode ser uma distino completamente errnea, visto que, se a aplicao dada pelo Esprito Santo, tambm pode tornar-se uma interpretao. Tristemente, muitas aplicaes mal se podem denominar interpretaes! "Toda a Bblia para ns, mas no sobre ns. A interpretao limitada pela inteno original da parbola, e esta determinada pela ocasio e pela circunstncia; mas a aplicao no limitada, visto que pode nos auxiliar justamente no seu significado. A interpretao dispensacional e proftica. A aplicao moral e prtica. Os princpios da interpretao podem ser aprendidos nas duas parbolas que o prprio Senhor Jesus interpretou (Mt 13:18-23,36-43). No que diz respeito s suas parbolas como um todo, torna-se difcil avaliar at que ponto ele quer que interpretemos as parbolas sem levar em conta a sua finalidade e o seu foco principal. Se formos honestos e sinceros em nossa busca da verdade, podemos depender do Esprito Santo para nos revelar as coisas de Cristo (ICo 2:11,13). Quando procuramos a realidade nas caractersticas de uma parbola, precisamos saber que na maioria dos casos ela tem apenas um ponto principal. "No podemos, entretanto, afirmar que todas as parbolas de Cristo tratam de um s assunto, pois Jesus era um artista interessado em comunicar verdades, no em manter certo estilo". C. H. Dodd concorda com esse princpio importante da interpretao: "A parbola em geral, seja uma simples metfora, seja um smile mais elaborado, seja uma narrativa completa, apresenta apenas um ponto de comparao. No h a inteno de que os detalhes tenham um significado independente. J na alegoria, cada detalhe uma metfora independente, com significado prprio". Dodd ento d um dos dois exemplos desse princpio, entre eles a Parbola do semeador: "A beira do caminho e os pssaros, os espinhos e o cho pedregoso no so criptogramas da perseguio, do engano das riquezas e assim por diante. Esses smbolos esto ali para evocar um quadro da grande quantidade de trabalho desperdiado, que o fazendeiro precisa enfrentar, e assim fazer sentir o alvio da colheita, apesar de todo o trabalho". No seu captulo "The method of interpretation" ["O mtodo da interpretao"] , Ada Habershon, em The study of the parables [O estudo das parbolas], expressa a opinio de que "pode ser verdade que cada de-

talhe (da parbola acima) tinha um significado, e devemos estar bem preparados para descobrir que algumas delas tinham diversos [...] Nenhuma explicao esgotar os significados da mais simples parbola proferida por Jesus e, se reconhecermos isso, tambm estaremos prontos para tirar de cada uma "toda sorte de des-pojos". O caminho mais seguro para lidar com a parbola procurar o pensamento central ou a idia principal, em torno da qual todos os elementos subordinados se agrupam. A idia principal no deve perder-se em meio a um emaranhado de acessrios complexos, mesmo que estes tenham significado espiritual. As parbolas no devem ser tratadas como se fossem um repositrio de textos. Cada parbola deve ser vista por suas particularidades, e qualquer analogia feita deve ser real, no imaginria, sempre subordinada lio principal da parbola". Outros aspectos da interpretao, tratados de forma completa pela Biblical enciclopaedia [Enciclopdia da Bblia], de Fausset, so: 1. a parbola, em sua forma externa, deve ser bem compreendida (e.g., o amor de um pastor do Oriente Mdio para com suas ovelhas); 2. a situao no comeo da parbola, como em Lucas 15:1,2, o ponto de partida das trs parbolas do captulo; 3. as caractersticas que, interpretadas de forma literal, contrariam as Escrituras, do um colorido ao texto, e.g., o nmero das virgens prudentes era igual ao das insensatas (Mt 25:1-13). Em seu captulo "Place and province of the parables" ["O local e o campo das parbolas"], o dr. A. T. Pierson afirma: "As parbolas bblicas so narrativas factuais ou fictcias, usadas para transmitir verdades e ensinamentos morais e espirituais. Podem ser histricas, ticas e alegricas ao mesmo tempo; mas, se o significado mais elevado se perde no menos elevado ou por ele obscurecido, assim como no caso do espiritual em relao ao literal, perdem-se tambm o seu objetivo e o seu significado. Em geral a parbola se faz acompanhar de certas indicaes de como deve ser interpretada. A lio central o principal objeto de interesse; o restante pode ser secundrio, como a cortina e o cenrio de um teatro".

As mltiplas formas da parbolaQuanta diversidade h nas parbolas bblicas! Na verdade, so inigualveis nas suas imagens descritivas. Sob a orientao do Esprito Santo, os escritores da Bblia exploraram todos os veculos apropriados, para expressar a verdade divina. De fato, precisaram de todos eles para ilustrar a inigualvel maravilha da Palavra de Deus, que radiante em sua riqueza de material parablico. O resumo que o dr. Graham Scroggie faz das parbolas do NT aqui aplicado para que entendamos o alcance das parbolas bblicas como um todo. A medida que formos explicando as parbolas, remeteremos o leitor para o campo em que cada uma se enquadra.

1. Reino espiritual: parbolas associadas com cu, inferno, querubins e anjos; 2. Feimenos naturais: parbolas relacionadas com sol, luz, raios, terremotos, fogo, nuvens, tempestade e chuva; 3. Mundo animado: parbolas relacionadas com criaturas (cavalos, animais selvagens, lees, guias, camelos, bois, ovelhas, cordeiros, lobos, jumentos, raposas, porcos, ces, bodes, peixes, pssaros e serpentes); parbolas ilustradas por plantas e rvores, espinhos, cardos, figos, oliveiras, sicmoros, amndoas, uvas, juncos, lrios, anis, menta, vinha, cedro e condimento de amoras pretas; 4. Mundo mineral: parbolas simbolizadas por metais (ouro, prata, bronze, ferro e lato); 5. Vida humana: A variedade de ilustraes parablicas muito ampla: fsica (carne, sangue, olho, ouvido, mos, ps; fome, sede, sono, doena, riso, choro e morte); domstica (casas, lmpadas, cadeiras, alimento, forno, culinria, po, sal; nascimento, mes, esposas, irms, irmos, filhos, afazeres, casamento e tesouros); pastoral (campos, vales, pastores, ovelhas, agricultores, solo, semente, cultivo, semea-dura, crescimento, colheita e vinhas); comercial (pescadores, alfaiate, construtor, negociante, balana, talentos, dinheiro e dvidas); de interesse pblico (escravido, roubo, violncia, julgamento, punio e impostos); social (casamento, hospitalidade, festas, viagens e saudaes); religiosa (tabernculo, templo, esmolas, dzimos, jejuns, orao e o sbado). As pginas seguintes serviro para mostrar que as parbolas da Bblia so comparaes ilustrativas extraordinrias que nos falam sobre a verdade divina. Podem ser definidas como "narrativas criadas com o objetivo especfico de representar uma verdade religiosa de forma pictrica".

PRIMEIRA PARTEAS PARBOLAS DO ANTIGO TESTAMENTO

INTRODUO lamentvel que quase todos os livros referentes s parbolas se atenham apenas nas que proferiu o nosso Senhor, esquecendo-se do que o resto da Bblia alm dos quatro evangelhos apresenta em matria de linguagem figurada. Perde tempo quem procura um estudo expositivo das muitas parbolas do AT. G. H. Lang, em The parabolic teaching of Scripture [O ensino parablico das Escrituras], dedica cinco pginas ao assunto. O melhor tratamento dado s parbolas do AT que conheo Miracles and parables ofthe Old Testament [Milagres e parbolas do Antigo Testamento], publicado pela primeira vez em 1890 e agora reimpresso pela Baker Book House, de Grand Rapids, EUA. Certamente alguns dicionrios bblicos trazem uma sinopse do ensino parablico do AT, onde o termo m_sh_ l empregado com ampla gama de significados. Como j deixamos prever, h apenas cinco textos tidos como o equivalente mais prximo da "parbola" em sentido estrito, a comear pela parbola do profeta Nata. Ainda assim, como demonstrar o estudo que se segue, o AT faz amplo uso das ilustraes parablicas. Talvez o estudo mais completo e esclarecedor sobre o simbolismo do AT seja o de Ada Habershon, em seu livro muito instrutivo The study ofthe parables [O estudo das parbolas], sntese daquilo que nos propusemos na presente obra. Aquele que "falou-lhes de muitas coisas por meio de parbolas" o mesmo que inspirou "homens santos da parte de Deus" a escrever o AT; portanto, podemos encontrar a mesma linha de pensamento em todos os livros. Muitas das parbolas, dos tipos e das vises do AT ilustram e esclarecem os do Novo, provando a maravilhosa unidade das Escrituras. Os que ouviram as parbolas de Jesus tinham alguma percepo do ensino que em geral servia de base ao ritual levtico e identificavam o sentido espiritual existente nas cerimnias que deviam realizar. Os judeus certamente se lembraram do man de Deuteronmio 8 quando Jesus, em Joo 6, referiu-se a si mesmo como "o man", e tambm quando disse, em Mateus 4, que "no s de po vive o homem". A casa construda sobre a rocha com certeza reportou os ouvintes de Jesus ao cntico de Moiss, em que Deus considerado a Rocha (Dt 32:4). A Parbola dos lavradores maus lhes trazia mente a Parbola da vinha do Senhor, numa estrutura textual praticamente idntica de Isaas 5. Compare tambm Isaas 27:3 com Joo 15. As festas de Levtico 23 devem ser estudadas cuidadosamente, junto com as parbolas de Mateus 13. H muitas analogias entre as festas anuais e esse grupo de parbolas. A lei sobre os animais puros e impuros (Lv 11; Dt 14) passou a ter um sentido mais profundo quando Pedro viu aquele lenol descer do cu. A figura da casa por demolir encontra correspondente no NT (cf. Jr 33:7 e Ez 36:36 com At 15:15-17 e Rm 11:1,2). A instruo a respeito da ovelha perdida um maravilhoso comple-

mento da Parbola do Salvador (cf. Dt 22:1-3 com Lc 15). Muitos acontecimentos da vida de Jos so ilustraes da vida e do reinado de nosso Senhor. A narrativa da vinha de Nabote nos faz lembrar da Parbola dos lavradores maus, retratada por Jesus. A Parbola do juiz inquo assemelha-se experincia da sunamita (2Rs 8), que clamou ao rei pela sua terra e pela sua casa. A compra de um campo (Jr 32) vincula-se Parbola do tesouro escondido (Mt 13). A vestimenta do profeta Josu em forma de parbola (Zc 3) pode ser posta lado a lado com a Parbola do filho prdigo (Lc 15). A viso de Zacarias do efa corresponde em muitos aspectos Parbola do fermento. Sobre o simbolismo dos Salmos, 78:2 pode ser associado a Mateus 13:34,35, o Salmo 1 a Mateus 24:45-51 e o Salmo 2 Parbola dos lavradores maus. O Salmo 23 fica ainda mais precioso ao lado de Joo 10. O Salmo 45, que descreve uma noiva e o seu atavio encantador, corresponde s Bodas do Cordeiro (Ap 19). O Salmo 19, em que o noivo sai de seu quarto e se alegra, como um homem forte que participa de uma corrida, remete encarnao do Verbo e ao retorno glorioso do nosso Senhor Jesus. A mais bela de todas as parbolas a da Pequena cidade, em Eclesiastes 9:13-17, uma maquete do mundo, atacado por Satans, mas liberto pelo Senhor Jesus. interessante observar, nos livros de Provrbios e Eclesiastes, que muitos versculos contm a mesma linguagem simblica das parbolas de nosso Senhor. Compare Provrbios 12:7, 24:3 e 14:11 com Mateus 7 e ICorntios 3. Os versos finais de Provrbios 4 nos fazem lembrar de muitas parbolas do Senhor, especialmente daquela que ensina aos discpulos que a corrupo brota no daquilo que entra pela boca em forma de alimento, mas do que sai da boca, em palavras. Em meio s palavras de Salomo, existem referncias se-meadura e sega. Compare Provrbios 11:24 com 2Corntios 9:6; Provrbios 11:18 e 22:8 com Gaiatas 6:7; Provrbios 11:4,28 com a Parbola do rico e Lzaro, em Lucas 16; Provrbios 12:12 com Joo 15; Provrbios 28:19 com a Parbola do filho prdigo; Provrbios 13:7 faz referncia ao que vendeu tudo o que tinha para que pudesse comprar o campo e a prola. Alm das parbolas propriamente ditas e daquilo que se aproxima do que chamamos parbolas, h centenas de expresses, versculos e palavras de natureza parablica. Seria muito proveitoso nos deter-mos nos muitos ttulos dados a Deus no AT, como "Um Pequeno Santurio", "Fortaleza", "Me" etc, procurando mostrar o sentido espiritual dessas figuras de linguagem. Esperamos que os exemplos que se seguem estimulem o estudo mais profundo desse aspecto envolvente da verdade bblica.

AS PARBOLAS DOS LIVROS HISTRICOS Parbola do monte Mori(Gn 22; Hb 11:17-19) E o Esprito Santo quem nos autoriza a classificar como parbola o episdio em que Abrao oferece seu filho Isaque a Deus. O inspirado autor da carta aos Hebreus diz que, depois do ato de obedincia de Abrao, Deus "em figura o recobrou" (11:19). A palavra traduzida por "figura" nesse versculo a mesma traduzida por "parbola" nos evangelhos. A Verso Revisada (em ingls) diz: "em parbola o recobrou". O ato de depositar Isaque sobre o altar uma representao parablica da morte parbola em gestos, no em palavras, e sua libertao foi, portanto, uma representao da ressurreio de Cristo. A realizao figurada do ato passa para a narrativa histrica: "Pegou no cutelo para imolar o filho..." (Gn 22:10). Essa frase, e o fato de que Abrao cria que Deus era capaz de ressuscitar Isaque da morte, revela a grandiosidade do sacrifcio que o patriarca foi chamado a fazer. interessante observar que Isaque o nico nas Escrituras, alm de Jesus, a ser chamado "unignito" (Gn 22:2; Hb 11:17). A f deu a Abrao o poder de atender ordem divina ainda que implicasse a morte de Isaque. At o tempo de Abrao, ningum jamais havia ressuscitado da morte, mas o pai da f, crendo na promessa de Deus, tinha a confiana de que seu filho, uma vez morto, poderia ressuscitar. Assim, quando Isaque estava sobre o altar, na sombra da morte, Abrao recebeu-o de volta vida, pela graa de Deus. Quando o patriarca disse aos seus servos "voltaremos a vs" (Gn 22:5), usou o idioma da f. Abrao nunca duvidou da onipotncia de Deus. Esta narrativa uma figura impressionante da oferta do Filho unignito de Deus, que foi por escolha prpria entregue "por todos ns" (Rm 8:32) e foi recebido de entre os mortos pelo Pai! (lTm 3:16) A divergncia, entretanto, nessa parbola em ao, o fato de que, embora Abrao tenha oferecido seu filho, este foi poupado. O cordeiro, apanhado entre os arbustos, tornou-se substituto de Isaque e foi sacrificado em seu lugar. Mas Cristo foi o ferido e o aflito de Deus. O Criador deu o seu Filho unignito para morrer pelos nossos pecados. Ns deveramos ter morrido, mas Cristo, como o Cordeiro sacrificado, foi morto em nosso lugar. Morreu pelos pecados de um mundo perdido. Outra mensagem aos nossos coraes a prontido em fazer a vontade de Deus. Paulo sabia que a grande qualidade do verdadeiro servio a nossa disposio: "Pois se h prontido de vontade, ser aceita segundo o que qualquer tem, e no segundo o que no tem" (2Co 8:12). Abrao percorreu um longo caminho e sofreu grande angstia para cumprir a vontade de Deus. To logo ouviu a ordem divina, manifestou a prontido de execut-la. Muitos de ns vo s at certo ponto e depois param, como Marcos, que Paulo recusou-se a levar em sua viagem missionria (At

15:18). Abrao destaca-se magnificamente como aquele que foi at onde Deus o permitiria ir.

Parbola do tabernculo(Hb 9:1-10; x 25:31) Neste caso tambm o Esprito Santo quem nos autoriza a afirmar que o tabernculo erigido por Moiss no deserto era uma parbola para ns de uma herana ainda mais gloriosa. "O Esprito Santo estava dando a entender [...] o primeiro tabernculo [...] uma parbola para o tempo presente..." (Hb 9:8,9). As figuras ou os objetos parablicos, associados a todos os servios e aos utenslios do tabernculo, do margem para muito estudo. De maneira notvel, os sacrifcios, as ofertas, as festas e a construo do tabernculo ilustram a pessoa e a obra do Redentor, bem como as bnos e os privilgios dos remidos. O maravilhoso captulo 9 de Hebreus a exposio do Esprito Santo acerca do tabernculo, em que se apresenta um retrato sublime da obra completa de Cristo a favor do crente e da vida dos crentes em Cristo como um todo. O estudante que deseja entender o significado simblico das coisas ligadas ao tabernculo poder escolher entre as inmeras exposies sobre o assunto. Alguns comentaristas deixaram a imaginao correr solta na interpretao dos elementos de menor importncia dessa construo temporria no deserto. Sabiamente, o dr. A. T. Pierson disse: "Ningum se pode dar por infalvel na interpretao dessas imagens e desses objetos, estando a beleza dessa forma de ensino, em parte, no fato de permitir uma nitidez cada vez maior de viso e uma crescente acuidade de percepo, assim como a nossa vida e o nosso carter se aproximam da indiscutvel perfeio [...] Mas estamos certos de que h uma riqueza de significados imaginvel, mesmo aos filhos de Deus, e ainda por explorar, a qual apenas os anos que esto por vir conseguiro revelar e desvendar completamente". A principal caracterstica do tabernculo estava na sua diviso em trs partes a unidade da trindade: o trio, com o altar do holocausto e a pia de bronze, o Santo Lugar, com a mesa dos pes da proposio, o candelabro de ouro e o altar do incenso, o Santo dos Santos, com a arca da aliana sobre a qual estava o propiciatrio. Nem precisa muita imaginao para vermos, nessas caractersticas expressas, uma parbola sobre a obra de Cristo na ordem em que se deu, desde o seu sacrifcio vicrio na cruz at a descida do Esprito Santo regenerador e santificador, passando por toda a sua jornada como Luz do mundo, Po da vida e nosso Intercessor alm do vu, na presena de Deus. O tabernculo pode tambm ser considerado uma parbola que mostra como o crente pode aproximar-se de Deus em Cristo.

O trio passa a idia de dois estados: remisso dos pecados pelo sangue da expiao e regenerao do esprito pela Palavra de Deus e pelo Esprito Santo condies da comunho. O Santo Lugar ilustra as trs formas da comunho a vida de luz como testemunho, a sistemtica consagrao interna e a vida de constante orao. O Santo dos Santos retrata o ideal e o objetivo da comunho, em que "a obedincia perptua se parece com uma tbua inquebrvel da lei, a beleza do Senhor nosso Deus est sobre ns e todos os seus atributos esto em perfeita harmonia com os nossos sentimentos e atividades". Uma anlise mais completa desse fascinante aspecto do estudo da Bblia, o leitor encontrar no "Old Testament symbolism" ["O simbolis-mo do Antigo Testamento"], captulo do livro The study of parables [O estudo das parbolas], de Ada Habershon. Essa talentosa autora tem um pequeno livro, Studies on the tabernacle [Estudos sobre o tabernculo], com muitos esboos claros e bblicos que mostram como os detalhes do tabernculo foram "sombra dos bens futuros" e "figuras das coisas que esto no cu" (Hb 10:1; 9:23; Cl 2:17; Jo 5:45).

As parbolas de Balao(Nm 22; 23:7,18; 24:3,15,20-23) Seis das dezoito ocorrncias da palavra "parbola" no AT esto associados aos pronunciamentos de Balao. George H. Lang comenta que "as declaraes profticas de Balao so chamadas parbolas. So assim chamadas porque os projetos e os fatos ligados a Israel so apresentados por meio de comparaes, compostas na maioria de elementos nohumanos". Por estranho que parea, as parbolas profticas desse insignificante profeta esto entre as mais inconfundveis e admirveis do AT. Todas elas "do testemunho do chamado de Israel para ser o povo escolhido de Jeov," diz Fairbairn, "e das bnos que estavam reservadas para esse povo, as quais nenhum encantamento, fora adversa ou maldio poderia tirar; tambm do testemunho da Estrela que despontaria de Jac e da destruio de todos os que a ela se opusessem". Qual era o passado de Balao, de Petor, e como veio a conhecer Balaque? Balao praticava a adivinhao, que compreendia a leviandade e o engano to comuns nos pases idolatras. O fato de ser ganancioso fica claro quando ele declara que "o preo dos encantamentos " estava nas suas mos e nas dos seus cmplices. Balao "amou o prmio da injustia". Foi esse homem que Balaque procurou para receber informaes. Os israelitas, seguindo viagem rumo a Cana, armaram suas tendas nas regies frteis da Arbia. Alarmados com o nmero e com a coragem dos hebreus, que haviam recentemente derrotado o rei Ogue, de Bas, os moabitas temeram tornar-se a prxima presa. Balaque, ento, foi at os midianitas, seus vizinhos, e consultou os seus ancios, mas as informaes que recebeu eram de grande destruio. Esse caso, em que Deus faz uso de um falso profeta para proferir

parbolas divinamente inspiradas prova inequvoca do seu amor e dos seus desgnios para o seu povo, mostra que o Senhor, se necessrio, lana mo do melhor instrumento que puder encontrar, ainda que esse instrumento contrarie a sua natureza divina. Deus disse a Balao: "Vai com esses, mas fala somente o que eu te mandar". Ao encontrar Balaque, Balao, j orientado por Deus, disse: "Porventura poderei eu agora falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha boca, essa falarei". Quando censurado por Balaque, rei de Moabe, por ter abenoado Israel, Balao respondeu: "Como amaldioarei o que Deus no amaldioou? E como denunciarei a quem o Senhor no denunciou? [...] Porventura no terei cuidado de falar o que o Senhor ps na minha boca?". Ento, compelido a declarar o que teria alegremente omitido, Balao irrompe num rompante de poesia parablica e prediz a bno indiscutvel do povo para cuja maldio fora contratado. Suas parbolas so de fcil identificao. Na primeira, o pensamento principal a separao para Deus, a fim de cumprir os seus desgnios: "Vejo um povo que habitar parte, e entre as naes no ser contado" (Nm 23:9). Essa escolha divina de Israel era a base das reivindicaes de Deus sobre o povo e a razo de todos os ritos e instituies singulares que ele decretara para serem observados, pois dissera: "Eu sou o Senhor vosso Deus que vos separei dos povos. Portanto fareis distino entre os animais limpos e os imundos [...] Sereis para mim santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos para serdes meus" (Lv 20:24-26). H tambm o cumprimento do antigo propsito, pelo qual Deus "fixou os limites dos povos, segundo o nmero dos filhos de Israel" (Dt 32:8). Nessa parbola, que trata da separao de Israel, uma ilustrao extrada do solo abaixo dos nossos ps: "Quem pode contar o p de Jac...?" (Nm 23:10). Aqui temos uma referncia ao imenso nmero dos descendentes de Abrao, anteriormente comparados areia e s estrelas (Gn 22:17). Alguns comentaristas vem no p e na areia uma referncia figurada a Israel os descendentes terrenos de Abrao, e nas estrelas, uma referncia simblica igreja de Deus os descendentes espirituais de Abrao. Mas, como George H. Lang afirma: "Fao uma advertncia contra o tratamento fantasioso das parbolas e dos smbolos, pois por trs vezes Moiss usa as estrelas como smbolo do Israel terreno (Dt 1:10; 10:22; 28:62; v. lCr 27:23). De uma coisa estamos certos: a mesma escolha separadora e soberana de Deus o fundamento do chamado cristo nesta dispensao da graa. Fomos "chamados para ser santos", ou seja, separados. Fomos eleitos em Cristo "antes da fundao do mundo". Fomos salvos e chamados "com uma santa convocao [...] segundo o seu propsito e a graa, que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos". Essas e outras referncias caractersticas compem a verdadeira igreja. Separados do mundo, devemos viver nele como forasteiros e peregrinos. A parbola seguinte ressalta a justificao do povo separado.

Percebesse a progresso dos pronunciamentos e das predies parablicas de Balao na frase "Ento proferiu Balao a sua palavra", que se repete cinco vezes. Ao escolher Israel, Deus no poderia voltar atrs em sua deciso; ento encontrou Balao e ps na sua boca esta palavra para Balaque: "Deus no homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa. Porventura tendo ele dito no o far, ou tendo falado no o realizar? Recebi ordem de abenoar; ele abenoou, e no o posso revogar. No vi iniqidade em Jac, nem desventura observei em Israel. O Senhor seu Deus est com ele, e entre eles se ouvem aclamaes ao seu rei" (Nm 23:19-21). A histria do povo escolhido mostra que havia iniqidade, da qual o verdadeiro Jac estava dolorosamente consciente; e havia tanta perversidade em Israel, que o mundo pago ao redor ficava surpreso. Mas a maravilha disso tudo que os olhos de Deus estavam sobre o seu povo pela luz que emanava da graa divina, depois pelo sangue dos sacrifcios ofertados pelo povo a favor de si mesmo e por fim pela morte expiatria do seu muito amado Filho. A natureza novamente contribui para a inspirada e instrutiva parbola de Balao, pois refere-se a Deus como "foras [...] como as do unicrnio", enquanto Israel retratado com a fora do boi selvagem e a natureza assustadora do leo e da leoa (Nm 23:22,24; 24:8,9). Tendo sido justificados gratuitamente pela graa divina, justificados pelo sangue de Jesus, justificados pela f e, portanto justificados de todas as coisas, ns, os cristos, no temos fora em ns mesmos. Nossa fora est na graa de Jesus Cristo, nosso Senhor (2 Tm 2:1). Na terceira parbola, Balao declara que produzir frutos para Deus o resultado inevitvel de sermos separados para ele e justificados perante ele. Quo bela e expressiva essa explicao inspirada sobre o povo escolhido de Deus! "Que boas so tuas tendas, Jac! E as tuas moradas, Israel! Como vales que se estendem, como jardins ao lado de um rio, como rvores de sndalo que o Senhor plantou, como os cedros junto s guas!" (Nm 24:3-14). A linguagem figurada que Balao empregou forma um estudo parte. O soberano do cu comparado a uma estrela (cf. Nm 24:17 com Ap 2:28; 22:16). O cetro, smbolo comum da realeza, refere-se poderosa soberania do Messias de Israel. O ninho posto na penha fala da segurana dos quenitas (Nm 24:21). Os navios que vinham da costa de Quitim eram uma aluso proftica s vitrias de Alexandre, o Grande (Nm 24:24). Embora decepcionado, Deus ainda assim tinha todo o direito de contar com os frutos do seu povo no deserto. No os tinha escolhido, redimido e abenoado, fazendo deles seu tesouro particular? Quanto mais no espera de ns, que fomos comprados com o precioso sangue de seu querido Filho? Ser que no o glori-ficaremos quando damos muitos frutos? (Jo 15:8). No somos exortados a estar cheios do fruto da justia? (Fp 1:11). No tem um valor extremamente prtico o fato de sermos separados para ele e justificados pela graa diante dele? A nossa posio privilegiada no deveria resultar em sermos frutferos em toda boa obra? (Cl 1:10). No pertinente que a parbola seguinte se volte para a segunda

vinda de Cristo? A coroa de vitria o adorno para a fronte daquele que chamou, separou, justificou e abenoou o seu povo. "V-lo-ei, mas no agora; contempl-lo-ei, mas no de perto. Uma estrela proceder de Jac, e de Israel subir um cetro"(Nm 24:17). Segundo certo comentarista: "A estrela refere-se sua primeira vinda; o cetro, sua segunda vinda; e, como o falso profeta no o via como salvador, profere a prpria condenao". Trata-se do dia do juzo para os inquos, pois "Um dominador sair de Jac, e destruir os sobreviventes da cidade". A destruio ser arrasadora e terrvel, como diz Balao: "Ai, quem viver, quando Deus fizer isto?" (Nm 24:23).

Parbola das rvores(Jz 9:7-15) Essa parbola contada aos homens de Siqum por Joto, filho mais novo de Gideo e nico sobrevivente do massacre de seus 70 irmos por Abimeleque (outro irmo) outra profecia em forma de parbola, uma vez que se cumpriu. Abimeleque, filho bastardo de Gideo, aspirava a ser rei e persuadiu os homens de Siqum a matar todos os 70 filhos legtimos de seu pai (exceto o que escapou) e o proclamarem rei. Joto, o sobrevivente, subindo ao monte Gerizim, proferiu a parbola ao rei e ao povo, fugindo em seguida. Muitos estudiosos discordam da natureza parablica do pronunciamento de Joto. Por exemplo, o dr. E. W. Bullinger, em Figures ofspeech [Figuras de linguagem], diz: "No se trata de parbola, porque no h nenhuma comparao, na qual uma coisa equiparada a outra [...] Quando rvores ou animais falam ou pensam, temos uma fbula; e, quando essa fbula explicada, temos uma alegoria. Se no fosse a orao explicativa 'fazendo rei a Abimeleque' (9:16), o que a torna uma alegoria, teramos uma fbula". O dr. A. T. Pierson refere-se a ela como "a primeira e mais antiga alegoria das Escrituras [...] Uma das mais lindas, de todas as fbulas ou aplogos de todo o universo literrio". O professor Salmond igualmente refere-se a ela como "um exemplo legtimo de fbula [...] os elementos grotescos e improvveis que a tornam um meio inadequado para expressar a mais sublime verdade religiosa". Ellicott comenta: "nesse captulo temos o primeiro 'rei' israelita e o primeiro massacre de irmos; dessa forma, temos aqui a primeira fbula. As fbulas so extremamente populares no Oriente, onde so muitas vezes identificadas com o nome do escravo-filsofo Lokman, o congnere de Esopo [...] A 'fbula' uma narrativa imaginria usada para fixar prudncia moral nas mentes". Junto com outros comentaristas, entretanto, inclinome para o aspecto parablico do discurso de Joto, o qual, como disse Stanley, "falou como o autor de uma ode inglesa". Lang tambm.v o discurso como uma parbola e faz trs observaes: 1. o material da parbola pode ser verdadeiro, assim como as rvores so objetos reais;

2. o uso desse material pode ser completamente imaginrio; como quando mostra as rvores em uma reunio, propondo a eleio de um rei e convidando aquelas que esto em crescimento a oliveira, a figueira, a videira e o es-pinheiro a reinar sobre as rvores mais altas, como o cedro; 3. os detalhes imaginrios podem corresponder exatamente aos homens que precisavam ser instrudos e aos seus feitos [...] O cedro era o mais alto e imponente; assim tambm eram os homens de Siqum, que foram fortes o suficiente para levar adiante o terrvel massacre. Ainda, quanto diferena entre interpretao e aplicao, cumpre dizer que a primeira se relaciona com o problema em questo, a saber, a relao entre Israel e Abimeleque, sendo histrica e local; a segunda proftica, e dispensacional. A interpretao imediata da parbola de Joto seria: as diferentes rvores so apresentadas em 'busca de um novo rei', e sucessivamente apresentam-se a oliveira, a figueira, a videira e, por ltimo, o espinheiro. Nessas rvores desejosas de um rei, temos a apresentao figurada do povo de Siqum, que estava descontente com o governo de Deus e ansiava por um lder nominal e visvel, como tinham as naes pagas vizinhas. Os filhos mortos de Gideo so comparados a Abimeleque, como as rvores boas ao espinheiro. A palavra traduzida por reina sobre d a idia de pairar e encerra tambm a idia da falta de sossego e de insegurana. Keil e Delitzsch, em seus estudos sobre o AT, afirmam: "Quando Deus no era a base da monarquia, ou quando o rei no edificava as fundaes de seu reinado sobre a graa divina, ele no passava de uma rvore, pairando sobre outras sem lanar razes profundas em solo frutfero, sendo completamente incapaz de produzir frutos para a glria de Deus e para o bem dos homens. As palavras do espinheiro, 'vinde refugiarvos debaixo da minha sombra', contm uma profunda ironia, o que o povo de Siqum logo descobriria". Ento, como observaremos, a vida da nao israelita retratada pela semelhana com as rvores citadas na parbola, cada qual com propriedades especialmente valiosas ao povo do Oriente. Muito poderia ser dito a respeito das rvores, sendo a vida de cada uma diferente uma da outra. Embora todas recebam sustento do mesmo solo, cada uma toma da terra o que compatvel com a sua prpria natureza, para produzir os respectivos frutos e atender s suas necessidades. So as rvores diferentes no que se refere ao tamanho, forma e ao valor. Cada rvore possui glria prpria. As fortes protegem as mais fracas do calor intenso e das tempestades ferozes (v. Dn 4:20,22 e Is 32:1). A oliveira uma das rvores mais valiosas. Os olivais eram numerosos na Palestina. Winifred Walker, em seu livro lindamente ilustrado Ali the plants of the Bible [Todas as plantas da Bblia], diz que "uma rvore adulta produz anualmente meia tonelada de leo". O leo proporcionava a luz artificial (x 27:20) e era usado como alimento, sendo tambm um ingrediente da oferta de manjares. O fruto tambm era comido,

e a madeira, usada em construes (lRs 7:23,31,32). As folhas da oliveira simbolizam a paz. A figueira, famosa por sua doura, era tambm altamente apreciada. Seu fruto era muito consumido, e seus ramos frondosos forneciam um excelente abrigo (ISm 25:18). Ado e Eva usaram folhas de figueira para cobrir a sua nudez (Gn 3:6,7). Os figos so os primeiros frutos mencionados na Bblia. A videira era igualmente estimada por causa dos seus imensos cachos de uva, que produziam o vinho grande fonte de riqueza na Palestina (Nm 13:23). O "vinho, que alegra Deus e os homens". Sentar-se debaixo da prpria figueira ou videira era uma expresso prover-bial que denotava paz e prosperidade (Mq 4:4). O cedro, a maior de todas as rvores bblicas, era famosa por sua notvel altura, pois muitas vezes "media 37 m de altura e 6 m de dimetro". Por causa da qualidade da madeira, o cedro foi usado na construo do templo e do palcio de Salomo. Altivos e fortes, eles simbolizavam os homens de Siqum, poderosos o suficiente para levar adiante o terrvel massacre dos filhos de Gideo. Lang fez a seguinte aplicao: "Assim como um espinheiro em chamas poderia atear fogo numa floresta de cedros e assim como um cedro em chamas causaria a destruio de todos os espinheiros sua volta, tambm Abimeleque e os homens de Siqum eram mutuamente destrutivos e trocaram entre si a recompensa da ingratido e da violncia das duas partes". O espinheiro um poderoso arbusto que cresce em qualquer solo. No produz frutos valiosos, e sua rvore, da mesma forma, no serve de abrigo. Sua madeira usada pelos habitantes como combustvel. O dr. A. T. Pierson lembra-nos que "o espinheiro o sanguinheiro ou ramno" e que "o fogo que sai do espinheiro refere-se sua natureza in-flamvel, uma vez que pode facilmente e em pouco tempo ser consumido". A aplicao por demais bvia. O nobre Gideo e seus respeitveis filhos haviam rejeitado o reino que lhes fora oferecido, mas o bastardo e desprezvel Abimeleque o aceitara e se afiguraria aos seus sditos como espinheiro incmodo e feroz destruidor; seu caminho acabaria da mesma forma que o espinheiro em chamas no reinado mtuo dele para com os seus sditos (Jz 9:16-20). O fogo a sair do espinheiro talvez se refira ao fato de que o incndio muitas vezes se inicia no arbusto seco, pela frico dos galhos, formando assim um emblema apropriado para a guerra das obsesses, que geralmente destroem as alianas entre homens perversos. Embora a habilidade de Joto no emprego das imagens tenha atrado a ateno dos homens de Siqum e tenha agido como um espelho a refletir a tolice criminosa deles, esse reflexo no os faz arrepender-se da perversidade. Os siquemitas no proferiram sentena contra si prprios, como fez Davi aps ouvir a tocante parbola de Nata, ou como fizeram muitos dos que ouviram as parbolas de Jesus (Mt 21:14). Eloqncia eficaz a que move o corao a agir. Os ouvintes da parbola de Joto ainda toleraram o reinado de Abimeleque por mais trs anos. Para ns a lio clara: "O doce contentamento com a nossa esfera

de atuao e o privilgio de estarmos na obra de Deus, estando no lugar em que o Senhor nos ps; e a inutilidade da cobia por mera promoo". Como a oliveira, a figueira, a videira e o espinheiro so muitas vezes usados como smbolos de Israel, ser proveitoso reportarmo-nos de modo resumido a essa aplicao: A oliveira fala dos privilgios e das bnos pactuais de Israel (Rm 11:17-25). E corretamente chamada o primeiro "rei" das rvores, porque, por manter-se sempre verde, fala da duradoura aliana que Deus fez com Abrao, antes mesmo de Israel se formar. Na parbola de Joto, a oliveira caracterizada por sua gordura e, quando usada, tanto Deus como o homem so honrados (x 27:20,21; Lv 2:1). Os privilgios dos israelitas (sua gordura) so encontrados em Romanos 3:2 e 9:4,5. Nenhuma outra nao foi to abenoada quanto Israel. O fracasso de Israel (oliveira) se v no fato de que alguns de seus ramos foram arrancados, e certos galhos selvagens foram enxertados no lugar. Os gentios esto desfrutando de alguns dos privilgios e das bnos da oliveira. De todas as bnos recebidas por Israel, a principal foi o dom da Palavra de Deus e o dom do seu Filho. Hoje os gentios regenerados esto pregando sobre o Filho de Deus a Israel, levando at essa nao a Palavra de Deus. A restaurao dos judeus, entretanto, vista em sua gordura, no dia em que "todo Israel ser salvo [...] se sua queda foi riqueza para o mundo [...] quanto mais sua plenitude". A figueira fala dos privilgios nacionais de Israel (Mt 21:18-20; 24:32,33; Mc 11:12-14; Lc 13:6-8). O que caracteriza a figueira a sua doura e seus bons frutos. Deus plantou Israel, sua figueira, mas o seu fruto se corrompeu e, no lugar da doura, houve amargor. Foi o que aconteceu quando o nosso Senhor veio a Israel, pois os seus (o seu povo) no o receberam. Com amargor, os judeus o consideraram um endemo-ninhado e "formaram conselho contra ele, para o matarem". Hoje acontece a mesma coisa, pois Israel ainda rejeita o seu Messias e amargo para com ele. David Baron disse: "Tenho conhecido pessoalmente muitos homens amveis e de carter adorvel entre os judeus, mas, assim que o nome 'Jesus' mencionado, mudam o semblante, como se tivessem um acesso de indignao [...] cerrando os punhos, rangendo os dentes e cuspindo no cho por causa da simples meno do nome. O fracasso de Israel se v no ressecamento da figueira (Mt 21:19,20). Nosso Senhor procurou frutos, mas, como no encontrou um sequer, amaldioou a rvore infrutfera, e ela secou. Na parbola de Lucas, ela derrubada. Essa a situao de Israel h muitos sculos. A figueira est seca, sem rei, sem bandeira e sem lar. Ela cauda, apesar da promessa de ser cabea entre as naes. A restaurao de Israel se observa nos brotos verdes da figueira. O Senhor certa vez amaldioou uma figueira, dizendo: "Nunca mais nasa fruto de ti". Quanto outra figueira, Israel, no entanto, disse: "Aprendei

agora esta parbola da figueira: Quando j os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que est prximo o vero [...]. Igualmente vs, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele est prximo, s portas" (Mt 24:32; Lc 21:30). A videira simboliza os privilgios espirituais de Israel (Is 5:1-7; SI 80:9-19; Ez 15; Jo 15). O que caracterizava a videira era o vinho, que alegra tanto a Deus como ao homem. O vinho o smbolo escolhido pelo Senhor para a alegria. Quando Israel tinha os odres de vinho cheios e transbordantes, esse fato servia de prova indiscutvel de que a bno transbordante do Senhor estava sobre o povo e, claro, de que havia alegria sob a aprovao divina; e o prprio Deus alegrava-se na libao oferecida por seu povo. O fracasso de Israel se v na videira consumida e devorada e na vinha pisoteada. Deus trouxe a videira do Egito, plantou-a em lugar preparado, fez tudo por ela, mas ela perdeu o vio, de modo que as suas sebes foram retiradas e a plantao ficou desolada. No existe mais vinho. A restaurao de Israel acontecer no dia da visitao de Deus. " Deus dos Exrcitos, volta-te, ns te rogamos! Atende dos cus, e v! Visita esta vinha, a videira que a tua destra plantou [...] Faze-nos voltar, Senhor Deus dos Exrcitos; faze resplandecer o teu rosto, e seremos salvos" (SI 80). Essa visitao acontecer na pessoa do Filho de Deus, pois todas as bnos espirituais esto nele, e daqui em diante Israel as encontrar somente na Videira Verdadeira. O espinheiro, a mais insignificante das rvores, s serve para ser queimada. O espinheiro estava disposto a reinar sobre as rvores. E todas elas estavam dispostas a lhe prestar submisso. Isso proftico e reflete o dia em que Israel ser dominado pelo Anticristo. O espinheiro uma rvore cujos espinhos representam a maldio do pecado. Quando o espinheiro vier, dir: "...vinde refugiar-vos debaixo da minha sombra...". Quando nosso bendito Senhor esteve aqui, disse: 'Vinde a mim"; e o que teve em resposta foi: "Fora! Fora! Crucifica-o! [...] No temos rei, seno Csar". Mas, quando vier o espinheiro, eles o recebero e faro uma aliana com ele, depositando a confiana na sua sombra. Sair fogo do espinheiro e consumir a todos. Essa uma profecia sobre a grande tribulao, a hora da dificuldade para Jac. Mas o prprio espinheiro ser queimado e destrudo (Jz 9:20). Isso acontecer na vinda do nosso Senhor (2Ts 2:8). E a gordura, a doura e a alegria das rvores abenoaro a Israel e faro dele uma bno, por meio daquele que morreu no madeiro amaldioado.

Parbola da cordeira(2 Sm 12:1-4) Essa parbola, habilmente formulada por Nata e usada para convencer Davi de seu terrvel pecado, demonstra a eficcia da linguagem pictrica. Essa parbola de reprovao considerada por muitos autores como fbula, mais do que parbola. De uma coi