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2.500 MORTOS AO MAR. DDP EXPLICA A CRISE MIGRATÓRIA NO CONTINENTE EUROPEU Na manhã desse domingo, 06/09/2015, agências internacionais veicularam o falecimento de 34 pessoas no mar Egeu oriental, dentre eles onze crianças e quatro bebês, número que se soma aos mais de 2.700 mortos e desparecidos em razão do fluxo migratório. A embarcação já estava próxima ao litoral da Turquia, seu destino. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, somente neste ano, mais de 430 mil migrantes e refugiados arriscaram perder suas vidas na tentativa de cruzar o mar Mediterrâneo. Do que essas pessoas fogem? SIRIOS Os sírios são a maioria dos imigrantes e fogem da guerra civil que está em curso há quatro anos em seu país. A infraestrutura da Síria se desfez, os conflitos trouxeram uma crise humanitária regional que matou mais de duzentas mil pessoas, o fluxo migratório se intensificou. Segundo a ONU, mais de 7 milhões de sírios deixaram suas residências. Desses, 4 milhões de refugiados, a maior população de imigrantes no mundo atual. Principal destino dos sírios, a Turquia, desde o início da Primavera Árabe, recebeu mais de 1,8 milhões deles. A Primavera Árabe foi aquele movimento iniciado em 2011, em que manifestantes saíram às ruas em vários pontos do país para exigir a abertura democrática e protestar contra a corrupção. Houve prisões em massa e repressão. Diante do desrespeito aos direitos humanos, soldados começaram a desertar e, junto com a população, se armaram para enfrentar as forças leais ao presidente Bashar Al Assad, o chamado Exército Livre Sírio. A guerrilha tornou-se mais complexa, uma vez que voltaram- se contra o governo milicianos estrangeiros em grupos jihadistas (mulçumanos que objetivam reordenar o governo e a sociedade, inclusive por meio da violência, de acordo com a lei islâmica,

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Page 1: Crise

2.500 MORTOS AO MAR. DDP EXPLICA A CRISE MIGRATÓRIA NO CONTINENTE EUROPEU

Na manhã desse domingo, 06/09/2015, agências internacionais veicularam o falecimento de 34 pessoas no mar Egeu oriental, dentre eles onze crianças e quatro bebês, número que se soma aos mais de 2.700 mortos e desparecidos em razão do fluxo migratório. A embarcação já estava próxima ao litoral da Turquia, seu destino. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, somente neste ano, mais de 430 mil migrantes e refugiados arriscaram perder suas vidas na tentativa de cruzar o mar Mediterrâneo. Do que essas pessoas fogem?

SIRIOS

Os sírios são a maioria dos imigrantes e fogem da guerra civil que está em curso há quatro anos em seu país. A infraestrutura da Síria se desfez, os conflitos trouxeram uma crise humanitária regional que matou mais de duzentas mil pessoas, o fluxo migratório se intensificou. Segundo a ONU, mais de 7 milhões de sírios deixaram suas residências. Desses, 4 milhões de refugiados, a maior população de imigrantes no mundo atual.

Principal destino dos sírios, a Turquia, desde o início da Primavera Árabe, recebeu mais de 1,8 milhões deles. A Primavera Árabe foi aquele movimento iniciado em 2011, em que manifestantes saíram às ruas em vários pontos do país para exigir a abertura democrática e protestar contra a corrupção. Houve prisões em massa e repressão. Diante do desrespeito aos direitos humanos, soldados começaram a desertar e, junto com a população, se armaram para enfrentar as forças leais ao presidente Bashar Al Assad, o chamado Exército Livre Sírio.

A guerrilha tornou-se mais complexa, uma vez que voltaram-se contra o governo milicianos estrangeiros em grupos jihadistas (mulçumanos que objetivam reordenar o governo e a sociedade, inclusive por meio da violência, de acordo com a lei islâmica, chamada de sharia). Ainda intensificou suas atuações no território sírio a Al Qaeda (organização fundamentalista islâmica internacional, com células independentes), através da Frente Al Nusra, e o Estado Islâmico, que afirma autoridade religiosa sobre todos os mulçumanos no mundo e aspira tomar o controle principalmente das regiões islâmicas.

Desde a Segunda Guerra Mundial não se via uma crise migratória e uma mortandade em razão de guerra nesse nível. O conflito na Síria é justificado pelos governantes como armada contra o terrorismo apoiado pela América do Norte, que, em tese, forneceriam armamento para os rebeldes e assumidamente os ajudam com apoio não letal e ajuda humanitária.

AFEGÃGOS E ERITREUS

Page 2: Crise

Eritreia é considerada pela Organização das Nações Unidas a “Coreia do Norte da África”, apenas quatro religiões são permitidas, prisões arbitrárias, fome, tortura e as mais péssimas condições econômicas e humanitárias são encontradas por lá. É governada pelo ditador Isaias Afworki desde sua independência em relação à Etiópia. O serviço militar obrigatório nesse país, em tese, duraria 18 meses, mas é prorrogado indefinidamente, o que faz com que a maioria dos refugiados sejam os jovens, que fogem dessa espécie de trabalho escravo regulado. Os Repórteres sem Fronteiras coloca esse país em última posição, entre outros 178 do mundo, no quesito liberdade de imprensa, ou seja, o jornalismo é extremamente proibido. Estimativas da ONU apontam que são aproximadamente mil fugas por mês, atravessando o deserto do Saara até a Etiópia.

Já os afegãos enfrentam diferentes conflitos desde a década de 70. O Afeganistão esteve no topo de países com maior evasão de nacionais até a guerra que se instalou na Síria. Hoje, o principal conflito em áreas afegãs se dá devido à intervenção militar, capitaneada pelos Estados Unidos após a queda das Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.

Além disso, o grupo Taleban intensifica sua insurgência no Afeganistão, levando caos e violência, contribuindo para que 12% do total de imigrantes que atravessaram o Mediterrâneo em direção à Europa tivesse nacionalidade Afegã.

NIGERIANOS

Com sua jovem democracia, de 1999, o governo nigeriano se vê hoje com atuação em seu território do grupo radical Boko Haram, que declarou lealdade ao Estado Islâmico. Confrontos entre insurgentes e as forças de seguranças fizeram com que mais de um milhão de nigerianos fugissem para outros país, uma parcela de 5% dos migrantes que tentaram se evadir pelo Mediterrâneo, em direção à Europa.

O DDP fez um estudo dos principais povos em fuga, que utilizam principalmente a rota estabelecida nos Balcãs, a região sudeste da Europa, que engloba países como Grécia, Bulgária, e Turquia. Ao longo das últimas semanas temos visto uma série de falhas da comunidade internacional em garantir os direitos mais básicos dessas pessoas. Cenas de xenofobismo que nos fazem questionar quais são os valores que ainda resistem em nossa sociedade. Esperamos que o trabalho aqui apresentado possa servir de auxílio para a interpretação do processo migratório. #MileUmaVozes #NovaMente #DDP

Caso tenha críticas ou sugestões, entre em contato conosco!