criminologia em ação - controle social

49
UNIVERSIDADE TIRADENTES JOSE OSCAR VIEIRA JUNIOR MARCELA MAYARA NUNES PIONÓRIO MARCOS PAULO KRUSCHEWSKY LEAHY SANNY TRINDADE GUIMARÃES SHIRLEY DA SILVA CARVALHO CONTROLE SOCIAL NO COMPORTAMENTO DELITIVO 1

Upload: criminologia-em-acao

Post on 11-Jun-2015

9.419 views

Category:

Documents


8 download

DESCRIPTION

Trabalho da II Unidade, matéria de Criminologia (Universidade Tiradentes), do grupo relacionado ao Controle Social. O trabalho abordado consiste no controle social do comportamento delitivo, com enfoque nos reflexos da súmula vinculante em Aracaju. A apresentação foi no dia 29 de Maio.

TRANSCRIPT

Page 1: Criminologia em Ação - Controle Social

UNIVERSIDADE TIRADENTES

JOSE OSCAR VIEIRA JUNIORMARCELA MAYARA NUNES PIONÓRIO

MARCOS PAULO KRUSCHEWSKY LEAHYSANNY TRINDADE GUIMARÃESSHIRLEY DA SILVA CARVALHO

CONTROLE SOCIAL NO COMPORTAMENTO DELITIVO

ARACAJU2009

1

Page 2: Criminologia em Ação - Controle Social

JOSE OSCAR VIEIRA JUNIORMARCELA MAYARA NUNES PIONÓRIO

MARCOS PAULO KRUSCHEWSKY LEAHYSANNY TRINDADE GUIMARÃESSHIRLEY DA SILVA CARVALHO

CONTROLE SOCIAL NO COMPORTAMENTO DELITIVO

Trabalho apresentado à disciplina de Criminologia do 7° período Diurno da Universidade Tiradentes, como um dos pré-requisitos para a obtenção da nota para a avaliação da II unidade.

Profª. Araci Bispo

ARACAJU2009

2

Page 3: Criminologia em Ação - Controle Social

SUMÁRIO

I – CAPÍTULO – INTRODUÇÃO...............................................................................04

II – CAPÍTULO – PARTE TEÓRICA – Controle Social do Comportamento

Delitivo

1. Conceito de Controle Social................................................................................05

2. O Controle Social do Delito como Objeto da Criminologia...............................05

3. Controle social: classificação..............................................................................06

4. Os agentes formais e informais no controle social..............................................07

5. A efetividade do controle social como um problema..........................................08

6. Evolução e tendências do controle social............................................................09

III – CAPÍTULO – PARTE PRÁTICA – Investigativa – Modelo de Controle –

Aracaju 2009 – Reflexos da Súmula Vinculante em Aracaju

7. Entrevista com Delegado Gabriel Nogueira – Polícia civil.................................11

8. Súmula vinculante 11 do STF – Proibição do uso de algemas...........................14

9. Posicionamento de alguns magistrados e juristas sobre o uso de algema...........15

10. “O controle social é uma poderosa arma”, declara o controlador-geral do Estado

de Sergipe em entrevista concedida ao Jornal da Cidade....................................16

IV – CAPÍTULO – CONCLUSÃO..............................................................................18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................21

ANEXOS.........................................................................................................................22

3

Page 4: Criminologia em Ação - Controle Social

INTRODUÇÃO

O trabalho em tela fora realizado sob os mandamentos da criminologia e traz

como delimitação do tema, o controle social no comportamento delitivo. Com diversos

objetivos galgados, o trabalho passou a transmitir à sociedade o que significa o controle

social. Outrossim, trouxemos a baila as espécies de controle social, com a finalidade de

demonstrar à sociedade que a partir de alguns membros pode-se obter o controle da

sociedade. Com o objetivo de concretizar a problematização do uso de algema o

trabalho realizou através de modos metodológicos, pesquisas de campo, na qual foi

entrevistado o Delegado Gabriel Nogueira do estado de Sergipe e impetramos

depoimentos de alguns magistrados e juristas sobre o uso de algemas. Também como

forma de metodologia para o trabalho, buscamos pesquisas doutrinárias para enfatizar o

assunto em tela, pesquisamos através dos modos tecnológicos fundamentações a

respeito do controle social, colocamos a entrevista do Controlador Geral do Estado,

senhor Adinelson Alves da Silva, onde este relata o controle social no estado de Sergipe

e anexamos um despacho (ANEXO I) feito pela COPE de Aracaju fundamentando o

uso de algemas em determinado caso ocorrido na capital.

Justifica-se a realização do trabalho por haver diversos problemas que vem

acontecendo na sociedade, como o aumento da criminalidade. Este aumento deve ser

repreendido pelos modelos informais e formais de controle social. A família entre outras

espécies informais devem ser parte atuante neste contexto. Igualmente, a polícia

juntamente com outros órgãos formais deve reduzir as estatísticas quanto à

criminalidade. Por isso devemos esclarecer que a participação social, tanto em sua

esfera informal quanto formal deve ser precisa e direta para haver maior efetivação do

controle social no comportamento delitivo.

I – CAPÍTULO – PARTE TEÓRICA

4

Page 5: Criminologia em Ação - Controle Social

1. Conceito de controle social

Para García-Pablos de Molina, o controle social é entendido, como um “conjunto

de instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover e garantir referido

submetimento do indivíduo aos modelos e normas” (RT, 2002, p.133). Relatando outra

forma de conceituação, Pedro Scuro Neto, diz que não é fácil resistir a tentação de

imaginar que o controle social é opressivo e misterioso, presente em tudo e em todos os

lugares e cuja função é não deixar saber que somos todos escravos. O controle social é,

portanto, um conjunto de sanções positivas e negativas, especificadas durante o

processo de socialização e seus mecanismos que age desde cedo para incutir na

personalidade, valores, normas e modelos normativos, conformando a capacidade

individual de estabelecer juízos morais. Nesse mister avulta, em primeiro lugar, a ação

de instituições como a família e outras formadas por laços de parentesco e afetividade.

Depois, as organizações formais, por intermédio de seus agentes, profissionais

especializados na criação, aplicação e transmissão de padrões sociais.

Outrossim, segundo as concepções filosóficas, estudiosos sociológicos e

pesquisas empíricas, o controle social não é mais que uma matriz geradora e reprodutora

a serviço dos grupos poderosos que, através da criação e da aplicação das normas,

asseguram seus interesses, por conta disso a repressão do furto protege a propriedade

dos ricos e a legislação sobre crimes político objetiva a proteção do regime político, etc.

2. O Controle Social do Delito como Objeto da Criminologia

A teoria do controle social representa todo um giro metodológico de grande

importância, ao qual não está alheio, a teoria do etiquetamento e da reação social pela

relevância que os partidários destas modernas concepções sociológicas assinalam a

certos processos e mecanismo do chamado controle social na configuração da

criminalidade.

Para Labelling Approach o comportamento do controle social ocupa um lugar

destacado. Porque a criminalidade conforme seus teóricos não têm natureza

“ontológica”, senão “definitorial” (só das definições seletiva dadas pelos agentes do

controle formal), e o decisivo é como operam determinados mecanismo sociais que

5

Page 6: Criminologia em Ação - Controle Social

atribuem o status de delinquente: a qualificação jurídico-penal da conduta realizada ou

os merecimentos objetivos do autor passam para um segundo plano. Por isso mais

importante que a interpretação das leis é analisar o processo de aplicação das mesmas à

realidade social: processo tenso, conflitante e problemático.

O controle social, não se limita a “decretar” a criminalidade e a identificar o

infrator, senão que “cria” ou “configura” a criminalidade, realiza função “constitutiva”,

de sorte que nem a lei é expressão dos interesses gerais nem o processo de sua aplicação

à realidade respeita o dogma da igualdade dos cidadãos. Os agentes do controle formal

não são meras correias de transmissão da vontade geral, senão filtros a serviço de uma

sociedade desigual que, através deles, perpetua suas estruturas de dominação e

incrementa as injustiças que a caracterizam. Em conseqüência, a população

penitenciária subproduto final do funcionamento discriminatório do sistema legal, não

representa a população criminosa real (nem qualitativa nem quantitativa), tampouco as

estatísticas oficiais representam essa realidade.

3. Controle social: classificação

Os conflitos sociais podem ser classificados de modo sistemático, em função do

esforço de manipular a motivação, geralmente mediante identificação artificial dos

interesses. Para compensar problemas de socialização, de personalidade, de valores ou

de apatia, a tendência usual são as instituições manipularem facilidade e dificuldades,

alocando papéis e recompensas para fins específicos. Quando as instituições querem

motivar os sujeitos, elas tentam controlar estímulos e reações, oferecendo ou ameaçando

remover objetos e oportunidades com significado físico e emocional para o indivíduo.

Por exemplo, professores e estudantes universitários podem ser motivados por salários e

diplomas, cujo significado físico e emocional pode inibir, por exemplo, a disposição

individual de lutar por melhores condições de ensino. Outro mecanismo de controle

social é a insulamento, ou seja, isolar o comportamento desviante, interromper o contato

do indivíduo com a instituição e com isso restringir suas atividades transgressoras. Por

exemplo, os sujeitos submetidos à internação (encarceramento ou hospitalização)

Há outro mecanismo de controle social, que é a reintegração, intimamente

relacionado com o insulamento, focalizado na punição proporcional à seriedade da falta

cometida pelo infrator, ou seja, à gravidade da conduta passada. A reintegração, por sua

6

Page 7: Criminologia em Ação - Controle Social

vez, orienta-se ao futuro, tem como objetivo a prevenção do crime, não apenas a

incapacitação, mas a sua “reabilitação”, ou seja, colocação no status anterior à

condenação.

4. Os agentes formais e informais no controle social

Para alcançar a conformidade ou a adaptação do individuo aos seus postulados

normativos, serve-se a comunidade de duas classes de instâncias ou portadores do

controle social: instâncias formais e instâncias informais. Os agentes informais do

controle social são: a família, a escola, a profissão, a opinião pública, etc. Os agentes

formais são: a polícia, a justiça, a administração penitenciária, etc.

Os agentes do controle social informal, é o do dia-a-dia das pessoas, tratam de

condicionar o indivíduo, de discipliná-los através de um largo e sutil processo que

começa nos núcleos primários (família), passa pela escola, pela profissão, pelo local de

trabalho, e culmina com a obtenção de sua aptidão conformista, interiorizando no

indivíduo as pautas de conduta transmitidas e aprendidas (processo de socialização).

Quando esses agentes fracassam, entram em funcionamento os agentes formais, que

atuam de modo coercitivo e impõem sanções qualitativamente distintas das sanções

sociais: as sanções estigmatizantes que atribuem ao infrator um singular status (de

desviado perigoso ou deliquente). Os controles formais, exercidos pelos diversos órgãos

públicos que atuam na esfera criminal, como as polícias, Ministério Público, sistema

penitenciário etc. Aquelas pessoas que não respeitam as regras sociais e cometem uma

infração criminal passam a serem controladas por essas instâncias, bem mais agressivas

e repressoras que as instâncias informais. Na prática e em princípio a polícia

definitivamente possui todas as aptidões necessárias para exercer o controle social.

O aumento da repressão do sistema formal não significa que automaticamente

irá ocorrer a redução dos índices de criminalidade. O sistema só funciona corretamente

com uma melhor distribuição de funções entre os mecanismos informais e formais no

controle da criminalidade. O que existe hoje é um excesso de atribuições para demover

as pessoas a não cometerem delitos sobrecarregando o sistema de controle formal. Isso

fica patente quando se aprova uma lei penal desproporcionalmente severa e o resultado

prático é nulo, continuando a espécie de delito tratado pela nova lei penal a ser praticado

na mesma velocidade pelos infratores.

7

Page 8: Criminologia em Ação - Controle Social

A família é uma peça fundamental nesse intricado problema. Uma família

desestruturada pode gerar adultos problemáticos para enfrentar a complexidade da

convivência social, aproximando-os das drogas e do alcoolismo desenfreado, o que

possibilita o aparecimento de oportunidades para a prática de delitos. Nesse contexto, a

aplicação efetiva das normas de proteção de crianças e adolescentes da Lei Federal

8069/90, com o acompanhamento de psicólogos, assistentes sociais, e outros

profissionais, impediria que muitos adolescentes optassem posteriormente pelo caminho

do crime.

Enfim, com a integração dos controles sociais, informal (prévio) e formal

(posterior-estatal), com uma equilibrada divisão dessas missões, ocorrerá uma

importante contribuição para se reduzir os índices de criminalidade de forma mais

eficiente.

5. A efetividade do controle social como um problema.

O controle social penal tem suas limitações estruturais inerentes à sua própria

natureza e função, de modo que não é possível exacerbar indefinidamente. A prevenção

eficaz do crime não deve se limitar ao aperfeiçoamento das estratégias e mecanismo do

controle social. Como razão, dizia Jeffery: “mais leis, mais penas, mais juízes, mais

prisões significam mais presos, porém não necessariamente menos delitos”.

A eficaz prevenção do crime não depende tanto da maior efetividade do controle

social formal, senão da melhor integração ou sincronização do controle social formal e

informal.

O incremento efetivo das taxas da criminalidade registrada nos últimos anos

não pode ser interpretado, sem mais, como um incremento correlativo da

criminalidade real. Essa criminalidade não aumentou da forma acelerada e

significativa sugerida pelos números das estatísticas oficiais. O controle

social tem limitações estruturais inerentes à sua peculiar natureza. Não é

possível exacerbar indefinidamente sua efetividade melhorando, de forma

progressiva, seu rendimento. O controle razoável e eficaz da criminalidade,

em conseqüência, não pode depender exclusivamente da efetividade e do

rendimento das instâncias do controle social.

8

Page 9: Criminologia em Ação - Controle Social

O incremento das taxas de criminalidade não é conseqüência direta do

fracasso do controle social, senão de outros fatores. O controle social falha

porque o crime aumenta. A polícia tem aptidões como as de autoridade,

persuasão (incorporadas em símbolos, expressões e argumentos que induzem

os atores a seguir regras), a força (privilégio do uso legítimo de violência) e

o poder (atribuído à corporação, transmitido de forma hierárquica, até

mesmo ao policial menos graduado e inexperiente.

Fazendo uma relação entre o órgão policial e o controle social, levaremos em

conta um fundamento relatado por David Bayley em que ele define as instituições

policiais como “aquelas organizações destinadas ao controle social com autorização

para utilizar força, quando necessário”. Vale ressaltar que o papel da polícia na

realização do controle social varia de a Estado para Estado. Entretanto, o dever de

manter o controle social não é apenas da polícia, mas sim do estado como todo, ou seja,

este deve impor regras, crenças e padrões de condutas desejadas pelos grupos

dominantes. Não é possível realizar esse controle social exclusivamente por meio da

repressão policial

6. Evolução e tendências do controle social

Para realizar o processo de evolução do controle social caberia antes de tudo,

falar de um processo histórico de racionalização do controle social formal. A

racionalização deste pondera a necessidade iniludível da sua presença como instrumento

eficaz de solução de certos conflitos sociais de uma parte e de outra, o grave custo que

sua intervenção inevitavelmente depara. Um destes controles formais mais importantes

é o controle formal, por ser um sistema repressivo e arbitrário, que é visto por alguns

autores como um direito que está prestes a ser retirado.

Entretanto, não há como retirá-lo, pois controles menos gravosos acarretariam

em desordem do controle social. Portanto, o desaparecimento do controle formal em

médio prazo segue sendo uma utopia.

Em outra hipótese mais contundente, observa-se uma clara tendência a substituir

a intervenção do sistema legal e suas instâncias oficiais por outros mecanismos formais.

É o caso dos conflitos específicos e de escassa relevância social (conflitos domésticos

9

Page 10: Criminologia em Ação - Controle Social

ou protagonizados por infratores jovens e menores. Por isso, cabe falar de uma

estratégia diversificada ou de bifurcação no sentido de que os mecanismos informais e

desinstitucionalizados reservam para os conflitos poucos graves, enquanto subsistem

modelos altamente repressivos a cargo das instâncias do controle social formal para os

infratores mais perigosos ou considerados irrecuperáveis.

Pois bem, a situação do controle social formal tem só um alcance muito

limitado, de fato é parcial e fragmentária, posto que hoje não dispomos de alternativas

globais válidas que possam assumir institucionalmente as funções do Direito Penal.

Pugnaria com a experiência criminológica e com o realismo político criminal, sugerir ou

esperar a intervenção de mecanismos informais, não institucionalizados, em toda sorte

de conflitos, de modo automático e indiscriminado. O controle social “formal” tem

desde logo, aspectos negativos, mas assegura pelo menos uma resposta racional,

igualitária, previsível e controlável, o que não acontece sempre com os controles

informais ou não institucionalizados.

Os partidários de uma radica não intervenção do Direito Penal teriam que

demonstrar caso a caso que os outros controles informais diminuem o custo social

daquela, que produzem menos dor, que a estigmatização não se produz ou é menor; que

respeitam as garantias individuais, eliminam a arbitrariedade e conseguem uma maior

segurança jurídica. Em todo caso, a evolução histórica do controle social não é uniforme

nem linear. Podem-se apreciar rompimentos, contradições que põem em perigo o lógico

fio condutor do processo e sua correta valoração. Outrossim, não se pode ignorar que o

atual enfraquecimento dos laços familiares e comunitários explica em boa medida a

escassa confiança depositada na efetividade do controle social informal. Alguns autores

denunciam que em pureza, tem-se produzido mais uma transformação do aparelho de

controle social e de sua operatividade do que uma efetiva redução da pressão deste. Os

prestigiosos teóricos do controle social advertem para a intervenção mínima do Direito

Penal, sendo necessária sua substituição do mesmo por outros controles sociais menos

repressivos da realidade histórica.

II – CAPÍTULO – PARTE PRÁTICA

7. Entrevista com Delegado Gabriel Nogueira-Polícia civil

10

Page 11: Criminologia em Ação - Controle Social

Entrevista realizada pelo Delegado Gabriel Nogueira do COPE de Aracaju, onde

este abordou o tema “controle social do comportamento delitivo. Inicialmente, temos

que relatar o conceito de controle social, onde a criminologia moderna tem se valido

ampliando os eu estudo e trabalho, da teoria do controle social. Reza tal teoria que a

sociedade precisa criar métodos, sistemas, regras para que os integrantes deste corpo

social mantenham-se alinhados às pautas de condutas que são desenvolvidas e criadas

pelo próprio grupo. Uma vez desviado ou transgredindo a regra, aquele agente que tal

qual o fez deve ser realinhado quer de maneira formal ou do modo para que se

mantenham ajustados naqueles padrões estabelecidos e torne possível a vida naquele

corpo social.

Mecanismo do controle social trata de duas formas de controle:

a) o controle social formal;

b) o controle social informal.

Em sua entrevista, o delegado faz menção ao Antônio Garcia Pablos de Molina,

onde segundo este, o controle social informal é feito não por instituições previamente

criadas, mas pela família, pela igreja, pela escola, grupos sociais, religião, etc.

Esses grupos informais traz fatores morais e de realinhamento das condutas

praticadas pelos seus integrantes. Por outro lado, no momento em que há uma falha do

controle informal, ou seja, quando a família, por exemplo, não consegue preservar

dentro dos seus valores dispostos que o integrante daquele corpo social se mantenha

alinhado a essa boa conduta, necessariamente será chamada a atenção aquele controle

social formal. Esse realizado por instituições previamente criadas, com o objetivo de

trazer a regularidade ou a formalidade àquelas pessoas que praticam tais condutas.

Dentre as instituições formais, encontramos, como por exemplo, a Polícia, o

Poder Judiciário, o Ministério Público, etc. Estes se valem de meios coercitivos para

buscar o estabelecimento da ordem violada através de uma conduta de transgressão.

Vale lembrar que a moderna criminologia vêm trazendo como importante, que o

sucesso destes controles não está apenas na exasperação do controle social formal, mas

pela perfeita conjugação entre as duas formas de controle social. Havendo assim, uma

integração entre os controles e há a percepção de um sucesso do realinhamento de

condutas e na preservação da ordem.

11

Page 12: Criminologia em Ação - Controle Social

Gabriel Nogueira relata a atividade exercida pela polícia, na qual este se destaca

no controle social formal. A polícia é basicamente dividida em duas grandes vertentes: a

polícia preventiva, na qual é papel da polícia militar e a polícia repressiva, com

atribuição atrelada à polícia civil. O estado detentor de uma força soberana, na figura da

polícia militar tem o escopo de praticar ostensivamente a sua presença para impedir que

determinados autores se sintam a vontade para praticar condutas criminosas. Assim ela

previne a prática de determinadas condutas. Todavia, ainda que fosse onipresente ou

permanente, a polícia militar não conseguiria, por si só, dá cabo às quantidades de

condutas desvirtuadas praticadas por determinados indivíduos.

Por isso, não sendo possível evitar todos os crimes, é chamada a polícia civil

para que possa através de sua missão constitucional, que é de reunir provas para o

encaminhamento ao judiciário, trabalhe o seu papel de polícia judiciária.

Com relação ao fundamento dito em tela sobre a polícia civil e militar, o Del.

Gabriel Nogueira não pode deixar de falar da ferramenta utilizada pelos dois órgãos que

está sendo matéria de grande discussão, o uso de algemas. A utilização destas

ferramentas tem o escopo de conter aquelas pessoas presas no curso da atividade

policial. É importante destacar que a atividade policial leva uma carga de necessidade

do uso de algema e da força toda vez que é necessária a intervenção e há uma

resistência por parte do autor. Por isso, dentro dos seus instrumentos de trabalho, a

polícia usa, além da inteligência, armamentos que se desdobram em letais e não letais e

o uso de algema. Estes instrumentos são necessariamente importantes, uma vez que

possibilitam o uso da força quando necessária, principalmente para neutralizar ameaças

praticadas pelos infratores.

Surgiu recentemente a edição da Súmula vinculante de número 11 editada pelo

Supremo Tribunal Federal, onde esta restringiu por parte da atividade policial o uso de

algemas. O objetivo principal da súmula era de regulamentar a matéria e impedir que

abusos fossem cometidos por parte de autoridades policiais. É bem verdade que se deve

trazer a baila de que a algema é um dos importantes instrumentos de trabalho utilizados

pela polícia militar e civil. O que não se pode perder de vista é que, restringir o uso

tendo como discurso de que a polícia não se pode valer para cometer abusos, dá-se o

entendimento de que é descabido este uso. Porque a partir de quando o abuso acontece,

e ele deve ser reprimido, mas a partir do instante que se retira do policial este

instrumento de trabalho através da restrição do seu uso conseqüentemente enfraquece as

12

Page 13: Criminologia em Ação - Controle Social

ações praticadas pela polícia. Os principais argumentos utilizados neste contexto foi no

sentido de que a maior parte da utilização da algema acontece para preservação do

próprio preso. Este fundamento é descartado por alguns doutrinadores, entendendo que

o uso da algema não está atrelado à preservação do preso, mas para não expor o preso a

uma situação vexatória. Entende-se então que o uso da algema praticada de forma

abusiva, assim a autoridade policial deveria responder pelo aquele abuso. Mas a partir

do instante que de forma genérica se disciplina a matéria e se retira do policial a

possibilidade de não utilizar a algema, inclusive, nulificando o ato que é praticado, se

tem uma inversão de valores. É interessante observar que o texto da súmula diz quais

são as hipóteses excepcionais que a algema deva ser utilizada. Depois que haverá uma

responsabilização por parte do autor, do uso da algema por parte da autoridade policial

caso faça fora daquelas ocasiões. E também exige que haja uma justificativa prévia do

uso daquela algema, sob pena de anular o ato da prisão que é realizada e responsabilizar

penal, civil e administrativamente aquele funcionário público.

É bem verdade que o uso da algema se dá na maioria das vezes em situações que

estariam impossibilitados os policiais de justificar, por escrito e previamente, a

necessidade daquela utilização. Por exemplo, em uma determinada diligência policial

em que o policial se defronta com o infrator e este é preso em situação de flagrância.

Imagine ter o policial que para, justificar a autoridade judiciária a necessidade do uso

daquela algema e por escrito. Por isso faz-se necessário que este instrumento seja

mantido por parte da autoridade policial. O procurador geral da republico, Dr. Antônio

Fernando chegou a realizar críticas e manifestar preocupação em face do novo texto

editado na súmula. O procurador criticou no sentido de que a não utilização da algema

enfraquece a atividade policial e o expõe às práticas criminosas. É importante relatar

que o uso da algema deve ser feita de forma consciente, legal e não abusiva. E toda vez

que feita de forma abusiva, deve ser combatida e responsabilizando assim, o seu autor.

Em suma se o policial encontra-se cerceado do uso natural do instrumento de

trabalho, ele se encontra oprimido em face das ações criminosas. Assim, o conteúdo da

súmula demonstra-se deveras equivocado, uma vez que, impede a atuação livre do

policial, enfraquece diante da conduta delituosa e há uma inversão plena de valores.

Anteriormente à entrevista, o Del. Gabriel Nogueira nos indicou um vídeo em

que o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Valdinho Jacinto Caetano,

relata sobre o uso das algemas. Para ele o destinatário final do trabalho da polícia é a

13

Page 14: Criminologia em Ação - Controle Social

sociedade. Tecnicamente ele é favorável ao uso de algema, porque a algema não é para

proteger o policial, mas sim o preso para que não manifeste nele o desejo de fugir ou de

atacar o agente policial. Se ele reagir, a polícia esta preparada para enfrentar e

eventualmente causará um dano ao preso. Ele descarta a possibilidade do

constrangimento, pois aquele que causa uma pratica criminosa está sujeito ao

constrangimento. Portanto ela deu causa aquilo, então que deve se sentir constrangido é

o cidadão comum, ou seja, o homem médio.

   

8. Súmula vinculante 11ª do STF – Proibição do uso de algemas

O STF (Supremo Tribunal Federal) editou uma Súmula vinculante de número 11

com a seguinte redação: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de

fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do

preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de

responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da

prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do

Estado”. A Corte Suprema ainda decidiu, também, deixar mais explicitado o seu

entendimento sobre o uso generalizado de algemas, diante do que considerou uso

abusivo, nos últimos tempos, em que pessoas detidas vêm sendo expostas, algemadas,

aos flashes da mídia. Todos sabem que o uso da algema é uma espécie de controle

social exercido pela polícia, entretanto este controle foi mitigado, pois só poderá ser

usada nestas ocasiões trazidas pela súmula. Este preceito normativo tem o escopo de

evitar que haja constrangimento e a integridade física do indivíduo que está sendo

levado pelos policiais. O Exmº Senhor Procurador-Geral da República, Dr. Antonio

Fernando Souza, quando convidado a se pronunciar sobre a 11ª Súmula do STF,

lembrou que o controle externo da autoridade policial é atribuição do Ministério

Público, função esta, segundo ele, ainda não devidamente compreendida pela sociedade,

também manifestou a sua preocupação com o efeito prático da súmula sobre a

autoridade policial, no ato da prisão, ou seja, que a súmula possa vir a servir como

elemento desestabilizador do trabalho da polícia. O procurador-geral lembrou que,

muitas vezes, um agente policial tem de prender, sozinho, um criminoso, correndo risco.

Lembrou, também, que é interesse do Estado conter a criminalidade e disse que, para

isso, é necessário utilizar a força, quando necessário. É o agente policial (Policial

14

Page 15: Criminologia em Ação - Controle Social

Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e até Guardas

Municipais) quem desobedece aos mandamentos impositivos da lei, violando os vetores

constitucionais e infra-constitucionais. Quantas vezes assistimos às cenas humilhantes

de pessoas de idade provecta sendo conduzidas com algemas.

     

9. Posicionamento de alguns magistrados e jurista sobre o uso de algema

O ponto crucial da questão não é o uso de algemas, em situações de efetiva

necessidade e nas condições que se tornam imperiosas a utilização desse recurso, mas, o

que pretende se combater é o uso imoderado e indiscriminado de algemas.

Nas operações policiais desencadeadas pelos órgãos de segurança, tais como,

Policial Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, como

alertamos, até Guardas Municipais, especialmente nos cumprimentos de mandados de

prisão e no transporte de presos e detidos ainda não condenados, bem assim naquelas

pessoas detidas para uma simples averiguação, procedem com esse uso imoderado,

indiscriminado e até desnecessário desse equipamento.

Para os mestres e doutores do direito a utilização imoderada das algemas é um

verdadeiro atentado contra a imagem e o moral do detido, atingindo em cheio a sua

dignidade e somam-se a isso as indevidas veiculações televisivas das prisões que atuam

como uma prolongada amplitude desses abusos, expondo os presos e detidos, perigosos

ou não, ricos e pobres, negros ou brancos, homens e mulheres, jovens ou idosos,

letrados e ignorantes, pessoas comuns ou autoridades, detentores ou não do direito a

prisão especial, que se encontram indevidamente algemados e expostos sem qualquer

parcimônia a toda sociedade, em âmbito de rede nacional, nos principais jornais.

Louva-se a posição de alguns eruditos do direito, especialmente o abalizado

Conselheiro Federal da OAB Alberto Zacharias Toron: “a questão que se coloca é a de

se saber se num Estado Democrático de Direito é possível (lícito) o emprego de

algemas fora dos casos de real necessidade. Sim, pois num Estado que tem, de um lado,

na dignidade humana um princípio reitor e, de outro, na presunção de inocência uma

garantia, ambos com assento constitucional, não se pode permitir o emprego abusivo

de algemas e, muito menos, com o fim de degradação do ser humano, rico ou pobre,

negro ou branco, homem ou mulher.” (Toron, A. Z. Relator Proposição 0055-2006,

COP). (Grifei)

15

Page 16: Criminologia em Ação - Controle Social

Em recente decisão proferida pela eminente Ministra Carmem Lúcia no HC nº

89.429-RO, afirmou a magistrada que a prisão não pode constituir um espetáculo.

Vejam-na sua integra: “A prisão há de ser pública, mas não há de se constituir em

espetáculo. Qualquer conduta que se demonstre voltada à demonstração pública de

constrangimento demasiada ou insustentada contra alguém, que ainda é investigado

nesta fase do Inquérito, não pode ser tida como juridicamente fundamentada. De resto,

não é outra a orientação dos tribunais pátrios. O uso de algemas somente é legítimo

quando demonstrada a sua necessidade (STJ, 5ª T, HC n. 35.540, rel. min. José

Arnaldo, j. 5.8.2005), mas sempre considerando-o excepcional e nunca admitindo seu

emprego com finalidade infamante ou para expor o detido à execração pública (STJ, 6ª

T., RHC 5.663/SP, rel. Min. William Patterson, DJU, 23 set. 1996, p. 33157).”(Grifei).

No também ilustre Ministro Joaquim Barbosa,  o denodado magistrado esclarece

que: “... a 11ª Sumula Vinculante não proíbe o uso das algemas, mas, apenas restringe,

e que em casos excepcionais, desde que justificado, a autoridade pode sim, algemar

acusados” (STF – Rcl 6.919).

O culto Ministro Eros Grau em um dos seus julgados assim posicionou: “As

autoridades judiciárias ostentam uma posição radical, não levando em consideração

que mesmos os criminosos são sujeitos de direitos...” (Conjur – As algemas).

O ilustre e renomado professor Antônio Magalhães Gomes Filho, assim enfatiza:

... a cautela de segurança “poderia ser conseguida através das escoltas policiais

reforçadas e outras providências, sem que se ofenda tão gravemente a dignidade da

pessoa”, que representa uma das garantias constitucionais. (“Sobre o uso de algemas

no julgamento pelo júri”, RIBCCrim, RT, São Paulo, v. 0, p. 115, dez. 1992).

Podemos subtrair que a utilização de algemas está condicionada, numa relação

de proporcionalidade, à imprescindibilidade do meio em razão da periculosidade do

indivíduo, ou seja, o detido deve apresentar um perigo atual ou iminente ao sucesso da

operação policial. Nesta hipótese, de justificação teleológica em face da personalidade e

atributos pessoais do detido, é que o agente de polícia pode se valer do meio.

10. “O controle social é uma poderosa arma”, declara o controlador-geral do

Estado de Sergipe em entrevista concedida ao Jornal da Cidade

16

Page 17: Criminologia em Ação - Controle Social

A Controladoria-Geral do Estado vive um novo momento desde o início do atual

governo. A partir de 2007, a CGE conquistou a sua autonomia administrativa e

operacional e passou a realizar ações de orientação, acompanhamento e controle dos

órgãos e entidades da gestão estadual.

Na avaliação do secretário-chefe da Controladoria, Adinelson Alves da Silva,

esta mudança significa um avanço para a administração pública estadual. Outra atuação

relevante da CGE tem sido a conscientização da sociedade sobre seu papel de

fiscalizador dos gestores públicos. “O controle social é uma poderosa ferramenta que

deve ser colocada à disposição do cidadão como instrumento subsidiário ao controle

institucional da gestão pública, prevenindo a corrupção e garantindo a vigilância das

ações dos gestores públicos, para garantir que os recursos sejam aplicados na melhoria

da qualidade de vida da população e no desenvolvimento do Estado e dos municípios

sergipanos”, defende Adinelson Alves. Com essa intenção de conscientizar o cidadão, a

Controladoria, em conjunto com a Procuradoria-Geral do Estado, já percorreu mais de

60 municípios do Estado de Sergipe com o programa ‘Caravana da Cidadania’, levando

informações aos cidadãos e capacitando os técnicos e gestores municipais, para que

cada um possa contribuir da melhor forma possível com o controle social dos recursos

públicos. “Além disso, a Controladoria tem sugerido a implantação de controladorias

municipais nas prefeituras sergipanas, como instrumentos de proteção do patrimônio

público”, informa o controlador-geral do Estado, que detalhou o funcionamento do

órgão e a importância da participação da sociedade nesse processo de controle nesta

entrevista ao Caderno Municípios do JORNAL DA CIDADE. (Segue em anexo¹).

17

Page 18: Criminologia em Ação - Controle Social

CONCLUSÃO

O controle social está atrelado à função da sociedade de reprimir condutas

criminosas praticadas por agentes que desvirtuam normas estabelecidas por aquela

própria comunidade. Entretanto o controle social é exercido por diversos órgãos, tratado

como formais e informais. O primeiro abrange os órgãos institucionais como, polícias,

poder judiciário, ministério público, etc. Já o segundo abrange a base de controle social,

ou seja, aquele controle primário que advém das famílias, religião, escolas, igrejas, etc.

É necessário propiciar a cidade com cidadania para todos. A partir deste ponto de vista,

é necessário que a sociedade e as instituições informais de controle social (Família,

Escola, Igrejas, ONGs, Sindicatos, Associações, Comunidades, entidades organizadas,

etc), tenham uma postura pró-ativa (e não apenas a crítica exacerbada, negativista,

sofrista e fatalista), e assumirem de uma vez por todas os seus “papeis” as suas culpas e

as suas responsabilidades como elementos indispensáveis ao controle social. As

instituições formais de controle social (órgãos de governo, poderes da república, polícia,

políticos, justiça, empresários e mídia), deveriam ter um agir normatizado com ênfase

para o coletivo do que para o individual. Vale ressaltar que os dois controles devem

estar trabalhando conjuntamente, onde na falta de um, há o outro para suprir tal

omissão. Por exemplo, em uma família X existe um indivíduo que tem condutas

desvirtuadas para o crime. A família não possui suporte para controlar esta situação,

gerando como conseqüência práticas criminosas realizadas pelo sujeito. Assim,

necessita-se da atuação do controle formal, que através da policia, em regra, irá

bloquear as condutas daquele indivíduo com controles repressivos. É importante

ressaltar que os meios utilizados pelo controle formal é que diferem do controle

informal. O formal utiliza-se da força e meios drásticos para reprimir a conduta do

indivíduo. Entretanto, a atividade do controle formal não está apenas abarcada em

impedir que sujeitos pratiquem crimes. Vai muito além, ou seja, a partir do momento

em que há uma repressão ao crime por parte da polícia, começa um processo de

reintegração do indivíduo para que ele tenha comportamentos que se enquadre na

sociedade. Então é de suma importância relatar este trabalho da polícia, em que pese,

muitos desacreditam neste trabalho que traz de volta a socialização do preso. Portanto,

um comportamento será socialmente aceitável, sempre que estiver de acordo com estas

regras sociais. Serão inaceitáveis aqueles comportamentos que não estiverem em

18

Page 19: Criminologia em Ação - Controle Social

desacordo com as regras sociais. O comportamento socialmente inaceitável também é

chamado de desvio social.

O comportamento socialmente inaceitável também é chamado de desvio social.

Há, desde então, um grande esforço da sociedade para estabelecer um disciplinamento,

um controle sobre estes comportamentos desviantes. Este esforço gerou a criação do

que se chama CONTROLE SOCIAL, que nada mais é do que um conjunto de

mecanismos materiais e simbólicos para manter o equilíbrio social, para reduzir os

comportamentos desviantes, individuais ou coletivos. Vale lembrar que o principal

órgão de controle social é a própria sociedade, onde ela acompanhara mais direto a

população nas decisões sobre as prioridades governamentais e fiscalizar as políticas

públicas implementadas. O controle social exercido pela sociedade na fiscalização das

ações do Estado e das condutas dos agentes públicos, que se dá mediante a participação

direta de grupos sociais, indica que a função policial está para além da necessidade de

repressão à criminalidade, voltando-se não só à defesa da cidadania e à proteção dos

direitos humanos, mas também à construção desses direitos. É neste embate da

sociedade com a polícia, viabilizado pela constituição de espaços públicos, aqui

entendidos como espaços simbólicos, que pode torná-la capaz, não só de refletir sobre

suas práticas, mas também de redefinir suas funções sociais.

O trabalho também se atentou para a questão atualmente discutida sobre o uso da

algema. Este instrumento é indispensável para a polícia estabelecer o controle social. A

sua vedação gera efeitos nocivos à sociedade que está passiva a sofrer com uma

eventual fuga do criminoso e quase impossível de vê-lo fora das grades. O uso das

algemas gera efeitos tanto para o controle social formal e informal. Este último, no que

diz respeito aos familiares que possuem criminosos em seu convívio, jamais irão querer

visualizar o seu ente querido ser algema “em praça pública” gerando um

constrangimento. Por isso tal parcela da sociedade é esmagadora no conceito de que não

se pode usar o uso das algemas. Entretanto existe a parte do controle formal que alega a

positividade do uso das algemas e é através delas que há um fornecimento de segurança

para os agentes formais e a sociedade, de forma a existir um controle social. Para

aprimorar ainda mais o trabalho, enfatizamos uma entrevista feita com o controlador-

geral do Estado de Sergipe ao Jornal da cidade, em que este engloba o assunto em tela

com muita maestria.

19

Page 20: Criminologia em Ação - Controle Social

Em suma o trabalho foi bastante proveitoso e importante para criar um

conhecimento aprimorado do que é o controle social exercido por seus agentes. O grupo

através de pesquisas doutrinárias, de campo e internet conseguiram chegar ao seu

intento, passando para todo o conhecimento acerca do controle social.

20

Page 21: Criminologia em Ação - Controle Social

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARREIRA e NOBRE, César; Maria Teresa. Controle social e mediação de conflitos: as delegacias da mulher e a violência doméstica. Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-45222008000200007&script=sci_arttext> Acesso dia 25 de maio de 2009.

CARDOSO, Getulio Reis, O que os policias devem saber sobre o uso de algemas. Disponível em <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=1024>. Acesso dia 25 de maios de 2009.

COSTA, Artur T. M. Polícia, Controle Social e Democracia. Disponível em <http://www.necvu.ifcs.ufrj.br/arquivos/texto%205%20policia%20controle%20social%20e%20democracia_arthur%20t%20m%20costa.pdf> . Acesso dia 26 de maio de 2009.

GOMES e MOLINA, Luiz Flávio; Antonio García-Pablos de. Criminologia, 5. ed. rev., atual. ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

MENDES, Cícero. 'O controle social é uma poderosa arma', declara o controlador-geral do Estado de Sergipe em entrevista concedida ao Jornal da Cidade. Disponível em <http://www.cge.se.gov.br/modules/news/article.php?storyid=1470>. Acesso dia 27 de maio de 2009.

SCURO, Pedro Neto. Sociologia geral e jurídica: manual dos cursos de direito, 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

21

Page 22: Criminologia em Ação - Controle Social

ANEXOS

22

Page 23: Criminologia em Ação - Controle Social

Anexo¹ - “O controle social é uma poderosa arma”, declara o controlador-geral do

Estado de Sergipe em entrevista concedida ao Jornal da Cidade. Data 20/04/2009.

JORNAL DA CIDADE – Qual o papel da CGE na estrutura administrativa do

governo estadual?

Adinelson Alves da Silva - De acordo com a Lei estadual nº 3.630, de 1995, a

Controladoria-Geral do Estado detém a competência legal para realizar a fiscalização

contábil, orçamentária, financeira, patrimonial e operacional de todos os órgãos e

entidades da administração pública estadual, para que as licitações, os contratos, os

convênios e demais atos administrativos sejam praticados em conformidade com a

legislação. A partir de 2007, a CGE conquistou a sua autonomia administrativa e

operacional e passou a realizar ações de orientação, acompanhamento e controle dos

órgãos e entidades da gestão estadual e, em conjunto com a Procuradoria-Geral do

Estado e Secretaria da Fazenda, vem trabalhando para manter a regularidade do Estado

de Sergipe na Receita Federal, no INSS, na Caixa Econômica Federal e no CAUC da

Secretaria do Tesouro Nacional. Mas, tudo isso só foi possível porque desde então o

governo de Sergipe teve a nítida compreensão do papel e da importância da

Controladoria-Geral do Estado, quanto ao controle dos recursos da sociedade sergipana.

JC - Como se dá o controle das ações governamentais e como a sociedade se

insere nesse contexto?

AS – De início, ressalto que a palavra controlar significa verificar se uma

determinada ação ou programa de governo foi realizado da forma como planejada, para

avaliar se houve ou não desvios dos objetivos ou das normas e princípios aplicáveis à

administração pública. No entanto, em face da complexidade das estruturas e do volume

das ações dos órgãos e entidades públicas, o controle não deve se restringir à esfera

institucional, visto que é de fundamental importância a participação dos cidadãos e das

associações civis, a exemplo da OAB, dos sindicatos e dos Conselhos Sociais, no

monitoramento das ações governamentais, para garantir que os recursos oriundos das

contribuições e dos impostos pagos pela sociedade sejam aplicados corretamente nos

serviços e obras que promovam a melhoria da qualidade de vida da população.

23

Page 24: Criminologia em Ação - Controle Social

JC – A CGE também recebe denúncias de qualquer cidadão a respeito do mau

uso de recursos públicos por parte de algum gestor estadual?

AS – Tendo por referência as novas diretrizes de modernização administrativa e

de efetividade do controle da gestão governamental, a partir de 2007, a Controladoria-

Geral do Estado tem estimulado o cidadão a exercer o controle social da administração

estadual. Nesse sentido, a CGE recebe as denúncias dos cidadãos e providencia a

apuração para verificar se são procedentes e, em caso positivo, tem adotado as

providências legais cabíveis para apurá-las, cujos resultados são remetidos ao Tribunal

de Contas do Estado, ao Ministério Público Estadual e às demais instituições de controle

da administração pública.

JC – Quais os canais de denúncia que a Controladoria dispõe para os cidadãos?

AS - Para facilitar o controle social da gestão pública, a CGE disponibiliza no

endereço eletrônico www.cge.se.gov.br, por meio do link ‘faça sua denúncia’, um

formulário que o cidadão poderá preencher e enviá-lo com a denúncia quanto às

eventuais irregularidades na utilização dos recursos públicos do governo de Sergipe,

para que a Controladoria avalie se há ou não procedência das informações recebidas.

Nos casos em que o cidadão não tiver acesso à internet, poderá fazer a denúncia por

correspondência enviada à rua Vila Cristina, 1.051 – bairro 13 de Julho – Aracaju/SE –

CEP 49020-150.

JC – Qual a importância do controle social na administração pública?

AS – Destaco que o controle social é uma poderosa ferramenta que deve ser

colocada à disposição do cidadão como instrumento subsidiário ao controle institucional

da gestão pública, prevenindo a corrupção e garantindo a vigilância das ações dos

gestores públicos para garantir que os recursos sejam aplicados na melhoria da

qualidade de vida da população e no desenvolvimento do Estado e dos municípios

sergipanos.

JC– A cartilha confeccionada pela CGE mostrando a importância do controle

social e fazendo um comparativo entre a cidade do progresso e a cidade do atraso tem

surtido efeito?

AS - Com certeza. A cartilha ‘Controle Social - O que você tem a ver com isso?’

foi lançada na cidade de Pirambu, no dia 06 de fevereiro de 2009, numa parceria com a

Controladoria-Geral da União, e tem por objetivo estimular o interesse do cidadão nos

acontecimentos que interferem na vida de sua comunidade. A cartilha aborda em

24

Page 25: Criminologia em Ação - Controle Social

quadrinhos duas cidades diferentes: Progresso e Atraso, nas quais são retratados dois

municípios brasileiros, onde no ‘Progresso’ o cidadão participa ativamente dos destinos

de sua cidade para assegurar que os recursos sejam aplicados corretamente nas ações e

serviços públicos, enquanto no município do ‘Atraso’ não há prosperidade, ou seja, o

cidadão não cumpre o seu papel na transformação de sua realidade. Ilustrada com

situações do dia-a-dia, a cartilha apresenta duas cidades reais, onde as histórias se

entrelaçam opostamente, em pontos nos quais os personagens abordam temas

pertinentes à importância do controle social da gestão pública. A cartilha disponibiliza,

também, informações ao cidadão sobre o papel da Controladoria-Geral do Estado, fala

das atribuições da CGE, sobre o papel do controlador-geral, dos serviços oferecidos e

dos meios disponíveis para o cidadão fazer a sua denúncia quanto a eventuais

irregularidades na utilização dos recursos do governo estadual.

JC – Como mudar essa consciência de que é difícil acompanhar as ações dos

administradores e assim tornar a cidade melhor para se viver?

AS – A princípio, ressalto que a cidadania é um dos fundamentos da República

Federativa do Brasil, cuja Constituição de 1988 estabelece que o Brasil é um Estado

Democrático de Direito, consagrando o princípio da soberania popular onde todo poder

surge do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos

termos dessa Constituição. Dessa forma, a democracia brasileira deve ser

essencialmente participativa. Vale dizer, o povo brasileiro tem o direito de monitorar a

gestão e acompanhar as políticas públicas, mas para isso é importante a participação de

cada cidadão, individualmente, ou reunido em associações civis. Para conscientizar o

cidadão quanto à sua importância no controle da administração pública, a Controladoria,

em conjunto com a Procuradoria-Geral do Estado, já percorreu mais de 60 municípios

do Estado de Sergipe com o programa ‘Caravana da Cidadania’, levando informações

aos cidadãos e capacitando os técnicos e gestores municipais, para que cada um possa

contribuir da melhor forma possível com o controle social dos recursos públicos. Além

disso, a Controladoria tem sugerido a implantação de controladorias municipais nas

prefeituras sergipanas, como instrumentos de proteção do patrimônio público.

JC – A sociedade, na opinião do senhor, está mais incomodada com a corrupção

no setor público?

AS – Concordo com o professor Stephen Kanitz, quando declarou que: ‘o Brasil

não é um país essencialmente corrupto, é apenas pouco auditado, onde a corrupção,

25

Page 26: Criminologia em Ação - Controle Social

pública e privada, é detectada na maioria das vezes somente quando chega a milhões de

dólares e porque um irmão, um genro, um jornalista ou alguém bota a boca no

trombone, mas não por um processo sistemático de auditoria’. Apesar desses registros e

ao contrário do que alguém poderia pensar, no Brasil a corrupção está diminuindo. O

que tem aumentado é a percepção da sociedade quanto aos casos de corrupção

divulgados pela imprensa, a partir da fiscalização realizada pelos órgãos de controle e

pelas ações de combate à corrupção executadas pelo Ministério Público e Policia

Federal, despertando o debate na sociedade em níveis nunca vistos antes no Brasil.

JC – E em Sergipe, como está essa situação?

AS – Em parceria com a CGU, OAB, AGU, Ministério Público Federal e Polícia

Federal, num grande esforço do Brasil, das Nações Unidas e mais 110 países, a partir de

2007, a Controladoria-Geral do Estado tem comemorado o Dia Internacional Contra a

Corrupção, em 9 de dezembro. Na continuidade dessas ações, em dezembro de 2008,

realizou uma tarde de debate e apresentações teatrais, em cuja oportunidade o Colégio

Estadual Fernando Azevedo, do município de Nossa Senhora das Dores, recebeu da

CGU um prêmio por ter apresentado um trabalho que foi selecionado dentre os cinco

melhores lugares das escolas públicas de todo o país, com o tema: ‘Escola Cidadã’. Por

tudo isso, temos verificado que a sociedade tem reagido contra a corrupção que na

verdade é uma praga que corrói não só a administração pública, mas também o setor

privado, ora subtraindo o dinheiro que deveria chegar aos programas sociais dos

governos, ora fraudando o legítimo direito de competitividade das licitações em prejuízo

do empresário honesto, reduzindo a confiança do cidadão no Estado Democrático de

Direito.

JC– A legislação brasileira, de certa forma, não favorece as práticas de

corrupção, uma vez que as penas para os corruptos são consideradas brandas?

AS - Acredito que a legislação brasileira contém vários instrumentos de

prevenção e de combate à corrupção, a exemplo da Lei de Improbidade Administrativa

nº 8429, de 1992, que estabelece as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos

de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública;

prevê o ressarcimento integral do dano causado ao erário, perda da função pública,

suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos e o pagamento de multa civil de até

três vezes do valor recebido ilicitamente. Portanto, a legislação já é bastante firme no

26

Page 27: Criminologia em Ação - Controle Social

combate à corrupção, o que falta mesmo é sua adequada aplicação pelos órgãos

competentes.

JC – A Caravana da Cidadania, criada pela CGE em 2008, terá continuidade em

2009? Quais municípios a Controladoria pretende chegar?

AS – A primeira edição da ‘Caravana da Cidadania’ foi realizada em abril de

2008 e desde lá a Controladoria, em parceria com a Procuradoria-Geral do Estado e com

o apoio da CGU, está com o pé na estrada. Já mobilizou cidadãos e gestores de 62

municípios sergipanos e certificou mais de quinhentos participantes do ‘Seminário de

Capacitação em Gestão Pública’, que abrange dois eixos estratégicos: o controle social

da Administração Pública e o Fortalecimento da Gestão Municipal, uma vez que os

municípios executam boa parte dos programas do governo do Estado, mediante

convênios. Ainda em 2009, a Controladoria pretende levar a ‘Caravana da Cidadania’

para os municípios da região metropolitana de Aracaju e do ‘Alto Sertão Sergipano’, a

exemplo de Nossa Senhora do Socorro e Nossa Senhora da Glória, contando com uma

dupla de violeiros para, numa linguagem popular, aproximar os cidadãos das discussões

sobre planejamento, orçamento, execução de despesas, dentre outros assuntos

relacionados ao controle social dos recursos.

27

Page 28: Criminologia em Ação - Controle Social

Anexo² - Despacho do COPE

Ofício yy /2008 Aracaju-SE, de de 2008.Processo xxxxxxxxxxxxxx.

JUSTIFICATIVA PARA USO DE ALGEMA NA CONDUÇÃO DE PRESOS

M.M. Juiz,

O objetivo deste expediente é

apresentar a V. Exa. justificativa plausível para o uso de algema pelos presos

XXXXXXXX, YYYYYYYYY, ZZZZZZZZZ, os quais tiveram a prisão preventiva

decreta por esse Juízo criminal, no bojo do processo de número em epígrafe.

Como já é de amplo conhecimento de

Vossa Excelência, instaurou-se Inquérito Policial com o fim de apurar o crime de

tráfico ilegal de armas de fogo de uso proibido, perpetrado por organização

criminosa altamente especializada e que além de bases em Sergipe, possuía

ramificações em outro Estado da Federação, local para onde viajava o primeiro

infrator mencionado, um dos líderes do grupamento, com o escopo de concluir

as transações delitógenas e acertar o envio dos produtos ilícitos para a capital

sergipana.

28

Page 29: Criminologia em Ação - Controle Social

Após mais de 60 (sessenta) dias de

investigação, constatou-se que o grupo possuía uma estrutura organizava e

movimentava vultuoso montante em capital, notadamente, na aquisição de

veículos e imóveis, com os quais revestia de aparência lícita os produtos das

empreitadas criminosas que realizavam.

Quando da deflagração da operação

policial, descobriu-se que o material enviado do (Estado de Origem) para

Sergipe, pelas agências dos Correios, via Sedex, tratava-se de substância

entorpecente, pasta base de cocaína, na razão de aproximadamente 10 kg (dez

quilos), a qual era encomendada por YYYYYY, diretamente de RRRRRRRR, e

transportada pelo mesmo e demais conterrâneos para ZZZZZZZZ, de onde era

distribuída, configurando assim, hipótese de tráfico ilícito de entorpecente.

Desta feita, considerando a atual

necessidade de justificar o uso de algemas em presos, após a edição da Súmula

Vinculante nº. 11, da lavra do Supremo Tribunal Federal, a autoridade

infrafirmada oferta as razões que se seguem, entendendo estar plenamente

autorizado o uso de tal medida para o bom funcionamento da atividade policial,

bem como segurança dos presos conduzidos.

Transcreve-se o texto do enunciado da

Súmula in literis:

“SÚMULA VINCULANTE Nº 11

SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTÊNCIA E DE

FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA

PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS,

JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE

RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR, CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA

AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A

QUE SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO

ESTADO.”

29

Page 30: Criminologia em Ação - Controle Social

Não se pode olvidar que se trata de

organização criminosa, atuante no comércio ilegal de armas de fogo de uso

proibido, bem como no tráfico ilícito e internacional de substância

entorpecente, além do iminente risco de resgate dos integrantes da

organização, por parte de outros comparsas que, por eventualidade, ainda não

tenham sido identificados nesse espaço de tempo de investigação.

Ademais, devem ser considerados os

fatos de integrantes já terem histórico criminal, inclusive com permanência em

Presídio de Segurança Máxima, além da relevante poder econômico do grupo, a

possibilitar o financiamento de fuga, risco de todos o mais iminente. Por fim, os

contatos internacionais que podem assegurar a ocultação dos mesmos, após

fuga, o que inviabilizará todo o trabalho desenvolvido, tudo a denotar, ainda

mais, o grau de periculosidade dos investigados.

Ressalve-se que a súmula vinculante,

por sua essência, uma vez editada, espraia seu conteúdo coativo para os órgãos

dos Poderes Judiciário e Executivo, estando inserido neste último os setores da

Polícia Judiciária integrantes da Administração Pública Direta.

Cumpre ainda destacar que, por ocasião

da publicação da citada Súmula Vinculante 11, instados a se manifestarem, o

Procurador Geral da República Antônio Fernando Souza, bem como o Ministro

do STF César Peluso revelarem o que pensam acerca de tal verbete normativo-

vinvulante, opiniões abalizadas e que foram reproduzidas em diversos meios de

comunicação, adiante acostas pela pertinência com a presente, senão vejamos:

“(...) manifestou a sua preocupação com o efeito prático da súmula

sobre a autoridade policial, no ato da prisão, ou seja, que a súmula

possa vir a servir como elemento desestabilizador do trabalho da

polícia. O procurador-geral lembrou que, muitas vezes, um agente

30

Page 31: Criminologia em Ação - Controle Social

policial tem de prender, sozinho, um criminoso, correndo risco.

Lembrou, também, que é interesse do Estado conter a

criminalidade e disse que, para isso, é necessário utilizar a força,

quando necessário.

“O ministro Cezar Peluso reconheceu que o ato de prender um

criminoso e de conduzir um preso é sempre perigoso. Por isso,

segundo ele, “a interpretação deve ser sempre em favor do agente

do Estado ou da autoridade”.

(http://www.direitonet.com.br/noticias/x/10/93/10933/)

Destarte, por todo o exposto, entende

o subscritor estar, mais do que justificado o uso de algemas, no presente caso,

na condução dos referidos presos, todas as vezes em que estejam fora de área

de celas de custódia, para a realização de algum ato procedimental no Inquérito

Policial ou ato processual, já em fase judicial, não havendo razão para a

nulificação da prisão expedida, muito menos para a responsabilização dos

executores das mesmas.

Atenciosamente,

Delegado de Polícia Civil

31

Page 32: Criminologia em Ação - Controle Social

32