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Criminologia

Teorias da Criminalidade

Professor Fidel Ribeiro

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Criminologia

DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA AO LONGO DA HISTÓRIA

Antiguidade – Período da Vingança

Características:

• Direito Penal “desorganizado”

• insegurança jurídica (falta de clareza na definição de crimes/penas)

• ausência de garantias processuais

• confusão entre Estado x Religião

• direito pautado na “vingança”

• sanções corporais e aflitivas

Direito Penal Comum (Absolutista)

Características:

• ainda, basicamente, desorganizado

• monopólio do Estado (vingança estatal)

• poder punitivo a serviço dos interesses do Rei

• sanções corporais e aflitivas

Direito Penal Humanitário

Características:

• superação do modelo absolutista

• influências: iluminismo e revolução francesa

• prisão como pena (a prisão já existia, porém muito mais como “mecanismo processual”)

• início do abandono das sanções corporais

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Escolas Penais

• surgem no período humanitário

• início do “movimento codificador” à partir do Código Napoleônico

• principais escolas penais: Clássica e Positiva

ESCOLAS PENAIS

Como afirma Aníbal Bruno as escolas penais são corpos de doutrinas mais ou menos coerentes sobre os problemas em relação com o fenômeno do crime e, em particular, sobre os fundamen-tos e objetos do sistema penal. (Bruno, Anibal. Direito Penal. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 1967).

Para José Frederico Marques, as escolas penais representam a adoção de distintos métodos e objetos de abordagem que se seguem no estudo da disciplina do direito penal, para se chegar ao seu conhecimento e, consequentemente, orientar a sua elaboração. (MARQUES, José Frede-rico. Tratado de Direito Penal, v. I, p. 103).

Para analisar a evolução do Direito Penal é inexorável o estudos das chamadas escolas penais, com suas diversas correntes de pensamento e sua inegável contribuição histórica para o desen-volvimento do ramo em estudo.

ESCOLA CLÁSSICA

Contexto → pós o fim da idade média das trevas, revolução francesa

Influência principal → iluminismo

Principais contribuições → princípio da legalidade, humanização das penas

Antes conhecida como Escola Jurídica Italiana, fora substituída de forma pejorativa pela deno-minação Escola Clássica pelos membros da Escola Positiva, mais precisamente por Enrico Ferri.

Entende-se como Escola Clássica todo o período do chamado direito penal liberal, sendo anterior ao positivismo. Nasceu sob os ideais iluministas.

As ideias consagradas pelo Iluminismo acabaram por in-fluenciar a redação do célebre livreto de Cesare Bonesana, o “Marquês de Beccaria”, intitulado “Dos delitos e das pe-nas” (1764), principal nome da Escola Clássica, com a pro-posta de humanização das ciências penais.”

Considerações do Prof. Fidel: a Escola Clássica não diferen-ciava o homem criminoso do homem não criminoso. En-

Criminologia – Teorias da Criminalidade – Prof. Fidel Ribeiro

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tende tratar-se de uma escolha, tendo como o livre arbítrio o fato legitimador da aplicação das penas. São princípios fundamentais da Escola Clássica:

a) o crime é um ente jurídico; não é uma ação, mas sim uma infração (Carrara) – é uma cria-ção jurídica.

b) a punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio;

c) a pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do delinquente (maldade), de modo a prevenir o delito com certeza, rapidez e severidade e a restaurar a ordem externa social;

d) método e raciocínio lógico-dedutivo.

Dentre os principais nomes, além de BECCARIA, da Escola Clássica podemos citar:

Pelegrino Rossi: Entendia a pena como a retribuição do mal pelo mal. O reestabelecimento da paz social, violada pelo cometimento do crime é a função da pena. Elabora todo o seu pensa-mento sob o prisma da justiça moral.

Giandomenico Romagnosi: Acredita que a pena tem por função a defesa da sociedade e a de prevenir que o criminoso cometa novos delitos.

Paul John Anselm von Feuerbach: Cunhou em latim o princípio da legalidade, amplamente uti-lizado até os dias atuais, qual seja, “nullum crimen, nulla poena sine lege”. Um dos precursores da teoria do delito, sustentou ainda, que a finalidade da pena é a prevenção especial pela coa-ção psicológica que sofrerá o eventual criminoso, pelo medo de ser apenado.

Francesco Carrara: A pena é uma medida retributiva para o criminoso, tendo em vista o mal causado à sociedade. É um castigo para o homem. Para este estudioso do direito o crime é um ente jurídico, é a violação ao direito de um terceiro.

Para Carrara o crime é uma infração à lei do Estado promulgada para promover a segurança dos cidadãos resultante de um ato externo do homem, positivo ou negativo moralmente imputável e politicamente danoso.

Cita-se texto do Prof. de Criminologia, Guaracy Moreira Filho, que explica ponto a ponto esse conceito de crime dado por Carrara:

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a) Infração da lei do Estado: consagra Carrara o Princípio da legalidade. É a norma fundamen-tal do Direito Penal, não há crime sem lei anterior que a defina, nem pena sem prévia comi-nação legal;

b) Promulgada para promover a segurança dos cidadãos: o vocábulo segurança relaciona-se com o conceito de tutela jurídica, que se endereça aos bens essenciais das pessoas aos que dizem respeito à sua segurança. O plural “cidadãos” abrange não apenas o indivíduo isola-damente considerado como também a comunidade;

c) Resultante de um ato externo do homem: por que externo? O Direito Penal não se ocupa com os estados de espírito dos homens, mas tem em vista aqueles atos que se manifestam externamente. Ademais, só a criatura humana pode ser sujeito ativo de uma infração penal;

d) Positivo ou negativo: o crime pode ser realizado mediante ação (positivo) ou omissão (ne-gativo). Pode se matar alguém mediante ação, dando tiros, por exemplo, como ainda me-diante omissão, abstendo-se de cuidados indispensáveis, como a mãe que mata o recém nascido deixando de alimentá-lo. Mata-se uma flor arrancando-a do solo, mas mata-se também deixando-se de aguá-la;

e) Moralmente imputável: o livre-arbítrio é o fundamento indeclinável da Escola Clássica. Deve o agente ter capacidade de entender o caráter ilícito da sua conduta criminosa, psi-quicamente desenvolvido e mentalmente são. Quanto mais perfeito o livre-arbítrio, maior é a responsabilidade do agente, e consequentemente maior deve ser sua pena;

f) E politicamente danoso: para que haja o crime deve haver o dano, que pode ser imediato quando causado diretamente àquele que sofreu o delito, e mediato pela repercussão social do crime;

(Moreira Filho, Guaracy – Criminologia e Vitimologia Aplicada – São Paulo – Editora Jurídica Brasileira – 2006 )

Da Escola Clássica surgiram alguns dogmas modernos do Direito Penal – O direito penal libe-ral – e que se consagram como princípios penais. Por exemplo: apenas por meio de lei (já que esta pode presumir ser algo que todos conhecem ou podem conhecer e respeitam) é possível dizer que alguma coisa é crime (princípio da legalidade). Se o crime é um ato racional, quem fez aquela escolha é que deve sofrer as penas, e não outras pessoas (princípio da intranscendência da pena).

Assim, na escola clássica, a pena é uma retribuição a um mal causado. Aquela pessoa que co-meteu o crime violou um contrato (social).

Escola Clássica → RESUMIDO

1º movimento de estudos sistematizados a surgir.

Carrara → estudou os “elementos” que integram um crime

Beccaria → em nos Delitos e das Penas estudou a penas. Foi o primeiro autor a pensar nas pe-nas como forma de “prevenção” e não meramente “retribuição”.

Bentham → iniciou os estudos de “arquitetura prisional” e sistemas de controle, trazendo o modelo do “panóptico” (torre central que tudo vê).

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Responsabilidade penal → decorre do Livre Arbítrio

Pena → aplicada como castigo. (exceção: Beccaria, que entendia-a como mecanismo de pre-venção)

ESCOLA POSITIVA

Para a Escola Positiva, o crime não decorre do livre-arbítrio e sim de fatores sociais e naturais, sua conduta é determinada por fatores internos e externos. Analisa- se o criminoso, usando o método experimental de pesquisa.

A diferença entre as duas escolas(clássica e positiva) está, principalmente, no método, enquan-to para a escola clássica é dedutiva de lógica abstrata, para a escola positiva é indutiva e de observação dos fatos.

A escola positiva pode ser dividida em três fases e cada uma delas tendo seu principal expoente:

1ª FASE – Antropologia Criminal – Cesare Lombroso

Cesare Lombroso: Os delinquentes estão propensos aos crimes devido às suas características físicas, levado pelo efeito de sua natureza. Examinando delinquentes, estudando a anatomia de crânios, cérebros e vísceras e comparando com homens não delinquentes, Lombroso chegou a conclusão de que há características biológicas e psicológicas nos criminosos. Daí chegando na conclusão do criminoso nato com os seus caracteres morfológicos. É o direito tratado como uma ciência empírica.

Este criminoso nato tem características psicológicas, morais e intelectuais.

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Era de fundamental importância o estudo do criminoso e não do delito. Ao contrário do que propôs Carrara sobre uma dogmática penal e um conceito de crime, Lombroso propõe um es-tudo específico a cada delinquente.

Afirma Lombroso que o criminoso nato padece de atavismo, comparando-o aos homens primi-tivos.

(atavismo: características hereditárias)

O crime é originado de fatores biológicos, psicológicos e sociais, afastando a concepção de cri-me como um ente jurídico.

2ª FASE – Sociologia Criminal – Enrico Ferri:

Para Ferri a pena deveria ter dupla finalidade, quais sejam, punir e ao mesmo tempo recuperar o criminoso, ou seja, a medida preventiva e retributiva. A pena deve ser indeterminada, sendo necessária até ao eficaz reajuste da vida do criminoso em sociedade, a pena para guardar a defesa social

Classificou o criminoso em nato, louco, passional, ocasional e habitual.

Guaracy Moreira Filho sintetiza as ideias de Ferri aplicadas ao Direito Penal Brasileiro:

“Deve-se a Ferri normas como a emoção e a paixão não excluírem a responsabilidade penal, medidas de segurança aos inimputáveis, privilégio para os crimes cometidos por relevante va-lor moral ou social, penas maiores para criminosos hediondos e reincidentes, diminuição da pena para crimes cometidos por indivíduos primários, benefícios legais para os que desistem da prática do crime, o dolo eventual quando se assume o risco do resultado etc.”

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3ª FASE – Fase Jurídica – Rafaelle Garófalo

Foi o difusor do termo Criminologia, sendo esta a ciência da criminalidade, do delito e da pena.

Garófalo entendia que existiam dois tipos de delitos, os naturais e os legais. Os delitos legais variavam de país a país. Enquanto que os delitos naturais ofendiam aos sentimentos altruístas, desprovido de piedade ou benevolência, e para estes preconizava guerra ao inimigo. Favorável à pena de morte, entendia que a sociedade não tem dever algum com os criminosos mais peri-gosos, devendo portanto eliminá-lo do convívio social, pois estes não se adaptariam à vida em sociedade. São seres inferiores e devem ser eliminados.

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OUTRAS ESCOLAS PENAIS (“MISTAS”)

ESCOLA SOCIOLÓGICA ALEMÃ (ESCOLA DE POLÍTICA CRIMINAL ALEMÃ)

Busca desenvolver uma nova Política Criminal. E Von Liszt cria a primeira Teoria do Delito, a chamada Teoria Causalista (conditio sine qua non). Almeja um equilíbrio entre livre arbítrio e determinismo.

Defende a pena intimidativa para os criminosos normais, com fulcro a desestimular a prática de novos delitos e a medida de segurança para os anormais e reincidentes. É o conceito finalista da pena.

René Ariel Dotti destaca os principais fundamentos dessa corrente:

a) O direito penal é ciência independente que se ocupa da posição dogmática do Direito e emprega o método lógico-abstrato;

b) A criminologia, a penologia e a política criminal, embora ligadas ao direito penal são ciên-cias autônomas e aplicam o método experimental;

c) A imputabilidade tem como base a responsabilidade penal e, sem entrar no âmago da questão do livre arbítrio e do determinismo, deve ser declarado culpado o sujeito que te-nha capacidade de se conduzir socialmente. No entanto, para determinada categoria de infratores, a natureza das medidas aplicáveis dependerá de sua periculosidade;

d) O delito é, ao mesmo tempo, considerado como conceito jurídico proporcionado pelo Di-reito Penal e como fenômeno natural, suscetível de investigações criminológicas quanto à sua etiologia e formas de apresentação;

e) A luta contra o delito deve empregar tanto a pena como a medida de segurança; (Curso de Direito Penal – Parte Geral / René Ariel Dotti – Rio de Janeiro – Forense – 2005 – pg. 135).

TERZA SCUOLA

Expoentes: Manuel Carnevale, Bernardino Alimena, João Impalomenni.

Buscava conciliar os pressupostos da Escola Clássica e da Escola Positiva. Rechaçavam o livre ar-bítrio dos Clássicos, se aproximando do determinismo da Escola Positiva, ao mesmo tempo em que não aceitavam a ideia da responsabilidade criminal dos inimputáveis.

Adota o sistema duplo-binário das penas, estas teriam um caráter aflitivo e marcada pela pre-venção geral, e a prevenção especial das medidas de segurança.

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ESCOLA TÉCNICO JURÍDICA

Influenciada pela Escola Clássica, tem como principal expoente Arturo Rocco.

Trata o direito penal alheio às influências de outras ciências, refutando, portanto, ilações com a Sociologia, Criminologia, Filosofia, Antropologia etc.

Tem a lei como alicerce do direito penal e o ordenamento jurídico vigente. O direito positivo deve ser a única fonte. Para esta escola, nenhuma ciência externa deve interferir no Direito Penal, que deve resumir-se ao Direito Positivado, ou seja, à letra da lei.

ESCOLA CORRECIONALISTA

Teve sua origem no filósofo alemão Karl Christian Friederich Krause, grazida ao direito plelo ju-rista Karl David August Roder, mas foi na Espanha, através da figura de Pedro Dorado Montero que a Escola ganhou projeção.

A Escola Correcionalista almeja a correção ou emenda do delinquente, buscando a sua com-preensão e proteção.

Refuta a responsabilidade pessoal, afirmando ser a responsabilidade social, sendo assim, a sociedade deve oferecer meios para a sua correção. E para isso defende a pena indeterminada, ficará preso até a sua efetiva recuperação, estando apto a viver em sociedade.

Assim como os Clássicos afirma ser o crime é um ente jurídico, por outro lado defende o deter-minismo da Escola Positivista.

ESCOLA DA NOVA DEFESA SOCIAL

Expoentes: Adolphe Prins, Felipe Gramatica, Mark Ancel

Visava um direito penal do autor (e não do fato), ou seja, a pessoa é presa como uma medida de defesa social em razão de sua antissociabilidade e não como pena em razão do fato crimino-so que cometeu. (RT – 869 – Março de 2008 – Do iluminismo ao Direito Penal do Inimigo – Ro-berto Delmanto Júnior)

Prioriza a proteção da sociedade, através de retribuição, um castigo pelo mal feito.

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TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE

As teorias sociológicas abandonam o estudo do crime a partir de características bioantropoló-gicas e dedicam-se ao estudo das condições sociológicas, isto é, o contexto social que envolve e favorece o cometimento de crimes.

TEORIAS DO CONSENSO X TEORIAS DO CONFLITO

TEORIAS DO CONSENSO

Teorias criminológicas do consenso, também chamadas de teoria da integração. Pela teoria do consenso, a estrutura social em funcionamento é resultado do consenso entre seus membros sobre seus valores. Ou seja, a sociedade é resultado das associações voluntárias de pessoas que partilham certos valores e criam instituições, com vistas a assegurar que a cooperação funcione regularmente. As teorias do consenso tem cunho funcionalista, já que justificam e legitimam o sistema que está posto.

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ESCOLA DE CHICAGO → interacionista, consensual

Principal Expoente: Ernest Burgess

A Escola de Chicago – Cooley, Mead, Sapir, Pierce, Park, Blumer & Cia – cria uma tese que en-tende que a sociedade apenas pode ser estudada, a partir dos processos de interação entre as pessoas, sendo constituído simbolicamente pela comunicação, o que se convencionou a chamar de interacionismo simbólico. (RÜDIGER, 2004, p. 37). O interacionismo simbólico con-cebe que a vida social é entendida por meio da interação social realizada pelos indivíduos entre si, mas esse interagir acontece por conta da observação dos processos comunicacionais. É por meio da comunicação que as pessoas trocam informações, apresentam suas ideias, contam suas histórias e registram seus conhecimentos. Para essa escola, a vida social do indivíduo re-sulta da sua capacidade em se comunicar, e diante dessa comunicação ser capaz de entender o seu contexto social. (TEMER; NERY, 2009, p. 38-39)

TEORIAS ECOLÓGICAS → a partir da Escola de Chicago, entende-se que o criminoso não deve ser observado enquanto a sua pessoa (ex: lombroso, crânio). E sim quanto ao seu meio ambien-te (zonas de periferias), sendo este o fator determinante para a criminalidade.

1. (2012 – PC-SP – Delegado de Polícia)

O efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos, é explicado pela

a) Teoria do Criminoso Nato.b) Teoria da Associação Diferencialc) Teoria da Anomia.d) Teoria do Labelling Aproach.e) Teoria Ecológica.

TEORIA DAS ZONAS CONCÊNTRICAS (Escola de Chicago)

Autores: Ernest Burgess e Robert Prank

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A partir do modelo de ocupação do espaço urbano em algumas cidades norte-americanas, Ernest Burgess desenvolveu a teoria das zonas concêntricas, cuja autoria divide com Robert Prank. A partir desta teoria, constatou que a criminalidade e a insegurança são maiores no que chama de “zonas de transição”, que situam-se entre o centro comercial e as residências de clas-se alta, mais afastadas.

TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS →

Autores: James Wilson e George Kelling (Universidade de Stanford)

o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores. Se por alguma razão racha o vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapida-mente estarão quebrados todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração, e esse fato parece não importar a ninguém, isso fatalmente será fator de geração de delitos.

Aplicação da teoria das janelas quebradas no Brasil → Lei Maria da Penha, Prefeito Dória, den-tre outras.

TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL OU APRENDIZAGEM (consensual) →

Autor: Edwin Sutherland

parte da noção de que o crime não é exclusividade das classes menos favorecidas, por uma su-posta inadaptação destas. Na verdade, é fundamental para a prática delitiva o “processo de co-municação”, ou seja, “os valores dominantes no seio do grupo ensinam o delito”. A forma com que a experiência é interpretada é fundamental para definição se o agente irá ou não praticar crimes.

Sutherland explica a difusão dos crimes de colarinho branco a partir da associação diferencial.

2. (2014 – VUNESP – PC-SP – Desenhista Técnico-Pericial)

Teoria desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland, que cunhou a expressão “white colar crimes” para definir autores de crimes específicos, que se diferenciavam de criminosos comuns, afirmando, ainda, que o comportamento criminoso é aprendido, nunca herdado. Trata-se da teoria

a) do neorretribucionismo.b) crítica.c) da associação diferencial.d) do labelling approach.e) radical.

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ANOMIA (consensual)→

Expoentes: Robert Merthon e Emile Durkheim

VAZIO GERADO QUANDO OS MEIOS SOCIAIS NÃO SÃO ATINGIDOS POR CERTA CAMADA.

A → negação  NOMIA → norma = ausência de norma

Anomia foi uma teoria profundamente estudada pelo sociólogo Émile Durkheim, no fim da re-volução francesa e na ascensão da revolução industrial, aonde com o êxodo rural e a migração para as grandes metrópoles faz com que surja anormalidades sociais, buscando entender os fenômenos ali presenciando, aonde em um estudo macrossociológico mostra a desintegração dos valores sociais das normas sociais. Assim a anomia é o não reconhecimento do valor social da regra imposta. O crime é um fato que a sociedade está destinada a conviver e que seria um ciclo inacabável, mostrando ainda que sem o crime não haveria uma busca de melhoras pelos grupos sociais, assim, o crime seria uma parte essencial para manutenção da sociedade, Durkheim enxergava o crime com um fenômeno social cultural.

TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE (consensual) →

Principal Expoente: Albert Cohen

Obra: The Delinquent Boys

Tem como principal nome Albert Cohen, desenvolvedor da obra “The Delinquent Boys”. Rela-ciona a criminalidade com grupos e subgrupos portadores de normas próprias diferentes das normas oficiais. Para a teoria subcultural a criminalidade não é fruto da desorganização (Chica-go) e nem de falta de alcance das normas (Anomia), mas sim, uma identificação, especialmente de jovens, a subgrupos que possuem normas próprias. Explica a delinquencia juvenil.

A teoria da subcultura também estuda e explica a criminalidade em bairros identificados com raízes étnicas distintas da localidade. Ex: bairro chinês nos Estados Unidos, bairro norte-ameri-cano em Hong Kong.

Em todo subgrupo cultural existe um conjunto normativo. O jovem que adere a outro grupo so-cial (gang) passa a respeitar suas próprias regras, que eventualmente será diferente das regras oficiais do Estado. Quando age, está agindo de acordo com as regras, porém as regras que se identifica.

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TEORIAS DO CONFLITO (Labelling approach, Teoria Marxista, Criminologia Crítica)

Por outro lado, segundo as teorias criminológicas do conflito, não há acordo entre os membros da sociedade sobre seus valores. Na verdade, a coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação por alguns e sujeição de outros. Ou seja, não seria a asso-ciação voluntária das pessoas que faz com que as organizações sociais tenham coesão, e sim a coerção imposta.

Labelling approach – Teoria do Etiquetamento / Interacionismo Simbólico / Reação Social

Expoentes: Erving Goffman e Howard Becker.

A teoria do labelling approach (interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou reação social) é uma das mais importantes teorias de conflito. Surgida nos anos 1960, nos Estados Uni-dos, seus principais expoentes foram Erving Goffman e Howard Becker.

Por meio dessa teoria ou enfoque, a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se atribui tal “qualidade” (estigmatização).

Assim, o criminoso apenas se diferencia do homem comum em razão do estigma que sofre e do rótulo que recebe. Por isso, o tema central desse enfoque é o processo de interação em que o indivíduo é chamado de criminoso.

A sociedade define o que entende por “conduta desviante”, isto é, todo comportamento consi-derado perigoso, constrangedor, impondo sanções àqueles que se comportarem dessa forma. Destarte, condutas desviantes são aquelas que as pessoas de uma sociedade rotulam às outras que as praticam.

A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de estigma para os condenados, funcio-nando a pena como geradora de desigualdades. O sujeito acaba sofrendo reação da família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta a marginalização no trabalho, na escola.

Fonte: Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho.

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Desvio Primário → necessidade + expectativa social (ex: pessoa pobre que causa “medo” nas demais pessoas por seu aspecto)

Desvio Secundário → reiteração dos desvios (especialmente, a partir da associação forçada com outros delinquentes no cumprimento da pena)

Resumindo, labelling aproach

→ teoria conflitual

→ coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção

→ deixou de centrar os estudos no fenômeno delitivo em si e passou a focar suas atenções na reação social

→ interacionista, o fenômeno criminológico como uma interação entre crime e reação social.

CRIMINOLOGIA CRÍTICA / CRIMINOLOGIA RADICAL / NOVA CRIMINOLOGIA / CRIMINOLOGIA MARXISTA →

A criminologia crítica, também conhecida como “criminologia radical”, “marxista”, “nova cri-minologia”, estuda a criminalidade como criminalização, explicada por processos seletivos de construção social do comportamento criminoso e de sujeitos criminalizados, como forma de garantir as desigualdades sociais entre riqueza e poder, das sociedades contemporâneas.

Alessandro Baratta → Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal, obra onde o autor apresenta uma teoria criminológica sistematizada onde con-fronta as aquisições das teorias sociológicas a respeito do crime e do controle social, com os princípios da ideologia da defesa social, enumerando políticas criminais alternativas.

Reflexão: Furto (1 a 4 anos) Homicídio Culposo (1 a 3 anos).

O modelo explicativo da criminologia radical se reconduz aos princípios do marxismo. A crimi-nologia radical distingue entre crimes que são expressão de um sistema intrinsicamente crimi-noso [v.g., a criminalidade de colarinho branco, racismo, a corrupção e o belicismo] e crimes relacionados às classes mais desprotegidas (DIAS; ANDRADE, 1997,p. 61-62).

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3. (2017 – FCC – DPE-PR – Defensor Público)

A criminologia da reação social

a) concentra seus estudos nos processos de criminalização. b) corresponde a uma teoria do consenso. c) explica o comportamento criminoso como fruto de um aprendizado. d) identificou as subculturas delinquentes. e) explica a existência do homem criminoso pelo atavismo.

4. (2014 – VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia)

Dentre os modelos sociológicos, as teorias da criminologia crítica, da rotulação e da criminologia radical são exemplos da teoria.

a) do consensob) da aparênciac) do descasod) da falsidade.e) do conflito.

Gabarito: 1. E 2. C 3. A 4. E