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Criminologia

Introdução à Criminologia: Conceito, Métodos, Objetos e Funções da criminologia

Professor Fidel Ribeiro

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Criminologia

CRIMINOLOGIA

Provas de concurso → “mais de 90% das questões de Criminologia cobram os temas de forma superficial”. (Fidel Ribeiro)

Exemplo:

QUESTÕES

1. (2013 – VUNESP – PC-SP – Papiloscopista Policial)

Contemporaneamente, a criminologia é conceituada como:

a) Uma ciência empírica e social que estuda o criminoso, a pena e o controle social.b) Uma ciência empírica e multidisciplinar que estuda as formas como os crimes são cometi-

dos.c) Uma ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o con-

trole social.d) Uma ciência jurídica e multidisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a pena e a vítima.

Resposta: C

→Segundo Antonio Garcia-Pablos de Molina, criminologia é:

“a ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo e que trata de subministrar uma informação válida, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplando este como problema individual e como problema social – assim como, sobre programa de prevenção eficaz de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistema de resposta de delito”.

→Empírico?

Vide dicionário: empírico

adjetivo

1.1.

relativo ao empirismo.

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2.2.

baseado na experiência e na observação, metódicas ou não.

→ Ciência empírica?

porque baseia-se em um método próprio, empírico indutivo, pautado na experiência e na observação de fatos e dados concretos, interagindo com outras áreas da ciência, tais como a sociologia, medicina, antropologia, política criminal, etc. Atualmente, tendo como seu obje-to o estudo do crime, o criminoso, a vítima e o controle social. Diferentemente do passado, onde seu estudo era voltado apenas para o criminoso, sem levar em consideração os demais aspectos do crime.

→ Os conceitos acerca do que vem a ser a criminologia variam de acordo com a Escola Crimi-nológica, ou acepção em que é tomada, diante de certas perspectivas das Ciências Humanas. Modalidade de Criminologia: Clássica, Positiva, Crítica e Científica Moderna.

→ Para a Criminologia Científica Moderna, “a Criminologia é a ciência empírica e interdisci-plinar, como informação válida e segura, relacionada ao fenômeno delitivo, entendido sob o prisma individual e de problema social, como também formas de prevení-lo. Portanto, o cri-me é o fenômeno humano, cultural e complexo” (Antonio García-Pablos de Molina).

→ São objetos da criminologia científica moderna: o delito, o delinquente, a vítima e o con-trole social.

Bibliografia:

• Sérgio Salomão Shecaira – Para entender direito: criminologia • José César Naves de Lima Júnior – Manual de Criminologia • Antonio Garcia-Pablos de Molina – Criminologia • Prof. Rochester de Araújo – “material de criminologia para concursos” • Questões de Concursos Anteriores

Criminologia – Conceito, Métodos, Objetos e Funções da criminologia – Prof. Fidel Ribeiro

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CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

Ciência Pré-Jurídica → serve para dar subsídios ao legislador, por exemplo, para evitar “leis penais simbólicas”.

Leis Penais Simbólicas → leis penais sem eficácia prática, tipificações em “desuso”.

Co-Culpabilidade → Eugênio Raul Zaffaronni:

“Todo sujeito age numa circunstância dada e com um âmbito de autodeterminação também dado. Em sua própria personalidade há uma contribuição para esse âmbito de autodetermina-ção, posto que a sociedade – por melhor organizada que seja – nunca tem a possibilidade de brindar a todos os homens com as mesmas oportunidades. Em consequência, há sujeitos que têm um menor âmbito de autodeterminação, condicionado desta maneira por causas sociais. Não será possível atribuir estas causas sociais ao sujeito e sobrecarregá-lo com elas no memen-to da reprovação de culpabilidade. Costuma-se dizer que há, aqui, uma ‘co-culpabilidade’, com a qual a própria sociedade deve arcar”

Questão do Concurso do MP-DF de 2011:

“d) A teoria da co-culpabilidade funda-se no entendimento de que o comportamento do cida-dão ofendido pela conduta criminosa provocou ou, de qualquer modo, concorreu para a ação ou omissão do acusado.” (alternativa incorreta)

Co-Culpabilidade às avessas → inversão dos valores da teoria da co-culpabilidade. Benefícios para aqueles que teriam “menos motivos” para cometimento de delitos, como por exemplo, crimes tributários, praticados em regra por pessoas que não são pobres, que prevêem extinção de punibilidade para caso de adimplemento dos valores.

Criminalização primária → definição pela Lei de um fato como ilícito penal.

→ o processo de criminalização primária não é neutro. → possui cunho político

Criminalização secundária → ação da estrutura estatal através de seus agentes atuando em processo de criminalização. Ex: abordagem com revista de indivíduos que encontravam-se na rua pela Polícia Militar.

Seletividade Penal → os processos de criminalização são seletivos. Tem por objetivo reprimir condutas de determinados grupo de indivíduos. O Estado escolhe quem quer punir, atribuindo estigmas.

Cifras Negras / ocultas / obscura / “dark number” → delitos que não chegaram ao conheci-mento do Estado.

Cifras Douradas → expressão difundida pelo autor Edwin Sutherland referente aos crimes (es-pecialmente de colarinho branco) que são “abafados” por ausência de interesse do Estado em razão do poder econômico ou político dos seus autores.

Cifras Cinzas → crimes que chegam ao conhecimento do Estado mas não são levados adiante. Ex: crime em que há representação pela vítima, seguida de retratação.

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Cifras Amarelas → crimes praticados por agentes do Estado que não são levados a conheci-mento das autoridades competentes por temor de retaliação.

Cifras Verdes → casos de crimes ambientais que são praticados com naturalidade por seus agentes e não chegam ao conhecimento do Estado.

Vitimologia → campo de estudo que concentra-se no papel da vítima frente ao delito.

CONCEITO DA CRIMINOLOGIA

→ CONCEITO AMPLO E MUTÁVEL!

CRIMINOLOGIA

Etimologia:

Latim: Crimen → delito/crime

Grego: Logos → tratado/retórica/estudo

EXPRESSÃO “CRIMINOLOGIA”

Etimologicamente, criminologia vem do latim crimino(crime) e do grego logos (estudo, tratado),significando o “estudo do crime”.

Para Afrânio Peixoto (1953, p. 11), a criminologia” é a ciência que estuda os crimes e os crimi-nosos, isto é, a criminalidade”. Entretanto, a criminologia não estuda apenas o crime e crimino-sos, sendo seu objeto moderno também o estudo das circunstâncias sociais e da vítima.

A palavra “criminologia” foi pela primeira vez usada em 1883 por Paul Topinard e foi difundida mundialmente por Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885.

→ DICA: RAFFAELE GARÓFALO INTEGRA O PERÍODO JURÍDICO DA ESCOLA POSITIVA

Embora, deva-se ressalvar que muitos séculos antes da utilização da expressão criminologia, tais estudos já ocorriam desde a antiguidade por grandes pensadores da filosofia, como Protá-goras e Sócrates.

CONCEITOS:

• Nelson Hungria: “Criminologia é o estudo experimental do fenômeno crime, para pesqui-sar-lhe a etiologia e tentar a sua debelação por meios preventivos ou curativos”.

(etiologia: ramo do conhecimento cujo objeto é a pesquisa e a determinação das causas e ori-gens de um determinado fenômeno)

(debelação: anulação do efeito de (algo considerado maléfico); repressão, destruição.)

Criminologia – Conceito, Métodos, Objetos e Funções da criminologia – Prof. Fidel Ribeiro

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• Edwin H. Sutherland: “Criminologia é um conjunto de conhecimentos que estudam o fenô-meno e as causas da criminalidade, a personalidade do delinqüente, sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo”

• Eugenio Raúl Zaffaroni – “é a disciplina que estuda a questão criminal do ponto de vista biop-sicossocial, ou seja, integra-se com as ciências da conduta aplicadas às condutas criminais”

• Antonio García-Pablos de Molina – “é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima, do controle social do comportamento delitivo, e trata de ministrar uma informação válida e contrastada sobre a gênese, dinâmica e variações principais do crime, contemplando-o como problema individual e social, assim como sobre os programas para sua prevenção especial, as técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e os diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.”

• Sérgio Salomão Shecaira – "criminologia é o estudo e a explicação da infração legal; os meios formais e informais de que a sociedade se utiliza para lidar com o crime e com o cri-me e com os atos desviantes; a natureza das posturascom que as vítimas desses crimes são atendidas pela sociedade; e, por derradeiro, o enfoque sobre o autor desses fatos desvian-tes" (SHECAIRA, 2012, p. 35)

DIFERENCIAÇÃO

Direito Penal X Criminologia X Política Criminal

DIREITO PENAL:

Analisa os fatos humanos indesejados e define quais devem ser tratados como crime(ou con-travenção), positivando suas condutas como tipos penais e prevendo suas sanções penais.

Ex: Matar alguém é algo grave. Razão pela qual, é punido com pena de 06 a 20 anos de reclusão.

Preocupa-se com o crime a partir de seu conceito analítico (fato típico, ilícito e culpável).

CRIMINOLOGIA:

Criminologia é a ciência empírica, interdisciplinar, que estuda o delito(crime), criminoso, vítima e controle social. (conceito majoritário, utilizado para a maioria dos Autores).

Portanto, não preocupa-se apenas com o crime (ex: matar alguém), mas especialmente com os fatores que desencadeiam o crime. Ao contrário do Direito Penal que preocupa-se com o crime enquanto “norma”, a criminologia preocupa-se com o crime enquanto fato social.

Enquanto o Direito é a ciência do DEVER SER, a Criminologia é a ciência do SER.

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POLÍTICA CRIMINAL:

Tem como foco as estratégias, implementadas pelo Estado, para diminuição da prática de cri-mes. (ex: o que pode ser feito para diminuir o número de homicídios). A maioria dos autores define a política criminal como sendo parte integrante da criminologia.

De acordo com o Prof. Rogério Sanches Cunha, “o Direito Penal preocupa-se com o crime en-quanto norma, a criminologia enquanto fato, a política criminal enquanto valor”.

Inegavelmente, o direito penal, a criminologia e a política criminal relacionam-se. Visto que a criminologia tem condão de influenciar o legislador do Direito Penal e as políticas criminais.

QUADRO RESUMO DIREITO PENAL X CRIMINOLOGIA

CRIMINOLOGIA, CIÊNCIA?

Para ser considerada ciência, é necessária a seguinte soma de fatores, que aos nossos olhos a Criminologia preenche:

• FUNÇÃO

• MÉTODO

• OBJETO PRÓPRIO

Criminologia – Conceito, Métodos, Objetos e Funções da criminologia – Prof. Fidel Ribeiro

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Há visões diferentes, embora prevaleça o entendimento atual de que TRATA-SE DE UMA CIÊN-CIA AUTÔNOMA.

Os autores divergem com relação à Criminologia ser ciência ou não. De acordo com os diversos Autores, há quem defenda que a criminologia seja:

• Ramificação de uma ciência (Ex: para Cesar Lombroso seria uma ramificação da biologia)

• Ciência autônoma interdisciplinar (maioria dos autores)

• “uma prática”, “uma forma de estudar algo” (para Álvaro Pires, pela ausência de um obje-to de estudo específico e um método seguro não se poderia considerá-la ciência)

• “um campo de estudo” (uma corrente “moderníssima” reconhece que a criminologia pos-sui objeto, método e funções próprias, mas entende que tratá-la como ciência associaria o criminoso a algo a ser “experimentado” aumentando o estigma, por essa razão, preferindo considerá-la “um campo de estudo” por ser politicamente correto).

Quais são os objetos da criminologia?

Crime – Criminoso – Vítima – Controle Social

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1. (2013 – VUNESP – PC-SP – Investigador de Polícia)

Os objetos de estudo da moderna Criminologia são:

a) a vítima e o delinquente.b) o crime, o criminoso, a vítima e o controle social.c) o delito e o delinquente.d) o problema social, suas causas biológicas e o mimetismo.e) o crime e os fatores biopsicológicos decorrentes de sua prática.

2. (2015 – VUNESP – PC-CE – Delegado)

Os objetos de estudo da moderna criminologia estão divididos em

a) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.b) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.c) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.d) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

CRIME/DELITO

De acordo com o autor Nestor Sampaio Penteado Filho (Manual Esquematizado de Criminolo-gia), com grifos do Prof. Fidel:

No que se refere ao delito, a criminologia tem toda uma atividade verificativa, que analisa a conduta antissocial, suas causas geradoras, o efetivo tratamento dado ao delinquente visando sua não reincidência, bem assim as falhas de sua profilaxia preventiva.

A criminologia moderna não pode se limitar à adoção do conceito jurídico-penal de delito, pois isso fulminaria sua independência e autonomia, transformando-se em mero instrumento de auxílio do sistema penal. De igual sorte, não aceita o conceito sociológico de crime como uma conduta desviada, que foge ao comportamento padrão de uma comunidade. Assim, para a cri-minologia, o crime é um fenômeno social, comunitário e que se mostra como um “problema” maior, a exigir do pesquisa dor uma empatia para se aproximar dele e o entender em suas múl-tiplas facetas. Destarte, a relatividade do conceito de delito é patente na criminologia, que o observa como um problema social.

3. (2014 – VUNESP – PC-SP – Desenhista Técnico-Pericial)

Para a criminologia, o crime é um fenômeno

a) científico.b) ideológico.c) regionalizado.d) político.e) social.

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Elementos do Crime

→ para o Direito Penal: fato típico, ilícito e culpável. (conceito analítico)

→ para a Criminologia: vide quadro abaixo:

“O Criminoso”

Um dos importantes objetos da criminologia, nem sempre foi objeto de estudo desta ciência. Bem como, os conhecimentos acerca de tal objeto sofreram e sofrem constantes variações de acordo com o passar do tempo, evolução dos estudos e mudanças da sociedade.

Para a escola clássica, o criminoso assim o era por uma questão de escolha, que podendo se-guir o caminho do bem, optou pelo mal.

Já para a escola positiva, contrário sensu, tratava o “ser criminoso” como uma questão heredi-tária, genética, patológica. Para alguns de seus autores, “nascia-se criminoso”.

Para a filosofia correcionalista, o criminoso é equiparado a uma pessoa fraca, vulnerável, que necessita a tutela do estado.

De acordo com o marxismo, o criminoso é fruto da desigualdade social.

A criminologia atual, com contribuição de todas escolas, analisa também o contexto social e a partir de tal análise aprimora as concepções acerca do criminoso. Para a criminologia moderna, não há um fator único absoluto e determinante a formar o criminoso.

“Vítima” / VITIMOLOGIA

A vítima é um dos objetos de estudo da Criminologia Moderna. Aprofundaremos seu estudo na aula de “Vitimologia”.

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Controle Social

O controle social trata-se de objeto importante do estudo da criminologia em razão de ser o responsável por submeter os indivíduos à observância dos ordenamentos jurídicos e ao bom convívio social.

Controle Formal (estado)   xControle Informal (outros)

Divide-se em controle formal e informal. Formal, quando exercido pelas autoridades públicas (polícias, Ministério Público, Judiciário); informal, quando exercido pela família, religião, escola.

MÉTODOS DA CRIMINOLOGIA

→ A Criminologia utiliza o MÉTODO EMPÍRICO INDUTIVO.

Empírico → baseado na observação

Indutivo → a partir de dados singulares, chega-se a conclusões gerais, por indução.

Pelo renomado autor Nestor Sampaio, com grifos nossos:

Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura desvendar um fato, referente à natu-reza, à sociedade e ao próprio homem.

No campo da criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas, sis-tematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a realidade que se quer alcançar.

A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico.

Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experi-mental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.

Observando em minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos em seus estudos.

Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia são informar a socie-dade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social. Ainda: a luta contra a criminalidade (controle e prevenção criminal).

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INTERDISCIPLINARIDADE / MULTIDISCIPLINARIDADE

A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito penal, com a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc.

4. (2014 – VUNESP – PC-SP – Desenhista Técnico-Pericial)

A criminologia é conceituada como uma ciência

a) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) monodisciplinar.b) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar.c) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e unidiscipli-

nar.d) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar.e) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima) e unidisciplinar.

5. (2013 – VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia Civil)

A Criminologia dos dias atuais

a) é uma ciência empírica, interdisciplinar, multidisciplinar e integrada.b) é uma ciência jurídica, autônoma, não controlável e sistematizada.c) não é considerada uma ciência, mas parte do Direito Penal.d) não é considerada uma ciência, mas parte da Sociologia.e) não é considerada uma ciência, mas parte da Antropologia

6. (2014 – VUNESP – PC-SP – Atendente de Necrotério Policial)

Para a aproximação e verificação de seu objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale--se de um conceito

a) empírico e interdisciplinar.b) dedutivo e dogmático.c) dedutivo e interdisciplinar.d) dogmático e lógico-abstrato.e) empírico e lógico-abstrato.

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FUNÇÕES(FINALIDADES) DA CRIMINOLOGIA

→ obter conhecimentos sólidos sobre seus objetos (crime, criminoso, vítima e controle social)

→ compreender cientificamente o fenômeno criminal, objetivando sua prevenção

→ oferecer um “diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o delito”

→ intervenção no homem delinquente

→ orientar a política criminal com vistas à prevenção

VITIMOLOGIA

Vitimologia → ramo da criminologia que dedica-se ao estudo da vítima. (para alguns, ciência própria)

Pai da Vitimologia → Benjamim Mendelson (obra: Vitimologia)

Espécies de vítimas, conforme Benjamim Mendelson:

VÍTIMA COMPLETAMENTE INOCENTE (também chamada “ideal”, que não contribui)

MENOS CULPADA QUE O DELINQUENTE (também chamada de vítima “nata ou facilitadora”

TÃO CULPADA QUANTO O DELINQUENTE (ex: aborto, bilhete premiado)

MAIS CULPADA QUE O DELINQUENTE (também conhecida como “pseudovítima ou falsa víti-ma”, ex: estuprador que é assassinado pelo pai da menina estuprada

ÚNICA CULPADA (casos de legítima defesa)

A vítima, que por muito tempo foi praticamente esquecida pelo Direito Penal, na criminologia moderna ganha notória importância, constituindo um de seus objetos de estudo.

De acordo com Prof. Rochester Araújo, com grifos nossos:

Verifica-se a ocorrência de três grandes instantes da vítima nos estudos penais: a “idade do ouro”; a neutralização do poder da vítima e a revalorização de sua importância.

• A idade do ouro compreende desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Mé-dia (autotutela, lei de Talião, etc.);

• o período de neutralização surgiu com o processo inquisitivo e pela assunção pelo Poder Público do monopólio da jurisdição;

• e, por derradeiro, a revalorização da vítima ganhou destaque no processo penal, após o pensamento da Escola Clássica, porém só recentemente houve um direcionamento efetivo de estudos nesse sentido, com o 1º Seminário Internacional de Vitimologia (Israel, 1973).

Tem-se como fundamental o estudo do papel da vítima na estrutura do delito, principalmente em face dos problemas de ordem moral, psicológica, jurídica etc., justamente naqueles casos em que o crime é levado a efeito por meio de violência ou grave ameaça.

Criminologia – Conceito, Métodos, Objetos e Funções da criminologia – Prof. Fidel Ribeiro

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Ressalte-se que a vitimologia permite estudar a criminalidade real, efetiva, verdadeira, por in-termédio da coleta de informes fornecidos pelas vítimas e não informados às instâncias de con-trole (cifra negra de criminalidade).

De outra sorte, fala-se ainda em vitimização primária, secundária e terciária.

Vitimização primária é aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta criminosa.

Vitimização secundária é uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, em face da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público etc.).

Vitimização terciária é aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limi-tes da lei do país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatiza-da pela comunidade, incentivando a cifra negra (crimes que não levados ao conhecimento das autoridades).

→ NÃO CONFUNDIR: CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA NÃO POSSUEM RELAÇÃO COM VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA

Criminalização primária é o ato e o efeito de sancionar de uma lei primária material, que incri-mina ou permite a punição de determinadas pessoas. Trata-se de um ato formal, fundamental-mente programático, pois, quando se estabelece que uma conduta deve ser punida, enuncia-se um programa, o qual deve ser cumprido pelos entes estatais.

De seu turno, criminalização secundária é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas. Verifica-se quando os órgãos estatais detectam um indivíduo, a quem se atribui a prática de um ato primariamente criminalizado, sobre ele recaindo a persecução penal. Para ZAFFARONI, a criminalização secundária possui duas características: seletividade e vulnerabilidade, pois há forte tendência de ser o poder punitivo exercido precipuamente sobre pessoas previamente escolhidas em face de suas fraquezas, a exemplo dos moradores de rua, prostitutas e usuários de drogas. Este fenômeno guarda íntima relação om o movimento criminológico conhecido como labeling approach (teoria da rotulação ou do etiquetamento): aqueles que integram a população criminosa são estigmatizados, rotulados ou etiquetados como sujeitos contra quem normalmente se dirige o poder punitivo estatal.

7. (2017 – FCC – DPE-SC – Defensor Público Substituto)

Sobre o sistema penal e a questão racial, é correto afirmar:

a) A criminalização secundária do racismo no Brasil conseguiu reverter o quadro histórico do preconceito na sociedade brasileira.

b) A injúria racial impede a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos.

c) O racismo é característica estrutural do processo de criminalização secundária no Brasil. d) A despeito do grande número de pessoas negras presas no Brasil, não se pode afirmar que

o sistema penal brasileiro atue de forma discriminatória em virtude dos princípios constitu-cionais.

e) Apesar da previsão constitucional de imprescritibilidade do crime de racismo, sua aplica-ção prática é inócua diante da falta criminalização primária dos crimes de racismo.

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RETOMANDO SOBRE VITIMOLOGIA:

Definições importantes:

Risco de Vitimização → risco existente em grupos mais propícios a ser vítima (ex. Usuários de droga, prostitutas)

Vítimização Difusa → situações que vitimizam a coletividade de modo indefinido quanto aos seus destinatários

Cifra Negra ou Cifra Oculta→ dados de crimes havidos que não chegam às autoridades públicas

Cifra Dourada → parte da cifra oculta de crimes que são omitidos ou abafados pelo poder polí-tico ou econômico.

8. (2017 – FCC – DPE-RS – Analista – Psicologia)

Nos casos envolvendo violência contra mulheres podemos considerar a ocorrência de uma vi-timização primária que é atribuída ao próprio agente que, com sua conduta, causa sofrimento físico ou mental à vítima. É preciso, porém, também considerar a existência de uma vitimização secundária, que pode ser reconhecida de modo direto

a) no desgaste apresentado pela perda do trabalho e condições econômicas. b) pela gravidez ou aborto espontâneo decorrentes da violência. c) pela morte da vítima. d) na perda do engajamento social que até então era mantido pela vítima antes da ocorrência

da violência. e) no sofrimento causado pelas instituições encarregadas de fazer justiça ou do próprio

Estado.

9. (2015 – VUNESP – PC-CE – Delegado)

Quando a vítima, em decorrência do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de direitos, caracteriza

a) vitimização estatal ou oficial.b) vitimização secundária.c) vitimização terciária.d) vitimização quaternária.e) 'vitimização primária.

Criminologia – Conceito, Métodos, Objetos e Funções da criminologia – Prof. Fidel Ribeiro

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LEI MARIA DA PENHA E A PREOCUPAÇÃO COM A VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA:

→ O artigo 10-A foi introduzido pela Lei 13.505, no final de 2017.

Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores – preferencialmente do sexo femini-no – previamente capacitados. (Incluíd pela Lei nº 13.505, de 2017)

§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretri-zes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

I – salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua con-dição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

II – garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e fa-miliar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

III – não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemu-nha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

I – a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

II – quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violên-cia doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

III – o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)

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10. VUNESP 2014 – PC SP – DELEGADO

Um dos primeiros autores a classificar as vítimas de um crime foi Benjamin Mendelsohn, que levou em conta a participação das vítimas no delito. Segundo esse autor, as vítimas classificam--se em _________ ; vítimas menos culpadas que os criminosos;__________ ; vítimas mais cul-padas que os criminosos e __________ . Assinale a alternativa que preenche, correta e respec-tivamente, as lacunas do texto.

a) vítimas inocentes … vítimas inimputáveis … vítimas culpadasb) vítimas primárias … vítimas secundárias … vítimas terciáriasc) vítimas ideais … vítimas tão culpadas quanto os criminosos … vítimas como únicas culpadasd) vítimas tão participativas quanto os criminosos … vítimas passivas … vítimas colaborativas

quanto aos criminosose) vítimas passivas em relação ao criminoso … vítimas prestativas … vítimas ativas em relação

aos criminosos

Gabarito: 1. B 2. E 3. E 4. B 5. A 6. A 7. C 8. E 9. B 10. C