crimes hediondos e assemelhados. novo

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3 1. INTRODUÇÃO Dispõe a CF/88, em seu art. 5º, XLIII, que: “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá- los, se omitirem” A disciplina constitucional da tortura, do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, do terrorismo e dos crimes hediondos contempla um tratamento diferenciado e mais severo do que as demais infrações penais. Além do mais, é de ressaltar que a previsão desse tratamento mais rigoroso encontra-se disposta no rol dos direitos fundamentais. Constitui, todavia, uma norma constitucional de eficácia contida, que, embora de aplicação imediata, tem sua regulação condicionada à edição de uma lei infraconstitucional, principalmente no que se refere à classificação e definição dos crimes hediondos e demais conseqüências. Na busca do conceito de crimes hediondos, todavia, forma propostos três critérios: o legal, o judicial e o misto. De acordo com o critério legal, compete à lei estabelecer de modo taxativo quais são os crimes hediondos, subtraindo do intérprete qualquer possibilidade de extensão do conceito às infrações penais que estejam enumeradas.

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Page 1: Crimes Hediondos e Assemelhados. NOVO

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1. INTRODUÇÃO

Dispõe a CF/88, em seu art. 5º, XLIII, que:

“a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”

A disciplina constitucional da tortura, do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas

afins, do terrorismo e dos crimes hediondos contempla um tratamento diferenciado e

mais severo do que as demais infrações penais. Além do mais, é de ressaltar que a

previsão desse tratamento mais rigoroso encontra-se disposta no rol dos direitos

fundamentais. Constitui, todavia, uma norma constitucional de eficácia contida, que,

embora de aplicação imediata, tem sua regulação condicionada à edição de uma lei

infraconstitucional, principalmente no que se refere à classificação e definição dos

crimes hediondos e demais conseqüências.

Na busca do conceito de crimes hediondos, todavia, forma propostos três

critérios: o legal, o judicial e o misto.

De acordo com o critério legal, compete à lei estabelecer de modo taxativo quais

são os crimes hediondos, subtraindo do intérprete qualquer possibilidade de extensão do

conceito às infrações penais que estejam enumeradas.

O critério judicial, diversamente, confere ao juiz ampla liberdade para, de

acordo, com as peculiaridades de cada situação em concreto, e a partir da sua

experiência, reconhecer ou não o caráter hediondo de uma dada infração penal.

Por fim, o critério misto, segundo o qual a lei disporia de forma exemplificativa

o rol dos crimes hediondos, sendo facultada ao juiz a possibilidade de extensão do

conceito a outras infrações penais não expressamente enumeradas.

O critério legal foi o adotado, até porque se mostra mais adequado e compatível

com a segurança jurídica nas relações humanas, impedindo que a obtenção do conceito

seja construída a partir de uma percepção excessivamente pessoal e subjetiva.

A Lei n.8072, de 25 de julho de 1990, regulamentou o citado dispositivo

constitucional, consagrando o critério legal na definição dos crimes hediondos a partir

da sua enumeração taxativa logo no art. 1º. Portanto, o rol desse artigo qualifica-se

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como numerus clausus. Posteriormente foram introduzidas alterações pelas Leis ns.

8930, de 6 de setembro de 1994, e 9695, de 20 de agosto de 1998.

Os crimes hediondos previstos no art.1º da Lei n. 8072/90 distinguem-se dos

denominados crimes assemelhados aos hediondos. Estes foram previstos expressamente

no texto constitucional, no art. 5º, e por essa razão, diferentemente dos crimes

hediondos, não podem ser suprimidos, nem sequer por emenda. Diversamente dos

hediondos, cuja definição é condicionada à edição de lei ordinária, nos crimes

assemelhados o tratamento constitucional mais severo tem aplicação imediata. Os

crimes hediondos, por sua vez, podem ser alterados pelo legislador ordinário, para

incluir ou excluir novas figuras penais, sempre que as conveniências de política criminal

assim determinarem.

Os três crimes assemelhados:

1º) Tortura: está definido na lei n.9455/97.

2º) Terrorismo: está tipificado no art.20 da Lei n.7170/83 (Lei de Segurança

Nacional), embora haja entendimento em sentido contrário. As condutas típicas são:

devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar,

depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por

inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de

organizações políticas clandestinas ou subversivas. A pena cominada é de três a dez

anos, podendo ser aumentada até o dobro se do fato resultar lesão grave, e até o triplo se

do fato resultar morte. O sujeito passivo desse crime é o estado, titular da segurança

nacional, bem jurídico tutelado. Importante salientar que configura o crime de lavagem

de dinheiro, definido na Lei n.9613/98, quando os bens, direitos ou valores ocultados ou

dissimulados forem provenientes, direta ou indiretamente, dentre outros crimes, do

terrorismo e seu financiamento (art. 1º, inciso II). Com efeito, ainda, tem-se o Decreto

n.3976, de 18 de outubro de 2001, que ratificou a Resolução n. 1373, de 2001, do

Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, e que dispõe acerca de

diversas providências relacionadas à prevenção e repressão ao crime de terrorismo.

3º) Tráfico de Entorpecentes: o art. 2º da Lei n. 8072/90, ao estender a sua

aplicação ao crime de tráfico ilícito de entorpecente, não se referiu expressamente à Lei

n. 6368/76, de modo que a sua incidência permanece com a nova Lei n. 11343/2006.

Esta trata especificamente do direito de apelar em liberdade, permitindo-o quando o réu

for primário e de bons antecedentes. A nova Lei de Tóxicos omite-se em relação à

possibilidade de progressão de regime, mas a Lei n. 11464/2007 modificou a Lei de

Page 3: Crimes Hediondos e Assemelhados. NOVO

5

Crimes Hediondos, dispondo que o tráfico ilícito de entorpecentes é agora suscetível de

liberdade provisória (art. 2º, Inciso II, da Lei n.8072/90), bem como de progressão de

regime após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se

reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei n. 8072/90).

Discussão bastante atual em relação à qualificação do crime como hediondo ou

assemelhado refere-se à possibilidade ou não de o juiz desclassificar o delito descrito na

denúncia por ocasião do seu recebimento, tendo em vista o tratamento mais rigoroso

deferido pela Lei n.8072/90. A resposta somente pode ser negativa, uma vez que a

desclassificação do crime apenas pode ocorrer por ocasião da prolação da sentença,

momento adequado para o juiz emitir juízo de valor ou de conhecimento aprofundado

sobre o fato do julgamento. A solução mais acertada ao julgador seria, por exemplo,

estando o denunciado preso, deferir-lhe a liberdade provisória por considerar ausentes

os pressupostos da prisão preventiva. Todavia, caso o juiz promova a desclassificação

prévia, sua decisão estará maculada de vício insanável, hipótese de nulidade absoluta.

Registre-se, finalmente, que os crimes hediondos não se confundem com o

conceito de crime organizado, que alcança os ilícitos penais praticados por quadrilha ou

bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo, nos termos do art. 1º

da Lei n. 9034, de 3 de maio de 1995. Para que reste configurada a organização

criminosa basta o cometimento de crimes de qualquer natureza, hediondos ou não.

2. ROL DOS CRIMES HEDIONDOS (LEI N. 8072/90, ART. 1º)

O art. 1º da Lei n.8072/90, com as alterações procedidas pela Lei n.8930/94

(incisos I a VII e parágrafo único) e pela Lei n. 9695/98 (que acrescentou o inciso VII-

B), considera hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n. 2848,

de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, consumados ou tentados:

I – Homicídio simples (art. 121), quando praticamente em atividade típica de grupo de

extermínio, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V).

A redação do inciso I permite concluir que tanto o homicídio simples como o

qualificado, tentado ou consumado, são considerados crimes hediondos.

a) Homicídio simples praticado em atividade típica de grupo de extermínio

O diferencial é que o homicídio simples somente será considerado hediondo se

praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só agente.

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Atividade típica de grupo de extermínio não equivale ao conceito de quadrilha ou bando

do art. 288 do CP. O art.29 do Código, ao dispor sobre concurso de pessoas, exige no

mínimo duas. O art. 35 da Lei n. 11343/2006, ao tratar da associação criminosa para o

tráfico de entorpecentes, exige no mínimo duas pessoas. Considerando que na hipótese

do grupo de extermínio não se faz qualquer alusão ao número mínimo de integrantes,

necessário concluir, a partir dos parâmetros citados, que tal grupo deve ter no mínimo

três pessoas, até para evitar qualquer confusão terminológica. Todavia para a

qualificação do crime como hediondo, basta que o homicídio tenha sido praticado por

uma única pessoa, muito embora tal situação seja logicamente defeituosa. Não se exige

igualmente qualquer motivação específica para a prática do crime, bastando o dolo de

matar. Eventual motivação específica pode acarretar a configuração do homicídio como

qualificado. É importante salientar que a prática do homicídio enquanto atividade típica

do grupo de extermínio não constitui circunstância elementar, nem tampouco

qualificadora do tipo ou mesmo agravante, de tal modo que a sua verificação fica ao

livre arbítrio do juiz, não devendo ser quesitada ao jurado. Além do mais, o

reconhecimento de tal circunstância tem como única conseqüência a incidência do

tratamento penal e processual mais severo disposto na Lei n. 8072/90.

b) Homicídio Qualificado

Nessa modalidade estão abrangidas todas as formas de homicídio qualificado,

dispostas nos incisos I a V do § 2º do art. 121 do CP. O homicídio privilegiado não é

considerado hediondo, dada a incompatibilidade existente entre o tratamento benigno do

CP e o rigor imposto pela Lei n. 8072/90. Assim, muito embora seja possível a

coexistência do privilégio do § 1º do art. 121 com as qualificadoras de caráter objetivo,

não será crime hediondo o homicídio privilegiado-qualificado, porque, segundo

entendimento majoritário, no concurso de circunstâncias de caráter subjetivo e objetivo,

prepondera o privilégio, nos termos do que dispõe o art. 67 do CP. O privilégio afasta a

hediondez do homicídio qualificado.

Finalmente, no tocante ao homicídio praticado por militar contra militar,

qualificado como crime militar nos termos do art. 250 do CPM, não é considerado

hediondo, porque não está previsto no art. 1º da Lei n. 8072/90.

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II – Latrocínio (art.157, § 3º, “in fine”)

A denominação “latrocínio” significa o crime de roubo qualificado pelo

resultado morte, produzido dolosa ou culposamente, e em razão da violência

empregada. Seja o latrocínio tentado, seja consumado, ambos são considerados

hediondos. Já o roubo qualificado pela lesão grave ou mesmo gravíssima não é

considerado crime hediondo.

III – Extorsão com resultado morte (art.158, § 2º).

A extorsão com resultado morte recebe o mesmo tratamento do crime de

latrocínio.

IV– Extorsão mediante sequestro (art.159, “caput” e §1º, 2º e 3º).

A extorsão mediante seqüestro, diferentemente dos crimes de roubo e de

extorsão, abrange todas as suas formas, quais sejam, as simples e as qualificadas.

V– Estupro (art.213 c/c art. 223. “caput” e parágrafo único).

VI– Atentado violento ao pudor (art.213 c/c art. 223. “caput” e parágrafo

único).

O estupro e o atentado violento ao pudor são considerados crimes hediondos

tanto na forma simples como na forma qualificada pela lesão grave e resultado morte

(STF, 2ª T., HC 77480-7, rel. Min. Carlos Velloso, j. 6-10-1998, DJU, 7-5-1999).

Já no que se refere ao estupro e ao atentado violento ao pudor praticados

mediante violência presumida, há dois entendimentos. O primeiro sustenta a

inexistência de crime hediondo, sob o fundamento de que a Lei n.8072/90 não faz

qualquer alusão ao disposto no art. 224 do CP (STF, 5ª T. REsp 274.203, rel. Min. Félix

Fischer, j. 7-11-2000, DJU, 7-11-2000).

O outro entendimento defende que a norma do art. 224 do CP, nas hipóteses de

estupro e atentado violento ao pudor praticado mediante violência presumida, atua como

norma de extensão, interferindo no processo de adequatação típica. Com efeito, ainda, é

evidente que tais crimes, seja os praticados com violência real, seja os praticados com

violência presumida, ostentam igual gravidade a ponto de merecerem o mesmo

tratamento rigoroso introduzido pela Lei n. 8072/90.

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VII – Epidemia com resultado morte (art.267, § 1º).

Somente o crime de epidemia doloso com resultado morte é que configura crime

hediondo, ficando afastada a hipótese do crime culposo, ainda que haja resultado morte.

VII-B – Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado

a fins terapêuticos ou medicinais (art.273 “caput” e § 1º, § 1º-A e § 1º-B).

Quanto à inovação introduzida pela Lei n. 9695/96, embora não haja referência

expressa, são igualmente consideradas hediondas todas as formas qualificadas previstas

no art. 285 do CP, que são mais graves, e certamente a sua exclusão seria de total

incoerência.

Parágrafo único. O crime de genocídio (art.1º, 2º e 3º “caput” da Lei n.

2889/56).

O crime de genocídio qualifica-se pela intenção daquele que pretende destruir,

no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial e religioso. A Lei n. 2889/56 não

somente o define no art. 1º, como igualmente pune a associação de mais de três pessoas

para sua prática (art. 2º) e aquele que incita, direta e publicamente, alguém a cometer os

delitos previstos no art. 1º (art. 3º).

Com efeito, ainda, o crime de genocídio foi também regulamentado pelo

Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, ratificado pelo Decreto Presidencial

n.4388, de 25 de setembro de 2002, anteriormente ratificado pelo Congresso Nacional

por meio do meio do Decreto Legislativo n. 112, de 6 de junho de 2002. A norma

internacional, vigente no ordenamento interno, dentre outras disposições, estabeleceu a

competência jurisdicional do Tribunal Penal Internacional (TPI) para o julgamento dos

crimes de genocídio contra a humanidade, de guerra e de agressão e definiu as

respectivas condutas penalmente relevantes. No entanto, a aplicação da norma

internacional orienta-se pelo princípio da complementaridade, o que, em outras

palavras, expressa o seu caráter subsidiário e supletivo em face da ordem interna.

Somente quando presentes os pressupostos do art.17 do Estatuto de Roma é que a

ordem interna cederá à internacional, inclusive no que se refere à norma material que

define o crime de genocídio.

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3. CONSEQUÊNCIAS PENAIS E PROCESSUAIS (LEI N. 8072/90,

ART 2º)

3.1. ANISTIA, GRAÇA E INDULTO.

O art. 2º, inciso I, veda a concessão de anistia, graça e indulto. Anistia e graça

foram mencionadas expressamente no inciso XLIII do art. 5º da CF, no entanto, esse

dispositivo não fez alusão ao indulto. Embora tal circunstância tenha feito com que

alguns doutrinadores questionassem a constitucionalidade de parte do inciso, a

orientação que acabou por prevalecer valeu-se do argumento segundo o qual a menção

ao instituto da graça abrange igualmente o instituto do indulto, os quais, por definição,

constituem atos de clemência concedidos pelo Presidente da República, nos termos do

art.84, inciso XII, da CF (STF, Pleno, HC 77528-0, rel. Min. Sydney Santos, j. 18-2-

1999, DJU, 22-10-1999).

3.2. FIANÇA E LIBERDADE PROVISÓRIA.

O art. 2º, inciso II, que proibia a concessão da fiança e liberdade provisória, foi

alterado pela Lei n.11464, de 28 de marca de 2007, sendo suprimida a vedação da

liberdade provisória e mantida a vedação da fiança.

Com relação à vedação da fiança, mais especificamente da liberdade provisória

com o pagamento de fiança, inexiste discussão a respeito, uma vez que a própria CF

expressamente consignou o caráter inafiançável dos crimes hediondos e assemelhados.

Além do mais, há de se reconhecer a perda de importância do instituto da fiança

no sistema processual brasileiro, tendo em vista o disposto no art. 310, parágrafo único,

do CPP, que autoriza a liberdade provisória quando ausentes os pressupostos da prisão

preventiva ou quando presente uma causa de justificação, seja o crime afiançável ou

inafiançável.

A supressão do texto do art. 2º, inciso II, da vedação da liberdade provisória,

pela Lei n. 11464/2007, soluciona o impasse e a discussão acima enunciada, deixando

sob a responsabilidade do juiz a verificação, em cada caso concreto, dos pressupostos da

prisão cautelar a fim de justificar a necessidade da manutenção da prisão ou o

deferimento da liberdade provisória. O juiz, todavia, não poderá perder de vista o fato

de que o legislador constitucional presumiu, nos crimes hediondos e assemelhados, que

a liberdade do agente implica maior risco aos interesses da persecução. É evidente que

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tal presunção não é absoluta, É a hipótese, por exemplo, do sujeito processado por crime

de homicídio qualificado, em que se constata a efetiva possibilidade de reconhecimento

da legítima defesa, ainda não plenamente comprovada a ponto de autorizar a absolvição

sumária.

O instituto do relaxamento da prisão não se confunde com a liberdade

provisória, uma vez que trabalha com a hipótese da ilegalidade da prisão, e não de

desnecessidade da custódia.

Com a Lei n.11464/2007, é de reconhecer a perda do objeto da Súmula 697 do

STF, que assim dispõe: “A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes

hediondos não veda o relaxamento de prisão processual por excesso de prazo”. Isso

porque, com a alteração do art. 2º, inciso II, da Lei n. 8072/90, não vigora a vedação da

liberdade provisória.

A nova redação do inciso II do art. 2º da Lei n. 8072/90, dada pela Lei n.

11464/2007, por ostentar conteúdo de natureza processual, interferindo na atividade

persecução, tem aplicação imediata, respeitada a validade dos atos anteriores praticados

de acordo com a antiga redação.

3.3. REGIME INICIALMENTE FECHADO E PROGRESSÃO DE REGIME

3.3.1. REGIME INICIALMENTE FECHADO

Nos termos do art. 2º, § 1º, com a alteração promovida pela Lei n. 11464, de 28

de março de 2007, a pena por crime hediondo ou assemelhado será cumprida

inicialmente em regime fechado.

A nova redação reproduz o texto do art. 1º, § 7º, da Lei n.9455/97, que

expressamente possibilitou a progressão de regime na hipótese de condenação por crime

de tortura.

É de reconhecer, outrossim, que a nova redação do art. 2º, § 1º, esvazia o verbete

da Súmula 698 do STF, que assim dispõe: “Não se estende aos demais crimes

hediondos a admissibilidade de progressão no regime de execução da pena aplicada ao

crime de tortura”.

Pela nova redação do art. 2º, § 1, será possível não somente a progressão de

regime prisional, mas também a concessão da suspensão condicional da pena, bem

como a substituição da pena privativa de liberdade por pena alternativa. Estaria, assim,

superado o entendimento anterior no sentido de que fundamento da inaplicabilidade de

ambos os institutos era a presumida ausência de mérito do condenado já haviam

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entendido pela compatibilidade da suspensão condicional da pena nos crimes

hediondos, sob o fundamento de que as normas restritivas de direitos devem ser

interpretadas de forma teleológica. Tal decisão partiu da premissa de que a Lei n.

8072/90 não faz qualquer restrição expressa à vedação do sursis (DJ, 26-11-2004).

3.3.2. PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL

De acordo com a nova redação do art. 2º, § 2º, a progressão de regime pressupõe

o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se o apenado for

reincidente.

Em primeiro lugar é de considerar que a progressão não ocorre de forma

automática pelo simples atendimento do critério objetivo do tempo de cumprimento. Na

realidade, o princípio da individualização da pena pressupõe o tratamento apropriado

em cada caso concreto. Isso significa dizer que a responsabilidade na aferição do mérito

necessário à progressão, principalmente no que se refere à autodisciplina exigida para o

pleno exercício do direito de liberdade, transfere-se para o juiz, que deverá, por assim

dizer, motivar as suas decisões tanto na hipótese de deferimento como na de

indeferimento da progressão.

Em segundo lugar, diferentemente do que se verifica no livramento condicional,

para fins de progressão, qualquer hipótese de reincidência, específica ou não, conduz à

necessidade de cumprimento de 3/5 da pena para legitimar o pedido.

3.3.3. LEI PENAL NO TEMPO

A nova redação dada aos §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei n. 8072/90, pela Lei n.

11464/2007, é de conteúdo material, na medida em que incide sobre a execução da

pena, e, por ser mais benéfica ao réu, deverá retroagir para alcançar os fatos anteriores à

sua entrada em vigor.

Tanto o juízo do processo de conhecimento deverá atentar para a exigência do

regime integralmente fechado como o juízo do processo de execução para a

possibilidade de progressão de regime.

Contudo, é de ponderar que naqueles casos em que a progressão de regime

houver sido deferida segundo as regras da Lei de Execução Penal, por serem mais

benéficas ao sentenciado, não haverá retroatividade da lei nova.

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3.4. DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE

O art. 2º, § 3º, remunerado pela Lei n. 11464, de 28 de março de 2007, concede

ao juiz a possibilidade de permitir ou não ao réu o direito de apelar em liberdade. Trata-

se de modalidade de liberdade provisória deferida por ocasião da decisão de mérito, em

razão da não necessidade da prisão. Essa regra está em consonância com o CPP,

porquanto o acompanhamento do processo estando o réu preso é sempre um fato

excepcional.

Em outras palavras, a regra do processo penal brasileiro é a de que o réu

responde ao processo em liberdade e somente o fará preso se estiverem presentes os

requisitos da prisão preventiva, ou seja, quando a custódia cautelar mostrar-se

necessária. De acordo com essa regra, a situação do réu primário e de bons antecedentes

deixa de constituir um fator determinante na aferição do direito de apelar em liberdade.

Assim, mesmo que primário, poderá ter negado o direito de apelar em liberdade, ou,

ainda que reincidente e portador de péssimos antecedente, poderá ter deferido o direito

de apelar em liberdade.

Na hipótese do réu que se encontra preso durante a instrução há uma presunção

relativa de maior risco que a sua liberdade representaria; da mesma forma, quando se

encontra solto, a presunção de menor risco.

Seja pela concessão do direito de apelar em liberdade, seja pela negação, a

decisão há de ser fundamentada para permitir o controle por meio do recurso ou das

ações autônomas de impugnação (habeas corpus e mandado de segurança). Não basta,

assim, a simples alusão aos dispositivos legais; é necessário um mínimo esforço

argumentativo por parte do juiz.

3.5. PRISÃO TEMPORÁRIA

O art. 2º, § 4º, renumerado pela Lei n. 11464, de 28 de março de 2007, dilatou o

tempo da prisão temporária previsto na Lei n. 7960/89, elevando-o de 5 para até 30 dias,

podendo ser prorrogado por igual prazo em caso de extrema e comprovada necessidade,

e por uma única vez somente. Lembre-se que o prazo renovado não tem a sua duração

vinculada a prazo inicialmente fixado, ou seja, se o prazo inicial era de 2 dias, nada

impede que prazo prorrogado seja de 15 dias, por exemplo, desde que a decisão seja

fundamentada. O prazo da prisão temporária não deve ser computado no período de

instrução criminal, uma vez que é fixado para investigações policiais, durante a

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tramitação do inquérito policial, nada tendo que ver com a instrução do processo

criminal. Logo, a duração máxima do inquérito policial seria de 30 ou até de 60 dias.

3.6. ESTABELECIMENTOS PENAIS (Lei n. 8072/90, art. 3º)

De acordo com o art. 3º, “A União manterá estabelecimentos penais, de

segurança máxima, destinados ao cumprimento das penas impostas a condenados de alta

periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou

incolumidade pública”.

O art. 86, § 1º, da LEP foi alterado pela Lei n. 10792, de 1º de dezembro de

2003, e passou a ter a seguinte redação: “A União Federal poderá construir

estabelecimento penal em local distante da condenação para recolher os condenados,

quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio

condenado”.

A remoção do condenado para cumprimento da pena em outro Estado da

Federação constitui medida de caráter judicial, devendo-se observar o devido processo

legal e suas derivações, e tendo como conseqüência o deslocamento da competência do

Juízo da Execução.

3.7. LIVRAMENTO CONDICIONAL (Lei n. 8072/90, art. 5º)

O art.5º alterou o art. 83 do CP introduzindo dois novos requisitos para

concessão do livramento condicional: cumprimento de 2/3 da pena (não se altera a

fração se o réu for reincidente) e vedação de concessão do benefício ao reincidente

específico. Têm-se assim um novo requisito de natureza objetiva e outro de natureza

subjetiva.

Quanto ao conceito de reincidência específica, há duas teorias a respeito:

restritiva e ampliativa. Para a teoria restritiva, específico é apenas o reincidente em

crime previsto no mesmo tipo legal, dentro da Lei n. 8072/90. Já para a teoria

ampliativa, que é a adotada, o reincidente específico é aquele que, após ter sido

condenado definitivamente pela prática de crime hediondo ou assemelhado, vem, no

prazo do art. 64, inciso I, do CP, a cometer novo crime hediondo ou assemelhado, não

havendo necessidade de que o segundo delito seja da mesma espécie que o primeiro.

Ressalte-se que a condenação anterior transitada em julgado deve referir-se a fatos

qualificados como crime hediondo ou assemelhado cometido após a entrada em vigor da

Lei n. 8072/90.

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Em suma, predomina a orientação de que a reincidência específica ocorrerá

quando as condenações versarem sobre quaisquer crimes hediondos ou assemelhados

(interpretação ampliativa).

3.8. PENA (Lei n. 8072/90, art. 6º)

Tiveram a pena alterada os crimes previstos nos seguintes artigos do CP:

a) Art. 157, § 3º, in fine: se resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa.

b) Art. 159, caput: pena – reclusão, de 8 a 15 anos.

§ 1º pena – reclusão, de 12 a 20 anos.

§ 2º pena – reclusão, de 16 a 24 anos.

§ 3º pena – reclusão, de 24 a 30 anos.

c) Art. 213: pena – reclusão, de 6 a 10 anos.

d) Art. 214: pena – reclusão, de 6 a 10 anos.

e) Art. 223, caput: pena – reclusão, de 8 a 12 anos.

Parágrafo único: pena – reclusão, de 12 a 25 anos

f) Art. 267: pena – reclusão, de 10 a 15 anos.

g) Art. 270: pena – reclusão, de 10 a 15 anos.

É de ressaltar que o legislador omitiu-se ao não cominar a pena de multa ao

crime de extorsão mediante seqüestro, o que implica abolitio poena.

No que se refere ao crime do art. 267, a pena da figura simples, que não é

considerada crime hediondo, foi aumentada. Na realidade somente é crime hediondo a

hipótese do art. 267, § 1º.

Finalmente, o crime do art. 270, embora não seja mais considerado hediondo por

conta da Lei n. 8930/94, teve igualmente a sua pena aumentada.

Quanto ao crime de genocídio, a pena aplicável será a do art. 8º da Lei 8072/90,

e não a prevista no art. 2º da Lei n. 2889/56, que trata da associação de mais de três

pessoas para o fim de cometer qualquer das modalidades de genocídio.

3.9. DELAÇÃO PREMIADA (CP art. 159, § 4º, e Lei n. 8072/90, art. 8º, parágrafo

único)

3.9.1. NATUREZA JURÍDICA DA DELAÇÃO PREMIADA

A delação consiste na colaboração por parte dos investigados ou acusados com a

autoridade policial, judicial ou com o Ministério Público nas investigações ou em

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processos criminais, visando não somente a efetividade da persecução criminal, mas

possibilitando igualmente o reconhecimento de benefício ao delator. A natureza jurídica

da delação premiada pode ser subdividida em dois aspectos. Em primeiro lugar, a

delação premiada possui natureza probatória, seja porque seu conteúdo é um elemento

de convicção, seja porque auxilia a atividade de persecução na identificação de

coautores e partícipes, na localização e libertação das vítimas seqüestradas, na

apreensão de produtos e proveitos da infração penal. Em segundo lugar, a natureza da

delação premiada deve ser igualmente analisada sob a ótica dos efeitos que acarreta,

notadamente quando se mostra efetiva. Nesse caso, poderá constituir causa de redução

de pena ou hipótese de perdão judicial, dependendo do nível de colaboração prestada.

3.9.2. PREVISÃO LEGAL

a) O art. 7º da Lei n. 8072/90 introduziu no art. 159 do CP o § 4º, segundo o qual

o coautor ou partícipe que prestar informações à autoridade que propiciem a libertação

do seqüestrado será beneficiado com uma redução de pena de 1 a 2/3. É a denominada

delação premiada.

Tal redução tem como fator determinante a maior ou menor colaboração do

agente para a libertação do seqüestrado, além da eficiência gerada pela informação

fornecida.

Outrossim, é necessário para a aplicação do benefício que o crime de extorsão

mediante seqüestro seja cometido em concurso de agentes. A adequação da redação do

dispositivo em estudo foi proporcionada pela Lei n. 9269, de 2 de abril de 1996.

Em suma, para a aplicação do instituto devem coexistir os seguintes requisitos:

Cometimento de crime de extorsão mediante seqüestro por duas ou mais

pessoas;

Delação feita por um dos concorrentes à autoridade, que pode ser policial, juiz e

membro do Ministério Público;

Eficácia da delação, traduzida na libertação do seqüestrado.

b) o parágrafo único do art. 8º estabeleceu que o participante e o associado que

denunciar a autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá

a pena reduzida de um a 2/3. Tal redução incidirá exclusivamente sobre a pena do crime

de quadrilha ou bando, não se estendendo ao eventual delito inicialmente visado e

cometido pelo integrante da quadrilha.

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Portanto, para a aplicação do instituto devem estar presentes os seguintes

requisitos:

Existência de uma quadrilha ou bando formada para a prática de crimes

hediondos, terrorismo, tráfico ou tortura;

Delação da existência da quadrilha a autoridade por um dos seus integrantes;

Eficácia da delação, traduzida no desmantelamento da quadrilha ou bando.

3.9.3. MOMENTO PROCESSUAL

Questão importante refere-se ao momento da persecução criminal mais

adequado para a ultimação da delação premiada. A legislação nada dispõe a respeito.

Uma primeira solução seria admitir a possibilidade da delação a qualquer momento,

desde que se reconheça a sua utilidade. O juízo competente para o seu reconhecimento

seria o do processo de conhecimento, porque ele, melhor do que ninguém, pode avaliar

a efetividade da delação, ainda que o delator já esteja cumprido pena. Outra solução

seria restringir a delação ao término do processo de conhecimento, e o fundamento de

tal entendimento seria exatamente o resguardo da segurança jurídica, evitando a

barganha por parte dos sentenciados

3.10. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (Lei n. 8072/90, art. 9º)

O art.9º prescreve o aumento de metade da pena para os crimes previstos nos

arts. 157, § 3º, in fine, 158, § 2º, 159, caput e §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput, e sua

combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do CP, quando a vítima se

enquadrar em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 do CP (quando a vítima não

for maior de 14 anos, quando for alienada ou débil mental ou não puder resistir à prática

do crime por outra razão qualquer). Punem-se mais severamente os crimes cometidos

nessas circunstâncias, na medida em que o agente se vale de uma posição de presumida

vulnerabilidade ostentada pela vítima. Não há que falar em ofensa ao princípio da

individualização da pena, uma vez que a introdução de causas de aumento constitui

manifestação legítima da competência legislativa deferida constitucionalmente ao

legislador ordinário (TJSP, AC 117327-3/1, rel. Des. Denser de Sá).

Dispõe ainda no art. 9º que o juiz, ao proceder ao aumento, respeitará, na

sentença, o limite de 30 anos. Em função desse limite, sustentou-se a

inconstitucionalidade do art. 9º, por afronta ao princípio da individualização da pena.

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Tal dispositivo não se confunde com o art. 75 do CP, que não permite a permanência no

cárcere por mais de 30 anos, não impedindo, todavia, no caso de concurso de crimes,

que a pena ultrapasse tal patamar. É o que ocorre, por exemplo, com o art. 157, § 3º, isto

é, desde que aplicado o aumento estudado, a pena será de 30 anos.

Quanto ao crime do art. 159, § 1º, do CP, a causa de aumento do art. 9º não será

aplicada se a vítima for menor de 14 anos, porque o citado dispositivo do CP prevê uma

pena agravada na hipótese de a vítima ser menor de 18. anos.

4. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO

A Lei n. 8072/90, ao conferir um tratamento mais severo aos crimes hediondos e

assemelhados, observando o sentido do art. 5º, XLIII, da CF, o fez a partir de normas de

direito material e processual. A Lei dos Crimes Hediondos é por definição uma norma

de caráter híbrido, já que contempla em seu conteúdo disposições de natureza material e

formal.

Bem se sabe que a lei penal, no tocante à sua aplicação no tempo, orienta-se

segundo regras distintas da lei processual. Enquanto a primeira rege-se pela

irretroatividade em relação aos fatos anteriores à sua vigência, salvo quando para

beneficiar o réu, a lei processual tem aplicação imediata, sendo irrelevante se o fato

objeto da persecução é ou não anterior à sua entrada em vigor, mas desde que não haja

coisa julgada ou o ato processual considerado esteja acobertado pelo fenômeno da

preclusão.

5. CONCLUSÃO

Ao abordarmos a questão da constitucionalidade da vedação de cumprimento da

pena de forma progressiva pelos condenados pela prática de crime hediondo ou

assemelhado, verificamos que o legislador, movido pelo sentimento de maior retaliação

a esses crimes, cometeu algumas falhas técnicas ao redigir a Lei 8.072/90, resultando

em interpretações diversas e contraditórias acerca da validade jurídica do seu conteúdo.

Em análise ao texto legal é possível concluirmos que se trata de uma lei que não atingiu

o objetivo pretendido, seja por contradizer dispositivos em vigor, seja por causar um

descompasso no sistema jurídico-penal brasileiro e ir de encontro a princípios

fundamentais constitucionais relacionados à pena, como sua individualização,

proporcionalidade e humanidade.

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Observamos que a Lei 8.072/90 precisa se adequar às regras e doutrinas penais

de forma a resolver questões sobre sua constitucionalidade, em razão da sua

controvertida aceitação.

Por fim, concluímos este breve estudo com a certeza de que o regime

integralmente fechado para os condenados por crimes hediondos afronta os princípios

constitucionais, e que o fato dos Tribunais Superiores terem se manifestado no sentido

da sua constitucionalidade, não significa que os estudiosos e aplicadores do direito

tenham que desistir da luta pela defesa da inconstitucionalidade da vedação do

cumprimento da pena de forma progressiva.

6. BIBLIOGRAFIA

Código Penal Brasileiro. Decreto-lei nº. 2.848, de 07 de Dezembro de 1940.

19ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2004.

LEAL, João José. Crimes hediondos: aspectos político-jurídicos da Lei nº

8.072/90. São Paulo: Atlas, 1996.

MORAES, Alexandre de; Smanio, Gianpaolo Poggio. Legislação Penal

Especial.8ª ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 58

Barbosa, Edno Luciano. Iniciação ao Direito Penal: Parte Geral, São Paulo:

Saraiva, 2000.

Barros, Carmen Silvia de Moraes. A individualização da pena na execução

penal – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

Bemfica, Thaís Vani. Crimes Hediondos e Assemelhados: Questões

Polêmicas. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1998.

Prado, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro – parte geral. 2º ed. rev.,

atual. e ampl. – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

Zaffaroni, Eugênio Raul. Em busca das penas perdidas: a perda da

legitimidade do sistema penal; tradução Vânia Romano Pedrosa, Amir Lopez da

Conceição. Rio de Janeiro: Renan, 1991 - 4º ed., junho de 1999.