crianças em instituições de acolhimento e alternativas · glenn milesé o facilitador da...

68
DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO Boa prática para pessoas que trabalham com crianças Crianças em Instituições de Acolhimento e Alternativas DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO: VOLUME 5 Glenn Miles – Assessor para Crianças em Situação de Risco, Camboja Paul Stephenson – Assessor de Desenvolvimento Infantil, Tearfund Fiona Anderson – Escritora Freelance EDITORA AUTORES AH, UM ÓRFÃO! P

Upload: trinhtuyen

Post on 12-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCOBoa práticapara pessoas

que trabalhamcom crianças

Crianças em Instituiçõesde Acolhimento eAlternativas

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO: VOLUME 5

Glenn Miles – Assessor para Crianças em Situação de Risco, CambojaPaul Stephenson – Assessor de Desenvolvimento Infantil, Tearfund

Fiona Anderson – Escritora FreelanceEDITORA

AUTORES

AH, UM ÓRFÃO!

P

2

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

ConteúdoPrefácio 4

SEÇÃO 1: Introdução 5O que são famílias? 7

Quem são os órfãos? 8

O que são instituições de acolhimento? 9

Que tipo de crianças estão em instituições de acolhimento? 11

Quais são as alternativas para as instituições de acolhimento? 14

SEÇÃO 2: Estrutura para a Boa Prática 171 Desenvolvendo relacionamentos 19

2 Responsabilidades dos pais 19

3 Trabalhando em níveis diferentes 19

4 Identificando necessidades e prioridades 20

5 Participação das crianças 22

6 Crianças no contexto 23

7 Defesa de direitos 25

8 Indicadores sensíveis às necessidades da criança 28

SEÇÃO 3: Estudos de Casos 29Rainbow Home, Christian Care for Children with Disabilities, Tailândia 32

Associação Educacional e Beneficente Vale da Benção, Brasil 35

Eglise Trinité Internationale, Burundi 38

3

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Igreja Inkuru Nziza, Ruanda 42

Home of Joy, Christian Growth Ministries, Filipinas 45

Lar para Meninos Dar El Awlad, Líbano 49

SEÇÃO 4: A Ferramenta de Questionamento Reflexivo 53

SEÇÃO 5: Referências e Recursos 61O que ler 63

Com quem entrar em contato 66

Como encomendar 68

A Tearfund UK gostaria de agradecer à Laing Trust, por seu apoio financeiro generosopara este projeto, e às seguintes pessoas, por lerem e fazerem comentários sobre a primeiraversão deste trabalho:Jonathan Baddock, Near East Home, LíbanoHenry Bell, Near East Home, LíbanoKate Bristow – Equipe de Desenvolvimento de Programas, TearfundGraham Fawcet, Psicólogo, YWAM, Reino UnidoJonathan Fisher, Conselho Administrativo da Tearfund/Departamento de Serviços Sociais,Reino Unido

Flor Jaotjot, Christian Growth Ministries, FilipinasMeg Lindsay, Centre for Residential Child Care, Reino UnidoRose Mukankaka, AMU, RuandaSheila Melot, Editora FreelanceMick Pease, Serviços Sociais de LeedsLea Peters, ETI, BurundiPatrick Phillips, Assessor, BESO, Coordenador Superior de Serviços Sociais, Reino UnidoRachel Poulton, Funcionária Internacional, Laos, ex-ZaireJohn Stamp, Departamento de Serviços Sociais, Reino UnidoSilas Tostes, Vale da Benção, BrasilGundelina Velazio, Psicóloga, FilipinasIan de Villiers, Viva NetworkAdrian Watkins, Intermission, Índia/EMA, Reino UnidoKeith White, Childcare NetworkDan Young, Lam/Viva Network

AGRADECIMENTOS

4

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

PrefácioQuais são os princípios da boa prática na área do Desenvolvimento Infantil,e como eles podem ser implementados? Esta série estabelece os princípiosbásicos da Política para o Desenvolvimento Infantil da Tearfund, procurando,então, aplicá-los em contextos diferentes. Aqui, no Volume 5, examinamoscrianças em instituições de acolhimento e algumas das alternativas existentes.Recomendamos que esta estrutura seja utilizada juntamente com osMateriais de Estudo Sobre o Desenvolvimento Infantil da Tearfund (paraobter informações sobre como encomendá-los, consulte a última página).Este estudo resultou de uma ampla pesquisa de campo e diálogo, tendosido revisado por uma variedade de especialistas e profissionais. Os autoresesperam e oram para que você o considere útil e prático e para que eleajude a todos que trabalham com crianças a mudarem as vidas delas paramelhor.

Glenn Miles e Paul Stephenson

Janeiro de 2001

GLENN MILES é o Facilitador da Tearfund para Crianças em Situação de Risco para oCamboja e trabalha com o desenvolvimento de parcerias com organizações, treinamentoe pesquisa com crianças em situação de risco. Ele pesquisou a exploração sexual na Índia,em Sri Lanka e na Tailândia, possui mais de dez anos de experiência em saúde e bem-estar infantil, com enfoque no sul e no sudeste da Ásia, e tem duas filhas.

PAUL STEPHENSON trabalha, atualmente, como Assessor de Desenvolvimento Infantil daTearfund. Ele possui sete anos de experiência em desenvolvimento e assistência na AméricaLatina, na África, na Ásia e na Europa Oriental e trabalhou na área de educação,desenvolvimento comunitário e avaliação de programas.

Os materiais de aprendizagem e os estudos de casos da Tearfund podem ser adaptados ereproduzidos para utilização, desde que sejam distribuídos gratuitamente. Tanto aTearfund quanto os autores relevantes devem ser mencionados integralmente nosmateriais.

Direitos autorais

Nota sobreos autores

NOTA Os termos Primeiro e Terceiro Mundo e países desenvolvidos e em desenvolvimento foram usados de maneira intercambiadapor todo o texto, como termos comumente aceitos para países industrializados e países em desenvolvimento.

5V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCOBoa práticapara pessoas

que trabalhamcom crianças

SEÇÃO 1

Introdução

ConteúdoO que são famílias? 7

Quem são os órfãos? 8

O que são instituições de acolhimento? 9

Que tipo de crianças estão em instituições de acolhimento? 11

Quais são as alternativas para as instituições de acolhimento? 14

6

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

7

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Introdução

O QUE SÃO FAMÍLIAS?A família significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Como ela é definida dependeráda visão do mundo, dos antecedentes e da experiência.

As estruturas da família interdependente extensa que aparecem em grande parte da narrativabíblica são muito mais semelhantes às famílias rurais nos países em desenvolvimento doque à família nuclear fragmentada da Europa e da América do Norte. As famílias hebraicasdo Velho Testamento eram agrupadas em casas. Estas casas eram unidas por casamento eparentesco, formando clãs; vários clãs constituíam uma tribo, e a confederação de tribosformava Israel. Um lar hebraico interdependente consistia de cinqüenta a cem pessoas.

No Novo Testamento, Paulo descreve a igreja como uma família. A igreja, em seusprimórdios, encontrava-se em lares. As pessoas batizadas, de acordo com Paulo, foramadotadas por Deus (Romanos 8:15-17, Gálatas 3:26-4:6). Os seus irmãos são os outroscristãos. A sua herança é a comunidade de crentes (Marco 10:28-31). Mas, embora afamília tivesse precedência sobre todos os outros relacionamentos, ela não era fechada ouintrospectiva. A hospitalidade era oferecida aos parentes próximos, assim como aos distantes.A igreja do Novo Testamento deveria chegar aos gentios e a todas as pessoas, até mesmoos inimigos.

A estrutura da família dos tempos modernos, tanto nos países mais desenvolvidos, quantonos países em desenvolvimento, podem variar consideravelmente. Como cristãos, devemoster cuidado para não julgarmos uma família pela sua aparência e considerá-la “inadequada”,sem considerarmos qual é a essência de uma família. Os relacionamentos, ao invés daestrutura, têm um impacto muito maior na capacidade das crianças de crescer espiritual,emocional e socialmente.1

Deus criou o relacionamento do casamento como aliança, para que o casal pudesse produziro “fruto”, que são as crianças. Estas crianças podem, então, receber a aceitação e o amorincondicional individual através de relacionamentos entre adulto e criança. Isto é retratadona estória do filho pródigo, a qual reflete o amor incondicional do pai celestial. No contextodeste amor incondicional, as crianças podem ser criadas para amar a Deus e servir aosoutros.

Como seres “caídos”, nossa atuação parental é geralmente inadequada. Contudo, as criançassão, freqüentemente, capazes de se recuperar. Apesar de todas as suas falhas, o relacionamentocom o pai/a mãe/o responsável pelo cuidado da criança pode sustentá-la e nutri-la,ajudando-a a crescer.

1

1 Katz (1997).

A família significacoisas diferentespara pessoasdiferentes.

8

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Nem todas as crianças, entretanto, possuem capacidade de recuperação suficiente paraarcar com o comportamento familiar prejudicial ao extremo. Algumas podem ficarpsicologicamente, ou mesmo fisicamente traumatizadas como resultado, podendo ter deser retiradas do seu ambiente familiar. Em um número pequeno de casos, as crianças podemnão ser capazes de viver num lar familiar. Assim, até mesmo as famílias substitutas podemnão ser adequadas.

Veja: Diretrizes para Crianças em Risco 1: Crianças e o Desmembramento Familiar, paraobter uma análise maior da família.

QUEM SÃO OS ÓRFÃOS?As escrituras mencionam especificamente as necessidades das viúvas e dos órfãos. Tanto oNovo quanto o Velho Testamentos falam das responsabilidades em relação aos órfãos eaos que não têm pai. Deus é visto como o defensor dos que não têm pai (Deuteronômio10:18, Salmos 10:14, 68:5, Jeremias 49:11, Oséias 14:3) e a comunidade da aliança éincentivada a ter compaixão por eles (Êxodo 22:27). Os israelitas eram extremamenteincentivados a ajudar os órfãos e recebê-los em suas famílias (Jó 29:12, 31:17). A igreja,em seus primórdios, deu continuação a esta preocupação pelos órfãos, expressa em Tiago1:27, em que uma religião “pura e impecável” é caracterizada por aqueles que “visitam osórfãos e as viúvas”.

Histórica e geograficamente, até mesmo sob circunstâncias extremamente difíceis, a maioriadas crianças “órfãos” são acolhidas pelas suas famílias extensas, por mais tênue que seja orelacionamento, e também por outras famílias na comunidade, sem o envolvimento dequalquer agente externo.

Porém, à medida que os valores religiosos e culturais sucumbem – e isso ocorreprincipalmente no ambiente urbano – as pessoas podem ficar mais relutantes em adotaras crianças. Isso foi provado em uma pesquisa realizada na Tailândia pela Christian Careof Children with Disabilities (CCD), veja a SEÇÃO 3, e a Handicap International. Certasculturas podem achar que se desenvolveram de tal forma que a adoção não é mais umaestratégia viável. Entretanto, outras pessoas acreditam que sempre haverá famílias dispostasa adotar crianças e servir de famílias substitutas para elas. Se a sociedade secular for lentapara fazer isso, os cristãos devem tomar a iniciativa, desafiando as atitudes e esforçando-separa assegurar que as crianças encontrem famílias.2

2 Pease (1998) e Poulton (1995).

Historicamente, amaioria dascrianças “orfãos”são acolhidaspelas suasfamílias extensas,e também poroutras famílias nacomunidade.

9

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

O QUE SÃO AS INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO?As instituições de acolhimento podem ser definidas como “um arranjo de vida em grupopara crianças, em que o acolhimento é remunerado e realizado por adultos que não seriamconsiderados os responsáveis pelo cuidado tradicionais na sociedade mais ampla”.3

Entretanto, esta definição tem sido criticada, porque algumas instituições usam pessoasauto-remuneradas encarregadas, e outras, como os monastérios (por exemplo, os monastériosbudistas no sudeste da Ásia) são consideradas como locais de acolhimento tradicionais.4

“Acolhimento em grupo por parte de pessoas que, geralmente, não são familiares” é,portanto, uma definição alternativa.5

Do ponto de vista de um jovem, as instituições de acolhimento poderiam ser descritascomo um local em que se é cuidado “longe de casa, por pessoas que não são os (seus)pais”.6

Se as instituições de acolhimento significam um local onde se é acolhido por pessoas quegeralmente não são familiares, e se acreditamos que a essência da família é a nutrição e aaceitação incondicional das crianças por parte dos adultos num relacionamento entre adultoe criança individual, podemos ver que as instituições de acolhimento podem não sercapazes de oferecer isso. Na verdade, quanto maior e mais institucional for a instituiçãode acolhimento, menores serão as chances de que haja tal nutrição individual e aceitaçãoincondicional. O sistema de assitentes-chaves, que assegura que cada criança tenha alguémque seja responsável por ela, procura, até certo ponto, prevenir um sistema impessoal.Designando-se um assistente para cada criança, muitas das necessidades de cuidadosbásicos podem ser verificadas e atendidas com regularidade. Mas isso é suficiente?

Algumas instituições de acolhimento são administradas por grupos de adultos preocupadose comprometidos com as crianças e oferecem um ambiente familiar em que há aceitaçãoincondicional e apoio individual. Pode-se argumentar que este tipo de acolhimento é dointeresse superior das crianças, quando não houver nenhuma alternativa: por exemplo,crianças em ambientes familiares abusivos ou destrutivos, ou que não conseguemacomodar-se numa pequena família substituta.

É, portanto, demasiadamente simplista dizer que as crianças nunca deveriam ser colocadasem instituições de acolhimento e que deveriam permanecer sempre com o pai/a mãe ouambos. Entretanto, não é fácil dizer quando uma criança deveria ser retirada de sua famíliae em que estágio um centro de acolhimento seria adequado. Ao agir-se no interesse superiorda criança, deve-se considerar tudo, desde questões de como retirar uma criança dafamília, a existência de alternativas, até os desejos da própria criança.

3 Tolfree (1995).

4 Phillips (1997).

5 Ibid.

6 Ward (1997).

As instituições deacolhimentorepresentam umacolhimento emgrupo por partede pessoas que,geralmente, nãosão familiares.

10

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Algumas instituições de acolhimento, principalmente os chamados “orfanatos” nos paísesem desenvolvimento, admitem uma grande variedade de crianças cujos pais acham quenão têm condições de sustentá-las. O perigo está nas crianças serem mandadas paraorfanatos, quando seria melhor que as famílias recebessem o apoio de que necessitam,para que as crianças permanecessem com elas.

Os pais precisam saber que o sustento financeiro não é tãoimportante quanto o relacionamento afetivo que podem oferecerà criança. Este não pode ser oferecido tão facilmente numainstituição. Também pode ser necessário que lhes seja apresentadauma alternativa para a idéia de que a instituição de acolhimentoé melhor para, por exemplo, uma criança deficiente, quandopode não ser. Em algumas sociedades, pode ser culturalmenteinaceitável que os pais e as mães sem companheiros (seja qual fora razão) cuidem das crianças, quando, com apoio, isso talvezfosse possível. As pessoas que trabalham com crianças precisamestar cientes de que as comunidades não podem ser julgadascomo um todo, e as crianças não deveriam ser tiradas de seus paissem uma séria consideração de cada caso individual.

Os líderes de projetos também precisam ver que o acolhimento temporário das criançaspode ser tudo de que uma família precisa para reaver sua capacidade de se recuperar elidar com as enormes dificuldades que, muitas vezes, enfrentam.

Alguns orfanatos foram iniciados em países em desenvolvimento, muitas vezes em nomede Cristo, porque os funcionários acham que as crianças en masse (como um grupo, aoinvés de caso por caso) devem ser retiradas de ambientes prejudiciais e destrutivos ouperversos, e não apenas porque sejam pobres. Acredita-se que é melhor para as criançasque sejam retiradas e criadas num ambiente cristão. O problema com este ponto de vistaé que é necessária uma decisão subjetiva e eticamente questionável, que julgue tanto afamília quanto a comunidade: como sedecide que crianças precisam ser socorridas,e por quê? Isso também pode fazer comque se perca a oportunidade de setransformar tanto os indivíduosquanto as comunidades, com maisbenefícios a longo prazo para ascrianças. Poderia acabar sendo umaforma de optar por deixar-se oengajamento direto no evangelismoe no serviço prático na comunidade.

Seria melhor se asfamílias carentesrecebessem oapoio de quenecessitam paraque a criançapermanecessecom elas.

AH, UM ÓRFÃO!

APOIOFÍSICO

APOIO

EMOCIONAL

SAÚDE

EDUCAÇÃO

11

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

QUE TIPO DE CRIANÇAS ESTÃO EM INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO?

Com a maior incidência de HIV/AIDS (SIDA), algumas comunidades têm-se sentidoincapazes de lidar com os grandes números de crianças órfãs e acolhê-las. Além disso,muitos tipos diferentes de crianças ainda estão sendo abandonadas (por exemplo, criançascom deficiências físicas e mentais, HIV+, meninas em países em que os dotes são altosdemais ou em que são promovidas as famílias com um só filho).

■ Crianças deficientes em muitos países e, historicamente, na Europa e nos Estados Unidos têm sido

institucionalizadas, ao invés de serem mantidas em casa (veja Diretrizes para Crianças em Risco 3:

Crianças e a Deficiência).

■ Infratores juvenis – prisões e reformatórios fazem parte do sistema penal para crianças. A detenção

pode ser arbitrária e por períodos de tempo indefinidos, em que as crianças não possuem nenhum

recurso à assistência legal.

■ Crianças com problemas de comportamento ou com comportamento socialmente inaceitável,

como, por exemplo, viciados em drogas e adolescentes grávidas.

■ Crianças de rua e jovens desabrigados, colocados ou forçados a entrarem nas instituições, a fim de

serem salvos e protegidos do abuso sexual, da prostituição, das drogas, de tornarem-se ou serem

delinqüentes.

■ Crianças e bebês com HIV/AIDS (SIDA) (com ou sem as mães) rejeitados pelas famílias e comunidades.

■ Filhos de pais com AIDS e outras doenças crônicas e/ou mentais, demasiadamente doentes ou

deficientes para cuidar deles.

■ Filhos de abusadores de substâncias.

■ Filhos de pais que estão na cadeia, que podem ou não estar na cadeia com eles.

■ Filhos de pais que estão desaparecidos, seja qual for o motivo.

■ Crianças desacompanhadas, órfãs ou semi-órfãs devido a guerras, desastres naturais, acidentes ou

morte, inclusive lares chefiados por crianças.

■ Crianças-soldados, que são órfãs, deficientes e/ou traumatizadas (veja Diretrizes para Crianças em

Risco 6: Crianças em Conflito e Guerra).

■ Filhos de pais divorciados e de famílias desmembradas, em que o pai/a mãe sem companheiro não

tem condições de lidar com a situação financeira e possui pouco ou nenhum apoio (veja Diretrizes

para Crianças em Risco 1: Crianças e o Desmembramento Familiar).

■ Filhos de pais que não conseguem lidar com a situação e os abandonaram ou rejeitaram, ou que

são considerados pobres demais para cuidar deles.

■ Crianças que não teriam uma boa educação, se não estivessem em internatos e instituições de

educação que oferecem moradia, tais como casas de residência para estudantes em cidades na Ásia

Meridional para crianças pobres de povoados.

■ Crianças especialmente selecionadas para uma educação exclusiva ou de elite.

12

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Esta é apenas uma visão geral das instituições de acolhimento. Um estudo completo teriade examinar detalhadamente questões como:

■ os maus-tratos de crianças em instituições, inclusive o abuso sexual e físico

■ a busca dos pais e das famílias de crianças que foram separadas

■ os direitos legais infantis e o direito à herança após a morte dos pais

■ os lares chefiados por crianças

■ a adoção local e as famílias substitutas

■ a adoção intercultural e internacional, a qual pode resultar em raptos de bebês para avenda ou, no mínimo, no abandono de crianças que poderiam ser mais bem cuidadaspor seus pais biológicos

■ o apadrinhamento de crianças em suas comunidades como uma abordagem preventiva

■ o espaçamento entre os nascimentos dos filhos e o planejamento familiar como formade prevenção de filhos não desejados

■ a “preservação familiar” e o papel da igreja no apoio, no incentivo e na educação parafamílias quanto às responsabilidades familiares

■ e o processo da desinstitucionalização.

Vários projetos de instituições de acolhimento receberam financiamento nos primeirosanos de existência da Tearfund. Entretanto, a Política de Desenvolvimento Infantil daTearfund (1997) recomenda, agora, que os “orfanatos” não recebam nenhum financiamento,devido à preocupação quanto aos possíveis impactos negativos sobre as crianças e ainsustentabilidade do acolhimento institucionalizado.

Entretanto, simplesmente não apoiando os “orfanatos” deixamos de enfrentar a questão.As instituições de acolhimento têm freqüentemente caracterizado o trabalho de beneficênciacristão por todo o mundo, causando impacto na vida de milhares de crianças. A Tearfund,portanto, deseja contribuir com o processo de conscientizar as pessoas sobre a reforma,promovendo abordagens alternativas para as instituições de acolhimento e definindodiretrizes para uma prática “satisfatória” nestas instituições, quando não houver nenhumaalternativa imediata.

Um “orfanato” significa acolhimento apenas de crianças sem pais. Contudo, é raro encontrarcrianças sem pais ou família extensa. As crianças “desacompanhadas” são muito maiscomuns, separadas dos pais e da família no meio da guerra e do conflito.

A Tearfund geralmente só apóia o acolhimento a longo prazo nessas instituições, quandohá evidência de que as alternativas foram adequadamente exploradas e, se o envolvimentodos pais é limitado ou inexistente, quando há um compromisso com relacionamentosincondicionais entre adulto e criança com, pelo menos, um adulto para cada criança. Istogeralmente ocorre em pequenos centros, ao invés das grandes instituições.

A posiçãoda Tearfund

13

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

A Tearfund considera a possibilidade de apoiar ONGs cristãs e igrejas em parceria com,por exemplo, instituições administradas pelo estado, em que há evidência de negligência.Nestas situações, a Tearfund procura:

■ um enfoque na reforma tanto da política de previdência social do governo quanto dasinstituições de acolhimento através de pesquisa, treinamento, defesa de direitos eprogramas-pilotos

■ uma ênfase da ONG, missão ou igreja nos relacionamentos, na mudança do sistema,ao invés de culpar os funcionários, no incentivo e no apoio aos funcionários e emoferecer bons exemplos

■ uma abertura para a aprendizagem e a mudança entre os funcionários da instituiçãoem todos os níveis, a fim de assegurar uma abordagem de “desenvolvimento”; umcompromisso da missão, ONG ou igreja para trabalhar com os funcionários de maneiraparticipatória e não contra eles, identificando os pontos fortes assim como os fracos;um reconhecimento de que a mudança pode ser tanto boa quanto ruim ou dolorosa

■ um acordo de que a instituição mantenha o mesmo nível de apoio financeiro no inícioe no final de um acordo; os custos de capital não devem ser satisfeitos pelo programa

■ um compromisso com o trabalho em rede e a prestação de contas tanto da missão,ONG ou igreja quanto da instituição

■ o desenvolvimento de metas claras e uma estratégia de saída do programa para amissão, ONG ou igreja.

Na realidade, a implementação da boa ou da melhor prática com a cooperação de todosos interessados no centro de acolhimento está longe de ser simples. Não é fácil lidar coma resistência dos funcionários à mudança. Aumentar a compreensão, mudar as atitudesdos funcionários e diminuir as pressuposições, medos e inseguranças que, caso contrário,obstruiriam a mudança, tudo isso faz parte do processo.

Também é necessário distinguir entre o atendimento “satisfatório” e a “boa” ou “melhor”prática.7 Como um projeto passa de um atendimento prejudicial ou inadequado para umatendimento “satisfatório” é tão importante no desenvolvimento do projeto quanto do“atendimento satisfatório” para a “melhor” prática. Os diferentes ambientes sociais, culturaise históricos podem resultar num processopara os países em desenvolvimentodiferente do processo para ospaíses ocidentais, mesmo queos princípios básicos sejamos mesmos. Por exemplo,pode haver um período deexecução diferente para amudança.

Trabalhando ladoa lado com as

instituiçõesestatais

7 Adrian Watkins de Intermission, Índia/atualmente EMA, Reino Unido.

14

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

QUAIS SÃO AS ALTERNATIVAS PARA ASINSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO?A Tearfund prefere apoiar alternativas com base na comunidade e usar a defesa de direitospara resolver as causas fundamentais. Os esquemas de apoio especificamente criados paradesenvolver alternativas para as instituições de acolhimento adequados seriam esquemasque:

■ pesquisam os antecedentes das crianças em instituições de acolhimento numa basecomunitária, visando desenvolver alternativas para as crianças já nas instituições

■ desenvolvem respostas alternativas para as que estão em risco de serem colocadas eminstituições de acolhimento.

Alguns desses programas podem não parecer ter relação com as instituições de acolhimento.Por exemplo, uma campanha de defesa de direitos para abolir o sistema de dotes outorná-lo mais financeiramente viável para as famílias, teria um impacto enorme nas famíliasque, caso contrário, teriam de abandonar suas crianças ou mesmo apelar para o infanticídio.Um programa de espaçamento entre os nascimentos poderia ajudar as famílias a termenos filhos e ajudá-las a arcar com o tamanho menor de suas famílias. Um programa dedesenvolvimento integrado poderia fortalecer a capacidade da comunidade de acolher ascrianças que, caso contrário, seriam abandonadas, através, por exemplo, do aumento dosrecursos das famílias vulneráveis. Outros programas poderiam ser mais especificamentepreventivos, enfocando os tipos de crianças que seriam, caso contrário, admitidas.

Famíliassubstitutas

Atendimento com basena comunidade

Pausa paradescanso

Há outras opções além dos orfanatos?

BEM-VINDOS

ORFANATO ALEGRIA GRÁTISEXAMES DE SAÚDEEDUCAÇÃORECREIO

CENTROS DIURNOS

15

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ Educação parental para adultos e adolescentes com uma base bíblica (veja Diretrizes para Crianças em

Risco 1: Crianças e o Desmembramento Familiar) tanto fora quanto dentro da igreja.

■ Programas de busca de pessoas, para reunificar famílias que foram separadas em épocas de guerra e

desastre (veja Diretrizes para Crianças em Risco 6: Crianças em Conflito e Guerra), ou em que as crianças

foram, devido à má orientação, separadas de seus pais “para o seu próprio bem”, como, por exemplo,

crianças deficientes (veja Diretrizes para Crianças em Risco 3: Crianças e a Deficiência).

■ Programas de reabilitação com base na comunidade, para ajudar as crianças deficientes a permanecer

na comunidade (veja Diretrizes para Crianças em Risco 3: Crianças e a Deficiência).

■ Programas de assistência social com base na comunidade, para ajudar as crianças em risco de sofrer

abuso físico a permanecer com seus pais, enquanto estes recebem apoio (veja Diretrizes para Crianças

em Risco 1: Crianças e o Desmembramento Familiar).

■ Programas com base na comunidade que apóiam lares chefiados por crianças, em que as crianças

órfãs podem continuar a viver juntas e receber treinamento, aconselhamento e defesa de direitos,

como, por exemplo, direitos à terra, herança (veja Diretrizes para Crianças em Risco 6: Crianças em

Conflito e Guerra).

■ Centros diurnos e abrigos noturnos para pais que trabalham, para ajudá-los a trabalhar e ganhar dinheiro

suficiente para sustentar suas famílias.

■ Desenvolvimento de escolas informais nos povoados e programas de alfabetização, para permitir que

as crianças sejam educadas “em casa”, ao invés de terem de viver em casas de residência para

estudantes nas cidades.

■ Reforma das leis que regem as prisões e os centros juvenis, para assegurar que as crianças

(principalmente as que cometeram pequenas infrações) não sejam colocadas numa instituição e que

seja tomada uma medida alternativa, tal como o serviço comunitário.

■ Programas comunitários de reabilitação de drogas, que podem ou não incluir programas de curta

duração de semi-internação, para que os viciados passem pelo processo de interrupção.

■ Medidas para adoção e famílias substitutas que se enquadrem com a cultura em particular. Na maioria

dos casos é importante que as colocações sejam adequadas à cultura e etnia na medida do possível.

Por outro lado, pode ser bom que os cristão optem por adotar crianças de origens étnicas não

populares, crianças deficientes ou que sofreram abuso sexual, para mostrar compaixão numa

comunidade hostil.

■ Assitência temporária, para proporcionar um denscanso para os pais e as crianças, a fim de permitir

que a criança permaneça com a família a longo prazo.

■ Centros informais a curto prazo para crianças de rua.

PROGRAMAS

PREVENTIVOS

16

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

A Food for the Hungry International desenvolveu um conceito chamado ChildWINS(Childcare WithIn Natural Social Systems – Atendimento à Criança Dentro de SistemasSociais Naturais). Este é baseado na filosofia de que as necessidades físicas, psicológicas,sociais e emocionais de uma criança são melhor atendidas através do cuidado dentro deuma família, ao invés de uma instituição. Ele enfatiza a prevenção do abandono atravésdo apoio constante às famílias vulneráveis e, após a separação, da procura dos familiares eda reunificação. Ele promove e apóia tanto as famílias substitutas espontâneas, quanto asdesignadas.

A FHI acredita que não deveria haver nenhum lucro financeiro ou material para as famíliassubstitutas, pois isso poderia afetar os seus motivos, o que não seria do interesse superiorda criança. A assistência material deve restringir-se, portanto, ao que é adequado paracobrir as necessidades da criança (por exemplo, uma ração de alimento extra na situaçãode um refugiado). As opiniões das crianças quanto a onde devem viver devem ser semprelevadas em consideração. Uma descrição detalhada do programa pode ser obtida atravésda FHI. São utilizados quatro modelos, dependendo do tipo de situação: situação derefugiado grave, situação de refugiado crônica, deslocamento interno ou desastre natural(Poulton, 1995).

17V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCOBoa práticapara pessoas

que trabalhamcom crianças

SEÇÃO 2

Estrutura para a Boa Prática

ConteúdoPrincípio 1 Desenvolvendo relacionamentos 19

Princípio 2 Responsabilidades dos pais 19

Princípio 3 Trabalhando em níveis diferentes 19

Princípio 4 Identificando necessidades e prioridades 20

Princípio 5 Participação das crianças 22

Princípio 6 Crianças no contexto 23

Princípio 7 Defesa de direitos 25

Princípio 8 Indicadores sensíveis às necessidades da criança 28

18

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

19

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Estrutura para a Boa PráticaNesta seção, examinamos como as Diretrizes para Crianças em Risco emgeral podem ser aplicadas às crianças em instituições de acolhimento.

PRINCÍPIO 1 DESENVOLVENDO RELACIONAMENTOS

1.1 Deve-se dar prioridade para o desenvolvimento de relacionamentos –com a criança, a família, a comunidade, a organização ou instituição eentre as agências.

■ Quando o acolhimento em instituição a longo prazo for provável e o envolvimento dospais for improvável ou inconstante, devem-se explorar diferentes maneiras de desenvolverrelacionamentos consistentes incondicionais e de apoio entre adulto e criança paraserem postos em prática. Entretanto, são necessários limites cuidadosos e supervisãodos funcionários. Isto não serve apenas para prevenir o abuso, mas, também, paraprecaver-se contra situações em que as necessidades emocionais dos funcionáriosconfundam-se com as da criança – por exemplo, um dos funcionários confundindoseu próprio medo da separação e da perda com o da criança, evitando que a criançamude para um acolhimento alternativo ou retorne para os pais naturais.

PRINCÍPIO 2 RESPONSABILIDADES DOS PAIS

2.1 As responsabilidades dos pais em relação às crianças devem serincentivadas, assim como o desenvolvimento de uma comunidadeinteressada e adequada à criança.

■ Quando as crianças são separadas de seus pais, procurar encontrá-los erestaurar os relacionamentos deve ser a prioridade sempre que possível.

■ Deve-se procurar trabalhar com os pais e responsáveis cujas crianças estão em instituiçõesde acolhimento ou que estão em risco de perdê-las ou entregá-las para o acolhimento.

PRINCÍPIO 3 TRABALHANDO EM NÍVEIS DIFERENTES

3.1 Deve haver uma conscientização a respeito do nível que o programa está enfocando, porém sem que se excluam os outros níveis.

• Individual • Mesmo grupo social

• Familiar • Organizacional/Institucional • Comunitário

• Nacional • Políticas/Político • Espiritual

2

QUENÍVEL?

20

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

PRINCÍPIO 4 IDENTIFICANDO NECESSIDADES E PRIORIDADES

4.1 As necessidades das crianças (e dos pais) devem ser identificadas.Isto inclui escutar as crianças e os pais e envolvê-los.

4.2 Os funcionários devem ter experiência e treinamento na comunicaçãocom as crianças e suas famílias e na participação infantil.

4.3 Deve haver uma conscientização dos aspectos espirituais, físicos,mentais, emocionais e sociais do desenvolvimento infantil (inclusive os aspectoseducacionais/vocacionais).

Crianças

■ Os critérios de admissão devem ser claros e por escrito. Somente as crianças que seenquadrarem nos critérios devem ser admitidas. A situação deve ser analisada, com ainstituição de acolhimento sendo uma de várias opções e, de preferência, a última.Talvez seja possível ter-se um sistema em que as crianças sejam acolhidas por umafamília substituta “de emergência”, para que haja uma pausa para se avaliar a situaçãoe explorar opções. Se uma criança for admitida em uma instituição de acolhimentoimediatamente, ela pode acabar permanecendo nela, mesmo que não seja adequado.Esta aceitação imediata pode, também, oferecer um incentivo maior para as famílias aponto de desmembramento para abandonarem as crianças aos cuidados dasinstituições de acolhimento.8

■ Todas as dimensões do desenvolvimento infantil (física, espiritual, mental, emocionale social) devem ser levadas em consideração e não apenas um único aspecto, como adeficiência, o abuso sexual ou a falta de um lar. Devem-se oferecer brincadeiras adequadaspara o desenvolvimento, educação e outras formas de estímulo, uma dieta boa, saúde ecuidados espirituais.

■ As crianças em instituições de acolhimento podem precisar de atenção especial comsuas necessidades psicológicas relacionadas com o motivo de sua admissão e/ou a perdae a separação que sofreram.

■ Cada criança deve ter o seu próprio plano de atendimento, o qual deve estar sujeito auma revisão oficial, sistemática e periódica, com a contribuição dos pais (se possível) ede outras crianças.

■ Deve haver uma tentativa de assegurar-se que haja relacionamentos entre adulto ecriança constantes, que evitem as transferências das crianças de um local para outro.

8 Poulton (1995).

21

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Família

■ Deve haver medidas ativas para envolver e prestar contas aos pais, à família e a outrosresponsáveis sempre que possível. As crianças devem ser separadas de seus pais ouresponsáveis principais somente quando for absolutamente necessário. A importânciada família deve ser valorizada.

■ As necessidades da família devem ser atendidas. Devem-se explorar medidas preventivaspara manter as crianças fora do acolhimento institucional.

■ Nos casos em que as crianças foram separadas dos pais, como na guerra, a busca dafamília deve ter alta prioridade, para minimizar o trauma da separação.

Comunidade

■ Devem-se enfatizar as iniciativas para criar um elo com a comunidade local e asociedade mais ampla desde o início, a fim de permitir que as crianças consigam sairdo acolhimento institucionalizado.

Centro de acolhimento

■ Deve haver uma declaração por escrito da proposta e da função.

■ Deve haver medidas para prevenir que a institucionalização se torne uma soluçãopermanente.

■ O centro deve ter recursos adequados para satisfazer as necessidades das crianças e dosfuncionários tanto a curto quanto a longo prazo.

■ Os funcionários devem prestar contas de suas ações. Deve haver uma série de critériospara o recrutamento e a seleção de funcionários.

■ Deve haver uma inspeção periódica das instalações e do procedimento dos funcionários.

■ Deve haver uma supervisão oficial periódica, e os gerentes do centro devem ser treinadosem supervisão.

■ Deve haver planos de desenvolvimento pessoal de funcionários e treinamento.

■ Deve haver um processo sistemático de planejamento do acolhimento, que siga o ciclode Avaliação, Planejamento, Implementação e Revisão.

22

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

PRINCÍPIO 5 PARTICIPAÇÃO DAS CRIANÇAS

5.1 As capacidades e as necessidades das crianças devem ser levadas emconsideração.

■ Estas devem ser avaliadas levando-se em consideração o lado positivo,e não somente o negativo: as capacidades, ao invés das deficiências ouincapacidades; a capacidade de se recuperar após mudanças e traumas, assim como avulnerabilidade. Não deve haver preconceito baseado em sexo, idade, quem são ospais, etnia, classe social ou casta, religião ou deficiência.

5.2 Os adultos devem colaborar com as crianças, de acordo com sua idade e capacidade,individualmente e coletivamente no programa, em aspectos que as afetam.

■ As crianças devem ser envolvidas em colaboração com os adultos nas decisões queprovavelmente afetarão sua vida diária ou seu futuro e no desenvolvimento do projetocomo um todo. Deve-se criar um espaço para as crianças compartilharem seus pontosde vista e serem escutadas pelos adultos. As crianças devem sentir que o que estãodizendo será confidencial, exceto em circunstâncias excepcionais, em que suas vidasestejam em perigo. Cada criança deve ter alguém com quem ela possa falar abertamente,que seja praticamente desvinculado da instituição de acolhimento. Muitas vezes, ascrianças podem sentir-se intimidadas para falar abertamente na presença dos funcionários(por melhor que seja o atendimento). Elas podem precisar expressar seus sentimentosatravés de brincadeiras, desenho, dramatização ou música e, se possível, estes meiosdevem ser postos à sua disposição.

■ As crianças devem ter um espaço psicológico e sentir que podem reclamar, se estivereminsatisfeitas com qualquer aspecto do atendimento.

■ Deve-se proporcionar treinamento durante o trabalho para os funcionários em comose comunicar com as crianças e suas famílias, facilitando a sua participação, e como servoltado à criança, ao invés de voltado à tarefa. Num clima em que as instituições deacolhimento não forem populares, é importante que os funcionários sintam que sãovalorizados. O treinamento é uma forma de demonstrar isso.

■ As crianças devem ter a oportunidade de aprender habilidades de cidadania, queproporcionem auto-confiança e um direcionamento para o futuro: tomada de decisões,responsabilidade por atividades dentro da instituição, diminuição da dependência nainstituição.

■ Os relacionamentos entre as crianças devem ser incentivados, a fim de promover oapoio entre elas, o qual pode proporcionar relacionamentos consistentes do tipo existenteentre “irmãos” (nem sempre possível com adultos), para o seu próprio bem e para queelas possam participar de forma cooperativa. Em alguns casos, pode ser adequado ouso de esquemas de aconselhamento de criança para criança.

■ Cada criança deve possuir uma área física que possa ser identificada como sua (roupas,armário individual).

23

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ Idealisticamente, os pontos de vista das crianças sobre a administração do centrodevem ser expressos em reuniões periódicas com elas, facilitadas e apoiadas pelosfuncionários, mas presidias pelas crianças.

■ Deve haver um sistema de monitorização e uma política para opressores.

PRINCÍPIO 6 CRIANÇAS NO CONTEXTO

6.1 As crianças devem ser consideradas no contexto social, político ehistórico de sua comunidade.

6.2 Os pais, os responsáveis pelo cuidado da criança e as famílias devemser envolvidos e influenciados.

6.3 A comunidade das crianças deve ser envolvida e influenciada.

6.4 Devem ser criados vínculos (redes) com outras organizações locais, nacionais e internacionais,inclusive de outros setores.

6.5 O contexto cultural e religioso da criança, da família e da comunidade deve ser levado emconsideração.

Crianças

■ As regras institucionais devem fazer sentido para as crianças e devem ser escritas numalinguagem que elas compreendam. As crianças devem ser informadas abertamente sobreseus direitos. O controle deve ser firme, mas benévolo.

■ Devem ser tomadas medidas para proteger as crianças de todas as formas de violênciafísica ou mental, danos ou negligência, inclusive abuso sexual.

■ Deve haver mecanismos internos e externos para a investigação de alegações relacionadascom os direitos das crianças. Todos os funcionários devem saber o que fazer, seperceberem ou forem informados de uma possível evidência de abuso.

■ Devem ser oferecidas oportunidades de treinamento profissionalizante realista, assimcomo em habilidades para a vida, para que as crianças possam reintegrar-se na sociedade,ao chegarem à idade adulta. Outras formas de preparo podem ser como lidar comproblemas práticos, tais como o pagamento de contas e como encontrar moradia.Pode ser necessário manter contato e apoio contínuos durante algum tempo, depoisque elas deixarem a instituição de acolhimento.

Família

■ Deve haver interação e prestação de contas com os pais, a família e os responsáveis. O objetivo é reintegrar a criança sempre que possível.

■ Deve haver uma compreensão do contexto cultural, religioso e sub-cultural da famíliae da comunidade. Às vezes, pode ser necessário desafiar preconceitos, como, por exemplo,contra a deficiência, as minorias étnicas, crianças ilegítimas ou crianças de rua. Issopode ser feito através da educação e oferecendo-se um bom exemplo de atendimento.

24

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Comunidade

■ Deve haver interação e prestação de contas com a comunidade local. Para evitar oisolamento, por exemplo, as crianças podem freqüentar a escola e a igreja locais, aoinvés de permanecerem na instituição para estas atividades.

■ Deve-se estar ciente das condições das crianças locais, ao estabelecer-se o nível materialdo atendimento. No entanto, existem padrões mínimos de higiene, dieta, recreação eeducação.

■ A origem tribal, a capacidade lingüística e/ou a identidade étnica das crianças devemser reconhecidas como importantes e mantidas sempre que possível.

■ Deve-se estar ciente das abordagens tradicionais de famílias substitutas e adoção, seestas existirem na comunidade. Quando as estratégias existentes forem eficazes noacolhimento de crianças, pode-se trabalhar com elas. Às vezes, é possível e viávelintroduzir um modelo cristão de atendimento, se isso mantiver a criança dentro dafamília e evitar as instituições de acolhimento. Estas estratégias devem ser cuidadosamentemonitoradas, no entanto, para assegurar a segurança e o bem-estar da criança.

■ Deve-se estar ciente das formas em que cada cultura tradicionalmente arca com o númeroexcessivo de filhos e das formas em que as abordagens tradicionais e não tradicionaisdo planejamento familiar e dos cuidados com a criança podem ser incentivadas.9

Centro de acolhimento

■ O centro de acolhimento deve ser pequeno e possuir funcionários suficientes para sercapaz de oferecer bons relacionamentos entre adulto e criança.10 Os índices defuncionários/criança devem ser periodicamente reconsiderados. O centro deve servoltado à criança e não à instituição.

■ Deve haver uma administração eficaz e um bom apoio voltado aos relacionamentospara os funcionários.

■ Os funcionários devem ser examinados antes de entrarem para a instituição.

■ Deve haver redes com outras agências e organizações – tais como com assistentessociais, pessoas encarregadas de procurar os familiares, escolas, postos de saúde, igrejas,advogados – a fim de satisfazer as necessidades de desenvolvimento da criança.

9 Quando não há recursos suficientes para criar um bebê ou uma criança, qual é a maneira tradicional de lidar-se com a situação?“Explorar a criança como um recurso, até mesmo vender a criança; abandonar a criança; dar a criança para uma família substituta;amamentar os filhos de outras mulheres; oblação (ofertas a instituições religiosas); reduzir a reprodução em geral; reduzir oinvestimento parental em certas crianças” (Hardy, 1992, pg. 413–414, citado por Phillips, 1997, pg. 19–20).

10 Isso pode incluir assegurar que os irmãos permaneçam juntos, que haja uma mescla de ambos os sexo e idades e uma figura“parental”. Deve-se procurar, também, incentivar estas unidades para que realizem atividades “familiares” – comer juntos,brincar, tarefas domésticas, etc.

25

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ Os departamentos de saúde locais ou as ONGs envolvidas no atendimento à saúde nacomunidade devem ser incentivados a promover o espaçamento entre os nascimentosdas crianças.

■ Deve haver uma prestação de contas externa com uma organização experiente, quecompartilhe experiência, informações, contatos e dê opiniões: tanto positivas, quantonegativas.

■ Deve haver medidas para assegurar que o centro esteja em condições boas e seguras.Devem ser tomadas medidas para assegurar que as crianças estejam seguras em relaçãoa incêndios e outros perigos.

Políticas

■ A política governamental para o planejamento familiar e a previdência social para ospobres devem ser reconsideradas e incentivadas, se necessário.

PRINCÍPIO 7 DEFESA DE DIREITOS

7.1 Deve-se realizar lobby e interceder em nome das crianças e suasfamílias a nível local, nacional ou internacional.

7.2 Os funcionários do programa devem estar cientes da importância daConvenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas e de outrasquestões e convenções de direitos humanos.

7.3 Os obstáculos que se opões à defesa de direitos devem ser compreendidos e enfrentados.

7.4 Deve haver diálogo com os pais e os responsáveis pelo cuidado da criança, para que elespossam tomar decisões sábias e representar suas famílias.

7.5 Deve haver diálogo com as crianças para que, dependendo de sua idade e capacidade, elaspossam tomar decisões sábias e falar por si próprias e pelas outras crianças.

7.6 Deve haver uma conscientização da base bíblica do ministério e da importância da oração.

■ Quando necessário, deve haver lobby pelos direitos legais infantis. Estes direitos podemincluir direitos à herança da criança ou da viúva e o direito a um julgamento justopara infratores e delinqüentes.

■ Os pais, a família e os responsáveis devem ser incentivados a estarem cientes de seusdireitos, para que possam tomar decisões sábias quanto ao futuro com ou em nomedas crianças. Eles devem ser informados quanto ao que devem fazer, se quiseremreclamar.

26

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ As causas fundamentais da institucionalização devem ser resolvidas. Devem-seprocurar oportunidades para participar de redes e parcerias com outras ONGs, a fimde oferecer abordagens com base na comunidade para prevenir o abuso, o abandono eo desmembramento familiar. Podem-se levantar questões através das redes de defesa dedireito de ONGs.

■ Os funcionários devem estar cientes da base bíblica do seu ministério (veja os Materiaisde Estudo).

■ A igreja deve ser encorajada a atender as necessidades físicas e espirituais das crianças efamílias, inclusive as que estão em crise, através da oração e da ação, tais como as famíliassubstitutas, visitas, lobby com o governo e trabalho com a mídia, para informar opúblico.

■ A igreja deve estar ciente das questões relacionadas com as práticas do acolhimentoinstitucional. O papel da igreja de manter e estabelecer instituições de acolhimentopode precisar ser desafiado. Devem-se avaliar alternativas, tais como as famíliassubstitutas.

■ Os funcionários das instituições já estabelecidas, mesmo as cristãs, podem achar difícilconsiderar alternativas, devido ao seu interesse velado em manter a instituição emfuncionamento. Todas as instituições devem, portanto, ser constantemente desafiadasa justificarem sua existência e considerar alternativas.

■ Pode-se usar uma boa política para o controle de ingresso – o processo em que as criançassão selecionadas, de maneira que apenas as que se enquadrarem nos critérios de seleçãosejam admitidas no programa – e o atendimento nas instituições de acolhimento, parainfluenciar outras pessoas a nível local, nacional e político.

■ Deve-se compreender a Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas esuas implicações para as instituições de acolhimento a nível institucional, local enacional.11

■ Deve-se compreender outras convenções internacionais relevantes, quando apropriado,tais como a Convenção de Haia Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação emMatéria de Adoção Internacional (1993).

11 O texto da CDC das Nações Unidas pode ser obtida através da Comissão para os Direitos Humanos das Nações Unidas e daUNICEF.

27

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

O princípio orientador da Convenção é o “interesse superior da criança” (Artigo 3). Os pais têm o dever de

garantir a criação e o desenvolvimento das crianças, e a sociedade tem o dever de criar “condições nas

quais as crianças possam desenvolver suas potencialidades completas e esperar ter uma vida adulta completa

e gratificante.” Entretanto, deve-se reconhecer que escutar os pontos de vista das crianças pode, às vezes,

entrar em conflito com “o interesse superior”, quando os seus pontos de vista forem diferentes dos

pontos de vista dos adultos.

Artigo 9: A criança não deve ser separada de seus pais contra a vontade destes, salvo se as autoridades

competentes decidirem, sem prejuízo de revisão judicial e de harmonia com a legislação e o

processo aplicáveis, que essa separação é necessária no interesse superior da criança.

Artigo 9:3: Os Estados Partes respeitam o direito da criança separada de um ou de ambos os seus pais

de manter regularmente relações pessoais e contatos diretos com ambos, salvo se tal se

mostrar contrário ao “interesse superior da criança”. No espírito da Convenção, deve-se dar

preferência sempre à família, ao invés de instituições de acolhimento com internação, a não

ser que haja uma razão séria para não o fazer.

Artigo 19: Os Estados Partes devem tomar todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e

educativas adequadas à proteção da criança contra todas as formas de violência física ou

mental, dano ou sevícia, abandono ou tratamento negligente; maus tratos ou exploração,

incluindo a violência sexual, enquanto se encontrar sob a guarda de seus pais ou de um deles,

dos representantes legais ou de qualquer outra pessoa a cuja guarda haja sido confiada. Nem

a instituição nem qualquer outra arranjo alternativo devem privar a criança do direito permanecer

em contato com seus pais.

Artigo 20: A criança temporária ou definitivamente privada de seu ambiente familiar ou que, no seu

interesse superior, não possa ser deixada em tal ambiente tem direito à proteção e assistência

especiais do Estado. Ao considerar tais soluções, importa atender devidamente à necessidade

de assegurar continuidade à educação da criança, bem como à sua origem étnica, religiosa,

cultural e lingüística.

CONVENÇÃO SOBRE OS

DIREITOS DA CRIANÇA

DAS NAÇÕES UNIDAS

■ Para as organizações cristãs, o Artigo 20 levanta questões importantes. Desde há muito tempo, tem

havido uma percepção de que algumas organizações eclesiásticas “forçam” as crianças a tornarem-se

cristãs. Este é um verdadeiro problema. Como podemos proteger os direitos da criança ao “respeito a

sua origem religiosa” e, ainda assim, ajudá-la a responder ao evangelho? Como reagimos ao direito de

uma criança a praticar sua própria religião, se o preferir? Quais serão as conseqüências da aceitação

das crianças em sua comunidade, por exemplo, se, sendo muçulmanas, elas se converterem em cristãs?

Não há respostas fáceis. Os funcionários que genuinamente servem a Deus não conseguirão esconder

a sua fé, mas como eles podem oferecer seu testemunho às crianças, de maneira que elas não se

sintam pressionadas a tornarem-se cristãs simplesmente para agradar?

■ No final, as crianças terão de fazer escolhas quanto a isso, assim como fazem com tudo a que são

expostas, da mesma forma que um filho ou filha criados numa família cristã faz. Muitas crianças criadas

em instituições religiosas viraram as costas, ao invés de abraçar o evangelho, por serem “forçadas” a

freqüentarem a igreja, etc. As demonstrações práticas de fé e compaixão são mais eficazes para conduzir

as crianças a Deus.

O DIREITO DE

ESCOLHER EM

QUE ACREDITAR

28

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

PRINCÍPIO 8 INDICADORES SENSÍVEIS ÀSNECESSIDADES DA CRIANÇA

8.1 O impacto do trabalho nas crianças e suas famílias deve sermedido tanto qualitativamente como quantitativamente.

8.2 Os indicadores devem mostrar de que maneira o programa tem impacto nas vidas e no meioambiente das crianças (por idade e sexo) e suas famílias.

8.3 Os pais, os responsáveis pelo cuidado das crianças e as próprias crianças (de acordo comsua idade e capacidade) devem ser envolvidos na avaliação da criança e do atendimentoprestado.

8.4 O programa deve refletir e utilizar os resultados dos levantamentos do impacto.

■ A medição do impacto do atendimento na criança deve ser dividido por idade e sexo.As crianças acolhidas e as que já saíram da instituição devem ser envolvidas no processode monitorização e avaliação.

■ A instituição deve desenvolver indicadores qualitativos e quantitativos para avaliar odesenvolvimento social, emocional, intelectual, espiritual e físico das crianças.

■ Os líderes dos projetos, juntamente com os pais e as crianças, devem ser capazes deavaliar o atendimento prestado e considerar as necessidades da família, especialmenteantes de enviar as crianças de volta para ela ou para a comunidade.

■ O planejamento estruturado do acolhimento deve ser EMARP: Específico, Mensurável,Alcançável, Realista, e dentro de um Prazo.

■ As instituições de acolhimento devem ser atuantes ao lidarem com as necessidadesinfantis, e não simplesmente reativas, dando continuidade a avaliações periódicas dacolocação. Deve-se decidir sobre um programa claro com a criança e a família noinício e realizá-lo durante a colocação.

As instituições deacolhimento não sãoapenas um “localpara armazenamento”,mas, sim, uma formada criança curar-sedo passado, usufruiro presente e ansiarpelo futuro.Meg Lindsay, Centre forResidential Child Care

29V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCOBoa práticapara pessoas

que trabalhamcom crianças

SEÇÃO 3

Estudos de Casos

ConteúdosRainbow Home, Christian Care for Children with Disabilities, Tailândia 32

Associação Educacional e Beneficente Vale da Benção, Brasil 35

Eglise Trinité Internationale, Burundi 38

Igreja Inkuru Nziza, Ruanda 42

Home of Joy, Christian Growth Ministries, Filipinas 45

Lar para Meninos Dar El Awlad, Líbano 49

30

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

31

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Estudos de CasosEstes estudos de casos abrangem um grande variedade de programas que trabalham como desmembramento familiar e o apoio. A maior parte dos estudos foram escritos pelosfuncionários dos programas que trabalham no campo, aumentando, assim, a suaautenticidade. Os programas não são considerados “ideais”, mas cada um deles ofereceexemplos da boa prática que contribuem com o processo de aprendizagem. Ao invés deexaminar todos, talvez você queira selecionar os estudos de casos que sejam mais semelhantesao seu programa e, então, um ou dois outros que proporcionem uma perspectiva diferente.Cada estudo de caso enfoca dois ou três princípios descritos na SEÇÃO 2, com algunsprincípios em comum. As questões para reflexão no final de cada estudo de caso oferecemuma oportunidade para que você considere o seu próprio programa.

3

Rainbow Home, Christian Care for Children with Disabilities, Tailândia

Um programa para crianças deficientes, que trabalha com asilos do governo, porém desafiando-os, e

oferece um acolhimento alternativo, busca de familiares e a reunificação de famílias, defendendo as

mudanças nas atitudes em relação às famílias substitutas dentro da igreja.

Associação Educacional e Beneficente Vale da Benção, Brasil

Um programa para crianças de rua. O governo encaminha crianças para o asilo, o qual procura oferecer

uma alternativa melhor do que os asilos do governo, mudar as atitudes da igreja em relação à adoção e às

famílias substitutas e oferecer uma creche para famílias pobres, a fim de de evitar os possíveis impactos

negativos da pobreza nas crianças.

Eglise Trinité Internationale, Burundi

Um programa para crianças desacompanhadas após guerras e conflitos. A ETI trabalha com a busca e a

reintegração de crianças deslocadas com o auxílio da igreja, incentivando-a a assumir a responsabilidade

pelos “órfãos” restantes através da responsabilidade da comunidade.

Igreja Inkuru Nziza, Ruanda

Um programa para crianças desacompanhadas após guerras, conflitos e HIV/AIDS (SIDA). Ela procura

manter as crianças com membros da família extensa através de apoio e desenvolve comunidades abrigadas

para “famílias” vulneráveis.

Home of Joy, Christian Growth Ministries, Filipinas

Um programa para crianças órfãs e abandonadas, que não têm possibilidade de serem reunificadas às

famílias. Ele recebe encaminhamentos do governo e examina possibilidades de famílias substitutas e adoção.

Lar para Meninos Dar El Awlad, Líbano

Um programa para crianças órfãs, abandonadas e abusadas, gradualmente passando da abordagem

tradicional para uma compreensão da importância de examinarem-se alternativas, assim como a reunificação

e o envolvimento das famílias sempre que possível.

32

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Rainbow Home, Christian Care forChildren with Disabilities (CCD)Bangkok, Tailândia

Veja, também, Diretrizes para Crianças em Risco 3: Crianças e a Deficiência.

ORGANIZAÇÃOA Christian Care for Children with Disabilities (CCD – Cuidado Cristão para Criançascom Deficiências) foi iniciada em 1997 como uma fundação tailandesa aprovada pelogoverno. Ela assumiu o trabalho originalmente iniciado pela Christian Outreach em 1986,no asilo do governo para crianças abandonadas com deficiências mentais e físicas, entre 0 e 8 anos de idade.

CONTEXTOAs crianças deficientes na Tailândia, principalmente as com dificuldades de aprendizageme deformidades graves, geralmente sofrem uma grande discriminação em todos os aspectosda vida. A superstição e as tradições budistas fazem com que algumas pessoas acreditemque a deficiência seja resultado dos pecados e erros de uma vida passada. A CCD estáprocurando compreender e resolver esta situação através de seus programas.

Muitas crianças deficientes não são desejadas por seus pais e, assim, são abandonadas.Algumas acabam em hospitais, e muitas morrem prematuramente. A resposta do governotailandês para o problema foi estabelecer três asilos infantis diferentes num subúrbio deBangkok, com admissão conforme a idade e a deficiência. Estes asilos possuem muito poucosfuncionários, e o cuidado, portanto, limita-se à lavar e alimentar as crianças. Das criançasque podem permanecer com suas famílias, algumas são deixadas em casa sozinhas durantegrande parte do dia, e outras são fisicamente maltratadas.

A CCD é responsável por um centro diurno no asilo do governo e uma pequena unidadede internação chamada “Rainbow Home” (Lar do Arco-íris), que também cuida de criançasdurante o dia. Eles estão começando, também, a desenvolver um programa de reabilitaçãocom base na comunidade (veja Diretrizes para Crianças em Risco 3: Crianças e a Deficiência).

ESCRITO POR WASAN

SAENWIAN, GERENTE

DE PROJETOS

Algumas pessoasacreditam que adeficiência é oresultado depecados e erros deuma vida passada.

33

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DEMONSTRANDO A BOA PRÁTICAInicialmente, a ênfase principal do projeto era ofereceratendentes para trabalhar com os funcionários dogoverno com excesso de trabalho. Estes foram, maistarde, suplementados por professores, os quais podiamoferecer atividades e proporcionar algum estímulo, alémde alimentar e trocar as crianças.

A CCD acha que seu papel como defensora de direitos eintercessora pelas crianças trouxe pequenas melhorias para as vidas delas, tais como:

■ incentivou um maior índice de professor/criança e atendente/criança no asilo do governo

■ pôs um fim à prática de amarrar as crianças

■ pôs um fim ao abuso físico de crianças por parte dos funcionários.

Embora o relacionamento com os funcionários do governo tenha melhorado ao longo dosanos, achou-se que, com os recursos limitados, deveriam ser abertos um centro diurno(dentro de um dos asilos) e uma pequena unidade de internação (fora do asilo). O trabalhocom os atendentes nas salas hospitalares terminou, com exceção dos voluntários semanaise da defesa de direitos contínua. Na unidade de internação, pode-se cuidar bem de umpequeno número de crianças, ao invés de cuidar-se de um grande número de maneirainadequada. A ênfase é levar em consideração todos os aspectos do desenvolvimentoinfantil. O objetivo é incentivar as crianças a alcançar o seu potencial, ao invés deconcentrar-se nas suas incapacidades.

Geralmente, o relacionamento entre os pais e as crianças deficientes termina assim queelas são transferidas para o asilo do governo. A CCD procura encontrar as famílias,principalmente das crianças com deficiências menores. Muitas vezes, o processo de procuraé feito entrando-se em contato com os pastores das igrejas locais no distrito onde se ouviufalar dos pais pela última vez. Um dos funcionários do projeto, então, aborda os pais e,depois de uma explicação cuidadosa, mostrando fotos e descrevendo o progresso da criança,muitos pais predispõem-se a serem reunificados. A CCD, então, passa algum tempopreparando tanto as crianças quanto os pais, para que possam viver juntos novamente.Nos casos em que os pais não podem ser encontrados, a adoção por novas famílias é, àsvezes, possível. Anteriormente, a adoção era internacional, porém, ultimamente, têm-seprocurado que as adoções sejam feitas dentro da Tailândia, entre famílias cristãs.

O objetivo éincentivá-las aalcançar o seupotencial, ao invésde concentrar-senas suasincapacidades.

34

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

O FUTUROA CCD tem considerado como pode:

■ desenvolver um outro centro diurno num dos asilos governamentais para meninosmais velhos

■ conscientizar as pessoas na igreja sobre as famílias substitutas e a adoção

■ oferecer apoio contínuo às crianças que receberam atendimento diurno, mas nãoforam internadas

■ oferecer apoio com internação contínuo às crianças que receberam este tipo deatendimento, mas que não foram reunificadas com suas famílias ou adotadas.

■ Como a CCD leva em consideração o contexto cultural da crianças, da família e dacomunidade? (PRINCÍPIO 6.5)

■ Como o seu programa leva em consideração o contexto cultural da criança?

■ Quais são as dificuldades que a CCD teve para realizar lobby e interceder pelas crianças anível local, isto é, em relação ao asilo do governo? (PRINCÍPIO 7.1)

■ Quais são as questões no seu contexto com que se precisa lidar? Como você poderia fazer adefesa de direitos em nome das crianças, envolvendo-as assim como os pais adequadamente?

■ Como a CCD envolve e influencia os pais? (PRINCÍPIO 6.2)

■ No seu programa, os pais são vistos como um problema ou como parte integral do programa?

Questões parareflexão

35

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Associação Educacional e BeneficenteVale da Benção (AEBVB)São Paulo, Brasil

ORGANIZAÇÃOA AEBVB começou a trabalhar com crianças de rua em São Paulo em 1985. Em seguida,vimos que dar comida e roupa não era suficiente. Depois de encontrar as crianças dormindodo lado de fora do nosso refeitório, achamos que era necessário um abrigo noturno. Foifornecido um abrigo temporário até que a própria situação das crianças ficasse claramentedefinida. Em 1988, foi construído o primeiro lar do Vale da Benção, em Araçariguama,para crianças entre 0 e 12 anos. Foi aberta a escola Sementinha, para atender 50 criançaslocais entre 2 e 7 anos de idade, inclusive as dos lares substitutos.

Em agosto de 1997, foi feito um acordo com a SCFBES (Secretaria da Criança, Família eBem Estar Social, do estado de São Paulo). Em agosto de 1997, recebemos 25 adolescentes,enviados ao Vale da Benção pela FEBEM (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor).Os resultados são muito promissores, mostrando como é possível realizar um trabalhoeficaz em parceria com o governo.

CONTEXTOEstudos realizados no Brasil estimam que haja mais de 500.000 crianças abandonadas ecarentes em São Paulo, das quais 195.000 vivem em alguma forma inadequada de abrigo.Estima-se, também, que pelo menos 120.000 estejam na faixa etária entre 6 e 14 anos, e75.000 tenham menos de 6 anos de idade. A grande maioria destas crianças não sãoexatamente “órfãs”, mas foram expulsas ou saíram de casa, por causa da pobreza ou de“crises familiares”.

Numa pesquisa realizada numa cidade no Brasil entre crianças que freqüentavam umabrigo, descobriu-se que:

■ 15 por cento eram de famílias com um só dospais e a mãe trabalhava

■ 18 por cento tinham pais que nãotinham casa

ESCRITO POR SILAS

TOSTES, DIRETOR

INTERNACIONAL

É possível realizarum trabalho eficazem parceria como governo.

36

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ 7 por cento tinham pais que diziam não ter condições de sustentar os filhos

■ 15 por cento eram vítimas de abuso físico ou sexual

■ 14 por cento não tinham pais vivos, isto é, eram órfãos

■ 31 por cento: não havia dados disponíveis.

DEMONSTRANDO A BOA PRÁTICAAs crianças de rua podem ser violentas e ter dificuldades de comportamento. Assim, achamosque poderia ser benéfico termos um ambiente cristão, em que elas pudessem aprender umcomportamento socialmente aceitável num “meio familiar”, que ora por elas. Istoprepara-as para as famílias substitutas, a adoção ou, após a busca, para que retornem àssuas próprias famílias.

Em nossos lares, as crianças do mesmo sexo e de diferentes grupos etários vivem juntascomo uma “família”. As crianças nos lares substitutos vão à escola, fazem os deveres decasa e vão à igreja. Cada casa possui uma média de 20 crianças.

No momento, temos dois lares para crianças dentro do Vale da Benção. Há um outro paraadolescentes numa fazenda chamada Sítio Nova Vida. Ajudamos 337 crianças em nossoslares substitutos nos últimos dez anos. Das crianças ajudadas, aproximadamente 20 porcento retornam para um dos pais ou parentes, 30 por cento são adotadas e 30 por centovivem no lar substituto por mais de uma ano, até as autoridades decidirem o que acontecerácom elas. As crianças que vivem conosco não permanecem nos lares por longos períodos.O objetivo é organizar a adoção num lar cristão permanente dentro de dois anos.

Também oferecemos uma creche para famílias pobres. Ajudando as famílias a arcar deforma melhor com a situação, esperamos diminuir a probabilidade de que abandonem assuas crianças.

O processo inteiro de receber as crianças e, no final, vê-las deixar os lares é controladopelas autoridades governamentais. No Brasil, é legal tirar as crianças da rua sem aprovaçãooficial. Os assistentes sociais tiram as crianças das ruas e favelas e encaminham-nas paranós. Aceitamos as crianças, desde que tenhamos vagas. Às vezes, aceitamos mais criançasdo que deveríamos, porque achamos que é melhor para elas que estejam conosco do quesejam colocadas nas instituições pertencentes ao governo, as quais podem ser como prisões.As crianças permanecem até as autoridades decidirem se elas devem retornar para um dospais ou avós, ou ser adotadas.

Fornecemos residência para 50 adolescentes em nossas duas unidades em Sorocaba: oSítio Nova Vida e o Espaço Nova Vida. Estas unidades ficam fora da cidade e permitemque os adolescentes freqüentem uma escola estadual e também recebam atendimento àsaúde. Eles também têm a oportunidade de frequëntar cursos, para aprender uma profissão,e participar de atividades esportivas e outros clubes. Além de atenderem-se as necessidadesbásicas, são realizadas atividades diárias, a fim de desenvolver cada adolescente como umapessoa por completo. Oferecemos um acompanhamento posterior psicológico e educacional,oficinas de música e colaboração cristã.

Ajudando asfamílias a arcar deforma melhorcom a situação,esperamosdiminuir aprobabilidade deque abandonemas suas crianças.

37

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Procuramos criar um vínculo com a família original da criança, quando for do interessesuperior do adolescente. Preparamos outras crianças para a adoção. Algumas crianças nãosão adotadas, assim, pareceu ser uma conseqüência natural ter uma terceira opção: um larsubstituto para adolescentes. Este será o seu lar permanente. Eles permanecerão conoscoaté casarem-se.

Este lar substituto fica numa pequena fazenda, o Sítio Nova Vida, onde há muito espaço.Temos 50 adolescentes neste lar. Asseguramo-nos de que eles tenham a oportunidade deaprender um ofício ou uma profissão, enquanto estiverem conosco, para prepará-los parauma vida independente, à medida que crescem. Eles fazem cursos como mecânica deautomóveis, computação, panificação, pintura, eletricidade, etc.

O FUTUROEsperamos que haja um trabalho maior de defesa de direitos, que vise melhorar a busca ea reunificação de famílias, reduzir o abandono de crianças e aumentar a compreensão e aparticipação na adoção e nas famílias substitutas. Atualmente, há uma proposta paradesenvolver consideravelmente o aspecto das famílias substitutas do programa com ogoverno e a comunidade, para auxiliá-los a ver que estas são uma alternativa realista e queas instituições de acolhimento não são a única opção existente.

■ Como o Vale da Benção considera todos os diferentes aspectos de desenvolvimento dacriança? (PRINCÍPIO 5.3)

■ O seu programa considera as diferentes necessidades de desenvolvimento da criança, e comoelas são atendidas?

■ Como o Vale da Benção trabalha em rede com o governo e outros setores? (PRINCÍPIO 6.4)

■ Como a sua rede pode desenvolver-se?

■ Como o Vale da Benção intercede pelas crianças a nível local? (PRINCÍPIO 7.1)

■ O seu programa dá ênfase específica à oração individual pelas crianças e estabelece horaspara a oração pelo programa como um todo?

■ O que o Vale da Benção aprendeu sobre os perigos das instituições de acolhimento? O queele está procurando fazer para mudar sua própria prática?

■ De que formas o seu programa poderia mudar para melhor atender as necessidades dascrianças?

Questões parareflexão

38

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Eglise Trinité Internationale (Igreja Trindade Internacional)Bujumbura, Burundi

ORGANIZAÇÃOA ETI, em Bujumbura, Burundi, começou em 1992 e, agora, possui uma freqüência de1200 pessoas nos domingos pela manhã. A ETI não só trabalha com cultos matinais nosdomingos, mas, também, através de ministério em grupos. Estes são pequenos grupos deunidades familiares, que se reúnem por solidariedade. À medida que um grupo cresce, ele“se multiplica”, criando um novo grupo. No final de 1998, a ETI possuía 150 grupos deadultos, tendo recentemente instituído os grupos infantis, os quais trabalham lado a ladocom os grupos de adultos (sendo que cada grupo infantil possui um grupo de adultos queo apóia). A visão da ETI é chegar até as pessoas das cidades através dos grupos. Oevangelismo, o novo discipulado, o atendimento às pessoas que tiveram de deixar os seuslares e a alimentação das crianças famintas, tudo isso ocorre dentro da rede de grupos.

CONTEXTOBurundi tem estado em guerra civil desde outubro de 1993. Apesar do longo conflito, nãoparece haver nenhuma solução em vista. As diferenças existentes entre os grupos em conflitoparecem ser tão profundas que somente um milagre pode salvar Burundi de uma guerratotal. Para as pessoas que aqui vivem a guerra parece ser inevitável uma hora dessas. Oregime atual assumiu o poder através de um golpe sem sangue em julho de 1996. Desdeentão, o embargo econômico por parte dos países africanos vizinhos foi retirado, emboraos embargos internacionais continuem.

Esta guerra fez com que muitos barundis nativos (como são conhecidos aqui) fugissem desuas cidades e seus povoados. Os pais e os filhos, muitas vezes, fugiam em direções diferentessem perceberem. As crianças estavam na escola, por exemplo, quando as lutas começavam,enquanto os pais estavam trabalhando nos campos. As pessoas literalmente fugiam com oque tinham nas costas para as florestas, procurando refúgio. Milhares de crianças acabaramseparadas de seus pais na confusão. Algumas crianças encontraram alguns ou todos os seusfamiliares nos campos para pessoas deslocadas (refugiados internos). As crianças restantesforam chamadas de “desacompanhadas”, porque a situação de suas famílias (mortas ouvivas) era e continua desconhecida.

ESCRITO POR

LEA PETERS

Os grupos sãoconstituídos deunidadesfamiliares, que sereúnem porsolidariedade. Avisão da ETI échegar a todas aspessoas dascidades atravésdos grupos.

39

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Em novembro de 1993, a ETI, uma igreja muito jovem e pequena na época, começou aalimentar as crianças nos campos de pessoas deslocadas em Bujumbura, perto da igreja, oque acabou transformando-se no ministério de grupos que cuida de criançasdesacompanhadas.

DEMONSTRANDO A BOA PRÁTICAMuitas vezes, as crianças desacompanhadas presumem que seus pais estão mortos. Isso nãoé verdade em todos os casos. Encontramos pais de crianças que foram separadas durante aguerra e que as crianças presumiam já estarem mortos. As crianças, muitas vezes, estãoassustadas demais para saber o destino de suas famílias. Ainda não se sabe completamentea extensão deste problema. Dizem que há 6.000 crianças desacompanhadas apenas emBujumbura (estatísticas fornecidas pela UNICEF, 1997). Estas crianças são, muitas vezes,colocadas com sucesso em famílias substitutas, o que tem mostrado ser a melhor soluçãogeral, pois as crianças permanecem em seu próprio ambiente cultural. Se as famílias dascrianças são procuradas e encontradas, as crianças são retornadas ao ambiente de seus lares.A ETI conseguiu encontrar e reunificar 200 crianças e suas famílias.

Os membros dos grupos realizam toda a busca das crianças que encontram em seu trabalhode divulgação. Quase sempre, as famílias são encontradas e as crianças voltam para casa.O grupo faz um acompanhamento destas crianças e oferece o apoio de que precisamdurante os primeiros meses difíceis de reintegração na vida familiar. Nós as incentivamosa permanecer juntas e trabalhar conosco para isso.

Há 30 crianças em famílias substitutas da igreja. As famílias destas crianças não puderamser encontradas. Entretanto, está entendido que, se uma família, algum dia, se apresentar,a criança provavelmente voltará para casa com ela.

O programa paga a escola, o atendimento médico, a alimentação e as roupas – mas nema moradia, nem salário para a pessoa que cuida da criança são pagos. Estamos convencidosde que, para que a África se beneficie com o auxílio, ela deve ser parte do auxílio, nãoapenas o destinatário. Se as pessoas não puderem ajudar a alimentar os seus próprios filhos,nós não as alimentaremos. A comunidade precisa ser envolvida. Nenhum dos grupos épago para alimentar as crianças. Há apenas cinco funcionários remunerados para o programade alimentação.

Se as pessoas nãopuderem ajudar aalimentar suaspróprias crianças,nós não asalimentaremos. Acomunidade deveser envolvida.

40

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Nós também possuímos um asilo para crianças órfãs e abandonadas aqui na capital, com19 crianças até agora. O asilo é supervisionado pelo sistema de grupos mencionado acima.A idéia original do asilo era criar um ambiente de lar burundinês, onde se pudessem colocaras viúvas e os verdadeiros órfãos, a fim de atender as suas necessidades de amor e cuidados.Ele estava sob o “Ministério para as Crianças Negligenciadas e Abandonadas”. Entretanto,em seguida, vimos que ele se estava tornando uma instituição grande e “faminta” (em termosfinanceiros). À medida que os grupos se desenvolviam, vimos que ele não se enquadravacom o que pretendíamos. Porém, não podíamos fechar tudo. Levou tempo para chegarmosaonde estamos agora, e o processo de transição continua.

Desde o início, trabalhamos com a meta de criar ministérios que refletissem a culturaafricana. Neste sentido, a casa alcançou as suas metas. As crianças são burundinesas econtinuarão a sê-lo. São consideradas as necessidades lingüísticas e culturais, as quais sãoatendidas sempre que possível.

O FUTUROA questão do asilo das crianças está, agora, sendo debatida entre a liderança. Como elepode ser integrado aos grupos? O programa não se está enquadrando às necessidades dascrianças, como gostaríamos. É impossível criar uma família com programas. O climasimplesmente não é propício. Embora elas tenham acesso ao cuidado, à escola e àalimentação, não é o mesmo clima que vemos no trabalho que os grupos estão oferecendopara as crianças nas residências. Inicialmente, tentamos colocar as crianças sob a supervisãode alguns dos grupos, o que continua a ser feito, mas não estamos satisfeitos com a maneiracomo isso evoluiu. Assim, estamos, agora, tentando descobrir uma maneira de colocar ascrianças em famílias substitutas, se não houver nenhuma outra solução este ano. Lentamente,estamos conversando sobre a situação com a comunidade e tentando descobrir a melhorsolução sob estas circunstâncias.

Na nossa experiência, as famílias substitutas são usadas, quando não há nenhuma alternativa,como os asilos de acolhimento. Porém, se existirem asilos, as pessoas tenderão a usar asolução mais fácil, que é simplesmente colocá-las numa instalação já pronta em algumlugar.

Pós-escrito: O asilo infantil é supervisionado por alguns dos grupos. Ele está, no momento,sendo reconsiderado, e a liderança está procurando fazer com que seja totalmentesupervisionado e mantido através dos grupos. Parece haver espaço para os asilos infantisna situação atual de Burundi. Muitas das crianças no asilo são rejeitadas, sendo de raçasmistas – rejeitadas por ambos os lados da família por causa de sua raça mista. Éextremamente difícil encontrar uma colocação para estas crianças. Há também criançascom o vírus HIV no asilo, cuja doença torna difícil colocá-las numa família substituta. Oque estamos procurando determinar agora é o processo de administração do asilo em si –procedimentos para tudo, desde as compras até o atendimento à saúde.

41

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ Como a ETI considera as necessidades das crianças no contexto social, político e histórico dasua comunidade? (PRINCÍPIO 6.1)

■ Como o seu projeto considera o contexto histórico, social e político das crianças e suanecessidades subseqüentes?

■ Como a ETI envolve e influencia a comunidade das crianças? (PRINCÍPIO 6.3)

■ Como você pode envolver mais a sua comunidade local no que você está fazendo?

Questões parareflexão

42

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Igreja Inkuru NzizaKigali, Ruanda

ORGANIZAÇÃOA Igreja Inkuru Nziza (Boas Novas) foi estabelecida em Ruanda, em 1960. Seu centroadministrativo localiza-se no meio de Kigali. A igreja tem continuado a crescer, com váriasigrejas tanto em Kigali como fora, nas áreas rurais.

CONTEXTOO vírus HIV abalou muitas famílias em Ruanda, sendo que 25 por cento dos adultos emKigali são HIV+. Isto resultou num alto número de órfãos. A guerra dos últimos anos e,especialmente, o genocídio de 1994, aumentaram ainda mais estas estatísticas.

DEMONSTRANDO A BOA PRÁTICA

Acolhimento na comunidade

■ O objetivo do projeto é preservar a unidade familiar. A filosofia é que as criançaspossuirão um melhor senso de identidade vivendo com os membros sobreviventes desua própria família do que se forem colocadas num orfanato. Assim, o projeto procuraapoiar a família, suprindo algumas de suas necessidades básicas. A família geralmentepossui alguém classificado como o responsável, o qual pode ser um dos pais ou dosavós, uma tia, um tio, um irmão ou irmã mais velha sobrevivente ou um pai ou mãesubstituta.

ESCRITO POR PETE

ANDREWS E ELIJA

KANAMUGIRE

O objetivo doprojeto é preservara unidade familiar.

“APOIO À FAMÍLIA”

43

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Apadrinhamento

■ Um aspecto importante do projeto é o pequeno sistema privado de apadrinhamento,em que uma ou mais das crianças são sustentadas através de uma quantia de dinheiroperiódica. Como nosso projeto começou como resultado da epidemia da AIDS (SIDA),estávamos ansiosos por apoiar a saúde das famílias, especialmente as pessoas HIV+.Achamos que a educação dos órfãos era vital, pois a maioria deles continuariam a viverna cidade e precisariam, portanto, ser educados adequadamente, para serem capazes deencontrar emprego. Esperava-se que a maioria das famílias continuassem a viver ondequer que estivessem, quando recebidas no projeto. Os funcionários do projeto incluemassistentes sociais, os quais são responsáveis por cuidar das crianças dentro do projeto,sendo viúvas ou pais substitutos.

Comunidades abrigadas

■ Durante os últimos anos, foi desenvolvido um sistema de comunidades abrigadas, emque as famílias mais vulneráveis podem viver juntas e próximas umas das outras.Foram comprados dois terrenos dentro dos bairros residenciais de Kigali, onde foramconstruídas casas. O primeiro terreno, por exemplo, agora, oferece moradia para paisque são HIV+, viúvas devido ao genocídio, lares chefiados por crianças, avós e umafamília completa com marido, mulher e filhos, a qual serve de modelo e supervisora.As casas nestas comunidades são típicas do tipo encontrado em Kigali, com uma salade estar e um, dois ou três dormitórios. O banheiro, a área de serviço e a cozinha sãocompartilhados por todos os que vivem na comunidade. Foi construído um muro aoredor da propriedade, para dar uma sensação de segurança. Embora o propósito dacomunidade abrigada seja ajudar as pessoas mais vulneráveis, procuraram-se combinarpessoas vulneráveis com pessoas fortes e capazes, de maneira que haja apoio, e que estepossa ser oferecido por uns e recebido por outros.

A comunidades abrigadas têm funcionado muito bem e poderiam ser um modelo paraoutras regiões do mundo.

O FUTUROO futuro do projeto parece seguro, pois há uma boa base de apadrinhamento, que ajuda160 das 350 crianças. Como há crianças de cada uma das 100 famílias no sistema deapadrinhamento, não há nenhuma diferença entre as que recebem dinheiro e as que não orecebem, pois o dinheiro é entregue ao chefe da família. Um dos mais recentes incentivosfoi o número de crianças auxiliadas a continuar sua educação secundária (cerca de 35), asquais são financiadas principalmente pelo apadrinhamento.

Todos os chefes de família são incentivados a trabalhar para receberem um salário, e amaioria deles faz um pouco de comércio no mercado. Há um excesso de dinheiroproveniente do apadrinhamento, assim, cada criança possui uma conta, o que permiteque se dê uma quantia de dinheiro, quando considerado necessário, para, por exemplo,comprar o estoque inicial para começar o comércio.

Procuraram-secombinar pessoasvulneráveis compessoasresistentes ecapazes.

44

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ Como a igreja das “Boas Novas” vê a importância de envolver e influenciar os pais, asfamílias, os responsáveis pelo cuidado e outras pessoas relevantes no trabalho com as crianças?(PRINCÍPIO 6.2)

■ Qual é a importância para você de envolver os pais, as famílias e os responsáveis pelo cuidado?

■ De que maneiras as necessidades das crianças são consideradas na igreja das “Boas Novas”no contexto político e social de sua comunidade? (PRINCÍPIO 6.1)

■ Como o contexto político e social da sua comunidade afeta a maneira como o seu programaatende as necessidades das crianças?

Questões parareflexão

45

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Home of Joy, Christian Growth MinistriesManila, Filipinas

ORGANIZAÇÃOApesar do nome “Lar”, a Home of Joy (HOJ – Lar da Alegria) oferece uma variedade deserviços para crianças. Como um serviço de acolhimento em Cavite, a alguns quilômetrosde Manila, ela oferece um lar para aproximadamente 24 crianças. Além deste serviço emCavite, há uma escola e um centro diurno, que proporcionam a educação e o apoionecessitado em termos de desenvolvimento. O serviço comunitário é uma ramificação doserviço da HOJ, possuindo a responsabilidade dupla de oferecer apoio às crianças e àssuas famílias assim como criar um serviço de famílias substitutas.

CONTEXTOA HOJ faz parte do Christian Growth Ministries (CGM), o qual foi inicialmente criadopara apoiar o evangelismo entre os jovens em Manila. A HOJ e outros serviços criaram-sea partir dele. As crianças que inicialmente usavam o serviço eram da comunidade localem Manila, onde ficava o lar na época. Era, portanto, bastante viável trabalhar com asfamílias e apoiá-las. Com o passar do tempo, os encaminhamentos para a HOJ têm vindocada vez mais de outras organizações, inclusive do governo. Geralmente, estes são de criançaspequenas abandonadas, em que não há praticamente nenhuma possibilidade de retorno àfamília biológica. Conseqüentemente, a HOJ tem cuidado de um número cada vez menorde crianças mais velhas, inclusive alguns grupos de irmãos, e de um número maior decrianças muito pequenas, as quais, geralmente, são oferecidas para a adoção.

O resultado disso é que as crianças ficam bastante isoladas dentro do serviço deacolhimento. Elas não possuem quase nenhum contato com a família, e o envolvimentocom a comunidade mais ampla limita-se à escola.

ESCRITO POR

JONATHAN FISHER,

AVALIADOR EXTERNO

E GERENTE DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL

46

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DEMONSTRANDO A BOA PRÁTICA

Grupos sólidos de atendimento/família

A HOJ possui pais permanentes nas casas, às vezes, com um alto nível de estabilidadeoferecido pelos maridos. Há um atendente substituto, que permite que os pais da casatirem folgas. As crianças são cuidadas em grupos familiares de oito, com as meninasdividindo um quarto, e os meninos, outro. O espaço pessoal particular é mínimo, o que éum problema para as crianças mais velhas.

Treinamento e supervisão dos funcionários

Há uma funcionária antiga responsável pela supervisão das três casas, que também organizao atendimento diurno. Sendo uma enfermeira qualificada, ela está ciente das necessidadesemocionais, físicas e de desenvolvimento das crianças e assegura que haja uma compreensãoholística das necessidades infantis. Embora não haja uma supervisão oficial, há contatofreqüente entre os funcionários e a supervisora, que obviamente possuiu uma boa relaçãocom os atendentes e as crianças.

É realizada uma “reunião sobre o comportamento” uma vez por semana, a qual é presi-denciada pelo assistente social da comunidade. Esta oferece apoio e treinamento para osfuncionários, mas também proporciona a eles uma compreensão valiosa de como avaliaras necessidades das crianças e entender seu comportamento.

Há, inevitavelmente, uma certa rotina e institucionalização num asilo deste tamanho,porém os funcionários são muito aberto a sugestões e esforçam-se por minimizar os efeitosdesses fatores nas vidas das crianças.

Famílias substitutas

Foram recrutados novos pais substitutos para o programa, mas, infelizmente, há apenasalguns, e eles vivem a uma certa distância do serviço de acolhimento. Entretanto, há umgrupo valioso de pais substitutos que vivem perto um dos outros e, assim, apóiam-sereciprocamente. Estas famílias oferecem um cuidado de alta qualidade, apesar de seuspróprios recursos e educação bastante limitados. O apoio de assistência social para os paissubstitutos consiste de visitas semanais e uma reunião de grupo mensal. A avaliação e apreparação dos pais substitutos são realizadas por uma assistente social especializada daHOJ que envia suas avaliações concluídas para o departamento da previdência social dogoverno para exame e aprovação finais.

As crianças são bem integradas na comunidade local, e são mantidos livros de registros edo histórico da vida das crianças que estão sendo preparadas para a adoção.

A maioria das crianças em famílias substitutas são, depois, adotadas por famílias no exterior.Esta é uma tarefa difícil para os pais substitutos, que se afeiçoam pelas crianças sob suaguarda.

As crianças sãobem integradas nacomunidade local.

47

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Apoio comunitário

Há um fundo à disposição das crianças para ajudá-las com sua educação. As igrejas solicitameste auxílio da HOJ, sendo que o financiamento é destinado a crianças de famílias muitopobres. Os recursos disponíveis para estas crianças não satisfazem a demanda, mas permitemque algumas crianças recebam uma boa educação com a ajuda da igreja e da HOJ.

Defesa de direitos

A HOJ trabalha em rede com outras organizações de cuidado infantil, para assegurar queas questões do bem-estar infantil sejam estressadas. Este trabalho é limitado, no momento,mas significa que existem relações e um meio para que a HOJ expresse suas preocupações.No futuro, espera-se, também, que os grupos envolvidos possam permitir um certo graude inspeção e colaboração entre eles. Em Manila, há uma grande variedade de instituiçõesde acolhimento infantil. A HOJ é respeitada e é capaz de dar uma contribuição para odebate sobre a qualidade das instituições de acolhimento e o futuro direcionamento paraos serviços infantis.

O FUTUROHá, agora, uma conscientização dentro da HOJ de que o serviço, tal como é, não satisfazsuas aspirações no trabalho com as crianças e as famílias. A saída das instituições deacolhimento não são as famílias substitutas a nível local – existem apenas algumas locais,sendo que a maioria, para crianças pequenas – mas a adoção no exterior. Há um trabalhoinsignificante de reabilitação ou envolvimento das famílias. A HOJ está, atualmente,realizando um trabalho para explorar maneiras de mudar isso, porém, a esperança étrabalhar com parceiros de igrejas locais, para desenvolver programas comunitários empequena escala.

Famílias substitutas

A boa prática estabelecida para as famílias substitutas precisa ser mais desenvolvida. Paraisso, também será necessário trabalhar com as igrejas locais, usando-se as redes que a CGMjá criou em outros aspectos de seu ministério.

Defesa de direitos

A HOJ começará a trabalhar mais amplamente em rede, em parte, para obter informaçõese expertise, à medida que cria os novos serviços comunitários.

Inspeção e proteção infantil

A maior conscientização da vulnerabilidade das crianças que são cuidadas em instituiçõesde acolhimento levará a um maior exame dos novos candidatos para trabalhar na instituiçãoe a uma inspeção mais estruturada dos serviços.

48

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Planos para o atendimento

Todas as crianças terão uma avaliação, a qual conduzirá a uma plano de atendimento queenvolverá, quando possível, a criança ou o jovem. Esses estarão à disposição dos funcionários.

■ Que experiência e treinamento os funcionários possuem na comunicação com as crianças eas famílias? (PRINCÍPIO 4.2)

■ Que treinamento os seus funcionários possuem, e como você poderia desenvolver o treinamento?

■ Como o impacto do trabalho da HOJ com as crianças e suas famílias é medidoqualitativamente e quantitativamente? (PRINCÍPIO 8.1)

■ Como você mede o impacto de seu trabalho, e como ele poderia ser desenvolvido para sermais abrangente?

Questões parareflexão

49

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Dar El Awlad (Lar para Meninosdo Oriente Próximo)Beirute, Líbano

ORGANIZAÇÃOO Dar El Awlad (Lar para Meninos do Oriente Próximo) foi fundado em 1948, paraoferecer um asilo para meninos carentes, que cuidasse deles tão bem quanto um bom paio faria e compartilhasse com eles o amor de Cristo. O asilo é uma parceria entre a “KidsAlive International”, dona da propriedade, e a instituição de caridade registrada libanesa“Dar El Awlad”, encarregada da administração diária e do desenvolvimento do asilo.

O campus está localizado numa cadeia de montanhas de frente para Beirute, no povoadode Mansourieh. Os 62 meninos aos nossos cuidados são órfãos – tendo perdido ambosou pais ou um deles, sendo que o que continua vivo não possui condições de cuidar dofilho no momento. Temos meninos que vêm de lares abusivos ou desmembrados, e muitosdeles sofreram experiências traumáticas.

Inicialmente, os meninos viviam em grandes dormitórios, mas mudamos para agrupamentosem “unidades familiares” com meninos de idades variadas. Isso proporciona uma maioratmosfera de lar e permite um cuidado individual direto para cada menino através de sua“mãe” na unidade familiar.

CONTEXTOReconhece-se que as instituições de acolhimento não sejam, muitas vezes, a melhor respostapara as necessidades infantis. Está sendo desenvolvida uma subdivisão do trabalho, queprocura melhorar a forma como as necessidades infantis são identificadas. Uma dasconseqüências disso é que estamos, agora, incluindo mais as famílias extensas em nossoprograma, através de dias familiares, divisão dos custos, etc. Estamos retornando as criançaspara os cuidados da família, assim que sentimos que as famílias imediatas ou extensas sãocapazes de cuidar delas. Freqüentemente, oferecemos assistência financeira por um períodolimitado, para ajudar com os cuidados da criança.

Entretanto, acreditamos que ainda há uma função para as instituições de acolhimento. Porexemplo, nos casos de abuso e das famílias desequilibradas, em que a única opção real éretirar a criança da situação. Nossas pequenas unidades familiares podem, então, oferecerum “lar” com amor à criança até que ela possa retornar para sua família. Definimos umasilo como uma residência que oferece um clima de amor e segurança e supre, ao mesmotempo que lida de maneira ativa com as necessidades físicas, emocionais e espirituais deseus residentes – tanto das crianças quanto dos funcionários adulto.

ESCRITO POR

HENRY BELL, DIRETOR

Reconhece-se queas instituições deacolhimento nãosejam, muitasvezes, a melhorresposta para asnecessidadesinfantis.

50

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DEMONSTRANDO A BOA PRÁTICAOs meninos vivem em sete unidades familiares. Cada unidade familiar é um apartamentoauto-suficiente com uma “mãe”, que cuida de 8–10 meninos. O Dar El Awlad (“Lar paraMeninos” em árabe) é um orfanato cristão, mas os meninos são aceitos com base em suanecessidade, ao invés da origem religiosa. Atualmente, temos meninos de origens cristã,muçulmana e drusa.

Considera-se extremamente importante que os meninos no asilo recebam treinamentoescolar e técnico, que os prepare para o trabalho no futuro ou para montar seu próprionegócio. No momento, temos 29 dos nossos próprios meninos matriculados numa outraescola. Começamos o processo de matrículas, e foi-nos prometida uma verba para aconstrução de nossa própria escola técnica.

Além disso, em termos de educação, há planos para criar-se um Centro de Tecnologia.Esperamos que todos os meninos deixem o asilo com um ofício ou uma habilidade, assimcomo seus certificados de escolaridade. Quantoàs suas necessidades de lazer, os meninos possuemuma quadra de basquete e um campo e futebolde asfalto!

A base da nossa renda (aproximadamente 60 porcento) provém de um programa de apadri-nhamento, em que famílias estrangeiras e locais“adotam” um menino e contribuem com o seucuidado mensalmente. Todos os meninos, agora,possuem um padrinho local. Além disso, as igrejase as organizações locais, inclusive o Ministério daPrevidência Social, comprometeram-se aaumentar a contribuição local para o asilo deaproximadamente 3 (1990) para 25 por cento (1998). Os 20 por cento restantes provémde igrejas locais, indivíduos, empresas, etc. Os projetos de desenvolvimento são realizadossomente quando as verbas são colocadas à disposição.

Procuramos cuidar de maneira ativa dos funcionários do asilo, assim como das criançaspara quem o asilo foi criado. Percebemos que é somente através de funcionárioscomprometidos e afetuosos que o clima e as condições certas para as crianças serãopossíveis. Os funcionários são obtidos através das igrejas locais, onde é oferecido apoiocontínuo e atenção para os funcionários por parte da igreja. Além disso, temos reuniõesde funcionários periódicas para oração e ensinamento e, eventualmente, treinamento emcuidados infantis, etc.

Somente atravésde funcionárioscomprometidos eafetuosos é quepodem-se criar oclima e ascondições certaspara as crianças.

51

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

O FUTUROHá muitos aspectos do trabalho que ainda precisam ser desenvolvidos: o atendimentopsicológico aos meninos, o treinamento dos funcionários para ajudá-los a cuidar de criançasemocionalmente perturbadas, programas internos, tais como treinamento esportivo, aulasde música, etc. A nível social, há contato com as famílias dos meninos, o que proporcionaoportunidades para o desenvolvimento do evangelismo. Há necessidade de desenvolver-seum programa social, o que nos ajudaria a identificar as crianças carentes, determinar se amelhor forma de ajuda para elas é a instituição de acolhimento e, então, permitir umprograma de acompanhamento posterior depois que os meninos deixam o asilo. Tambémtemos planos para construir nossa própria pequena escola primária para sete jardins deinfância e ensino primário.

Uma outra área pela qual estamos rezando é uma casa intermediária para os meninosmais velhos que deixaram o asilo e precisam de ajuda para ingressar na vida. Assim, oasilo possui muitas áreas que ainda podem ser desenvolvidas. Estas áreas exigem pessoasqualificadas com uma responsabilidade pelas crianças e por este ministério entre elas.

■ Como a origem religiosa afeta a maneira como o Dar El Awlad trata os meninos?(PRINCÍPIO 5.1)

■ Há grupos que são favorecidos ou discriminados pelo seu programa?

■ Como o trabalho em rede com outras organizações locais e internacionais ajudou o Dar ElAwlad a alcançar um certo grau de sustentabilidade? (PRINCÍPIO 6.5)

■ Como o seu programa poderia ampliar sua rede, a fim de beneficiar tanto a si mesmoquanto aos outros representantes da rede?

Questões parareflexão

52

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

53V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCOBoa práticapara pessoas

que trabalhamcom crianças

SEÇÃO 4

A Ferramenta deQuestionamento Reflexivo

ConteúdoPrincípio 1 Desenvolvendo relacionamentos 55

Princípio 2 Responsabilidades dos pais 55

Princípio 3 Trabalhando em níveis diferentes 55

Princípio 4 Identificando necessidades e prioridades 55

Princípio 5 Participação das crianças 57

Princípio 6 Crianças no contexto 57

Princípio 7 Defesa de direitos 59

Princípio 8 Indicadores sensíveis às necessidades da criança 60

54

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

55

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

A Ferramenta deQuestionamento ReflexivoEsta ferramenta foi criada para permitir que os indivíduos e os gruposreflitam sobre as Diretrizes para Crianças em Risco, pois elas podem seraplicadas a seus próprios programas com crianças em instituições deacolhimento ou em formas alternativas de acolhimento.

PRINCÍPIO 1 DESENVOLVENDO RELACIONAMENTOS■ Como é dada a prioridade para o desenvolvimento de

relacionamentos – com a criança, a família, a comunidade,a organização ou instituição e entre as agências?

PRINCÍPIO 2 RESPONSABILIDADES DOS PAIS■ Como o programa incentiva o desenvolvimento das

responsabilidades dos pais em relação aos filhos e umacomunidade interessada e adequada à criança?

PRINCÍPIO 3 TRABALHANDO EM NÍVEIS DIFERENTES■ Em que nível (níveis) o programa trabalha e como ele considera os

outros níveis?

• Individual • Mesmo grupo social

• Familiar • Organizacional/Institucional • Comunitário

• Nacional • Políticas/Político • Espiritual

PRINCÍPIO 4 IDENTIFICANDO NECESSIDADES E PRIORIDADES■ Como as necessidades das crianças (e dos pais) são identificadas?

Como as crianças e os pais foram escutados e envolvidos?

■ Que experiências e treinamento os funcionários possuem na comunicação com ascrianças e suas famílias e na facilitação da participação das crianças?

4

QUENÍVEL

56

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

■ Como o programa procura satisfazer os aspectos espirituais, físicos, mentais, emocionaise sociais (inclusive educacionais e profissionalizantes) do desenvolvimento da criança?

Criança

• Somente as crianças que se enquadram nos critérios de admissão são admitidas(“controle de ingresso”) e a situação é analisada, com a instituição de acolhimentosendo somente uma das várias opções – de preferência a última?

• Todas as dimensões do desenvolvimento infantil (física, espiritual, mental, emocionale social) são levadas em consideração, ao invés de enfocar-se apenas um único aspecto,como, por exemplo, a deficiência, o abuso sexual, a falta de um lar? São oferecidasbrincadeiras e educação adequadas para o desenvolvimento, assim como outras formasde estímulo, uma boa dieta e cuidados com a saúde e espirituais?

• Cada criança possui seu próprio plano de acolhimento, o qual é reconsiderado demaneira oficial, sistemática e periódica, com contribuições dos pais (se possível) edas crianças?

• Há uma tentativa de assegurar que haja relacionamentos constantes entre adulto ecriança?

Família

• Há medidas ativas para envolver e prestar contas aos pais, família e outros responsáveis,quando possível? As crianças somente são separadas dos pais ou dos responsáveisprincipais, se absolutamente necessário? A importância da família é valorizada?

• As necessidades da família estão sendo atendidas? Que medidas preventivas estãosendo exploradas para manter as crianças fora do acolhimento institucional?

• Quando as crianças são separadas dos pais, por exemplo, nas guerras, é dada altaprioridade à busca dos membros da família, para minimizar o trauma da separação?

Comunidade

• Há iniciativas para criar vínculos com a comunidade local e a sociedade mais ampladesde o estágio inicial, para permitir que as crianças consigam sair do acolhimentoinstitucionalizado?

Instituição

• Há uma declaração por escrito de seu propósito e sua função?

• Há medidas para prevenir que a institucionalização se torne uma solução permanente?

• A instituição possui recursos adequados para atender as necessidades das crianças ede seus funcionários tanto a curto quanto a longo prazo?

• Os funcionários prestam contas por suas ações? Há uma série de critérios para orecrutamento e o exame dos funcionários?

• O asilo realiza uma supervisão oficial e registrada dos funcionários?

57

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

PRINCÍPIO 5 PARTICIPAÇÃO DAS CRIANÇAS■ Como o programa leva em consideração as capacidades e necessidades

das crianças?

■ Os adultos colaboram com as crianças, de acordo com sua idade ecapacidade?

• Há um enfoque na capacidade das crianças ao invés de em sua deficiência ouincapacidade? Em sua capacidade de recuperação após traumas, assim como em suavulnerabilidade? Há algum preconceito com base em sexo, idade, quem são os pais,etnia, casta ou classe social, religião ou deficiência?

• As crianças são envolvidas com os adultos nas decisões que afetam sua vida diária ouseu futuro, ou em relação a como o projeto como um todo pode desenvolver-se? Háespaço para as crianças darem suas opiniões e serem escutadas pelos adultos?

• As crianças sabem como reclamar, se estiverem insatisfeitas com algum aspecto doatendimento? Elas se sentem capazes de fazê-lo?

• Há algum treinamento no trabalho para os funcionários sobre como se comunicarcom as crianças e suas famílias? Os funcionários são treinados para facilitarem aparticipação das crianças e serem voltados à criança, ao invés de à tarefa?

• As crianças têm a oportunidade de aprender habilidades de cidadania através detomada de decisões e de responsabilidade por atividades dentro da instituição? Elassão incentivadas a serem independentes e orientadas para, no futuro, diminuíremsua dependência da instituição?

• Os relacionamentos entre as crianças são incentivados, a fim de proporcionar umapoio constante do tipo entre “irmãos” (nem sempre possível com adultos) e tambémpara que elas possam participar de forma cooperativa?

• Cada criança possui uma área física que seja identificavelmente sua, como umarmário individual?

PRINCÍPIO 6 CRIANÇAS NO CONTEXTO■ Até que ponto a criança é considerada no contexto social, político e

histórico de sua comunidade?

■ Como as mães e os pais, os responsáveis pelo cuidado da criança e asfamílias são envolvidos, e como é causado impacto positivo neles?

■ Como a comunidade da criança é envolvida e como é causado um impacto positivonela?

■ De que maneira são desenvolvidos vínculos (trabalho em rede) com outras agências eorganizações locais, nacionais e internacionais (inclusive as de outros setores)?

■ Como o contexto cultural e religioso da criança, da família e da comunidade é levadoem consideração?

58

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Crianças

• As regras institucionais são racionais para as crianças e escritas? Os controles são firmes,porém benévolos?

• São tomadas medidas para proteger as crianças de todas as formas de violência físicaou mental, danos ou negligência, inclusive abuso sexual?

• Há mecanismos internos e externos para investigar alegações referentes aos direitosinfantis? Todos os funcionários sabem o que fazer, se virem ou forem informados depossível evidência de abuso?

• São oferecidas oportunidades de treinamento vocacional realistas, assim comoeducação sobre a vida para que haja reintegração na sociedade na idade adulta?

• Que sistema de acompanhamento existe para assegurar que haja alguém interessadopelas crianças que deixaram a instituição?

Família

• Há interação e prestação de contas com os pais, família e outros responsáveis, demaneira que se possa reintegrar a criança sempre que possível?

• Há uma compreensão do contexto cultural, religioso e sub-cultural da família e dacomunidade? Há prontidão para desafiar os preconceitos, quando necessário, como,por exemplo, contra a deficiência, as minorias étnicas, as crianças ilegítimas ou ascrianças de rua através da educação e/ou dando-se um bom exemplo de acolhimento?

Comunidade

• Há interação e prestação de contas com a comunidade local? As crianças freqüentam aescola e a igreja locais, ao invés de fazê-lo dentro da instituição por exemplo, para evitaro isolamento?

• Os padrões mínimos de higiene, dieta, recreação e educação são alcançados pelo menos?Há uma conscientização das condições das crianças locais, ao comparar-se o nívelmaterial do atendimento?

• A origem tribal, a capacidade lingüística e/ou a identidade étnica das crianças sãoreconhecidas como importantes e mantidas sempre que possível?

• Há uma conscientização das abordagens tradicionais de famílias substitutas e adoçãona comunidade? Quais são as formas tradicionais de planejamento familiar e cuidadosinfantis na comunidade12, e como estas causam impacto sobre as políticas, a programaçãoe as reações das instituições?

12 Quando não há recursos suficientes para criar um bebê ou uma criança, qual é a maneira tradicional de lidar-se com a situação?“Explorar a criança como um recurso, até mesmo vender a criança; abandonar a criança; dar a criança para uma família substituta;amamentar os filhos de outras mulheres; oblação (ofertas a instituições religiosas); reduzir a reprodução em geral; reduzir o investimentoparental em certas crianças” (Hardy, 1992, pg. 413–414, citado por Phillips, 1997, pg. 19–20).

59

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Instituição

• A instituição é pequena ou em pequenas subunidades? As subunidades refletemuma unidade familiar tradicional dentro daquela cultura?13 Ela é voltada à criançaao invés de à instituição?

• Há uma administração eficaz e apoio voltado ao bom relacionamento para osfuncionários?

• Os funcionários são examinados antes de entrarem para a instituição?

• Há trabalho em rede com outras agências e organizações – tais como assistentessociais, grupos de busca dos familiares, escolas, postos de saúde, igrejas, advogados –a fim de atender as necessidades de desenvolvimento da criança?

• Os departamentos de saúde locais ou as ONGs envolvidas no atendimento à saúdecomunitário promovem o espaçamento entre os nascimentos dos filhos?

• Há uma prestação de contas externa com uma organização experiente de fora que ovincule a recursos e redes e dê opiniões tanto sobre os aspectos positivos quanto osnegativos?

• Há medidas para assegurar que o asilo esteja em condições boas e seguras, e que ascrianças estejam seguras em relação a incêndios e outros perigos?

Políticas

• As políticas governamentais sobre planejamento familiar e a previdência social paraos pobres foram reconsideradas?

PRINCÍPIO 7 DEFESA DE DIREITOS■ De que maneiras o programa realiza lobby com as crianças e suas

famílias ou em seu nome a nível local, nacional ou internacional?

■ Os funcionários do programa estão cientes da importância daConvenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas e outrasquestões e convenções de direitos humanos?

■ Quais são os obstáculos enfrentados pelo trabalho de defesa de direitos? Como estespodem ser superados?

■ De que forma há diálogo com os pais e os responsáveis pelo cuidado da criança, paraque eles possam tomar decisões sábias e representar os interesses de suas famílias?

■ De que forma há diálogo com as crianças, para que, com base em sua idade e suascapacidades, elas possam tomar decisões sábias e representar a si mesmas e às outrascrianças?

13 Isso pode incluir assegurar que os irmãos permaneçam juntos, que haja uma mescla de ambos os sexo e idades e uma figura“parental”. Deve-se procurar, também, incentivar estas unidades para que realizaem atividades “familiares” – comer juntos,brincar, tarefas domésticas, etc.

60

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

• É necessário manter e/ou realizar lobby pelos direitos legais infantis, como, porexemplo, o direito à herança, julgamentos justos para infratores ou delinqüentes ouos mesmos direitos que os das outras crianças?

• Os pais, a família e os responsáveis são incentivados a estarem cientes de seus direitos,de maneira que possam tomar decisões sábias em nome de suas crianças e com elasem relação ao futuro? Eles são informados sobre o que fazer, se quiserem reclamar?

• Procuram-se resolver as causas fundamentais da institucionalização? Há redes comoutras ONGs que estejam procurando oferecer abordagens comunitárias para aprevenção e levantando questões através de redes de defesa de direitos de ONGs?

• A igreja está ciente das questões em torno das práticas do acolhimento institucional?Há alguma tentativa de desafiar o papel da igreja de manter e estabelecer instituiçõesde acolhimento?

• A igreja é incentivada a responder às necessidades físicas e espirituais das crianças edas famílias através da oração e ação, como, por exemplo, através de famíliassubstitutas, visitas, lobby com o governo e trabalho com a mídia para informar opúblico?

• Há uma compreensão da CDC das Nações Unidas e suas implicações para asinstituições de acolhimento a nível institucional, local e nacional?

• As políticas para o controle do ingresso e o cuidado dentro das instituições deacolhimento são influenciadas a nível local e nacional?

PRINCÍPIO 8 INDICADORES SENSÍVEIS ÀS NECESSIDADES DA CRIANÇA■ Como o programa mede o impacto de seu trabalho nas

crianças e em suas famílias? Os indicadores medem oimpacto de maneira quantitativa, assim como qualitativa?

■ Estes indicadores mostram de que maneira o programa causa impacto nas vidas e nomeio ambiente das crianças e de suas famílias? As informações são divididas por idadee por sexo?

• Que indicadores a instituição usa para avaliar o progresso do desenvolvimento social,emocional, intelectual, espiritual e físico das crianças?

■ Como os pais, os responsáveis pelo cuidado das crianças e as crianças (de acordo comsua idade e suas capacidades) são envolvidos no processo de avaliação?

• Como as necessidades da família são identificadas, principalmente depois que ascrianças retornam para ela/comunidade?

■ Como o programa reflete e utiliza os resultados das avaliações do impacto?

61V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCOBoa práticapara pessoas

que trabalhamcom crianças

SEÇÃO 5

Referências e Recursos

ConteúdoO que ler 63

Com quem entrar em contato 66

Como encomendar 68

62

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

63

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Referências e Recursos

O QUE LER

Aberg, BG (1992) The Process of Change: altering the practice of care in a children’s home inthe Middle East, Radda Barnen, Suécia. Bernard van Leer Foundation, Studies andEvaluation Papers 10. ISSN 0925 2983

European Association for Research into Residential Care (1998) Care to Listen? A Reporton Residential Care in Four European Countries. ISBN 1 900743 01 9 (pode ser obtidoatravés de The Centre for Residential Child Care – CRCC)

• Pesquisa sobre instituições de acolhimento na Finlândia, na Irlanda, na Escócia e naEspanha, incluindo uma seção excelente sobre as opiniões dos jovens e uma lista deverificação para o comportamento infantil.

Gourley, S (1996) Building Homes: a first year evaluation of World Vision Cambodia’sexperience in foster care (pode ser obtido através da World Vision UK)

Macquirrie, A (1996) Realities and Dreams – Plenary papers from the internationalconference on residential care. ISBN 1 900743 507 (pode ser obtido através da CRCC)

• Documentos provenientes de uma variedade de ambientes de instituições de acolhimento,inclusive na Europa Oriental, na África e no Oriente Médio, que examinam questões decultura, a prática do atendimento em grupo e a política da infância.

Tolfree, D (1995) Roofs and Roots: the care of separated children in the developing world,Save the Children, Arena Publishers. ISBN 1 85742 277 5 (pode ser obtido através daSCF UK)

• Tornou-se o texto clássico sobre o pensamento atual.

Textosfundamentais

5

64

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Barnardos (1998) Sounding the Alarm: protecting children and young people from staff whoabuse, vídeo e pequeno livro, Barnardos (pode ser obtido através de Barnardos Child CarePublications)

Bharat, Shalini (1993) Child Adoption in India, Trends and Emerging Issues: a study ofadopting agencies, Tata Institute of Social Sciences, Bombaim. ISBN 82 85458553

Centre for Residencial Child Care/Social Work Services Inspectorate (1997) ClearExpectations, Consistent Limits: good practice in the care and control of young people inresidential care. ISBN 1 85098 5766 (pode ser obtido através da CRCC)

• Conselhos práticos para os funcionários de instituições de acolhimento num formatolegível, que também permite a discussão em grupo nas equipes de funcionários. Examinaa boa prática, a diminuição dos incidentes difíceis, o uso dos limites físicos e a necessidadede apreciação do resultado final de um trabalho.

Department of Health (1991) The Children’s Act 1989: Guidance and Regulations. Vol. 4:Residential Care, HMSO Publication. ISBN 0 11 321430 8 (pode ser obtido através doHMSO)

Gottesman, M (1991) Residential Child Care: an international reader, Whiting andBirch/SCA Education Series No 1, em associação com a FICE. ISBN 1 871177 17 0

Gotesman, M (Ed.) (1994) Recent Changes and New Trends in Extra-Familial Child Care:an international perspective, Whiting and Birch Ltd/FICE, Londres. ISBN 1 871177731

Human Rights Watch (1996) Death by Default: a policy of fatal neglect in China’s orphanages(pode ser obtido através da HRW: Código 1630)

Human Rights Watch (1997) Guatemala’s Forgotten Children: police violence and detentionof street children in Kenya (pode ser obtido através da HRW: Código 213-)

Human Rights Watch (1997) Juvenile Injustice: police abuse and detention of street childrenin Kenya (pode ser obtido através da HRW: Código 2149)

Kartz, A (1997) The Can Do Girls: a barometer of change, Department of Applied SocialStudies, University of Oxford

Pease, M (1998) Caring for Separated Children in the Developing World, baseado empesquisa realizada no Vale da Benção, Brasil (pode ser obtido através do autor, no e-mail:[email protected])

Outros textos

65

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Phillips, PW (1997) Developing Care? Institutions, reproduction and the care of separatedand abandoned children and orphans in the first and third worlds, Innovations. ISBN 0 952 4900 80

Poulton, R (1995) ChildWINS, a detailed programme description (pode ser obtido atravésda Food for the Hungry International, ChildWINS)

Sellick, C e Thoburn, T (1996) What Works in Family Placement? Barnardos. ISBN 0 902046 33 0 (pode ser obtido através da Barnardos Child Care Publications)

Social Services Inspectorate (SSI) (1994) Standards for Residential Child Care Services: ahandbook for social services managers and inspectors, users of the services and their families,SSI/Dept. of Health, HMSO Publications. ISBN 0 11 321828 1 (pode ser obtido atravésdo HMSO)

Tolfree, D (1995) Residential Care for Children and Alternative Approaches to Care inDeveloping Countries, Working paper No 11, Save the Children Fund (pode ser obtidoatravés da SCF, Reino Unido)

Trilions, J, Shireman, J e Hundleby, M (1997) Adoption, Theory, Policy and Practice.ISBN 0301334 81-2

• Um texto completo sobre teoria, políticas e prática da adoção.

Utting, W (1997) People Like Us: the report of the review of the safeguards for childrenliving away from home, The Department of Health, Welsh Office, HMSO Publications.ISBN 011 322101 0 (pode ser obtido através da HMSO)

Ward, A (1997) Working with Young People in Residential Settings, In Roche, J e Tucker, S(Eds.) Youth in Society, Sage, Londres

West (Ed.) (1995) You’re On Your Own: young people’s research on leaving residential care.ISBN 1 899 120 165, Save the Children Fund, Reino Unido

66

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

COM QUEM ENTRAR EM CONTATO

Barnardos Policy and Developemt Unit, Tanners Lane, Barkingside, Ilford, Essex, IG6 1QG, Reino Unido. Tel: +44 (0)20 8550 8822, Fax: +44 (0)20 8551 6870

Barnardos Child Care Publications, Barnardos Trading Estate, Paycocke Road, Basildon,Essex, SS14 3DR, Reino Unido, Tel: +44 (0)1268 520224, Fax: +44 (0)1268 284804

Centre for Residential Child Care, 74 Southbrae Drive, Glasgow, G13 1SU, Reino Unido.Tel: +44 (0)141 950 3683, Fax +44 (0)141 950 3681, E-mail: [email protected] ou [email protected] Website: http://www.strath.ac.uk/Departments/CRCC/

• Oferece informações, treinamento, publicações, pesquisa e consultoria sobre instituiçõesde acolhimento infantil e cria redes nacionais e internacionais, para melhorar a qualidadedo acolhimento através da divulgação da boa prática.

Child Rights Information Network, c/o Save the Children, 17 Gove Lane, London, SE5 8RD, Reino Unido. Website: http://www.crin.ch

• Organização de trabalho em rede sobre todas as questões de direitos infantis.

ChildWINS (Childcare Within Natural Social Systems), Food for the HungryInternational, 243 Route des Fayards, Genève, Suíça (Case Postale 608, 1290 Vesoix,Genève, Suíça). Tel: +41 22 755 1444, Fax: +41 22 755 1686

Children’s Planning Unit, 131 Nevile Road, Kersal, Salford, M7 3PP, Reino Unido. Tel: +44 (0)161 792 7077, Fax: +44 (0)161 708 9482 (Jan Hough)

• Examina o envolvimento dos jovens em instituições de acolhimento nas decisões quantoao seu atendimento.

Christian Child Care Network, 10 Crescent Road, South Woodford, London, E18 1JB,Reino Unido. Tel: +44 (0)20 8559 1133

• Procura servir de “catalisadora para a cooperação e o desenvolvimento no atendimentocristão à criança e à família, um fórum para a troca de idéias e uma fonte de apoio”.

67

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

Her Majesty’s Stationery Office, PO Box 276, London, SW8 5DT, Reino Unido. Tel: +44 (0)20 7873 9090, Fax +44 (0)20 7873 8200

Human Rights Watch, 350 5th Ave, 34th Floor, New York, NY 10118-1837, EUA.Tel: +1 212 216 1837, Fax: +1 212 736 1300, E-mail: [email protected], Website: http://www.hrw.org(Children’s Rights Division – Lois Whitman, Diretor Executivo)

• Procura pôr um fim a uma grande variedade de abusos dos direitos humanos, inclusiveo confinamento indevido das crianças.

International Society for the Prevention of Child Abuse and Neglect (ISPCAN), 200 North Michigan Ave, Suite 500/5th Floor, Chicago, IL 60601, EUA. Tel: +1 312 578 1401, Fax: +1 312 578 1405, E-mail: [email protected], Website: http://www.ispcan.org

Save the Chilren Fund, Save the Children Publications Unit, 17 Grove Lane, London,SE5 8RD, Reino Unido

Tearfund, 100 Church Road, Teddington, Middlesex, TW11 8QE, Inglaterra. Tel: +44 (0)20 8977 9144, Fax: +44 (0)20 8943 3594, E-mail: [email protected], Website: www.tearfund.org

Viva Network, PO Box 633, Oxford, OX1 4YP, Reino Unido. Tel: +44 (0)1865 450800, Fax: +44 (0)1865 203567, E-mail: [email protected], Website: www.viva.org

• Organização de trabalho em rede para crianças em situação de risco.

World Vision UK, 599 Avebury Boulevard, Milton Keynes, MK9 3PG, Reino Unido.Tel: +44 (0)190 884 1010, Fax: +44 (0)190 884 1001, Website: http://www.wvi.org

• Publicação sobre famílias substitutas no Camboja.

68

DIRETRIZES PARA CRIANÇAS EM RISCO

V O L U M E 5 : C R I A N Ç A S E M I N S T I T U I Ç Õ E S D E A C O L H I M E N T O E A LT E R N AT I V A S

COMO ENCOMENDAR os Materias de Estudo sobre oDesenvolvimento Infantil e as Diretrizes para Crianças em Riscoda Tearfund

Os Materiais de Estudo Sobre o Desenvolvimento Infantil é uma introdução para a EstruturaGeral do Desenvolvimento Infantil da Tearfund, com uma compreensão bíblica desta.

As Diretrizes para Crianças em Risco, mais específicas à esta questão, consistem de seisvolumes:

VOLUME 1 Crianças e o Desmembramento Familiar

VOLUME 2 Crianças e a Saúde Comunitária

VOLUME 3 Crianças e a Deficiência

VOLUME 4 Crianças e a Exploração e o Abuso Sexual

VOLUME 5 Crianças em Instituiçoes de Acolhimento e Alternativas

VOLUME 6 Crianças em Conflito e Guerra

Tanto os Materiais de Estudo Sobre o Desenvolvimento Infantil como os exemplares individuaisselecionados das Diretrizes para Crianças em Risco 1–6 podem ser obtidos escrevendo-separa a Tearfund. Embora os Materiais de Estudo sejam enviados para todos, para economizardinheiro, impressão e custo da postagem, serão enviadas somente as Diretrizes que foremsolicitadas. Podem-se solicitar mais exemplares através da Tearfund, no endereço abaixo:

The Children at Risk Team,Tearfund, 100 Church Road, Teddington,Middlesex, TW11 8QE, Reino UnidoTel: +44 (0)20 8943 7757, Fax: +44 (0)20 8943 3594E-mail: [email protected]

Esperamos que você goste da série Materiais de Estudo Sobre o Desenvolvimento Infantil. ATearfund, até agora, já produziu três outros pacotes de materiais de estudo semelhantessobre os princípios da boa prática na Defesa de Direitos, HIV/AIDS(SIDA) eDesenvolvimento Comunitário de Saúde, os quais podem ser obtidos através do mesmoendereço.

Se você tiver sugestões sobre informações que, na sua opinião, deveriam ser incluídas/omitidas e/ou como o pacote poderia ser melhorado, inclusive recursos mais adequadospara a região, por favor, envie-as para o endereço acima.