cria Ìo da business school da fep / up · aos documentos de reporte financeiro se conclui que, ou...

52

Upload: lethu

Post on 02-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CRIAÇÃO DA BUSINESS SCHOOL DA FEP / UP

PLANO DE ACÇÃO

GRUPO DE MISSÃO Mário Rui Silva (Coordenador) Carlos Alves João Loureiro Manuel Oliveira Marques

Faculdade de Economia do Porto 6 de Junho de 2007

2

ÍNDICE

SUMÁRIO EXECUTIVO INTRODUÇÃO 1. CONCEITO DE BUSINESS SCHOOL E MODELO DE NEGÓCIO DOMINANTE 2. POSICIONAMENTO DA FEP/ISFEP FACE AO MODELO DOMINANTE DE BUSINESS

SCHOOL 3. MODELO DE NEGÓCIO DE UMA BUSINESS SCHOOL DA FEP/UP 4. MODELO INSTITUCIONAL E MODELO DE GOVERNO DE UMA BUSINESS SCHOOL DA

FEP/UP 5. PLANO DE INSTALAÇÃO DE UMA BUSINESS SCHOOL DA FEP/UP

3

SUMÁRIO EXECUTIVO

1. Este documento visa dar cumprimento ao Despacho do Director da FEP, de 19 de Abril de 2007, pelo qual foi constituído um Grupo de Trabalho incumbido de elaborar um plano de instalação de uma Escola de Negócios. Tal Despacho surgiu na sequência de uma recomendação da Comissão Coordenadora do Conselho Científico da FEP, a qual incluía ainda a solicitação de que o Conselho Directivo informasse o Sr. Reitor da Universidade do Porto sobre esta iniciativa.

2. É do conhecimento do Grupo de Trabalho que a referida informação ao Sr. Reitor foi efectivamente prestada e que, no seguimento, têm decorrido algumas iniciativas da Reitoria da UP junto de entidades ou pessoas com envolvimento na oferta de formação para executivos no interior da UP.

3. Os contornos definitivos do Plano de Instalação poderão depender de decisões ou propostas que venham a surgir como resultado das iniciativas acima referidas. Competirá aos órgãos de gestão da FEP vir a avaliar a compatibilidade dessas decisões ou propostas com o conteúdo do Plano de Instalação que agora se apresenta e com a apreciação que este último venha a merecer por parte dos órgãos da FEP.

4. A designação aqui utilizada, “Business School da FEP/UP”, ajustar-se-á quer a um cenário de vinculação da Escola de Negócios à FEP quer a um cenário de vinculação da Escola de Negócios à UP e à FEP. Este último cenário poderá ainda ser compatível com um processo de fusão de actividades e activos das entidades que no interior da UP prosseguem actividades relevantes no domínio da formação para executivos, no caso de se retomar numa base sólida e inequívoca um processo negocial com a EGP e a AEGP.

4

CONCEITO E MODELO DE NEGÓCIO DAS BS

5. A análise de um amplo conjunto de Business School (BS) de referência1, permitiu concluir que o modelo de negócio (dominante) das BS assenta na oferta das seguintes linhas de produtos: i) cursos conferentes dos diferentes graus académicos (licenciaturas, mestrados e doutoramentos); ii) oferta de MBA em diferentes formatos e versões; iii) formação profissionalizante em programas de Executive Education; e (em alguns casos) iv) actividades editoriais. Nenhuma das BS tomadas por referência neste documento se limita a oferecer formação para executivos. Porém, por vezes, as BS servem de instrumento de distribuição dos cursos conferentes de grau, sendo que a instituição formalmente responsável pela sua concretização é o departamento relevante da universidade em que a BS se integra.

6. No que respeita ao tipo de cursos oferecidos, a esmagadora maioria dos programas são da esfera das ciências empresariais e das áreas da economia aplicada.

7. As BS procuram que os seus programas de MBA sejam acreditados por instâncias internacionais (vg, The Association of MBAs), em regime de auto-regulação, e procuram ter um rating elevado nos diferentes rankings internacionais elaborados para o efeito. Estes programas para atingirem níveis de excelência exigem que mais do que ensinar se criem ambientes para aprender. Neste contexto, exige-se a criação de condições para a realização de trabalhos de grupo, em ambiente de partilha de experiências, e de permanente disponibilidade e acompanhamento do professor.

8. A prestação de serviços ao exterior e a investigação aplicada não são destacadas pelas BS analisadas. Também nos casos a que se acedeu aos documentos de reporte financeiro se conclui que, ou se trata de actividade inexistente, ou não se trata de função nuclear deste tipo de

1 Foram analisadas as seguintes escolas: Cass Business School (CASS) e London Business School (LBS),

do Reino Unido; INSEAD, de França; Harvard Business School (HBS) e Wharton School da University of

Pennsylvania (Wharton), dos EUA; IESE, ESADE Facultats Universitàries (ESADE) e Instituto de

Empresa Business School (IE), de Espanha; ISCTE Business School (IBS), de Portugal.

5

instituições. Não se pode, porém, daqui inferir que o seu exercício é incompatível com a sua missão e o seu modelo de negócio.

9. Um factor que apresenta uma grande relevância na determinação do prestígio e da atractividade de uma BS é a qualidade e a excelência do corpo docente que a serve.2 Neste contexto, as actividades de investigação científica e as publicações internacionais a ela associados, parecem desempenhar um papel chave para o posicionamento competitivo das BS. A totalidade das BS analisadas publicita amplamente a realização de actividades de investigação científica dos departamentos da universidade a que está ligada.

10. Há, pois, uma lógica de oferta integrada da formação académica (ie, conferente de grau) em economia e ciências empresariais com a formação pós-graduada para executivos. Há, também, estreita ligação entre a excelência científica e a competitividade da instituição. Não é, por isso, de estranhar que as BS estudadas ou são instituições independentes (que oferecem os seus próprios cursos conferentes de grau e dispõem dos seus próprios corpos docentes), sem qualquer ligação a qualquer universidade, ou são departamentos ou instituições pertencentes a uma única universidade. Não se encontrou nenhuma situação em que a BS seja suportada por mais do que uma universidade ou sirva de veículo de distribuição de programas de licenciatura, mestrado ou doutoramento de mais do que uma universidade.

POSICIONAMENTO DA FEP/ISFEP FACE AO MODELO DOMINANTE DE BS

11. A FEP, seja directamente, seja através do ISFEP, oferece já uma ampla gama de produtos que constam do catálogo das BS. A tabela que se segue sintetiza essa oferta.

2 Todos os casos estudados assentam num corpo docente local forte e competitivo ao nível da investigação.

As BS analisadas fazem apelo à qualidade do seu próprio corpo docente e, por norma, não “exibem”

docentes convidados de outras escolas.

6

Licenciaturas Formação para Executivos

Programas de

MBA Mestrados Doutoramentos

FEP ISFEP ISFEP FEP FEP

Economia Pós-Graduações MBA em Finanças

Análise de Dados e Sistemas de

Apoio à Decisão Economia

Gestão Análise Financeira Ciências Empresariais Ciências Empresariais

Direcção de Empresas – Edição

para a Indústria da Construção Contabilidade

Jornalismo e Ciências da

Comunicação [1]

Direcção de Empresas – Edição

para a Indústria do Mobiliário Desenvolvimento e Inserção Social

Finanças e Fiscalidade Economia

Gestão e Direcção de Serviços de

Saúde Economia e Gestão das Cidades

Gestão e Economia do Turismo e

Hotelaria Economia e Gestão Internacional

Gestão Imobiliária Finanças

Gestão Comercial

Cursos de Curta Duração Marketing

Economia e Finanças para

Jornalistas

Inovação e Empreendedorismo

Tecnológico na Engenharia [2]

Inteligência Artificial e Sistemas

Inteligentes [3] [1] Curso oferecido em colaboração com as Faculdades de Letras, belas-artes e Engenharia.

[2] Curso oferecido em parceria com a Faculdade de Engenharia e a Escola de Gestão do Porto.

[3] Curso oferecido em parceria com a Faculdade de Engenharia.

12. Ao universo FEP/ISFEP faltam, porém, alguns produtos para que se possa afirmar que cobre todas as áreas de actuação das BS. Em concreto, julga-se que as lacunas são as seguintes: i) oferta de, pelo menos, um MBA com certificação Internacional; ii) oferta de cursos de formação contínua abertos de curta duração, e em especial de cursos dirigidos a profissionais de alta direcção; iii) presença no mercado de company-specific programmes, sejam tais cursos ministrados nas suas próprias instalações ou concretizados na modalidade de formação in

house. Caso os DBA venham a ganhar espaço na oferta internacional das BS, também haverá que equacionar a oferta de um programa de DBA com certificação internacional.

13. A prestação de serviços do ISFEP tem-se limitado às actividades de formação. São quase nulas as actividades da instituição no domínio da prestação de serviços através da investigação aplicada. Esta é, pois, uma área que importa desenvolver, para o que é essencial não só uma estratégia de maior aproximação às empresas, mas igualmente uma estratégia de maior aproximação aos decisores públicos.

7

14. No binómio FEP/ISFEP, o ISFEP beneficia não só do corpo docente e investigador da FEP mas, igualmente, do prestígio da marca e da qualidade científica desta instituição a que está umbilicalmente ligado. O ISFEP, por sua vez, sendo uma estrutura leve, sem corpo docente próprio e com um número reduzido de funcionários com vínculo, empresta à FEP a agilidade institucional e contratual de que necessita para actuar com competitividade na área da executive education.

15. Saliente-se que o corpo docente da FEP integra uma centena de professores doutorados, que se repartem por cinco grupos científicos: economia, gestão, direito, matemática e informática e ciências sociais. A FEP possui, pois, recursos próprios nas áreas da economia e das ciências empresariais que lhe permitem assegurar uma elevada qualidade pedagógica em todos os seus cursos. Além disso, a FEP tem sabido obter a colaboração de professores estrangeiros que contribuem para a excelência científica dos seus cursos de mestrado e doutoramento, além de lhe conferirem um carácter cosmopolita.

16. Os docentes da FEP são autores de múltiplas publicações, em diversas áreas científicas, como o testemunha, por exemplo, para 2006, o número de artigos publicados em revistas com “referee” (88), o número de teses orientadas (187), o número de comunicações em encontros científicos (236) e o número de encontros científicos organizados (31).

MODELO DE NEGÓCIO DE UMA BUSINESS SCHOOL DA FEP/UP

17. O modelo de negócio para a criação de uma BS no âmbito da FEP e da UP, aplica-se nas suas linhas gerais a uma BS com a sua génese centrada no universo FEP ou a uma BS resultante de um eventual cenário de fusão dos recursos e iniciativas do Universo UP no domínio da formação pós-graduada não conferente de grau na área da gestão. Utilizaremos, por simplificação, a designação BS da FEP/UP como comum a ambos os cenários, sem que isso signifique uma proposta de “marca” ou designação institucional, a qual deverá ser posteriormente ponderada.

8

18. Note-se, porém, que num cenário de reorganização das actividades formativas ao nível da UP que igualmente envolvesse a EGP, algumas das lacunas apontadas ao universo FEP/ISFEP ficariam significativamente colmatadas. Com efeito, a actual EGP desenvolve já actividades nos domínios da formação in house, da formação de curta duração e no mercado de prestação de serviços. Para além disso, num cenário de fusão ISFEP / EGP e de vinculação da estrutura a criar à FEP e à UP, as ligações da BS da FEP/UP ao mundo empresarial ficariam significativamente reforçadas.

19. No que respeita ao modelo de negócio de uma BS da FEP/UP, julga-se que esta deve ser uma porta de oferta de uma gama completa e integrada de licenciaturas, mestrados, doutoramentos, MBA, Executive MBA, pós-graduações e múltiplos programas de formação contínua, sendo que os cursos conferentes de grau são ministrados e organizados pela FEP, ao passo que as demais formações são organizadas pela BS da FEP/UP, sendo a FEP co-responsável pela sua organização em termos a protocolar, à semelhança do que actualmente acontece com o ISFEP. Assim, por exemplo, um portal na Internet da BS da FEP/UP deverá oferecer aos visitantes a panóplia completa dos cursos existentes no universo FEP/FEP/UP BS.

20. Neste contexto, deverá competir à BS da FEP/UP BS: i) Organizar e oferecer cursos de MBA, Executive MBA e, eventualmente, DBA; para assegurar a oferta de um DBA e de um MBA com certificação internacional não se deverá excluir a possibilidade de a BS da FEP/UP se associar a outras instituições prestigiadas; ii) Organizar e oferecer cursos de pós-graduação e de formação contínua que em cada momento se mostrem necessários e ajustados ao público alvo da BS da FEP/UP; iii) Em particular, a BS da FEP/UP deverá organizar e oferecer cursos de formação contínua para o segmento de alta direcção; iv) Organizar e oferecer cursos especialmente desenhados para determinadas organizações (company-specific programmes), sejam estes ministrados nas suas próprias instalações, sejam concretizados na modalidade de formação in house; v) Servir de canal de promoção e distribuição da investigação realizada na FEP e, quando pertinente, em outras unidades orgânicas da UP, de modo a assegurar a sua valorização através da prestação de serviços; vi) Servir de canal de promoção e distribuição dos cursos de licenciatura, mestrado e

9

doutoramento da FEP, seja no mercado nacional, seja no mercado internacional e em especial na Galiza e nos PALOP; vii) Incentivar e estimular a investigação, seja por professores da FEP, seja por professores contratados para determinados programas da BS da FEP/UP, desde que o produto dessa investigação sirva para melhorar o prestígio científico do universo da UP, da FEP e da BS da FEP/UP.

21. Para prosseguir as suas actividades, a BS da FEP/UP deve recorrer ao corpo docente da FEP e contratar directamente serviços de docentes exteriores à instituição de que tenha necessidade. Além disso, a BS da FEP/UP deve pagar à FEP todos os recursos que utiliza, mas deve contratar esses recursos fora da FEP se condições mais favoráveis lhe forem proporcionadas. Por fim, a BS da FEP/UP deve ter uma estrutura administrativa eficiente e competitiva, mas que evite na medida do possível custos afundados.

MODELO JURÍDICO

22. A implementação de uma Business School ancorada no universo FEP/UP pode, em teoria, assentar em diferentes modelos institucionais, tendo em conta as diferentes possibilidades no que respeita à forma jurídica e ao vínculo em relação à FEP e à UP. Discutimos de seguida três modelos possíveis, designados abreviadamente por Business School – Departamento, Business School – Unidade Orgânica e Business School – Associação.

23. Uma primeira possibilidade assentaria no desenvolvimento de uma Business School totalmente integrada na FEP, sem personalidade jurídica própria. Neste cenário, a Business School – Departamento corresponderia a um programa de acção da FEP e, em termos orgânicos, teria um estatuto análogo ao de um departamento interno. Este modelo está longe de ser o mais adequado. A Business School – Departamento não teria qualquer autonomia de gestão, ficando directamente dependente dos órgãos de gestão da FEP, configurando essa situação um modelo de governo que não conseguiria dar resposta eficaz aos desafios e à ambição que se pretende para a BS da FEP/UP.

10

Por outro lado, a ausência de autonomia administrativa e financeira seria incompatível quer com o nível de atendimento aos utentes que se pretende quer com uma gestão financeira eficaz e liberta das regras gerais aplicáveis aos organismos da Administração Pública.

24. O modelo Business School – Departamento conflituaria igualmente com uma dupla vinculação, à FEP mas também à UP como um todo, levando a menosprezar as sinergias com outras unidades orgânicas da UP. Por outro lado, o modelo Business School – Departamento estará totalmente desajustado a um eventual cenário de fusão de activos e actividades dos actuais ISFEP e EGP.

25. Uma segunda possibilidade assenta num estatuto análogo ao da actual EGP: a Business School seria um projecto da UP, com um estatuto de unidade orgânica da Universidade. Este modelo, que consagraria uma autonomia administrativa e financeira, não é necessariamente incompatível com uma vinculação híbrida da Business School – Unidade Orgânica à FEP e à UP: bastaria, para tal, que os Estatutos viessem a especificar formas de nomeação dos membros dos órgãos da Business School que consagrassem a referida vinculação.

26. Este modelo só fará algum sentido se se mantiver a actual unidade orgânica EGP no universo da UP. Por outro lado, apenas num cenário de continuação da vontade da AEGP em se associar à UP no quadro da promoção e consolidação de um projecto de Business School no universo UP é que os activos da EGP justificariam a sua manutenção enquanto unidade orgânica. A EGP – unidade orgânica da UP poderia então ser refundada, incorporando os activos e actividades do ISFEP mas, ao mesmo tempo, vinculando-se de forma mais estreita à FEP (e à UP).

27. Consideramos que o modelo Business School – Unidade Orgânica da UP não será o mais adequado para a BS da FEP/UP, por se confrontar com as limitações inerentes às regras da gestão pública, nomeadamente no que respeita a contratação de pessoas e afectação de saldos de gerência, o que poderá conflituar com a gestão competitiva e eficiente que se deseja para BS da FEP/UP.

11

28. O modelo que consideramos ter mais virtualidades é o da Business School – Associação. A BS da FEP/UP seria uma Associação privada sem fins lucrativos (ou uma Fundação), da qual a FEP, a UP, a AAAFEP, empresas, entidades da envolvente empresarial e outras instituições seriam associados. A Business School – Associação disporia de órgãos de gestão próprios e de total autonomia administrativa e financeira, regendo-se pelas regras da gestão privada. A vinculação da Business School – Associação à FEP e eventualmente à UP materializar-se-ia por duas vias. A primeira, através das regras estatutárias relativas à nomeação dos órgãos de gestão. A segunda, através de protocolo relativo à oferta de formações.

29. Este modelo de Business School – Associação corresponderá, a nosso ver, a uma evolução do actual modelo do ISFEP. O ISFEP é uma associação privada sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e financeira, regendo-se pelas regras da gestão privada. O ISFEP oferece um conjunto de formações para executivos, enquadrando essa oferta através de protocolo celebrado com a FEP. Este modelo de Business School – Associação será igualmente compatível com um cenário de fusão de actividades e activos dos actuais ISFEP e EGP, se esse cenário voltar a ser ponderado. Neste caso, os actuais associados da AEGP e do ISFEP transitariam para a nova Associação ou Fundação.

30. A nosso ver, o modelo Business School – Associação é o desejável para a BS da FEP/UP, pois para além de garantir uma maior eficiência ao nível da gestão, é aquele que melhor potencia sinergias com agentes e instituições exteriores ao universo UP, sendo ainda plenamente compatível com a vinculação da BS à FEP e à UP e com a eventual fusão ISFEP / EGP.

31. Neste modelo, a Associação (ou Fundação) a criar ou a transformar deverá ter como associados a UP e a FEP, a AAAFEP, bem como empresários e/ou empresas, instituições da envolvente empresarial e, mesmo, outras instituições do universo UP com as quais se equacionam sinergias particularmente relevantes.

12

MODELO DE GOVERNO

32. Para o modelo de governo, tomamos como pressuposto o modelo jurídico de Business School – Associação. Assim sendo, a existência de uma Assembleia Geral, de um Conselho Fiscal e de uma Direcção são legalmente incontornáveis. Para além destes órgãos, consideramos desejável a existência de um Conselho Geral e de um Conselho Académico (ou Científico).

33. A Assembleia Geral deteria em exclusivo além das competências consagradas na lei, tais como decidir sobre alterações estatutárias, o poder de decisão sobre a admissão de associados. Os direitos de voto seriam de um por associado ou, se legalmente possível, em função da quota detida no Fundo Social ou equivalente.

34. O Conselho Geral seria constituído por um determinado número de membros, devendo observar-se uma paridade no número de membros não académicos e de membros FEP/UP (bem como uma paridade entre os nomeados pela FEP e os nomeados pela UP). Ao Conselho Geral competiria definir grandes orientações estratégicas bem como propor (à AG) ou, preferencialmente, nomear a Direcção.

35. O Conselho Académico seria constituído, paritariamente, por membros a indicar pela UP e pela FEP. Seria um órgão de consulta da Direcção, a ele competindo, nomeadamente, pronunciar-se sobre a oferta de formações, avaliar a estrutura curricular dos cursos propostos e, ainda, proceder à avaliação final dos cursos, nas vertentes científica e pedagógica.

36. Considera-se desejável que a Direcção tenha um número restrito de elementos (por ex., 3 a 5), um dos quais preside, assumindo o título de Director. As funções da Direcção são as normalmente atribuíveis a um órgão dessa natureza (gestão corrente, movimentação de fundos, contratação, representação externa, etc.) bem como todas as que não forem expressamente atribuídas aos outros órgãos.

13

37. O Governo da BS da FEP/UP deve assentar em orgãos com mandatos por tempo a definir (3 anos, por exemplo), gozando de uma elevada autonomia de gestão.

VINCULAÇÃO DA BUSINESS SCHOOL À FEP E À UP

38. A instituição de uma entidade autónoma como suporte à BS da FEP/UP consagra um estatuto de autonomia que, no entanto, deve acompanhar-se de formas claras de vinculação seja à FEP seja à UP.

39. A vinculação à FEP traduz o reconhecimento de que esta última é não apenas a unidade orgânica da Universidade do Porto com mais tradição no ensino da Gestão mas também aquela em que o ensino pós-graduado nessa área científica tem mais expressão. Por outro lado, a vinculação à FEP potencia a “conectividade” entre formações pós-graduadas conferentes de grau e não conferentes de grau, explorando os méritos do sistema de créditos.

40. A vinculação à UP traduz o reconhecimento da existência de outros activos na UP que podem ser valorizados através da actividade da Business School: Outras unidades orgânicas da UP podem dar contributos para o ensino e a formação na área científica da Gestão, tendo no entanto, a esse nível, uma expressão muito menos relevante do que a da FEP.

41. Assim, o modelo que consideramos desejável para o Governo da BS da FEP/UP consagra uma dupla vinculação, à FEP e à UP, mas, ao mesmo tempo, preza e incentiva a ligação aos associados “não FEP” e “não UP” e, em particular, ao mundo empresarial.

PLANO DE INSTALAÇÃO

42. O presente relatório detalha, no seu ponto 5., as tarefas a desenvolver a fim de se proceder à instalação da Business School da FEP/UP, considerando as fases de pré-instalação, instalação e pós-instalação

14

para os dois cenários possíveis: criação da BS da FEP/UP a partir da transformação do ISFEP ou criação da BS da FEP/UP com base na fusão operacional do ISFEP com a EGP.

15

INTRODUÇÃO

Este documento visa dar cumprimento ao Despacho do Director da FEP, de 19 de Abril de 2007, pelo qual foi constituído um Grupo de Trabalho incumbido de elaborar um plano de instalação de uma Escola de Negócios. Tal Despacho surgiu na sequência de a Comissão Coordenadora do Conselho Científico da FEP ter dirigido, em 30 de Março último, uma recomendação ao Conselho Directivo com vista à prossecução de tal objectivo.

A recomendação da Comissão Coordenadora incluía ainda a solicitação de que o Conselho Directivo informasse o Sr. Reitor da Universidade do Porto sobre esta iniciativa. É do conhecimento do Grupo de Trabalho que a referida informação ao Sr. Reitor foi efectivamente prestada e que, no seguimento, têm decorrido algumas iniciativas da Reitoria da UP junto de entidades ou pessoas com envolvimento na oferta de formação para executivos no interior da UP.

No cumprimento do mandato que lhe foi atribuído, o Grupo de Trabalho prosseguiu a elaboração do Plano de Instalação de uma Business School da FEP/UP, não ignorando no entanto que os contornos definitivos do Plano de Instalação poderão depender de decisões ou propostas que venham a surgir como resultado das iniciativas acima referidas. Competirá aos órgãos de gestão da FEP vir a avaliar a compatibilidade dessas decisões ou propostas com o conteúdo do Plano de Instalação que agora se apresenta e com a apreciação que este último venha a merecer por parte dos órgãos da FEP.

Gostaríamos apenas de esclarecer desde já que a designação aqui utilizada, “Business School da FEP/UP”, ajustar-se-á quer a um cenário de vinculação da Escola de Negócios à FEP quer a um cenário de vinculação da Escola de Negócios à UP e à FEP, como adiante se explicita. Este último cenário poderá ainda ser compatível com um processo de fusão de actividades e activos das entidades que no interior da UP prosseguem actividades relevantes no domínio da formação para executivos, no caso de se retomar numa base sólida e inequívoca um processo negocial com a EGP e a AEGP.

Tendo em vista dar satisfação à missão de que foi incumbido, o Grupo de Trabalho começou por identificar o modelo dominante de escola de negócio

16

(business school), analisando para esse efeito informação relativa a um amplo conjunto de escolas de prestígio internacional. Em seguida, procedeu-se à análise do posicionamento do universo FEP/ISFEP face a esse modelo de escola de negócio, procurando identificar pontos de identidade e de divergência. Este exercício permitiu desenhar as linhas estruturantes de um modelo de negócio de uma business school que cumpra os objectivos subjacentes à recomendação da Comissão Coordenadora. De igual modo, se concebeu um modelo institucional e de governo de uma tal escola, explorando-se aqui os cenários alternativos que consideramos ajustarem-se, do ponto de vista institucional, ao desenvolvimento do modelo de negócio. Por fim, foi elaborado um plano de instalação, dando-se por isso integral cumprimento ao teor do Despacho do Director da FEP.

17

1. CONCEITO DE BUSINESS SCHOOL E MODELO DE NEGÓCIO DOMINANTE

(i) O que é uma Business School?

O conceito de Business School (BS) é estranho à terminologia institucional/universitária tradicionalmente usada em Portugal,3 sendo essa provavelmente a razão pela qual é por vezes aplicado com amplitudes e significados distintos dos usados em termos internacionais. De facto, muitas vezes, tende a restringir-se as BS a entidades promotoras programas de formação pós-graduada para executivos e em particular de cursos de Master Business Administration (MBA). Porém, as BS não se resumem à oferta desse tipo de programas de formação. Importa, por isso, começar por delimitar o conceito de BS.

Talvez a melhor forma de concretizar tal exercício, seja identificar as funções que usualmente são desempenhas, e a forma como são desempenhadas, pelas instituições que fora do nosso país usam esta designação. Sendo certo que, também no plano internacional, se encontram diferentes realidades submetidas a esta nomenclatura, julga-se aconselhável tomar como padrão um conjunto de BS, de diferentes países, que possam ser tidas como instituições de referência. Nesse sentido, na elaboração deste documento foram tidas em especial consideração as seguintes instituições: Cass Business School (CASS) e London Business School (LBS), do Reino Unido; INSEAD, de França; Harvard Business School (HBS), dos EUA; IESE, ESADE Facultats Universitàries (ESADE) e Instituto de Empresa Business School (IE), de Espanha. De notar que nem todas as BS utilizam essa designação. A Wharton School, da University of Pennsylvania, EUA, que também aqui foi tida em consideração, é um exemplo claro de uma instituição que embora não se designando BS, o é de facto e como tal é reconhecida. Em termos nacionais tomou-se por referência a ISCTE Business School (IBS), que é a unidade orgânica do ISCTE4 que tem a

3 Não obstante, por exemplo, a Universidade do Porto ter uma unidade orgânica denominada Escola de

Gestão do Porto e de ter sido, recentemente, criada a ISCTE Business School. 4 A IBS compreende o departamento de finanças e contabilidade, o departamento de ciências de gestão e o

departamento de métodos quantitativos do ISCTE.

18

responsabilidade de desenvolver as actividades de ensino e investigação da área de Gestão.

As BS analisadas oferecem cursos correspondentes aos diferentes graus académicos, a par de programas de formação profissionalizante (designadamente, MBA e MBA Executivo) e de programas de formação contínua para executivos (Executive Education Programmes, na terminologia anglo-saxónica predominante). Assim, além da formação profissionalizante, é usual que as BS ofereçam cursos de primeiro grau (BSc), e sobretudo cursos de segundo grau (MSc e MPhil) e terceiro grau (DBA e PhD).

Oferta de Cursos de Primeiro Ciclo - Entre as BS analisadas, encontra-se a oferta de «undergraduate programmes» na CASS, na ESADE, na IBS e na Wharton School. No primeiro caso oferecem-se 5 cursos (BSc Actuarial Science, BSc Banking and International Finance, BSc Business Studies, BSc Investment and Financial Risk Management e BSc Management). No segundo caso oferece-se um programa combinado de primeiro e segundo ciclo em gestão (Combined Undergraduate & Master in Management Programme). A IBS oferece programas de licenciatura em Finanças, Gestão, Gestão de Recursos Humanos, Gestão e Engenharia Industrial e Marketing. A Wharton School oferece vários programas de primeiro ciclo.

Importa notar que as BS se assumem como portas de divulgação e como canais de distribuição destes cursos, sendo a sua concretização cometida aos departamentos relevantes das universidades a que as BS pertencem. Assim, no caso da CASS tais programas são da responsabilidade dos departamentos de finanças, gestão, ciências actuarais e seguros da City University. No caso da ESADE, é ela própria uma das 10 faculdades/institutos que integram a Universidad Ramon Llull. O mesmo se aplica à Wharton School relativamente à University of Pennsylvania. A IBS, por sua vez, é uma unidade orgânica do ISCTE.

Quer isto dizer que uma das funções desempenhadas pelas BS é servir de instrumento de divulgação, promoção e comercialização dos seus próprios ou dos programas de primeiro ciclo da universidade ou faculdade a que está ligada.

19

Oferta de Cursos de Segundo Ciclo (MSc e MPhil) - A oferta de formações de segundo ciclo é generalizada. Apenas as escolas norte-americanas (HBS e Wharton) não oferecem programas de mestrado. Em todos os demais casos se encontraram divulgados e publicitados múltiplos programas de MSc. No caso da CASS igualmente é oferecido um programa de MPhil correspondente aos dois primeiros anos de um programa de doutoramento (PhD). Na IBS oferecem-se programas de Mestrado e programas de Mestrado Executivo (nova designação atribuída a cursos outrora denominados pós-graduações).

Uma vez mais, são frequentes os casos em que a BS serve de instrumento de distribuição desses cursos, sendo que a instituição formalmente responsável pela sua concretização é o departamento relevante da universidade em que a BS se integra.

No que respeita ao tipo de cursos oferecidos, além dos programas da esfera das ciências empresariais e das áreas da economia aplicada, são oferecidos por algumas BS espanholas cursos de mestrado na área das ciências jurídicas.

Oferta de MBA - Todas as BS analisadas oferecem MBA e EMBA (Executive MBA), em diferentes modalidades. Algumas das instituições oferecem os seus EMBA em países terceiros. Começam também a surgir programas oferecidos conjuntamente por duas BS de prestígio de continentes distintos. É esse o caso, por exemplo, do EMBA-Global da LBS e da Columbia Business School que confere dois diplomas de MBA emitidos por estas instituições.

As BS de prestígio procuram que os seus programas de MBA sejam acreditados por instâncias internacionais (vg, The Association of MBAs), em regime de auto-regulação, e procuram ter um rating elevado nos diferentes rankings internacionais elaborados para o efeito.

Estes programas para terem sucesso exigem que mais do que ensinar se criem ambientes para aprender. Neste contexto, exige-se a criação de condições para a realização de trabalhos de grupo, em ambiente de partilha de experiências, e de permanente disponibilidade e acompanhamento do professor. Tal processo produtivo exige não só instalações adequadas, mas também um baixo rácio de alunos por professor. Assim, por exemplo, o IESE publicita como um facto

20

relevante para a sua caracterização, que o seu rácio aluno/professor é de 4:1, e que tem ao seu serviço 133 professores, dos quais 96 a tempo inteiro.

Oferta de Programas de PhD - A oferta de programas de PhD é igualmente generalizada. Todas as BS consideradas neste documento oferecem tais programas.

Uma vez mais, quando se trata de BS integradas em universidades os sítios na Internet daquelas entidades deixam claro que estes programas são oferecidos através ou em conjunto com os departamentos (por norma) de economia e gestão dessas universidades. A oferta de cursos de terceiro ciclo como “joint degree” da BS e de um outro departamento da universidade é igualmente praticada. Por fim, a oferta própria (exclusiva) de formações de segundo e terceiro ciclo também se encontra em BS, como o INSEAD, que não se enquadram explicitamente em nenhuma universidade.

Em geral, os cursos de PhD oferecidos pelas BS inserem-se nas áreas científicas da economia (especialmente na vertente da estratégia e da economia industrial), das finanças, do marketing e da gestão em geral.

Oferta de DBA - De entre as BS analisadas, a HBS oferece cursos de DBA (Doctor of Business Administration), integrando-os nos «doctoral programmes» em conjunto com os programas de PhD. Também o IE oferece, além de PhD, programas de DBA entre os seus doctoral programmes, que anuncia como sendo equivalentes aos programas de PhD em muitos aspectos, designadamente no que respeita ao rigor e ao contributo para o progresso do conhecimento. A IBS igualmente oferece um programa de DBA, além de programas em PhD. Nenhuma outra das BS analisadas publicita programas de DBA.

Também para os programas de DBA existem instâncias internacionais de acreditação, em regime de auto-regulação análogo ao vigente para os programas de MBA.

Oferta de Cursos de Formação Contínua para Executivos (Executive Education)

- Todas as BS oferecem múltiplos programas de formação contínua para

21

executivos (Executive Education Programmes), com diferentes características, e em diferentes campos da gestão, das finanças e da economia. Também se encontram cursos na área das ciências jurídicas e das línguas, especialmente entre as BS espanholas.

Neste âmbito, além dos cursos abertos a que se pode candidatar qualquer interessado, também se inclui a formação com base em programas desenhados especificamente para certos clientes (empresas).

Investigação Científica - A totalidade das BS analisadas publicita a realização de actividades de investigação científica dos departamentos da universidade a que está ligada. São frequentes as situações em que é identificado o corpo docente da BS, e a respectiva lista de publicações. São igualmente frequentes situações em que são identificados e são estabelecidas conexões para os centros de investigação da respectiva universidade, relativos a áreas científicas relevantes para os domínios da economia e das ciências empresariais. Também no caso das BS que possuem corpo docente próprio as suas actividades de investigação e a sua excelência científica são amplamente publicitadas.

Adiante, no ponto (ii), regressar-se-á a este tema, dada a importância crucial que a investigação científica e excelência do corpo docente desempenham no modelo de negócio das BS.

Outras Actividades - Algumas das BS desempenham também actividades editoriais, publicando livros, revistas e estudos de casos.

A prestação de serviços ao exterior não é publicitada pelas BS analisadas. Pode, pois, concluir-se que não se trata de função nuclear deste tipo de instituições, embora também não se possa concluir que o seu exercício seja incompatível com a sua missão e o seu modelo de negócio. O mesmo se diga quanto à investigação aplicada, a qual não correspondendo ao core business deste tipo de instituições, é totalmente compatível com as actividades de ensino e investigação que se constituem como o objecto principal das BS.

22

(ii) A importância da investigação e do corpo académico no modelo de negócio das BS

Em parágrafos anteriores foi já referido que nenhuma das BS de sucesso estudadas se limita a oferecer programas de MBA e programas de formação para executivos. Em todas elas se encontra acoplada a oferta de programas académicos, sejam estes mestrados ou doutoramentos. Em particular, a simples visita aos sítios na Internet destas BS deixa claro o quão é importante para a sua reputação a oferta de programas de PhD e a publicitação da excelência científica dos académicos que suportam estes programas. Não deixa também de ser evidente que as BS são uma excelente porta de divulgação dos programas de doutoramento dos departamentos ou grupos científicos que suportam esses programas. Em síntese, as BS precisam de oferecer PhD e de poder mostrar que são suportadas por um corpo de académicos de elevada qualidade, ao passo que esses académicos (e os departamentos ou instituições em que estes formalmente se inserem) necessitam das BS enquanto canais de distribuição e de publicitação dos seus programas. As sinergias afiguram-se, pois, óbvias.

Além disso, as BS são elas próprias fonte de financiamento e de promoção da investigação científica. É frequente, como já referido, as BS publicitarem os seus (próprios ou de outros departamentos da universidade em que se inserem) centros de investigação, bem assim como divulgarem a lista dos académicos (uma vez mais, próprios ou de outros departamentos da universidade em que se inserem) que a integram, bem assim como as respectivas listas de publicações. Não é por isso de estranhar que ao longo dos últimos 5 anos 25% das despesas operacionais da HBS tenham sido realizadas em actividades de research dos seus académicos.

O modelo de negócio de uma BS exige, pois, que esta tenha um corpo académico próprio capaz de desenvolver actividade de investigação e promover programas de mestrado e doutoramento, ou se constitua em ligação com um departamento de uma universidade que lhe proporcione esse corpo docente e investigador. Claro está que, de igual modo, num modelo de mercado competitivo, nenhuma universidade poderá deixar de contar com a BS para promover e financiar (directa ou indirectamente) as actividades de investigação e os programas de doutoramento na área das ciências empresariais. Além disso, a BS é uma importante via de captação de talentos, isto é, de identificação de alunos com potencial para doutoramento e publicação. Por outras palavras, um

23

corpo académico com publicações internacionais é importante para que a BS tenha capacidade para captar alunos de elevada qualidade. Todavia, a captação destes alunos é igualmente importante para alimentar a capacidade de produção de teses e de publicação de artigos pelos departamentos e grupos em que esses académicos se inserem. Uma vez mais as sinergias parecem evidentes.

Não há, que se saiba, BS de sucesso que sejam meros canais de distribuição de MBA ou de produtos de formação para executivos. Nenhuma das BS analisadas estrutura o seu modelo de negócio na distribuição de MBA com corpos docentes “importados”. Não quer isto dizer que as parcerias internacionais (a que se regressará adiante) não sejam importantes, e que a participação de professores estrangeiros de elevada qualidade e renome não sejam relevantes. Quer-se apenas notar que todos os casos estudados assentam num corpo docente local forte e competitivo ao nível da investigação. É claro que se encontram fórmulas de exportação de MBA e de outros produtos de formação executiva. Por exemplo, a London Business School e a Cass Business School oferecem programas MBA Executivo no Dubai e na China, em parceria com instituições locais. De igual modo, o IESE publicita no seu sítio a oferta de programas de formação para executivos em vários países da América Latina e em Portugal, concretizados (uma vez mais) através de convénios com instituições locais (como é o caso, entre nós, da AESE - Associação de Estudos Superiores de Empresa). Trata-se, em qualquer dos casos, de produtos desenhados e concebidos numa lógica de prestação de serviços a países periféricos.

Além disso, importa notar que as BS analisadas fazem apelo à qualidade do seu próprio corpo docente, e por norma não “exibem” docentes convidados de outras escolas internacionais. São exaltadas a qualidade científica e pedagógica dos seus académicos, do mesmo modo que a sua múltipla origem cultural é em alguns casos relevada, mas não se faz alusão sistemática ao “aluguer” de professores de outras instituições internacionais. Em suma, nenhuma BS pode aspirar a ser bem sucedida se não tiver igualmente um corpo docente local de qualidade, cosmopolita e cobrindo as diferentes áreas relevantes da economia e das ciências empresariais.

Anote-se, por fim, que se as BS forem do ponto de vista institucional instituições ágeis, podem constituir-se como a «porta» de contratação, no job market internacional, de professores de elevado potencial em matéria de publicações,

24

sem as restrições que as universidades com enquadramentos institucionais mais pesados usualmente apresentam.

(iii) Posicionamento das BS face às Universidades

As BS estudadas ou são instituições independentes, sem qualquer ligação a qualquer universidade, ou são departamentos ou instituições pertencentes a uma única universidade. Assim, por exemplo, os sítios na Internet das BS deixam patente as seguintes relações umbilicais: CASS/City University of London; HBS / Harvard University; IESE / Universidad de Navarra; ESADE / Universidad Ramon Llull; IBS / ISCTE e Wharton / University of Pennsylvania. Não são visíveis esses laços no caso da LBS, do INSEAD e do IE.

De igual modo, não se encontrou nenhuma situação em que a BS seja suportada por mais do que uma universidade ou sirva de veículo de distribuição de programas de mestrado ou doutoramento de mais do que uma universidade. A razão que está subjacente a esta realidade prende-se com os conflitos de interesse que tal situação coloca, que por se afigurarem óbvios nos dispensamos de ilustrar.

(iv) Alianças Internacionais

Não obstante o que se referiu anteriormente quanto à importância de dispor de um corpo docente próprio de elevada qualidade, importa reconhecer que a presença de professores de renome internacional, pelo menos numa fase inicial, é necessária para assegurar a credibilidade e a qualidade necessárias à afirmação de programas de formação de sucesso. De igual modo, o estabelecimento de uma aliança com uma BS de renome internacional parece ser importante para a concretização de tal objectivo. O IESE, por exemplo, deixa bem patente no seu sítio na Internet a importância que a HBS teve no lançamento do seu primeiro MBA em 1964, e realça que ainda hoje «the

Harvard-IESE Committee continues to meet annually to discuss matters of

mutual interest and relevance».

Porém, para uma BS de sucesso as alianças internacionais terão de ter uma natureza de parceria e não uma natureza de subordinação e menoridade.

25

(v) Síntese do Modelo de Negócio das BS

O modelo de negócio (dominante) das BS, em síntese, assenta na oferta das seguintes linhas de produtos: i) cursos conferentes dos diferentes graus académicos, em nome próprio ou das universidades a que pertencem, ao nível dos diferentes graus de ensino; ii) oferta de MBA em diferentes formatos e versões; iii) formação profissionalizante em programas de Executive Education; iv) actividades editoriais. A atractividade das diferentes instituições reside na quantidade, qualidade e na excelência do corpo docente que a serve. Neste contexto, as actividades de investigação científica e as publicações internacionais a ela associados, parecem desempenhar um papel chave para o posicionamento competitivo das BS. Importa, porém, identificar em concreto as actividades que originam proveitos, que permitam a sustentação de um corpo docente e investigador de cujo suporte a BS necessita.

Entre as BS estudadas, não são muitas as que disponibilizam na Internet os seus relatórios e contas anuais. Tais documentos apenas puderam ser obtidos para a LBS (para 2005) e para a HBS (para 2006).

O relatório da HBS deixa antever que a grande componente dos proveitos advém dos programas de educação de executivos e da actividade editorial. Com efeito, em 2006, mais de metade dos proveitos da HBS (55%) tiveram origem neste tipo de actividades. Os programas de MBA originaram apenas 20% dos proveitos totais. Neste business model, constituem igualmente fontes de financiamento importantes, e com peso superior às receitas do MBA, os rendimentos da riqueza financeira acumulada pela instituição, bem assim como as contribuições e ofertas arrecadadas junto de amigos e antigos alunos (alumni). No total, o peso destas componentes ascende a 22% do total dos proveitos. Os 3% remanescentes provieram do arrendamento de instalações.

Também no caso da LBS, em 2005, as receitas originadas pelo MBA representam 17% dos proveitos totais, e se considerados também os programas de EMBA tal percentagem atinge cerca de 27% dos proveitos totais. Uma vez mais os programas de Executive Education são uma importante fonte de proveitos, com os cursos abertos a representarem cerca de 12% dos proveitos totais, e os company-specific programmes a pesarem cerca de 16% dos

26

proveitos totais. Os demais programas académicos pesam cerca de 14% dos proveitos, pelo que o total dos academic fees representa cerca de 69% dos proveitos totais. De notar que as rubrica «research grants and contracts» origina apenas 6% dos proveitos, indiciando que também não são as receitas directas das actividades de research e a prestação de serviços que permitem assegurar o equilíbrio financeiro da instituição. Uma vez mais são os contributos dos fundadores e os donativos recebidos que, conjuntamente com as receitas das rendas e os rendimentos dos capitais aplicados, asseguram tal equilíbrio.

No que respeita às despesas, na HBS os custos com o pessoal representam 45% das despesas totais, e as actividades de publicação e impressão 11% do total. Os custos com instalações e equipamento apresentam também um peso significativo. Na LBS, os custos de staff ascendem a 48% e o pessoal docente externo contratado representa 13% do total. O suporte (não incluindo aqui os custos com o pessoal) das actividades de research consome 4% das despesas totais e as actividades do marketing ascendem a 7%. Os custos com edifícios e tecnologias representam também uma parte significativa dos custos totais.

Em suma, o modelo de negócio das BS, estrutura-se, do lado das receitas, nos fees arrecadados com os programas académicos, com especial realce para os programas de Executive Education, e na contribuição de fundadores e amigos. A captação de recursos junto das empresas, via dotações permanentes e periódicas, e dos antigos alunos, via donativos, é aliás um dos vectores estruturantes destes modelos de negócio. Do lado das despesas, os custos com o pessoal, e em especial o pessoal docente, são a principal componente, não sendo de desconsiderar os custos com instalações e equipamentos, nem as despesas de marketing. Quando comparados com as receitas provenientes dos programas académicos, os custos com o pessoal são elevados. Porém, importa notar que a forte alocação de recursos às actividades de research e a prática de um rácio aluno professor baixo são características deste modelo de negócios.

A venda de produtos ou a prestação de serviços ao exterior, com excepção da venda de publicações no caso da HBS, parecem ter um papel residual neste modelo de negócio.

27

2. POSICIONAMENTO DA FEP/ISFEP FACE AO MODELO DOMINANTE DE BUSINESS SCHOOL

A FEP, directamente ou através do Instituto de Investigação e Serviços da Faculdade de Economia do Porto (ISFEP), oferece já no mercado uma parte relevante dos produtos que são produzidos ou distribuídos pela generalidade das BS analisadas. Todavia, dado que este documento pode vir a ser útil a leitores não familiarizados com tal realidade, importa começar por explicar o que são e o que fazem a FEP e o ISFEP.

(i) Sobre a FEP

A FEP é uma unidade orgânica da Universidade do Porto (UP), sendo uma pessoa colectiva de direito público dotada, nos termos da lei e dos Estatutos da UP, de autonomia estatutária, científica, pedagógica, administrativa e financeira.

Esta faculdade foi instituída em 1953, pese embora a sua criação (com a designação de Faculdade do Comércio) estivesse já prevista no diploma legal que criou a UP. A FEP avoca no campo das ciências económicas e empresariais, a tradição cultural que na cidade do Porto teve origem com a criação, em 1803, da Academia de Marinha e Comércio, mais tarde transformada (em 1837) em Academia Politécnica, onde, até finais do século XIX, continuaram a professar-se os estudos económicos e empresariais.

A FEP é, pois, não só a unidade orgânica da UP do campo das ciências económicas e empresariais, como é a instituição herdeira da longa tradição da cidade do Porto (e, do norte de Portugal) no ensino de tais matérias.

A FEP, desde cedo, alcançou uma posição de grande prestígio no conjunto das instituições nacionais de ensino da economia e das ciências empresariais, posição que ao longo do tempo tem sabido manter e consolidar. Também ao

28

nível da investigação a FEP é hoje uma instituição de referência, quer ao nível nacional, quer (crescentemente) ao nível internacional. Reconhecida pela qualidade do seu corpo docente, que alia a uma elevada craveira científica uma grande experiência prática e capacidade pedagógica, a FEP tem vindo a ser a escola mais procurada a nível nacional, seja no conjunto das licenciaturas em economia, seja também (o que acontece com grande frequência) no conjunto das licenciaturas em gestão.

Frequentada por mais de 2775 alunos, tem actualmente em funcionamento diversos cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento. Com quase 50 gerações de licenciados, a Faculdade de Economia do Porto conta com mais de 5000 antigos alunos a desempenhar funções nos mais variados sectores de actividade. Os antigos alunos da FEP beneficiam do reconhecimento da grande qualidade da sua formação, e muitos exercem ou exerceram funções de elevado destaque na vida pública e empresarial nacional.

Sobre o Corpo Docente da FEP

A FEP possui 182 docentes, dos quais 103 doutorados, e 24 com o grau de mestrado, repartidos pelos seguintes grupos científicos: i) Grupo de Ciências Sociais; ii) Grupo de Direito; iii) Grupo de Economia; iv) Grupo de Gestão; v) e Grupo de Matemática e Informática. O Grupo de Economia é, neste momento, constituído por 67 docentes dos quais 45 são professores doutorados, enquanto que o Grupo de Gestão, por sua vez, é constituído por 56 professores, dos quais 28 doutorados, o que denota que a FEP possui recursos próprios na área da economia e da gestão suficientes para assegurar a elevada qualidade e a excelência pedagógica e científica que caracterizam os seus cursos. Os demais grupos científicos conferem à FEP as valências em áreas conexas com as ciências económicas e empresariais, e que igualmente muito contribuem para a elevada qualidade dos seus programas lectivos.

Além disso, a FEP tem sabido obter a colaboração de professores estrangeiros que contribuem para a excelência científica dos seus cursos de mestrado e doutoramento, além de lhe conferirem um carácter cosmopolita.

29

Licenciaturas Oferecidas pela FEP

A FEP tem actualmente em funcionamento as licenciaturas em Economia e em Gestão, além de diversos cursos de mestrado e de doutoramento. A licenciatura em Economia existe desde a instituição da FEP e a licenciatura em gestão foi criada em 1987. Trata-se, por isso, de cursos com 54 anos de existência, no primeiro caso, e 20 anos de funcionamento, no segundo caso, que o mercado já amplamente conhece e aos quais reconhece enorme qualidade.

Além disso, a FEP oferece uma licenciatura em parceria com outras instituições da UP. Trata-se do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação, oferecido em colaboração com as Faculdades de Letras, Engenharia e Belas-Artes.

Um dos factores que mais tem contribuído para a posição de prestígio alcançada pela FEP no panorama do ensino da economia e das ciências empresariais nacionais é o facto de a formação oferecida no âmbito da licenciatura em economia se ter revelado ao longo do tempo particularmente adequada a uma boa integração dos seus diplomados em segmentos qualificados do mercado de trabalho. A criação da licenciatura em gestão não alterou substancialmente os perfis de formação da FEP, nomeadamente no que toca à sua relativa hibridez curricular e franca abertura aos problemas concretos que, nas empresas e outras organizações, se colocam aos decisores económicos. Pode, pois, concluir-se que desde a sua fundação a FEP tem formado sucessivas gerações de profissionais de business, dotando-os de comprovadas competências.

Mestrados Oferecidos pela FEP

A FEP tem igualmente em funcionamento múltiplos cursos de mestrado. Ainda nos anos 80 surgiu o mestrado em Economia e em 1996 foi lançado um mestrado em Ciências Empresariais, os quais cedo encontraram elevada procura entre os profissionais das empresas e outras organizações. Actualmente são oferecidos os seguintes mestrados: i) Análise de Dados e Sistemas de Apoio à Decisão; ii) Ciências Empresariais; iii) Contabilidade; iv) Desenvolvimento e Inserção Social; v) Economia; vi) Economia e Gestão das Cidades; vii) Economia e Gestão Internacional; viii) Finanças; ix) Gestão Comercial; e x) Marketing.

30

Além disso, a FEP oferece mestrados em parceria com outras instituições da UP: xi) Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico na Engenharia (curso oferecido em parceria com a Faculdade de Engenharia e a Escola de Gestão do Porto); xii) Mestrado em Inteligência Artificial e Sistemas Inteligentes (curso oferecido em parceria com a Faculdade de Engenharia).

Tomando em consideração apenas os mestrados oferecidos pela FEP, o número de alunos actualmente inscritos nestes cursos é de 332.

Doutoramentos Oferecidos pela FEP

A FEP oferece também dois cursos de doutoramento (PhD): i) o curso de Doutoramento em Economia e o ii) curso de Doutoramento em Ciências Empresariais.

O doutoramento em Economia na FEP teve início no ano lectivo 1985/86, e desde 1998/99 se encontra estruturado num programa de quatro anos, em que os primeiros dois anos correspondem a uma parte escolar. A conclusão da parte escolar com classificação satisfatória e a aprovação do projecto de tese são condições de acesso à elaboração da dissertação de doutoramento. O grau de doutor é conferido mediante aprovação em provas públicas de defesa da tese. Em articulação com este programa de PhD encontra-se estruturado um programa de mestrado em Economia (MPhil), nomeadamente ao nível da leccionação e das disciplinas oferecidas nos primeiros dois semestres do Doutoramento e do Mestrado e da facilidade de transição de um Programa para o outro. Actualmente há 35 alunos a fazer doutoramento em Economia na FEP.

O doutoramento em Ciências Empresariais foi lançado em 1993/94, sendo que desde 2006/07 o programa inclui uma componente escolar, ou curso de doutoramento, que ocupa o primeiro ano de trabalho. Os dois primeiros trimestres incluem a frequência a um conjunto de disciplinas. Os dois trimestres restantes envolvem a elaboração de um projecto de tese cuja aprovação perante um júri conduzirá à fase seguinte do programa: o desenvolvimento de uma tese de doutoramento original, que constitua um contributo significativo para o avanço do conhecimento no campo das Ciências Empresariais. Neste programa

31

oferecem-se cinco áreas de especialização: i) Contabilidade e Controlo de Gestão; ii) Finanças; iii) Marketing e Estratégia; iv) Operações e Logística; e v) Organização e Recursos Humanos. Presentemente há 28 alunos no programa de Doutoramento em Ciências Empresariais.

Considerando ambos programas (Economia e Ciências Empresariais), constata-se que há presentemente 63 alunos a doutorar-se na FEP. Se adicionado este número ao número de mestrandos, consta-se que esta faculdade tem actualmente 395 alunos em programas de segundo e terceiro ciclo.

Investigação

O corpo docente da FEP, em grande medida, como se referiu, constituído por professores doutorados, tem elevada capacidade de investigação científica. Na FEP existem dois centros de investigação no campo das ciências económicas e empresariais, o CEMPRE e o CETE, que mereceram (em ambos os casos) na última avaliação internacional a que foram sujeitos, o qualificativo de «muito bom». Além disso, a FEP participa, através de vários dos seus professores, em outros centros de investigação da UP, como sejam o CEDRES e o LIACC. Ademais, alguns dos professores da FEP são a título individual membros de outros centros de investigação.

Reflexo do trabalho de investigação desenvolvido, os docentes e investigadores da FEP são autores de múltiplas publicações internacionais de valor científico inegável. Em face da informação comunicada ao Conselho Científico, a actividade científica dos docentes da FEP, em 2006, materializou-se na produção que a tabela que se segue sintetiza:

32

2006

Autor de Tese - Doutoramento 10

Autor de Livro 4

Editor de Livro 6

Artigo em revista com ‘referee’ 88

Artigo em revista sem ‘referee’ 13

Autor de Capítulo de Livro 45

Working Paper 95

Orientação de Teses 187

Comunicações em Encontros Científicos 236

Organização de Encontros Científicos 31

Participação em Júris Académicos 119

Acrescente-se que, desde 1999, foram publicados por docentes da FEP 66 livros, 289 capítulos de livros e 474 artigos em revistas (360 dos quais em revistas com “referee”). Além disso, no mesmo período, aqueles docentes editaram 37 livros, organizaram 133 encontros científicos e orientaram 608 teses.

(ii) Sobre o ISFEP

O ISFEP é uma associação privada sem fins lucrativos que tem como associados a própria FEP, a Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Economia do Porto e a Fundação Gomes Teixeira. Esta associação foi criada com dois objectivos principais: i) valorizar, através da prestação de serviços, a investigação realizada na FEP; ii) promover e organizar actividades de formação pós-graduada não conferente de grau dirigidas a licenciados já inseridos no mercado de trabalho.

Ao longo do tempo, o ISFEP tem-se constituído como o braço da FEP para a Executive Education. Desde o ano 2000, o ISFEP, através de protocolo celebrado com a FEP, vem expandindo a oferta de cursos de pós-graduação com escolaridade compreendida entre 270 horas e 360 horas. Os cursos actualmente oferecidos são os seguintes: i) MBA em Finanças; ii) Pós-Graduação em Análise Financeira; iii) Pós-Graduação em Direcção de Empresas – Edição para a Indústria da Construção; iv) Pós-Graduação em Direcção de Empresas – Edição para a Indústria do Mobiliário; v) Pós-

33

Graduação em Finanças e Fiscalidade; vi) Pós-Graduação em Gestão e Direcção de Serviços de Saúde; vii) Pós-Graduação em Gestão e Economia do Turismo e Hotelaria; viii) Pós-Graduação em Gestão Imobiliária. Entretanto, já no decorrer do mandato do Grupo de Trabalho responsável por este relatório, foi aprovada e começou a ser promovida a Pós-Graduação em Direcção de Empresas – Edição para a Indústria da Moda. Em 2006 o ISFEP iniciou a oferta de cursos de formação contínua, através do curso de Economia e Finanças para Jornalistas.

O universo FEP/ISFEP tem conseguido atrair, quer os licenciados da FEP, quer licenciados de outras escolas. Assim, por exemplo, para as três pós-graduações mais antigas realizadas (MBA em Finanças, Análise Financeira e Gestão Imobiliária), a percentagem de proveniência dos alunos no período 2000/2007 é de 33,6% (licenciados FEP) e 66,4% (outros licenciados).

A FEP é co-responsável pela organização de todos os cursos oferecidos pelo ISFEP. De notar ainda que alguns dos cursos oferecidos resultam de parcerias realizadas com instituições relevantes dos campos empresarial e profissional. Assim, a Pós-Graduação em Gestão e Direcção de Serviços de Saúde conta com o apoio, ao nível da organização, do Departamento de Educação Permanente do Hospital de São João. A Pós-Graduação em Análise Financeira resulta de um protocolo celebrado com a Associação Portuguesa de Analistas Financeiros. Por sua vez, as Pós-Graduações em Direcção de Empresas são oferecidas em colaboração, respectivamente, com a Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas (na Edição para a Indústria da Construção) e com a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (na Edição para a Indústria do Mobiliário). Também a Pós-Graduação em Gestão Imobiliária conta com a colaboração do Grupo Editorial Vida Económica, da Vida Imobiliária e Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas. Por fim, o MBA Finanças conta com o apoio do BPI e da Egor e a Pós-Graduação em Gestão e Economia do Turismo e Hotelaria tem o apoio da Deloitte. A Pós-Graduação em Direcção de Empresas – Edição para a Indústria da Moda dará lugar a um protocolo de colaboração com a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal.

Saliente-se, por outro lado, que a Pós-Graduação em Análise Financeira beneficia de certificação internacional, na medida em que além de um Diploma de Pós-Graduação emitido pela Faculdade de Economia do Porto, dá lugar à

34

emissão de um Diploma de Analista Financeiro Europeu (CEFA - Certified European Financial Analyst) emitido pela Federação Europeia das Associações de Analistas Financeiros (FEAAF).

A actividade do ISFEP atinge já números de alguma expressão. Assim, em 2006, o valor total das prestações de serviços (IVA não incluído) atingiu cerca de EUR 778 mil, as quais foram na quase totalidade originadas pelas actividades de formação pós-graduada. É previsível que brevemente, possivelmente ainda em 2007, se atinja um volume de facturação de 1,5 milhões de euros, que é condição de acesso ao ranking de BS do Financial Times. Com efeito, em 31 de Março de 2007, as prestações de serviços facturadas pelo ISFEP no corrente ano civil atingiam já cerca de 60% do montante da facturação de 2006.

Modelo Organizativo do ISFEP

O ISFEP não possui corpo docente próprio, pelo que utiliza docentes da FEP (maioritariamente) e exteriores à FEP, estes últimos recrutados junto de outras instituições da UP (vg, Faculdades de Engenharia, Arquitectura e Medicina), de outras instituições universitárias nacionais e estrangeiras (neste caso, em situações pontuais), e (de modo a reforçar a componente da formação prática em certos domínios) de empresas e instituições de diversa natureza. O ISFEP beneficia, pois, não só do corpo docente da FEP, mas igualmente do prestígio da marca e da qualidade científica desta instituição a que está umbilicalmente ligado.

No âmbito do modelo organizativo vigente, o serviço prestado por docentes da FEP é obrigatoriamente pago à FEP, englobando os “overheads” previstos pelos regulamentos da UP. Além disso, o ISFEP paga à FEP todos os recursos que utiliza, tais como, salas de aula, salas de secretariado e parque de estacionamento. O ISFEP recorre ainda a outros fornecimentos e serviços externos. O ISFEP tem cinco funcionários com vínculo definitivo, contratando ainda com carácter regular serviços de contabilidade, de auditoria e de Web design. Os custos com pessoal representam, por isso, uma pequena proporção das receitas de prestações de serviços (9,6% em 2006).

35

Como aspecto muito relevante do modelo organizativo do ISFEP deve salientar-se o reduzido peso dos custos fixos. Com excepção dos referidos (pouco expressivos) custos com o pessoal de vínculo permanente, do arrendamento das instalações administrativas, dos serviços contratados em regime de outsourcing, e dos custos de lançamento dos cursos, praticamente todos os demais custos apenas são incorridos se os cursos lançados tiverem procura, pelo que apenas incorre em despesas se houver lugar à arrecadação de receitas. O mesmo não se poderia dizer se o ISFEP não beneficiasse do corpo docente da FEP e tivesse de constituir o seu próprio quadro de professores.

Em suma, o ISFEP é, pois, uma estrutura leve, que “empresta” à FEP a agilidade a ela inerente, e lhe proporciona a flexibilidade contratual de que necessita para poder actuar com competitividade na área da Executive Education.

(iii) FEP/ISFEP versus Modelo de Negócios Dominante de BS

A FEP, seja directamente, seja através do ISFEP, oferece já uma ampla gama de produtos que tipicamente constam do catálogo das BS, como sejam: i) licenciatura no campo das ciências empresariais, a que acresce a licenciatura em economia com características que se revestem particularmente adequadas à formação de profissionais da esfera empresarial; ii) mestrados em diversas áreas dos mesmos campos científicos; iii) doutoramentos em economia e ciências empresariais; iv) um MBA, com características próximas dos MBA executivos; v) pós-graduações em múltiplas áreas relevantes do business education; vi) formação contínua, ainda que neste caso limitada a um único programa.

36

FEP ISFEP

PHD !

DBA

Mestrados !

MBA [1]

Pós-Graduações para Executivos !

Programas Específicos para Empresas

Programas de Formação de Executivos de Curta Duração !

Licenciaturas ! [1] O MBA actualmente oferecido não apresenta todas as características típicas de um MBA.

Ao universo FEP/ISFEP faltam, como a tabela anterior deixa patente, alguns produtos para que se possa afirmar que cobre todas as áreas de actuação das BS. Em concreto, julga-se que as lacunas são as seguintes: i) oferta de, pelo menos, um MBA com certificação Internacional; ii) oferta de cursos de formação contínua abertos de curta duração, e em especial de cursos dirigidos a profissionais de alta direcção; iii) presença no mercado de company-specific

programmes, sejam tais cursos ministrados nas suas próprias instalações ou concretizados na modalidade de formação in house. Caso os DBA venham a ganhar espaço na oferta internacional das BS, também se imporá que a Business School pondere a oferta de um programa de DBA com certificação internacional.

Entre os cursos actualmente oferecidos pela FEP há, como referido, um que tem a designação de MBA. Trata-se, porém, de algo que se poderia classificar como um Executive MBA em Finanças e não um MBA que cubra todas as áreas da gestão. Além disso, o MBA actualmente oferecido não é certificado a nível internacional. De igual modo, o ambiente de formação em que é concretizado está longe de corresponder ao padrão de formação dos MBA anteriormente caracterizado. No entanto, por outro lado, importa salientar que grande parte dos Cursos de Pós-Graduação oferecido pelo ISFEP tem, pelo seu perfil e duração, características já muito próximas das dos Executive MBA.

A oferta de cursos de formação contínua de candidatura aberta é ainda insuficiente. Como antes explicitado, tal formação limita-se a um curso de Economia e Finanças para Jornalistas. Além disso, mesmo este curso tem uma carga lectiva de 114 horas, sendo 108 horas de formação presencial e 6 horas

37

de seminários. Faltam, pois, em absoluto, produtos de formação contínua destinados a profissionais da gestão, de curta e muito curta duração e muito focalizados em temas específicos.

O corpo docente da FEP tem condições para oferecer múltiplos cursos de interesse com estas características. Porém, especialmente quando estiverem em causa o desenho de um pacote de cursos de alta direcção é igualmente importante oferecer alguns cursos que sejam ministrados por professores estrangeiros de elevada reputação. Estes cursos poderão funcionar como produtos «âncora» e servirem de mecanismo catalisador para uma oferta de base baseada nos recursos docentes da FEP e de outras instituições do universo UP.

A prestação de serviços do ISFEP tem-se limitado às actividades de formação. São quase nulas as actividades da instituição no domínio da prestação de serviços através da investigação aplicada. Esta é, pois, uma área que importa desenvolver, para o que é essencial não só uma estratégia de maior aproximação às empresas, mas igualmente uma estratégia de maior aproximação aos decisores públicos. De notar que esta aproximação às empresas é tanto mais relevante porquanto, como já salientado, o equilíbrio financeiro das BS internacionais carece de contribuições e donativos, seja dos seus antigos alunos, seja de empresas e outras instituições. Sabendo-se que o ensino superior público em Portugal é, na sua essência, financiado pelo Estado, mas que as tendências internacionais e as recentes políticas nacionais apontam no sentido da diminuição futura dos contributos do erário público, importa desde já começar a desenhar uma estratégia de reforço da proximidade face ao tecido económico e empresarial.

Por fim, para esgotar o elenco das actividades relevantes identificadas para as BS estudadas, a actividade editorial e de venda de publicações, não se afigura à partida como particularmente atractiva. Julga-se ainda assim que uma actividade editorial poderá constituir um elemento de promoção e de prestígio de uma instituição do tipo BS.

38

3. MODELO DE NEGÓCIO DE UMA BUSINESS SCHOOL DA FEP/UP

O presente modelo de negócio para a criação de uma BS no âmbito da FEP e da UP, aplica-se nas suas linhas gerais a uma BS com a sua génese centrada no universo FEP ou a uma BS resultante de um eventual cenário de fusão dos recursos e iniciativas do Universo UP no domínio da formação pós-graduada não conferente de grau na área da gestão. Utilizaremos, por simplificação, a designação BS da FEP/UP como comum a ambos os cenários, sem que isso signifique uma proposta de “marca” ou designação institucional, a qual deverá ser posteriormente ponderada.

Note-se, porém, que num cenário de reorganização das actividades formativas ao nível da UP que igualmente envolvesse a EGP, algumas das lacunas apontadas ao universo FEP/ISFEP ficariam significativamente colmatadas. Com efeito, a actual EGP desenvolve já actividades nos domínios da formação in

house, da formação de curta duração e no mercado de prestação de serviços. Para além disso, num cenário de fusão ISFEP / EGP e de vinculação da estrutura a criar à FEP e à UP, as ligações da BS da FEP/UP ao mundo empresarial ficariam significativamente reforçadas.

(i) Missão da BS da FEP/UP

Uma BS da FEP/UP deve ambicionar alcançar um patamar de excelência e de relevo no domínio da formação pós-graduada para executivos bem como auxiliar a FEP e a UP no cumprimento da sua missão de proporcionar formação superior no campo das ciências económicas e empresariais de elevada qualidade e prestígio, bem assim como a valorizar e a promover o ensino e a investigação realizadas na FEP e, com menor incidência, em outras unidades orgânicas da UP.

39

(ii) Valores da BS da FEP/UP

A BS da FEP/UP deve assumir como seus os valores da FEP. Em concreto, devem caracterizar a BS da FEP/UP: i) o rigor e a relevância do ensino e da investigação; ii) a independência e a liberdade intelectual; iii) a diversidade como fonte de aprendizagem e enriquecimento; iv) o espírito empreendedor, pró-activo e inovador; e v) uma ligação estreita e frutuosa à comunidade empresarial. A BS da FEP/UP deve ainda ser capaz de assegurar em permanência que no seu seio se respire um ambiente de trabalho e de aprendizagem ao nível do que em cada momento se praticar nas melhores BS internacionais. Deve, igualmente, em todos os momentos reconhecer e valorizar a sua relação umbilical face à FEP e face à UP.

(iii) Actividades da BS da FEP/UP

Entende-se que deve competir à BS da FEP/UP BS o desenvolvimento de, entre outras, as seguintes actividades:

i) Organizar e oferecer cursos de MBA, Executive MBA e, eventualmente, DBA. Para assegurar a oferta de um DBA e de um MBA com certificação internacional não se deverá excluir a possibilidade de a BS da FEP/UP se associar a outras instituições prestigiadas;

ii) Organizar e oferecer cursos de pós-graduação e de formação contínua que em cada momento se mostrem necessários e ajustados ao público alvo da BS da FEP/UP;

iii) Em particular, a BS da FEP/UP deverá organizar e oferecer cursos de formação contínua para o segmento de alta direcção;

iv) Organizar e oferecer cursos especialmente desenhados para determinadas organizações (company-specific programmes), sejam estes ministrados nas suas próprias instalações, sejam concretizados na modalidade de formação in

house;

v) Servir de canal de promoção e distribuição da investigação realizada na FEP e, quando pertinente, em outras unidades orgânicas da UP, de modo a assegurar a sua valorização através da prestação de serviços;

vi) Servir de canal de promoção e distribuição dos cursos de licenciatura, mestrado e doutoramento da FEP, seja no mercado nacional, seja no mercado internacional e em especial na Galiza e nos PALOP;

40

vii) Incentivar e estimular a investigação pura, seja por professores da FEP, seja por professores contratados para determinados programas da BS da FEP/UP, desde que o produto dessa investigação sirva para melhorar o prestígio científico do universo da UP, da FEP e da BS da FEP/UP.

A BS da FEP/UP deve, pois, ser uma porta de oferta de uma gama completa e integrada de licenciaturas, mestrados, doutoramentos, DBA, MBA, Executive MBA, pós-graduações e múltiplos programas de formação contínua, sendo que os cursos conferentes de grau são ministrados e organizados pela FEP, ao passo que as demais formações são organizadas pela BS da FEP/UP BS. Assim, por exemplo, um portal na Internet da BS da FEP/UP deverá oferecer aos visitantes a panóplia completa dos cursos existentes no universo FEP e BS da FEP/UP BS. Também no sítio da FEP deverá existir uma ligação para a BS da FEP/UP e deverá ficar clara a relação existente entre as duas instituições e entre estas e a UP.

Por outro lado, quer a FEP quer a BS da FEP/UP devem estimular uma desejável conectividade entre formações, explorando as potencialidades do sistema de ECTS. Assim, um certo número de unidades de crédito obtidas no programa de DBA poderá ter reconhecimento no programa de doutoramento em ciências empresariais, a mesma lógica se aplicando entre outras formações.

(iv) Mercados Alvo e Objectivos da FEP/UP BS

A FEP/ISFEP tem tido, como se referiu, como mercado alvo preferencial os seus antigos alunos, e licenciados de outras instituições residentes ou colaboradores de instituições com sede no norte e, em menor medida, no centro do país.

Julga-se que este deverá continuar a ser o seu mercado preferencial. A expansão a sul conta com a dificuldade inerente à circunstância de na cidade de Lisboa existirem múltiplas e reconhecidas instituições concorrentes, a que acresce agora a circunstância de duas delas se encontrarem englobadas no chamado projecto MIT e beneficiarem, por isso, de condições competitivas únicas, pelo menos, no que respeita à oferta de programas de MBA.

41

A penetração do mercado da Galiza deve igualmente ser considerada no âmbito de uma estratégia de implementação plena de uma BS na UP. Sendo certo que se além da concorrência de escolas galegas também se enfrentará a concorrência de prestigiadas BS espanholas, não deixa também de ser certo que a FEP tem-se revelado atractiva para muitos estudantes do país vizinho no âmbito do programa Erasmus. Acresce que a proximidade linguística deverá igualmente ser tido como factor competitivo favorável.

Um outro segmento que a BS da FEP/UP poderá e deverá explorar melhor e mais intensamente do que aquilo que a FEP tem feito até ao momento é o dos PALOP. A FEP tem conseguido atrair alunos dos PALOP para as suas licenciaturas, e tem obtido a preferência de alunos brasileiros para pós-graduações, mestrados e doutoramentos. Julga-se, porém, que é necessário um posicionamento mais agressivo, bem como a concepção de programas de formação específicos para atingir uma maior penetração nestes mercados.

Assim, a BS da FEP/UP deverá igualmente oferecer os seus programas de formação pós-graduada e de formação ao público da Galiza e dos PALOP, sem prejuízo da concepção de produtos específicos para este tipo de públicos, a oferecer isoladamente ou em parceria com instituições de ensino superior locais ou outros parceiros.

A BS da FEP/UP deverá, igualmente, ter a ambição de captar uma procura internacional, através da oferta de pelo menos um DBA, um MBA e/ou um EMBA com certificação internacional. Atendendo ao que se disse quanto à concorrência das instituições de Lisboa ligadas ao MIT, um produto desta natureza poderá apenas ter condições de sobrevivência no contexto de envolvimento de outras instituições, tanto nacionais, como (sobretudo) internacionais. Assim, o estabelecimento destas parcerias afigura-se crucial. De igual modo, se considera importante que tal produto seja concebido em termos que permitam reivindicar junto do poder político condições concorrenciais, tanto quanto possível, idênticas às de que beneficiam as instituições ligadas ao MIT.

42

(v) Marketing e Comunicação

No mundo actual o marketing e a comunicação são essenciais. É vulgar dizer, com fundamento, que quem não comunica não existe. Assim, a BS da FEP/UP deve dar grande atenção ao seu marketing, à sua política de comunicação e ao seu relacionamento com as empresas, com instituições da envolvente empresarial, com os antigos alunos da FEP e com os seus potenciais clientes.

Para atingir estes mercados alvo, um sítio na Internet de uma BS é hoje um dos seus principais veículos de promoção. A BS da FEP/UP deverá ter um portal com bilingue (português e inglês) que seja um poderoso instrumento de marketing da instituição. Todavia, igualmente terá de ser assegurada a presença nos órgãos de comunicação, pelas mais variadas formas, incluindo a da publicidade paga, em termos análogos aos das entidades congéneres nacionais.

Visitar as empresas, as escolas, assegurar acções de divulgação em mercados alvo estrangeiros, marcar presença prestigiante em feiras da especialidade nacionais e internacionais são igualmente acções a que a BS da FEP/UP deve afectar os necessários recursos.

(vi) Organização operacional da BS da FEP/UP

A BS da FEP/UP BS deverá seguir um modelo de organização operacional análogo ao do actual ISFEP mas, naturalmente, adequado a um superior patamar de actividade . Em particular:

i) Não deve ter corpo docente próprio com vínculo definitivo, devendo recorrer ao corpo docente da FEP e da UP e contratar directamente em regime de prestação de serviços os docentes exteriores à instituição de que tenha necessidade;

ii) O serviço prestado por quaisquer docentes da FEP e da UP deve ser obrigatoriamente pago a essas instituições, englobando os “overheads” previstos pelos regulamentos da UP;

iii) O serviço de coordenação dos cursos deve igualmente ser pago, aplicando-se os princípios da alínea anterior;

43

iv) A BS da FEP/UP deve pagar à FEP e à UP todos os recursos que utiliza, tais como, salas, correio e fotocópias, mas deve contratar esses recursos a terceiros se condições mais favoráveis lhe forem proporcionadas;

v) A BS da FEP/UP deve ter uma estrutura administrativa eficiente e competitiva, mas que evite na medida do possível custos afundados.

(viii) Instalações

A BS da FEP/UP BS deverá dispor de instalações que permitam a concretização das suas actividades em condições condignas e de competitividade. Assim, o Edifico das Pós-Graduações da FEP poderá ser insuficiente para que tais actividades sejam prosseguidas. Num eventual cenário de fusão do ISFEP com a EGP, o funcionamento repartido pelos dois pólos, sendo inevitável num primeiro momento, também não será uma solução definitiva desejável. Importa por isso equacionar desde já a necessidade de arrendamento, aquisição ou construção de instalações próprias. Idealmente, essas instalações deveriam ficar situadas na proximidade do Edifício das Pós-Graduações da FEP.

44

4. O MODELO INSTITUCIONAL

MODELO JURÍDICO

A implementação de uma Business School ancorada no universo FEP/UP pode, em teoria, assentar em diferentes modelos institucionais, tendo em conta as diferentes possibilidades no que respeita à forma jurídica e ao vínculo em relação à FEP e à UP. Discutimos de seguida três modelos possíveis, designados abreviadamente por Business School – Departamento, Business School – Unidade Orgânica e Business School – Associação.

(i) Business School – Departamento

Uma primeira possibilidade assentaria no desenvolvimento de uma Business School totalmente integrada na FEP, sem personalidade jurídica própria. Neste cenário, a Business School – Departamento corresponderia a um programa de acção da FEP e, em termos orgânicos, teria um estatuto análogo ao de um departamento interno (a exemplo daquilo que são os centros de investigação da FEP).

Este cenário está longe de ser o mais adequado, em nossa opinião. A Business School – Departamento não teria qualquer autonomia de gestão, ficando directamente dependente dos órgãos de gestão da FEP, configurando essa situação um modelo de governo que não conseguiria dar resposta eficaz aos desafios e à ambição que explicitamos nos pontos anteriores. Por outro lado, a ausência de autonomia administrativa e financeira seria incompatível quer com o nível de atendimento aos utentes que se pretende (com um padrão de exigência claramente superior ao do atendimento dos serviços da FEP) quer com uma gestão financeira eficaz e liberta das regras gerais aplicáveis aos organismos da Administração Pública.

Finalmente, este modelo conflituaria com uma dupla vinculação, à FEP mas também à UP como um todo, levando a menosprezar as sinergias com outras unidades orgânicas da UP. Por outro lado, o modelo Business School –

45

Departamento estará totalmente desajustado a um eventual cenário de fusão de activos e actividades dos actuais ISFEP e EGP.

(ii) Business School – Unidade Orgânica

Uma segunda possibilidade assenta num estatuto análogo ao da actual EGP: a Business School seria um projecto da UP, com um estatuto de unidade orgânica da Universidade. Note-se que este cenário, que consagraria uma autonomia administrativa e financeira, não é necessariamente incompatível com uma vinculação híbrida da Business School – Unidade Orgânica à FEP e à UP: bastaria, para tal, que os Estatutos viessem a especificar formas de nomeação dos membros dos órgãos da Business School que consagrassem a referida vinculação.

Este modelo só fará algum sentido se se mantiver a actual unidade orgânica EGP no universo da UP. Por outro lado, a avaliação sobre os “activos” da actual EGP – unidade orgânica depende crucialmente das decisões da AEGP quanto ao seu relacionamento futuro com a UP. Apenas num cenário, que consideramos desejável e não totalmente afastado, de continuação da vontade da AEGP em se associar à UP no quadro da promoção e consolidação de um projecto de Business School no universo UP é que os activos da EGP justificariam a sua manutenção enquanto unidade orgânica. A EGP – unidade orgânica da UP poderia então ser refundada, incorporando os activos e actividades do ISFEP mas, ao mesmo tempo, vinculando-se de forma mais estreita à FEP, mantendo-se a sua vinculação à UP como um todo.

Ainda assim, consideramos que o modelo Business School – Unidade Orgânica da UP não será o mais adequado para a BS da FEP/UP, por se confrontar com as limitações inerentes às regras da gestão pública, nomeadamente no que respeita a contratação de pessoas e afectação de saldos de gerência, o que poderá conflituar com a gestão competitiva e eficiente que se deseja para BS da FEP/UP.

46

(iii) Business School – Associação

Um último cenário plausível para o modelo institucional da Business School da FEP/UP é o de uma Associação privada sem fins lucrativos ou o de uma Fundação, da qual a FEP, a UP, a AAAFEP, empresas, entidades da envolvente empresarial e outras instituições seriam associados. A Business School – Associação disporia de órgãos de gestão próprios e de total autonomia administrativa e financeira, regendo-se pelas regras da gestão privada. A vinculação da Business School – Associação à FEP e à UP materializar-se-ia por duas vias. A primeira, através das regras estatutárias relativas à nomeação dos órgãos de gestão. A segunda, através de protocolo relativo à oferta de formações.

Este modelo de Business School – Associação corresponderá, a nosso ver, a uma evolução do actual modelo do ISFEP. O ISFEP é uma associação privada sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e financeira, regendo-se pelas regras da gestão privada. O ISFEP oferece um conjunto de formações para executivos, enquadrando essa oferta através de protocolo celebrado com a FEP.

Este modelo de Business School – Associação será igualmente compatível com um cenário de fusão de actividades e activos dos actuais ISFEP e EGP, se esse cenário voltar a ser ponderado. Neste caso, os actuais associados da AEGP e do ISFEP transitariam para a nova Associação ou Fundação.

A nosso ver, trata-se do modelo desejável para a BS da FEP/UP, pois para além de garantir uma maior eficiência ao nível da gestão, é aquele que melhor potencia sinergias com agentes e instituições exteriores ao universo UP, sendo ainda plenamente compatível com a vinculação da BS à FEP e à UP.

MODELO DE GOVERNO

Para o modelo de governo, tomamos como pressuposto o modelo jurídico de Business School – Associação. Assim sendo, a existência de uma Assembleia Geral, de um Conselho Fiscal e de uma Direcção são legalmente incontornáveis. Para além destes órgãos, consideramos desejável a existência de um Conselho Geral e de um Conselho Académico (ou Científico).

47

Em linhas gerais, e sem pretender ser-se exaustivo, os seguintes princípios deveriam ser observados:

(i) A Assembleia Geral, constituída pelos representantes mandatados de todos os associados, deteria em exclusivo a competência para decidir sobre alterações estatutárias e sobre a admissão de associados. Os direitos de voto seriam de um por associado ou, se legalmente possível, em função da quota detida no Fundo Social ou equivalente.

(ii) O Conselho Geral seria constituído por um determinado número de membros, sendo uma parte indicada pela FEP (25%), outra parte indicada pela UP (25%) e os restantes (50%) pelos associados “não FEP” e “não UP”. Ao Conselho Geral competiria definir grandes orientações estratégicas bem como propor (à AG) ou nomear a Direcção.

(iii) O Conselho Académico seria constituído, paritariamente, por membros a indicar pela UP e pela FEP. Seria um órgão de consulta da Direcção, a ele competindo, nomeadamente, pronunciar-se sobre a oferta de formações, avaliar a estrutura curricular dos cursos propostos e, ainda, proceder à avaliação final dos cursos, nas vertentes científica e pedagógica. Por outro lado, entende-se desejável um Conselho Académico que funcione em estreita colaboração com a Direcção, devendo ter um número de elementos não muito elevado (por ex., entre 5 e 7).

(iv) Considera-se desejável que a Direcção tenha um número restrito de elementos (por ex., 3 a 5), um dos quais preside, assumindo o título de Director. As funções da Direcção são as normalmente atribuíveis a um órgão dessa natureza (gestão corrente, movimentação de fundos, contratação, representação externa, etc.) bem como todas as que não forem expressamente atribuídas aos outros órgãos. Deve-se salvaguardar a possibilidade de, para a Direcção, poderem ser propostas ou nomeadas personalidades exteriores ao universo de associados.

48

(v) O Governo da BS da FEP/UP deve assentar em orgãos com mandatos por tempo a definir (3 anos, por exemplo), gozando de uma elevada autonomia de gestão.

A definição mais precisa da composição e funções dos diferentes órgãos poderá ser apresentada mais tarde, decididas que forem as grandes linhas de actuação relativas à implementação da Business School e considerando-se, também, o enquadramento legal aplicável consoante se opte por uma Associação ou por uma Fundação.

VINCULAÇÃO DA BUSINESS SCHOOL À FEP E À UP

A instituição de uma entidade com personalidade jurídica como suporte à BS da FEP/UP consagra um estatuto de autonomia que, no entanto, deve acompanhar-se de formas claras de vinculação seja à FEP seja à UP.

A FEP é não apenas a unidade orgânica da Universidade do Porto com mais tradição no ensino da Gestão mas também aquela em que o ensino pós-graduado nessa área científica tem mais expressão, como já foi analisado noutra parte deste relatório. Por outro lado, e também já objecto de análise, a distinção entre ensino pós-graduado conferente de grau e não conferente de grau pode e deve ser feita, tendo em conta, entre outros aspectos, os públicos-alvo, as características da formação e as características do serviço a prestar em termos de atendimento, horários, etc., mas, no entanto, é desejável uma boa “conectividade” entre formações pós-graduadas conferentes de grau e não conferentes de grau, explorando os méritos do sistema de créditos.

As constatações anteriores não impedem de reconhecer a existência de outros activos na UP que podem ser valorizados através da actividade da Business School: Outras unidades orgânicas da UP podem dar contributos para o ensino e a formação na área científica da Gestão, tendo no entanto, a esse nível, uma expressão muito menos relevante do que a da FEP.

49

Assim, o modelo que consideramos desejável para o Governo da BS da FEP/UP consagra uma dupla vinculação, à FEP e à UP, mas, ao mesmo tempo, preza e incentiva a ligação aos associados “não FEP” e “não UP”.

50

5. PLANO DE ACÇÃO

O Plano de Acção que a seguir se apresenta detalha as tarefas a desenvolver a fim de se proceder à instalação da Business School da FEP/UP, considerando as fases de pré-instalação, instalação e pós-instalação para os dois cenários possíveis: criação da BS da FEP/UP a partir da transformação do ISFEP ou criação da BS da FEP/UP com base na fusão operacional do ISFEP com a EGP.

Cenário de fusão da actual EGP com o ISFEP

Cenário com base na transformação do ISFEP

FASE DE PRÉ-INSTALAÇÃO

Aprovação do plano de instalação proposto pelo Grupo de Missão aos órgãos de gestão da FEP, compatível com duas soluções alternativas:

- Fusão da actual EGP com o ISFEP

- Transformação do ISFEP

Aprovação do plano de instalação proposto pelo Grupo de Missão aos órgãos de gestão da FEP, compatível com duas soluções alternativas:

- Fusão da actual EGP com o ISFEP

- Transformação do ISFEP

Apresentação do plano de instalação aos orgãos da UP, à EGP e à AEGP, a fim de os mesmos decidirem sobre o seu envolvimento no processo.

Apresentação do plano de instalação aos orgãos da UP, a fim de os mesmos decidirem sobre o seu envolvimento no processo.

Apresentação do plano de instalação e das decisões referidas no ponto anterior aos órgãos sociais do ISFEP e ratificação pela AG do ISFEP

Apresentação do plano de instalação e das decisões referidas no ponto anterior aos órgãos sociais do ISFEP e ratificação pela AG do ISFEP

FASE DE INSTALAÇÃO

Criação informal de uma Associação ou Fundação de suporte à nova Business School

Adopção de uma designação para a Business School

Adopção de uma designação para a Business School

Elaboração de uma proposta de Estatutos para a nova Business School

Elaboração de uma proposta de Estatutos para a nova Business School

Preparação de documentação para efeitos de apresentação da Business School a potenciais parceiros adicionais

Preparação de documentação para efeitos de apresentação da Business School a potenciais parceiros

Apresentação do modelo de Business School a Apresentação do modelo de Business School a

51

potenciais parceiros adicionais potenciais parceiros

Aprovação da proposta de estatutos e consolidação do grupo de associados

Aprovação dos novos estatutos e consolidação do grupo de associados

Actos notariais de criação da nova Associação Actos notariais de alteração dos estatutos do ISFEP

Eventual admissão de novos associados Admissão de novos associados

Eleição/nomeação dos novos órgãos sociais Eleição/nomeação dos novos órgãos sociais

Registos e publicações Registos e publicações

Preparação do site na internet Preparação do site na internet

Elaboração de um plano de marketing para o lançamento da Business School

Elaboração de um plano de marketing para o lançamento da Business School

Apresentação e lançamento público da nova Business School

Apresentação e lançamento público da nova Business School

Concretização do plano de marketing de lançamento da Business School

Concretização do plano de marketing de lançamento da Business School

FASE PÓS-INSTALAÇÃO

Fusão operacional do ISFEP e da EGP e da actual oferta de formações do ISFEP e da EGP

Continuidade da actual oferta de formações do ISFEP

Preparação de um DBA e de um MBA, desenhado de forma a garantir a sua certificação internacional, eventualmente em colaboração com outras entidades

Preparação de um DBA e de um MBA, desenhado de forma a garantir a sua certificação internacional, eventualmente em colaboração com outras entidades

Preparação de outros segmentos de actividade Preparação de outros segmentos de actividade

Plano de articulação das actividades da Business School com as formações de 1º, 2º e 3º ciclo da FEP

Plano de articulação das actividades da Business School com as formações de 1º, 2º e 3º ciclo da FEP

Plano de articulação das actividades da Business School com as actividades de investigação científica da FEP

Plano de articulação das actividades da Business School com as actividades de investigação científica da FEP

Preparação de projecto de investimento visando instalações próprias, preferencialmente junto ao Edifício de Pós-Graduações da FEP.

Preparação de projecto de investimento visando instalações próprias, preferencialmente junto ao Edifício de Pós-Graduações da FEP.