crescimento e acÚmulo de nutrientes na cultura da...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal Marcos Aurélio Miranda Ferreira CRESCIMENTO E ACÚMULO DE NUTRIENTES NA CULTURA DA BATATA- DOCE Diamantina 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

Marcos Aurélio Miranda Ferreira

CRESCIMENTO E ACÚMULO DE NUTRIENTES NA CULTURA DA BATATA-

DOCE

Diamantina

2017

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Marcos Aurélio Miranda Ferreira

CRESCIMENTO E ACÚMULO DE NUTRIENTES NA CULTURA DA BATATA-

DOCE

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Produção Vegetal - Stricto sensu,

nível mestrado como parte dos requisitos para

obtenção do título de Magister Scientiae em

Produção Vegetal.

Orientador: Prof. Dr. Valter Carvalho de Andrade

Júnior

Diamantina

2017

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DEDICO

Aos meus pais, familiares e a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para a

conclusão deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por guiar meu caminho até o dia de hoje e sempre estar presente na

minha vida.

À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM (Campus - JK,

Diamantina - MG) por ter me concedido a oportunidade de formação em Agronomia e pelo

curso de mestrado.

À Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pela concessão da

bolsa de estudo durante a realização do mestrado.

Ao Prof. Dr. Valter Carvalho de Andrade Júnior pela orientação no mestrado e pela

oportunidade de aprendizado ao longo de toda a graduação.

Ao Prof. Evander Alves Ferreira pelo fundamental suporte durante toda a realização do

experimento.

Ao Prof. Dr. Enilson de Barros Silva pelo apoio e pelos ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Claudenir Fávero (Paraná) pela disponibilização de laboratório e equipamentos

para a realização de partes das análises.

Ao Prof. Dr. José Sebastião Cunha pelo apoio.

À pós-doutoranda Cíntia Fialho pelo auxílio, sempre se mostrando prestativa.

Ao técnico de laboratório Abraão Viana pela disponibilidade de auxílio durante as análises e

pela amizade.

Aos amigos Altino, Cíntia, Orlando, Luan, Lidiane, Roger, Davi, Iara, Teodoro e muitos

outros pela amizade e pelo auxílio na condução do experimento e das análises laboratoriais.

A todos os amigos de Diamantina - MG e da República Macrófagos (Samuel “Avatar”, Bruno

“Buchecha”, Amarildo e Tomaz), na qual fui acolhido e fiz grandes amizades.

Aos meus pais, Osvaldo A. Ferreira e Marilda da Glória M. Ferreira, e à minha querida irmã,

Ludimila M. Ferreira, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando.

À Cíntia Guimarães pelo companheirismo e suporte prestado.

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RESUMO

FERREIRA, MAM. CRESCIMENTO E ACÚMULO DE NUTRIENTES NA CULTURA

DA BATATA-DOCE. 2017. 53 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal dos Vales

do Jequitinhonha e Mucuri, Faculdade de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em

Produção Vegetal, Diamantina, 2017.

A produção de novos conhecimentos sobre o crescimento e o acúmulo de nutrientes ao longo

do ciclo de desenvolvimento da planta de batata-doce pode auxiliar no ajuste da adubação, no

aumento da eficiência dos recursos produtivos e, consequentemente, na elevação da sua

produtividade. Neste sentido, o objetivo do trabalho foi caracterizar o crescimento, determinar

a melhor época de colheita e o acúmulo de nutrientes na cultura da batata-doce. O

experimento foi realizado no campus - JK da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, em Diamantina – MG, utilizando o genótipo de batata-

doce denominado “Espanhola”. O delineamento adotado foi o de blocos casualizados, com

quatro repetições. Os tratamentos foram 12 épocas de amostragens, realizadas com intervalos

de 15 dias, para a coleta de três plantas centrais da parcela. As plantas colhidas foram

fracionadas em raízes, caule, folhas, e levadas à estufa de circulação forçada para

determinação das respectivas massas secas. A massa seca e a área foliar foram utilizadas para

estimativa de índices fisiológicos de crescimento. A partir da massa seca, também foram

determinados os teores dos nutrientes. A quantidade de nutriente acumulado foi determinada

multiplicando - se a massa seca pelo teor de cada nutriente. Os dados obtidos nas avaliações

de cada característica foram analisados por meio de regressão. A planta de batata-doce

apresentou maior crescimento entre 75 e 156 dias após o transplantio (DAT). A época de

colheita mais adequada varia conforme a finalidade de uso. Para a obtenção de maiores

produtividades totais e comerciais de raízes, a colheita deve ser realizada aos 180 DAT,

enquanto que a parte aérea (ramas) deve ser colhida entre 60 e 87 DAT. O acúmulo de

nutrientes variou conforme o órgão analisado. A ordem decrescente de acúmulo de nutrientes

pelas raízes foi: N > K > Ca > P > Mg > S > Fe > Cu > Zn > Mn; parte aérea: N > K > Ca >

Mg > P > S > Fe > Mn > Zn > Cu; e total da planta (raízes + parte aérea): N > Ca > K > P >

Mg > S > Fe > Mn > Cu > Zn, considerando o período de avaliação de 15 a 180 DAT.

Palavras-chaves: Ipomoea batatas. Índices de crescimento. Produtividade.

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ABSTRACT

GROWTH AND NUTRIENT ACCUMULATION IN SWEET POTATO CULTURE

The production of new knowledge about growth and accumulation of nutrients throughout the

development cycle of the sweet potato plant can help adjust fertilization, increase the

efficiency of the productive resources and, consequently, increase its productivity. In this

sense, the objective of the work was to characterize the growth, determine the best harvesting

season and the accumulation of nutrients in the sweet potato crop. The experiment was carried

out at the campus - JK of the Federal University of Vales do Jequitinhonha e Mucuri –

UFVJM, in Diamantina - MG, using the sweet potato genotype named Espanhola. A

randomized block design with four replications was applied. The treatments were 12 sampling

times, conducted at intervals of 15 days for the collection of three central plants of the plot.

The plants were harvested and fractionated into roots, stem, leaves, and taken to a forced

circulation oven to determine their respective dry masses. The dry mass and leaf area were

used to estimate physiological growth rates. The nutrient contents were also determined from

the dry mass. The amount of nutrient accumulated was specified by multiplying the dry mass

by the content of each nutrient. The data obtained in the evaluations of each characteristic

were analyzed by means of regression. The sweet potato plant presented the highest growth

between 75 and 156 days after transplanting (DAT). The most suitable harvesting season

varies depending on the purpose of its use. In order to obtain the greatest commercial and total

yields of roots, the harvest should be performed at 180 (DAT), while the aerial parts

(branches) should be harvested between 60 and 87 DAT. The accumulation of nutrients varied

in accordance with the organ analyzed. The decreasing order of nutrient accumulation by the

roots was: N> K> Ca> P> Mg> S> Fe> Cu> Zn> Mn; Aerial part: N> K> Ca> Mg> S> Fe>

Mn> Zn> Cu and total of plant (roots + aerial part): N> Ca> K> P> Mg> S> Fe> Mn> Cu >

Zn, considering the evaluation period from 15 to 180 DAT.

Keywords: Ipomoea batatas. Growth rates. Productivity.

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LISTA DE TABELAS

ARTIGO CIENTÍFICO I:

Tabela - 1: Dados climatológicos coletados no período experimental. UFVJM, Diamantina,

2015/2016..........................................................................................................................pág. 18

Tabela - 2: Análises química e granulométrica do solo da área experimental na profundidade

de 0-20 cm. UFVJM, Diamantina, 2015...........................................................................pág. 19

Tabela - 3: Coeficientes do modelo de regressão ŷ = a/{1 + e-[(X-X0)/b]

} para o acúmulo de

massa seca do total de raízes (WMSTR), raízes comerciais (WMSRC), caule (WMSC) e total

da planta (WMST); índice de colheita do total de raízes (ICTR), raízes comerciais (ICRC),

folha (ICF), parte aérea (ICPA); acúmulo de proteína bruta (WPB), taxa de crescimento

relativo para caule (TCRC), folhas (TCRF), parte aérea (TCRPA) e total da planta (TCRT)

em função das diferentes épocas de amostragem. UFVJM, Diamantina - MG, 2017......pág. 21

Tabela - 4: Coeficientes do modelo de regressão ŷ = c + bx + ax² para o acúmulo de massa

seca das folhas (MSF) e parte aérea (MSPA); índice de colheita do caule (ICC); área foliar

(AF); área foliar especifica (AFE); e taxa de crescimento absoluto (TCA) em função das

diferentes épocas de amostragem. UFVJM, Diamantina - MG, 2017..............................pág. 22

ARTIGO CIENTÍFICO II:

Tabela - 1: Dados climatológicos coletados no período experimental. UFVJM, Diamantina,

2015/2016..........................................................................................................................pág. 35

Tabela - 2: Análises química e granulométrica do solo da área experimental na profundidade

de 0-20 cm. UFVJM, Diamantina, 2015...........................................................................pág. 35

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LISTA DE FIGURAS

ARTIGO CIENTÍFICO I:

Figura - 1: A - Acúmulo de matéria seca nos diferentes órgãos e total da planta de batata-

doce; B - Índice de colheita das diferentes partes da planta de batata-doce; C - Acúmulo de

proteína bruta na parte aérea/ramas; D - Taxa de crescimento relativo em cada órgão e total da

planta; E - Área foliar; F - Área foliar específica; e G - Taxa de crescimento absoluto da

planta de batata-doce. UFVJM, Diamantina - MG,

2017...................................................................................................................................pág. 25

ARTIGO CIENTÍFICO II:

Figura - 1: Produtividade de massa seca do total de raízes (PMSTR); produtividade de massa

seca da parte aérea (PMSPA); e produtividade de massa seca total da planta (PMST) nas

diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG...........................................pág. 39

Figura - 2: Acúmulo de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg)

e enxofre (S) pelo total de raízes da planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações.

UFVJM, Diamantina – MG...............................................................................................pág. 40

Figura - 3: Acúmulo de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg)

e enxofre (S) pela parte aérea (PA), que considera o acúmulo conjunto de nutrientes nos

caules e folhas da planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM,

Diamantina – MG..............................................................................................................pág. 42

Figura - 4: Acúmulo total de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio

(Mg) e enxofre (S) pela planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM,

Diamantina – MG..............................................................................................................pág. 43

Figura - 5: Acúmulo de zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fe) e cobre (Cu) pelas raízes da

planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG..pág. 45

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Figura - 6: Acúmulo de zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fe) e cobre (Cu) pela parte aérea

(caules + folhas) da planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM,

Diamantina – MG..............................................................................................................pág. 46

Figura - 7: Acúmulo total de zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fe) e cobre (Cu) pela planta

de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG............pág. 48

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................................... 11

1.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 13

ARTIGO CIENTÍFICO I: Análise de crescimento da cultura da batata-doce ......................... 15

RESUMO ................................................................................................................................. 15

ABSTRACT ............................................................................................................................. 16

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17

2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 18

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 21

4 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 28

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 29

ARTIGO CIENTÍFICO II: Produtividade de massa seca e acúmulo de nutrientes na cultura da

batata-doce ................................................................................................................................ 32

RESUMO ................................................................................................................................. 32

ABSTRACT ............................................................................................................................. 33

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 34

2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 35

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 37

4 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 49

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 50

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lamarckd) é uma hortaliça amplamente

cultivada em regiões tropicais e subtropicais (PEIXOTO et al., 1999; CASTRO, 2010).

No Brasil, a batata-doce é uma cultura tradicional, bastante difundida e cultivada

principalmente por pequenos produtores (SOUZA, 2000; AZEVEDO et al., 2014). A

hortaliça se caracteriza pela facilidade de cultivo, adaptação a diversas condições de solo e

clima, tolerância à seca, além do baixo custo para produção (MIRANDA et al., 1987;

PEDROSA et al., 2015).

A planta de batata-doce apresenta múltiplos potenciais de usos podendo ser

empregada na alimentação humana e animal, e como matéria prima para produção do álcool

biocombustível (GONÇALVES NETO et al., 2011), produtos alimentícios, tecidos, papel,

cosméticos e para produção de adesivos (CARDOSO et al., 2005; SILVEIRA, 2008).

Na alimentação humana, a batata-doce representa grande importância

socioeconômica, garantindo o suprimento de energia, vitaminas e minerais (OLIVEIRA et al.,

2005; VIEIRA et al., 2015). Para a alimentação animal, podem ser aproveitadas as ramas e as

raízes tuberosas não comerciáveis, permitindo a integração de atividades, contribuindo para o

aumento na renda e para a melhoria da qualidade de vida do produtor rural (FIGUEIREDO et

al., 2012).

Quanto à produção de biocombustível, a planta possui viabilidade para produção

de álcool devido ao ciclo curto, ao alto rendimento (litros/ toneladas de raiz) e à qualidade

físico-química do produto final; além disto, permite a inclusão da agricultura familiar pela

possibilidade de implantação de pequenas usinas produtoras e do uso dos resíduos na

alimentação de animais (SILVEIRA, 2008), portanto, a batata-doce pode ser considerada

matéria sustentável para a produção de álcool combustível.

Apesar da grande importância socioeconômica e do potencial produtivo, o

rendimento médio da batata-doce no Brasil não ultrapassa as 13,20 t. ha-1

de raízes, enquanto

que na China, considerada a principal produtora mundial, são conseguidas com facilidade

21,14 t. ha-1

de produtividade média (FAOSTAT, 2016).

A baixa produtividade média nacional é o principal fator limitante para sua

utilização na matriz bioenergética brasileira, apesar do alto rendimento energético e potencial

para a produção de biocombustíveis (SILVEIRA, 2008).

Este baixo rendimento agrícola da hortaliça no Brasil se deve a diversos fatores;

dentre eles, se destaca o cultivo em solo de baixa fertilidade (FREITAS et al., 2001), que,

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12

associado ao manejo inadequado do mesmo, leva à redução da produtividade da raiz tuberosa

e da renda do produtor (RÓS; NARITA; HIRATA, 2014).

Além desses fatores, a utilização de materiais genéticos obsoletos, susceptíveis a

pragas e doenças (MARCHESE et al., 2010), a ausência de tecnologia, de informações e de

conhecimentos sobre a fertilização orgânica e mineral adequados à cultura (SANTOS et al.;

2006) são outras causas da baixa produtividade da cultura no Brasil.

Silveira (2008) reitera que a falta de investimentos e o baixo nível tecnológico

empregado no processo de produção contribuem para a baixa produtividade da cultura no

Brasil.

Neste contexto, a análise do crescimento e o acúmulo de nutrientes ao longo do

ciclo de vida da planta de batata-doce podem contribuir para a elevação da produtividade da

cultura, uma vez que são ferramentas importantes para aumentar a eficiência na aplicação de

fertilizantes e promover melhorias no manejo produtivo da hortaliça.

A caracterização do crescimento auxilia o produtor no planejamento da melhor

época de colheita, conforme a finalidade do cultivo. Por sua vez, a marcha de acúmulo de

nutrientes pode ser útil para a prevenção de deficiências nutricionais, pois permite a

determinação das épocas de maior exigência e os minerais mais requeridos pela cultura ao

longo do seu ciclo de desenvolvimento.

Mesmo diante dos benefícios, os estudos sobre a avaliação do crescimento e

marcha de absorção de nutrientes para a cultura da batata-doce são escassos na literatura

brasileira, principalmente considerando a grande diversidade de materiais genéticos

cultivados no País.

Diante do exposto, o presente estudo objetivou avaliar o crescimento da planta de

batata-doce por meio de índices de crescimento e determinar o acúmulo de nutrientes ao

longo do ciclo de desenvolvimento da hortaliça.

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1.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, A. M.; ANDRADE JÚNIOR, V. C.; VIANA, D. J. S.; ELSAYED, A.Y.A.M.;

PEDROSA, C. E.; NEIVA, I. P.; FIGUEIREDO, J. A. Influência de Sítios de Tempo e de

Cultivo de Colheita na Produtividade e Qualidade da batata-doce. Horticultura Brasileira,

Vitória da Conquista, v. 32, n. 1, p. 21 - 27, 2014.

CARDOSO, A. D., VIANA, A. E. S., RAMOS, P. A. S., MATSUMOTO, S. N., AMARAL,

C. L. F., SEDIYAMA, T.; MORAIS, O. M. Avaliação de Clones de Batata-Doce em Vitória

da Conquista. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 23, n. 4, p. 911 - 914, 2005.

CASTRO, L. A. S. Instruções para Plantio de Mudas de Batata-Doce com Alta Sanidade.

Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2010. 19p. Documentos, 313. Disponível em:

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em: 10 set. 2016.

FAOSTAT - Food and Agriculture Organization of the United Nations Statistics

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FIGUEIREDO, J. A.; ANDRADE JUNIOR, V. C.; PEREIRA, R. C.; RIBEIRO, K. G.;

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FREITAS, J. A. de.; SANTOS, G. C. dos.; SOUZA, V. S.; AZEVEDO, S. M. de. Resistência

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GONÇALVES NETO, A. C.; MALUF, W. R.; GOMES, L. A. A.; GONÇALVES, R. J. de.

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MARCHESE, A.; MALUF, W. R., GONÇALVES NETO, A. C.; RANOEL JOSÉ DE

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MIRANDA, J. E. C.; FRANÇA, F. H.; CARRIJO, O. A.; SOUZA, A. F. Batata-doce.

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PEDROSA, C. E.; ANDRADE JÚNIOR, V. C.; PEREIRA, R. C; DORNAS, M. F. S.;

AZEVEDO, A. M.; FERREIRA, M. A. M. Yield and Quality of Wilted Sweet Potato Vines

and its Silages. Horticultura Brasileira, Vitória da Conquista, v. 33, n. 3, p. 283 - 289, 2015.

PEIXOTO, J. R.; SANTOS. L. C.; RODRIGUES, F. De. A.; JULIATTI, F. C.; LYRA, J. R.

M. SELEÇÃO DE CLONES DE BATATA-DOCE RESISTENTES A INSETOS DE SOLO.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n. 3, p. 385 - 389, 1999.

RÓS, A. B.; NARITA, N.; HIRATA, A. C. S. Produtividade de batata-doce e propriedades

físicas e químicas de solo em função de adubação orgânica e mineral. Semina: Ciências

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<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/viewFile/13207/14063>.

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SILVEIRA, M. A. Batata‑doce: uma nova alternativa para a produção de etanol. In:

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SOUZA, A. B. de. Avaliação de cultivares de batata-doce quanto a atributos agronômicos

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VIEIRA, A. D.; MIRANDA, V. C.; ALVES, A. F.; TAVARES, A. T.; MOMENTÉ, V. G.

Avaliação agronômica de clones de batata doce com potencial para produção de etanol.

Brazilian Journal of Applied Technology for Agricultural Science, Guarapuava, v. 8, n. 1,

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15

ARTIGO CIENTÍFICO I: Análise de crescimento da cultura da batata-doce

RESUMO

A análise de crescimento pode contribuir para a determinação da melhor época de colheita,

adequações no manejo e aumento da eficiência no uso dos recursos produtivos no cultivo da

batata-doce; com isto, busca a sustentabilidade do sistema de produção. O estudo objetivou

caracterizar o crescimento da planta de batata-doce e determinar sua melhor época de

colheita. O trabalho foi realizado no campus - JK da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, em Diamantina – MG, utilizando o genótipo de batata-

doce denominado “Espanhola”. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos

casualizados, com quatro repetições, e cada parcela experimental foi composta por cinco

plantas. Os tratamentos foram 12 épocas de amostragens, realizadas com intervalos de 15

dias, para a coleta de três plantas centrais da parcela respeitando a bordadura. As plantas

colhidas foram fracionadas em raiz, caule e folhas para a determinação das respectivas massas

secas. A partir da sexta amostragem, a área foliar também foi estimada. A massa seca e a área

foliar foram utilizadas para estimativa de índices fisiológicos de crescimento. Os dados

obtidos nas avaliações de cada característica foram analisados por meio de regressão. A planta

de batata-doce apresentou crescimento inicial lento. No período compreendido entre 75 e 156

dias após o transplantio (DAT), ocorreu o maior acúmulo de matéria seca pela planta de

batata-doce, representando, desta forma, a fase de maior crescimento da hortaliça. A época de

colheita mais adequada para a cultura depende da sua finalidade de uso pelo produtor. Para

maior produtividade de raízes totais e comerciais, a colheita deve ser realizada aos 180 DAT,

enquanto a parte aérea (ramas) deve ser colhida entre 60 e 87 DAT. Para atender à dupla

aptidão, maior produtividade de raízes e parte aérea, o período compreendido entre 80 e 118

DAT foi o mais adequado para a colheita da planta.

Palavras-chaves: Índices fisiológicos. Ipomoea batatas. Massa seca.

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ABSTRACT

SCIENTIFIC ARTICLE I: Growth analysis of sweet potato culture

Growth analysis can contribute to determine the best harvesting season, adjustments in

harvest handling and increase of production resource use efficiency in the cultivation of sweet

potato; thus, it seeks the sustainability of the production system. The study aimed to

characterize the sweet potato plant growth and determine its best harvesting season. The work

was carried out at the campus - JK of the Federal University of Vales do Jequitinhonha e

Mucuri – UFVJM, in Diamantina - MG, using the genotype of sweet potatoes named

Espanhola. The experimental design was a randomized block design, with four replications,

and each experimental plot consisted of five plants. The treatments were 12 sampling times,

performed at intervals of 15 days, to collect three central plants of the plot respecting the

border. The plants were harvested and fractionated into root, stem and leaves to determine

their respective dry masses. The leaf area was also estimated from the sixth sampling. The dry

mass and leaf area were used to estimate physiological growth rates. The data obtained in the

evaluations of each characteristic were analyzed by means of regression. The sweet potato

plant showed slow initial growth. From the period between 75 and 156 days after

transplanting (DAT), the greatest accumulation of dry matter by the sweet potato plant was

observed, representing, thus, the greatest growth phase of the vegetable. The most suitable

harvesting season for the crop depends on its purpose of use by the producer. For the highest

yield of total and commercial roots, the harvest should be done at 180 (DAT), while the aerial

part (branches) should be harvested between 60 and 87 DAT. In order to meet the highest

aerial part and productivity of roots, the period between 80 and 118 DAT was the most

suitable for harvesting.

Keywords: Physiological rates. Ipomoea batatas. Dry mass.

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1 INTRODUÇÃO

A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.) apresenta grande importância

econômica em muitos países tropicais e subtropicais da Ásia, África e América Latina (GUO

et al., 2014).

A Ásia é responsável por 75,3 % da produção mundial de batata-doce, onde a

China se destaca pelo maior volume de produção, com cerca de 70 milhões de toneladas

produzidas por ano (FAOSTAT, 2016). Ainda segundo esta organização, nas Américas, a

produção é baixa, apenas 3,7% do que é produzido no mundo; mas pode - se destacar o Brasil

com produção de 525.814,0 t. ano-1

e produtividade média de 13,2 t. ha-1

.

No País, a batata-doce possui grande importância socioeconômica; cerca de 20%

dos municípios brasileiros utilizam a cultura para subsistência e comercialização (MELLO,

2015).

A hortaliça apresenta potencial para diferentes formas de utilização, ou seja, as

raízes podem ser empregadas na alimentação humana e na produção de etanol, e, juntamente

com as ramas, também são aptas para a alimentação de animais (SILVEIRA, 2008;

GONÇALVES NETO et al., 2011).

Apesar do elevado potencial produtivo da cultura no Brasil, frequentemente são

encontradas baixas produtividades (MARCHESE et al., 2010). O rendimento médio nacional

não ultrapassa 13,20 t. ha-1

, enquanto que, segundo a FAOSTAT (2016), na Etiópia (África),

são conseguidas produtividades médias de até 45,00 t. ha-1

.

A produtividade final e o crescimento de uma planta são determinados por

diversas interações com o ambiente a que está implantada, e a análise quantitativa do

crescimento permite uma maior compreensão deste processo por meio do estabelecimento de

índices de crescimento (LOPES et al., 2011).

Os índices de crescimento atuam como indicadores do potencial de síntese e

alocação de matéria orgânica nas diferentes partes de uma planta, estando envolvidos os

processos de fotossíntese, respiração e transporte de produtos fotossintéticos (LOPES et al.,

2011; STRASSBURGER et al., 2011).

A análise de crescimento descreve as condições morfofisiológicas da planta ao

longo do seu ciclo, buscando acompanhar o comportamento da produção fotossintética pela

avaliação sequencial do acúmulo de matéria seca (BARBERO et al., 2013).

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As diferenças na quantidade de biomassa acumulada e no incremento da área

foliar em função do tempo são utilizadas para a estimativa de índices fisiológicos, que podem

caracterizar a capacidade produtiva da cultura (CONCEIÇÃO; LOPES; FORTES, 2004).

Este tipo de análise permite avaliar o crescimento final da planta e a contribuição

dos diferentes órgãos no processo, sendo útil no estudo da dinâmica de comportamento

vegetal sob diferentes condições de solo e de clima (FELTRIM et al., 2008), além da

determinação da melhor época de colheita para as culturas (NOGUEIRA et al., 1994).

Na literatura brasileira, os estudos sobre a análise de crescimento da hortaliça

ainda são insuficientes frente à grande diversidade de materiais genéticos cultivados em todo

o território nacional.

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi caracterizar o crescimento da planta

de batata-doce e determinar sua melhor época de colheita.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado em condições de campo, no setor de olericultura

localizado no campus – JK da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

(UFVJM), em Diamantina - MG, com coordenadas (18º 9’ S e 43º 21’ WGR) a 1.384 m de

altitude. O clima da região foi classificado como mesotérmico - Cwb na classificação de

Köppen, com verões brandos e úmidos, invernos frescos e secos. Durante a condução do

experimento, as variáveis ambientais foram determinadas (Tabela - 1).

Tabela - 1: Dados climatológicos coletados no período experimental. UFVJM, Diamantina, 2015/2016.

Mês Tmax (ºC) Tmin (ºC) UR(%) Vv(m.s-1

)

nov/2015 22,03 21,51 64,65 21,78

dez/2015 22,38 20,78 69,96 20,97

jan/2016 20,38 19,44 83,40 19,61

fev/2016 22,20 20,89 68,63 21,14

mar/2016 21,20 19,96 75,07 20,17

abr/2016 20,79 19,46 69,25 19,68

mai/2016 18,58 17,47 75,93 17,68

Tmax - Temperatura máxima; Tmin - Temperatura mínima; UR - Umidade relativa do ar; e Vv - Velocidade do

vento.

O solo predominante da área experimental foi classificado como Neossolo

Quartzarênico Órtico típico (EMBRAPA, 2006) e analisado no laboratório de fertilidade do

solo da UFVJM (Tabela - 2).

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Tabela - 2: Análises química e granulométrica do solo da área experimental, na profundidade de 0-20 cm.

UFVJM, Diamantina, 2015.

Análise Química

pH P K Fe Cu Mn Zn Ca Mg Al H+Al SB t T m M. O.

Água mg. dm-3

cmolc.dm-3

% dag.kg-1

5,74 119,0 337,5 29,09 0,01 3,89 9,62 2,45 0,67 0,06 1,90 3,99 4,05 5,89 1,48 0,80

Análise Granulométrica

Areia Silte Argila

dag.kg-1

86,29 7,80 6,00

pH água - Relação solo-água 1:2,5. P e K - Extrator Mehlich 1. Ca, Mg e Al - Extrator KCl 1 mol L-1

. T -

Capacidade de troca de cátions a pH 7,0. m - Saturação de alumínio. V - Saturação por bases. MO – Matéria

orgânica, determinada por meio da multiplicação do resultado do carbono orgânico pelo método Walkey-Black

por 1,724.

A área de condução do experimento apresentava histórico de uso para a produção

de hortaliças, o que permitiu um manejo do solo sob o sistema de cultivo mínimo, sendo

realizada apenas uma gradagem, seguida pelo preparo da leira (de forma manual). De acordo

com a interpretação do resultado da análise de solo e orientações de Alvarez V. e Ribeiro

(1999), não houve necessidade de correção da acidez do solo. A adubação foi realizada de

acordo com recomendação de Casali (1999). Foram utilizados 60 kg. ha-1

de nitrogênio,

parcelados em duas aplicações, uma no plantio e outra em cobertura, e 10 t. ha-1

de esterco de

curral curtido.

No experimento, foi utilizado o clone de batata-doce “Espanhola”, mantido no

banco de germoplasma da UFVJM, originário e amplamente difundido na Região do Alto

Vale do Jequitinhonha. Para a produção das mudas, foram utilizadas “estacas” com 0,20 m de

comprimento contendo de quatro a oito nós, plantadas em bandejas de isopor de 72 células

com substrato comercial e mantidas em casa de vegetação sob 50% de insolação. Após 37

dias em casa de vegetação, as mudas estavam prontas para o transplante em campo.

O plantio das mudas foi realizado com espaçamento de 1,20 m entre linhas e 0,30

m entre plantas, em delineamento experimental de blocos casualizados com quatro repetições.

Os tratamentos consistiram em 12 épocas de coleta, realizadas com intervalos de 15 dias,

inicializadas no dia 14 de dezembro de 2015 e finalizadas em 27 de maio de 2016. Cada bloco

foi composto por 16 parcelas contendo cinco plantas.

As plantas foram irrigadas conforme a necessidade da cultura, utilizando sistema

de irrigação por aspersão convencional, no qual os aspersores apresentavam vazão de 0,42

m³.h-1

e alcance de 12 metros de raio. As plantas espontâneas foram controladas de forma

manual, com auxilio de enxadas.

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Para a análise de crescimento, em cada época de amostragem, a parcela foi

selecionada ao acaso, e desta, foram coletadas as três plantas centrais. As plantas colhidas

foram fracionadas em raízes, caule e folhas e pesadas com o auxílio de uma balança analítica.

Posteriormente, foram colocadas em saco de papel e levadas à estufa de circulação forçada a

65ºC por 72 horas até atingir massa constante para a determinação da massa seca do total de

raízes (MSTR), raízes comerciais (MSRC), caule (MSC), folhas (MSF), parte aérea (MSPA) e

total da planta (MST). As raízes consideradas comerciais foram as que apresentaram peso

entre 80 e 800 gramas, livres de danos e ataque de pragas.

A proteína bruta foi determinada a partir da quantificação do nitrogênio contido na

massa seca da parte aérea (caules + folhas), seguindo a metodologia de MALAVOLTA et al.

(1997). Para conversão do nitrogênio em proteína, multiplicou-se o conteúdo do nutriente na

massa seca da parte aérea por 6,25 (SILVA; QUEIROZ, 2004).

A área foliar (AF) foi estimada a partir da sexta coleta, utilizando o método

indireto da matéria seca dos discos foliares; onde foi feita a correlação entre o peso seco das

folhas, peso dos discos foliares de área conhecida e área foliar dos discos conforme

recomendação de Zeist et al. (2014).

A massa seca e a área foliar foram utilizadas para a definição dos parâmetros de

crescimento: 1 - Acúmulo de massa seca (W) para o total de raízes (WMSTR = MSTR/S),

raízes comerciais (WMSRC/S), caule (WMSC = MSC/S), folha (WMSF = MSF/S), parte

aérea (WMSPA = MSPA/S) e total da planta (WMST = MST/S); 2 - índices de colheita (IC

%) para o total de raízes (ICTR = MSTR/MST), raízes comerciais (ICRC = MSRC/MST) e

parte aérea (ICPA = MSPA/MST); 3 - taxa de crescimento absoluto da planta (TCA g. dia-1

) =

(P2 - P1)/(T2 - T1); 4 - área foliar específica: AFE = AF/MSF (cm2.g

-1), em que AF se referiu

à área foliar e MSF à massa seca de folhas; e 5 - taxa de crescimento relativo para o total de

raízes (TCRTR), raízes comerciais (TCRRC), caule (TRCC), folha (TCRF), parte aérea

(TCRPA) e total da planta (TCRT) utilizando a fórmula básica [TCR (g.g-1

. dia-1

) = (ln(P2) -

ln(P1))/(T2 -T1)], na qual ln(P2) e ln(P1) foram os logaritmos naturais das massas secas entre

duas amostragens sucessivas em cada órgão da planta; P2 e P1 representaram as massas secas

de duas amostragens sucessivas em cada órgão da planta; T2 e T1 se referiram às épocas de

amostragem, neste caso, essa diferença de tempo foi fixada em 15 dias e S foi o espaçamento

de plantio. Por fim, o MS representou a massa seca.

Os dados obtidos para cada característica foram submetidos à análise de

regressão, sendo aceitas as equações com efeito biológico e que apresentaram os maiores

coeficientes de determinação (R²).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O acúmulo de massa seca do total de raízes, raízes comerciais, caule e total da

planta; índice de colheita do total raiz e raízes comerciais, folhas e parte aérea; acúmulo de

proteína bruta; taxas de crescimento relativo para as raízes comerciais, caule, folha, parte

aérea e total da planta apresentaram ajustes significativos a equações do tipo sigmóide simples

(ŷ = a/{1 + e-[(X-X0)/b]

}) (Tabela - 3), nas quais ŷ representa a variável analisada; a se refere à

assíntota correspondente ao valor máximo da variável, X0 corresponde ao ponto médio da

curva e b, à inclinação da equação ajustada.

Tabela - 3: Coeficientes do modelo de regressão ŷ = a/{1 + e-[(X-X0)/b]

} para acúmulo de massa seca do total de

raízes (WMSTR), raízes comerciais (WMSRC), caule (WMSC), total da planta (WMST); índice de colheita do

total de raízes (ICTR), raízes comerciais (ICRC), folha (ICF), parte aérea (ICPA); acúmulo de proteína bruta

(WPB), taxa de crescimento relativo para caule (TCRC), folhas (TCRF), parte aérea (TCRPA); e total da planta

(TCRT) em função das diferentes épocas de amostragem. UFVJM, Diamantina - MG, 2017.

Variáveis analisadas a x0 b R2

WMSTR 508,325 109,826 18,837 0,96

WMSRC 202,594 138,959 24,168 0,75

WMSC 54,490 65,002 8,846 0,97

WMST 589,452 92,940 22,005 0,97

ICTR 105,044 98,396 48,626 0,84

ICRC 29,353 117,619 22,751 0,63

ICF 54,518 104,689 - 17,497 0,80

ICPA 78,956 111,990 - 27,074 0,88

WPB 342,978 48,007 6,716 0,80

TCRTR 0,053 116,459 - 21,984 0,45 ns

TCRC 0,052 76,936 - 6,246 0,72

TCRF 0,112 4,126 - 24,709 0,96

TCRPA 0,095 49,068 - 17,734 0,96

TCRT 0,102 46,020 - 40,166 0,87

ns = equação ajustada não foi significativa.

O acúmulo de massa seca de folha e parte aérea; índice de colheita do caule; área

foliar; área foliar específica; e taxa de crescimento absoluto se ajustaram, de forma

significativa, a equações polinomiais quadráticas (Tabela - 4).

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Tabela - 4: Coeficientes do modelo de regressão ŷ = c + bx + ax² para o acúmulo de massa seca das folhas

(MSF) e parte aérea (MSPA); índice de colheita do caule (ICC); área foliar (AF); área foliar especifica (AFE); e

taxa de crescimento absoluto (TCA) em função das diferentes épocas de amostragem. UFVJM, Diamantina -

MG, 2017.

Variáveis analisadas c b a R2

WMSF - 36,322 2,245 - 0,010 0,75

WMSPA - 59,048 3,305 - 0,014 0,81

ICC 26,479 - 0,138 0,0002 0,74

AF 1434,460 - 16,850 0,054 0,95

AFE 25,271 - 0,286 0,0012 0,79

TCA - 0,683 0,060 - 0,0003 0,64

O sistema radicular (total de raízes) apresentou o maior acúmulo de massa seca

em relação aos demais órgãos da planta. Fato apontado pela equação ajustada para o

WMSTR, que assumiu o maior valor (a) igual a 508,32 g. m-2

atingido aos 180 dias após o

transplante no campo (DAT) (Tabela - 3); apresentou também tendência à estabilização após

os 169 DAT (Figura - 1A).

O órgão da planta de batata-doce com o segundo maior acúmulo de massa seca

(WMSRC) foram as raízes comercias, em que o maior valor alcançado (a) foi igual a 202,59

g. m-2

aos 180 DAT (Tabela - 3). Na terceira posição, aparece a parte aérea com acúmulo

máximo de massa seca igual a 135,89 g. m-2

aos 118 DAT (Tabela - 4).

O baixo valor de b da curva ajustada para o acúmulo de massa seca no caule

(8,84) (Tabela - 3) indica uma maior tendência de estabilização da curva e, na prática,

representa uma estagnação mais precoce no acúmulo de massa seca, ocorrida próximo à

metade do período de avaliação (90 DAT) (Figura - 1A).

Considerando a parte aérea de forma individualizada, as folhas apareceram na

quarta posição com valor máximo de massa seca acumulado de 89,67 g. m-2

aos 113 DAT

(Tabela - 4); os caules foram a parte da parte da planta com menor acúmulo de massa seca,

em que o maior valor atingido (a) foi de 54,49 g.m-2

aos 110 DAT (Tabela - 3); entretanto, aos

82 DAT, já apresentava tendência de estabilização (Figura - 1A).

Com relação ao comportamento de crescimento da planta, representado pelo

acúmulo de matéria seca total, considerando a soma de massa seca de todos os órgãos da

planta (Tabela - 3), percebe-se que o máximo valor atingido (a) foi de 589, 45 g.m-2

aos 180

DAT; no entanto, houve tendência de estabilização no acúmulo de massa seca após os 156

DAT (Figura - 1A).

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Os valores de b para o total de raízes, total da planta (raízes+parte aérea) e raízes

comerciais iguais a 18,83; 22,00; 24,16, respectivamente, foram altos se comparados ao do

caule. Tal comportamento indica menor tendência de estabilização e mostra que os maiores

valores assumidos para estas características ocorreram no final ou após o ciclo de avaliações.

A proximidade dos valores de b para as equações de acúmulo de massa seca do

total de raízes (WMSTR) e o total da planta (WMST) (Tabela - 3) sugere que o sistema

radicular tenha sido o órgão com maior influência no crescimento da planta de batata-doce

devido ao maior acúmulo de massa seca. Segundo Conceição, Lopes e Fortes (2004), o

aumento da massa seca total da planta tem relação direta com as raízes tuberosas, uma vez

que estas representam uma alta proporção do total de matéria seca.

Os resultados de acúmulo de massa seca (WMS) apontam que, entre os 15 e 75

DAT, ou seja, na fase inicial de crescimento da planta, a parte aérea tenha sido o órgão com

maior preferência para acúmulo de produtos da fotossíntese e nutrientes (massa seca).

Entretanto, a partir dos 75 DAT, as raízes se tornaram o órgão com maior potencial de

acúmulo, comportamento influenciado pelo maior crescimento das raízes tuberosas (raízes

comerciais) (Figura - 1A).

Segundo Conceição, Lopes e Fortes (2004), após o aparecimento e o crescimento

das raízes tuberosas, devido à alta capacidade de mobilização de assimilados e nutrientes, as

mesmas se tornam drenos metabólicos preferenciais, provocando a redução no acúmulo de

massa seca da parte aérea.

O índice de colheita (IC) se refere à capacidade da planta em converter derivados

do processo fotossintético em produtos economicamente comercializados (PEIXOTO; CRUZ;

PEIXOTO, 2011). No caso da batata-doce, as raízes podem ser apontadas como o principal

órgão de interesse comercial tanto para a alimentação humana quanto para indústrias.

Entretanto, as ramas ou parte aérea (caule+folhas) também devem ser consideradas, pois vêm

despertando interesse para utilização na alimentação animal.

O emprego da parte aérea na alimentação de animais é uma forma mais nobre de

destino deste material, pois a maioria das ramas produzidas no Brasil é descartada como

resíduo sem utilidade (ANDRADE JÚNIOR et al., 2012; FIGUEIREDO et al., 2012).

O total de raízes apresentou o maior valor de índice de colheita representado por a

igual a 104,04 % aos 180 DAT (Tabela - 3). Mesma época em que as raízes comerciais

atingiram seu valor máximo de IC (a) igual 29,35% (Tabela - 3) aos 180 DAT; no entanto,

após os 156 DAT, a curva ajustada para esta variável apresentou tendência à estabilização

(Figura - 1B).

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O valor alto e positivo de b para a equação do IC do total de raízes (48,62) e

raízes comerciais (22,75) indicou uma menor tendência de estabilização de suas curvas de

ajustes, evidenciando também que o máximo valor do IC tendeu a ocorrer no final do período

de avaliações.

A parte aérea (caules + folhas) apresentou o maior IC (a) igual a 78,95 % nos

primeiros 10 DAT (Figura - 1B) e se manteve acima dos 78% até os 60 DAT. Aos 87 DAT,

era pouco superior a 70 % e, 98 DAT, ainda apresentava valor maior que 60%.

A equação do índice de colheita da parta aérea (ICPA) apresentou valor alto para

b, porém com sinal negativo (-27,04) (Tabela - 3). Este fato representa menor tendência de

estabilização de sua curva, ou seja, o maior valor de ICPA ocorreu na fase inicial do

crescimento, entretanto apresentou comportamento decrescente ao longo do ciclo de avaliação

(Figura - 1B).

De forma individualizada, ao observar o IC do caule, percebe-se que os maiores

valores foram obtidos na fase inicial do desenvolvimento. Entre 15 e 45 DAT, o caule

apresentou IC superior a 20%, e a curva ajustada foi decrescente (Figura - 1B). As folhas, por

sua vez, permaneceram com IC acima de 50% até os 85 DAT e, da mesma forma que o caule,

a curva de ajuste apresentou comportamento decrescente (Figura - 1B).

Os resultados sugerem que a planta perdeu capacidade de crescimento e

manutenção da parte aérea no decorrer do tempo de cultivo. Na fase inicial, houve uma

mobilização de produtos da fotossíntese para estruturação e crescimento da parte aérea

(caules+folhas), mas, a partir da metade do período de avaliações, as raízes se tornaram os

drenos com maior potencial (CONCEIÇÃO; LOPES; FORTES, 2004).

De acordo com o IC, a planta de batata-doce deve ser colhida aos 180 DAT para

obtenção de maiores produtividades de raízes totais e comerciais (Tabela-3), embora, após os

156 DAT, a curva de ICRC tenha tendido à estabilização (Figura - 1B), indicando

possibilidade de colheita nesta fase. A equação ajustada para o IC da parte aérea demonstrou

que a colheita deve ser realizada até os 87 DAT para evitar redução no acúmulo de massa seca

neste órgão e, consequente, redução do seu IC (Tabela - 4).

Caso o objetivo seja promover a dupla aptidão da planta, ou seja, tanto a produção

de raízes quanto de parte aérea, a época de colheita deverá ser aos 101 DAT, pois foi quando

ocorreu a interseção entre o ICTR e o ICPA, e os valores assumidos foram iguais a 56%.

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Figura - 1: A - Acúmulo de matéria seca nos diferentes órgãos e total da planta de batata-doce; B - Índice de

colheita das diferentes partes da planta de batata-doce; C - Acúmulo de proteína bruta na parte aérea/ramas; D -

Taxa de crescimento relativo em cada órgão e do total da planta; E - Área foliar; F - Área foliar específica; e G -

Taxa de crescimento absoluto da planta de batata-doce. UFVJM, Diamantina - MG, 2017.

DAT

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

g.

m-2

0

100

200

300

400

500

600

700

Acúmulo de massa seca no total de raízes (WMSTR)

Acúmulo de massa seca nas raízes comerciais (WMSRC)

Acúmulo de massa seca no caule (WMSC)

Acúmulo de massa seca nas folhas (WMSF)

Acúmulo de massa seca na parte aérea (WMSPA)

Acúmulo de massa seca total na planta (WMST)

DAT

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

%

0

20

40

60

80

100

Índice de colheita do total de raizes (ICTR)

Índice de colheita de raizes comerciais (ICRC)

Índice de colheita de caules (ICC)

índice de colheita da folhas (ICF)

índice de colheita da parte aérea (ICPA)

1 - A 1 - B

DAT

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

kg

.ha-1

0

100

200

300

400

500

600 Acúmulo de Proteína Bruta (WPB)

DAT

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165

g.g

-1.d

ia-1

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

Taxa de crescimento relativo do total de raízes (TCRTR)

Taxa de crescimento relativo do caule (TCRC)

Taxa de crescimento relativo da folha (TCRF)

Taxa de crescimento relativo da parte aérea (TCRPA)

Taxa de crescimento relativo total/planta (TCRT)

2 - C 1 - D

DAT

90 105 120 135 150 165 180

cm²

100

150

200

250

300

350

400Área foliar (AF)

DAT

90 105 120 135 150 165 180

cm2

.g-1

7

8

9

10

11

12

13

14Área foliar específica (AFE)

3 - E 1 - F

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26

DAT

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165

g. dia

-1

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5Taxa de crescimento absoltuto (TCA)

4 - G DAT- dias após o transplantio da muda no campo.

No que se refere ao acúmulo de proteína bruta (WPB) na parte aérea/ramas,

importante parâmetro que determina a qualidade da forragem para alimentação animal, o

genótipo apresentou maior valor (a) de 342,97 kg. ha-1

aos 80 DAT (Tabela - 3). Após esta

época, o valor acumulado de PB permaneceu estabilizado até os 180 DAT (Figura - 1C).

O baixo valor de b (6,71) da curva de ajuste para WPB (Tabela - 3), quando

comparado ao de outras variáveis, mostra repentina estabilização no acúmulo de PB próximo

à metade do período de avaliações. O que também pode ser verificado por meio da Figura -

1C, na qual nota-se também que a equação que representa o WPB apresentou tendência de

estabilização após os 66 DAT.

Em se tratando da taxa de crescimento relativo (TCR), segundo Barbero et al.

(2013), o índice pode ser útil na estimativa da partição dos compostos assimilados durante o

crescimento e representa incrementos de matéria seca por unidade de matéria seca em um

dado período de tempo (g. g-1

. dia-1

).

A taxa de crescimento relativo para folha (TCRF), caule (TCRC), parte aérea

(TCRPA) e total da planta (TCRT) apresentou os maiores valores (a) de 0,112; 0,05; 0,09; e

0,10 g.g-1

. dia-1

, respectivamente, na fase inicial do crescimento (Tabela - 3).

As folhas apresentaram a maior taxa de crescimento relativo, indicando que, na

fase inicial, as folhas se comportaram não só como fonte mas também como dreno de alto

potencial retendo grande parte dos fotoassimilados produzidos.

Nos caules, a taxa de crescimento relativo permaneceu com valor igual a 0,05 até

os 68 DAT; após esta época, ocorreu um acentuado declínio (Figura - 1D), o que pode ter sido

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27

ocasionado pela mobilização de derivados da fotossíntese para o órgão de reserva (raízes),

com maior potencial de dreno.

O valor de b para a equação de ajuste da TCRC foi menor em relação aos demais

(Tabela - 3), indicando uma maior tendência à estabilização da curva, ou seja, o crescimento

relativo desta parte da planta tende a apresentar estagnação mais precocemente do que as

demais.

As equações ajustadas para TCR das partes da planta e do total da planta foram

decrescentes durante o período analisado, comportamento indicado pelos valores negativos de

b (Tabela - 3). Este perfil de crescimento pode ser justificado pela própria ontogenia da

planta, pois, segundo BRAGA et al. (2010), à medida que a planta atinge a maturidade

fisiológica com aumento da matéria seca, os órgãos se tornam mais exigentes por

fotoassimilados, e isto faz com que a disponibilidade destes para o crescimento seja reduzida.

Comportamento semelhante também constatado por Alvarez, Crusciol e Nascente

(2012) analisando o crescimento relativo e a produtividade de cultivares de Arroz em

Botucatu - SP, os autores atribuíram tal comportamento ao avanço da fase de senescência da

planta, com queda e morte de folhas.

A área foliar apresentou comportamento decrescente no período entre 90 e 154

DAT (Figura - 1E), fato que pode estar associado à forma de distribuição de fotoassimilados e

nutrientes na planta de batata-doce. De acordo com Conceição, Lopes e Fortes (2005), o

aparecimento das raízes tuberosas, como drenos metabólicos fortes e com grande força de

mobilização de assimilados, provoca a aceleração na senescência foliar e, consequentemente,

a redução da AF.

A AF apresentou crescimento “crescente” após os 154 DAT (Figura - 1E), o que

pode estar relacionado à retomada de crescimento com a reestruturação do seu órgão

fotossintetizante (folhas), pois, segundo Silva, Magalhães e Lopes (2008), a batata-doce,

apesar de ser cultivada como anual, é uma planta de ciclo de vida perene.

O comportamento da área foliar específica (AFE) acompanhou o perfil de

crescimento da área foliar (AF), o que é compreensível, uma vez que a AFE é diretamente

proporcional à AF e inversamente proporcional ao acúmulo de massa seca na folha (MSF),

por isto foi decrescente entre 90 e 119 DAT (Figura - 1F), período em que a AF estava em

decrescimento e em época próxima ao acúmulo máximo de MSF (Figura - 1A).

O perfil de crescimento da AFE aponta evidências de espessamento da lâmina

foliar e, consequente, redução da atividade fotossintética, processo que se inverte após os 119

DAT, quando a AFE passa a ser crescente, indicando uma tendência de investimento da

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planta em folhas novas. Esta variável chega à última avaliação (180DAT) com valor pouco

superior a 13 cm2 para cada grama de matéria seca foliar, reforçando a ideia de que a planta

tende a retomar sua atividade fotossintética, com a reestruturação do seu aparelho

fotossintetizante, processo indicado pelo aumento da AF nesta mesma ocasião.

No tocante à taxa de crescimento absoluto (TCA), que se refere à velocidade

média de crescimento da planta em um período de tempo de avaliação (LIMA; PEIXOTO;

LEDO, 2007; PEIXOTO; CRUZ; PEIXOTO, 2011), a maior TCA da planta ocorreu aos 100

DAT com valor de 2,31 g. dia-1

(Figura - 1G), com tendência à redução após o valor máximo

atingido. A partir desta época, deve-se realizar a colheita da planta para atender tanto à

produção do total de raízes quanto a obtenção de ramas.

4 CONCLUSÕES

O período de maior crescimento da planta de batata-doce ocorreu entre 75 e 156

dias após o transplantio. As raízes apresentaram maior contribuição para o crescimento total

da planta devido ao maior acúmulo de massa seca.

A época de colheita mais apropriada varia conforme a finalidade de uso da planta

pelo produtor. Para o maior rendimento do total de raízes e raízes comerciais, a colheita deve

ser realizada 180 dias após o transplantio, enquanto que a parte aérea (ramas) deve ser colhida

entre 60 e 87 após o transplantio.

Para atender simultaneamente à produção de raízes e ramas, a planta deve ser

colhida entre 80 e 118 dias após o transplantio.

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ARTIGO CIENTÍFICO II: Produtividade de massa seca e acúmulo de nutrientes na

cultura da batata-doce

RESUMO

A busca por novos conhecimentos sobre o rendimento de massa seca e o acúmulo de

nutrientes pela cultura da batata-doce se faz necessária para aprimorar a eficiência do manejo

produtivo e das práticas de adubação aplicados à cultura, podendo refletir na elevação da sua

produtividade. Neste sentido, o objetivo do trabalho foi determinar a produtividade de massa

seca e o acúmulo de nutrientes pela cultura da batata-doce. O experimento foi realizado no

setor de olericultura do Campus – JK da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri - UFVJM, em Diamantina – MG. O genótipo de batata-doce “Espanhola” foi

cultivado em delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições. Em cada parcela

experimental, foram realizadas 12 coletas de três plantas, respeitando o intervalo de 15 dias.

As plantas colhidas foram fracionadas em raízes e parte aérea (folhas + caules) para

determinação da massa seca pelo método padrão de estufa. As amostras, após pesadas, foram

trituradas para a determinação do teor de nutrientes. A quantidade de cada nutriente foi

determinada multiplicando a massa seca pelo teor de cada nutriente. Os dados obtidos da

análise química e da matéria seca foram submetidos à análise de variância e, quando

significativos, foram analisados por meio da regressão. O genótipo de batata-doce

“Espanhola” apresentou maior potencial para produção de raízes. O acúmulo de macro e

micronutrientes variou conforme o órgão analisado. O N, Ca, K e Fe foram os nutrientes mais

exigidos pela planta de batata-doce. A ordem decrescente de acúmulo de nutrientes pelas

raízes foi: N > K > Ca > P > Mg > S > Fe > Cu > Zn > Mn; parte aérea: N > K > Ca > Mg > P

> S > Fe > Mn > Zn > Cu; e total da planta: N > Ca > K > P > Mg > S > Fe > Mn > Cu > Zn,

considerando o período de avaliação de 15 a 180 dias após o transplantio.

Palavras-chaves: Ipomoea batatas. Adubação. Nutrição mineral.

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33

ABSTRACT

SCIENTIFIC ARTICLE II: Dry mass yields and nutrient accumulation in sweet potato

culture

The search for new knowledge on dry matter yield and nutrient accumulation by the sweet

potato culture is necessary to improve the efficiency of yielding harvest handling and

fertilization practices applied to the culture, which may have an effect on the increase of its

productivity. In this sense, the objective of this work was to determine the dry mass yield and

the nutrient accumulation by the sweet potato culture. The experiment was carried out at the

vegetable-growing field of the campus - JK of the Federal University of Vales do

Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, in Diamantina - MG. The sweet potato genotype named

Espanhola was cultivated in a randomized block design with four replicates. In each

experimental plot, 12 collections of three plants were performed, respecting the interval of 15

days. The plants were harvested and fractionated into roots and aerial part (leaves + stems) to

determine the dry mass by the standard greenhouse method. After weighing, the samples were

crushed to determine the nutrient content. The amount of each nutrient was determined by

multiplying the dry mass by the content of each nutrient. The data obtained from the chemical

analysis and dry matter were submitted to analysis of variance and, when significant, were

analyzed by regression. The sweet potato genotype Espanhola presented the greatest potential

for root production. The accumulation of macro and micronutrients varied according to the

organ analyzed. N, Ca, K and Fe were the most demanded nutrients by the sweet potato plant.

The decreasing order of nutrient accumulation by the roots was: N> K> Ca> P> Mg> S> Fe>

Cu> Zn> Mn; aerial part: N> K> Ca> Mg> P> S> Fe> Mn> Zn> Cu; and total of the plant:

N> Ca> K> M> Fe> Mn> Cu> Zn, considering the evaluation period from 15 to 180 days

after transplanting.

Keywords: Ipomoea batatas. Fertilization. Mineral nutrition.

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34

1 INTRODUÇÃO

A batata-doce é uma hortaliça amplamente difundida na maioria das regiões

brasileiras, com grande relevância econômica e aceitação popular (FILGUEIRA, 2008).

A cultura apresenta ampla possibilidade de usos podendo ser empregada na

alimentação humana, animal e como matéria prima para indústrias de celulose, alimentos,

cosméticos, e combustível (CARDOSO et al., 2005; SILVEIRA, 2008; GONÇALVES

NETO et al., 2011).

Na agricultura familiar, a batata-doce culturalmente é cultivada por pequenos

produtores, destinada ao próprio consumo ou ao mercado local. Por isto, tem recebido pouca

atenção da pesquisa agrícola, principalmente para a determinação de demandas nutricionais e

recomendação de adubação (THUMÉ et al., 2013).

A determinação das quantidades de nutrientes acumulados ao longo das diferentes

épocas de desenvolvimento da planta, no seu respectivo ambiente de cultivo, pode auxiliar os

programas de adubação e contribuir para aumentar a sua eficiência a fim de atingir a máxima

produtividade econômica da cultura de interesse (GRANGEIRO et al., 2011).

A marcha de absorção é o estudo que possibilita identificar as épocas mais

apropriadas para o fornecimento de fertilizantes, pois levanta informações sobre a exigência

nutricional da planta ao longo do seu desenvolvimento fisiológico (NOGUEIRA et al., 2014).

Segundo Echer, Dominato e Creste (2009), na literatura brasileira, são insipientes

os estudos sobre a marcha de absorção e a dinâmica de acúmulo de massa seca para a cultura

da batata-doce, embora sejam de fundamental importância para auxiliar no planejamento da

adubação e manejo de fertilizantes.

Neste sentido, é evidente a necessidade de maiores esclarecimentos sobre o

comportamento de produtividade de massa seca e acúmulo de nutrientes ao longo do ciclo de

desenvolvimento da planta de batata-doce, uma vez que a cultura é amplamente difundida no

Brasil com grande variedade de genótipos cultivados.

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi determinar a produtividade de massa

seca e o acúmulo de nutrientes pela cultura da batata-doce.

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35

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado em condições de campo, no setor de olericultura

localizado no campus – JK da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

(UFVJM), em Diamantina - MG, com coordenadas (18º 9’ S e 43º 21’ WGR) a 1.384 m de

altitude. O clima da região foi classificado como mesotérmico - Cwb na classificação de

Köppen, com verões brandos e úmidos, invernos frescos e secos. Durante a condução do

experimento, as variáveis ambientais foram determinadas (Tabela - 1).

Tabela - 1: Dados climatológicos coletados no período experimental. UFVJM, Diamantina, 2015/2016.

Mês Tmax (ºC) Tmin (ºC) UR(%) Vv(m.s-1

)

nov/2015 22,03 21,51 64,65 21,78

dez/2015 22,38 20,78 69,96 20,97

jan/2016 20,38 19,44 83,40 19,61

fev/2016 22,20 20,89 68,63 21,14

mar/2016 21,20 19,96 75,07 20,17

abr/2016 20,79 19,46 69,25 19,68

mai/2016 18,58 17,47 75,93 17,68

Tmax - Temperatura máxima; Tmin - Temperatura mínima; UR - Umidade relativa do ar; e Vv - Velocidade do

vento.

O solo predominante da área experimental foi classificado como Neossolo

Quartzarênico Órtico típico (EMBRAPA, 2006) e analisado no laboratório de fertilidade do

solo da UFVJM (Tabela - 2).

Tabela - 2: Análises química e granulométrica do solo da área experimental, na profundidade de 0-20 cm.

UFVJM, Diamantina, 2015.

Análise Química

pH P K Fe Cu Mn Zn Ca Mg Al H+Al SB t T m M. O.

Água mg. dm-3

cmolc.dm-3

% dag.kg-1

5,74 119,0 337,5 29,09 0,01 3,89 9,62 2,45 0,67 0,06 1,90 3,99 4,05 5,89 1,48 0,80

Análise Granulométrica

Areia Silte Argila

dag.kg-1

86,29 7,80 6,00

pH água - Relação solo-água 1:2,5. P e K - Extrator Mehlich 1. Ca, Mg e Al - Extrator KCl 1 mol L-1

. T -

Capacidade de troca de cátions a pH 7,0. m - Saturação de alumínio. V - Saturação por bases. MO – Matéria

orgânica, determinada por meio da multiplicação do resultado do carbono orgânico pelo método Walkey-Black

por 1,724.

A área de condução do experimento apresentava histórico de uso para a produção

de hortaliças, o que permitiu um manejo do solo sob o sistema de cultivo mínimo, sendo

realizada apenas uma gradagem, seguida pelo preparo da leira (de forma manual). De acordo

com a interpretação do resultado da análise de solo e orientações de Alvarez V. e Ribeiro

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36

(1999), não houve necessidade de correção da acidez do solo. A adubação foi realizada de

acordo com a recomendação de Casali (1999). Foram utilizados 60 kg. ha-1

de nitrogênio,

parcelados em duas aplicações, uma no plantio e outra em cobertura, e 10 t. ha-1

de esterco de

curral curtido.

No experimento, foi utilizado o clone de batata-doce “Espanhola”, mantido no

banco de germoplasma da UFVJM, originário e amplamente difundido na Região do Alto

Vale do Jequitinhonha. Para a produção das mudas, foram utilizadas “estacas” com 0,20 m de

comprimento contendo de quatro a oito nós, plantadas em bandejas de isopor de 72 células

com substrato comercial e mantidas em casa de vegetação sob 50% de insolação. Após 37

dias em casa de vegetação, as mudas estavam prontas para o transplante em campo.

O plantio das mudas foi realizado no dia 30 de novembro de 2015, respeitando o

espaçamento de 1,20 m entre linhas e 0,30 m entre plantas. O delineamento experimental

utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições.

As plantas foram irrigadas conforme a necessidade da cultura, utilizando sistema

de irrigação por aspersão convencional, no qual os aspersores apresentavam vazão de 0,42

m³.h-1

e alcance de 12 metros de raio. As plantas espontâneas foram controladas de forma

manual, com auxilio de enxadas.

Os tratamentos consistiram em 12 épocas de coleta, realizadas com intervalos de

15 dias, com início no dia 14 de dezembro de 2015 e fim em 27 de maio de 2016. Cada bloco

foi composto por 16 parcelas contendo cinco plantas.

Em cada época de amostragem, a parcela foi selecionada ao acaso, e desta, foram

coletadas as três plantas centrais. As plantas colhidas foram fracionadas em raízes, caule e

folhas e pesadas com o auxílio de uma balança analítica. Posteriormente, o material foi

colocado em saco de papel e levado à estufa de circulação forçada a 65ºC por 72 horas até

atingir massa constante para a determinação da massa seca do total de raízes (PMSTR), da

parte aérea (PMSPA) e total da planta (PMST).

A PMSTR se refere à quantidade de massa seca do total de raízes por unidade de

área, e sua unidade, dada em kg. ha-1

. Da mesma forma, a PMSPA foi obtida pela razão entre

o peso de massa seca da parte aérea (caules+ folhas) e o espaçamento de plantio; os resultados

também foram expressos em kg. ha-1

. Por fim, a PMST se relaciona à produtividade total de

massa seca da planta, ou seja, considera a divisão do somatório da massa seca produzida pelas

raízes e parte aérea pela área disponível à planta, e é dada pela mesma unidade que as duas

anteriores.

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37

Após este procedimento, cada parte da planta foi homogeneizada para formar

apenas uma amostra composta, mantendo a individualização dos diferentes órgãos. O material

foi processado em moinho do tipo Willey, com peneira de 1 mm, para a determinação dos

teores dos nutrientes: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, cobre,

manganês e zinco, segundo a metodologia descrita por MALAVOLTA et al. (1997).

As quantidades acumuladas de cada mineral nas raízes, parte aérea e na planta de

batata-doce como um todo (considerando as quantidades nas raízes, caule e folhas) foram

obtidas por meio do produto entre o teor no tecido vegetal e a produtividade de massa seca

nos respectivos órgãos da planta (% x PMS), sendo os resultados apresentados em kg. ha-1

para macronutrientes e em g. ha-1

para micronutrientes.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias,

comparadas pelo método de agrupamento de Scott-Knott (1974), em nível de 5% de

significância, utilizando o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011). Quando

significativas, foram submetidos à análise de regressão, sendo ajustadas às equações com

maior coeficiente de determinação (R²).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As produtividades de massa seca do total de raízes (PMSTR), parte aérea

(PMSPA) e total da planta (PMST) (raízes+parte aérea) assim como os acúmulos de

nutrientes nos órgãos e na planta de batata-doce foram significativos para as diferentes épocas

de avaliações.

A PMSTR bem como a PMST apresentaram ajuste a equações sigmóide simples

(ŷ = a/{1 + e-[(X-X0)/b]

}) (Figura-1), em que ŷ representou a variável analisada e a se referiu à

assíntota correspondente ao valor máximo atingido pela característica; X0 correspondeu ao

ponto médio da curva e b, à inclinação da equação ajustada. A PMSPA se ajustou à equação

com modelo polinomial quadrático (Figura-1).

Os modelos de equações ajustados para a produtividade de massa seca do

genótipo “Espanhola”, avaliado no presente estudo, diferiram dos encontrados por Conceição,

Lopes e Fortes (2004) para outras cultivares de batata-doce (“Da Costa” e “Abóbora”), que

apresentaram equações polinomiais cúbicas. Fato que evidencia a influência do ambiente de

cultivo e do potencial genético no comportamento da produtividade de massa seca assim

como na forma de crescimento.

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38

As raízes foram o órgão mais produtivo da planta de batata-doce. O total de raízes

da planta de batata-doce alcançou a maior produtividade de massa seca (a), igual a 5084 kg.

ha-1

, identificada aos 180 DAT. Em seguida, aparece a parte aérea (caules + folhas) à

produtividade máxima de 1320 kg. ha-1

, identificada aos 116 DAT. Após essa época, a curva

de ajuste para a característica apresentou comportamento decrescente (Figura - 1).

A produtividade de massa seca total da planta de batata-doce (PMST), que

considera o somatório da produtividade do total de raízes e parte aérea, atingiu o maior valor

(a), de 5895 kg. ha-1

, aos 180 DAT (Figura-1).

As raízes se sobressaem como o órgão que mais acumulou massa seca e, por isto,

apresentou maior contribuição para a produtividade total da planta (Figura - 1). Tal fato foi

apontado também pela proximidade entre os valores para b (18, 83 e 22,00), que apontaram

coincidências na inclinação de suas equações ajustadas.

A avaliação da produtividade da massa seca nas diferentes partes da planta ao

longo do tempo possibilita averiguar o comportamento de distribuição (acúmulo) de massa

seca na planta.

Neste aspecto, na fase inicial das avaliações até aproximadamente 90 DAT, o

acúmulo de massa seca pela parte aérea foi mais acentuado em comparação com o sistema

radicular (total de raízes), entretanto, após esta época, houve uma inversão no padrão de

acúmulo. Nesta fase, o órgão subterrâneo passou a ter maior preferência por produtos da

fotossíntese e nutrientes, mantendo-se desta forma até o final das observações (180 DAT).

Conceição, Lopes e Creste (2004), após avaliarem duas diferentes cultivares de

batata-doce, constataram o mesmo padrão de acúmulo de massa seca supracitado, onde, no

início do desenvolvimento, a parte aérea atuou como dreno metabólico principal. Porém, após

o surgimento e crescimento das raízes tuberosas, ocorreu declínio no acúmulo de massa seca

pela parte aérea, devido à sua alta capacidade de mobilização de assimilados.

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39

Figura1: Produtividade de massa seca do total de raízes (PMSTR), produtividade de massa seca da parte aérea

(PMSPA) e produtividade de massa seca do total da planta (PMST) em diferentes épocas de avaliações. UFVJM,

Diamantina – MG.

Dias Após Transplantio (DAT)

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

kg

.ha-1

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

PMSTR Y= 5084,215 / [ 1+ e (- (x - 109,826) / 18,837)] (R² = 0,96)

PMS PA Y = - 590,485 + 33,054x - 0,143 x² (R² = 0,81)

PMST Y= 5895,182 / [ 1+ e (- (x - 92,940) / 22,005)] (R² = 0,97)

De modo geral, a dinâmica de acúmulo de nutrientes pela planta de batata-doce

acompanhou o comportamento de acúmulo de massa seca, o que também foi identificado para

as culturas do alho (SOUZA et al., 2011) e da cebola (KURTZ et al., 2016).

Segundo Moreira, Bernardi e Rassini (2008), a absorção e a distribuição de

nutrientes acompanha o acúmulo de matéria seca ao longo do desenvolvimento da planta,

variando conforme o potencial de exploração do sistema radicular, condições do solo e clima,

disponibilidade de água e nutrientes, e, também, do manejo da cultura.

No presente estudo, os macronutrientes acumulados pelo total de raízes da planta

de batata-doce assumiram ajustes a equações do tipo sigmoide simples (Figuras - 2).

As raízes apresentaram acúmulo lento na fase inicial de desenvolvimento para a

maioria dos macronutrientes. Somente após os 90 DAT, houve aumento acentuado no

acúmulo destes minerais (Figura - 2).

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40

O nitrogênio (N) foi o nutriente mais acumulado e apresentou maior valor

atingido (a), igual a 57,00 kg. ha-1

, na ocasião dos 180 DAT; seguido pelo potássio (K), com

(a) de 53,90 kg. ha-1

, aos 180 DAT, com nítida tendência de estabilização após os 146 DAT;

cálcio (Ca), com 15,80 kg. ha-1

alcançado aos 180 DAT; e fósforo (P), igual a 9,25 kg. ha-1

,

aos 164 DAT.

Os nutrientes acumulados em menor quantidade pelas raízes da planta de batata-

doce foram o magnésio (Mg), com maior valor atingido igual a 4,40 kg. ha-1

, e apenas 2,90

kg. ha-1

para o enxofre (S), ambos alcançados aos 135 DAT. Vale ressaltar ainda que após esta

época houve tendência de estabilização no acúmulo destes nutrientes, e que o inicio do

acúmulo de S ocorreu de forma tardia após os 105 DAT.

Figura - 2: Acúmulo de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) pelo

total de raízes da planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG.

Dias Após Transplantio (DAT)

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

kg

.ha-1

0

10

20

30

40

50

60

70

N Y= 58,167 / [ 1 + e (- (x - 132,857 / 26,904)] (R² = 0,98)

P Y= 9,248/ [ 1 + e (- (x - 104,968 / 19,052)] (R² = 0,97)

K Y= 53,891 / [ 1 + e (- (x - 98,396 / 17,095)] (R² = 0,97)

Ca Y= 15,823 / [ 1 + e (- (x - 115,449 / 28,481)] (R² = 0,86)

Mg Y= 4,420 / [ 1 + e (- (x - 89,292/ 18,803)] (R² = 0,92)

S Y= 2,900 / [ 1 + e (- (x - 122,772 / 5,105)] (R² = 0,87)

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41

Os macronutrientes N, K e Ca foram os mais requeridos pelas raízes da planta de

batata-doce, uma vez que foram absorvidos em maiores quantidades.

O baixo acúmulo de Ca e Mg pelas raízes da planta de batata-doce pode estar

associado à alta quantidade de K disponível, revelada pela análise de solo (Tabela - 2). Dado

que, segundo Faquin (2005), existe inibição competitiva entre o Ca, Mg e K, a manutenção

de teores equilibrados destes cátions no solo é fundamental para prevenir possíveis

deficiências.

O comportamento de acúmulo de macronutrientes pelas raízes da batata-doce

demonstra a necessidade de criação de programas de adubação mais adequados à dinâmica de

absorção particular de cada cultura em seu ambiente de cultivo, visto que houve controvérsias

entre a época para fornecimento de NPK proposta pela 5ª aproximação (CASALI, 1999) e o

período de maior acúmulo destes nutrientes pela cultura da batata-doce.

No referido boletim, foi recomendado, para a cultura da batata-doce, que o P, K e

50% da dose de N sejam aplicados no momento do plantio, contudo, os maiores acúmulos

destes nutrientes ocorreram a partir dos 90 DAT (Figura - 2).

Quando os fertilizantes são aplicados de maneira correta e nas épocas adequadas,

as perdas são minimizadas, pois potencializa-se a absorção e o aproveitamento dos nutrientes

pelo vegetal assim como o rendimento produtivo da planta.

Em se tratando da parte aérea (caules + folhas), os macronutrientes acumulados

apresentaram ajustes a modelos polinomiais quadráticos, com exceção do Ca que não

apresentou ajuste significativo à equação testada (Figura - 3).

Na parte aérea, o nutriente mais requerido foi o N, com valor máximo acumulado

de 60,80 kg. ha-1

atingido aos 118 DAT, seguido pelo K, com quantidade de 52,00 kg. ha-1

aos 101 DAT.

Quanto ao Ca, embora não tenha apresentado ajuste significativo à equação

testada, o nutriente aparece na terceira posição na ordem de acúmulo.

O Mg foi o quarto nutriente mais exigido pela parte aérea (PA) e apresentou o

valor máximo acumulado de 10,80 kg. ha-1

na ocasião dos 118 DAT. Este nutriente é

extremamente importante para este órgão, pois atua no processo fotossintético,

especificamente na formação da molécula de clorofila (CAMPOS; BICUDO; ONO, 2004).

Na sequência dos nutrientes mais acumulados, aparece o P com quantidade igual a

10,00 kg. ha-1

aos 111 DAT. O nutriente menos acumulado pela PA foi o S, cujo valor

máximo foi de 5,60 kg. ha-1

atingido na época dos 145 DAT.

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42

As curvas de ajuste para os macronutrientes apresentaram comportamento de

declínio no acúmulo após atingirem o valor máximo; isto se deve ao processo de

envelhecimento da planta, ocorrendo a abscisão foliar, ou mesmo a perdas de outros tecidos

vegetais. Este fato promove consequentes perdas de massa seca, refletindo na redução da

quantidade de macronutrientes acumulados.

O período de maior acúmulo de macronutrientes pela parte aérea ficou

compreendido entre 100 e 120 DAT, com exceção do S (Figura - 3). Desta forma, para suprir

a necessidade da cultura e elevar sua produtividade, os nutrientes devem ser fornecidos na

época que antecede o período de maior exigência para garantir a disponibilidade adequada à

fase de desenvolvimento da planta.

Figura - 3: Acúmulo de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) pela

parte aérea (PA), que considera o acúmulo conjunto de nutrientes nos caules e folhas, da planta de batata-doce

em diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG.

Dias Após Transplantio (DAT)

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

kg

.ha-1

0

20

40

60

80

100

N PA Y= - 21,059 + 1,390x - 0,0059x² (R² = 0,73)

P PA Y= - 4,816 + 0,267x - 0,0012x² (R² = 0,81)

K PA Y= - 15,274 + 1,334x - 0,0066x² (R² = 0,69)

Ca PA Y= - 7,052 + 0,499x - 0,0018x² (R² = 0,58 ns)

Mg PA Y= - 4,482 + 0,259x - 0,0011x² (R² = 0,70)

S PA Y= - 2,801 + 0,116x - 0,0004x² (R² = 0,83)

O alto valor de N acumulado na parte aérea é favorável para a nutrição animal,

uma vez que o nutriente faz parte da constituição da molécula de proteína.

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43

Neste sentido, o acúmulo de 60, 80 kg. ha-1

de N corresponde à produtividade de

380,00 kg. ha-1

de proteína bruta (PB), valor obtido por estimativa considerando que,

geralmente, a cada 100 g de proteína bruta, exista 16,00 % de nitrogênio.

Este valor de PB corresponde a 6,44 % da massa seca da parte aérea e está

compreendido dentro da faixa considerada apropriada para o adequado funcionamento do

rúmem, que varia de 6 a 8% segundo Mertens (1994). Fato que aponta o potencial do

genótipo avaliado para utilização na alimentação animal.

Com relação ao acúmulo de macronutrientes total pela planta de batata-doce, que

considera as quantidades acumuladas pelas raízes e parte aérea, foram ajustadas equações do

tipo sigmóide simples (Figura - 4).

Figura - 4: Acúmulo total de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S)

pela planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG.

Dias Após Transplantio (DAT)

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

kg

.ha-1

0

100

200

300

400

500

N Y= 444,134 / [ 1 + e (- (x - 117,838 / 34,239)] (R² = 0,95)

P Y= 54,638 / [ 1 + e (- (x - 87,968 / 21,306)] (R² = 0,98)

K Y= 214,753 / [ 1 + e (- (x - 68,832 / 18,625)] (R² = 0,97)

Ca Y= 313,054 / [ 1 + e (- (x - 151,241 / 39,651)] (R² = 0,82)

Mg Y= 50,055 / [ 1 + e (- (x - 88,680 / 23,767)] (R² = 0,92)

S Y= 36,568 / [ 1 + e (- (x - 108,772 / 19,813) ] (R² = 0,98)

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44

A análise do acúmulo total de nutrientes pela planta é importante para entender a

contribuição de cada órgão na exigência total da cultura da batata-doce. O nutriente

acumulado em maior quantidade pela planta foi o N, no qual o maior valor alcançado (a) foi

de 437,40 kg. ha-1

aos 180 dias.

Na sequência de maior acúmulo, aparece o Ca, com valor de 263,50 kg. ha-1

aos

180 DAT, seguido pelo K, cujo maior acúmulo (a) foi igual a 215,00 kg. ha-1

aos 160 DAT, já

apresentando forte tendência de estabilização após os 135 DAT (Figura - 4).

Na quarta posição, ficou o P, em que a maior quantidade acumulada foi de 54,60

kg. ha-1

aos 155 DAT. Posteriormente, tem-se o Mg, com 50,00 kg. ha-1

aos 180 DAT. Por

fim, o enxofre foi o nutriente menos acumulado pela planta, o qual apresentou o maior valor

atingido (a) de 36,50 kg. ha-1

aos 163 DAT, mas já demonstrava forte tendência de

estabilização após os 145 DAT (Figura - 4).

O baixo valor de S acumulado pela planta de batata-doce em seus órgãos, em

comparação com os demais nutrientes, pode estar relacionado com a alta disponibilidade de P

no solo (Tabela - 2). Dado que estes dois nutrientes são absorvidos preferencialmente em

formas aniônicas (FAQUIN, 2005), podem competir entre si pelos sítios de absorção das

raízes.

Em contrapartida, o N foi o nutriente mais exigido pela planta de batata-doce. Isto

se deve, principalmente, às diversas atividades desempenhadas pelo elemento. Segundo

Nogueira et al. (2014), a deficiência de N causa redução na síntese de clorofila, e, com isso,

redução na eficiência fotossintética, podendo levar à perda da habilidade de execução de

funções essenciais, dentre elas, a absorção de outros nutrientes e a produção de carboidratos

para o desenvolvimento.

O alto acúmulo de Ca pela planta de batata-doce pode ser devido à importância do

nutriente para os processos de crescimento e desenvolvimento, tanto da parte aérea e quanto

da radicular (CAMPOS; BICUDO; ONO, 2004).

O potássio foi o terceiro nutriente mais absorvido pela planta de batata-doce, fato

atribuído às diversas funções que desempenha. Segundo Mota et al. (2016), o elemento é

essencial nos processos de fotossíntese, respiração, sínteses, abertura e fechamento dos

estômatos e transporte de carboidratos.

Com relação ao acúmulo de micronutrientes pelas raízes da planta de batata-doce,

as equações ajustadas foram do tipo sigmóide simples (Figura - 5). O ferro (Fe) foi o

micronutriente mais acumulado pelas raízes, com maior valor indicado por (a), de 717,00 g.

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45

ha-1

alcançado aos 163 DAT, no entanto, já apresentava comportamento de estabilização após

os 134 DAT.

O segundo micronutriente acumulado em maior quantidade foi o Cu, com maior

valor atingido (a), de 52,00 g. ha-1

aos 170 DAT; em seguida, aparece o Zn, com 51,00 g. ha-1

na época dos 175 DAT, e, por fim, o Mn cujo maior valor acumulado foi igual a 41,50 g. ha-1

na ocasião dos 164 DAT.

Figura - 5: Acúmulo de zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fe) e cobre (Cu) pelas raízes da planta de batata-doce

em diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG.

Dias Após Transplantio (DAT)

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

g.

ha-1

0

200

400

600

800

1000

Zn Y= 51,182 / [ 1+ e (- (x - 108,879) / 26,932)] (R² = 0,97)

Mn Y= 41,413 / [ 1+ e (- (x - 98,113) / 18,597)] (R² = 0,91)

Fe Y= 716,776 / [ 1+ e (- (x - 82,198) / 17,346)] (R² = 0,78)

Cu Y= 52,033 / [ 1+ e (- (x - 110,492) / 18,475)] (R² = 0,96)

Após a avaliação do acúmulo dos micronutrientes na raiz, o ferro se destacou

como o nutriente mais exigido, o que corrobora a afirmação de Araujo et al. (2016) que a

planta de batata-doce é fornecedora de sais minerais, dentre eles, o ferro para a alimentação

humana.

O alto acúmulo de Fe nas raízes, e consequente fonte deste nutriente para a dieta

humana, é desejável, pois pode auxiliar no combate à anemia, doença decorrente do

decréscimo na concentração de hemoglobina no organismo, causada pela carência avançada

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de ferro. Em estágio avançado, provoca sintomas clínicos como fraqueza, diminuição da

capacidade respiratória e tontura (PAIVA; RONDO; GUERRA – SHINOHARA, 2000).

Os micronutrientes acumulados pela parte aérea assumiram ajuste a curvas de

modelo polinomial quadrático, exceto o ferro (Fe), que não assumiu ajuste significativo à

equação testada (Figura - 6). Apesar disto, o elemento pode ser apontado como o nutriente

mais acumulado pela parte aérea da planta de batata-doce.

Para a cultura da melancia, Almeida et al. (2014) também apontaram o Fe como o

micronutriente mais exigido pela parte aérea, e atribuiram este fato às diversas funções

desempenhadas pelo elemento no processo fotossintético e na pigmentação de caules e folhas.

Figura - 6: Acúmulo de zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fe) e cobre (Cu) pela parte aérea (caules + folhas) da

planta de batata-doce em diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG.

Dias Após Transplantio (DAT)

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

g. ha-1

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Zn PA Y= 18,866+ 1,448x -0,006x² (R² = 0,75)

Mn PA Y= -52,453 + 2,600x -0,011x² (R² = 0,79)

Fe PA Y= -256,444 + 16,458x - 0,062x² (R² = 0,55 ns)

Cu PA Y= 3,179 + 0,410x - 0,0016 x² (R² = 0,61)

Com relação aos demais micronutrientes, o Mn foi o segundo nutriente mais

exigido pela parte aérea. O nutriente apresentou maior valor acumulado de 101,00 g. ha-1

identificado aos 118 DAT.

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Em terceira posição dos micronutrientes com maior acúmulo, ficou o Zn, com

valor máximo de 68,50 g. ha-1

aos 120 DAT. Por fim, o Cu foi o nutriente acumulado em

menor quantidade, apresentando valor máximo de acúmulo igual a 29,50 g. ha-1

na época dos

128 DAT.

As equações ajustadas para os micronutrientes apresentaram comportamento

decrescente após o acúmulo máximo, assim como o ocorrido para os macronutrientes. Este

comportamento pode estar relacionado ao próprio processo de envelhecimento da planta,

caracterizado pela abscisão foliar e de outros tecidos, o que contribui para perdas da massa

seca e consequente redução no acúmulo de micronutrientes.

Quanto ao acúmulo de micronutrientes pela planta de bata-doce como um todo

(raízes+parte aérea), nota-se que os nutrientes apresentaram ajustes a equações sigmóide

simples (Figura - 7).

Na sequência de micronutrientes mais acumulados pela planta, o Fe se destacou

em primeira posição, e seu maior valor acumulado (a) foi igual a 6000,00 g. ha-1

aos 180

DAT. Entretanto, a curva de acúmulo para este micronutriente já apresentava tendência de

estabilização após os 165 DAT (Figura - 7)

Em segundo lugar na ordem de acúmulo, aparece o Mn, que apresentou a maior

quantidade acumulada, de 475,00 g. ha-1

aos 135 DAT. Tal valor se manteve estável até os

180 DAT. Posteriormente, na terceira posição, ficou o Cu, com maior acúmulo (a) igual a

350,00 g. ha-1

na época dos 180 DAT.

O Zn foi o micronutriente menos acumulado pela planta de batata-doce; a maior

quantidade alcançada (a) foi de 279,00 g. ha-1

aos 167 DAT, e sua curva de ajuste já

apresentava tendência de estabilização a partir dos 149 DAT (Figura - 7).

O Fe evidentemente foi o micronutriente mais acumulado pela planta e em suas

diferentes partes, e isto pode ser relacionado às diversas funções desempenhadas pelo

elemento. De acordo com Mota et al. (2016), o nutriente participa da síntese de clorofila, atua

no transporte de elétrons e no metabolismo oxidativo.

Outro fator que pode ter contribuído para o alto acúmulo de ferro (Fe) na planta de

batata-doce foi a maior quantidade de Fe disponível no solo em relação aos demais

micronutrientes (Tabela - 2) proporcionando uma maior absorção e, logo, um maior acúmulo.

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Figura - 7: Acúmulo total de zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fe) e cobre (Cu) pela planta de batata-doce em

diferentes épocas de avaliações. UFVJM, Diamantina – MG.

Dias Após Transplantio (DAT)

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

g. ha-1

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Zn Y= 278,614 / [ 1+ e (- (x - 80,571) / 25,419)] (R² = 0,94)

Mn Y= 474,981 / [ 1+ e (- (x - 86,815) / 15,227)] (R² = 0,95)

Fe Y= 6055,117 / [ 1+ e (- (x - 103,005) / 31,005)] (R² = 0,88)

Cu Y= 347,672 / [ 1+ e (- (x - 136,678) / 39,788)] (R² = 0,94)

Os micronutrientes catiônicos competem entre si pelos sítios de absorção das

raízes, podendo inibir a absorção de outros micronutrientes que estejam em menores

quantidades disponíveis na solução do solo (FAQUIN, 2005).

As curvas de acúmulo de nutrientes são ferramentas importantes para a

determinação da necessidade da planta ao longo do ciclo de cultivo, enquanto que a

quantidade a ser fornecida dependerá da eficiência de aproveitamento dos nutrientes, que, por

sua vez, varia conforme as condições de solo, clima e manejo dentre outros fatores

(GRANGEIRO et al., 2011).

Caso a colheita da planta de batata-doce genótipo “Espanhola” fosse realizada nas

épocas de maior acúmulo de nutrientes e matéria seca, os macronutrientes avaliados

representariam 17,92 %, e os micronutrientes contribuiriam com 0,12 % da massa seca total

da planta. Fatos que demonstram evidências de que uma adubação balanceada e adequada

pode contribuir de maneira expressiva para um maior rendimento produtivo da hortaliça.

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Uma vez definidas as épocas de maior exigência nutricional e as quantidades de

nutrientes acumulados pela planta de batata-doce e suas diferentes partes ao longo do ciclo de

desenvolvimento, fazem-se necessários mais estudos para a determinação das doses de

fertilizantes adequadas, que possibilitem ganhos em qualidade e produtividade para a cultura.

4 CONCLUSÕES

As raízes são responsáveis pelo maior acúmulo de massa seca total na planta de

batata-doce. O acúmulo de nutrientes variou conforme o órgão analisado e a época de

desenvolvimento da planta.

O N, Ca, K e Fe foram os nutrientes mais exigidos pela planta de batata-doce.

A ordem decrescente de acúmulo de nutrientes pelas raízes foi: N > K > Ca > P > Mg > S >

Fe > Cu > Zn > Mn; parte aérea (caules +folhas): N > K > Ca > Mg > P > S > Fe > Mn > Zn

> Cu; e total da planta (raízes + parte aérea): N > Ca > K > P > Mg > S > Fe > Mn > Cu > Zn,

considerando o período de avaliação de 15 a 180 DAT.

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