a benção de abraão

Manoel Valentim

A bênção de Abraão

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Preparando e equipando as novas gerações

Manoel Valentim

CONQUISTANDO A TERRA QUE O SENHOR PROMETEU

A bênção de Abraão

São Paulo 2011


Prefácio

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3).

Uma das questões que têm sido grandemente enfatizadas nas pregações em nossas igrejas é a maldição e como se livrar dela. O Novo Testamento ensina, claramente, que Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós: “Porque está escrito: maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3.13).

O ensino bíblico sobre a distinção entre bênção e maldição está em Gênesis 3, onde o próprio Deus pro-fere as maldições para o casal e para a serpente, após o pecado coletivo no jardim. Em seguida, no capítulo 12, Deus promete uma grande bênção a Abraão em decor-rência da sua obediência a uma proposta que o próprio Senhor lhe fizera.


Essa bênção prometida a Abraão se estenderia por gerações através de séculos e séculos até chegar a nós, hoje, em pleno século 21. Mas para que a bênção de Abraão chegasse até nós, (“os gentios”, como o texto bíblico diz), por meio de Jesus Cristo, é preciso pôr a fé em ação. A fé, e não outro meio, é o elo que nos liga e dá acesso às promessas feitas a Abraão. É por meio da fé que nós recebemos a promessa do Espírito Santo, chamado pelo apóstolo Paulo de “penhor”, isto é, “garantia”, e tudo o mais que inclui a bênção de Abraão.

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”.

“Ele nos resgatou para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebêssemos a promessa do Espírito” (Gl 3.13,14).


Capítulo 1

O Mistério da Bênção

Gostaria, neste pequeno livro, de relatar o que acontece com aqueles que conseguem cumprir os pro-pósitos de Deus para a sua vida, e como se dá o cumpri-mento das promessas de Deus em nossa vida, em decor-rência daquilo que foi dito a Abraão. Nesta oportunidade, mencionarei a minha própria experiência pessoal.

Pois bem, minha aventura de fé começa como militar em um quartel do Exército brasileiro – uma Companhia de Engenharia de Construção –, destacado na BR 163, Cuiabá – Santarém. Fui para aquele local para trabalhar, no comando da unidade, ficando distante de minha família, que permaneceu em Cuiabá, MT. Ali parecia um deserto. Então, pensava: “O que Deus quer me ensinar neste lugar? Qual será o propósito de Deus para a minha vida aqui?”.

Umas das muitas experiências que tive foi ser procurado, um dia, por um irmão da Igreja Assembleia de Deus da Cidade de Nobres, que era fazendeiro, plantador de soja, às margens da BR 163. Assim que ele chegou à Companhia, pediu ao soldado de guarda que o conduzis-se até mim. Ao chegar ao meu gabinete, pediu-me para conversarmos a sós, com as portas fechadas. Atendi ao seu pedido e começamos a nossa conversa.


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Durante a nossa conversa, aquele irmão me falou de uma alta dívida que estava sendo reclamada pelo Banco do Brasil e, em virtude disso, estava se deslocando, junta-mente com seu pai, para a cidade vizinha, porque precisava entregar sua fazenda como pagamento da dívida.

Então, lhe falei que a minha dívida com cheque especial não podia ser comparada ao problema que ele estava atravessando. Naquele momento, pedi orientação a Deus quanto ao que deveria responder àquele irmão. Em seguida, lhe perguntei se Deus o havia mandado entregar a fazenda. Ele respondeu que não. Daí, cheguei à conclusão de que a vontade de Deus era para que ele permanecesse com a fazenda.

No mesmo instante, convidei o irmão para que orássemos juntos. Durante a oração, o Espírito Santo levou-me a repreender o espírito de suicídio e a ministrar a bênção de Deus sobre a vida dele. Terminada a oração, o Espírito me fez lembrar de uma irmã na cidade vizinha, que também possuía uma fazenda e tinha passado por problemas de invasão.

O que fiz? Orientei o irmão para que procurasse aquela irmã antes de ir ao banco entregar a fazenda. E assim ele fez. Quando ele estava conversando com a irmã, explicando-lhe sua situação, eis que liga, de São Paulo, o advogado dela, que estava tratando do problema de invasão. Aproveitando a oportunidade, a irmã explicou ao advogado o caso daquele irmão. O advogado, então, pediu para falar com ele e, durante a conversa, o orientou sobre como deveria proceder até que o advogado, dali a dois dias, chegasse em Cuiabá e entrasse com o pedido de renegociação da dívida.


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Para encerrar esta história, o irmão continuou com a fazenda, plantou mais soja e está com ela até hoje.

Foi nessa época que comecei a me aprofundar no estudo da bênção de Abraão para entender com o coração e não apenas com a mente a profundidade e a extensão da herança que o Senhor Jesus nos concedeu por meio do seu sacrifício.

Esta é a promessa do Pai para os seus filhos, para mim e para você.

Quem era Abraão?Alguns anos antes de Deus chamar a Abraão,

Noé, inspirado por Deus, anunciou a seu filho Sem que o Senhor seria o seu Deus e de seus descendentes. E que Deus estabeleceria com eles uma futura aliança.

Abraão, a nona geração depois de Sem, filho de Terá, nasceu em Ur dos caldeus, na Mesopotâmia, local próximo ao Rio Eufrates, no sul da Babilônia. Ur era a cidade mais magnificente do mundo antigo, berço da civilização ocidental, centro manufatureiro, literário, cultural e religioso pagão politeísta, onde havia uma diversidade de deuses e deusas, tais como:

1. Anu (soberano do céu)2. Enlil e Adabe (deuses elementares, das tempesta-

des e do dilúvio)3. Sin (deus da lua)4. Nergal (deus dos mortos)5. Ninurta (deus da guerra)6. Gula (deusa da medicina)7. Nabu (deus da escrita)


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A família de Abraão era idólatra, como descreve o livro de Josué 24.2. Mas o relato bíblico nos leva a crer que Abraão ouviu o testemunho de Noé (aquele que anunciava a justiça), o qual foi transmitido de pais para filhos por meio da tradição oral, visto que Noé viveu até 350 anos após o dilúvio, falecendo com 950 anos, quando Abraão poderia ter, aproximadamente, 58 anos de idade, conforme outros relatos históricos.

A longa jornada do povo de Israel começa com Abraão, o primeiro patriarca, chamado para dar início à raça judaica. Abraão foi também o primeiro monoteísta (aquele que adora um único Deus, somente) da história da humanidade. Abraão não aderiu à idolatria reinante da sua época, sendo o primeiro a proclamar que Deus é o único Senhor de todo o Universo. Abraão abandonou todos os ensinamentos e tradições de seus pais e a terra onde vivia para seguir o chamado de Deus.

Mas que virtudes Abraão possuía para ter sido esco-lhido por Deus?

Analisando as Escrituras, constatamos que Abraão era um homem dotado de uma mente independente, um coração generoso, uma alma fervorosa e uma coragem indomável. A tradição judaica lhe confere vários talentos e virtudes, como, por exemplo: sabedoria de um justo, bondade lendária, poderes e riquezas de um rei e força e coragem de um grande guerreiro.

Seu nome original era Abrão, até Deus mudá-lo para Abraão, que quer dizer “pai de muitas nações”, mas que também significa “o que passou para o outro lado”. Abraão realmente enfrentou diversos desafios para se manter na visão que Deus lhe havia concedido. Também


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foi mudado o nome de sua esposa Sarai, que significava “minha princesa”, para Sara, que quer dizer “princesa para todas as nações do mundo”. Esta mudança de nome representava um novo projeto de vida que o Senhor Deus iria conferir ao casal.

Quando Deus chamou a Abraão pela primeira vez, Sarai já era sua esposa e residia com ele na mesma casa com o seu pai e o seu sobrinho Ló. Ao relatar à sua família a ordem recebida de Deus para saírem daquela terra para um lugar ainda indefinido, Sara se mostrou disposta a ir à terra que Deus prometera (At 7.4).

Mas foi o pai de Abraão, Terá, quem liderou a cara-vana, rumo à terra prometida, formada por Abraão, seu filho, Sarai, sua nora, e Ló, seu sobrinho, dirigindo-se para Harã, onde habitaram até a sua morte.

Todavia, como alguém pode se manter servindo a Deus em meio a tanta idolatria e não se contaminar?

A primeira grande lição que Abraão nos ensina é que não somos produtos do meio em que vivemos. Não estamos destinados a ser aquilo que a sociedade nos impõe, simplesmente por termos nascido em um lugar com pouca ou nenhuma oportunidade de obter êxito. O êxito daqueles que creem nas promessas de bênção feitas por Deus é o próprio Senhor, independente das circunstâncias.

Podemos ter a certeza de que Deus sempre resgata os seus servos, homens e mulheres para viverem na terra prometida.

O Senhor fez de Abraão o centro e a fonte de bênção para todos os povos da Terra. Abraão foi constituído o mais importante ascendente do futuro Messias, mas foi


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na pessoa do próprio Senhor Jesus Cristo que se realizou plenamente o cumprimento da bênção que a descendência de Abraão havia recebido como promessa. As promessas e bênçãos de Deus são estendidas de geração a geração e abençoam a todos quantos são fiéis à vocação divina.


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