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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ECONOMIA CRÉDITO RURAL ESPECIAL NA PEQUENA PRODUÇÃO: UM ENFOQUE NO PAD HUMAITÁ PERÍODO DE 1988 A 1995 JOÃO DE JESUS SILVA MELO Monografia apresentada ao Departamento de Economia da Universidade Federal do Acre - UFAC, como pré-requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Ciências Econômicas, sobre orientação do professor Carlos Alberto Franco da Costa.

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Trata-se de um enfoque sobre trajetória dos programas de credito rural na região projeto de assentamento Humaitá contribuindo para o desenvolvimento regional

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Page 1: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ECONOMIA

CRÉDITO RURAL ESPECIAL NA PEQUENA PRODUÇÃO:

UM ENFOQUE NO PAD HUMAITÁ PERÍODO DE 1988 A 1995

JOÃO DE JESUS SILVA MELO

Monografia apresentada ao Departamento de Economia da Universidade Federal do Acre - UFAC, como pré-requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Ciências Econômicas, sobre orientação do professor Carlos Alberto Franco da Costa.

Rio Branco - AC

Agosto – 1997

Page 2: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

Esta Monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Economia, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Econômicas,

outorgado pela Universidade Federal do Acre - UFAC, e encontra à disposição dos

interessados na Biblioteca Central da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta Monografia é permitida desde que

seja de conformidade com as normas técnicas permitida pela ética científica.

____________________________

João de Jesus Silva Melo

Monografia Aprovada Em: ____ / ____ / _____.

_____________________________________

Carlos Alberto Franco da Costa

Orientador

_____________________________________

Membro

_____________________________________

Membro

Page 3: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

A minha querida mãe

MARIA ODETE SILVA MELO

pela sabedoria, garra, coragem e determinação

em saber enfrentar o mundo

com todos os seus obstáculos

OFEREÇO

Aos meus filhos

Alexandre e

Alessandra Torres Melo,

Ao meu pai e companheiro

JOSÉ MELO CORDEIRO e

minha companheira de labuta

IOLENE SILVA DE MORAES,

A todos meus irmãos e sobrinhos

DEDICO ESTE TRABALHO

Page 4: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo, principalmente, pela oportunidade de está sempre

próximo d'ELE.

À Universidade Federal do Acre - UFAC, em especial ao Departamento de

Economia, pelos conhecimentos adquiridos durante esta jornada, em especial ao prof.

CARLOS ALBERTO FRANCO DA COSTA, pela valiosa orientação e amizade

transmitida durante o curso.

Ao prof. Reginaldo de Castela, pelo apoio indispensável durante o curso.

Aos bibliotecários da UFAC - Raimundo, Carlinhos e seu José pelo

empréstimos das obras a serem consultadas.

Aos amigos de turma que conviveram comigo durante este árduos anos de

batalha.

Ao Nilson Josuá Costa, pela co-orientação, dedicação e paciência que teve

para comigo, além do incentivo e fornecimento de dados que complementaram este

trabalho.

Ao Raimundo Sampaio, Maria do Socorro Silva, pelo apoio e colaboração

na execução e arte final do trabalho.

Ao José Jesus S. Lima e Valdomiro Rocha, pelo aprendizado mútuo,

convivência, amizade e companheirismo.

Às bibliotecárias da EMATER-ACRE, Terezinha de Jesus, Maria do

Socorro e Ivanilde, por ajudar-me na busca dos assuntos pesquisados, bem como o

empréstimos das obras e acesso aos documentos da Instituição.

Aos colegas extensionista da EMATER-Acre, do INCRA, IBGE e BASA

pelo apoio e estímulo.

Ao Altamir de Souza, coordenador de operações da EMATER-Acre e

membro da Comissão do PROCERA, pelas informações creditícias que à minha pessoa

foi cedida e que foram de fundamental importância na elaboração deste trabalho.

A todos os amigos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a

concretização deste trabalho, os meus agradecimentos e reconhecimento.

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LISTA DE TABELAS

TABELA

I - RELAÇÃO DE DEPÓSITOS À VISTA/PIB, E DÍVIDA PÚBLICA

FEDERAL/HAVERES FINANCEIROS TOTAIS............................ 25

II - CRÉDITO RURAL - RECURSOS APLICADOS (1980/1991)...... 26

III - CRÉDITO RURAL - SALDO DAS APLICAÇÕES DA

POUPANÇA RURAL - 1987/82 (US$ MILHÕES)....................... 30

V - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR LAVOURAS NO ACRE .. 48

V - CRÉDITO RURAL - 1985.................................................................. 53

VI - CRÉDITO RURAL-N. º DE PROJETOS EXECUTADOS EM 1986 53

VII - CRÉDITO RURAL - 1987................................................................

54 VIII - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA

EMATER-ACRE ............................................................................ 60

IX - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA

EMATERACRE1994......................................................................... 60

X - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA

EMATER-ACRE, POR MUNICÍPIOS - 1995....................................... 62

XI - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS, CONTRATADOS

E EXISTENTES, POR MUNICÍPIOS - 1996 .................................... 64

XII - USO DA TERRA NO PAD HUMAITÁ NO ANO DE 1.988 ................. 65

XIII - PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ - 1.995...................... 67

XIV - PRODUÇÃO BOVINA NO PAD HUMAITÁ - 1.988/95....................... 71

XV - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ESPECIAL ELABORADOS E

CONTRATADOS DE 1.988/95................ 82

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICOS

I - BRASIL - CRÉDITO RURAL (1.980/1.992) .......................... 23

II - USO DA TERRA COM CULTURA DE SUBSISTÊNCIA NO

PAD HUMAITÁ ..................................................................... 65

III - USO DA TERRA EM ( % ) NO PAD HUMAITÁ .................. 66

IV - PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ .................... 67

V - PRODUÇÃO DE LAVOURA BRANCA EM ( % ) NO

PAD HUMAITÁ ....................................................................... 68

VI - CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE BOVINOS NO

PAD HUMAITÁ DE 1.988/95. ............................................... 72

VII - CRESCIMENTO DE PRODUTORES DE BOVINOS NO

NO PROJETO HUMAITÁ - 1.988/95................................... 72

VIII - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL SUBSIDIADO (ESPECIAL)

ELABORADOS (E) E CONTRATADOS (C ) EM 1.988/95.... 82

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RESUMO

O presente trabalho procurou estudar no espaço temporal de oito anos (1.988/95), a

dinâmica do crédito rural subsidiado na pequena produção - Crédito Rural Especial, dando

como enfoque principal o PAD Humaitá.

Para concretização do presente estudo foi realizada uma pesquisa de campo com

levantamentos em épocas diferentes, onde foram entrevistados cinqüenta e dois pequenos

produtores rurais em toda área do Projeto.

Como resultado obtido, observou-se que novo processo de concentração fundiária

encontra-se em andamento naquele Projeto, em decorrência da precariedade e da pouca

eficácia de infra-estrutura e apoio aos produtores assentados.

Verificou-se que não houve uma evolução da produção e nem da produtividade

na área agrícola, como também o extrativismo deixou de ser uma alternativa econômica

satisfatória, como se via em anos anteriores.

Apesar da introdução do crédito rural altamente subsidiado como o PROCERA e

FNO-ESPECIAL (PRORURAL), além do FNO-NORMAL, a situação sócio-econômica

das famílias rurais mantêm-se a um nível bastante baixo, onde várias famílias vivem em

condições sub-humanas e somente com o mínimo para sua sobrevivência.

As rendas advindas da produção agrícola, mesmo as financiadas, mantiveram-

se, praticamente, as mesmas do que as não financiadas, girando em torno de dois (02)

salários mínimos mensais, todavia, o que vem se consolidando é a expansão progressiva

da pecuária como alternativa econômica viável para pequenos e médios produtores rurais

do PAD Humaitá.

PALAVRAS-CHAVE:

Crédito Rural, Produção Agrícola, Alternativa Econômica, PRORURAL.

Page 8: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

"A política de crédito rural com juros subsidiados não é um

instrumento eficaz de incentivo à agricultura, isto é, consegue

resultados pequenos relativamente aos custos que acarreta

para o Governo e para a economia. Uma vez que o crédito

pode ser fungível, o produtor pode aplicá-lo em uma

atividade mais rentável e não aquela atividade para a qual o

emprestador a destinou."

(João de Jesus S. Melo - 1.997)

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................6

LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................................7

RESUMO...................................................................................................................................8

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13

O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA............................................................................13

CAPÍTULO I...........................................................................................................................18

CRÉDITO RURAL ESPECIAL............................................................................................18

A ORIGEM DO CRÉDITO E O CRÉDITO RURAL........................................................18

1.2 – Crédito Rural no Brasil.................................................................................................20

CAPÍTULO II.........................................................................................................................42

CRÉDITO RURAL E O ESTADO DO ACRE....................................................................42

2.1 - Breve Histórico - Jurídico..............................................................................................42

2.2 – Características da Pequena Produção Rural Acreana...............................................44

CAPÍTULO III........................................................................................................................55

O CRÉDITO RURAL NO PROJETO HUMAITÁ.............................................................55

3.1 - Características Física s e Sócio-econômicas do Projeto de Assentamento (PAD)

Humaitá...................................................................................................................................55

3.2 - Crédito Rural e Assistência Técnica no PAD Humaitá...............................................57

3.3 - Crédito Rural e Uso da Terra........................................................................................63

3.4 - Pecuarização e Concentração Fundiária......................................................................70

3.4.1 - Pecuarização no PAD Humaitá..................................................................................70

3.4.2 - Concentração Fundiária, o primeiro passo para o retorno do Latifúndio no

Projeto Humaitá......................................................................................................................74

CONCLUSÃO.........................................................................................................................77

1 - USO DA TERRA E ESTRUTURA DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA.................77

2 - A ESTRUTURA DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA, DO CRÉDITO RURAL E

FINANCIAMENTO NO ACRE E NO PAD HUMAITÁ...................................................78

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................84

ANEXO I..................................................................................................................................86

PROCERA:.............................................................................................................................86

ANEXO II................................................................................................................................97

FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORTE - FNO................97

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PROGRAMAS DE FINANCIAMENTOS DO SETOR RURAL.....................................102

Programa de Apoio à Reforma Agrária - PROCERA......................................................102

Programa de Apoio à Pequena Produção Familiar Rural-PRORURAL........................102

Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo - PRODEX...........................102

Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura PRODAGRI..........................104

Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária - PRODEPEC.............................105

Programa de Apoio à Preservação e Sustentação do Meio Ambiente PROSUMAM.. .105

Programa de Apoio às Microempresas de Atividades Selecionadas PROMICRO.......110

Programa de Desenvolvimento Industrial - PRODESIN..................................................110

Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria - PROAGRIN....................111

Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico - PRODETUR............................111

Programa de Apoio ao Turismo Convencional - PROGETUR........................................112

Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica - PROCATEC.......................................112

ANEXO III............................................................................................................................116

CRÉDITO RURAL ESPECIAL..........................................................................................116

QUESTIONÁRIO.................................................................................................................116

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INTRODUÇÃO

O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA

Nos países em desenvolvimento com capitalismo tardio, como o caso do Brasil, o

Estado assume um papel fundamental no financiamento dos investimentos em áreas as

quais a iniciativa privada não tem interesse em investir, devido ao elevado volume de

capital inicial necessário e aos longos prazos de maturação dos investimentos.

No Brasil, com as mudanças ocorridas no cenário sócio-econômico e político, na

década de 60, a economia, condicionada pelo processo de internacionalização das relações

de produção capitalistas, deu início a um novo ciclo de expansão na economia nacional.

Nesse momento histórico, o Estado sob pressão de distintos grupos econômicos, elaborou

um plano de integração da Amazônia à economia do País.

Tomando por relevância a “segurança nacional” e a necessidade de garantir novos

mercados consumidores, o Governo Federal implantou uma série de políticas econômicas

na Amazônia que foram de encontro aos interesses do capital monopolista internacional.

Segundo Oliveira (l.99l:63/64), “a política desenvolvida pelos governantes, a partir

de 1.964, no que tange ao assentamento do homem à terra não tem se mostrado viável às

necessidades dos pequenos produtores. Uma vez que os projetos de colonização

direcionados para a Amazônia, pelas características apresentadas não objetivaram

favorece ao pequeno produtor – o pequeno trabalhador rural – e sim amenizar tensões

sociais e conflitos ocorridos pela expulsão de terras em outras regiões do país, bem como

conter possíveis revoltas que colocassem em risco a estrutura vigente.”

Mediante a expansão do capitalismo na Amazônia, o trabalhador rural sentiu

concretamente a ação da selvageria desse modo de produção com relação à posse da terra.

Contudo, a resposta que o homem do campo dá a essa violência é diferente daquela

violência dada pelo operário fabril, pois a partir do momento em que este sente-se

ameaçado pela exploração do capital, cria-se com maior rapidez uma consciência coletiva

de classe acerca da violência que lhes fora imposta pelo capital, através da exploração da

força de trabalho, visando a extração da mais-valia. Enquanto, o Homem do campo

encontra-se em situação adversa: está envolvido em circunstâncias diferentes, este

trabalho isolado em sua propriedade, sem acesso à informação, além de não ter plena

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consciência de que é o próprio Estado, enquanto representante de classes dominantes é

quem o expropria para atender as necessidades do capital, e ao mesmo tempo aponta

soluções que lhes são viáveis e assim, joga o homem à terra – montando os projetos de

colonização direcionados para a Amazônia que não visam oferecer as condições mínimas

necessárias aos pequenos produtores, assim como, deixa o mesmo vulnerável a expansão e

ataques do “grande” capital.

No Estado do Acre, a expulsão dos trabalhadores rurais, em especial os seringueiros,

quase sempre marcada pela violência, acentuou-se na primeira metade da década de 70,

quando a corrida pelas terras do Acre foi muito intensa. Entretanto, a política do Governo

Militar, para esse projeto de desenvolvimento, não pode ser compreendido, separado da

política de ocupação das terras amazônicas contidas no Estatuto da Terra ( Lei n.º 4.504,

de 30 de novembro de l.964).

Como conseqüência desta política desencadeou-se um intenso processo de

transferência de terras, aliados a uma certa decadência dos seringais nativos, em virtude

da existência de dívidas das empresas seringalistas junto ao Banco da Amazônia S/A

(antigo Banco de Crédito da Borracha). Essas empresas seringalistas, para se verem livres

de suas dívidas, entregavam suas terras para os empresários oriundos da região centro-sul,

que, junto com as terras compradas a baixos preços recebiam incentivos financeiros via

políticas governamentais. Essas políticas foram implantadas com a criação da

Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM e do Banco da Amazônia

S/A, l.966. Na década de 70, o governo federal adotou o Programa de Integração Nacional

– PIN. Criou-se o Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do

Norte e Nordeste – PROTERRA. Esse conjunto de medidas aliados a insolvência da

classe seringalista e seus credores, e a chegada de capitais nacionais e estrangeiros,

atraídos pelos subsídios e pelo baixíssimo preço da terra, altera a situação dos seringueiros

e trabalhadores rurais na região.

Com todos esses fatores favoráveis à penetração do capital, o governo adotou uma

política que privilegiou a expansão da pecuária, como substituto ao processo extrativista,

mas, sem levar em consideração a situação dos seringueiros e posseiros. Este estímulo à

produção pecuária ocasionou um processo migratório rural-urbano, aumentando

consideravelmente a população das periferias das cidades.

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A evolução da população acreana na década de 70, mostra que enquanto a população

urbana obteve um crescimento de 122% , a população rural cresceu apenas 8,6%.

Com a chegada de novos capitais, além dos movimentos internos da força de

trabalho, o Acre passou a receber migrantes de outras regiões do País. Isso fez com que os

governos federal e estadual redirecionassem suas políticas, ampliando os projetos de

colonização, para aliviar as tensões sociais tanto no campo como na cidade.

Assim, o Estado do Acre, segundo Silva,(l.982:41), foi palco de um acelerado

processo de expropriação e exploração do pequeno produtor rural e do seringueiro pelo

grande capital monopolista sob proteção do Estado; o que ocasionou um constante

deslocamento desses trabalhadores rurais para a cidade que culminou com o surgimento

de inúmeros bairros periféricos, gerando grandes problemas de ordem social.

Porém Martins (l.991: 46), a propriedade da terra vem se tornando cada vez mais

inacessível a um número enorme de lavradores que dela necessitam para seu trabalho,

para especulação ou negócio. A situação agrava-se ainda mais para os pequenos

produtores agrícolas, uma vez que estes estão sendo expulsos de suas áreas de terra para

serem substituídas pelas “patas dos bois”, isto é, dando lugar às extensas pastagens.

A penetração da pecuária extensiva no Estado do Acre, em áreas antes ocupadas por

posseiros extrativistas, geraram zonas de tensão social e criam-se os primeiros espaços de

atuação do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – no Estado do

Acre, através de desapropriação e execução de projetos de colonização e assentamento

nestes locais.

Atualmente, existem 06 (seis) Projetos de Assentamento Dirigidos (PAD’s) criados

pelo INCRA, no Estado do Acre:

0l) PAD PEDRO PEIXOTO, abrangendo uma área de 317.588 ha, localizado nos

municípios de Rio Branco, Senador Guiomard dos Santos, Plácido de Castro e

Acrelândia.

02) PAD BOA ESPERANÇA, localizado no município de Sena Madureira, com

uma área de 292.000 ha.

03) PAD QUIXADÁ, situado no município de Brasiléia, divisa com Assis Brasil,

com uma área de 121.789 ha.

04) PAD SANTA QUITÉRIA, localizado também no município de Brasiléia.

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05) PAD SANTA LUZIA, no município de Cruzeiro do Sul. Possui uma área de

69.700 ha.

06) PAD HUMAITÁ, no município de Porto Acre, abrangendo uma área de 63.861

ha. ( o qual trata-se de nosso objeto de estudo ).

Muito embora tenha-se criado os projetos de assentamento dirigido (PAD’s) no

Estado do Acre, com a finalidade de garantir a posse da terra para o homem do campo e

soerguer a produção agrícola, contudo tais objetivos não estão sendo alcançados,

contribuindo para isso, os mais variados fatores: as condições mínimas de saúde,

educação, habitação, armazenamento, escoamento da produção, o qual está ligado com a

conservação das estradas que é um dos pontos nevrálgicos de estrangulamento, devido a

falta de recursos por parte dos órgãos executores e do Estado para montagem de tais infra-

estruturas. Com isso, a perspectiva é de que, se forem dadas as condições efetivas para

tais projetos desempenharem suas funções ou seu papel, problemas de ordem social se

aguçarão ainda mais, aumentando o fluxo migratório do campo para a cidade, bem como

uma acelerada reconcentração de terras. Para tal, essas perspectivas vem se tornando cada

vez mais próximas, com o asfaltamento das rodovias federais em nosso Estado – BR 317 e

BR 364.

O simples fato de um recebimento de um lote de terra, numa área de mata bruta,

distante dos centros urbanos, dentro das condições climáticas da Amazônia, não viabiliza

a produção agrícola, especialmente de um agricultor que já chega descapitalizado em

nossa região. O compromisso do órgão de assentamento, em termos de montagem de

infra-estrutura administrativa e viária são insuficientes. Depois da abertura de estradas e

ramais, fica a questão mais difícil e onerosa é a sua conservação frente a chuvas

torrenciais que variam entre 04 a 06 meses no ano.

Sem condições de armazenar e escoar sua produção, o produtor mal consegue

sobreviver. As grandes perdas da safra agrícola, os baixos preços obtidos pela

dependência de intermediários ou “marreteiros”, inviabilizam os empréstimos bancários e

um mínimo de capitalização para a introdução de culturas permanentes que possam

garantir no futuro um nível de renda melhor. Estas condições se agravam com as

moléstias, notadamente na zona rural: malária, hepatite, verminose, entre outras,

debilitando o trabalhador rural e exaurindo os parcos recursos.

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Se não forem dadas as condições concretas para o assentamento do produtor, se

repetirá mais uma vez, o que já vêm ocorrendo tradicionalmente na história do meio rural

brasileiro, particularmente no Estado do Acre, a concentração de terras, agora nas mãos de

grandes grupos empresariais e o agravamento das condições de vida da grande maioria da

população nacional e estadual.

CAPÍTULO I

CRÉDITO RURAL ESPECIAL

A ORIGEM DO CRÉDITO E O CRÉDITO RURAL

1.1 Histórico.

O crédito em seu sentido mais amplo, já existia desde as primeiras tentativas de

organização do homem em Comunidade. Sempre que o homem reúne-se em Núcleos

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Populacionais, organiza um sistema, por mais primitivo que seja, de produção de bens que

necessita da existência de crédito.

Quando o homem sentiu que não poderia sobreviver à base, simplesmente de coleta

de frutos, caça e pesca em função da escassez das mesmas, devido ao crescimento

populacional, modificou seu sistema de vida que anteriormente era totalmente predatório.

Então surgem os núcleos populacionais, que passariam a produzir sua alimentação

básica de acordo com sua tendência ou especialização, isto é, agricultura, pecuária ou

especialização natural. Mediante essa especialização gerou-se a necessidade de permuta

dos produtos excedentes de uma comunidade, pelos que esta comunidade perecia e

sobejava, em outras.

O aparecimento da permuta ou troca, a forma mais simples de comércio, trouxe a

um elemento novo nas relações entre os homens, a chamada “confiança”, que significa o

requisito essencial ao crédito. Assim, o elemento núcleos populacionais especializado na

colheita ou no cultivo de plantas, que desejava trocar os seus produtos pelos de outros

núcleos, que necessitou dar ou receber confiança ou oferecer algo, em promessa de

pagamento futuro, pois nem sempre as colheitas coincidiam com caça mais abundante ou

disponibilidade dos produtos em outros núcleos.

Surge assim, o Crédito, que provêm do latim creditum, de credere, que significa ter

confiança. Daí a definição de crédito: é a confiança pela qual os indivíduos se inclinam a

fazer empréstimos ou conceder prazos para pagamento. O crédito na sua forma mais

rudimentar, que correspondia a entrega de uma riqueza presente, sob promessa de um

pagamento futuro.

Com o aumento das trocas e o surgimento das novas aspirações entre as

populações, essas formas primitivas de comércio traziam algumas dificuldades e, a maior

delas talvez fosse em relação ao valor entre bens a permutar. Com isso surgiu a

necessidade de se criar um padrão de valores mais ou menos fixo que não estivessem

sujeitos a maior ou menor abundância das colheitas, nem as injunções de solo e clima, e,

fosse ao mesmo tempo aceito por todas as comunidades. A esse padrão de valores que

dificultava as trocas, e denominador comum para todas as riquezas, foi criado e passou a

chamar-se moeda.

O surgimento ou criação da moeda possibilitou o desenvolvimento mais acentuado

do comércio e consequentemente do crédito fornecido e obtido pelos comerciantes. A

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conseqüência natural deste desenvolvimento foi a criação pelos Estados, de legislação

específica sobre as condições em que estas operações comerciais deveriam ser realizadas,

com o objetivo de resguardar os interesses – O Crédito Comercial.

A essa altura da história da humanidade, a agricultura baseava-se na abundância dos

recursos naturais, em um sistema ainda predatório de exploração da terra, em uma

estrutura simples de produção – Agricultura Tradicional – na qual as necessidades de

recursos de capital são inexpressivas e a tecnologia incipiente. E as necessidades de

transformações ou elaboração de bens econômicos a partir de produtos primários por

aquela agricultura tradicional eram satisfeitas pelo simples artesanato.

Mas com o crescimento populacional a agricultura tradicional tornou-se incapaz de

atender a demanda crescente de alimentos, vestuário e demais produtos primários

essenciais. Surgiram novas técnicas de produção, novos equipamentos, incorporaram

terras improdutivas que exigiram novos gastos e inversões, pois tecnologia nova se

alimenta de Capital.

Tentou-se, então, a concessão de crédito aos agricultores, aplicando-se as leis, os

regulamentos, as tradições do crédito comercial já organizado e apareceram muitas

dificuldades, na aplicação deste tipo de crédito.

Essas experiências iniciais levaram à conclusão da obrigatoriedade de modificações

profundas no crédito comercial, para sua aplicação às atividades agrícolas.

E ao dar início às adaptações necessárias, observou-se que realmente se estava

criando uma nova modalidade altamente especializada de crédito, destinada a atender a

agricultura. A esta nova modalidade foi onde se originou o que hoje conhecemos como

Crédito Rural.

Então, pode-se afirmar que o Crédito Rural surgiu da incapacidade do Crédito

Comercial em atender as necessidades fundamentais da agricultura. Foi imperativo que se

estabelecessem normas especiais, regulamentos, tradições, etc..., para o crédito rural, isto

significaria dizer que se criasse para a agricultura um crédito especializado.

1.2 – Crédito Rural no Brasil

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Segundo Aguiar (l977:16) a primeira definição verdadeira e atuante de crédito rural

surgiu somente ao império da Lei n.º 4.829 de 05 de novembro de l.965, no seu art. 2º :

“Considera-se Crédito Rural o suprimento de recursos financeiros por entidades públicas e

estabelecimentos de crédito particulares a produtores rurais ou às suas cooperativas para

aplicação exclusiva em atividades que se enquadram nos objetivos indicados na legislação

em vigor”.

O crédito rural consiste no suprimento adequado, e oportuno de recursos financeiros

aos seus beneficiários, por estabelecimentos de crédito oficiais e particulares integrantes

do Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR1, para atendimento das reais necessidades

de capital para custeio, investimento e comercialização da produção agropecuária.

Em 1.965, ao ser criado o Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR, também se

desencadeava a industrialização da agricultura brasileira, implantado no programa de

substituições de importações. A própria Lei n.º 4.829 retrata o contexto histórico em que

o sistema foi criado; Oliveira ( l.995:20 ), resume seus objetivos nos seguintes itens:

1 - estimular o incremento ordenado dos investimentos rurais, inclusive para

armazenamento, beneficiamento e industrialização dos produtos agropecuários, quando

efetuados por cooperativas ou pelo produtor na sua propriedade rural; 2-favorecer

custeio oportuno e adequado da produção e a comercialização dos produtos

agropecuários; 3- possibilitar o fortalecimento econômico dos produtores rurais,

notadamente pequenos e médios; 4- incentivar a introdução de métodos racionais de

produção, visando ao aumento da produtividade e à melhoria do padrão de vida das

populações rurais e à adequada defesa do solo.”2 O Crédito Rural não tem o simples

objetivo de propiciar a aplicação de capitais das instituições financeiras, mas a de

substituir a poupança dos beneficiários, que devem destinar recursos próprios à execução

dos empreendimentos assistidos, observando-se os limites de participação obrigatória ou à

sua falta, as disponibilidades existentes.

No entanto, não constitui função do Crédito Rural, o subsídio de atividades

deficitárias ou antieconômicas; financiamento de pagamentos de dívidas; possibilitar a

recuperação de capital investido; favorecer a retenção especulativa de bens; antecipar a

1 - O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) é formado pelas seguintes instituições: Banco Central do Brasil, Banco do Brasil, bancos regionais de desenvolvimento, bancos estaduais, bancos privados, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, cooperativas e órgãos de assistência técnica e extensão rural. 2 ? - Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) – Lei n.º 4.829, de 05 de novembro de l.965 – Art. 3º.

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realização de lucros presumíveis; amparar atividades sem caráter produtivo ou aplicação

desnecessárias como criação de cavalos de corrida ou de lazer, etc... .

Assim Sayad ( l.984:94 ) relata que “... a legislação pretendia que o Sistema

Nacional de Crédito Rural – SNCR, incentivasse a produção agrícola, protegesse os

pequenos produtores rurais e promovesse a modernização da agricultura.” Pode-se

acrescentar a essa modernização agrícola, que esse programa de crédito rural pretendia

garantir maior parcela de recursos financeiros para a agricultura, já que os bancos

comerciais privados, sem apoio desta legislação, não atendiam satisfatoriamente. Além

disto, muitos analistas que apontavam que um desempenho mais razoável do setor

agrícola, quer em termos de crescimento da produção, quer em termos de produtividade,

dependia da oferta mais firme e estável de recursos financeiros. A modernização, em

especial, era objeto prioritário da política de financiamento.

Por outro lado, a Lei 4.829 e, o estabelecimento do Programa Nacional de Crédito

Rural complementavam as reformas econômicas do período, garantindo financiamento às

atividades rurais, ao mesmo tempo em que se reformulava o mercado financeiro geral pela

lei da Reforma de Mercado de Capital.

Quanto a questão para se obter o crédito rural têm-se que observar alguns critérios

exigíveis tais como: o de ser produtor rural, seja pessoa física ou jurídica; cooperativa de

produtores rurais; e ainda pessoas físicas ou jurídicas que embora, sem conceituar-se

como produtor rural, se dedica à pesquisa ou à produção de sementes ou mudas

fiscalizadas ou certificadas, pesquisa ou produção de semens para inseminação artificial,

conjuntamente com seus serviços no imóvel rural, prestação de serviços mecanizados, de

natureza agropecuária em imóveis rurais, inclusive para proteção do solo; indústria da

pesca e por fim medição de lavouras.

Entretanto, os não beneficiários do crédito rural são os estrangeiros residentes no

exterior; adquirentes de produtos agropecuários e seus intermediários; associação de

produtores rurais, exceto para exploração direta; sindicato rural; parceiro ou meeiro, se o

contrato entre ambos restringir o acesso de qualquer das partes ao financiamento.

O crédito é o elemento-chave das transformações na agricultura. Na medida em que

este instrumento é definido numa sociedade em que historicamente, as forças dominantes

têm se apropriado em maior proporção dos benefícios gerados pelo Estado, é de se esperar

que agora o processo não seja diferente. A estrutura fundiária que se formou ao longo do

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tempo passa a funcionar como elemento estratégico na captação desses recursos. Por um

lado, se apresenta como garantia real ao capital financeiro e por isso, como absorvedor de

magnitudes significativas do crédito rural.

Por outro lado, esta concentração é conveniente à administração bancária, pois ela

representa menor custo para o agente financeiro.

Chega-se a uma conclusão que, o caráter das forças dominantes, menor custo

operacional para o agente financeiro e a concentração de terras são barreiras ao acesso do

campesinato ao crédito rural, especialmente aos financiamentos de investimentos.

Szmrecsanyi ( l.983:226 ), ao analisar os efeitos das políticas agrícolas chega a

afirmar que : “a concentração financeira pode ser sintetizada pelo fato de que 80% dos

estabelecimentos agropecuários do país não recebem crédito rural oficial, enquanto que

01% dos seus maiores mutuários – ou seja, aproximadamente, 10.000 (dez mil) grandes

produtores – recebem nada menos que 40% do total dos recursos disponíveis. Talvez não

por coincidência, esse índice de concentração é bastante similar ao da concentração

fundiária constatável através de dados do Censo Agropecuário3”. É importante perceber

que nenhum dispositivo foi incluído neste instrumento que facilitasse ao pequeno produtor

a dele se beneficiar.

Assim a agricultura que até então, tinha sua base técnica fundada na força de

trabalho e na terra, vai experimentar uma nova composição técnica.

A implantação da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – em

l.973, como geradora de tecnologia, é o segundo instrumento necessário às

transformações. Neste sentido, as tecnologias desenvolvidas guardam um determinado

critério: sua geração é determinada pelas estruturas capitalistas. Melhor compreendendo,

às tecnologias guardam relações com as dimensões das máquinas e equipamentos por um

lado e por outro a estrutura fundiária está ajustada à demanda e oferta das indústrias. Por

sua vez, as variedades criadas só traduzem sua potencialidade na medida em que os solos

sejam adaptados às sua exigências, ou seja, pela complementação de adubos químicos e,

estes necessitam de tração mecânica. A tecnologia pecuária segue esta mesma direção,

pois o melhoramento animal requer determinado sistema de criação associado a alimentos

industriais.

3 - Szmsecsányi, Análise Crítica das Políticas para o setor agropecuário, p. 226.

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Andrade ( l.988: 10), faz observação à política agrícola, ligada ao crédito rural e às

tecnologias ao afirmar que: “é o crédito rural subsidiado que garante acesso a essas

tecnologias. Assim, verifica-se um aumento substancial de tratores, colheitadeiras e

implementos diversos em operação na agricultura. Esses equipamentos são

essencialmente poupadores de mão-de-obra, embora seu uso na agricultura não

signifique uma generalização em todas as fases da cultura. Contudo, o emprego deles

resulta em liberação da força de trabalho da agricultura, mesmo que esta passe a

demandar mais trabalho em outras etapas do ciclo produtivo. Temos, de qualquer forma,

maior quantidade de capital constante relativo ao capital variável4”.

Segundo Marx, isto representa uma elevação da composição técnica do capital5. O

que se traduz daí é que, para transformação da base técnica a da agricultura, houve

necessidade de um maior volume de capital e que se torna possível pela

institucionalização do crédito rural subsidiado, que por sua vez é captado em maior

volume pela grande propriedade. Pode-se dizer, então, que com a elevação da composição

técnica do capital na agricultura, se estabelece um mínimo de recurso financeiro para que

a produção, seja agrícola ou pecuária, se dê segundo o nível técnico atingido.

O modelo assim definido ressalta em algumas conseqüências junto ao pequeno

produtor. Estas são mais fortes nas regiões onde o crédito e a tecnologia se concentram e,

por conseqüência, em menor intensidade no Norte e Nordeste.

Em 1.980 o volume de recursos aplicados no crédito rural pelas instituições

financeiras já havia iniciado uma trajetória de queda que foi se agravando anualmente

(gráfico 01).

A política monetária tornou-se mais contracionista em 1.981, reduzindo o montante

aplicado pelo SNCR em 13% em relação ao ano anterior. Essa tendência foi interrompida

apenas em 1.985 quando o governo corrigiu os VBC (Valor Básico de Custeio) e elevou

os limites de financiamento dos principais produtos de consumo interno, visando

estimular a produção agrícola.6

4- Andrade, Assistência técnica, extensão rural e a pequena produção: uma proposta de ajustamento, p. 10

5 - Marx, O Capital, liv. I, vol. 02, p. 713, assim define a composição técnica do capital “... é determinada pela relação entre a massa dos meios de produção e a quantidade de trabalho necessário para eles serem empregados

6 -Segundo Servilha (l994) os mini e pequenos produtores passaram a receber 100% do VBC e os médios e grandes 80%.

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De fato, o saldo das aplicações do SNCR em 1.980 foi cerca de 04% inferior ao

observado em 1.979, apesar de continuar elevado (em torno de US$ 31 bilhões). Contudo,

esse ligeiro declínio indicava que o Sistema não seria sustentado nos anos 80, quando se

considerava cada vez mais necessário o controle dos gastos públicos, da política

monetária, e, consequentemente, da inflação.

A desaceleração do crescimento econômico estava prevista no diagnóstico do III

Plano Nacional de Desenvolvimento (1.980 / 1.985), sinalizando o corte do crédito ao

setor produtivo no decorrer do qüinqüênio. A dívida externa brasileira havia crescido

cerca de 8,0% de 1.979 para 1.980 e a inflação estava beirando a casa dos 100% anuais.

Ao mesmo tempo, a crise energética agravava os problemas relacionados com a

balança comercial, com um déficit de US$ 2,8 bilhões em 1.980. A saída apontava para a

redução das importações e para o aumento das exportações brasileiras, visando evitar o

agravamento do desequilíbrio. Decidiu-se então que a produção das culturas exportáveis

(café, cacau, soja, laranja e açúcar, principalmente) deveria ser estimada.

Consequentemente, a pressão sobre o crédito rural aumentou.

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Evitando financiar a agricultura através de emissões (de títulos ou moedas), que

poderiam pressionar o já elevado déficit público (6,7% do PIB em 1.980), o Governo

decidiu aumentar o percentual das exigibilidades sobre os depósitos à vista, em l.980,

passou de 17% para 20% (resolução 671 do BACEN). Espera-se, com isso, que a pressão

por crédito fosse dividida entre o setor público e privado.

Entretanto, como o saldo dos depósitos à vista reduziu de 8,4% do PIB em 1.979

para 7,4% em 1.980 (Tabela 01), o aumento do percentual das exigibilidades foi

insuficiente para aumentar a participação das aplicações compulsórias dos bancos no

crédito rural. Diferentemente, segundo Servilha (1.994), houve redução de 11% para 10%

na relação exigibilidade/crédito agrícola total de 1.979 para 1.980, o que resultou na

participação do crédito rural.

Diante disso, em 1.980 a responsabilidade pelo financiamento da agricultura ficou

com os bancos oficiais. Contudo, o vinculo contábil existente entre esses bancos e o

Tesouro Nacional fez com que a pressão decorrente do financiamento agrícola acabasse

nas mãos da União, que continuou o autofinanciamento através de emissões monetárias.

Em 1.981, o percentual das exigibilidades é novamente alterado de 20% para 25%

dos depósitos à vista, através da Resolução BACEN n.º 698 de 17 de junho. Apesar disso,

os recursos aplicados no crédito rural registraram quedas sucessivas naquele ano, em

1.982, 1.983 e em 1.984 de -13,27%, -3,17%, -24,52% e –38,92%, respectivamente

(Tabela 02).

Em 1.984 a relação depósitos à vista / PIB chegou a apenas 3,3%. A deterioração

dos depósitos deveu-se em parte ao avanço da inflação que saltou dos 110% anuais em

1.980 para 223% em 1.984. Para se precaver das perdas inflacionarias, o público

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TABELA I

RELAÇÃO DE DEPÓSITOS À VISTA/PIB, E DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL/HAVERES FINANCEIROS TOTAIS-(%)

Ano Dep.Vista / PIB Dívida Púb./ total haveres

1.980

1.981

1.982

1.983

1.984

1.985

l.986

l.987

1.988

1.989

1.990

7,4

7,5

5,9

3,9

3,3

3,7

9,0

3,5

1,8

1,0

2,0

19,5

28,7

32,4

36,7

37,9

42,5

48,3

54,2

42,5

53,5

ND

Fonte: Servilha (1.994)

TABELA II

CRÉDITO RURAL – RECURSOS APLICADOS(1.980/1.992)

Ano Cr$ mil Variação Anual Índice US$ milhões1.980 130.947.272 -4,37 100 26.305,l91.981 113.577.943 -13,27 86 22.815,971.982 109.985.769 -3,17 83 22.094,361.983 83.025.027 -24,52 63 16.678,391.984 50.712.476 -38,92 38 10.187,321.985 72.316.544 42,60 55 14.527,221.986 107.836.696 49,11 82 21.662,651.987 85.007.886 -221,17 64 17.076,711.988 59.986.026 -29,44 45 12.050,221.989 54.777.478 -8,69 41 11.003,911.990 31.291.700 -42,87 23 6.285,991.991 32.275.520 3,l7 24 6483,631.992 35.799.339 10,91 27 7.191,5l

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Fonte: BACEN, 1993.

Obs.: Os valores nominais foram deflacionados pelo IGP/DI, da média para a ponta, a

valores de 1.992 e convertidos pelo dólar (US$) médio do mesmo ano.

evitava os depósitos à vista, não remunerados, optando por aplicações financeiras

indexadas.

Nota-se que, em 1.985 e 1.986, o crédito rural apresentou sinais de recuperação,

atingindo o crescimento real de 39,46% e 54,61%, respectivamente. Parte desse

movimento explica-se pelas medidas implementadas pelo Governo para reverter a queda

de 8,0% da safra 1.985/86, como correção dos preços mínimos e do VBC dos produtos da

cesta básica. A monetização da economia com a queda da inflação provocada pelo Plano

Cruzado, também contribuiu para o crescimento das operações de crédito rural. A

base monetária registrou um aumento de 293,% de 1.985 para 1.986 e os depósitos à

vista, 306,%, no mesmo período.7

Entretanto essa fonte do crédito rural não foi sustentada. De 1.986 para 1.987 a

queda no volume aplicado chega a –22,32%; em 1.988 registra-se nova baixa de –

29,73%. Esse movimento continua em 1.989, com a política ortodoxa implementada pelo

Plano Verão e em 1.990, atingindo um decréscimo anual de –8,48% e –42,86%

respectivamente. Com esses resultados o crédito rural perdeu a característica de principal

instrumento de política agrícola do País. Os recursos alocados pelo SNCR caem para o

patamar do início dos anos 70, quando o Sistema recém criado alocava cerca de US$ 6,0

bilhões.

Existem outros motivos que explicam a redução das aplicações dos bancos no

crédito rural, além da queda dos depósitos à vista. Servilha (1.994:166) relacionou alguns

deles entre os quais:

a) redução da participação das autoridades monetárias na concessão do crédito

rural (...);

7 - Abreu, Marcelo P. (1990), p.412.

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b) limitação dos níveis de adiantamento, com uso mais intensivo de recursos

próprios por parte dos agricultores; e,

c) gradual aproximação dos custos dos empréstimos – até então altamente

subsidiados – com os custos vigentes no mercado financeiro.

A esses, podem se adicionar outros, de caráter orçamentário e institucional, que

alteraram o relacionamento entre o Tesouro e as autoridades monetárias no decorrer dos

anos 80.

Em 1.988, com a promulgação da Nova Constituição, a reforma orçamentária foi

concluída, devolvendo ao Congresso Nacional poderes para examinar, emitir parecer e

emendar o Orçamento Geral da União.

A Constituição de 88, também proibiu a emissão de títulos da dívida pública para

financiar a iniciativa e o remanejamento de verbas orçamentárias sem indicação das fontes

dos recursos que deverão complementar gastos adicionais não especificados na Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO), criada especificamente para orientar a elaboração da lei

orçamentária anual. Dentre os avanços relativos às questões orçamentárias tratados na

Constituição atual, também se incluiu a necessidade de cada órgão da administração direta

e indireta encaminhar o demonstrativo das receitas previstas e despesas fixadas anexo ao

Orçamento das Empresas Estatais, junto com o da Seguridade Social, o Fiscal e o das

Operações de Crédito, passou a compor o Orçamento Geral da União.8

Mediante Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) n.º 1.188, de 05 de

novembro de 1.986,9 foi criada a Poupança Rural, a qual o Banco Central (BACEN), em

12 de fevereiro de 1.987 autorizou o Banco do Brasil S. A. a operacionalizar a referida

caderneta. Inicialmente, a poupança rural seria captada apenas pelo Banco do Brasil (BB).

Depois, através da Circular n.º 1255, de 17 de novembro de 1.987, o Banco Central

estendeu a modalidade de captação de recursos ao Banco da Amazônia (BASA), ao

extinto Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) e ao Banco do Nordeste do

Brasil (BNB).

Os saldos existentes nas contas de poupança rural dos bancos autorizados pelo

Banco Central a atuarem neste segmento estão sujeitos ao encaixe obrigatório de 15,% e

às exigibilidades de aplicação em crédito rural, equivalentes a no mínimo 65,%.

8

? - Oliveira, Jader José de, (1.995), p. 53.9 - Diário Oficial da União (DOU), de 08 de setembro de 1.986.

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Segundo a Resolução n.º 1.898 do BACEN, de 29 de janeiro de 1.992, os recursos

remanescentes podem ser destinados para:

a) aquisição de títulos da dívida pública federal, estadual, municipal e do Banco

Central do Brasil;

b) crédito agrícola complementar;

c) depósitos interfinanceiros;

d) empréstimos em geral, inclusive das carteiras comercial e industrial, por

prazo mínimo de 180 (cento e oitenta) dias;

e) operações de capital de giro para empresas que industrializem produtos

agropecuários, e

f) financiamento para habitação rural.

Em 1.987, os recursos da poupança rural já respondiam por 24% das fontes do

crédito rural e no ano seguinte tornaram-se mais representativos do que os recursos do

Tesouro Nacional (24,5%) e os obrigatórios (35,8%), tendo atingido 36,2% (Tabela 03).

A medida que as fontes Tesouro e obrigatórias eram exauridas, aumentavam as pressões

sobre a caderneta de poupança rural que, em 1.989, lastreava mais da metade dos recursos

do crédito rural. Note-se que em 1.988 foi concluída a reforma orçamentária, o que

aumentou, tanto o controle sobre o dispêndio, como sobre a remuneração dos recursos

alocados no Tesouro.

Em 1.988, também ocorreu a primeira anistia constitucional aos produtores rurais,

equivalente à correção monetária incidente aos seus financiamentos, o que contribuiu para

aumentar o risco do crédito rural e fazer com que os bancos reavaliassem suas carteiras

agrícolas. Embora não se possa afirmar que foi apenas reflexo de 1.988, sabe-se que o

episódio também fez com que as aplicações das fontes obrigatórias e livres caíssem dos

35% que haviam representado em 1.988 para 22% em 1.989, ano em que o Plano Verão

implementou uma política monetária bastante ortodoxa, elevando os juros reais e,

consequentemente, o risco dos empréstimos agrícolas.

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O simples fato da caderneta de poupança substituir as fontes tradicionais de

recursos do crédito rural seria suficiente para explicar o aumento do custo dos

empréstimos agrícolas. O Plano de Safra 1.994 /95, por exemplo, fixou que os recursos da

poupança rural seriam aplicados da seguinte forma:

a. a parte compulsória (no mínimo 65%), aplicados no financiamento a

pequenos produtores, seria remunerada por 50% da Taxa Referencial de

Juros (TR) mais juros de 6,0%; se os empréstimos fossem aos produtores

enquadrados como os demais, os encargos financeiros seriam a TR mais

juros de 11% ao ano (11,5% quando o produto financiado fosse cana-de-

açúcar); e

b. a parte livre (até 20%) aplicada a juros de mercado.

TABELA III

CRÉDITO RURAL – SALDO DAS APLICAÇÕES DA POUPANÇA RURAL – 1.987/1.992(US$ MILHÕES)

Ano CRÉDITO TOTAL POUPANÇA %

1.985 36.611,43 -0- -0-

1.986 54.594,28 -0- -0-

1.987 40.643,72 9.706,06 23,88

1.988 30.369,02 11.004,00 36,23

1.989 27.732,20 14.314,76 51,62

1.990 15.843,42 3.170,15 20,01

1.991 16.345,92 5.278,90 32,29

l.992 16.758,82 8.374,13 49,97

Fonte: BACEN.

Obs.: 1) Os valores nominais foram corrigidos pelo IGP/DI a valores de

l.992 e depois convertidos pelo dólar (US$) médio do mesmo ano;

2) Os saldos das aplicações normalmente superaram as liberações

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ocorridas no mesmo ano.

A Constituição de 88 determinou que 3,0% dos 47% relativos ao “produto da

arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos

industrializados” da União seriam aplicados em programas de financiamento do setor

produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.10

Com a Lei n.º 7.827, de 27 de setembro de 1.989, o artigo 159, que criou a

contribuição citada, foi regulamentado, dando origem aos chamados Fundos

Constitucionais do Nordeste (FNE), do Norte (FNO) e do Centro-Oeste (FCO). Os dois

primeiros passaram a ser operacionalizados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e

pelo Banco da Amazônia S.A (BASA), respectivamente. O FCO, em razão da

inexistência de um banco de desenvolvimento da Região Centro-Oeste, ficou a cargo do

Banco do Brasil.11 Segundo Afonso et.alli (1.993), em 1.993, os recursos oriundos dos

Fundos Constitucionais destinados ao financiamento agrícola somaram US$ 772 mil,

cerca de 0,04% dos recursos livres. Entretanto, somando-se todos os recursos aplicados no

crédito rural através de fundos, chega-se ao percentual de 5,52%, em 1.993.

A Lei n.º 8.023, de 12 de abril de 1.990, que alterou a legislação do Imposto de

Renda sobre o resultado da atividade rural, previu que os contribuintes que mantivessem

depósitos vinculados ao financiamento agrícola poderiam reduzir em até 100% da base de

cálculo do imposto, o saldo médio ajustado desses depósitos.

Coube ao Banco Central regulamentar as condições de captação e de aplicação

desses recursos pelas instituições financeiras, que estão expressas no Manual de Crédito

Rural (MCR), capítulo 06, seção 03. Os bancos podem receber esses depósitos desde que

sejam da seguinte forma:

a) sem emissão de certificado;

b) modalidade nominativa intransferível; e

c) prazo e remuneração livremente ajustados entre as partes.

Dessa forma, as pessoas físicas e jurídicas com atividade rural estavam sendo

beneficiadas com o incentivo fiscal, com os rendimentos das aplicações financeiras e com

o retorno do depósito em forma de crédito rural. De acordo com o documento, os recursos

devem ser prioritariamente aplicados em financiamentos que se enquadrem nas normas

10 - Art.: l59, inciso I, alínea “c”.11 - Afonso, Perters & Furoni (l993).

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fixadas para as exigibilidades (60% no mínimo), prevendo que os empréstimos sob

condições de aplicação dos recursos livres não podem ultrapassar 40% dos depósitos

vinculados.

Com isso, em 1.992 e na maior parte das operações financiadas com esses recursos

os juros não ultrapassavam 12,5% ao ano mais a variação da TR.

Caso a instituição financeira não consiga aplicar os recursos sob essas condições,

resta-lhe duas alternativas:

1) repassar o saldo à outra instituição, através da utilização do depósito

interfinanceiro vinculado ao crédito rural (DIR)12, ou

2) recolher os recursos ao Banco Central, sem qualquer remuneração por um

período não inferior a 30 dias.

Entre as fontes de recursos do crédito rural que passaram a figurar no MCR 6-1, a

partir de 1.990 encontra-se a caderneta de poupança livre. Contudo, resolveu-se estancar

essa fonte, uma vez que mantê-la poderia reduzir ainda mais os recursos necessários ao

financiamento habitacional. Além disso, as pressões do setor rural por crédito e a

inexistência de fontes de recursos estáveis para o financiamento da agricultura

provavelmente atingiram o percentual de exigibilidade fixado sobre a poupança livre,

elevando-o.

Mediante o contexto acima exposto pode-se afirmar que a história da agricultura

brasileira discutida por vários autores sob pontos de vista bastante divergentes: há aqueles

que dizem que a década de 80, foi de grandes vitórias devido a intensificação da

modernização no campo apoiada pela agricultura empresarial, sustentada pela propriedade

privada e viabilizada pela integração de grandes volumes de capitais financeiro,

comercial, industrial e por fim agrícola. Há, por outro lado, aqueles outrora defensores da

pequena produção, da reforma agrária, “defensores” de uma sociedade mais justa, os

intelectuais e tecnocratas que reagem de forma política, dizendo que essa modernização

chegou tão rapidamente que fôra entendida como anacrônica, e, que resultaria em uma

alternativa não mais tão viável de reorganização dos setores produtivos da agricultura.

Quando se faz uma análise, a grosso modo, do período de l.980 a l.984, esse é

enfatizado como um período de crise e retração, Martine (l.99l), o relata assim: “ O

12 - DIR: Depósito Interfinanceiro vinculado ao crédito rural é uma conta de aplicação dos bancos comerciais particulares no Banco do Brasil à forma do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), com diferença de o prazo de resgate do DIR é de no mínimo l80 dias, enquanto que o CDI vence em 01 dia.

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padrão de financiamento baseado no crédito fortemente subsidiado, fraquejou no final da

década de 70, e entrou definitivamente em crise a partir de 1.980. Entre 1.985 e 1.987, as

aplicações totais na agricultura e pecuária caíram, de 250 bilhões para 124 bilhões de

cruzados, em valores constantes. O crédito para investimento foi o mais afetado 13. Assim,

a agricultura como um todo perdeu o tratamento preferencial que desfrutava em suas

relações com o setor financeiro”.

O último ciclo militar após o golpe de 1.964, o Governo Figueiredo (79/85), dizia

que na sua meta de trabalho, a agricultura seria prioridade, principalmente às que

destinavam-se ao mercado externo, mesmo havendo percas nas relações de trocas.

Entretanto, após a moratória do México, com a crise de 1.982, a situação brasileira

agravou-se ainda mais, pois houve uma queda no fluxo de capitais externos ao país, e com

isso veio os arrochos salariais e cortes nas importações, a fim de reduzir o consumo

interno, liberar os excedentes exportáveis na busca de gerar saldos comerciais, fazendo

frente aos serviços da dívida externa, onde se constata pelas diversas “cartas de intenção”

enviadas ao FMI - Fundo Monetário Internacional.

Fato importante, também é a retirada dos subsídios ao crédito agrícola que dizia-

se ter encontrado já uma estrutura tecnologicamente forte e capaz de reagir aos estímulos

de mercado, onde o Estado passou a manipular sistematicamente os preços mínimos, no

início da década de 80.

Contudo, um fator que teria favorecido a manutenção de taxas baixas, porém com

um razoável crescimento do produto agrícola foi a incorporação de novas áreas com o

plantio de soja, que valorizou o capital via valorização da terra, como a necessidade de dar

outros e novos usos às terras supervalorizadas do sul do País.

No entanto, com essa aparente maturidade do setor agrícola nessa época foi de

caráter potencial e não real, visto que a retirada do crédito subsidiado genérico foi

substituído pelo crédito dirigido ainda mais subsidiado, isto é, “apesar de não exatamente

haver uma eliminação do tratamento creditício prefencialmente, senão maior seletividade

dos beneficiários que paradoxalmente, passaram a ser mais subsidiados que antes” .14

Observando-se a seletividade desses beneficiários, ver-se que os produtos de maior

peso no desempenho favorável da agricultura nessa fase são aqueles que dispunham de

maior mecanismo de valorização, incentivos e subsídios, além do fator crédito e de preços

13 - IPLAN/CAA – Dados conjunturais, maio 1.987, p.19.14 - Delgado (l.988).

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mínimos: laranja, soja, cana-de-açúcar (protegida pelos múltiplos mecanismos do

Próalcool), cacau e o algodão, todos em média favorecidos e beneficiados por

mecanismos especiais relacionados aos ajustes externos ou fatores externos.

Com isso, observa-se que o período correspondido entre l.980 a l.984, o Governo

praticou uma política agressiva de produção, onde houve a contenção do crédito, assim a

rentabilidade de determinados segmentos, sejam empresariais ou agro-industriais foram

conseguidos via o controle de preços.

Após o primeiro qüinqüênio da década de 80, marcado por recessão e crise; em

1.985, no Governo Sarney dá-se início à recuperação dos gastos governamentais aliado ao

crescimento das contas relativas aos estoques reguladores e às aquisições feitas pelo

Governo Federal para dar sustentação à política de preços mínimos.

Segundo Buainain (l.987), “A política de crédito rural tornou-se claramente

expansiva, com um aumento real de quase 30% em relação ao ano anterior. Os valores

básicos de custos foram reajustados, em média 20% em termos reais, espelhar melhor os

custos de produção. Os preços mínimos (...) foram considerados pelos próprios

produtores como adequados e remuneradores. Ao lado dessas medidas de estímulo à

produção procurou-se interferir no padrão de crescimento anterior, o qual favorecia

culturas mais ligadas à balança comercial e os grandes produtores e empresas rurais,

mostrando que estava havendo uma inflexão na orientação da política agrícola para 85 /

86 em relação aos anos anteriores.”

Dessa forma anteriormente citada é que pode ver-se a preocupação do Governo

para restabelecer condições diferenciadas à concessão do crédito rural, favorecendo, assim

os pequenos produtores e a produção de culturas alimentares básicas, como: arroz,

milho, mandioca, e feijão, indicando que a política agrícola voltava a crescer de forma

acelerada.

Como se explica que após 10 anos, onde produção e produtividade se encontravam

quase que estagnadas, começam abruptamente a sair as “supersafras e/ou quase

supersafras”, já que o fato para mudanças positivas eram bastante desfavoráveis numa

conjuntura externa ?

Para mostrar como foi conseguido tal aumento e suas conseqüências, Delgado

(1.988), publica em seu trabalho alguns pontos bastante pertinentes, onde o autor assim se

expressa: “... o Programa Social do primeiro ano da Nova República foi marcado por um

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trabalho na melhoria da situação de nutrição e implementação do Plano Cruzado vindo

incrementar a demanda interna, onde houve o início da recuperação econômica,

sustentadas pelos incentivos à exportação industrial, dinamização do emprego urbano,

seja na indústria, comércio ou serviços que impulsionou a demanda interna de produtos

agrícolas, mediante um planejamento que tivesse necessidade de recuperar a oferta

interna de bens-salário, passando assim a combinar fatores como a exportação de

produtos agropecuários e agroprocessados, com a necessidade de atender melhor a

demanda crescente do mercado interno. Esta adoção voltada para o mercado interno foi

feita através da garantia de preços para os produtos mais elevados da cesta básica, taxas

de juros reais negativas para o crédito rural, aumento do volume de crédito disponível

para o custeio e investimento rural e sustentação de perdas de safras via PROAGRO -

programa de proteção ao crédito agropecuário.” E, o resultado dessa bateria de medidas

produtivas foi o anúncio e a realização de uma supersafra, recuperando o mercado interno

e expandindo o consumo.

O Plano Cruzado, em particular, aumentou o poder aquisitivo da população

trabalhadora a ponto de obrigar a importação de produtos que, aparentemente sobravam,

pois se expandia o consumo; contribuindo para ajudar a aumentar a oferta da safra

seguinte, contudo, com a nova recessão industrial a situação do assalariado tornou-se mais

desfavorável, a qual veio acompanhada do recrudescimento inflacionário e de uma nova

crise que obrigava o Governo a adotar medidas tomadas na primeira crise, como o

encarecimento do crédito e à sustentação de uma política de preços ativos.

Enquanto isso, no setor externo, já no final da década de 80, pela primeira vez

desde as crises existentes, o processo se inverteu devido a uma conjuntura climática na

América do Norte, onde houve quebra das safras e estas quebras foram altamente

favoráveis, tanto em termos de volume global de produção como os seus impactos sobre o

saldo comercial.

Em 1.990, o Governo Federal decreta um outro plano de combate o inflação, no

início do ano – o Plano Collor, em março – que atingiu mais uma vez a comercialização

da safra, onde de um lado, deixou a maioria dos agricultores com dificuldades para dar

continuidade às atividades pertinentes a todas as fases do cultivo e de outro, a correção

dos financiamentos rurais bastante acima dos preços mínimos impedindo que os

produtores rurais saldassem suas dívidas, com os recursos financeiros bloqueados. Em

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agosto do mesmo ano, é anunciado pelo Governo as Diretrizes de Política Econômica para

a Agricultura onde estava enunciado a nova política agrícola do Governo Collor, que

constava basicamente de: uma nova política de preços; uma nova política de investimento;

um programa de competitividade agrícola; um programa de regionalização da produção.

Contudo, poucas foram as medidas implementadas com referência às novas regras para o

crédito rural e para os preços mínimos.

Referindo-se ao crédito rural, foi mantida a mesma sistemática anterior, o qual

corrigia os empréstimos rurais pela inflação passada e de fixar os limites de recursos

emprestados em função do tamanho do módulo rural e renda do produtor, o que facilitou

ao sistema bancário praticar uma “taxa média de juros” para os empréstimos rurais bem

mais elevada que nos anos anteriores. Com relação aos preços mínimos, Graziano da

Silva (1.996:l38), diz que as alterações foram mais profundas: “houve uma

regionalização, de modo a descontar o valor do frete entre os locais de produção e de

consumo. O objetivo dessa regionalização era evitar as aquisições significativas por

parte do governo e para simultaneamente estimular a transferência das agroindústrias

para as proximidades das áreas produtoras. Também foi eliminada a correção mensal

dos valores fixados, mantendo-se apenas a correção com base na variação da inflação

passada na época da aquisição. A não-indexação dos preços mínimos contribuiu para

derrubar ainda mais os preços pagos aos produtores ao longo do ano de 1.990, levando a

uma situação paradoxal: queda na produção e queda nos preços recebidos.”15

A Nova Política Agrícola, do governo Collor, foi completada por uma série de atos

administrativos que terminaram por desmontar o que restava do precário e combalido

aparelho governamental para o setor. A Comissão de Financiamento da Produção - CFP,

CIBRAZEM- Companhia Brasileira de Armazenamento e COBAL- Companhia Brasileira

de Alimentação, foram fundidas na CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento,

subordinada de fato – e agora de direito – ao Ministério da Economia, Fazenda e

Planejamento; foram instintos o Instituto do Açúcar e Álcool - IAA, o Instituto Brasileiro

do Café - IBC, a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural -

15 - Como assinala a Retrospectiva da Agropecuária da CEA/FGV (1981:7), também contribuiu para essa queda dos preços agrícolas a tendência declinante dos preços dos produtos exportados, agravada em 1.990 pela defasagem cambial, que afastou os exportadores do mercado, reduzindo a demanda.

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EMBRATER e o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, sem que suas atribuições

fossem transferidas para outros órgãos.16

Em resumo, Graziano da Silva (1.996:140),afirma que a “nova política agrícola

consubstanciada no intempestivo desmonte do aparelho estatal voltado para agricultura,

ao lado de uma política de preços desenhada na verdade para evitar uma intervenção

governamental de peso, fosse no financiamento, fosse na aquisição de safra, revelou-se

desastrosa já no seu primeiro ano. Foram os estoques de safras anteriores e das

importações feitas na época do Plano Cruzado, aliados ao brutal quadro recessivo

(desemprego, achatamento salarial, etc...), que impediram que a redução da quantidade

colhida na safra 1.990 / 91 resultasse em escassez no mercado. Evitou-se assim que a

quebra de safra se traduzisse numa alta de preços; por outro lado, os baixos preços

obtidos pelos produtores representavam um desestímulo ainda maior para o plantio da

safra seguinte.”

O que houve na verdade foi que a “nova política agrícola” anunciada no primeiro

ano do governo Collor, menos que uma opção ideológica pelo mercado, foi premida pela

crise fiscal do Estado Brasileiro. De fato, o desmonte, conjuntamente com enxugamento

da máquina governamental deveu-se em muito à falta de disponibilidade de recursos. Para

os defensores do livre mercado e da redução das interferências do Estado na produção e

no comércio agrícola, o governo se precipitara nesta reversão de rumo das diretrizes para

o setor rural. Argumentavam que o livre comércio não funcionara antes porque os

estoques que o próprio governo possuía haviam sido vendidos a preços baixos para manter

o tabelamento da cesta básica, essencial à política de controle inflacionário. O teste de fato

seria agora, na safra 1.991 / 92, quando os excedentes já tinham sido enxugados e os

preços começavam a reagir.

Mas a expectativa de um “choque agrícola”, numa espiral inflacionária que

retomava seu ímpeto ascendente poderia ser explosiva. E o governo resolveu não pagar

para ver, isto é, o Governo Collor percebeu logo os riscos de repetição de uma safra

inferior à demanda doméstica e inverteu a política agrícola em meados de l.99l, lançando

um pacote agrícola que agradou os produtores, só que deixou uma grande dúvida: até que

16 - A Retrospectiva da Agropecuária do CEA/FGV (1.991:3) cita, por exemplo, que a extinção do IBC provocou temporariamente a suspensão das exportações de café simplesmente porque não se sabia quem deveria emitir certificados de origem exigidos pelo Acordo Internacional do Café, do qual o país é um dos principais signatários.

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ponto o Estado terá condições financeiras para continuar desempenhando esse papel nos

anos futuros.

Na verdade, essa “nova política agrícola neoliberal”, do Governo Collor

representou o abandono das políticas agrícolas implantadas nos anos 80. Segundo

Gasques & Villa Verde ( l.99l:359-60 ), “ a causa maior da redução de recursos para a

agricultura foi a política de estabilização adotada a partir de março de l.990 (...) Em

substituição a emissão de títulos,17o governo passou a aplicar recursos mediante o

retorno de operações anteriormente realizadas que se converteram em receitas sob a

forma de amortização de empréstimos. Essa nova sistemática marcou todas as aplicações

em políticas agrícolas realizadas em l.990.”

Os autores enfatizam que contribuiram também para a redução dos dispêndios

públicos a saída do governo de algumas atividades e a maior seleção de beneficiários na

utilização dos recursos, quase sempre em detrimento dos pequenos e médios produtores

rurais, que vinham sendo beneficiados pela política de preços mínimos implantados após

l.985.18

É difícil imaginar que a modernização da agropecuária brasileira, que tanto

dependeu do Estado para os seus passos iniciais, possa continuar nos anos 90 com tão

pouco apoio; ainda que se alegue que grande parte das novas tecnologias de produtos

sejam de origem privada – como no caso das inovações decorrentes das novas

biotecnologias e da microeletrônica – a base para sua adaptação/adoção em nosso país tem

que ser criada pelo Estado. Não tem sido outro o papel dos institutos de pesquisas e das

estações experimentais mantidos pelo poder público em nosso país, hoje quase que falidos

ou totalmente sucateados.

Pode-se concluir que a política de crédito rural com juros subsidiados não é um

instrumento eficaz de incentivo à agricultura, isto é, consegue resultados pequenos

relativamente aos custos que acarreta para o Governo e para a economia. Esta

17 -“ Até l.989, os financiamentos dos compromissos do governo federal eram realizados em grande parte através de títulos públicos federais no mercado e cuja participação no financiamento da despesa pública neste setor foi de 84%”(Gasques & Villa Verde, l99la: 359)18 - Segundo Gasques & Villa Verde (l99la: 363), essas alterações se deram da seguinte forma: na conta do trigo, os preços de venda aos moinhos foram reajustados de modo a reduzir os subsídios; as políticas de açúcar e café sofreram redução em decorrência da privatização das operações de aquisição do açúcar para beneficiamento e exportação; e no café, pela transferência ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira das operações de empréstimos para aquisição desse produto. Ainda segundo os autores, a redução de dispêndios efetivos no crédito se deve à orientação de aplicar os recursos oriundos do Tesouro apenas com mini e pequenos produtores e suas cooperativas; e no caso dos preços mínimos, pela exclusão dos grandes produtores e beneficiadores. Ale registrar, todavia, que isso é o que pretendia a legislação vigor, não havendo todavia ainda evidências empíricas que comprovassem a sua efetividade.

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característica decorre do fato do crédito ser fungível, isto é, poder ser aplicado na

atividade mais rentável e não aquela atividade para a qual o emprestador a destinou. Isto

significa que, se a agricultura necessita de incentivos, por causa da política cambial, da

proteção tarifária aos insumos que compra, da pequenez e do nível de renda insatisfatório

do mercado de alimentos, estes incentivos deveriam ser fornecidos através de políticas de

preços e não políticas de juros subsidiados.

A distribuição de crédito rural e, consequentemente, de subsídios é, provavelmente,

tão ou mais concentrada do que a distribuição de terras e de riquezas. Assim, a utilização

do crédito rural como instrumento de incentivo à agricultura tem efeitos perversos sobre a

distribuição da renda. Esta característica pode ser, em parte, corrigida pela elevação dos

juros do crédito rural. Entretanto, não se deve esperar que a política bancária de

distribuição de empréstimos possa ser utilizada, mesmo com juros mais elevados, para

promover políticas de redistribuição de rendas. A política de redistribuição de renda deve

se apoiar em outros mecanismos.

A elevação das taxas de juros provavelmente aumentará a participação do sistema

financeiro privado no financiamento rural. Entretanto, no Brasil, como em diversos outros

países do mundo, a presença do Estado no financiamento à agricultura, assim como às

pequenas e médias empresas urbanas, parecem imprescindíveis.

Os subsídios agrícolas não podem ser mais responsabilizados significativamente

pela expansão das contas monetárias do Governo. A extinção imediata dos subsídios do

crédito rural, mesmo que desconhecendo os limites e as dificuldades mencionadas em

itens anteriores, não conseguiriam aliviar as contas monetárias do Governo em mais de

10%. O setor agrícola deveria ser poupado de contenções ainda maiores, ou de elevações

adicionais das taxas de juros, a fim de proteger o nível de investimentos do setor e a

produção agrícola corrente.

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CAPÍTULO II

CRÉDITO RURAL E O ESTADO DO ACRE

2.1 - Breve Histórico - Jurídico

O Estado do Acre, com uma área de l5.258.900 ha. ( quinze milhões, duzentos e

cinqüenta e oito mil e novecentos hectares ), foi incorporado ao territórios nacional

através do Tratado de Petrópolis, celebrado em 17 de novembro de 1.903, com a Bolívia,

e executado em 10 de março de 1.904 pelo Decreto n.º 5.161.

O Acre, após ser incorporado ao Brasil, passou a Território e, por último, a Estado,

em 15 de junho de 1.962.

Com o surgimento do Território, abrangido por áreas adquiridas pelo referido

Tratado, as terras do Acre, somente, em 1.912, vieram a ter disciplinamento jurídico,

através da Lei n.º 2.543-A, de 05 de janeiro de 1.912. Entretanto, para aplicar a Lei, não

havia um órgão encarregado; o Governo não deu condições para seu cumprimento.

O Decreto n.º 10.105, de 05 de março de 1.913, veio aprovar o novo regulamento de

terras devolutas da União e, em seu artigo 3º, reconheceu como legítimo os Títulos

expedidos pelos governos da Bolívia, do Estado do Amazonas e do Ex-Estado

Independente do Acre, antes da fundação de cada departamento, em virtude da Lei n.º

5.188, de 07 de abril de 1.904.

Decorridos alguns anos, finda a 2a Guerra Mundial, sem haver, até então, uma

regularização fundiária para as terras do Acre, surgiu o Decreto n.º 9.760 / 46, que veio

ratificar os compromissos assumidos pelo Brasil em Tratado ou Convenção de limites e

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esclarecer quais as terras que não seriam consideradas devolutas, enumerando-as no art.

5º, alíneas “e” e “f”, combinados com o seu Parágrafo Único.

Para aplicabilidade do referido dispositivo legal, surgiram várias dúvidas, o que

tornou-se motivo de estudo e consultas. O problema maior é que as terras do Acre estão

por registros imobiliários, com presunção “juris tantum” de domínio (* juris tantum

–concepção latina: Exprimindo o que resulta ou é o resultante do próprio Direito, serve

para designar a presunção relativa ou condicional, e que, embora estabelecida pelo Direito

como verdadeira, admite prova em contrário), cujas cadeias dominiais, levantadas e

analisadas, não batem, na origem, com um documento legítimo que provem o destaque da

terra do patrimônio público e, em conseqüência, face a quebra de elo, eram registros

passíveis de nulidade, cuja nulidade foi sanada com a Emenda 77 / 78, que surgiu após o

entendimento de que todos os imóveis que se encontrassem nas condições estabelecidas

pelas letras “e” e “f” do Decreto-Lei n.º 9.760 / 46, na data de sua edição tinha domínio e,

não posse.

Trata-se de uma deliberalidade da União reconhecer o domínio por ocupação

daqueles que se enquadram nas situações previstas no referido dispositivo legal, com as

restrições de seu Parágrafo Único e que comprove a ocupação e exploração do imóvel, em

05 de setembro de 1.946.

O Estado do Acre está situado dentro dos limites da Faixa de Fronteira de 150

quilômetros, zonas consideradas indispensáveis à defesa do País e em áreas declaradas

indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento nacional de acordo com a Lei n.º 6.634 /

79 e Decreto-Lei n.º 1.164 / 71.

A Superintendência Regional/INCRA, a extinta Coordenadoria Regional da

Amazônia, através de Comissões Especiais de Terras Devolutas da União, vem

promovendo a discriminação de terras do Estado do Acre, cujo procedimento é

disciplinado pela Lei n.º 6.383 / 76.

Com base na referida lei, no triênio 1.977 / 79, foram criadas 22 Comissões

Especiais no estado e discriminados 154 seringais, compreendendo uma área de

3.0l9.054,1474 ha ( três milhões, dezenove mil e cinqüenta e quatro hectares, quatorze

ares e setenta e quatro centiares).

Quanto à situação jurídica da documentação das terras do Acre, são considerados

como legítimos os Títulos Definitivos expedidos pelos Governos da Bolívia, do Estado do

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Amazonas e do Ex-Estado Independente do Acre, antes da fundação de cada

departamento, em virtude da Lei n.º 5.l88, de 07 de abril de 1.904, e reconhecido o

domínio por ocupação dos detentores de imóveis rurais que se enquadram nas condições

estabelecidas pelas alíneas “e” ou “f” do Decreto-Lei n.º 9.760 / 46, de acordo com a

Emenda-77 / 78.

A Superintendência Regional vem coordenando, controlando e executando a

colonização oficial do Estado do Acre, através de Projetos de Assentamento Dirigido -

PAD,s, nos municípios de Cruzeiro do Sul, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Rio

Branco e Sena Madureira, onde as áreas destinadas aos projetos foram objetos de

desapropriação.

2.2 – Características da Pequena Produção Rural Acreana

A economia acreana era baseada no monoextrativismo gumífero, com uma estrutura

global e complexa, se configurando em um longo processo histórico que tem início com a

ocupação do espaço geográfico e econômico do Acre na segunda metade do século

passado, sob a égide do capitalismo, quando o capital industrial já exercia seu domínio a

nível internacional. Este fato é importante para entender a forma de processo de trabalho

ali implantada, as relações de produção, a estrutura fundiária, as oscilações de

desenvolvimento e estagnação da economia, bem como os movimentos demográficos.

Aliado à forte pressão da demanda externa, outro fator contribuiu para a ocupação das

terras acreanas. As grandes secas que assolaram o Nordeste, após l.877, vieram dificultar

ainda mais a sobrevivência da população, na já decadente economia nordestina. Com isso,

grandes levas de nordestinos, principalmente de cearenses, foram deslocados para a

Amazônia, penetrando por territórios que o Brasil reconhecia como bolivianos e que mais

tarde foram reivindicados também pelo Peru.

A função, que lhe foi atribuída na divisão internacional do trabalho, foi a de simples

produtor e exportador de borracha natural, necessária, então, ao desenvolvimento da

indústria automobilística dos países centrais. À extração da borracha como atividade

econômica fundamental, se desenvolve, em função das necessidades do capital industrial e

financeiro. Dentro dessa perspectiva todas as outras atividades, como o comércio, os

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transportes, etc.., eram totalmente subordinadas à atividade de extração gumífera. Essa

subordinação explica a enorme sensibilidade da atividade econômica em relação as

flutuações da atividade extrativista. Atividade que determinou do mesmo modo a

organização do espaço e a integração dele ao resto do território brasileiro via curso

natural dos rios através dos quais o então Território do Acre se comunicava com Manaus e

Belém, centros gravitacionais e articuladores do extrativismo. As cidades acreanas foram

fundadas às margens dos rios, em locais onde originalmente haviam os seringais.

A agricultura no auge da economia da borracha não somente aparece como um sub-

setor absolutamente dependente, mas, sobretudo, como uma atividade secundária, cuja

função consiste em amortecer as flutuações do ciclo extrativista, notadamente no que diz

respeito ao abastecimento de alimentos para força de trabalho em época de recessão. Com

isso resolvia-se, de resto, as dificuldades de caixa dos patrões/seringalistas nesses

períodos críticos. É necessário sublinhar então que a produção de alimentos variava

inversamente em função da atividade extrativista. Como afirma Duarte (l.987:l6), (...)

Várias frotas se encarregavam de fazer o escoamento da produção da borracha e

abastecer os seringais de mão-de-obra, de mercadorias necessárias à sua sobrevivência e

de instrumentos de trabalho.

Vale salientar que pelo aviamento (fornecimento de gêneros alimentícios), que

definia a relação de produção essencial da borracha, o barracão (sede do seringal,

residência do administrador), fornecia também produtos agrícolas básicos como arroz,

feijão, farinha, que poderiam ser produzidos no Acre e no entanto eram importados. Pode-

se resumir a questão de maneira seguinte: “O produtor direto (seringueiro) não era

agricultor e não devia exercer atividade agrícola. O espaço rural, portanto, não tinha

uma vocação agrícola, pois que a terra era considerada um suporte à atividade

extrativista. O valor da terra, destarte, estava associado ao fato de nela existir ou não

seringueiras e castanheiras.”19

A partir de l.876, os ingleses fizeram um trabalho de coleta e aclimatação de

semente e experimentação da cultura da hevea fora da Amazônia, introduziram várias

plantações racionais no Sudeste Asiático. Segundo Oliveira (l.982:32): “A borracha

racional é uma agricultura tipicamente capitalista, organizada em moldes técnicos e

empresariais e com ganhos crescentes em produtividades. Representa uma intervenção

19 - ACRE. Comissão Estadual de Planejamento Agrícola. Núcleo de apoio rural integrado (1.984: 05).

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direta de capital produtivo na organização da produção e como tal é uma forma superior

de volume e escala de produção.”

Com a entrada em produção dos seringais de cultivo racional no Sudeste Asiático, a

produção asiática de borracha passou a superar a produção brasileira. Em l.9l2, a produção

brasileira atinge a cifra máxima de 43.000 toneladas. Em l.9l3, a produção brasileira caiu

para 39.560 t, enquanto que a produção da Ásia apontava 47.6l8 toneladas. No final da

década, em l.9l9, nossa produção de borracha era de 34.285 toneladas contra 381.860 t.

produzidas pela Ásia, segundo Teixeira (l.980:53). Isso foi o início do declínio brutal e

real da economia acreana, a qual se amparava em atividades ligadas ao extrativismo.

Durante o período em que ocorreu a II Guerra Mundial, marcado por um período

de retomada da atividade extrativista, onde a economia da borracha tem novo impulso.

Com a ocupação da Malásia e Ceilão pelos japoneses, os países aliados ficaram privados

do fornecimento da borracha. Como essa matéria prima havia se tornado indispensável às

economias industriais, o capital industrial voltou a interessar-se pela borracha nativa

produzida na Amazônia.

Segundo Duarte (1.987:18): “Em l.942, através do Decreto Lei 4.451, foi criado o

Banco de Crédito da Borracha, com capital brasileiro e americano. Este Banco tinha as

atribuições de estimular a produção e regularizar os preços e a comercialização da goma

elástica. Esta regularização era conseguida através do monopólio estatal da borracha,

eliminando-se assim os intermediários.

Foi desenvolvido um plano de saneamento na Amazônia, com o auxílio da

Fundação Rockffeler. Mais tarde, este serviço se transformou no SESP – Serviço Especial

de Saúde Pública.

Para o recrutamento de trabalhadores em outras regiões, a fim de suprir mão de

obra os seringais desfalcados , foi criado o Serviço Especial de Mobilização de

Trabalhadores para a Amazônia – SEMTA, sendo substituído pela Comissão de

Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia – CAETA.”

Foi um período de imigração, dessa vez com intervenção do Estado e com a

finalidade de aumentar a produção gomífera como uma contribuição brasileira ao esforço

de guerra dos aliados. Novamente, grandes contingentes de nordestinos foram

transportados para o Acre e outras partes da Amazônia. Foram os chamados Soldados da

Borracha, com muitas promessas e com muitas esperanças, se internaram nas florestas

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com a finalidade de extrair a borracha. Pensavam estar servindo à Pátria, quando na

verdade estavam servindo apenas aos interesses do capital. Com esse novo afluxo de

nordestinos, no Censo de l.950, o Acre apresentou um acréscimo de 34.987 habitantes,

com relação ao de l.940.

Esse período de surto foi curto e uma vez terminada a guerra, iniciou-se um novo

declínio da atividade de extração da borracha na região. É a partir desse momento que

começa a se estruturar a atual economia característica do Acre. Desativaram muitos

seringais e outros foram literalmente abandonados. Os soldados da borracha que

constituiu-se de uma força de trabalho excedente, vão de encontro a zona urbana

periférica de Rio Branco, visando dar início a uma nova e pequena produção de alimentos

e outros engrossam o cinturão de miséria, aumentando o contigente populacional, produto

esse, do fenômeno êxodo rural.

No final da década de 60 e na década de 70, o Estado buscou reorientar e a reordenar

a economia via a implantação de assentamento e possibilitou o desenvolvimento do sub-

setor pecuário, expressão da nova frente capitalista. Com isso, a estruturação e a ocupação

espacial não se deram em função de uma necessidade do mercado interno, uma vez que a

expansão da pecuária destinava-se à exportação. À terra foi lhe atribuída a função de

suporte da pecuária, sendo que, de resto, era objeto de especulação fundiária. “Como

conseqüência desse processo ocorre a expulsão de pequenos extratores (seringueiros) que

também eram pequenos produtores de alimentos. Isso originou um déficit na oferta de

produtos alimentares e intensificou o êxodo rural na década de 70. A própria expansão

de Rio Branco provocou a desapropriação de produtores antigos.”20

A mudança da tradicional função agro-extrativista do meio rural para uma função

pecuária não se acompanhou no sub-setor agrícola de um aumento de produção e nem

produtividade, o que houve foi a liberação de mão-de-obra que aumentou o contigente

migratório para a cidade ou, que em parte foi recolocada nos projetos de assentamento;

contudo a explicação da crise de alimentos se encontra no bojo desse processo de

reestruturação agrária.

Novas levas de imigrantes começaram a chegar no Acre, completando o quadro

característico da agricultura e da pequena produção de alimentos. Esses novos imigrantes

provinham do Centro-Sul do país, sendo agricultores em sua plenitude e detentores de

20 - CEDEPLAR. Migrações internas na região Norte. O caso do Acre.(1.979) –CEPA (1.984:06).

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conhecimentos técnicos e com grande experiência agrícola, contudo esses trabalhadores

rurais não detinham mais a posse de suas terras de origem.

Consolida-se, assim, na etapa atual a pequena produção de alimentos como um

componente fundamental no conjunto da economia, pelas suas funções de fomentadores

de alimentos aos próprios produtores diretos; abastecimentos dos mercados urbanos;

constituindo-se em um mercado consumidor de bens industriais fornecidos pelo comércio;

e, por último, ser uma fonte de emprego que fixa o homem em seu espaço rural.

A pequena produção estadual é constituída por uma organização econômico-social,

cultural e de ocupação do espaço rural. Compreendida em termos de organização social, a

pequena produção é uma forma de organização produtiva não capitalista integrada a

“jusante e a montante” ao resto da economia, pois a compreensão da relação que existe

entre a pequena produção agrícola e o resto da economia permite a compreensão do papel

da agricultura acreana, dos seus sistemas produtivos, da transferência dos seus excedentes

produzidos e da sua função na economia global.

Em se tratando de agricultura em geral e da pequena produção, em particular, o

primeiro aspecto relevante na caracterização é o reduzido tamanho dos extratos de áreas.

Segundo o IBGE (Tabela IV) a metade (49,52%) dos estabelecimentos no Estado do

Acre, têm menos de 100 hectares, e cobrem apenas 07,82% da área agrícola total do

Estado. Cumpre ressaltar também que, em relação às dimensões das áreas de lavouras,

86,08% dos estabelecimentos têm uma área de lavoura inferior a 05 hectares. (Tabela IV)

TABELA IV

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR ÁREA DE LAVOURA DO ACRE

SUPERFÍCIE EM HA N.º DE ESTABELECIMENTOS %

Menos de 0l 2.431 11,l6

De 0l a menos de 02 6.579 30,21

De 02 a menos de 05 9.735 44,70

De 05 a menos de l0 2.296 10,54

Mais de l0 734 3,37

FONTE: IBGE. Sinopse Preliminar Censo Agropecuário-l.980

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Na pequena produção, a força produtiva fundamental é a força do trabalho que, em

sua maioria é proveniente do núcleo familiar, onde os instrumentos de trabalho são de

caráter privado; acontecendo o mesmo com a terra que tem esse caráter de propriedade

privada ou de posse particular, embora possa existir precariedade nesse aspecto.

A utilização de instrumentos de trabalho arcaicos como: o facão (terçado), o

machado, a enxada, a foice, etc., é um bom reflexo do baixo nível de desenvolvimento

tecnológico, muito embora esteja tornando-se crescente o uso de plantadeiras manuais,

pulverizadores e mesmo a moto-serra acompanhada de pouca mecanização agrícola.

Os produtos agrícolas, oriundos da pequena produção são fundamentalmente aqueles

que constituem a base da alimentação regional: feijão, milho, mandioca e arroz, os quais

são produtos de cultivo temporário, acompanhados da carne bovina e alguns frutos.

Definindo a pequena produção como sendo uma atividade produtora de alimentos.

Segundo dados obtidos a partir da Sinopse Preliminar do Censo Agropecuário de

1.995 do total das áreas de culturas permanentes e temporárias, 89,77%, correspondem, no

Estado, às áreas de lavouras temporárias, ao passo que 10,23% são correspondentes às

áreas de culturas permanentes.

A pequena produção ocorre dentro do quadro de uma agricultura do tipo itinerante,

cujo ciclo guarda uma estreita ligação com o clima tropical úmido, isso significa que ao

analisar o sistema de conservação do solo, esse reside na rotação ou então, deslocamento

sucessivo da área de cultivo com repouso prolongado das áreas já utilizadas. Assim, uma

vez terminado o ciclo produtivo de uma área, essa é abandonada por um período que varia

entre 06 – 08 anos, onde a natureza se encarregará, então de reconstituir a capacidade

produtiva, isto é, a fertilidade do solo, ou simplesmente é utilizada para o plantio de

pastagens.

A pequena produção de alimentos é de uma importância capital no conjunto da

economia porque é sob esse sistema que se organiza a agricultura acreana. Trocando em

miúdos, a maioria dos produtores de alimentos agrícolas bem como os mais produtivos,

quer dizer os responsáveis pela quase totalidade dos volumes produzidos, são oriundos da

pequena produção.

Segundo a Comissão Estadual de Planejamento Agrícola - CEPA (l.984:l0 / 11), no

relatório: Problemática do Pequeno Produtor Rural do Acre, analisa ainda mais em

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detalhes a função da agricultura, que na prática significa a pequena produção, afirmando

que:

1- o sub-setor agrícola tem, via a pequena produção de alimentos, a função de

fornecer produtos de auto-consumo para a própria força de trabalho familiar.

São os tradicionais produtos da chamada agricultura branca;

2- a pequena produção ocupa um lugar de destaque no Quadro de participação

relativa da Produção Interna Bruta Regional, contribuindo na geração de

produção física e, portanto, de renda e ocupação de mão-de-obra. Em relação

ao PIB Regional, parece que este aspecto de ocupação de mão-de-obra é

primordial na medida em que parte dos volumes produzidos são destinados à

própria reprodução da força de trabalho, através do auto-consumo. Esse fato

pode não aparecer em uma simples quantificação dos níveis de renda monetária

regional, calculados a partir dos volumes comercializados. Portanto, um dos

fatores que traduz a importância desse sub-setor é a sua capacidade de absorver

mão-de-obra, fixando-a no espaço rural. Dados que ilustram esta questão,

mostram que em l.970, a população economicamente ativa no Estado do Acre

estava distribuída da seguinte maneira: 66,68% no setor primário; 6,17% no

setor secundário e 25,22% no setor terciário.21

3- O sub-setor agrícola é um mercado consumidor de bens industriais (roupas,

instrumentos de trabalho, artigos domésticos, etc.,) fornecidos via comércio

urbano.

A transferência e apropriação de excedentes de valor criados pela pequena produção

se explica globalmente pela relação entre o sub-setor agrícola e outros setores da

economia, mas na prática aparece na venda de produtos agrícolas e na compra de bens não

agrícolas pelos produtores diretos. Um dos elementos importantes neste aspecto é o

atravessador ou marreteiro, assim os excedentes gerados pelos produtores diretos são

transferidos a outros setores econômicos, bem como por exemplo ao comércio. Em

realidade a pequena produção participa grande medida no financiamento da atividade

21 - Assessoria de Planejamento e Coordenação. XIX Anuário Estatístico do Acre, l.980, p. 70

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comercial do Acre. Os excedentes são transferidos a outras áreas, à zona urbana em

detrimento da zona e do espaço rural.

Os excedentes também se transferem a outras classes sociais, escapando das próprias

mãos dos produtores diretos. É conhecido que os intermediários são agentes que

desempenham um papel importante na articulação sub-setor agrícola / resto da economia.

É através deles aliás, que opera a transferência e apropriação dos excedentes criados pela

pequena produção. A comercialização, via intermediários, constitui portanto uma das

características da pequena produção de alimentos. Seria errado considerar, entretanto, que

os intermediários, têm o exclusivo papel de comerciantes, quer dizer, de simples

compradores ou mesmo vendedores de produtos. Na realidade os intermediários tem

outras funções no seio do sistema de organização da pequena produção.

As principais funções dos intermediários, entre outras que a de colonização são as

seguintes:

a) Função de banqueiro ou melhor de usuário, com efeito, não poucas vezes que o

intermediário empresta, adianta dinheiro na compra antecipada da produção aos

produtores quando esses passam por momentos difíceis (acidentes, doenças,

etc.,). É claro que eles o fazem cobrando juros elevados e com a certeza e aval de

futuras transações;

b) Os intermediários até certo ponto desempenham às vezes um papel de

“previdência social”, prestando serviços tais como aviamento de remédio,

transporte de doentes, empréstimos em caso de doença. O atrelamento do

produtor ao intermediário é um preço caro, à pagar;

c) Os intermediários, dispondo de transporte próprio, constituem um verdadeiro

meio de transporte. Com efeito ele é, o único que “ousa” trafegar os ramais que,

na maioria dos casos, apresentam condições precárias. Não existem, nesse

sentido, soluções alternativas para o escoamento da produção da parte do

pequeno produtor;

d) Os intermediários mantém, além do mais, vínculos de compadrio, isto é, cria-se

uma amizade com muitos dos seus fregueses nos ramais por onde trafega.

Dito isso, aparece claramente que uma política de mudança do sistema de

articulação do sub-setor agrícola com o resto da economia deve visar a substituição do

sistema de intermendiação insistindo não somente na função de comercialização do

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intermediário mas em todas as outras funções e serviços prestados por eles. Do contrário

qualquer política adotada será realmente ineficaz.

No que se refere às categorias de pequenos produtores, voltados à agricultura, a

pequena produção inclui 03 tipos, segundo a localização e segundo a situação fundiária:

1- Os colonos dos NARI’s; áreas de colonização estadual; antigas colônias

agrícolas em fase final de regularização fundiária;

2- Os posseiros produtores de alimentos, espalhados por todo por todo o Estado.

muitos deles em áreas de seringais;

3- Os parceleiros dos projetos de assentamento (INCRA). Nesse grupo,

principalmente participavam os imigrantes e seus familiares provenientes do

Centro-Sul do país.

No Estado do Acre, as atividades de Crédito Rural, se direcionaram na sua maioria,

para orientação e acompanhamento da execução de empreendimentos implantados em 83 /

84 e alguns projetos na área de pecuária e guaraná que foram contratados no corrente

exercício de l.985, através de recursos do POLAMAZÔNIA.

O setor gomífero, apesar de ser um dos sustentáculos da economia estadual, a

exemplo do ano de l.984, continuou paralisada as tomadas de projetos e contratação de

novos empreendimentos, ocasionado principalmente por:

- Acordo feito entre os órgãos responsáveis pelo setor, de procurar regularizar a

situação dos projetos contratados nos anos anteriores;

- As altas taxas dos encargos financeiros, fizeram com que os produtores se

desinteressassem por novos financiamentos.

Na área agrícola, nas chamadas culturas de subsistência, que até o ano 82 havia

grande procura de crédito para custeio, a exemplo de 83 / 84 persistiu uma retração na

demanda de financiamento.

O que pode se enfatizar é que na área de crédito rural, os projetos a serem

financiados eram descriminados por área de ação, conforme apresenta quadro abaixo:

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TABELA V

CRÉDITO RURAL – 1.985

PROJETOS N.º DE PROJETO ÁREA (H A)

Pecuária de Corte 54 1.301

Pecuária de Leite 21 755

Apicultura 01 0

Suinocultura 02 0

Horticultura 01 0,5

Investimento Agrícola 01 0

Guaraná 45 198

Fruticultura 01 02

FONTE: EMATER-ACRE (1.985).

Embora os trabalhos de assistência técnica, conjuntamente com os serviços de

extensão rural sejam prioritariamente voltados para a pequena propriedade rural, bem

como, a política de estímulo do Governo Federal também se inclinou ao pequeno

produtor; o ano de l.986 face aos reflexos de um período cujos benefícios creditícios eram

assegurados aos médios e grandes investidores, foi marcado ainda pela significativa

participação do médio e grande produtor.

TABELA VI

CRÉDITO RURAL - N.º DE PROJETOS EXECUTADOS EM 1986

CRIAÇÃO PEQUENO MÉDIO GRANDE TOTAL

N.º PROJETOS 90 39 14 143

CULTURA PEQUENO MÉDIO GRANDE TOTAL

N.º PROJETOS 10 02 05 17

Fonte: Emater Acre - 1986

Durante o ano de 86, tendo em vista as altas taxas de juros e a escassez de recursos

financeiros oficiais, o produtor rural foi orientado, no sentido de buscar alternativas para

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o processo produtivo sem depender obrigatoriamente do Crédito Rural, daí as ações

nessas áreas, principalmente em culturas, terem sido insignificantes.

O objetivo básico do Crédito Rural é incentivar a introdução de métodos racionais

de produção, visando o aumento de produtividade para a melhoria de vida do produtor e

de sua família. Porém, com a política de Crédito Rural implantada em nosso país, a

demanda vem sofrendo ao longo dos anos retrações significativas em função da

inviabilidade econômica para o produtor.

Durante o ano de l.987, os órgãos ligados a agropecuária, principalmente de

assistência técnica e extensão rural direcionou seus trabalhos quase que exclusivamente

para as atividades de bem-estar social da população rural, através da conscientização

extensionista para o associativismo das comunidades como meio de superar essa situação

de descapitalização contínua do produtor rural.

Pouco se realizou com respeito ao crédito rural, fato acontecido foi o

acompanhamento e orientação aos projetos já existentes de pecuária, guaraná, seringueira

e outros, contratados em anos anteriores e outras operações, conforme o quadro a seguir:

TABELA VII

CRÉDITO RURAL – 1.987

ATIVIDADES N.º DE PROJETOS ÁREA ( HA.)

Pecuária de Corte 16 334

Arroz 31 326

Milho 49 1.271

Mandioca 84 337

Banana 09 29

FONTE: EMATER – ACRE ( 1.987 ).

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CAPÍTULO III

O CRÉDITO RURAL NO PROJETO HUMAITÁ

3.1 - Características Física s e Sócio-econômicas do Projeto de

Assentamento (PAD) Humaitá.

Em estudos realizados pela Universidade Federal do Acre - UFAC,

caracterizações físicas e sócio-econômicas do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá

encontram-se discriminadas com os seguintes aspectos:

O Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá está localizado no Município de

Porto Acre, distancia-se aproximadamente a 33 km da capital Rio Branco. O Projeto foi

criado através da Resolução Federal n.º 117 de 08 de junho de 1.981, com uma área total

de 63.861 ha., formado pelas terras pertencentes aos antigos seringais Boa União,

Preferência, Humaitá e Curupaity.

A localização e confrontações de limites, geograficamente está compreendido

entre as linhas longitudinais 68º00'00" Wgr e 67º00'00" Wgr e entre as latitudes

09º20'00" S e 10º00'00" S. Confrontando-se ao norte com o seringal Bom Destino e parte

excluída do seringal Humaitá; ao sul; com os seringais Bagaço, Nova União, Colibri,

Quixadá, Extrema e Panorama; a leste com a BR-317 e Rio Acre; e a oeste com o seringal

Novo Andirá.

Como vias de acesso e comunicação, a área é servida pela Rodovia Estadual AC-

22, a qual liga Rio Branco a Porto Acre, composta de pavimentação asfáltica, que corta o

Projeto ao meio. A parte leste da área é tangenciada pela BR-317, que liga Rio Branco-

Ac. a Boca do Acre - AM., com pavimentação em terra. É servida ainda pelo Rio Acre,

com acesso durante todo o ano.

Os meios de comunicação existente mais comuns são: rádio, televisão e em

alguns caso, o telefone.

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O relevo não apresenta grandes desníveis topográficos, havendo a predominância

de uma topografia suavemente ondulada com algumas depressões.

Com relação da pedologia, ocorre com predominância nesta área os solos comuns

à Amazônia, os quais são um tanto meteorizados, pertencentes ao grupo podzólico

vermelho amarelo, originário de rochas cristalinas. Apresentam um horizonte "A" com

espessura de 20 a 25 cm, com textura franco-arenoso, franco-argiloso siltoso, muito

friável, ligeiramente plástico e não pegajoso. Possuem baixos teores de fósforo

assimilável.

A rede hidrográfica da região apresenta com destaque o Rio Acre, que permite

navegabilidade em qualquer época do ano, tem ainda uma quantidade de igarapés de

médio e pequeno porte.

Possui uma vegetação com cobertura da florestas subcadufólica amazônica, de

composição uniforme, com grande variedade de espécies. Destacando-se algumas

espécies de grande valor econômico como o mogno, cedro vermelho, a sucupira e a

massaranduba.

No ano de l.986, o INCRA realizou em seu laudo de vistoria com informações

disponíveis com relação ao uso econômico da terra de que dispõem o PAD Humaitá.

A área destinada à exploração agropecuária é de 31.680,5 ha., já que 50% deve

ser destinada à reserva florestal, segundo normas do Instituto Brasileiro de Meio

Ambiente e Recursos Renováveis - IBAMA. Deste total, encontravam-se explorado

l3.612 ha., entre áreas de lavoura e pastagens, correspondendo a 43% da destinada à

exploração.

Considerando-se área efetivamente explorada como referência, têm-se que 36,6%

são pastagens, 46,5% lavouras temporárias e 16,9% com lavouras permanentes.

As lavouras temporárias comportam as culturas tradicionais de subsistência,

arroz, feijão e mandioca, que fornecem a base alimentar das famílias dos agricultores.

Dentre as lavouras permanentes, a maior parcela de área é ocupada com

frutíferas (l2,3% da área explorada ou 73,2% da área de lavoura permanente), onde ganha

destaque a bananicultura e a citricultura, correspondendo as demais frutíferas a pomares

de fundo de quintal.

As culturas permanentes de alto valor comercial (café, cacau, castanha, guaraná,

seringueira e madeiras de lei), as quais se encontravam-se em fase de implantação,

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contudo ocupando 4,5% da área explorada. No caso da cacuicultura, tinha o apoio e

atuação da Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira - CEPLAC no Projeto.

A unidade de produção da área do PAD Humaitá é em média de 70 hectares, mas,

de acordo com a Lei n.º 4.771/67/PR, destinadas à Amazônia Legal, é exigido que os

produtores rurais deixem 50% de suas áreas como reserva florestal, diminuindo esta

disponibilidade para 35 hectares como área a ser trabalhada.

Pode-se dizer que as dimensões sócio-econômicas em que vivem os pequenos

produtores rurais trouxeram reflexos no processo decisório. Isto porque, um ambiente

hostil, com meios insatisfatórios, inevitavelmente, estabelece o nível que se pode

atingir os objetivos desejados para que o homem do campo possa se fixar na terra e dela

tirar seu sustento.

3.2 - Crédito Rural e Assistência Técnica no PAD Humaitá

O objetivo do crédito rural é incentivar a introdução de métodos racionais de

produção que incentivem o aumento da produtividade buscando a melhoria de vida do

produtor e de sua família.

No ano de l.988, a EMATER-ACRE teve um papel fundamental na implantação

de micro empresas produtivas, onde os técnicos desenvolveram ações junto as

comunidades rurais, efetuando levantamento da clientela, fazendo entrevistas e colhendo

propostas para efetivar as contratações de projetos de crédito rural.

No Projeto de Assentamento Humaitá, a EMATER-ACRE elaborou junto as

comunidades locais, 250 projetos do PROCERA nas mais diversas atividades ou linhas de

ações, onde os itens financiados foram basicamente reprodutores bovinos, animais para

tração, arame para cerca, habitação, motosserras, motores diversos, barco para transporte

da produção, casa de farinha, paióis para armazenagem de grãos, engenho de cana-de-

açúcar, carroças, currais, terreiros para café, açudes, máquinas de costura, moto bomba,

pulverizadores costais, pastagens, culturas de subsistência (arroz, milho, feijão,

mandioca), culturas perenes (café, citrus) e culturas diversas (frutíferas, abacaxi, mamão,

maracujá e banana).

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As atividades de crédito rural na EMATER-ACRE se direcionaram aos pequenos

produtores assentados nos Projetos de Colonização e Reforma Agrária. Os trabalhos de

tomadas de propostas tiveram início no segundo semestre de l.987, com as contratações

dos recursos ocorrendo em 1.988/89 e 90.

O Programa Especial de Crédito Rural e Reforma Agrária - PROCERA -, tem uma

importância social muito grande para os mini e pequenos produtores assentados pelos

seguintes motivos:

- Permite o acesso ao Crédito Rural, dar garantias.

- Os juros são subsidiados, proporcionando ao tomador retorno garantido.

- Propicia ao pequeno produtor, investimentos de estruturação que lhe asseguram,

uma maior estabilidade econômica e familiar.

- Fixação do homem no meio rural.

As atividades de Crédito Rural, se direcionaram na sua maioria para o

acompanhamento e orientação técnica aos produtores dos projetos do Projeto de

Assentamento Humaitá que haviam recebido os recursos do PROCERA da primeira fase

nos anos de 88/89 e 90.

No exercício de l.990, o crédito rural elaborou 20 projetos, dos quais beneficiou

somente 12 produtores, coube ainda realizar o acompanhamento aos produtores que

estavam com seus projetos definitivos do PROCERA - 2a (Segunda) fase elaborados desde

l.989, cabendo a assistência técnica e a extensão rural, fazer o acompanhamento na

aplicação desses recursos e prestar orientação técnica aos financiados.

Com a mudança de governo no mês de março, e a implantação de uma nova

política econômica no país, os recursos do PROCERA, que são oriundos do INCRA,

foram suspensos imediatamente, ficando os serviços de assistência técnica e extensão

rural com os projetos definitivos parados, o que beneficiaria 284 pequenos produtores do

Projeto de Assentamento Humaitá.

Em cumprimento ao Art.159, inciso I, alínea c da Constituição Federal, foi criado

o Programa de Aplicação dos Recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do

Norte - FNO., constituindo-se no momento, na única fonte de recursos para produtor rural

do nosso Estado e por conseqüência do Projeto de Assentamento em estudo.

Em l.99l, com a nova política econômica e as Linhas de Crédito Rural existentes

nos agentes financeiros, com encargos financeiros mais a taxa referencial e exigências de

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garantias reais os pequenos produtores rurais, público prioritário da assistência técnica e

extensão tem acesso restrito, sendo beneficiados uma minoria de médios e grandes

produtores.

Para que os pequenos tenham acesso ao Crédito Rural, torna-se necessária Linhas

de Crédito com encargos financeiros subsidiados e normas operacionais mais acessíveis a

região Amazônica.

No ano seguinte, as ações referentes ao Crédito Rural, em quase nada se

modificaram com relação ao ano de l.99l, quanto ao número de pessoas beneficiadas. Tal

fato se explica pelas normas operacionais definidas pelos agentes financeiros, tais como:

encargos financeiros mais a taxa referencial e as garantias, que tem dificultado a

aplicabilidade dos recursos disponíveis .

Por outro lado vale ressaltar que o esforço integrado das instituições, captaneadas

pelo governo estadual, proporcionaram as condições mínimas necessárias ao acolhimento

de propostas ao acompanhamento técnico na execução dos projetos contratados.

Para um avanço mais considerável, faz-se necessário uma profunda avaliação e

revisão das linhas de crédito existentes, visando adaptá-las as reais necessidades dos

pequenos e médios produtores rurais.

A linha de Crédito Rural teve grande importância dentro do meio rural acreano e

em especial no Projeto Humaitá no ano de l993, como fonte de capital para investimento

agropecuário, ficando muito a desejar no aspecto de custeio agrícola. A EMATER-ACRE

elaborou junto aos agentes financeiros, os projetos quantificados, adequando-os às reais

necessidades das unidades produtivas. (tabela abaixo)

TABELA VIII

PROJETOS ELABORADOS PELA EMATER ACRE

Linha de Crédito 1990

Estado Humaitá

1991

Estado Humaitá

1992

Estado Humaitá

1993

Estado Humaitá

Procera 208 20 232 - - - 1.503 192

Prorural - - - - - - 538 85

Fonte: Emater Acre

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No ano de l.994, os pequenos produtores rurais assentados no Projeto Humaitá,

buscaram viabilizara seus empreendimentos através de uma significativa demanda de

recursos do PROCERA, PRORURAL E FNO Normal, conforme pode ser observado a

seguir:

TABELA IX

PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA EMATER-ACRE - 1994

Municípios Procera Prorural FNO Normal

Elaborados Contratados Elaborados Contratados Elaborados Contratados

Cruzeiro do Sul 358 354 360 355 06 06

Tarauacá 48 - 30 09 08 -

Feijó - - 26 - 08 -

Brasiléia 20 - 438 201 18 04

Xapurí - - 35 35 17 -

Acrelândia 22 11 25 - - -

Rio Branco 428 169 127 03 06 02

Bujarí 06 05 10 10 02 -

Plácido de Castro 65 06 49 49 - -

Porto Acre-Humaitá 29 - 23 15 - -

Sena Madureira 10 - 09 - 10 -

Senador Guiomard - - - - 02 -

Total do Estado 986 545 1.132 677 77 12

Fonte: Emater/Acre (1.994)

A EMATER-ACRE dentro de suas possibilidades procurou viabilizar a demanda de

Crédito Rural pelos produtores, entretanto, devido a falta de recursos e a burocracia dos

órgãos federais, pouco mais de 57% dos financiamentos pretendidos foram aprovados. A

nível de Estado do Acre, o total dos recursos liberados aos produtores rurais, de acordo

com as linhas de crédito, foi o seguinte:

Page 58: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

PROCERA ................................................................R$ 1.429.270,00

PRORURAL .............................................................R$ 2.966.515,00

FNO NORMAL .........................................................R$ 219.000,00

Atualmente, o crédito rural , através dos programas do Governo Federal Fundo

Constitucional do Norte (FNO) e do Programa de Crédito Especial da Reforma

Agrária (PROCERA), constitui-se no principal instrumento de política agrícola do

Estado, o qual tem possibilitado à dezenas de produtores melhorias significativas na

unidade produtiva e, consequentemente, na renda familiar.

Em l.995, a EMATER-ACRE manteve seu trabalho de acompanhamento e

orientação aos 3.594 (no Estado) e 463 (no Humaitá) produtores contemplados em

anos anteriores, bem como, viabilizou 1.120 novos projetos para captação de

recursos, sendo que apenas 473 projetos foram contratados e liberados pelo banco.

Em decorrência da fragilidade operacional dos agentes financiadores,

somente 42% dos projetos elaborados foram efetivamente liberados. O total de

recursos liberados aos produtores de acordo com a linha de crédito, foi o seguinte:

PROCERA .................................................................R$ 1.049.305,00

PRORURAL ..............................................................R$ 632.386,00

FNO NORMAL .........................................................R$ 979.115,00

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TABELA X

PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA EMATER ACRE POR MUNICÍPIOS - 1995

Municípios Procera Prorural FNO Normal

Elaborados Contratados Elaborados Contratados Elaborados Contratados

Cruzeiro do Sul 17 17 31 - - -

Tarauacá 31 29 10 - 10 -

Feijó - - 23 - 09 09

Brasiléia - - 190 81 - -

Xapurí - - 05 - 25 04

Acrelândia 95 86 48 - 03 -

Rio Branco 120 84 74 - 20 04

Bujarí - - - - 06 03

Plácido de Castro 70 58 89 - 08 -

Porto Acre/Humaitá 30 26 01 - 07 01

Sena Madureira 36 - 54 - 14 -

Senador Guiomard - - - - 06 02

Epitaciolândia - - 23 23 08 08

Mâncio Lima 24 24 - - - -

Nova Califórnia - - 39 - - -

Manuel Urbano 14 14 - - -

Total do Estado 437 338 587 104 116 31

Fonte: Emater Acre

Em 1.996, o crédito rural teve uma significativa participação no processo de

desenvolvimento rural, devido a operacionalidade do sistema de contratação dos projetos

elaborados pela EMATER-ACRE. O Programa do governo Federal Fundo constitucional

do Norte (FNO) apresentou melhorias significativas na sua funcionalidade e consolidou-

se como instrumento de política agrícola do Estado, possibilitando investimentos à 1.358

produtores rurais no Estado na ordem de R$ 12.863.880,00 (doze milhões oitocentos e

sessenta e três mil, oitocentos e oitenta reais) e 36 pequenos produtores rurais no PAD.

Humaitá, sendo 05 no PROCERA, com valor médio de 4.760,00 (quatro mil setecentos e

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sessenta reais) e 3l produtores no PRORURAL com o valor médio de 8.598,00 (oito mil

quinhentos e noventa e oito reais) para cada produtor.

Os recursos contratados segundo as linhas de créditos, bem como, o número de

projetos elaborados e contratados no Estado, capital e Projeto Humaitá, encontram-se a

seguir:

PROCERA ................................................................R$ 1.494.538,00

PRORURAL .............................................................R$ 8.263.042,00

FNO NORMAL .........................................................R$ 3.106.300,00

3.3 - Crédito Rural e Uso da Terra

Na área do PAD Humaitá o uso da terra segue, basicamente, as categorias

contempladas pelo estudo que são: a) lavoura permanente (envolve as culturas ditas

perenes e semi-perenes, como abacaxi, banana, mamão, maracujá e cana-de-açúcar); b)

lavoura temporária; c) pastagem; d) descanso; e) mata.

Em l.988, a UFAC realizou uma pesquisa em todo o Projeto de Assentamento

Humaitá, envolvendo todas as 951famílias assentadas pelo INCRA (100%), onde

observou o comportamento econômico das lavouras brancas, naquela área.

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TABELA XI

PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS, CONTRATADOS E EXISTENTES POR MUNICÍPIOS- EMATER/ACRE - 1.996

MUNICÍPIOS

PROCERA TOTAL PRORURAL TOTAL FNO NORMAL TOTAL TOTAL

GERALProjeto

Elaborado

Projeto

Contratado

Projeto

Remanescente

Projeto

Existente

Projeto

Elaborado

Projeto

Contratado

Projeto

Remanescente

Projeto

Existente

Projeto

Elaborado

Projeto

Contratado

Projeto

Remanescente

Projeto

Existente

Cruzeiro do Sul 22 19 875 894 32 26 293 319 01 - 16 16 1229

Tarauacá - - 19 19 14 - 23 23 07 07 12 19 61

Feijó - - - - 30 29 - 29 09 09 18 27 56

Brasiléia 42 - 750 750 28 28 359 387 05 03 12 15 1152

Xapuri - - - - 58 58 47 105 19 19 25 44 149

Acrelândia 27 15 458 473 265 265 93 358 03 03 04 07 838

Rio Branco 187 187 1.108 1.295 101 85 200 285 23 22 22 44 1.624

Bujarí 01 01 41 42 08 - 10 10 02 02 06 08 60

Plácido de Castro 11 03 320 323 268 268 197 465 04 04 05 09 797

PortoAcre-Humaitá 07 05 463 468 43 31 77 108 03 03 06 09 585

Sena Madureira 38 38 710 748 104 77 - 77 12 08 18 26 851

Mâncio Lima 38 36 340 376 48 11 54 65 - - - - 441

Manoel Urbano 10 10 14 24 27 13 - 13 - - - - 37

Epitaciolândia - - - - - - 72 72 - - 04 04 76

Assis Brasil - - - - - - 39 39 - - - - 39

Sen. Guiomard - - - - 70 70 36 106 05 03 07 10 116

Total do Estado 383 314 5.098 5.412 1.096 961 1.500 2.461 93 83 155 238 8.111

Fonte: Emater Acre (1996)

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TABELA XII

USO DA TERRA NO PAD HUMAITÁ NO ANO DE 1.988

USO ATUAL

DA TERRA

ÁREA

PLANTADA (ha)

% PRODUÇÃO

(t)

PRODUTIVIDADE

POR ÁREA (ha)

Arroz 1.204 1,9 1.380,5 1.500

Feijão 466 0,7 125,4 500

Milho 1.600 2,5 2.029,2 2.000

Mandioca 735 1,2 20.205,4 18.000

TOTAL 4.005 6,3 23,740,5 -

Fonte: EMATER/ACRE - 1.989

Fonte: EMATER/AC, 1989

Page 63: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

Fonte: Convênio INCRA/FAO/PNUD/UFAC - Pesquisa sócio-econômica

Após sete anos da realização da primeira pesquisa de levantamento da produção

agrícola no Projeto Humaitá, no ano de 1.995, houve o segundo levantamento, abrangendo

o universo de 100% dos produtores/parceleiros, cuja finalidade era realizar o

levantamento da propriedade para ver a percentagem de empréstimos do Crédito.

O levantamento foi realizado pela EMATER-ACRE, órgão responsável pelo

Rural Especial (PROCERA/PRORURAL), que seria destinado aos assentados no tocante

ao levantamento da propriedade, elaboração do projeto e assistência técnica, eis os dados

que foram coletados:

Page 64: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

TABELA XIII

PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ - 1.995

CULTURA PRODUTORESÁREA

PLANTADA (ha)

PRODUÇÃO

(toneladas)

PRODUTIVIDADE

(kg/ha)

ARROZ 427 588 882 1.500

FEIJÃO 494 509 254,5 500

MILHO 461 781,4 1.562,8 2.000

MANDIOCA 330 418,5 7.533 18.000

Fonte: CPLAN - EMATER/ACRE, 1995

Fonte: CPLAN-EMATER/ACRE - 1.995

Page 65: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

Fonte: Convênio INCRA/FAO/PNUD/UFAC - Pesquisa Sócio-econômica.

TABELA XIII

PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ - 1.995

CULTURA PRODUTORES ÁREA

PLANTADA

PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE

kg/há

ARROZ 427 588 882 1.500

FEIJÃO 494 509 254,5 500

MILHO 461 781,4 1.562,8 2.000

MANDIOCA 330 418,5 7.533 18.000

Fonte: EMATER-ACRE - 1.995

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Levando em consideração à confrontação dos dados sobre as culturas

pesquisadas, observamos que a lavoura de arroz que chegara a atingir a cifra de 1.380,5

toneladas para uma área de plantio de 1.204 ha., com um total de 981 produtores no ano

de 1.988.

Entretanto no ano de 1.995, a produção atingiu o patamar apenas de 882 toneladas,

reduziu-se para uma área de 588 ha., e somente 427 pequenos produtores trabalharam com

o cultivo do arroz. A produtividade manteve-se constante, em torno 1,5 toneladas, o que

houve foi a redução do plantio de 48% da área. Consequentemente a produção também foi

afetada, tendo uma queda de forma vertiginosa, com uma redução de 64%. Tal fato é

atribuído ao baixo preço da cultura e ao alto custo de produção, devido as condições

edafoclimáticas, que contribuem para o grande número de pragas e doenças.

A área destinada ao cultivo da mandioca, também teve uma redução de 43,6%,

pois em 1.988, esta correspondia 735 ha., caiu para 418,5, em 1.995, reduzindo-se em

316,5 ha. A produção caiu bruscamente de 20,5 para 7,5 toneladas, redução de 63,4%.

Segundo alguns colonos, o fato nesta queda da produção deu-se devido ao longo período

de estiagem n o ano de 1.995.

Pedro Nagib Bertoleza (1.997) relata a queda do feijão e do milho, fazendo um

comparativo entre o ano de 1.988 e 1.995, ao relatar que:

“Com relação a plantação de feijão, a área plantada em 88 foi menor

que a de 95 - 466 contra 509 hectares. Sua produção também foi menor -

125,5 contra 254,5 toneladas. Esses fenômenos ocorreu, segundo os

moradores, devido o consórcio de culturas arroz/milho/capim e quando se

colhia as duas primeiras o capim já havia se tornado em pastagem: A gente

tinha pressa em fazer o pasto para os bezerros, senão eles iam morrer de

fome e eu não queria perder um animal com tanto sacrifício que tive para

adquirir”.22

E prossegue a entrevista –

“O milho também foi um produto que teve sua produção reduzida de forma

bastante acentuada. Da produção de 2,29 toneladas do produto em 1.988, foi

reduzida para apenas 1,56 toneladas em 1.995. Segundo os plantadores, esse

22 - Entrevista concedida a Pedro Nagib da Silva Bertoleza pelo parceleiros do Projeto Humaitá, em setembro de 1.996.

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fato se dá pelo consorcio do milho com o capim, quando da broca de capoeiras

para a formação de pastagens”.

“Como agora existe menos capoeira, menor se dá o consórcio”. – conclui.

Assim nota-se que as áreas agro-pastorís, crescem com bastante intensidade, pelo fato de

que esta encontra-se consorciada com quase todas as lavouras ditas de subsistência,

contribuindo para a formação de pastagens racionais, o que motiva, ou melhor incentiva a

pecuarização nos lotes, estimulando a concentração fundiária no Projeto Humaitá.

3.4 - Pecuarização e Concentração Fundiária

3.4.1 - Pecuarização no PAD Humaitá

No Acre, a grande procura por suas terras, por parte dos empresários de fora ,

ocorreu na década de 70, via incentivos fiscais com o objetivo de atrair investimentos

nacionais e estrangeiros para o desenvolvimento da região, conforme o plano de

valorização da Amazônia.

Nos apelos feitos pelo Governador Wanderley Dantas (1.970/74), ao empresariado

do centro-sul, os incentivos fiscais do Decreto-Lei 291/67, bem como adoção da

agropecuária como atividade econômico básica a ser desenvolvida, foram argumentos

principais utilizados em sua política de abrir as porteiras do Acre. Além dos inúmeros

incentivos por parte do Governo Federal, o governo estadual oferecia os serviços dos

órgãos estatais para elaboração de projetos agropastoris e a necessária estrutura de apoio á

implantação dos projetos. Como apoio financeiro, oferecia os recursos do BANACRE,

BASA e Banco do Brasil, com juros baixíssimos e longo prazo de carência e pagamento.

Argumentava ainda sobre a fertilidade das terras, seu potencial madeireiro, o rentável

extrativismo vegetal e a heveicultura, mas a cima de tudo, o baixíssimo custo das terras e

a crescente demanda do mercado, como também a facilidade de em um futuro próximo se

exportar pelo Oceano Pacífico

Mediante tanta facilidade, iniciou-se o processo de especulação fundiária,

conjuntamente com a insolvência dos seringais, conforme alertava o deputado Nabor

Júnior (1974), em uma reunião da CPI do Sistema Fundiário.

Page 68: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

(...), a partir do momento em que o BASA passou a se retrair ou a conceder

empréstimos aos seringalistas em época inadequada, impedindo que eles

abastecessem os seringais e levando-os ao declínio (...), o BASA é o responsável

direto pela transferência do domínio das terras do Acre, onde se exercitava a

extração da borracha para estes investidores do Sul, que hoje pensam

exclusivamente na implantação de projetos agropecuários.

A estrutura fundiária do Acre que já era super concentrada, em função das

características extrativista da borracha, agravou-se ainda mais a partir das ultimas três

década quando inicia-se o processo de desmatamento intensivo, aliado ao formação das

grandes pastagens, expulsão dos seringueiros e êxodo rural, contribuindo para o

crescimento dos bairros periféricos e das favelas ao redor das cidades.

O crescimento da pecuária como forma de reduzir a intensidade de mão-de-

obra de que se ocupa a agricultura, sempre foi a principal fonte de renda dos grandes

latifundiários, e agora vem se tornando uma das principais fontes de recursos dos

médios e pequenos produtores naquela localidade.

Como fonte informativa desse crescimento acelerado da pecuária no projeto

estudado, o comparativo do Censo do IBGE-ACRE, nos dá maiores detalhes, conforme

mostra-nos a tabela abaixo:

TABELA XIV

PRODUÇÃO BOVINA NO PROJETO DE ASSENTAMENTO HUMAITÁ - 1.988/95

ANO PRODUTORES PASTAGENS (ha) CABEÇAS

1.988 355 3.033 3.072

1.995 657 7.793 12.264

Fonte: Anuário Estatístico IBGE (1.996)

Para maior ilustração, o gráfico XVI, mostra o crescimento de 1.988 e 1.995,

como também seus avanços em termos percentuais.

Page 69: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

Fonte: BERTOLEZA (1.997)

No Censo agropecuário de 1.988, o número de criadores de gado do Projeto,

restringia-se apenas a 355 parceleiros, com uma média de 9,4 animais bovinos por

produtor, cujo o rebanho era composto de 3.072 cabeças. Entretanto, em 1.995, com a

grande intensidade do crédito rural naquela localidade, o número de criadores passou para

657 pequenos produtores e o rebanho praticamente quadruplicou-se, indo para o patamar

de 12.2064 cabeças, subindo a média de 9,4 para uma média de 19 cabeças por produtor.

Nesse intervalo de tempo compreendido de sete anos, apenas 142 parceleiros residente no

Projeto, isto é, apenas 17,78% desses produtores ainda não possuíam criação bovina.

Mesmo com esse aumento tão grande na pecuária, o desmatamento para a

formação de pastagem não teve o mesmo ritmo, uma vez que passou de 3.033 ha. , em

1.988 para uma cifra de 7.793 ha., em 1.995, ou seja, 257% de aumento da área de

desmatamento.

Page 70: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

Para explicar tamanho contraste entre desmatamento e formação de pastagem, é

que o colono não desmata apenas pelo fato de transformar sua área de mata em área de

pastoreio, isto é, área de pecuária, pois em um primeiro plano, ele cultiva a terra com as

lavouras brancas para em seguida executar o plantio do capim.

Fonte: BERTOLEZA (1.997).

Apesar de ainda está crescendo a pecuarização no Projeto, não é tão alarmante,

pois, o rebanho existente ainda é de pequeno porte, servindo somente para atender

algumas necessidades primárias e/ou imediatas dos produtores, levando-se em conta que

a produção média fica em trono dos 15 litros de leite por produtor.

Em entrevista concedida por produtores a Pedro Nagib Bertoleza, este explicam o fato da

criação bovina pelo seguinte aspecto:

"Prá quê ficar perdendo tempo com a história de plantar arroz., macaxeira e

feijão, se com o leite do gado, eu vou na feira e compro tudo isso ? Além do mais, dá

menos trabalho criar gado. Nasce menos mato menos mato no campo do que no roçado."23

"O governo não dá condições da gente trabalhar. Os financiamentos são para uns

poucos. Quem mora na beira do asfalto tem mais facilidade. As estradas são ruins, as

23 - Entrevista realizada por Pedro Nagib da Silva Bertoleza, aos parceleiros do PAD Humaitá (1996).

Page 71: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

pontes estão caindo e não dá nem prá gente tirar a produção no inverno porque aqui não

passa transporte."24

Logo se ver que na visão do parceleiro e do ponto de vista das transformações

econômicas que vem ocorrendo, a criação de gado é a atividade que reveste de alguma

importância, onde eles conseguem acumular algumas reservas que são aplicadas na

aquisição de terra quando aparecem lotes à venda. Tendo o gado como reserva financeira,

o colono só o vende quando há uma necessidade imediata ou para investir em um bem de

futuro promissor (terras).

Assim a criação de gado vai ocupando cada vez mais espaço na pequena

propriedade em detrimento à expansão das lavouras. A pecuária é considerada uma

atividade rentável e menos dispendiosa do que a agricultura; onde muitos colonos

pretendem se dedicar a esta atividade e reduzir as áreas com lavouras aos mínimos

necessários ao consumo. Representa no seu ponto de vista a mais viável forma de

capitalização do produtor.

3.4.2 - Concentração Fundiária, o primeiro passo para o retorno do

Latifúndio no Projeto Humaitá.

Em 1.988, data em que foi realizada a pesquisa sócio-econômica, o PAD Humaitá

possuía um total de 951 famílias rurais assentadas, caracterizadas em sua totalidade como

pequenas propriedades. Mesmo assim , já acontecia a rotatividade com a venda de terras,

mas geralmente acontecia a relação um comprador para cada parcela.

Entretanto, com a realização da nova pesquisa de 1.995, já notou-se mudanças no

processo de negociações de compra e venda. De um total de 951 parcelas existentes em

1.988, designadas de minifúndio produtivo, passa para 768 pequenas propriedades em

1.995, causando mudanças no quadro anteriormente pesquisado que ficou assim

distribuído: 03 grandes produtores, 28 médios e 768 pequenos produtores. E com isso

queremos mostrar que em um período de apenas sete anos 31 pessoas açambarcaram 183

parcelas do Projeto, contribuindo negativamente para uma concentração de terras em

19,24%, ocasionando mudanças no aspecto social e contribuindo para formação de um

24 - Idem

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novo mapa geo-sócio-econômico daquela localidade e alterando as relações sociais e de

trabalho de uma parcela de sua população. Por conseguinte, nota-se que a concentração e

acumulação de terras, localizou nas áreas mais favorecidas e de fácil acesso, como às da

margem do Rio Acre e nas estradas asfaltadas, que com pouco investimento de capital

tornam-se cada vez mais valorizadas.

Quando se verifica o percentual de 19,24%, observa-se que este encontra-se a um

nível de concentração abaixo da média brasileira que gira em torno 22,0% e,

consequentemente, bem mais abaixo do nível que atinge a Região Norte que é 27,0% e,

sempre em lugares favorecidos.

Segundo em levantamento da FAO no Brasil, esse fenômeno ocorre devido a

distância vinculada à deficiência de meios de transporte, o que leva o produtor a 'sérios

prejuízos em suas safras, com relação ao escoamento da produção, declínio da fertilidade

da terra, baixo preços e deficiência no armazenamento em seus lotes:

"Decepcionado com a lavoura, o agricultor forma pastos nas suas terras do arroz

e muda de atividade. Abrem-se três leques de possibilidade:

a) Vende ou arrenda o lote para fazendeiros pecuaristas;

b) Ele se dedica à pecuária;

c) Ele se dedica à venda de madeira de forma crescente. Obviamente que esta

alternativas podem acontecer de forma combinada, ou seja, arrendando parte de

suas terras, cortando madeira, e colocando o gado para nelas pastar."25

Fato importante a ser destacado é a questão do abandono dos lotes pelas famílias

que recusam-se a vender sua propriedade, mas buscam a posse de um lote de terra na área

urbana do Projeto do Humaitá, nas proximidades da sede do INCRA - entrada do Projeto -

, ou na localidade denominada "V", passando a residir em condições sub-humanas,

enfrentando todas as mazelas da vida periférica das cidades, no mais das vezes, sem

energia elétrica, sem saneamento básico e sem qualquer infra estrutura que lhes dê a

dignidade de um ser humano.

Todavia, o que mais leva estas famílias a sujeitarem-se a essas intempéries do

convívio social é o fator EDUCAÇÃO que está diretamente ligado a seus filhos, pois nos

ramais onde residem, as condições escolares só perduram o ensino primário, isto é, até as

25 - INCRA: Principais indicadores da Reforma Agrária, (1.992), apud Bertoleza (1.997).

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quatro primeiras séries do primeiro grau e ao chegar o final desta jornada, os pais fazem o

possível para verem seus filhos terem seu ingresso no ginásio, persistindo até o segundo grau.

Por fim, existe a questão da deficiência no aspecto SAÚDE, que também

contribui para que haja um número maior de vendas das parcelas e assim aumentando a

concentração fundiária no Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) Humaitá.

Page 74: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

CONCLUSÃO

1 - USO DA TERRA E ESTRUTURA DA PRODUÇÃO

AGROPECUÁRIA

Nas condições, posse e uso da terra, o INCRA, conseguiu emitir a titulação

definitiva de apenas 626 pequenos parceleiros, de um universo de 951 existentes no

projeto desde sua implantação; e uma das causas principais na demora dos parceleiros

ainda não adquirirem seus títulos definitivos é devido às constantes mudanças de

proprietários das unidades produtivas.

Os resultados obtidos sobre as condições de uso da terra, revelam que há um

decréscimo da área média destinada à culturas temporárias e um aumento significativo da

área destinada à pastagem, o que reforça ainda mais a afirmativa anterior do surgimento

de um novo modelo de exploração econômica no Projeto de Assentamento Humaitá.

Nosso trabalho de campo, revelou que as áreas em processo de desmatamento

estão ocorrendo com maior freqüência, mais intensidade e em maiores escalas. Segundo

Bertoleza (1.997) - a quantidade de terra desmatadas no ano de 88, somando-se às de

pastagem e roçados eram em média de 4,5 hectares por colono. Ao passo que no ano de

1.995 essa área subiu para 10,4 hectares por colônia. No mais das vezes, esses

desmatamentos ocorrem sem orientação, ocasionando sérios riscos ao ecossistema,

danificando assim a fauna, a flora e o sistema hídrico.

A estrutura agropecuária mostra-nos que a produção agrícola, não teve aumento na

produção e a produtividade tornou-se a mesma, com rara exceção na produção de feijão;

em contrapartida as demais culturas como o milho, mandioca e o arroz tiveram redução

significativa nos índices de 68%, 63,5% e 64%, entre os anos de 1.988 e 1.995. No

entanto, a pecuária apresentou um crescimento de 392% no intervalo dos sete anos

estudados, indo ao contrário dos objetivos de implantação do Projeto de Assentamento.

No que diz a respeito à produção extrativista nativa, pode-se afirmar que esta

atividade não representa mais uma alternativa econômica para o conjunto da população;

porém a exploração madeireira de forma racional é a única que ainda perdura, no

assentamento como forma de complementação renda familiar por alguns parceleiros do

PAD Humaitá.

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2 - A ESTRUTURA DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA, DO CRÉDITO

RURAL E FINANCIAMENTO NO ACRE E NO PAD HUMAITÁ.

No Acre, os baixos rendimentos da terra e do trabalho, as reduzidas áreas

cultivadas, o sistema de cultivo e uso da terra pelos colonos, reflete o baixo grau de

absorção das informações técnicas transmitidas aos colonos e a sua resistência ou

impossibilidade em aceitar novas adaptações tecnológicas e adotar novas técnicas.

O produtor é sempre muito resistente às mudanças, principalmente os pequenos

que dependem de sua produção para sua subsistência. A mudança representa uma

incerteza, um salto no escuro. É como alguns profissionais da área de pesquisa e extensão

ouvir frases como estas:

"... não acho necessário assistência técnica, o caboclo tem que

saber se orientar, porque se a não der bons resultados, quem perde o

trabalho é o colono e não o técnico..." "...o técnico uma vez veio aqui

ensinar a gente plantar, mandou que fizesse leira no mato cortado e eu falei

que não dava certo, por que o mato espalhado mantém o chão molhado..."

"... os técnicos orientam, mas a gente não aplica os ensinamentos deles

porque não dá certo..." "... quando dá praga na plantação quem resolve é a

providência divina..."

Estes fatos indicam que o colono, isto é, o pequeno produtor rural não está de fato,

disposto a absorver uma orientação na qual ele não confia e que não vai mudar essa

tradição transmitida de geração para geração

Por outro lado, o produtor rural tem uma imagem negativa do técnico sendo até

mesmo cético em relação as informações prestadas por eles.

" ... a orientação dos técnicos é muito fraca, eles deveriam ter mais

disposição para o trabalho..." "...quando vieram aqui não orientaram

nada..." " eles fizeram teste noa terrenos do vizinho empregando adubo no

cultivo de arroz, mas não deu nada..." "eles não entendem nada de lavoura ,

são muito fracos...".

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Para o parceleiro, os técnicos ligados ao ramo agropecuário, precisam aprender na

prática aquilo que eles estudaram, muita vezes, em regiões de condições naturais muito

diferentes daquelas em que estão trabalhando.

No Acre as atividades de créditos e financiamento rural, em anos anteriores ao ano

de 1.988, se direcionaram na sua maioria para alguns projetos de pecuária e custeio

agrícola, pois a posição dos parceleiros em relação ao financiamento bancário é de medo.

Para alguns produtores rurais menos esclarecidos, a assistência técnica e o

financiamento bancário são fatores prejudiciais para a sua permanência no campo. O

parceleiro, acha que o técnico vai até a sua propriedade para oferecer financiamento

bancário, mas segundo o produtor, o que eles querem:

"... é derrubar o colono..."

"... é tirar a camisa do produtor..."

"... é vender coisas que o colono não precisa ."

Diante de tanto insegurança, o produtor rural ainda é receoso em aceitar o

financiamento agropecuário, pois na situação em que se encontra a pequena produção no

que tange ao nível tecnológico e a precariedade das condições de transporte para o

escoamento da produção, associado a um antecedente histórico de endividamento

permanente do sistema de aviamento, faz com que o produtor rural se esquive em fazer

financiamento, mesmo a juros baixos e subsidiados. O temor de todos é perder a colônia

conforme se pode perceber nesta narrativa:

"... nunca precisei de banco e não quero ficar endividado..." " ...não faço

financiamento, porque se não der legume suficiente para pagar , eles ficam

até com a colônia...." "A coisa que tenho mais medo neste mundo é ficar

devendo o banco, por isso não faço financiamento...".

Contudo aqueles que demonstram fazer o financiamento especial como o

PROCERA e PRORURAL, com interesse de melhorar seu nível de vida sócio-

econômico, enfrentam problemas de ordem burocráticas por parte dos agentes financeiros

e/ou por parte do agente fundiário, pois não possuem os documentos necessários

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concedidos pelo INCRA, tais como o cartão de assentamento, declaração de assentado ou

licença de ocupação, ficando marginalizados por não possuírem alguma coisa que

comprove a posse ou propriedade da terra, mesmo sendo até posseiro de antigos seringais.

O Crédito Rural de financiamento de parte do PROCERA E DO FNO Especial, a

partir 1.994, com novas normas e alterações de normas anteriores e visava reduzir a

pecuarização e reiniciar o processo de incentivo de culturas permanentes, como a

citricultura, maracujá, pupunha. Contudo, a pecuarização continuou intensificando, pois

parte dos produtores implantavam as culturas permanentes com recursos próprios, ficando

com os recursos financiados para investir na bovinocultura como forma de assegurar a

quitação do débito contraído com o financiamento.

Porém, mesmo com tanto malabarismo por parte do colono, o índice de

inadimplência entre os produtores financiados é muito grande. Neste contexto, a

EMATER, através de seus extensionistas, é o órgão responsável pela "informação

creditícia, levantamento da propriedade, elaboração do projeto, acompanhamento do

processo de empréstimo e supervisão crédito rural."26

O Banco ao conceder o financiamento, em si, exige a apresentação do projeto de

aplicação dos recursos, aprovado pela EMATER, para concessão do crédito. Assim os

produtores com financiamento bancário passam a ter prioridade sobre aqueles que não

tiveram acesso ao crédito rural. A assistência e orientação técnica e financeira são duas

questões que guardam entre si um certo grau de interação.

A assistência técnica e orientação creditícia é um direito do proprietário e um dever

do Estado, não podendo ser restringido à condições determinadas, mas extensiva a todos os

produtores rurais de forma a melhorar as condições de vida e ampliar a produção

agropecuária. O financiamento bancário não se constitui em uma pré-condição necessária

para aumentar a produção, a produtividade, e, melhorar as condições de vida do pequeno

proprietário, este vem acompanhado de uma série de fatores endógenos à pequena produção,

tais como: escoamento, armazenamento, transporte, comercialização entre outros.

26 - Segundo a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR): "Crédito rural supervisionado é um tipo de crédito educacional que inclui ensinamentos sobre a administração da propriedade e do lar, além do financiamento para ajudar as famílias rurais a melhorar as condições de vida. (...) inclui a análise dos recursos de que a família rural dispõe, os melhoramentos que poderão ser feitos, as necessidades de capital para realizar as melhorias, a solidez financeira das operações e um plano para atingir os objetivos". ABCAR - Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural apud Rodrigues , 1994:164).

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Portanto, chegamos a concluir que o CRÉDITO RURAL SUBSIDIADO

(ESPECIAL), é mais uma forma de subordinação do produtor rural ao capital financeiro,

pois seu vínculo e dependência ao capital mercantil é bem mais antigo.

Para que se conceda o financiamento bancário é necessário introduzir algumas

mudanças na concepção dos parceleiros assentados, com relação ao sistema de cultivo e

uso da terra conforme já se referiu anteriormente, respeitando a experiência do pequeno

produtor e adaptando sua prática às novas tecnologias produtivas.

Não é através do crédito rural que vai se conseguir aumentar a produção e

melhorar as condições de pobreza dessa classe de produtores, mas através de medidas

educacionais que o faça Ter maior participação e permitam a eles apontarem as soluções

para os problemas que os afetam.

Segundo Manoel Calaça (1983:216):

" O pequeno produtor apesar de deter a posse e propriedade da terra e dos

instrumentos de trabalho necessários ao cultivo, não deixa de ser um

proletário, transvertido de proprietário - um trabalhador para o capital. O

lucro e a renda da terra são expropriados pelos bancos sob forma de juros,

e pelo intermediário que se interpõe no processo de comercialização, tanto

dos produtos que vende quanto dos produtos que compra."

TABELA XV

PROJETO DE ASSENTAMENTO HUMAITÁ

PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ESPECIAL ELABORADOS (E) E

CONTRATADOS (C) DE 1988 À 1995.

PROGRAMA 1988 89 90 01 92 93 94 95

E C E C E C E C E C E C E C E C

PROCERA 250 208 80 64 20 12 - - - - 192 166 - - 18 13

PRORURAL - - - - - - - - - - 85 62 23 15 - -

Fonte: Coordenaria de Operações -EMATER/ACRE (1997)

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Observação:

PROCERA: Valor médio de recursos por produtor - R$ 4.760,00

PRORURAL: Valor médio de recursos por produtor - R$ 8.598,00

t

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BIBLIOGRAFIA

&

ANEXOS

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BIBLIOGRAFIA

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(org.). Políticas agrícolas e o comércio mundial. Brasília: IPEA, l.994.

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AFONSO, Artur C. et alli; Fontes de recursos para o crédito rural. Trabalho apresentado

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ANDRADE, Francisco Gomes de. Assistência técnica, extensão rural e a pequena

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CALAÇA, Manoel. Características da pequena produção no Estado do Acre. Rio Claro,

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CAVALCANTI, José T. S. Colonização no Acre, uma análise sócio-econômica do Projeto

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DELGADO, Guilherme. Tendências da demanda agrícola face a política econômica.

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DUARTE. Élio Garcia, Conflitos pela terra no Acre: a resistência dos seringueiros de

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MARTINE, George. A trajetória da modernização agrícola: a quem beneficia?. Ed. Lua

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das políticas públicas: uma abordagem teórica e evidências empíricas ao nível da

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ANEXO I

PROCERA:

Normas de Administração, Gerais e Operacionais.

CAPÍTULO I

OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS

DO OBJETIVO

Artigo 1º - As presentes normas visam a atualizar e consolidar as Normas Operacionais

do PROGRAMA DE CRÉDITO PARA A REFORMA AGRÁRIA-PROCERA,

disciplinadas pelos seguintes instrumentos legais:

Votos do Conselho Monetário Nacional-CMN n.º 46/85; CMN n.º 232/90; n.º 86/92;

Portarias Interministeriais n.º 218/92; n.º 546/95.

Votos CMN n.º l27/94, CMN n.ºs 101/95; 123/95; 134/95 e 135/95.

Lei n.º 9.126, publicada no D.O.U. de 13 de novembro de 1.995

DA DESTINAÇÃO DO CRÉDITO

Artigo 2º - O PROCERA apoiará a implantação de projetos de desenvolvimento

econômico nas áreas de assentamento que atendam estas Normas Operacionais, com as

seguintes condições:

O apoio financeiro será concedido para aplicação na estruturação da capacidade produtiva

dos agricultores assentados exclusivamente em projetos criados ou aprovados pelo

INCRA, com vistas à consolidação e a sustentabilidade das unidades produtivas;

Para cada assentamento poderá ser concedido apoio financeiro em mais de uma etapa,

decorrente da diversidade de estágios de conhecimento da área e da maturidade sócio-

economica e organizacional do assentamento;

Os projetos deverão estar compatíveis com o “Relatório Técnico de Avaliação do

Potencial da Área”, relativo a cada assentamento, elaborado, por recomendação do

INCRA, por equipe técnica especialmente credenciada para tal, e apreciada pela Comissão

Estadual do PROCERA;

Os assentados participarão na elaboração, implantação e avaliação dos projetos;

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Os financiamentos para repasse através de cooperativas ou aqueles deferidos a

associações para o desenvolvimento de suas atividades, utilizando os tetos individuais

serão concedidos com base em projetos que contarão, na sua elaboração, com a

participação das respectivas diretorias e deverão ser aprovados pela Assembléia Geral da

organização.

Artigo 3º - Os créditos ao amparo do PROCERA poderão ser aplicados para atender às

seguintes finalidades:

Investimentos destinados à implantação da infra-estrutura produtiva e sua

operacionalização, sendo:

aquisição, transporte e aplicação de calcário;

proteção e recuperação de solo, inclusive preparo de área;

fundação e manutenção de culturas permanentes ou longa duração;

construção, ampliação ou reforma de cercas, galpões, armazéns e outras benfeitorias e

instalações vinculadas à produção agropecuária;

eletrificação rural;

aquisição de material reprodutivo ou reprodutores e matrizes de bovinos, de corte, de leite

e animais de serviço;

aquisição de animais de pequeno porte;

aquisição e instalações de máquinas, veículos automotores, implementos, utensílios

agrícolas e equipamento de irrigação, conjuntamente com a realização de obras de

irrigação e drenagem;

construção, reforma ou ampliação de obras de captação de água

formação, melhoria e recuperação de pastagens;

construção e instalação de biodigestor;

aquisição e instalação de equipamentos para aproveitamento de recursos hídricos

disponíveis;

aquisição e instalação de equipamentos e armazenagem de produtos agropecuários;

outros investimentos considerados prioritários, segundo as peculiaridades regionais, a

critério da Comissão Estadual.

custeio, prioritariamente para:

lavouras destinadas à produção de alimentos básicos, desde que economicamente viáveis;

aquisição pelas cooperativas, de bens de consumo para fornecimento aos cooperados;

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outras finalidades não discriminadas, desde que compatíveis e necessárias à

consecução dos objetivos e metas dos planos de assentamento, com a participação da

comunidade assistida.

Artigo 4º - Não poderão ser amparados pelo PROCERA operações com as seguintes

finalidades:

Aquisição de animais para recria e engorda;

Aquisição de veículo automotores, por grupos de menos de 10 produtores associados;

Implantação de irrigação em área superior a 04 ha., por produtor.

Artigo 5º - Os planos de aplicação de recursos, assim como os projetos técnicos a serem

apoiados no âmbito do PROCERA, deverão estar vinculados e articulados a cada Projeto

de Assentamento aprovados pelo INCRA, devendo ser formulados, em cada caso, com a

indispensável e necessária participação dos grupos de produtores a serem contemplados e

atendidos as exigências da Política de Assentamento do INCRA.

DOS MUTUÁRIOS

Artigo 6º - Fica o BANCO autorizado a realizar operações de crédito no âmbito do

PROCERA, destinadas a apoiar agricultores assentados, isentos de restrições cadastrais,

integrados a Projetos de Assentamento, Colonização e Extrativistas criados ou aprovados

pelo INCRA.

Artigo 7º - As operações de crédito, destinados a apoiar os produtores que atendam as

condições estipuladas no artigo anterior, poderão ser contratadas individualmente; em

grupo; e com cooperativas, associações ou entidades assemelhadas, legalmente

constituídas, exclusivamente para assentados em Projetos de Reforma Agrária, criados ou

aprovados pelo INCRA.

Parágrafo 1º - As cooperativas consideradas aptas pela Comissão Estadual a promover o

desenvolvimento dos assentamentos executados no âmbito da política governamental de

reforma agrária, poderão participar como intervenientes nas operações de crédito no

âmbito do PROCERA, com a finalidade específica de receber e repassar recursos e

prestar, aos mutuários finais do programa, assistência e orientação na aplicação desses

recursos.

Parágrafo 2º - Só poderão ser consideradas aptas as cooperativas com mais de 180 dias

de registro do Estatuto, e situação contábil devidamente escriturada.

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Parágrafo 3º - As associações de produtores rurais, para serem apoiadas pelo PROCERA,

deverão ter seus estatutos de conformidade com diretrizes gerais estabelecidas pelo

INCRA, e aprovadas em assembléia geral.

Parágrafo 4º - Os créditos para aquisição de bens essenciais como, insumos, materiais e

implementos agrícolas, salvo motivo de força maior indicados pelo serviço de assistência

técnica, deverão, preferencialmente, ser contratados de forma coletiva.

Parágrafo 5º - Aquisição de máquinas e implementos, motores, veículos e plantel

pecuário serão acompanhados e assessorados por técnicos indicados pela Comissão

Estadual e quando houver maior necessidade, pela organização dos produtores.

DAS CONDIÇÕES E PROCERDIMENTOS OPERACIONAIS

Artigo 8º - Os créditos contratados ao amparo do PROCERA sujeitam-se às seguintes

condições operacionais definidas pelos votos do Conselho Monetário Nacional em

vigência:

limite se de crédito:

1 – O teto por produtor para investimento é de até R$ 7.500,00 ( sete mil e quinhentos

reais) podendo ser concedido individualmente ou através de cooperativas ou associações;

2 – Exclusivamente no caso de cooperativas não serão computadas no teto do produtor

individual os recursos concedidos a cada cooperado para integralização de quotas-partes

do capital social; para tanto fica estipulado outro valor para investimento de até R$

7.500,00 ( sete mil e quinhentos reais). Referidos recursos serão concedidos através de

Projetos Produtivos em que o assentado seja solidário na concessão.

3 – O teto deve ser apurado mediante cômputo do valor nominal do crédito em

formalização, mais o saldo devedor de créditos anteriores ao abrigo do PROCERA, bem

como de operações lastreados com 10% dos recursos do Fundo Constitucional de

Financiamento do Centro-Oeste – FCO, Fundo Constitucional de Financiamento do

Nordeste – FNE e Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO, acrescidos de

eventuais parcelas a utilizar, inclusive de empréstimos contraídos através de outro Agente

Financeiro. A informação sobre a existência de débito em outra instituição deve ser

consignada no projeto pela Assistência Técnica;

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4 – Nos financiamentos de custeio a serem concedidos aos produtores assentados do

PROCERA, o limite de crédito será de R$ 1.000,00 ( mil reais ) a cada produtor, por ano.

valor, disponibilidade e movimentação de recursos:

1 – O desembolso poderá ser feito diretamente ao beneficiário, mediante o crédito em

conta ou através de pagamento ao fornecedor de bens e serviços; após cumpridas as

exigências do Art. 7º parágrafo 5º;

2 – As liberações das parcelas do crédito concedido ocorrerão nas épocas estipuladas no

instrumento de crédito, salvo recomendações em contrário da Assistência Técnica;

3 – A movimentação de recursos no Agente Financeiro, decorrente de operações

contratadas com cooperativas ou associações de produtores, será efetuada

obrigatoriamente em conta bancária vinculada ao respectivo financiamento, obedecido o

teto individual.

c) encargos financeiros as para os mutuários adimplentes, para investimento e

custeio:

1 – Juros de 12% a. a;

2 – Rebate de 50%, sobre as parcelas, calculado sobre o principal e encargos do

período.

prazos:

l – custeio:

- assentados de primeiro ano - até dois anos;

- assentados há mais de um ano – em função do ciclo da cultura, até um

ano;

2 – investimento, admitido prazo de carência de até dois anos:

- financiamento através de projeto integrado de investimento - até sete anos (inclusive

carência);

financiamento isolados destinados a:

aquisição de animais – até cinco anos (inclusive carência);

- calagem – até quatro anos (inclusive carência);

- demais – até sete anos (inclusive carência);

3 – Excepcionalmente, nos casos de financiamento para culturas que requeiram prazos

maiores de produção, os prazos de carência e amortização poderão ser ampliados por

recomendação da Assistência Técnica ao Agente Financeiro, ouvida a Comissão Estadual;

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forma de pagamento:

as obrigações financeiras decorrentes do crédito concedido no âmbito do Procera serão

pagas em prestações sucessivas, semestrais ou anuais, em datas a serem fixadas de acordo

com a natureza das culturas econômicas desenvolvidas e com a época de obtenção dos

rendimentos das atividades;

f) garantias:

custeio – penhor da safra ou aval de outro produtor assentado.

Investimento:

- como regra geral, admite-se apenas o aval em garantia do crédito concedido,

podendo ser prestado por outro produtor assentado no mesmo projeto, independentemente

de sua capacidade econômica-financeira. Nos financiamentos às cooperativas, para

repasse aos associados, e associações de produtores rurais ou entidades assemelhadas,

deve ser exigida sempre a garantia pessoal dos produtores a serem financiados;

- penhor dos bens adquiridos com o financiamento;

3 – a critério do Agente Financeiro, e em benefício da agilização das

operações e redução de seu custo, poderão ser dispensadas formalidades

jurídicas que não forem absolutamente necessárias para a validade dos

contratos.

Artigo 9º - Os mutuários só poderão ter acesso a novo crédito objetivando a

complementação ou ajuste dos investimentos anteriores financiados pelo PROCERA ou

por programa específico dos Fundos Constitucionais – se as operações anteriores

estiverem em situação de regularidade, e observando o teto estabelecido no item “a” do

Art. 8º, retro.

Parágrafo Primeiro – No caso de renegociação da dívida o mutuário não terá acesso a

novo crédito ou complementação e ajuste dos financiamentos.

Parágrafo Segundo – Os assentamentos considerados emancipados pelo INCRA não

poderão ser objeto de novos créditos no âmbito do PROCERA.

Artigo 10º - O mutuário do PROCERA que alienar o imóvel após a titulação ou durante a

vigência do contrato ou, ainda, tiver obtido crédito com propósito meramente especulativo

ou sem ânimo de produção ou não ter aplicado o crédito conforme o projeto técnico

apresentado, ficará sujeito às sanções abaixo, conforme a cláusula a ser inserida no

instrumento que formalizar cada operação:

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pelo Agente Financeiro: restituição da totalidade dos recursos recebidos,

sem direito a rebate, acrescidos de juros de 12% a.a., incidentes a partir da primeira

liberação;

pelo INCRA: inabilitação para obter novos créditos no âmbito do PROCERA.

Parágrafo Único – Os mutuários facultarão aos órgãos executores a livre acesso

aos imóveis em que o crédito for aplicado, para fins de acompanhamento e fiscalização

periódica e atualização ao agente financeiro em fornecer ao INCRA dados sobre sua

situação contábil.

DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Artigo 11º - A assistência técnica será obrigatória e sem ônus para os mutuários dos

créditos concedidos no âmbito do PROCERA.

Artigo 12º - As atividades de assistência técnica deverão ser desenvolvidas com a efetiva

participação dos produtores e em busca do desempenho de duas funções básicas junto aos

projetos de assentamento, ambas a serem implementadas de forma coordenada e

integrada:

a) de caráter técnico-econômico, diretamente vinculada à formalização, execução e

acompanhamento das ações e atividades relacionadas à estruturação econômica das

unidades produtivas;

b) de caráter técnico-social, relacionada com o estímulo, apoio e assessoramento às

famílias beneficiadas, visando a melhoria de sua condições de vida, especialmente nos

aspectos de habitação, saneamento, educação, nutrição e organização comunitária.

Artigo 13º - As ações e atividades objetos do crédito concedido deverão,

forçosamente, estar respaldados em projetos, planos ou propostas, especialmente grupais,

a serem elaboradas pelas entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, pública ou

privadas, credenciadas pelo INCRA, com prioridade para as empresas estaduais de

Assistência Técnica e Extensão Rural e as indicadas pelos mutuários, através de suas

associações.

Parágrafo Único – A complexidade dos planos e projetos deverá apresentar o

mínimo indispensável de elementos, de acordo com a natureza da atividade financiada e o

volume de recursos.

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Artigo 14º - São atribuições específicas da Assistência Técnica no âmbito do

PROCERA:

Avaliar a área objeto do assentamento, com a finalidade de determinar as melhores

alternativas de modelos de exploração agropecuária a serem adotados pelo mutuários do

PROCERA.

Formular os projetos de desenvolvimento econômico das áreas objeto dos assentamentos e

seus respectivos planos de aplicação, de acordo com as normas do PROCERA,

encaminhando-os às Comissões Estaduais. Aqueles aprovados serão então encaminhados

ao Agente Financeiro;

Acompanhar os projetos a que se refere a alínea anterior, compreendendo a orientação

técnica indispensável à consolidação da unidade produtiva e das condições de vida da

família assentada.

Prestar orientação técnico-gerencial às cooperativas e outras associações de produtores

nas operações de repasse, principalmente nas fases de cadastramento dos produtores,

tomada de propostas e formalização, desembolso e reembolso do crédito.

Avaliar os investimentos executados pelos beneficiários do crédito;

Recomendar alterações no cronograma de desembolso das parcelas do crédito concedido e

eventuais ajustes, com comunicação do Agente Financeiro de problemas e/ou

irregularidades porventura ocorridos;

Elaborar relatórios relativos à assistência técnica e supervisão técnica prestadas em cada

projeto de assentamento, encaminhando-os ao Agente Financeiro e ao INCRA.

Indicar modelos exploratórios para cada região típica de exploração.

Apresentar plano anual de assistência técnica.

DO AGENTE FINANCEIRO

Artigo l5º - O BANCO, além da condição de administrador do PROCERA e gestor do

Fundo Contábil Especial, de caráter rotativo, é o seu Agente Financeiro encarregado de

efetuar as operações de crédito com os mutuários.

Parágrafo Único - Compete ao Banco, como agente financeiro as seguintes atribuições:

Elaborar a ficha cadastral dos proponentes do crédito; a critério do Banco essa tarefa pode

ser delegada ao INCRA ou órgão de assistência técnica;

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Acolher os projetos, planos e propostas de crédito, elaborados pela entidade de

Assistência Técnica, desde que atendam às normas do PROCERA, e após aprovação na

Comissão Estadual;

Efetuar as contratações dos financiamentos com os mutuários finais, aprovados pela

Comissão Estadual do PROCERA, com estrita observância das normas específicas do

programa, desde que o assentado esteja isento de restrições cadastrais;

Proceder as liberações correspondentes às operações contratadas, de acordo com os

esquemas de desembolso estabelecidos nos projetos de financiamento e nos respectivos

instrumentos de crédito, conforme calendário agrícola;

Fiscalizar as operações de crédito;

Fornecer aos órgãos de coordenação do PROCERA as informações necessárias ao

acompanhamento e avaliação do segmento de Crédito Especial de cada Projeto de

Assentamento;

Articular-se com a Assistência Técnica, objetivando atingir o adequado e eficiente

desempenho de suas funções no processo de Reforma Agrária;

Efetuar a cobrança da dívida decorrente dos financiamentos concedidos, recolhendo ao

Fundo Contábil as importâncias provenientes das amortizações efetuadas pelos mutuários

até 10 dias úteis após seu recebimento, comunicando previamente ao INCRA e à

Comissão do PROCERA qualquer irregularidade eventualmente ocorrida;

Tomar medidas destinadas a assegurar o cumprimento das obrigações assumidas pelos

Mutuários Finais nos contratos celebrados no âmbito do PROCERA, inclusive aquelas

necessárias à recuperação do crédito concedido, no caso de inadimplemento.

A contratação dos projetos após aprovação das Comissões e descentralização de recursos

deverá ser feita num prazo máximo de 30 dias;

Quando da contratação informar detalhadamente ao mutuário os encargos financeiros e os

prazos de pagamento.

Artigo l6º - O Banco debitará à conta do Fundo, as taxas de administração e de

remuneração de serviços estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

DAS ATRIBUIÇÕES GERAIS DOS ÓRGÃOS CONVENENTES

Artigo 17º - Compete ao INCRA:

Coordenar o Programa Especial de Crédito para a Reforma Agrária – PROCERA;

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Indicar os projetos de assentamento que receberão o crédito do PROCERA;

Supervisionar e acompanhar o desenvolvimento das atividades inerentes à assistência

técnica no âmbito do PROCERA;

Comunicar ao Banco os projetos de assentamento considerados emancipados e

consequentemente inelegíveis à aplicação de recursos ao amparo do PROCERA;

Alocar recursos orçamentários e financeiros e repassá-los ao Fundo Contábil do

Programa;

Efetuar anualmente a avaliação global do PROCERA com o Banco;

Presidir a Comissão Nacional e as Comissões Estaduais do PROCERA.

Artigo 18º - Compete ao Banco – Além das atribuições e dos encargos definidos no

artigo 15º , observar o seguinte:

O acatalamento das decisões da Comissão Estadual do PROCERA, tomadas por

consenso, e da Comissão Nacional, atendidas as normas do PROCERA;

Participar na Comissão Estadual do PROCERA, da análise da viabilidade dos projetos de

aproveitamento econômico encaminhados pela Assistência Técnica;

Participar na Comissão Estadual do PROCERA, das deliberações sobre as operações de

apoio financeiro;

Encaminhar ao INCRA as informações consideradas relevantes sobre o desenvolvimento

das atividades inerente ao PROCERA;

Creditar mensalmente até o 10º dia útil do mês subsequente, à conta movimento do

Fundo Contábil do Procera, os valores decorrentes de eventuais rendimentos financeiros

dos recursos porventura disponíveis, com base na Taxa Referencial (TR), ou outro índice

legal que venha substituí-la.

CAPÍTULO II

SISTEMÁTICA OPERACIONAL PARA APOIO FINANCEIRO NO ÂMBITO DO PROCERA

Artigo19º - O PROCERA – Programa Especial de Crédito para a Reforma Agrária

objetiva conceder apoio financeiro aos trabalhadores rurais participante do Programa de

Reforma Agrária.

Artigo 20º - Tendo em consideração que o estabelecimento de assentamentos constitui-

se em processo pelo qual os agricultores, e os profissionais de assistência técnica e

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extensão rural, vão, gradativamente, amadurecendo seu conhecimento acerca da área

disponível e, em conseqüência, das melhores opções para seu aproveitamento, o

PROCERA poderá acolher vários projetos de solicitação de crédito referentes a um

mesmo assentamento. Nessa medida, o grau de comprometimento de recursos por

agricultores, ou comunidades de agricultores, e a complexidade dos projetos são,

naturalmente, menores na primeira operação de crédito realizada em cada assentamento.

Artigo 21º - Assim, pode-se estabelecer a seguinte sistemática operacional para a

proposta inicial de crédito beneficiando cada assentamento:

Tão logo emitido na posse de cada área, o INCRA providenciará a confecção do

“Relatório Técnico de Avaliação do Potencial da Área”, a ser elaborado por entidade

habilitada para tal;

Em articulação com os órgãos envolvidos no processo de Reforma Agrária,

especialmente com a instituição incumbida de prestar os serviços de extensão rural e

assistência técnica, o INCRA providenciará, em cada assentamento, a seleção e a

destinação das terras para cada família mutuária, nos termos da Norma Oficial de

Cadastro e Seleção de Trabalhadores Rurais;

Tão logo o projeto de assentamento seja considerado apto a pleitear recursos do

PROCERA, os encarregados da prestação de assistência técnica de cada assentamento

encaminharão o plano ou projeto elaborado à Comissão Estadual, a qual emitirá, quando

couber , parecer favorável objetivando a concessão do crédito pleiteado;

O parecer da Comissão será remetida a Assistência Técnica e deverá ser acompanhado,

necessariamente, de informações sobre os assentados e sobre as características do projeto;

A concessão de recursos adicionais a cada assentamento, até o teto individual indicado nas

Normas do PROCERA, poderá ser realizada mediante o encaminhamento ao Banco, pela

Comissão Estadual do PROCERA, de Projeto de Desenvolvimento Integrado do

Assentamento (P.D.I.). No caso de Projetos de Assentamento, cuja fase mais avançada e

complexa de desenvolvimento permita a elaboração do “Projeto de Desenvolvimento

Integrado (P.D.I.), pode ser dispensada a elaboração do “Relatório de Avaliação do

Potencial da Área”, pois itens referidos neste deverão estar contidos naqueles.

Fonte: Gabinete do Ministro Extraordinário de Política Fundiária Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária /I N C R A - Diretoria de Assentamento, Brasília – março de l.997.

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ANEXO II

FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORTE - FNO

MANUAL DE ORIENTAÇÃO AO BENEFICIÁRIO

O Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO, foi criado pela

Constituição de l.988 e regulamentado pela Lei 7.827, de 27 de setembro de l.989. Seus

recursos são provenientes, basicamente, dos impostos sobre produtos industrializados e

renda, cabendo sua administração ao Banco da Amazônia S/A.

O objetivo principal do Fundo é contribuir para o desenvolvimento econômico e

social da Região Norte, cuja ação se dá mediante a execução de programas de

financiamento voltados para o desenvolvimento das atividades produtivas da Região, de

forma compatível com o Plano de Desenvolvimento da Amazônia.

ÁREA DE ATUAÇÃO

Os recursos do FNO são destinados a atender toda a Região Norte,

compreendendo os seus sete Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia

e Tocantins

OS BENEFICIÁRIOS

São beneficiários do FNO os produtores e empresas ( pessoas física e jurídicas )

e suas associações e cooperativas de produção que desenvolvam atividades produtivas nos

setores agropecuário, mineral, industrial, agro-industrial e turismo.

O CRÉDITO BANCÁRIO

O crédito bancário é o empréstimo de recursos financeiros que o produtor ou a

empresa precisa para desenvolver a sua atividade produtiva. Esses recursos servem para

os beneficiários promoverem os investimentos necessários para os seus investimentos.

Para a obtenção do crédito bancário é necessário que o beneficiário se dirija a

uma agência do BASA ou dos Bancos Estaduais conveniados, como também, a um dos

escritórios locais dos órgãos de assistência e orientação técnica dos Estados (EMATER,

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SEBRAE e outros) conveniados, mais próximos de sua propriedade ou empreendimento,

para obter as informações sobre enquadramento de atividade, garantias, encargos

financeiros, limites de crédito, prazos, assistência técnica e outras condições de

financiamento.

Estando o beneficiário devidamente esclarecido pelas agências bancárias

operadoras do FNO ou órgãos de assistência técnica, sobre a(s) sua(s) e atividades e

condições de crédito e procedimento para a obtenção do empréstimo de seu interesse, é o

momento de tomar as providências para o cadastro bancário.

O CADASTRO

O cadastro ou ficha cadastral é um formulário utilizado pelos bancos para

registrar as informações de seus clientes, pessoas físicas e jurídicas, necessárias para a

comprovação da idoneidade e formação de conceito.

Para elaboração do cadastro é necessário que o beneficiário, ao se dirigir ao

banco de sua preferência, forneça as informações exatas e os documentos de sua pessoa

e /ou empresa para o seu correto preenchimento.

Cabe esclarecer que, feito o cadastro, é necessário atualizá-lo a qualquer época,

sempre que ocorrer situações que possam afetar as informações constantes no mesmo ou,

conforme determinam as normas bancárias.

Cadastro pronto, é o momento de providenciar a elaboração do plano, proposta

ou projeto de financiamento para habilitação ao crédito junto ao banco. Antes, porém, é

recomendável ter o conhecimento exato da função da assistência técnica.

ASSISTÊNCIA TÉCNICA

A ação da assistência técnica deve se iniciar com a elaboração do plano,

proposta ou projeto, a partir de visita do técnico ao imóvel rural ou empresa industrial.

Sua função é orientar o agricultor ou empresário quanto à melhor alternativa

técnica para alcançar os objetivos pretendidos em seus empreendimentos com apoio do

crédito.

A assistência técnica especializada será obrigatória para todos os beneficiários

do crédito rural. No crédito industrial, será exigida para os beneficiários do Programa de

Apoio às Micro-Empresas de Atividades Selecionadas - PROMICRO, podendo ser

exigida, também, para os beneficiários dos demais Programas, a critério do Banco.

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Os serviços de Assistência Técnica, como também, de fiscalização e avaliação

dos bens a serem oferecidos em garantias, somente poderão ser executados por empresas

públicas convêniadas, técnicos dos Bancos operadores ou profissionais autônomos

credenciados junto ao BASA.

ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE FINANCIAMENTO

Para este fim é recomendável que o beneficiário procure, preferencialmente, o

órgão oficial de proximidade de sua propriedade/empreendimento, principalmente,

quando se tratar de mini e pequeno produtor / empresa rural ou micro empresa industrial.

O plano, proposta ou projeto de financiamento deve ser elaborado em modelo

próprio, constante nas normas operacionais do FNO, estabelecidos pelo BASA, contendo

todas as informações e documentos exigidos de acordo com a finalidade do crédito.

Concluído o plano, proposta ou projeto é hora do beneficiário fazer o

encaminhamento ao banco. Para isso, deve procurar a agência onde já possui o cadastro.

ENCAMINHAMENTO DA PROPOSTA AO BANCO E A ANÁLISE

Encaminhando o plano, proposta ou projeto ao Banco, este fará a conferência

para verificar se atende às necessidades de informações e documentos julgados essenciais

para a análise. Caso não atenda às exigências, será devolvido ao cliente para

complementação. Procedida a análise, o beneficiário será comunicado oficialmente pelo

Banco sobre a sua conclusão que pode ser favorável ou contrária ao crédito.

Sendo a proposta merecedora de parecer favorável, o beneficiário será convocado

pelo Banco para apresentar os documentos indispensáveis à contratação do crédito.

A CONTRATAÇÃO DO CRÉDITO

Apresentado os documentos básicos indispensáveis à contratação do crédito, o

beneficiário estará apto a assinar o instrumento contratual que será estabelecido de acordo

com a natureza do seu crédito e o tipo de garantia vinculada à operação.

Os instrumentos contratuais, normalmente utilizados nas operações de crédito do

FNO são: a Cédula de Crédito, o Contrato e a Nota de Crédito Rural (NCR). Esta é

utilizada somente nos casos de financiamentos à pequenos produtores rurais quando não

existe vinculação de garantias em suas operações.

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Entende-se como garantias reais, o penhor, a alienação fiduciária e a hipoteca e,

como garantias pessoais, o aval e a fiança.

Assinado o instrumento contratual, este, obrigatoriamente, deverá ser registrado

em cartório para que goze dos efeitos legais para ambas as partes contratantes, devendo o

beneficiário receber toda a orientação do banco nesse sentido.

O DESEMBOLSO

O desembolso é a liberação do dinheiro emprestado, por parte do banco, ao

beneficiário, devendo ocorrer de uma só vez ou em parcelas, de acordo com o esquema

estabelecido no cronograma das inversões definido pela análise.

No caso de desembolso parcelado, a liberação das parcelas posteriores à primeira,

está condicionada à comprovação da correta aplicação de cada parcela anteriormente

liberada, bem como, à comprovação da aplicação da co45ntrapartida de recursos próprios

do beneficiário, quando for o caso.

O REEMBOLSO

O reembolso é o pagamento do empréstimo, em dinheiro, obtido pelo beneficiário

junto ao banco, devendo ser feito em parcelas, conforme estabelecido na análise e

obedecidos os prazos de vencimentos fixados no instrumento contratual.

PROGRAMA DE APLICAÇÃO DOS RECURSOS PARA 1996

O programa de Aplicação dos Recursos do FNO para 1996 atua, de forma

compatível com o Plano de Desenvolvimento da Amazônia (PDA) e com as grandes

políticas nacionais, através de programas de financiamento, operacionalizados mediante

quatro linhas de ação estratégicas:

- Criação de Oportunidades de Trabalho e Geração de Renda

- Crescimento Econômico Sustentável

- Preservação e Sustentação do Meio Ambiente

- Capacitação Tecnológica

As ações estratégicas nortearão A ALOCAÇÃO DOS RECURSOS DO Fundo e

serão desenvolvidas através da operacionalização de doze programas de financiamento,

conforme a seguir:

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Ação Estratégica: CRIAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE TRABALHO E GERAÇÃO DE RENDA

Programas de Financiamento SetorPrograma de Apoio à Reforma Agrária - PROCERA RURALPrograma de Apoio à Produção Familiar Rural Organizada – PRORURAL

RURAL

Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo - PRODEX RURALPrograma de Apoio às Microempresas de Atividades Selecionadas – PRORURAL

INDUSTRIAL

Ação Estratégica: CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTADOProgramas de Financiamento Setor

Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura - PRODAGRI RURALPrograma de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária -PRODEPEC

RURAL

Programa de Desenvolvimento Industrial -PRODESIN

INDUSTRIAL

Programa de Desenvolvimento da Agroindústria -PRORURAL

AGROINDUSTRIAL

Programa de Apoio ao Turismo Convencional -PROGETUR

TURISMO

Ação Estratégica: PRESERVAÇÃO E SUSTENTAÇÃO AO MEIO AMBIENTEProgramas de Financiamento Setor

Programa de Apoio à Preservação e Sustentável Do Meio Ambiente – PROSUMAM

RURAL

Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico -PRODETUR

TURISMO

Ação Estratégica: CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICAProgramas de Financiamento Setor

Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica -PROCATEC

RURAL INDUSTRIAL

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PROGRAMAS DE FINANCIAMENTOS DO SETOR RURAL

Programa de Apoio à Reforma Agrária - PROCERA

O Objetivo

Apoiar os projetos de assentamentos elaborados e/ou aprovados pelo INCRA, em

áreas previamente selecionadas, destinadas ao desenvolvimento de atividades produtivas,

capazes de dar sustentação econômica à família do mini e pequeno produtor rural.

O Que Financia

Os investimentos fixos/semifixos e o custeio necessários ao desenvolvimento das

atividades da agricultura, da pecuária e do extrativismo.

Os Beneficiários

Mini e pequenos produtores rurais e suas associações e cooperativas de produção.

Programa de Apoio à Pequena Produção Familiar Rural-PRORURAL

Os ObjetivosPossibilitar o acesso de mini produtores ao crédito de fomento, através de suas

organizações e cooperativas de produção, visando o aprimoramento técnico das atividades

produtivas e a superação da agricultura itinerante através da adoção de sistemas de

produção diversificados e sustentados.

Fortalecer a produção familiar, propiciando meios de trabalho e de renda ao

trabalhador rural artesanal e sua família e a melhoria das suas condições de alimentação.

O Que Financia

A integralização de quotas-partes de capital social, para formação de cooperativas

de produção; os investimentos fixos e/ou semifixos e o custeio, necessários para

desenvolver as atividades da agricultura e da pecuária e de beneficiamento primário da

produção agropecuária (micro agroindústrias).

Os Beneficiários

Mini produtores rurais e suas associações/cooperativas de produção.

Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo - PRODEX

Os Objetivos

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Apoiar o desenvolvimento das atividades extrativistas de forma sustentável,

através do uso de tecnologias eficazes para a melhoria da produtividade e conservação do

meio ambiente.

Incentivar a diversificação das atividades extrativistas visando, contribuir para

elevar a produção e propiciar ou aumentar a renda dos trabalhadores extrativistas e suas

famílias.

Apoiar a consolidação das reservas extrativistas.

O Que Financia

A Integralização de quotas-partes de capital social das cooperativas de produção;

os investimentos fixo e/ou semifixo e o custeio associado ou isolado (custeio isolado,

exceto para pesca artesanal), necessários para o desenvolvimento das atividades de:

- Extrativismo vegetal, através de exploração com manejo sustentável de

espécies nativas da Região, tais como plantas medicinais, seringueira,

castanheira, açaizeiro e babaçuzeiro, entre outras (exclusive espécies florestais

madeireiras);

- Reabilitação de áreas alteradas e/ou em degradação através de sistemas

florestais (manejo, reflorestamento e adensamento) e agroflorestais

(silviagrícolas e agrosilvipastoris);

- Pesca artesanal;

- Agroindustrialização da produção extrativista.

Os Beneficiários

Mini e pequenos produtores extrativistas, isoladamente, desde que estejam

vinculados a associações/cooperativas de produção.

Mini e pequenos pescadores artesanais, profissionais, selecionados pelo BASA,

desde que estejam associados a grupos de produção (caixas pesqueiras, condomínio etc.),

filiados às colônias pesqueiras, em localidades devidamente dotadas de infra-estrutura

para conservação e comercialização do pescado.

Associações/cooperativas do setor privado, legalmente constituídas, cujo quadro

social seja constituído de um mínimo de 20 (vinte) mini e pequenos produtores

extrativistas/pescadores.

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Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura PRODAGRI

Os Objetivos

Promover o desenvolvimento da agricultura regional, apoiando a implantação,

expansão e modernização das diversas culturas permanentes e temporárias, a partir de

processos competitivos, compreendendo, também, o cultivo de espécies da flora

amazônica, reconhecidas, cientificamente, como plantas medicinais, visando proporcionar

o aumento da oferta de produtos agrícolas exportáveis e a produção de matérias-primas

agroindústriais e farmacológicas.

Incentivar a utilização de processos de irrigação e estimular a instalação de

Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) para potencializar a produtividade agrícola e os

investimentos0 agroindustriais.

Apoiar as políticas nacionais que visam a geração de emprego e renda e a

segurança alimentar.

O que Financia

A integralização de quotas-partes de capital social de cooperativas de produção; os

investimentos fixos e/ou semifixos e o custeio da produção, necessários ao

desenvolvimento das atividades de:

- Cultivo de plantas medicinais;

- Cultivo de grãos: arroz, feijão, milho, soja e sorgo;

- Fruticultura tropical: abacate, abacaxi, acerola, açaí, banana, caju, citrus,

cupuaçu, goiaba, graviola, mamão, manga, maracujá, melancia, melão e

muruci;

- Culturas industriais: algodão, café, cacau, cana-de-açúcar, castanha, dendê,

guaraná, pimenta-do-reino, pupunha e urucum;

- Culturas hortícolas: abóbora, agrião, alface, beringela, cebolinha, cenoura,

chuchu, coentro, couve-flor, espinafre, pepino, repolho, salsa, tomate e vagens;

- Cultivo de tubérculos e raízes: batata, mandioca e macaxeira;

- Produção de sementes e mudas selecionadas e/ou certificadas na Região; e

- Outras culturas não especificadas anteriormente, desde que apresentem

viabilidade técnica e econômica.

Os Beneficiários

Page 102: Crédito rural na peqquena produção: um enfoque no projeeto de assentamento Humaitá - Acre (Brasil), no periodo de 1985 - 1995

Empresas rurais, produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas) e suas

associações/cooperativas de produção.

Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária - PRODEPEC

Os objetivos

Promover a modernização dos criatórios de pequenos, médios e grandes animais,

incentivando e priorizando a diversificação das atividades, através de sistemas de criação

intensivo e semi-intensivo.

Apoiar a melhoria do padrão racial dos rebanhos bovinos e bubalinos da região,

incentivando a inseminação artificial e transferência de embriões, e, as práticas que

contribuam para o combate das zoonoses e o aumento de rendimento dos rebanhos.

Apoiar a pecuária de forma integrada à agricultura, como meio de suprimento de

insumos aos criatórios e de garantia de sustentabilidade da atividade.

Proporcionar aos empreendimentos pecuários, condições para a aquisição de

máquinas e equipamentos integrados à atividade, inclusive em exposição-feira.

O Que Financia

A integralização de quotas-partes de capital social das cooperativas de produção;

os investimentos fixos e/ou semifixos e o custeio associado para os empreendimentos que

desenvolvam atividades de:

- Pecuária de pequeno e médio porte: avicultura, apicultura, aquicultura

(ranicultura, piscicultura, carcinicultura, etc.), caprinocultura, ovinocultura,

suinocultura e outras, desde que apresentem viabilidade técnica e econômica;

- Pecuária de grande porte: bovinocultura e bubalinocultura de corte, leite e

produção mista (aptidão para carne e leite), compreendendo todas as fases de

produção e de cria.

Os Beneficiários

Empresas rurais, produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas) e suas

associações/cooperativas de produção.

Programa de Apoio à Preservação e Sustentação do Meio Ambiente

PROSUMAM

O Objetivo

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Racionalizar o uso dos recursos naturais renováveis e as áreas alteradas, de modo

a minimizar o desequilíbrio dos ecossistemas, através de manejo sustentado.

Incentivar a difusão e transferência de tecnologias ajustáveis aos ecossistemas da

Região e induzir as classes produtoras a considerar o meio ambiente como variável

econômica nas decisões de produção.

O Que Financia

A integração de quotas-partes de capital social das cooperativas de produção; os

investimentos fixo e/ semifixo e o custeio para empreendimentos de:

- Criação racional de animais silvestres: jacaré, capivara, etc., exceto animais em

via de extinção, considerados pelo IBAMA;

- Extrativismo vegetal, através de exploração com manejo sustentado de espécies

nativas da Região, tais como plantas medicinais, seringueira, castanheira, açaizeiro, e,

babaçuzeiro, entre outras;

- Reabilitação de áreas alteradas e/ ou em degradação através de sistemas florestais

( manejo e reflorestamento) e agroflorestais ( silvipastoris, silviagrícolas e agrosilvipastoris ).

Os beneficiários

Empresas rurais, produtores rurais ( pessoas físicas e jurídicas ) e suas

associações/cooperativas de produção.

AS CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO PARA O SETOR RURAL

a) Os Critérios para a classificação de Porte do Produtor/Empresa Rural

São adotados dois critérios para a Classificação do porte do produtor/empresa

rural: o Valor Bruto da Produção - V.B.P e o Módulo Fiscal, na forma estabelecida a

seguir, prevalecendo aquele que possibilitar o enquadramento na categoria superior:

PELO VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO - VBP (ESPERADA)

PORTE DOPRODUTOR/EMPRESA

VBP/ANUAL (EM R$)

ACIMA DE ATÉMINI - 14.000,00PEQUENO 14.000,00 58.000,00MÉDIO 58.000,00 288.000,00GRANDE 288.000,00 -

Obs.: O porte do proponente é definido pelo somatório do VBP-anual, de todas as propriedades ou empresas, exclusivamente do setor rural.

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PELO MÓDULO FISCAL(Contíguos ou não, dentro do Território Nacional)

Para as áreas Alagáveis / Inundáveis

PORTE TAMANHO DA ÁREA EM QUANTIDADE DE MÓDULOS FISCAIS

MINI ATÉ 06PEQUENO ACIMA DE 06 ATÉ 16MÉDIO ACIMA DE 16 ATÉ 30GRANDE ACIMA DE 30

Para as demais áreas

PORTE TAMANHO DA ÁREA EM QUANTIDADE DEMÓDULOS FISCAIS

MINI ATÉ 03PEQUENO ACIMA DE 03 ATÉ 08MÉDIO ACIMA DE 08 ATÉ 15GRANDE ACIMA DE 15

Obs.: 1) O critério do Módulo Fiscal não se aplica ao extrativismo e a áreas de várzeas

que margeiam os rios;

2) Pelo Módulo Fiscal para as áreas alagáveis/inundáveis, somente é aplicável na

primeira tabela. Para os demais casos, consultar o Agente Financeiro que opera com

recursos do FNO.

b) Os valores e limites Financiáveis (Valores em R$)

PROGRAMAS MINI PEQUENO MÉDIO GRANDE

PROCERA 7.500,00 7.500,00 - -

PRORURAL 12.000,00 - - -

PRODEX 12.000,00 12.000,00 - -

DEMAIS PROGRAMAS 48.000,00 120.000,00 800.000,00 1.200.000,00

LIMITES (ATÉ) 100% 100% 100% 100%

Obs.: Para GRUPOS ECONÔMICOS, cooperativas ou outras formas de sociedade, o limite máximo de financiamento é de até R$ 2.900.000,00.

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c) Os encargos Financeiros

São compostos de CUSTO BÁSICO, determinados pela Taxa de Juros de Longo

Prazo-TJLP e "DEL CREDERE" (à exceção do PROCERA), fixado em 6% a.a.

Para o PROCERA (Modalidade FNO-Especial)

PROGRAMA DE

FINANCIAMENTO

PORTE DO

BENEFICIÁRIO

JUROS REDUÇÃO

PROCERA MINI/PEQUENO 12% a .a. 50% (1)

(1) Incidente sobre as parcelas de amortização do principal e sobre juros, durante

o prazo de vigência da operação em situação normal.

Para o PRORURAL e PRODEX (Modalidade FNO-Especial)

PROGRAM DE

FINANCIAMENTO

PORTE DO

BENEFICIÁRIO

"DEL

CREDERE"

REDUÇÃO DO

CUSTO BÁSICO

PRORURAL (1) MINI 4% a.a. 60% da TJLP

PRORURAL (2) MINI 4% a.a. 45% da TJLP

PRODEX MINI/PEQUENO 4% a.a. 45% da TJLP

(1) Aplicável aos projetos integrados horizontalmente;

(2) Aplicável aos demais casos

Para os demais Programas (Modalidade FNO-Normal)

PROGRAMAS /REDUÇÃO NO VALOR DO CUSTO BÁSICO,

POR PORTE DO BENEFICIÁRIOATIVIDADES MINI PEQUENO MÉDIO GRANDE

PROSUMAM 50% 40% 30% NuloPRODEPEC.- Pecuária de Grande

Porte/Produção de Carne.- Pecuária de Grande

Porte/Produção de Leite.- Pecuária de Pequeno e

Médio Porte.

20%

30%

30%

10%

20%

20%

Nulo

10%

10%

Nulo

Nulo

Nulo

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PRODAGRI.- Culturas em várzeas, Fruticultura, Plantas Medicinais e sementes e Mudas.- Culturas de arroz, Feijão, Milho, Soja, Mandioca, Hortaliças e outras.

50%

40%

40%

30%

30%

20%

Nulo

Nulo

d) Os Prazos

FINALIDADE PRAZO (ATÉ) CARÊNCIA (ATÉ)

INVESTIMENTO FIXO E MISTO 12 ANOS 6 ANOS

INVESTIMENTO SEMIFIXO 8 ANOS 3 ANOSCUSTEIO:- AGRÍCOLA (ASSOCIADO/ISOLADO)- PECUÁRIO (ISOLADO)

1 ANOS1 ANO

--

OBS.: Os prazos máximos incluem o período de carência.

e) As Garantias

As operações de crédito devem ser lastreadas por garantias reais prévias,

obedecendo a margem mínimas de 130% do valor do financiamento.

Para mini e pequenos produtores, suas cooperativas e associações, excepcionais e

complementarmente, será admitido o sistema de garantias progressivas. Neste caso,

devendo as garantias preexistentes atender à margem mínima de 65% do valor do

financiamento.

f) A Assistência Técnica

A assistência técnica especializada é obrigatória aos financiados, compreendendo a

elaboração de propostas, planos ou projetos e a orientação técnica e gerencial a nível a

nível da empresa/imóvel.

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OS PROGRAMAS DE FINANCIAMENTO DOS SETORES INDUSTRIAL, AGROINDUSTRIAL E TURISMO

Programa de Apoio às Microempresas de Atividades Selecionadas PROMICRO

O Objetivo

Apoiar as microempresas industriais e agroindustriais de segmentos produtivos,

como prioritários para a Região, possibilitando tratamento diferenciado e simplificado, ao

mesmo tempo, incentivando e estimulando suas organizações associativas.

O Que Financia

A integralização de quotas-partes do capital social das cooperativas de produção e

investimento em ativo fixo; capital de associado (financiamento misto), necessários ao

desenvolvimento das atividades dos segmentos da agroindústria (no que couber) e da

indústria, compreendendo:

- Alimentos e Bebidas;

- Artesanato;

- Madeireira (exceto serrarias);

- Mobiliário;

- Minerais não Metálicos;

- Química;

- Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos.

Obs.: O capital de giro isolado pode ser concedido para microempresas que atuem

no beneficiamento/industrialização de arroz, castanha-do-brasil, leite, mandioca e milho.

Os Beneficiários

Microempresas e suas associações/cooperativas de produção.

Programa de Desenvolvimento Industrial - PRODESIN

O Objetivo

Promover o desenvolvimento da indústria de transformação da Região Norte,

proporcionando a implantação e/ou modernização, racionalização e relocalização de

empreendimentos dos diversos segmentos do setor.

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O Que Financia

A integralização de quotas-partes do capital social de cooperativas de micro e

pequenas empresas; os investimentos em ativo fixo e o capital de giro associado e a

assistência técnica, necessários ao desenvolvimento de atividades contempladas nos mais

diversos segmentos industriais.

Os Beneficiários

Estaleiros artesanais, empresas industriais e associações/cooperativas de produção.

Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria -

PROAGRIN

Os Objetivos

Apoiar as iniciativas empresariais que visem a implantação, ampliação,

modernização e relocalização de unidades agroindustriais, criando condições para o

processamento de matéria-prima regional, de origem agrícola, pecuária e florestal,

gerando emprego e renda na Região.

Fortalecer as atividades produtivas do setor rural, elevando a competitividade dos

produtos agrícolas, pecuários e florestais, de forma que possa atender a demanda do

mercado regional e conquistar espaços nos mercados externos, aumentando o valor

agregado regional.

O Que Financia

A integração de quotas-partes de capital social de cooperativas de produção; os

investimentos em ativo fixo, o capital de giro associado e a assistência técnica,

necessários às atividades de transformação ou beneficiamento de matérias-primas "in

natura", de origem agrícola, pecuária e florestal, produzidas no próprio empreendimento

ou adquiridas de terceiros.

Os Beneficiários

Empresas e associações/cooperativas de produção.

Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico - PRODETUR.

Os ObjetivosImpulsionar e desenvolver o turismo ecológico na Região, como modelo de

atividade sustentável que concilia a exploração econômica com a preservação do meio

ambiente, de forma solidária com as comunidades locais e respeito às suas culturas.

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Promover a integração do homem com o meio ambiente através do lazer, da saúde física e

mental e, ao mesmo tempo, proporcionar o desenvolvimento econômico-social e a

educação ambiental, buscando elevar a melhoria da qualidade de vida do ser humano.

O Que Financia

São financiáveis o investimento fixo e o capital de giro associado (financiamento misto),

necessários à implantação, ampliação, reforma e modernização de empreendimentos de

turismo ecológico, abrangendo os seguintes itens:

- meios de hospedagem ambiental e ecológico, tais como hotéis de selva "lodges",

compreendendo construção civil, equipamentos, instalações etc.;

- campings ecológicos e trilhas interpretadas;

- restaurantes ecológicos integrados ao projeto do complexo turístico;

- pontos de parada integrados ao projeto do complexo turístico (pequenas pousadas

que viabilizem e garantam percurso do roteiro turístico até o seu destino final);

- infra-estrutura de transportes (terminais turísticos, embarcações, etc.);

- formação de mão-de-obra para a prestação de serviços turísticos;

- equipamento de lazer e outros necessários ao exercício da atividade, integrados

ao projeto, a critério do Banco.

Obs.: O Programa exclui financiamentos isolados de veículos, equipamentos

diversos, imóveis, utensílios e similares.

Os Beneficiários

Empresas habilitadas pelo Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR.

Programa de Apoio ao Turismo Convencional - PROGETUR.

( Sem importância relevante para o trabalho em discussão ).

Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica - PROCATEC.

A capacitação tecnológica compreende a capacidade empresarial de desenvolver

inovações tecnológicas, selecionar, licenciar, absorver, adaptar, aperfeiçoar e difundir

tecnologias na Região que resultem em aumento de competitividade.

O Objetivo

Apoiar as iniciativas que visem a capacitação tecnológica dos empreendimentos

agropecuários e industriais, através do uso de tecnologias avançadas desenvolvidas de

forma adequadas ou aperfeiçoadas às condições e necessidades da Amazônia, cujo

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resultado proporcione ganho de produtividade e de qualidade do produto regional e, ao

mesmo tempo, estimule a integração de projetos de cooperação entre universidades,

centros de pesquisas e setor produtivo privado, visando consolidar na Região um polo de

modernização da atividade empresarial.

O Que Financia

Pesquisas tecnológicas aplicadas, experimentação, adaptação e difusão de

tecnologias avançadas voltadas para o manejo florestal, agricultura adaptada,

beneficiamento e melhoramentos genéticos, agroindústria, alimentos, segmentos

industriais avançados (tecnologias de ponta), recuperação de áreas degradadas, melhoria

da qualidade da pequena produção, lavra, beneficiamento e transformação mineral e

tecnologias diversas, aplicadas aos setores produtivos atendidos pelo FNO,

compreendendo os seguintes itens e condições:

- desenvolvimento de pesquisas tecnológicas aplicadas e experimentação,

destacando as de caráter cooperativo, aplicadas a setores produtivos sob contrato com

instituições credenciadas;

- participação em "join-venture" tecnológico no País;

- aquisição de pacotes tecnológicos, desenvolvidos por instituições de pesquisas;

- programa de transferências de tecnologias das grandes empresas para as

pequenas tecnologicamente dinâmicas;

- capacitação gerencial, formação/treinamento de mão-de-obra, organização e

automação empresarial;

- investimento em ativo fixo e semifixo, capital de giro ou custeio associado

(financiamento misto).

Os Beneficiários

Produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas); empresas

industriais/agroindustriais, inclusive, firmas individuais; associações e cooperativas de

produção; profissionais da área de ciências agrárias, que desenvolvam projetos que

expressem a modernização do setor agrícola regional com compromisso de gerar efeitos

demonstrativos de suas propriedades aos produtores rurais circunvizinhos assistidos pelo

FNO.

Outras Considerações

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As condições operacionais do Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica -

PROCATEC, obedecem às estipuladas para os diversos setores econômicos, de

conformidade com a natureza da atividade de cada empreendimento.

AS CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTOPARA OS SETORES INDUSTRIAL,

AGROINDUSTRIAL E TURISMO.

a) O Critério para a Classificação do Porte das Empresas

O porte das empresas é definido pelo valor da Receita Operacional Líquida (ROL)

projetada, aferida pela análise, observados os parâmetros da tabela

PORTE DA EMPRESA VALOR DA ROL - ANUAL PROJETADA (R$)ACIMA DE ATÉ

MICRO - 144.000,00PEQUENO 144.000,00 1.440.000,00MÉDIO 1.440.000,00 4.320.000,00GRANDE 4.320.000,00 -

Obs.: A definição final do porte do proponente é dado pelo somatório das ROLs, dos

últimos 12 meses, de todas as empresas dos setores econômicos, exceto rural.

b) Os Valores e Limites Financiáveis

PROGRAMAS MICRO PEQUENO MÉDIO GRANDEPROMICRO 36.000,00 - - -DEMAIS PROGRAMAS 250.000,00 500.000,00 1.200.000,00 2.400.000,00LIMITES (ATÉ) 100% 90% 80% 60%

Obs.: (1) No PROMICRO, o Capital de Giro isolado é limitado em R$ 12.600,00;

(2) Para GRUPOS ECONÔMICOS, cooperativas ou outra forma de sociedade, o

limite máximo de financiamento é de R$ 2.900.000,00.

c) Os Encargos Financeiros

São compostos de CUSTO BÁSICO, determinado pela Taxa de Juros de Longo

Prazo - TJLP e "DEL CREDERE", fixado em 6% a.a.

Para o PROMICRO (Modalidade FNO-Especial)

PROGRAMA PORTE DA EMPRESA

"DEL CREDERE" REDUÇÃO DO CUSTO BÁSICO

PROMICRO MICRO 4% a.a. 40% da TJLP

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(1) Quando se tratar de financiamento para Capital de Giro isolado, os encargos

financeiros constituir-se-ão de Custo Básico, calculado pela TJLP plena mais

"DEL CREDERE" de 6% a.a.

Para os Demais Programas (Modalidade FNO-Normal)

PROGRAMASREDUÇÃO NO VALOR DO CUSTO BÁSICO, POR PORTE

DO BENEFICIÁRIOMINI PEQUENO MÉDIO GRANDE

PRODESIN 30% 20% 10% -PROAGRIN 40% 30% 20% -PRODETUR 50% 40% 30% -PROGETUR - - - -PROCATEC 50% 40% 30% -

d) Os Prazos

FINALIDADE PRAZO-ATÉ CARÊNCIA-ATÉINVESTIMENTO FIXO E MISTO 8 ANOS 2 ANOSCAPITAL DE GIRO ASSOCIADO 1 ANO -CAPITAL DE GIRO ISOLADO (PROMICRO) 1 ANO -

Obs.: (1) Os prazos máximos incluem o período de carência;

(2) Quando se tratar de implantação de empreendimentos, para o investimento

fixo e financiamento misto, permitir-se-á o prazo de até 10 anos, inclusive

até 2 anos de carência.

e) As Garantias

Para as operações de crédito através do PROMICRO (FNO-Especial), as garantias

reais prévias, devem obedecer a margem mínima de 100% do valor do financiamento.

Não satisfeita essa exigência, será admitido o sistema de garantias progressivas, devendo

as garantias preexistentes obedecerem a margem mínima de 35% do valor do

financiamento e ser suficiente para respaldar a liberação de parcelas do crédito, de forma

que ao final da operação seja atendida a margem exigida.

f) A Assistência Técnica

A Assistência Técnica será obrigatória para os beneficiários do Programa de Apoio

às Microempresas de Atividades Selecionadas - PROMICRO, podendo ser exigida,

também, para os beneficiários dos demais Programas, a critério do Banco.

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Fonte: Banco da Amazônia S/A. Consultoria Técnica-COTEC, Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO, regulamentado pela Lei n.º 7.827, de 27 de setembro de 1.989 (Manual de Orientação do Beneficiário). Belém - Pa., l996.

ANEXO III

CRÉDITO RURAL ESPECIAL

QUESTIONÁRIO

AVALIAÇÃO DO CRÉDITO RURAL ESPECIAL NA PEQUENA PRODUÇÃO

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1) Caracterização do produtor:

Nome:___________________________________________________________________________:

Idade:_______ anos Sexo: ( ) Masc. ( ) Fem.

Estado de Origem: _____________________________________.

Esta origem provém de região: ( ) Urbana ( ) Rural ( ) Urbana e Rural

Há quanto tempo o senhor desenvolve atividade agrícola? _______________________________

O senhor desenvolvia atividade agrícola antes de vir para o Acre? ou se originário do Estado, em outro

lote? ( ) Sim ( ) Não

Se positivo, trabalhava com culturas anuais (lavoura branca) ? ( ) Sim ( ) Não

A sua residência fixa é : ( ) na cidade ( ) na propriedade rural

Há quanto anos o senhor é produtor neste Projeto ? ___________________________________.

Nome e localização da propriedade:__________________________________________________

_________________________________________________________________________________.

Área da propriedade: ____________ ha. Da área total, quantos ha. o senhor tem de:

Mata virgem:______ ha; capoeira:_______ha; lavoura branca:________ha;

Cultura permanente:________ha; pasto cultivado:______ha; pasto nativo:________ha.

Categoria: ( ) proprietário ( ) parceiro ( ) assalariado ( ) posseiro

( ) arrendatário ( ) outros Qual ? ___________________________.

2) Produção e Produtividade:

Quais os produtos que o senhor cultiva nesta propriedade?

Produto Área plantada Quant. Plantada Preço/unidade Valor/produção

Produto Área plantada Quant. Plantada Preço/unidade Valor/produção

Quais os produtos que o senhor vende ?

Produto Quant. Vendida Preço/produto Valor Comprador

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Onde o senhor vende esses produtos ?

( ) no local: ____________________________ ( ) Na estrada/rio:________________________

( ) na cidade:___________________________ ( ) outro:_______________________________

O senhor possui armazém próprio ? ( ) Sim ( ) Não

O senhor perdeu produto por falta de armazenamento? ( ) Sim ( ) Não

O senhor perdeu algum produto por causa de enchentes, seca, excesso de chuva, pragas, doenças ou outras

causas? ( ) Sim ( ) Não

Quais Produtos: ___________________________________________________________________.

Quais as Causas: __________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________.

Os produtos perdidos eram financiados ? ( ) Sim ( ) Não Por quem? __________________

Tinha seguro ? ( ) Sim ( ) Não

Foi indenizado? ( ) Sim ( ) Não Por quem? ________________________________

3) Pecuária e outras criações:

Numero de animais existentes:

Bovinos Suínos Eqüinos Ovinos/caprinos Aves

Numero de animais financiados:

Bovinos Suínos Eqüinos Ovinos/caprinos Aves

Quantos animais o senhor possui em cada ha. de pastagem?

Bovinos Suínos Eqüinos Ovinos/caprinos

Qual a atividade agrícola ( lavoura ou pecuária ), que no ponto de vista do senhor, tem maiores

perspectivas econômicas, e que o senhor pretende desenvolver? Por quê ? __________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

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______________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________.

4) Extrativismo:

Especificar no quadro os produtos extrativos, a quantidade e a área produtora (se área própria)

Produtos Quantidade Área produtora

5) Comercialização

De sua produção, tem algum produto que o senhor troca por outros? ( ) Sim ( ) Não

Quais ? __________________________________________________________________________.

Dos produtos vendidos, quais os que foram vendidos a prazo (fiado) ?

_________________________________________________________________________________.

O senhor vendeu algum produto antes da colheita? Quais?

___________________________________________________________________________.

6)Transporte:

Quais os meios de transporte que o senhor possui ?______________________________________.

Quais os meios de transporte que o senhor utiliza para conduzir os produtos dentro da propriedade ?

____________________________________________________________________.

Dos que não são próprios a quem pertence, e quanto o senhor paga pelo uso? ___________________

_________________________________________________________________________________.

Quais os meios de transporte que o senhor utiliza para levar os produtos até o mercado?______

_________________________________________________________________________________.

Se não são próprios, a quem pertence e quanto paga ? ___________________________________.

Que tipo de transporte o senhor utiliza para ir até à cidade? ( ) caminhão ( ) ônibus

( ) caminhonete ( ) bicicleta ( ) outros. Quais ?______________________________.

7) Assistência técnica:

O senhor recebe assistência e orientação técnica ? ( ) Sim ( ) Não

Que tipo de assistência técnica o senhor recebe? _________________________________________________________________________________________________________________________.Quais os órgãos que prestam assistência técnica ao senhor? ______________________________

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_________________________________________________________________________________.

Quantas vezes por ano o Sr. recebe a visita dos técnicos que prestam assistência técnica? Em que época?

___________________________________________________________________________.

O senhor já solicitou assistência técnica alguma vez e não foi atendido? ( ) Sim ( ) Não

Quais os órgãos que prestam assistência técnica que o senhor conhece ?_____________________.

8) Assistência Financeira:

O senhor já recebeu crédito rural? ( ) Sim ( ) Não Por quê?_______________

______________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________.

Quais as dificuldades que o senhor teve para obter o financiamento ? ______________________

______________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Em que ano o senhor pegou o crédito ? _______________________________________________.

Em que o crédito rural que o senhor pegou, foi aplicado?________________________________

_________________________________________________________________________________.

O senhor fez algum tipo de empréstimo para aplicar no custeio de lavouras, ou para aquisição de algum tipo

de instrumento necessário às suas atividades? ( ) Sim ( ) Não.

Por quê ?_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________.

Conseguiu pagar o crédito? ( ) Sim ( ) Não. Por quê?________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________.

O senhor acha que a sua situação de vida melhorou, piorou, ou se manteve depois que obteve o crédito? Por

que ?__________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________.

O senhor possui outra fonte de renda que não provenha da atividade agropecuária?

( )Sim ( )Não.

Se possui, qual?____________________________________________________________________.

O senhor aplica o dinheiro vindo de outra fonte de renda na propriedade? ( ) Sim ( ) Não.

Em que?__________________________________________________________________________.

9) Dados Demográficos e nível de vida.

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9.1) Dados demográficos.

Qual o número de pessoas da família? _________________. Homens ( ) Mulheres ( )

Quantas pessoas trabalham na agropecuária ? _____________________.

O senhor pretende mudar daqui ? ( ) Sim ( ) Não. Por que ? _______________________

_________________________________________________________________________________.

Para onde pretende ir? Por que ?____________________________________________________.

9.2) Nível de vida.

Qual a renda da família ? ( anual ou mensal ). R$ _______________________.

De que fonte provém estas rendas ? ( )Venda de produtos agrícolas. ( ) produtos pecuários

( ) produtos extrativos ( ) salários da família ( ) outros. ________________________

10) Instrução.

Qual o grau de instrução da família ? Do declarante_____________ . Da esposa _____________.

Dos filhos _______/_________/_______. Outros membros da família _______/_______/_______.

Os filhos freqüentam escola? ( ) Sim ( ) Não. Quantos? ______________

Qual Escola ? _____________________________________________________________________.

Se não freqüentam a escola, dizer por que ?_____________________________________________.

11) Habitação.

De que é feita a casa do senhor ? ______________________________________________________

_________________________________________________________________________________.

Quantos m2 e cômodos possui a sua casa? ______________m2 . n.º _______________________.

A casa é servida com água de: ( ) poço. ( ) fonte. ( ) encanada. ( )cacimba. ( ) açude

( ) outro.

Que tipo de iluminação é usada na sua casa? ___________________________________________.

12) Saúde.

O senhor e sua família vai ao médico periodicamente? ( ) Sim ( ) Não.

Quando alguém da família adoece, qual a primeira pessoa que é procurada ? Por que? _______

__________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________.

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Quais as doenças mais comuns por aqui ?_______________________________________________

_________________________________________________________________________________.

Há algum posto médico aqui por perto ? ( ) Sim ( ) Não. A que distância ? __________ O que o

senhor acha do atendimento ?

______________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________.

Observações: _____________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________