cp 077098

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Jodelson Aguilar Sabino Otimização com colônia de formigas aplicada à programação de operações de locomotivas de manobras Tese de Doutorado Tese apresentada ao programa de pós-graduação em Engenharia de Produção da PUC-Rio como parte dos requisitos parciais para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. Orientador: Dr. José Eugênio Leal Departamento de Engenharia Industrial – PUC, Rio de Janeiro, Brasil Co-orientador: Dr. Thomas Günther Stützle IRIDIA/CoDE – Université Libre de Bruxelles, Bruxelas, Bélgica Rio de Janeiro Março de 2008

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  • Jodelson Aguilar Sabino

    Otimizao com colnia de formigas aplicada

    programao de operaes de locomotivas de manobras

    Tese de Doutorado

    Tese apresentada ao programa de ps-graduao em Engenharia de Produo da PUC-Rio como parte dos requisitos parciais para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia de Produo.

    Orientador: Dr. Jos Eugnio Leal

    Departamento de Engenharia Industrial PUC, Rio de Janeiro, Brasil

    Co-orientador: Dr. Thomas Gnther Sttzle IRIDIA/CoDE Universit Libre de Bruxelles, Bruxelas, Blgica

    Rio de Janeiro Maro de 2008

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0321287/CA

  • Jodelson Aguilar Sabino

    Otimizao com colnia de formigas aplicada

    programao de operaes de locomotivas de manobras

    Tese apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Doutor pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia da Produo da PUC-Rio. Aprovada pela Comisso Examinadora abaixo assinada.

    Prof. Jos Eugnio Leal Orientador

    Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio

    Prof. Marc Reimann University of Warwick

    Prof. Reinaldo Morabito Neto

    UFSCar

    Prof. Fabiano Mezadre Pompermayer Consultor Autnomo

    Prof. Madiagne Diallo

    Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio

    Prof. Fernanda Maria Pereira Raupp Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio

    Prof. Jos Eugnio Leal Coordenador Setorial do Centro Tcnico Cientfico - PUC-Rio

    Rio de Janeiro, 31 de maro de 2008

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0321287/CA

  • Todos os direitos reservados. proibida a reproduo total ou parcial do trabalho sem autorizao da universidade, do autor e do orientador.

    Jodelson Aguilar Sabino

    Graduou-se em Matemtica na UFES (Universidade Federal do Esprito Santo) em 1986. Concluiu a ps-graduao em gerncia de projetos em 2001. Em 2002 recebeu o Student Paper Award do RASIG - IFORMS (Institute for Operations Research and Management Science). Concluiu o Mestrado em Informtica na UFES em 2004. Pesquisador convidado do IRIDIA/CoDE na ULB (Universit Libre de Bruxelles) em 2006. Trabalha na Vale, na rea de Tecnologia da Informao, desde 1987. Atualmente Gestor de Projetos de Tecnologia da Informao em Vitria (ES), atuando no atendimento a demandas corporativas da rea de logstica.

    Ficha Catalogrfica

    Sabino, Jodelson Aguilar

    Otimizao com colnia de formigas aplicada programao de operaes de locomotivas de manobras / Jodelson Aguilar Sabino ; orientador: Jos Eugnio Leal ; co-orientador: Thomas Gnther Sttzle. 2008.

    111 f. : il. (color.) ; 30 cm

    Tese (Doutorado em Engenharia Industrial)Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

    Inclui bibliografia

    1. Engenharia industrial Teses. 2. Otimizao por colnia de formigas. 3. Planejamento operacional de ptios ferrovirios. 4. Sistemas de transporte ferrovirio. 5. Roteirizao. I. Leal, Jos Eugnio. II. Sttzle, Thomas Gnther. III. Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Industrial. IV. Ttulo.

    CDD: 658.5

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0321287/CA

  • Dedico este trabalho a Jacqueline, Thomas e Eric Sabino

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0321287/CA

  • Agradecimentos

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Jos Eugnio Leal, pelo apoio e estmulo em todas

    as etapas da realizao deste trabalho.

    Ao meu co-orientador, Dr. Thomas Sttzle e ao Dr. Mauro Birattari, pelas

    contribuies relevantes e pela agradvel companhia durante os doze meses em

    que estive com eles.

    Ao Dr. Marco Dorigo, por acreditar em mim e por disponibilizar pessoas e

    recursos no momento certo.

    Aos membros da banca examinadora, pela leitura crtica e minuciosa deste

    trabalho e pelos comentrios e sugestes encaminhados, os quais foram

    fundamentais para a melhoria de sua verso final.

    Vale, pelo suporte e patrocnio.

    Aos meus colegas da Vale, da PUC-Rio e do IRIDIA/CoDE pelas colaboraes e

    pela companhia.

    Aos meus amigos e familiares pelo apoio fundamental nas horas difceis.

    minha esposa e filhos, a quem coube a tarefa mais difcil e mais importante de

    suportar a minha ausncia e me incentivar nos momentos em que eu estava

    presente.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0321287/CA

  • Resumo

    Sabino, Jodelson Aguilar; Leal, Jos Eugnio; Sttzle, Thomas Gnther. Otimizao com colnia de formigas aplicada programao de operaes de locomotivas de manobras. Rio de Janeiro, 2008. 111p. Tese de Doutorado - Departamento de Engenharia Industrial, Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    Este trabalho trata da modelagem e soluo de um problema complexo da

    vida real: o planejamento de operaes de locomotivas de manobras. Sua principal

    motivao o desenvolvimento de uma aplicao prtica para apoio ao

    planejamento operacional de grandes ptios ferrovirios, visando utilizao

    eficiente de seus recursos. A questo fundamental considerada a definio de

    qual locomotiva deve executar quais manobras, em que ordem estas manobras

    devem ser executadas e qual a rota a ser utilizada em cada manobra de modo a

    reduzir os custos operacionais e aumentar a produtividade do sistema ferrovirio.

    Um ptio ferrovirio de grandes propores usado como referncia para

    desenvolver um modelo matemtico, baseado na teoria dos grafos, que representa

    o problema proposto como um problema de coleta e entrega com frota

    heterognia, janelas de tempo e restries de capacidade. O modelo desenvolvido

    considera os principais elementos e variveis do caso real, tais como o leiaute do

    ptio, os acordos de nvel de servio e as restries operacionais vigentes. A

    tcnica proposta para resoluo do problema Otimizao Com Colnia de

    Formigas, utilizando duas colnias de formigas. Os testes computacionais avaliam

    diversas combinaes de parmetros e variantes do algoritmo proposto para

    identificar a que produz os melhores resultados. O baixo consumo de recursos

    computacionais e a qualidade das solues obtidas mostram que o algoritmo

    proposto capaz de produzir solues eficientes para problemas com propores e

    caractersticas reais.

    Palavras-chave

    Otimizao com colnia de formigas, planejamento operacional de ptios

    ferrovirios, sistemas de transporte ferrovirio, roteirizao.

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  • Abstract

    Sabino, Jodelson Aguilar; Leal, Jos Eugnio; Sttzle, Thomas Gnther. Otimizao com colnia de formigas aplicada programao de operaes de locomotivas de manobras. Rio de Janeiro, 2008. 111p. Tese de Doutorado - Departamento de Engenharia Industrial, Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    This thesis targets the modeling and solving of a real life complex problem:

    the switch engines operational planning in railroad yards. Its main motivation is

    the development of a practical application to help operational planners of large

    railroad yards to achieve efficient resource utilization. The key issue addressed in

    this research is the determination of which switch engine shall perform which

    switch orders, in which sequence the switch orders shall be performed and which

    is the route to follow while performing the switch orders in order to produce

    operational savings and improve the railroad system productivity. A huge railroad

    yard is regarded as a reference for designing a mathematical model, based on

    graph theory, which represents the proposed problem as a pickup and delivery

    problem with heterogeneous fleet, time windows and capacity constraints. The

    model takes into consideration the main elements and variables of the real world

    case like the yard layout, the service level agreements and the operational

    constraints in effect. The proposed technique for solving this problem is based on

    ACO Ant Colony Optimization with two ant colonies. The computational tests

    evaluate several parameter combinations and algorithm variants to identify the

    one that leads to better results. The computational resource consumption and the

    solution quality show that the proposed algorithm is able to produce efficient

    solutions to realistic and large problem instances.

    Keywords

    Ant colony optimization, railroad yard operational planning, railroad

    transportation systems, routing.

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  • Sumrio

    1 Introduo 12

    2 Apresentao do Problema 15

    2.1. Conceitos e terminologia 15

    2.2. Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios 21

    2.3. Enunciado 29

    2.4. Modelagem do Problema utilizando grafos 31

    2.5. O PPOLM como um problema esttico 44

    3 Reviso da literatura 46

    3.1. Planejamento operacional de ptios ferrovirios 46

    3.2. Problema de coleta e entrega 49

    3.3. Otimizao com Colnia de Formiga 52

    4 Metodologia de soluo do problema 58

    4.1. Escolha dos algoritmos 58

    4.2. Construo do plano de trabalho das locomotivas de manobras 59

    4.3. Clculo da atratividade 62

    4.4. Regras de deciso 65

    4.5. Regras de atualizao de feromnio 66

    4.6. Detalhes sobre a implementao do algoritmo YoYo 68

    4.7. Determinao da rota de cada passo 75

    5 Testes computacionais 82

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  • 5.1. O programa gerador de ordens de servio 82

    5.2. Preparao dos experimentos e mtricas utilizadas 88

    5.3. Resultados 91

    6 Concluso 99

    7 Referncias Bibliogrficas 103

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  • Lista de Figuras

    Figura 1: rea de um ptio ferrovirio em operao 16

    Figura 2: Etapas da realizao de uma manobra 18

    Figura 3: Um controlador de Ptio em seu posto de trabalho.

    Toronto, Ontrio, Canad. 20

    Figura 4: Etapas do planejamento operacional de ptios

    ferrovirios 23

    Figura 5: Grafo descritivo do leiaute da rea B do ptio K 34

    Figura 6: Correspondncia entre os grafos G e G 36

    Figura 7: Caminho de coleta e entrega Oe no grafo G 37

    Figura 8: Duas linhas adjacentes e o clculo da distncia entre

    elas 39

    Figura 9: Movimentos possveis de uma formiga a partir do

    estado i 54

    Figura 10: Algoritmo ACO genrico, baseado em Maniezzo &

    Carbonaro (1999) 55

    Figura 11: Caminho de uma formiga com trs passos

    destacados 61

    Figura 12: Algoritmo CompetAnts, conforme Reimann (2002) 62

    Figura 13: Rotina ACO usada no algoritmo YoYo 70

    Figura 14: Rotina RegraDeciso, usada na rotina ACO 71

    Figura 15: Rotina SortearResposta, usada rotina RegraDeciso 72

    Figura 16: Rotina Vivel, usada rotina RegraDeciso 72

    Figura 17: Matriz M (p+q, p+q, 2) de feromnios 74

    Figura 18: Horizonte de planejamento dividido em intervalos 77

    Figura 19: Matriz Z de alocao de ptio aps movimento do

    comboio 79

    Figura 20: Comboio estacionado em A, pronto para se deslocar

    at B. 79

    Figura 21: Dimenses envolvidas no clculo do tempo de

    alocao das linhas 80

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  • Figura 22: Ptio de descarregamento RRT1 utilizado nos testes

    computacionais. 84

    Figura 23: Diagrama de Fluxo de Dados do programa SOGY 86

    Figura 24: Comparao da qualidade da soluo para as

    regras CME e RNK 92

    Figura 25: Comparao das solues CME e RNK variando

    n_orders e m 94

    Figura 26: Comparao das regras RNK e CME variando e 96

    Figura 27: Nmero mdio de iteraes para CME e RNK

    variando n_orders e m 97

    Figura 28: Boxplot do tempo de CPU para todas as

    combinaes de parmetros considerando n_orders=60 98

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  • 1 Introduo

    A arte e a cincia tm seu ponto de encontro no mtodo.

    EDWARD BULWER-LYTTON

    A resoluo de problemas de otimizao tem sido assunto de grande

    interesse tanto no campo industrial quanto cientfico. As aplicaes prticas se

    multiplicam e se aperfeioam medida que a teoria se expande e se aprimora, que

    novos mtodos, modelos e tcnicas so divulgados e que os recursos

    computacionais se tornam mais acessveis. Mesmo em reas tradicionais como

    manufatura e logstica, a aplicao das tcnicas de otimizao continua trazendo

    retorno financeiro e propiciado tambm o desenvolvimento de novos modelos de

    negcio com gerao de vantagens competitivas.

    Os resultados obtidos com a aplicao das modernas tcnicas de otimizao

    e gerenciamento de processos tm despertado o interesse de estudiosos e peritos

    em todo o mundo: O congresso internacional do INFORMS (Institute for

    Operations Research and Management Sciences), realizado em Pittsburgh (PA),

    EUA em novembro de 2006, contou com mais de 3.000 apresentaes de

    trabalhos tericos e prticos aplicveis em diversas reas como manufatura,

    suprimentos, e-business, leiles, biotecnologia, sade e transporte.

    A soluo de problemas prticos usando tcnicas de inteligncia artificial e

    matemtica aplicada muito mais que simplesmente o desenvolvimento de um

    algoritmo. Em primeiro lugar, os problemas encontrados na vida real, geralmente

    so muito complexos e envolvem a manipulao de uma extensa quantidade de

    dados. Assim, a soluo dos mesmos requer habilidade no emprego de tcnicas

    para a utilizao eficiente dos recursos computacionais e conhecimento de

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  • 13

    mtodos matemticos capazes de produzir um modelo que leve a uma soluo

    vivel obtida dentro de um tempo razovel. Alm disso, indispensvel a

    comunicao com profissionais e cientistas da rea de conhecimento especfica do

    problema abordado e de suas reas afins, pois s assim possvel produzir uma

    soluo que explore as estruturas de dados, os processos e os mtodos daquela

    aplicao especfica e, ao mesmo tempo, seja capaz de tratar as complicaes

    prticas do dia a dia. Por fim, requerido conhecimento dos conceitos bsicos de

    economia e gerenciamento envolvidos no negcio, j que a busca da soluo

    tima acaba por se converter em reduo de custos, aumento da produtividade ou

    melhoria da qualidade do produto final (Lubbecke, 2001).

    Este trabalho trata de um problema prtico que surge durante o

    planejamento de operaes de ptios ferrovirios: Deseja-se determinar um plano

    de trabalho de baixo custo para um conjunto de locomotivas de manobras, visando

    atender ordens de servio que devem ser executadas em um dado horizonte de

    tempo. O referido plano deve especificar qual locomotiva deve executar qual

    manobra, a ordem em que estas manobras devem ser executadas e o caminho que

    cada locomotiva deve seguir durante a execuo de seu plano de trabalho. Para

    ptios com grande atividade, este problema pode se tornar complexo a tal ponto

    que a experincia e a intuio de uma boa equipe de planejamento no sejam mais

    suficientes para produzir boas solues com regularidade. Alm do nmero de

    variveis e restries envolvidas, a meta de reduzir o custo fixo e o custo varivel

    conduz a um problema que por natureza tem dois objetivos, eventualmente

    conflitantes, que precisam ser alcanados simultaneamente. Nesse contexto, surge

    o interesse pelo desenvolvimento de uma ferramenta computacional que seja

    capaz de sugerir solues melhores que as obtidas manualmente pela equipe de

    planejamento operacional do ptio.

    A literatura em otimizao de operaes de ptios ferrovirios escassa,

    principalmente no que diz respeito ao planejamento de trabalho das locomotivas

    de manobras. Com efeito, este um dos poucos trabalhos conhecidos nessa rea,

    sendo este o nico, no melhor conhecimento do autor, que considera o conflito de

    rotas das locomotivas de manobras em sua modelagem e resoluo.

    O restante deste documento estruturado como segue: o captulo 2 descreve

    brevemente os conceitos e a terminologia da rotina operacional de ptios

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  • 14

    ferrovirios e, com base nesses conceitos, formaliza a definio do problema em

    questo. O captulo 3 identifica e classifica as referncias mais importantes

    utilizadas nos estudos que levaram modelagem e soluo proposta. A

    metodologia utilizada para resoluo do problema detalhada no captulo 4,

    juntamente com as particularidades e modificaes necessrias nos mtodos

    tradicionais para derivar a soluo proposta. Os testes computacionais e os

    resultados obtidos so resumidos no captulo 5. O captulo 6 apresenta a

    concluso final, destacando as contribuies mais importantes deste trabalho e as

    possibilidades de continuao do mesmo. O captulo 7 encerra este documento

    com as referncias bibliogrficas.

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  • 2 Apresentao do Problema

    O pensamento s comea com a dvida.

    ROGER MARTIN DU GARD

    Este captulo apresenta a descrio por extenso e o enunciado formal do

    problema de programao de operaes das locomotivas de manobra de um ptio

    ferrovirio ou, simplesmente, PPOLM como ser chamado neste trabalho. A

    descrio por extenso do problema precedida de uma breve apresentao dos

    principais conceitos e da terminologia tcnica especfica de operaes de ptios

    ferrovirios. A formulao matemtica do problema apresentada aps a

    definio dos elementos e conceitos necessrios.

    2.1. Conceitos e terminologia

    Os elementos mais importantes de uma ferrovia so os vages, nos quais a

    carga ou os passageiros so transportados; as locomotivas, que do o poder de

    locomoo aos vages; os trilhos, que se agrupam para formar as linhas sobre as

    quais as locomotivas e os vages circulam; a tripulao, que opera o sistema

    ferrovirio e as cargas ou passageiros, que so transportados.

    No sistema ferrovirio, um conjunto de vages com mesmas caractersticas

    fsicas ou operacionais chamado de bloco. Um conjunto de blocos puxado ou

    empurrado por uma ou mais locomotivas e forma assim um conjunto maior de

    blocos e locomotivas que chamado de trem. Quando se fala sobre ordens de

    servio no contexto de pedidos de manobras a serem executadas em um ptio

    ferrovirio, um bloco um conjunto de vages que pode conter vages com

    origens ou tipos diferentes e que so agrupados de diversas formas visando

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  • 16

    atender requisitos temporrios especficos da operao do ptio. Visando

    estabelecer claramente esta diferenciao entre blocos que trafegam na ferrovia e

    os blocos que trafegam dentro dos ptios, este documento chama os blocos de

    ptio de conjunto de vages, ao invs de blocos.

    Os trens se locomovem sobre trilhos que formam linhas que conectam

    estaes, ptios e terminais formando assim uma rede ferroviria. Terminais

    ferrovirios e outras localidades onde os trens so formados ou desmembrados so

    chamados ptios ferrovirios ou simplesmente ptios. Analisado sob o aspecto

    fsico, um ptio ferrovirio (veja Figura 1) um local onde a estrada de ferro se

    expande em uma vasta rea composta de linhas paralelas conectadas por

    aparelhos de mudana de via (AMVs) e outros dispositivos ferrovirios que

    permitem a passagem de uma linha para outra.

    Figura 1: rea de um ptio ferrovirio em operao

    Funcionalmente, os ptios so os ns da rede ferroviria onde os trens que

    chegam so desmembrados e trens que saem so formados, vages so

    carregados, descarregados e transferidos de um trem para outro e onde ocorrem

    algumas funes complementares tais como inspeo, estacionamento e

    classificao de vages, troca de tripulao, abastecimento de locomotivas e

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  • 17

    manuteno e limpeza de vages e locomotivas. Os ptios so divididos em reas

    formadas por conjuntos de linhas destinadas a atender cada uma destas funes

    operacionais.

    Locomotivas podem atuar em viagens, provendo trao para os trens que

    transportam blocos entre ptios da ferrovia ou podem operar movimentando

    conjunto de vages dentro dos limites de um ptio. Neste ltimo caso as

    locomotivas so chamadas locomotivas de manobras.

    Este trabalho trata da programao de operaes das locomotivas de

    manobra na rotina diria de um ptio ferrovirio. Esta programao feita em

    ciclos regulares de curta durao (i.e. algumas horas) denominados horizontes de

    planejamento.

    Uma manobra um transporte de um conjunto de vages de uma linha de

    origem para uma linha de destino dentro de um ptio. No contexto deste trabalho,

    o conjunto formado por uma locomotiva de manobra mais os vages acoplados a

    ela ser denominado de comboio. Uma ordem de servio um pedido de execuo

    de uma manobra.

    A execuo de uma manobra corresponde seguinte seqncia de operaes

    que envolvem um conjunto de vages, uma equipe de planejamento e operao e

    uma locomotiva de manobra:

    A viagem escoteira, que o deslocamento da locomotiva sem

    nenhum vago acoplado, de sua posio inicial at o local de coleta

    dos vages;

    O acoplamento, que a operao de conectar vages locomotiva

    de manobra;

    O transporte, que a operao de movimentao realizada pela

    locomotiva de manobra ao transportar um conjunto de vages de

    uma linha de origem at uma linha de destino;

    O servio uma fase opcional que eventualmente sucede o

    transporte e ocorre quando a operao a ser executada com os

    vages no local de entrega requer a assistncia da locomotiva de

    manobras;

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  • 18

    O desacoplamento que a ltima fase de uma manobra e consiste na

    separao dos vages da locomotiva de manobra, tornando-a

    disponvel, a partir deste momento, para realizar outra manobra.

    Figura 2: Etapas da realizao de uma manobra

    A Figura 2 mostra uma escala horizontal representando um intervalo de

    tempo que vai das 06h10min at as 07h24min de um dia qualquer, onde esto

    indicadas as etapas e os principais eventos ocorridos no decorrer de uma manobra

    fictcia realizada durante este intervalo de tempo.

    Em um dado instante dentro de um horizonte de planejamento, uma

    locomotiva pode estar em uma, e somente uma, das seguintes situaes:

    1. Em modo de transporte, i.e., movendo um conjunto de vages de sua

    linha de coleta at a sua linha de entrega;

    2. Em modo escoteira, ou seja, movendo-se sozinha, sem nenhum vago

    acoplado a ela. Isto ocorre, geralmente, quando a locomotiva de

    manobra se desloca de sua posio inicial at a linha onde esto os

    vages a serem coletados na prxima manobra a ser realizada;

    3. Em modo de espera, ou seja, ociosa e com seu motor ligado, estacionada

    em uma das seguintes linhas:

    Na linha de coleta e pronta para iniciar o acoplamento, mas

    esperando a hora permitida para a coleta dos vages. Isto

    ocorre, por exemplo, quando uma locomotiva deve coletar

    um conjunto de vages na rea de descarregamento e quando

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  • 19

    ela chega linha de coleta, a operao de descarregamento

    ainda no foi concluda, sendo necessrio, portanto, aguardar

    o trmino do descarregamento;

    Em uma determinada linha de seu caminho (incluindo a linha

    de origem), aguardando que a linha seguinte seja liberada por

    outra locomotiva ou comboio que esteja trafegando por ela;

    Em sua ltima linha de entrega porque, de acordo com o

    plano de trabalho definido para ela, depois daquela ltima

    entrega no h mais manobras a serem executadas no

    horizonte de planejamento atual;

    Na linha de coleta ou na linha de entrega aguardando que um

    tcnico de operao ferroviria faa o acoplamento ou

    desacoplamento de vages locomotiva.

    4. Em modo desativada, isto , em algum lugar fora ou dentro do ptio mas

    parada e com o motor desligado. Isto ocorre, por exemplo, se de acordo

    com o plano de trabalho em execuo, a locomotiva no tem nenhuma

    manobra a ser executada durante todo o horizonte de planejamento atual,

    assim, ela fica parada e com o motor desligado at o incio do prximo

    horizonte de planejamento. Outro exemplo quando a locomotiva est

    em manuteno. Uma locomotiva em modo desativada pode,

    teoricamente, no ser considerada como parte da frota que serve quele

    ptio em questo durante o horizonte de planejamento.

    Uma manobra pode ser classificada por tipo, de acordo com a tarefa do ptio

    qual ela est relacionada. Assim, uma manobra pode ser de desmembramento de

    trens que chegam, carregamento ou descarregamento de vages, deslocamento

    para inspeo para verificar a necessidade de limpeza de um conjunto de vages

    ou manuteno de um vago especfico, classificao para retirada de

    determinados vages de um conjunto ou ordenao dos mesmos de acordo com

    um critrio pr-estabelecido, de formao de trens que vo partir do ptio ou

    simplesmente de deslocamento de vages dentro do ptio, seja para levar ou trazer

    das reas de limpeza ou manuteno ou para organizar melhor os vages no ptio,

    de modo a simplificar a realizao de tarefas planejadas para o futuro.

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  • 20

    Os profissionais responsveis pelas operaes de um ptio ferrovirio

    normalmente se dividem em equipes de tripulao, de planejamento de operaes,

    de manuteno e de apoio administrativo. As funes mais importantes para o

    contexto deste trabalho so:

    O maquinista, que a pessoa responsvel pela conduo da

    locomotiva;

    O tcnico de operao ferroviria (TOF), que faz principalmente os

    acoplamentos e desacoplamentos;

    O planejador, que define as manobras a serem feitas a partir da

    consolidao das demandas operacionais do ptio;

    O controlador de ptios e terminais (Figura 3), que monitora as rotas

    feitas pelas locomotivas de manobra dentro do ptio e define e

    informa aos maquinistas as manobras a serem realizadas.

    Figura 3: Um controlador de Ptio em seu posto de trabalho. Toronto, Ontrio, Canad.

    Diferente da abordagem proposta em Crainic et al. (1980), que considera os

    custos de operaes de ptios estratificados pelo tipo da manobra, este trabalho

    classifica os custos operacionais de um ptio ferrovirio em custos fixos e custos

    variveis, seja qual for o tipo de manobra. Os custos fixos esto relacionados ao

    custo de propriedade dos ativos do ptio, sendo a frota de locomotivas de manobra

    o nico ativo de interesse no contexto deste trabalho. Os custos variveis esto

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  • 21

    relacionados utilizao das locomotivas e consideram principalmente o consumo

    de combustvel, o desgaste ocorrido com o funcionamento das mesmas e o custo

    da tripulao e demais profissionais envolvidos na realizao das manobras.

    Indicadores de desempenho so medidas utilizadas pelas equipes de gesto

    do sistema ferrovirio para planejamento, avaliao do nvel de eficcia e

    fornecimento de informaes para entidades governamentais. O ciclo mdio de

    vages o indicador de desempenho com periodicidade de apurao mensal que

    expressa, em dias, o intervalo entre carregamentos de vages. A sua aplicabilidade

    est na verificao de adequao dos planos de transporte, especialmente os

    tempos alocados s operaes de carregamento e descarregamento de vages

    (Digenes, 2002). Albuquerque (2006) analisa alguns modelos para a avaliao do

    desempenho logstico de sistemas ferrovirios de carga e apresenta o ciclo mdio

    de vages como o indicador mais significativo da produtividade do material

    rodante.

    2.2. Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios

    O planejamento de sistemas de transporte ferrovirio envolve o tratamento

    de diversos recursos humanos e materiais que se relacionam numa rede complexa

    de decises, interdependncias e regras que afetam seus componentes de forma

    distribuda (Crainic, 2002). Em seu trabalho voltado para ferrovias de transporte

    pblico de passageiros, Lindner (2000) sugere uma decomposio hierrquica do

    processo de planejamento ferrovirio, estruturando-o em cinco etapas. Este

    tratamento hierrquico pode ser utilizado como referncia para modelagem

    voltada para otimizao dos processos e possibilita a diviso do planejamento em

    tarefas mais simples de modo que a soluo tima encontrada para uma etapa

    serve de entrada para o problema subseqente. Bussieck ET al. (1997) apresentam

    claramente o principal ponto positivo e negativo desta abordagem: uma vantagem

    tcnica evidente que os problemas mais simples so mais fceis de serem

    resolvidos com os mtodos e recursos computacionais disponveis. Por outro lado,

    no se espera encontrar uma soluo tima para o sistema como um todo ao final

    do processo e isso , certamente, uma desvantagem.

    A classificao utilizada no presente trabalho foi apresentada em Assad

    (1980) e define trs nveis para o planejamento de transporte ferrovirio:

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  • 22

    estratgico, ttico e operacional. Desenvolvida em um modelo baseado em

    ferrovias de transporte de cargas, esta classificao se baseia no fluxo de

    informaes e a forma como so definidas as polticas e diretrizes do sistema

    ferrovirio. Sua simplicidade e clareza fizeram com que esta classificao fosse

    adotada em muitos outros trabalhos como em Kraft (1998), Winter (1999), Crainic

    (2002), Garcia & Gutierrez (2003), Sabino (2004) e Crainic & Kim (2007).

    Na classificao de Assad, o planejamento Estratgico de longo prazo.

    Normalmente um captulo ou componente do planejamento da organizao

    como um todo e envolve a alta administrao da empresa em decises sobre

    grandes investimentos de capital no decorrer dos prximos anos ou dcadas.

    Decises tomadas no planejamento estratgico orientam polticas gerais de

    desenvolvimento da empresa e envolvem elementos como o desenho da malha

    ferroviria e sua evoluo no tempo, a localizao de seus ptios de manobras e

    terminais, a aquisio de recursos como vages e locomotivas e a definio da

    carteira de servios e as polticas de tarifao do sistema ferrovirio.

    O Planejamento Ttico de mdio prazo e visa determinar, em um

    horizonte de alguns meses, a forma com que devem ser feitas a alocao e

    utilizao dos recursos de modo a obter o melhor desempenho possvel do sistema

    como um todo. Neste nvel de deciso os dados so sumariados, as polticas

    abstradas e as decises so sensveis apenas variaes considerveis nos

    parmetros do sistema, tais como as alteraes sazonais nas demandas de trfego

    (Crainic & Roy, 1988). Um exemplo tpico de uma deciso ttica o desenho da

    rede de servios, incluindo determinao do tipo de servio a ser oferecido,

    programao de servios (definio de prioridade, capacidade e freqncia dos

    trens), definio de rotas de trens (i.e. definio de origem, destino, rota fsica e

    paradas intermedirias) e reposicionamento da frota para uso no prximo perodo

    de planejamento.

    O Planejamento Operacional de curto prazo, feito por unidades locais de

    gerenciamento tais como gerentes de ptio e supervisores do centro de controle de

    operaes. Este nvel de planejamento ocorre em um ambiente altamente

    dinmico em que fatores temporais tm um papel importante e a representao

    detalhada dos veculos, da topologia e das atividades essencial. So

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0321287/CA

  • considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    de veculos, a auditoria de

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    operaes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    satisfao do cliente e dos custos associados.

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    ferrovirios em trs etapas, como mostra a

    resultado de entrevistas e validaes feitas com o pessoal de c

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    rotina diria de um ptio real.

    Figura

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    operacional.

    considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    de veculos, a auditoria de

    O objetivo do planejamento operacional garantir uma operao eficiente e

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    raes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    satisfao do cliente e dos custos associados.

    Em adio

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    ferrovirios em trs etapas, como mostra a

    resultado de entrevistas e validaes feitas com o pessoal de c

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    rotina diria de um ptio real.

    Figura 4: Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios

    A classificao proposta neste tr

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    operacional.

    ESTRATGICO

    considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    de veculos, a auditoria de carga

    O objetivo do planejamento operacional garantir uma operao eficiente e

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    raes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    satisfao do cliente e dos custos associados.

    adio tradicional classificao hierrquica pr

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    ferrovirios em trs etapas, como mostra a

    resultado de entrevistas e validaes feitas com o pessoal de c

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    rotina diria de um ptio real.

    : Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios

    A classificao proposta neste tr

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    PLANEJAMENTO

    ESTRATGICO

    organizao das

    considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    cargas e o g

    O objetivo do planejamento operacional garantir uma operao eficiente e

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    raes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    satisfao do cliente e dos custos associados.

    tradicional classificao hierrquica pr

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    ferrovirios em trs etapas, como mostra a

    resultado de entrevistas e validaes feitas com o pessoal de c

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    rotina diria de um ptio real.

    : Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios

    A classificao proposta neste tr

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    PLANEJAMENTO DE PTIOS

    FERROVIRIOS

    TTICO

    1. Coleta e organizao das

    tarefas

    considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    s e o gerenciamento de avarias.

    O objetivo do planejamento operacional garantir uma operao eficiente e

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    raes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    satisfao do cliente e dos custos associados.

    tradicional classificao hierrquica pr

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    ferrovirios em trs etapas, como mostra a Figura

    resultado de entrevistas e validaes feitas com o pessoal de c

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    : Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios

    A classificao proposta neste trabalho est detalhada nos pargrafos que se

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    PLANEJAMENTO

    FERROVIRIOS

    OPERACIONAL

    organizao das 2. Identificao das manobras

    considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    erenciamento de avarias.

    O objetivo do planejamento operacional garantir uma operao eficiente e

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    raes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    tradicional classificao hierrquica proposta por Assad, este

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    Figura 4. Esta decomposio foi

    resultado de entrevistas e validaes feitas com o pessoal de c

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    : Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios

    abalho est detalhada nos pargrafos que se

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    OPERACIONAL

    2. Identificao das manobras

    considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    erenciamento de avarias.

    O objetivo do planejamento operacional garantir uma operao eficiente e

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    raes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    oposta por Assad, este

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    . Esta decomposio foi

    resultado de entrevistas e validaes feitas com o pessoal de campo e anlises

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    : Etapas do planejamento operacional de ptios ferrovirios

    abalho est detalhada nos pargrafos que se

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    3. Definio da programao de locomotivas de

    manobra

    23

    considerados no nvel operacional o planejamento de embarques, a programao

    O objetivo do planejamento operacional garantir uma operao eficiente e

    de baixo custo, garantindo que as demandas sejam atendidas no prazo e que o

    impacto das variaes no fluxo de operaes seja minimizado. Um bom plano de

    raes de ptio, por exemplo, resulta em uma utilizao eficiente das linhas de

    ptio e das locomotivas de manobra, e esta eficincia medida em funo da

    oposta por Assad, este

    trabalho prope a decomposio do planejamento operacional de ptios

    . Esta decomposio foi

    ampo e anlises

    tcnicas do processo de planejamento operacional, tal qual desenvolvido na

    abalho est detalhada nos pargrafos que se

    seguem e est fundamentada na cronologia na qual as informaes sobre as

    manobras futuras se tornam disponveis para a equipe de planejamento

    3. Definio da programao de locomotivas de

    manobra

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  • 24

    2.2.1. A Coleta e organizao das tarefas

    A primeira etapa do planejamento operacional considera as seguintes

    informaes, as quais so normalmente conhecidas com 24 horas de antecedncia:

    Programao de Trens Tambm conhecido como tabela de

    horrios de trem. O Plano de Trens, um dos principais produtos do

    planejamento ttico, influencia diretamente as operaes do ptio

    (e.g.: as manobras de recepo e formao so definidas em funo

    da programao de chegada e partida dos trens). A programao de

    trens a soluo do problema de escalonamento de trens, o qual

    identifica as rotas dos trens, suas freqncias semanais e suas tabelas

    de horrios de modo a minimizar o custo de transporte das cargas de

    seus locais de origem at os seus locais de destino. A escala de trem,

    depois de definida, executada repetidamente a cada perodo pr-

    definido (e.g.: uma semana) durante certo tempo (e.g.: trs meses) ou

    at que se faa uma reviso extraordinria. importante notar que a

    escala de tempo envolvida nestas atividades de planejamento de

    alguns dias a alguns meses;

    Plano de Carregamento e Descarregamento Trata-se de uma

    lista contendo todas as operaes de carregamento previstas para o

    ptio para o horizonte de planejamento seguinte, normalmente de

    algumas horas. No plano de carregamento especificado o cliente, a

    rea do ptio onde deve ocorrer o carregamento e os detalhes

    pertinentes aos vages a serem carregados como, por exemplo, peso,

    localizao e nmero de identificao do vago. As operaes de

    descarregamento compem, analogamente, o Plano de

    Descarregamento;

    Uma tarefa, no contexto desta etapa, se refere a uma demanda operacional

    de mais alto nvel para o ptio, como por exemplo, formar um trem, descarregar

    os vages de um trem ou inspecionar um lote de vages e em seguida realizar as

    manutenes e limpezas necessrias. Uma tarefa no est associada a uma

    locomotiva especfica e normalmente requer a realizao de vrias manobras para

    atend-la. As informaes consideradas sobre cada tarefa nesta etapa so o tipo de

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  • 25

    tarefa a ser executada, o nmero de vages envolvidos, as reas de origem e

    destino para cada operao, o tipo de carga e informaes sobre o cliente a ser

    atendido. Eventualmente saber-se- a localizao dos vages a serem

    considerados na tarefa e alguma informao sobre quando a tarefa dever ser

    executada.

    Nesta etapa no h restries a serem consideradas nem otimizao a ser

    feita. O mais importante certificar-se que todas as tarefas a serem executadas no

    horizonte de planejamento em questo foram consideradas e que todos os dados

    implcitos foram tratados ao ponto de se transformarem em informaes

    estruturadas o bastante para serem manipuladas nas etapas seguintes. Por

    exemplo, as seguintes informaes sobre prazos vo determinar, posteriormente, o

    horrio mais cedo ou mais tarde possvel para realizar as manobras

    correspondentes a uma tarefa:

    O prazo para concluso da tarefa de modo a atender o nvel de

    servio contratado com os clientes;

    O horrio mais cedo que a tarefa pode iniciar, considerando o

    horrio de trmino de alguma outra tarefa que seja pr-requisito

    desta.

    Ao contrrio das outras duas etapas do planejamento operacional, que sero

    apresentadas a seguir, esta primeira etapa no um processo de tomada de

    deciso, mas simplesmente uma coleta e classificao de dados. O produto que

    deve ser entregue como resultado desta etapa ser chamado neste documento de

    lista das tarefas e constitui-se numa compilao sistemtica, classificada em

    ordem cronolgica, de todas as operaes com execuo prevista para o horizonte

    de planejamento dado.

    Na prtica, parte das tarefas programadas para o ptio composta de

    informaes extemporneas que chegam pelos meios de comunicao tradicionais

    (e.g. e-mail, fax, telefone) e a outra parte consiste de informaes obtidas atravs

    de interfaces com sistemas de informaes j existentes para a gesto dos

    processos que geram demandas para o ptio.

    A lista das tarefas uma fonte de informao muito importante para vrios

    processos de planejamento e de avaliao no contexto da ferrovia. Por exemplo,

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  • 26

    esta lista pode ser utilizada no planejamento ttico, j que ele fornece indicaes

    sobre a utilizao dos recursos do ptio em mdio prazo (e.g.: linhas, locomotivas

    de manobras e demanda por equipagem em cada rea do ptio considerando o

    plano de trens e as rotinas de carregamento e descarregamento atuais).

    2.2.2.Identificao das Manobras

    A segunda etapa do planejamento operacional do ptio considera todas as

    tarefas planejadas e no planejadas e as manobras herdadas do horizonte de

    planejamento anterior. Nesta etapa, o planejador de ptio elabora a lista completa

    de todas as manobras necessrias para o prximo horizonte de planejamento o

    qual compreende algumas horas. Espera-se que esta etapa esteja concluda alguns

    minutos antes do incio do horizonte de planejamento ao qual ela se refere, de

    modo a permitir a execuo das tarefas da terceira etapa antes do incio do

    referido horizonte de planejamento.

    Nesta segunda etapa tambm necessrio considerar o horrio limite para

    incio e trmino de cada manobra e o tempo mximo permitido de atraso para

    comeo e fim da mesma, conforme acordo de nvel de servio firmado com o

    cliente. Em caso de atraso, o contrato com o cliente normalmente prev um valor

    em moeda corrente que representa a penalidade a ser paga, caso as operaes de

    carregamento ou descarregamento excedam este atraso mximo permitido. Neste

    caso, os limites acordados e os valores das penalidades previstas devem ser

    considerados como restries.

    As tarefas consideradas nesta etapa podem ser classificadas da seguinte

    forma:

    Tarefas planejadas: so todas as tarefas que constam na lista das

    tarefas, ou seja, aquelas identificadas na etapa anterior;

    Tarefas no planejadas: so todas as operaes de ptio que

    ocorrero no prximo horizonte de planejamento, mas que no foram

    consideradas na etapa anterior de construo da lista de macrotarefas

    porque elas no eram conhecidas naquele momento. Este grupo

    inclui as tarefas surgidas pouco tempo antes do incio da segunda

    etapa de planejamento, como, por exemplo, pedidos de levar ou

    trazer vages para manuteno ou limpeza. Neste grupo tambm se

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  • 27

    incluem algumas demandas imprevisveis, extemporneas, urgentes

    ou imprecisas, eventualmente vindas diretamente do prprio cliente

    como um pedido especial;

    Tarefas herdadas do horizonte de planejamento anterior so as

    manobras atrasadas ou postergadas do horizonte de planejamento

    anterior. Estas tarefas so muito bem detalhadas e apresentadas na

    forma de uma lista de manobras a ser executadas no decorrer do

    horizonte de planejamento que est sendo tratado.

    O objetivo da segunda etapa do planejamento operacional identificar

    todas as manobras necessrias para realizar as operaes de ptio que sero

    realizadas no horizonte de planejamento em questo, especificando:

    Linha de origem;

    Linha de destino;

    Quantidade de vages;

    Peso do conjunto de vages a ser deslocado;

    Janelas de tempo para realizao da manobra, ou seja, os horrios

    mais cedo e mais tarde possveis para coletar e para entregar os

    vages a serem transportados;

    Identificao da manobra que pr-requisito para a manobra em

    questo (se houver).

    Esta lista deve incluir as manobras de desmembramento, carregamento e

    descarregamento, classificao, envio e retorno de vages para limpeza e

    manuteno, inspeo, alm das manobras dos seguintes tipos:

    Manobras implcitas de puxar vages do incio de uma linha e deix-

    los em outra linha para tornar acessveis vages que esto

    localizados atrs destes.

    Manobras de reposicionamento de vages para tornar mais rpidas

    manobras futuras. Em geral este tipo de manobra uma demanda do

    plano de distribuio de vages vazios no ptio e ou do plano de

    classificao dos vages que esto na rea de estacionamento.

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  • 28

    Manobras especiais de levar locomotivas escoteiras para locais como

    rea de abastecimento ou troca de equipe.

    O recurso mais importante na etapa de identificao das manobras so as

    linhas do ptio. Deseja-se monitorar a ocupao de linhas e definir a seqncia na

    qual estas operaes devem ocorrer de modo a minimizar gargalos de alocao no

    decorrer das manobras planejadas para o horizonte de planejamento em questo.

    importante notar que o estado de ocupao das linhas do ptio no uma varivel

    binria que simplesmente define se a linha est ocupada ou no. Pode ser que uma

    linha esteja parcialmente ocupada de tal modo que, embora existam vages

    estacionados nela, outros vages possam ser adicionados sem que a capacidade da

    linha seja excedida.

    O processamento da etapa de identificao das manobras deve manter linhas

    desocupadas o bastante para acomodar os vages nas reas de ptio de destino das

    manobras previstas para o futuro. Para tanto, preciso explorar a flexibilidade das

    janelas de tempo e acompanhar o estado de alocao das linhas de cada rea do

    ptio com o passar do tempo, garantindo que os conjuntos de vages caibam nas

    linhas de destino das manobras que os envolvem.

    2.2.3.Definio do plano de trabalho das locomotivas de manobras

    Esta a ltima das trs etapas e executada pelo controlador de ptio. O

    principal dado de entrada para esta etapa a lista produzida na etapa de

    identificao das manobras contendo todas as manobras a serem executadas.

    O objetivo desta etapa definir qual locomotiva deve executar qual

    manobra (alocao) e tambm a ordem de execuo destas manobras

    (seqenciamento) de modo a no violar nenhuma restrio operacional (e.g.:

    janela de tempo ou capacidade da locomotiva para movimentar o peso do bloco)

    e, ao mesmo tempo, minimizar o custo operacional do ptio. Para executar esta

    etapa do planejamento, necessrio fornecer informaes sobre o leiaute do ptio

    e sobre as locomotivas de manobra disponveis nele e enumerar detalhadamente

    todas as manobras a serem realizadas durante um horizonte de planejamento

    especificado.

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  • 29

    importante observar que as manobras implcitas, de reposicionamento e

    manobras especiais devem ser identificadas na segunda etapa e especificadas

    explicitamente como dado de entrada desta etapa.

    O objetivo de reduo do custo operacional da etapa 3 equivale,

    indiretamente, reduo das seguintes grandezas:

    (a) O tempo total de realizao de todas as manobras, incluindo o

    tempo de espera caso haja conflito de uso de uma mesma linha por

    duas locomotivas de manobra, o qual diretamente proporcional

    ao custo varivel;

    (b) A quantidade de locomotivas necessrias para realizar todas as

    manobras da lista, a qual o componente do custo fixo;

    Vale notar que ao reduzir o tempo total para realizao de todas as

    manobras reduz-se o tempo de permanncia dos vages no ptio, o que implica

    diretamente na reduo do ciclo mdio de vages. Por outro lado, a reduo da

    quantidade de locomotivas necessrias, se praticada consistentemente por um

    longo tempo, pode resultar em uma recomendao de reduo do nmero de

    locomotivas necessrias para a operao do ptio.

    Este trabalho dedicado modelagem e ao desenvolvimento de uma

    ferramenta computacional de apoio deciso para a terceira etapa do

    planejamento operacional de ptios ferrovirios.

    2.3. Enunciado

    O PPOLM , na verdade um problema de otimizao combinatria que

    surge na terceira etapa do planejamento operacional de ptios ferrovirios e seu

    enunciado, por extenso, pode ser redigido como segue.

    Dadas as seguintes informaes sobre o ptio:

    1. Leiaute do ptio, incluindo comprimento das linhas;

    2. Lista de manobras a serem executadas, incluindo detalhes como

    origem, destino e vages a serem transportados;

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  • 30

    3. Lista das locomotivas de manobra disponveis, incluindo

    informaes como a localizao inicial e capacidade de cada uma.

    Deseja-se encontrar uma sugesto de:

    1. Uma programao para as locomotivas de manobra, i.e., a definio

    de quais ordens de servio devem ser executadas por cada

    locomotiva e a seqncia na qual cada locomotiva deve executar

    suas ordens de servio;

    2. Uma rota completa a ser seguida por cada locomotiva na execuo

    de suas ordens de servio, considerando a programao sugerida

    de tal modo que nenhuma das restries operacionais do ptio seja violada e que o

    custo operacional da programao e da rota sugeridas seja mnimo.

    As restries mais importantes a serem consideradas so:

    (a) Cada ordem de servio pode ter a si associada janelas de tempo, que

    especificam o horrio mais cedo e mais tarde possvel para coletar e

    para entregar os vages a serem transportados.

    (b) Todas as ordens de servio planejadas devem ser executadas, ou

    pelo menos iniciadas, durante o Horizonte de planejamento;

    (c) Nem toda locomotiva pode executar qualquer manobra. O peso total

    do conjunto de vages a ser movido no pode ser maior do que o

    peso mximo que a locomotiva capaz de puxar ou empurrar.

    (d) Certas ordens de servio podem ter outra como pr-requisito. Isto

    ocorre, por exemplo, quando uma seqncia de operaes deve ser

    realizada com um mesmo conjunto de vages ou quando o conjunto

    de vages a ser movido se encontra atrs de outros vages que,

    portanto, precisam ser movidos antes que a locomotiva tenha acesso

    aos vages referenciados naquela ordem de servio;

    Neste contexto, uma boa sugesto significa uma soluo de custo

    operacional mnimo.

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  • 31

    2.4. Modelagem do Problema utilizando grafos

    Este item apresenta a definio dos elementos envolvidos no PPOLM

    baseado em Teoria de Grafos (Diestel, 2005). Estas definies so utilizadas

    primeiramente para a apresentao do enunciado formal do problema e depois so

    referenciadas como suporte para explanaes posteriores.

    2.4.1. Locomotivas e ordens de servio

    Seja um Horizonte de Planejamento h de durao h que se inicia no

    momento hs e termina no momento hf (de tal modo que h = hf hs).

    Seja E o conjunto formado por todas as locomotivas de manobra disponveis

    no ptio durante o horizonte de planejamento h . Cada locomotiva e tem a si

    associado um peso mximo qe que ela capaz de puxar ou empurrar e as linhas do

    ptio onde ela se encontra no incio e no final do Horizonte de Planejamento, as

    quais sero chamadas de e+ e e respectivamente.

    Seja R um conjunto de ordens de servio que devem ser executadas durante

    o intervalo [ , ]s f

    h h h = . Associada a cada ordem de servio r em R existe um

    conjunto de vages com um peso total wr e comprimento total yr que precisa ser

    coletado na linha r+ e entregue na linha r , ambas localizadas em um ptio

    ferrovirio. O instante rt+

    em que os vages sero coletados na linha r+ deve estar

    dentro de um intervalo de tempo [ , ]r rs f

    r t t+ ++ = e a hora de entrega rt

    deve

    estar dentro do intervalo de tempo [ , ]r rs f

    r t t = . Este dois intervalos de tempo

    so chamados janela de tempo de coleta e janela de tempo de entrega

    respectivamente.

    Uma locomotiva se desloca pelo ptio a uma velocidade se que varia

    principalmente de acordo com:

    A sua capacidade de trao;

    O peso que est sendo puxado ou empurrado (quando a locomotiva

    trafega escoteira, este peso o prprio peso da locomotiva).

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  • 32

    As restries de segurana ou operacionais da linha por onde passa a

    locomotiva. Por exemplo, uma restrio de segurana pode limitar a

    velocidade de deslocamento em certas linhas do ptio ou uma

    locomotiva pode ter que parar durante o seu percurso e esperar at

    que a linha adiante seja desocupada por um comboio que por ela

    esteja trafegando.

    Da resistncia ao movimento para o trecho considerado no

    deslocamento. Segundo Castello Branco & Ferreira (2000), esta

    resistncia depende de vrios fatores tais como atrito, caractersticas

    da via permanente (resistncia de curvas e rampas), ventos

    (principalmente ventos laterais) e a avaliao quantitativa destes

    fatores tem sido objeto de estudos desde o incio da ferrovia, todavia,

    a menos de algumas poucas revises de termos ocorridas ao longo de

    dcadas, as frmulas propostas por W. J. Davis em 1926, conhecidas

    como Frmulas Davis continuam sendo usadas at os dias de hoje e

    consideradas boas aproximaes.

    Dos fatores relacionados acima, os mais relevantes so a capacidade de

    trao da locomotiva e o peso dos vages a serem transportados, j que as

    locomotivas de manobras circulam em velocidades relativamente baixas e os

    ptios em geral no costumam ter quantidade considervel de aclives, declives e

    curvas.

    2.4.2. Grafo de ordens de servio

    Seja ( , )G V A= um grafo orientado, ponderado nos arcos, onde o conjunto

    V de seus ns formado por todas as linhas lgicas do ptio que possam ser o

    local de coleta ou entrega de alguma manobra ou ainda a localizao inicial de

    alguma das locomotivas do conjunto E. Os ns v deste grafo so conectados por

    arcos a em A que denotam a existncia de um caminho conectando os ns i e j

    de tal forma que a locomotiva de manobras pode perfazer este caminho iniciando

    no n i e terminando no n j. O peso de cada arco de G um vetor que representa

    o custo do deslocamento entre os seus dois ns adjacentes na direo especificada.

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  • 33

    Cada elemento do vetor dos pesos representa o custo de percorrer o referido

    caminho passando por uma seqncia especfica de linhas do ptio.

    Note que ao invs de linhas fsicas, aqui se utiliza o conceito de linhas

    lgicas, que so distintas para cada manobra. Assim, para cada linha fsica do

    ptio que ocorre mais de uma vez como origem ou destino no conjunto R de

    ordens de servio, o grafo G contm tantas cpias distintas de ns associados a

    esta mesma linha fsica quanto for o nmero de ordens de servio que fazem

    referncia a esta linha. O grafo G tem, portanto, exatamente 2|R| vrtices, onde |R|

    o nmero de ordens de servio, j que a cada manobra esto associadas duas

    linhas lgicas, uma de origem e uma de destino.

    2.4.3. Grafo descritivo do leiaute do ptio

    Seja ( , )G V A = um grafo misto, conexo e ponderado nos ns e nos arcos,

    onde o conjunto V de seus ns descreve todas as linhas do ptio. Os ns v deste

    grafo so conectados por arcos a em A para descrever o leiaute do ptio de tal

    forma que conexes entre linhas adjacentes so representadas pelos arcos ou

    arestas que ligam os ns adjacentes correspondentes. Arcos entre dois ns de G

    indicam que uma locomotiva s pode movimentar entre estes ns na direo

    correspondente. Arestas ligando dois ns de G indicam a possibilidade de

    movimentao de locomotivas em ambas as direes entre aqueles ns. O peso de

    cada n v de G o comprimento vlda linha de ptio correspondente. O peso de

    cada arco ou aresta de G a distncia entre o par de linhas do ptio conectadas

    por aquele arco ou aquela aresta.

    Na parte superior da Figura 5 h o desenho de uma regio hipottica

    denominada rea B, pertencente a um ptio chamado Ptio K. A rea B contm

    sete linhas, representadas pelos segmentos em preto e identificadas por um

    nmero dentro de um quadrado cinza, e quatro AMVs, representados por pares de

    segmentos cinzas dispostos em ngulo agudo. A seta cinza na parte superior da

    linha 3 indica que h uma regra operacional que determina a circulao por esta

    linha em uma nica direo. A parte inferior da figura mostra o grafo G

    associado a este setor de ptio. Vale notar que os ns 1, 3 e 5 do grafo G esto

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  • 34

    conectados por arcos unidirecionais, indicando a direo nica de trfego

    permitida na circulao entre as linhas 1 e 3 e 3 e 5.

    Figura 5: Grafo descritivo do leiaute da rea B do ptio K

    Cabe aqui uma explicao sobre a modelagem do leiaute do ptio utilizando

    o grafo orientado G: Fisicamente, no h restrio quanto direo de trfego

    nas linhas do ptio, porm, no dia a dia da operao do ptio comum o

    estabelecimento de regras que obrigam ou recomendam o trfego em uma direo

    especfica para determinadas linhas. Isto ocorre com o objetivo de atender

    critrios de segurana ou simplesmente melhorar a circulao pelo ptio, por

    exemplo, evitando-se que comboios freqentemente se cruzem trafegando em

    direes contrrias. A opo pelo uso de um grafo misto para o mapeamento das

    linhas do ptio considera a possibilidade de informar eventuais regras de direo

    de circulao para linhas especficas. Assim, a implementao das estruturas de

    dados para representao do leiaute do ptio e dos algoritmos para percorr-la

    tornam-se mais simples e as solues so geradas naturalmente aderentes s regras

    de circulao.

    1

    2

    4 5

    1

    2

    4

    3

    5

    rea B do Ptio K

    Grafo G associado

    6

    7

    6

    7

    3

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  • 35

    2.4.4. Correspondncia entre G e G

    A Figura 6 mostra a correspondncia entre os grafos G e G. Para clareza do

    desenho, nem todos os arcos de G esto representados nesta figura. No plano

    superior contm a representao do grafo G e o plano inferior contm a

    representao do grafo G. As linhas verticais pontilhadas que unem os dois planos

    indicam correspondncias entre ns dos grafos G e G. Ns empilhados no grafo

    G indicam linhas do ptio que so origem ou destino de mais de uma manobra e,

    nestes casos, o nmero de ns empilhados de G indicam exatamente quantos ns

    correspondem a um nico n em G. Note que:

    em todos os ns de G tm um n correspondente em G: De

    fato, uma linha que no origem e nem destino de nenhuma

    manobra aparece como um n de G, mas no aparece como um n

    de G.

    Um n de G pode ter mais de um n correspondente em G: Caso

    mais de uma manobra tenham como origem ou destino uma mesma

    linha;

    Todo n de G tem um nico correspondente em G: Como toda

    origem ou destino de manobra tem que ser uma linha do ptio, todos

    os ns de G tm um correspondente em G;

    H uma associao natural entre arcos do grafo G e caminhos do

    grafo G: Os arcos de G representam uma ligao entre a origem e o

    destino de pelo menos uma manobra ou o deslocamento de uma

    locomotiva escoteira para coletar o conjunto de vages de uma

    manobra. Por outro lado, os arcos ou arestas de G representam a

    conexo fsica entre as linhas e, eventualmente, a direo nica na

    qual possvel trafegar entre duas linhas adjacentes. Dados dois ns

    adjacentes v1 e v2 de G, h pelo menos um caminho em G com

    origem e destino, respectivamente, nos ns correspondentes v1 e v2

    de G. Se v1 e v2 so adjacentes, ento este caminho nico. Caso

    contrrio, pode existir mais de um caminho em G associado ao arco

    (v1, v2) de G.

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  • 36

    Figura 6: Correspondncia entre os grafos G e G

    importante notar que, de acordo com as definies de G e G, decorre que

    'V V , ou, equivalentemente, todo n v de G tem seu n correspondente v no

    grafo G .

    2.4.5. Caminho de Coleta e Entrega

    Um caminho de coleta e entrega um conjunto ordenado

    1 2{ , , ,..., , }e nO e v v v e V+ = (1)

    representando um caminho direcionado simples em G para uma locomotiva

    de manobra e E , satisfazendo as seguintes condies:

    { , } { , }e er r O r r O+ + = r R (2)

    Se jv r+

    = e kv r

    = para um dado r R , ento 1k j= + , ou

    seja, kv um sucessor direto de jv em eO

    (3)

    |r e ew q r R r O+

    (4)

    Se kv r+= ou kv r

    = , sendo k ev O , (5)

    G

    G

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  • 37

    ento kk

    v

    v fT t e 1 1( )( )max{ , }k e

    k k k k

    v O

    v s v v vT t T t = +

    seT h+ e feT h (6)

    Onde kvT o instante no qual a locomotiva e E chega ao n kv V e

    1( )( )e

    k k

    O

    v vt o tempo total necessrio para percorrer o caminho mais curto indo do n

    vk-1 ao n vk.

    A condio (2) fora o emparelhamento da coleta com a entrega e a

    condio (3) a condio de carga nica, ou full truckload, que estabelece que

    toda coleta deve ser imediatamente seguida de sua respectiva entrega. A condio

    (4) a restrio de capacidade. A condio (5) especifica as restries de janela de

    tempo de coleta e entrega: A locomotiva de manobras no pode chegar linha de

    coleta e nem linha de entrega de cada manobra depois de seus respectivos finais

    de janela de tempo e se a mesma chegar linha de coleta ou de entrega antes do

    incio da janela de tempo correspondente, ela dever esperar at o instante kvst .

    Finalmente, a condio (6) especifica que todas as manobras planejadas devem ser

    executadas dentro do intervalo de tempo h .

    Figura 7: Caminho de coleta e entrega Oe no grafo G

    e+

    2r+

    r

    r

    1r

    1r+e

    2r

    1kr+

    1kr

    2kr+

    kr+

    kr e =

    2kr

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  • 38

    A Figura 7 ilustra um caminho de coleta e entrega Oe em G. Os segmentos

    contnuos representam o deslocamento de um comboio de ptio puxado ou

    empurrado pela locomotiva e. Os segmentos pontilhados correspondem ao

    deslocamento da locomotiva e no modo escoteira. Segmentos pontilhados e

    contnuos so arcos do grafo G e os pequenos crculos redondos so ns deste

    mesmo grafo.

    O segmento ponto-tracejado representa uma seqncia de movimentos feitos

    aos pares, primeiro em modo escoteira e depois em modo de transporte. A

    locomotiva e inicia o seu caminho a partir de sua linha de estacionamento

    representada pelo n e+, ou seja, onde se encontrava no momento do incio do

    Horizonte de Planejamento. A partir da, a locomotiva e se desloca escoteira at a

    linha 1r+

    , de onde ela dever coletar os vages para a sua primeira manobra. Os

    vages especificados na manobra 1r so ento acoplados locomotiva e, que os

    transporta at a linha de entrega 1r

    . Em seguida, a locomotiva e se desloca

    escoteira at o ponto 2r+

    para coleta dos vages da segunda manobra e assim por

    diante, at que a locomotiva e faz a sua ltima entrega na linha kr

    que tambm

    a mesma linha onde ela estar estacionada ao final do Horizonte de Planejamento,

    ou seja, utilizando a notao proposta kr e = . Vale notar que o n e - de um

    horizonte de planejamento o n e+ do prximo horizonte de planejamento.

    2.4.5.1.Custo de um caminho de coleta e entrega

    O custo fixo de um caminho de coleta e entrega o custo de propriedade da

    locomotiva associada a ele por unidade de tempo multiplicado pela durao do

    horizonte de planejamento.

    Como, por definio, um caminho de coleta e entrega uma seqncia de

    vrtices do grafo G, o custo varivel de um caminho de coleta e entrega a soma

    dos custos associados a todos os arcos de G contidas nele. Os itens que se seguem

    apresentam duas definies para o custo associado aos arcos de G. A primeira

    definio especifica o custo do caminho de coleta e entrega como funo da

    distncia percorrida e a segunda definio especifica o custo como funo do

    tempo gasto para percorrer o caminho.

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  • 39

    Sabe-se que todo n v em Oe , por definio, uma linha do ptio e,

    portanto, tem seu n correspondente v no grafo G. Sejam ento dois ns

    adjacentes v1 e v2 em um caminho de coleta e entrega Oe. A dupla (v1, v2) est

    naturalmente associada dupla (v1, v2) de G, assim, define-se o custo associado

    a um arco (v1, v2) de G como sendo igual ao custo associado a um caminho

    correspondente 1 2( , )P v v que vai de v1 at v2 em G. Estes conceitos so a base

    para as definies que se seguem, as quais so importantes elementos para a

    definio da funo objetivo do problema.

    2.4.5.1.1.Custo varivel baseado em distncia

    Como os ns do grafo G so linhas do ptio, o valor associado ao arco a

    que une dois ns adjacentes v1 e v2 de 'G definido como sendo a distncia

    entre o ponto mdio da linha associada ao n v1 e o ponto mdio da linha

    associada ao n v2. A Figura 8 mostra duas linhas adjacentes de um ptio de

    comprimento l1 e l2 respectivamente e a distncia l entre elas, calculada como

    1 21 2( , )

    2

    l lD v v

    + = (7)

    Figura 8: Duas linhas adjacentes e o clculo da distncia entre elas

    Se as duas linhas v1 e v2 no so adjacentes, como G um grafo conexo,

    decorre que existe pelo menos um caminho

    { }1 2 1 1 2 1 2( , ) , , ..., , n nP v v v u u u u v V = = = em G unindo v1 a v2, sendo

    3n . A distncia percorrida em cada caminho 1 2( , )iP v v (com 1i ) dada pela

    seguinte frmula:

    1

    1 2 11

    ( , ) ( , )n

    i k k

    k

    v v D u u

    +=

    = (8)

    1 2( , )D v v

    l1

    linha v1 linha v2

    l2

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  • 40

    A distncia entre linhas v1 e v2 dada ento por

    1 2 1 2( , ) min{ ( , )}

    iv v v v = (9)

    O custo varivel de um caminho de coleta e entrega Oe ento definido

    como a distncia total percorrida no caminho correspondente em G:

    1, 1

    ( ) ( , )e

    e d z zz z O

    O c v v+

    +

    = (10)

    onde cd um valor constante e igual ao custo mdio de deslocamento da

    locomotiva de manobra e por unidade de distncia e kv e

    1kv

    + so ns de G

    associados aos ns kv e

    1kv

    + de Oe.

    O valor de cd uma aproximao e considera a mdia entre o custo de

    deslocamento da locomotiva e no modo escoteira e o custo de deslocamento da

    mesma no modo de transporte, acoplada a um conjunto de vages de peso mdio.

    Esta uma definio simples e intuitiva do custo varivel de um caminho de

    coleta e entrega: O custo proporcional distncia total percorrida pela

    locomotiva ao longo de seu caminho. Como o valor da constante cd e o leiaute do

    ptio so conhecidos e no variam durante o horizonte de planejamento, o custo

    varivel baseado em distncia tambm denominado de custo varivel esttico.

    2.4.5.1.2.Custo varivel baseado em tempo

    O custo varivel baseado em tempo depende:

    Da locomotiva que est fazendo o percurso;

    Do peso dos vages que esto sendo tracionados;

    Da distncia a ser percorrida entre o n de origem e o de destino;

    Da hora em que a locomotiva parte do n de origem;

    De eventuais necessidades de espera durante o seu percurso at que a

    linha seguinte esteja livre.

    Da durao do deslocamento entre cada par de linhas representadas

    por ns adjacentes do caminho de coleta e entrega.

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  • 41

    Para computar o custo baseado em tempo de uma locomotiva e percorrer um

    caminho de coleta e entrega Oe , primeiro considera-se todos os caminhos

    possveis do tipo { }1 2 1 1 2 1 2( , ) , , ..., , n nP v v v u u u u v V = = = em G

    unindo v1 a v2, sendo 3n para cada par de ns v1 e v2 em G, associados ao

    respectivos ns adjacentes do caminho de coleta e entrega. Depois, usa-se a

    frmula (11), a qual se baseia nos custos por unidade de tempo da locomotiva e

    em modo de transporte ct, modo escoteira cl e modo de espera cs e os tempos

    correspondentes tt,, tl e ts em que a locomotiva e fica em cada um dos modos

    durante o percurso de v1 a v2.

    1 2 1 2 1 2 1 2( , ) , ) , ) , )( ( (i t t l l s sv v c t v v c t v v c t v v = + + (11)

    A partir deste ponto, segue-se o mesmo raciocnio usado para o clculo do

    custo baseado em distncia. A frmula (9) toma a rota de v1 a v2 com menor

    durao e finalmente a frmula (12) usada para calcular o custo varivel baseado

    em tempo para o caminho de coleta e entrega Oe .

    1, 1

    ( ) ( , )e

    e z zz z O

    O v v+

    +

    = (12)

    Esta frmula muito parecida com a frmula (10), sendo que neste caso cd

    no usado porque o seu papel j foi desempenhado pelas constantes ct,, cl e cs.

    O tempo de espera em cada linha do caminho de coleta e entrega depende

    do exato momento em que o comboio chega quela linha. A espera ocorre ou por

    causa da restrio imposta pela janela de tempo ou devido linha adiante estar

    ocupada por outro comboio ou locomotiva. Esta variabilidade do custo

    dependente do tempo faz com que o valor do custo s possa ser obtido atravs de

    uma simulao da execuo completa do caminho de coleta e entrega e

    impossibilita o clculo antecipado do custo das rotas entre cada par de ns

    adjacentes do caminho de coleta e entrega, como ocorre no caso do custo baseado

    em distncia. Estas caractersticas do custo baseado em tempo conferem ao

    mesmo o nome alternativo de custo varivel dinmico.

    2.4.6. Formulao

    Seja um conjunto

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  • 42

    { }e e EO

    = (13)

    de caminhos de coleta e entrega, tais que:

    Dados ,a br r R , se ra predecessor de rb , ento

    a br rT T +< (14)

    ee E

    O V

    = (15)

    A soluo para o problema de programao de operaes das locomotivas

    de manobra (PPOLM) consiste em encontrar o conjunto * que minimiza a

    funo objetivo:

    *

    * *1 2( ) ( ) ( )| |

    e

    e

    O

    c cC O

    E d

    = + (16)

    onde (*) o nmero de caminhos de coleta e entrega em * com mais de dois

    elementos, c1 e c2 so constantes no negativas definidas pela equipe de

    planejamento de operaes de ptio, |E| o tamanho da frota, ou seja, o nmero

    de locomotivas de manobras disponveis no ptio, d uma estimativa da distncia

    mxima que a locomotiva de manobras mais rpida da frota conseguiria percorrer

    escoteira durante o horizonte de planejamento h e ( )eO o custo varivel do

    caminho de coleta e entrega de *, percorrido pela locomotiva e, e calculado

    utilizando-se a frmula (10) ou a frmula (12).Vale notar que o valor do horizonte

    de planejamento h comum a todos os caminhos de coleta e entrega contidos

    em *.

    Eventualmente, para uma dada locomotiva ke E pode ocorrer que

    { , }ke k kO e e+ = . Este caminho de coleta e entrega

    keO , com apenas dois elementos,

    representa a possibilidade da locomotiva ke E no executar nenhuma manobra

    durante o horizonte de planejamento h . Este tipo de conjunto de * no

    considerado no clculo de (*) e, portanto, |E| (*), ou seja, (*) o

    nmero de locomotivas efetivamente utilizadas na soluo do PPOLM.

    Os valores c1 e c2 na frmula (16) expressam a importncia relativa do custo

    fixo comparado ao custo varivel na operao do ptio em estudo, tornando a

    frmula da funo objetivo uma soma ponderada. Um mtodo para clculo destes

    valores consiste em apurar o custo varivel mdio por unidade de tempo e

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  • 43

    comparar com o custo fixo mdio por locomotiva e por unidade de tempo e depois

    estabelecer a relao de proporo entre os dois valores considerando,

    adicionalmente, as metas do planejamento ttico, como, por exemplo, diminuio

    do nmero de locomotivas de manobras no ptio. Independentemente do mtodo

    utilizado para valores c1 e c2, pode-se dizer que estes valores so arbitrariamente

    definidos pelo usurio e tm como objetivo definir a importncia do objetivo de

    reduzir a frota de locomotivas utilizada no ptio comparada ao objetivo de fazer

    com que as manobras sejam executadas mais rapidamente e com menor consumo

    de combustvel.

    A frmula (14) expressa a restrio de precedncia do PPOLM. Esta

    restrio identifica uma diferena importante no critrio de seleo das solues

    viveis entre o algoritmo CompetAnts e o algoritmo proposto neste trabalho.

    A frmula (15) faz com que todas as ordens de servio sejam atendidas pela

    coleo de caminhos de coleta e entrega da frmula (13). O fato do valor de

    *( )C ser mnimo implica que no h ordem de servio repetida em *.

    A frmula (16) expressa o objetivo de reduzir o custo total associado ao

    conjunto *. O primeiro termo da soma proporcional ao custo fixo da soluo e

    o segundo termo proporcional ao custo varivel

    Os valores de |E| e d foram usados na frmula (16) para impedir que haja

    uma diferena considervel na magnitude dos dois elementos da soma. Estes

    valores fazem com que as constantes c1 e c2 funcionem conforme desejado,

    independente de fatores como a quantidade de veculos disponveis no ptio, a

    durao do horizonte de planejamento e a unidade de medida de deslocamento

    utilizada.

    O uso da frmula do custo varivel ou dinmico para o clculo de ( )eO

    depende da qualidade das informaes disponveis sobre o ptio e do tempo de

    processamento permitido para se apresentar a soluo do problema. Se os tempos

    envolvidos na frmula (11) podem ser computados com um nvel de confiabilidade

    razovel, utiliza-se a frmula (12) e obtm-se o custo varivel dinmico, caso

    contrrio, utiliza-se a frmula (10) e obtm-se o custo varivel esttico. Alm

    disso, o uso da frmula (12) implica em um maior tempo de processamento j que

    o custo varivel esttico pode ser calculado inicialmente e usado durante todo o

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  • 44

    decorrer do processo enquanto o custo varivel dinmico requer o clculo e

    atualizao durante a construo da soluo, j que varia em funo do tempo.

    Alguns profissionais da rea questionam a importncia de se considerar o

    custo fixo na funo objetivo j que, depois de adquirida ou alugada, a locomotiva

    de manobras normalmente alocada para trabalhar no ptio por um perodo

    equivalente a vrios horizontes de planejamento. Sendo assim, a reduo de custo

    obtida com a reduo da frota no ocorre, normalmente, para o horizonte de

    planejamento considerado. De fato, este argumento vlido se o planejamento for

    considerado com uma perspectiva operacional, no entanto, a utilizao recorrente

    de um nmero menor de locomotivas de manobras do que o disponvel no ptio ao

    longo de sucessivos horizontes de planejamento indcio de que o planejamento

    ttico deve considerar a reduo da frota para aquele ptio. De qualquer forma, os

    valores de c1 e c2 na frmula (16) do ao usurio a flexibilidade de indicar, no

    contexto da operao do ptio considerado, a importncia do custo fixo em

    relao ao custo varivel, sendo possvel, inclusive, atribuir o valor zero para c1

    indicando que o custo varivel no tem nenhuma importncia para o problema

    dado.

    2.5. O PPOLM como um problema esttico

    Uma caracterstica importante dos problemas de roteamento em geral o

    modo como as requisies de transporte se tornam disponveis. Um problema

    classificado como esttico quando todas as requisies de transporte so

    conhecidas antes da execuo das rotas pelos veculos, e classificado como

    dinmico se algumas requisies so conhecidas inicialmente e outras requisies

    surgem em tempo real, depois que os veculos j iniciaram a execuo das rotas,

    sendo necessria a modificao da rota de algum veculo para incluso da nova

    requisio acrescentada. Outras diferenas entre o problema esttico e o dinmico,

    bem como uma reviso dos mtodos e resultados mais importantes para soluo

    dos dois tipos de problema pode ser encontrado em Mitrovic-Minic & Laporte

    (2003).

    No caso real utilizado como referncia para a modelagem desenvolvida

    neste trabalho, a maioria das demandas produto de algum planejamento prvio e,

    portanto, so conhecidas antes de sua execuo, de modo que no necessrio

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    planejar a execuo das ordens de servio imediatamente aps tomar

    conhecimento das mesmas.

    Havendo um planejamento prvio, legtimo, portanto, assumir que em um

    dado momento t0, todas as ordens de servio a serem atendidas, dentro de um

    horizonte de tempo definido previamente, so conhecidas (Lubbecke, 2001). Esta

    premissa motiva a utilizao do horizonte de planejamento @h de durao h,

    conforme definido no item 2.4.1, de modo que s so consideradas as ordens de

    servio que podem ser executadas at o tempo t0 + h. Vale notar que o valor de h

    define, implicitamente, o tamanho da instncia do problema, j que, para uma

    freqncia constante de execuo de manobras, este valor limita o nmero de

    ordens de servio a serem consideradas no planejamento.

    Para tratar demandas emergenciais surgidas em um momento t (t > t0, t

    [hi, hf] ) durante a execuo de uma seqncia planejada de manobras pode-se,

    simplesmente, registrar a situao do terminal naquele momento, juntamente com

    as manobras ainda no executadas e adicionar a estas as novas manobras

    emergenciais, submetendo este novo conjunto de informaes para

    processamento. Esta a estratgia adotada na maioria das vezes, na prtica, para

    resolver problemas dinmicos: O problema inicial visto como uma seqncia de

    problemas estticos (Savelsbergh & Sol, 1995).

    Vale lembrar que ao modelar o PPOLM como esttico estabelece-se uma

    restrio importante no tempo de execuo do algoritmo que ir resolv-lo: depois

    de implementado o algoritmo no computador, o tempo de entrada de dados mais o

    tempo de execuo do programa resultante no pode ser maior do que a durao

    do horizonte de planejamento dividido pelo nmero de vezes que se pode desejar

    incluir novas ordens de servio durante a execuo do plano proposto.

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  • 3 Reviso da literatura

    Pensar mais interessante que saber e menos interessante que observar.

    JOHANN WOLFGANG GOETHE

    O objetivo deste captulo apresentar as referncias mais importantes

    relacionadas aos trs principais tpicos cobertos neste trabalho que so o

    planejamento operacional de ptios ferrovirios, o problema de coleta e entrega e

    a otimizao com colnia de formigas.

    Neste trabalho, o PPOLM modelado como um problema de coleta e

    entrega com vrios veculos, restrio de janelas de tempo, capacidade e

    precedncia, composto com um problema de encontrar o caminho mais curto entre

    dois vrtices de um grafo onde o peso dependente de espao e tempo. O

    problema de coleta e entrega resolvido com uma metaheurstica de otimizao

    com colnia de formigas envolvendo duas colnias e o caminho mnimo

    encontrado com o tradicional algoritmo de Dijkstra.

    3.1. Planejamento operacional de ptios ferrovirios

    A principal motivao deste trabalho a reduo dos custos operacionais de

    ptios ferrovirios. Neste contexto, espao, tempo e custo so variveis

    interdependentes e constituem o foco principal da anlise. Por exemplo, espaos

    mais curtos percorridos pelas locomotivas de manobras implicam em menor

    tempo para percorr-lo e conseqentemente menor consumo de combustvel e

    menor tempo de alocao dos recursos humanos envolvidos (e.g. tripulao,

    tcnicos de operao ferroviria), reduzindo assim o custo operacional do ptio.

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  • 47

    Daganzo et al. (1983) destaca os dois componentes mais importantes do

    ciclo mdio de vages: O tempo em que o vago fica na ferrovia, que equivale,

    em mdia, a 14% do ciclo mdio de vago e o tempo em que o vago fica em

    ptios, que corresponde a 62% do ciclo mdio de vago. Trabalhos mais recentes

    como Dyke (2006) e Dirnberger & Barkan (2007) mostram que esta proporo de

    distribuio dos componentes do ciclo de vago no mudou muito durante as

    ltimas dcadas. Isto significa que investimentos na melhoria operacional dos

    ptios, visando reduzir o tempo de permanncia dos vages nos mesmos implicam

    em um grande potencial de reduo do ciclo de vago e, conseqentemente, em

    uma perspectiva de melhoria considervel na eficincia do sistema de transporte

    ferrovirio como um todo. Com efeito, segundo Bektas et al. (2007), uma das

    iniciativas mais importantes para aumentar a produtividade e a competitividade

    das ferrovias a gesto eficiente dos ptios ferrovirios, fazendo com que os

    vages sejam processados o mais rpido possvel, de modo a propiciar uma

    utilizao eficiente dos ativos e atender os horrios de conexo.

    Embora o inve