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Título livroCortiça e ArquiteturaUma Edição da Euronatura, 2011. CapaFotografia Pavilhão Centro de Portugal ( Coimbra )Fotógrafo: Jesús García

AutoraFernanda Chiebao

Revisão de textosAna Filipa BeatoCristiano Jorge Vieira da Costa PiresEclair de Fátima Balotari ChiebaoFábio Balotari ChiebaoHelder CoelhoHugo CostaPedro Lima Gaspar

Conselho consultivoGláucio GonçalvesIgnacio García PeredaLuís Manuel da Costa Cabral e Gil

Desenho gráficoJesús GarcíaRubén Ulloa

FotografíaJesús García

ImpressãoEspaço Gráfico. LdaR. Coronel Luna de Oliveira, nº 6- A/B1900-167 Lisboa

Depósito legal

ISBN: 978-972-98932-7-8

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Centro para o Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentado

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A presente obra de investigação resultou-se do apoio e da parti lha de informação

e conhecimento de diversas pessoas, que, com responsabil idade, compromisso e

seriedade, tornaram possível a concretização deste projeto.

Primeiramente, estou muito grata à colaboração de toda a equipe da Euronatura

envolvida neste trabalho, especialmente de seu idealizador, o engenheiro Ignacio

García Pereda, e da investigadora e coordenadora de projetos, Stefania Mattarello.

Sou agradecida ao auxíl io prestado pelos membros do Conselho Consultivo e

pelos revisores de texto, que, por meio da sua distinção intelectual e dos seus

conhecimentos acadêmicos, contribuíram na retif icação e no enriquecimento do

conteúdo deste l ivro.

Estou também muito grata a todos que contribuíram, tanto direta como indiretamente,

nos processos de levamento de dados históricos referentes às instituições estudadas;

aos habil idosos designers Jesús García e Rubén Ulloa Sánchez, realizadores de um

trabalho digno de grande destaque; aos gabinetes de arquitetura, pela disponibil ização

de materiais informativos das obras investigadas, e pelos construtivos comentários

e sugestões para o melhoramento desta obra; e a todos os amigos e colegas que

acompanharam a finalização deste longo e laborioso projeto.

Agradeço aos patrocinadores deste l ivro pelo apoio seu financeiro, fator essencial para

transformar em realidade o sonho de ter este projeto desenvolvido e concretizado.

Por fim, gostaria de exprimir a minha mais profunda gratidão pelo apoio familiar

incondicional recebido durante os últimos meses de intenso trabalho, dos meus pais

e do meu irmão, que, mesmo à longínqua distância, acompanharam o desfecho desta

obra.

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O presente l ivro tem o intuito de informar, conscientizar,

promover, assim como desmitif icar, o uso da cortiça

nas novas e modernas propostas arquitetónicas, destacando

as potencialidades desta matéria-prima como material de

construção. Essa temática é abordada, particularmente,

sob o ponto de vista técnico-informativo, cuja abrangência

de ação oferece um amplo leque de soluções para o uso

diversificado da cortiça na arquitetura, como, por exemplo,

em revestimentos interno e externo de paredes, tetos e

pavimentos, e até mesmo no próprio design de móveis.

O interesse na cortiça pela Euronatura, Organização Não-

Governamental (ONG) de ambiente sem fins lucrativos

fundada em 1997, com polít icas dirigidas para o direito

ambiental e o desenvolvimento sustentável, inicia-se

em 2006, o ano em que foi publicado “Joaquim Vieira

Natividade (1899 - 1968) - Ciência e Polít ica do Sobreiro

e da Cortiça”. Esta obra biográfica sobre o engenheiro

agrónomo e silvicultor Joaquim Vieira Natividade constitui

o primeiro volume da coleção “História, Cultura e Polít ica

Florestal”, da Euronatura.

Nesse contexto, é importante mencionar também a

publicação do livro sobre a Junta Nacional da Cortiça

(1936-1972), o segundo volume dessa coleção, lançado

em 2009, cuja efetuação redespertou o interesse no uso

da cortiça na arquitetura. A Junta Nacional da Cortiça

- instituição fundada nos primórdios do Estado Novo,

que desempenhou um papel de capital importância no

gerenciamento da indústria corticeira de Portugal por mais

de 35 anos - criou, nos seus primeiros anos de existência, um

laboratório de pesquisas absolutamente pioneiro na Europa

(Pereda, 2010). A sua prioridade no âmbito da pesquisa

concentrou-se na viabil ização e na implementação do uso

da cortiça como material de construção, o que incitou

um dos seus fundadores, o engenheiro Almeida Garret, a

visitar os melhores laboratórios dos Estados Unidos com o

propósito de aperfeiçoar as técnicas de manejo da cortiça,

e a incentivar o uso deste material na construção de casas

económicas durante o governo de António de Oliveira

Salazar.

O terceiro e mais recente volume dessa coleção, intitulado

Mulheres Corticeiras, de Stefania Mattarello, relata as

experiências laborais e pessoais das mulheres do setor

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corticeiro, e mostra-nos que o valor e a aplicação da

cortiça vão muito além do uso desta matéria-prima como

mero isolador de garrafas de vinho.

Este estudo investigativo deu-se nos primeiros meses

de 2010, com a minha chegada à Euronatura através da

participação do programa Leonardo da Vinci, um programa

de estágio internacional promovido pela União Europeia.

O apoio extensivo que recebi do programa mencionado

acima, e, mais tarde, de um projeto de natureza semelhante

do Serviço Voluntariado Europeu (SVE), foi imprescindível

para a realização do presente trabalho.

Para concretizar este projeto, foi selecionada uma equipa

de profissionais que constituem o Conselho Consultivo,

com o objetivo de lograr o maior grau de excelência e

exatidão dos conteúdos publicados. Para tal, t ive a honra

de contar com o apoio dos engenheiros Luís Manuel da

Costa Cabral e Gil1 e Ignacio García Pereda2 . Ademais,

salientando meu país de origem, o Brasil, foi feito também

um convite ao profissional que se ocupa das questões da

arquitetura sustentável desse mesmo conselho, o arquiteto

Gláucio Gonçalves3.

É importante evidenciar que os primeiros contatos diretos

com a cortiça usada na construção, realizados durante as

primeiras visitas aos edifícios investigados, permitiram-me

considerar o seu aspecto físico, a sua integração, aplicação

e eficácia num contexto pragmático. Tais considerações

serviram-me, indubitavelmente, de estímulo e orientação

durante o progresso dos estudos, através dos quais

procurei ressaltar as potencialidades da cortiça como

material de construção.

No decorrer da investigação, sucedendo as pesquisas

bibliográficas, foram realizadas visitas a diversas obras

arquitetónicas em que a cortiça foi usada como material

de construção, das quais se destacam as seguintes:

Observatório do Sobreiro e da Cortiça, em Coruche (10

de março de 2010), Convento dos Capuchos, em Sintra

(12 de abril de 2010), Eco-cabana, em Cascais (15 de

abril de 2010), Armazém Quinta do Portal, em Sabrosa

(21 de abril de 2010), Logadega, em Évora (17 de maio

de 2010), Colégio Pedro Arrupe, em Lisboa (18 de maio

de 2010). Além das obras mencionadas, estão ainda

presentes neste l ivro descrições de outras obras; contudo,

por razões associadas à logística do projeto, a análise in

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loco restringiu-se apenas a uma parcela do número total

de edifícios estudados.

Deve-se notar que, a despeito de estarem incluídas algumas

obras arquitetónicas realizadas fora de Portugal, como é

o caso do Pavilhão de Portugal na Expo de Shangai 2010,

projetado pelo arquiteto português Carlos Couto, neste

l ivro, foi dada maior atenção às obras levadas a cabo em

território português. Nesse contexto, considerou-se ainda

relevante fazer menção de algumas obras que obtiveram

considerável notoriedade, mas que não foram realizadas,

como, por exemplo, o projeto Abrigo em Cortiça (CBS - Cork

Block Shelter, em inglês), do jovem arquiteto português

David Mares, vencedor do concurso internacional de

design denominado Shelter Competition, promovido pelo

Museu Guggenheim de Nova Iorque, em 2009.

Subseguiu-se uma série de entrevistas com os autores e

responsáveis pelos projetos incluídos neste l ivro, que, com

muita simpatia e disposição, responderam a uma variedade

de perguntas e relataram suas opiniões a respeito do uso da

cortiça na arquitetura. Uma grande parte das entrevistas foi

realizada em Lisboa; as restantes aconteceram em cidades

no norte do país, sempre com avidez e a expectativa

de alcançar as respostas para as inúmeras dúvidas que

surgiram com as primeiras leituras. Graças à cooperação e

anuência dos autores, foi-me possível transmitir de forma

correta, precisa e coerente, o conteúdo de cada projeto.

Durante as sessões de entrevistas, quando perguntados

sobre o porquê do uso da cortiça como parte do conjunto de

materiais ordinários usados na construção, os arquitetos em

questão discorreram acerca da necessidade da uti l ização

de um material natural na arquitetura, que dispusesse de

qualidades físicas e químicas particulares, cuja obtenção

não contribuísse para a degradação ambiental.

A partir das informações e do conhecimento adquiridos

das incessantes leituras, do estudo e da análise in loco

dos edifícios, bem como do contato próximo com os

autores dos projetos investigados neste trabalho, a

responsabil idade de coordenar um estudo dessa magnitude

conduziu-me ainda a uma outra etapa, na qual fomentei o

estabelecimento de uma relação próxima com gabinetes

de arquitetura e seus responsáveis. Tencionou-se, desse

modo, adquirir a colaboração direta desses contatos nesta

investigação, com a disponibil ização de diversos tipos de

material informativo, tais como fotografias e imagens 3D

de projetos arquitetônicos, e memoriais descritivos das

obras estudadas.

Finalmente, com o adiantamento dos processos

investigativos do presente trabalho, o projeto foi

gradualmente desenvolvido, ajustado e consolidado com o

apoio de todos os intervenientes mencionados nesta obra,

que tem, como um de seus propósitos, o intento de divulgar

o uso da cortiça - uma das grandes riquezas naturais

portuguesas e do mundo mediterrâneo - na arquitetura.

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Evidentemente, a consolidação deste l ivro ressalta e

reafirma a importância da difusão e do incentivo do uso

dessa matéria-prima como uma alternativa ecológica -

portanto, sem implicações degradantes para o ambiente

- de material de construção para as futuras edificações.

Percorrer tal caminho significa, acima de tudo, pôr em

prática o conceito de arquitetura sustentável.

É licenciado em engenharia química pelo Instituto Superior Técnico (IST) de Portugal, e Meste em química orgânica tecnológica pela Universidade Nova de Lisboa (UNL). É autor de

8 livros relacionados com a história, tecnologia, normalização e aplicação da cortiça na arquitetura, bem como com a relação cortiça-vinho. É co-autor do verbete Cork da Ullmann’s

Encyclopedia of Chemical Technology. Até julho de 2009, foi autor ou co-autor de 114 trabalhos técnicos, científicos e de divulgação, publicados em Portugal e no exterior. Incluem-se

ainda teses e monografias, e 125 comunicações em conferências, congressos, encontros e simpósios nacionais e internacionais.

É autor de dois livros sobre a história corticeira: Joaquim Vieira Natividade (1899 - 1968) e Junta Nacional da Cortiça (1936-1972), ambos publicados pela Euronatura, nos anos de 2008 e

2009, respectivamente.

É o arquiteto-fundador do Espaço Brasileiro de Arquitetura (EB-A), e designer de interiores, especializado em Planejamento de Empreendimentos Sustentáveis - ANAB Brasil. Escreve

artigos para o jornal Estado de São Paulo, na coluna “Mercado imobiliário e sustentabilidade”, e para o sítio eletrônico do Portal Terra, no espaço “Reciclar conceitos em primeiro lugar”. É

também renomado pelos projetos desenvolvidos para as empresas Esso e Angola LNG.

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Fernanda Chiebao

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Um bom arquiteto, competente dentro do seu campo de

responsabil idade, é aquele que dá uma resposta eficaz.

Circunstâncias várias, entre as quais o empenho, a convicção

e a resistência podem facil itar um salto qualitativo, traduzindo-

se num edifício bril lhante que se destaca ou se torna invisível.

É, muitas vezes, mais difícil de conceber um edifício que se

apaga.

Álvaro Siza

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O presente l ivro divide-se em dois grandes temas,

que estão patentes no seu próprio título: Cortiça e

Arquitetura.

O primeiro dos temas é dedicado às características

da cortiça como matéria-prima, material originário,

principalmente, da casca do sobreiro (Quercus suber), no

qual são especificamente abordadas as suas qualidades

intrínsecas, bem como as técnicas usadas no processo

de descortiçamento. Ademais, são brevemente discutidos

o desenvolvimento histórico e as particularidades dessa

árvore florestal na indústria corticeira em Portugal, país de

maior produção, transformação e exportação de cortiça do

mundo.

O segundo tema, por seu turno, aborda as características

e aplicações de uma vasta gama de produtos constituídos

de cortiça, usados no setor da construção para diversos

fins, dos quais são destacados os aglomerados de cortiça

uti l izados para o isolamento térmico e a absorção acústica

num edifício. São também abordadas as singularidades da

aplicação da cortiça nas edificações investigadas neste

trabalho, partindo das obras de caráter histórico às obras

contemporâneas, das quais as últimas servem de exemplos

aos novos conceitos para o uso da cortiça na arquitetura.

Por fim, são apresentados e discutidos os conceitos de

arquitetura sustentável.

A arquitetura denominada sustentável fundamenta-se em

diversos parâmetros de construção, com o desenvolvimento

e o uso de técnicas e materiais naturais que priorizam

a eficiência energética e a eco-sustentabil idade, cuja

implementação resulte numa considerável atenuação do

impacto ambiental negativo oriundo das edificações.

Nesse contexto, é importante fazer menção da elevada taxa

de consumo de energia final4 dos edifícios em Portugal,

correspondente a cerca de 30% do consumo nacional médio

de energia final. Ainda, na Europa, cerca de 40% do consumo

energético total - segundo os valores da energia final - e

cerca de 30% das emissões de dioxido de carbono (CO2),

têm origem no parque edificado. Os dados mencionados

revelam claramente a necessidade de percorrer caminhos

alternativos, em que a prática da arquitetura sustentável,

com a uti l ização de materiais naturais e eco-sustentáveis

para a redução do impacto ambiental deletério proveniente

das construções, corresponda a uma estratégia viável e

preferencial no sector da construção5.

O bem-estar oferecido pelo meio físico num edifício

depende de uma série de fatores, mas, sobretudo, das

suas características ambientais, tais como temperatura,

i luminação e qualidade do ar. De facto, são essas variáveis

que constituem os principais parâmetros numa abordagem

eco-sustentável num projeto de arquitetura, e que têm

A energia final corresponde à quantidade de energia - como, por exemplo, a energia sob forma de eletricidade - disponível para uso em uma edificação. Estudo

realizado entre dezembro de 2004 e Março de 2006 pelo Centro de Investigação sobre a Economia Portuguesa ( CISEP)

Pinheiro, M. D., Ambiente e construção sustentável ( Instituto do Ambiente, Amadora 2006).

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estimulado o uso de materiais naturais na construção - em

particular, para o isolamento térmico em edifícios.

Nessa contextura, consideradas as particularidades da

cortiça, um material natural, durável, eco-sustentável e de

ampla aplicabil idade, torna-se evidente a compatil idade

desta matéria-prima com os conceitos fundamentais da

arquitetura sustentável.

Em assentimento e incentivo ao uso de materiais naturais e

renováveis - a cortiça, em particular - nas novas propostas

arquitetónicas, a concretização do presente projeto

tem o modesto desígnio de ampliar e parti lhar o atual

conhecimento relativo ao uso da cortiça na arquitetura. Para

tal propósito, neste l ivro, a temática Cortiça e Arquitetura

é apresentada e discutida com o auxíl io de fotografias,

i lustrações, tabelas, fórmulas matemáticas e definições,

com o intento de facil itar a compreensão desta valiosa e

promissora combinação para a arquitetura sustentável.

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Cortiça, parênquima suberoso originado pelo meristema súbero-felodérmico do sobreiro6 (Quercus

suber L.), constituindo o revestimento do seu tronco e ramos (Gil, 1998).

O habitat natural desta espécie situa-se na zona mediterrânica Europeia e no Norte de África. Em

Portugal os sobreiros encontram-se disseminados por todo o território nacional, em povoamentos puros e

mistos, mas com predominância a sul do rio Tejo.

Espaço florestal composto de sobreiros, denominado “montado”, é normalmente um sistema agro-silvopastoril,

onde simultaneamente com produção de cortiça se faz o pastoreio e culturas agrícolas.

Os montados de sobro têm sido um grande aliado para a fauna e a flora selvagens. Cite-se que 42 espécies

de aves dependem destes, incluindo algumas espécies raras e em vias de extinção. Refira-se também que em

apenas 1 m² de montado foram identif icadas 60 espécies de plantas. Outras referências apontam o montado

de sobro como o habitat de 140 espécies de plantas e 55 espécies de animais, facto eventualmente inigualável

a nível europeu7.

Para além da produção florestal e das atividades associadas à extracção de cortiça ,existem outras atividades

como a caça, a apicultura, a apanha de cogumelos e ervas aromáticas e medicinais de grande importância nas

regiões do montado.

O contributo ambiental do montado é caracterizado pela capacidade fixadora de CO2, da adaptação em

solos económicamente inviáveis, de modo a impedir o processo de desertif icação, com o aumento da taxa de

infi ltração das águas da chuva.

A extração da cortiça decorre nos meses de primavera e verão , em meados de maio até o final de agosto. Nesse

período a árvore encontra-se fisiologicamente ativa na produção de cortiça, o que torna fácil a separação da

camada de células de cortiça recentes do tronco.

O corte é feito manualmente com machado, por golpes sucessivos ao longo de l inhas verticais e horizontais, em

volta da árvore, o que permite retirar a cortiça em grandes pranchas, processo importante que determinará

a qualidade da matéria-prima. Logo após a extração da casca, o tronco do sobreiro é marcado com o último

algarismo, referente ao ano da tiragem.

Cada fase de extração da casca do sobreiro, a matéria-prima recebe denominações diferentes. A primeira a

ser retirada chama-se “cortiça virgem”, uma cortiça muito irregular. A segunda designa-se por “secundeira”

e, apesar de ser um pouco mais regular que a anterior, tem util idade reduzida. Por fim, a “amadia” – a

mais regular de todas, extraída a cada 9 anos. Esta é a matéria prima principal para o fabrico dos diversos

subprodutos da cortiça.

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Ao Montado só lhe foi reconhecido maior valor quando, a partir do século XVIII, passou a ser visto como

gerador de um bem valioso, a cortiça, que teve uma enorme expansão, com a sua procura a partir de finais

do século XIX como matéria prima para o fabrico de vedantes (Silva, 2008/2009).

Entretanto, foi somente no século XX que a produção corticeira em Portugal teve grande crescimento. O

aumento na produção foi acompanhado de um grande desenvolvimento da indústria de transformação da

cortiça pois, em 1925, 90% deste material não sofria qualquer elaboração industrial importante. Este facto

deve-se à Guerra Civil Espanhola e às confrontações armadas na Argélia, reduzindo significativamente a

produção nesses países, tendo sido Portugal a responder à procura8.

Atualmente, o desenvolvimento da indústria corticeira tem vindo a fomentar acções de reflorestação, apesar

de apenas a área de montado no Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo apresentar um crescimento positivo na última

década ( Si lva, 2008/2009 ).

Esperemos que, num futuro próximo, nós, portugueses,sejamos capazes de arrancar ao nosso sobreiro alguns segredos importantes que é muito possível que ele ainda guarde. Talvez ele um dia revele se a sua cortiça – dádiva de Deus, milagre da Natureza – pode ainda servir para algo ainda mais importante do que as rolhas e do aproveitamento do quanto deriva da sua fabricação e se assim for, oxalá que sejam portugueses a descobrir-lo9.

“”

O sobreiro é uma árvore de porte médio, com uma copa ampla e altura média de 15 a 20 metros, podendo atingir, em casos extremos, os 25 metros. A raiz principal profunda bastante

no solo em busca de humidade nas camadas mais fundas, razão que lhe permite viver em regiões relativamente pouco chuvosas. ANTÓNIO, Nuno Cruz ‐ O Montado de Sobro e os seus

produtos. Consult. 2001. 08.25, em http://naturlink.sapo.pt/

Disponível em disponível em <www.portalflorestal.com>. Acesso 10.08.2011.

OLIVEIRA, Manuel Alves de; e OLIVEIRA, Leonel A Cortiça. Casais de Mem Martins, Rio de Mouro: Corticeira Amorim S.G.P.S., Printer Portuguesa, Lda., Maio, 2000.

PERES, Carlos Reminiscências de há 50 anos. Boletim Cortiça, Suplemento do nº600. Lisboa: Instituto dos Produtos Florestais, 1988, pp 75.

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A primeira tiragem da cortiça, chamada “ desbóia”, pode

ser feita quando a árvore tem entre 25 a 30 anos. A cortiça

extraída, denomina-se, então, cortiça “virgem” e nesta

primeira remoção obtêm-se cortiça dura, pouco elástica,

irregular e compacta. Somente na terceira tiragem, quando

a árvore tem mais de 40 anos, se consegue cortiça de

qualidade superior.

A cortiça extraída apresenta-se sob a forma de “pranchas”

caso possua forma semi-tubular de grandes dimensões,

ou de “bocados” quando consistir apenas em pedaços de

menores dimensões (Gil, 2005).

Como planta lenhosa, o seu ciclo anual compreende duas

fases: a atividade vegetativa, que se inicia na primavera

até ao final do outono e o período de repouso invernal, que

se prolonga pelos meses de novembro a fevereiro, em que

a cortiça é menos produtiva.

Nas duas fases que caraterizam o ciclo anual desta árvore,

somente uma delas interessa à produção suberosa, com

duração aproximada de oito meses. O desenvolvimento

da cortiça acompanha a intensidade de crescimento da

árvore, que acelera nos dois/três primeiros meses, depois

se reduz durante o estio e parte do outono, e quase cessa

nos primeiros meses de inverno. Cerca de dois terços do

crescimento suberoso anual realizam-se durante o primeiro

período.

Ao examinarmos no microscópio, verif icamos que as

células da cortiça produzidas durante o período primaveril

são mais altas do que largas e têm membranas delgadas.

A última assentada de células de cortiça, formada antes

da árvore entrar em repouso invernal, é constituída por

células achatadas e com membranas espessas. Esta

alteração gradual da espessura das membranas e das

dimensões menores das células, produzidas no Outono,

origina diferentes colorações na prancha, visíveis nas

camadas e extractos anuais.

Depois do período invernal de repouso, a atividade

da assentada geradora recomeça, produzindo novas

assentadas de células durante a primavera, verão e outono

e consequentemente paralisa-se no inverno.

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Há alguns séculos atrás o sobreiro cobria de forma mais

homogénea todo país. Na época dos descobrimentos

houve o um aumento no consumo de madeira, devido

ao crescimento da população e à necessidade da sua

uti l ização na construção de navios, originando assim, o

abate de sobreiros e a crescente colheita e comércio da

cortiça.

Portugal produz anualmente uma média de 150 mil toneladas

de cortiça, valor que representa 50% da produção mundial.

Esta é a matéria prima que alimenta uma indústria de

grande importância para a economia nacional, transforma

cerca de 70% da cortiça produzida no mundo10.

A maior área florestal está localizada ao sul do rio Tejo,

no Ribatejo, Alentejo e Algarve, regiões que representam

quase 90% da produção nacional. Por outro lado, as

indústrias corticeiras concentram-se mais nos distritos

de Aveiro e Setúbal, onde a percentagem é significativa,

alcançando os 75% e 13%11.

Desde o início do século XX, que os governos dos países

corticeiros se conscientizaram da necessidade de

desenvolver polít icas corticeiras, de proteção e valorização

deste material.

Imagen: Rubén Ulloa

North Afr ica

France

I ta ly

Mediterranean Sea

Spain

A t lant ic Ocean

FORUM Projectos, 2005. A utilização e a valorização da propriedade industrial no sector da cortiça.

Sector da Cortiça em números 2009. ( APCOR,Cork Information Bureau).

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Práticas precipitadas e impróprias na gestão do montado,

como o descortiçamento prematuro e intensivo, foram

corrigidas a partir de 1920, com o surgimento das primeiras

leis que regulam as práticas de tiragem e gestão florestal.

Além disso, o papel dos governos foi crucial em momentos

de perturbações económicas, como o caso da crise de

1929.

Nas épocas de crise, como nos anos 30 ou em épocas

de guerra, como nos anos da guerra civil espanhola e da

segunda guerra mundial, a cortiça passou a ser um produto

estratégico, e a fi leira da cortiça portuguesa ganhou

notoriedade. Até esse momento, a maior parte da cortiça

era transformada fora do país, e a indústria nacional não

deixava de ser pequena e artesanal.

A mecanização cresceu nas unidades fabris e uma maior

capacidade produtiva, no caso das rolhas, foi proporcionada

pelo uso de maquinarias mais eficientes. Na década de

40, com o decréscimo do sector na Catalunha (Espanha) e

mais tarde nos Estados Unidos da América, Portugal ganha

importância na transformação e exportação de produtos, e

demarca-se como potência mundial da cortiça.

Na primeira metade do século XX, a prancha de cortiça era o

principal produto desta fi leira nacional, sendo matéria prima

destinada aos países responsáveis pela transformação

do produto: Reino Unido (o grande transformador no

século XIX), Espanha (Catalunha), Alemanha, França,

Suíça, Rússia, Polónia, Checoslováquia, México, Japão e

Austrália. Entre esses paises, se destacaram os Estados

Unidos da América, possuidores dos melhores laboratórios

corticeiros do mundo, desde os anos 20.

O mercado da cortiça viu-se enriquecido com algumas

descobertas realizadas na primeira metade do século XX,

quando John Smith verif icou que os grãos de cortiça, em

aquecimento e confinados ou comprimidos se aglomeravam,

originando a cortiça aglomerada pura expandida.

Outro avanço no sector foi a descoberta de Charles

Mcmanus em 1909, com a mistura de cola ou resina com

grãos de cortiça, originando o aglomerado composto.

A fabricação de novos produtos permitiu aproveitar os

resíduos gerados pela indústria rolheira.

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Em épocas anteriores ao nascimento de Cristo, a cortiça

já era uti l izada em bóias nas artes da pesca e em sapatos,

aplicações estas que de algum modo ainda hoje se mantêm.

Em 3000 a.C., na China uti l izava-se a cortiça para aparelhos

de pesca, tal como acontecia com os egípcios, babilónios,

assírios, fenícios e persas12.

No Egito foi encontradas em sarcófagos milenares, cortiça

uti l izada como tampões nas ânforas13, como forma de

vedação. Na Grécia, apesar de não se encontrarem mais

sobreiros, a sua existência no passado foi confirmada por

registro da descoberta do fi lósofo Teofrasto ( séculos IV

a III a.C), a cortiça era também util izada para bóias de

pesca.

Entretanto, foram os romanos que alargaram o leque

de uti l ização da cortiça, na criação de cortiços para as

abelhas, por ser má condutora de calor, nas redes de

pescas, vedante de vasilhas, cobertura de habitações e

até mesmo no fabrico de calçado feminino14.

Na antiguidade a cortiça foi encontrada como material em

mobiliários, em reforços de móveis e objectos de pequeno

porte, tais como: berços, caixas, cofres, leitos, forros de

arcas e portas.

Em Portugal uti l iza-se a cortiça desde a constituição do

país, na construção, aplicada como isolante térmico,

impedindo a entrada de frio e humidade no edifício, como

nos casos conhecidos, Convento dos Capuchos em Sintra,

ano de 1560 e Carmelitas no Buçaco em 1628.

Entretanto, demais obras e propriedades da cortiça serão

descritas no decorrer dos próximos capítulos, com o

intuito de fortalecer a imagem da cortiça como elemento

construtivo empregue em obras históricas e obras de

caráter contemporáneo.

A cortiça faz parte da cultura humana como material

técnico desde sempre, quer seja como vedante, isolante

ou flutuador. Ainda hoje se acredita que não há melhor

material natural ou sintético para substituí-la. Entretanto

é necessário atualizar, explorar a matéria prima e tirar

partido das suas potencialidades, reconhecendo nela um

material promissor e projetado para o futuro.

Mestre, A., Campelo, M. da G.,Silva, M., Velhinho, R., 2006. Sector e materias de cortiça. (Dossier Info Cortiça, Susdesign).

s.f. Vaso antigo com duas asas, que servia para a conservação e o transporte dos líquidos e das sementes. Acesso: 10.08.2011 http://www.dicio.com.br/anfora/.

Oliveira, M.A. de; e Oliveira, L. A Cortiça. Casais de Mem Martins, Rio de Mouro: Corticeira Amorim S.G.P.S., Printer Portuguesa, Lda., Maio, 2000.

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13

14

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O presente capítulo dedica-se à apresentação das potencialidades da cortiça na arquitetura, e à reafirmação deste

material natural, eficiente e de ampla aplicabil idade, que, à face das exigências atuais do setor da construção,

apresenta-se como uma alternativa apropriada e eco-sustentável de material de construção. Ademais, este

capítulo tem o intuito específico de informar, com modéstia, os profissionais da área de construção sobre os benefícios da

aplicação dessa matéria-prima.

Entretanto é possível notar variedade de aplicabil idade da cortiça ao longo da história, quando empregada em coberturas

exteriores, em casas de habitação tipo popular, em construções secundárias e abrigos temporários. Esteve presente

também em coberturas em telha-vã15 para o isolamento no interior de conventos, igrejas e aposentos no interiores de

castelos. Além de, desempenhar o papel de revestimento no interior de silos, em pavimentos, paredes divisórias, paredes

associadas à terra e tabiques. Como isolante acústico, esteve associada à madeira e tabiques externos.

Atualmente, considerando toda a potencialidade da aplicabil idade da cortiça, pode-se dizer que, a uti l ização desta matéria-

prima como material de construção é relativamente l imitada, restringindo-se, praticamente, à produção de aglomerados

técnicos, usados em juntas de dilatação no intuito de atenuar as variações térmicas de estruturas em betão, e em

revestimentos interiores dos edifícios - paredes, tetos e pavimentos - como isolamento térmico e acústico.

Acredita-se que, isso decorra da carência de divulgação, por parte dos fabricantes, dos novos produtos em cortiça

disponíveis no mercado da construção, assim como, do desconhecimento dos profissionais do setor da construção, que

julgam não ter ciência das potencialidades de aplicação da cortiça.

De facto, considerando as propriedades físico-químicas da cortiça e suas potencialidades de aplicação, é pertinente

reconhecer e incentivar o uso desta matéria-prima renovável nas prospostas de arquitetura, a fim de minimizar o impacte

ambiental deletério proveniente das edificações, em benefício tanto do ambiente, bem como da sociedade.

Mestre, A., Campelo, M. da G.,Silva, M., Velhinho, R., 2006. Sector e materias de cortiça. (Dossier Info Cortiça, Susdesign).15

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A cortiça é uma matéria-prima originária do sobreiro (Quercus suber), uma espécie quercínea

mediterrânea de crescimento lento e longevidade duradoura, cujas propriedades são conhecidas

desde a antiguidade. Os fenícios e os gregos, por exemplo, povos de grande distinção na

navegação marítima e nas intensas atividades mercantis, já demonstravam interesse pela cortiça, que

era empregada como meio vedante de ânforas16 . Os romanos, por seu turno, faziam uso dessa matéria-

prima renovável como elemento flutuador em redes de pesca.

Na Sardenha, a segunda maior i lha do mar mediterrâneo, as referências mais antigas sobre a uti l ização

da cortiça remontam ao II e I milênios a.C., e revelam que alguns povoados, defendidos por muralhas

e torres de fortif icação, empregavam uma associação de placas de cortiça e terra para o levantamento

de paredes.

Deve-se notar que, apesar da extração da casca do sobreiro ser uma prática milenar, foi apenas no

final do século XIX, com a descoberta, por John Smith17 , da singular propriedade da cortiça granulada

de aglutinar-se e formar aglomerados quando submetida a altas temperaturas, que a aplicação desta

matéria-prima tornou-se mais ampla. Nas últimas décadas, dada a necessidade de servir-se de um

material que atendesse aos requisitos de funcionalidade e conforto em uma edificação, a cortiça adquiriu,

inclusivamente, um papel de destaque na arquitetura.

Com a ampliação do conhecimento sobre as peculiaridades físicas da cortiça, em particular quanto à sua

resistência ao desgaste, impermeabil idade e capacidade de isolamentos térmico e acústico, juntamente

com o advento de técnicas inovativas para a sua aplicação nas propostas arquitetônicas, a cortiça

adquiriu considerável relevância como material de revestimento.

A partir da década de 1930, durante o governo de António de Oliveira Salazar, fomentou-se o uso da

cortiça na construção de casas econômicas e de obras de caráter público. Dentre as obras públicas

construídas durante o salazarismo, em que a cortiça foi usada como material de construção, destacam-

se o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e o Hospital de São João, no Porto. Ademais, o Hospital de

Repouso de Lisboa, renomeado diversas vezes, e atualmente designado Hospital Pulido Valente, em

homenagem ao Professor Doutor Franciso Pulido Valente, serviu-se dessa matéria-prima, nesse mesmo

período, como material de revestimento para os isolamentos térmico e acústico da sua estrutura.

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Impulsionado pelos benefícios e pelas vantagens da uti l ização da cortiça na arquitetura, bem como pela

necessidade de elaborar produtos diversificados que destacassem a beleza natural desta matéria-prima, o

mercado da indústria corticeira pôs-se a desenvolver aglomerados de cortiça para revestimentos - como, por

exemplo, o aglomerado negro de cortiça - e peças de cortiça natural. Por meio da sua trituração em diferentes

dimensões e da adição de pigmentos e texturas, em uma infinidade de procedimentos de fabricação, a cortiça

distingue-se em uma larga gama de produtos para a construção.

Com efeito, existe uma significativa quantidade e variedade de produtos de revestimentos disponíveis no

mercado de materiais de construção. Contudo, é importante salientar que, devido às suas qualidades inerentes,

das quais se destacam a sua durabil idade, elasticidade, impermeabil idade e qualidade de renovação natural, a

cortiça apresenta-se como um material vantajoso e eco-sustentável. Além disso, considerando o seu processo

inócuo de extração, a viável recuperação de subprodutos durante o seu processamento industrial, e a sua

versatil idade de aplicação, essa matéria-prima apresenta-se como um material de excelência incontestável.

Nesse contexto, considerando o estabelecimento e o desenvolvimento da indústria cortiçeira, e suas

implicações sociais e econômicas na história contemporânea de Portugal, é importante reconhecer ainda

o valor contribuitivo da cortiça no desenvolvimento urbano, na prosperidade comercial (embora, por vezes,

instável), tanto regional como nacional, bem como no estímulo intelectual e cultural em defesa da presença

desta matéria-prima na construção.

Vaso antigo com duas asas, que servia para a conservação e o transporte de líquidos e sementes. (Defi nição obtida do sítio eletrônico www.dicio.com.br/anfora/).

John Smith foi um fabricante estadunidense de coletes salva-vidas, que descobriu a propriedade aglutinante dos grânulos de cortiça quando aquecidos em elevada temperatura.

16

17

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Por definição, um edifício é uma construção de certa

importância e caráter permanente, composta de

diversos elementos estruturais, tais como paredes,

coberturas e pisos, que serve para a proteção e/ou

isolamento do meio externo.

No que respeita à temperatura interna de uma edificação,

o seu conforto térmico depende de uma série de fatores,

tanto de conceitos quantif icáveis, tais como temperatura,

velocidade do ar atmosférico e humidade, como de conceitos

não-quantificáveis, tais como hábitos, comportamento e

estado mental dos ocupantes18 . Todas essas variáveis

exercem, evidentemente, influência na climatização de

quaisquer ambientes.

É importante ter presente que a capacidade caloríf ica

de um edifício, bem como as condições físicas locais,

influenciam, de modo significativo, na obtenção de um

ambiente interior termicamente confortável. É notório que

quanto maior a capacidade caloríf ica de um edifício, maior a

sua estabil idade térmica - portanto, o seu conforto térmico

- perante as variações de temperatura no exterior. Além

disso, em locais de intensa radiação solar e/ou elevada

humidade, deve-se considerar ainda a taxa de ventilação

de superfície. Neste caso, para obter-se o conforto térmico

de um edifício, é aconselhável a interposição de materiais

nas suas estruturas, tais como paredes, tetos e pavimentos,

de modo a facil itar a dissipação do calor e a secagem da

humidade retida nas suas superfícies.

Foto

graf

ia J

esús

Gar

cía

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O isolamento térmico tem como função principal o

aumento da resistência térmica da envolvente do

edifício, de forma a reduzir as trocas de calor entre o edifício

e o exterior, reduzindo as necessidades de aquecimento

e arrefecimento, assim como o risco de condensações

(Silva, 2006).

Neste contexto, é relevante compreender um dos conceitos

regidos pela física, que determina os três mecanismos de

propagação de calor : condução, convecção e irradiação.

Porém, a transmissão de calor que ocorre nos edifícios

provém basicamente da propagação de calor por condução,

cuja a intensidade varia segundo a condutibil idade térmica

dos materiais empregados e da espessura do elemento da

envolvente.

De facto, conferem aos isolantes térmicos as funções de

conservar a energia, através da redução das perdas de

calor, de previnir as condensações em superfícies com

temperatura inferior ao ponto de orvalho e de reduzir as

flutuações térmicas dos espaços, de modo a, aumentar o

conforto térmico do ambiente.

A definição de um bom isolante térmico , dentre outras,

é designada pelo baixo coeficiente de condutibil idade

térmica, expresso em (w/m.°C), com peso específico

relativamente baixo, a fim de, evitar o aumento das cargas

e obrigar o reforço nas fundações, nos vigamentos dos

tetos e nas estruturas. Para além disso, apresentar

resistência a ação de altas temperaturas, de modo a, não

ser um material inflamável nem combustível e que não

elimine nenhum tipo de odor.

Entretanto, é importante evidenciar que os materiais

isolantes térmicos são classificados quanto a sua natureza

– mineral, vegetal ou sintética- e quanto a sua estrutura-

fibrosa, celular ou mista. Ademais, é notório que, o

aglomerado negro de cortiça, material em estudo, define-

se como um material vegetal de estrutura celular e que

apresenta coeficiente de condutividade térmica (0, 035

Kcal/ m.h.°C- 0, 038 Kcal/ m.h.°C), de valor inferior aos

demais materiais, apresentados na tabela a seguir.

Nesse contexto, as características naturais da cortiça,

como a porosidade (característica medida pelo grau

de compressão a que o material é exposto), leveza,

elasticidade, resistência ao fogo, à putrefação e água,

contribuem para que o material desempenha o papel de

bom isolante térmico. Além desses fatores positivos, a

cortiça torna-se um material de fácil manuseio ao corte

e a sua aplicação, o que possibil ita diversos encaixes e

diferentes espessuras, com resistência mecânica elevada

(módulo de ruptura à flexão 1,5 Kg/ Km²) no desempenho

das suas distintas funções.

Para os propósitos deste estudo, este l ivro trata exclusivamente dos fatores quantif icáveis.18

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Material Condutibilidade térmicaKcal/mh°C

Placas de aglomerado negro de cortiça

Ripado em madeirade pinho; tabique de terra

Reboco a cal e areia

Madeira (Pinho)

Argamassa de cimento

Alvenaria de tijolos maciços

Fibra-cimento

Madeira seca

Espuma de cimento

Fibras de madeira

Cortiça

Espumas plásticas

Lã de vidro ou lã mineral

Argila expandida

Argamassa de argila expandida

2200

2300

2400

1000

1000

1400

1800

2026

450

400

500

600

800

200

300

120

160

16-25

30-200

100-200

200

100-200

0,68

0,12

0,16

0,20

0,25

0,040

0,050

0,035

0,035

0,085

0,038

0,030-0,035

0,050 a 0,055

0,046 a 0,055

0,12 a 0,18

1,20

1,30

1,75

0,43

0,40

0,52

0,68

Concreto

Alvenaria com blocos de concreto furados

Alvenaria com lajotas de barro

Silicato de cálcio ou óxido de magnésio

Va lo res p rá t i cos pa ra cá l cu lo con fo rme no rma

D IN 4108 . I so lamen to té rm ico na cons t rução .

Fonte: http://www.texsa.com.br/Livro%2009.htm

O coeficiente de condutibil idade térmica do

material — λ — é definido como sendo “o fluxo

de calor que passa, na unidade de tempo,

através da unidade de área de uma parede com

espessura unitária e dimensões suficientemente

grandes para que fique eliminada a influência

de contorno, quando se estabelece, entre os

parâmetros dessa parede, uma diferença de

temperatura unitária” (Gomes, 1962 ).

Neste contexto, o valor do coeficiente de

condutibil idade térmica ( λ ) depende da

densidade do material, da natureza química e

da humidade do mesmo.

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A quantidade de calor que atravessa uma parede depende da condutibilidade térmica do material, nesse caso, representado pela letra (K), da área da parede (A), da diferença de temperatura entre o interior da habitação (T2) e exterior (T1) e da espessura da parede (L). Os valores numéricos de k variam numa larga faixa, em função da constituição química, estado físico e temperatura do material. Logo, quando o valor de K é elevado, logo o material é definido como condutor térmico e, quando o valor de K é baixo, o material é denominado isolante térmico.

O coeficiente de transferência de calor está relacionado com a quantidade de energia (sob forma de calor) que passa durante um segundo em 1 m² de superfície. Esta fórmula é normalmente utilizada quando se tem diferentes materiais e espessuras.

Todavia, a junção das duas fórmulas, da condutividade térmica do material (K) e do coeficiente de transferência de calor (U), gera uma nova fórmula.

Designado pela Lei de Fourier19 , o cálculo da transmissão de calor é determinado pelo valor da condutibilidade térmica (λ) do material em questão, considerando a área do elemento da envolvente em m², e pelo fator gradiente de temperatura.

Q= K x A x (ΔT/ L)

Q= U x A x ΔT

U= K/L

Q= -( λ. A). dt/de

K x A x (ΔT/ L) = U x A x ΔT

A

B

C

D

Q = intensidade do fluxo de calor em W (J/s)

K = condutibilidade térmica do material

A = área atravessada pelo fluxo de calor em (m²)

ΔT = diferença de temperaturas ( T1-T2)V

L = espessura (m)

Q = taxa de energia transferida Watt (W)= J/s

U = coeficiente de transferência de calor ( W/m². K) .

A = área (m²)

ΔT = diferença de temperaturas ( T1-T2)

A= área en m2

R= gradiente de temperatura °C

Lei de Fourier

A lei de Fourier foi estabelecida em 1811 pelo matemático e físico francês Jean Baptiste Joseph, mais conhecido por barão de Fourier. Este publicou uma teoria

de propagação do calor, onde introduziu as séries trigonométricas (séries de Fourier). [Consult. 2011-08-09]. Disponível em http://www.infopedia.pt/lei-de-fourier.

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Não é suficiente que um material isolante tenha um coeficiente de condutividade baixo, também é necessário que o conserve através do tempo e durante sua colocação definitiva.

Paya, Miguel

De acordo com a tabela ao lado, verif ica-se, através dos valores apresentados, a potencialidade do aglomerado puro de cortiça, no papel de isolante térmico, quando aplicado em paredes de alvenaria ou betão reduz consideravelmente a necessidade de uti l izar espessuras superiores em paredes, na obtenção de um conforto térmico ideal no interior do edifício. Nesse contexto, como mostra a tabela, uma parede de fachada construída em betão com 20 cm de espessura e isolada com placas de aglomerado negro de 1 ½ polegadas, apresentaria uma resistência total superior a uma parede em alvenaria de calcário, com um metro de espessura.

Além disso, a aplicação da placa de aglomerado negro de 1 polegada de espessura, numa parede de betão de 20 cm de espessura resultaria no aumento de 42,6 % de isolamento térmico do edifício, quando comparada a uma parede de alvenaria de 40 cm de espessura20.

PAREDE RESISTÊNCIA U

Placas de aglomerado negro de cortiça

Ripado em madeirade pinho; tabique de terra

Reboco a cal e areia

Madeira (Pinho)

Parede de alvenaria de calcáreo com 0,40m (espessura)

Parede de alvenaria de calcáreo com 1m (espessura)

2,797

3,136

6,549

4,882

5,369

0,153

0,205

0,186

0,397

0,319Parede d e betão a rmado c om 0 ,20m (espessura) isolada com espaço de ar de 8cm e 1/2 vez de tijolo furado

Parede d e betão a rmado c om 0 ,20m (espessura) isolada com 1 1/2 polegada de aglomerado negro de cortiça

Parede d e betão a rmado c om 0 ,20m (espessura). Isolada com 1 polegada de aglomerado negro de cortiça

Oliveira C. M., 1945. O isolamento térmico da construção urbana. Boletim Junta Nacional da Cortiça, 86, 3-9. 20

“”

Fonte : Bo le t im Jun ta Nac iona l da Cor t i ça , 86 , 11 .

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Wallace Clement Sabine (13 de Junho de 1868 - 10 de Janeiro1919) foi um físico norte-americano que fundou o campo da arquitetura acústica. Graduou-se

pela Universidade de Ohio em 1886. Sabine foi consulente de acústica no Symphony Hall em Boston, considerada uma das três melhores salas de Concerto do

mundo. Disponível em http://pt.wikipedia.org. Acesso 12.08.2011.

21

É de grande relevância a compreensão dos termos

que envolvem os conceitos da acústica no campo

arquitetónico. O primeiro termo, isolamento acústico

refere a capacidade que certos materiais de construção

apresentam, na finalidade de impedirem a propagação das

ondas sonoras de um local ao outro. Por seu turno, absorção

acústica, é o termo util izado para definir os materiais de

construção que possuem o papel de minimizar a reflexão

das ondas sonoras, consequentemente reduzindo o nível

de reverberação.

No fim do século XIX nos Estados Unidos da America, o

físico Wallace Clement Sabine21 realiza uma descoberta

que revolucionou o campo da acústica arquitetónica.

Tal acontecimento, definia a relação existente entre a

qualidade acústica, as dimensões da sala e a capacidade

de absorção das superfícies presentes.

Após várias experiências realizadas na sala de concertos

da Fogg Lecture Hall, no intuito de avaliar o tempo

de reverberação do som sobre várias frequências, na

presença de diferentes materiais, Sabine concluiu que

o corpo humano reduzia consideravelmente o tempo de

reverberação, o equivalente a seis cadeiras estofadas.

Deste modo, a importância dos estudos realizados

por Sabine portou a definir formalmente o tempo de

reverberação, através da fórmula T= 0,161. V/A, em que

T corresponde ao tempo medido em segundos, V é o

volume da sala medido em m³ e A corresponde a área em

m². Contudo, foi possível definir que a reverberação é o

tempo medido da intensidade sonora a partir da queda de

60dB, no momento em que a fonte sonora é desligada.

As questões que envolvem o termo acústica são bastante

complexas, de facto, é importante ter presente na

concepção de projetos deste gênero, salas de música,

teatro, cinema, dentre outros, a realização de cálculos

matemáticos e estudo dos materiais que melhor absorvem

o som, para que o tempo de reverberação da sala não seja

excessivo, de modo a evitar a audição deficiente.

Um dos materiais absorvedores aconselhável no tratamento

acústico de ambientes é o aglomerado expandido de cortiça,

que através da estrutura porosa absorve parte da energia

sonora incidente, de modo a, reduzir consideravelmente o

tempo de reverberação.

A fim de usufruir ainda mais das propriedades do aglomerado

de cortiça, fabricantes desenvolveram um novo produto

que concil ia o aglomerado expandido de cortiça com a

fibra de coco, matéria-prima ecológica e reciclável, que

juntos apresentam excepcionais performances acústicas,

na redução substancial dos níveis sonoros de impacto e

aéreos.

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Para além da contribuição do aglomerado expandido de

cortiça no fenômeno de reverberação, o material possui

poder absorvente no tratamento de ruídos de percussão,

na atenuação da transmissão dos ruídos provenientes dos

pavimentos, que através do fator elasticidade impede as

trepidações exteriores, originárias das fundações e paredes

de suporte do edifício.

Entretanto, a fim de evitar essas vibrações decorrentes

de factores externos, as placas de cortiça são aplicadas

na fundação dos edifícios, em sapatas corridas ou em

estruturas constituídas de materiais muito rígidos, que

através da sua compressão e dilatação conseguem

transformar a energia vibrática em calor.

Já no que concerne às construções de grande porte como

as juntas de dilatação em pontes, o aglomerado composto

(granulados de cortiça e resinas) material f lexível, através do

processo de dilatação e compressão, impede a propagação

das trepidações na construção e evita fissuras, permitindo

a movimentação de materiais rígidos, sem sofrer qualquer

alteração nas suas características.

Com o propósito de viabil izar soluções menos dispendiosas,

técnicos e especialistas na área realizaram estudos no setor

industrial, com o emprego do aglomerado composto, de

densidade entre 180-200Kg/m³, no piso das maquinarias,

com a finalidade de absorver os ruídos e consequentemente

diminuir a perda de rendimento e energia, provocadas

pelas vibrações transmitidas no solo e no ar.

Ag lomerado negro de co r t i ça

Foto

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Gar

cía

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Neutraliza os dois principais inimigos das instalações frigoríf icas: o calor e a humidade, com uti l ização do aglomerado de cortiça de alta compressão.

Produto resistente devido à perfeita coesão dos seus grânulos e à excelente relação que existe entre os coeficientes de dureza e elasticidade. Material que não apodrece, apresenta resistência a ácidos, não permite a proliferação de micro-organismos e retarda a ação do fogo.

Existe a possibil idade de construir tectos falsos com as placas de cortiça instaladas numa estrutura com perfis em forma de T, pendurada no tecto com encaixes de ferro galvanizado.

As placas adquirem um papel altamente decorativo quando apresentado num acabamento à base de tinta branca lavável, com uma superfície l isa ou estriada. Estes tectos destacam-se pela absorção de ruídos em cerca de 50 %, impedem a condensação de água, em caso de humidade elevada.

Util izada sobretudo como material para enchimento em caixas de ar ao construir tabiques ou paredes, sendo eficaz na maior parte dos casos em separações de andares de edifícios.

Produto à base de serradura da cortiça usado na cobertura de pavimentos, dando-lhes um aspecto acolhedor, como uma pasta resinosa obtida da oxidação da mistura da serradura em pó e óleo de l inhaça. A sua importância encontra-se em proporcionar resistência ao desgaste e consequentemente longa duração.

Elemento construtivo que constitui a fachada e não interfere na resistência da estrutura, com espessura reduzida e como painéis forrados, tem como papel principal o isolamento do local ou divisões internas e externas, além de apresentar resistência aos agentes atmosféricos e químicos.

Na sua estrutura celular vemos células microscópicas fechadas e cheias de ar que conferem à cortiça uma resistência elástica permanente. As placas de cortiça evitam a ressonância, fenómeno caracterizado peloconsiderável aumento de intensidade vibratória das máquinas.

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PAVIMENTO

> Vantagens

> Flutuante

O parquet de cortiça proporciona pisos

confortáveis, naturais, ecológicos, higiénicos,

resistentes, macios, agradáveis e de fácil

manutenção.

A grande vantagem do produto é a

facilidade de instalação. O piso fl utuante

apresenta várias camadas, sendo uma

delas o medium density fi reboard (MDF).

A espessura das placas pode variar de

10,5 mm a 12 mm.

ISOLAMENTO INTERNO

> Vantagens

> Aplicação

Excelente isolamento térmico

Adequado conforto acústico

Um dos modos de realizar o isolamento

térmico pelo interior consiste em aplicar

as placas de cortiça, por colagem ou por

fi xação mecânica.

A fi xação do isolante à face exterior do

pano interior, entre as placas de ICB e o

pano exterior, mantendo-se, deste modo,

um espaço de ar drenado e ventilado

para o exterior.

COBERTURACOBERTURA INCLINADA

> Vantagens

O aglomerado de cortiça expandida

(ICB) desempenhanda as funções de

isolante térmico e de suporte do sistema

de impermeabilização. Suas vantagens

está em resistir a temperaturas elevadas

e resistência mecânica ( compressão e

coesão).

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COBERTURACOBERTURA PLANA

> Vantagens

Ótimo isolante térmico ( previne bruscas variações de temperatura)

Impermeável ( não absorve água por capilaridade).

Minimiza o peso da cobertura.

Quando aplicada em terraços é possível obter condições favoráveis para um bom de isolamento acústico a sons de percussão (e.g.) circulação de pessoas, queda de objectos.

PAREDEFACHADA - ETICS

> Vantagens

Reduz as pontes térmicas.

Diminui o risco de condensações.

Aumenta a inércia térmica interior

dos edifícios.

Maior economia de energia.

Diminuição da espessura das

paredes exteriores.

Reduz o peso das paredes

Aumenta a protecção face às agres-

sões dos agentes atmosféricos.

Melhora a impermeabilidade das pa-

redes.

Concede uma grande variedade de

soluções de acabamento.

PAREDEREVESTIMENTO DA FACHADA > Vantagens

Isolamento térmico de paredes

simples pelo exterior evita as pontes

térmicas.

Aproveita a inércia térmica das

paredes necessária para manter

uma temperatura mais ou menos

constante no interior.

Solução menos dispendiosa.

PAREDEDECORATIVA

> Vantagens

> Aplicação

Variedades de texturas, cores,

e composições que valoriza o

ambiente.

Permitir a melhoria das condições de

conforto térmico e acústico.

O material pode ser fornecido em

placas, com 3mm de espessura, e

acabamentos supercifi cais em óleo,

cera ou verniz. Desta forma, é aplicado

à parede com auxílio de uma massa

adesiva.

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O capítulo Obras irá tratar de projetos arquitetónicos que uti l izaram a cortiça como parte integrante ao material

de construção. Para melhor compreender a evolução da aplicação da cortiça, estas obras foram divididas em 3

grandes temas: obras históricas, obras contemporáneas e obras Cork composites.

As obras históricas serviram como ponto de partida às demais obras e foram pioneiras em usufruir das características

físico-químico da cortiça, na obtenção de melhores resultados no isolamento térmico e acústico nos edifícios.

De facto, as construções encontradas na região do Alentejo, nos arredores de Montemor-o-Novo, cuja referência é uma

das mais antigas registadas, datada no ano de 1669, empregavam a cortiça como material de construção maioritário

(alvenaria de cortiça) ou integrada à outros materiais, como adobe, taipa ou pedra.

Um levantamento feito na herdada da Cascata constatou três diferentes sistemas de construção, dentre os quais, dois

deles uti l izavam a cortiça aplicada nas paredes do palheiro da cocheira, em pedaços grandes, com os espaços preenchidos

de terra e pedra e, eventualmente, pedaços menores de cortiça. Esse sistema construtivo é denominado “alvenaria de

pedaços de cortiça”, caracterizado por aparentar uma parede de pedra, nas dimensões das peças e suas configurações,

para além, das faces da cortiça expostas à agentes atmosféricos, adquirindo uma tonalidade cinzenta.

Verif icou-se também nas paredes do palheiro na herdada da Cascata, na herdada da Gralheira e na residência em Santo

André, um outro sistema de construção em que a cortiça foi empregue, denominado-se “alvenaria de pranchas de cortiça”

na uti l ização da cortiça em maiores dimensões, sendo maioritária, sob forma de pranchas e colocada na horizontal, tendo

a terra como ligante.

A presença da cortiça em obras históricas tem contribuído na divulgação das suas características físico-químico, através

da capacidade de manter inalterada as suas propriedades isolantes, térmico e acústico, no decorrer dos anos.

Seguem-se as obras de carácter contemporáneo, à essas, confere o uti l izo do aglomerado puro expandido ao novo método

de aplicação empregue nas alçadas do edifícios. O projeto pioneiro, Pavilhão Centro de Portugal, projetado para a feira

internacional de 2000 em Hannover na Alemanha, destacou-se pela implementação do aglomerado puro expandido, sem

qualquer aditivo sobre as placas, nas paredes exteriores do edifício.

Por seu turno, o capítulo Obras Cork composites dedica-se a uma singela descrição de obras nacionais e internacionais,

que uti l izaram o aglomerado composto, produto resultante da combinação da cortiça com certos materiais, tais como a

borracha, o plástico, o asfalto, o cimento, o gesso, a caseína, a resina e colas, aplicado aos pavimentos, a fim, de obter

melhores resultados quanto a absorção sonora de sons de impactos e aéreos.

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CO

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NTO

DO

S C

APU

CH

OS

O Convento dos Capuchos, cujo nome original era Convento da Santa Cruz da Serra de Sintra, localizado em Sintra, fundado por D. Álvaro de Castro (fi lho do vice-rei da índia) no ano de 1560.

Em 1834 com a extinção das Ordens Monásticas, a comunidade franciscana viu-se obrigada a deixar o Convento, o qual foi adquirido pelo “ Visconde de Monserrate”- Joaquim José Pinheiros de Vasconcelos e posteriormente em posse do Estado Português.

O projecto é caracterizado pela simplicidade, equivalente ao modo de vida dos frades franciscanos. Os ambientes internos eram compostos de celas-dormitórios, biblioteca, sala do capítulo (para reuniões), refeitório, cozinha e casa de banho, todos com dimensões muito pequenas.1560

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  Fon te : h t tp : / / pa lac io -de -s in t ra .b logspo t . com

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Foi construído também em perfeita harmonia com a natureza que o circunda, incluindo o uso de materiais locais, como as enormes fragas de granitos e cortiça extraída dos sobreiros existentes. Deste modo, a cortiça teve um papel relevante como isolante térmico nos tectos, com a função de protegê-los das condensações, que se formam nos períodos de frio, além de proporcionar conforto térmico quando empregada no pavimento, portas, janelas e mobil iários. Neste caso, a f ixação da cortiça era feita por pregos em tabulados corridos de madeira, sobrepostos ao material construtivo como pedras e ti jolos. Contudo, devido ao mau estado de conservação, no século XX, as cascas de cortiça que cobriam todo o pavimento foram retiradas e substituídas pelas ti joleiras (pavimentação vermelha). Segundo a entrevista realizada pela arquiteta, existe um projecto em fase de estudos para a área que abrange o Convento dos Capuchos da autoria do arquitecto João Cruz Alves, denominado “Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra- Plano Global de reintegração”, com o propósito de restaurar o Convento e integrá-lo às atividades turística, recreativas e desportivas.

 

Fon te : h t tp : / / pa lac io -de -s in t ra .b logspo t . com

Fon te : www.use f i lm .com

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F undado em 1542 pelo Frei Martinho de Santa Maria e construído pelo Duque de

Aveiro, D. João de Lencastre ( 1501-1571), proprietário de toda a Serra. O complexo que albergaria os frades foi construído por pessoas leigas, que desconheciam o modo de vida dos frades, na construção de espaços de proporções inadequadas aos habitantes. Neste caso a cortiça foi empregada como material de revestimento das celas-dormitórios do Convento.

F undado em 1628, pretendia ser uma obra de arte que englobasse a mata onde estava implantado. Tal

responsabil idade ficaria a cargo dos monges para conservá-la e valorizá-la. Nota-se, porém, a presença da cortiça no revestimento de portas e bancos, bem como o forro de tectos e elementos estruturais.

Ent re ou t ras ob ras re l i g iosas :

Convento da Arrábida

Convento de Santa Cruz do Buçaco

1542Convento da Arrábida 1542Convento da Arrábida

1628Convento de Santa Cruz do Buçaco1628Convento de Santa Cruz do Buçaco

Fon te : h t tp : / / pu raexper ienc ia .b logspo t . com

Fon te : www.w ik iped ia .com

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Fon te : Pa rques de S in t ra

1864

CH

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D’E

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O chalet da Condessa Edla foi construído pelo Rei D. Fernando II para a sua segunda mulher, Elise Hensler - Condessa d’Edla, entre

1864-1869, na zona oriental do Parque da Pena, seguindo o modelo dos Chalets de montanha das regiões Alpinas do Norte da Europa, envolvidos sempre por jardins, com inúmeras espécies botânicas proveniente de todo o mundo.

Trata-se de um edifício construído com base numa planta arquitectônica rigorosamente simétrica, orientada efectivamente para o Palácio da Pena, rectangular no pavimento térreo, em forma de cruz no primeiro andar, contornado por uma varanda com alvenaria exterior, a imitar tábuas de madeira horizontais.

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Trabalhada com arte, a cortiça torna-se decoração no contorno dos vãos de portas e janelas em forma de arcos “góticos”, incluindo uma espécie de hera centenária que decorava a fachada, integrando o edifício no seu enquadramento silvestre.

Após décadas de abandono, o edifício foi intencionalmente alvo de incêndio e grande parte foi destruído com a queda da cobertura, escadarias, paredes, restando apenas as estruturas autoportantes.

Fon te : Pa rques de S in t ra

Fon te : Pa rques de S in t ra

O Chalet apresentava no seu interior um grande salão, com quatro troncos de hera em estuque finamente modelados, enriquecidos por nervuras em cobre, que escalonavam os cantos das paredes e entrelaçavam nas cornijas as suas ramagens cobertas de folhas. Já um dos quartos no primeiro andar, o do Rei, contava com encastoamento feito de cortiça pintada em multicores, conferindo-lhe o espírito mourisco da Serra. Merece também destaque o quarto da Condessa, no primeiro andar, de frente para o do Rei, separando-os com o vão de escadaria com a parede pintada as Armas de Saxe e de Portugal, e já ao f im da escadaria de madeira havia uma pintura arcádica dum pastor a tocar flauta.

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Por seu turno, Obras Contemporâneas, pretende descrever, de forma concisa, novas e modernas

propostas arquitetónicas, no intuito de destacar o novo método de aplicação do aglomerado

puro expandido nas alçadas dos edifícios.

Neste contexto, a descrição das demais obras é resultado das entrevistas realizadas aos arquitetos ou

responsáveis e da análise in loco realizada durante o processo de investigação. Desta forma, as obras

selecionadas foram posicionadas no mapa, seguindo o critério definido pelo eixo Norte-Sul do país.

Tais obras destacam-se por uti l izar placas de aglomerado puro expandido como material de revestimento

externo nas alçadas dos edifícios, sem fazer uso de qualquer produto ou material de construção

aplicado sobre as placas. Esse método inovador, placas de aglomerado puro expandido, aplicado nas

paredes externas, esteve presente pela primeira vez no Pavilhão Centro de Portugal, projetado para a

Feira internacional de Hannover- Alemanha em 2000, o qual contribuiu para o emprego do aglomerado

puro expandido às demais obras relatadas nesse exemplar.

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Ficha técnicaA casa Cork, projectada pelos Arquitectos Anónimos, em Esposende-Portugal é a primeira habitação no território

nacional Português a expor a cortiça como acabamento final à vista e no seu tratamento original de fabricação.

O material conquistou rapidamente adeptos na equipe de construtores: não carecendo de mão de obra especializada, muito fácil ao corte e leve no transporte, comparado com os seus directos competidores, é realmente muito convincente; em grandes superfícies de revestimento pode poupar muito tempo e mão de obra.

Uma das características mais assinaláveis do bloco de cortiça é a sua aplicabil idade como encapotamento total: em paramentos e coberturas sem aditivos nem prescrições especiais.

Local: Esposende- Portugal

Cliente: Maria Helena Ramos/ Hernâni Lopes

Data do projecto: 2004-2005

Data da construção: 2005-2007

Área de implantação: 157,5 m2

Área de Construção: 288 m2

Estrutura: Ricardo Fonseca

Fotografia: Ivo Canelas©

Arquitetura:

Arquitectos Anónimos®

e Paulo Teodósio

CASA CORK

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Da organização espacial, o rectângulo de 7 x 21 metros desenvolve-se em 3 pisos, sendo o piso inferior, serviços, garagem lavanderia e o piso superior pequeno quartos (reduzidos ao mínimo), aceitável na habitação corrente em Portugal. O piso intermédio é uma espécie de interlocutor: uma espinha dorsal que atravessa longitudinalmente a construção, organizando-a espacialmente: remetendo circulações para área central resgata área úti l para os aposentos e para a grande sala que exibe a escada como elemento dinâmico, contradizendo ortogonalidade. Essa linha de circulação interior tem como extremos o contacto da casa com exterior, resolvendo-se a sua articulação com o terreno nas suas cotas naturais intactas. Essas passagens fazem-se por duas antecâmaras que para além de áreas de transição desfazem a excessiva ideia de corredor; funcionalmente são amigas da climatização natural interior, retendo o ar (frio ou quente) do exterior.

O bloco de aglomerado de cortiça também potenciou o espírito de síntese que os arquitectos quiseram incutir de raiz: a casa re “veste-se” com apenas dois materiais encerrando-se completamente em si mesma na cortiça e na chapa perfurada como segunda pele a todos os vãos.

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Ficha técnica

Local: Celeirós do Douro, Sabrosa - Portugal

Cliente: Quinta do Portal

Data do projecto/ construção: 2005-2008

Área de implantação: 2.051,5 m2

Área de Construção: 4.722,25 m2

Fotografia: www.skyscrapercity.com

Revista Casabella, 2009

Arquiteto:

Álvaro Siza

ARMAZÉM

 

É, por natureza, um edifício “disciplinado”. São as próprias necessidades funcionais, espaciais e térmicas que lhe

determinam a expressão. Surge isolado no espaço: disciplina extensível ao território.

Porto, 18 de Novembro de 2008

Álvaro Siza

Situada em Celeirós do Douro, Sabrosa, a Quinta do Portal investiu cerca de oito milhões de euros na reestruturação das vinhas,

na ampliação da adega e na construção do Armazém de Estágio e Envelhecimento de Vinhos. Um projecto inovador e sofisticado que nasce nas vinhas do Douro, fundindo-se e transformando-se em paisagem, através da própria metamorfose dos materiais naturais uti l izados, como o xisto e a cortiça, que acompanham as cores e o estado de espírito de cada estação do ano.

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O sonho do proprietário da Quinta do Portal, Eugénio Branco, torna-se realidade ao oferecer uma obra-prima da arquitectura à idíl ica região do Douro e ao mundo. Com a conclusão do armazém de estágio e envelhecimento de vinhos da Quinta do Portal, surge mais um notável e impressionante projecto da autoria de Siza Vieira, sendo um dos dois projectos l igados ao vinho a que se associou em toda a sua carreira.

Nasce, assim, um novo pólo de atracção turística no Douro, com Centro de Visitas, auditório e sala de provas. Um complemento de vanguarda e excelência ao já existente pólo turístico da Quinta do Portal, a Casa das Pipas. Uma requintada unidade de turismo rural, vencedora dos mais prestigiados prémios na área do enoturismo, como o Best of Wine Tourism 2007, na categoria de alojamento, o Galardão

Internacional Chave Verde atribuído pela Associação Bandeira Azul da Europa, e mais recentemente o Best of Wine Tourism 2009 na categoria de Práticas Sustentáveis de Enoturismo.

Nessa obra, o arquiteto reforça a sua capacidade em harmonizar a sua arquitetura ao contexto, às características físicas e às tradições.

O desenho do volume compacto, l igado à adega existente e integrado na topografia acidentada do terreno, permite ao usuário estacionar seu veículo no interior do lote, com acesso direto na lateral do edifício, garantindo o movimento de carga e descarga sem interferir com o tráfego da via principal.

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O projecto é composto por 4 pisos, sendo que os dois primeiros são dedicados à elaboração do vinho.O primeiro piso na realidade é um subsolo, minimizando o impacto volumétrico, uti l izado no espaço para os barris e engarrafamento. No piso superior a área é dedicada ao depósito do vinho em grandes tonéis.

Piso 1Mantendo a configuração a dois níveis e apenas nos

corredores centrais, a capacidade é de 600 barricas

(180.000 litros). Mas utilizando a capacidade

máxima, com corredores laterais e a cinco níveis

de empilhamento, é possível incluirmos 3.040

barricas.

Piso O Dependendo da disposição e níveis de empilhamento,

existe capacidade em manter em stock, para além

dos 19 tonéis, 1.100 a 2.000 barricas, ou seja,

640.000 a 800.000 litros.

Capacidade de vasilhas:

Os outros dois pavimentos, respectivamente os 3°

e 4° andares são destinados aos visitantes para

degustação dos vinhos e um auditório com sala de

projecção.

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Como material de construção são empregue no edifício, o cimento armado aparente em paredes e tectos, pilares em aço, pedra xisto, como material de revestimento aplicado na parte inferior do edifício e o aglomerado puro expandido revestindo a parte superior. Além disso, o últ imo volume, de cor laranja, através das suas curvas apresenta a leveza, que realçam a beleza do vale português.

Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira

Nasceu em Matosinhos a 25 de Junho de 1933 e é

internacionalmente conhecido como Siza Vieira. Licenciou-se na

Escola Superior de Belas Artes do Porto e é actualmente o mais

conceituado e premiado arquiteto contemporâneo português.

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Ficha técnica

Local: Coimbra- Portugal

Data: 2000 Hannover/ 2003 Coimbra

Data da Conclusão: Maio 2000

Área de Terreno: 2.051,5 m2

Área Construida: 4.722,25 m2

Fotografia: Jesús García

Arquiteto:

Álvaro Siza e

Eduardo Soto Moura

PAVILHÃO CENTRO DE PORTUGALC oncebido pelos arquitetos, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, com o propósito de participar

nas típicas feiras internacionais,caracterizadas pelo uti l izo de pavilhões desmontáveis. Estas exposições assumem uma importância relevante no que concerne a palcos de afirmação internacional dos países participantes, através de espaços de intercâmbio cultural, de aprofundamento de cooperação entre os povos e de estímulo à investigação e ao desenvolvimento científ ico e tecnológico. Portugal não poderia deixar de prestar o seu contributo às questões implicadas no tema da Expo 2000. Portanto,além de proporcionar o conhecimento dos aspectos culturais, sociais, naturais e paisagísticos, pretendendo-se explorar as questões ambientais.

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Foto

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esús

Gar

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Por este motivo, o impacto ecológico do edifício português tornou-se uma prioridade, na compatibil ização entre as atividades humanas e a natureza, entre a tradição e a modernidade e, simultaneamente evoca a luz e o mar português.

O projeto apresenta seu formato é em L, com cobertura ondulada, forma orgânica, feita em tela sintética dupla, de modo a permitir a entrada de luz, assim como o isolamento térmico, a criar boas condições acústicas.

Exteriormente, o Pavilhão é revestido em cortiça e parte do edifício é revestido em azulejos. Este aglomerado de cortiça oferece boas condições de durabil idade no exterior, operando como isolante térmico que interage com o meio, da alteração de cor que o material apresenta quando exposto à intempéries.

Desde 2003, o Pavilhão encontra-se montado dentro de um parque, em Coimbra, servindo de apoio a atividades de exposição , música, aulas, etc.

O pavilhão prima pela originalidade e pelo sucesso na harmonia entre a modernidade e o respeito pela tradição, aliando as mais altas tecnologias à inovação no uso de materiais naturais, de modo a traduzir a necessidade em consolidar a sustentabil idade, entre as relações com o homem, o ambiente e a tecnologia.

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Foto

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Ficha técnica

Local: Arruda dos Vinhos

Área: 60 m²

Data: 2005-2008

Fotografia: Sandra Pereira; Plano B arquitetura

Fonte de informação: Coelho, J.P., 2010. Casa em Arruda

dos Vinhos- Plano B Arquitectos. (tese de licenciatura em

Arquitectura, Universidade Técnica de Lisboa).

Arquitetura:

Plano B (Eduardo Carvalho,

Francisco Freire, Luís Gama)

ReSIDêNCIA

A residência, em questão, está implantada onde anteriormente existia as ruínas de um edifício, localizada na Arruda dos

Vinhos, numa reserva ecológica. Desta forma, a fim de manter a implantação existente, o projeto contou com 60 m² de área de construção e impermeabil ização.

Pensamos que o mais interessante em arquitetura não é resolver problemas, é resolver problemas criticamente.De uma forma que questione as práticas correntes da

construção e, se é permitida esta ambição, da sociedade em que vivemos.

Plano B ArquitetosJunho 2007

plano bA R Q U I T E T U R A

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Os materiais de construção empregue no novo edifício procuraram fazer analogia aos materiais aplicados na obra existente, tais como, a pedra, a terra e a madeira. Desta forma, a estrutura da casa foi composta por madeiras de eucalipto de secção 20x10cm espaçadas de 60 cm entre elas, por paredes em taipa, compostas por terra e palha, com total de 20 cm de espessura, com o propósito de absorver a humidade provocada no inverno e para o arrefecimento no verão.

Plan ta de Fundação

A aplicação do aglomerado puro expandido de cortiça foiuma escolha feita em conjunto com o proprietário da obra,o qual acreditava que a aplicação de um material naturalrespeitaria os valores da reserva ecológica. Deste modo, o material foi aplicado na face externa das paredes, com 5 cm de espessura e encaixado num sistema macho e fêmea.

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Deta lhe da ap l i cação da co r t i ça

Seguindo a lógica do isolamento térmico, os vidros fixos da casa receberam um tratamento para evitar as grandes trocas de energia com o exterior e atingirem as características semelhantes as paredes internas com 20 cm de espessura.

O conjunto de componentes da casa - laje e fundações, paredes, vãos envidraçados e cobertura - apresentam ótimos coeficientes de transmissão. Isto significa, que a casa funciona bem ao nível térmico e cumpre bem um eficiente papel.

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Fon te : Coe lho , J .P. , 2010 . Casa em Ar ruda dos Vinhos - P lano B Arqu i tec tos .

Tipo Espessura R Resistência térmica

Placas de aglomerado negro de cortiça

Ripado em madeirade pinho; tabique de terra

Reboco a cal e areia

MDF hidrófugo

OSB 4

Madeira (Pinho)

PAREDES EXTERIORES

ISOLAMENTO

PAREDES INTERIORES

Chapas depolicarbonato ondulado

0,004 2,9 0,0014 0,472 397,892

0,16

0,43

1,11 2,421

0,22

0,04

0,016 2,230

0,055

0,025x0,025 -- -- --

--

--

--

--

--

--

--

--

--

--

0,23

0,045

0,92

0,7

0,5

0,20

0,10

0,05

0,20

0,025

0,008

0,011

Estrutura metálica de tubos galvanizados

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Ficha técnica

Local: Coruche- Portugal

Data do Projecto: 2006-2007

Data da Conclusão: Maio 2009

Fotos e esquiços: cedidas pelo próprio Arq.

Manuel Couceiro

Fonte de informação: Arq. Susana Couceiro

Arquiteto:

Manuel Couceiro

OBSeRvATóRIO DO SOBReIRO e DA CORTIçA

C oruche é o maior concelho produtor de cortiça. Isso se explica a construção do Observatório, nessa área.

O local de implantação do edifício, zona industrial, é uma área descaracterizada arquitectónicamente, pois os edifícios envolventes não foram alvo de preocupação estética ou de composição, o que de partida desbenefecia a configuração do edifício proposto, a ter-se optado desde início por uma geometria marcante e arrojada, que adquiriu a expressão máxima nas fachadas revestidas a cortiça. O facto de estar situado na zona industrial, próximo das fabricas transformadoras de cortiça, permite ao observatório a verif icação diária das alterações que ocorrem, na produção da cortiça e caso necessite, alguma intervenção de manutenção, isto será de fácil acesso.

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Como originalidade do Observatório encontramos o uso de cortiça como revestimento das fachadas, tornando-se novidade, reforçada por uma fachada ventilada, e criada exatamente para ser a imagem de marca do edifício, de modo a identif icá-lo e associá-lo rapidamente à temática da cortiça.

Foi a primeira vez que o arquiteto pensou e uti l izou a cortiça, quer nas suas vertentes mais usuais (isolamentos), quer em novas aplicações e l inguagens, aplicando-a com mestria e de forma inovadora, reforçando o potencial do material.

O edifício começou a ser construído em Julho de 2007 e foi inaugurado em Maio de 2009, sendo o projecto de 2006/2007.

O protótipo da fachada foi executado no decorrer do projecto de execução (1 ano antes da obra), para se aferir com precisão a estereotomia pretendida, indo ao encontro das dimensões fornecidas pela natureza e sem impor regras industrializadas.

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Plan ta P iso 1

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O protótipo permitiu criar uma regra para as fachadas, onde se introduziram os vãos que ficam enquadrados na esterotomia, contudo aparentemente essa lógica não é perceptível. A ideia em uti l izar materiais naturais nos acabamentos e constituições do edifício, permite melhor enquadramento temático da cortiça na sua produção natural.

A cor das janelas é tradicional da região e permite criar contraste com as tonalidades naturais da cortiça, denotando dinâmica e vitalidade ao edifício.

O edifício adquire uma metáfora relacionada ao sobreiro, ao uti l izar 2 tipos de cortiça, a virgem e a amadia, e no topo existirem uns elementos de sombreamento, como conotação à folhagem.

Alçada Nascen te

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O facto do auditório ser revestido a cortiça, ter painéis com relevo e terem sido pintados frescos sobre a cortiça, também exemplif ica grande inovação.

Esqu isso A rqu i te to Manue l Couce i ro

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Ficha técnica

Promotor: Câmara Municipal de Cascais e

Cascais Natura

Revestimento exterior em cortiça: Amorim

isolamentos, S.A.

Construção: Carmo

Domótica: JGdomótica

Energias renováveis: Alternative4U

Fotografia: Barbini Arquitectos

Arquitetura:

Barbini arquitectos

eCO - CABANAO conceito da Eco-cabana surgiu da parceria entre a Agência Municipal de Ambiente Cascais Natura,

Câmara Municipal de Cascais e Barbini Arquitectos, os quais a definiram como uma habitação de pegada ecológica mínima, decorrente do uti l izo de materiais reciclados ou recicláveis, bem como, a energias renováveis.

Vencedores do concurso “Ideias Verdes”, promovido pelo Expresso e pela Água do luso em 2007, a construção do protótipo só teve início em dezembro de 2009. Localizada entre o Parque Marechal Carmona e o Museu do Mar, a eco-cabana alberga atualmente o primeiro Greenhotspot de Cascais, disponibil izando de informações e sugestões de atividades e percursos no Parque Natural Sintra-Cascais.

barbiniarquitectos

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A realização do protótipo serviu para apurarem questões técnicas relacionadas com o processo construtivo, que posteriormente será transposto para a criação diferentes tipologias (Open Space, T2, Camaratas, unidades

de campo…).Relativamente ao método construtivo,

o protótipo apresenta uma estrutura em madeira, sobre a qual é aplicado o revestimento

interno em OSB22 , e exterior em cortiça, aplicada num sistema de encaixes com fixação mecânica,

de modo a ocultar o sistema de fixação.

A Eco-cabana dispõe-se de sistemas de captação de energia l impa, solar e eólica e a captação de águas pluviais, através do sistema de autociclismo. Esses sistemas fazem referimento ao próprio conceito defendido pelo projeto, quanto a minimização do

22 OSB - (Oriented Strand Board) é um painel estrutural de tiras de madeira orientadas perpendicularmente, em diversas camadas, o que aumenta sua resistência

mecânica e rigidez. Essas tiras são unidas com resinas aplicadas sob altas temperatura e pressão. Através desse processo de engenharia automatizado, os

painéis permanentemente controlados e testados para verif icar seus níveis de acordo com os padrões de qualidade. Disponível site: http://montagge.com.br.

Acesso 24.08.2011.

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impacto ambiental em áreas protegidas, a conservação e a preservação da natureza.Além disso, todos esses sistemas aplicados à eco-cabana contam com o controle energético, os chamados eco-créditos, sistema interno que auxil ia os usuários a quantidade de recursos fornecidos pela natureza, que estão disponíveis para o consumo.

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Ficha técnica

Local: Herdade da Pimenta, São Miguel de Machede, Évora Portugal

Data do Projecto: 2005/2007

Data da Obra: 2007/2009

Área de implantação: 3.102m2

Área de Construção: 3.780m2

Estruturas: João Prego

Paisagismo: Fil ipa Cardoso de Menezes / Catarina Assis Pacheco / Fe

C Arquitetura Paisagística

Especialidades: Procale

Construtor: Prediobra

Fiscalização: Procale

Fotografia: PMC Arquitectos

Arquitetura:

Leonor Duarte Ferreira/ Miguel Passos

de Almeida /PMC Arquitectos

ADEGA LOGOWINES

A Adega da Logowines situa-se numa faixa de terreno, com 3,5 ha, pertencente à Herdade da

Pimenta em São Miguel de Machede no Concelho de Évora.

Com uma configuração rectangular de 110m por 27m, compõe-se um volume revestido a painéis de cortiça, interceptado por 3 “caixas” cinza, que organizam as principais zonas funcionais da adega.

A adega tem o total de 3780,00 m² de construção, distribuídos por dois pisos, estando um deles parcialmente enterrado com intuito de aproveitar as melhores condições climatéricas/ambientais para a produção, vinif icação, conservação e estágio de vinho.

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A adega assume-se como uma ligação formal entre as tradições do lugar e a dinâmica dos nossos dias. O ritmo dado às fachadas, com uma forte marcação de l inhas horizontais, com recurso a várias espessuras dos painéis de revestimento em cortiça, onde se fundem as fenestrações para i luminação natural interior é reforçado pelo natural comportamento do material escolhido, provocando um jogo de texturas, tons e sombras, que contribuem para a ideia de um edifício evolutivo, que sofre mutações ao longo do tempo, numa clara alusão ao processo de maturação do vinho durante o período de fabricação.

Imp lan tação do ed i f í c io

Interiormente, a grande nave com 9,5m de pé direito l ivre, foi projectada com o objectivo de desenvolver um método de produção inovador, com cubas sobrepostas, que potenciam o sistema de gravidade, evitando a contínua bombagem do vinho durante as várias fases do processo de vinif icação.

A zona de recepção do vinho localizada no piso superior, separa as áreas de vinif icação e conservação, localizadas no piso semienterrado e onde se pode encontrar um pequeno laboratório de apoio ao funcionamento da adega.

O volume, ao nível do piso inferior, está equipado ainda com uma sala de estágio para 400 meias pipas, um armazém de estágio de garrafas, uma linha de enchimento e um armazém de secos e expedição com 700,00m2. Um laboratório central, para análise e provas, uma sala de refeições e os vestiários/balneários para os funcionários, formam as restantes áreas técnicas do conjunto edificado.

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Piso 1 , P i so 0 e A lçada

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No piso superior, que ocupa a área das duas “caixas” localizadas a nascente, f ica a área de enoturismo e zona administrativa, com espaço de recepção, zona de provas, um ponto de vendas, e conjunto de gabinetes e salas de reunião.

Estes espaços têm forte relação com o exterior, quer através dos grandes envidraçados que abrem sobre as vinhas existentes na envolvente do edifício, quer através do pátio interior, preparado para ser uti l izado diariamente num ambiente acolhedor e intimista, para quem trabalha ou visita a adega.

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Ficha técnica

Local: Lisboa- Portugal

Cliente: ALRISA - Sociedade Imobil iária, S.A.

Data da construção: 2009-2010

Área de Construção: 17.500 m2

Fotografia: fornecidas pelo GJP Arquitectos

Paisagismo: Jardim do Paço

Arquitetura:

Gonçalo Rangel de Lima

Jorge Matos Alves

Pedro Neto Ferreira

COLEGIO PEDRO ARRUPE

A ideia para este projecto nasce do pressuposto de uma vertente educacional com ligação ao mar e à

sustentabil idade. Mar enquanto elemento de l igação entre continentes; continentes que surgem enquanto corpos sustentáveis.

Mar enquanto corpo uno, transparente, com brilhos e reflexos, que funciona como elemento de ligação

entre continentes; Continentes que surgem como corpos maciços, pousados sobre a leveza do mar.

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Piso 1 e P iso 2

O desenvolvimento do edifício baseia-se num conjunto de blocos independentes, interl igados por uma membrana transparente, que cria um conjunto de passadiços exteriores cobertos, garantindo as necessidades de circulação. Esta pele envolve o piso térreo de todos os blocos e circula entre eles, criando a i lusão de um embasamento unificado, sobre o qual pousam alguns corpos de aspecto mais encerrado e pesado.

Na concretização desta ideia, foram adoptados 2 materiais, o ti jolo de vidro e o aglomerado negro de cortiça.

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Deta lhe da ap l i cação da co r t i ça

O tijolo de vidro, na caracterização do mar no embasamento, surge como material transparente, com reflexo e com brilho, que permite a passagem de luz, onde deixa ver e ser visto, numas zonas mais, noutras menos, consoante o ti jolo mais liso e transparente ou translúcido. Como o próprio mar, não é homogéneo, embora aparente ser.

A cortiça surge como revestimento exterior das fachadas nos pisos superiores dos blocos, que parecem pousar sobre o embasamento em ti jolo de vidro. A escolha deste aglomerado remonta à preocupação com a sustentabil idade, por ser um material natural, que garante não só uma excelente capacidade de isolamento térmico, como funciona perfeitamente como revestimento exterior, interagindo com as condições atmosféricas e clareando ou escurecendo, com o sol ou a chuva, respectivamente. Esta capacidade remete-nos para a imagem dos continentes em mudança, em evolução, em transfiguração.

As coberturas vegetais são outro tema a abordar neste projecto, também com a preocupação da sustentabil idade.

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Na concretização desta ideia, foram adoptados 2 materiais, o tijolo de vidro e o aglomerado negro de cortiça. O tijolo de vidro, na caracterização do mar no embasamento, surge como material transparente, com reflexo, com brilho, permite a passagem de luz, deixa ver e ser visto, numas zonas mais, outras menos, consoante o ti jolo mais l iso e transparente ou translúcido. Como o próprio mar, não é homogéneo, embora aparente ser.

A cortiça surge como revestimento exterior das fachadas nos pisos superiores dos blocos, que parecem pousar sobre o embasamento em ti jolo de vidro. A escolha deste aglomerado remonta à preocupação com a sustentabil idade, por ser um material natural, que garante não só uma excelente capacidade de isolamento térmico, como funciona perfeitamente como revestimento exterior, que interage com as condições atmosféricas, clareando ou escurecendo, com o sol ou a chuva.

Esta capacidade remete-nos para a imagem dos continentes em mudança, em evolução, em transfiguração.

As coberturas vegetais são outro tema a abordar neste projecto, também com a preocupação da sustentabil idade.

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Ficha técnica

Local: Shanghai, China

Data da Conclusão: Maio 2010

Construtora: PAL Asia Consult, sediada em Macau.

Área construída: 2000 m²

Fotos: www.portugalexpo2010.com.pt

Arquitetura:

Carlos Couto

PAVILHÃO PORTUGUÊS

A Expo 2010 teve como tema “Melhor Cidade, Melhor Qualidade de Vida”, foi maior evento internacional organizado pela China, depois dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008. O evento contava a presença de mais de 240 países e organizações internacionais numa área de 528 hectares, ao longo das duas margens do rio Huangpu, afluente do rio Yangtze, que atravessa Shanghai.

Portugal, uma praça para o mundo; Portugal, energias para o mundo“

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O arquiteto português Carlos Couto criou uma obra de 2000 m² revestida em aglomerado puro de cortiça, como meio de reforçar os conceitos de inovação e as boas práticas ambientais, integrando-os ao conceito de sustentabil idade.

“Portugal, uma praça para o mundo; Portugal, energias para o mundo”.

O edifício reflete o conceito de sustentabil idade nas cidades contemporáneas, realçando-o como elemento-chave das polít icas nacionais em termos económico-ambiental. Deste modo, situado numa posição privilegiada da

 

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Expo, o edifício concebido em forma de paralelepípedo ponteagudo, possuía no seu interior seis áreas funcionais: área Protocolar, área Expositiva, Centro de negócios, área comercial, área administrativa e área técnica. Entretanto, a área expositiva abordava questões que envolviam relações históricas entre Portugal e a China, através de documentos, réplicas e obras de arte.

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Dezenas de milhões de células prismáticas por centímetro cúbico, preenchidas com um gás semelhante ao

ar atmosférico, são o que conferem à cortiça a eficácia no isolamento a ruídos de impacto, e a particular

resistência e resil iência à compressão, que lhe permite recuperar quase completamente a sua forma e tamanho

originais após um choque ou deformação.

A cortiça granulada, com as suas propriedades inerentes, aglutina-se quando unida quimicamente a certos

materiais, tais como a borracha, o plástico, o asfalto, o cimento, o gesso, a caseína, a resina e colas, formando

uma combinação homogénea denominada aglomerado composto, constituinte de uma ampla gama de produtos

usados para diversos propósitos. Dos aglomerados compostos resultantes da combinação da cortiça com os

materiais mencionados acima, destaca-se a mistura da cortiça com a borracha - conhecida pelo termo inglês

cork rubber.

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N o que respeita ao isolamento acústico numa edificação, existem dois tipos de transmissão de ruído

mensuráveis que requerem redução para a obtenção de um ambiente agradável e cumpridor de legislação: transmissão de ruídos de impacto e transmissão de ruídos aéreos.

O primeiro tipo refere-se à transmissão de ruídos causados por qualquer tipo de impacto desferido contra uma superfície de separação, como por exemplo, o bater de uma porta ou o contato e atrito da sola dura de um calçado com o pavimento. Este tipo de transmissão de ruídos é uma parte da construção que vibra primeiramente e, que transmite, em seguida, essas vibrações ao meio edificado através da propagação de ondas sonoras difundidas por corpos sólidos.

A redução efetiva da transmissão de ruídos de impacto e das vibrações resultantes desse impacto faz-se com a interposição de um elemento elástico, como por exemplo, o aglomerado de cortiça, entre o piso e a laje do edifício, de modo a garantir uma completa independência de contato entre essas duas superfícies. A intensidade do nível sonoro da transmissão de ruídos marginais - potências sonoras originárias das estruturas adjacentes - por sua vez, é reduzida com a aplicação do aglomerado de cortiça na descontinuidade entre a betonilha do piso e as paredes circundantes.

O segundo tipo, transmissão de ruídos aéreos, é referente à propagação de ruídos produzidos no exterior ou em cómodos contíguos de um edifício, cuja fonte sonora faz vibrar o ar diretamente. São exemplos de ruídos aéreos, as ondas sonoras provenientes da televisão, do rádio e de conversas em voz alta.

Para a atenuação do nível sonoro de ruídos aéreos, é aconselhável, no caso da construção de paredes duplas, o uso de materiais construtivos de massa e espessuras distintas, intercalados com absorventes acústicos de elevada porosidade.

Segundo os códigos de construção em Portugal, a intensidade sonora da transmissão de ruídos de impacto deve ser inferior a 60 decibéis (dB), enquanto que para a transmissão de ruídos aéreos, o valor do isolamento deve ser superior a 50 decibéis (dB).

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Fon te : www. la rgemind .p t

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A Amorim Cork Composites (ACC) é uma subsidiária da Corticeira Amorim, S.G.P.S., S.A., a líder mundial da

indústria da cortiça e uma das mais internacionais empresas portuguesas. Ademais, seguidora de padrões ambientais e sócio-económicos rigorosos relativamente à extração dessa matéria-prima renovável de valor inestimável, a Amorim Cork Composites (ACC) empenha-se na pesquisa e no desenvolvimento tecnológico a fim de desenvolver produtos inovadores e de alto valor acrescentado, incluindo a produção de materiais em cortiça para a construção.

Os materiais em cortiça desenvolvidos pela Amorim Cork Composites (ACC) são classificados de acordo com os propósitos aos quais se prestam, nas seguintes categorias: AcoustiCORK® (para isolamento a ruídos de impacto e isolamento térmico), ExpandaCORK (para absorção da dilatação em elementos de betão), Isophone (para absorção sonora e revestimento de parede) e ACM - Acoustic Core

Materials (para painéis modulares). Neste capítulo, serão abordadas exclusivamente as particularidades dos produtos AcoustiCORK®, que estão, por sua vez, subdivididos nos tipos aplicativos Underlay 23 , Underscreed e Underfloor heating, dos quais o primeiro tipo receberá o maior enfoque.

O termo underlay de cortiça refere-se ao produto obtido da combinação da cortiça com a resina, comumente instalado abaixo de diversos tipos de pavimento,

tais como flutuante, parquet, cerâmico, viníl ico e alcatifa, e que proporciona a redução do ruído de impacto, melhoramento no isolamento térmico e maior

conforto ao caminhar.

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Com efeito, são apresentados e discutidos neste trabalho alguns projetos, tanto de âmbito nacional como internacional, em que foram uti l izados produtos AcoustiCORK®, do tipo Underlay, como uma alternativa aos produtos de origem sintética, para a obtenção de um melhor desempenho técnico no isolamento sonoro.

Fon te : www. la rgemind .p t

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Ficha técnica

Localidade: São Martinho do Porto, Região de Lisboa e Vale do Tejo

Produto: AcoustiCORK® T61 - 5mm

Propriedade acústica do produto: ∆Lw: 16dB

Propriedades térmicas do produto: condutividade térmica, 0,043 W/m°K;

resistência térmica, 0,132 m²°K/W

BOHÉMIA CAfÉ

N o projeto deste bar-café, em São Martinho do Porto, optou-se por uti l izar o produto AcoustiCORK® T61,

com o intuito de reduzir o nível sonoro de ruídos de impacto dos pavimentos cerâmicos, melhorar o seu isolamento térmico e a sua absorção acústica, bem como reforçar a sua resistência à compreesão para prevenir o surgimento de fissuras na sua estrutura.

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Ficha técnica

Localidade: Aveiro, Região Centro, Sub-região do Baixo Vouga

Produto: AcoustiCORK® T11 - 3mm

Propriedade acústica do produto: ∆Lw: 26dB

Propriedades térmicas do produto: condutividade térmica: 0,043 W/

m°K; resistência térmica: 0,077 m²°K/W.

CACOU CAffÉ

O Cacou Caffé é um estabelecimento moderno localizado na cidade de Aveiro, em Portugal. Com tendências

minimalistas, este edifício possui o produto AcoustiCORK® T11 Underlay aplicado na parte inferior do seu pavimento de madeira colada, um subpavimento constituído de cortiça aglomerada, que concede ao piso uma redução significativa na transmissão de ruídos de impacto e um aumento de sua capacidade de isolamento térmico.

Uma particularidade na estruturação deste produto está na uti l ização de uma barreira sonora periférica de 45mm de altura, a fim de reduzir a intensidade de propagação de ruídos de impacto lateral.

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Ficha técnica

Localidade: Largo das Belas Artes, Lisboa, Região de Lisboa e Vale

do Tejo

Produto: AcoustiCORK® T11 - 12mm

Propriedade acústica do produto: ∆Lw: 26dB

Propriedades térmicas do produto: condutividade térmica: 0,043 W/

m°K; resistência térmica: 0,077 m²°K/W

EDIfíCIO RESIDENCIAL

N este edifício residencial l isboeta foi aplicado o produto AcoustiCORK® T11, de 12mm de espessura, colocado

na parte inferior do pavimento, com o propósito de conferir ao piso uma melhoria da sua capacidade de isolamento térmico.

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Ficha técnica

Localidade: Istambul, Turquia

Produto: AcoustiCORK® C11 - 2mm

Propriedade acústica do produto: ∆Lw: 20dB

Propriedades térmicas do produto: condutividade térmica, 0,043 W/

m°K; resistência térmica, 0,051 m²°K/W

NOVOTEL

O Novotel, um luxuoso hotel de 4 estrelas na capital da Turquia, uti l iza um sub-pavimento AcoustiCORK®

C11, material natural e eco-sustentável, capaz de reduzir consideravelmente a transmissão de ruídos de impacto nos pavimentos flutuantes.

Quanto à sua estruturação, o produto AcoustiCORK® C11 é aplicado sobre uma película de polieti leno de baixa densidade que cobre toda a superfície dos pavimentos, bem como as paredes circundantes e as juntas laterais, com alturas pré-definidas de 50mm e 100mm, respectivamente.

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Ficha técnica

Localidade: Cidade do Cabo, África do Sul

Produto: AcoustiCORK® T11 - 3mm

Propriedade acústica do produto: ∆Lw: 26dB

Propriedades térmicas do produto: condutividade térmica: 0,043 W/

m°K; resistência térmica: 0,077 m²°K/W.

ESTáDIO GREEN POINT

C oncluída no ano de 2009, a construção do estádio Green Point foi motivada pela eleição da Cidade do

Cabo como sede do Campeonato do Mundo de Futebol de 2010. Neste complexo de grandes dimensões, foi uti l izado o produto AcoustiCORK® T11, como subpavimento das estruturas em madeira laminada colada que cobre os corredores de acesso às salas VIP, com o intuito de atenuar o nível sonoro da transmissão de ruídos de impacto e simultaneamente, melhorar o isolamento térmico do piso.

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Ficha técnica

Localidade: Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos

Produto: AcoustiCORK® T61 - 5mm

Propriedade acústica do produto: ∆Lw: 16dB

Propriedades térmicas do produto: condutividade térmica: 0,043 W/

m°K; resistência térmica: 0,132 m²°K/W.

TORRe Al HAbtoor

A torre Al Habtoor, um enorme arranha-céu localizado na cidade de Abu Dhabi, possui o produto AcoustiCORK®

T61 uti l izado como subpavimento para pavimentos cerâmicos, com o intuito de melhorar o isolamento acústico de ruídos de impacto, e prevenir o aparecimento de fissuras no piso.

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A noção de arquitetura sustentável, inserida no contexto da arquitetura e envolvendo o ambiente e o

edificado, reveste-se de grande atualidade e apresenta como ponto de partida o desenvolvimento do

conceito de construção sustentável e dos seus benefícios.

O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser intrínseco à dinâmica de construção sustentável,

abrangendo aspectos ambientais, sociais e economicos. A procura de equil íbrio deve ser efectuada através

de maior eficiência, reduzindo a intensidade em materiais e energia e valorizando a dinâmica ambiental

(Pinheiro, 2006).

O sector da construção apresenta impactes ambientais importantes, associadas aos aspectos negativos das

quatros fases associadas a um qualquer edificio - concepção, construção, operação e desactivação. Importa

assim, disponibil izar alternativas simples adaptadas ao local e alternativas aos materiais de construção

que auxil iem a concretização de projectos de carácter sustentável. De um ponto de vista ambiental, a

sustentabil idade passa pelo desenvolvimento de projectos termicamente mais eficientes, através de melhores

condições ambientais interiores, obtidas com um menor consumo energético, conduzindo a um menor impacte

ambiental.

Por desenvolvimento sustentável entende-se o desenvolvimento que satisfaz as necessidades actuais sem comprometer a capacidade das gerações

futuras para satisfazerem as suas próprias necessidades.“”(World Commission on Environment and Development, 1987)

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N o final do século XIX, surge um novo material de construção, o betão, que aparentava ser a solução

para as crescentes exigências funcionais dos materiais – economia, resistência e durabil idade (Mateus, 2004). Porém, com o passar dos anos, foram surgindo defeitos e anomalias no betão armado e este material, que de início se julgava económico e eterno, revelou as suas fraquezas: (a) a sua limitada durabil idade, muito dependente de onerosas intervenções de manutenção e de reabil itação; (b) os elevados consumos energéticos dispendidos durante o fabrico dos materiais que o compõem – cimento e agregados – e durante as operações de demolição e de reciclagem, bem como, (c) a elevada quantidade de recursos naturais exigidos por esta tecnologia (Mateus, 2004).

É somente em meados do século XX que se iniciam as primeiras preocupações associadas a questões de salubridade. A partir do início dos anos 80, observa-se um grande aumento no progresso tecnológico e económico, em que prevalecem as questões do bem-estar material, independentemente dos prejuízos causados à natureza.

Para amenizar os resultados negativos causados ao ambiente, realizou-se em 1994 a primeira Conferência Internacional sobre Sustentabil idade [“The First International Conference on Sustainable Construction”], na Flórida, E.U.A., que aborda as questões relativas à construção sustentável, com o objectivo de propor ambientes saudáveis, através do emprego de recursos renováveis e da maximização da reuti l ização de recursos naturais.

Entretanto, o termo “construção sustentável” é usado pela primeira vez pelo professor Kibert24 em 1994, para descrever as responsabil idades das indústrias para com o tema sustentabil idade. A prioridade era analisar os materiais de construção, os produtos e o processo de construção das edificações tradicionais para então compará-los com o novo critério de sustentabil idade.

Este novo conceito introduziu uma nova composição no triângulo adaptado à indústria da construção – antes determinado por apenas três factores: qualidade, tempo e custo – e que passa a abranger aspectos referentes,

Charles Kibert : professor na Faculdade de Projecto, Construção e Planeamento da Universidade da Florida. É co-fundador da Cross Creek Initiative, empresa

sem fins lucrativos que tem como objetivo implementar os princípios da sustentabil idade na construção. Disponível em : www.fec.unicamp.br/.

Agenda 21 local: é um documento resultante da CNUMAD, também conhecida como cimeira da Terra, que decorreu no Rio de Janeiro em 1992. A Agenda 21

é um documento de referência que define medidas orientadoras necessárias neste século para que se concretize a transição para a sustentabil idade (Pereira,

2009).

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Todos podemos fazer alguma coisa, e o que fizermos agora conta mais do que em qualquer outro momento da história.

John Elkington e Julia Hailes

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por exemplo, à qualidade ambiental. Desta forma, a construção sustentável soma a essas temáticas as preocupações ambientais relacionadas com o consumo de recursos naturais, as emissões de poluentes, a saúde e a biodiversidade, o que constitui um novo paradigma, cujo desafio principal é o de contribuir para a qualidade de vida, para o desenvolvimento económico e para a equidade social (Agenda 21).

A Agenda 2125 local é um processo participativo e multi-sectorial, com vista a atingir os seus objectivos ao nível local, através da preparação e implementação de um plano estratégico de acção a longo prazo, dirigido às prioridades locais, respeitando o desenvolvimento sustentável (Pinheiro, 2006).

Em Portugal, grande parte dos municípios desenvolve e implementa a Agenda 21 Local, a qual, por vezes, tem sido designada por Plano Municipal de Ambiente: declaração de intenções que permite assegurar que as realizações das acções delineadas sejam feitas com o consentimento dos actores locais.

As atividades humanas, a procura de áreas construídas e recursos que motivam, exercem pressão sobre o espaço e afeta o ecossistema. De entre as abordagens existentes surgidas nos últimos anos, no sentido de compreender o eventual efeito daqui resultante, destacam-se as que tentam comparar o consumo e a pressão das actividades com o território necessário para as suportar. Neste caso, encontra-se a designada pegada ecológica [ecological

footprint], desenvolvida por W. Rees e Matis Wackernagel (Wackernagel e Rees, 1995).

O conceito de pegada ecológica tem por base a caracterização das actividades e dos respectivos fluxos em valores estatísticos, seguidamente convertidos em valores espaciais. Estes valores podem ser comparados com a disponibil idade de espaço existente no país ou no mundo, de forma a suportar as restantes actividades, com a obtenção de uma indicação da eventual sustentabil idade. Através destes cálculos é possível comparar as necessidades da humanidade com a capacidade bioprodutiva e regenerativa do planeta, de modo a avaliar a sustentabil idade praticada atualmente. Entretanto, o mínimo de sustentabil idade só ocorre quando a pegada ecológica da humanidade for menor que a capacidade biológica produtiva do planeta ( Pinheiro, 2006).

Assim, a construção sustentável de novos edifícios, das respectivas infra-estruturas e da renovação dos existentes poderá dar inicio a uma etapa decisiva, no sentido de melhorar o desempenho ambiental das cidades e da qualidade de vida dos seus cidadãos.

Os estudos realizados pelo United States Green Building 26

Council , a partir dos conceitos de construção sustentável, apontaram resultados significativos como a melhoria da qualidade de vida e da saúde dos ocupantes de escritórios em edifícios verdes de 2% a 16% mais produtivos e também no progresso da aprendizagem de 40% dos estudantes em escolas, que apresentavam a i luminação natural como

U.S. Green Building Council : organização sem fins lucrativo. Disponível em http://www.usgbc.org/. Acesso: 12.08.2011.26

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U.S. Green Building Council : organização sem fins lucrativo. Disponível em http://www.usgbc.org/. Acesso: 12.08.2011.

Amoeda, R., 2009. Projectar para a Desconstrução. ( Conferências, Ordem dos Arquitectos, Secção Regional Norte).

26

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Atualmente 50% da população global vive em centros urbanos e estima-se que, no continente europeu, as pessoas passam cerca de 90% do seu tempo nos edifícios (Tirone, 2009).

O sector construtivo é o grande responsável pela emissão dos gases de efeito estufa (GEE) para a atmosfera (valor estimado em 40%). Esta situação deve-se essencialmente à produção de materiais de construção, à sua posterior aplicação em obra e à energia consumida nas fases de construção, operação e manutenção (Tirone, 2009). Em Portugal os resíduos de construção e de demolição atingem os 4.555.000 ton/ano dos quais apenas menos de 5% são reuti l izados27 .

É através destes dados alarmantes, que a área da construção civil tenta procurar respostas com a uti l ização de materiais sustentáveis, que possuam capacidade de entrar no ciclo produtivo com maior aproveitamento e menos consumo de energia, até o términe do tempo de vida do edifício.

Os impactes dos edifícios, tal como as infra-estruturas, reflectem-se de formas diferentes nas fases do seu ciclo de vida:

Concepção- Construção- Operação- Desativação

Quando se abordam os efeitos da construção, muitas vezes centra-se a análise numa parte importante dos efeitos negativos e incomodidades associados à obra em si, isto é, à fase de construção, quando grande parte dos benefícios se associam à fase de operação. Esta percepção pode conduzir a uma abordagem reducionista (Pinheiro, 2006).

A primeira fase do ciclo de vida do edifício corresponde à etapa de planeamento e concepção de projeto. É provavelmente a fase mais importante do processo, na qual se inclui o levantamento das condições que permitem executar o projeto e suas atividades de l icenciamento, com uma escala temporal medida em meses, podendo por vezes atingir alguns anos. As decisões referentes ao local, fornecedores, materiais de construção, necessidade energética, entre outras, serão refletidas nas fases posteriores do ciclo de vida da construção.

Para evitar que os impactes ambientais associados a má gestão dessa primeira fase interfiram direta ou indiretamente nas demais etapas, é importante considerar os seguintes requisitos:

• Optar por materiais de origem local• Ter atenção aos materiais de origem reciclada• Verif icar se os materiais são ambientalmente certif icados• Preferir materiais que possam ser renováveis• Lembrar sempre que os materiais têm um tempo de vida

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l imitado e que um dia terão de ser substituídos, optando por soluções de fácil renovação• Estudar a escolha de madeiras de origem certif icada, geralmente com origem em florestas controladas• Consultar o valor no Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE)28 para o isolamento térmico adequado à região• Promover a redução da transmissão de calor e frio através de caixilharias e vidros • Permitir venti lação através das caixilharias29 • Garantir o isolamento junto ao solo com materiais que não apodreçam com a humidade• Definir cores claras na fachada e cobertura• Evitar t intas no interior que emitam COV’s (compostos orgânicos voláteis) • Gerir os resíduos produzidos em obra.

Além destas considerações, importa mencionar outros fatores simples que contribuem para a elaboração de projetos mais sustentáveis e que privilegiem questões de conforto e economia. Entre eles, destacam-se:

- Captação e reaproveitamento de águas pluviais- Uso de telhados e muros verdes- Optimização da i luminação, da ventilação, do conforto acústico e térmico- Captação de energia solar de modo a convertê-la em energia e aquecimento

Após a conclusão da fase de concepção, inicia-se a etapa da construção, que envolve a aplicação das estratégias e das soluções fundamentais previstas na primeira fase para um melhor desempenho do edifício. Assim, com as alternativas construtivas bem definidas na fase anterior, o resultado é visível na fase de construção, favorecendo uma baixa produção de resíduos em obra.

A fase de construção é determinada pelas ações que vão desde o início da construção propriamente dita até à ocupação pelo proprietário, envolvendo questões do processo construtivo, associado à intervenção do local, alteração do uso do solo, consumo de matérias-primas, energia e água, e as prováveis alterações no ambiente natural ou construído.

Esta fase origina os impactes mais relevantes e alterações significativas no ambiente num curto período de tempo, se analisarmos os efeitos causados na ocupação do solo, na alteração dos ecossistemas e na paisagem. No caso das estruturas edificadas, estima-se que o impacte ambiental devido aos materiais represente cerca de 10-20% do impacte de um edifício, em todo o seu ciclo de vida (Edwards e Bennet, 2003).

A etapa seguinte do ciclo de vida do edifício é a fase de operação, que se estende desde a ocupação pelos indivíduos até ao final da uti l ização do empreendimento.

RCCTE: é um dos três Decretos-Lei, DL 80/2006, que no seu conjunto faz a transposição para Portugal da Directiva, enquadrando o SCE ( Sistema Nacional de

Certif icação Energértica e Qualidade do Ar Interior nos Edifícios). Freitas, V. P., 2007.

Caixilharias: conjunto de caixilhos (moldura de madeira ou metal para painéis) de uma construção. Disponível em http://www.infopedia.pt/l ingua-portuguesa-ao/

caixilharia. Acesso: 12.08.2011.

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Nesta etapa podem incluir-se as operações de manutenção e renovações pontuais, com carácter periódico e preventivo. No decorrer dos anos, na fase de ocupação e de uti l ização do edifício, lenta mas progressivamente, o impacto ambiental torna-se expressivo, levando em conta que a maior parte dos equipamentos de climatização e de refrigeração (ar condicionado, frigoríf icos), l ibertam no ar resíduos que causam danos significativos.

É, pois, durante a fase de operação do edificado que se verif ica a maior intensidade de emissões de GEE (Gases de Efeito de Estufa), se comparados à fase de construção, associada essencialmente a consumos energéticos, aquecimento de água e produção de resíduos.

Em Portugal segundo dados do balanço energético nacional de 1999, a operação dos edifícios corresponde a cerca de 22% do consumo final de energia. Representa um consumo total de 3,5 Mtep (milhões de toneladas equivalente de petróleo), sendo 13% dos edifícios residenciais e os restantes 9% referentes aos de serviços (DGE, 2002:6).

O ambiente interior – onde se incluem o conforto, a saúde e a segurança dos uti l izadores associados aos edifícios – é também um aspecto importante a ser considerado no impacte ambiental. Cerca de 30% de todos os edifícios novos e remodelados apresentam baixa qualidade do ar interior, devido a emissões nocivas, a deficientes condições de humidade e de ventilação, as quais geram o aparecimento de agentes patogénicos (Augenbroe e Pearce, 1998; Bourdeau et al, 1998).

A última fase do ciclo de vida da construção é a desativação do edifício e traduz-se num processo importante no acréscimo de produção de resíduos, em função da forma de eliminação ou de substituição. Os principais impactes negativos gerados por esta fase decorrem do nível de energia, de emissões de ruídos e de vibrações, e da produção de resíduos provenientes dos materiais construtivos.

Em síntese, as pressões humanas sobre o ambiente são crescentes e as actividades de criação de ambientes construídos são elevadas. Os edifícios, em particular se considerados no seu ciclo de vida, são uma das áreas mais importantes em termos ambientais. Os impactes da construção no ambiente global, bem como dos edifícios, ainda não estão totalmente difundidos na indústria da construção e nas autoridades públicas (Gaspar, 2004).

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O clima urbano é produzido pela acção do homem sobre a natureza e relaciona-se com a produção de condições diferenciadas de conforto / desconforto térmico, a poluição do ar, as chuvas intensas,

as inundações e os desmoronamentos de vertentes dos morros – eventos de grande custo social

Lombardo,1985.

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Para compreender melhor o funcionamento de um edifício é necessário considerar os seus elementos

“envolventes” (paredes, coberturas, pavimentos, janelas e portas), que desempenham o papel de

fi ltrar a passagem de luz, ar, ruídos e energia entre o exterior e interior. Assim, através dos cálculos

específicos de balanço térmico, é possível contabil izar as trocas de calor que ocorrem no edificado.

O conforto térmico depende de factores quantif icáveis – temperatura e velocidade do ar, humidade, etc., e

de factores não quantif icáveis (ocupantes) – estado mental, hábitos, educação, etc.

Assim, as preferências de conforto das pessoas variam bastante consoante a sua adaptação particular ao

ambiente local (Khedari et al, 2000).

A intensa transformação do meio natural através do processo de urbanização causou os mais evidentes e

graves impactes na contaminação e na transformação do clima urbano, gerando uma inevitável perda de

qualidade de vida dos habitantes das cidades.

Com o objectivo de obter um ambiente interior dos edifícios termicamente confortável para os seus ocupantes,

as normas sobre conforto térmico são actualmente uma ferramenta essencial. Inicialmente estas normas

tinham como principal preocupação definir as condições de conforto térmico, sem ter em conta os consumos

energéticos necessários para atingir o conforto. Devido aos cada vez mais evidentes problemas ambientais

e à necessidade de um desenvolvimento sustentável, estas normas de conforto térmico têm de considerar

formas de o atingir com o menor consumo energético possível (Nicol e Humphreys, 2002).

A necessidade de isolamento térmico nos edifícios é cada vez mais notória, uma vez que os requisitos de

conforto térmico e de eficiência energética estão cada vez mais restritos quanto à qualidade do ambiente

interior do edifício e ao impacto ambiental.

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C omo abordado no capítulo cortiça na construção com o tema isolamento térmico, a transmissão de calor

acontece sempre no sentido de um elemento de temperatura elevada para o de temperatura mais baixa, assim a quantidade de calor que o elemento “quente” cede, é igual a quantidade de calor que o elemento “frio” recebe.

A energia dispendida de uma habitação está diretamente relacionada com o nível de isolamento dos elementos envolventes, perante as condições climáticas externas. Assim sendo, quando o material construtivo não for isolante, é aconselhável a aplicação um isolante térmico que reforce a capacidade do material construtivo e que proteja o interior das condições ambientais externas.

A cortiça caracteriza-se por apresentar um coeficiente de condutividade térmica relativamente baixo. A título de exemplo, refira-se que um dos produtos derivados da cortiça, o aglomerado de cortiça expandido, aplicado como isolante térmico, possui o coeficiente de condutibil idade λ=0,035 W/m.°C30 e uma massa volúmica aparente seca de 90-140 Kg/ m³.

É através do balanço energético dos edifícios, nos períodos de Verão e de Inverno, que os fluxos de calor se distinguem. No verão, quando a insolação se torna causa do desconforto térmico nas edificações, a necessidade é de arrefecimento, adoptado pelos métodos de sombreamento por vegetação, isolamento exterior, venti lação natural, isolamento térmico em coberturas, entre outros.

Pelo contrário, durante o Inverno, a necessidade é de aquecimento e a intenção é a de aproveitar o máximo de insolação, fazendo uso de materiais que possuam grande capacidade caloríf ica, através do isolamento térmico, no exterior do edifício, de modo a manter o calor interno e reduzir a condensação na face interna das paredes.

Julgando a importância das duas estações do ano, existem duas fórmulas distintas que podem ser aplicadas para a compreensão do comportamento do edifício nestas estações do ano.

Q aquec.= Qcond. + Qvento + QGI + Qrad.sol

Q aquec.= necessidades de aquecimento

Qrad.sol = ganhos térmicos devidos à radiação solar

QGI= ganhos térmicos devidos aos equipamentos interiores.

Qcond.= trocas de calor

VERÃO

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A humidade nos edifícios é muito problemática, originando a redução da eficiência energética, aumento

dos gastos em manutenção, problemas de durabil idade e redução do conforto. A degradação dos edifícios devida à acção da humidade é o factor com maior peso na l imitação da sua vida úti l. A humidade nos edifícios pode ter origem em (Ashrae, 1997)32 :

Humidade de construções• : refere-se à humidade que se manifesta imediatamente na fase posterior à construção, referente ao processo de maturação do betão.Humidade do terreno• : proveniente do solo, através das fundações ou paredes por ascensão capilar.Humidade de precipitação• : infi l tração provocada pela acção da chuva e do vento.Humidade de condensação• : humidade proveniente da saturação do vapor de água.Humidade por causas fortuitas• : causas acidentais, inundações, tubos partidos, etc.

Dentre todas as causas de humidades referidas anteriormente, a mais frequente nos edifícios é a humidade de condensação. De forma a evitar a ocorrência das condensações é necessário ventilar – diminui os níveis de humidade interiores; e isolar – aumento da temperatura das paredes e consequentemente diminuição do grau de saturação (Silva, 2006).

Q arref.= Qcond. + Qvento - QGI - Qrad.sol

Q aquec.= necessidades de aquecimento

Qrad.sol = ganhos térmicos devidos à radiação solar

QGI = ganhos térmicos devidos aos equipamentos interiores.

Qcond.= trocas de calor

INveRNO

Para responder às crescentes exigências de conforto higrotérmico31, que estão intimamente associadas às preocupações com o consumo de energia e com a protecção ambiental, é necessário isolar termicamente a envolvente dos edifícios, de modo a minimizar as trocas de calor com o exterior, com a consequente redução das necessidades de aquecimento/arrefecimento e diminuição dos riscos de ocorrência de condensações (Freitas, 2002).

Higrotérmico : Relativo à água e ao calor. Disponível em : http://www.priberam.pt. Acesso 23.08.2011.

Ashrae: American Society of Heating, Refrigeration and Air-Conditioning Engineers. Organização internacional fundada em 1894 tem a missão de promover

os aparelhos de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração para servir a humanidade e também a sustentabil idade através da investigação, dos

padrões de escrita, publicação e educação. Disponível em: http://www.ashrae.org/. Acesso 23.08.2011.

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A s pontes térmicas podem ser entendidas como o fluxo de calor que passa perpendicularmente às superfícies,

através da condução térmica e da diferença de temperatura, reduzindo de certa forma a temperatura superficial dos elementos, aumentando o risco de condensação e o crescimento de bolor. As pontes térmicas podem ocorrer devido a (Ben-Nakhi, 2003):

Alterações nas propriedades térmicas da envolvente •do edifício na direcção lateral – interface entre os elementos estruturais e os materiais de enchimento de paredes;Alterações de espessura da construção – um envidraçado •inserido numa parede;Diferença entre a área superficial interior e exterior – •cantos;Produção de calor dentro de um elemento da construção •do edifício – tubagem de água quente.

A fim de minimizar ou evitar os efeitos negativos das pontes térmicas, primeiramente aconselha-se um reforço da resistência térmica pontual, com a aplicação de isolamento no local de ocorrência, ou, como segunda opção, a aplicação de materiais isolantes ou não em toda envolvente, com o propósito de aumentar a resistência da mesma.

A inércia térmica é um fenómeno que se refere às transferências de calor e a capacidade térmica

volumétrica (ou capacidade caloríf ica volumétrica). A inércia térmica de um edifício é a capacidade do mesmo de contrariar as variações de temperatura no seu interior, ou seja, de reduzir a transferência ou transmissão de calor. Isto acontece devido à sua capacidade de acumular calor nos elementos construtivos. A velocidade de absorção e a quantidade de calor absorvida determina a inércia térmica de um edifício. Ela influencia o comportamento do edifício, tanto de Inverno, ao determinar a capacidade de uti l ização dos ganhos solares, como de Verão, ao influenciar a capacidade do edifício absorver os picos de temperatura.

Considerando as acções térmicas exteriores que variam periodicamente (temperatura, radiação solar), o efeito da inércia termica torna-se imprescindível para alcançar o conforto térmico.

A inércia térmica é determinada em função da massa térmica do edifício, ou seja, do calor armazenado. Assim, um corpo de maior calor específico acumula ou l iberta a mesma quantidade de energia, com menor variação de temperatura. Para a maioria dos materiais de construção, o calor específico está situado entre 0.85 a 0.95 KJ/Kg.ºC, excepto a madeira, cujo calor específico está situado entre 1.7 a 3.0 KJ/Kg.ºC (Silva, 2006).

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A ventilação dos edifícios é cada vez mais um factor com enorme importância no desempenho energética das

habitações. Principalmente com a mudança das técnicas de construção, em que, para reduzir as perdas de calor, foi aumentada a estaqueidade da envolvente dos edifícios, reduzindo assim a taxa de infi ltração de ar nas habitações ( Silva, 2006).

As trocas de ar entre o edifício e o exterior podem ser divididas em dois mecanismos – Ventilação e Infi ltração. Enquanto a infi l tração é entrada de ar fortuito, através de fendas ou aberturas não intencionais, a ventilação é entrada de ar intencional entre o edifício e o exterior, através das janelas, grelhas. A ventilação pode ainda ser classificada como natural ou forçada (Ashrae, 1997):

Por motivo de complexidade de cálculo do efeito da inércia térmica no comportamento térmico do edifício e da necessidade da uti l ização de sistemas de equações dinâmicos, de forma a conseguir contabil izar todos os fluxos energéticos ao longo do tempo, este capítulo l imita-se apenas às descrições acima apresentadas.

ventilação natural: é o movimento de ar dentro de um ambiente, provocado por ventos externos e que pode ser controlado por meio de aberturas, como portas, janelas, etc. A quantidade de ar que passa através das aberturas depende da diferença de temperatura interior e exterior. As janelas, além de proporcionarem iluminação natural, permitem controlar a quantidade de ar que entra no edifício. As aberturas presentes nos telhados são protegidas por uma cobertura, que impede a entrada de chuva e reversão do ar que sai.

ventilação forçada: denominada ventilação mecânica, ocorre com a introdução de ventiladores, condutas de admissão e de exaustão. Um ventilador pode insuflar ar num ambiente, tomando ar externo, ou extrair ar desse mesmo ambiente para o exterior. Quando um ventilador funciona no sentido de extracção do ar de um ambiente é comumente designado por exaustor (Oliveira).

Inovar na Arquitectura, no campo da sustentabil idade, significa adoptar novas práticas, métodos ou tecnologias, que sejam inovadoras ou que produzam resultados inovadores na relação do Homem com o meio ambiente.

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Inovar na Arquitectura, no campo da sustentabilidade, significa adoptar novas práticas, métodos ou tecnologias, que sejam inovadoras ou que produzam

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C om o presente l ivro pretendeu-se abordar e discutir as qualidades intrínsecas da cortiça, matéria-prima originária, principalmente, da casca do sobreiro (Quercus suber), bem como reafirmar a importância desta árvore florestal no desenvolvimento histórico da indústria corticeira em Portugal.

O contributo ambiental do montado, sistema de caráter agrossilvipastoril de elevada biodiversidade, é caracterizado pela sua capacidade fixadora de dioxido de carbono (CO2) e pela sua adaptação a solos economicamente inviáveis. Além disso, pelo fato dos seus processos vitais aumentarem a taxa de infi ltração das águas da chuva no solo, o que impedem os processos naturais de desertif icação, o montado apresenta-se como um grande aliado na preservação da fauna e da flora selvagens.

Até alguns séculos atrás, a distribuição do sobreiro em Portugal estendia-se por todo o seu território, em um modo praticamente uniforme. Atualmente, a maior área florestal do país, na qual se encontra essa espécie quercínea, restringe-se às regiões localizadas a sul do rio Tejo - Ribatejo, Alentejo e Algarve -, e perfaz quase 90% da produção nacional de cortiça. Não obstante o desflorestamento dos últimos séculos, Portugal destaca-se como o maior produtor, transformador e exportador de cortiça do mundo.

Sob o ponto de vista técnico-informativo, o conteúdo do presente trabalho apresentou e discutiu as potencialidades e as vantagens da aplicação da cortiça na arquitetura. Ademais, por meio de exemplos de obras de caráter histórico e contemporâneo em que a cortiça foi usada como material de construção, tencionou-se ainda reafirmar e incentivar o uso desta matéria-prima como uma alternativa eco-sustentável nas propostas arquitetônicas.

É notória a presença da cortiça na cultura de povos antigos, tais como os fenícios, os gregos e os romanos, que já demonstravam interesse por esta matéria-prima renovável, seja como meio vedante, isolante ou como elemento flutuador. Embora a extração da cortiça seja uma prática milenar, foi apenas no final do século XIX, quando do desenvolvimento de uma técnica, por John Smith, para a produção do aglomerado puro expandido de cortiça, que o mercado corticeiro foi fortalecido, enriquecido e ampliado.

Posteriormente, no decorrer do século XX, certos acontecimentos históricos, tais como a Guerra Civil Espanhola e a Guerra da Argélia, propiciaram o aumento da produção de cortiça em Portugal, e, subsequentemente, um desenvolvimento significativo do setor industrial para a transformação desta matéria-prima.

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Nas últimas décadas, dada a necessidade de servir-se de um material que atendesse aos requisitos de funcionalidade e conforto em uma edificação, o mercado da indústria corticeira pôs-se a desenvolver aglomerados de cortiça para revestimentos - como, por exemplo, o aglomerado negro de cortiça - e peças de cortiça natural.

É sabido que o setor da construção é o principal responsável pela emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera, com uma parcela correspondente a 40% do total das emissões de gases causadores do efeito estufa. Isto deve-se essencialmente à produção de materiais de construção, à sua posterior aplicação em obras e à energia consumida nas fases de construção, operação e manutenção ( Tirone, 2009).

Considerando a viabil idade e a idealidade do uso de materiais ecológicos e renováveis, é sensato, e, sobretudo, necessário percorrer caminhos eco-sustantáveis na arquitetura, que priorizem a redução do consumo energético, e, consequentemente, a atenuação do impacto ambiental deletério oriundo das edificações. Neste contexto, é relevante ter presente as potencialidades de aplicação da cortiça na arquitetura sustentável, que, dadas as suas singularidades inerentes, das quais se destacam a sua durabil idade, elasticidade, impermeabil idade e qualidade de renovação natural, apresenta-se como um material de construção por excelência.

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REfERÊNCIA DO CAPíTULO INTRODUçÃO

1- Silva, V., Reabil itação: a melhor via para a construção sustentável.

Disponível a 1 de dezembro de 2008 em < www.bcsdportugal.org/

fi les/268.pdf_> . Acesso em 19.08.2011.

2- Hegger, M., Fuchs M., Stark T., Zeumer M., Energy efficiency:

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(APCOR, Santa Maria de Lamas, 2007).

2- António, Nuno Cruz ‐ O Montado de Sobro e os seus produtos.

Disponível em <http://naturlink.sapo.pt/>. Acesso 25.08.2011.

3- Montado. Disponível em <www.portalf lorestal.com>. Acesso

10.08.2011.

4- Silva, J. I.M. G., 2008/2009. A uti l ização da cortiça na Arquitectura

tradicional portuguesa. (tese de l icenciatura em Arquitectura,

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5- Sector da Cortiça em números 2009. ( APCOR,Cork Information

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6- Oliveira, M.A. de; e Oliveira, L. ‐ A Cortiça. (Corticeira Amorim

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7- Mestre, A., Campelo, M. da G.,Silva, M., Velhinho, R., 2006. Sector e

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8- GIL, Luís, 2007. A cortiça como material de construção. Manual

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