cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

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CORTADOR DE CABOS DE AÇO DE ALTA PRODUTIVIDADE COM ATUAÇÃO POR REDUÇÕES MECÂNICAS Gabriel Lassery Rocha da Silva Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2015

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Page 1: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

CORTADOR DE CABOS DE AÇO DE ALTA PRODUTIVIDADE COM ATUAÇÃO

POR REDUÇÕES MECÂNICAS

Gabriel Lassery Rocha da Silva

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 2015

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Silva, Gabriel Lassery Rocha da.

Cortador de cabos de aço de alta produtividade com

atuação por reduções mecânicas / Gabriel Lassery Rocha da

Silva – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2015.

X, 122 p.: il.; 29,7 cm

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Mecânica, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 107-110.

1. Cabos de Aço. 2. Mecanismo de Corte. 3. Caixa de

Redução. 4. Projeto Mecânico. 5. Desenho Técnico. I. Pina

Filho, Armando Carlos de. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Engenharia Mecânica. III.

Cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação

por reduções mecânicas.

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iv

Dedico ao meu pai, José

Bispo, cujo sonho era ver eu me

formar, e que infelizmente não foi

possível em vida.

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v

AGRADECIMENTOS

A Tanya Regina, minha mãe, por todo amor e auxílio, mesmo nos momentos

mais difíceis.

A José Bispo, meu pai, por todo o suporte e por nunca ter deixado me faltar

nada.

A Thais Borges, minha namorada, por todo o apoio e incentivo para que eu me

torne uma pessoa cada vez melhor.

A família e amigos, em geral, pelos bons momentos, que com certeza fizeram a

diferença.

Ao professor Armando Pina, pela disponibilidade em me orientar e pelos

importantes ensinamentos teóricos e práticos.

Aos professores Vitor Romano e Fábio Zamberlan, por aceitarem o convite para

fazer parte da banca examinadora.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

CORTADOR DE CABOS DE AÇO DE ALTA PRODUTIVIDADE COM ATUAÇÃO

POR REDUÇÕES MECÂNICAS

Gabriel Lassery Rocha da Silva

Março/2015

Orientador: Armando Carlos de Pina Filho

Curso: Engenharia Mecânica

Já existem no mercado, hoje em dia, soluções para cortes de cabos de aço por

acionamento hidráulico. Duas grandes desvantagens dessas soluções são o tempo de

corte, que costuma ser muito elevado, e o desperdício de energia na descompressão do

cilindro. Em um cenário de alta produtividade, onde cortes sucessivos devem ser

executados, seria ideal um maquinário mais robusto e econômico. Visando preencher

essa lacuna, este sistema foi idealizado. Na fase inicial, foram feitos estudos com o

intuito de entender como funcionam os cabos de aço e a melhor forma de cortá-los. O

guilhotinamento, ou corte por cisalhamento foi escolhido, pois proporciona um corte

rápido e sem maiores danos ao cabo. Em seguida, foram analisadas as teorias de corte e

foi selecionada a mais adequada para o modelo em questão, que aproxima o cabo para

uma barra de aço. Seguindo o critério de von Mises, foi possível encontrar a força

necessária para o corte de um cabo com uma bitola máxima de ¾” (19,05 mm). Diante

dessas informações, uma caixa de redução foi projetada, que acoplada a um motor

elétrico de fácil acesso conseguiria transmitir o torque necessário para a ponta de uma

lâmina giratória que realizaria os cortes de maneira extremamente rápida, econômica e

segura.

Palavras-chave: Cabos de Aço, Caixa de Redução, Sistema de Transmissão, Corte por

Cisalhamento.

Page 7: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Mechanical Engineer.

HIGH PRODUCTIVITY STEEL CABLE CUTTER POWERED BY MECHANICAL

TRANSMISSION

Gabriel Lassery Rocha da Silva

March/2015

Advisor: Armando Carlos de Pina Filho; DSc.

Course: Mechanical Engineering

Nowadays, there are solutions “off-the-shelf” for cutting steel cables via

hydraulic pressure. Two big disadvantages of those solutions are the cutting time, that

usually is elevated, and the wasted energy during the decompression of the cylinder. On

a high productivity scenario where cuts need to be made, a more robust and economical

machinery would be of great use. Aiming to fill this gap, this system was idealized. At

first, steel cables were studied toward finding what the better way for cutting them is.

The shear cutting method was chosen because it relies on a fast cut leaving a minimum

damage to the cable. Following, the cutting theories were analyzed and the one most

fitting was selected. The cable was modeled as a steel bar and, by von Mises, the cutting

force was found for a cable width of up to ¾” (19.05 mm). Using those information, a

gearbox was designed, that, along with a common electric motor would be able to

generate enough torque at the tip of a rotating blade were the cuts were to be done in a

fast, economical and safe way.

Keywords: Steel Cable, Gearbox, Transmission System, Shear Cut.

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viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1. MOTIVAÇÃO ....................................................................................................... 1

1.2. OBJETIVO ............................................................................................................ 1

1.3. ESCOPO ................................................................................................................ 2

1.4. REQUISITOS E RESTRIÇÕES ............................................................................ 3

2. CABOS DE AÇO ...................................................................................................... 4

2.1. HISTÓRICO .......................................................................................................... 4

2.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E DE FABRICAÇÃO ...................................... 5

2.3. COMPOSIÇÃO ..................................................................................................... 7

2.3.1. Alma (núcleo) ............................................................................................................. 8

2.3.2. Pernas ......................................................................................................................... 8

2.3.3. Arames ........................................................................................................................ 9

2.4. PROPRIEDADES DOS CABOS DE AÇO .......................................................... 9

2.4.1. Diâmetro ..................................................................................................................... 9

2.4.2. Especificações .......................................................................................................... 10

2.4.2.1. Nomenclatura e Simbologia ............................................................................................................ 10

2.4.2.2. Classificação e Relações para seleção ............................................................................................. 11

2.4.3. Análise de Carregamento ......................................................................................... 13

2.4.3.1. Tração Simples Estática .................................................................................................................. 13

2.4.3.2. Tração Dinâmica – Carga sendo acelerada ...................................................................................... 14

2.4.3.3. Tensão de Flexão ............................................................................................................................. 15

2.4.3.4. Fadiga .............................................................................................................................................. 16

2.4.3.5. Alongamento ................................................................................................................................... 16

2.5. DIMENSIONAMENTO ...................................................................................... 17

2.6. MANUTENÇÃO ................................................................................................. 19

2.7. CUIDADOS COM O CORTE ............................................................................. 20

3. MECANISMO DE CORTE .................................................................................... 23

3.1. ANÁLISE POR RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS .......................................... 23

3.1.1. Critério de von Mises ............................................................................................... 25

3.1.2. Critério de Tresca ..................................................................................................... 25

3.1.3. Determinação da Força de Corte ............................................................................. 26

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ix

3.2. ANÁLISE POR PROCESSO DE CONFORMAÇÃO ......................................... 27

3.2.1. Angulação (rake angle) ............................................................................................ 29

3.2.2. Folga (clearance) ..................................................................................................... 30

3.2.3. Determinação da Força de Corte ............................................................................. 31

3.3. ANÁLISES MATEMÁTICAS ........................................................................... 32

3.3.1. Escolha do modelo ................................................................................................... 32

3.3.2. Cálculos para Definição da Força de Corte ............................................................ 32

3.4. LÂMINA DE CORTE ......................................................................................... 34

3.4.1. Ângulo de afiação ..................................................................................................... 34

3.4.2. Material da lâmina ................................................................................................... 35

3.4.3. Modelagem e análise matemática ............................................................................ 35

3.4.4. Vida útil da lâmina ................................................................................................... 38

3.4.5. Parafusos de fixação da lâmina ............................................................................... 39

4. SISTEMA DE TRANSMISSÃO ............................................................................ 41

4.1. MODELO ............................................................................................................ 41

4.2. MOTOR ............................................................................................................... 42

4.3. ENGRENAGENS ................................................................................................ 44

4.3.1. Tipos de Engrenagens .............................................................................................. 44

4.3.1.1. Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos ....................................................................................... 44

4.3.1.2. Engrenagens Cilíndricas Helicoidais ............................................................................................... 44

4.3.1.3. Engrenagens Cônicas ...................................................................................................................... 45

4.3.1.4. Engrenagens Sem-Fim..................................................................................................................... 46

4.3.2. Nomenclatura ........................................................................................................... 46

4.3.3. Projeto das Engrenagens.......................................................................................... 49

4.3.4. Dimensionamento por Flexão nos Dentes ................................................................ 54

4.3.5. Dimensionamento por Fadiga nos Dentes ............................................................... 63

4.3.6. Remoção de peso do cubo ........................................................................................ 70

4.4. ÁRVORES ........................................................................................................... 72

4.5. ROLAMENTOS .................................................................................................. 84

4.6. CHAVETAS ........................................................................................................ 90

4.7. ANÉIS DE RETENÇÃO ..................................................................................... 92

5. CARCAÇA DA CAIXA DE REDUÇÃO E MESA DE APOIO............................ 94

5.1. MODELAGEM DA CARCAÇA ......................................................................... 94

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x

5.2. MODELAGEM DO PÉ DE APOIO .................................................................... 97

5.3. SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO ........................................................................ 98

5.4. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO.............................................................................. 98

6. MANUTENÇÃO DA MÁQUINA OPERATRIZ................................................. 100

6.1. MANUTENÇÃO CORRETIVA ....................................................................... 100

6.1.1. Manutenção Corretiva Não-Planejada .................................................................. 100

6.1.2. Manutenção Corretiva Planejada .......................................................................... 100

6.2. MANUTENÇÃO PREVENTIVA ..................................................................... 100

6.3. MANUTENÇÃO PREDITIVA ......................................................................... 101

6.4. MANUTENÇÃO SISTEMÁTICA .................................................................... 101

6.5. MANUTENÇÃO DO SISTEMA ...................................................................... 101

7. DOCUMENTAÇÃO GRÁFICA DO PROJETO .................................................. 103

8. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 104

8.1. TRABALHOS FUTUROS ................................................................................ 106

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 107

9.1. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .......................................................... 1067

10. ANEXOS ............................................................................................................... 110

10.1. DESENHOS DO CONJUNTO E PEÇAS ....................................................... 110

10.2. MANUAL DE MONTAGEM ......................................................................... 111

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. MOTIVAÇÃO

Dentre as ferramentas mais comuns para cortes de cabos de aço no mercado,

hoje em dia, pode-se citar os alicates manuais, as guilhotinas pneumáticas e hidráulicas

e alguns poucos mecanismos automáticos.

Os cabos de aço são fabricados em grandes extensões, geralmente maiores do

que o tamanho do lote a ser vendido. É de grande auxílio um mecanismo que possa

cortá-los de maneira rápida e que não venha a ser um gargalo em uma linha de

produção. Além disso, grande parte das empresas que fabricam derivados dos cabos,

como eslingas e cintas para elevação de cargas, em algum momento do seu processo de

fabricação, também precisarão cortá-los.

Os alicates manuais, como são acionados pela força do operador, possuem a

desvantagem de só serem capazes de cortar cabos com bitolas pequenas, e as guilhotinas

pneumáticas e hidráulicas, embora capazes de cortar cabos de aço de grandes diâmetros,

geralmente acima de 8 mm, levam um tempo considerável para executar o processo.

Vale ainda ser citado que alguns operadores, de maneira errônea, cortam cabos

de aço com o auxílio de serras e/ou esmeris. Um procedimento completamente incorreto

e que põe em risco tanto a segurança do operador, quanto a integridade do cabo.

Logo, procurou-se idealizar um sistema capaz de realizar a operação de corte de

cabos de aço de maneira mais rápida, econômica e segura.

1.2. OBJETIVO

O objetivo deste projeto consiste em conceber um sistema automático, com

atuação por reduções mecânicas, para cortes de cabos de aço que, respeitando as normas

de segurança, seja capaz de executar o corte de maneira rápida e com o mínimo de dano

para o cabo, em uma linha de produção.

Para isso, será necessário o estudo dos cabos, do sistema de transmissão que

fornecerá o torque necessário para a ponta da lâmina e a elaboração da documentação

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2

gráfica do projeto, incluindo os desenhos técnicos para fabricação das peças e o manual

de montagem do sistema.

Vale ainda notar que, para o estudo teórico sobre cabos e mecanismos de corte, o

projeto de graduação “Sistema Automático para corte de cabos de aço”, do autor

Marcus Vinicius Dalla Stella Corrêa, da UFRJ, foi utilizado como fonte de informações.

1.3. ESCOPO

O escopo do projeto inclui as etapas a seguir, aprofundando o conhecimento

sobre cada um dos componentes em questão e detalhando o levantamento das hipóteses

e a análise matemática de cada um deles, quando o for o caso.

Estudo dos cabos de aço: Suas características e propriedades serão analisadas, com o

intuito de otimizar não só o corte, mas também a preparação para o corte, a manutenção,

o armazenamento e tudo o mais que for pertinente. Com isso, será possível estimar a

força necessária para o corte e, por conseguinte, o torque.

Estudo dos mecanismos de corte: Serão estudadas as forças necessárias e as condições

ótimas para que o corte seja efetuado. Além disso, serão evidenciados o material da

lâmina, a sua vida útil e a manutenção necessária.

Sistema de transmissão: O sistema responsável por ampliar e levar o torque do motor à

ponta da lâmina será descrito em detalhes, com os devidos cálculos, para cada uma de

suas peças.

Carcaça da caixa de redução e mesa de apoio: A carcaça da caixa de redução e a

mesa, na qual o sistema estará montado, serão modelados com a ergonomia do sistema

mecânico em mente e mantendo a segurança de uma boa fixação ao solo.

Anexo - Desenhos técnicos e guias de montagem: Serão apresentados os desenhos

técnicos relativos às peças e sistemas que compõem o projeto, bem como sua sequência

de montagem.

Page 13: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

3

1.4. REQUISITOS E RESTRIÇÕES

É importar ressaltar sob quais condições as hipóteses aqui expostas serão

válidas.

A máquina será projetada visando a segurança do operador e um melhor

desempenho do que as que existem no mercado atualmente, de forma que proporcione

melhores condições de trabalho e aumente a receita da empresa.

O equipamento possuirá o menor tamanho possível, dado o porte do cabo a ser

cortado e a velocidade com que o mesmo será efetuado; deverá possibilitar o corte de

cabos com bitola de até ¾” (19,05 mm) e levará em conta o conforto acústico e

higiênico do ambiente em que se situa. O mesmo deverá ser capaz de suprir as

necessidades elétricas e de refrigeração do maquinário.

Nenhuma análise econômica será explicitada nesse projeto, mas a fabricação da

máquina é viável, visto que qualquer material, componente ou produto pode ser

facilmente encontrado no mercado nacional.

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2. CABOS DE AÇO

2.1. HISTÓRICO

O primeiro cabo de aço moderno surgiu a mais de 180 anos na Europa, e foi

desenvolvido pelo alemão Willhelm August Julius Albert.

A necessidade dos cabos de aço surgiu devido ao grande peso específico das

correntes que costumavam içar os minérios de prata de grandes profundidades da

montanha Harz no período de 1834 a 1854.

A princípio, os cabos não eram invenções muito complexas. Três fios de arame,

todos de mesma bitola, eram enrolados entre si à mão e formavam uma “perna”. Três ou

quatro destas “pernas” eram enrolados novamente para formar o cabo. Este processo se

assemelhava bastante às técnicas pré-históricas de confecção de cordas de palha. Esses

cabos ficaram conhecidos como “Albert Ropes”, o que hoje seria chamado de um 3x4

compacto.

Além disso, os cabos confeccionados não eram muito flexíveis devido aos

arames possuírem uma bitola relativamente grande, de aproximadamente 3,5 mm de

diâmetro, mas foram de grande utilidade, uma vez que as correntes ou eram muito

pesadas ou se rompiam facilmente e as cordas convencionais apodreciam no ambiente

úmido da mina. Se comparados com os de hoje, os cabos seriam considerados fracos,

pois possuíam uma resistência à tração de 520 N/mm². Outra característica a ser

ressaltada é que os arames e as pernas eram torcidos para o mesmo lado, o que hoje é

chamado de padrão “Lang”.

Como o processo de confecção dos cabos era bastante tedioso, isso desencorajou

o seu uso em outros processos.

Ao saber do sucesso do uso dos cabos nas minas, o inglês Robert Newall criou

um método de enrolar os cabos com o auxílio de máquinas e aumentou o número de

pernas para seis, mas com um diferencial: todas seriam enroladas ao redor de uma perna

central, denominada alma, de material fibroso lubrificado. Isso conferia uma grande

flexibilidade ao novo modelo de cabos de aço.

Já na era da corrida do ouro, os americanos melhoraram os métodos de

produção, e descobriram que poderiam usar arames com diâmetros diferentes e torcê-los

uma só vez com o mesmo passo. Isso evitaria com que os cabos de autodestruíssem, e

Page 15: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

5

assim surgiram as formações Seale, Warrington e Filler, que são utilizadas até os dias de

hoje.

No Brasil os primeiros cabos de aço começaram a ser produzidos pela empresa

CIMAF (Companhia Industrial e Mercantil de Artefatos de Ferro) para tratores e uso

geral. Em 1954 o primeiro cabo de aço para elevadores foi desenvolvido pela CIMAF e

em 1960 o bondinho do pão de açúcar foi equipado com cabos de aço brasileiros

(Figura 2.1).

Figura 2.1 – Cabos de aço brasileiros sendo utilizados no bondinho do pão de açúcar [1].

2.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E DE FABRICAÇÃO

Os cabos de aço são elementos mecânicos flexíveis compostos por um conjunto

de arames de aço, reunidos em um feixe helicoidal, formando uma corda de metal. Sua

função é resistir aos esforços de tração, mas ao mesmo tempo possuir boa flexibilidade.

Sua principal matéria-prima é o fio de máquina, produto da laminação a quente

do aço sem liga e de alto teor de carbono. Este fio passa por um processo de decapagem

química para que fique limpo e preparado para trefilação.

A trefilação é o nome dado ao processo onde arames ou barras finas passam por

uma matriz, onde são esticados, acarretando na redução da sua seção transversal e

respectivo aumento do seu comprimento. É através dessa deformação plástica sofrida

pelo arame que ele ganha a resistência à tração exigida para o seu funcionamento.

Page 16: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

6

Dentre duas das etapas de trefilação ocorre o patenteamente, onde o arame é aquecido

acima de seu ponto crítico (915ºC), e resfriado até 550ºC antes do resfriamento final.

No caso de arames galvanizados, estes são imersos no zinco fundido em paralelo

ao patenteamento. Em outros casos, a zincagem é feita no fim, após a última trefilação.

A Figura 2.2 apresenta uma máquina trefiladora.

Figura 2.2 – Máquina trefiladora [2].

Após sua fabricação, os arames passam por diversos testes laboratoriais a fim de

garantir a sua qualidade. Diâmetro; ovalização; estado superficial; resistência à tração; e

ductilidade são algumas das propriedades testadas. Para os arames galvanizados ainda

são feitos testes de espessura; centralização da camada de zinco dos arames e aderência

da camada de zinco. Durante toda a sua fabricação existe um acompanhamento

metalográfico.

Depois de fabricado e testado, os arames são levados para a máquina de

encordoamento, que fará a torção helicoidal de acordo com o desejado a fim de formar

as pernas. Em seguida, as pernas são levadas para as máquinas de produção de cabos

fechados, que de maneira semelhante à de encordoamento, torce as penas na forma

helicoidal desejada.

Uma das grandes dificuldades de se trabalhar com cabos de aço está na não

homogeneidade de suas propriedades físicas, que ocorrem graças à seção de arames

torcidos, atrito entre os componentes etc. Para o dimensionamento e para os posteriores

cálculos de corte serão utilizados valores empíricos, aliados a altos coeficientes de

segurança.

Page 17: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

7

2.3. COMPOSIÇÃO

Os cabos de aço são formados pela alma, que pode ser fibrosa ou não, com as

pernas torcidas ao seu redor. Essas por sua vez são compostas por diversos arames

torcidos entre si. A Figura 2.3 apresenta o cabo de aço e os elementos de sua

composição.

Figura 2.3 – Composição dos cabos de aço [3].

É importante notar que as pernas podem ser torcidas da esquerda para a direita

(torção à direita em Z) ou da direita para a esquerda (torção à esquerda em S), sendo

este último tipo de torção mais incomum. Além disso, os cabos são classificados em

cabo de torção regular e cabo de torção Lang (Figura 2.4).

No primeiro caso, os arames das pernas são torcidos no sentido oposto a torção

das próprias pernas em volta da alma. Este tipo de torção oferece boa estabilidade,

resistência ao desgaste interno e são fáceis de manusear, além de possuírem uma maior

resistência aos amassamentos e deformações pelo curto comprimento dos arames

expostos. Já no segundo caso, os arames e pernas são torcidos para o mesmo lado.

Assim, os arames externos ficam diagonalmente posicionados em relação ao eixo

longitudinal do cabo e com um comprimento de exposição maior. Isso confere maior

resistência à abrasão, maior flexibilidade e maior resistência à fadiga.

Page 18: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

8

Figura 2.4 – Classificação dos cabos quanto ao tipo de torção [4].

2.3.1 Alma (núcleo)

É o elemento central do cabo, que da suporte aos arames e pernas. Pode ser

formado de aço ou fibras.

A alma de aço (AA) é formada por uma perna do próprio cabo, enquanto que a

alma de aço de cabo independente (AACI) é formada por um cabo de aço independente,

e é mais comumente utilizada, por ter maior resistência à tração e mais flexibilidade.

A alma de fibra (AF) é formada por fibras vegetais como o sisal e o cânhamo, e

é lubrificada com óleo para reduzir o desgaste devido ao atrito e garantir proteção

anticorrosiva, enquanto que a alma de fibras artificiais (AFA) é geralmente formada por

fibras de polipropileno.

2.3.2 Pernas

Formam o conjunto de arames torcidos que envolvem a alma dos cabos de aço.

Podem ser divididos em Seale, Filler, Warrington e Warrington Seale.

Nas pernas do tipo Seale, os arames da última camada possuem diâmetros

maiores, o que lhes confere maior resistência à abrasão.

Page 19: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

9

As pernas do tipo Filler possuem arames mais finos entre duas camadas,

preenchendo o espaço entre elas. Isso fornece uma maior resistência ao esmagamento

por possuir uma seção metálica maior.

Nas pernas Warringtom a camada exterior é formada por arames de diâmetros

diferentes com colocação alternada. Isso faz com que os fios de camadas adjacentes não

se interceptem, e com que cada fio se aloje no sulco formado por outros dois, reduzindo

assim a pressão específica entre dois fios e aumentando a flexibilidade e vida útil.

Por fim, a perna Warringtom Seale é uma combinação dos dois tipos, possuindo

as principais características de cada uma, como alta resistência à abrasão e alta

resistência à fadiga por flexão.

2.3.3 Arames

Representam a unidade básica do cabo de aço. Geralmente possuem a seguinte

composição: de 0,3 a 0,8%C; até 0,3 %SI; de 0,4 a 0,8 %Mn e no máximo 0,04%(P+S).

Outros materiais utilizados são o aço inox, bronze fosforoso, cobre, latão e alumínio.

Seu acabamento superficial varia conforme a sua necessidade de utilização,

podendo ser: lubrificado, zincado ou galvanizado. O primeiro caso é recomendado para

a maioria das aplicações, sendo protegido contra corrosão e tendo atrito reduzido por

conta da lubrificação. Já nos últimos casos, recomenda-se que seja utilizado em

situações estáticas.

2.4. PROPRIEDADES DOS CABOS DE AÇO

2.4.1. Diâmetro

O diâmetro encontrado nas tabelas normalizadas de fabricantes é chamado de

nominal, e atende as tolerâncias recomendadas na norma ABNT NBR ISO 2408,

conforme a Tabela 2.1.

Page 20: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

10

Tabela 2.1 – Tolerâncias recomendadas para cabos de aço [5].

E a forma de medição é feita pela circunferência que os envolve, conforme a

Figura 2.5.

Figura 2.5 – Medição de um cabo de aço [5].

2.4.2. Especificações

2.4.2.1. Nomenclatura e Simbologia

Ao utilizar catálogos de fabricantes e demais literaturas de cabos de aço é

comum encontrar uma configuração do tipo: Cabo de Aço 22 x 6 x 7 - AF

O primeiro número (22) equivale ao diâmetro do cabo. O segundo número (6) é

o número de pernas, e o terceiro (7), o número de fios. A última informação (AF) se

refere ao tipo de alma, no caso, alma de fibra.

Page 21: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

11

Para especificação dos cabos são utilizadas algumas formas de simbologia,

sendo as principais apresentadas na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Simbologia para cabos de aço [6].

2.4.2.2. Classificação e Relações para Seleção

Cada cabo é ideal para um tipo de aplicação. A escolha do cabo certo depende

da correta interpretação da classificação destes. Para fins de corte, essa informação

também é muito relevante, pois dita qual a resistência à tração do cabo em questão, e

com isso a força de corte necessária.

Quanto à resistência, eles podem ser divididos em seis categorias, como

apresentado na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Resistência à tração para cabos de aço [6].

Page 22: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

12

Com relação à resistência à abrasão e a flexibilidade dos cabos. O primeiro é

diretamente proporcional ao diâmetro dos arames, enquanto que o segundo é

inversamente proporcional.

De acordo com a Tabela 2.4, essas duas características indicam a escolha de uma

formação de arames externos mais finos, como por exemplo, o 6x41 Warrington-Seale

quando houver grande esforço de fadiga ou dobramento, ou uma formação com arames

externos mais grossos, como a 6x7, quando grande resistência à abrasão for exigida.

Tabela 2.4 – Resistência dos arames [6].

Para que seja possível trabalhar com cabos de aço e saber como se comportam,

são utilizadas algumas relações [6], apresentadas pelas equações:

𝐷𝑎 ≈ 𝐾. 𝐷𝑐 (1)

𝐴𝑚 = 𝐹. 𝐷𝑐² (2)

𝑊 = 𝐹. 𝐷𝑐². 10−2 (3)

Para todas as fórmulas utilizadas nesse capítulo, têm-se as seguintes variáveis:

𝐷𝑐 – diâmetro do cabo;

𝐷𝑎 – diâmetro do arame;

𝐷𝑠 – diâmetro da polia;

𝐴𝑚 – área metálica;

F e K – fatores de multiplicação dos cabos de aço;

Page 23: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

13

W – peso por unidade de comprimento;

𝐸𝑐 – módulo de elasticidade;

𝐹𝑡 – força atuante no cabo;

𝐹𝑢 – carga efetiva mínima de ruptura.

2.4.3. Análise de Carregamento

Os carregamentos nos cabos de aço podem ser classificados em: tração simples

estática, tração dinâmica, tensão de flexão, fadiga e alongamento. A seguir são

apresentados detalhes sobre cada um desses carregamentos.

2.4.3.1. Tração Simples Estática

É a tração atuante no cabo quando o mesmo sustenta, por exemplo, um elevador

em repouso. Pode-se modelar o cenário como um cabo preso ao teto sustentando uma

caixa, conforme a Figura 2.6.

Figura 2.6 – Tração Simples Estática [6].

A força de tração estática (𝐹𝑡𝑐) pode ser calculada por:

𝐹𝑡𝑐 = 𝑃 + 𝑃𝑐𝑎𝑏𝑜 (4)

𝐹𝑡𝑐 = 𝑃 + 𝑤. 𝐿 (5)

Page 24: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

14

2.4.3.2. Tração Dinâmica – Carga sendo acelerada

É a tração que atua no cabo quando o mesmo suspende, por exemplo, um

elevador com alguma aceleração. Pode ser modelado por uma carga que desce com

certa aceleração, na qual o cabo está preso, passando por uma polia (Figura 2.7).

Figura 2.7 – Modelo de tração dinâmica [6].

O somatório de forças atuantes no corpo na direção vertical é igual a:

∑ 𝐹 = 𝑚. 𝑎 = 𝐹𝑡𝑑 − 𝑤. 𝐿 − 𝑃 (6)

Considerando que:

𝑚 = (𝑤. 𝐿 + 𝑃)/𝑔 (7)

Onde 𝑔 é o vetor de aceleração da gravidade. Substituindo (6) em (7), pode-se

calcular a força de tração dinâmica (𝐹𝑡𝑑) como:

𝐹𝑡𝑑 = (𝑤.𝐿+𝑃

𝑔) . 𝑎 + (𝑤. 𝐿 + 𝑃) (8)

Page 25: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

15

2.4.3.3. Tensão de Flexão

É comum que o cabo tenha que passar, ao menos uma vez, por uma polia e,

consequentemente, sofra com esse tipo de tensão. Nesse caso, devem-se considerar as

seguintes relações:

𝜀𝑥 = −𝑦/𝜌 (9)

𝜌 = (𝐷𝑠 + 𝐷𝑐)/2 (10)

𝑦𝑚á𝑥 = 𝐷𝑎/2 (11)

𝜎𝑚á𝑥 = 𝐸𝑐. 𝜀𝑚á𝑥 (12)

Onde:

𝜀𝑥 – deformação do cabo;

𝜌 – raio de curvatura;

𝑦𝑚á𝑥 – deformação máxima;

𝜎𝑚á𝑥 – tensão máxima.

Com isso, substituindo (9) e (10) em (11) tem-se:

𝜀𝑚á𝑥 = 𝐷𝑎/(𝐷𝑠 + 𝐷𝑐) (13)

E substituindo (13) em (12):

𝜎𝑚á𝑥 = (𝐸𝑐. 𝐷𝑎)/(𝐷𝑠 + 𝐷𝑐) (14)

Admitindo-se que o diâmetro do cabo é muito menor que o da polia, então:

𝜎𝑚á𝑥 = (𝐸𝑐. 𝐷𝑎)/𝐷𝑠 (15)

Logo, a carga de flexão do cabo em torno da polia é:

𝐹𝑏 = 𝜎𝑚á𝑥. 𝐴𝑚 (16)

Page 26: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

16

2.4.3.4. Fadiga

A fadiga nos cabos de aço pode ocorrer em diversas situações, sendo a principal

delas o cabo apoiado em uma polia, conforma a Figura 2.8.

Figura 2.8 – Situação onde ocorre fadiga [6].

Nesse caso, a pressão de apoio pode ser determinada pela equação:

𝑝 =𝐹

𝐴 (17)

Onde:

𝐹 = 2. 𝐹. 𝑡 (18)

𝐴 =𝜋2.𝐷𝑠.𝐷𝑐

4 (19)

2.4.3.5. Alongamento

Qualquer modelo de cabo, quando posto em utilização e tracionado, sofre algum

tipo de alongamento. A porcentagem alongada do cabo depende da elasticidade do aço

utilizado em sua fabricação e da interação entre os arames e pernas.

Page 27: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

17

O alongamento em um cabo de aço pode ser dividido em duas categorias:

elástico e de assentamento.

O alongamento elástico é transitório. Quando a tração no cabo é removida, o

cabo volta ao tamanho original. Já o alongamento de assentamento é permanente. Este

varia entre 2 a 4% do tamanho total e depende do tipo de cabo e de sua construção,

aumentando até 5 a 8%, quando o cabo deve ser substituído. Em instalações de difícil

manutenção deve-se utilizar cabos com alto módulo de elasticidade aparente, com o

intuito de se obter um menor alongamento.

2.5. DIMENSIONAMENTO

No dimensionamento de cabos de aço pode-se dizer que as informações de

maior relevância são: o tipo de carregamento ao qual ele será submetido e o

equipamento no qual ele será utilizado, sendo a segunda informação essencial para a

determinação do coeficiente de segurança a ser aplicado.

Tabela 2.5 – Coeficientes de segurança recomendados por fabricantes [6].

Page 28: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

18

Costuma-se utilizar coeficientes de segurança bastante elevados, pois a

utilização dos cabos geralmente envolve riscos para pessoas e cargas. Outro motivo é a

grande dispersão de valores para a carga de ruptura encontrada em ensaios de tração.

Cabos que saem da mesma linha de produção, com a mesma especificação, podem ter

arames acomodados de maneira diferente ao serem tracionados, ou possuírem tensões

de contato, devido ao atrito interno diferente entre os arames e pernas. Um último fator

que também colabora para essa dispersão é o fato da não homogeneidade dos materiais

que compõem os cabos.

A Tabela 2.5 apresenta os coeficientes de segurança recomendados para os tipos

de equipamentos mais comuns.

Logo, considerando os carregamentos apresentados na Seção 2.4.3, e escolhido o

coeficiente de segurança adequado, utiliza-se a equação apropriada:

Tração Simples Estática:

𝐶𝑆 =𝐹𝑢

𝐹𝑡𝑒 (20)

Tração Dinâmica:

𝐶𝑆 =𝐹𝑢

𝐹𝑡𝑑 (21)

Flexão:

𝐶𝑆 =𝐹𝑢−𝐹𝑏

𝐹𝑡 (22)

Fadiga:

𝑃 = 2.𝐹𝑡

𝐷𝑐+𝐷𝑠 (23)

Se: P ≤ 0,0015, então N > 106 ciclos, configurando vida infinita.

P > 0,0015, então N < 106 ciclos, configurando vida finita.

Alongamento:

∆𝐿 =𝐹.𝐿

𝐸𝑐.𝐴𝑚 (24)

Page 29: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

19

De posse dessas informações e conhecendo as características sobre classificação

e propriedades nesse estudo teórico, pode-se dimensionar o melhor cabo para a

aplicação desejada.

2.6. MANUTENÇÃO

A manutenção de um cabo de aço é um processo complexo, e para saber como

fazê-la é preciso saber o que influencia sua vida útil, como manuseá-lo, como lubrificá-

lo e a hora apropriada de realizar a manutenção.

Para estimar a vida útil dos cabos, além de estudar e dimensionar o cabo mais

apropriado para determinada aplicação, é necessário também o conhecimento sobre

fatores relativos ao meio ambiente e suas condições de uso, tais como: temperatura,

umidade, estados das polias e tambores etc.

Todo cabo deve ser manuseado com cuidado para que não haja estrangulamento,

conforme mostrado na Figura 2.9(a), que provoque uma torção prejudicial. Ainda que o

nó seja desfeito (Figura 2.9(b)) e o cabo aparente estar em perfeitas condições, ele

nunca voltará a ter o seu desempenho normal, sendo a sua utilização de alto risco e

podendo provocar acidentes.

Figura 2.9 – Estrangulamento de um cabo de aço (a) e a sua consequência (b) [5].

Uma maneira bastante utilizada de evitar este problema é a utilização de uma

bobina. Esta pode possuir um eixo vertical apoiado em uma mesa giratória ou um eixo

horizontal em cima de dois cavaletes (Figura 2.10).

Page 30: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

20

Figura 2.10 – Bobina com eixo vertical (a) e bobina apoiada por cavaletes (b) [5].

Os cabos são lubrificados em fábrica antes da sua venda, por isso algumas vezes

quando se fala em lubrificação não é incomum chamar o processo de relubrificação.

Está é feita para diminuir o atrito interno entre os arames e pernas, prevenir a corrosão,

abrasão, desgaste por atrito, cross-nicking e fadiga.

Mesmo com a devida manutenção, em algum momento o cabo deverá ser

substituído. Alguns dos fatores limitantes são o número de arames rompidos, desgaste

externo, corrosão e deformações. Mesmo que nenhuma avaria seja aparente, um cabo

atinge o fim de sua vida útil em algum momento, devido ao desgaste natural.

Determinar quando um cabo deve ser substituído é um grande desafio, e por isso

não existe uma regra precisa. A recomendação é que sejam utilizados critérios de

descarte das normas NBR ISO 4309, ASME B30.2 e ASME B30.5 para equipamentos,

e a NBR 13543 para laços.

2.7. CUIDADOS COM O CORTE

O corte de cabos de aço muitas vezes é feito sem a devida precisão, e é possível

utilizar alicates para bitolas de até 8 mm. Contudo, o corte por meio de um equipamento

especializado pode prevenir muitos problemas, tais como: pontas afiadas,

desenrolamento dos arames, amassamento dos fios etc.

Fabricantes e fornecedores citam informações sobre formas de se conduzir um

corte de cabos de aço e o que se deve fazer para prepará-lo antes do processo.

A técnica mais usual chama-se gripagem “seizing”, que assegura a integridade

do cabo após o corte. A gripagem deve ser feita dos dois lados onde será realizado o

corte e pode ser feita por dois métodos.

Page 31: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

21

No primeiro método (Figura 2.11), coloca-se o arame no vale entre uma perna e

outra, então enrola-se o arame ao redor do cabo sobre ele mesmo. Assim que esse

enrolamento estiver pronto, junta-se as duas pontas do arame e gira-se uma contra a

outra para fixá-lo.

Figura 2.11 – Gripagem método 1 [7].

No segundo método (Figura 2.12), enrola-se o arame normalmente sobre o cabo

e depois junta-se as duas pontas uma contra a outra para fixar o arame.

Figura 2.12 – Gripagem método 2 [7].

O diâmetro do arame e o comprimento da gripagem dependem do diâmetro do

cabo de aço. A Tabela 2.6 apresenta uma sugestão para as propriedades da gripagem.

Tabela 2.6 – Diâmetro para fios de arame para gripagem [7].

Page 32: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

22

Uma forma alternativa à gripagem é o uso de bandas. Estas são fabricadas de

material flexível, endentados com uma ranhura de bloqueio e um bordo de costura. A

aplicação de bandas é simples e não requer ferramentas especiais, podendo ser feita com

o auxílio de um alicate, conforme mostrado na Figura 2.13.

Figura 2.13 – Aplicação de bandas [8].

Esse tipo de preparação é comum para o corte com o uso de guilhotinas e além

de fazer o papel de “seizing”, também homogeiniza a superfície de corte. Cada diâmetro

de cabo tem uma banda específica, segundo sugestão do fabricante Hydrashear,

apresentado no catálogo da Morse Starret Wire Rope Cutters.

Page 33: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

23

3. MECANISMO DE CORTE

Para entender mais sobre o corte por cisalhamento é necessário primeiro

entender sobre como os materiais reagem sob ação de forças externas e deformações.

Quando um sistema de forças atua sobre um corpo, podem ser gerados dois tipos

de esforços: os axiais e os transversais. Os esforços axiais atuam no sentido do eixo do

corpo, e são divididos em tração e compressão. Já os esforços transversais atuam em um

eixo perpendicular ao do corpo, e dividem-se em cisalhamento e torção.

Para o estudo do corte serão analisados os esforços de cisalhamento, visto que

esses são os esforços sofridos por um corpo ao ser cortado. Esse tipo de solicitação é

aquela que ocorre quando um corpo tenta resistir à ação de forças agindo próximas e

paralelas, mas em sentidos contrários. Um exemplo clássico pode ser visto na Figura

3.1.

Figura 3.1 – Rebite submetido a esforços cisalhantes [9].

3.1. ANÁLISE POR RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Antes de apresentar o estudo do corte em si, é necessário enunciar alguns

conceitos fundamentais de resistência dos materiais, como a análise de tensões, e

principalmente, o diagrama Tensão x Deformação (Figura 3.2).

Esse diagrama correlaciona informações sobre diversas tensões atuantes em um

mesmo material. A tensão de proporcionalidade, 𝜎𝑝, é a máxima tensão na qual o

material obedece a lei de Hooke. Após, surge a tensão de escoamento, 𝜎𝑒, onde o

material passa a se deformar plasticamente de maneira crescente, mas praticamente sem

mudanças na tensão. A seguir, tem-se a tensão limite de resistência, 𝜎𝑅, que

corresponde à máxima tensão obtida no ensaio de tração. Por fim, a tensão de ruptura,

𝜎𝑟, é onde ocorre a ruptura do corpo de prova.

Page 34: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

24

Figura 3.2 – Diagrama de Tensão x Deformação [9].

Quanto às deformações, existem as chamadas elásticas (𝜀𝑒), que ocorrem no

trecho da curva de tensão entre a origem e o limite de proporcionalidade, e a

deformação plástica (𝜀𝑝), que surge no trecho da curva, entre o limite de

proporcionalidade e a ruptura do material.

A partir da análise gráfica e da introdução sobre as principais tensões, pode-se

estudar melhor a tensão de cisalhamento em cabos de aço. Isso é possível pois os

esforços de cisalhamento estão intimamente ligados ao esforço de tração.

As tabelas de propriedades dos materiais, como a Tabela 3.1, indicam valores de

tensões de cisalhamento (𝜏𝑒 e 𝜏𝑟) baseados nas tensões de ruptura e escoamento em

ensaios de tração.

Tabela 3.1 – Relação entre materiais e tensões de cisalhamento [9].

Page 35: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

25

A tensão de cisalhamento pode ser obtida pela razão entre a força cortante e a

área da seção transversal. No caso de cortes, pode-se separar essa tensão em:

Cortes simples:

𝜏 =𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

𝐴 (25)

Cortes duplos:

𝜏 =𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

2.𝐴 (26)

Nas seções seguintes serão apresentados os critérios de resistência.

3.1.1. Critério de von Mises

Esse critério sugere um modelo que se aplica aos materiais cujo limite de

plastificação é isotrópico e independe da componente média de tensão.

Para o corte por cisalhamento, deve-se analisar o modelo de von Mises para

cisalhamento puro. Este ensaio é feito através da torção de um tubo, onde se produz

uma tensão cisalhamento e esta é aumentada até atingir o limite de plastificação.

O modelo de von Mises propõe a comparação com a tração de escoamento, que

é uma característica do material obtida em laboratório. Dessa comparação, ele conclui

que “se um material pode ser representado mediante o modelo de plastificação de

Mises, então nos ensaios de tração e torção se encontram os limites de plastificação na

relação 31/2” [10], o que pode ser representado como:

𝜏 = 0,577. 𝜎𝑟 (27)

3.1.2. Critério de Tresca

Este critério também é aplicado a materiais cujo limite de plastificação é

isotrópico e independente da componente média de tensão.

Page 36: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

26

Da mesma maneira que von Mises, ele propõe a comparação entre os ensaios de

tração e torção puras, só que conclui que “se um material pode ser representado

mediante o modelo de plastificação de Tresca, então nos ensaios de tração e torção se

encontram limites de plastificação na relação 2” [10], o que pode ser representado

como:

𝜏 = 0,5. 𝜎𝑟 (28)

3.1.3. Determinação da Força de Corte

Com os dois critérios já analisados, pode-se utilizar as tensões de cisalhamento

propostas por eles para calcular a força cortante necessária a partir da equação 25.

Logo, dependendo do critério adotado, têm-se duas fórmulas para a força de

corte:

Por von Mises:

𝐹 = 𝐴. 𝜏 = 𝐴. 0,577. 𝜎𝑟 (29)

Por Tresca:

𝐹 = 𝐴. 𝜏 = 𝐴. 0,5. 𝜎𝑟 (30)

Além dessas duas, ainda é possível utilizar os dados fornecidos pela Tabela 3.1,

e segundo abordado na Seção 2.3.3, a composição do arame que compõe o cabo de aço

tem de 0,3% a 0,8% de Carbono, portanto pode-se usar a relação 𝜏𝑟 = 0,75. 𝜎𝑟, e a

força de corte seria:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝐴. 𝜏 = 𝐴. 0,75. 𝜎𝑟 (31)

Page 37: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

27

3.2. ANÁLISE POR PROCESSO DE CONFORMAÇÃO

Os processos de conformação são classificados de acordo com alguns critérios.

São eles:

Tipo de esforço predominante: compressão direta (forjamento e laminação);

compressão indireta (trefilação, extrusão, embutimento); tração (estiramento de chapas);

flexão ou dobramento (dobramento e calandragem); e cisalhamento (corte de chapas).

Temperatura de trabalho: trabalho mecânico a frio (cold working); trabalho

mecânico aquecido (warm working); trabalho mecânico a quente (hot working) e

trabalho isotérmico (isothermal forming).

Desses, o mais importante para o escopo do projeto é a análise do cisalhamento.

De acordo com Groover [11], esse é um processo altamente voltado para a

conformação plástica de chapas, conforme a Figura 3.3, por isso adaptou-se essa análise

para o âmbito dos cabos de aço, apresentando-se mais um ponto de vista para a análise

da força de corte necessária.

Figura 3.3 – Processo de corte de chapas [11].

O processo de corte está sempre presente em todos os processos de conformação

plástica a partir de chapas. O corte é uma operação mecânica, que tem como objetivo

separar uma parte metálica da outra. Alguns exemplos de corte incluem: o furo, onde a

parte cortada não é aproveitada; os entalhes, onde a parte cortada é aproveitada; e o

fendilhamento (ou corte guilhotina), o qual não retira material da chapa, apenas separa

as partes. Ele pode ser dividido em quatro etapas: punção, deformação plástica,

penetração e fratura, conforme a Figura 3.4.

Page 38: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

28

Figura 3.4 – Etapas do processo de corte [11].

Após a fratura, é possível ver algumas características de cada uma das regiões

formadas pelo processo de corte (Figura 3.5).

Figura 3.5 – Regiões formadas pelo corte [11].

A zona de deformação (rollover), que é a região inicial no topo da peça, é

caracterizada por uma depressão causada pela ferramenta de corte, e é onde começa a

deformação plástica.

Logo após, existe a zona de corte ou penetração (burnish), que é o resultado da

penetração da ferramenta antes da ruptura, deixando uma faixa polida e brilhante.

A seguir, encontra-se a região da ruptura ou zona de fratura. Esta é uma

superfície irregular e rugosa, formada pela ação contínua da ferramenta de corte.

Por fim, tem-se a quina, na borda do material, dada pelo alongamento do

material metálico que é arrastado pela ferramenta, conhecido como “rebarba”.

A seguir serão apresentados os principais parâmetros do processo de corte por

conformação, a saber: angulação, folga e força de corte.

Page 39: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

29

3.2.1. Angulação (rake angle)

O ângulo de inclinação, também chamado de ângulo de cisalhamento (α) é

formado pelas arestas das lâminas ou da lâmina em questão e o ponto morto. Um

aumento no ângulo de inclinação reduz a força de corte necessária para se cortar uma

peça de certa espessura, já que esta é cortada progressivamente. Porém, um aumento

excessivo pode causar defeitos e distorções como dobramento, torção ou camber.

Na Figura 3.6, pode-se ver como é a propagação da trinca, por dois tipos de

corte diferentes.

Figura 3.6 – (a) Corte em guilhotina e (b) corte de tesoura [12].

Como no caso dos cabos de aço o comprimento do corte é bastante curto, este

tipo de inclinação não será utilizado, uma vez que a questão do corte progressivo é

desnecessária.

O que pode ser levado em consideração é a forma como a trinca se propaga em

uma chapa de metal e ver o que isso poderia ocasionar no cabo. Caso uma inclinação

fosse utilizada na guilhotina, a frente da trinca na chapa tenderia a ser arredondada, e

provavelmente no cabo haveria um escorregamento ou até mesmo um esmagamento,

visto que este é um elemento ainda mais flexível.

A sugestão encontrada para esse processo, e para evitar o escorregamento e

esmagamento do cabo é a utilização de bandas, conforme já foi visto na Seção 2.7.

Page 40: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

30

3.2.2. Folga (clearance)

A folga no processo de corte é a distância compreendida entre a lâmina e o

ponto morto, ou entre as lâminas. Normalmente, essa folga é igual a 4% ou 8% da

espessura que será cortada [11].

Se essa distância for muito curta, as linhas de fratura se sobreporão, causando

uma zona de duplo cisalhamento e exigindo uma força de corte muito maior (Figura

3.7(a)). Já no caso de uma distância muito grande, o metal será empurrado e

comprimido dentro da folga, ocasionando um excesso de rebarba (Figura 3.7(b)).

Figura 3.7 - (a) Folga muito pequena e (b) folga muito grande [11].

A recomendação para o cálculo da folga é:

𝑐 = 𝐴𝑐 . 𝑡 (32)

Onde c é a folga, 𝐴𝑐 uma constante do material dada pela Tabela 3.2, e t a

espessura a ser cortada.

Page 41: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

31

Tabela 3.2 – Valores para a constante de folga 𝑨𝒄 [11].

Para o cabo em questão, de bitola de até ¾” (19,05 mm), o coeficiente utilizado

será de 0,075 , e a folga ideal será dada por:

𝑐 = 𝐴𝑐. 𝑡 = 0,075.19,05 = 1.42875 𝑚𝑚

3.2.3. Determinação da Força de Corte

É possível estimar a força de corte para cabos a partir da análise do corte de

chapas. Nesse caso, a equação utilizada é:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝑆. 𝑡. 𝐿 (33)

Onde S é igual a τ (tensão de cisalhamento), t é a espessura do material cortado,

e L pode ser igual ao comprimento de corte ou da lâmina.

Se a tensão de cisalhamento não for conhecida, uma forma alternativa para

estimar a força de corte, segundo Groover [11], é usar a tensão de ruptura, de acordo

com a equação:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 0,7. 𝑇𝑆. 𝑡. 𝐿 (34)

Onde TS é igual a 𝜎𝑟 (tensão de ruptura).

Page 42: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

32

3.3. ANÁLISES MATEMÁTICAS

3.3.1. Escolha do modelo

Todos os cálculos serão realizados a partir de um modelo, o qual representará as

condições do projeto e que serão constantes para todas as hipóteses de força cortante a

serem analisadas.

O cabo de aço terá um diâmetro D = ¾” (19,05mm), com alma de aço, e

resistência à tração EIPS (𝜎𝑟), segundo a Tabela 2.3 da Seção 2.4.2.2, igual a 2300

Mpa. O material do arame tem composição de 0,3% a 0,8% C.

3.3.2. Cálculos para Definição da Força de Corte

A partir das condições impostas, pode-se calcular a força de corte para cada um

dos critérios enunciados.

Para o critérios de von Mises, tem-se pela equação 29, página 26:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝐴. 0,577. 𝜎𝑟

Onde: 𝜎𝑟= 2300 Mpa = 2300.106 N/m²; e A = π.(D/2)² = 2,85.10

-4

Substituindo os valores:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 2,85. 10−4. 0,577.2300. 106 = 3,78 . 105 N

Para o critério de Tresca, tem-se pela equação 30, página 26:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝐴. 0,5. 𝜎𝑟

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 2,85. 10−4. 0,5.2300. 106 = 3,27 . 105 N

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33

Para o critério que relaciona a tensão de cisalhamento com a de ruptura, segundo

características do material, tem-se de acordo com a equação 31, página 26:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝐴. 0,75. 𝜎𝑟

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 2,85. 10−4. 0,75.2300. 106 = 4,91 . 105 N

Para o critério de conformação mais apropriado, onde a força de cisalhamento é

desconhecida, tem-se segundo a equação 34, página 31:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 0,7. 𝜎𝑟 . 𝑡. 𝐿

Onde: t = D = 0,01905 m; e como discutido anteriormente, o comprimento L

pode ser igual ao comprimento de corte ou da lâmina, por isso, pode-se analisar os dois

pontos de vista.

No primeiro caso, o comprimento linear seria o próprio diâmetro, logo: L = D =

0,01905 m, e a força de corte será:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 0,7.2300. 106. 0,01905.0,01905 = 5,84 .105 N

No segundo caso, o perímetro de corte seria utilizado para o valor de L. Então,

L= (π. D)/2 = 0.030m, e com isso, a força de corte será:

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 0,7.2300. 106. 0,01905.0,03 = 9,2 .105 N

Por comparação dos resultados, nota-se que a força encontrada segundo a

adaptação feita para o critério de conformação está bem acima de todas as demais.

Como se trata de uma adaptação de um critério utilizado para estimar a força em um

processo de estampagem, onde tal força de fato é muito maior, e considerando um corte

contra as fibras do material, onde as demais análises são teoricamente válidas, optou-se

por descartar o critério de conformação.

A análise feita segundo a Tabela 3.1, página 24, onde se encontra uma indicação

de estimativa da resistência ao cisalhamento pela multiplicação da resistência à ruptura,

também pode ser considerada uma superestimação para efeito de segurança.

Page 44: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

34

Com isso, fica claro que o mais correto seria optar por um dos critérios de

resistência dos materiais (Tresca ou von Mises), visto que são amplamente usados e

comprovados, além de possuírem um maior embasamento teórico e proximidade com a

realidade do projeto. Nesse sentido, optou-se por utilizar o resultado de von Mises

(𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 3,78. 105), pois esse valor de força atenderia também ao critério de Tresca.

3.4. LÂMINA DE CORTE

Para o projeto da lâmina, duas variáveis precisam ser definidas: o ângulo de

afiação e o material utilizado.

3.4.1. Ângulo de afiação

Apesar de não considerado no cálculo da força de corte, o ângulo de afiação da

lâmina colabora para uma maior capacidade de corte e determina a resistência do fio. O

ângulo ideal depende, primordialmente, do serviço que a lâmina executará. Quanto mais

agudo o ângulo, 15º no limite, mais afiada é a lâmina, que em contrapartida se torna

mais frágil, e quanto maior for o ângulo, 30º como limite superior, mais massa terá o

seu fio, tornando-o adequado para trabalhos mais pesados.

Para a escolha do ângulo no projeto em questão, foi utilizada a Tabela 3.3.

Portanto, a lâmina deverá ter um ângulo de afiação entre 25º e 30º.

Tabela 3.3 - Seleção do ângulo de afiação da lâmina [13].

Page 45: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

35

3.4.2. Material da lâmina

O material da lâmina deve ser compatível com o serviço que será executado. Em

geral, aços ferramenta costumam ser do tipo aço-rápido, por possuírem grande dureza

superficial e tensão de escoamento.

O material escolhido foi o aço rápido AISI M2 endurecido. Este aço possui alto

teor de molibdênio e grande dureza superficial e resistência à compressão. Suas

propriedades podem ser observadas na Figura 3.8.

Figura 3.8 - Propriedades de aços rápidos, dentre eles o M2 [14].

Logo, sua tensão de escoamento à compressão vale aproximadamente 3150 MPa

e sua dureza aproximadamente 65 HRC.

3.4.3. Modelagem e análise matemática

A lâmina de corte foi modelada de acordo com as restrições físicas do projeto.

Esta possuirá um formato circular com a furação necessária para que seja fixada ao cubo

e trocada quando necessário, conforme a Figura 3.9.

Page 46: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

36

Figura 3.9 – Lâmina de corte do projeto.

Sua fabricação se daria por fresamento vertical, existindo a possibilidade de sua

afiação sempre que necessário.

Um dos fatores limitantes quanto ao tamanho da lâmina é o raio do seu centro

até o ponto de corte. A partir da força de corte calculada anteriormente, o torque é dado

pela equação:

𝜏 = 𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 . 𝑟 (35)

Um raio maior resulta na necessidade de um torque maior no eixo que a suporta.

Por tentativa e erro, foi visto que um raio de 135mm atende de maneira satisfatória para

um motor elétrico convencional, e o torque necessário seria:

𝜏 = 𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 . 𝑟 = 3,78 . 105. 0,135 = 51,34 KNm

Como a geometria da lâmina em questão é bastante complexa, optou-se pela

utilização do software SolidWorks® para a simulação do carregamento, a partir do

modelo apresentado na Figura 3.10.

Page 47: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

37

Figura 3.10 – Modelo da lâmina com os devidos carregamentos, antes da simulação.

As setas nos furos indicam fixação em todos os graus de liberdade, enquanto que

as setas verticais indicam a aplicação de carga da força cortante (𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒).

Se a face em questão resiste à aplicação da força total, significa que a lâmina

como um todo também resistirá.

Para efeitos de simulação, o ângulo de afiação não foi incluído, visto que esse

não altera a força de corte necessária. A espessura da lâmina utilizada foi de 12 mm.

Figura 3.11 – Estudo das cargas atuantes na lâmina no momento do corte.

Page 48: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

38

Da Figura 3.11, pode-se notar que a integridade da lâmina como um todo não

será afetada quando efetuando o corte. O ponto crítico fica na região de contato entre a

face de corte e o corpo da lâmina, com uma tensão de aproximadamente 2800 MPa.

Consideravelmente menor do que 3150 MPa, a tensão limite de escoamento para o

material escolhido.

3.4.4. Vida útil da lâmina

Para aços em geral, falhas por compressão começam a ocorrer em 60% da tensão

máxima admissível [15]. Com isso, é possível traçar um gráfico e estimar a vida útil da

lâmina (Figura 3.12).

Interpolando graficamente, a face, que é a parte mais solicitada da lâmina, seria

capaz de realizar até 3.104 cortes.

Figura 3.12 – Número de ciclos a qual cada face poderá ser submetida antes da falha por fadiga

[15].

Page 49: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

39

3.4.5. Parafusos de fixação da lâmina

A lâmina será fixada ao cubo, preso ao eixo, com o auxílio de parafusos. É

necessário garantir que os parafusos não falharão, nem por cisalhamento e nem por

fadiga.

Foi estipulado em 8 unidades do tipo M13 os parafusos que fixarão a lâmina.

Sua resistência pode ser encontrada na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 – Resistência à tração de parafusos [2].

Para a classe de parafusos 8.8 (www.torkfort.com.br), tem-se que o limite de

escoamento equivale a 80% da tensão mínima de resistência à tração.

Com isso, a tensão limite de escoamento de 8 parafusos M13 vale:

𝜎𝑒 = 𝑛. %. 𝜎 (36)

Onde: n é o número de parafusos, % é a porcentagem da resistência à tração que

tal classe de parafusos possui para o escoamento, e 𝜎 é a resistência mínima à tração.

Logo, substituindo os valores, tem-se:

𝜎𝑒 = 8.0,8.880 = 5632 𝑀𝑃𝑎

A tensão total a qual os parafusos estarão submetidos será:

𝜎𝑎 =𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

𝐴𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜𝑠=

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

𝑛.𝜋.𝐷𝑝𝑎𝑟𝑎𝑓𝑢𝑠𝑜

2

4

(37)

Page 50: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

40

Substituindo os valores, tem-se:

𝜎𝑎 = 3,78 .105

8.𝜋.(13.10−3)

2

4

= 2864,8 MPa (38)

Como 𝜎𝑒>>𝜎𝑎, os parafusos não falharão por cisalhamento.

Seguindo a mesma ideia da falha por fadiga para aços em geral, com 60% da

resistência total, os parafusos aguentariam 3379,2 MPa, valor este ainda maior que 𝜎𝑎=

2864,8 MPa, o que significa que os parafusos possuem vida infinita por fadiga.

Page 51: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

41

4. SISTEMA DE TRANSMISSÃO

4.1. MODELO

O sistema idealizado leva em consideração a ergonomia do sistema mecânico,

enquanto tenta ocupar o menor espaço possível. Depois de algumas tentativas, a melhor

configuração pensada foi a da Figura 4.1.

Figura 4.1 – Configuração mais compacta para a máquina operatriz proposta.

O operador no modelo tem 1,80 m de altura, e conforme citado na Seção 3.4.3, o

torque necessário na última árvore, na parte superior, será de 51,34 KNm. Este torque

deverá ser alcançado multiplicando-se o torque gerado pelo motor pela relação de

transmissão do sistema.

Cada par de engrenagens em árvores diferentes gera uma relação de transmissão,

dada pela razão entre o número de dentes ou pelo diâmetro das engrenagens. Nesse

projeto, as árvores de todas as engrenagens acopladas são paralelas entre si.

Para o sistema em questão, foi selecionada uma razão de transmissão de 1:672,

desde a árvore do motor até a ponta da lâmina. Esta relação será alcançada em quatro

passos: 1:7, 1:6, 1:4 e 1:4, num total de 5 árvores, 8 engrenagens e 10 rolamentos.

Page 52: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

42

Toda a análise matemática foi feita com o auxílio do software Microsoft Excel e

será explicitada para os elementos mencionados, bem como demonstrado o

funcionamento das planilhas. Os anéis elásticos e chavetas serão escolhidos de acordo

com as tabelas usuais de fabricantes.

Após os cálculos, as engrenagens terão a massa de seu cubo reduzida e depois

passarão por uma simulação com as cargas efetivas no software SolidWorks® para

garantir que não falharão.

4.2. MOTOR

Para a escolha do motor optou-se por selecionar uma marca com grande

confiabilidade e de fácil acesso no mercado.

A fabricante de motores nacional WEG está entre as 100 marcas mais valiosas

do Brasil, e possui mais de 50 anos de experiência. Seus motores possuem excelente

eficiência aliados a baixo peso e altos índices de segurança. Tudo isso com um preço

acessível e uma boa garantia.

Logo, o motor escolhido para o projeto foi da marca WEG, modelo Premium

Efficiency IE3, com as características apresentadas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Características do motor WEG escolhido [16].

Page 53: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

43

O torque nominal desse modelo é de apenas 59,6 Nm, o que resultaria em um

torque final de 40,05 KNm com a relação de transmissão de 1:672 já definida. Contudo,

é possível notar na curva de torque deste motor, na Figura 4.2, que o torque gerado

quando o motor está parado vale até 2,5 vezes o valor do torque nominal, ou seja, até

85,2 KNm na ponta da lâmina, valor mais do que o suficiente para executar o corte.

Figura 4.2 – Gráfico da curva de torque do motor escolhido (curva A) [16].

Em contrapartida, o aumento do torque pelo sistema de transmissão resulta em

uma diminuição da velocidade angular gerada pelo motor.

Configurada para 1475 rpm no motor, a velocidade angular cai para 2,2 rpm na

última árvore em giro livre. No momento do corte, essa velocidade cai um pouco mais,

chegando a 875 rpm no motor e 1,3 rpm na última árvore. Como existem 4 faces de

corte, essa velocidade resulta em até 8 cortes por minuto, já considerado o tempo

necessário para que a próxima face chegue na posição correta. O tempo de corte, desde

que a lâmina toca o cabo até que esta termine de cortá-lo é de menos de um segundo.

Page 54: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

44

4.3. ENGRENAGENS

Engrenagens são elementos mecânicos rígidos que suprem momentos torcionais

a árvores para gerar movimentos e transmissão de potência, e criam forças e momentos

que afetam a árvore e seus mancais.

As engrenagens podem ser classificadas em cilíndricas de dentes retos,

helicoidais, cônicas e sem-fim.

4.3.1. Tipos de Engrenagens

4.3.1.1. Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos

As engrenagens cilíndricas de dentes retos (Figura 4.3) possuem dentes paralelos

ao eixo de rotação e são utilizadas para transmitir movimento de uma árvore a outra,

paralela a primeira. De todos os tipos, estas são as mais simples.

Figura 4.3 – Engrenagens cilíndricas de dentes retos [17].

4.3.1.2. Engrenagens Cilíndricas Helicoidais

As engrenagens cilíndricas helicoidais (Figura 4.4) possuem dentes inclinados

em relação ao eixo de rotação. Elas podem ser usadas nas mesmas aplicações que as

engrenagens de dentes retos e, quando assim utilizadas, geram menos ruído devido ao

engrenamento mais gradual dos dentes. Outra vantagem é a possibilidade de uma maior

Page 55: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

45

relação de transmissão em um diâmetro menor do que a engrenagem de dentes retos. Os

dentes inclinados também geram forças e momentos axiais que não estão presentes nas

engrenagens de dentes retos. Em alguns casos, as engrenagens helicoidais são utilizadas

para transmitir movimento em eixos não paralelos.

Estas serão as engrenagens utilizadas no sistema de transmissão do projeto.

Figura 4.4 – Engrenagens cilíndricas helicoidais [18].

4.3.1.3. Engrenagens Cônicas

As engrenagens cônicas (Figura 4.5) possuem dentes formados em superfícies

cônicas e são utilizadas, principalmente, para transmitir movimento entre os eixos

correspondentes. Estas podem ser cônicas de dentes retos ou cônicas helicoidais.

Figura 4.5 – Engrenagens Cônicas [19].

Page 56: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

46

4.3.1.4. Engrenagens Sem-Fim

Como pode ser observado na Figura 4.6, a engrenagem sem-fim se assemelha a

um parafuso. A direção de rotação da engrenagem maior (coroa) depende da direção de

rotação do parafuso e se os dentes foram cortados segundo a mão direita ou esquerda.

Figura 4.6 – Engrenagem sem-fim acoplada à engrenagem helicoidal [20].

4.3.2. Nomenclatura

Já que o modelo de engrenagens cilíndricas de dentes retos é o mais simples,

elas são utilizadas para desenvolver as relações cinemáticas primárias. Como o foco do

projeto são as engrenagens helicoidais, qualquer divergência em relação às engrenagens

de dentes retos será explicitada. De resto, valem as mesmas relações.

A menor das engrenagens é chamada de pinhão, enquanto que a maior

denomina-se coroa.

O diâmetro primitivo (𝑑) é o círculo teórico sobre o qual todos os cálculos se

baseiam. Os diâmetros primitivos de um par de engrenagens acopladas são tangentes

entre si.

O passo circular (𝑝) é a distância, medida no diâmetro primitivo, do ponto de um

dente ao correspondente ponto no dente adjacente, ou seja, o passo circular é igual a

soma da espessura de dente com a largura de espaçamento.

Page 57: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

47

O módulo (𝑚) é a razão entre o passo diametral e o número de dentes. É

utilizado como índice de tamanho de dente no Sistema Internacional.

O passo diametral (𝑃) é a razão entre o número de dentes da engrenagem e o

diâmetro primitivo. É o recíproco do módulo no Sistema Imperial.

O adendo (𝑎) é a distância radial entre o topo do dente e o círculo primitivo,

enquanto o dedendo (𝑏) é a distância radial do fundo do dente ao círculo primitivo.

A altura completa (ℎ𝑡) é a soma do adendo com o dedendo.

Considerando N o número de dentes, as seguintes relações são válidas:

𝑃 =𝑁

𝑑 (39)

𝑚 =𝑑

𝑁 (40)

𝑝 =𝜋.𝑑

𝑁= 𝜋. 𝑚 (41)

𝑝. 𝑃 = 𝜋 (42)

A Figura 4.7 apresenta algumas das variáveis da engrenagem que foram

mencionadas anteriormente.

Figura 4.7 – Variáveis da engrenagem [21].

Um dos ângulos importantes que valem ser mencionados é o ângulo de pressão

(𝜑), que geralmente possui valores entre 20º e 25º.

Page 58: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

48

Pode-se também definir o diâmetro de base (𝐷𝑏), como:

𝐷𝑏 = 𝑑. cos (𝜑) (43)

Para as engrenagens helicoidais, pode-se ainda definir o ângulo de hélice (Ψ), o

ângulo de pressão normal (𝜑𝑛) e ângulo de pressão transversal (𝜑𝑡). Também é possível

relacionar o passo diametral transversal (𝑝𝑡) e o passo diametral normal (𝑝𝑛) pela

equação:

𝑝𝑛 = 𝑝𝑡. cos ( Ψ) (44)

Além disso, o passo diametral normal pode ser calculado pela equação:

𝑝𝑛 = 𝑚. 𝜋 (45)

E o passo axial (𝑝𝑥) pode ser calculado por:

𝑝𝑥 =𝑝𝑡

tan(Ψ) (46)

O ângulo de pressão normal e o ângulo de pressão transversal podem ser

relacionados por meio da expressão:

cos( Ψ) =𝜑𝑛

𝜑𝑡 (47)

Essas variáveis podem ser vistas na Figura 4.8.

Pode-se ainda definir o número de dentes virtuais como:

𝑁′ =𝑁

𝑐𝑜𝑠3(Ψ) (48)

Esta será uma grandeza necessária para o projeto de resistência dos dentes.

Page 59: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

49

Figura 4.8 – Ângulo de pressão normal (a), passos e ângulo de hélice (b),

e ângulo de pressão transversal (c) [21].

Uma outra verificação importante é a interferência entre os dentes. Para uma

razão de engrenamento n, o menor número de dentes no pinhão é:

𝑁𝑝 =(2.cos(Ψ))

(1+2.n).𝑠𝑒𝑛2𝜑𝑡. [𝑛 + √𝑛2 + (1 + 2. 𝑛). 𝑠𝑒𝑛2𝜑𝑡] (49)

E para este pinhão, o menor número de dentes da coroa será:

𝑁𝐺 = (𝑁𝑝2. 𝑠𝑒𝑛2𝜑𝑡 − 4. 𝑐𝑜𝑠2Ψ)/(4. 𝑐𝑜𝑠Ψ − 2. 𝑁𝑝. 𝑠𝑒𝑛2𝜑𝑡) (50)

4.3.3. Projeto das Engrenagens

Para iniciar os cálculos, como já foi determinado o tipo de engrenagem que será

utilizado no projeto, o próximo passo consiste em determinar o ângulo de hélice (Ψ).

Para isso, foi analisada a Tabela 4.2, e decidiu-se por utilizar um ângulo de 15º.

Page 60: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

50

Tabela 4.2 – Ângulos usuais de hélice [21].

Para o ângulo de pressão normal utilizou-se o mais usual, com 𝜑𝑛 = 20º.

Com os ângulos determinados, foi possível calcular o ângulo de pressão transversal:

𝜑𝑡 = 𝑡𝑔−1 (𝑡𝑔𝜑𝑛

𝑐𝑜𝑠Ψ) = 20,6º

A transmissão escolhida possuirá 8 engrenagens. É preciso determinar

antecipadamente a mão das engrenagens. Foi escolhida a regra da mão direita para as

engrenagens 1, 3, 5 e 7, enquanto que as engrenagens 2, 4, 6 e 8 seguirão a regra da mão

esquerda. Com essa disposição, os esforços axiais serão reduzidos, pois as engrenagens

presentes numa mesma árvore apresentarão esforços axiais em sentidos opostos.

Foram escolhidos os números de dentes das engrenagens 1, 3, 5 e 7, e de posse

das razões de transmissão escolhidas, presentes na página 41, foram calculados os

números de dentes das engrenagens 2, 4, 6 e 8. São eles:

𝑁1 = 18 𝑁5 = 20

𝑁2 = 126 𝑁6 = 80

𝑁3 = 18 𝑁7 = 15

𝑁4 = 108 𝑁8 = 60

A princípio, esses números não eram fixos e sofreram muitas alterações,

baseados nas tensões atuantes, até chegarem ao resultado atual final, incluindo as

restrições das equações 49 e 50.

Page 61: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

51

Essas engrenagens devem ser produzidas com um material de alta resistência,

alta temperabilidade e boa dureza, pois é preciso evitar que ocorram falhas durante o

funcionamento do mecanismo. Nesse contexto, decidiu-se por utilizar o aço AISI 5160,

pois atende aos requisitos desejados para a concepção do projeto.

Por intermédio da Tabela 4.3, destaca-se as propriedades do aço utilizado.

Tabela 4.3 – Propriedades do aço 5160 [22].

Como a rotação do motor no momento do corte já foi definida, pode-se calcular

a rotação em cada uma das 5 árvores, baseando-se nas relações de transmissão. São elas:

𝑛1 = 𝑛𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 875 𝑟𝑝𝑚 𝑛4 =20,83

4= 5,21 𝑟𝑝𝑚

𝑛2 =875

7= 125 𝑟𝑝𝑚 𝑛5 =

5,21

4= 1,30 𝑟𝑝𝑚

𝑛3 =125

6= 20,83 𝑟𝑝𝑚

A seguir, deve-se calcular a potência útil que atua em cada uma das árvores.

Para isso, a Tabela 4.4 indica qual a eficiência dos mancais, das engrenagens e dos

acoplamentos.

Tabela 4.4 – Eficiência nas transmissões mecânicas [29].

Eficiência %

η𝑚𝑎𝑛𝑐𝑎𝑙 99

η𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 98

η𝑎𝑐𝑜𝑝𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 97

Page 62: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

52

Com isso, a partir da potência do motor (Tabela 4.1, página 42), a potência útil

em cada árvore será:

𝑃𝑈1 = 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 . η𝑚𝑎𝑛𝑐𝑎𝑙 . η𝑎𝑐𝑜𝑝𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 9,2 𝐾𝑊. 0,99.0,97 = 8,8 𝐾𝑊

𝑃𝑈2 = 𝑃𝑈1. η𝑚𝑎𝑛𝑐𝑎𝑙 . η𝑎𝑐𝑜𝑝𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 . η𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 8,537 𝐾𝑊

𝑃𝑈3 = 𝑃𝑈2. η𝑚𝑎𝑛𝑐𝑎𝑙 . η𝑎𝑐𝑜𝑝𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 . η𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 8,282 𝐾𝑊

𝑃𝑈4 = 𝑃𝑈3. η𝑚𝑎𝑛𝑐𝑎𝑙 . η𝑎𝑐𝑜𝑝𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 . η𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 8,035 𝐾𝑊

𝑃𝑈5 = 𝑃𝑈4. η𝑚𝑎𝑛𝑐𝑎𝑙 . η𝑎𝑐𝑜𝑝𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 . η𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 7,796 𝐾𝑊

E, por tentativa e erro, pode-se encontrar o módulo com menor volume e maior

compactação possível para cada par de engrenagens, capaz de suportar os esforços de

flexão e fadiga. Novamente, esses números sofreram diversas iterações até chegarem

aos atuais. Aqui são apresentados os resultados finais.

𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚1 = 𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚2 = 3

𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚3 = 𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚4 = 4

𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚5 = 𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚6 = 6

𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚7 = 𝑚𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚8 = 10

As recomendações de módulos foram retiradas da Tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Recomendação de módulos para engrenagens [21].

A partir dos módulos definidos, obtém-se o passo diametral normal pn usando a

equação 45, página 48:

𝑝𝑛1 = 𝑚. 𝜋 = 3.3,14 = 9,42 = 𝑝𝑛2

𝑝𝑛3 = 4.3,14 = 12,56 = 𝑝𝑛4

𝑝𝑛5 = 6.3,14 = 18,84 = 𝑝𝑛6

𝑝𝑛7 = 10.3,14 = 31,4 = 𝑝𝑛8

Page 63: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

53

E com auxílio da equação 44, página 48, obtém-se o passo transversal:

𝑝𝑡1 =𝑝𝑛

cos(Ψ)=

9,42

cos(15°)= 3,106 = 𝑝𝑡2

𝑝𝑡3 =12,56

cos(15°)= 4,141 = 𝑝𝑡4

𝑝𝑡5 =18,84

cos(15°)= 6,212 = 𝑝𝑡6

𝑝𝑡7 =31,4

cos(15°)= 10,353 = 𝑝𝑡8

Para engrenagens helicoidais, pode-se calcular os diâmetros primitivos

utilizando a equação 41, página 47, onde obteve-se:

𝑑1 = 𝑁1.𝑝𝑡1

𝜋= 55,905 𝑚𝑚 𝑑5 = 124,23 𝑚𝑚

𝑑2 = 391,33 𝑚𝑚 𝑑6 = 496,93 𝑚𝑚

𝑑3 = 74,54 𝑚𝑚 𝑑7 = 155,29 𝑚𝑚

𝑑4 = 447,24 𝑚𝑚 𝑑8 = 621,17 𝑚𝑚

A largura de cada engrenagem deve estar compreendida de tal modo que:

3. 𝑝𝑡 < 𝑏 < 5. 𝑝𝑡 (51)

Onde 𝑏 é a largura da engrenagem. Assim, os intervalos calculados foram:

Engrenagem 1 29.27174439 mm <b< 48.78624 mm

Engrenagem 2 29.27174439 mm <b< 48.78624 mm

Engrenagem 3 39.02899251 mm <b< 65.04832 mm

Engrenagem 4 39.02899251 mm <b< 65.04832 mm

Engrenagem 5 58.54348877 mm <b< 97.57248 mm

Engrenagem 6 58.54348877 mm <b< 97.57248 mm

Engrenagem 7 97.57248128 mm <b< 162.6208 mm

Engrenagem 8 97.57248128 mm <b< 162.6208 mm

E, após tentativa e erro, os valores escolhidos foram:

Page 64: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

54

Engrenagem 1 30 mm

Engrenagem 2 30 mm

Engrenagem 3 65 mm

Engrenagem 4 65 mm

Engrenagem 5 97 mm

Engrenagem 6 97 mm

Engrenagem 7 162 mm

Engrenagem 8 162 mm

4.3.4. Dimensionamento por Flexão nos Dentes

A falha por flexão ocorre devido à repetição da flexão do dente da engrenagem

em torno de sua raiz.

Para dimensionar os dentes das engrenagens para suportarem os esforços por

flexão, primeiramente é necessário analisar o diagrama de corpo livre do dente da

engrenagem, conforme a Figura 4.9.

Figura 4.9 – Diagrama de forças atuantes em uma engrenagem helicoidal [23].

E para o cálculo da tensão, utiliza-se a seguinte fórmula:

𝜎 =𝐹𝑡

𝑚.𝑏.𝑗. 𝐾𝑣. 𝐾𝑜 . 𝐾𝑚 (52)

Page 65: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

55

No qual: 𝐹𝑡 = Carga Transmitida;

𝐾𝑣 = Fator de velocidade, ou fator dinâmico;

𝐾𝑜 = Fator de sobrecarga;

𝐾𝑚 = Fator de distribuição de carga.

Já para o cálculo da tensão admissível, utiliza-se a seguinte equação:

𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝑆𝑡.𝑌𝑁

𝑆𝑓 .𝐾𝑇.𝐾𝑅 (53)

Onde: 𝑆𝑡 = Resistência do dente à flexão;

𝑌𝑁 = Fator de correção de ciclagem;

𝑆𝑓 = Coeficiente de segurança;

𝐾𝑇 = Fator de temperatura;

𝐾𝑅 = Fator de confiabilidade.

Inicialmente, calcula-se a carga transmitida, 𝐹𝑡, utilizando a potência útil na

árvore correspondente, de acordo com a equação:

𝐹𝑡 =60000.𝑃𝑢

𝜋.𝑛.𝑑 (54)

Onde a potência útil, a rotação na árvore e o diâmetro da engrenagem já foram

calculados e explicitados anteriormente. Então, substituindo os valores:

𝐹𝑡1 =60000. 𝑃𝑢1

𝜋. 𝑛1. 𝑑1=

60000.8,8.1000

3,14.875.55,905= 3435,48 𝑁

𝐹𝑡2 = 3333,10 𝑁

𝐹𝑡3 = 17498,77 𝑁

𝐹𝑡4 = 16977,31 𝑁

𝐹𝑡5 = 61118,31 𝑁

𝐹𝑡6 = 59296,98 𝑁

𝐹𝑡7 = 189750,34 𝑁

𝐹𝑡8 = 184095,78 𝑁

Page 66: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

56

Para o fator dinâmico, ou de velocidade, 𝐾𝑣, utiliza-se a equação:

𝐾𝑣 = √70,73+ √200.𝑣

70,73 (55)

Onde a velocidade no engrenamento, 𝑣, pode ser calculada por: 𝑣 = 𝜋. 𝑑. 𝑛

Logo:

𝑣1 = 𝜋. 𝑑1. 𝑛1 = 3,14.55,905.875 = 2,5613 𝑚/𝑠

𝑣2 = 2,5613 𝑚/𝑠

𝑣3 = 0,4879 𝑚/𝑠

𝑣4 = 0,4879 𝑚/𝑠

𝑣5 = 0,1355 𝑚/𝑠

𝑣6 = 0,1355 𝑚/𝑠

𝑣7 = 0,0423 𝑚/𝑠

𝑣8 = 0,0423 𝑚/𝑠

Pode-se garantir que os valores estão coerentes, pois a velocidade de cada par de

engrenagens acopladas é a mesma. Com isso, consegue-se calcular o fator dinâmico 𝐾𝑣:

𝐾𝑣1 = √70,73 + √200. 𝑣1

70,73= √

70,73 + √200.2,5613

70,73= 1,145

𝐾𝑣2 = 1,145

𝐾𝑣3 = 1,161

𝐾𝑣4 = 1,161

𝐾𝑣5 = 1,133

𝐾𝑣6 = 1,133

𝐾𝑣7 = 1,118

𝐾𝑣8 = 1,118

Para o fator de sobrecarga, 𝐾𝑜, utiliza-se a Tabela 4.6.

Page 67: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

57

Tabela 4.6 – Fator de carga 𝑲𝒐 [21].

E utilizando-se fonte de potência e máquina acionada uniformes:

𝐾𝑜1 = 𝐾𝑜2 = ⋯ 𝐾𝑜8 = 1

O fator geométrico depende tanto do ângulo de hélice quanto do número de

dentes das engrenagens. Sendo assim, a partir do ângulo de hélice adotado no projeto,

𝜓= 15º, e do número de dentes de cada engrenagem, definido na página 50, utilizam-se

os gráficos das Figuras 4.10 e 4.11, e efetuando a multiplicação J.J’, tem-se:

𝑗1 = 0,4557

𝑗2 = 0,6324

𝑗3 = 0,4557

𝑗4 = 0,6324

𝑗5 = 0,4557

𝑗6 = 0,5871

𝑗7 = 0,4557

𝑗8 = 0,6200

Vale notar que apesar desses valores terem sido encontrados por interpolação

geométrica a partir dos gráficos, sua baixa precisão não interfere de maneira

significativa no resultado final.

Page 68: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

58

Figura 4.10 - Fator geométrico J [21].

Figura 4.11 - Fator modificador J’ [21].

O fator de distribuição de carga 𝐾𝑚 fornece características da montagem do

dispositivo e especifica a dimensão da largura de face. Nesse contexto, como este

projeto precisa possuir: montagens precisas, pequenas folgas nos mancais, e mínimas

deflexões, escolheu-se o valor 𝐾𝑚 = 1,3 para as engrenagens 1 e 2, 1,4 para as

engrenagens 3, 4, 5 e 6 e 1,5 para as engrenagens 7 e 8, conforme a Tabela 4.7.

Page 69: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

59

Tabela 4.7 – Valores de 𝑲𝒎 em relação à montagem do equipamento [21].

Estipulando 108

ciclos para as engrenagens, é preciso corrigir o fator de

ciclagem, 𝑌𝑁, segundo as normas da AGMA e utilizando a Figura 4.12.

Figura 4.12 – Fator de correção de ciclagem 𝒀𝑵 [21].

Para o número de ciclos escolhido, a Figura 4.12 indica a relação:

𝑌𝑁 = 1,3558. 𝑁−0,0178

Page 70: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

60

O pinhão, por ser menor, possui um número maior de rotações, quando

comparado com a coroa. Nesse contexto, a vida útil da coroa é dada pelo número de

rotações estipulado para o pinhão, 108, dividido pela relação de transmissão entre o par

de engrenagens em questão.

Assim, fazendo os cálculos:

𝑌𝑁1 = 1,3558. 𝑁1−0,0178 = 1,3558. (108)−0,0178 = 0,977

𝑌𝑁2 = 1,3558. 𝑁2−0,0178 = 1,3558. (108

7)

−0,0178

= 1,011

𝑌𝑁3 = 1,3558. 𝑁3−0,0178 = 1,3558. (108)−0,0178 = 0,977

𝑌𝑁4 = 1,3558. 𝑁4−0,0178 = 1,3558. (108

6)

−0,0178

= 1,0084

𝑌𝑁5 = 1,3558. 𝑁5−0,0178 = 1,3558. (108)−0,0178 = 0,977

𝑌𝑁6 = 1,3558. 𝑁6−0,0178 = 1,3558. (108

4)

−0,0178

= 1,0012

𝑌𝑁7 = 1,3558. 𝑁7−0,0178 = 1,3558. (108)−0,0178 = 0,977

𝑌𝑁8 = 1,3558. 𝑁8−0,0178 = 1,3558. (108

4)

−0,0178

= 1,0012

Para o cálculo de 𝑆𝑡 utiliza-se a equação:

𝑆𝑡 = 0,703. 𝐻𝐵 + 113 𝑀𝑃𝑎 (56)

Fornecida pelo gráfico da Figura 4.13. Como o aço utilizado é o AISI 5160

temperado e revenido a uma temperatura de 205ºC, que possui elevada dureza, decidiu-

se por utilizar a equação para o grau 2.

Uma vez que todas as engrenagens são do mesmo material, o valor de 𝑆𝑡 será o

mesmo, tal que:

𝑆𝑡 = 0,703. 𝐻𝐵 + 113 𝑀𝑃𝑎 = 0,703.627 + 113 = 553,781 MPa

Page 71: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

61

Figura 4.13 – Procedimento metalúrgico para cálculo de 𝑺𝒕. [21].

Para o fator de temperatura 𝐾𝑇, utiliza-se 1 para temperaturas até 120ºC, que é o

caso do presente projeto.

Para o fator de confiabilidade 𝐾𝑅, decidiu-se por utilizar uma confiabilidade de

90%, com 𝐾𝑅 = 0.85, de acordo com a Tabela 4.8.

Tabela 4.8 – Fator de confiabilidade 𝑲𝑹 [21].

Como todas as variáveis já foram definidas, então é possível calcular as tensões

atuantes e admissíveis nas engrenagens. Utilizando a equação 52, página 54, para cada

uma das engrenagens, tem-se, como tensões atuantes:

Page 72: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

62

𝜎1 =𝐹𝑡1

𝑚1. 𝑏1. 𝑗1. 𝐾𝑣1. 𝐾𝑜1. 𝐾𝑚1 =

3435,48

3.30.0,4557. 1,135.1.1,3 = 123,578 𝑀𝑃𝑎

𝜎2 = 86,39 𝑀𝑃𝑎

𝜎3 = 203,702 𝑀𝑃𝑎

𝜎4 = 143,411 𝑀𝑃𝑎

𝜎5 = 333,134 𝑀𝑃𝑎

𝜎6 = 250,867 𝑀𝑃𝑎

𝜎7 = 366,445 𝑀𝑃𝑎

𝜎8 = 261,311 𝑀𝑃𝑎

E utilizando a equação 53, página 55, tem-se, como tensões admissíveis:

𝜎𝑎𝑑𝑚1 = 𝑆𝑡1.𝑌𝑁1

𝑆𝑓1. 𝐾𝑇1. 𝐾𝑅1= = 553,781.

0,977

1.1.0.85= 636,523 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚2 = 658,806 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚3 = 636,523 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚4 = 657,001 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚5 = 636,523 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚6 = 652,276 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚7 = 636,523 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚8 = 652,276 𝑀𝑃𝑎

Verifica-se então se as tensões atuantes são menores que as tensões admissíveis:

Engrenagem 1 123,578 MPa < 636,523 MPa OK!

Engrenagem 2 86,390 MPa < 658,806 MPa OK!

Engrenagem 3 203,702 MPa < 636,523 MPa OK!

Engrenagem 4 143,411 MPa < 657,001 MPa OK!

Engrenagem 5 333,134 MPa < 636,523 MPa OK!

Engrenagem 6 250,867 MPa < 652,276 MPa OK!

Engrenagem 7 366,445 MPa < 636,523 MPa OK!

Engrenagem 8 261,311 MPa < 652,276 MPa OK!

Page 73: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

63

E para o cálculo do fator de segurança de cada uma das engrenagens, utiliza-se:

𝑆𝑓 = 𝑆𝑡.𝑌𝑁

𝐾𝑇.𝐾𝑅.𝜎 (57)

Com isso, tem-se:

𝑆𝑓1 = 𝑆𝑡1.𝑌𝑁1

𝐾𝑇1. 𝐾𝑅1. 𝜎1=

553,781.0,977

1.0,85.123,578= 5,9

𝑆𝑓2 = 9,1

𝑆𝑓3 = 3,6

𝑆𝑓4 = 5,5

𝑆𝑓5 = 2,2

𝑆𝑓6 = 3,1

𝑆𝑓7 = 2,0

𝑆𝑓8 = 2,9

Pode-se verificar pela Tabela 4.9 que todos estão dentro, ou acima, da faixa

considerada mediana, ou boa.

Tabela 4.9 – Fatores de segurança recomendados para engrenagens sob flexão [24].

4.3.5. Dimensionamento por Fadiga nos Dentes

A falha por desgaste ocorre devido à repetição do contato entre os dentes. Essa

falha se caracteriza por, em determinadas situações, ocasionar a presença de crateras na

superfície do material.

Page 74: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

64

Para realizar o dimensionamento por desgaste, calcula-se a tensão atuante

utilizando a seguinte equação:

𝜎𝐻 = 𝐶𝑃. √𝐹𝑇 . 𝐾𝑣. 𝐾𝑜 . 𝐾𝑚/(𝑏. 𝐷𝑝. 𝐼) (58)

No qual: 𝐹𝑇= Carga transmitida;

𝐾𝑣= Fator de velocidade;

𝐾𝑜= Fator de sobrecarga;

𝐾𝑚= Fator de distribuição de carga;

𝑏 = Largura da engrenagem;

𝐷𝑝 = Diâmetro primitivo;

𝐼 = Fator geométrico;

𝐶𝑃 = Coeficiente elástico.

Para calcular a tensão admissível em cada dente, utiliza-se a equação:

𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝑆𝑐. 𝑍𝑛 .𝐶𝐻

𝑆𝐻.𝐾𝑇.𝐾𝑅 (59)

Onde: 𝑆𝑐 = Resistência do dente à flexão;

𝑍𝑛 = Fator de correção de ciclagem;

𝐶𝐻 = Fator de dureza;

𝑆𝐻 = Coeficiente de segurança;

𝐾𝑇 = Fator de temperatura;

𝐾𝑅 = Fator de confiabilidade.

Para calcular a tensão atuante falta estabelecer os valores do coeficiente elástico,

𝐶𝑃, e do fator geométrico, 𝐼, uma vez que as outras variáveis já foram calculadas.

Por intermédio da Tabela 4.10, pode-se verificar que para interações aços-aços,

𝐶𝑃 = 191 𝑀𝑃𝑎.

Page 75: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

65

Tabela 4.10 – Valores de coeficientes elásticos [21].

Para o cálculo do fator geométrico, utiliza-se a fórmula:

𝐼 = 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑡.𝑠𝑖𝑛𝜑𝑡

2.𝑚𝑛.

𝑖

𝑖+1 (60)

Onde: 𝜑𝑡 = Ângulo de pressão tangencial (equação 47, página 48); 𝑖 = Razão de

transmissão do par de engrenagens em questão; e:

𝑚𝑛= 𝑃𝑁

0,95.𝑍 (61)

Onde: 𝑃𝑁 = Passo diametral normal (equação 45, página 48); e:

𝑍 = [(𝑟𝑝 + 𝑎)2

− 𝑟𝑏𝑝2 ]

0.5

+ [(𝑟𝑐 + 𝑎)2 − 𝑟𝑏𝑐2 ]0.5 − (𝑟𝑝 + 𝑟𝑐). 𝑠𝑖𝑛𝜑𝑡 (62)

No qual: 𝑟𝑝 𝑒 𝑟𝑐= raios primitivos do pinhão e da coroa;

𝑟𝑏𝑝 𝑒 𝑟𝑏𝑐= raios de base do pinhão e da coroa;

a = adendo = módulo;

𝑟𝑏 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜑𝑡 (63)

Page 76: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

66

Então, substituindo todos os valores e resolvendo as equações, tem-se:

𝑍1 = 𝑍2 = 14,7904949

𝑍3 = 𝑍4 = 19,6404823

𝑍5 = 𝑍6 = 29,4069319

𝑍7 = 𝑍8 = 47,41867041

E os fatores 𝐼 serão:

𝐼1 = 𝐼2 = 0,226543243

𝐼3 = 𝐼4 = 0,22101766

𝐼5 = 𝐼6 = 0,205906502

𝐼7 = 𝐼8 = 0,19921451

Para o cálculo de 𝑍𝑛, utiliza-se o gráfico da Figura 4.14.

Figura 4.14 – Equações de 𝒁𝒏 para diferentes intervalos de ciclos de carga [21].

E para o intervalo de 108, tem-se a equação:

𝑍𝑛 = 1,4488. 𝑁−0,023 (64)

Page 77: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

67

Da mesma maneira que para o fator de correção de ciclagem na flexão, o número

de ciclos da coroa será tão menor quanto for a relação de transmissão entre o par de

engrenagens. Logo, calculando:

𝑍𝑛1 = 𝑍𝑛3 = 𝑍𝑛5 = 𝑍𝑛7 = 0,948436889

𝑍𝑛2 = 0,991849302

𝑍𝑛4 = 0,988338961

𝑍𝑛6 = 0,979164855

𝑍𝑛8 = 0,979164855

Para o cálculo de 𝑆𝑐, utiliza-se o gráfico da Figura 4.15.

Figura 4.15 – Resistência do dente ao desgaste [21].

Considerando um aço AISI 5160, de alta dureza, adotou-se a equação de grau 2.

Convertendo as unidades, a fórmula será:

𝑆𝑐 = 2,41. 𝐻𝐵 + 237 𝑀𝑃𝑎 (65)

Como todas as engrenagens serão do mesmo material:

Page 78: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

68

𝑆𝑐1 = 𝑆𝑐2 = 𝑆𝑐3 … 𝑆𝑐8 = 2,41.627 + 237 = 1784,07 𝑀𝑃𝑎

Para o cálculo de 𝐶𝐻, utiliza-se o gráfico da Figura 4.16. Como todas as

engrenagens serão do mesmo material, 𝐶𝐻 = 1.

Figura 4.16 – Razão de dureza, 𝐶𝐻 [21].

De posse de todas as variáveis, pode-se calcular as tensões atuantes e

admissíveis. As atuantes são:

𝜎𝐻1 = 𝐶𝑃1. √𝐹𝑇1. 𝐾𝑣1. 𝐾𝑜1. 𝐾𝑚1/(𝑏1. 𝐷𝑝1. 𝐼1

= 191. √3435,48.1,135.1.1.3/(30.55,905.0,226543243) = 697,59 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝐻2 = 269,71 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝐻3 = 906,76 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝐻4 = 364,63 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝐻5 = 1139,74 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝐻6 = 561,31 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝐻7 = 1403,28 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝐻8 = 691,10 𝑀𝑃𝑎

Page 79: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

69

E as admissíveis serão:

𝜎𝑎𝑑𝑚1 = 𝑆𝑐1. 𝑍𝑛1.𝐶𝐻1

𝑆𝐻1. 𝐾𝑇1. 𝐾𝑅1= 1784,07.

0,948436889.1

1.1.0,85= 2000,644 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚2 = 2092,22 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚3 = 2000,644 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚4 = 2084,82 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚5 = 2000,644 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚6 = 2065,462 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚7 = 2000,644 𝑀𝑝𝑎

𝜎𝑎𝑑𝑚8 = 2065,462 𝑀𝑃𝑎

Verificando se as tensões atuantes são menores que as tensões admissíveis:

Engrenagem 1 697,59 𝑀𝑃𝑎 < 2000,644 𝑀𝑃𝑎 OK!

Engrenagem 2 269,71 𝑀𝑃𝑎 < 2092,22 𝑀𝑃𝑎 OK!

Engrenagem 3 906,76 𝑀𝑃𝑎 < 2000,644 𝑀𝑃𝑎 OK!

Engrenagem 4 364,63 𝑀𝑃𝑎 < 2084,82 𝑀𝑃𝑎 OK!

Engrenagem 5 1139,74 𝑀𝑃𝑎 < 2000,644 𝑀𝑃𝑎 OK!

Engrenagem 6 561,31 𝑀𝑃𝑎 < 2065,462 𝑀𝑃𝑎 OK!

Engrenagem 7 1403,28 𝑀𝑃𝑎 < 2000,644 𝑀𝑃𝑎 OK!

Engrenagem 8 691,10 𝑀𝑃𝑎 < 2065,462 𝑀𝑃𝑎 OK!

Para calcular os coeficientes de segurança por desgaste, utiliza-se a equação 59

(página 64). Logo:

𝑆𝐻1 = 𝑆𝐶1.𝑍𝑁1.𝐶𝐻1

𝐾𝑇1. 𝐾𝑅1. 𝜎𝐻1=

1784,07.0,948436889.1

1.0,85.697,59= 2,9

𝑆𝐻2 = 8,1

𝑆𝐻3 = 2,2

𝑆𝐻4 = 5,7

𝑆𝐻5 = 1,8

𝑆𝐻6 = 3,7

Page 80: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

70

𝑆𝐻7 = 1,4

𝑆𝐻8 = 3,0

4.3.6. Remoção de peso do cubo

Como algumas das engrenagens calculadas tiveram grandes dimensões, é

necessário que o seu peso seja reduzido para diminuir o carregamento em eixos e

mancais, além de facilitar a montagem do equipamento. Trocar um cubo maciço por um

composto por braços é a solução mais comum nesse caso.

Como a geometria das engrenagens é bastante complexa para cálculos analíticos,

uma malha foi gerada por elementos finitos em um modelo cilíndrico de mesmo

diâmetro, largura e material, suportando os mesmos torques que as engrenagens em

questão, usando-se o software SolidWorks®. Vale ressaltar que as simulações foram

feitas após os diâmetros dos eixos já estarem definidos. Estas são mostradas aqui, antes

da Seção de estudo dos eixos, apenas para uma melhor organização. Os resultados

podem ser vistos nas Figuras 17 a 20.

Figura 4.17 – Engrenagem 2 simulada.

Page 81: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

71

Figura 4.18 – Engrenagem 4 simulada.

Figura 4.19 – Engrenagem 6 simulada.

Page 82: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

72

Figura 4.20 – Engrenagem 8 simulada.

Pelas simulações, pode-se observar que todas as engrenagens resistiriam, com

bastante folga, à carga necessária, já efetuada a redução de peso, uma vez que a tensão

de escoamento mínima para o aço AISI 5160 é de 275 MPa, enquanto que a maior carga

encontrada nas simulações foi de 93,4 MPa. Nos desenhos de fabricação constam as

dimensões dos braços e das engrenagens.

4.4. ÁRVORES

Para o dimensionamento dos diâmetros das árvores, com exceção da primeira,

seguiu-se os critérios de fadiga estabelecidos por Goodman, Gerber e Soderberg. O

material utilizado será o aço AISI 5160 nas condições indicadas anteriormente. Isso se

dará em virtude de algumas engrenagens, devido ao seu diminuto diâmetro, serem

fabricadas no próprio eixo, o que implica que ambos serão do mesmo material. Então,

para facilitar a compra de materiais e evitar enganos, todos serão do mesmo material.

Como a primeira árvore possui um formado complexo em virtude de ser uma

“camisa” para o eixo do motor, esta foi simulada com auxílio do software

Page 83: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

73

SolidWorks®. As cargas aplicadas foram as cargas reais, e a simulação foi feita em

duas etapas.

Na primeira etapa o acoplamento ao eixo do motor foi definido como uma

geometria fixa, e o torque foi aplicado na face onde se encontra a primeira engrenagem.

Esta situação pode ser verificada na Figura 4.21.

Figura 4.21 – Simulação da primeira árvore com o acoplamento fixo.

Pode-se verificar que todas as tensões atuante estão bastante abaixo do limite de

escoamento mínimo de 275 MPa do material, com seu ponto crítico atingindo 135 MPa.

No segundo caso, o rasgo de chaveta da primeira engrenagem foi definido como

geometria fixa, e o mesmo torque foi aplicado na parte que seria acoplada ao eixo do

motor. Esta simulação pode ser vista na Figura 4.22.

Figura 4.22 – Simulação da primeira árvore com a chaveta da engrenagem 1 fixa.

Page 84: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

74

Novamente, pode-se verificar que as tensões atuantes ainda estão abaixo do

limite de escoamento mínimo do material, com o ponto crítico atingindo 227 MPa.

Para o cálculo do diâmetro da segunda e subsequentes árvores é necessário

estabelecer o diagrama de corpo livre da árvore em questão, e a seguir encontrar os

valores das reações nos mancais. Com o intuito de ocultar cálculos e fórmulas

exaustivas, o procedimento será mostrado didaticamente para a segunda árvore,

enquanto que para as demais somente o resultado final será exibido. Vale notar que o

procedimento utilizado foi exatamente o mesmo, mudando somente o sinal dos

momentos e/ou forças, se necessário. Pode-se ver na Figura 4.23 o DCL da árvore 2,

contendo as engrenagens 2 (maior) e 3 (menor). Vale ressaltar que as dimensões

horizontais foram iteradas diversas vezes até a configuração atual final.

Figura 4.23 – Diagrama do corpo livre da árvore 2.

As cargas radiais e axiais podem ser facilmente encontradas utilizando o ângulo

de hélice, de pressão transversal, a força transmitida, e as relações geométricas:

𝐹𝑟 = 𝐹𝑡. 𝑡𝑎𝑛𝜑𝑡 (66)

𝐹𝑎 = 𝐹𝑡. 𝑡𝑎𝑛𝜓 (67)

Logo, tem-se:

Page 85: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

75

Árvore 2:

Engrenagem 2:

𝐹𝑡 = 3333,10 N

𝐹𝑟 = 𝐹𝑡. 𝑡𝑎𝑛𝜑𝑡 = 3333,10. tan(20,6469) = 1.294,52 𝑁

𝐹𝑎 = 𝐹𝑡. 𝑡𝑎𝑛𝜓 = 3333,10. tan(15) = 893,10 𝑁

Engrenagem 3:

𝐹𝑡 = 17.498,77 𝑁

𝐹𝑟 = 6.593,71 𝑁

𝐹𝑎 = 4.688,78 𝑁

Árvore 3:

Engrenagem 4:

𝐹𝑡 = 16.977,3 𝑁

𝐹𝑟 = 6.397,21 𝑁

𝐹𝑎 = 4.549,10 𝑁

Engrenagem 5:

𝐹𝑡 = 61.118,31 𝑁

𝐹𝑟 = 23.029,97 𝑁

𝐹𝑎 = 16.376,60 𝑁

Árvore 4:

Engrenagem 6:

𝐹𝑡 = 59.296,98 𝑁

𝐹𝑟 = 22.343,68 𝑁

𝐹𝑎 = 15.888,58 𝑁

Engrenagem 7:

𝐹𝑡 = 189.750,30 𝑁

𝐹𝑟 = 71.499,77 𝑁

𝐹𝑎 = 50.843,45 𝑁

Árvore 5:

Engrenagem 8:

𝐹𝑡 = 184.095,8 𝑁

Page 86: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

76

𝐹𝑟 = 69.369,07 𝑁

𝐹𝑎 = 49.328,31 𝑁

Cubo da lâmina:

𝐹𝑡 = 380.245,00 𝑁 (força para executar o corte)

𝐹𝑟 = 0 𝑁

𝐹𝑎 = 0 𝑁

De posse desses valores, pode-se calcular as reações nos mancais.

Para a árvore 2:

∑ 𝐹𝑥 = 0:

𝑅𝑎𝑥 + 𝐹𝑎3 − 𝐹𝑎2 = 0

𝑅𝑎𝑥 = −3795,68 𝑁

∑ 𝑀𝑎𝑧 = 0:

𝑅𝑏𝑦. (44 + 60 + 40) + 𝐹𝑎2. 𝑟𝑝2 − 𝐹𝑟2. (60 + 44) − 𝐹𝑟3. 44 − 𝐹𝑎3. 𝑟𝑝2 = 0

Onde rp é o raio primitivo da engrenagem correspondente.

𝑅𝑏𝑦 = 5.146,88 𝑁

∑ 𝐹𝑦 = 0:

𝑅𝑎𝑦 + 𝑅𝑏𝑦 − 𝐹𝑟3 − 𝐹𝑟2 = 0

𝑅𝑎𝑦 = 2703,77 𝑁

∑ 𝑀𝑎𝑦 = 0:

𝑅𝑏𝑧 . (44 + 60 + 40) − 𝐹𝑡2. (44 + 60) − 𝐹𝑡3. (44) = 0

𝑅𝑏𝑧 = 13.656,45

∑ 𝐹𝑧 = 0:

𝑅𝑏𝑧 + 𝑅𝑎𝑧 − 𝐹𝑡2 − 𝐹𝑡3 = 0

𝑅𝑎𝑧 = 7.175,422 𝑁

A Figura 4.24 ilustra o momento fletor que atua na árvore 2.

Page 87: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

77

Figura 4.24 – Diagrama de momento fletor na árvore 2.

Logo, opta-se pelo pior caso e retira-se o momento de maior amplitude, 𝑀𝑎, que

vale 546,258 Nm.

Pode-se também supor que o momento médio, 𝑀𝑚, vale zero.

O torque médio 𝑇𝑚, é constante, e será calculado pela sequinte fórmula:

𝑇𝑚 = 30. 𝑃𝑢2.1000

𝜋.𝑛2= 652,178 𝑁𝑚 (68)

Nesse caso, o mesmo não possui amplitude. Então 𝑇𝑎 = 0.

A partir daí, estendendo os cálculos anteriores para as outras árvores, tem-se:

Árvore 1:

𝑅𝑎𝑥 = 920,533 𝑁

𝑅𝑏𝑦 = 1160,978 𝑁

𝑅𝑎𝑦 = 133,5433 𝑁

𝑅𝑏𝑧 = 3081,071 𝑁

𝑅𝑎𝑧 = 354,4051 𝑁

𝑀𝑎 = 53,31 𝑁𝑚

𝑀𝑚 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑎 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑚 = 96,03 𝑁𝑚

Page 88: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

78

Árvore 3:

𝑅𝑎𝑥 = −11.827,54 𝑁

𝑅𝑏𝑦 = 18.454,37 𝑁

𝑅𝑎𝑦 = 10.972,81 𝑁

𝑅𝑏𝑧 = 48.975,31 𝑁

𝑅𝑎𝑧 = 29.120,3 𝑁

𝑀𝑎 = 546,258 𝑁𝑚

𝑀𝑚 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑎 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑚 = 652,178 𝑁𝑚

Árvore 4:

𝑅𝑎𝑥 = −34.954,87 𝑁

𝑅𝑏𝑦 = 50.570,90 𝑁

𝑅𝑎𝑦 = 43.272,55 𝑁

𝑅𝑏𝑧 = 57.807,75 𝑁

𝑅𝑎𝑧 = 191.239,6 𝑁

𝑀𝑎 = 2.798,94 𝑁𝑚

𝑀𝑚 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑎 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑚 = 3.796,46 𝑁𝑚

Árvore 5:

𝑅𝑎𝑥 = −49.328,30 𝑁

𝑅𝑏𝑦 = 281.452,80 𝑁

𝑅𝑎𝑦 = 168.161,30 𝑁

𝑅𝑏𝑧 = 80.041,64 𝑁

𝑅𝑎𝑧 = 104.054,10 𝑁

𝑀𝑎 = 26.013,534 𝑁𝑚

𝑀𝑚 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑎 = 0 𝑁𝑚

𝑇𝑚 = 57.176,992 𝑁𝑚

Page 89: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

79

Agora, precisa-se calcular a resistência em fadiga corrigida para o material e a

situação. Para isso, utiliza-se a seguinte fórmula, que valerá para todas as árvores:

𝑆𝑒 = 𝐾𝑎. 𝐾𝑏 . 𝐾𝑐. 𝐾𝑑. 𝐾𝑒 . 𝑆𝑒′ (69)

Para materiais com 𝑆𝑢𝑡 > 1400 𝑀𝑃𝑎, que é o caso do aço AISI 5160 que está

sendo utlizado, 𝑆𝑒′ = 700 𝑀𝑃𝑎.

Prosseguindo, pode-se calcular 𝐾𝑎, o fator de acabamento, por:

𝐾𝑎 = 𝑎. 𝑆𝑢𝑡𝑏 (70)

Onde 𝑎 e 𝑏 são valores retirados da Tabela 4.11.

Table 4.11 – Acabamento superficial [21].

Decidiu-se por utilizar o acabamento superficial do tipo retificado, com 𝑎 =

1,58 e 𝑏 = −0,085. Então:

𝐾𝑎 = 𝑎. 𝑆𝑢𝑡𝑏 = 1,58. 2220−0,085 = 0.820762

Pode-se calcular 𝐾𝑏, o fator de tamanho, utilizando os dados da Figura 4.26.

Figura 4.26 – Fator de tamanho [21].

Page 90: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

80

Para a árvore 2 utiliza-se a terceira equação, enquanto que para as árvores 3, 4 e

5, utiliza-se a quarta. Adotou-se 51 mm como palpite inicial, pois é o limite do

intervalo. Calculando para a árvore 2:

𝑘𝑏 = 1,24. 𝑑−0,107 = 1,24. 51−0,107 = 0,814164

O fator de carga, 𝑘𝑐, será igual a 1, pois o carregamento é caracterizado por uma

flexo-torção.

O fator de temperatura, 𝑘𝑑, também será igual a 1, pois o equipamento operará

em temperaturas inferiores a 350 ºC.

Para o fator de confiabilidade, 𝑘𝑒, utiliza-se a Tabela 4.12.

Tabela 4.12 – Fatores de confiabilidade [21].

Optou-se por utilizar uma confiabilidade de 99%, com 𝑘𝑒 = 0,814.

Agora que todas as variáveis foram definidas, pode-se voltar à equação 69, da

página 79, e calcular o valor de 𝑆𝑒, a resistência em fadiga corrigida.

𝑆𝑒 = 𝐾𝑎. 𝐾𝑏 . 𝐾𝑐. 𝐾𝑑. 𝐾𝑒 . 𝑆𝑒′ = 0,820761.0,814495.1.1.0,814.700 = 380,76 𝑀𝑃𝑎

Nesse momento, vale a pena enunciar os critérios de Goodman, Soderberg e

Gerber.

Critério de Goodman:

𝑑 = [16.𝑛

𝜋. (

𝐴

𝑆𝑒+

𝐵

𝑆𝑢𝑡)]

1

3 (71)

Page 91: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

81

Critério de Soderberg:

𝑑 = [16.𝑛

𝜋. (

𝐴

𝑆𝑒+

𝐵

𝑆𝑦)]

1

3 (72)

Critério de Gerber:

𝑑 = (8. 𝑛.𝐴

𝜋.𝑆𝑒. {1 + [1 + (2. 𝐵.

𝑆𝑒

𝐴.𝑆𝑢𝑡)

2

]1/2

})

1/3

(73)

Onde: 𝑛 = coeficiente de segurança;

A e B são expressões para simplificar as equações, tais que:

𝐴 = √4. (𝐾𝑓 . 𝑀𝑎)2

+ 3. (𝐾𝑓𝑠. 𝑇𝑎)2 (74)

𝐵 = √4. (𝐾𝑓 . 𝑀𝑚)2

+ 3. (𝐾𝑓𝑠. 𝑇𝑚)2 (75)

Nas quais: 𝐾𝑓 = Concentrador de tensões por flexão;

𝐾𝑓𝑠 = Concentrador de tensões por torção.

E o fator de segurança, 𝑛, pode ser calculado por:

𝑛 = 𝑛1. 𝑛2. 𝑛3 (76)

Onde:

𝑛1 = 𝑆𝑢𝑡/𝑆𝑦 para materiais dúcteis

𝑛1 = fator de incerteza do material

𝑛1 = 2 para materiais frágeis

Como o material é dúctil, utiliza-se a primeira equação. Então:

𝑛1 =𝑆𝑢𝑡

𝑆𝑦=

2220

1793= 1,239

Page 92: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

82

𝑛2 = fator para a forma de aplicação de carga

𝑛2 = 1 carga uniforme

1,5 ≤ 𝑛2 ≤ 2,5 carga variável sem reversão

1,5 ≤ 𝑛2 ≤ 2,5 carga variável com reversão

Como a carga é uniforme no momento do corte, utiliza-se 𝑛2 = 1.

𝑛3 = fator para o tipo de aplicação de carga

𝑛3 = 1 carga gradual

1,5 ≤ 𝑛3 ≤ 2,5 carga súbita

2,0 ≤ 𝑛3 ≤ 3,0 choque ou impacto

Como o aumento do torque se dará de forma gradual pelo motor até o momento

do corte, 𝑛3 = 1.

Voltando à equação 76, e aplicando os valores:

𝑛 = 𝑛1. 𝑛2. 𝑛3 = 1,239.1.1 ≈ 1,25

Logo, o coeficiente de segurança utilizado para dimensionar os eixos em questão

será 1,25.

Agora se torna necessário calcular A e B, sendo que os valores de 𝐾𝑓 𝑒 𝐾𝑓𝑠 serão

fornecidos pela Tabela 4.13.

Tabela 4.13 – Valores de 𝑲𝒇 𝒆 𝑲𝒇𝒔 [25].

Page 93: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

83

Utilizando 𝑲𝒇 = 1,7 e 𝑲𝒇𝒔 = 1,5 nas equações 74 e 75, página 81:

𝐴 = √4. (𝐾𝑓 . 𝑀𝑎)2

+ 3. (𝐾𝑓𝑠. 𝑇𝑎)2

= 1857276,917

𝐵 = √4. (𝐾𝑓 . 𝑀𝑚)2

+ 3. (𝐾𝑓𝑠. 𝑇𝑚)2 = 1694408,595

Com todas as variáveis definidas, pode-se calcular o diâmetro das árvores em

questão. Para a árvore 2, utilizando as equações 71, 72 e 73, página81:

Critério de Goodman:

𝑑 = [16.𝑛

𝜋. (

𝐴

𝑆𝑒+

𝐵

𝑆𝑢𝑡)]

13

= [16.1,25

𝜋. (

1857276,92

380,76+

1694408,59

2220)]

13

= 33 𝑚𝑚

Critério de Soderberg:

𝑑 = [16.𝑛

𝜋. (

𝐴

𝑆𝑒+

𝐵

𝑆𝑦)]

13

= [16.1,25

𝜋. (

1857276,92

380,76+

1694408,59

1793)]

13

= 33,4 𝑚𝑚

Critério de Gerber:

𝑑 = (8. 𝑛.𝐴

𝜋. 𝑆𝑒. {1 + [1 + (2. 𝐵.

𝑆𝑒

𝐴. 𝑆𝑢𝑡)

2

]

1/2

})

1/3

= (8.1,25.1857276,92

𝜋. 380,76. {1

+ [1 + (2.1694408,59.380,76

1857276,92.2220)

2

]

1/2

})

1/3

= 31,69 𝑚𝑚

Diante desses três valores, o diâmetro escolhido para a árvore 2 foi de 45 mm.

Utilizando o mesmo procedimento para as outras árvores, encontrou-se:

Page 94: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

84

Árvore 3:

Critério de Goodman: 𝑑 = 59,3 𝑚𝑚

Critério de Soderberg: 𝑑 = 57,9 𝑚𝑚

Critério de Gerber: 𝑑 = 54,73 𝑚𝑚

Diâmetro escolhido: 𝑑 = 60 𝑚𝑚

Árvore 4:

Critério de Goodman: 𝑑 = 97,7 𝑚𝑚

Critério de Soderberg: 𝑑 = 98,6 𝑚𝑚

Critério de Gerber: 𝑑 = 94,2 𝑚𝑚

Diâmetro escolhido: 𝑑 = 110 𝑚𝑚

Árvore 5:

Critério de Goodman: 𝑑 = 149 𝑚𝑚

Critério de Soderberg: 𝑑 = 150 𝑚𝑚

Critério de Gerber: 𝑑 = 143,25 𝑚𝑚

Diâmetro escolhido: 𝑑 = 150 𝑚𝑚

4.5. ROLAMENTOS

Os rolamentos utilizados serão radiais de esferas da marca SKF. Logo, todo o

dimensionamento de rolamentos foi feito de acordo com o catálogo SKF.

A primeira verificação a ser feita é quanto à vida útil do rolamento. A fórmula

utilizada será:

𝐿10𝑎 = 𝑎1. 𝑎2. 𝑎3. (𝐶

𝑃)

3

(77)

Onde: 𝑎1, 𝑎2 𝑒 𝑎3 são constantes, explicadas mais a frente;

𝐶 é a capacidade de carga dinâmica do rolamento;

𝑃 é a carga equivalente.

Page 95: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

85

A temperatura estimada para os cálculos é de 60 ºC, e o óleo utilizado será o

SAE 60, ideal para maquinários pesados.

Pela Figura 4.26 pode-se encontrar a viscosidade de 0,09 Pa.s deste óleo, na

temperatura estipulada.

Figura 4.25 – Viscosidade do óleo na temperatura indicada [21].

Transformando para centiStokes:

𝑣 =𝑛

𝜌=

0,09

870= 10,3 . 10−5 = 103 𝑐𝑆

Para selecionar os rolamentos, é necessário calcular a carga equivalente, P, de

acordo com as seguintes condições:

𝑃 = 𝑅𝑟, se (𝑅𝑎𝑥/𝑅𝑟) ≤ 𝑒

(78)

𝑃 = 𝑋. 𝑅𝑟 + 𝑌. 𝑅𝑎𝑥, se (𝑅𝑎𝑥/𝑅𝑟) > 𝑒

Page 96: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

86

Onde: 𝑅𝑟 é a maior força na direção radial, 𝑅𝑦 𝑜𝑢 𝑅𝑧, e 𝑒 ∝𝑅𝑎𝑥

𝐶𝑜, de acordo com

a Tabela 4.14.

Tabela 4.14 – Fatores de cálculo para rolamentos rígidos de esfera [26].

Para calcular o valor de P, é preciso selecionar um rolamento para iterações

iniciais. Os modelos apresentados aqui já são os finais.

Para a árvore 1, o dimensionamento é feito pelo menor diâmetro, ou seja, pelo

rolamento de menor resistência. Se este suportar, o rolamento maior também suportará.

O rolamento selecionado foi o SKF 6005, com as seguintes propriedades:

𝐶 = 11200 𝑁; 𝐶𝑜 = 6550 𝑁; 𝐷𝑒 = 47 𝑚𝑚.

Calculando:

𝑅𝑎𝑥

𝑅𝑟= 0,29877;

𝑅𝑎𝑥

𝐶𝑜= 0,140539 𝑒 ≈ 0,33

Como (𝑅𝑎𝑥/𝑅𝑟) < 𝑒, 𝑃 = 𝑅𝑟.

Para encontrar 𝑎3, primeiramente é preciso encontrar 𝑣1 𝑒 𝐾, utilizando as

Figuras 4.27 e 4.28, e algumas variáveis já definidas.

Page 97: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

87

Figura 4.26 – Relação de 𝒗𝟏com 𝒅𝒎 e n [26].

Figura 4.27 – Relação de K e 𝒂𝟑 [𝟐𝟔].

Calculando para o eixo 1:

Como 𝐷𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 = 25 𝑚𝑚 e 𝐷𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 = 47 𝑚𝑚, 𝐷𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 36 𝑚𝑚.

Da Figura 4.27, utilizando 𝐷𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 36 𝑚𝑚 e n = 875 rpm, 𝒗𝟏 = 25 𝑐𝑆.

Com 𝐾 =103

25= 4,12, pelo gráfico da Figura 4.28, 𝒂𝟑 = 3,5.

Page 98: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

88

O valor de 𝑎1 será igual a 1, para 90% de confiabilidade, ou seja, 𝐿10𝑎.

O valor de 𝑎2 também será igual a 1. Esta é uma constante que depende do

material e do tempo de vida do rolamento. Foi suposto que os rolamentos seriam novos.

Logo, pela equação 77, página 85:

𝐿10𝑎 = 𝑎1. 𝑎2. 𝑎3. (𝐶

𝑃)

3

= 1.1.3,5. (11200

3081,071)

3

= 168,12 . 106 OK!

A segunda verificação é mais simples, e será feita a respeito da carga estática.

Para esta, vale a equação:

𝑆𝑜 =𝐶𝑜

𝑃𝑜> 0,5 (79)

Onde: 𝑆𝑜 é o fator de segurança do rolamento;

𝐶𝑜 é a capacidade de carga estática do rolamento;

𝑃𝑜 é a carga estática equivalente.

Para um rolamento rígido de esferas, caso do projeto, pode-se encontrar 𝑃𝑜 por:

𝑃𝑜 = 0,6. 𝑅𝑟 + 0,5. 𝑅𝑎𝑥 (80)

ou

𝑃𝑜 = 𝑅𝑟, se 𝑃𝑜 < 𝑅𝑟

Substituindo para a árvore 1:

𝑃𝑜 = 0,6. 𝑅𝑟 + 0,5. 𝑅𝑎𝑥 = 0,6.3081,071 + 0,5.920,533 = 2308,91

Como 𝑃𝑜 < 𝑅𝑟, então:

𝑃𝑜 = 𝑅𝑟 = 3081,071

Calculando 𝑆𝑜:

𝑆𝑜 =𝐶𝑜

𝑃𝑜=

6550

3081,071= 2,13 > 0,5 OK!

Page 99: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

89

O outro rolamento utilizado na árvore 1 será o modelo SKF 6013. Este possui

todas as cargas admissíveis maiores que o SKF 6005, então também resistirá.

Agora, de posse do algoritmo, pode-se aplicar o procedimento para os outros

rolamentos. O resultado para cada árvore foi:

Árvore 2:

SKF 6009

𝐶 = 20800

𝐶𝑜 = 14600

𝐷𝑒 = 75 mm

𝐿10𝑎 = 2,83.106 𝑂𝐾!

𝑆𝑜 = 1,07 > 0,5 𝑂𝐾!

Árvore 3:

SKF 6212

𝐶 = 47500 𝑁

𝐶𝑜 = 32500 𝑁

𝐷𝑒 = 110 𝑚𝑚

𝐿10𝑎 = 1,37.106 𝑂𝐾!

𝑆𝑜 = 0,7 > 0,5 𝑂𝐾!

Árvore 4:

SKF 6322

𝐶 = 203000 N

𝐶𝑜 = 180000 N

𝐷𝑒 = 240 mm

𝐿10𝑎 = 2,40.106 𝑂𝐾!

𝑆𝑜 = 3,11>0,5 𝑂𝐾!

Árvore 5:

SKF 6330

𝐶 = 276000 N

𝐶𝑜 = 285000 N

Page 100: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

90

𝐷𝑒 = 320 mm

𝐿10𝑎 = 2,88. 106 𝑂𝐾!

𝑆𝑜 = 5,91 > 0,5 𝑂𝐾!

4.6. CHAVETAS

As chavetas utilizadas são do tipo chavetas paralelas, e tiveram suas dimensões

definidas a partir do diâmetro do eixo que as suporta, de acordo com a Tabela 4.15.

Assim, as dimensões das chavetas, para àquelas engrenagens que não serão

fabricadas nos próprios eixos, e para o cubo da lâmina, seguem a especificação:

𝑏𝑥ℎ𝑥𝐿

Onde: 𝑏 = largura da seção transversal da chaveta em mm;

ℎ = altura da seção transversal da chaveta em mm;

𝐿 = comprimento da chaveta em mm.

Logo, essas foram as dimensões especificadas:

Engrenagem 1 6x6x22

Engrenagem 2 14x14x9

Engrenagem 4 18x11x41

Engrenagem 5 18x11x73

Engrenagem 7 28x16x57

Engrenagem 8 40x22x102

Cubo da lâmina 40x22x40

Page 101: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

91

Tabela 4.15 – Dimensões padronizadas para chavetas paralelas [27].

Page 102: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

92

4.7. ANÉIS DE RETENÇÃO

Anéis de retenção foram utilizados para manter as engrenagens e o cubo da

lâmina na posição correta.

O modelo utilizado foi do grupo 501, da marca Aço Forma, e foram

selecionados de acordo com a Tabela 4.16. Vale notar que a tabela foi cortada para

refletir somente as informações relevantes.

Tabela 4.16 – Dimensões de aneis elásticos Aço Forma, modelo 501 [28].

Page 103: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

93

Assim, as dimensões dos anéis de retenção que serão utilizados nas árvores

seguem a especificação:

501.xxx

𝐷𝑥𝑒

Onde: 501.xxx = Especificação do modelo do anel de retenção;

𝐷 = Diâmetro da árvore em questão, em mm;

𝑒 = Espessura do anel de retenção, retirado da Tabela 4.16, em mm.

Logo, essas foram as dimensões especificadas:

Árvore 1

501.025

25x1,2

e

501.065

65x2,5

Árvore 2 501.048

48x1,75

Árvore 3 501.068

68x2,5

Árvore 4 501.120

120x4

Árvore 5 501.155

155x4

Page 104: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

94

5. CARCAÇA DA CAIXA DE REDUÇÃO E MESA DE APOIO

A carcaça da caixa de redução foi modelada com o intuito de também servir

como mesa de apoio para o operador. Isso foi possível pois, como o cálculo do diâmetro

das engrenagens resultou em dimensões elevadas, a altura do conjunto levou a uma

posição ergonômica para o operador.

Ainda assim, a necessidade de um pé de apoio no ponto de corte não foi

descartada.

O material escolhido para a carcaça, para a base fixada ao solo e para o pé de

apoio foi o ferro fundido, comum em máquinas operatrizes deste porte.

Aqui serão apresentados os modelos. As medidas podem ser encontradas nos

desenhos de fabricação.

5.1. MODELAGEM DA CARCAÇA

A carcaça foi dividida em cinco partes: base, parte inferior, parte superior,

mancal superior esquerdo, e proteção da engrenagem 8. A seguir são apresentadas cada

uma das partes da carcaça.

Base (Figura 5.1): bloco de ferro fundido fixado ao solo. Possui alta densidade e

amortece potenciais vibrações. Atua também como suporte para os pés do motor.

Figura 5.1 – Base de ferro fundido.

Page 105: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

95

Parte inferior (Figura 5.2): fixada à base de ferro fundido. Serve como apoio

para todo o equipamento.

Figura 5.2 – Parte inferior da carcaça.

Parte superior (Figura 5.3): fixada à parte inferior. Atua como tampa para os

conjuntos das árvores de 1 a 4, proteção para a engrenagem 8 e mancal para o rolamento

superior direito. Serve também como apoio para a vareta de medição de óleo.

Figura 5.3 - Parte superior da carcaça.

Page 106: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

96

Mancal superior esquerdo (Figura 5.4): abriga o rolamento superior esquerdo.

Para permitir o acoplamento da árvore 5, esta teve que ser uma parte separada.

Figura 5.4 – Mancal superior esquerdo.

Proteção da engrenagem 8 (Figura 5.5): abriga a engrenagem 8. Para permitir o

posicionado do conjunto da árvore 5, esta teve que ser uma parte separada.

Figura 5.5 – Proteção da engrenagem 8.

Page 107: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

97

5.2. MODELAGEM DO PÉ DE APOIO

O pé de apoio foi dividido em duas partes: pé e treliças, e apoio no ponto de

corte. A seguir são apresentadas cada uma das partes do pé de apoio.

Pé e treliças (Figura 5.6): como grandes forças serão aplicadas no ponto de

corte, é necessário que o pé de apoio seja maciço. As treliças ajudam a manter a fixação

nos três eixos.

Figura 5.6 – Pé de apoio e treliças.

Apoio no ponto de corte (Figura 5.7): o apoio é necessário para guiar o cabo à

posição correta e auxiliar o processo de corte. Este é fabricado no mesmo material da

lâmina, já que deve resistir aos mesmos esforços no momento do corte.

Figura 5.7 – Apoio no ponto de corte.

Page 108: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

98

A seguir, na Figura 5.8, pode-se ver a carcaça, o pé de apoio e o apoio para o

corte montados na posição correta, já com as devidas fixações. Todas as peças com as

devidas dimensões podem ser encontradas nos desenhos de fabricação no Anexo.

Figura 5.8 – Carcaça, pé de apoio e apoio para o corte.

5.3. SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO

Em se tratando de uma caixa de redução, o sistema de lubrificação será por

circulação. O óleo será fornecido por meio de uma bomba, sob pressão, na forma de jato

aplicado próximo aos pontos de engrenamento, e depois recirculado. Este sistema

possui a vantagem de aumentar as trocas de calor, melhorando o arrefecimento.

5.4. PARAFUSOS DE FIXAÇÃO

Os parafusos de fixação da parte inferior na superior foram especificados

levando em consideração as forças horizontais atuantes nas árvores de 1 a 4, como será

visto a seguir.

Page 109: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

99

No total, são 24 parafusos M8, cada um resistindo 870 MPa, conforme Tabela

3.4, página 39. Então, tem-se como força máxima admissível:

𝐹𝑎𝑑𝑚 = 24. 𝜋. (𝑑/2)2. 880 = 1049011 𝑁

Como força atuante, tem-se todas as forças na direção y nos rolamentos das

árvores de 1 a 4, que já foram calculadas:

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 = 131256,8 𝑁

Como 𝐹𝑎𝑑𝑚 > 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒, os parafusos resistirão, e o coeficiente de segurança

para a junção das carcaças vale:

𝐶𝑆 =𝐹𝑎𝑑𝑚

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒= 7,99

O mesmo procedimento foi realizado para o mancal superior esquerdo, com a

diferença que nele existem 3 parafusos em tração e 1 em cisalhamento, e todos do

modelo M8. Logo, a força máxima admissível será:

𝐹𝑎𝑑𝑚 = 3. 𝜋. (𝑑/2)2. 870 + 1. 𝜋. (𝑑/2)2. 696 = 166093,4 𝑁

E a força atuante será a força na direção y do rolamento esquerdo da árvore 5.

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 = 39208,61 𝑁

Como 𝐹𝑎𝑑𝑚 > 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒, os parafusos resistirão, e o coeficiente de segurança

para a junção do mancal na carcaça superior vale:

𝐶𝑆 =𝐹𝑎𝑑𝑚

𝐹𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒= 4,24

Page 110: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

100

6. MANUTENÇÃO DA MÁQUINA OPERATRIZ

Para melhor especificar os tipos de manutenções que deverão ser executados

nessa máquina operatriz, primeiro é necessário um maior conhecimento sobre os

mesmos. São eles: a manutenção corretiva (não planejada e planejada), preventiva,

preditiva e sistemática.

6.1. MANUTENÇÃO CORRETIVA

6.1.1. Manutenção Corretiva Não Planejada

É o tipo caracterizado pela correção de fatos que já ocorreram, sejam esses fatos

desempenhos inferiores em relação ao benchmark ou até mesmo uma falha. Nesse

modelo não há tempo para a preparação de componentes e nem de planejar o serviço. A

manutenção corretiva não planejada é a correção da falha de modo aleatório a fim de

evitar outras consequências. No lado econômico, este tipo é mais custoso do que

prevenir as falhas. Pode ocasionar grandes perdas devido à interrupção da produção.

6.1.2. Manutenção Corretiva Planejada

Neste caso, a falha ou condição anormal existe e é conhecida, mas por uma

decisão gerencial, que pode ser de origem estratégica (a produção não pode parar no

momento, por exemplo), decide-se por continuar operando. Esse tipo de manutenção

possibilita o planejamento dos recursos necessários para a intervenção de manutenção,

uma vez que a falha é esperada.

6.2. MANUTENÇÃO PREVENTIVA

É a manutenção realizada de maneira a reduzir ou evitar a falha ou a queda no

desempenho do equipamento, obedecendo a um plano de manutenção previamente

elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo. Pode-se, ainda, reduzir a

Page 111: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

101

probabilidade de falhas pelo fato de a manutenção ser programada com antecedência,

sendo o ônus desta paralisação substancialmente baixo.

A manutenção preventiva é considerada como o ponto de apoio das atividades

de manutenção, envolvendo tarefas sistemáticas tais como: as inspeções, substituição de

peças e reformas.

6.3. MANUTENÇÃO PREDITIVA

É a manutenção baseada em dados coletados ao longo do tempo por uma

instrumentação específica, verificando o distoamento do padrão das variáveis

analisadas. Esse tipo de manutenção caracteriza-se pela previsibilidade da deterioração

do equipamento, prevenindo falhas por meio do monitoramento dos parâmetros

principais, com o equipamento em funcionamento. A manutenção preditiva é a

execução da manutenção no momento adequado, antes que o equipamento apresente

falha, e tem a finalidade de evitar a falha funcional ou evitar as consequências desta.

6.4. MANUTENÇÃO SISTEMÁTICA

É a manutenção dada pelo fabricante. Cada elemento mecânico possui uma vida

útil calculada, principalmente, devido à fadiga das partes. Esse tipo de manutenção visa

trocar a peça em questão antes que a vida útil estabelecida seja alcançada. Essa vida útil

pode ser determinada por ciclos, horas de trabalho ou parâmetros específicos, como

quantidades de cortes.

6.5. MANUTENÇÃO DO SISTEMA

Como todo o sistema foi projetado do zero, a vida útil dos elementos é

conhecida. Nessa situação, será escolhida a manutenção sistemática para elementos

como os rolamentos e a lâmina, que possuem uma vida útil pré-definida, e a

manutenção preventiva para elementos como eixos e engrenagens, que em teoria

possuem vida infinita por fadiga, mas que podem vir a falhar.

Page 112: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

102

De posse do número de ciclos que cada rolamento suportará, pode-se estimar sua

vida útil por número de cortes.

Portanto, dividindo o número de ciclos admitidos pelo número de rotações por

cada volta da lâmina, tem-se o número de cortes que cada rolamento suportará.

Para o primeiro rolamento, sua rotação será 1465 quando a rotação da lâmina

vale 2,19. Normalizando, para uma rotação da lâmina, este rolamento roda 669 vezes.

Então:

𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒 1 =(168,119. 106)

669= 2,5. 105 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠

Da mesma maneira, as vidas dos rolamentos das árvores de 2 a 5 foram

calculadas:

𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒 2 = 2,9. 105 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠

𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒 3 = 0,85. 105 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠

𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒 4 = 5,9. 105 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠

𝑟𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒 5 = 28,5. 105 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠

E a lâmina, conforme foi explicitado na Seção 3.4.4., possui uma vida útil de

3.104 cortes.

O sistema contará também com a manutenção preventiva, com vistorias

efetuadas antes de cada turno de trabalho, com intuito de descobrir possíveis falhas

latentes.

Page 113: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

103

7. DOCUMENTAÇÃO GRÁFICA DO PROJETO

Após o estudo dos elementos que compõem o projeto e de sua modelagem, tanto

analítica (quando possível) quanto em CAD 3D, para finalizar o projeto é necessário

apresentar sua documentação gráfica. Essa documentação é composta pelo desenho do

conjunto mecânico, que representa a montagem do sistema, juntamente com o desenho

das peças a serem fabricadas. Também se faz necessário apresentar um manual de

montagem.

Para a elaboração de tais desenhos foram utilizadas recomendações de Pina

Filho [29], e diversas normas técnicas vigentes no país, como NBR 10067; NBR 10126;

NBR 13272 e NBR8196.

Todos os desenhos foram feitos com auxílio de um software especializado em

CAD, o SolidWorks®. Toda documentação gráfica, incluindo os desenhos de

montagem e peças, pode ser encontrada no anexo ao projeto.

Page 114: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

104

8. CONCLUSÕES

Com o objetivo de projetar um sistema para cortes de cabos de aço, a princípio

foi necessário compreender a fundo esse elemento mecânico flexível, que é tão

amplamente usado, mas de difícil modelagem das propriedades e comportamento.

Foi feito um estudo sobre os cabos de aço. Seu comportamento, manuseio,

dimensionamento para o serviço e cuidados especiais para o corte, como a utilização de

bandagens, foram explicados e exemplificados. Como resultado, foi escolhido para o

corte o cabo com maior resistência a tração possível (2300 MPa), o EIPS (Extra

Improved Steel), pois uma vez que esse cabo pudesse ser cortado pelo mecanismo, todos

os demais também poderiam. Além disso, a bitola máxima foi especificada em ¾”

(19,05 mm). Após o entendimento necessário, partiu-se para a definição do método de

corte e o detalhamento desse processo.

O mecanismo de corte escolhido foi a guilhotina, sendo preciso então definir a

força de corte necessária.

Quatro métodos foram utilizados, sendo eles os critérios de tensão de Tresca e

von Mises aplicados ao cisalhamento; um cálculo aproximado feito baseado em

literaturas de resistência dos materiais e uma adaptação das fórmulas utilizadas para o

cálculo das forças de corte em processos de conformação.

Foi constatado que o último método resultava em números muito altos,

distoantes dos demais, e por isso essa hipótese foi descartada. A análise por

aproximação também foi descartada por não apresentar embasamentos teóricos

suficientes. Considerando-se então os dois critérios restantes, mais difundidos e

confiáveis, optou-se por utilizar o pior caso, que necessitaria de mais força para o corte

(3,78. 105 𝑁), visto que assim ambos seriam atendidos.

Em seguida, detalhes foram fornecidos sobre a lâmina de corte, como angulação

(30º), material (HSS M2) e vida útil. A lâmina também foi simulada para garantir que

suportaria os esforços no momento do corte, e a sua fixação por parafusos também foi

calculada para garantir que os mesmos não falhassem por cisalhamento.

Após o cálculo da força necessária, decidiu-se por utilizar uma caixa de redução

que ampliaria o torque de um motor elétrico até a ponta da lâmina. Foi decidido por

utilizar um motor de uma marca confiável e reconhecida no mercado, a WEG. Como a

Page 115: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

105

força de corte é 3,78. 105 𝑁, e o raio da lâmina é 135 mm, o torque necessário para o

corte é 51332,7 Nm.

Uma vez que o motor escolhido possui 9,2 KW de potência, e uma rotação de

875 rpm no momento do corte, esse torque deve ser ampliado 672 vezes para executar o

processo. Essa ampliação foi feita em 4 passos, cada passo resultando da relação de

transmissão entre duas engrenagens, num total de 8 engrenagens, 5 árvores e 7

rolamentos, pois a primeira árvore foi modelada em balanço.

A modelagem analítica foi feita, quando possível, para as engrenagens, para as

árvores e para os rolamentos, e os demais elementos mecânicos foram selecionados

através de tabelas usuais.

Depois, foi necessário criar uma carcaça que suportasse todos esses conjuntos.

Foi constatado que, como a altura dos conjuntos engrenados seria confortável para o

operador, a própria carcaça também serviria como mesa, necessitando apenas de um

apoio para o cabo no ponto de corte. Esse apoio foi reforçado e treliçado, e um suporte

para o cabo, do mesmo material que a lâmina, que auxiliaria no corte e no

posicionamento do cabo, foi incluído entre o pé de apoio e a lâmina.

Procurou-se detalhar adequadamente o projeto, buscando-se uma linguagem

técnica, mas de fácil entendimento, além de referências pertinentes, para especificação

de cada etapa do dimensionamento dos diversos elementos. Isso tudo ajudou a conceber

uma máquina robusta, segura, econômica e duradoura, que era o objetivo primordial do

trabalho.

Como grande inovação foi demonstrada a utilizaçã do corte por cisalhamento

com acionamento por giro, ao contrário da prensa hidráulica, comumente utilizada. Essa

inovação trouxe também a necessidade de uma lâmina de aço rápido circular, com a

possibilidade de ser adaptada para a utilização de pastilhas, conforme citado na próxima

Seção, em trabalhos futuros.

Acredita-se que, dada a alta velocidade com que o corte é executado, superior a

cortadores encontrados no mercado, o equipamento proposto nesse projeto seja uma

peça chave em uma linha de produção, possibilitando cortes muito mais rápidos e com

segurança. Por outro lado, esse equipamento é bastante pesado e de difícil locomoção, e

deveria ser posto em uma estação de cortes de cabos, onde o corte em si seria uma

atividade rotineira, e os cabos seriam levados até ele.

Page 116: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

106

A elaboração desse projeto possibilitou um melhor entendimento da estrutura

dos cabos de aço e dos processos de corte. Possibilitou também a aplicação dos

conhecimentos sobre dimensionamento de parafusos, mancais, eixos e engrenagens,

desenho técnico e manutenção mecânica obtidos nas diversas diciplinas ministradas na

UFRJ. Com isso, tornou-se possível elaborar a documentação gráfica do projeto,

visando viabilizar a fabricação do sistema.

8.1. TRABALHOS FUTUROS

Como uma extensão do projeto atual, um maquinário ainda mais robusto poderia

ser projetado, permitindo o corte de cabos com bitolas maiores. Além disso, um tambor

automático com contador de passos, no qual o cabo ficaria enrolado no momento de

corte, também seria de grande auxílio na medição do cabo cortado.

Uma outra possibilidade de evolução seria a adaptação da lâmina para o uso de

pastilhas removíveis, sendo a lâmina em si, fabricada de um material menos nobre.

Page 117: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

107

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, Marcus Vinicius Dalla Stella, Sistema Automático para Corte de Cabos de

Aço, Projeto de Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do

Rio de Janeiro, 2014.

[1] http://www.cimafbrasil.com.br/cimaf_historia.php. Acesso em 11 de Janeiro de

2015.

[2] http://www.revistadoparafuso.com.br/v1/modelo/noticia.php?id=62. Acesso em

12 de Janeiro de 2015.

[3] http://www.carlstahl.com.br/cabosdeaco.html. Acesso em 12 de Janeiro de 2015.

[4] http://www.caldnazza.com/2013/02/cabos-de-aco-o-que-voce-precisa-

saber.html#.VL1TKEfF_jF. Acesso em 12 de Janeiro de 2015.

[5] CIMAF, Manual Técnico, 2009. Disponível em: http://www.cimafbrasil.com.br.

Acesso em 11 de Janeiro de 2015.

[6] DE MARCO, Flávio, Apostila Cabos de Aço, Departamento de Engenharia

Mecânica, UFRJ, 2009.

[7] Wire hope Works. Inc, Catálogo Bethlehem Wirehops, 2010.

[8] Morse Starrett Wire Rope Cutters, Fabricante de Cabos de Aço. Catálogo

disponível em: http://www.morse-starrett.com

[9] BENTO, Daniela A., Fundamentos de Resistência dos Materiais, CEFET-SC,

2003.

[10] ZOUAIN, Nestor, Notas de Aula de Mecânica dos Sólidos II, Departamento de

Engenharia Mecânica, UFRJ.

[11] GROOVER, Mikell P., Fundamentals of Modern Manufacturing, 4ª ed., 1024 p.,

Wiley, 2010.

[12] OLIVEIRA, Douglas Luciano da Silva, Otimização do corte de pontas de um

aço livre de intersticiais laminado a quente usando tesoura tipo guilhotina,

Mestrado da Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, 2011.

[13] Sociedade Brasileira de Cuteleiros. Disponível em: http://sbccutelaria.org.br

[14] KRAUSS, G., Tool Steels, 5ª edição, 1998.

[15] http://www.mae.ncsu.edu/zhu/courses/mae316/lecture/9-Fatigue_Shig.pdf.

Acesso em 23 de Janeiro de 2015.

Page 118: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

108

[16] http://ecatalog.weg.net/. Acesso em 06 de Janeiro de 2015.

[17] http://s.hswstatic.com/gif/gear-spur.jpg. Acesso em 23 de Janeiro de 2015.

[18] http://static.hsw.com.br/gif/gear-helical1.jpg. Acesso em 23 de Janeiro de 2015.

[19] http://www.usiwal.ind.br/Site2009/Imagens/usinagem/engrenagens_conicas_

helicoidais_01.jpg. Acesso em 23 de Janeiro de 2015.

[20] http://s.hswstatic.com/gif/gear-worm.jpg. Acesso em 23 de Janeiro de 2015.

[21] SHIGLEY, Joseph E., MISCHKE, Charles R., BUDYNAS, Richard G., Projeto

de Engenharia Mecânica, 8ª ed., 2013.

[22] Manual de Aços Gerdau, 2003.

[23] http://www.controleng.ca/servosoft/SSHelp1033/source/Gears_files/Helical

GearForceDiagram.gif. Acesso em 23 de Janeiro de 2015.

[24] DE MARCO, Flávio, Notas de Aula de Elementos de Máquinas II,

Departamento de Engenharia Mecânica, UFRJ.

[25] NORTON, Robert L., Machine Design, 5ª ed., 2013.

[26] Catálogo de seleção de rolamentos SKF, s.d.

[27] Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG, Chavetas Paralelas.

[28] http://www.acoforma.com.br/anel_elastico.php. Acesso em 30 de Janeiro de

2015.

[29] PINA FILHO, Armando Carlos de, Apostila de Desenho Técnico para

Engenharia Mecânica, Escola Politécnica, UFRJ, 2011.

9.1. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

DE SOUZA, GOMES e FERNANDES, Manutenção e lubrificação de equipamentos -

Qualidade da mão de obra na manutenção, Unesp, s.d.

http://atlantic-cable.com/Article/WireRope/Sayenga/wirerope4.htm. Acesso em 11 de

Janeiro de 2015.

http://www.artigonal.com/negocios-artigos/historia-e-evolucao-dos-cabos-de-aco-

6324300.html. Acesso em 11 de Janeiro de 2015.

Norma ASME B30.2, Overhead and Gantry Cranes, 2011.

Page 119: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

109

Norma ASME B30.5, Mobile and Locomotive Cranes, 2010.

Norma NBR 10067, Princípios gerais de representação em desenho técnico, 1995.

Norma NBR 10126, Cotagem em desenho técnico, 1987.

Norma NBR 12298, Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho

técnico, 1995.

Norma NBR 13272, Desenho técnico - Elaboração das listas de itens, 1999.

Norma NBR 13543, Movimentação de carga - Laços de cabo de aço – Utilização e

inspeção, 1995.

Norma NBR 8196, Desenho técnico - Emprego de escalas, 1999.

Norma NBR ISO 2408, Cabos de aço para uso geral - Requisitos mínimos, 2008.

Norma NBR ISO 4309, Guindastes - Cabo de Aço - Critérios de Inspeção e Descarte,

1998.

Page 120: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

110

10. ANEXOS

10.1. DESENHOS DO CONJUNTO E PEÇAS

Conjunto: Cortador de cabos de Aço

6 – Árvore 1

7 – Engrenagem 1

10 – Engrenagem 2

15 – Árvore 2 e engrenagem 3

17 – Engrenagem 4

20 – Árvore 3

22 – Engrenagem 5

25 – Árvore 5

27 – Engrenagem 8

31 – Cubo

32 – Suporte do corte

35 – Pé de apoio ao corte

38 – Lâmina

45 – Engrenagem 6

46 – Árvore 4 e engrenagem 7

47 – Mancal superior esquerdo

48 – Proteção da engrenagem 8

54 – Medidor de óleo

55 – Carcaça superior

60 – Carcaça inferior

65 – Base

Page 121: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

111

10.2. MANUAL DE MONTAGEM

Fixe a carcaça inferior na base com auxílio dos parafusos 63 e arruelas 64. Em

seguida, fixe o motor na base com auxílio dos parafusos 61 e arruelas 62, e o motor na

carcaça inferior com auxílio dos parafusos 2, arruelas 3 e porcas 4 (Figura 10.1).

Figura 10.1. – Carcaça inferior e motor montados na base.

Monte os conjuntos das árvores 1 (peças 5, 6, 7, 8, 9 e 14), 2 (peças 11, 12, 13 e

15), 3 (peças 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23) e 4 (peças 40, 43, 44, 45 e 46) e encaixe-os

na posição adequada na carcaça inferior (Figura 10.2).

Page 122: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

112

Figura 10.2. – Conjuntos das árvores 1, 2, 3 e 4 encaixados na carcaça inferior.

Fixe a carcaça superior com auxílio dos parafusos 57, arruelas 58 e porcas 59, e

o motor na carcaça superior com auxílio dos parafusos 2, arruelas 3 e porcas 4 (Figura

10.3)

Figura 10.3. – Montagem com a carcaça superior fixada.

Page 123: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

113

Para o conjunto 5 (peças 24, 29, 30, 31, 36, 37, 38 , 39 e 40), posicione a

engrenagem 8 (peça 27) e o rolamento (peça 24) nos espaços determinados. Após, passe

a árvore 5 (peça 25) pelos dois elementos já na posição, e encaixe os demais elementos

do conjunto, incluindo a lâmina e suas fixações.

Em seguida, fixe a proteção da engrenagem 8 (peça 48) e o mancal superior

esquerdo (peça 47) com auxílio dos parafuso, arruelas e porcas 49, 50 e 51, e parafusos

e arruelas 52 e 53, respectivamente.

Fixe o suporte do corte (32) no pé de apoio ao corte (35) com auxílio dos

parafusos 33 e arruelas 34, e então, solde o pé de apoio ao corte à base, conforme a

Figura 10.4.

Figura 10.4 – Vista inferior do conjunto completo indicando a posição para soldagem do pé de

apoio ao corte à base.

Base

Pé de apoio ao corte

Carcaça superior

Page 124: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

1310

A

A

55

60

42

54 48

57

56

49 47

58

59

63

64

61

62

5051

52

53

1270

1

2

3

5

6

7

8 10 11 12

14

13 16 1718 19 24

15

20 21 2322

25

26

27

29

28

30

31

9

35

32

33

34

4

124

5

750

CORTE A-A

ESCALA 1 : 5

43

46

44

45 41

38

36

373940

21

21

11

888

33

4252525

442424

11

11

1

1

4039383736353433323130292827262524232221201918171615141312111098765432

41

6463626160595857565554535251504948474645444342

Nº Nº Un.Un.

41

14

1

4

12112111121

11

1

11121111111122188182

Motor WEG Premium Efficiency IE3 9,2 KW 1475 rpm c/ pé, flange 160M

Anel de Retenção Açoforma 501.155 155x4,0Porca Sextavada M13LâminaArruela M13Parafuso Sextavado 8,8 M13x1,5x120Pé de apoio ao corteArruela M14Parafuso Sextavado 8,8 M14x1,5x60Suporte do corteCubo da LâminaChaveta Paralela 36x18x40Anel de Retenção Açoforma 501.155 155x4,0Chaveta Paralela 38x18x102Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 8Anel de Retenção Açoforma 501.155 155x4,0Árvore 5SKF 6330

Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 5Chaveta Paralela 18x18x73

Anel de Retenção Açoforma 501.068 48x2,5Árvore 3Chaveta Paralela 18x11x41Anel de Retenção Açoforma 501.068 48x2,5Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 4SKF 6212Árvore 2 & Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 3

Chaveta Paralela 14x14x9Anel de Retenção Açoforma 501.048 48x1,75SKF 6009Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 2Chaveta Paralela 6x6x22Anel de Retenção Açoforma 501.025 25x1,2 Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 1Árvore 1SKF 6005Porca Sextavada M14Arruela M14Parafuso Sextavado 8,8 M14x1,5x60

SKF 6322Base

Arruela M14Parafuso Sextavado 8,8 M14x1,5x60Arruela M14Parafuso Sextavado 8,8 M14x1,5x60Carcaça Inferior Porca Sextavada M8Arruela M8Parafuso Sextavado 8,8 M8x1,5x60Parafuso Sextavado 8,8 M14x1,5x60Carcaça Superior Medidor de ÓleoArruela M18Parafuso Sextavado 8,8 M18x1,5x60Porca Sextavada M8Arruela M8Parafuso Sextavado 8,8 M8x1,5x60Proteção da Engrenagem 8Mancal Superior EsquerdoÁrvore 4 & Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 7Engrenagem Cilíndrica Helicoidal 6Anel de Retenção Açoforma 501.120 120x4,0Chaveta Paralela 28x16x57

Anel de Retenção Açoforma 501.065 65x2,5

Peça Peça

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 02/03/2015

Material:Diversos

Conjunto: Cortador de cabos de aço Escala 1:5

Page 125: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 16/02/2015

Material: Aço AISI 5160

6 - Árvore 1 Escala 1:5

42 h5 1

2 24.30

69

3

62

2.6

5

18

77.

85

105

20.

50

28

24

1.10

32.90 ch 0.50

25

h5

28

6

22

R3

ch 1

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 126: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: AçoAISI 5160

7 - Engrenagem 1 Escala 1:1

14.

30

8

22

55

.91

61

.90

B

9.71

3

3.75

4.88

DETALHE B

ESCALA 2 : 1

DADOS:LARGURA DE FACE: 30 mmNÚMERO DE DENTES= 18MÓDULO= 3DIÂMETRO PRIMITIVO= 55,905ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO DIREITAAFASTAMENTO GERAL: 0,1

CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 127: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: AçoAISI 5160

10 - Engrenagem 2 Escala 1:5

397.33

50

R163 7

R10

30

391.33

16

29.

30 C

4.88

9.71

3.7

5 3

DETALHE CESCALA 1:1

DADOS:LARGURA DE FACE: 30 mmNÚMERO DE DENTES= 126MÓDULO= 3DIÂMETRO PRIMITIVO= 391,33ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO ESQUERDA

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 128: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: AçoAISI 5160

15 - Árvore 2 & Engrenagem 3 Escala 1:2

48 45.50

45 h5 49

14

14

R7

A A

65

ch1

16

5

1.8

5

30

5

7

16

5,5

74.54 82.54

C

SEÇÃO A-A

12.94

6.49

4

5

DETALHE C

ESCALA 1 : 1DADOS DA ENGRENAGEM:NÚMERO DE DENTES= 18MÓDULO= 4DIÂMETRO PRIMITIVO= 74,54ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO DIREITA

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 129: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: AçoAISI 5160

17 - Engrenagem 4 Escala 1:5

60

72°

30

R197.62

R70

R10

455.24

34

16

447.24

C

13.01

6.50

4 5

DETALHE C

ESCALA 1 : 1

DADOS:LARGURA DE FACE: 65 mmNÚMERO DE DENTES= 108MÓDULO= 4DIÂMETRO PRIMITIVO= 447,24ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO ESQUERDA

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 130: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 16/02/2015

Material: Aço AISI 5160

20 - Árvore 3 Escala 1:2

65 h5 68

64

74

7

ch 1

18

73

R9

41

22

3

2.1

5

97

20

65

40

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 131: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: AçoAISI 5160

22 - Engrenagem 5 Escala 1:2

136.23

68

20

40.

40

124.23

C

9.76

19.43

6

7.50

DETALHE C

ESCALA 1 : 1

DADOS:LARGURA DE FACE: 97 mmNÚMERO DE DENTES= 20MÓDULO= 6DIÂMETRO PRIMITIVO= 124,23ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO DIREITA

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 132: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 18/02/2015

Material: Aço AISI 5160

25 - Árvore 5 Escala 1:5

150 146

161

150 h5

150 h5

13

ch 1

R18

40

102

9

4.1

5

80

167

.6

7

162

1

50

61

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 133: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: AçoAISI 5160

27 - Engrenagem 8 Escala 1:5

641.17

40

R10

R112.50 36 8

0.90

60°

R

260.

58

R75 621.17

C

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

16.26

32.51

10

12.

50

DETALHE C

ESCALA 1 : 2

DADOS:LARGURA DE FACE: 162 mmNÚMERO DE DENTES= 60MÓDULO= 10DIÂMETRO PRIMITIVO= 621,17ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO ESQUERDA

Page 134: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 16/02/2015

Material: AçoAISI 5160

31 - Cubo da Lâmina Escala 1:2

220

36

80.

90

14

R75

LARGURA DE FACE: 80 mmAFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 135: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 02/03/2015

Material: M2 Aço Ferramenta

32 - Suporte do Corte Escala 1:2

80

40

45

104

.8

R1 80

14

22.

50

17.50

25

14.8 1

5 45

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 136: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 16/02/2015

Material: Ferro Fundido Cinzento

35 - Pé de Apoio ao Corte Escala 1:10

14

104.8

80

156.2

296

.7

50

200

30

1

57.2

296

.7

30

843.2

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 137: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 02/03/2015

Material: Ferro Fundido Cinzento

38 - Lâmina Escala 1:5

170

13

110

40.84

17

0

30°

30°

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 138: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: AçoAISI 5160

45 - Engrenagem 6 Escala 1:5

120

67.

40

32

R100

R208.47 6

R10 40

496.93 508.93

C

9.77

19.51

6

7.51

DETALHE C

ESCALA 1 : 2

DADOS:LARGURA DE FACE: 97 mmNÚMERO DE DENTES= 80MÓDULO= 6DIÂMETRO PRIMITIVO= 496,93ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO ESQUERDA

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 139: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 18/02/2015

Material: AçoAISI 5160

46 - Árvore 4 & Engrenagem 7 Escala 1:5

ch 1

57

R14

110 h5

114 104 120 116

A A 5

0 1

00 4

4

4

.15

97

3

162

7

50

11

15

5.29

175.

29

DCORTE A-A

ESCALA 1 : 5

10

12.50

32.

29 16.

26

DETALHE D

ESCALA 1 : 2

DADOS DA ENGRENAGEM:NÚMERO DE DENTES= 15MÓDULO= 10DIÂMETRO PRIMITIVO= 155,29ÂNGULO DE PRESSÃO= 20ºÂNGULO DE HÉLICE= 15ºMÃO DIREITA

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 140: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 16/02/2015

Material: FerroFundido Cinzento

47 - Mancal Superior Esquerdo Escala 1:5

32

0

288

16 R

254

65

34

88.

30

75 18

450 360

70

88

8

34

65

157

4

1

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 141: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 16/02/2015

Material: FerroFundido Cinzento

48 - Proteção da Engrenagem 8 Escala 1:10

R93

166 14

R150

R10

20

21

15

205.85 30 2

0

362

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 142: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 16/02/2015

Material: Aço 1020

54 - Medidor de Óleo Escala 1:5

R25 R23

R10 8

550

5

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 143: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: Ferro Fundido Cinzento

55 - Carcaça Superior Escala 1:12

350

20

R5

152 127.5

13.

2

81.

6

87.

6

77.

6

15

8

145

.8

55

261

205

.9

8

M8x1,5

205

.9

40

106

.2

114

.8

M18x1,5

186

1

99.2

2

19.2

175

.8

291

15

1

35.9

1

50.9

1

97.9

212.2

R142

R16

0 H5

R17

6

90

2

0

R63

.5

R37

.5 H

5

R34.5

R50

H5

R

47

295

R60 H5 R

57

R86

R102

R92.5

R361.7

R340.6

R114

R12

0 H5

R146

141

370.6

R25

3.6

16

t=16

127.5 97.1 222.4

236.6 352 141

165.5 R7

30

15

46 15 2

0

80.

2

45.4

50

7

0

60.

4

60.

4

75.5 75.5

88.

1

88.

1

70.5

70.5

65.

2

20

38.6

35.7

71.4 20 103.1 102.3

84.

6 69.

6

50.

8

31

30.6 30.8

45.

8

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 144: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: Ferro Fundido Cinzento

60 - Carcaça Inferior Escala 1:10

69.

6

84.

6

15

103.1 35.70

19.29

20

65.

2

70.5

70.5

88.

1

88.

1

75.5

75.5

60.

4 6

0.4

56

70.

9

80.

2

45.4

33.

3

30.8

36.8

20

8 6

3

8

8

3

16

23.

3

67

75 H5 120 H5 240 H5

100 H5

8

R175 R129

R34.5

R47

R63

.5

R57

R10

2

R114

R17

6

150 14

127.5 97.1 222.4 266.6 292 141

t=16

146

.2

20

295

20

30

15

176

.2

141

168

.9

156 156

99.

8

185.3

185.3

91.

6

220 230.7 220

160

.1 93.8 82.5

68.

3

222.4 55.

8

115

.2

14

87.

6

145

.8

261

4

29.8

8

15.

3

27.

3

20

189

.2

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS

Page 145: cortador de cabos de aço de alta produtividade com atuação por

Gabriel Lassery Rocha da Silva

1º Diedro

Prof: Armando Carlos de Pina Filho Projeto de Graduação UFRJ Unidade: mm

Data: 21/02/2015

Material: Ferro Fundido Cinzento

65 - Base Escala 1:10

127

0

200

M14

x1,5

x30

335

308

254

490

210

254

14

305

68.

75

30

220

2

30.7

2

20

185

.4

185

.3

159

.9

160.1

175.8 184

93.

8

18.

9

176.2 184

99.8 15.2

168.9

24.

3

156

53.

7

82.

5

68.3 107.6

10

AFASTAMENTO GERAL: 0,1CANTOS VIVO DEVEM SER ADOÇADOS