corrupÇÃo e educaÇÃo no brasil: um problema sistÊmico

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CORRUPÇÃO E EDUCAÇÃO NO BRASIL: UM PROBLEMA SISTÊMICO Fabiano Cardoso de Oliveira (Unisinos) [email protected] Daniel Pacheco Lacerda (Unisinos) [email protected] Luis Henrique Rodrigues (IESB) [email protected] Maria Isabel Wolf Motta Morandi (Unisinos) [email protected] A corrupção como fenômeno histórico e social sempre foi uma das maiores mazelas do Brasil, deteriorando o orçamento de diversas instituições públicas e de áreas chave como a educação onde o Brasil tem ocupado as últimas posições do índice PISA, nos últimos anos, porém as atuações da Polícia Federal e do Ministério Público têm exposto de forma exponencial os casos de corrupção. Sousa (2011) classifica as causas da corrupção em cultura cívica e nível de desenvolvimento econômico de um país. Entender os fatores que contribuem para a manutenção ou crescimento da corrupção de forma sistêmica é um importante passo para combater esta doença da alma. O presente estudo de caso pretende analisar os enlaces entre corrupção e educação no contexto brasileiro, através da metodologia do pensamento sistêmico e planejamento de cenários. O estudo foi desenvolvido por um grupo interdisciplinar composto por administradores, engenheiros e profissionais da área de TI em encontros entre agosto e dezembro de 2016. Como resultado foi possível desenvolver um mapa sistêmico dos fatos e construir possíveis XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens avançadas de produção” Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.

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CORRUPÇÃO E EDUCAÇÃO NO

BRASIL: UM PROBLEMA SISTÊMICO

Fabiano Cardoso de Oliveira (Unisinos)

[email protected]

Daniel Pacheco Lacerda (Unisinos)

[email protected]

Luis Henrique Rodrigues (IESB)

[email protected]

Maria Isabel Wolf Motta Morandi (Unisinos)

[email protected]

A corrupção como fenômeno histórico e social sempre foi uma

das maiores mazelas do Brasil, deteriorando o orçamento de diversas

instituições públicas e de áreas chave como a educação onde o Brasil

tem ocupado as últimas posições do índice PISA, nos últimos anos,

porém as atuações da Polícia Federal e do Ministério Público têm

exposto de forma exponencial os casos de corrupção. Sousa (2011)

classifica as causas da corrupção em cultura cívica e nível de

desenvolvimento econômico de um país. Entender os fatores que

contribuem para a manutenção ou crescimento da corrupção de forma

sistêmica é um importante passo para combater esta doença da alma.

O presente estudo de caso pretende analisar os enlaces entre

corrupção e educação no contexto brasileiro, através da metodologia

do pensamento sistêmico e planejamento de cenários. O estudo foi

desenvolvido por um grupo interdisciplinar composto por

administradores, engenheiros e profissionais da área de TI em

encontros entre agosto e dezembro de 2016. Como resultado foi

possível desenvolver um mapa sistêmico dos fatos e construir possíveis

XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens

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cenários a partir dos modelos mentais projetados dos atores

envolvidos, bem como elencar pontos de alavancagem para mitigar a

corrupção e aumentar a qualidade da educação.

Palavras-chave: Corrupção; Educação; Planejamento de

Cenários; Pensamento Sistêmico

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1 Introdução

A corrupção parece ser uma das maiores mazelas do Brasil, sendo abordada como um

fenômeno histórico que afeta diretamente a vida das pessoas, reduz investimentos públicos em

áreas essenciais como saúde, educação, segurança, infraestrutura, entre outros deveres do

Estado (FILGUEIRAS, 2008).

Um dos desafios daqueles que se debruçam sobre o tema corrupção é justamente a sua

definição, pois atos como desvio de função para benefícios privados, tráfico de influências,

suborno, nepotismo, entre outros, estão inclusos. A origem do termo corrupção é derivada do

verbo rumpere que significa partir, romper. Seria o rompimento das regras, das leis ou de um

código de conduta ético ou social. (ANDRADE, 2013). Desta forma, a corrupção pode ser

entendida sob o aspecto moral relativo ao rompimento do indivíduo com suas virtudes e a

corrupção do mundo político, caracterizada pelo compêndio de leis e regras sem

necessariamente ligação com a moral individual. (ANDRADE, 2013; CASTRO, 2012;

MARTINS, 2007).

Ainda que os recentes escândalos de corrupção no Brasil acometam a população com a

sensação de que nunca na história houvesse tanta corrupção, sendo este mal particular, ou

senão exclusiva do Brasil, estamos diante de um grande engano, atos de corrupção existem

desde antes da descoberta do Brasil e permeia a história da humanidade. (BÍBLIA, 2015, cap.

ISAÍAS 5:23; MAQUIAVEL, 1513).

Percebe-se que a corrupção não advém de uma única causa, mas em virtude de

inúmeros fatores. Sousa (2011) classificou a corrupção em 4 categorias conforme a Figura 1:

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Figura 1 - Dimensões da corrupção

Fonte: Elaborado pelos autores (2017)

Com relação ao nível de desenvolvimento o autor afirma que a corrupção está

diretamente correlacionada a países com ampla desigualdade social, que atua como

moderador de distribuição de renda. Por outro lado a Cultura Cívica representa o interesse e

participação da sociedade na política e sua confiança nas instituições, em sociedades corruptas

as pessoas demonstram pouca ou nenhuma confiança nas instituições e nos políticos.

(ANDRADE, 2013). A qualidade das instituições representa órgãos de controle sérios e

independência do judiciário, sistema de leis robustas e ministério público atuante. (SOUSA,

2011). Já sociedades corruptas são caracterizadas pela elevada burocracia, que reduz a

eficiência administrativa, sistema judiciário moroso e ineficiente, com sistema de leis arcaico

e excessivo poder discricionário do governo na execução de políticas públicas além de

remuneração inferior ao setor privado. (DOURADO; AUGUSTO; ROSA, 2011;

HENRIQUE; RICCI, 2000; MARTINS, 2017).

De acordo com Klitgaard (1988), a corrupção é um crime econômico e não passional,

ainda que o fator moral tenha importância, o ato corrupto está relacionado com as condições

favoráveis para a concretização do crime. Para o autor a corrupção é derivada das

oportunidades de corrupção, das chances do autor ser descoberto e da probabilidade de

punição. (KLITGAARD, 1988).

Desta forma, a responsabilização e punição do autor da prática de corrupção tem um

papel central no combate à corrupção, pois ainda que a corrupção seja latente é o ato de punir

eficazmente que dá a resposta satisfatória a sociedade ao mesmo tempo em que desencoraja

possíveis novos atos corruptos. (ANDRADE, 2013)

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Nos últimos anos o Brasil tem sido palco de inúmeros escândalos de corrupção.

Operações da Polícia Federal e Ministério Público tem desvendado esquemas de desvios de

verbas públicas, impeachment, mau uso do dinheiro público além de conchavos para limitar a

ação de juízes e promotores. Mesmo com iniciativas de combate a corrupção como a operação

Lava Jato, o Brasil ainda ocupa a posição de quarto país mais corrupto do mundo segundo o

índice de corrupção do Fórum Econômico Mundial. (ALTAMIRANO, 2016).

Uma das áreas mais afetadas pela falta de investimentos e gestão é a educação onde o

Brasil ocupa posições muito aquém do desejável, refletindo políticas públicas desconexas e

falta de planejamento de curto, médio e longo prazo (MARANHÃO, 2012). Uma pesquisa

recente aponta que apenas 0,6% das escolas brasileiras tem uma infraestrutura considerada

ideal para o desenvolvimento dos alunos enquanto que 13.000 escolas sequer possuem energia

elétrica. (SOARES NETO et al., 2013). Essa precariedade é afetada pela corrupção que reduz

os recursos destinados aos estados e municípios e possui relação direta com o baixo

desempenho escolar (FERRAZ; FINAN; MOREIRA, 2008).

Melhorar a educação e eliminar a corrupção não é uma tarefa simples, visto que as

pessoas possuem visões muito diferentes a cerca do problema e tem opiniões diferentes de

como solucioná-lo, provocando ações isoladas e distorcidas por parte dos governantes que na

maioria das vezes são ineficazes, custosas e não geram o resultado esperado (ANDRADE et

al., 2006).

Para resolução destes conflitos, o Pensamento Sistêmico surge como uma alternativa

para facilitar o processo de entendimento do problema e propor ações eficazes nas causas

raízes, ou ainda ações alavancadoras que permitam atingir melhores resultados (SENGE,

1995).

Diante deste cenário esta pesquisa é o resultado de uma dinâmica da disciplina de

Métodos de Estruturação e Solução de Problemas e Planejamento de Cenários dos alunos do

programa de Mestrado em Engenharia de Produção da Unisinos que aplicou a metodologia do

Pensamento Sistêmico para entender a relação sistêmica entre Corrupção e Educação, montar

um mapa sistêmico, identificar os possíveis cenários, propor ações alavancadoras e elencar

um conjunto de estratégias robustas para mitigar o problema.

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2. O Pensamento sistêmico

O pensamento analítico durante muito tempo solucionou de forma satisfatória a

maioria dos problemas, seu método consistia em isolar as partes e entendê-las para entender o

todo, porém a crescente complexidade das organizações exigiu um modelo mais adequado. O

Pensamento Sistêmico pode ser considerado uma evolução deste modelo de pensamento

(KASPER, 2000), pois este tem por objeto de aplicação situações que necessitam de

explicação baseada em inter-relações envolvendo outras áreas do conhecimento como

engenharias, ciências sociais, tecnologia da informação, etc. (ANDRADE et al., 2006).

De acordo com Senge (2009) o Pensamento Sistêmico é um conjunto de métodos e

ferramentas que possibilita uma visão integrada e dinâmica das partes, colocando-as em um

contexto ao invés de isolá-las, mostrando-se adequado para resolver problemas complexos,

que possuem dependência de fatores externos ou de fatores que não tem ligação direta com o

problema. Este método possibilita desenvolver habilidades para entender e descrever as inter-

relações, visualizar os padrões de comportamento para então modificá-los de forma atingir os

objetivos eficientemente (SENGE, 1995).

A metáfora do iceberg ilustra os níveis de pensamento de forma adequada, quando se

realiza uma observação superficial percebem-se os eventos que estão presentes na realidade (o

que está acontecendo), já em níveis de observação mais profundos passa-se a observar os

padrões de comportamento (tendência), estrutura do sistema (como e porque acontece) e por

fim os modelos mentais (as forças que dão origem a estas estruturas). (SENGE, 1995).

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Figura 2 - Os níveis da realidade ilustrados pela metáfora do iceberg

Fonte: Adaptado a partir de tudoemdesenhos.com (2017)

Os Eventos consistem do que pode ser percebido pelas pessoas, estão no primeiro

nível e em geral são usados para explicar as situações e os problemas, levando em muitos

casos a agir de forma reativa (SENGE, 1995).

Os eventos, no entanto, fazem parte dos padrões de comportamento representando a

série histórica dos acontecimentos para visualizar como os eventos tem se comportado ao

longo do tempo e qual a sua tendência futura.

Aprofundando um pouco mais no entendimento das causas chega-se ao nível onde é

possível visualizar as estruturas sistêmicas e as relações de causalidade entre os elementos. A

visualização das estruturas sistêmicas permitem identificar os pontos de alavancagem e atuar

sobre os padrões de comportamento modificando-os.

No último nível os modelos mentais representam a visão de mundo dos atores

envolvidos, estes modelos influenciam as estruturas sistêmicas e por consequência os demais

níveis, entender os modelos mentais é fundamental para uma visão ampla da forma como as

estruturas sistêmicas são criadas e mantidas (ANDRADE et al., 2006).

O método sistêmico é um instrumento que vem evoluindo ao longo da história do

campo da Dinâmica dos Sistemas (ANDRADE et al., 2006), uma versão simplificada foi

proposta por Senge (1995), conforme segue:

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a) Definir uma situação complexa de interesse, verbalizando claramente o problema de

interesse;

b) Apresentar a história por meio de eventos, ao longo de um horizonte de tempo pré-

determinado;

c) Identificar as variáveis chave, elencando-se as variáveis para a compreensão do

problema, a partir da lista de eventos;

d) Traçar os padrões de comportamento, gerar gráficos para entender o comportamento

dos dados ao longo do tempo;

e) Desenhar o mapa sistêmico, identificando as relações de causalidade e desenhar as

estruturas sistêmicas;

f) Identificar os modelos mentais, levantar as crenças ou pressupostos que os atores

envolvidos mantêm em suas mentes e que influenciam seus comportamentos;

g) Realizar os cenários, visualizando os cenários futuros possíveis, desafiando os

modelos mentais preconcebidos sobre o futuro e compreender seus desdobramentos;

h) Modelar em computador, baseado nos cenários e modelos mentais;

i) Direcionadores estratégicos, com o planejamento das ações para atingir o alvo

desejado, reprojetando o sistema com os impactos dos pontos de alavancagem.

Como o objetivo é o desenvolvimento de competências para a aprendizagem do

método sistêmico a modelagem em computador não será foco deste estudo. Apresentado o

referencial teórico passamos ao estudo de caso.

3. Estudo de caso: aplicação do método de pensamento sistêmico

Este trabalho foi desenvolvido por um grupo constituído por onze pessoas com

formações distintas, Engenheiros de Produção, Administradores e atuantes no mercado

profissional, na área de Projetos, Produção e Educação Profissional.

A aplicação do método do pensamento sistêmico se deu por meio de encontros

semanais do grupo envolvido neste trabalho. Nos próximos tópicos encontra-se a síntese de

cada encontro e os aprendizados gerados sobre o tema de interesse, Entender, de forma

sistêmica, a relação circular de causalidade entre a Educação e a Corrupção, buscando

romper este enlace vicioso.

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3.1 Primeiro e segundo encontro: definição de um tema de interesse, compreensão do

problema e escolha das variáveis chaves

A escolha do problema central para o estudo do método de Pensamento Sistêmico

tradicionalmente se refere há um tema com relevante destaque na mídia, o que levou o grupo

a escolher a corrupção no Brasil e seus impactos na educação, com a seguinte questão de

estudo: “Entender, de forma sistêmica, a relação circular de causalidade entre a Educação e a

Corrupção, buscando romper este enlace vicioso”, tendo como horizonte o período de 1970 a

2030. Juntamente com a questão de estudo o grupo desenvolveu 4 questões norteadoras:

Quais os principais fatores que reforçam/mantem a corrupção e limitam a melhoria da

educação no Brasil? Como contabilizar os impactos negativos do enlace reforçador vicioso

Corrupção/Educação? Quais são as ações alavancadoras para a eliminação da corrupção E

elevação contínua da Educação? Como garantir a efetividade no tempo e no espaço das

ações propostas?

A partir deste momento o grupo foi incumbido de levantar fatos, eventos e suas

variáveis no período de 1970 a 2016. O resultado se deu em uma lista de 72 eventos iniciais

com algumas variáveis relacionadas a eles. A baixo entre os diversos eventos e variáveis

segue algumas na Erro! Fonte de referência não encontrada..

Tabela 1: Eventos e Variáveis

Ano Evento Variável

1988A nova constituição obriga a União a aplicar

18% da receita em educação% Arrecadação Investida em Educação

1992 Movimento dos caras-pintadas Número de Protestos no Brasil

1993 CPI dos Anões do Orçamento Número de Políticos Presos por Corrupção

2009MEC descobre desvio de R$ 1,2 bilhão em

verbas para educação básica.R$ Desviados da educação

2010 lei da Ficha Limpa Número de Políticos Ficha Suja

2011investimento de 6,1 % em relação ao PIB em

educaçãoInvestimento em Educação

2013 Onda de Protestos Contra a Corrupção Número de Protestos

2014 Operação lava jato

Número de Operações da Polícia Federal; Número

de Investigados pela PF; Número de Presos pela

PF; Ações Petrobrás

2015 Prisão dos Diretores da Odebrecht Número de Presos por Corrupção

2016Indiciamento de Lula e Marisa pela Polícia

FederalPolíticos Indiciados pela PF

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Fonte: Elaborado pelos autores (2016)

3.2 Terceiro encontro: a linguagem sistêmica e a construção do mapa sistêmico

De posse das variáveis levantadas anteriormente iniciou-se o trabalho de construção da

Estrutura Sistêmica. Subgrupos realizaram analise de grupos de variáveis para identificar

correlações com propósito de melhor compreender o problema, além de nivelar os membros

sobre o tema em questão e auxiliar a identificar os padrões de comportamento. Nesta etapa

utilizou-se a linguagem sistêmica para visualizar o impacto das variáveis sobre outras. Para

maiores detalhes sobre a linguagem sistêmica ver em Andrade et al. (2006).

Identificadas as principais relações entre as variáveis apontadas por 4 grupos de

trabalho, a versão 1 do mapa sistêmico, o qual contemplou um conjunto de 72 variáveis e

inúmeras interações e influencias. A Figura 3 apresenta a consolidação do mapa sistêmico.

Figura 3: Estrutura Sistêmica

Fonte: Elaborado pelos autores, 2016.

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O exercício de construção dos mapas sistêmicos apontou a necessidade de acesso a

informações e por outro lado o processo de construção das estruturas sistêmicas gerou

aprendizado.

3.3 Quarto encontro: aprimoramento da estrutura sistêmica utilizando arquétipos

De acordo com Senge (1995), os arquétipos facilitam a construção de hipóteses

coerentes sobre forças que atuam sobre o comportamento de um sistema. Arquétipo significa

“primeiro de sua espécie”, na linguagem sistêmica são estruturas que traduzem

comportamentos comumente observados (ANDRADE et al., 2006).

Neste encontro o objetivo foi validar a estrutura sistêmica existente com a inserção dos

arquétipos. Para tanto seguiu-se os passos descritos abaixo:

a) Focalizar 2 ou 3 variáveis principais;

b) Escolha um ou mais arquétipos que se apliquem as variáveis escolhidas;

c) Combinar os arquétipos com o mapa sistêmico desenhado anteriormente;

Figura 4: Exemplos de Arquétipos

Fonte: Elaborado pelos autores (2016)

A Figura 4 destaca dois dos arquétipos apresentados, onde no Limites ao Crescimento à

ação dos tribunais de contas regula os gastos do Governo limitando benefícios sociais e outras

medidas populistas com intuito de permanência no poder, bem como no arquétipo Quebra-

galhos que não dão certo, as ações do governo no sentido de reduzir a pressão da oposição por

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compra de apoio geram ações do Ministério Público e Policia Federal que repercutem na

mídia realimentando o círculo vicioso.

3.4 Quinto encontro: definição dos atores principais e seus modelos mentais

Nesta etapa o grupo identificou os Atores principais e seus Modelos Mentais que de

acordo com Andrade et. Al. (2006), através do entendimento dos modelos mentais pode-se

gerar mudanças profundas na realidade, pois os modelos mentais influem na forma de pensar

e agir dos atores, dando forma ou mantendo as estruturas sistêmicas. Assim, o grupo

identificou 14 atores principais e para cada ator responde três perguntas: o que o ator faria

para manter/eliminar a relação sistêmica corrupção e educação? Qual a do ator sobre a relação

sistêmica corrupção e educação? Como o ator é impactado/beneficiado pela corrupção? Estes

dados após compilados e agrupados foram dispostos na estrutura sistêmica, gerando 14

estruturas uma para cada ator.

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Tabela 2: Modelos Mentais dos atores

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Poder Executivo

Prometemos a todos que iremos

diminuir a corrupção e melhorar

a educação

Políticas assistencialistas

garantem votos e apoio do povo.

Investir o mínimo possível em

educação para manter a

população menos politizada.

Legislativo

A corrupção não está no poder

Legislativo, mas sim no

Executivo.

A falta de governança é que

provoca a corrupção.

A corrupção deve ser eliminada e

a educação deve ter mais

investimentos, porém não

podemos propor algo que irá nos

prejudicar

"É preciso aprovar urgentemente

leis que limitem a independência e

o uso fascista da justiça."

Judiciário

Precisamos julgar com

consciência os esquemas de

corrupção

Temos que lutar pela autonomia e

harmonia entre os poderes,

somente unidos poderemos

auxiliar a sociedade a percorrer o

melhor caminho, livrando-a da

corrupção.

A educação do povo gera um

comportamento de maior cobrança

em relação às ações da justiça

Políticos

Quando eu tiver oportunidade

de estar no poder, vou terminar

com a corrupção e investir

largamente em educação.

Se tanta gente roubou em grandes

quantias, roubar um pouquinho

não fará diferença.

Pessoas com pouca instrução são

mais suscetíveis as promessas

políticas

EducadoresSó a educação salvará a pátria!

Valorização aos educadores!

Vamos protestar, não é possível

ver algumas pessoas roubar tanto

e nós sofrermos por falta de

dinheiro

Gerar consciência no maior

numero de pessoas a fim de elevar

o senso crítico da população

Estudantes

Primeiramente, Fora Temer.

Depois, FORA PEC 241!

#OCUPATUDO

Se o Lula foi presidente sem

estudar, porque eu tenho que

estudar? Como a sociedade vai

mudar se o governo corta

investimentos em educação?

Lutar pelos seus direitos e criar

movimentos pró-educação.

Sociedade

Protestando contra os políticos

corruptos, e fazendo boas

escolhas na hora de votar

Isso é tão complicado que prefiro

nem me meter, no máximo posso

participar de um protesto

A corrupção é um crime que

desvia o dinheiro que deveria ser

aplicado na educação e demais

programas para proporcionar o

desenvolvimento da sociedade

Empresas

A corrupção é um meio para

facilitar negócios e simplificar a

solução de problemas.

Redução de Impostos! Reduzindo

os impostos haverá menos

dinheiro para os políticos

roubarem e nós seremos mais

competitivos!

É difícil de tentar ajudar, se eu me

meter algum político pode

complicar os meus negócios

Policia Federal

Temos que investir cada vez

mais em investigações, áreas de

inteligência e equipamentos.

Quanto mais investigação e

políticos presos, mais requintada é

a forma de corrupção.

Quanto mais investigação e

políticos presos, mais requintada

é a forma de corrupção.

MP

Está cada vez mais difícil

investigar fraudes nas esferas

governamentais, o processo

está cada vez mais requintado

A corrupção é um crime que

fragiliza o sistema democrático e

vai contra os interesses sociais,

devendo ser combatido

Vamos fazer mais investigações,

existem muitas brechas

Mídia

Tenho o poder de levar

informações sobre os esquemas

de corrupção ao maior número

de pessoas.

Divulgando todos e quaisquer

esquemas de corrupção e sendo

imparcial

A educação é o instrumento de

desalienação da sociedade capaz

de eliminar a corrupção

Movimentos

Sociais

O Estado deveria garantir

educação de qualidade para

todos gratuitamente.

Não basta divulgação da mídia, é

preciso mais investigação,

apuração e punição.

Vamos fazer protestos, são muitos

envolvidos praticando roubo

Órgãos de

Controles

Defender o patrimônio publico

e a transparência nas relações

do governo

É preciso que o combate a

corrupção torne-se política de

Estado

Precisamos cada vez mais

fiscalizar as instituições a fim de

manter a idoneidade das mesmas,

e assim, liberar recursos para que

sejam investidos corretamente.

Setor

Financeiro

Não pode influenciar

negativamente os governantes,

pois prejudicaria o setor

financeiro.

A corrupção é provocada pela

falta de governança e pela

aquietação dos órgãos de controle

e a aceitação da população de que

a corrupção é cultural.

Privatizar o maior número de

funções do governo.

O que o ator faria para manter/eliminar a relação sistêmico corrupção e educação?

modelos mentais  

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Fonte: Elaborado pelos autores (2016)

Figura 5: Estrutura consolidada com Modelos Mentais

Fonte: Elaborado pelos autores (2016)

3.5 Sexto encontro: cenários

Nesta etapa identificaram-se as forças motrizes que impactavam sobre a estrutura

sistêmica construída. As forças motrizes geralmente são externas e atuam estruturalmente na

realidade. São classificadas em “tendências predeterminadas” onde por aquilo que já se sabe é

possível inferir com aceitável nível de certeza seus desdobramentos ou “incertezas críticas”,

onde força atuante é influenciada por fatores imprevisíveis, sobre as quais não se tem ideia de

seus desdobramentos no futuro, conforme a Tabela 3.

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Tabela 3: Forças Motrizes

Tendência pré-determinada Incertezas Críticas

Sistema político

Mudança de modelo educacional

Participação da presença do estado na economia

Grau de conscientização da população

Empresários como políticos

Eficiência do sistema jurídico

Cultura da corrupção

Qualidade do sistema educacional

Fonte: Elaborado pelos autores (2016)

De acordo com a Tabela 3 oito forças motrizes foram identificadas pelo grupo, sendo

que seis foram classificadas como tendências pré-determinadas e duas como incertezas

críticas, utilizadas para a construção dos cenários conforme a Erro! Fonte de referência não

encontrada..

Figura 6: Cenários

Fonte: Elaborado pelos autores (2016)

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Cenário 1 – alto nível educacional/baixa corrupção na sociedade (sou brasileiro e não

desisto nunca)

Este cenário surge com investimentos de longo prazo em educação, o que proporciona

a formação e retenção de professores qualificados, que melhoram a qualidade do ensino,

desenvolvendo o senso crítico e ético dos estudantes.

Neste cenário, uma vez que o nível educacional é alto, e a incidência de corrupção na

sociedade é baixa, a confiança de investidores externos passa a ser fortalecida, atraindo mais

investimentos para o país. Consequentemente existe um forte desenvolvimento econômico,

evidenciado por meio do aumento constante do PIB.

Uma vez que o cenário se configure, o governo deve revisar o planejamento

estratégico de melhoria da educação, aumentando o investimento de longo prazo neste

segmento.

Cenário 2 – alto nível educacional/alta corrupção na sociedade (o mais lento voa!)

Este cenário se configura a partir do aumento dos investimentos em educação e da

sofisticação da corrupção, em todas as esferas. Sendo que com maiores investimentos em

educação e pouco incentivo em trabalhar as questões éticas e sociais, anticorrupção no

sistema educacional ocorre uma sofisticação do processo de corrupção.

Neste cenário, apesar de que há formação de profissionais com alto nível educacional,

o nível elevado de corrupção desestimula o investimento externo no país, o que enfraquece o

desenvolvimento econômico, reduzindo o PIB, provocando aumento do desemprego e má

gerenciamento dos recursos públicos.

Uma vez que o cenário tenha se configurado, o governo deverá adotar estratégias que

aumentem o rigor das Leis Anticorrupção, chamada estratégia Escalada e também a Escalada

2, que se configura como incentivos para que alunos com maior potencial atuem em setores

anticorrupção.

XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens

avançadas de produção”

Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.

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Cenário 3 – baixo nível educacional/ baixa corrupção na sociedade (pobre, mas

limpinho!)

Este cenário se configura através de uma má administração pública, que interfere na

priorização de recursos públicos para investimentos em educação e P&D. Este fato reduz o

nível educacional da população, bem como o nível de qualificação dos políticos e a qualidade

da administração pública.

O cenário representa um ambiente de baixa confiabilidade dos investidores externos,

apesar de caracterizar-se por baixa corrupção. A má administração gera dúvidas acerca da

confiabilidade em investir no país, o que diminui o número de investimentos externos. Os

poucos investimentos contribuem para a instabilidade do PIB, provocando alto nível de

desemprego e maior desigualdade social, dificultando o acesso a escolas e reduzindo o nível

educacional da população.

Uma vez que o cenário se configure, o governo deve elaborar um plano para aumentar

o investimento em educação e P&D na tentativa de aumentar o nível educacional. Também

deve atuar no incentivo a criação de leis anticorrupção mais severas de modo a garantir a

manutenção dos baixos níveis de corrupção.

Cenário 4 – alta corrupção / baixa educação (eh nóis!!)

Este cenário surge com poucos investimentos de longo prazo em educação, o que

dificulta a formação e retenção de professores qualificados, refletindo diretamente no baixo

nível de qualidade do ensino, e no baixo desenvolvimento do senso crítico e ético dos

estudantes.

Neste cenário, uma vez que há baixo nível educacional, há uma alta incidência de

corrupção na sociedade, provocando uma redução considerável da confiança de investidores

externos, reduzindo drasticamente o volume de investimentos para o país. Consequentemente,

há uma redução no desenvolvimento econômico, evidenciado por meio da queda brusca do

PIB do país.

Uma vez que o cenário se configure, o governo deve elaborar um planejamento

estratégico de melhoria da educação, visando investimentos de longo prazo. Criar leis

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Anticorrupção robustas e desenvolver um método eficiente de fiscalização nas esferas público

e privada.

Divulgar estrategicamente através da mídia o percentual de investimento social não ser

realizado, devido ao grande volumes de desvio de dinheiro público, oriundo da corrupção

sistêmica, visando elevar o nível de conscientização da sociedade.

Preparar e divulgar um plano robusto para quebrar o enlace circular vicioso entre

educação/corrupção vivenciada pelo país, como forma de aumentar o desenvolvimento

sustentável, gerando confiança e atraindo mais investimentos futuros para economia interna.

3.6 Sétimo encontro: responder as questões norteadoras e reprojetar o sistema

No último encontro o objetivo foi responder as questões norteadoras e encontrar os

pontos de alavancagem. Senge (1995) considera que os pontos de alavancagem são aqueles

onde se atuar pode-se alcançar resultados mais impactantes de forma duradoura. Para tanto o

grupo poderia adicionar novos elementos, relacionamentos ou enlaces faltantes; refazer

conexões que não produzem os efeitos desejáveis ou ainda alterar a estrutura respondendo

quais modelos mentais que precisam ser desafiados?

Para atingir o objetivo desta etapa gerou-se um Mapa Estratégico para atingir o

cenário 1, esse mapa foi criado sob a ótica do BSC (Balance Score Card), e pretende servir de

apoio para as tomadas de decisões. Para isso existem 4 perspectivas a serem alcançadas:

Social; Mercado / Clientes; Processos internos; Pessoas & Aprendizagem.

O objetivo do Mapa Estratégico é:

Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia;

Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas;

Alinhar iniciativas estratégicas;

Melhorar o feedback;

O Mapa Estratégico visa o ganho Social, eliminando qualquer tipo de corrupção e

priorizando a educação de alta qualidade. Acredita-se que esse mapa pode nós levar a uma

melhora significativa.

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Figura 7: Mapa estratégico sob a ótica do BSC

Fonte: Elaborado pelos autores (2016)

4. Aprendizado e considerações finais

Com base no estudo que foi realizado, através da aplicação do Método do Pensamento

Sistêmico e Planejamento de Cenários (PSPC), percebeu-se que uma ampla compreensão da

relação circular de causalidade entre a Corrupção e a Educação no Brasil é uma tarefa

complexa e difícil, visto a quantidade de atores envolvidos e os mais diversos pontos de vista

sobre o problema e as formas de buscar soluções, muitas delas reativas e simplistas, sem levar

em conta as relações com outros fatores e os impactos destes eventos na sociedade.

Porém, a utilização do método do pensamento sistêmico auxiliou a compreender os

diversos eventos de forma relacionada orientando a uma melhor interpretação das séries

históricas de eventos que não foram devidamente tratados.

A identificação dos eventos e as séries históricas de suas respectivas variáveis

possibilitou a melhor compreensão dos indicadores que auxiliam a quantificar a evolução do

evento no período de interesse. Outro ponto a se destacar é que através da detecção de padrões

de comportamento foi possível estruturar as inter-relações dos eventos através da construção

dos arquétipos, clarificando o aprendizado da metáfora do iceberg.

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A identificação dos modelos mentais e a construção dos cenários trouxe grande

aprendizado ao grupo uma vez que este processo busca entender a forma de pensar e agir dos

atores e quais os futuros possíveis baseados nesses modelos. Uma limitação é a

impossibilidade de contar com a presença dos atores para expor seus modelos mentais e ter

seus pontos de vista.

Por fim geralmente há um entendimento raso sobre problemas complexos como

corrupção e educação, sendo o entendimento do problema costuma ser o primeiro passo para a

solução do mesmo e o Método Sistêmico se apresenta como uma ferramenta confiável para

endereçar este e outros problemas de mesma natureza, possibilitando ampliar nossa visão para

ações que realmente serão eficientes na solução do problema.

Como forma de disseminar o aprendizado aqui adquirido sobre o Método Sistêmico,

foi construído um website (http://www.corrupcaoeeducacao.com.br) com os passos para

futuras aplicações.

5. Bibliografia

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Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/03/internacional/1475517627_935822.html>. Acesso

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