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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA MARIA JOSÉ JORGE MACHADO CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA Barra do Garças - MT 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

MARIA JOSÉ JORGE MACHADO

CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA NO

ENSINO DE GEOGRAFIA

Barra do Garças - MT

2016

MARIA JOSÉ JORGE MACHADO

CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA NO

ENSINO DE GEOGRAFIA

Trabalho de conclusão de curso de graduação

apresentado ao Instituto de Ciências Humanas e

Sociais do curso de Geografia da Universidade

Federal de Mato Grosso, campus Universitário do

Araguaia, como requisito parcial para a obtenção do

título de Licenciado em Geografia.

Orientador: Adriana Queiroz do Nascimento Pinhorati

Barra do Garças - MT

2016

MARIA JOSÉ JORGE MACHADO

TÍTULO: CORRIDA DE ORIENTAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA

NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Instituto de Ciências Humanas e

Sociais do curso de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Universitário

do Araguaia, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Geografia.

Aprovado em: 30 de abril de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profª. Me. Adriana Queiroz do Nascimento Pinhorati - UFMT

Orientadora

__________________________________________

Profª. Dr. Marilene Marzari - UFMT

__________________________________________

Profª. Me. Pollyany Martins Pereira Martins - UFMT

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Valdenor

da Silva Machado e Maria Zélia Jorge Machado que

foram meus alicerces, base de sustentação desde

princípio. Também ao meu esposo José Aldo Alves

Correia, que sempre me incentivou, estando do meu

lado, nos maus e bons momentos dessa minha vida

acadêmica.

Nos momentos que pensei em desistir, você

estava lá, me apoiando, segurando minha mão,

dizendo:

“Você é capaz, apenas tem que

confiar em você mesmo. Ergue cabeça, e

vai lá”.

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, pois se não por ele, nada sou. Pela fé, pela saúde, sabedoria,

discernimento, entre outras benções que me concedeste.

Em segundo lugar agradeço a minha família que, pra mim, é tudo. Que com amor e dedicação

deram-me base para a minha formação pessoal. Ao meu esposo que participou e colaborou

nesta caminhada, sempre paciente e amoroso, não permitindo minha desistência.

Em terceiro, agradeço a todos os colegas de sala, principalmente, Wislane Castro, Tânia

Bogue, Matheus Diniz e Vanúsia, pessoas abençoadas que passaram em minha vida, que

ainda estão e vão ficar eternamente em meu círculo de amizade.

Agradeço também a todos professores que muito me ensinaram. Com destaque A Prof.

Adriana Queiroz do Nascimento Pinhorati que, com grande competência e delicadeza, me

orientou nesta pesquisa.

Por fim sou grata a tudo e a todos.

Muito Obrigado.

RESUMO

Ensinar e apreender Geografia são uma tarefa diária tanto para o educador, quanto para o

aluno, aparentemente simples, porém complexa, sendo que é um desafio para ambas as partes.

Para os alunos, “aprender” é uma tarefa difícil quando não se tem prazer e nem gosto pelo que

está sendo trabalhado, sendo este o desafio maior para o professor de geografia, está em

despertar o interesse nos alunos para os assuntos abordados pela ciência geográfica. Pensando

nisso que apresentamos este trabalho com a temática, Corrida de Orientação: Uma experiência

prática no ensino de Geografia. Foi desenvolvida no espaço físico escolar, na qual abarcou o

cotidiano e o espaço vivido pelos alunos. Levantamos assim o problema, como a corrida de

orientação poderia ajudar tanto os alunos quanto professores a lidarem com os desafios de

aprender e ensinar a linguagem cartográfica? Para isso temos como o objetivo principal de

propor uma forma mais dinâmica e prazerosa de ensinar e aprender cartografia através da

Corrida de Orientação, e como objetivos específicos, analisar as possibilidades de uso da

corrida de orientação, como recurso prático e didático ao ensino de Geografia e compreender

e interpretar os conteúdos da linguagem cartográfica na teoria e na prática. Do ponto de vista

metodológico utilizamos o de natureza qualitativa, e como procedimentos, observação,

aplicação da prática e questionário. Trouxeram valiosas contribuições para o desenvolvimento

de habilidades básicas para compreender e interpretar mapas, resultando, assim, num ensino

de Geografia mais interessante e atrativo. Este estudo fundamenta-se nos autores que tratam

da temática, tendo como principais fontes de pesquisa os autores Almeida (2008), Callai

(2011), Carlos (2009), Costa (2015), Passini (2008), Pontuschka (2007).

Geografia. Palavras - Chaves: Corrida de Orientação. Ensino de Geografia. Cartografia.

ABSTRACT

Teach and learn Geography is a daily task for both the educator and the taught, seemingly

simple yet complex, and is a challenge for both parties. For students, "learning" is a difficult

task when you do not have pleasure and no taste for what is being worked on, which is the

biggest challenge for the teacher of geography, it is to arouse interest in students to the issues

raised by the geographical science . Thinking about it we present this work to the theme,

Orienteering Race: A practical experience in teaching Geography. It was developed in school

physical space in which covered the everyday and the space lived by the students. thus raise

the problem, such as orienteering could help both students and teachers cope with the

challenges of learning and teaching the cartographic language? For that we have as the main

objective of proposing a more dynamic and enjoyable way to teach and learn mapping

through the Guidance Racing, and specific objectives, analyze the orienteering usage

possibilities as practical and didactic resource to teaching Geography and understand and

interpret the contents of cartographic language in theory and practice. From a methodological

point of view the use of a qualitative nature, and as procedures, observation, practical

application and questionnaire. They brought valuable contributions to the development of

basic skills to understand and interpret maps, thus resulting in a more interesting and

attractive geography education. This study is based on the authors who treat the theme, the

main sources of research the ALMEIDA authors (2008), Callai (2011), Carlos (2009), Costa

(2015), PASSINI (2008), Pontuschka (2007).

Key - words: Orienteering race. Geography Teaching. Cartography.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Planta baixa da Escola Irmã Diva Pimentel ........................................................... 25

Figura 2, 3 – Mapa da sala de aula .......................................................................................... 28

Figura 4 – Mapa do percurso Casa para Escola ...................................................................... 29

Figura 5,6 – Prismas construídos pelos alunos ....................................................................... 30

Figura 7,8 – Alunos praticando a corrida de orientação ......................................................... 32

LISTA DE FIGURAS

CBO – Confederação Brasileira de Orientação

EEIDP – Escola Estadual Irmã Diva Pimentel

FPO – Federação Portuguesa de Orientação

GPS – Sistema de Posicionamento Global

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IOF – International Orienteering Federation

LDB – Leis de Diretrizes e Bases da Educação

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP – Projeto Político Pedagógico

SIG – Sistema de Informação Geográfica

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 09

1. ENSINAR E APRENDER GEOGRAFIA ....................................................................... 12

1.1 GEOGRAFIA ESCOLAR NA ATUALIDADE ...................................................... 12

1.2 A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA NA GEOGRAFIA ............................... 14

1.3 A CARTOGRAFIA ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL II ..................... 16

2. CORRIDA DE ORIENTAÇÃO E O ENSINO DE GEOGRAFIA ............................... 19

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO ........................... 19

2.2 A IMPORTÂNCIA DA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO PARA O ENSINO DE

GEOGRAFIA ................................................................................................................. 22

3. A CORRIDA DE ORIENTAÇÃO E A PRÁTICA NA ESCOLA ................................ 25

3.1 CONTEXTO DO LOCAL DE ESTUDO: ESCOLA IRMÃ DIVA PIMENTEL ... 25

3.2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO ........................................................................ 26

3.3 DESENVOLVIMENTO PRÁTICO ........................................................................ 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 34

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 35

ANEXOS ................................................................................................................................ 38

12

INTRODUÇÃO

Um dos desafios, atualmente, do ensino e aprendizagem é associar o conteúdo

escolar com o cotidiano do aluno, transformando-os em algo interessante. Assim, os

professores vivem em busca de novas estratégias e técnicas para tornar o ensino mais atraente

para os alunos. Exibimos aqui para discussão a proposta da experiência prática: Corrida de

Orientação no ensino de Geografia, desenvolvida no espaço físico escolar, na qual abarcou o

cotidiano e o espaço local dos alunos, assim temos a categoria análise: Lugar, que propõe a

dimensão espacial da realidade dos mesmos.

Partindo desta explanação, este trabalho levanta o seguinte problema: como a corrida

de orientação poderia ajudar tanto os alunos quanto professores a lidarem com os desafios de

aprender e ensinar a linguagem cartográfica? O interesse pelo tema, surgiu a partir de um

relato de experiência, que conhecemos, em um evento da Geografia1 no qual apresentou

resultados muito interessantes. Outro ponto que justifica a escolha do tema foram os desafios

encontrados na prática de ensinar e aprender Geografia, observados durante o estágio II, tanto

no acompanhamento do professor do ensino fundamental quanto do médio.

Partido deste pressuposto surgiu a ideia de conciliar o estágio supervisionado III

(Regência) com o desenvolvimento da pesquisa para a construção do TCC, realizado na turma

de 6º ano A, da Escola Estadual Irmã Diva Pimentel. O procedimento para escolha da turma

se deu devido os conteúdos que compõem a matriz curricular do 6º ano do Ensino

Fundamental. Este trabalho foi elaborado com o objetivo principal de propor uma forma mais

dinâmica e prazerosa de ensinar e aprender cartografia através da Corrida de Orientação.

Nesse sentido, o primeiro objetivo específico, foi analisar as possibilidades de uso da

corrida de orientação, como recurso prático e didático ao ensino de Geografia. O segundo

objetivo esteve relacionado em compreender e interpretar os conteúdos da linguagem

cartográfica na teoria e na prática. Do ponto de vista metodológico utilizamos o de natureza

qualitativa, na qual contempla duas partes distintas, mas que se integram: teorias e prática.

O estudo está centrado, na observação e aplicação de uma experiência prática, e os

resultados são descritos seguindo a abordagem qualitativa. Para Minayo (1994, p. 123), “A

1 Fala Professor 2015 que ocorreu na cidade de Catalão – GO. Esse é um evento realizado pela

Associação dos Geógrafos Brasileiros e que está diretamente voltado para o ensino de Geografia.

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pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, ela se preocupa com um nível de

realidade que não pode ser quantificado”.

No primeiro momento foram necessárias leituras e revisão de material bibliográfico,

com o propósito de fundamentar a pesquisa, sendo que o levantamento foi feito com base em

livros, artigos, dissertações, teses entre outros que apresentaram rigor científico. No segundo

momento realizamos a parte teórica da pesquisa, na qual foram ministradas aulas, que

abordaram assuntos de orientação e localização (rosas dos ventos, mapas, escalas, latitude,

longitude, fusos horários, em que os alunos tiveram explicações sobre como utilizar a bússola

e confeccioná-la, leitura e interpretação de mapas e produção de croquis).

Assuntos esses que estão organizados nas duas primeiras unidades do livro didático

trabalhado. Também foi necessária uma exposição sobre o histórico da Corrida de Orientação,

ou seja, o que é, onde é praticada essa atividade, suas regras, seus instrumentos, seus

benefícios e sua importância para o ensino de Geografia. No terceiro momento coube à parte

prática da pesquisa: corrida de orientação, onde foi desenvolvida no espaço físico escolar, em

que nesta prática, foram utilizados croquis (confeccionado a partir da planta baixa da escola) e

pontos de controle (prismas, construídos pelos os próprios alunos) afixados no percurso da

corrida.

Entre as técnicas de análises, foi utilizado um questionário avaliativo, com os alunos,

no qual podiam dissertar a respeito suas críticas e opiniões sobre a atividade praticada,

contribuindo para a análise da mesma. Minayo (2004, p. 108) considera que o questionário

semiestruturado “combina perguntas fechadas (ou estruturadas) e abertas, onde o entrevistado

tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas

pelo pesquisador”.

O questionário, segundo Gil (1999, p.121), pode ser definido “como a técnica de

investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por

escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos,

interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Digamos então que o questionário é uma

ótima técnica para obtenção de informações, segundo os autores:

Método que se usado de forma correta, é um poderoso instrumento na

obtenção de informações, tendo um custo razoável, garantindo o anonimato

e, sendo de fácil manejo na padronização dos dados, garantindo

uniformidade. Fica claro, então, ser este um modelo de fácil aplicação,

simples, barato, e plenamente hábil a possibilitar ao aluno desenvolver suas

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pesquisas e alcançar o tão almejado e fundamental status de pesquisador.

(CHAER, DINIZ, RIBEIRO, 2011, p. 263).

Assim, este trabalho de conclusão de curso se encontra divido em três capítulos. No

primeiro expusemos um breve relato da ciência geográfica, da Geografia escolar na atualidade

e da importância da cartografia escolar no ensino fundamental II. No segundo capítulo,

apresentamos o contexto histórico da corrida de orientação desde sua origem aos dias atuais,

ou seja, como surgiu, onde praticada, suas regras, seus instrumentos, seus benefícios e sua

importância no ensino de Geografia.

No terceiro capítulo trazemos o contexto do local de pesquisa, descrevendo as

características gerais da Escola Irmã Divas Pimentel; apresentamos a descrição

desenvolvimento teórico e prático e análise dos resultados obtidos. Por fim apresentamos uma

síntese dos principais resultados alcançados no trabalho, perspectivas que possam contribuir

para a compreensão do objeto de pesquisa, nas considerações finais.

15

1. ENSINAR E APRENDER GEOGRAFIA

1.1 A GEOGRAFIA ESCOLAR NA ATUALIDADE

No período em que vivemos, as transformações espaciais se tornam mais complexas

e a ciência geográfica é cada vez mais fundamental na contribuição da compreensão do

mundo, eis aí a importância da Geografia no currículo escolar. Sabemos que a Geografia ao

longo de sua constituição como ciência, passou por diversas discussões teórico-

metodológicas, desenvolvendo um processo singular na recriação de uma leitura de seu objeto

de estudo. Em que evolui de síntese das outras ciências para uma disciplina científica, de

epistemologia própria. Ficando marcada em sua trajetória, pelas diversas correntes e

tendências do pensamento geográfico.

Podemos dizer que com o decorrer das mudanças nas correntes filosóficas da

Geografia, notamos sua transformação também dentro do ensino de Geografia. Sendo que

num primeiro momento, na segunda metade do século XIX, tivemos a chamada Geografia

Tradicional de caráter descritivo, que serviu para a legitimação expansionista, no qual

basicamente se constituía como descrição e mapeamento do território. Segundo Diniz Filho

(2009, p.5), a “Geografia Tradicional se divide em três vertentes que se expressam no

determinismo ambiental, o possibilismo e diferenciação de áreas. Ensino esse, baseado na

ideia de homem-natureza, sem priorizar as relações sociais”.

Surgiu em meados da década de 50, conhecida como nova Geografia, após segunda

2ª Guerra mundial, forte tendência nos estudos regionais, pautava-se na busca de explicações

objetivas e quantitativas da realidade, para suprir a necessidade da geopolítica. Segundo

Corrêa:

Ao contrário do paradigma possibilista e da geografia hartshorniana, a nova

procura leis ou regularidades empíricas sob a forma de padrões espaciais.

Emprega técnicas estatísticas, utiliza geometria, exemplificada com teoria

dos grafos...adoção de certas analogias com as ciências da natureza e o

emprego de princípios da economia burguesa caracterizam o arsenal de

regras e princípios adotados por ela. É conhecida também como geografia

teorética ou geografia quantitativa (CORRÊA, 1990, p.18).

Durante as décadas de 70 e 80, prosseguiu esse o debate interno à Geografia. Corrêa

(1990, p.19), aponta “uma geografia nascida de novas circunstâncias que passam a

16

caracterizar o capitalismo. Trata-se da Geografia crítica, cujo vetor significativo é aquele

calcado no materialismo histórico e na dialética marxista”. A respeito disto:

Geografia Crítica é uma frente, onde obedecendo a objetivos e princípios

comuns, convivem propostas díspares. Assim, não se trata de um conjunto

monolítico, mas, ao contrário, de um agrupamento de perspectivas

diferenciadas. A unidade da Geografia Crítica manifesta-se na postura de

oposição a uma realidade social e espacial contraditória e injusta, fazendo-se

do conhecimento geográfico uma arma de combate à situação existente

(MORAES, 1999, p.47).

No Brasil a Geografia Crítica surge nos trabalhos de Milton Santos. Na obra Por uma

Nova Geografia (de 1978), o autor busca um melhor conhecimento do espaço humano,

revisando criticamente a evolução da Geografia. Digamos então, que é uma corrente

geográfica, constituída de acordo com a realidade social vivida em determinado espaço e

tempo. Abordagem essa que significou um novo trilhar na ciência geográfica, fazendo com

que o espaço deixasse de ser a referência central devido sua dimensão abstrata.

Contudo, o atual período histórico no mundo, denominado por Milton Santos de

meio técnico-cientifico-informacional, submete a sociedade à nova era da informação e dos

sistemas tecnológicos, trazendo consigo um novo desempenho político e social. É através

dessa nova realidade que o ensino de Geografia gera conceitos e conteúdos explicativos sobre

os fatos vividos na cotidianidade dos alunos. Como assinala Callai:

Geografia é a ciência que estuda, analisa e tenta explicar o espaço produzido

pelo homem e, enquanto matéria de ensino, ela permite que o homem se

perceba como participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali

ocorrem são resultados da vida e do trabalho das pessoas e estão inseridos

num processo de desenvolvimento (2011, p.19.)

Dentro desta análise podemos dizer que a Geografia pode ser explicada através dos

fatos vividos na própria cotidianidade do aluno, sendo estes inseridos em uma sociedade que

em seu cotidiano está associada à economia e à visão do pensamento único do mundo. Nessas

condições, de acordo com Vesentini:

[...] é extremamente importante, muito mais do que no passado, que haja no

sistema escolar uma disciplina voltada para levar o educando a compreender

o mundo em que vive, da escala local até a planetária, dos problemas

ambientais até os econômico-culturais (VESENTINI, 1999, p. 22).

17

É sobre esta perspectiva que a Geografia propõe um ensino veiculado para mudanças e

ou tentativas de minimização e reflexão do homem e seu compromisso com a sociedade.

Segundo Damiani (1999, p. 50) “conhecer o espaço é conhecer a rede de relações que está

sujeito, do qual é sujeito”. Nessa perspectiva, reiteramos a importância da ciência geográfica,

na ótica da Geografia Escolar na atualidade, atuando no meio social e desenvolvendo o papel

de agente transformador das condições sociais. Na busca do entendimento da realidade e nas

possíveis soluções de estar renovando e melhorando a qualidade das questões da sociedade.

1.2 A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

A Cartografia contribui significativamente para a construção dos conhecimentos

geográficos, pois, por meio dela, são representados elementos e características dos fenômenos

que permitem a compreensão do espaço. O ser humano, desde o princípio, manifestou a

necessidade de conhecer o mundo e de se orientar sobre o espaço. Essa necessidade de

localização ao longo dos tempos levou à evolução das formas de orientação, elaboração e

interpretação de mapas, uso da bússola, além da criação dos sistemas de coordenadas

geográficas (sistema de posicionamento global) aplicadas nas mais diversas áreas. Dessa

necessidade, nasceu a Cartografia.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013) o conceito

de Cartografia mais aceito, na atualidade, foi estabelecido em 1966, pela Associação

Cartográfica Internacional (ACI), sendo, em seguida, confirmado pela UNESCO:

A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações

científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de

observações diretas ou da análise de documentação, se voltam para a

elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação

de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos,

bem como a sua utilização (IBGE, 2013, p.2).

Conhecer e representar a Terra, este foram os primeiros objetivos da Cartografia que

foi consolidada como ciência junto à geografia, sendo a Cartografia:

A ciência da representação e do estudo da distribuição espacial dos

fenômenos naturais e sociais, suas relações e suas transformações ao longo

do tempo por meio de representações cartográficas – modelos icônicos – que

18

reproduzem este ou aquele aspecto da realidade de forma gráfica e

generalizada (MARTINELLI, 2002, p.29).

Podemos, assim, dizer que a Cartografia tem como finalidade estudar as

representações da superfície da terra através de símbolos abstratos, utilizando instrumentos e

técnicas para que a realidade seja adequadamente representada. Castrogiovanni (1999, p. 38)

explica que a cartografia é um conjunto de estudos e operações lógico, matemáticas, técnicas

e artísticas que, a partir de observações diretas e da investigação de documentos e dados,

intervém na construção de mapas, cartas, plantas, e entre outras representações.

O mapa é uma das formas mais antigas de comunicação da humanidade, pois desde

as primeiras civilizações os homens rabiscavam representações gráficas dos lugares por onde

passavam, através de figuras e símbolos. Ainda para Castrogiovanni (1999, p.34) “o mapa é

uma representação codificada de um espaço real. Suas informações são transmitidas através

de uma linguagem que utiliza um sistema de signos (legenda), redução (escala) e projeção”.

O mapa mais antigo que se conhece, é de origem babilônica foi elaborado em um

tablete de argila, com datação de 4.500 anos, representando a região da mesopotâmia.

Posteriormente, as grandes navegações merecem destaque no contexto cartográfico, pois

foram elas que impulsionaram esse processo. Se no passado o ser humano precisava se

orientar no espaço, nos dias atuais essa necessidade de mapas é bem maior.

Digamos que com a chegada das tecnologias, a cartografia se transformou

significativamente, agregando as técnicas ampliou a capacidade de representar a realidade.

Evoluindo para uma Cartografia predominantemente digital, focada em mapas digitais e em

imagens de satélite. No ambiente escolar, a linguagem cartográfica auxilia na compreensão

dos fenômenos, pois por meio de suas representações pode conduzir o aluno a uma leitura

sistematizada em diferentes escalas de análise (local, regional, nacional e global) e, fazê-lo

conhecer e compreender o lugar onde vive.

O vínculo entre Cartografia e Geografia é primordial, uma vez que ambas

contribuem para a compreensão de mundo. A Cartografia é um recurso fundamental para a

pesquisa e, sobretudo para o ensino de Geografia, pela sua possibilidade de diferentes formas

de representações do espaço. É sobre esta perspectiva que a Cartografia tem fundamental

importância para a Geografia.

19

1.3 A CARTOGRAFIA ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Nas últimas décadas, a Cartografia tornou-se fundamental na educação por atender as

necessidades do aluno (em seu cotidiano), isto porque leva o aluno a estudar a partir do

ambiente em que vive. Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (2000), na área da

Geografia, retratam que a linguagem cartográfica possibilita sistematizar informações,

expressar conhecimentos, estudar situações, entre outras coisas, sempre envolvendo a ideia da

produção do espaço, sua organização e distribuição. A alfabetização cartográfica constitui o

ponto de partida para os alunos compreenderem o que é cartografia para, posteriormente,

partir em uma construção (onde os alunos possam fazer) de análise, localização e correlação

dos mapas.

Logo, os Parâmetros Curriculares Nacionais efetivam a ideia de que a alfabetização

cartográfica deve partir do interesse que as crianças e jovens têm pelas imagens. Assim,

desenhos, fotos, maquetes, plantas, mapas, imagens de satélites, figuras, tabelas, entre outros,

representam a linguagem visual utilizada nesta fase inicial. Portanto, desenhar percursos,

plantas da sala de aula, da casa e da escola pode ser o início do trabalho do aluno com as

formas de representação do espaço. São atividades que, de um modo geral, as crianças dos

anos iniciais têm a capacidade de realizar.

De acordo com Simielli (1999, p.98) “o importante dentro da fase de alfabetização

cartográfica é desenvolver a capacidade de leitura e de comunicação oral e escrita por fotos,

desenhos, plantas, maquetes e mapas, lembrando-se de sempre levar em consideração o

espaço vivido do aluno”, ou seja, aquilo que lhe é familiar, podendo ser a escola e o bairro.

Considerando que esse aluno possa desenvolver noções de lateralidade, orientação, proporção

e escala, alfabeto cartográfico entre outras.

A autora ressalta também que os alunos poderão trabalhar com imagens

tridimensionais e ou dimensionais, por mediação de maquetes e/ou croquis. O uso de

maquete, portanto, propicia o aluno trabalhar da bidimensão para a tridimensão. O croqui é

representado na forma bidimensional, que segundo a autora “simplificam e mantêm a

localização da ocorrência dos fatos e evidenciam detalhes significativos para o entendimento

do aluno sob determinado espaço”. São atividades que proporcionam, ao mesmo, participação

efetiva do processo de produção, obrigando-o a sistematizar e estruturar as informações.

Outra proposta da Cartografia no ensino fundamental II é a utilização do mapa

mental, que permitem expressar, em linguagem gráfica, a sua percepção real construindo,

20

partindo de seus universos simbólicos, informações que surgem das experiências vividas nos

locais. Essas atividades podem levar o aluno a ser um mapeador consciente. Assim, podemos

dizer que é possível, por meio deste trabalho fazer com que os alunos aprendam a se localizar,

ou seja, o estudante passa a ser decodificador, uma vez que desenvolve as noções espaciais.

Segundo as Orientações Curriculares do Estado do Mato Grosso (1), os estudantes

pré-adolescentes apresentam possibilidades cognitivas para o entendimento das direções

cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste); de leitura e interpretação de mapas; compreensão das

coordenadas geográficas; dos fusos horários, da escala, entre outros. Almeida e Passini (2008)

defendem que somente aos 11-12 anos é que a criança começa a entender o espaço concebido.

Pois nessa faixa etária os alunos conseguem estabelecer relações espaciais entre elementos

apenas através de sua representação.

A alfabetização cartográfica oportuniza aos estudantes a capacidade de compreender

e representar códigos e símbolos expressos em mapas, gráficos, textos, imagens, esquemas,

croquis, tabelas e diagramas. Para tanto:

Ler um mapa é um processo que começa com a decodificação, envolvendo

algumas etapas metodológicas as quais devem ser respeitadas para que a

leitura seja eficaz. Inicia-se a leitura pela observação do título. [...] Depois é

preciso observar a legenda ou a decodificação propriamente dita,

relacionando os significantes e o significado dos signos relacionados na

legenda. É preciso também se fazer uma leitura dos significados-

significantes espalhados no mapa e procurar refletir sobre aquela

distribuição-organização. Observar também a escala gráfica ou numérica

acusada no mapa para posterior cálculo das distâncias afim de se estabelecer

comparações ou interpretações (ALMEIDA. R.; PASSINI, p.17, 2008).

Assim, para a compreensão de um mapa, é necessário empregar inúmeras

habilidades e conceitos desenvolvidos através da alfabetização cartográfica, ou seja, o aluno

precisa estar preparado para ler criticamente as representações cartográficas. Por isso, é

indispensável conhecer os signos essenciais à Cartografia. Almeida e Passini (2008, p.13)

apontam que “a representação do espaço através de mapas permite ao aluno atingir uma nova

organização estrutural de sua atividade prática e da concepção do espaço”. No entanto, isso só

acontecerá se o aluno participar ativamente do processo de construção do conhecimento por

meio da prática escolar orientada pelo professor.

Cabe ressaltar que o ambiente escolar é representado, principalmente pela figura do

professor, sendo nessa relação professor-aluno, que o processo de aprendizagem se

potencializa. Portanto, a Cartografia envolve uma série de elementos inter-relacionados com o

21

objetivo de representar a realidade. A compreensão desses elementos e o entendimento da

linguagem cartográfica escolar são fundamentais ao Ensino de Geografia, pois esta se utiliza

de tal linguagem para facilitar o entendimento do espaço geográfico.

22

2. CORRIDA DE ORIENTAÇÃO E O ENSINO DE GEOGRAFIA

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO

A corrida de orientação originou-se por volta do ano 1918, nos países nórdicos, mais

precisamente na Suécia, tendo como criador o major Ernest Kilander, considerado o pai da

corrida de orientação. Na época Kilander, era um líder escoteiro, que tinha o propósito de

concretizar uma atividade física ao ar livre. Esta atividade visava a mente a mente do

praticante ocupada em toda a sua execução. Assim, ele organizou assim alguns percursos

dando início às primeiras competições.

Segundo a Confederação Brasileira de Orientação - CBO2, a partir de sua criação,

houve várias conquistas importantes no contexto histórico da Corrida de Orientação, como:

campeonatos, congressos, expansão para inúmeros países, criação de federações, associações,

fundações, clubes, também criaram regulamentos, que visavam invenções e melhoramentos

de instrumentos, organização de campeonatos e encontros internacionais, tudo em prol do

desenvolvimento da modalidade e, mais recentemente, passou a ser desporto escolar.

No Brasil a corrida de orientação começou a surgir na década de 1970, período

militar, no qual em 1974 foi incluído no Currículo da Escola de Educação Física do Exército e

anos depois, o Brasil sediou dois Campeonatos Mundiais, em 1983, em Curitiba-PR e em

1992, em Brasília-DF. Atualmente, no Brasil existe a Confederação Brasileira de Orientação

(CBO), órgão que rege o esporte no Brasil, e a Federação Paranaense de Orientação (FPO)

que rege o esporte no estado, existem também muitos clubes de orientação, onde sua maior

ocorrência é nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, que organizam anualmente circuitos e

campeonatos estaduais.

Assim segundo Confederação Brasileira de Orientação, (2016, p. 2):

Orientação é um esporte no qual os competidores navegam de forma

independente através do terreno. Os competidores, auxiliados somente por

mapa e bússola, devem visitar no menor tempo possível uma série de pontos

de controle marcados no terreno. O percurso, definido pela localização dos

pontos de controle, não é revelado aos competidores antes de suas partidas.

2 Fundada em 11 de janeiro de 1999, filiada a Federação Internacional de Orientação. Traz essa definição de

Corrida de Orientação, dentro do documento Regras gerais de Orientação Pedestre – RGOP/2016. Disponível

em <http://www. http://www.cbo.org.br/regras>

23

Ainda para CBO (2016, p. 2) o participante tem que passar por todos os pontos de

controle e marcar corretamente o cartão de controle, em relação as modalidades, estas são

classificadas de acordo com o modo de deslocamento, assim temos as seguintes modalidades:

orientação de pedestre, em bicicleta, para atletas especiais, em esquis e outros tipos. Sendo

que o mapa de orientação é um mapa topográfico detalhado, onde é traçado o percurso que o

atleta tem que percorrer, esse percurso é constituído por signos representativos como o

triângulo de partida, pontos de controle e chegada.

Elencamos aqui também as vertentes da modalidade, devido abrangência do

desporto. A Confederação Brasileira de Orientação, ao definir a política de desenvolvimento

da modalidade o dividiu em quatro vertentes: competitiva, ambiental, pedagógica e turística.

A vertente competitiva constitui-se num conjunto de ações destinadas a formação do atleta, à

busca da vitória, e ao trabalho dos clubes, com a principal finalidade de determinar o

crescimento do desporto orientação. Já a vertente do turismo a Orientação é uma atividade

que promove o deslocamento de pessoas para a prática do lazer e esporte de forma

recreacional e competitiva.

A vertente ambiental visa à produção das normas de proteção ambiental da

competição, assegurando o mínimo de impacto ao meio ambiente. Por fim, a vertente

pedagógica que é a que nos cabe, refere-se ao conjunto de ações que visam colocar o esporte

de Orientação a serviço do aluno. Procurando melhor qualidade do ensino e a motivação do

mesmo, não importando a competição em si, mas, sim, a participação, visando a formação do

indivíduo para o exercício da cidadania e para a prática do lazer.

Podemos assim dizer que a corrida de orientação é um esporte que consegue aliar ao

máximo a prática da atividade física com a atividade mental, sendo considerado por muitos

um esporte completo. Ele foi criado, com os seguintes objetivos/benefícios para o praticante

como: adaptabilidade, autoconfiança, autocrítica, coragem, decisão, dinamismo, objetividade,

persistência, resistência. Sendo que, hoje, dentro da proposta pedagógica, os benefícios são

diferentes, desta visão positivista, podendo explorar mais sobre seu papel no ensino

aprendizagem em sala de aula.

De acordo com a Confederação Brasileira de Orientação (2016), o Esporte de

Orientação cresce no universo escolar por sua capacidade de unir, sobretudo aspectos físicos e

cognitivos, o que amplia a possibilidade de participação dos estudantes em condições de

igualdade, por sua necessidade de se conhecer a leitura precisa de mapas, avaliação e escolha

24

da rota, uso da bússola, concentração sob tensão, tomada rápida de decisão, entre outras.

Podendo ser utilizada como ferramenta, recurso didático em sua devida disciplina.

Nos países de origem, a corrida de orientação faz parte do currículo escolar. No

Brasil, embora com certa timidez, ela está sendo ministrada como disciplina optativa para

acadêmicos de Educação Física de algumas universidades. Pensando na melhoria da

qualidade do ensino público, através do incremento da motivação não só dos educandos mais

também de toda a comunidade escolar.

A Federação Portuguesa de Orientação - FOP disponibiliza cadernos didáticos de

orientação3 com produção direcionada aos professores, equipe pedagógica, eventuais

interessados e/ou direção da escola. Os cadernos foram criados com intuito de ser um material

didático que pode ser utilizado justamente com o compromisso de enriquecer ainda mais o

processo ensino e aprendizagem. Assim:

O material busca oferecer informações e indicações bibliográficas, com o

propósito de dar sustentação teórica aos professores das escolas estaduais e

das disciplinas afins. Tendo como principais objetivos fornecer informação

específica sobre a Orientação, alertar os professores para o excelente

potencial interdisciplinar da Orientação, levando o professor a conhecer

metodologias de iniciação à Orientação desportiva no Ensino Básico e

Secundário em espaços interiores da escola e espaços circundantes,

utilizando Mapas Simples e croquis – salas de aula, ginásio, perímetro

escolar, jardins/parques públicos, estádios (RODRIGUES, e FERREIRA,

2009, p. 3).

2.2 A IMPORTÂNCIA DA CORRIDA DE ORIENTAÇÃO PARA O ENSINO DE

GEOGRAFIA

A prática do esporte de orientação pode na verdade ser considerada como uma aula

prática de cartografia. Pois para praticá-la o participante necessita ter noção básica de

diferentes produtos cartográficos, no qual o esporte exige a leitura de mapa, e também a

3 É um conjunto de cadernos didáticos, que recebem titulações seguintes: Nº1“ESCOLAS DE ORIENTAÇÃO.

Um exemplo: a Escola de Orientação do COC” – 2009/2010. Nº2 “PERCURSOS DE ORIENTAÇÃO PARA

CRIANÇAS. Recomendações. Percursos Balizados; Percursos HD/10 e HD/12; Percursos para Grupos de

Formação” – 2009/2010. Nº3 “INICIAÇÃO À ORIENTAÇÃO NA ESCOLA EM MAPAS SIMPLES.

Condições de prática. Material Didático. Tipos de Percursos” – 2010/2011. Nº4“INICIAÇÃO À ORIENTAÇÃO

NA ESCOLA EM MAPAS SIMPLES. Situações de aprendizagem – jogos, percursos, exercícios” – 2010/2011.

Nº5 “INICIAÇÃO À ORIENTAÇÃO NA ESCOLA - manual do aluno de orientação – 1º e 2º ciclo” -

2010/2011. [Versão PDF e Versão PowerPoint]. Elaborados pelos Profs. Emanuel Rodrigues e Helder Ferreira,

de Educação Física, com experiência nas áreas da formação de professores, aprendizagem e competição em

Orientação. Disponível em <http://www.fpo.pt/Orientação nas Escolas/20-set-2010/atualizado/28-Out-2011>

25

leitura de legenda, cálculo de distância por meio de escalas, interpretação do terreno por meio

de curvas de nível e cores, e, utilização de bússola. Para reinterar a afirmativa acima, Passini

e Dantas (2003, p. 3) retrata, a “Corrida de Orientação é um desporto que consiste em trilhar

um terreno desconhecido com o auxílio de um mapa preparado para esta finalidade e uma

bússola”.

Dentro do contexto, a categoria de análise a ser trabalhada através da corrida, é o

conceito geográfico de lugar (dimensão espacial da realidade). E para que haja essa

construção desse conceito é fundamental partir do espaço vivido do aluno, do concreto para o

abstrato. Assim segundo Callai (2005), lugar se expressa como uma possibilidade de entender

o mundo, partindo do micro para o macro. Para entender esse conceito e necessário a

compreensão do conceito espaço geográfico:

Espaço geográfico é formado por um conjunto indissociável, solidário e

também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não

consideradas isoladamente, mas como no quadro único na qual a história se

dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que

ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos

técnicos, mecanizados e depois cibernéticos fazendo com que a natureza

artificial tenda a funcionar como máquina. (SANTOS, 1996, p. 51).

Esse conceito expressa a articulação entre sociedade e natureza, é espaço em

movimento. Já o conceito de lugar está relacionado à realidade, podendo ser entendido,

conforme Carlos (1996, p. 20), “como uma parte do espaço geográfico, efetivamente

apropriado à vida, onde se desembocam as atividades cotidianas”. E o espaço onde o sujeito

põe sua identidade, suas emoções.

Dentre a relação do esporte corrida de orientação com o ensino de Geografia,

destacamos a utilização do mapa. Assim a importância dos mapas para a sociedade e as

utilidades técnicas para sua elaboração, como introdução do conceito da linguagem dos mapas

e dos gráficos. Contudo os mapas possuem alguns elementos principais, que permitem a sua

leitura e analise, sendo estes: título, legenda, escalas e sistema de localização.

Segundo Castrogiovanni (1999, p.35) “título é o primeiro passo para se ler o mapa,

isto porque é necessário conhecer o espaço representado e seus limites”. A legenda é

fundamental, pois propiciara a decodificação, relacionando os significantes (símbolos) e os

significados (mensagem) dos signos representados. A escala possibilita o cálculo das

distâncias e, portanto uma série de confrontações e interpretações.

26

A orientação geográfica é importante porque permite a compreensão da localização

geográfica. Nossos antepassados se orientavam no espaço observando os astros (orientação

pelo sol e pela Lua). Ao conjunto dos pontos de orientação pelo sol (Leste, Oeste, Norte e

Sul), dá-se o nome de Pontos Cardeais. Mas para ter uma orientação mais precisa foi

necessário criar os pontos intermediários que são os colaterais (Nordeste, Sudeste, Sudoeste e

Noroeste) e os subcolaterais (são oito pontos, que estão em entremeio de um ponto cardeal e

um colateral). Formando assim as rosas dos ventos.

Com passar do tempo os seres humanos foram desenvolvendo instrumentos de

orientação, como a bússola, astrolábio e GPS (mais modernos) entre outros. Segundo

Vesentini e Vlach (2009, p.28), o astrolábio é um instrumento náutico antigo utilizado para

navegação, de forma de esfera com uma haste móvel, empregado para observar e determinar a

altura do Sol e das estrelas e medir latitude. Foi usado pelos gregos desde o ano 200 a.C.

A bússola é instrumento, semelhante a um relógio. Foi inventada pelos chineses no

século X, a partir das rosa dos ventos, contém um mostrador composto por uma agulha

imantada que sempre aponta para o norte magnético. Conforme descreve Passini.

A bússola é um instrumento largamente utilizado no desporto Orientação.

Ela é uma aliada de peso ao atleta de nível e mais ainda para o iniciante.

Durante qualquer percurso, fatalmente haverá um hora em que o atleta terá

que utilizá-la. Sua finalidade principal é a medida de ângulos horizontais e a

orientação através do norte magnético (2007, p. 63).

Dentre os instrumentos de orientação temos um bem utilizado, nas diferentes

atividades econômicas. Estamos falando do Sistema, de Posicionamento Global – GPS,

concebido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O sistema consiste em 24

satélites artificiais, é capaz de indicar com grande precisão, fornecendo latitude, longitude e

também altitude (VESENTINI E VLACH (2009, P.45)

As Coordenadas Geográficas são um sistema técnico baseado em linhas imaginárias

(paralelos e meridianos são medidos em graus. A medida da circunferência da Terra é de 360°

e corresponde a 40.000 quilômetros) que se cruzam, permitindo a localização exata de

qualquer lugar da superfície terrestre. Assim os Paralelos são linhas horizontais e indicam a

latitude Norte a partir da Linha do Equador em direção ao Pólo Norte e a latitude Sul, a partir

da Linha do Equador em direção ao Pólo Sul.

Para tanto a Latitude é a distância medida em graus (0º a 90º) de um ponto qualquer da

superfície terrestre em relação à Linha do Equador. Os meridianos indicam a Longitude Leste

27

a partir do Meridiano de Greenwich (0°) até a Linha Internacional da Data (180°) e a

Longitude Oeste, do Meridiano de Greenwich até a Linha Internacional da Data em direção

Oeste. Assim a Longitude é a distância medida em graus (0º a 180º) de um ponto qualquer da

superfície terrestre em relação ao Meridiano de Greenwich.

Neste contexto, a Corrida de Orientação no ambiente escolar, pode contribuir

significativamente para o entendimento da realidade local. Segundo Costa (2015, p.1), a

corrida pode auxiliar tanto pela “sistematização de informações, quanto no fazer com que os

conteúdos sejam aprendidos de maneira mais consistente pelos alunos”. No qual prepara o

aluno para o domínio da linguagem cartográfica e para a interpretação das informações

contidas nas representações e também conhecerem o mundo, além destes se reconhecerem

como cidadãos atuantes na construção do espaço em que vivem. Sendo sua importância para o

ensino de Geografia.

28

3. A CORRIDA DE ORIENTAÇÃO E A PRÁTICA NA ESCOLA

3.1 CONTEXTO DO LOCAL DE ESTUDO: ESCOLA IRMÃ DIVA PIMENTEL

A Escola Estadual Irmã Diva Pimentel, localizada no Bairro Santo Antônio está

situada no município de Barra do Garças, no estado de Mato Grosso divisa com o Estado de

Goiás. A escola iniciou suas atividades, segundo o Projeto Político e Pedagógico (PPP), onde

funcionavam duas salas de aulas no salão paroquial Santo André, do bairro atual. A merenda

era preparada no quintal da Igreja e os utensílios da cozinha eram guardados nas casas dos

vizinhos. No ano letivo de 1973 o então prefeito Valdon Varjão construiu um prédio de

alvenaria, com quatro salas de aula, uma para a diretoria, uma para a secretaria e dois

banheiros, ficando em definitivo a instalação do “Educandário Irmã Diva Pimentel”, situado à

Rua Amazonas do mesmo bairro. Atualmente, a escola conta com prédio melhor estruturado,

com três blocos de salas (Figura 1).

Figura 1 - Planta Baixa da Escola Irmã Diva Pimentel

Fonte: Acervo da Escola, adaptado por Maria José Jorge Machado, 2016.

29

A maioria das salas de aulas são fisicamente estruturadas, onde todas possuem ar

condicionados e quadro branco. A escola possui ginásio de esportes coberto, laboratório de

informática, biblioteca, cozinha, secretaria, sala dos professores, coordenação, diretoria, sala

multimídia e de articulação, sala de material didático, jardim, pátio de recreação e banheiros.

Em relação aos profissionais, a escola conta com um quadro de aproximadamente 78

funcionários, sendo a maioria professores, são coordenadores, diretor, equipe de apoio e

técnicos.

Funciona no turno matutino com Ensino Fundamental (8º e 9º ano) e Ensino Médio,

no turno vespertino o Ensino Fundamental (4º ano ao 9º ano). Os alunos são de classe média

baixa, e oriunda de bairros próximos, fazendas das redondezas, aldeias e dos municípios

vizinhos. Para compreender as diretrizes da escola, fizemos uma breve análise do Projeto

Político Pedagógico (PPP) observamos que este funciona e contempla o regimento, pois é

coerente com a realidade da escola e dos alunos.

Ele visa o planejamento de ações desenvolvidas por todos os agentes envolvidos e

permite a revelação da identidade da Instituição, de suas concepções e de seus sonhos. Além

disso, define a natureza e o papel socioeducativo, cultural, político e ambiental da Escola,

bem como sua organização e gestão curricular para subsidiar o seu Regimento Escolar e sua

Proposta Pedagógica, documentos que são os balizadores das ações educativas.

O PPP da Escola Irmã Diva Pimentel leva em conta a trajetória da comunidade

escolar, a sua história e a sua cultura, não só para garantir um percurso formativo de sucesso

para os estudantes, como também para cumprir o seu compromisso com a sociedade.

Percebemos, assim, que a escola preza pela participação da família, da equipe de apoio,

merendeiras, porteiro, professores, ou seja, toda comunidade escolar.

3.2 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA NA

ESCOLA

A atividade, se desenvolveu em sala de aula, com a turma de 6º ano “A” do Ensino

Fundamental II, previamente escolhida, o procedimento para escolha da turma se deu devido

os conteúdos que compõem a matriz curricular das turmas de 6º ano do Ensino Fundamental,

como orientação e localização no espaço geográfico. A turma, composta por 26 alunos, que

estão numa faixa etária entre 10 e 12 anos. No período letivo/2016 - 1º Bimestre, foi possível

30

desenvolver a pesquisa, conciliando as aulas de regência do estágio supervisionado III para a

realização do mesmo. Expusemos a parte teórica, de forma satisfatória, explanada, sem

apresse do assunto, sendo possível, devido três aulas semanais destinadas a Geografia.

No primeiro momento foi trabalhado tema: “Orientação no espaço geográfico”, que

consta na Unidade 1 do livro didático. Para contextualização do conteúdo levantamos algumas

questões para os alunos: O que é orientação? Você sabe orientar alguém caso necessário? Tão

logo, apontamos os termos mais utilizados para se orientar, como os de lateralidade: em

frente, ao lado, a cima, e também pontos de referência. Ao trabalhar a lateralidade usamos de

uma dinâmica em que os alunos tiveram conhecer seu próprio corpo a partir lateralidade de

sombra e lateralidade espelhada.

Foi levantada a questão de como nos orientar em espaços maiores, como numa

floresta, alto mar, ou quando não houver pontos de referência como se orientar. Assim foram

abordados os conteúdos de orientação pelo Sol e pela Lua. Deste modo, dando ênfase na

aprendizagem dos pontos cardeais a partir da observação do sol, para posteriormente,

construir a Rosas dos Ventos. Foi trabalhado a orientação a partir de aparelhos antigos:

astrolábio, bússola e aparelhos mais modernos como GPS, em aulas satisfatórias, em que os

alunos demonstraram interesses, curiosidades, sendo que foi proporcionada a turma o contato

com alguns desses aparelhos4.

Foi abordado também o conteúdo “Localização no espaço Geográfico”, trabalhamos

de início um texto sobre coordenadas geográficas, e também foi discutido os conceitos sobre

os Paralelos e os Meridianos, latitude e longitude. Como atividade prática foi trabalhado,

batalha naval, onde os alunos, no jogo, tiveram que afundar as embarcações, acertando os

pontos de latitude e longitude, onde estavam localizados. Essa atividade teve a participação de

todos os alunos, sendo uma estratégia de fixação do conteúdo a partir do jogo. Para isso

citamos:

A indicação de jogos, também pode ser um aliado no processo de

construção de conhecimentos, já que permite ao aluno um papel mais ativo,

onde pode elaborar hipóteses, questionar, comparar, ou seja, apropriar-se dos

conteúdos escolares através de uma estratégia metodológica diferenciada

(SILVA, 2005, p.143).

4 Os instrumentos: bússola e receptor GPS, fornecidos pela Universidade Federal de Mato

Grosso - UFMT.

31

Relatamos sobre conceito Mapa e a importância de ler e interpretá-los. Assim

destacamos os principais elementos que um mapa deve conter: título, legenda, escala, fonte e

orientação. Na sequência dessas citadas, realizamos uma atividade de construção do mapa da

sala de aula, em que o aluno representa o espaço de sua sala de aula em forma de desenho,

identificando vários objetos que estão presentes neste espaço (Figura 2 e 3). Nessa atividade

não foi dada muita importância à escala, sendo que se tratava de desenho e o foco estava na

titulação, orientação e legenda.

Assim, foi feito uma pré-corrida, individualmente, em que os alunos realizaram

percursos na própria sala de aula, a partir desse mapa croqui da sala de aula. Enquanto uns

realizavam a atividade, os demais alunos ficaram sentados e seguiam o percurso dos colegas,

avaliando o trajeto. Os alunos não apresentaram dificuldade em realizar os trajetos propostos.

Houve uma grande participação dos alunos. Foi posto de tarefa para casa a construção de

mapa do percurso de casa à escola (Figura 4). Ambas atividades foram embasadas em

sugestões que constam nas propostas de procedimentos, apresentadas no livro “O Espaço

Geográfico: ensino e representação”, pelas autoras Almeida e Passini (2008).

Figura 2 e 3: Mapa da Sala de Aula

Fonte: Desenho feito pelos alunos L.R. e R.S., do 6º ano A, 2016.

32

Figura 4: Mapa de Casa para Escola

Fonte: Desenho produzido por o aluno, M.C., 2016.

Foi apresentado também o que é corrida de orientação e seu contexto histórico, como

surgiu, onde é praticada, suas regras, seus instrumentos, seus benefícios e sua importância

para o ensino de Geografia. Portanto, concluímos que essa parte teórica, contou, com a

participação de todos dos alunos, uns mais participativos outros nem tanto, mas em geral foi

aceita pelos alunos.

3.3 DESENVOLVIMENTO PRÁTICO: CORRIDA DE ORIENTAÇÃO NA ESCOLA

IRMÃ DIVA PIMENTEL

Com relação aos procedimentos metodológicos prático, em primeiro momento, foi

necessário a liberação do espaço escolar, sendo conseguido por meio de ofício (ANEXO 1),

junto a direção da escola, para realizar o desenvolvimento da prática em outro horário, que

não fosse o de aula, no caso em um sábado. Logo após, elaboramos o mapa/croqui do espaço

físico escolar para estratégia prática de orientação. Para sua construção utilizamos da planta

baixa da escola (disponibilizada pela mesma) e do software de editor de imagem Paint do

Windows, permitindo a inserção do título, orientação, legenda e cores. Foi salvo na extensão

33

jpeg e impresso em papel A4, sendo que a demarcação do percurso foi feito manualmente,

após impressão do croqui.

É importante ressaltar que no Mapa de Orientação, segundo Friedman (2003), o ponto

de partida costuma ser representado por um triângulo, os pontos de controle são representados

por circunferências, em que o centro de cada circunferência define a posição do ponto e; o

ponto de chegada está representado com dois círculos concêntricos.

No segundo momento foi utilizada uma aula, que antecedeu a prática, para tomada de

decisões como: dividir a turma em grupos (6 alunos em cada) e sortear as cores (vermelha,

verde, amarela e azul) que cada grupo representaria. Logo, cada grupo construiu seus

primas/bandeira de acordo com sua cor, totalizando, assim, 10 prismas por grupo. Para essa

atividade foram necessários 1 folha de papel ceda de cada cor, 40 papéis sulfites, cola e

canetão (Figura 5 e 6).

Figuras 5 e 6: Prismas construídos pelos alunos

Foto: Maria José Machado, 2016.

No terceiro momento, foi realizado a prática em si, sábado no período matutino,

estipulado para o período das 8:00 às 10:00. Compareceram 15 alunos no total que consistiu

mais que metade da turma, sendo 4 alunos do grupo vermelho, 4 do grupo amarelo, 3 do

34

grupo verde e 4 do grupo azul. Assim, seguimos o roteiro de programação tivemos a

explicação das regras:

A corrida não tem premiação, pois não terá vencedor,

Um grupo por vez, cada grupo recebe um mapa e a ficha de registro;

Coletar os dados na ordem dos pontos de controle e somente dos prismas de

cor que corresponde ao grupo;

Coletar os dados e preencher na ficha de registro;

O cronometro será ligado na saída do grupo e parado na entrega da ficha de

registro para o avaliador;

Cada ponto de controle está numerado (Ex: P1, P2...P10), marcando o percurso

a ser feito.

Para cada grupo é um percurso, e cada ponto de controle tem uma letra ou uma

silaba, que, ao final, forma uma palavra.

Após todos os grupos, realizarem seu percurso, serão conferidas e devolvidas

as fichas de registro.

Cada grupo deve montar a palavra com as letras coletadas, e responder uma

pergunta referente a palavra encontrada.

Em relação a resposta: se acertar reduz 2 minutos (do tempo final que cada

grupo fez no trajeto), se errar aumenta 2 minutos, se a resposta for pela metade,

reduz 1 minuto.

O grupo que fizer em menor tempo, será o grupo que melhor associou a teoria

e prática.

Após a explicação das regras, cada grupo recebeu seu mapa de orientação colorido

(ANEXO 2) e uma ficha de controle (ANEXO 3) para análise do percurso e familiarização do

mesmo. Em seguida, iniciou a corrida, (Figura 7 e 8), cada grupo fez todo o percurso. Porém,

alguns tiveram determinadas dificuldades em relação aos primeiros pontos de controle, sendo

que uns seguiam pelo impulso. Ao verem os prismas de sua respectiva cor, corriam em sua

direção, porém, ao ver que não era o ponto de controle correspondente, voltavam e

observavam o mapa, para seguir para o próximo ponto correto, consequentemente perderam

tempo.

Assim como cada grupo percorreu um trajeto, consequentemente possuíam uma

palavra e pergunta referente aos conteúdos trabalhados. As palavras que constavam nos

35

percursos dos grupos eram: Paralelos, Meridianos, Rosa dos Ventos, Pontos Cardeais. Sendo

que cada palavra gerou uma pergunta, que no caso foram: O que são Paralelos? O que são

Meridianos? Como podemos identificar os pontos cardeais a partir da observação do Sol? E

Quantos e quais são os pontos cardeais?

Para tanto, três grupos acertaram, e o quarto grupo teve a resposta incompleta (o grupo

respondeu sendo que no final, os tempos ficaram muito próximos, diferença de 4 segundos, e

outros ficaram empatados). Consideramos então que a maioria dos alunos conseguiu associar

o que foi trabalhado, tanto da parte teórica quanto a prática.

Digamos que a experiência prática desenvolvida proporcionou uma aprendizagem

colaborativa, no que se refere ao estímulo aos estudantes a trabalharem conjuntamente para

atingir metas compartilhadas. Durante a corrida de orientação, dois grupos (vermelho e

amarelo) dividiram tarefas, no qual dois alunos orientavam pelo mapa, e um terceiro marcava

a ficha. É importante dizer que cada participante desenvolveu a mesma responsabilidade, pois

se uma das partes não fizesse correto prejudicaria todo o grupo.

Figuras 7 e 8: Alunos praticando a corrida de orientação

Foto: Profª Adriana Pinhorati, 2016

Podemos assim dizer que a experiência teve êxito, sendo alcançado o principal

objetivo: o desenvolvimento da compreensão dos alunos de forma prática e prazerosa no

36

ensino de Geografia, no qual tiveram que ler e interpretar o mapa, tomar de decisões,

trabalhar em equipe indo muito além do tradicionalismo presente no sentido da corrida de

orientação . A experiência despertou o interesse dos mesmos pelos assuntos e posteriormente

pela disciplina, ratificamos essa afirmação a partir das respostas dos alunos no questionário

aplicado e observação das aulas de Geografia.

Em que relatam que gostaram muito da corrida, e maioria das respostas foi que o

interesse pela Geografia aumentou. Sendo que em princípio tínhamos feito uma sondagem

(essa sondagem se deu em forma de dialogo com os alunos), com a turma, e em sua maioria

não gostavam de Geografia, associando a disciplina, com assuntos chatos. Assim trabalhar de

forma criativa, acabou por atrair a atenção dos alunos. Tornando ensinar e aprender

Geografia, mais prazeroso para ambas as partes.

37

CONSIDERAÇÕES

Podemos então concluir que a Cartografia é de fundamental importância nos estudos

de Geografia, pois permite ao aluno compreender e perceber o espaço geográfico, através dos

fenômenos representados pelo mapa. A partir da alternativa proposta visando articular uma

prática esportiva com determinados conteúdo da disciplina de Geografia.

Assim os alunos tiveram a oportunidade de conhecer um esporte diferente do que

estão acostumados no seu cotidiano, e ainda vinculado a disciplina Geografia, além do

aprimoramento da relação ensino-aprendizagem por meio da relação teoria-prática, ou seja,

aprendizagem de forma lúdica de ensinar conteúdos geográficos como: noções de localização,

coordenadas geográficas, escala geográfica entre outros.

Portanto, a experiência prática corrida de orientação, trouxeram valiosas contribuições

para o ensino de Geografia, mostrou-se bastante positiva em relação ao ensino e à

aprendizagem da leitura, análise e interpretação dos mapas. Permitiram uma maior interação

entre alunos e aluno/professora. Vale ressaltar que as professoras/pesquisadoras assumiram

uma postura não neutra, pois opinamos e orientamos os alunos a explorarem suas atitudes e

posicionamentos.

Através do desenvolvimento de habilidades básicas para compreender e interpretar

mapas e seus recursos e sobre os signos apresentados pela mesma e um melhor entendimento

da dimensão espacial da realidade, resultando, assim, num ensino de Geografia mais

interessante e atrativo, para os alunos. Concluímos aqui, que a corrida pode ser uma

ferramenta para auxiliar os professores na luta por atrair atenção dos alunos para sua

respectiva disciplina.

38

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40

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41

ANEXOS:

ANEXO 1 – OFÍCIO ENTREGUE PARA ESCOLA

42

ANEXO 2 – CROQUI COM PERCURSO DE CADA GRUPO

43

44

45

46

ANEXO 3 – FICHA DE REGISTRO

FICHA DE REGISTRO

Palavra: ...........................................................................................................................................

FICHA DE REGISTRO

Palavra: ...........................................................................................................................................

FICHA DE REGISTRO

Palavra: ...........................................................................................................................................

FICHA DE REGISTRO

Palavra: ...........................................................................................................................................

TEMPO: GRUPO VERMELHO

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

TEMPO: GRUPO AMARELO

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

TEMPO: GRUPO AZUL

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

TEMPO: GRUPO VERDE

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

47

ANEXO 4 - RESPOSTAS DOS ALUNOS AO QUESTIONÁRIO