coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

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Caso Selecionado Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso Maurício Clavijo Beltrán, Verônica Beltrán Clavijo, Guilherme da Gama Ramos Resumo: A reabilitação protética de implantes por meio de coroas cimentadas é um tema controverso, uma vez que problemas, como a remoção dos excessos de cimento e o acesso ao parafuso do munhão, são descritos na literatura. O objetivo deste trabalho é avaliar, por meio de um caso clínico, a utilização de coroas cimentadas sobre implante com conexão do tipo locking taper na reabilitação protética em região posterior de mandíbula. A conexão locking taperconsiste em uma conexão cônica com inclinação de 1 a 1,5 0 entre o munhão e o implante, sem parafuso, unidos friccionalmente por uma soldadura fria entre metais. A ausência de parafuso torna a conexão locking taper versátil porque possibilita uma cimentação extrabucal das coroas metalocerâmicas nos munhões e inserção do conjunto coroa-munhão livre de excessos de cimento no implante. Selamento bacteriano, estabilidade óssea peri-implantar e redução do número de componentes protéticos são vantagens dessa conexão protética. Concluímos que coroas unitárias cimentadas em implantes locking taper oferecem uma boa opção de tratamento para o edentulismo parcial, no entanto mais estudos são necessários. Palavras-chave: Implante dentário. Fricção. Retenção de prótese dentária INTRODUÇÃO A Odontologia reabilitadora atual preconiza que, sempre que possível, o profissional deve optar pelo conservadorismo e segurança. Com esse intuito, a Implantodontia tem buscado terapias que possam aumentar a previsibilidade clínica do implante dentário':", buscando não comprometer a saúde peri-implantar e a estética da prótese implantossuportada. Estudos mostram que a conexão protética cone morse tem como vantagens uma maior es- tabilidade óssea peri-implantar, melhor selamento bacteriano, redução do espaço na interface implante-munhão e um melhor comportamento biomecânico frente às cargas mastigatórias, quando comparada à conexão hexágono externo>": A estética da prótese sobre implante é beneficiada quando se opta pela cimentação da coroa metalocerâmica sobre o munhão preparado em vez da fixação por aparafusamento. Além do ganho estético, consiste em uma técnica mais simplificada, uma vez que não há necessidade de restauração e mascaramento do orifício do parafuso com resina composta, um material restaurador com propriedades ópticas, físicas e mecânicas distintas da cerâmica de cobertura das coroas irrpíantossuportadas' A principal desvantagem da cimentação de coroas implantossuportadas sobre os munhões se encontra na difícil remoção dos excessos do agente cimentante no interior da mucosa peri- implantar. Podendo causar inflamação e até perda óssea, quando executada insatisfatoriamente.

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Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

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Page 1: Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

Caso Selecionado

Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

Maurício Clavijo Beltrán, Verônica Beltrán Clavijo, Guilherme da Gama Ramos

Resumo: A reabilitação protética de implantes por meio de coroas cimentadas é

um tema controverso, uma vez que problemas, como a remoção dos excessos

de cimento e o acesso ao parafuso do munhão, são descritos na literatura. O

objetivo deste trabalho é avaliar, por meio de um caso clínico, a utilização de

coroas cimentadas sobre implante com conexão do tipo locking taper na

reabilitação protética em região posterior de mandíbula. A conexão locking

taperconsiste em uma conexão cônica com inclinação de 1 a 1,50 entre o

munhão e o implante, sem parafuso, unidos friccionalmente por uma soldadura

fria entre metais. A ausência de parafuso torna a conexão locking taper versátil

porque possibilita uma cimentação extrabucal das coroas metalocerâmicas nos

munhões e inserção do conjunto coroa-munhão livre de excessos de cimento

no implante. Selamento bacteriano, estabilidade óssea peri-implantar e redução

do número de componentes protéticos são vantagens dessa conexão protética.

Concluímos que coroas unitárias cimentadas em implantes locking taper

oferecem uma boa opção de tratamento para o edentulismo parcial, no entanto

mais estudos são necessários.

Palavras-chave: Implante dentário. Fricção. Retenção de prótese dentária INTRODUÇÃO A Odontologia reabilitadora atual preconiza que, sempre que possível, o profissional deve optar pelo conservadorismo e segurança. Com esse intuito, a Implantodontia tem buscado terapias que possam aumentar a previsibilidade clínica do implante dentário':", buscando não comprometer a saúde peri-implantar e a estética da prótese implantossuportada. Estudos mostram que a conexão protética cone morse tem como vantagens uma maior es-tabilidade óssea peri-implantar, melhor selamento bacteriano, redução do espaço na interface implante-munhão e um melhor comportamento biomecânico frente às cargas mastigatórias, quando comparada à conexão hexágono externo>": A estética da prótese sobre implante é beneficiada quando se opta pela cimentação da coroa metalocerâmica sobre o munhão preparado em vez da fixação por aparafusamento. Além do ganho estético, consiste em uma técnica mais simplificada, uma vez que não há necessidade de restauração e mascaramento do orifício do parafuso com resina composta, um material restaurador com propriedades ópticas, físicas e mecânicas distintas da cerâmica de cobertura das coroas irrpíantossuportadas' A principal desvantagem da cimentação de coroas implantossuportadas sobre os munhões se encontra na difícil remoção dos excessos do agente cimentante no interior da mucosa peri-implantar. Podendo causar inflamação e até perda óssea, quando executada insatisfatoriamente.

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Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

Esse artigo ilustra a sequência clínica da

reabilitação protética de áreas edêntulas

utilizando-se implantes que associam as van-

tagens da conexão cone morse e da cimenta-

ção de coroas implantossuportadas livres de

excessos de cimento em implantes dentários

com uma inovadora união protética cone

morse friccionai: a conexão Jockíng teoe:

REVISÃO DE LITERATURA

A conexão Jockíng taper consiste em uma

conexão cônica sem parafuso com inclinação

de 1 a 1 .5° entre o munhão e o implante.

unidos friccionai mente por uma soldadura

fria entre metais" (Fiq. 1),

Desde 1 996. uma série de artigos de-

monstra o sucesso clínico dessa conexão

protética A taxa de insucesso encontrada é

inferior a 2.2% para soltura do munhão ao

implante e fratura de implante, As principais

causas de insucesso encontradas nos

estudos longitudinais foram a excessiva an-

gulação do implante. a incidência de forças

laterais sobre a prótese e a ativação inade-

quada. fora do longo eixo do implante, Na

maioria dos casos de soltura do munhão. o

mesmo foi reinserido e ativado sem proble-

mas postertores":":".

A alta taxa de sucesso é explicada. em

parte. pelas propriedades mecânicas da inter-

face cone morse, Em 2004. um estudo com

base em cálculos matemáticos mostrou" que

um estreito ângulo interno e um adequado

coeficiente friccionai influenciam significati-

vamente na segurança da conexão. sendo

necessárias forças de tração superiores às

forças de inserção para remover o munhão.

O assentamento do cone morse na co-

nexão Jockíng taper é progressivo. como foi

mostrado em um estudo com microtomografia

computadorizada. onde avaliou-se"

Figura 1 - Conexão locking taper. Observa-se a união friccionai do im-

plante com o munhão entre os cones de 1,27°, o índex de

posicionamento do munhão e a câmara de compensação (espaços

apicais).

(

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a interface munhão-implante. Na compara-

ção entre um implante recém-ativado e o

implante com 5 anos de carga funcional,

observou-se um aumento na área da su-

perfície lateral de contato na conexão cô-

nica de 14,61 rnrn- para 16,95mm2. Foi

constatado que a conexão locking taper

possui um selamento hermético impermeá-

vel para a penetração bacteriana.

Desde 2005, o selamento bacteriano na

conexão locking taper foi assunto de estu-

dos microbiológicos com inoculação de

bactérias na porção interna do munhão e

imersão em meio de cultura. Trabalhos

concluem que essa conexão é hermética,

impedindo a invasão bacteriana in vitro68;

assim como, também, questionam esse

adequado selamente". A importância do

selamento bacteriano é a prevenção de

perda óssea periimplantar por bactérias

patogênicas.

Tal fato é refletido no uso de implantes

curtos, onde a manutenção e estabilidade

dos níveis ósseos peri-implantares são es-

senciais. Estudos clínicos radiográficos lon-

gitudinais com implantes unitários curtos

locking taper de 6,Omm de diâmetro por

5,7mm mostram índices de sucesso pró-

ximos aos 1 00%21 e manutenção do nível

ósseo peri-implantar similar à de implantes

lonqos". ou seja, o tamanho do implante

não estaria associado a falhas.

O sucesso clínico de implantes locking

taper foi discutido" a partir do desenho

geométrico do implante, baseando-se em

um estudo biomecânico de elementos fi-

nitos. Concluiu-se que a combinação de

platôs horizontais, conexão locking taper e

plataforma convergente (Sloping Shoulder)

favoreceu o surgimento de um osso de

adequada qualidade, melhor dissipação de

cargas mastigatórias, estabilidade óssea,

estética gengival peri-implantar e

selamento bacteriano.

Em 2007, foi apresentada" a técnica de

uma reabilitação de um implante locking

taper unitário com resina composta de co-

bertura da coroa e munhão unidos, sem a

necessidade de cimento, e conectados ao

implante sem parafuso. A prótese sobre

implante ofereceu como vantagens a adap-

tação marginal com uma interface livre de

cimento, o selamento bacteriano na cone-

xão implante-munhão, o material de cober-

tura da coroa com propriedades mecânicas

similares às dos tecidos dentários, a

técnica laboratorial simplificada e a

redução nos componentes protéticos.

RELATO DE CASO CLINICO

Paciente do sexo feminino, veio à

clínica particular após a realização de

implantes dentários plataforma switching na

região dos dentes 35, 36, 44, 45 e 46 -

para confecção de próteses unitárias

implantossuportadas sobre esses

implantes e coroa metalocerâmica sobre o

dente 34 (Fig. 2, 3).

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7.

Beltrán MC. Clavijo VB. Ramos GG

tgura 4 - Inserção dos munhões de titânio nos implantes Além

da funçao de conectar ao implante à prótese. eles são

transferentes de moldeira fechada.

Os implantes instalados eram de conexão

do tipo cone morse locking taper 1 ,27°

modelo Biológico (Kopp, Curitiba/PR), que

é uma conexão friccionai e não possui

parafuso.

Após a remoção dos parafusos trans-

mucosos metálicos, foram posicionados os

munhões de titânio FI nos implantes 35, 44

e 45: FII no implante 46 e FII 20°

Figura 3 - Radiografia inicial do caso clínico.

rotacional no implante 36 (Fig. 4) e inserido

duplo fio retrato r no sulco gengival do

dente 34. A molgadem de passo único com

silicona de adição e moldeira fechada foi

realizada. A imprecisão causada pelo re-

posicionamento do transferente durante a

moldagem de moldeira fechada foi diminuí-

da com o uso de silicona de polimerização

por adiçã025 e não pode ser notada durante

as fases de prova das coroas.

Em seguida, os munhões foram remo-

vidos da boca e ativados nos respectivos

análogos de latão para o posicionamento

no molde e confecção do modelo de gesso

(Fig. 5, 6).

Os munhões foram preparados com o kit

de desgaste de titânio (Dhpro, Pa-

ranaguá/PR), para receber coroas meta-

locerâmicas cimentadas (Fig. 7, 8, 9) e

copings metálicos em NiCr foram con-

feccionados. O desgaste do munhão de

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Figura 5, 6 - Vistas oclusal e vestibular dos munhões de titânio nos anâlogos do modelo de gesso.

Figura 7, 8 - Preparo e acabamento do munhão de titânio.

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Figura 9 - Munhões preparados posicionados nos análogos do modelo.

titânio foi feito sem maiors dificuldades e

em curto período de tempo com discos e

brocas apropriadas, Houve necessidade de

usar o suporte laboratorial de munhão para

executá-lo, uma vez que a conexão cônica

torna-se vulnerável quando polida ou

desgastada, podendo prejudicar a fricção

adequada entre as peças,

Após a prova dos copings no modelo e

em boca (Fig, 10, 11), a aplicação de

cerâmica de cobertura foi feita e as coroas

metalocerâmicas concluídas (Fig, 12). Os

munhões receberam jateamento de óxido

de zinco nos preparos (Fig. 13).

Optou-se pela cimentação em meio ex-

trabucal das coroas metalocerâmicas em

seus respectivos munhões preparados. O

cimento utilizado para unir as coroas aos

munhões foi o cimento de fosfato de zinco,

que possui resistência à tração similar à do

cimento resinoso RelyX26

, O jateamento da

superfície do preparo do munhão teve o

intuito de criar um espaço pré-cimentação

e uma superfície áspera mais retentiva nos

preparos.

Após a manipulação do cimento de fos-

fato de zinco, inseriu-se, com o auxílio de

micropincel, uma fina camada de agente

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Figura 11 - Copings metálicos posicionados nos munhões em boca

cimentante no interior da borda cervical da

coroa (Fig. 1 4). A coroa foi encaixada e

pressionada contra o munhão até o escoa-

mento e extravazamento dos excessos de

cimento da prótese unitária (Fig. 15, 16).

Após o tempo de presa, os excessos foram

removidos com o auxílio de uma gaze

Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

Figura 10 - Copings metálicos posicionados nos munhões no modelo de

gesso.

Figura 12 - Coroas metalocerâmicas concluídas.

Figura 1 3 - Proteção com cera na porção transmucosa do munhão de

titânio e jateamento com óxido de zinco.

(Fig. 17, 18) e o conjunto coroa-munhão foi

posicionado no respectivo implante e

ativado. A coroa metalocerâmica do dente

34 também foi cimentada com cimento de

fostato de zinco. Após a reabilitação pro-

tética ser concluída (Fig. 19, 20), uma ra-

diografia periapical foi realizada (Fig. 21).

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Beltrán MC, Clavijo VB, Ramos GG

Figura 14 - Colocação cuidadosa de fina camada de cimento de fosfato -o? Z

'lCO com auxílio de micropincel.

Figura 16 - Coroas cimentadas nos respectivos munhões.

Figura 1 5 - Inserção do munhão na coroa metalocerâmica. Observe o grande

extravazamento de cimento nas bordas cervicais.

Figura 17 - Remoção dos excessos de cimento com uma gaze.

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Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

Figura 18 - Coroas após a remoção dos excessos,

Figura 20 - Vista oclusal do caso concluído,

DISCUSSÃO

Esse caso clínico apresentou a reabilita-

ção protética com coroas unitárias metalo-

cerâmicas cimentadas sobre implantes com

conexão locking taper em região posterior de

mandíbula. Observou-se a possibilidade de

cimentação extrabucal das coroas meta-

locerâmicas nos respectivos munhões pre-

parados e a completa remoção do excesso

Figura 19 - Vista vestibular do caso concluído,

Figura 21 - Radiografia final.

do cimento, sugerindo que essa abordagem

aumenta a aplicabilidade no emprego de

coroas cimentadas sobre implantes.

A utilização de próteses cimentadas sobre

implantes unitários é uma possibilidade de

tratamento que, dependendo da conexão

protética, exige extrema cautela. Forças

laterais em coroas protéticas de implantes de

hexágono externo, por exemplo,

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Beltrán MC, Clavijo VB, Ramos GG

tanto como transferente quanto munhão.

Essa praticidade reduz o tempo clínico e o

custo laboratorial.

No presente relato, a escolha da coroa

metalocerâmica sobre os munhões foi devida

às vantagens que esse material apresenta,

tais como: maior estabilidade de cor, menor

desgaste, maior resistência à fratura e menor

acúmulo de biofilme bacteriano'", se

comparado à resina composta.

Trabalhos demonstram a preferência da

técnica de confecção de coroas com a co-

bertura direta do munhão por resina composta

como material de cobertura 17,24 devido às

vantagens da adaptação marginal com uma

interface livre de cimento, técnica laboratorial

simplificada e melhor dissipação de cargas

mastigatórias. No entanto, este último, é um

argumento questionável. porque não há como

amortecer cargas mastigatórias por meio de

materiais oclusaís".

Sugerimos que áreas proximais das coro-

as sobre implantes estariam sujeitas à fratura

da resina composta, visto que são regiões de

grandes esforços mastigatórios e ne-

cessitariam da compensação de um coping

metálico para reduzir a grande espessura do

material de cobertura sobre o fino munhão.

Estudos apontam a existência de um

assentamento progressivo da conexão cô-

nica, resultado da contínua ativação por

cargas mastiqatórias". Recomendamos o

acompanhamento clínico dos contatos

podem sofrer desadaptação da união

lmplante-rnunhão". rotação", aumento da

tensão na região cervical do implante", soltura

e fratura do parafuso". Dessa maneira,

observa-se que a reversibilidade da restau-

ração protética, ou seja, a possibilidade de

removê-Ia sem danificá-Ia, é fundamental,

visto a fragilidade do parafuso de fixação. A

reversibilidade de coroas cimentadas com

cimentos temporários é questionável".

Outro problema de coroas cimentadas em

implantes com conexões protéticas pa-

rafusadas é a dificuldade de remoção de ci-

mento em margens subgengivais, pois seu

excesso favorece a retenção de biofilme bac-

teriano e a incidência de perl-implantite". A

difícil remoção muitas vezes não é eficiente,

levando à injúria da mucosa e à perda óssea.

A conexão locking taper torna a reabili-

tação protética de espaços edêntulos com

coroas cimentadas implantossuportadas um

opção segura de tratamento, visto que não

possui o inconveniente da perda de torque no

parafuso de fixação e permite uma adequada

remoção dos excessos de cimento nas

margens cervicaist5.16.17. Entre as van-

tagens das coroas cimentadas estão a esté-

tica 11, menor penetração bacteriana". maior

resistência à fratura" e menor custo".

Pudemos notar que a conexão locking

taper é versátil, porque permite uma di-

minuição nos componentes protéticos, com a

utilização do mesmo componente

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Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso

oclusais e, caso seja necessário, realizar

ajustes oclusais na tentativa de se evitar

sobrecarga sobre os ímpíantes>.

O uso de implantes contíguos unitários na

região posterior de mandíbula é apoiado

pela conexão cone morse, que influencia di-

retamente na distribuição de tensões quan-

do comparado com conexões externas, es-

pecialmente quando há possibilidade de se

individualizar as restaurações 10. Além disso,

a conexão cone morse é mais resistente à

fratura e à deformaçã09.

A conexão locking taper, além de sugerir

adequado selamento bacteriano=, é plata-

forma sWitching, favorecendo a

manutenção da crista óssea peri-implantar

e manutenção da papila gengival3 É um

fator importante, pois expande seu uso com

segurança para implantes em região

anterior estétíca=.

CONCLUSÃO

Independentemente das dificuldades e

contraindicações da confecção de coroas

unitárias cimentadas sobre implantes, foi

possível a obtenção de resultado adequado

e satisfatório na reabilitação protética no

edentulismo parcial posterior. O sucesso

pode ser atribuído à conexão locking taper,

que permite a reabilitação de implantes sem

a necessidade de aparafusamento do

munhão por coroas cimentadas livres de

excesso de cimento. Selamento bacteriano,

estabilidade óssea peri-implantar e redução

de componentes protéticos são vantagens

dessa conexão protética. Acreditamos que a

conexão locking taper pode ser utilizada

para reabilitações implantossuportadas com

resultados clínicos satisfatórios.

AGRADECIMENTOS

Ao laboratório de prótese Natural Lab

(Curitiba/PR), pela confecção laboratorial

das coroas metalocerâmicas.

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Beltrán MC, Clavijo VB, Ramos GG

Cemented crowns in screwless implant connection

The prosthetic rehabilitation with cemented crowns in oral implants is a controversial topic, since problems like

removing luting excess and accessing the abutment screw are described in the Iiterature. The aim 01 this

article is lo evaluate, Ihrough a clinicai case, the application 01 locking taper implant cemented crowns in

posterior mandibular area, Locking taper consists 01 a screwless 1 -1 .5° morse taper connection among

abutment and implant, united by a Irictional cold welding. The screwless quality makes locking taper versatile

because it allows an extraoral luting 01 metaloceramic crowns in implant abutments and insertion 01 integrated

abutment-crown without luting excess in oral implants. Bacterial sealing, bone stability around the implant,

reduction in prosthetic components are advantages 01 this prosthetic connection. The authors concluded that

single cemented crowns in locking taper implants offers a good treatment option for partial edentulism, but

lurther studies are suggested.

KEYWORDS: Dental implantation. Friction. Dental prosthesis retention.

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Maurício Clavíjo Beltrán

Especialista em Prótese Dentária pela FOB-USP.

Especializando em Implantodontia pela APCD - Piracicaba.

Verônica Beltrán Clavíjo

Especialista em Periodontia pela FOP-UNICAMP.

Especializanda em Implantodontia pela APCD - Piracicaba.

Guílherme da Gama Ramos

Mestre e doutor em Clínica Odontológica / Prótese

Dentária pela FOP-UNICAMP.

Professor da especialização de Implantodontia da APCD

- Piracicaba.

Endereço para correspondência

Maurício C1avijo Beltrán

Rua Marechal Deodoro. 857 conj. 1 905 Centro

CEPo 80.060-010 - Curitiba / PR

E-mail: [email protected]

Coroas cimentadas em implantes de conexão sem parafuso