convivendo com o semi-Árido: construção do banheiro redondo

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Essa publicação divulga uma tecnologia desenvolvida e aplicada pela Diaconia há três anos em comunidades rurais do sertão pernambucano e potiguar: o banheiro redondo, antes conhecido como casinhas sanitárias. Com linguagem simples e didática, a cartilha funciona como um guia de construção desse banheiro que custa 40% menos do que um banheiro convencional. A cartilha é resultado da parceria entre Diaconia e Governo de Pernambuco. A distribuição é gratuita. Em caso de envio da cartilha pelos Correios, é cobrada apenas a taxa de postagem.

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CONVIVENDOCOM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

Série Compartilhando Experiências Nº 4

Programa de Apoio à Agricultura Familiar – PAAF

Dezembro de 2007

Page 4: Convivendo com o Semi-Árido: Construção do Banheiro Redondo

Coordenação do Projeto:Joseilton Evangelista,Leonardo Freitas, Mário Farias.

Autor: Diaconia

Texto: Ita Porto, Mário Farias, Afonso Cavalcanti, Adilson Viana, Leonardo Freitas, Ana Paula Gomes,Elson Lins, Hesteolívia Ramos.

Revisão: Joseilton Evangelista, Verônica Pragana

Foto de Capa: Ita Porto

Diagramação: Cleto Campos

Acervo fotográfico: Diaconia

Impressão: Mota Gráfica

Tiragem: 5.000 exemplares

Ficha catalográfica

DIACONIA (2007) Banheiro Redondo: Série Compartilhando Experiências / texto: Ita Porto, Ma-rio Farias, Afonso Cavalcanti, Adilson Viana, Leonardo Freitas, Ana Paula Gomes Élson Lins, Hesterolívia Ramos – coordenação do projeto: Mario Farias, Joseilton Evangelista, Leonardo Freitas, Ita Porto. -- Recife : Diaconia, 2007.Projeto construído pela Diaconia em parceria com agricultores e agricultoras do semi-árido brasileiro.Palavras-chave: 1. Banheiro Redondo; 2. Agroecologia; 3. Saneamento; 4. Convivendo com o Semi-Árido; 5. Agricultura Familiar.

Todos os direitos livres. Qualquer parte desta edição poderá ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, desde que se mantenham todos os créditos e seu uso seja exclusivamente sem fins lucrativos.

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Missão da Diaconia

Estar a serviço dos excluídos da sociedade participando da construção solidária da cidada-nia, tendo como área preferencial de atuação a região Nordeste do Brasil.

Igrejas Membro de DiaconiaAssociação das Igrejas do Cristianismo DecididoConfederação das Uniões Brasileiras da Igreja Adventista do 7º DiaExército de SalvaçãoIgreja de Cristo no BrasilIgreja Episcopal Anglicana do BrasilIgreja Evangélica de Confissão Luterana do BrasilIgreja Evangélica Luterana do BrasilIgreja MetodistaIgreja Presbiteriana do BrasilIgreja Presbiteriana Independente do BrasilUnião das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil

Conselho DiretorRev. Waldyr Hoffman (Presidente)Diácona Ingrit Vogt (Vice-Presidente)Rev. Rinaldo César Mendonça de Oliveira (1º Secretário)Dra. Mônica de Morais Gueiros ( 2ª Secretária)Major Maruilson Menezes de Sousa (1º Tesoureiro)Rev. Nenrod Douglas de Oliveira Santos (2º Tesoureiro)Sra. Thelma Celene Saraiva Leão (Vogal)

Diretor ExecutivoRev. Arnulfo Barbosa

Programa de Apoio à Agricultura Familiar (PAAF)Coordenador: Joseilton EvangelistaCoordenador Casa de Apoio de Afogados da Ingazeira-PE: Mário FariasCoordenador Casa de Apoio de Umarizal-RN: Leonardo FreitasEquipe TécnicaAdilson Viana, Adriana Connolly, Ana Paula Pereira, Ana Paula Gomes, Clécio de Lima, Cintia Gamarra-Ro-jas, Edjane Araújo, Francisco Elson Gurgel, Hesteolívia Ramos, Igor Arruda, Ita Porto, Maria Djaneide, Periza Cristina, Priscila Elói, Sidney da Cruz, Vânia Lúcia Gomes, Verlândia Morais, Vilma Carvalho.

Programa de Promoção da Criança e do Adolescente (PPCA)Coordenador: Alexandre Botelho Merrem

Programa de Apoio à Ação Diaconal das Igrejas (PAADI)Coordenador: Sérgio Andrade

Setor Administrativo-Financeiro | Núcleo de Mobilização de RecursosCoordenadora: Valéria Pérez Coordenadora: Sofia Graciano

Núcleo de ComunicaçãoCoordenadora: Verônica Pragana

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A DIACONIA

A Diaconia é uma organização social sem fins lucrativos e de inspiração cristã, fundada em 1967. As ações da entidade estão focadas na defesa dos direitos hu-manos e promovem transformações pela educação e pela organização política das comunidades.

A instituição atua nos meios urbano e rural, beneficiando diretamente crian-ças, adolescentes, jovens e suas famílias de comunidades populares das regiões metropolitanas de Recife (PE) e Fortaleza (CE); famílias agricultoras das micror-regiões do Sertão do Pajeú (PE) e do Oeste Potiguar (RN); e lideranças de Igrejas nas cidades de Recife (PE), Natal (RN) e Fortaleza (CE).

A atuação da Diaconia está organizada em três programas: Programa de Pro-moção da Criança e do Adolescente (PPCA), Programa de Apoio à Ação Diaconal das Igrejas (PAADI) e Programa de Apoio à Agricultura Familiar (PAAF).

O PAAF tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento sustentável da Agricultura Familiar Agroecológica na região Semi-Árida. O público beneficiado dire-tamente pelas ações são famílias que vivem em comunidades tradicionais de agri-cultura familiar e em assentamentos da reforma agrária. A atuação do programa se dá através de projetos de assistência técnica, constituição de fundos rotativos solidários, financiamentos de tecnologias de acesso à água a fundo perdido para famílias pobres e apoio a projetos de suporte a orga-nizações populares que lutam pela reforma agrária.

Quase 45% de nosso público direto são mulheres e a questão de gênero é discutida na família, com base em uma metodologia que estimula a participação de ambos nos processos de transformação de sistemas produtivos tradicionais em sistemas agroecológicos.

A região semi-árida é marcada por grandes secas periódicas que, soma-das a componentes políticos, econômicos e socioculturais, reduzem seu potencial produtivo. Como conseqüência, há perda de colheitas e uma grande diminuição da produção dos animais, além da insuficiente armazenagem de água e de forragens para os animais.

É este cenário que o PAAF está ajudando a mudar. Através de tecnologias adaptadas as condições do Semi-Árido (banheiro redondo, construção de cisternas, barragens subterrâneas, barragens sucessivas, entre outras), de propostas políticas e da capacitação dada às famílias agricultoras para a construção e manutenção desses sistemas, o programa estimula uma nova forma de geração de renda. O re-sultado é a valorização da cidadania nas comunidades rurais.

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O PRORURAL APÓIA ESTA CARTILHA. O Prorural, uma unidade técnica gerenciadora de projetos ligada à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (Seplag), foi implantado com o objetivo de melhorar a vida de quem mora na zona rural de Pernambuco, a população do inte-rior. E é por isso que nós estamos presentes nesta ação. Nossa missão é buscar novas oportunidades para as pessoas que vivem e trabalham no campo. Apoiamos projetos sociais, produtivos e de infra-estrutura, atuando através do Projeto de Combate à Pobreza Rural (PCPR). Os financiamentos vêm de um acordo de empréstimo entre o Governo de Pernambuco e o Banco Mundial. Os beneficiados diretamente por esta iniciativa são os produtores rurais organizados em associações e cooperativas. O Prorural também tem convênios com o Ministé-rio do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). De um modo geral, o Prorural tem buscado estimular (através de financia-mentos não-reembolsáveis) os investimentos e empreendimentos de interesse das comunidades rurais localizadas nas áreas mais pobres do Estado. E para conhecer melhor as necessidades da população, participou dos Seminários Regionais do Pro-grama Todos por Pernambuco e realizou, ainda em 2007, os seus próprios encon-tros, debatendo com cada região a reestruturação dos Conselhos de Desenvolvi-mento Rural dos municípios. O Prorural também tem estabelecido parcerias com a Sociedade Civil Organizada (sindicatos, ONGs, cooperativas, igrejas, associações) para a difusão de tecnologias apropriadas para a população do semi-árido, por exemplo. É o caso dessa experiência-piloto, financiando a implantação de banheiros redondos em comunidades quilombolas do Sertão. Já é possível perceber que o povo pode realmente contar com o Prorural. Porque nós sabemos para quem trabalhamos. E temos certeza de que muitas ações como essa, voltadas para uma vida melhor, ainda serão realizadas. O desenvolvi-mento do nosso Estado precisa chegar a todas as regiões. O Prorural se fortalece para cumprir este compromisso.

Principais objetivos do programa de redução da pobreza:

● Contribuir para a elevação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos municípios pobres do Estado;

● Colaborar com a consolidação da gestão pública descentralizada e democráti-ca;

● Apoiar as comunidades no incremento de sua capacidade de gestão, de gera-ção de renda e de inserção dos seus produtos e serviços no mercado;

● Estimular a participação da sociedade, através das suas organizações, para ocupação dos espaços de decisão, influenciando as políticas públicas.

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ÍNDICE

01. Apresentação ............................................................................................ 1102. Por que elaborar esta cartilha?................................................................ 1203. Passo a passo da construção do Banheiro Redondo

Etapa 1: Localização e escavação do banheiro............................................. 13 Fossa e sumidouro

Etapa 2: Construção da base do banheiro e sistema hidráulico.................... 15 Iniciando a construção da base

Sistema hidráulico

Aterro da base

Ferragem

Etapa 3: Estrutura........................................................................................... 19

Ferragem

Alvenaria

Traço

Porta

Conclusão da alvenaria do corpo

Etapa 4: Construção da caixa d’água............................................................. 22

Laje

Escoramento

Colocação da parte externa da forma

Traço

Ferragem

Alvenaria da caixa d’ água

Material necessário - Como fazer

Reboco da caixa d’água - Como fazer

Etapa 5: Acabamento interno e externo......................................................... 26

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Chapisco

Reboco

Piso

Etapa 6: Instalação da louça sanitária e da parte hidráulica........................... 27Etapa 7: Fossa e sumidouro............................................................................ 28 Traço

Ferragem

Concreto do piso da fossa - Traço

Filtro do suminouro

Ordem de colocação dos materiais

Tampa da fossa e do sumidouro

Ferragem

Concreto

Etapa 8: Tampa da caixa d’água..................................................................... 31 Primeira Parte

Segunda Parte

Tampa

Colocação da tampa da fossa e do sumidouro

Etapa 9: Porta sanfonada................................................................................ 34 Como sentar a porta

Lavatório de roupa

Etapa 10: Conclusão do banheiro................................................................... 35 Instalação elétrica

Pintura e conclusão do banheiro

4. Orçamento e materiais necessários............................................................ 365. Experiências das famílias que conquistaram o banheiro redondo............. 38

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

11Série Compartilhando Experiências Nº 4

Diferentemente do que vem ocorrendo com as demais metas do milênio, nas

quais o país apresenta significativos avanços, o saneamento básico apresenta-se

como um caso destoante. Uma meta onde não houve avanço. Pelo contrário, teve

alcance diminuído frente ao crescimento populacional, ou seja, a meta cresceu neg-

ativamente. A situação agravou-se.

Diversos relatórios publicados dentre os quais o da Cepal (Comissão Econômi-

ca para América Latina e Caribe) dão conta da preocupante situação do país, espe-

cialmente de suas regiões menos estruturadas a exemplo do Semi-Árido nordestino

e da região Norte.

Por outro lado, gestões dos Ministérios da Saúde, das Cidades e do Desen-

volvimento Agrário fizeram incluir no PAC (Programa de Aceleração do Crescimen-

to), importantes investimentos e ações visando reverter e superar num período de

três a quatro anos este triste cenário.

Esta cartilha trata de uma solução simples, batizada de banheiro redondo,

que já vem sendo aplicada há mais de três anos nas regiões do Sertão do Pajeú

em Pernambuco e no Médio Oeste Potiguar no Rio Grande do Norte. Solução que

pode ajudar na ampliação da cobertura sanitária das populações dispersas do Semi-

Árido.

O banheiro redondo é uma construção conjunta da Diaconia e das comuni-

dades a partir de anéis de cimento feitos com fôrmas de aço usadas na construção

de placas para revestimento de poços amazonas. Isso favorece a otimização do

custo. A construção é, em média, 40% mais econômica do que a de um banheiro

convencional.

É o saber popular que, apoiado por parcerias, interage com técnicas simples,

construindo respostas funcionais, replicáveis, adequadas às diversas demandas co-

munitárias e que contribuem para o aprimoramento das políticas públicas munici-

pais.

A Diaconia sente-se feliz em partilhar esta experiência, viabilizada pelo apoio

fundamental do Governo do Estado de Pernambuco através do Prorural.

Arnulfo Barbosa | Diretor Executivo

01 - APRESENTAÇÃO

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

12 Série Compartilhando Experiências Nº 4

Esta publicação surge a partir da necessidade das famílias de se apropriarem

de uma tecnologia adequada, que promova a melhoria da qualidade de vida, a partir

do conforto familiar, das condições de saúde, principalmente no que se refere ao

controle e combate à verminoses e do melhor manejo do meio ambiente.

Uma das principais finalidades desta cartilha é divulgar a experiência do ban-

heiro redondo a partir dos depoimentos e relatos das famílias sobre os resultados.

A nossa intenção é de que sirva como instrumento para que outras organizações

contribuam com o processo de multiplicação da tecnologia e que ajude na elabo-

ração de políticas públicas. A explicação passo a passo da construção do banheiro

também a torna útil para consulta dos pedreiros.

Vem reforçar o que está sendo trabalhada por Diaconia junto a famílias agri-

cultoras nos territórios do Sertão do Pajeú em Pernambuco e no Oeste Potiguar, a

construção de aproximadamente 400 banheiros redondos em parceria com o poder

público local, Projeto Dom Hélder Câmara e associações comunitárias, beneficiando

aproximadamente 2.000 pessoas, além disso, vem fortalecer o que já vem sendo

realizado por outras organizações da sociedade civil em outros territórios de Per-

nambuco.

Os depoimentos das famílias agricultoras publicados na cartilha atestam para

a importância dessa tecnologia na convivência com o Semi-Árido brasileiro, no que

se refere à manutenção da saúde famíliar e à conservação do meio ambiente.

02 - POR QUE ELABORAR ESSA CARTILHA?

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 1:LOCALIZAÇÃO E ESCAVAÇÃO DO BANHEIRO

● O banheiro deve ficar localizado próximo da casa para permitir segurança e comodidade à família;

● Localizar a fossa e o sumidouro longe de cisternas e fontes de água;● Localizar a fossa e o sumidouro longe de pedras para facilitar a escavação;● Se o banheiro for acoplado à casa, verifique a altura do alicerce (sapata). Se

o alicerce ficar alto, a família terá dificuldade para abastecer a caixa d’água.● A base tem formato circular com 2 metros de diâmetro. Na parte de dentro

do círculo, escava-se uma vala de 20 centímetros de largura, para caber um tijolo. Os tijolos são sentados da mesma forma que se constrói um poço (cacimbão);

● Escava-se o alicerce (sapata) até chegar em material firme.

FOSSA E SUMIDOURO

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

● A escavação da fossa tem 2 metros de diâmetro e 1 metro e 10 centímetros de profundidade;

● O sumidouro tem o mesmo diâmetro da fossa, sendo que a profundidade é de 60 centímetros.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 2:CONSTRUÇÃO DA BASE DO BANHEIROE INSTALAÇÃO HIDRÁULICA

TRAÇO:• 09 latas de areia;• 01 saco de cimento.

INICIANDO A CONSTRUÇÃO DA BASE:• A base tem 2 metros de diâmetro;• Sentar os tijolos como se fosse construir um poço amazonas, um cacimbão;

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

SISTEMA HIDRÁULICO:Material necessário:• Um cano de 40 milímetros de PVC para esgoto com 1 metro e meio de com-

primento para o ralo e lavatório (pia);• Um cano de 100 milímetros de PVC para esgoto com 50 centímetros de com-

primento para a instalação do vaso sanitário.

COMO FAZER• Instalar canos e conexões com 5 centímetros de desnível.

ATERRO DA BASE• Após a colocação dos canos, colocar areia grossa e compactar bem até o nível da última fiada de tijolos.

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

TRAÇO DO CONCRETO:• 09 latas de areia;• 03 latas de brita grossa;• 03 latas de pó de brita;• 01 saco de cimento.

COMO FAZER• Colocar a primeira camada de concreto de 4 centímetros para receber a fer-

ragem.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

FERRAGEM:• 14 ferros de ¼” (06 milímetros), cruzados entre si.

COMO FAZER• Colocar os primeiros ferros formando uma cruz e depois divida em partes

iguais os 12 restantes.• Colocar mais uma camada de concreto de 4 centímetros em cima da ferra-

gem totalizando 8 centímetros.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 3:ESTRUTURA O banheiro pré-moldado tem forma circular e é construído com fôrmas metálicas de 1 metro e 56 centímetros de diâmetro e meio metro de altura. A espessura do anel de cimento depois de pronto é de 7 centímetros. Para construir a estrutura do banheiro, monta-se as fôrmas formando o círculo, co-loca-se argamassa, compacta-se bem e quando atingir 12 centímetros, colo-ca-se o primeiro anel de ferro de 4.2 milímetros. Coloca-se mais uma camada, compacta-se bem e quando atingir 13 centímetros, coloca-se mais um anel de ferro. Em seguida coloca-se mais argamassa, compacta-se e quando faltar 12 centímetros para encher a fôrma coloca-se o terceiro anel de ferro. Após a colocação do terceiro anel de ferro de 4.2 milímetros, completa-se com ar-gamassa até a borda da fôrma.

FERRAGEM:• 06 ferros de ¼” (06 milímetros) com 2 metros e 65 centímetros de altura;• Para cada anel utilizar 3 quilos de ferro 4.2 milímetros na horizontal.

COMO FAZER• Os ferros de ¼” (06 milímetros) são colocados de forma vertical, distribuídos

ao longo do anel, deixando-se dois ferros a uma distância de 64 centímetros um do outro referente à largura da porta;

• Os ferros 4.2 milímetros devem ser distribuídos da seguinte maneira: quando a camada de argamassa atingir 12 centímetros, coloca-se o primeiro ferro; coloca-se mais uma camada de argamassa de 13 centímetros e o segundo ferro; coloca-se mais uma camada de argamassa 13 centímetros e o último ferro.

• Para deixar o espaço da porta, coloca-se duas ripas de 1 metro e 90 centí-metros de altura e 62 centímetros de largura, em seguida, preenche-se o espaço entre as ripas com areia, que será retirada após a secagem do anel e desmontagem das fôrmas.

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ALVENARIATRAÇO:• 09 latas de areia;• 03 latas de pó de brita;• 01 saco de cimento.

COMO FAZER• Para garantir uma boa compactação, a argamassa tem que estar mole. De-

pois de colocada na fôrma, a argamassa deve ser bem compactada (so-cada), para garantir uma boa estrutura para a construção.

• No enchimento da primeira fôrma fazer o mesmo nivelamento das conexões da base;

• Colocar as fôrmas alinhadas uma em cima da outra para que a estrutura não fique com defeito ou inclinada.

Detalhe da virada do ferro 4.2 milímetros onde vai ser colocada a porta.

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

PORTA:- Detalhe da colocação da ripa no final onde vai ficar a porta. Largura da porta 62 centímetros e altura de 1 metro e 90 centímetros.

CONCLUSÃO DA ALVENARIA DO CORPO

COMO FAZER• A estrutura do banheiro fica com 2 metros de altura. Com essa altura, cons- trói-se a laje; • A desmontagem das fôrmas deve começar retirando as partes internas da fôrma de cima e em seguida desmontam-se as partes externas. O processo segue com a desmontagem da fôrma seguinte, sempre de dentro para fora e de cima para baixo.

DICA IMPORTANTE:• Com os restos dos traços inicia-se a construção

da base do lavatório.• Aproveitar bem todo o material para economizar

na construção.

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 4:CONSTRUÇÃO DA CAIXA D’ÁGUA INICIAR PELA LAJE

ESCORAMENTO:• Colocação do escoramento (fôrro de madeira)

para receber a ferragem e o concreto;

COLOCAÇÃO DA PARTE EXTERNA DA FÔRMA• A fôrma é colocada para evitar que o concreto escorra pela lateral da laje.

TRAÇO:• 07 latas de areia;• 03 latas de brita (sendo 02 grossas e 01 fina);• 01 saco de cimento.

COMO FAZER:• Colocar a primeira camada de concreto com 4 centímetros para receber a ferragem;

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

FERRAGEM:• 16 ferros de ¼” (06 milímetros) de 1 metro e 54 centímetros de comprimento

cruzando uns sobre os outros.

Em seguida, coloca-se mais uma camada de concreto de 4 centímetros, totalizando assim, 8 centímetros de espessura e faz-se o acabamento com a desimpoladeira.

ALVENARIA DA CAIXA D’AGUA

DICA IMPORTANTE:• Quando a laje estiver seca, desmonta-se a

fôrma, montando-a novamente para fazer outro anel pré-moldado de cimento que fun-cionará como caixa d´água do banheiro.

MATERIAIS NECESSÁRIOS:• 06 latas de areia;• 03 latas de pó de brita;• 01 saco de cimento.

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

COMO FAZER:• Utilizar argamassa mole e compactar bem. A boa compactação da argamas-sa vai evitar futuros vazamentos na caixa d´água.

REBOCO DA CAIXA D’ÁGUA:• 03 latas de areia;• ½ saco de cimento;• ½ litro de impermeabilizante.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 5:ACABAMENTO INTERNO E EXTERNO CHAPISCOTRAÇO:• 03 latas de areia;• ½ saco de cimento;

REBOCOTRAÇO:• 08 latas de areia;• 01 saco de cimento.

COMO FAZER:• Colocação de pedaços de tubo de PVC de 100 milímetros para ventilação,

nos locais onde estavam os caibros do escoramento. • Colocação de tela de peneira nos canos para evitar a entrada de animais.

DICA IMPORTANTE:• Para rebocar por dentro e por fora são gastos 2 traços.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

TRAÇO DO PISO:• 03 latas de areia;• ½ saco de cimento.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 6:INSTALAÇÃO DA LOUÇA SANITÁRIA E DA PARTE HIDRÁULICA • Ligar o cano soldável de PVC rígido de 40 milímetros de diâmetro e 1 metro

e meio de comprimento da laje ao registro da descarga;• O cano do lavatório (pia) de ½” com 1 metro e meio de altura e 85 centímetros

de comprimento da laje até a pia;• Para o chuveiro, 40 centímetros de cano de 40 milímetros, 02 pedaços de

cano de ½” sendo um de 80 centímetros e outro de 95 centímetros.

OBSERVAÇÃO: Detalhe da encanação sem reboco.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 7:FOSSA E SUMIDOURO • A fossa e o sumidouro são construídos com a mesma fôrma metálica utilizada

na estrutura do banheiro.

TRAÇO:• 09 latas de areia;• 03 latas de pó de brita;• 01 saco de cimento.

FERRAGEM:• Para cada anel são necessários 3 quilos de ferro de 4.2 milímetros

DICA IMPORTANTE• Para construção da fossa e do sumidouro gasta-se em média 2 traços.

CONCRETO DO PISO DA FOSSA• Espessura de 5 centímetros

TRAÇO:. 03 latas de areia;. 01 lata de pó de brita;. 01 lata de brita grossa;. meio saco de cimento.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

FILTRO DO SUMIDOURO• Colocar um cano de 100 milímetros no cen-

tro do sumidouro, com furos para facilitar a infiltração dos líqüidos.

ORDEM DE COLOCAÇÃO DOS MATERIAIS:1ª - 3 latas de brita grossa;2ª - 3 latas de brita fina;3ª - 10 latas de pó de brita;4ª - 20 latas de areia grossa.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

TAMPA DA FOSSA E DO SUMIDOURO

FERRAGEM:• 7 pedaços de ferro de 1/4” (06 milímetros);• 7 pedaços de ferro 4.2 milímetros. Esses ferros são cruzados uns sobre os

outros.

TRAÇO DO CONCRETO:07 latas de areia;02 latas de brita fina;02 latas de pó de brita;01 saco de cimento.

DICAS IMPORTATES• 02 traços são suficientes para fazer as tampas da fossa, do sumidouro e da

caixa d’água;• A espessura na laje é de 6 centímetros.

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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDOConstrução do Banheiro Redondo

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 8:COBERTURA DA CAIXA D’ÁGUA: A cobertura da caixa d´água é feita em duas partes (bandas), construí-das separadas. Na segunda parte (banda) será feita a porta para enchimento da caixa d´água.

MATERIAL NECESSÁRIO PARA A PRIMEIRA BANDA• 04 ferros de 1/4” (ou 06 milímetros)• 07 ferros de 4.2 milímetros

MODO DE FAZEREsta parte (banda) terá a espessura de 4 centímetros e os ferros serão dis-postos cruzados uns sobre os outros

MATERIAL NECESSÁRIO PARA A SEGUNDA BANDA• 03 ferros de 1/4” (ou 06 milímetros)• 08 ferros de 4.2 milímetros

MODO DE FAZEREsta parte (banda) terá a espessura de 4 centímetros e os ferros serão dis-postos cruzados uns sobre os outros

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ABERTURA DA PORTA DA CAIXA D’ÁGUA

A porta terá 40 centímetros de comprimento por 50 centímetros de largura.

MODO DE FAZEROs ferros de 4.2 mm serão cortados nos tamanhos de 45 e 55 centímetros de cumprimento cruzados entre si (ver foto).

OBSERVAÇÃO:A porta deverá ser maior que a entrada dela para que possa ser fechada sobre a caixa d´água (ver foto).

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

COLOCAÇÃO DA TAMPA DA FOSSA E DO SUMIDOURO• Rolar a tampa com 4 pessoas;• Colocar argamassa sobre o anel onde será colocada a tampa.

Detalhe da tampa da caixad’água

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 9:PORTA SANFONADA COMO SENTAR A PORTA• Fazer furos na parede e colocar buchas nº 06• Encaixar a porta sanfonada de PVC e parafusar.

LAVATÓRIO DE ROUPA• Colocação da parte hidráulica.

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03 - PASSO A PASSO DA CONSTRUÇÃO

Série Compartilhando Experiências Nº 4

ETAPA 10:CONCLUSÃO DO BANHEIRO

INSTALAÇÃO ELÉTRICA:• 01 Bocal;• 01 Pêra;• 01 lâmpada

PINTURA E CONCLUSÃO DO BANHEIRO

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4. ORÇAMENTO E MATERIAIS NECESSÁRIOS

DISCRIMINAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE

Cimento Saco 15Impermeabilizante Quilo 1Arame 12 Quilo 0,25Ferro 1/4 Barra 8Arame 18 Quilo 0,2Tela fina galvanizada Metro 0,1Ferro 4.2 Quilo 18Tijolo comum Unidade 400Pó de brita Lata 40Brita 12 (fina) Lata 8Brita 25 (grossa) Lata 7Cal Lata 0,5Pia para lavanderia Unidade 1Bacia sanitária aliança Unidade 1Assento sanitário Unidade 1Lavatório de mão Unidade 1Bucha p/ bacia Unidade 1Válvula p/ lavatório Unidade 3Torneira 1/2” Unidade 2Engate 1/2 Unidade 1Parafuso c/ bucha (Jogo) Unidade 2Chuveiro c/ braço Unidade 1Cano 40 soldável Metro 3Joelho 40 soldável Unidade 2Curva longa 40 esgoto Unidade 1T 40 Unidade 2Ralo sifonado Unidade 1Redução de 40x20 Unidade 2Cano de 20 soldável Barra 1

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DISCRIMINAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE

Joelho 20 soldável Unidade 3Joelho LR 20x1/2 Unidade 3Cano 100 mm Barra 1Luva L/R de 20mm Unidade 1Cap de 20mm rosqueável Unidade 1Joelho 100 mm Unidade 2T 100 mm Unidade 1Registro 40 esfera PVC Unidade 1

4. ORÇAMENTO E MATERIAIS NECESSÁRIOS

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Adenilton Nunes do Nascimento (37), sua esposa Valdeci (36) e seus cinco filhos moram há dez anos na Comunidade Olho D’água, no município de São José do Egito, em Pernambuco. A propriedade da família possui um hectare e é de onde eles retiram o sustento plantando milho e feijão. A água vem de uma cisterna recém construída. Além disso, na época de inverno, Adenilton busca água com um carro de boi num barreiro que fica na proprie-dade do vizinho. A família de Adenilton e Valdeci nunca teve banheiro em casa. Na verdade, a vida inteira eles sempre utilizaram a área ao redor da proprie-dade para fazer suas necessidades fisiológicas. A família foi contemplada com a construção do banheiro redondo há dois anos. Sua esposa Valdeci lembra como era difícil para sua filha deficiente to-mar banho e fazer suas necessidades fora de casa. Lembra também que tanto ela como o marido precisavam “se segurar” e esperar anoitecer para poderem usar o “banheiro da natureza”. “Hoje tudo é diferente. A vida está maravilhosa!”, conta Dona Valdeci. Eles já fizeram a conta e descobriram que a caixa d’ água precisar encher a cada oito dias para servir ao número de pessoas da casa. Hoje, toda a família está muito satisfeita com o banheiro redondo pois se sentem à vontade para usar o banheiro em qualquer hora do dia ou da noite.

5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO.

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5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO.

Maria Aparecida (36) e Leonildo (46) vivem com seus três filhos há 11 anos na Comunidade Poço do Veado, em Afogados da Ingazeira, Pernam-buco. Tanto Aparecida como Leonildo cresceram na zona rural e, mesmo de-pois de casados, nunca possuíram banheiro em casa. A família tem uma cisterna de telhado e, recentemente, construiu um banheiro redondo. Moram numa espécie de vila, onde as casas são bem próxi-mas uma das outras. A renda da família vem do trabalho alugado do marido e parte da alimentação é retirada do plantio em terras arrendadas. A água da cisterna é comprada e vem de um cacimbão distante três quilômetros da casa. O banheiro foi construído há uma semana e já causou grande mudança na vida da família. Dona Aparecida conta que era difícil para eles tomar banho. “Tínhamos que colocar panos para nos cobrirmos”, diz Aparecida. Além disso, as necessidades fisiológicas tinham que ser feitas durante a noite pelos adul-tos por causa da proximidade das casas dos vizinhos, causando muito cons-trangimento. “Era uma dificuldade quando alguém ficava doente com diarréia”, com-pleta Dona Aparecida. O banheiro redondo foi imediatamente aprovado por toda a família. Seu Leonildo é pedreiro e inovou a construção fazendo uma conexão com a casa. “Não precisaremos mais sair de casa para usar o ba-nheiro”, diz Leonildo.

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Maria de Lourdes (35) e Lauro Gabriel (42) possuem oito filhos e moram na Comunidade Retiro, em São José do Egito, Pernambuco. Há três anos, a família foi contemplada com uma cisterna calçadão, com uma área produtiva e um banheiro redondo. Antes da cisterna, a família bebia água do açude que não era boa. Ago-ra, com a cisterna, a qualidade da água melhorou bastante. No período do inverno, a água da cisterna, além de servir para o consumo da família, é uti-lizada para irrigar a área produtiva com fruteiras como bananeiras, graviola, mangueiras, laranjeiras entre outras plantas. Seu Lauro ainda não consegue viver exclusivamente da renda obtida com a comercialização da produção da sua propriedade. Por isso tem que trabalhar na fabricação de carvão. Um de seus filhos, Roberto (18 anos) é um agricultor experimentador. Já criou codornas e reforçou a renda da família com a venda dos ovos. Hoje em dia, Roberto investiga a melhor forma de irrigar as plantas da casa com água reaproveitada. A tecnologia aplicada na construção do banheiro redondo permite o reaproveitamento da água do chuveiro e da pia. Essa água que passa por dois tanques de decantação é utilizada para aguar as fruteiras da área produ-tiva. Dona Lourdes tem planos de aumentar a área de fruteiras só com água reaproveitada do banho.

5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO.

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5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO.

Berenice Miranda (36) e sua filha Amanda Cristina (12) moram desde 2003 na comunidade de Água Branca, município de Umarizal no Rio Grande do Norte. Com muita dificuldade de acesso à água, Berenice utilizava água da casa de seu pai e, quando faltava, recorria às casas dos vizinhos mais próxi-mos. A água de cacimbão servia para uso doméstico e higiene pessoal. Para transportá-la, elas utilizavam baldes e latas em carrinho de mão. “Tinha dias que eu nem terminava de fazer a luta da casa e a água já tinha acabado e não dava nem para lavar a louça suja, nem a casa. Lembro que antes eu dizia para minha filha que deveríamos tomar banho de pincel, para economizar a água”, relata Berenice. Há um ano, seu pai comprou o terreno vizinho com poço e cacimbão. Elas contam que depois disso melhorou o acesso de água para a família. An-tes da compra do referido terreno nem a família de Berenice nem a de seu pai utilizavam água existente lá, pelo fato de ser de outro proprietário.

O banheiro da casa era improvisado numa parte reservada da casa, onde hoje funciona a dispensa. Tinha um sanitário velho e a fossa havia es-tourado, o tanque do banheiro era todo remendado, pois já tinha furado várias vezes.

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42 Série Compartilhando Experiências Nº 4

5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO.

“Lembro que em maio deste ano o banheiro chegou. Isso mudou muito minha vida, pois o banheiro que eu tinha, a gente só usava mais para o banho. Nossas necessidades, fazíamos na casa de meu pai. Hoje não temos mais vergonha de receber uma visita em casa devido à dificuldade da água e do banheiro. Já veio gente olhar o modelo dele. Depois da água (do banheiro que é reutilizada na irrigação da horta e das fruteiras do quintal da casa) até minha alimentação melhorou. Comecei a plantar e vender aqui na comunidade. A melhor coisa que fiz foi ter voltado para morar no sítio e sonho em viver me-lhor, aumentar minha casa, plantar mais, pois eu já sofri muito na vida, princi-palmente pela falta de água. E gostaria de poder ajudar aquelas pessoas que não têm, porque eu já passei pela mesma situação”, conta Berenice com muita satisfação. “Eu nunca tinha tido um banheiro assim nem na outra casa que eu morei na cidade. Com a construção do banheiro, a família sentiu muita diferença. É um banheiro de primeiro mundo, todo mundo que vê fica apaixonado pelo banheiro, quer fazer igual ao meu”, completa Berenice.

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5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO.

Dona Adelsuita de Macena (58) e seu esposo Luiz Paulo (60) moram com dois filhos, um genro e um neto no bairro São João, uma das áreas mais pobres da cidade de São José do Egito, Pernambuco. A família vive há 40 anos na região e nunca soube o que é possuir um banheiro em casa. Antes, a família vivia na zona rural. Dona Adelsuita lembra da dificuldade que a família tinha com a falta de um banheiro na casa da zona urbana. Toda vez que precisavam tomar banho ou fazer suas necessidades fisiológicas passavam por muitos constrangimen-tos. Diferente da zona rural, na cidade, as casas são muito próximas uma das outras. Ninguém tem banheiro. Toda a vizinhança sofre pela falta de sanea-mento básico. Dona Adelsuita foi selecionada por um programa de saneamento básico da prefeitura de São José do Egito para a construção de um banheiro redondo. Esse programa está se tornando política pública municipal, uma grande con-quista das organizações que fazem parte do Fórum de Políticas Públicas do município, inclusive a Diaconia. Vez por outra eles recebem vizinhos curiosos que querem conhecer o famoso banheiro redondo. Hoje o semblante de Dona Adelsuita e sua famí-lia estão mudados. “Depois do banheiro redondo, nossa vida se tornou uma maravilha”, diz ela.

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Otavio Anísio da Silva (53), sua esposa Emídia Margarida de Souza (44) e seus seis filhos Marcicleia, Margarida, Rosinaldo, Leandro, Lucas e Daniele residem na comunidade de Teixeira, no município de Rafael Godeiro, no Rio Grande do Norte. Seu Otavio e família trabalham nas terras em que moram como meeiros (quem planta na terra de terceiros e, por conta disso, tem direito à metade da produção). Vivem de cultivos tradicionais, plantando milho e feijão para garantir a sustentação familiar. Toda a produção é armazenada em silos de zinco. Não plantam no quintal porque o solo é muito duro. A família tem uma pequena criação de galinhas, guinés e porco para consumo próprio. Sempre que pre-cisam de um dinheiro vendem um dos animais. Em março de 2007, a família foi contemplada com um banheiro redondo através da ação da Diaconia e da associação rural da comunidade. No início da construção pensavam que não ia dar certo. “Como vai colocar a porta se o banheiro é redondo?”, questionava Dona Emídia Margarida. Antes a família tinha o banheiro só para tomar banho e era fora de casa. Todas as necessidades fisiológicas eram feitas ao ar livre, no meio da vegeta-ção da caatinga, sem nenhum saneamento básico. “A situação agora é outra. É muito bom ter um banheiro dentro de casa, com chuveiro para tomar banho, pia para escovar os dentes e vaso sanitário para as necessidades”, diz o Sr. Otávio.

5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO.

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5. EXPERIÊNCIAS DAS FAMÍLIAS QUE CONQUISTARAM O BANHEIRO REDONDO. Eles têm o maior cuidado com o banheiro, lavam a caixa d’água todos os meses e garantem que é uma das melhores coisas que já aconteceu na vida deles. “Achamos que deveria ser feito muitos banheiros como este, o governo deveria ser responsável por essa construção e melhorar a vida de outras famí-lias como nós” afirma Dona Emídia Margarida.

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Diaconia

SedeRua Marques do Amorim, 599, Ilha do LeiteCEP: 50070-030Recife – PE – BrasilTel/ Fax: (81) 3221.0508E-mail: [email protected]

Casa de Apoio de Afogados da IngazeiraRua Padre Luiz de Góes, 177, CentroCEP: 56.800-000Afogados da Ingazeira – PernambucoTelefones: (87) 3838-1056 / 3838-3941Email: [email protected]

Casa de Apoio de UmarizalAvenida Divinópolis, 456, CentroCEP: 59.865-000Umarizal – Rio Grande do NorteTelefones: (84) 3397-2665 / 3397-2237Email: [email protected]

Casa de Apoio de FortalezaRua Pedro Pereira, 460, Salas 301 - 303CEP: 60.035-000Fortaleza – CearáTelefones: (85) 3231-5292 / 3211-7062Email: [email protected]

NatalRua Piquiá, 7830 Cidade SatéliteCEP: 59.067-580 Natal – Rio Grande do NorteTelefones: (84) 3218-6341Email: [email protected]

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