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Marcelo Samsoniuk Fernando Zanella PROJETO FINAL DA DISCIPLINA DE PROJETO DE CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS CONVERSOR DELTA-SIGMA Projeto final para a disciplina de Projeto de Circuitos Integrados Analógicos (TE823), no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná. Professor: Dr. Oscar da C. Golveia Filho Curitiba, 2010.

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Marcelo SamsoniukFernando Zanella

PROJETO FINAL DA DISCIPLINA DE PROJETO DE CIRCUITOS INTEGRADOS ANALÓGICOS

CONVERSOR DELTA-SIGMA

Projeto final para a disciplina de Projeto de Circuitos Integrados Analógicos (TE823), no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná.

Professor: Dr. Oscar da C. Golveia Filho

Curitiba, 2010.

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a indústria de semicondutores evoluiu muito

rapidamente, tanto em termos de tamanho quanto em termos de custo, de modo que

cada vez mais empresas estão partindo para o desenvolvimento de seus próprios

circuitos integrados, reduzindo os custos e criando vantagens competitivas em

relação às empresas que ainda utilizam os circuitos integrados de uso geral.

Tendo isso em mente, o projeto final da disciplina de Projeto de Circuitos

Integrados Analógicos imita em parte os passos necessários para a produção de um

circuito integrado híbrido, contendo blocos analógicos e digitais.

2. OBJETIVOS

O circuito integrado híbrido contém blocos analógicos e digitais formando um

conversor analógico para digital segundo a técnica de conversão delta-sigma. Para

tal, precisamos de um amplificador operacional com as seguintes especificações [1]:

Alimentação simples de 1.8V

Excursão máxima de tensão na entrada e saída de 1V

Freqüência máxima de operação em torno de 500kHz

Razão de saída de 4V/us

Tamanho mínimo de transistor 1um

Para garantir que o amplificador operacional se comporta tal qual um

amplificador operacional discreto, circuitos de teste com configurações típicas como

seguidor de tensão com ganho 1 e inversor com ganho 10 foram utilizados [2].

O amplificador operacional é o elemento básico do conversor delta-sigma e,

para o conversor de primeira ordem, é utilizado com configurações de subtrator,

integrador e comparador[3].

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Além do amplificador operacional, um flip-flop e um buffer é requerido pelo

circuito para o bloco digital na saída do comparador. Espera-se que o sistema possa

operar com um clock de 200kHz, sendo capaz de converter sinais analógicos com

forma de onda arbitrária na faixa de 20 a 20kHz.

Como o conversor delta-sigma produz um bitstream adaptativo, a qualidade

varia conforme a freqüência do sinal de entrada em relação ao clock. No caso de um

sinal de 20kHz, temos apenas 10 clocks e portanto uma estimativa grosseira indica

que a precisão será acima de 3 bits (23 < 10). Por outro lado, para 20Hz temos 10

mil clocks e a precisão será acima de 13 bits (213 < 10000)

Assim, para um sinal de referência de 1kHz, teremos 200 clocks e uma

estimativa grosseira de 7 bits (27 < 100).

3. IMPLEMENTAÇÃO

De acordo com os objetivos apresentados, a topologia escolhida para o

amplificador operacional foi baseada em uma topologia bem conhecida, sendo os

transistores dimensionados de modo que o menor transistor tenha 1um, conforme

ilustrado na Figura 1.

Para validação, o amplificador operacional foi testado em duas

configurações típicas, como seguidor de tensão com ganho 1 (Figura 2) e como

inversor com ganho 10 (Figura 3).

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Figura 1 – Topologia do Amplificador Operacional

Figura 2 – Seguidor de Tensão com ganho 1

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Figura 3 – Inversor com ganho 10

A primeira configuração foi utilizada para determinar experimentalmente a

tensão de VBIAS. Para tal foi aplicado um sinal periódico triangular com período em

torno de 5us, variando de 0 a 1.8V, ao mesmo tempo em que VBIAS varia de 0 a

1.8V em um período em torno de 50us, conforme ilustrado na Figura 4.

Uma vez definido VBIAS, determinou-se também que a excursão máxima de

tensão na saída seria da ordem de 1V, de modo que a excursão máxima de tensão

na entrada deve ter o mesmo valor.

Ajustando-se o gerador de sinal para este valor, foi possível verificar através

de simulação que a configuração do amplificador operacional como seguidor de

tensão com ganho 1 está correto, permitindo determinar a razão de saída (Figura 5)

e passando-se então para a configuração de amplificador inversor com ganho 10,

confirmando que o amplificador obedece a relação A = R2/R1 (Figura 6).

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Figura 4 – Determinação experimental de VBIAS

Figura 5 – Seguidor de tensão e determinação da razão de saída

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Figura 6 – Inversor com ganho 10x

É importante lembrar que na configuração como inversor, o sinal IN+ que

tipicamente é conectado ao GND precisa ser conectado a uma fonte DC de 0.9V, em

função de nosso circuito não estar utilizando fonte simétrica.

Além destes testes, foram também feitas as análises de resposta DC e AC,

usando respectivamente as topologias de ganho máximo (Figura 7) e ganho 1

(Figura 8). No caso da análise DC (Figura 9), o ganho para um sinal de 37.5 mV foi

de 1.79V, ou seja, um ganho máximo acima de 20 mil. Já no caso da análise AC

(Figura 10), temos a banda e fase para o ganho máximo.

Como o conversor utiliza os amplificadores operacionais com pequeno ganho

e grande amplitude de sinal, foi feita a análise AC também com o seguidor de tensão

de ganho 1 (Figura 11). Neste caso, temos uma banda e fase muito melhor e

podemos trabalhar até 1MHz praticamente sem distorção.

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Figura 7 – Configuração para análise DC com ganho máximo

Figura 8 – Configuração para análise AC com ganho máximo

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Figura 9 – Análise DC com ganho máximo

Figura 10 – Análise AC com ganho máximo

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Figura 11 – Análise DC com ganho 1

No caso do conversor delta-sigma, três amplificadores operacionais são

utilizados, com as seguintes funcionalidades:

Subtrator entre o sinal de entrada e o sinal no flip-flop

Integrador para o sinal gerado pelo subtrator

Comparador entre o sinal gerado pelo integrador e a referência de 0.9V

O sinal de saída do comparador é então armazenado no flip-flop, gerando um

bitstream digital, síncrono com o clock de 200kHz, que pode passar por um

amplificador classe D de alta potência ou ser direcionado para um microcontrolador.

O projeto foi construído progressivamente, estágio por estágio, de modo que

cada estágio foi simulado separadamente e os resistores foram ajustados

empiricamente para o valor de 20kΩ e 10kΩ, de acordo com os resultados da

simulação (Figura 12).

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Figura 12 - Substrator

Para facilitar o projeto, linhas separadas de CLK, VBIAS e VREF foram

adicionadas. Como o estágio digital ainda não estava implementado, o sinal de

feedback é um clock de 100kHz (equivalente a passar um clock de 200kHz por um

flip-flop), ajustado para uma excursão de tensão de 0.4 a 1.4V, de modo a casar com

a excursão máxima do amplificador operacional.

Na simulação do subtrator (Figura 13), é interessante observar que o clock é

subtraído do sinal de entrada (não o contrário!). Também é interessante observar

que a configuração acabou invertendo o sinal, o que não é necessariamente um

problema, visto que o integrador irá inverter novamente o sinal.

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Figura 13 – Simulação do subtrator

Com o subtrator funcionando corretamente, o próximo passo foi adicionar o

integrador (Figura 14). Neste caso, foi necessário dimensionar os componentes de

ajuste para a freqüência específica de 100kHz, de modo que na simulação

conseguimos verificar o resultado esperado (Figura 15).

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Figura 14 – Integrador conectado ao subtrator

Figura 15 – Simulação dos dois estágios

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Para o sistema funcionar corretamente usando o método delta-sigma, é

necessário um feedback injetado no subtrator, vindo do comparador e do flip-flop de

saída. Na simulação, foi utilizado como sinal digital de 100kHz, que na prática

representa a codificação de silêncio ou ausência de sinal.

Para obter corretamente a integração do sinal de 100kHz, os resistores foram

configurados com valor de 100kΩ e o capacitor com valor de 100pF, sabendo que a

freqüência de operação f = 1/(RC).

Finalmente, adicionamos um comparador entre a tensão de referência e a

saída do integrador (Figura 16). Com isso obtemos um trem de pulsos assíncrono

que representa de forma digital os valores na saída do integrador (Figura 17).

Figura 16 – Comparado conectado ao integrador

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Figura 17 – Simulação com a saída do comparador

O trem de pulsos não corresponde precisamente ao sinal de entrada porque

estamos usando um clock de 100kHz como feedback na simulação. Para resolver

este problema ainda é necessário implementar o bloco digital do conversor, onde a

saída do comparador é armazenada em um latch síncrono com o clock de 200kHz.

Apesar da falta do feedback, o trem de pulsos a grosso modo codifica algo

que se assemelha muito ao sinal original de entrada. Fazendo um ajuste empírico no

resistor de ganho do integrador, é possível melhorar o trem de pulsos

consideravelmente (Figura 18), de modo que o resistor ficou com 1/10 do valor do

resistor na entrada do sinal (que possui relação fixa com o capacitor).

Esta alteração, no entanto, não será mantida na versão final, uma vez que o

feedback correto faz justamente uma compensação digital neste circuito.

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Figura 18 – Simulação com ajuste empírico no integrador

Finalmente, implementando o bloco digital é possível conectar corretamente a

linha de feedback. Para tal foi implementado um latch baseado em duas portas

inversoras CMOS e duas chaves CMOS [4]. Como a excursão de tensão do

feedback aumentou de 1V para 1.8V, o resistor de entrada do subtrator foi alterado

empiricamente de 20kΩ para 45kΩ.

Um clock de 200kHz foi utilizado no estágio digital. A Figura 19 mostra a

implementação final e a Figura 20 mostra a simulação. A verificação do sinal de

saída pode ser feita em três passos simples:

Com o sinal de entrada no nível mais baixo, o sinal digital deve ter

valor 0 sempre.

Com o sinal de entrada no nível mais alto, o sinal digital deve ter o

valor 1 sempre.

Com o sinal de entrada variando do nível mais baixo para o nível mais

alto (ou vice-versa), o sinal digital deve pulsar como um clock, variando

o ciclo de trabalho para refletir a amplitude do sinal de saída.16

Figura 19 – Conversor delta-sigma completo

Figura 20 – Simulação do conversor delta-sigma completo

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4. CONCLUSÃO

O conversor analógico para digital foi implementado com sucesso e pode ser

utilizado como bloco em outro circuito integrado. Esta primeira versão não é

totalmente independente e requer uma série de recursos externos ao bloco: tanto as

fontes de alimentação (VBIAS e VREF), quando os resistores e o capacitor do

integrador precisam ser devidamente substituídos por transistores ou colocados no

lado externo do circuito integrado.

Como sugestão de melhorias futuras, o projeto pode ser expandido para um

conversor delta-sigma de ordem maior, de modo a melhorar a qualidade da

conversão em relação à implementação atual [5].

5. REFERÊNCIAS

1. BERLIN, Howard M. - “Projetos com Amplificadores Operacionais”

Editora Técnica Eletrônica Ltda, 1983

2. ALLEN, Dr. Phillip E. - “CMOS Analog IC Design Short Course”

http://www.aicdesign.org/scnotes05.html

3. BEIS, Uwe - "An Introduction to Delta Sigma Converters"

http://www.beis.de/Elektronik/DeltaSigma/DeltaSigma.html

4. Hades development team - “CMOS D-type transmission-gate latch”

http://tams-www.informatik.uni-hamburg.de/applets/hades/webdemos/05-

switched/40-cmos/latch.html

5. BEIS, Uew - “First Order Delta Sigma Modulator Disadvantages”

http://www.beis.de/Elektronik/DeltaSigma/1stOrderDisadvantages.html

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