conurbação

48
5/14/2018 conurbao-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 1/48 quinta-feira, 22 de julho de 2010 Cidades conurbadas no estado de São Paulo. Rodovia Washington Luís em Mirassol. Essa rodovia se tornou uma avenida que liga São José do Rio Preto a Mirassol. Imagem: Skyscraprcity. O fenômeno de conurbação acontece quando duas ou mais áreas urbanas de municípios se encontram formando uma única malha urbana. Processo muito evidente nos grandes centros, São Paulo e Rio de Janeiro possuem tantos municípios conurbados que uma pessoa desinformada acredita que toda a malha urbana consiste em uma única cidade. A conurbação não é um fenômeno apenas das grandes capitais, atualmente várias cidades do interior vêm se conurbando ou estão em vias de conurbação. Um dos exemplos mais nítidos é a região de Campinas. Campinas já é considerada uma metrópole, sua região metropolitanaengloba 19 municípios. Muitos deles conurbados. Outras cidades estão se conurbando com essa região metropolitana, é o caso de Sorocaba, onde existe um projeto de lei para criar uma região metropolitana com 16 municípios. A rodovia SP-79 que liga Campinas a Sorocaba possui ao seu redor vários municípios que estão se conurbando, como Indaiatuba e Salto. Em outras localidades do estado existem cidades que já estão conurbadas. São elas: São José dos Campos, Jacareí e Caçapava; Taubaté, Pindamonhangaba e Tremembé; Bauru e Pederneiras; Pirassununga, Descalvado e Porto Ferreira; São José do Rio Preto e Mirassol. Notem que apenas São José dos Campos possui mais de 500 mil habitantes, ou seja; é considerada uma cidade grande. As demais são cidades de porte médio como São José do Rio Preto e Bauru com, respectivamente, 420 e 360 mil habitantes. São as duas maiores cidades conurbadas que aparecem na lista.

Upload: vivian-las-casas

Post on 16-Jul-2015

1.943 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 1/48

quinta-feira, 22 de julho de 2010Cidades conurbadas no estado de São Paulo.

Rodovia Washington Luís em Mirassol.

Essa rodovia se tornou uma avenida que liga São José do Rio Preto a Mirassol.

Imagem: Skyscraprcity. 

O fenômeno de conurbação acontece quando duas ou mais áreas urbanas demunicípios se encontram formando uma única malha urbana. Processo muito

evidente nos grandes centros, São Paulo e Rio de Janeiro possuem tantos

municípios conurbados que uma pessoa desinformada acredita que toda a malha

urbana consiste em uma única cidade.

A conurbação não é um fenômeno apenas das grandes capitais, atualmente várias

cidades do interior vêm se conurbando ou estão em vias de conurbação.

Um dos exemplos mais nítidos é a região de Campinas. Campinas já é considerada

uma metrópole, sua região metropolitanaengloba 19 municípios. Muitos deles

conurbados. Outras cidades estão se conurbando com essa região metropolitana, é

o caso de Sorocaba, onde existe um projeto de lei para criar uma região

metropolitana com 16 municípios.

A rodovia SP-79 que liga Campinas a Sorocaba possui ao seu redor vários

municípios que estão se conurbando, como Indaiatuba e Salto.

Em outras localidades do estado existem cidades que já estão conurbadas. São

elas:

São José dos Campos, Jacareí e Caçapava;• Taubaté, Pindamonhangaba e Tremembé;

• Bauru e Pederneiras;

• Pirassununga, Descalvado e Porto Ferreira;

• São José do Rio Preto e Mirassol.

Notem que apenas São José dos Campos possui mais de 500 mil habitantes, ou

seja; é considerada uma cidade grande. As demais são cidades de porte médio

como São José do Rio Preto e Bauru com, respectivamente, 420 e 360 mil

habitantes. São as duas maiores cidades conurbadas que aparecem na lista.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 2/48

Urbanização – Causas, Consequências, Conurbação, Metrópole,Megalópoles1, junho, 2011BarbaraDeixar um comentário Ir para os comentários

Educação e Vestibular – Not 1

Urbanização – Causas e Consequências, Conurbação, Metrópoles, Megalópoles

A Urbanização é um fenômeno demográfico e estrutural que está aumentando a cada dia.Saiba hoje no Not 1 Educação o que é a Urbanização, quais os motivos e impactos nasociedade. Veja também termos importantes para a Geografia e suas Definições eexplicação, tais como Conurbação, Metrópole, Megalópole, Megacidade e mais.

Urbanização é o crescimento da população no meio urbano, ou seja, nas cidades emrelação ao crescimento no meio rural. No Brasil a urbanização teve início na década de 30,associada à intensificação do processo de industrialização, sobretudo após a 2ª GuerraMundial. Em 1940, 31 % da população brasileira vivia nas cidades, já atualmente mais de80% da população vive nas cidades do país.

Há diversas causas para a Urbanização, entre elas a Industrialização, êxodo rural devido às

precárias condições de vida no campo e atração exercida pelas cidades.Consequências da Urbanização e Problemas Urbanos - Os principais efeitos são:

- o crescimento caótico das cidades e regiões metropolitanas;

- falta de infraestrutura adequada em termos de serviços (energia, água, saneamento,hospitais);

- transporte coletivo deficitário; problemas de moradia (favelas, cortiços, habitações ilegais,loteamentos clandestinos em áreas de mananciais);

- grande desigualdade social, desemprego e saturação de setores de trabalho.

Termos e Definições – Resumo

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 3/48

* Cidades Espontâneas ou naturais – podem ser originadas por antigas feitorias (Cabo Frio),por missões religiosas (São Paulo), pela Mineração (Ouro Preto), núcleo de colonização(Bento Gonçalves), aldeamento indígena (Guarulhos).

* Cidades Planejadas ou Artificiais – possuem um plano de construção e infraestrutura,exemplos no Brasil: Teresina (capital do Piauí), Aracajú (Sergipe), Belo Horizonte (Minas

Gerais), Goiânia (Goiás), Brasília e Palmas (Tocantins).

* Além das acima, as cidades podem ser classificadas quanto ao sítio urbano (planície,acrópole, planalto), quanto à posição geográfica (Marítima, Fluvial, Litorânea, Interiorana) oufunção urbana (Industrial, Militar, Portuária, Turístico-histórica, Administrativa).

* Conurbação - é a junção espacial das estruturas urbanas de cidades (formando RegiõesMetropolitanas) ou de Metrópoles (formando uma Megalópole), ou seja, formam umaglomerado urbano.

* Metrópole - é a cidade que exerce forte influência (polarização) sobre o espaço geográficoem diferentes Âmbitos – regional, nacional ou Global. A Polarização se dá por meio dasestruturas econômicas de comando associadas aos setores do comércio, finanças,tecnologias, educação, transportes. Exemplo: Vitória (metrópole regional); Brasília(metrópole Nacional); São Paulo e Nova Iorque (metrópole global).

* Região Metropolitana - conjunto de municípios integrados, parecem uma só cidade, esão polarizados por uma Metrópole.

* Megalópole - Conjunto de duas ou mais regiões metropolitanas interligadas, conurbadas,por intenso fluxo de pessoas, mercadorias e serviços. É visível a expressiva fusão de sítiosurbanos, a área rural desaparece nessa faixa. Exemplos das mais famosas e representativasMegalópoles do Mundo:

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 4/48

No Japão: Megalópole de Tóquio a Osaka. Nos Estados Unidos: Megalópole de San-San (SãoFrancisco à San Diego); Bos-Wash (Boston a Washington), Chippits (Chicago a SãoPetersburgo – Sul dos Grandes Lagos).

No Brasil a megalóple, que ainda está em formação, é a São Paulo – Rio (destacando-senesse aglomerado a região metropolitana de Campinas, conurbações na via Dutra.

* Megacidades - São aquelas que possuem 10 milhões de habitantes ou mais. Exemplos:

Nova Iorque, México, Mumbai, São Paulo, Lagos, Changai e outras.

* Macrocefalia Urbana – crescimento desordenado do espaço urbano associado ao elevadocrescimento populacional que ocorre em taxa acima da de criação de Infraestrutura urbana.Trata-se de um fenômeno típico das regiões metropolitanas de países emergentes.

Como consequência deteriora-se rapidamente as estruturas de transportes, saneamentobásico, saúde, educação, emprego; e aumentam o subemprego, a Informalidade daeconomia, a criminalidade, violência e favelização da população de baixa renda.

As formas de urbanização no Brasil

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 5/48

No Brasil, o processo de urbanização foi essencialmente concentrador: geroucidades grandes e metrópoles.

Metrópoles: São cidades que possuem mais de 1 milhão de habitantes epolarizam uma determinada região. O Brasil possui atualmente 11 metrópoles:

• São Paulo;

• Rio de Janeiro;

• Curitiba;

• Goiânia;

• Manaus;

• Belém;

• Fortaleza;

• Salvador;

• Porto Alegre;

• Belo Horizonte;

• Recife

Obs: Brasília não é considerada metrópole, pois ela conheceu um crescimentoendógeno, e por isso não polariza regiões.

Megalópoles: é a união de duas metrópoles. O Brasil possui somente umamegalópole, localizada no Vale do Paraíba tendo a via Dutra ligando-na.

Redes Urbanas:

As principais redes urbanas estão na faixa litorânea, devido a:

• Fatores econômicos

• Fatores históricos

• Fatores geográficos

Brasil: População urbana x População rural

O Sudeste é a região brasileira mais urbanizada, em função do seudesenvolvimento tanto no setor industrial, quanto no agropecuarista. O fato deessa região concentrar o maior parque fabril do país funciona como fator de

atração de migrantes de diversas regiões para suas principais cidades. Odesenvolvimento das atividades rurais, com intensa mecanização, é um fator de aceleração das migrações campo-cidade, no interior da própria região.

Tipos de Cidades

Centro regional é a cidade que "comanda" um certo número de outras cidadesà sua volta. Como exemplo, temos as cidades de Itumbiara (GO), Ilhéus (BA) eMarabá (PA).

Capital regional é a cidade que "comanda" um pequeno grupo de centros

regionais e suas áreas de influência. Como exemplo, temos as cidades deBlumenau (SC), Londrina (PR) e Uberaba (MG).

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 6/48

Metrópole regional é a cidade que comanda uma grande área, além dos seuslimites estaduais, envolvendo diversas capitais regionais e suas áreas deinfluência. Há no país 11 cidades que têm essa categoria: Manaus (AM), Belém(PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Rio deJaneiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Goiânia (GO).

Metrópole nacional é a cidade que comanda toda a rede urbana do país,envolvendo esferas de influência de várias metrópoles regionais. No Brasil, háduas cidades com esse porte: São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

Conurbação: a intensa urbanização, especialmente em torno das metrópolesregionais, deu origem a um processo de junção das áreas efetivamenteurbanizadas de municípios vizinhos, denominado conurbação. Tal junção fazsurgir um grande número de novos problemas urbanos, que as administraçõesmunicipais das cidades envolvidas quase sempre não conseguem resolver; daía formação das áreas metropolitanas.

Áreas ou regiões metropolitanas são áreas administrativas formadas por diversos municípios conurbados, que visam a promover o planejamento globale a integração de serviços comuns de todas as cidades no interior daconurbação.

Maiores RegiõesMetropolitanas

Cidadesconurbadas

Populaçãototal

Grande São Paulo 38 17 091 863Grande Rio de

Janeiro13 10 367 169

Grande BeloHorizonte

18 3 962 474

Grande Porto Alegre 22 3 342 177Grande Recife 12 3 166 191

Grande Salvador 10 2 801 799Grande Fortaleza 8 2 707 842Grande Curitiba 14 2 571 119Grande Belém 2 1 656 932

Êxodo Rural no Brasil

No Brasil, têm ocorrido com maior intensidade nas últimas décadas odeslocamento de pessoas do campo que vão para as cidades com a

expectativa de uma vida melhor, isso é conhecido como êxodo rural.Hoje, de cada grupo de quatro brasileiros, pelo menos três vivem nas áreasurbanas e apenas um no meio rural. Essas pessoas que resolvem ir para ascidades estão indo a quase sua totalidade em busca de emprego, mas a maior parte dessas pessoas acabam ficando num estado deplorável, já que muitasvezes passam tantas dificuldades, como fome, por exemplo.

A ilusão de uma vida melhor ou mais "moderna" na grande cidade, divulgadoprincipalmente pela televisão, pode constituir um motivo para o êxodo rural.

O fator explicativo desse processo é que a economia brasileira vemconhecendo profundas modificações nestas últimas décadas. O

desenvolvimento do capitalismo se acelerou no país, juntamente com aindustrialização e a urbanização que sempre o acompanham.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 7/48

Assim, o avanço do capitalismo normalmente produz a mecanização no campo,o que faz surgir o desemprego em grande quantidade dos trabalhadores, já queas máquinas fazem o trabalho de vários homens, levando o camponês aoempobrecimento surgindo a esperança dos camponeses a saírem em busca deempregos e moradias nas cidades.

Conclui-se então que a melhor solução para essas pessoas que vivem nocampo, não é ir em direção as cidades para não ficarem num estado maisdeplorável que já estão, e sim, se especializar nas atividades agrícolas docampo onde vivem.

A cidade de São Paulo 

A fundação de São Paulo insere-se no processo de ocupação e exploração dasterras americanas pelos portugueses, a partir do século XVI. Inicialmente, oscolonizadores fundaram a Vila de Santo André da Borda do Campo (1553),constantemente ameaçada pelos povos indígenas da região. Nessa época, umgrupo de padres da Companhia de Jesus, da qual faziam parte José deAnchieta e Manoel da Nóbrega, escalaram a serra do mar chegando aoplanalto de Piratininga onde encontraram "ares frios e temperados como os daEspanha" e "uma terra mui sadia, fresca e de boas águas". Do ponto de vistada segurança, a localização topográfica de São Paulo era perfeita: situava-senuma colina alta e plana, cercada por dois rios, o Tamanduatey e oAnhangabaú.

Nesse lugar, fundaram o Colégio dos Jesuítas em 25 de janeiro de 1554, aoredor do qual iniciou-se a construção das primeiras casas de taipa que dariamorigem ao povoado de São Paulo de Piratininga.

Em 1560, o povoado ganhou foros de Vila e pelourinho, mas a distância do

litoral, o isolamento comercial e o solo inadequado ao cultivo de produtos deexportação, condenou a Vila a ocupar uma posição insignificante duranteséculos na América Portuguesa.

Por isso, ela ficou limitada ao que hoje denominamos Centro Velho de SãoPaulo ou triângulo histórico, em cujos vértices ficam os Conventos de SãoFrancisco, de São Bento e do Carmo.

Até o século XIX, nas ruas do triângulo (atuais ruas Direita, XV de Novembro eSão Bento) concentravam-se o comércio, a rede bancária e os principaisserviços de São Paulo.

Em 1681, São Paulo foi considerada cabeça da Capitania de São Paulo e, em

1711, a Vila foi elevada à categoria de Cidade. Apesar disso, até oséculo XVIII, São Paulo continuava como um quartel-general de onde partiamas "bandeiras", expedições organizadas para apresar índios e procurar minerais preciosos nos sertões distantes. Ainda que não tenha contribuído parao crescimento econômico de São Paulo, a atividade bandeirante foi aresponsável pelo devassamento e ampliação do território brasileiro a sul e asudoeste, na proporção direta do extermínio das nações indígenas queopunham resistência a esse empreendimento.

A área urbana inicial, contudo, ampliou-se com a abertura de duas novas ruas,a Líbero Badaró e a Florêncio de Abreu. Em 1825, inaugurou-se o primeiro

 jardim público de São Paulo, o atual Jardim da Luz, iniciativa que indica umapreocupação urbanística com o aformoseamento da cidade.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 8/48

No início do século XIX, com a independência do Brasil, São Paulo firmou-secomo capital da província e sede de uma Academia de Direito, convertendo-seem importante núcleo de atividades intelectuais e políticas. Concorreramtambém para isso, a criação da Escola Normal, a impressão de jornais e livrose o incremento das atividades culturais.

No final do século, a cidade passou por profundas transformações econômicase sociais decorrentes da expansão da lavoura cafeeira em várias regiõespaulistas, da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí (1867) e do afluxode imigrantes europeus.

Para se ter uma idéia do crescimento vertiginoso da cidade na virada doséculo, basta observar que em 1895 a população de São Paulo era de 130 milhabitantes (dos quais 71 mil eram estrangeiros), chegando a 239.820 em 1900.Nesse período, a área urbana se expandiu para além do perímetro do triângulo,surgiram as primeiras linhas de bondes, os reservatórios de água e ailuminação a gás.

Esses fatores somados já esboçavam a formação de um parque industrialpaulistano. A ocupação do espaço urbano registrou essas transformações. OBrás e a Lapa transformaram-se em bairros operários por excelência; ali seconcentravam as indústrias próximas aos trilhos da estrada de ferro inglesa,nas várzeas alagadiças dos rios Tamanduatey e Tietê. A região do Bexiga foiocupada, sobretudo, pelos imigrantes italianos e a Avenida Paulista eadjacências, áreas arborizadas, elevadas e arejadas, pelos palacetes dosgrandes cafeicultores .

As mais importantes realizações urbanísticas do final do século foram, de fato,a abertura da Avenida Paulista (1891) e a construção do Viaduto do Chá(1892), que promoveu a ligação do "centro velho" com a "cidade nova",

formada pela rua Barão de Itapetininga e adjacências. É importante lembrar,ainda, que logo a seguir (1901) foi construída a nova estação da São PauloRailway, a notável Estação da Luz.

Do ponto de vista político-administrativo, o poder público municipal ganhounova fisionomia. Desde o período colonial São Paulo era governada pelaCâmara Municipal, instituição que reunia funções legislativas, executivas e judiciárias. Em 1898, com a criação do cargo de Prefeito Municipal, cujoprimeiro titular foi o Conselheiro Antônio da Silva Prado, os poderes legislativoe executivo se separaram.

O século XX, em suas manifestações econômicas, culturais e artísticas, passa

a ser sinônimo de progresso. A riqueza proporcionada pelo café espelha-se naSão Paulo "moderna", até então acanhada e tristonha capital.

Trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, velocidade, a cidade cresce,agiganta-se e recebe muitos melhoramentos urbanos como calçamento,praças, viadutos, parques e os primeiros arranha-céus.

O centro comercial com seus escritórios e lojas sofisticadas expõe em suasvitrinas a moda recém lançada na Europa. Enquanto o café excitava ossentidos no estrangeiro, as novidades importadas chegavam ao Porto deSantos e subiam a serra em demanda à civilizada cidade planaltina. Sinaistelegráficos traziam notícias do mundo e repercutiam na desenvolta imprensa

local.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 9/48

Nos navios carregados de produtos finos para damas e cavalheiros da altaclasse, também chegavam os imigrantes italianos e espanhóis rumo àsfazendas ou às recém instaladas indústrias, não sem antes passar umatemporada amontoados na famosa hospedaria dos imigrantes, no bairro doBrás.

Em 1911, a cidade ganhou seu Teatro Municipal, obra do arquiteto Ramos deAzevedo, celebrizado como sede de espetáculos operísticos, tidos comoentretenimento elegante da elite paulistana.

A industrialização se acelera após 1914 durante a Primeira Grande Guerra,mas o aumento da população e das riquezas é acompanhado pela degradaçãodas condições de vida dos operários que sofrem com salários baixos, jornadasde trabalho longas e doenças. Só a gripe espanhola dizimou oito mil pessoasem quatro dias.

Os operários se organizam em associações e promovem greves, como a queocorreu em 1917 e parou toda a cidade de São Paulo por muitos dias. Nesse

mesmo ano, o governo e os industriais inauguram a exposição industrial deSão Paulo no suntuoso Palácio das Indústrias, especialmente construído paraesse fim. O otimismo era tamanho que motivou o prefeito de então, WashingtonLuis, a afirmar, com evidente exagero: "A cidade é hoje alguma coisa comoChicago e Manchester juntas".

Na década de 20, a industrialização ganha novo impulso, a cidade cresce (em1920, São Paulo tinha 580 mil habitantes) e o café sofre mais uma grandecrise. No entanto, a elite paulistana, num clima de incertezas, mas de muitootimismo, freqüenta os salões de dança, assiste às corridas de automóvel, àspartidas de foot-ball, às demonstrações malabarísticas de aeroplanos, vai aosbailes de máscaras e participa de alegres corsos nas avenidas principais da

cidade. Nesse ambiente, surge o irrequieto movimento modernista. Em 1922,Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Luís Aranha, entre outros intelectuais eartistas, iniciam um movimento cultural que assimilava as técnicas artísticasmodernas internacionais, apresentado na célebre Semana de Arte Moderna, noTeatro Municipal.

Com a queda da bolsa de valores de Nova Iorque e a Revolução de 1930,alterou-se a correlação das forças políticas que sustentou a "República Velha".A década que se iniciava foi especialmente marcante para São Paulo tantopelas grandes realizações no campo da cultura e educação quanto pelasadversidades políticas. O conflito entre a elite política, representante dossetores agro-exportadores do Estado, e o governo federal, conduziram àRevolução Constitucionalista de 1932 que transformou a cidade numaverdadeira praça de guerra, onde se inscreviam os voluntários, se armavamestratégias de combate e se arrecadavam contribuições da populaçãoamedrontada, mas orgulhosa de pertencer a uma "terra de gigantes".

A derrota de São Paulo e sua participação restrita no cenário político nacionalcoincidiu, no entanto, com o florescimento de instituições científicas eeducacionais. Em 1933, foi criada a Escola Livre de Sociologia e Política,destinada a formar técnicos para a administração pública; em 1934, Armandode Salles Oliveira, interventor do Estado, inaugurou a Universidade de SãoPaulo; em 1935, o Município de São Paulo ganhou, na gestão do prefeito Fábio

Prado, o seu Departamento de Cultura e de Recreação.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 10/48

Nesse mesmo período, a cidade presenciou uma realização urbanísticanotável, que testemunhava o seu processo de "verticalização": a inauguração,em 1934, do Edifício Martinelli, maior arranha-céu de São Paulo, à época, com26 andares e 105 metros de altura.

A década de 40 foi marcada por uma intervenção urbanística sem precedentes

na história da cidade. O prefeito Prestes Maia colocou em prática o seu "Planode Avenidas", com amplos investimentos no sistema viário. Nos anosseguintes, a preocupação com o espaço urbano visava basicamente abrir caminho para os automóveis e atender aos interesses da indústriaautomobilística que se instalou em São Paulo em 1956.

Simultaneamente, a cidade cresceu de forma desordenada em direção àperiferia gerando uma grave crise de habitação, na mesma proporção, aliás,em que as regiões centrais se valorizaram servindo à especulação imobiliária.

Em 1954, São Paulo comemorou o centenário de sua fundação com diversoseventos, inclusive a inauguração do Parque Ibirapuera, principal área verde da

cidade, que passou a abrigar diversos edifícios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

Nos anos 50, inicia-se o fenômeno de "desconcentração" do parque industrialde São Paulo que começou a se transferir para outros municípios da RegiãoMetropolitana (ABCD, Osasco, Guarulhos, Santo Amaro) e do interior doEstado (Campinas, São José dos Campos, Sorocaba).

Esse declínio gradual da indústria paulistana insere-se num processo de"terceirização" do Município, acentuado a partir da década de 70. Isso significaque as principais atividades econômicas da cidade estão intrinsecamenteligadas à prestação de serviços e aos centros empresariais de comércio

(shopping centers, hipermercados, etc). As transformações no sistema viáriovieram atender a essas novas necessidades. Assim, em 1969, foram iniciadasas obras do metrô na gestão do prefeito Paulo Salim Maluf.

A população da metrópole paulistana cresceu na última década, de cerca de 10para 16 milhões de habitantes. Esse crescimento populacional veioacompanhado do agravamento das questões sociais e urbanas (desemprego,transporte coletivo, habitação, problemas ambientais...) que nos desafiamcomo "uma boca de mil dentes" nesse final de século.

Atual população de São Paulo:

O censo de 2000 nos mostra que São Paulo têm 10.434.252 habitantes• A densidade demográfica da cidade é de 6915 habitantes por Km2

O território da Cidade de São Paulo

Município de São Paulo 1994:

Área Km²Municípiode SãoPaulo

1.509,0

Urbana 826,4

Rural 627,0Represas 55,6

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 11/48

Considerações Finais

Como foi mostrado acima, o processo de urbanização, no qual surgem ascidades, ocorreu na maioria das cidades do mundo de forma livre sem umplanejamento prévio.

Esse fato acarretou em diversos problemas como a falta de moradia para apopulação, gerando as favelas, a falta de emprego, que traz consigo a miséria,entre outros problemas.

Cabe aos nossos governantes ver esses problemas e buscar a melhor resolução possível para trazer a população as condições necessárias asobrevivência nos meios urbanos.

Conurbação

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 

A Região Metropolitana de São Paulo é um exemplo de grande conurbação que continua a ocorrer entre seus39 municípios.

Conurbação entre as cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, vista através de uma imagem desatélite.

Conurbação (do lat. urbis, cidade) é a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em conseqüênciade seu crescimento geográfico. Geralmente esse processo dá origem à formação de regiões metropolitanas.Contudo, o surgimento de uma região metropolitana não é necessariamente vinculado ao processo deconurbação.

//

Características

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 12/48

O processo de conurbação é caracterizado por um crescimento que expande a cidade, prolongando-a para forade seu perímetro absorvendo aglomerados rurais e outras cidades. Estas, até então com vida política eadministrativa autônoma, acabam comportando-se como parte integrante da metrópole.

Mapa do condado de Grande Manchester , no Reino Unido. Em vermelho, a conurbação ocorrida a partir dacidade de Manchester .

Com a expansão e a integração, desaparecem os limites físicos entre os diferentes núcleos urbanos. Ocorreentão uma dicotomiaentre o espaço edificado e a estrutura político-administrativa.

Como uma importante característica, deve-se considerar a demanda de espaço na cidade. Todas as cidades domundo, de modo geral, são constantemente pressionadas pela demanda de espaço. Isto acaba forçando tanto aincorporação de novos territórios como o adensamento dos já ocupados. Assim, as cidades tendem a crescer,ampliando sua periferia no sentido horizontal everticalizando as áreas centrais. Quando esse crescimento não écontrolado, como acontece com as metrópoles do Terceiro Mundo, o gigantismo deteriora as habitações, tornaprecários os serviços urbanos, desde os transportes até a segurança, e gera outros problemas2.

Conurbação de Randstad, nos Países Baixos. Esta se estende de Amsterdam a Roterdam.

Os países capitalistas desenvolvidos foram os primeiros a apresentar esse tipo de espacialização do fenômenourbano. Londres,Nova Iorque, Paris, Tóquio, mesmo antes da Segunda Guerra Mundial, já apresentavamintensos processos de conurbação2.

Principalmente após os anos 50, quando se verificou a grande industrialização do Brasil, o rápido crescimentoocorrido com as cidades brasileiras gerou um "envelhecimento" dos antigos centros, dada a grande demanda deserviços mais modernos e mais compatíveis com a nova industrialização. Isto acabou significando umaexpansão desses centros, que buscavam novas áreas para crescer. Assim, a configuração dessas conurbaçõesentão consolidou-se.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 13/48

Conurbação do Vale do Ruhr , na Alemanha. As principais cidades conurbadassão Bochum,Dortmund, Duisburg e Essen.

Há casos curiosos de conurbações que se desenvolveram junto às l inhas de fronteira de diferentes países. Écaso das cidades de Santana do Livramento, no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, e Rivera, sede dodepartamento de mesmo nome, noUruguai. O conjunto urbano das duas cidades, denominado tradicionalmentede "Fronteira da Paz", tem mais de 170.000 habitantes que vivem de forma integrada. É comum, por exemplo,

usar o sistema de educação ou de saúde pública de uma ou da outra cidade. O comércio tem especialidadesque levam o consumidor a procurar lojas no Brasil ou no Uruguai além de serem muito freqüentes oscasamentos "mistos" (entre cidadãos dos dois países). A divisão entre as duas cidades é feita por linhasimaginárias traçadas ao longo da malha viária e se estende por muitos quilômetros. Por isso, muitas vezes édifícil para um turista perceber que uma calçada de determinada rua se encontra em um país enquanto que acalçada em frente está no outro.

Outro caso do gênero é a conurbação entre as cidades de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã, noestado de Mato Grosso do Sul, separadas apenas por uma avenida. Também vale ser mencionada aconurbação existente entre as cidades deLetícia, na Colômbia, e Tabatinga, no estado do Amazonas, separadaspor uma avenida chamada de "Avenida da Amizade".

Fluxo Pendular Nas cidades em processo de conurbação é comum a ocorrência do chamado fluxo pendular . O fluxo pendular éo fluxo de passageiros (em veículos particulares ou transporte público) atravessando mais de uma cidade comdois picos de maior intensidade, normalmente no período da manhã e no final da tarde. Geralmente, o sentido

desse fluxo no final da tarde dirige-se às chamadas cidades dormitórios.Essas migrações pendulares são simples fluxos populacionais que não correspondem verdadeiramente amigrações, pois não são realizados com intuito de mudança definitiva, estando embutida na saída do indivíduo aidéia concreta do seu retorno ao local de origem, e por isso o uso do termo "movimento pendular de população".Diferencia-se do conceito de migração por não ter caráter permanente. Alguns exemplos de migraçõespendulares: deslocamento realizado pelo bóia-fria; viagens de residentes em cidade dormitório, que sãorealizadas por pessoas que moram em uma determinada cidade e trabalham em outra; o deslocamento de finsde semana e de férias, com objetivos de lazer e descanso (viagem), que é o principal fator decongestionamentos nas estradas que partem das grandes metrópoles, em fins de semana e vésperas deferiados.

A produção de periferias distantes e a dispersão dos emigrantes de BeloHorizonte

Ralfo Matos1

Introdução

Desde a década de 70, o município de Belo Horizonte praticamente não conta mais com espaços notáveissuscetíveis de ocupação urbana. Sua área física experimenta níveis de saturação em termos de ocupaçãourbana horizontal há muitos anos. Mesmo a construção vertical, por força de restrições legais, escassez definanciamentos e elevados preços de terrenos e imóveis, tem se expandido lentamente há mais de uma década.Esse quadro agravou-se com o rebaixamento do poder aquisitivo de boa parte da população potencialmentecompradora desses bens nos últimos 15 anos, o que repercutiu no comércio de compra e venda de imóveis emBelo Horizonte (BH), afetando a produção imobiliária e a Construção Civil.

A conurbação com municípios como Contagem, Santa Luzia e Sabará justificava, já em 1973, a criação daregião metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) pelo Governo Federal. De lá para cá, a RMBH vem crescendodemograficamente mais que Belo Horizonte, refletindo as restrições espaciais no município-núcleo e a expansãourbana de tipo residencial e industrial em diferentes extensões da periferia metropolitana.

O fenômeno da metropolização tornou-se uma característica marcante do processo de urbanização do país nasduas últimas décadas. A constituição de tão importantes capitais fixos certamente resulta de diversos fatores, osquais possuem determinados padrões de inércia, difíceis de interromper uma vez postos em movimento. Nessesespaços, nem sempre a expansão urbana e demográfica introduz melhoria nas condições de vida dosresidentes.

Quando se analisam os impactos decorrentes da urbanização e crescimento demográfico, é comum verificar que concentração de pessoas e atividades em pequenos espaços geográficos pode acarretar o surgimento deproblemas que se agravam no tempo de forma cumulativa. A expansão urbano-demográfica de periferiasmetropolitanas freqüentemente serve de exemplo, por traduzir mais pobreza e segregação do que o contrário,não obstante o fato de haver nichos de alta renda em algumas periferias.

Belo Horizonte e região metropolitana em Minas Gerais

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 14/48

O planejamento e as ações governamentais voltadas ao desenvolvimento econômico, ao se concentrarem nasrelações dinâmicas entre pólos e hinterlândias, ou Capital e interior, esbarram em dificuldades em termos demedidas revitalizadoras sustentáveis, aplicáveis por exemplo às economias regionais não centrais e/ou áreasrurais estagnadas ou semi-estagnadas que vêm perdendo população há décadas.

A presença de estoques populacionais relativamente expressivos ainda hoje constitui um recurso indispensávelpara a implementação de grandes projetos de desenvolvimento regional. Não é à toa que declínio populacional

geralmente é visto como sinônimo de declínio econômico, embora isso esteja longe de ser uma verdadeabsoluta, já que mesmo em países não desenvolvidos, reestruturações fundiárias, mecanização agrícola eexpansão agro-industrial em áreas rurais podem ampliar a produção de riqueza com redução de população.

Na verdade, o crescimento demográfico aparentemente acanhado de determinadas sub-regiões nem sempretraduz estagnação e pobreza, como a princípio pode parecer. Pode mesmo indicar o contrário, inclusive comoconseqüência da adoção de práticas de saneamento e saúde pública que fizeram rebaixar os níveis defecundidade e mortalidade.

Em Minas Gerais, regiões menos dinâmicas economicamente, como Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Vale doMucuri e Zona da Mata vêm perdendo expressão demográfica há décadas. Entretanto, regiões mineiras muitodinâmicas não têm apresentado forte expansão demográfica. Os dados da Tabela 1.2.1 mostram que o pesodemográfico das regiões mais prósperas do estado têm aumentado muito lentamente nos últimos 20 anos. Por exemplo, o Triângulo/Alto Paranaíba evolui de 10,0% em 1980 para 10,5% no ano 2000; o Sul/Sudoeste de12,4% para 12,6% e o Oeste de 4,6% para 4,7%.

De fato, entre 1980 e 2000 apenas a Metropolitana de Belo Horizonte apresentou taxas de crescimento anualbem superiores à média estadual no período (1,35% a.a.), com seus 2,22% a.a. As outras três mesorregiõescom taxas de crescimento mais altas que a média estadual foram o Triângulo/Paranaíba (1,69%), o Oeste deMinas (1,53%) e o Sul/Sudoeste (1,51%). 2

A mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte, sob diversos aspectos parece ser a mais dinâmica do estado,embora ao lado de sua expansão demográfica e econômica ocorra também a ampliação do quadro deprecariedades, privações e problemas de natureza socioeconômica e ambiental, notadamente em sua periferia.

Fora da RMBH, a revitalização econômica de regiões mineiras poderia ser, sem dúvida, uma forma de diminuir pressões sobre o mercado de trabalho e serviços públicos da metrópole. Um processo dessa natureza poderiaconstituir-se em opção para boa parte da população economicamente ativa atualmente em busca deoportunidades de trabalho formal. Entretanto, a julgar pela evolução dos indicadores econômicos edemográficos, esse processo é ainda incipiente, embora seja provável que diversos tipos de ocupação mediantetrabalho não-formal ou precarizado estejam se ampliando significativamente no interior mineiro.

Contudo, dada a natureza e a dinâmica cumulativa da grande cidade, parte muito significativa das soluções dosproblemas socioespaciais acima referidos só terão respostas no próprio conglomerado metropolitano. Adesconcentração econômica e demográfica, não obstante seus ciclos mais ou menos intensos, é, na verdade,uma solução parcial que se desdobra lentamente (como no efeito "mancha de óleo"). Em contextos de escassezde recursos e investimentos financeiros, crise do Estado, crises de governabilidade e de aumento da exclusão eprivação econômica e social, mais lentos são os processos de reestruturação territorial rumo à umadesconcentração espacial que, de fato, beneficie amplamente as regiões mineiras.

O processo de expansão do tecido urbano de grandes cidades capitalistas geralmente produz exclusão esegregação. Belo Horizonte não foge a essa regra. Entretanto, há um outro mecanismo que a expansão deáreas metropolitanas internaliza, e que pode ou não traduzir segregação e exclusão de forma direta ouconjugada.3 Esse processo ocorre por força do que denominamos redistribuição demográfica por contingênciasgeográfico-funcionais.4 O mercado explora tais contingências e produz segregação, por exemplo, quandoexpande a oferta de condomínios fechados. Os moradores dessas áreas geralmente não estão sendo expulsosdas áreas centrais, como ocorre com residentes de baixa renda empobrecidos, os quais passam a não suportar 

a elevação crescente dos custos de moradia em áreas centrais valorizadas.

Todavia, a característica mais importante da redistribuição demográfica supracitada parece ser a produção deperiferias cada vez mais distantes, mas com fortes vínculos de articulação com o núcleo metropolitano etambém com os grandes estabelecimentos e/ou implantações urbanas próximas. São periferias que sedifundem, grosso modo, por anéis concêntricos. Nelas alojam-se investimentos econômicos que requeremmaiores espaços, tais como indústrias, depósitos de armazenagem, garagens, estabelecimentos militares,hospitalares e de administração pública, clubes, praças, hotéis fazendas, sítios, e até áreas de preservaçãoambiental. Nelas os agentes do mercado imobiliário selecionam áreas e oferecem assentamentos residenciaisdensos dirigidos aos segmentos de baixa renda, assim como condomínios residenciais de baixa densidade paraas classes média e alta. Além disso, nessas áreas, especialmente em eixos de transportes e de intensacirculação urbana, proliferam, nos últimos anos, invasões sob a forma de extensos corredores de favelamento.

Periferias da região metropolitana de Belo Horizonte

Os dados da Tabela 1.2.2 permitem apoiar parte da discussão aqui colocada. Belo Horizonte, em 1980, detinhaquase 50% da população da mesorregião geográfica. Em 2000 esse peso diminui 10 pontos percentuaissituando-se em 40%. A taxa de crescimento próxima de 1% nesses últimos 20 anos, bem inferior a de períodosanteriores, atesta essa evidência.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 15/48

A produção da primeira periferia belo-horizontina seria a contraface dessa trajetória. A região metropolitanaoriginal, composta por 14 municípios, de fato amplia muito lentamente seu peso na mesorregião entre 1980-2000, já que em 1980 ela representava 71% da população da mesorregião e 72,6% em 2000. A redução de seuritmo de crescimento de 2,5% a.a. para 2,2% a.a. confere com essa assertiva. De outra parte, a atual regiãometropolitana, composta por 33 municípios, não só aumenta de forma consistente o seu peso, de 74,2% para77,7%, como é o conjunto que mais cresce na mesorregião, não obstante o declínio do crescimento geométrico

de 2,5% para 2,4% nos períodos em análise. Assim, uma segunda periferia metropolitana torna-se o espaço noqual as médias de crescimento geométrico têm se situado bem acima das médias mineira e mesometropolitana.

De outra parte, não se pode ignorar o fato de que a fecundidade vem declinando no Brasil inteiro há mais de 30anos. Esse declínio já impactou o crescimento demográfico de todas as regiões do país, especialmente nos 20últimos anos. Assim, na atualidade, as localidades mineiras só ostentam crescimento demográfico muito acimada média brasileira (1,4% a.a.) à custa de saldos migratórios francamente positivos.

Em estudo anterior verificou-se, mediante a análise de dados relativos à migração de última etapa dos censosde 1980 e 1991, que as trocas populacionais intrametropolitanas vinham aumentando, sinalizando para o iníciode um processo de desconcentração demográfica (Matos, 2000). Essas trocas eram seletivas e contemplavamprincipalmente os municípios mais próximos de Belo Horizonte, os quais recebiam grandes contingentes demigrantes procedentes do núcleo metropolitano. Belo Horizonte passara a perder expressivos volumes depopulação migrante para sua periferia nos anos 70, fenômeno que ganhou mais desenvoltura no período1981/1991. Em outras palavras, em 1980 o diferencial contra Belo Horizonte era da ordem de 141.573 pessoase em 1991 esse número ultrapassou os 213.000 migrantes, confirmando a dinâmica de desconcentraçãoperiférica na região metropolitana. Nos anos 80 o grau de dispersão populacional pelos municípios da RMBHaumentava sensivelmente em relação aos anos 70. Antes, praticamente Contagem e Ribeirão das Neves eramos municípios que mais recebiam migrantes procedentes de Belo Horizonte. Nos anos 80, além desses, outrosmunicípios aumentam claramente suas participações como receptores, a exemplo de Santa Luzia, Betim, Ibirité,Vespasiano e Sabará que comparecem como receptores de aportes significativos.

Os dados também indicavam que mais municípios e municípios mais distantes do "core" exibiam "saldos"positivos nas trocas com Belo Horizonte, apontando a tendência de aprofundamento do processo deperiferização metropolitana.5

O Censo de 2000 não traz a variável que permite aferir a migração de última etapa. O quesito de data fixa,aquele que indaga sobre o nome do município em que a pessoa residia cinco anos antes, passa a ser oprincipal recurso com que se pode investigar as migrações internas. Com isso, diminui o volume de populaçãomigrante do período intercensitário (já que a pergunta que nomeia o município de procedência refere-se a umintervalo de cinco anos e não 10, como no caso da variável de última etapa aplicada em censos decenais) e,

conceitualmente, altera-se ligeiramente o significado de migrante. Migrante intermunicipal passa a ser aquelapessoa que residia, cinco anos antes, em município diferente do que foi recenseado.6

O mapa da Figura 1.2.1 expõe simplificadamente a expansão recente da periferia metropolitana. Sedescontadas as emancipações nos anos 90 - que comparecem internamente no mapa de evolução - verifica-seque a grande maioria dos novos integrantes estão postados a norte/nordeste e sudoeste/oeste, subespaçosonde há forte presença de loteamentos de tipo popular (a nordeste) e predomínio de grandes instalaçõesindustriais e de serviços, além dos assentamentos residenciais (a sudoeste).

Em seguida são apresentados dados comparativos de fluxo e estoque de migração de data fixa do Censo de2000, com dados de migração de última etapa do Censo de 1980, mediante o artifício metodológico de recortar os migrantes de 1980 que residiam no município há até cinco anos. A rigor, tais estoques populacionais nãosão, em termos conceituais, diretamente comparáveis. Entretanto, para os propósitos dessa análise, maisvoltados a assinalar tendências de movimentos entre localidades geograficamente relevantes, esse recursometodológico não compromete os resultados.7

As comparações dos dados dos Censos 2000 e 1980 cobrem portanto um período de 20 anos, intervalo esseque pode apontar tendências que a inércia dos processos sociais não exibe em períodos menores, como os de10 anos. Além disso, vinte anos aproxima-se de um intervalo intergeracional, algo que pode indicar de formamais nítida a existência de quebras de inércias demográficas, apontando tendências comportamentais que vêmse afirmando.

Observe-se que a exposição desse tipo de estatística - estoque e fluxo relativos à migração intrametropolitana -é essencial para a análise da dinâmica socioespacial e pode alimentar ações de planejamento e gestão urbana,mesmo que tais dados não explicitem o fato, mais ou menos evidente, de que boa parte dos emigrantes de BeloHorizonte são significativamente diferentes, econômica e socialmente, dos imigrantes. Aliás, sabemos que umafração dos emigrantes da Capital são na verdade remigrantes pobres que, após tentativa frustrada de fixação nagrande cidade, só conseguem se alojar em municípios da periferia metropolitana, onde proliferam favelas eassentamentos subnormais e onde o mercado imobiliário oferece loteamentos mal equipados relativamentebaratos.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 16/48

Dispersão migratória na região metropolitana

Os dados de imigração e emigração em relação a Belo Horizonte, apresentados sob a forma de saldo na Tabela1.2.3, consagram a tendência acima mencionada de dispersão dos fluxos de desconcentração demográfica nointerior da região metropolitana. No quinquênio 1995/2000 o número de imigrantes ex-residentes de Belo

Horizonte ultrapassou 123 mil pessoas, mostrando-se tão ou mais significativo que vinte anos antes. Esse dadoé particularmente relevante, ao se considerar, como já se observou, que os estoques de migração de últimaetapa que são, por definição, superiores aos de data fixa vista. Assim, os números do quinquênio 1995-2000,superiores aos 116.952 do período 1975-1980, revestem-se de maior importância. Adicionalmente, cabeassinalar que reduziram-se muito os efeitos herdados de níveis de fecundidade elevados no passado. Até osanos 70, a população excedente disponível à migração era relativamente muito expressiva. Época em que umgrande número de jovens provenientes do interior passavam por Belo Horizonte em busca de emprego, amaioria deles pouco qualificados para o trabalho formal. Na atualidade, é provável que muitos dos jovenspotencialmente migrantes sequer tentam a fixação em Belo Horizonte, procurando outros centros geradores deemprego na periferia metropolitana ou adiando a saída de suas áreas de destino. De outra parte, deve estar aumentando o contingente de população natural e/ou procedente de Belo Horizonte, pobres e não-pobres, comexperiência de trabalho na grande cidade em busca de novas oportunidades na periferia metropolitana.

As evidências resultantes dos dados relativos ao ano 2000 indicam que aumenta sobremaneira o número demunicípios que receberam imigrantes procedentes de Belo Horizonte (se comparados com os diferenciais doperíodo 1975/1980). Embora as magnitudes demográficas venham diminuindo, Contagem e Ribeirão das Neves

continuam sendo as principais áreas receptoras de emigrantes do Core. Entretanto os municípios de Betim,Santa Luzia, Ibirité e Vespasiano aumentaram seus ganhos nas trocas com Belo Horizonte, juntamente comdiversos outros, a exemplo de Esmeraldas, Nova Lima, Lagoa Santa, Mateus Leme, Pedro Leopoldo eBrumadinho.

A participação dos fluxos migratórios originários de Belo Horizonte no alongamento da periferia metropolitanaparece ser impressionante. Note-se, inclusive, as trocas claramente favoráveis a periferia mais recente daRMBH (9.289 pessoas), fato inexistente nos anos 70, quando tal periferia era muito mais expulsora do quereceptora de população (como indica o saldo pró Belo Horizonte de 2.053 pessoas da Tabela 1.2.3).

Os fluxos originários de Belo Horizonte devem possuir suas especificidades em relação aos procedentes doresto da região metropolitana, em termos de grandeza numérica e de uma certa "permeabilidade" damobilidade. Com as fusões territoriais derivadas da conurbação dos últimos 30 anos é razoável supor que, como passar do tempo, o imigrante procedente de Contagem, Belo Horizonte ou Betim, possua característicassemelhantes, não obstante as densidades técnicas e econômico-demográficas que distinguem Belo Horizontedo resto da região metropolitana. Ultrapassada a fase em que dominavam os fluxos migratórios de tipo campo-cidade, pode-se supor que a maior parte dos imigrantes possua informação e/ou experiência urbana, o que nãoocorria, por exemplo, nos anos de 1950 e 1960. Assim, imigrantes que declaram Betim ou Santa Luzia comoprocedência podem ter a mesma experiência com o trabalho urbano que os procedentes de Belo Horizonte. É

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 17/48

provável que grande parte desses migrantes seja formada por trabalhadores errantes em busca deoportunidades onde quer que apareçam. Todavia, há uma outra fração populacional, certamente expressiva,que discrepa da anterior por mover-se no espaço metropolitano em busca de segurança e qualidade de vida.São indivíduos que passam a residir fora do município central mantendo com ele vínculos, formais ou informais,de tipo profissional, educacional e de trabalho.

Os dados da Tabela 1.2.4 não aprofundam tais questões, mas apontam algumas tendências das migrações

intrametropolitanas com origem na própria área metropolitana, indicando também o volume de emigrantes dametrópole residentes em outros municípios mineiros.

A primeira conclusão mais enfática é que, na RMBH, Belo Horizonte tem sido indiscutivelmente a principal áreade emigração nos dois períodos. O resto da região metropolitana ainda se apresenta como área de imigraçãopor excelência. Apenas alguns municípios figuram como área de emigração digna de nota, não obstante ser dominante a característica imigratória. Na superfície metropolitana original os exemplos de Betim, Contagem,Ibirité, Ribeirão das Neves e mesmo Vespasiano só confirmam o fato de se serem periferias densas,protagonistas originais da conurbação belo-horizontina e por isso mesmo expressarem bem situações deredistribuição demográfica por contingências geográfico-funcionais. Nelas as trocas populacionais sãorelevantes.

Na segunda periferia, os movimentos inter-municipais mais intensos decorrem sobretudo do fato de serem áreasde expansão urbana, provavelmente com oferta de terrenos a preços relativamente menores e que até hápoucos anos eram municípios ou distritos estagnados. Os exemplos principais são Esmeraldas, Igarapé, MateusLeme, Baldim e Rio Manso, áreas onde existem muitos parcelamentos de tipo chacreamento e condomíniosfechados (e semi-fechados).

Na verdade, o que os dados mais evidenciam é a presença de migrantes procedentes de Belo Horizonteresidindo nas periferias metropolitana e em municípios mineiros não metropolitanos, conforme se mostrará emseguida.

Dispersão territorial ampliada da emigração belo-horizontina

Centenas de municípios mantêm níveis de trocas significativos com Belo Horizonte há bastante tempo. Nosanos 70, os exemplos envolviam cidades de alta centralidade tais como Ipatinga, Sete Lagoas, Divinópolis, Juizde Fora, Conselheiro Lafaiete, Coronel Fabriciano, Pará de Minas, Timóteo e Ouro Preto. Nos anos 90, SeteLagoas, Montes Claros, Divinópolis, Uberlândia, Governador Valadares, Juiz de Fora, Ipatinga, Pará de Minas,Bom Despacho e Curvelo.

O que chama atenção ao se comparar as trocas migratórias envolvendo Belo Horizonte no intervalo de 20 anos

é, sem dúvida, o fato de que muito mais municípios comparecem com ganhos populacionais resultantes dessastrocas. Isto pode ser comprovado pelos dados das Tabelas 1.2.4 a 1.2.8 e principalmente pelos mapas daFigura 1.2.2.

A organização dos dados sugeriu agrupar os municípios mais populosos de um lado, os com mais de 50 milhabitantes em cada censo (hinterlândia 1), e os municípios com população inferior de outro lado (os dahinterlândia 2).

Se tomarmos os municípios nos quais a migração bruta com Belo Horizonte (a soma da emigração com aimigração no intervalo qüinqüenal) foi, digamos acima de 100 pessoas, pode-se estabelecer uma medidasimples que sintetize parte das trocas positivas mais significativas entre pares de municípios. Oíndice de ganhos por migração bruta com BH (IGBH), representa então o quociente cujo denominador é amigração bruta relativa a BH e o numerador, a diferença entre o número de pessoas que entrou no municípioprocedentes de Belo Horizonte e o número de pessoas que saiu do município para BH, no período.

No quinquênio 1975-1980, dos 42 municípios mineiros com mais de 50 mil habitantes, apenas dez obtiveram

ganhos significativos em suas trocas com Belo Horizonte, sendo eles, em sua maioria pertencentes à regiãometropolitana.8

No período 1995-2000 dos 59 municípios com população superior aos 50 mil habitantes, os dados do censoregistram um total de 30 com ganhos significativos nas trocas com Belo Horizonte. Nesse caso, além dos novemunicípios da Região Metropolitana comparecem outros 21 dispersos pelas sub-regiões mineiras.9

Focalizando os 331 municípios de 1980 integrantes da hinterlândia 2, verifica-se que menos de 8% deles (queapenas 26) obtiveram ganhos significativos nas trocas com Belo Horizonte no período 1975-1985 (IGBHpositivo, maior que 8,8%). Os demais 305 figuravam como áreas tipicamente de expulsão. Note-se, a partir daobservação da Tabela 1.2.4 , que já eram nove os municípios da periferia metropolitana nessa listagemfigurando entre os principais receptores.

Os mapas, da Figura 1.2.2 e 1.2.3 , não só indicam, visualmente, quais foram os municípios protagonistas dosganhos com Belo Horizonte, nos dois períodos, como apontam as localizações relativas dos subespaços que

vêm ampliando, expressivamente, suas participações no processo de desconcentração demográfica derivado daemigração belo-horizontina. A saber, os espaços meridionais da região central do estado, o Oeste mineiro,municípios do Sul e do Triângulo. As regiões leste, noroeste e norte do estado continuam mantendo ascaracterísticas de áreas de expulsão populacional, embora em níveis muito menores que no passado.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 18/48

Vinte anos depois, a partir dos dados de data fixa, verifica-se que esse quadro alterou-se de forma notável. Dos249 municípios com população menor que 50 mil habitantes cuja migração bruta integrou mais de cem pessoas,cerca de 42% deles (104) obtiveram ganhos nas trocas com Belo Horizonte (IGBH positivo). Além disso, eram11 os municípios da periferia metropolitana nessa listagem, especialmente os da segunda periferia, reforçandoportanto a tendência já apontada de alongamento da periferia distante da RMBH.

A disparidade entre os dois mapas é bem evidente. Em outras palavras, até 1980 havia muito mais localidadesperdendo população para Belo Horizonte (336) do que mais recentemente (no quinquênio 1995/2000), quandotanto o número de localidades perdedoras diminuiu sensivelmente (173) como a intensidade das perdasdeclinou. Antes, conforme o primeiromapa da Figura 1.2.2 e 1.2.3 , o IGBH negativo, maior que 50%, absorvia 239 municípios. Em 2000, esse índicenegativo, com valores acima de 50% incorporava apenas 52 municípios.

Figura 1.2.2 - Proporção de perdas e ganhos populacionais (sobre a migração bruta)de municípios mineiros em relação a Belo Horizonte - 1975-1980

Figura 1.2.3 - Proporção de perdas e ganhos populacionais (sobre a migração bruta)de municípios mineiros em relação a Belo Horizonte - 1995 - 2000

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 19/48

Conclusões e considerações finais

O município de Belo Horizonte, a exemplo de outros municípios brasileiros que incorporam cidades milionárias(conforme expressão de Milton Santos), vem perdendo população desde os anos 70 para áreas conurbadas daRMBH e áreas não conurbadas de uma extensa periferia localizada na região central do estado.

Esse estudo mostrou novas dimensões desse fenômeno mediante a participação de diversos municípios damesorregião central, os quais prefiguram o alongamento da periferia distante da área de influência de BeloHorizonte. São novos protagonistas do processo de redistribuição da população regional que, em dois períodosdistintos, declararam ter emigrado da cidade central. Os dados censitários sugerem que Belo Horizonte não sófunciona como área de entrada e saída de migrantes com baixa expectativa de fixação no município, assimcomo deve ter se constituído no mais poderoso agente redistribuidor/expulsor de frações populacionais queperderam a condição de permanência na grande cidade. Além disso, por razões associadas ao declínio daatratividade da Capital e diminuição dos excedentes demográficos nos municípios de tradição emigratória, torna-se provável a existência de populações em idade ativa que não mais emigram de suas áreas de origem(municípios não-centrais) e/ou não mais utilizam Belo Horizonte como área de passagem.

As causas que presidem a distribuição e redistribuição da população no espaço são muitas e dinamicamente

interdependentes. Geralmente obedecem à lógica de acumulação do mercado imobiliário que explora o quedenominamos de "contingências geográfico-funcionais", produzindo segregação e fragmentação do tecidourbano.

Por tudo isso, convém não desconsiderar o fato de que o município de Belo Horizonte não possui uma grandesuperfície territorial. Isto favoreceu a precocidade do processo de conurbação com municípios vizinhos daprimeira periferia, nos quais as superfícies territoriais são também relativamente modestas. Acima de seus 331km2 cite-se por exemplo, na RMBH, os municípios de Esmeraldas com mais de 943 km2 , Brumadinho com632,5 km 2, Caeté com 541,1 km2, Nova Lima com 428,5 km2, entre outros.

A guiza de conclusão e sugestão à pesquisa são arrolados alguns fatores mais específicos de naturezaeconômica, social e demográfica que auxiliam na explicação das novas tendências do processo dedesconcentração/dispersão da população procedente de Belo Horizonte. As cinco considerações subsequentesestão ordenadas, procurando evoluir do município core à periferia, e são resultantes de observações individuais,outros estudos a que temos tido acesso, indo, por conseguinte, além do que os dados aqui trabalhadospermitem concluir.

1 - O avanço da urbanização e a expansão do mercado imobiliário fez surgir a necessidade de regulamentaçãourbanística. A ação normativa do poder público, entretanto, acabou resultando em leis permissivas que

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 20/48

favoreceram uma verticalização sem precedentes nas áreas centrais e peri-centrais, tornando proibitivos ospreços de terrenos. Entre 1980 e 1991 o número de apartamentos em BH multiplicou-se por três, registrando-sea forte presença de imóveis de alto padrão construtivo em áreas de alta centralidade da cidade. Os residentesde baixa renda gradativamente são expulsos das áreas centrais para a periferia metropolitana.

2 - Outra forma de expulsão de residentes de áreas centrais associa-se à implantação de grandes projetosurbanos nos últimos vinte anos (com a abertura de eixos viários e a instalação de grandes prédios de uso não

residencial), os quais acarretaram a remoção de bolsões de favela e assentamentos precários, instaurando umprocesso de gentrificação de bairros centrais, em meio a um certo ´esvaziamento´ de parte dessas áreas, onde,provavelmente, a taxa de desocupação domiciliar dos novos imóveis construídos deve ser alta.

3 - Nos últimos dois decênios houve redução dos níveis de renda da PEA e alterações no mercado de trabalhourbano, o que fez ampliar os requerimentos de seletividade sobre candidatos ao emprego, o que pode ter resultado em mobilidade descendente de segmentos expressivos da população, não obstante a mobilidadeascendente também verificada.

4 - Em Belo Horizonte o crescimento demográfico tem sido negativo em vários subespaços da cidade. Mesmonas favelas o crescimento demográfico mostra-se muito baixo. Essas evidências são explicadas pela reduçãodas taxas de fecundidade (provavelmente situando-se hoje abaixo do nível de reposição) e pela saída demilhares de pessoas para a periferia metropolitana. A cidade perdeu população por emigração, mas aremigração deve ter sido também muito expressiva. Nesse processo, predomina a saída de famílias de baixarenda, não obstante a presença expressiva de estratos de renda média e alta que vêm se dispersando pelasperiferias da RMBH.

5 - Tudo indica que as classes médias se espraiaram em assentamentos horizontais e verticais por um extensoespaço territorial, ocupando áreas periféricas do município e de municípios vizinhos. A expansão imobiliária,acompanhando tendência nacional, foi e continua sendo extremamente expressiva na oferta de loteamentos soba forma de condomínios fechados em áreas de periferia próxima como Nova Lima, Lagoa Santa, Esmeraldas,Brumadinho, etc.

Por último, pode-se indagar sobre até que ponto a reconfiguração urbana da RMBH produziu pobreza, fazendosurgir novos tipos de excluídos urbanos na periferia metropolitana. Se isso, em certa medida é indiscutível, jáque grandes cidades, por meio de reformas urbanas e substituição de uso e ocupação, produzem expulsão depopulações de baixa renda para a periferia, sob um outro ângulo pode-se rediscutir o caráter simplificador dessapremissa, aliás bastante difundida na literatura contemporânea. Torna-se urgente avaliar mais precisamentequal é a parcela de população efetivamente expulsa da grande cidade (por exemplo, pessoas desalojadas debairros onde foram criadas), daquela outra parcela de "emigrantes" que, embora registrados como procedentesda grande cidade, na verdade são remigrantes muito pobres. Nas estatísticas, essas pessoas podem ser 

consideradas excluídas da cidade, o que não é verdade, uma vez que elas já estavam excluídaseconomicamente antes de vir para a grande cidade.

1 Professor do Departamento de Geografia do IGC/UFMG, doutor em Demografia.2 No mesmo período, várias regiões apresentaram um crescimento inexpressivo, próximo de ½ponto percentual, enquanto o Vale do Mucuri acusou crescimento negativo.3 Freqüentemente associa-se a segregação com a exclusão, geralmente por razõeseconômicas. Os excluídos, de fato, são geralmente segregados em assentamentossubnormais, favelas, etc. Mas os economicamente não excluídos , evidentemente, podem sesegregar por decisão própria. Nesse caso há segregação mas sem exclusão.4 Tais contingências referem-se à localização geográfica relativa dos assentamentosresidenciais derivada da proximidade de vias expressas e grandes equipamentos e setraduzem pela: a) contiguidade "topológica" entre áreas; b) acessibilidade e proximidade com

nucleações centrais; c) atributos paisagísticos e declividades topograficamente favoráveis aexpansão horizontal; d ) proximidades com subáreas especializadas e/ou segregadas do tecidourbano.5 Ilustrando a magnitude dos números acima referidos, os dados mostravam que o "resto daregião metropolitana", quando a RMBH ainda possuía 18 municípios, recebera no período1981/91, 477.224 imigrantes de última etapa, dos quais a imensa maioria, 91,2%, era deorigem intra-estadual. Destes, pouco menos da metade, 213.292 pessoas, veio de BeloHorizonte, ou seja, 49,0%. No município de Belo Horizonte a situação mostrava-sediametralmente distinta, já que de seus 268.456 imigrantes do período, apenas cerca de 6,0%deles vieram da periferia metropolitana .6 Na verdade, as variáveis censitárias de data fixa ou última etapa não captam a diversidadede movimentos migratórios entre municípios. Há pessoas que num intervalo de poucos anosresidem em vários municípios. A combinação das duas variáveis, entretanto , pode amenizar 

esse fato ao permitir a identificação de mais uma etapa migratória (algo impossível de se fazer com os dados do Censo 2000,por não contar com a variável de última etapa).7 Apesar de algumas semelhanças encontradas nos totais de imigrantes de data fixa e de

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 21/48

ultima etapa em várias localidades, a rigor, os imigrantes de última etapa com menos de cincoanos de moradia no município são necessariamente mais numerosos que os de data fixa. Istoporque entre eles, diferentemente dos de data fixa, há as crianças com menos de cinco anos eos que residiam no mesmo município cinco anos antes mas fizeram outra migraçãoposteriormente. Os dados de data fixa, sobretudo se combinados com os de última etapa, são,entretanto, muito valiosos para se detectar trajetórias migratórias com origem rural, já que os

dados de última etapa tendem a supereestimar os fluxos de origem urbana.8 Eram eles, Ribeirão das Neves, Contagem, Santa Luzia, Betim e Sabará. Fora da RMBH,Uberaba, Varginha, Poços de Caldas, Uberlândia , Timóteo.9 A relação em ordem decrescente de acordo com o índice de ganhos por migração bruta(IGBH) é a seguinte, estando sublinhados os nove municípios integrantes da RMBH: Ribeirãodas Neves, Ibirité, São Sebastião do Paraíso, Vespasiano, Betim, Santa Luzia, Nova Lima,Sabará, Contagem, Poços de Caldas, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas, Pará de Minas,Patrocínio, Formiga, Varginha , Alfenas, Passos, Paracatu, Divinópolis, Uberlândia, Unaí, SãoJoão del Rei, Pouso Alegre, Patos de Minas, Ubá, Uberaba, Araxá, Itajubá e Juiz de Fora.

Conurbação

A Região Metropolitana de São Paulo é um exemplo de grande conurbação que continua a ocorrer entre

seus 39 municípios.

Conurbação entre as cidades daRegião Metropolitana do Rio de Janeiro. A capital fluminenseencontra-se

no centro da imagem, na margem oeste da baía de Guanabara.

Conurbação (do lat. urbis, cidade) é a unificação da malha urbana de duas ou mais

cidades, em conseqüência de seu crescimento geográfico[1]. Geralmente esse processo dá

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 22/48

origem à formação de regiões metropolitanas. Contudo, o surgimento de uma região

metropolitana não é necessariamente vinculado ao processo de conurbação.

Índice

[esconder]

• 1 Caracter

ísticas

• 2 Fluxo

pendular

• 3 Referênc

ias

• 4 Vertambém

[editar ] Características

Mapa do condado de Grande Manchester , no Reino Unido. Em vermelho, a conurbação ocorrida a partir 

da cidade de Manchester .

Conurbação de Randstad, nosPaíses Baixos. Esta se estende deAmsterdam a Roterdam.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 23/48

Conurbação do Vale do Ruhr , naAlemanha. As principais cidades conurbadas

são Bochum,Dortmund, Duisburg e Essen.

O processo de conurbação é caracterizado por um crescimento que expande a cidade,

prolongando-a para fora de seu perímetro absorvendo aglomerados rurais e outras

cidades. Estas, até então com vida política e administrativa autônoma, acabam

comportando-se como parte integrante da metrópole. Com a expansão e a integração,

desaparecem os limites físicos entre os diferentes núcleos urbanos. Ocorre então

uma dicotomia entre o espaço edificado e a estrutura político-administrativa[2].

Como uma importante característica, deve-se considerar a demanda de espaço na cidade.

Todas as cidades do mundo, de modo geral, são constantemente pressionadas pela

demanda de espaço. Isto acaba forçando tanto a incorporação de novos territórios como o

adensamento dos já ocupados. Assim, as cidades tendem a crescer, ampliando sua

periferia no sentido horizontal everticalizando as áreas centrais. Quando esse crescimento

não é controlado, como acontece com as metrópoles do Terceiro Mundo, o gigantismodeteriora as habitações, torna precários os serviços urbanos, desde os transportes até a

segurança, e gera outros problemas[2].

Os países capitalistas desenvolvidos foram os primeiros a apresentar esse tipo de

espacialização do fenômeno urbano. Londres, Nova Iorque, Paris, Tóquio, mesmo antes

da Segunda Guerra Mundial, já apresentavam intensos processos de conurbação[2].

Principalmente após os anos 50, quando se verificou a grande industrialização do Brasil, o

rápido crescimento ocorrido com as cidades brasileiras gerou um "envelhecimento" dos

antigos centros, dada a grande demanda de serviços mais modernos e mais compatíveis

com a nova industrialização. Isto acabou significando uma expansão desses centros, que

buscavam novas áreas para crescer. Assim, a configuração dessas conurbações então

consolidou-se[2].

Há casos curiosos de conurbações que se desenvolveram junto às linhas de fronteira de

diferentes países. É caso das cidades deSantana do Livramento, no estado do Rio Grande

do Sul, no Brasil, e Rivera, sede do departamento de mesmo nome, no Uruguai. O

conjunto urbano das duas cidades, denominado tradicionalmente de "Fronteira da Paz",

tem mais de 170.000 habitantes que vivem de forma integrada. É comum, por exemplo,

usar o sistema de educação ou de saúde pública de uma ou da outra cidade. O comércio

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 24/48

tem especialidades que levam o consumidor a procurar lojas no Brasil ou no Uruguai além

de serem muito freqüentes os casamentos "mistos" (entre cidadãos dos dois países). A

divisão entre as duas cidades é feita por linhas imaginárias traçadas ao longo da malha

viária e se estende por muitos quilômetros. Por isso, muitas vezes é difícil para um turista

perceber que uma calçada de determinada rua se encontra em um país enquanto que a

calçada em frente está no outro.[3]

Outro caso do gênero é a conurbação entre as cidades de Pedro Juan Caballero,

no Paraguai, e Ponta Porã, no estado de Mato Grosso do Sul, separadas apenas por uma

avenida. Também vale ser mencionada a conurbação existente entre as cidades deLetícia,

na Colômbia, e Tabatinga, no estado do Amazonas, separadas por uma avenida chamada

de "Avenida da Amizade".

[editar ] Fluxo pendular 

Conurbação entre as cidades daRegião Metropolitana de Nova Iorque. Em primeiro plano, Nova Iorque, e,ao fundo, Jersey City.

Nas cidades em processo de conurbação é comum a ocorrência do chamado fluxo

pendular . O fluxo pendular é o fluxo de passageiros (em veículos particulares ou transporte

público) atravessando mais de uma cidade com dois picos de maior intensidade,

normalmente no período da manhã e no final da tarde. Geralmente, o sentido desse fluxo

no final da tarde dirige-se às chamadas cidades dormitórios.

Essas migrações pendulares são simples fluxos populacionais que não correspondem

verdadeiramente a migrações, pois não são realizados com intuito de mudança definitiva,

estando embutida na saída do indivíduo a idéia concreta do seu retorno ao local de

origem, e por isso o uso do termo "movimento pendular de população". Diferencia-se do

conceito de migração por não ter caráter permanente. Alguns exemplos de migrações

pendulares: deslocamento realizado pelo bóia-fria; viagens de residentes em cidade

dormitório, que são realizadas por pessoas que moram em uma determinada cidade e

trabalham em outra; o deslocamento de fins de semana e de férias, com objetivos de lazer 

e descanso (viagem), que é o principal fator de congestionamentos nas estradas que

partem das grandes metrópoles, em fins de semana e vésperas de feriados.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 25/48

URBANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL E BRASILEIROA urbanização deve ser entendida como um processo que resulta em especial da

transferência de pessoas do campo para a cidade, ou seja, crescimento da população urbanaem decorrência do êxodo rural. Um espaço pode ser considerado urbanizado,a partir do momento em que o percentual de população urbana for superior a rural.

Sendo assim, podemos dizer que hoje o espaço mundial é predominantemente urbano. Mas

isso não foi sempre assim, durante muito tempo à população rural foi superior a urbana, essamudança se deve em especial, ao processo de industrialização iniciado no século XVIII, queimpulsionou o êxodo rural nos locais em que se deu, primeiramente na Inglaterra, que foi oprimeiro pais a se industrializar, e depois se expandiu para outros países, como os EUA,França, Alemanha, etc., a maioria desses países hoje já são urbanizados.

Nos países subdesenvolvidos de industrialização tardia, esse processo só começou noséculo XX, em especial a partir da 2ª Guerra Mundial, e tem se dado até hoje de forma muitoacelerada, o que tem se configurado como uma urbanização anômala trazendo uma série deconseqüências indesejadas para o espaço urbano desses países. Atualmente até mesmo ospaíses de industrialização inexpressiva vivem um intenso movimento de urbanização, é o queocorre em países africanos como a Nigéria. 

FATORES QUE CONTRIBUEM COM O ÊXODO RURALExistem dois tipos de fatores que contribuem com o êxodo rural, são eles:a)  Repulsivos: são aqueles que expulsam o homem do campo, como a concentração de

terras, mecanização da lavoura e a falta de apoio governamental.b)  Atrativos: são aqueles que atraem o homem do campo para as cidades, como a

expectativa de emprego, melhores condições de saúde, educação, etc.Em países subdesenvolvidos como o Brasil, os fatores repulsivos costumam predominar 

sobre os atrativos, fazendo com que milhares de trabalhadores rurais tenham que deixar ocampo em direção das cidades, o que em geral contribui com o aumento dos problemasurbanos na medida em que as cidades não tem estrutura suficiente para receber essestrabalhadores, com isso proliferam-se as favelas, aumenta a violência, faltam empregos, dentreoutros problemas. DIFERENÇAS NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

Existem diferenças fundamentais no processo de urbanização de países desenvolvidos esubdesenvolvidos, abaixo estão relacionadas algumas delas: a)  Desenvolvidos:•  Urbanização mais antiga ligada em geral a primeira e Segunda revoluções industriais;•  Urbanização mais lenta e num período de tempo mais longo, o que possibilitou ao espaço

urbano se estruturar melhor;•  Formação de uma rede urbana mais densa e interligada.b)  Subdesenvolvidos:•  Urbanização mais recente, em especial após a 2ª Guerra mundial;•  Urbanização acelerada e direcionada em muitos momentos para um número reduzido de

cidades, o que gerou em alguns países a chamada macrocefalia urbana";•  Existência de uma rede urbana bastante rarefeita e incompleta na maioria dos países.

Obs. Nas metrópoles dos países desenvolvidos os problemas urbanos como violência, transitocaótico, etc., também estão presentes. 

AGLOMERAÇÕES URBANASA expansão da urbanização gerou o aparecimento de várias modalidades de aglomeraçõesurbanas, além de termos que cada vez mais fazem parte de nosso cotidiano, abaixodefiniremos algumas dessas modalidades e termos:a)  Rede urbana: Segundo Moreira e Sene (2002), "a rede urbana é formada pelo sistema de

cidades, no território de cada país, interligadas umas as outras através dos sistemas detransportes e de comunicações, pelos quais fluem pessoas, mercadorias, informações,etc." Nos países desenvolvidos devido a maior complexidade da economia a rede urbana émais densa.

b)  Hierarquia urbana: Corresponde a influência que exercem as cidades maiores sobre as

menores. O IBGE identifica no Brasil a seguinte hierarquia urbana: metrópole nacional,metrópole regional, centro submetropolitano, capital regional e centros locais.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 26/48

c)  Conurbação: Corresponde ao encontro ou junção entre duas ou mais cidades em virtudede seu crescimento horizontal. Em geral esse processo dá origem a formação de regiõesmetropolitanas.

d)  Metrópole: Segundo Coelho e Terra (2001), metrópole seria à cidade principal ou cidade-mãe, isto é, a cidade que possui os melhores equipamentos urbanos do país (metrópolenacional), ou de uma grande região do país (metrópole regional)". No Brasil cidades como

São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles nacionais, e Belém, Manaus, Belo Horizonte,Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza são metrópoles regionais.e)  Região metropolitana: Corresponde ao conjunto de municípios conurbados a uma

metrópole e que desfrutam de infra-estrutura e serviços em comum.f)  Megalópole: Corresponde a conurbação entre duas ou mais metrópoles ou regiões

metropolitanas. As principais megalópoles do mundo encontram-se em paísesdesenvolvidos como é o caso da Boswash, localizada no nordeste dos EUA, e que temcomo principal cidade Nova Iorque; San San, localizada na costa oeste dos EUA, tendocomo principal cidade Los Angeles; Chippits, localizada nos grandes lagos nos EUA;Tokaido, localizada no Japão; e a megalópole européia que inclui áreas de vários países.No Brasil temos a megalópole Rio-São Paulo, localizada no sudeste brasileiro, no vale doParaíba, incluíndo municípios da região metropolitana das duas grandes cidades, o elo deligação dessa megalópole é a Via Dutra, estrada que interliga as duas cidades principais.

g)  Megacidade: Corresponde ao centro urbano com mais de dez milhões de habitantes. Hojeem torno de 21 cidades do mundo podem ser consideradas megacidades, dessas 17 estão empaíses subdesenvolvidos. No Brasil São Paulo e Rio de Janeiro estão nessa categoria.h)  Técnopolo: Corresponde a uma cidade tecnológica, ou seja, locais onde se desenvolvem

pesquisas de ponta. Como exemplo temos o Vale do Silício na costa oeste dos EUA;Tsukuba, cidade japonesa, dentre outras. No Brasil, temos alguns técnopolos localizadosem especial no estado de São Paulo, como Campinas (UNICAMP), São Carlos (UFSCAR),e a própria capital (USP, etc.).

i)  Cidade global: são as cidades que polarizam o país todo e servem de elo de ligação entreo país e o resto do mundo, possuem o melhor equipamento urbano do país, além deconcentrarem as sedes das instituições que controlam as redes mundiais, como bolsas devalores, corporações bancárias e industriais, companhias de comércio exterior, empresasde serviços financeiros, agências públicas internacionais. As cidades mundiais estão maisassociadas ao mercado mundial do que a economia nacional.

 j)  Desmetropolização: Processo recente associado à diminuição dos fluxos migratórios emdireção das metrópoles. Esse processo se deve em especial a chamada desconcentraçãoprodutiva, que faz com que empresas em especial industrias, se retirem dos grandescentros onde os custos de produção são maiores, e se dirijam para cidades de porte médioe pequeno, onde é mais barato produzir, em função de vários fatores como, por exemplo,os incentivos fiscais. Hoje no Brasil cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo não sãomais aquelas que recebem os maiores fluxos de migrantes, mas sim regiões como interior paulista, o sul do país ou até mesmo o nordeste brasileiro.

k)  Verticalização: Processo de crescimento urbano que se manifesta através da proliferaçãode edifícios. A verticalização demonstra valorização do solo urbano, ou seja, quanto maisverticalizado, mais valorizado.

l)  Especulação imobiliária: Os especuladores imobiliários são aqueles proprietários deterrenos baldios no espaço urbano que deixam estes espaços desocupados a espera de

valorização. Uma das conseqüências da especulação é a falta de moradias em locais maisbem localizados, fazendo com que as populações de mais baixa renda tenham que viver em áreas distantes do centro (crescimento horizontal), ou em favelas.

m)  Condomínios de luxo e favelas: os dois estão aqui juntos, pois são fruto da segregaçãosocial e econômica que se vive nas cidades, sendo eles o reflexo espacial dessas. Oscondomínios são áreas fechadas muito protegidas e bem estruturadas, onde em geralmora a elite; as favelas são áreas sem infra-estrutura adequada e com graves problemascomo o tráfico de drogas, onde grande parte da população está desempregada, e a maioriadela é pobre.

  TIPOS DE CIDADES

As cidades podem ser classificadas da seguinte forma:a) Quanto ao sítio: sítio urbano refere-se ao local no qual está superposta a cidade, sendo

assim a classificação quanto ao sítio leva em consideração a questão topográfica. Comoexemplo temos: cidades onde o sítio é uma planície, um planalto, uma montanha, etc.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 27/48

b) Quanto à situação: situação urbana corresponde à posição que ocupa a cidade em relaçãoaos fatores geográficos. Como exemplo temos: cidades fluviais, marítimas, entre o litoral e ointerior, etc.c) Quanto à função: função corresponde à atividade principal desenvolvida na cidade. Comoexemplo temos: cidades industriais, comerciais, turísticas, portuárias, etc.d) Quanto à origem: pode ser classificada de duas formas: planejada e espontânea. Como

exemplo temos: Brasília, cidade planejada e Belém, cidade espontânea.

O processo de urbanização no mundo teve uma grande aceleração,principalmente a partir da década de 60, onde ocorreu um crescimento extremamente rápido e muitas vezes desordenado. Algumas cidades, emdiferentes pontos do planeta, extenderam sua malha urbana,transformando-se em megacidades.

Um dos principais motivos para o crescimento de várias cidades foi, entre outros, oprocesso de industrialização e a mecanização da agricultura. Desse modo, o campo

de certa forma “expulsou” trabalhadores que não encontravam trabalho nesse setor,quase que simultaneamente as indústrias se instalaram nas cidades atraindo todoesse contingente populacional oriundo do campo, esse fluxo migratório é umfenômeno denominado de êxodo rural.

O crescimento das cidades promovido pela indústria gerou um crescimento de outrosramos de atividade, como a prestação de serviços e do comércio varejista, que logoatingiu os municípios vizinhos.

A expansão da urbanização de um município faz com que esse se junte comoutro vizinho, formando uma única malha urbana, ou seja, áreascontinuadas constituídas de edificações residenciais, comerciais, industriaise públicos, esse é conhecido por conurbação, em outras palavras não existelimites rurais entre os núcleos envolvidos. Diversas cidades brasileiraspossuem essa configuração, São Paulo é um exemplo, pois já difundiu com omunicípio de Santo André entre outros.

Áreas de conurbação não são destituídas totalmente de zonas rurais, muitas vezespermanecem pequenas propriedades que produzem frutas, verduras que sãocomercializadas nas próprias cidades ao redor.

O intenso crescimento urbano promoveu o surgimento das metrópoles, essascorrespondem a grandes áreas urbanas constituídas pela união entre duas ou maiscidades e é formada pelo fenômeno de conurbação, geralmente as metrópolesexercem grande influência nas outras cidades de menor expressão, nesse contextopodemos citar algumas que tem destaque em nível regional, nacional e internacional,como Nova York, Londres, Paris, Tóquio, Osaka, Cidade do México, São Paulo, naatualidade.

O crescimento acelerado das metrópoles pode proporcionar o surgimento dasmegalópoles, que corresponde à conurbação entre duas ou mais metrópoles,

formando um imenso e aglomerado espaço urbano e populacional.Na primeira metade do século XX, apenas as cidade de Londres, na Inglaterra, e Nova

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 28/48

York, nos Estados Unidos, detinham um contingente populacional superior a 10milhões de pessoas. No século XXI, existem no planeta 16 cidades que atingemnúmeros iguais e superiores a 10 milhões, a perspectiva é de que em até 2025existirão pelo menos 25 cidades com essas características.

HOLANDA: RANDSTAD, A METRÓPOLE HOLANDESA

“O mundo é uma cidade”. Do geógrafo brasileiro Milton Santos ao arquitetoholandês Rem Koolhaas, essa ideia tem sido vastamente difundida por todomundo. No século XXI, a noção de metrópole se tornou rapidamente obsoleta

para dar lugar à noção de grandes megalópoles, constituídas a partir daconurbação de várias cidades. Com a exponencial urbanização do planeta, anoção de núcleos urbanos (urban cores) passou a incorporar significativasporções dos territórios nacionais.As velhas cidades que antes ganhavam nomes como São Paulo, Los Angeles,Nova Iorque, Cairo, Tóquio, Xangai; agora têm denominações mais amplas. SãoPaulo tornou-se São-Rio, em um eixo inteiramente urbanizado ao longo da ViaDutra juntamente com regiões metropolitanas de Sorocaba, Campinas e Santos.Mais recentemente, começou-se a discutir a incorporação Belo Horizonte nessenúcleo, totalizando 55 milhões de pessoas. Já Los Angeles faz parte do coreSan-San (São Francisco a São Diego com 23 milhões de pessoas). Oconglomerado BosNYWash inclui Boston, Nova Iorque e Washington e tem uma

população em torno de 60 milhões. A cidade do Cairo é parte de um sistemaurbanizado do Delta do Rio Nilo, e tem 50 milhões de habitantes. No extremooriente, Tóquio foi englobada por um sistema de cidades que ganhou o nomede Corredor de Tokaido (Utsunomiya até Oita com 83 milhões de pessoas).Grande parte do território da China foi convertido em megalópolis. Xangai fazparte do núcleo do Delta do Rio Yangtzé, onde moram 90 milhões de pessoas.Ainda assim é segundo maior eixo urbano da China, que tem ainda outros 12imensos complexos de cidades. Existem algumas outras megalópoles na Ásiacom tamanhos incalculáveis, na Índia e Indonésia.

A Europa, por sua vez, pode, em um futuro muito próximo, ser convertida emuma única cidade, com urbanização continua e inteiramente conurbada. Dois

grandes sistemas foram identificados: a megalópole em formato de arcochamada Golden Banana, que vai da Itália até a Espanha, que tem mais de 20

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 29/48

milhões de habitantes; e a megalópole também em formato de arco chamadaBlue Banana, que vai da Inglaterra até Milão, passando pela Alemanha.

A Holanda faz parte da megalópole Blue Banana e possui um dos mais coesos eparadigmáticos subsistemas de conurbação de cidades do mundo: o Randstad.

Com aproximadamente 7 milhões de pessoas, o Randstad não é propriamenteuma megalópole, mas sim uma metrópole constituída a partir da interligação devárias cidades e que se integra, por sua vez, a outros subsistemas de cidadesconurbadas na Europa.

O nome Randstad se refere ao formato de anel da metrópole. As principaisáreas urbanizadas ficam na periferia de uma circunferência imaginária. Já ocentro dessa circunferência, contrariando a formação tradicional dasmetrópoles, normalmente concêntricas, é uma área sem urbanização,hipoteticamente um coração verde.

O anel do Randstad inclui uma densa malha de infraestrutura, incluindo umamalha eficientíssima de trens. As quatro principais cidades holandesas,Amsterdam, Utrecht, Rotterdam e Haia (no sentido horário), estão totalmenteinterligadas através do transporte público. Em intervalos pequenos de poucosminutos, saem trens intermunicipais que percorrem essas cidades em horáriossurpreendentemente pontuais. Alguns trens param em todas as estações eoutros, mais rápidos, interligam as principais cidades, o que permite umdeslocamento planejado com vários trens. Além disso, uma rede de rodovias eciclovias intermunicipais complementam a mobilidade urbana metropolitana.

O nome Randstad aparentemente não tem nenhuma origem histórica forte.Surgiu a partir de um relato de um piloto de avião na década de 1930 que

observou o formato dessas cidades descrevendo como uma Cidade-Anel (Randsignifica ‘borda’, ‘aro’, ‘anel’; e Stad, ‘cidade’).

Algumas cidades que constituem essa metrópole desenvolveramespecializações ao longo séculos. Assim como em Schiphol funciona oaeroporto; Rotterdam comporta o porto – terceiro maior do mundo – e asgrandes instituições financeiras e as multinacionais. Amsterdam é a capital e ocentro turístico. Já Haia é a sede do governo e de outras instituições políticas.Utrecht, assim como Delft, é um grande pólo universitário. É bastante comumencontrar pessoas que moram em Amsterdam e trabalham do outro lado doRandstad, em Rotterdam, que fica pouco mais de uma hora de distância detrem.

Curiosamente, a configuração espacial do Randstad – a cidade quase linear emformato de circulo – não foi planejada. Em um país onde a natureza foiprojetada e o planejamento é uma necessidade para a subsistência em áreassob o nível do mar, isso é algo surpreendente. A partir da década 1960, oRandstad passou a ser reconhecido internacionalmente como uma metrópoleimportante e desde então começou a ser alvo de um planejamento deliberadopelo setor público holandês.

O conceito central por trás das políticas públicas recentes para o Randstad eraconsolidar a metrópole linear em formato de anel e preservar o centro dessa

circunferência como um coração verde. O desenvolvimento das cidadesholandesas até o ano 2000, no entanto, foi para uma direção diferente. A

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 30/48

densidade do eixo urbanizado não aumentou, enquanto uma urbanização muitoleve, com baixa densidade de habitação e infraestrutura, dominou boa parte docentro do Randstad. Esse fato tornou-se um marco do planejamento urbanoholandês e foi considerado um dos maiores fracassos dessa ciência no país. Agrande maioria dos arquitetos e planejadores holandeses hoje se referem aoRandstad com grande decepção, como um projeto que não deu certo.

Não há dúvida que a ocupação do centro do eixo linear circular seja um fatorelevante para a história do Randstad, e que pede um novo pensamento sobrecomo suprir de infraestrutura e equipamentos áreas urbanas afastadas de baixadensidade. Ainda assim, a metrópole conurbada holandesa funciona bem, demaneira como poucas outras cidades conurbadas funcionam. A rede deinfraestrutura e de transporte unificadas permite que de fato se sinta ametrópole como uma única cidade ou, pelo menos, um grupo de cidadesfuncionando em conjunto. Isso mantém o Randstad como um modeloparadigmático para o urbanismo internacional, uma referência para aconurbação total das cidades das megalópoles do século XXI.

A escala espacial do Randstad, no entanto, pode parecer intangível para novasmegalópoles do mundo. Com aproximadamente 8,400 km2 de área total,incluindo o coração verde e áreas alagadas, o Randstad tem um tamanhosimilar à Região Metropolitana de São Paulo (7,947km2, ver imagem a cima).Em outras palavras, a área urbanizada da cidade de São Paulo cabe dentro docentro da cidade-anel holandesa. Isso significa que se houvesse um percursoem linha reta entre Barueri e o Aeroporto de Guarulhos, seria o mesmo quepercorrer em linha reta Rotterdam e Amsterdam.

Os planejadores holandeses, tentando de alguma forma recuperar a confiançaem grandes projetos, hoje discutem o futuro do Randstad para 2040. Um novonome foi sugerido: Deltametropool, ou Deltametrópolis em referência alocalização da conurbação no delta dos rios Reno e Mosa. Que cara terá essaurbanização daqui a 30 anos? Qual destino será dado ao coração do Randstad?Como será estabelecida a mobilidade entre as cidades? Como esta metrópoleestará conectada com a megalópole europeia? Essas questões discutem ofuturo das cidades holandesas, mas também iluminam as potencialidadesurbanas que as megalópoles – hoje vistas como grandes problemas ao longo domundo – podem ter. Seria possível seguirmos o exemplo holandês deplanejamento de cidades ou o próprio exemplo holandês nos conduzirá paratotal desilusão em que estamos predestinados a simplesmente ocuparmosdesordenadamente os corações das cidades e nada mais?

por GABRIEL KOGAN,

 

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 31/48

Conurbação designa uma extensa área urbana surgida do encontro ou junção da área urbanade duas ou mais cidades. Ao longo do tempo os seus limites geográficos perdem-se emvirtude do seu crescimento horizontal. Em geral, esse processo dá origem à formação de

regiões metropolitanas.Há casos curiosos, porém, de conurbações que se desenvolveram junto às linhas de fronteirade diferentes países. O caso mais conhecido é o das cidades de Santana do Livramento, noestado do Rio Grande do Sul, no Brasil, e Rivera, sede do departamento de mesmo nome, noUruguai. O conjunto urbano das duas cidades, denominado tradicionalmente de “Fronteira daPaz”, tem mais de 170.000 habitantes, que vivem de forma integrada. É comum, porexemplo, usar o sistema de educação ou de saúde pública de uma ou da outra cidade, ocomércio tem especialidades que levam o consumidor a procurar lojas no Brasil ou noUruguai, além de serem muito freqüentes os casamentos “mistos”, entre cidadãos dos doispaíses. A divisão entre as duas cidades é feita por linhas imaginárias, traçadas ao longo damalha viária, e se estende por muitos quilômetros. Por isso, muitas vezes é difícil para umturista perceber que uma calçada de determinada rua se encontra em um país, enquanto

que a calçada em frente está no outro.Outro caso do gênero é a conurbação entre as cidades de Pedro Juan Caballero, no Paraguai,e Ponta Porã, no estado de Mato Grosso do Sul, separadas apenas por uma avenida.

Alguns estados brasileiros têm a classificação especial de aglomerações urbanas,conurbações em processo de metropolização. O Rio Grande do Sul, por exemplo, instituiu emleis complementares a Aglomeração Urbana do Nordeste, a Aglomeração Urbana Sul, ouRegião Metropolitana de Pelotas-Rio Grande, e a Aglomeração Urbana do Litoral Norte. Asduas primeiras dessas conurbações têm, cada uma, mais habitantes do que a RegiãoMetropolitana Carbonífera, em Santa Catarina.

Em São Paulo, o Governo estadual, através da Emplasa, não definiu ainda quais seriam oslimites das regiões metropolitanas de Sorocaba e do Vale do Paraíba, sendo ambas tratadas

como concentrações urbanas que fazem parte do chamado Centro Metropolitano Expandido.Essas regiões se encontram em um estado de pré-metropolização, podendo vir a seremelevadas à categoria de região metropolitana nos próximos anos. Outras conurbações nesse

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 32/48

Estado, como Jundiaí e Ribeirão Preto também mereceriam a classificação de regiõesmetropolitanas, a ser seguido os modelos adotados em outras unidades federativas. Asprincipais aglomerações urbanas de São Paulo são:

1. Vale do Paraíba, que inclui os municípios de São José dos Campos,Caçapava, Jacareí,Pindamonhangaba, Taubaté e Tremembé, com população estimada de 1.361.677 habitantes2. Sorocaba, que inclui os municípios de Alumínio, Iperó, Itu, Mairinque, Piedade, Salto,Salto de Pirapora, São Roque e Votorantim, com população estimada de 1.209.158habitantes3. Ribeirão Preto, que inclui os municípios de Barrinha, Cravinhos, Dumont, Guatapará,Pradópolis, Serrana e Sertãozinho, com população estimada de 795.374 habitantes4. Limeira, que inclui os municípios de Araras, Cordeirópolis, Iracemápolis, Leme, Rio Claro eSanta Gertrudes, com população estimada de 735.533 habitantes5. Jundiaí, que inclui os municípios de Cabreúva, Campo Limpo Paulista, Itupeva, Louveira eVárzea Paulista, com população estimada de 641.656 habitantes6. Piracicaba, que inclui os municípios de Águas de São Pedro, Capivari, Charqueada, EliasFausto, Mombuca, Rafard, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Maria da Serra e São Pedro, compopulação estimada de 528.877 habitantes7. Bauru, que inclui os municípios de Agudos, Lençóis Paulista e Pederneiras, com população

estimada de 493.454 habitantes8. São Carlos, que inclui os municípios de Américo Brasiliense, Gavião Peixoto, Ibaté eAraraquara, com população estimada de 488.888 habitantes9. São José do Rio Preto, que inclui os municípios de Bady Bassitt e Mirassol, com populaçãoestimada de 486.378 habitantes10. Mogi Guaçu, que inclui os municípios de Estiva Gerbi, Itapira e Moji-Mirim, compopulação estimada de 314.244 habitantes11. Araçatuba, que inclui o município de Birigui, com população estimada de 290.070habitantes12. Guaratinguetá, que inclui os municípios de Aparecida, Cachoeira Paulista, Canas, Lorenae Piquete, com população estimada de 282.685 habitantes

Apesar de haver uma lei antiga que prevê a criação dessas 12 aglomerações urbanas no

interior de São Paulo, a criação de tais instituições nunca ocorreu de fato.Outro caso de conurbação com tendência a metropolização é da Volta Redonda, Barra Mansae Pinheiral, no Estado do Rio de Janeiro, cujo conjunto supera 450.000 habitantes. Na regiãoNordeste, há dois casos destacados de conurbação: a que liga Petrolina (em Pernambuco) eJuazeiro (na Bahia), juntas possuindo mais de 460.000 habitantes, o que a configura como omaior aglomerado urbano do sertão semi-árido; e a que liga as cidades cearenses de Crato,Juazeiro do Norte e Barbalha, que são separadas entre si por poucos quilômetros de zonaspouco densamente urbanizadas e juntas formam o maior aglomerado urbano do interior doCeará (chamado por muitos de Crajubar), com cerca de 410.000 habitantes.

URBANIZAÇÃO MUNDIALA partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviçosexpandiram-se nas cidades, consolidando seu papel centralizador.

Urbanização é um processode afastamento dascaracterísticas rurais de umalocalidade ou região, paracaracterísticas urbanas.Usualmente, esse fenômenoestá associado aodesenvolvimento dacivilização e da tecnologia.

São Paulo e seu crescimento

urbano

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 33/48

Demograficamente, o termo denota a redistribuição das populações das zonas rurais paraassentamentos urbanos. O termo também pode designar a ação de dotar uma área com infra-estrutura e equipamentos urbanos, o que é similar a significação dada à urbanização peloDicionário Aurélio - Século XXI: "conjunto dos trabalhos necessários para dotar uma área deinfraestrutura (por exemplo, água, esgoto, gás, eletricidade) e/ou de serviços urbanos (porexemplo, de transporte, de educação, de saúde)". Ainda pode ser entendido somente como o

crescimento de uma cidade.Em 2008, pela primeira vez na história, o número de pessoas vivendo em cidades superou onúmero de pessoas vivendo no campo. A humanidade parece estar deixando para trás o longopassado rural, e caminhando rapidamente para um futuro cada vez mais urbano. De acordocom estimativas da ONU, entre 2005 e 2030, todo o crescimento da população mundialocorrerá em cidades, especialmente naquelas situadas em países pobres.As cidades resultam de um processo de ocupação e organização do espaço com algumascaracterísticas comuns. Em primeiro lugar, são locais de grande aglomeração de pessoas.Desde os primeiros núcleos urbanos, isso representou certo grau de permanência, de vidasedentária, rompendo a intensa mobilidade dos povos nômades. Mas foi também nas primeirascidades que surgiram ou se especializaram atividades distintas daquelas realizadas no campo,tais como o comércio, a administração e as ligadas à defesa dos territórios.A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviços

expandiram-se enormemente nas cidades, intensificando ainda mais a concentração dapopulação nesses espaços e consolidando seu papel centralizador.Os critérios que distinguem o urbano e o rural são definidos pelas agências nacionais deestatísticas (no caso do Brasil, o IBGE), de acordo com as normas estabelecidas pelalegislação de cada país. Por isso mesmo, eles variam muito de um país para outro e são muitorelativos. Na Islândia, uma aglomeração com apenas 300 habitantes já é classificada comocidade; na Grécia, seriam necessários 10 mil habitantes para atingir o mesmo status. No Brasilsão considerados urbanos aqueles que residem na sede dos municípios ou na sede dos distritosmunicipais, independentemente do número de habitantes.Quando falamos em urbanização, estamos nos referindo ao aumento da porcentagem depopulação urbana em relação à porcentagem de população rural. Em um país urbanizado, aporcentagem da população vivendo em assentamentos considerados urbanos é superior à dapopulação rural. Esse fato ocorre principalmente devido ao êxodo rural, ou seja, à migraçãorural-urbana. O nível de urbanização é a percentagem da população total que vive nascidades; a taxa de urbanização refere-se ao ritmo de crescimento da população urbana.Nas economias modernas, o mundo ruralé fortemente conectado ao mundourbano. Máquinas e equipamentosindustrializados, assim como tecnologiasproduzidas na cidade, são consumidosnas áreas rurais, que, por sua vez,abastecem as cidades com alimentos ematérias-primas. Quanto maior o grau demodernização técnica da agricultura,menor é a oferta de trabalhadores

agrícolas e mais urbanizada tende a sersociedade.Entretanto, existe uma grande diferençaentre população rural e populaçãoagrícola. População rural é aquela quemora em áreas rurais; populaçãoagrícola é aquela diretamente vinculadaao trabalho na agricultura e na pecuária.No estado de São Paulo, por exemplo,aproximadamente metade da populaçãorural realiza atividades não agrícolas, tais como prestação de serviços domésticos e de lazer.

 AS ONDAS DE URBANIZAÇÃO

A primeira grande onda de urbanização, circunscritas aos países mais desenvolvidos da Europae da América do Norte, ocorreu entre 1750 e 1950, quando a taxa de urbanização do conjuntodesses países passou de 10% para 52%, e a população urbana cresceu de 15 para 423 milhões

Com o crescimento desordenado, surgem as favelas

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 34/48

de pessoas. A pioneira Inglaterra já apresentava nível de urbanização superior a 50% em 1850.A industrialização, o desenvolvimento das cidades e a modernização agrícola explicam esseprocesso, que gerou inúmeros problemas ambientais e sociais.Uma segunda onda de urbanização teve início em 1950, nos países subdesenvolvidos daAmérica Latina, Ásia e da África. Trata-se de um processo muito mais veloz. A ONU estimaque a população urbana deverá duplicar entre 2005 e 2030, com crescimento acelerado na

América Latina, que já apresenta nível de urbanização superior ao da Europa.Cerca de 80% do crescimento urbano no planeta entre 2005 e 2030 deverá ocorrer na Ásia ena África, que no final deste período abrigarão quase sete de cada dez habitantes urbanos nomundo. Entretanto, a China e a índia, que têm as maiores populações do mundo, aindacontam com grande porcentagem de população rural.A segunda onda de urbanização pode ser explicada pela concentração da propriedade da terrae pala falta de apoio aos pequenos agricultores, que expulsam continuamente a populaçãoagricola. Em diversos países pobres, a migração rural-urbana se destina a um número reduzidode cidades. Motevidéu, no Uruguai Buenos Aires, na Argentina, e Seul, na Coreia do Sul, sãoexemplos de cidades que concentram mais de 50% da população urbana do país, fenômenoconhecido como macrocefalia urbana, isto é, caracterizada pelo desequilíbrio populacional deuma determinada região que pode ser classificada como cidade, estado ou país onde setornam dominantes e autoritárias em relação a outras cidades por ser favorecida pela

quantidade de habitantes que contém e também pela grande quantidade de indústrias em seuterritório.

Os grande aglomerados urbanos no mundo

A rápida urbanização dos países subdesenvolvidos está sendo acompanhada de um novoconjunto de problemas ammbientais, sociais e de saúde, já que não vem sendo acompanhadapelos investimentos em infraestrutura, como energia, água e saneamento, e principalmente,pela oferta de trabalho.

Para a maior parte da população recém-chegada do campo, sobram apenas empregostemporários, de baixa remuneração, e moradias precárias, tais como as favelas e os cortiços.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 35/48

A situação de exclusão social gera violência urbana e alimenta o aliciamento dos mais jovenspara as atividades ilegais, tais como o tráfico de drogas.Entyretanto, mesmo nessas condições, a ONU acredita que a urbanização do planeta pode serum fenômeno positivo.URBANIZAÇÃO: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?"A urbanização - o aumento da parcela urbana na população total - é inevitável e pode ser

positiva. A atual concentração da pobreza, o crescimento das favelas e a ruptura social nascidades compõem, de fato, um quadro ameaçador. Contudo, nenhum país na era industrialconseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização. As cidadesconcentram a pobreza, mas também representam a melhor oportunidade de se escapar dela.As cidade também refletem os danos ambientais causados pela civilização moderna;entretanto, os especialistas e os formuladores de políticas reconhecem cada vez mais ovalorpotencial das cidades para a sustentabilidade a longo prazo. Mesmo que as cidades geremproblemas ambientais, elas também contêm as soluções. Os benefícios potenciais daurbanização compensam amplamente suas desvantagens. O desafio está em aprender comoexplorar suas possibilidades."

As megacidades espalhadas pelo mundo

 METRÓPOLES, MEGACIDADES E CIDADES GLOBAISEm 200, o tamanho médio das 100 maiores cidades do mundo era cerca de dez vezes maior doque em 1900.Apesar desse aumento espantoso, mais metade da população urbana mundial vive em cidadescom menos de 500 mil habitantes. No outro extremo, 9% da população mundial habita cidadescom mais de 10 milhões de habitantes, classificadas pela ONU como megacidades.Atualmente, a maior parte das megacidades do mundo está situada em paísessubdesenvolvidos. É o caso de Mumbai (ex-Bombaim), Délhi e Calcutá, na Índia; Jacarta, na

Indonésia; São Paulo, no Brasil; de Buenos Aires, na Argentina; da Cidade do México, noMéxico; de Pequim (Beijing) e de Xangai, na China. Nos países desenvolvidos destacam-se asmegacidades de Nova York e Tóquio.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 36/48

No entanto, muitas megacidades combinam a redução da taxa de crescimento natural de suaspopulações com movimentos migratórios em direção a outros centros urbanos, o que temcomo resultado um crescimento populacional moderado ou baixo. Isso ocorre, por exemplo,em Buenos Aires, Calcutá, Cidade do México, São Paulo e Seul.As megacidades reúnem migrantes de diversas procedências, muitos deles constituindo gruposde variadas etnias. Dessa forma, além de serem centros de economia dinâmica, crescimento e

inovação, são territórios de grande diversidade cultural. Por outro lado, elas também sãopontos de concentração de desigualdades sociais e de degração ambiental.A concentração da população nas cidades provocou dois processos interligados: averticalização das áreas mais centrais e o surgimento de novos loteamentos na periferiaurbana.O principal fator responsável pela verticalização é o aumento dos preços dos terrenos nosbairros com melhor infraestrutura e acessibilidade. O valor elevado por metro quadrado tornarentável a indústria da construção civil, que atua agressivamente na obtenção de lotes e naoferta de empreendimentos imobiliários. Um dos melhores exemplos desse processo é o daregião da Central Park, em Nova York: é preciso pagar um preço astronômico para ter oprivilégio de usufruir a melhor vista da cidade.Nas últimas décadas, porém, os novos loteamentos na periferia crescem mais rápido do que averticalização, dando origem ao fenômeno da periurbanização.

As causas desse fenômeno são variadas. O elevado custo dos imóveis nos bairros maispróximos do centro expulsa a população de menor renda, que busca solucionar seu problemade moradia nos loteamentos mais distantes, deficientes em infraestrutura e serviços urbanosadequados. Por sua vez, a população de maior renda investe em loteamentos de alto luxofora do núcleo central, longe da poluição e do congestionamento.

A maior parte do lixo urbano ainda é jogado em lixões a céu aberto

O processo de expansão territorial das cidades muitas vezes resulta na formação de grandesmanchas urbanas, que atravessam as fronteiras municipais. Esse fenômeno é conhecido comoconurbação.A região do ABCD de São Paulo é um exemplo típica dessa situação, pois une fisicamente as

áreas urbanas Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano Sul e Diadema. NaAlemanha a urbanização se estende ao longo do Rio Reno, abrangendo cidades próximas comoColônia, Dusseldorf, Essen e Bonn.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 37/48

As cidades mais importantes de um país, ou a cidade principal de uma rede urbanaconurbada, recebem o nome de metrópole (junção de duas palavras gregas: menter, mãe, epólis, cidade). A influência das metrópoles se estende de forma acentuada às cidadesvizinhas, funcionando como polos de prestação de serviços sofisticados.As metrópoles nacionais exercem influência em todo o território de um país. É o caso, porexemplo, de Nova York (EUA), Tóquio (Japão), Sidnei (Austrália) e São Paulo (Brasil). Já as

metrópoles regionais, como Lion (sudeste da França), Vancouver (litoral do Pacíficocanadense), Seattle (noroeste dos EUA) e Belém (Região Norte do Brasil), influenciam umaparte do território do país.As megalópoles são as maiores aglomerações urbanas da atualidade. Elas se formam pelaexpansão ou pela conurbação de duas ou mais metrópoles, originando uma extensa áreaurbanizada. Em geral, uma ou mais metróples polarizam, ou seja, exercem influência em todaa região conurbada.A mais antiga e maior megalópole é a chamada Bos-Wash, na costa nordeste dos EstadosUnidos. Ela se estende por territórios de dez estados, desde Boston (Bos) até Washington(Wash), abrangendo a importante metrópole de Nova York, além de Baltimore e Filadélfia.Concentra cerca de 20% da população total do país.Na Inglaterra, destaca-se a megalópole Londres-Birmingham-Manchester. No sudeste doJapão, a megalópole de Tokaido abrange Tóquio, Nagoya, Hamamatsu, Osaka, Kyoto, Kobe,

Hiroshima e Nagasaki e estende-se por grande parte do território japonês.Algumas cidades tornaram-se centros de poder. Elas coordenam e centralizam atividadesterciárias (bancos, publicidade, consultorias etc.) e são promotoras da integração daseconomias nacionais com os mercados mundiais. Conhecidas como cidades globais,constituem espaços essenciais de administração, coordenação e planejamento da economiacapitalista nesta época de globalização. Observe algumas características dessas cidades.

Dotadas de boa infraestrutura, comandam as atividades produtivas.São polos financeiros, comerciais e de serviços. Por elas transitam a maior parte dodinheiro que alimenta os mercados financeiros internacionais. Contam com investimentosem tecnologia de ponta.Sediam grandes empresas transnacionais.Têm profunda integração com a economia global,irradiam progressos tecnológicos e

 polarizam os fluxos das redes mundiais.Integram-se às redes mundiais por um conjunto de atividades que caracterizam a faseeconômica atual, como serviços especializados e alta tecnologia para a indústria e para ocomércio: escritórios, consultorias, publicidade, financiamentos, telecomunicações etc.

Considerando essas características, a maior parte das megacidades não são cidades globais. Éo caso da maior parte das megacidades dos países subdesenvolvidos, que possuem precáriainfraestrutura de transportes e de comunicações e nas quais predomina a população de baixarenda. Por outro lado, algumas cidades globais são relativamente pequenas em termospopulacionais.Alguns autores chegam alistar 55 cidades globais no mundo, como Zurique, na Suíça; NovaYork, nos Estados Unidos; e Tóquio, no Japão. A maior parte dessas cidades localiza-se empaíses desenvolvidos, mas a rede se estende também por cidades em países subdesenvolvidos,como Cingapura, Cidade do México e São Paulo. Entretanto, alguns estudiosos consideram que

o fenômeno mais importante da atualidade é a disseminação das megacidades, e que, emalguma medida, toda cidade é global. A SOCIEDADE URBANAEm todo o mundo, a população que migra do campo para acidade busca uma vida maisconfortável, a possibilidade de consumir mais produtos e usufruir melhores serviços.Entretanto, principalmente nos países periféricos, as estatísticas mostram que a amior parteda população urbana é composta de pessoas pobres, ainda que de modo geral elas espressempreferência pela vida na cidade devido às condições de extrema carência em que viviam nomeio rural.Com possibilidades limitadas de emprego, uma parcela considerável da população que migrapara as cidades integra-se na economia informal, composta de atividades nãoregulamentadas, ficando à margem do sistema tributário.SANEAMENTO E LIXO URBANO

Segundo a ONU, em 2005 havia 2,6 bilhões de pessoas (quase metade da população mundial)sem acesso a saneamento adequado. Essas pessoas têm de recorrer a fossas, lagos, rios e

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 38/48

córregos já poluídos com excrementos humanos ou de animais. Em Nairóbi, no Quênia, a faltade sanitários e de saneamento nos bairros pobres obrigam as pessoas a usar sacos plásticospara recolher suas fezes e deixá-los nas ruas.Com o crescimento e a multiplicação das cidades, surgiu outro problema ambiental: aescassez de áreas para destinação do lixo sólido. O maior consumo de produtosindustrializados e, principalmente, de produtos descartáveis aumentou o volume de lixo

assustadoramente, tornando seu destino um dos maiores problemas da sociedade moderna.Na maioria das cidades so mundo menos desenvolvido as montanhas de lixo geradasdiariamente são depositadas em lixões a céu aberto. Esse modo de destinação final do lixocausa graves problemas ambientais: a deteriorização dos materias exala odores fortes,contamina as águas superficiais e subterrâneas pela infiltração do chorume - um líquidoproveniente da decomposição do lixo - e é foco de transmissão de doenças à população do seuentorno.A incineração do lixo, outra destinação dada ao lixo em diversas cidades, reduz entre 60% e90% o volume dos resíduos sólidos, transformando-os em gases, calor e materiais inertes.Entretanto, polui o solo, as águas e o ar com cinzas e escórias de metal.Vejamos algumas soluções para uma melhor destinação ao lixo.

O aterro sanitário é um processo de redução do volume dos resíduos sólidos. Após adeposição no solo, o lixo é compactado e coberto diariamente com uma camada de terra,

oferecendo menor risco à saúde pública. Muitos aterros exploram o biogás, produzido peladecomposição da matéria orgânica depositada, permitindo a produção de eletricidade.

 A usina de compostagem é uma instalação que transforma o lixo orgânico (restos dealimentos, cascas e bagaços de frutas, verduras, legumes, podas de jardim) em composto(adubo) para uso agrícola.

 A usina de reciclagem promove a separação de materiais como metais, vidros, plásticos e papéis para reutilização, o que traz muitos benefícios, como economia de divisas, deenergia e de matéria-prima

Um projeto urbano paraSão Paulo, por NádiaSomekEnviado por luisnassif, qua, 08/02/2012 - 11:15

Do Brasilianas.org

Um projeto urbano para São Paulo?

Nádia Somek*

Introdução

O Processo de urbanização de São Paulo produziu um modelo urbano sem urbanidade. O

resultado disso se traduz na constatação do Ministério das Cidades de que metade da

população urbana vive em condições precárias em favelas, cortiços e loteamentos irregulares

ou clandestinos. As transformações recentes da indústria, a reestruturação produtiva trouxe

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 39/48

para as nossas cidades a convivência de velhos e novos problemas.Além disso deixou áreas

vazias , bem equipadas, ampliando o processo de expansão e conseqüente dilapidação dos

recursos naturais.

Os velhos problemas, ainda sem solução de um Estado de bem estar não implementado no

Brasil, notadamente a questão habitacional entendida sem conceito mais amplo, convivem

com os novos: precarização do trabalho ou desemprego, o esvaziamento de áreas vinculadas

ao antigo processo de produção, ou ainda a violência crescente advinda de processos globais

do crime organizado.Além disso a estrutura administrativa dos municípios brasileiros

fragmenta encobrindo as verdadeiras relações sociais de desenvolvimento do capital que

assumem dimensões megametropolitanas. Paul Virillo na exposição Terra Natal (2009)

denomina a expansão predominante dessas relações sociais de omnimetropolização.

É louvável a busca da atual administração de propor novos editais para a elaboração de

Projetos Urbanos nas áreas definidas como Operações Urbanas pelo Plano Diretor

Estratégico, em processo de Revisão.Observamos ainda que 24,3% da área urbanizada do

Município de São Paulo foi designado como área para OU.As críticas recorrentes a nossa

experiência aponta que basicamente, as OU ,foram elaboradas para financiar transformações

do sistema viário, ou seja espaço público voltado apenas para o automóvel, nem todas tem

conselho gestor que permite uma maior transparência e participação e, finalmente não havia

projeto urbano definido para cada operação,portanto essa iniciativa supera uma das críticas

recorrentes.Entretanto constatamos que as áreas dos projetos urbanos de 1500ha a 2100ha

são muito extensas em comparação com outros exemplos e ainda,constatamos a falta de um

modelo claro que tem no projeto Nova Luz, um balão de ensaio,que permita a elaboração de

um projeto adequado para as necessidades da nossa cidade.

p>Embora concordemos que o potencial existente de áreas em transformação em SP,

definam uma série de projetos urbanos possíveis, colocamos a pergunta: como poderemos

elaborar esses projetos com a necessária preocupação com o desenvolvimento

metropolitano,sustentabilidade e inclusão social. Existe na experiência internacional de

projetos urbanos de implementação estas preocupações? Quais os critérios que podem

constituir elementos efetivos de redução do aquecimento do planeta, de desigualdades e de

efetiva inclusão social?Apresentamos a seguir alguns elementos da experiência internacional

e algumas recomendações decorrentes desta reflexão para a construção coletiva de um

modelo de projeto urbano para a cidade de São Paulo.

A Experiência Internacional em Projetos Urbanos

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 40/48

A noção de Projetos Urbanos é ampla e necessita de conceituação adequada, podemos

avançar que constituem-se em obras emblemáticas envolvendo grandes obras de infra-

estrutura ou operações urbanas, adotam ainda a forma de programas de intervenção

concretizados em um conjunto de ações que, por sua integração, têm um impacto profundo

no desenvolvimento da cidade. Assumem também a forma de recuperação ou regeneração

de áreas industriais, portuárias, ferroviárias, centros históricos ou centralidades vinculadas a

modos de produção ou transporte para ampliação da mobilidade urbana.

Representam iniciativas de renovação urbana concentradas em investimentos e intervenções

que seguem um plano urbanístico, podendo se apoiar no redesenho do espaço urbano, em

normas legais especificas e em novas articulações institucionais e formas de gestão.

Inicialmente em Projetos Urbanos a qualidade espacial e urbanística eram tidos como um dos

trunfos de garantia de sucesso das iniciativas de renovação, redefinindo a hierarquia urbana

em favor da região antes degradada, assim como a visualidade impactante, a imagem de

(pós) modernidade, e a grife de um arquiteto conhecido garantiram uma cartada de peso na

grande arena estratégica: a mídia. (P.ROBERTS e H.SYKES, 2006).

Na medida em que passaram a integrar a agenda das grandes cidades no final do século, o

modelo foi se sofisticando, ao mesmo tempo, em que a competição entre cidades na disputa

pelos investimentos voláteis no novo processo de financeirização mundial foi se acentuando.

Assim, o projeto urbano se tornou uma estratégia de intervenção, já que o planejamento

urbano tradicional e seus instrumentos não atendem mais às necessidades existentes na

recuperação dessas áreas. Em geral, o objetivo central desses programas passou a ser a

promoção do crescimento econômico, ou seja, adquirir capacidade econômica local de

proporcionar postos de trabalhos e gerar entradas tributárias capazes de cobrir o gasto de

capital em infra-estrutura e serviços públicos que cabem ao Estado. Para isso, a maioria dos

programas visa atrair novas atividades a partir de vantagens locacionais. (ROJAS;

VILLAESCUSA; WEGELIN, 2003).

A experiência internacional de Projetos Urbanos aponta transformações na forma de realizá-

los. Associam-se a idéia de Projetos Urbanos à reestruturação produtiva e as novas

formulações estratégicas de gestão, bem como à crescente competição por investimentos

internacionais. A partir dessa experiência internacional podemos inferir características que

correspondem às práticas bem sucedidas, bem como às críticas a esses projetos que poderão

referenciar novos caminhos. Se o nosso foco é a inclusão social deve-se ter em vista a

pergunta: Quem ganha/ Quem perde? E ainda quais os critérios que representam uma

efetiva inclusão social.

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 41/48

Analisando os casos de Bilbao, Buenos Aires, Londres, Milão, Paris e Washington, podemos

apontar algumas recorrências norteadoras: em todos estes casos existe a perspectiva da

longa duração. Em Washington, por exemplo, a Corporação para o Desenvolvimento da

Avenida Pensilvânia trabalhou com o horizonte de 25 anos,Projetos Urbanos devem ser

pensados numa perspectiva de longa duração. A característica de misturas de usos e de

classes sociais, bem como a definição de uma entidade administrativa público-privada central

para a gestão e implementação do projeto de longa duração também está presente, na

maioria das experiências internacionais de projetos urbanos bem sucedidos. A mistura de

classes sociais pode ser entendida como elemento de inclusão. Embora a participação do

setor privado seja essencial, concordamos com Enrique Peñalosa (2008) ao afirmar que a

coordenação deve ser pública, pois não é possível deixar aos empreendedores privados a

responsabilidade do desenho da cidade. Somente o Poder Público pode resolver as questõesde coordenação setorial com a perspectiva mais ampla do interesse coletivo em

contraposição a interesses particulares. Portanto, se o nosso foco for a inclusão social, a

liderança desses processos deve ser pública, tendo como parceiro primordial o setor privado

com maior capacidade e flexibilidade para atuar em formas inovadoras de financiamento,

execução e aporte de recursos.

O caso de Puerto Madero em Buenos Aires é emblemático para a nossa reflexão. Ele foi

pensado há mais de oito décadas antes de ser iniciado por uma liderança nacional dopresidente Menen. A área do Projeto era inteiramente de propriedade pública e seu resultado

produziu um espaço da globalização que pretende colocar a cidade em conexão com as

demais metrópoles mundiais.A crítica recorrente a este tipo de espaço global é a total

desidentificação com a cidade tradicional.

Nas cidades do Terceiro Mundo, as agências multilaterais de financiamento também têm

enfatizado as iniciativas de desenvolvimento local, que constituem um critério de inclusão,

na medida em que correspondem a ideais de participação comunitária, e busca de geração

de renda explorando potencial produtivo de cada região. Este é um elemento central de

inclusão social desde que efetivamente procure vincular as novas atividades à busca de

alternativas de trabalho e renda. A chamada economia criativa, que vem ocorrendo em

Londres constitui-se na promoção de áreas de incentivo a micro e pequenas empresas,

formando condomínios, hotéis e incubadoras.

A questão do desenvolvimento Sustentável também vem ganhando força nos discursos e nas

ações decorrentes. Chama a atenção a tecnologia desenvolvida na descontaminação de

antigas áreas industriais poluídas nas várias experiências analisadas, bem como de uma

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 42/48

incipiente regulação a respeito de quem se encarrega desses custos. Na França uma

legislação nacional atribui ao setor privado os encargos de despoluição; além da busca por

uma cidade mais compacta, em detrimento da expansão e conseqüente dilapidação dos

recursos naturais que vem levando a decisão de um adensamento com qualidade,

possibilitado pelas novas formas de mobilidade, hoje objeto de planos específicos, com novas

alternativas de transporte como o smartcar e as bicicletas (Paris). Ações de sustentabilidade,

podem ser entendidas como inclusivas? Chama atenção no caso frances a busca do governo

nacional de uma solução metropolitana para Paris voltada para a produção da cidade,

compacta pós Kyoto e ações de sustentabilidade prevendo a redução de emissões de co2.

Paris, Milão, Londres e Bilbao definiram seus projetos dentro de uma perspectiva regional

metropolitana de reconfiguração da estrutura produtiva, estimulando principalmente o

terciário avançado internacional, porem com participação e ainda um desenvolvimento local

baseado na economia criativa (Londres). O caso de Paris Rive Gauche, 130 ha, coordenado

pela SEMAPA (Societé d Économie Mixte de Paris),há mais de 20 anos, constituiu uma nova

centralidade à leste de Paris, contrabalançando a centralidade de La Defense, que fica à

oeste, atraindo 60.000 novos empregos. A população organizada em movimento tomou um

antigo moinho impedindo sua destruição e com sua mobilização conseguiu ampliar o

programa de 5000 para 7000 habitações de interesse social na área do projeto.

Bilbao elaborou planos de diversas escalas, antes de atribuir à RIA2000 a gestão estratégica

do plano que implementou o Museu Gugenheim de Gehry, as estações de metrô de Norman

Foster (que assina também as de Londres e Paris) e as pontes de Calatrava. Fez parte do

plano também a estratégia de marketing para vender a cidade ao mundo do turismo de

massa e qualificá-la à competição de capitais internacionais, longe portanto, da perspectiva

de Inclusão Social. Londres no projeto Kings Cross (70Ha) em torno da estação do trem que

liga Londres a Paris, apesar de coordenado pela iniciativa privada, preparou um programa

misto, com participação da população e com propostas de construção de habitação popular

(15%).

Nos anos 90 emerge a falsa contraposição entre Planos e Projetos Urbanos: a crise do

Urbanismo Normativo que acompanha a cidade moderna leva a extrema valorização de uma

gestão empresarial contrapondo planos, que seria mais inclusivos e projetos urbanos, mais

excludentes, aliando a critica recorrente ao planejamento tradicional (inefetivo) e ao sucesso

da experiência de Barcelona. Nesta experiência grandes Projetos Urbanos são os elementos

que definem a construção da cidade metropolitana, que por sua vez deve construir seu

Planejamento Estratégico baseado na intercomunalidade, bem como numa concertação

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 43/48

ampla. Assim, a crise do Urbanismo Normativo que acompanha a cidade moderna leva a

extrema valorização de uma gestão empresarial contrapondo planos e projetos urbanos.

No bojo dessa visão a exclusão social inerente à disseminação do Neoliberalismo até a sua

exacerbação que foi denominada por Neil Smith (2006) como a nova Estratégia Global de

Gentrificação. Em Paris as antigas normativas das ZAC (Zones d´amenagement concertes)

estabelecem o ponto de partida legal para a elaboração das novas estratégias de gestão. Na

maioria dos casos, exceto Paris, a valorização imobiliária e fundiária sem controle acirrou os

processos de gentrificação.Como vimos,no caso de Paris Rive Gauche o embate com a

população permitiu a ampliação do número de habitações de interesse social e a “tomada” 

de um antigo moinho industrial como sede dessa mobilização, num conflito aberto em busca

de inclusão.

Além disso, é essencial ao sucesso dos Projetos Urbanos a criação de novas centralidades

vinculadas ao sistema de transporte: o sucesso de Canary Wharf aconteceu após a

implantação de uma linha de metrô interligando a área ao centro de Londres. Ainda no caso

de Londres, Kings Cross e área dos Jogos Olímpicos estão extremamente relacionados à

implementação de infra-estrutura pesada de transporte de massa, (re)criando novas

centralidades. No caso de Milão nas experiências do norte de Bovisa e Pirrelli La Biccoca

viabilizou-se a interligação do centro com poucas paradas.

Especificamente em relação de Canary Wharf, uma primeira tentativa fracassada tornou-se

um projeto bem sucedido com o novo povoamento e investimentos públicos. Entretanto, o

que se viu como resultado foi a formação de um gueto privado, controlado por uma polícia

privada que permite a entrada e o uso do espaço “público” apenas por quem aparentemente

interessa. Isso nos remete, novamente, a importância de uma coordenadoria efetivamente

Pública para a obtenção de cidades reais, democráticas e não cidades muradas e

excludentes.

Entretanto, passadas duas décadas de grandes projetos de renovação urbana inseridos nos

cenários do planejamento estratégico, evidenciam-se os limites desse modelo no que se

refere a algumas das questões cruciais que haviam motivado o recurso às novas abordagens

urbanísticas. Além de passar ao largo das carências habitacionais, de infra-estrutura e de

serviços sociais que continuam comprometendo as regiões metropolitanas, particularmente

no Terceiro Mundo, estes projetos estratégicos apresentam paradoxos no que se refere aos

problemas da integração econômica, do desemprego e do combate à exclusão social, sendo

na esfera propriamente econômica, que comparecem algumas das principais limitações desse

modelo. Vantagens e lucros encaixados nos fluxos financeiros internacionais não se revertem

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 44/48

necessariamente em benefícios na esfera local. Ganhos fiscais, que poderiam significar um

benefício a longo prazo, muitas vezes são objeto de renúncia como parte da estratégia para

atrair investimentos. Sem arrecadação suficiente, a municipalidade acaba arcando com os

ônus referentes à reprodução da força de trabalho não-qualificada, cujos serviços apóiam as

atividades ostentadas pelos novos pólos terciários.

Assim, podemos, dizer que neste modelo em que são assumidos como diretrizes no desenho

das intervenções urbanas fatores que se caracterizam pela produção privada do espaço,

aproveitamento imobiliários, enfoques pontuais, agilidade, flexibilidade, afinação com as

demandas do mercado, os grandes projetos de renovação urbana acabam exacerbando

tendências vigentes na urbanização contemporânea. Nos países periféricos, ainda, em que

tais princípios já prevalecem tradicionalmente na transformação e construção da cidade,

torna-se mais difícil canalizar tais forças para um projeto específico.

De qualquer maneira, permanece sem resposta a questão primordial que motivou tais

empreendimentos: a geração de opções sustentáveis para a recuperação do emprego, da

atividade e da arrecadação em cidades e regiões industriais que sofrem os efeitos da

reestruturação econômica. Se o modelo dos grandes projetos urbanos estratégicos mostra

sinais de esgotamento nesse sentido, qual seria a alternativa? Entre os muitos caminhos em

discussão, é possível identificar, ao longo da última década, a emergência de iniciativas

menos ambiciosas de renovação urbana, voltadas aos interesses e perspectivas de cada

localidade, que podemos denominar Projetos Urbanos de Desenvolvimento Local.

Um exemplo bem sucedido é o caso de Sesto San Giovani (norte de Milão) onde a prefeitura,

tradicionalmente comunista, conseguiu negociar a transformação de 70% de sua área

esvaziada de atividades siderúrgicas em micro e pequenas empresas, apoiada pelos

sindicatos de trabalhadores, transformados em pequenos empreendedores. Isto permitiu o

povoamento de parte do quadro construído que se constituía de Patrimônio Histórico, bem

como a utilização das grandes e antigas plantas industriais.

Esta operação foi possível dentro de uma perspectiva de transformação do município, em

território de inovação dentro de um projeto urbano global, que previa a descontaminação do

solo, a implantação de espaços públicos de qualidade, bem como a capacitação profissional

voltada para as novas necessidades da produção. (SOMEKH e CAMPOS, 2001). Além disso,

como no caso francês a questão metropolitana se baseou no princípio de

intercomunicalidade, através da associação de municípios, no caso de Sesto San Giovani

existe um Consórcio municipal e outro que inclui a cidade de Milão, para o projeto Pirelli La

Bicocca.Neste projeto, como em todas as demais experiências relatadas a arquitetura

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 45/48

contemporânea se alia a preservação do Patrimônio histórico que define identidades no atual

mundo globalizado.

Enquanto prioridade nas novas políticas urbanas, o desenvolvimento local pode ser

compreendido de diversas maneiras. De um lado, liga-se à esfera econômica, sendo medido

pela evolução do quadro produtivo local, pela geração de emprego e renda no seio das

comunidades, pelo acréscimo da autonomia fiscal dos governos locais, e pela diversificação e

dinamização de atividades econômicas que tenham impacto em termos de integração das

populações marginalizadas. Em termos sociais, liga-se à busca da inclusão de diferentes

setores populares, em um quadro de crescimento e evolução econômica. Combatem-se os

efeitos excludentes da nova ordem mundial com linhas de ação, programas e projetos que

tirem proveito das especificidades e potencialidades de cada região, sempre partindo dos

interesses da população local.

No que se refere às articulações administrativas e institucionais, o desenvolvimento local

está ligado ao conceito de governança, como medida de capacidade de gestão compartilhada

entre diversos agentes. Mesmo que, por vezes, menos atraentes do ponto de vista

urbanístico, para não dizer imobiliário, tais enfoques pareçam ser mais eficazes para

solucionar os problemas sofridos por cidades tradicionalmente dependentes do setor

secundário.

As intervenções fragmentadas apresentam, na experiência internacional, capacidade de

modificação mais controlada das variáveis de transformação do ambiente construído. A

conclusão equivocada é a defesa de projetos urbanos pontuais em detrimento dos planos e

da regulação global da cidade. Um tipo de ação não exclui a outra. E, ainda, em realidades

de extrema pobreza e desigualdades sociais, os planos globais servem para definir

prioridades, além de estabelecer uma ordem de intervenção relacionando os projetos de

recuperação mais necessários e estratégicos para a cidade como um todo.

Uma nova metodologia de planejamento entende que este é composto por três momentos

que interagem de forma que se complementem: plano, projeto e estratégia municipal.

Tornando possível a articulação de diferentes escalas de intervenção. Assim, o novo papel

dos programas de intervenção compõe-se não só da tradução operativa e de projetos das

estratégias urbanas, como também avaliar as operações de montagem institucional e

financeira das intervenções e torna-se particularmente importante no processo de decisões

das transformações do território. O planejamento global, que antecede as intervenções

pontuais dos Projetos Urbanos, tornou-se particularmente importante quando trata-se de um

programa de recuperação urbana que objetiva transformar a tendência do crescimento de

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 46/48

uma área, sendo essencial para avaliar as vantagens e oportunidades de desenvolvimento

oferecidas por áreas obsoletas ou degradadas. Nestes casos, os programas urbanos devem

definir não apenas um conjunto de ações e medidas coerentes para a área, como devem

estabelecer medidas que promovam mudanças baseadas na dinâmica econômica, social e

física da área e de seu entorno. Além disso projetos urbanos que privilegiem um espaço

público de qualidade também podem ser considerados inclusivos na medida em que

valorizem a cidadania.

Elementos para projetos urbanos em São Paulo

Concordamos que São Paulo deve estar conectada à rede mundial de cidades globais, mas

deve também reparar seu passivo social, principalmente voltado á questão habitacional.Por

outro lado entendemos que os projetos urbanos no Brasil carecem de um modelo que atenda

as necessidades reais das nossas cidades.

A Política de desenvolvimento econômico não se ancora no território e nas regiões

metropolitanas, vimos na experiência internacional que todos os Projetos Urbanos decorrem

de um Planejamento metropolitano contrapondo se a falsa oposição entre Planos e Projetos

Urbanos.

Alem disso é necessária uma entidade administrativa para a implementação dos Projetos que

em todos os casos relatados são de longa duração e tem dimensões menores do que está

sendo propostos pala Prefeitura.Como vimos leva se décadas para transformar áreas em

torno de 130Ha (Paris Rive Gauche) a 170 Ha (Puerto Madero), em contraposição a proposta

da PMSP de 1500ha a 2100ha. Não será possível ter fôlego para essas dimensões,mas será

possível priorizar áreas e etapas claras de implantação dos PU.

Ações de sustentabilidade e até construções mais ecológicas devem ser previstas na busca

de uma cidade compacta com ma mobilidade e menos consumidora de recursos naturais.O

patrimônio Histórico poderá ser preservado dentro de uma perspectiva contemporânea e

valorizadora da identidade paulistana.

E finalmente as grandes desigualdades existentes na cidade poderão ser reduzidas com

projetos Urbanos que produzam habitações e espaços públicos de qualidade tornando nossa

cidade mais bonita ,sustentável democrática e inclusiva.

* Nádia Somekh é professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Mackenzie, ex-presidente da Emurb de São Paulo (Empresa Municipalde Urbanismo), ex-secretária de Desenvolvimento Econômico de Santo André e

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 47/48

conselheira do CONPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio

Histórico da Cidade de São Paulo.

Referências Bibliográficas

CERVELLATI, Pier Luigi; SCANNAVINI, Roberto. Bolonia: Política y metodologia de la

restauración de centros históricos. Barcelona: Gustavo Gili, 1976.

DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006.

EMURB. Caminhos para o centro. São Paulo. São Paulo: Prefeitura de São Paulo/ Emurb/

CEM/ Cebrap, 2004.

FERREIRA, João Sette Whitaker: Alcances e limitações dos Instrumentos Urbanísticos na

construção de cidades democráticas e socialmente justas. Vª Conferência das Cidades -

Câmara Federal, 02 de dezembro de 2003, São Paulo.

GASPAR, Ricardo; AKERMAN,Marco; GARIBE, Roberto (orgs). Espaço Urbano e Inclusão

Social: A gestão pública na cidade de São Paulo (2001-2004). São Paulo: Editora Fundação

Perseu Abramo, 2006.

KLINK , Jeroen. Building Urban Assets in South America. Urban Age South America

Conference. Selection of Draft Essays, São Paulo, 2008.

LANDRY,Charles: The creative city, Earthscan, London, 2000.

LUNGO, Mario (Org.). Grandes projectos urbanos. San Salvador: UCA Editores, 2004.

PENALOSA, Enrique. The Limits of Politics. Urban Age South America Conference. Selection

of Draft Essays. São Paulo, 2008.

PORTAS, Nuno. L’emergenza del projeto urbano. Urbanística, n. 110, Roma, 1998.

ROBERTS,P. SYBES H.: Urban Regeneration Sage, London 2006.

ROJAS, Eduardo; VILLAESCUSA, Eduardo R; WEGELIN, Emiel. Recuperación de Áreas

Centrales: una opción de desarollo urbano en América Latina y el Caribe. Banco

Interamericano de Desenvolvimento, 2003.

ROLNIK, Raquel; SOMEKH, Nadia. Governar as Metrópoles: dilemas da recentralização. São

Paulo Perspectiva, São Paulo, v. 14, n. 4, 2000

5/14/2018 conurba o - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/conurbacao 48/48

SASSEN, Saskia. South American cities and Globalisation. Urban Age South America

Conference. Selection of Draft Essays. São Paulo, 2008.

SMITH, Neil. A Gentrificação generalizada: de uma anomalia local a regeneração urbana

como estratégia urbana global. In BIDOU-ZACHARIASEN, Catherine (org). De volta à

cidade: gentrificação e revitalização dos centros. São Paulo: Annablume,2006 .

SOMEKH, Nadia; SILVA, Luís Octávio . A reconstrução coletiva do centro de São Paulo.

Simpósio: "A cidade nas Américas. Perspectivas da forma urbanística no século XXI". 51º

Congresso Internacional de Americanistas, "Repensando las Américas en los Umbrales del

Siglo XXI". Julho de 2003

SOMEKH, Nadia; SILVA, Luís Octávio. O centro de São Paulo: reconstrução coletiva e gestão

compartilhada. Documento. São Paulo, 2002.

SOMEKH, Nadia; e KLINTOWICZ, Danielle: Projetos Urbanos na Cidade Contemporânea, XIII

ANPUR , 2009.

VIRILLO, Paul: La terre Natale, Exposição depoimento na brochura, Fundação Cartier, Paris,

2009.