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2º CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM
SAÚDE
UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E INTEGRALIDADE DA SAÚDE: UM PROJETO
POSSÍVEL
Controle Social: conhecer para agir - a experiência da SRS Passos
Vanessa Aparecida de Assis Goulart
Kátia Rita Gonçalves
Max Antonio de Oliveira Rodrigues
Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais/SRS Passos
BELO HORIZONTE
2013
CONTROLE SOCIAL: CONHECER PARA AGIR
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA SRS PASSOS.
SOCIAL CONTROL: KNOWING FOR ACTING
THE EXPEREINCE FROM SRS PASSOS.
Titulo Resumido: Controle Social: Conhecer para Agirr
Palavras chave: participação comunitária, conselhos de saúde, controles formais da
sociedade.
RESUMO
O fortalecimento do papel do controle social na qualificação da gestão do SUS
demonstrou a necessidade de traçar estratégias para o fortalecimento dos Conselhos
Municipais de Saúde dos municípios da jurisdição da Superintendência Regional de Saúde
de Passos. Foi realizado o levantamento de informações que possibilitaram identificar as
condições de atuação, a natureza da representação social, o tipo de mandato, o
conhecimento a respeito dos instrumentos legais para o exercício do Controle Social. A
questão central é conhecer o cenário regional de atuação dos Conselhos Municipais de
Saúde, através da utilização da matriz SWOT, onde se destaca a necessidade de
estruturação e organização do funcionamento destes Conselhos, de capacitação dos
conselheiros municipais de saúde visando à apropriação dos espaços de Controle Social de
forma participativa e democrática. A referida análise possibilitou o estabelecimento de
estratégias para fortalecimento dos Conselhos com o fomento de parceria com o Conselho
Estadual de Saúde para sensibilização, capacitação e orientação dos prefeitos, gestores e
conselheiros sobre a necessidade de reestruturação dos Conselhos Municipais de Saúde
com base nas diretrizes instituídas pela legislação. Considera-se que as estratégias
apontadas no referido trabalho contribuirão de forma significativa para o empoderamento
dos Conselhos e para a implementação da gestão participativa e democrática de forma
regionalizada.
Introdução
A Superintendência Regional de Saúde de Passos (SRS Passos) compõe a estrutura
orgânica da Secretaria de estado de Saúde de Minas Gerais (SES MG) visando o
fortalecimento da governança regional através do apoio, implementação e monitoramento das
ações e políticas de saúde direcionadas a um conjunto de 24 municípios sob sua jurisdição.
O processo de trabalho da SRS Passos é organizado pela Resolução SES n° 3070 de
dezembro de 2011 que dispões sobre a organização do processo de trabalho das
Superintendências (SRS) e Gerências Regionais de Saúde (GRS), através de definição das
áreas temáticas com seus respectivos núcleos e atividades.
Vinculado à Direção da SRS Passos o Núcleo de Gestão Microrregional, foi instituído
pela Ordem de Serviço 389 de 12 de fevereiro de 2010, com o objetivo de fortalecer a gestão
do SUS no território sanitário regional, por meio do apoio ao planejamento, gestão,
monitoramento e avaliação das políticas públicas através de ações articuladas entre os
Núcleos das Gerencias e Superintendências Regionais de Saúde e as Secretarias Municipais
de Saúde.
Buscando o fortalecimento das ações do Núcleo de Gestão Microrregional a
Subsecretaria de Gestão Regional da SES MG realizou nos dias 26 e 27 de setembro de 2012
uma oficina de trabalho com os coordenadores do Núcleo de Gestão Microrregional das
Unidades Regionais de Saúde (GRS e SRS). Um dos objetivos da referida oficina era elaborar
propostas para a melhoria das atividades realizadas pelo Núcleo.
No decorrer da oficina foi apresentado pelo vice-presidente do Conselho Estadual de
Saúde de Minas Gerais (CES MG), as ações realizadas por este Conselho Estadual para
implementação do processo de educação permanente do Controle Social através das Oficinas
de Capacitação de Conselheiros de Saúde e criação dos Colegiados de Microrregionais de
Conselhos Municipais de Saúde, com o objetivo de fornecer mecanismos e ferramentas para
o Fortalecimento do Controle Social no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta oficina teve
como produtos a consolidação da parceria entre o CES MG e as GRS e SRS através do
estreitamento das ações de apoio dos Núcleos de Gestão Microrregional visando a
descentralização da proposta de forma regionalizada.
Considerando o histórico das atividades realizadas pela SRS Passos observou-se a
inexistência de ações voltadas para o empoderamento do Controle Social na região e a
ausência de registros que viabilizassem uma análise do funcionamento dos Conselhos
Municipais de Saúde.
A primeira ação de fortalecimento do Controle Social no SUS da SRS Passos foi
realizada durante o encontro com prefeitos eleitos para gestão 2013-2016, ocorrido em
dezembro de 2012 através da parceria com CES MG, através de ser vice-presidente que
proferiu palestra sobre “O Controle Social no SUS”, com o objetivo de sensibilizar os
prefeitos sobre a importância do fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde. Neste
evento consolidou-se uma parceira entre SRS Passos, Conselho Estadual de Saúde e
municípios visando desenvolvimento de trabalho conjunto com os Conselhos Municipais de
Saúde.
Em seguida o Núcleo de Gestão Microrregional sob coordenação de sua
Superintendente iniciou o planejamento de ações do Núcleo de Gestão Microrregional
visando o fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde do território jurisdicionado pela
SRS Passos. No decorrer desta ação percebeu-se a necessidade de conhecer formato
institucional destes Conselhos de Saúde, identificando seus os pontos fortes, fracos,
oportunidades e ameaças para subsidiar a construção de um plano de ação para fortalecimento
dos Conselhos Municipais de Saúde. A intenção é a concepção de uma base sólida para a
criação e implementação dos Colegiados de Conselhos Municipais de Saúde, contribuindo
para a qualificação do planejamento e execução das Políticas Públicas de Saúde no âmbito
regional.
Justificativa
A participação popular na elaboração, implementação e avaliação das políticas de
saúde foi regulamentada pela Lei 8142 de dezembro de 1990 através da definição dos
Conselhos de Saúde como instancia permanente e deliberativa na formulação e controle das
estratégias e políticas de saúde na instância correspondente.
O Decreto 7.508 de 28 de julho de 2011, que regulamenta a Lei 8080 de 1990
fortalece o importante papel dos Conselhos de Saúde na qualificação da gestão do SUS ao
reforçar a participação dos mesmos na construção do planejamento em saúde. Tal fato
também ocorre na Lei Complementar 141 de 11 de janeiro de 2012 que regulamenta o § do 3º
do artigo 198 da Constituição Federal, que ressalta a participação dos Conselhos de Saúde na
deliberação de diretrizes para estabelecimento de prioridades na gestão dos recursos no SUS e
também no processo de transparência, visibilidade, fiscalização, avaliação e controle da
execução de ações e políticas de saúde, inclusive a aplicação dos recursos financeiros.
De acordo com Conselho Estadual de Saúde (2013) é necessário que os Conselhos de
Saúde estejam qualificados e instrumentalizados para exercerem atribuições estabelecidas
pelas legislações do SUS e cumprirem dever de defender e fortalecer a gestão do SUS.
Diante desta perspectiva vale salientar que os Conselhos de Saúde constituem-se como
espaços públicos propiciados pela reestruturação das políticas e de saúde e conseqüentemente
com atores importantes na qualificação da Gestão dos SUS. Por esta razão estende-se que o
fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde jurisdicionados pela SRS Passos
contribuirá para a qualificação das ações de planejamento, gestão, monitoramento e avaliação
das ações e políticas regionais contribuindo para o fortalecimento da governança regional do
SUS.
Objetivos
Conhecer os Conselhos Municipais de Saúde indagando: condições de atuação, a natureza da
representação social, o tipo de mandato, o conhecimento a respeito dos instrumentos legais
para o exercício do Controle Social.
Identificar o cenário regional de atuação dos Conselhos Municipais de Saúde dos municípios
de jurisdição da SRS Passos.
Traçar estratégias de ação que para o fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde dos
municípios de jurisdição da SRS Passos.
Referencial Teórico
O direito á saúde definido na Constituição Federal de 1988 tem se efetivado através da
construção do Sistema Único de Saúde (SUS) no decorrer dos últimos 20 anos e desta
construção tem participado gestores, trabalhadores e usuários. Foi consolidado e
regulamentado com as Leis Orgânicas da Saúde (LOA), n° 8080/1990 e n° 8.142/1990, sendo
que nestas leis estão instituídas as diretrizes e normas que direcionam o sistema de saúde, bem
como aspectos relacionados à sua organização e funcionamento, critérios de repasses para os
estados e municípios além de disciplinar o controle social no SUS em conformidade com as
representações dos critérios estaduais e municipais de saúde (FARIA, 2003; SOUZA, 2003).
O SUS possibilitou a ampliação da assistência à saúde para a coletividade e com isso
imprime um novo olhar sobre as ações, serviços e práticas assistenciais. Estas práticas são
orientadas pelos princípios e diretrizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde;
Integralidade da assistência; Equidade; Descentralização Político-administrativa; Participação
da comunidade; regionalização e hierarquização. Importante enfatizar a participação popular e
o controle social em saúde, dentre os princípios, destacam-se como de grande relevância
social e política, pois estabelecem a garantia de que a população participará do processo de
formulação e controle das políticas públicas de saúde.
Segundo Arantes (2007) o controle social diz respeito à participação da comunidade
no processo decisório sobre políticas públicas e ao controle sobre a ação do Estado. Pode
ainda ser entendido como uma parte da participação cidadã que está articulada integralmente à
atuação da política pública, enquanto se controla o desenvolvimento das políticas que têm
sido definidas para atender às necessidades reais da comunidade (TOVAR, apud BRASIL,
2007). Neste sentido, o controle social busca contextualizar a institucionalização de espaços
de participação da comunidade no cotidiano do serviço e ações de saúde, assegurando a
participação no planejamento do enfrentamento dos problemas, execução e avaliação das
ações, processo no qual a participação popular deve ser garantida e incentivada (BRASIL,
2006).
Nessa perspectiva, a dimensão histórica não pode ser desconsiderada e adquire
importância na compreensão do controle social, pois historicamente este controle foi
desempenhado pelo Estado sobre a sociedade. A organização e mobilização popular realizada
na década de 1980, na busca por um Estado democrático e mantenedor do acesso universal
aos direitos a saúde, evidencia a possibilidade de inversão do controle social, isto é, a
perspectiva de um controle da sociedade civil sobre o Estado, o que é concretizado na
Constituição Federal de 1988, concomitante a criação dos SUS (CONASS, 2003).
Importante pontuar que o SUS é a primeira política pública no Brasil a adotar
constitucionalmente a participação popular como um de seus princípios, esta não somente
afirma o exercício do controle social sob as práticas de saúde, mas evidencia a possibilidade
de seu exercício através de outros espaços institucionalizados em sua estrutura jurídico, além
dos mencionados pela Lei n° 8.142/1990, os conselhos e as conferências de saúde (BRASIL,
2006).
Outro ponto, a Lei n.º 8.080/1990 estabelece em seu art. 12 a criação de comissões
intersetoriais subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, com o objetivo de articular as
políticas públicas relevantes para a saúde. Contudo, é a Lei n.° 8.142/1990 que dispõe sobre a
participação social no SUS, deliberando que a participação popular perpassa pelas três esferas
de gestão do SUS, validando os interesses da população no exercício do Controle Social
(BRASIL, 2009).
Entende-se por Participação e Controle Social como uma das formas mais avançadas
de democracia, uma vez que produz relação entre o Estado e a sociedade, de modo que as
decisões sobre as ações e serviços de saúde deverão ser pactuadas com os representantes da
sociedade, pois sendo estes partes das comunidades são capazes de imprimir suas
necessidades e desejos.
Atualmente, os Conselhos e Conferências de Saúde são espaços vitais e básicos para o
exercício da participação e do controle social sobre a implementação das políticas de saúde
em todas as esferas governamentais (BRASIL, 2009). São espaços privilegiados para a
manifestação de necessidades e para a prática do exercício da participação e do controle social
sobre o fomento e a prática das políticas de saúde nas instâncias municipal, estadual e federal
(CONASS, 2011).
A discussão com ênfase dada ao controle social na Constituição Cidadã de 1988 se
expressa em novas diretrizes para a efetivação deste por meio de instrumentos normativos e
da criação legal de espaços institucionais que garantem a participação da sociedade civil
organizada na fiscalização direta do executivo nas três esferas de governo. Neste sentido, a
sociedade empreende constantes e intensos movimentos. Nos diferentes momentos os passos
dados são valorizados na direção do fortalecimento da democracia e da justiça social.
A Emenda Constitucional 29 (EC 29) é fruto de luta dos movimentos sociais, que
foram os articuladores e mobilizadores desta conquista. Esta define os percentuais mínimos
de aplicação em ações e serviços públicos de saúde. O Artigo 198 da Constituição Federal
prevê que, no final desse período, a referida Emenda seja regulamentada por Lei
Complementar, que deverá ser reavaliada a cada cinco anos. Na hipótese da não edição dessa
Lei, permanecerão válidos os critérios estabelecidos na própria Emenda Constitucional. O seu
conteúdo também reforça o papel do controle e fiscalização dos Conselhos de Saúde e de
prever sanções para o caso de descumprimento dos limites mínimos de aplicação em saúde.
Por sua vez, a Lei Complementar 141 de 13/01/2012, recentemente publicada, vem
regulamentar o financiamento do SUS, mantendo os mesmos percentuais previstos na EC 29
para todos os entes federativos. Apesar de entraves no financiamento do SUS ainda
permanecerem, deve-se ressaltar que este instrumento vem agregar atribuições para o controle
social no arcabouço jurídico que rege o SUS. Ela contém dispositivos com atribuições
específicas aos Conselhos de Saúde referentes ao papel exercido pelo conselheiro no processo
de fiscalização, avaliação e controle das despesas com ações e serviços públicos de saúde na
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Entre as atribuições dos Conselhos Nacional, Estaduais, Distrital e Municipais de
Saúde conforme a Lei Complementar 141/2012, vale pontuar:
a) Deliberar sobre as despesas com saneamento básico de domicílios ou de pequenas
comunidades que serão consideradas como ações e serviços de saúde na prestação de contas
do respectivo gestor federal, estadual, distrital ou municipal.
b) Deliberar sobre as diretrizes para o estabelecimento de prioridades para as ações e
serviços públicos de saúde pelo respectivo gestor federal, estadual, distrital ou municipal.
c) Avaliar a gestão do SUS quadrimestralmente e emitir parecer conclusivo sobre o
cumprimento dos dispositivos da Lei Complementar 141/2012 quando da apreciação das
contas anuais encaminhadas pelo respectivo gestor federal, estadual, distrital ou municipal.
d) Avaliar a repercussão da Lei Complementar 141/2012 sobre as condições de saúde
e na qualidade dos serviços de saúde da população e encaminhamento ao Chefe do Poder
Executivo do respectivo ente da Federação das indicações para que sejam adotadas as
medidas corretivas necessárias.
e) Apreciar os indicadores propostos pelos gestores de saúde dos respectivos entes da
Federação para a avaliação da qualidade das ações e serviços públicos de saúde e a
implementação de processos de educação na saúde e na transferência de tecnologia visando à
operacionalização do sistema eletrônico de que trata o art. 39.
f) Participar na formulação do programa permanente de educação na saúde para
qualificar a atuação dos conselheiros, especialmente usuários e trabalhadores, na formulação
de estratégias e assegurar efetivo controle social da execução da política de saúde.
g) Assessorar o Poder Legislativo de cada ente da Federação, quando requisitados, no
exercício da fiscalização do cumprimento dos dispositivos da Lei Complementar 141/2012,
especialmente, a elaboração e a execução do Plano de Saúde, o cumprimento das metas
estabelecidas na LDO, a aplicação dos recursos mínimos constitucionalmente estabelecidos,
as transferências financeiras Fundo-a-Fundo, a aplicação de recursos vinculados e a
destinação dos recursos oriundos da alienação de ativos vinculados ao SUS.
Frente a este novo cenário é preciso que o Controle Social aconteça na prática, para
que não fique apenas como registro nos instrumentos legais e que a sociedade civil ocupe de
modo pleno e efetivo os espaços de Participação Social. A sociedade se engajando
efetivamente no acompanhamento, fiscalização e participando da gestão pública em saúde
fará com que a democracia participativa se concretize na prática tornando a sociedade civil
protagonista do processo de Controle Social em políticas públicas de saúde.
Método
Visando alcançar os objetivos traçados pela SRS Passos, foram realizadas as seguintes ações:
Coleta dos Dados:
No dia 06/02/2013 a SRS Passos através de seu Núcleo de Gestão Microrregional
realizou durante a Reunião da Comissão Intergestores Regional (CIR) a sensibilização dos
gestores municipais de saúde sobre o fortalecimento do Controle Social no SUS e expôs a
proposta de atuação do Núcleo de Gestão Microrregional em parceria com o Conselho
Estadual de Saúde visando o desenvolvimento de atividades que tinham como meta
corroborar com os Conselhos Municipais de Saúde. Posteriormente foi solicitada aos gestores
a mobilização dos Conselhos Municipais de Saúde para o preenchimento e envio de uma
planilha com dados sobre composição e contatos dos CMS (apêndice A) além da cópia de
seus respectivos instrumentos legais de criação e regimento interno. Posteriormente foram
enviados e-mails e realizado contatos telefônicos reforçando o pedido aos gestores.
No dia 05/06/2013 a SRS Passos em parceria com o Conselho Estadual de Saúde de
Minas Gerais promoveu o I Workshop de Gestão do SUS: Fortalecimento dos Conselhos
Municipais de Saúde, durante este evento foi solicitado aos conselheiros que respondessem
um questionário (apêndice B) sobre estrutura dos respectivos Conselhos Municipais de Saúde
(1 para cada Conselho). No final do evento estes questionários foram recolhidos. Durante
análise dos mesmos observou-se que alguns conselheiros presentes no evento não haviam
entregado tal questionário, mediante tal situação foi enviado para o e-mail dos mesmos o
questionário acompanhado de uma mensagem de sensibilização e solicitação do
preenchimento. Para análise dos dados foram consideradas as documentações encaminhadas a
SRS Passos até o dia 16/06/2013.
Análise dos dados coletados:
Para a execução das análises dos dados realizou-se levantamento de referencial teórico
que orientasse a dinâmica de funcionamento dos Conselhos de Saúde. Dentre as legislações
selecionada estão:
a- Lei nº 8142/1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na Gestão do
Sistema Único de Saúde e sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área da saúde e dá outras providências.
b- Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 453 de 10 de maio de 2012 que
aprova diretrizes para instituição, reformulação, reestruturação e funcionamento dos
Conselhos de Saúde.
Considerando que as diretrizes da Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº
453/2012 estabelece uma dinâmica para a atuação plena dos Conselhos de Saúde constituiu-
de cinco dimensões para análise comparativa do formato institucional e funcionamento dos
Conselhos Municipais de Saúde alvos do estudo.
1) Organização dos Conselhos Municipais de Saúde
2) Estrutura
3) Funcionamento
4) Competências
5) Desafios para o fortalecimento dos CMS.
Análise do Cenário Regional de atuação do Controle Social no SUS
Após a consolidação e apreciação das dimensões dos CMS passou-se buscar a
identificação dos principais fatores que deverão ser considerados na elaboração das estratégias
para fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde.
Para a edificação do cenário optou-se pela utilização da análise de SWOT utilizada na
análise do ambiente interno e externo, com a finalidade de formulação de estratégias para uma
organização através da identificação de Forças e Fraquezas das Oportunidades e Ameaças.
(MARTINS, 2006).
Segundo Machado (2005) esta análise permite identificar pontos fracos nas áreas pelas
quais a organização enfrenta ameaças graves ou tendências desfavoráveis e conhecer as
oportunidades descobertas a partir de seus pontos fortes. O autor complementa que diante do
conhecimento dos pontos fortes ou fracos, e das oportunidades e ameaças a organização, esta
pode adotar estratégias que visem buscar sua sobrevivência, manutenção ou seu
desenvolvimento.
Elaboração das Estratégias de fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde
Para elaboração das estratégias de fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde
elencou-se as fraquezas e ameaças identificadas como importantes fatores dificultadores do
pleno funcionamento dos Conselhos Municipais de Saúde, passíveis de serem solucionadas ou
minimizadas no período de 6 meses. Outro critério de priorização para as fraquezas e ameaças
no referido plano é a governabilidade da SRS Passos sobre o problema identificado.
Resultados e Discussão
Para análise dos dados considerou-se as seguintes documentações:
Tabela 1 – Número de CMS que responderam ao levantamento dos dados
PLANILHAS
REGIMENTO
INTERNO
LEIS DE
CRIAÇÃO
QUESTIONÁRIOS
23 18 22 16
Fonte: SRS Passos
1- Organização dos Conselhos Municipais de Saúde
A Terceira Diretriz da Resolução n° 453/2012 define a composição dos Conselhos de
Saúde por representantes de entidades, instituições e movimentos representativos de usuários,
de entidades representativas de trabalhadores da área da saúde, do governo e de entidades
representativas de prestadores de serviços. Com a representação distribuídas da seguinte
forma:
50% de entidades e movimentos representativos de usuários;
25% de entidades representativas dos trabalhadores da área de saúde;
25% de representação de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou
sem fins lucrativos.
A mesma resolução ainda estabelece que as entidades, movimentos e instituições eleitas
no Conselho de Saúde terão os conselheiros indicados, por escrito, conforme processos
estabelecidos pelas respectivas entidades, movimentos e instituições e de acordo com a sua
organização, com a recomendação de que ocorra renovação de seus representantes.
Considerando as diretrizes para organização dos CMS a análise das leis de criação e dos
regimentos internos enviados identificou-se que de 24 Conselhos:
a) 87% dos CMS analisados forma compostos através da indicação de entidades
conforme estabelecido na Resolução 453/2012, enquanto 13% dos Conselhos analisados
foram compostos através das Conferências Municipais de Saúde.
Considerando as 23 planilhas preenchidas pelos CMS observou-se que:
b) 30,4 % dos CMS analisados estavam compostos de acordo com a paridade definida
na Resolução 453/2012, enquanto 69,56% dos Conselhos analisados não estavam compostos
de acordo com a paridade definida na Resolução 453/2012.
2- Estrutura
A quarta diretriz da Resolução CNS N° 453/2012 regulamenta que é de
responsabilidade das três esferas de governo possibilitar a autonomia administrativa dos
Conselhos de Saúde através da garantia de dotação orçamentária, autonomia financeira e
organização da secretaria-executiva com a necessária infraestrutura e apoio técnico, visando o
pleno funcionamento dos Conselhos de Saúde.
Considerando a estrutura mínima definida na Resolução CNS N° 453/2012, a análise das 23
planilhas preenchidas pelos CMS revelaram que:
a) 82,6 % dos Conselhos analisados relatam que possuem secretaria
executiva,enquanto 17,4% relatam possuir.
Analisando ainda os questionários respondidos por 16 Conselhos observou-se que:
a) 68,7 % dos conselhos analisados relatam não possuir dotação orçamentária própria,
enquanto 25 % relatam possuí-la. Ressalta-se que 6.5% dos CMS analisados não
responderam tal questionamento.
b) 81, 25 % dos conselhos analisados não possuem espaço físico exclusivo para
funcionamentos dos conselhos, sendo que apenas 12,5% possuem um espaço físico exclusivo
para seu funcionamento. Constatou-se ainda que 6.5% dos CMS analisados não responderam
ao questionamento.
c) 62,5 % dos CMS analisados contam com equipamentos e materiais permanentes
que garantem o funcionamentos dos Conselhos. Os outros 37,5% dos CMS contam de forma
parcial com estes equipamentos e materiais permanentes.
d) 81,25 % dos Conselhos analisados contam com materiais de consumo que
garantem o funcionamentos dos Conselhos, já 18,75% relatam não contar com estes
materiais.
3- Funcionamento:
A quarta diretriz da Resolução CNS N° 453 de 10/5/13 determina que:
• O Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no mínimo, a cada mês e,
extraordinariamente, quando necessário, e terá como base o seu Regimento Interno
• O Conselho de Saúde exerce suas atribuições mediante o funcionamento do Plenário,
que, além das comissões intersetoriais, estabelecidas na Lei no 8.080/1990, instalará
outras comissões intersetoriais e grupos de trabalho de conselheiros para ações
transitórias.
• O Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Diretora eleita em Plenário, respeitando a
paridade expressa nesta Resolução;
• O Pleno do Conselho de Saúde deverá manifestar-se por meio de resoluções,
recomendações, moções e outros atos deliberativos.
Após análise das 23 planilhas preenchidas pelos conselhos municipais de saúde,
constatou-se que:
a) 60,8% dos CMS elaboraram Cronograma de Reuniões Ordinárias para o ano de
2013. O demais 39,2% dos Conselhos não realizaram tal ação.
A análise dos 16 questionários enviados pelos conselhos complementa que:
a.a) 93,7% dos CMS analisados não possuem comissões intersetoriais em
funcionamento e apenas 6,25% destes Conselhos possuem tal comissão em funcionamento.
a.b) 93.7% dos CMS analisados possuem mesa diretora eleita em plenário, enquanto
que 6,25% não respondeu ao referido questionamento.
a.c) 25% dos CMS analisados expressam a manifestação da plenária através de
Relatórios, já 60% dos Conselhos expressam a manifestação da plenária através de
Relatórios e Resoluções.
4- Competências:
Dentre as competências estabelecidas pela quinta diretriz da Resolução CNS N°
453/2012, pode-se relacionar a atuação na formulação e no controle da execução da política
de saúde e proposição de estratégias para a sua aplicação aos setores público e privado.
Deliberando sobre os programas de saúde e aprovando projetos a serem encaminhados ao
poder Legislativo, proposição da adoção de critérios definidores de qualidade e
resolutividade; Análise, discussão e aprovação dos instrumentos de gestão do SUS;
Estabelecimento da periodicidade de convocação e organização das Conferências de Saúde.
Foi encaminhada a SRS Passos 22 leis que contemplavam em seu corpo a
criação/alteração dos Conselhos, sendo que:
a) 39,3 % das leis apreciadas foram criadas/alteradas entre os anos de 1990 e 2000;
8,6% das leis apreciadas foram criadas/alteradas entre os anos de 2001 e 2005; 43,5% das leis
apreciadas foram criadas/alteradas entre os anos de 2006 e 2011; 8,6% das leis analisadas e
foram criadas/alteradas a partir do ano de 2012.
Na apreciação de 18 Regimentos Internos, foi revelado que: entre os 18 Regimentos
Internos, 6 Regimentos não possuíam data de criação/alteração. Desta forma, optou-se por
apreciar somente 12 Regimentos, ou seja, aqueles que contemplavam data de sua criação.
a) 33 % dos Regimentos Internos foram criados/alterados entre os anos de 1990 e
2000; 9 % dos Regimentos Internos foram criados/alterados entre os anos de 2001 e 2005;
33% dos Regimentos Internos foram criados/alterados entre os anos de 2006 e 2011; 25%
dos Regimentos Internos foram criados/alterados a partir do ano de 2012
Considerando os 16 questionários encaminhados pelos CMS identificou-se que:
a) As principais pautas debatidas pelo Conselho Municipal de Saúde nas plenárias de
janeiro a maio de 2013 foram relacionadas a aprovação à adesão à programas e projetos da
SES e MS (34,6%) ; aprovação dos instrumentos planejamento e gestão do SUS (33,3%);
aprovação de Relatórios de Quadrimestrais (9,6%); Regimentos de conferências municipais
de saúde (7,1%); alterações nas leis de criação/regimentos internos dos CMS (4,8);
solicitação de equipamentos e reformas (2,4%).
b) 31,3% dos Conselheiros relataram não conhecer as principais instrumentos legais
que regem o SUS. Os outros 68,7% relatam ter conhecimento destes instrumentos legais.
5- Desafios para o fortalecimento dos CMS
Consideram-se como desafios as dificuldades relatadas pelos Conselheiros Municipais
de Saúde que impossibilitam o pleno funcionamento dos Conselhos. Apreciando os 16
questionários encaminhados à SRS Passos, verificou-se que: ausência de quórum para
realização das Reuniões (31,8%); carência de capacitação para Conselheiros (34,7%);
infraestrutura inadequada para o funcionamento dos CMS (21,7%); carência de recursos
humanos para apoio as ações dos Conselhos (4,3%); rotatividade dos gestores municipais de
saúde (4,3%).
A análise do cenário demonstrado pelos dados acima possibilitam a identificação de
forças, fraquezas oportunidades e ameaças descritas na Matriz SWOT demonstrada abaixo:
Figura 1 – Análise SWOT do Cenário Regional de Fortalecimento do Controle Social dos
SUS.
Fonte: Superintendência Regional de Saúde de Passos
ANÁLISE SWOT
Tema da Análise SWOT: CENÁRIO DO CONTROLE SOCIAL REGIOÃO DE PASSOS (24 MUNICIPIOS)
FORÇAS FRAQUEZAS
INT
ER
NO
CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAÚDE CRIADOS E
ATUANTES NOS 24 MUNICIPIOS DE JURISDIÇÃO
DA SRS PASSOS
RECEPTIVIDADE DOS CONSELHEIROS À
PROPOSTA DE FORTALECIMENTO DOS
CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAÚDE
APRESENTADOS PELA SRS PASSOS E PELO CES
MG, DURANTE O I WORKSHOP DE
FORTALECIMENTO DA GESTÃO DO SUS.
AUSENCIA DE LEIS DE CRIAÇÃO E DE REGIMENTOS
INTERNO ATUALIZADOS CONSIDERANDO A
LEGISLAÇÃO EM VIGOR
INADEQUAÇÃO DA INFRAESTRUTURA E CARENCIA DE
RECURSOS HUMANOS QUE POSSIBILITEM O
CUMPRIMENTO DAS COMPETENCIAS ELENCADAS PELA
(RESOLUÇÃO Nº 453/2012, LEI COMPLEMENTAR 141/2012,
DECRETO 7508/2011.
AUSENCIA DE QUORUM PARA REALIZAÇÃO DAS
REUNIÕES. COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS EM
DESACORDO COM A PARIDADE ESTABELECIDA NA
LEGISLAÇÃO EM VIGOR
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
EX
TE
RN
O
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES QUE
VISAM O FORTALCIMENTO DOS CONSELHOS
MUNICIPAIS DE SAÚDE PELA SRS PASSOS
POLITICA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DO
CES MG
CRIAÇÃO DOS COLEGIADOS
MICREORREGIONAIS DOS CONSELHOS
MUNICPAIS DE SAÚDE
INSTRUMENTOS LEGAIS QUE REGULAMENTAM
E ORIENTAM O FUNCIONAMENTO DOS
CONSELHOS, , (RESOLUÇÃO Nº 453/2012, LEI
COMPLEMENTAR 141/2012, DECRETO 7508/2011).
AUSENCIA DE ENVOLVIMENTO DO CIDADÃO
ROTATIVIDADE DE GESTORES MUNICPAIS DE SAÚDE
Elaboração das Estratégias de fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde
Considerando o cenário identificado, observou-se a necessidade de estruturar o
faormato institucional /natureza da representação social dos Conselhos estudados de acordo
com o disposto na Resolução nº 453/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Premente ação é a
criação e revisão dos instrumentos legais de criação dos Conselhos e de seus Regimentos
Internos em conformidade com o disposto na Resolução nº 453/2012 do Conselho Nacional
de Saúde, que já incorpora as competências dos conselhos de saúde determinadas pela lei
complementar 141/2012 e pelo Decreto 7508/2011. Também faz-se necessário sensibilizar
prefeitos e gestores municipais de saúde sobre a importância de assegurar estrutura física,
recursos humanos, recursos materiais e tecnologia, além de sistema de logística integrada a
gestão do município para a atuação dos Conselhos.
Outra importante estratégia estabelecia é a parceria com o Conselho Estadual de Saúde
para apoio às ações de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Saúde. A carência de
informações e desconhecimento dos instrumentos legais que regem o SUS foi identificada
como fator que dificulta o funcionamento dos Conselhos e impede o desenvolvimento e
ampliação da atuação dos Conselheiros.
Finalmente, entende-se que a implantação das estratégias identificadas contribuirá para
o fortalecimento dos Conselhos e conseqüente inauguração da gestão democrática,
participativa e regionalizada na Rede SUS da Regional de Passos. Tal ação soma-se ainda a
criação de Colegiados Microrregionais dos Conselhos Municipais de Saúde, importando em
um novo momento e na expectativa de crescente conhecimento técnico “especializado” sobre
o setor saúde que venha permitir aos conselheiros deliberar sobre assuntos apresentados pelos
gestores municipais.
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estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de
fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo;
revoga dispositivos das Leis nos
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