controle do treinamento de corredores de velocidade

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Samuel da Silva Marques CONTROLE DO TREINAMENTO DE CORREDORES DE VELOCIDADE Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional Universidade Federal de Minas Gerais 2009

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Page 1: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

Samuel da Silva Marques

CONTROLE DO TREINAMENTO DE CORREDORES DE

VELOCIDADE

Belo Horizonte

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

Universidade Federal de Minas Gerais

2009

Page 2: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

Samuel da Silva Marques

CONTROLE DO TREINAMENTO DE CORREDORES DE

VELOCIDADE

Belo Horizonte

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

Universidade Federal de Minas Gerais

2009

Monografia apresentada ao curso de Educação Física da

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia

Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Licenciatura/Bacharelado em Educação Física.

Orientador: Professor Doutor Leszek Antoni Szmuchrowski

Co-orientador: João Gustavo de Oliveira Claudino

Page 3: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

Monografia de Graduação

Aluno: Samuel da Silva Marques

Matrícula: 2004048772

Curso: Educação Física

Modalidade: Licenciatura/ Bacharelado

Titulo: Controle do treinamento de corredores de velocidade.

Professor Orientador: Leszek Antoni Szmuchrowski

Professor Co-orientador: João Gustavo de Oliveira Claudino

Nota:_____________

Conceito:_________

Resultado:_______________________________

Data:______/______/_________

________________________________________________

Prof. Dr. Leszek Antoni Szmuchrowski Orientador

________________________________________________

Prof. Msn. João Gustavo de Oliveira Claudino Co-orientador

_____________________________________ Ronaldo de Castro D’Ávila

Coordenador do colegiado de Graduação do curso de Educação Física

Page 4: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

RESUMO

O objetivo desse estudo foi apontar a importância do controle do treinamento

para organização das cargas de treinamento de corredores de velocidade

através de um estudo de pesquisa bibliográfica. Discutiu como essas ações se

manifestam no âmbito do treinamento esportivo como forma de controle das

diferentes variáveis que se relacionam com a carga de treinamento. E propõe

que o controle do treinamento deve basear-se na obtenção de dados de caráter

quantitativo através de testes que podem fornecer informações úteis sobre o

desempenho nos treinos e competições e sobre a eficácia do programa, ao

longo dos períodos de preparação e competição. Foi evidenciado também

como o controle do treinamento constitui um elemento importante no

planejamento da melhora de rendimento do atleta. O controle realizado nos três

níveis (controle direto, operacional e periódico) podem contribuir para o ajuste

durante toda periodização do treinamento realizada pelos atletas, pois

permitem a adequação da carga de treinamento. Ressaltando a realização de

testes de forma planejada, com intervalos regulares, como forma de avaliar a

evolução do treinamento para o treinador verificar se a carga de treino está

produzindo os benefícios programados. Foi constatado que os saltos verticais

podem ser utilizados para acompanhamento da fadiga e recuperação do atleta

no controle operacional. Conclui-se que, o controle do treinamento esportivo

pode ser incorporado, utilizando-se de meios e técnicas de análise de

diferentes parâmetros para aprimorar o desempenho do atleta. Nesse sentido,

procurou-se contribuir com os subsídios da literatura consultada destacar a

importância do controle na preparação de corredores de velocidade, com

proposta de otimizar a organização das cargas durante o treinamento.

Palavras chave: controle do treinamento, corridas de velocidade, saltos

verticais.

Page 5: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

SUMÁRIO

1– INTRODUÇÃO .............................................................................................. 5

1.1– Objetivo ................................................................................................... 6

1.2 – Justificativa............................................................................................. 7

2 – REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 8

2.1 – A Corrida de Velocidade ........................................................................ 8

2.1.1 – Estruturação da velocidade ................................................................. 9

2.1.2 – Fases da corrida de velocidade ........................................................ 11

2.2 – Métodos de Controle do Treinamento Esportivo .................................. 13

2.2.1 – Relação do desempenho do salto vertical e velocidade ................... 17

2.2.2 – Métodos controle do treinamento de velocidade ............................... 22

2 – CONCLUSÃO ............................................................................................ 25

3 – REFERÊNCIAS .......................................................................................... 27

Page 6: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

5

1– INTRODUÇÃO

Os métodos de controle do treinamento constituem uma unidade na

organização e sistematização da preparação esportiva, para que o treinador

possa dirigir corretamente o processo de preparação do atleta e conhecer as

modificações exercidas pelo efeito da carga de treinamento no organismo e

que estes procedimentos possam criar oportunidades para que os objetivos

possam ser alcançados durante o período competitivo. O controle de

treinamento deve ser realizado em toda preparação esportiva para entender as

respostas agudas e crônicas às cargas de treinamento aplicadas aos atletas,

para que os ajustes necessários sejam realizados para direcionamento

contínuo dos estímulos de treinamento para o alcance dos resultados

esperados (FERREIRA e SZMUCHROWSKI, 2008).

O treinamento é uma atividade sistemática que visa proporcionar alterações

morfológicas, metabólicas e funcionais que possibilitem o consequente

incremento do rendimento. O rendimento desportivo deve ser interpretado a

partir de uma série de decisões acerca dos métodos a serem empregados e

das formas de interpretação dos dados, portanto o controle do treinamento

deve basear-se na obtenção de dados de caráter quantitativo que fornecem

informações detalhadas sobre as atividades realizadas pelo atleta ao longo dos

períodos de preparação e competição (GRANELL e CERVERA, 2003).

Pela diversidade de ações que proporcionam o rendimento desportivo, os

métodos controle do treinamento desportivo podem ser incorporados,

utilizando-se de meios e técnicas de análise de diferentes parâmetros para

favorecer o aumento do desempenho do atleta. Nesse sentido, é fundamental

controlar diferentes variáveis do treinamento que se relacionem com a carga

aplicada além de analisar os efeitos de diferentes metodologias de treino no

estado do atleta. (VERKHOSHANSKY, 2001).

Page 7: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

6

Os testes de saltos verticais têm sido associados aos resultados dos testes de

velocidade por demonstrarem um alto grau de especificidade com a corrida de

velocidade (HENNESSY e KILTY, 2001). Em particular, a fase de apoio durante

ação do salto assemelha ao ciclo de alongamento-encurtamento (CAE) dos

músculos extensores dos membros inferiores durante a ação da corrida de

velocidade. Além disso, o desempenho nos saltos verticais pode ser usado

como um parâmetro para controle da fadiga no processo de fadiga-

recuperação-adaptação do treinamento esportivo.

Portanto, este trabalho se desenvolve através de um estudo de pesquisa

bibliográfica sobre o controle do treinamento e sua aplicação no treinamento de

corredores de velocidade, segundo Marconi e Lakatos (2007) a técnica de

pesquisa bibliográfica, trata-se de levantamento de bibliografia já publicada em

forma de livros, revistas, publicações avulsas e impressa escrita. Sua finalidade

é colocar o pesquisador em contato direto com o que foi escrito sobre

determinado assunto, com objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na

análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. A fim de

contribuir para melhor sistematização da estrutura de treinamento esportivo por

meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias

contribuições científicas.

1.1 – Objetivo

O presente estudo tem como objetivo apontar a importância do controle do

treinamento para organização das cargas de treinamento de corredores de

velocidade.

Page 8: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

7

1.2 – Justificativa

Justifica-se este trabalho pela relevância que assume o controle do treinamento

para uma correta sistematização da estrutura do treinamento dos corredores de

velocidade. Os ajustes na carga de treino podem possibilitar aos treinadores

maior confiabilidade no planejamento e proporcionar aos atletas melhoras

consideráveis no desempenho, de uma forma segura e organizada.

Page 9: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

8

2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – A Corrida de Velocidade

Basicamente, as competições no atletismo estão divididas em 3 grandes

grupos: corridas, saltos e lançamentos. Cada grupo contém uma série de

provas com características específicas quanto aos sistemas bioenergéticos

utilizados pelos atletas para a obtenção da energia necessária à realização dos

exercícios. Nas categorias oficiais do atletismo brasileiro segundo a

Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt, 2009) as corridas de velocidade

para adultos estão representadas pelas provas rasas de 100 e 200 e 400

metros rasos, e pelas provas de revezamento: 4 x 100 e 4 x 400 metros. E

pelas Corridas com barreiras: 100 metros com barreiras feminino; 110 metros

com barreiras masculino; 400 metros com barreiras – masculino e feminino.

Sendo a velocidade a capacidade motora característica destas categorias do

atletismo, torna se relevante conhecer algumas de suas definições e suas

formas manifestação.

Definições de velocidade

Frey (1977) Citado por Weineck, (1999): a capacidade relacionada com

razão da mobilidade do sistema neuromuscular e do potencial da

musculatura para desenvolvimento da força e executar ações motoras

em curtos intervalos de tempo.

Grosser (1992): define a velocidade como a capacidade de atingir com

maior rapidez de reação e de movimento de acordo com o

condicionamento específico, baseada no processo cognitivo, na

motivação e no bom funcionamento do sistema neuromuscular.

Zakharov (1992), as capacidades de velocidade estão manifestadas na

possibilidade do atleta, no menor tempo possível, executar ações

motoras, sendo que um dos componentes principais da capacidade de

Page 10: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

9

velocidade é a rapidez, que se manifesta em duas formas principais:

rapidez de ação motora e rapidez de movimento.

Ou seja, a velocidade motora resulta da capacidade psicológica, cognitiva,

coordenativa e do condicionamento e sujeitas as influencias genéticas, do

aprendizado, do desenvolvimento sensorial e neuronal, bem como de tendões,

músculos e capacidade de mobilização energética (WEINECK, 1999).

2.1.1 – Estruturação da velocidade

Segundo Grosser (1992), e tendo em consideração a relação com as demais

capacidades motrizes (resistência, força, coordenação), distinguimos das

formas principais de velocidade e suas subdivisões:

Formas de manifestação da velocidade, (Grosser, 1992)

Manifestações "Puras"

Para que seu desenvolvimento seja máximo, tem que cumprir duas condições:

uma que não podem efetuar-se durante muito tempo, e outra, que as

Resistência de aceleração

Resistência de

velocidade máxima

Velocidade de

reação

Manifestações “puras”

(pouca força)

Cíclica

Resistência de força

explosiva

VELOCIDADE

Velocidade de

movimento

Velocidade

Frequencial

Força – velocidade de

força ou força

explosiva

Manifestações

“complexas” (maior força)

Simples

Acíclica

Escolha

Page 11: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

10

resistências externas devem ser baixas. Dependem do Sistema Nervoso

Central (S.N.C.) e de fatores genéticos (GROSSER, 1992).

Velocidade de Reação – capacidade de reagir em menor tempo a um estímulo.

(GROSSER, 1992). E distinguem-se entre Tempo de Reação Simples Tempo

de Reação de escolha.

O Tempo de Reação Simples: exige uma determinada reação ante um

determinado sinal.

O Tempo de Reação de escolha: o atleta enfrenta a um problema,

deve eleger a melhor reação ante um número de reações possíveis.

Velocidade de Movimento – capacidade de realizar movimentos acíclicos e

velocidade máxima frente a resistências baixas. Estes movimentos realizados

frente a uma resistência menor que 30% da contração voluntaria máxima

supõe-se entrar em âmbito da forca-velocidade ou força-explosiva (GROSSER,

1992).

Velocidade Frequencial – capacidade de realizar movimentos cíclicos

(movimentos que se repetem) a velocidade máxima frente a resistências

baixas. Estes movimentos cíclicos praticados frente a uma resistência menor

que 30% da contração voluntaria máxima supõe entrar no âmbito da força-

velocidade ou força-explosiva. Se os movimentos cíclicos se realizam de forma

continuada e prolongada tenderá um papel decisivo a resistência máxima a

velocidade. (GROSSER, 1992).

Manifestações "Complexas"

É uma função combinada das condições da velocidade "pura", da força e/ou

resistência específica. Dependem, segundo Verkhoshansky (2001) da

capacidade do atleta para coordenar de forma racional seus movimentos em

função das condições externas em que se realiza a tarefa, as possibilidades de

perfeição das formas "complexas" em comparação com as formas "puras" são

quase ilimitadas através do treinamento (GROSSER, 1992).

Page 12: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

11

Força-Velocidade (Força-explosiva) – capacidade de imprimir um máximo

impulso de força possível e a resistência em movimentos cíclicos e acíclicos

em um tempo determinado, trata se de uma força exercida em menor tempo

possível (GROSSER, 1992).

O treinamento desta forma de Velocidade, junto ao desenvolvimento da Força

Máxima e as formas "puras" de velocidade (formando os três elementos uma

"unidade dinâmica") beneficiarão notavelmente o aumento da velocidade

motora.

Resistência da Força-explosiva - Capacidade de resistência frente à diminuição

da velocidade causada pela fadiga quando as velocidades de contração sejam

máximas em movimentos acíclicos diante de resistências maiores (GROSSER,

1992).

Resistência de Velocidade máxima – capacidade de resistir frente à diminuição

da velocidade causada pelo cansaço em caso de movimentos cíclicos de

velocidades de contração máximas (GROSSER, 1992).

2.1.2 – Fases da corrida de velocidade

Para melhor caracterizar a corrida de velocidade de acordo com Manso et al.

(1999) é possível dividir uma corrida de 100 metros em quatro fases, sendo

elas: partida; fase de aceleração; fase de velocidade máxima; e fase de

velocidade/resistência. E estas fases correspondem a quatro diferentes

manifestações da velocidade. A partida corresponde ao tempo de reação

simples; a fase de aceleração corresponde à capacidade de aceleração que

tem relação com a força explosiva; a fase de velocidade máxima corresponde à

velocidade máxima relacionadas à velocidade Frequencial e força explosiva; e

a fase de velocidade/resistência corresponde à resistência da força explosiva e

resistência de velocidade máxima.

Page 13: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

12

Para Verkhoshansky (1999) o desempenho na velocidade depende de

diferentes habilidades motoras como a força explosiva e reativa, a capacidade

de aceleração inicial, a capacidade de manter a velocidade máxima e a

capacidade de resistência de velocidade na parte final da corrida.

Importância relativa das diferentes fases da prova de 100 metros rasos, (Manso et al., 1999).

Especificamente, durante a fase inicial e da aceleração, um atleta está

acelerando o corpo primeiramente com uma produção de força rápida

concêntrica dos músculos de extensores do joelho e do quadril (MERO, KOMI,

e GREGOR, 1992). Assim, no início da realização da corrida, a forma de

contração de força rápida e do CAE durante a aceleração tem grande

importância. Durante a fase máxima de velocidade de corrida, a propulsão do

corpo a frente é determinada principalmente pela ação dos extensores dos

quadris e dos extensores do tornozelo (MERO, KOMI, e GREGOR, 1992).

Entretanto, na velocidade máxima, os eventos antes e durante da (fase

excêntrica) de frenagem são igualmente importantes em aumentar a velocidade

do movimento no momento propulsor (fase concêntrica).

Assim, a ação do CAE dos músculos, particularmente dos extensores do

tornozelo, é acentuada durante esta fase da corrida. Além disso, demonstrou-

se que o pico das forcas verticais da reação do solo durante o contato do pé na

12%

Resistência de

velocidade

Tempo de reação

Largada Corrida

Saída de bloco

100 metros rasos

Aceleração Velocidade

máxima

18% 64% 1% 5%

Page 14: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

13

fase de velocidade máxima (menos de 0.1 segundo) podem ser mais elevados

que o peso do corpo em 5 vezes (MARKOVIC et al., 2007).

Em sua fase de velocidade máxima, a corrida é constituída por um conjunto de

movimentos cíclicos e acentuadamente simétricos, que são os passos,

considerados por Ferro citado por Stoffels et al., (2007) a unidade básica para

o estudo das corridas. Esse movimento cíclico da corrida tem duas fases

principais: a fase de apoio ou suporte e a fase aérea ou suspensão. Um dos

indicadores muito utilizado para verificar o nível técnico do velocista é a relação

existente entre o tempo despendido em contacto com o solo e o tempo em que

o atleta está no ar, durante um passo. Para uma técnica considerada

adequada, Hay (1991) aponta uma relação ótima de 60:40 em favor da fase

aérea.

2.2 – Métodos de Controle do Treinamento Esportivo

O controle do treinamento se destina proporcionar maior eficiência no processo

de organização da carga de treinamento para desenvolvimento das

capacidades físicas distintas de cada modalidade esportiva para obtenção do

desempenho competitivo (PLATONOV, 2008).

O presente trabalho apóia-se na interpretação do treinamento como um

sistema de circuito aberto. Onde existe uma interação com o meio, que

possibilita constante interferência na relação entre os estímulos aplicados e as

adaptações esperadas. Assim, representa um maior direcionamento dos

estímulos no sentido de promover intervenção no rendimento esportivo através

de ajustes constantes durante todo processo de treinamento e buscando maior

eficácia da relação entre os estímulos e as adaptações pertinentes aos

objetivos específicos de cada indivíduo (SZMUCHROWSKI et al., 2005).

Page 15: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

14

No modelo tradicional, o treinamento é processado em um sistema de circuito

fechado, onde não há opção de interferência. Deste modo, o que foi planejado

será executado sem a garantia de que o atleta está em condições de suportar

as cargas impostas e de que as adaptações desejadas estão de fato ocorrendo

(FERREIRA e SZMUCHROWSKI, 2008).

Por isso é necessário que o treinador não se limite apenas à avaliação dos

resultados, devendo igualmente considerar os objetivos definidos, para

direcionar o processo de treinamento durante todo período de treinamento para

seus objetivos específicos. Na atualidade esportiva, o processo de treino deve

ser baseado em: programação, organização, e controle (VERKHOSHANSKI,

2001). E assim, a seleção dos testes físicos utilizados para avaliação das

capacidades motoras deve contemplar as necessidades de cada modalidade

praticada.

Segundo Verkhoshansky (2001), são três os objetos de controle:

O estado do atleta (controle do estado atual e da evolução da condição): um

dos fatores que aponta para a modificação no plano de trabalho é o estado do

atleta; o efeito do treinamento: há necessidade de avaliar os efeitos do

treinamento sobre o estado do atleta, para haver uma correção na carga de

treinamento e competição, se necessário. E por fim, as cargas de treinamento:

a prescrição de determinada carga é feita a partir do conhecimento do estado

atual do atleta, das suas características de sua especialidade e

conseqüentemente dos objetivos individualmente estabelecidos, tendo como

indicadores intensidade e duração da carga e exercício (geral, direcionado e

específico) e a comparação do programado com o realizado.

Entretanto, encontramos na literatura outras formas de sistematização dos

métodos de controle do treinamento, que além de observar os indicadores

individuais como resposta de uma carga de treinamento, apesar de

terminologias deferentes estes modelos possuem similaridades por

monitorarem as adaptações do organismo em vários momentos da preparação.

Page 16: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

15

De acordo com Ferreira e Szmuchrowski (2008) o controle do treinamento é

realizado em 3 níveis, onde cada possui uma possibilidade especifica de

intervenção sobre o treinamento, sendo eles:

Controle Direto (monitoramento): que consiste em realizar um controle pontual

sobre uma unidade de treinamento, como as reações imediatas do organismo

do atleta durante a realização dos exercícios.

Controle Operacional: que se baseia no controle dos estados físicos

dominantes nas cargas de distintos microciclos e regimes de treinamento.

Sendo importante no monitoramento das adaptações agudas relacionadas ao

estado de fadiga-recuperação, principalmente durante o período anterior às

competições.

Controle Periódico: este nível de controle permite atuar sobre o resultado da

carga de treinamento a longo prazo ou de uma etapa de preparação sobre o

estado físico do atleta, podendo assim, utilizar os mesmos testes utilizados

durante o controle operacional como testes de saltos verticais e corridas.

Segundo Platonov (2008) o controle do treinamento esportivo pode ser

realizado nas seguintes formas:

Progressivo: avaliando o estado do atleta resultado da preparação ao longo

prazo ou de uma etapa e este possui uma aproximação com o nível de

Controle Periódico proposto por Ferreira e Szmuchrowski (2008) esta forma de

controle monitora as modificações do estado físico do atleta sobre um longo

tempo de preparação, por exemplo, durante o ano ou mesociclo de preparação.

Esta forma de controle tem um caráter amplo e nela se insere muitos índices e

fornece orientações gerais da preparação física;

Corrente: se baseia nos resultados das cargas nos microciclos ou competição

que possui conexão com o nível de Controle Operacional do modelo de

controle de Ferreira e Szmuchrowski (2008), esta forma de controle tem quase

sempre um caráter seletivo e os índices que se utilizam nela devem

Page 17: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

16

proporcionar informações para determinar a orientação dos treinamentos e a

carga de treinamento partindo das possibilidades reais do atleta;

Operativo: avaliando as reações agudas do organismo perante as cargas das

sessões de treinamento ou nas competições que também tem correspondência

com nível de Controle Direto encontrado no modelo de Ferreira e

Szmuchrowski (2008).

A identificação dos componentes: intensidade e duração da carga e o

exercício (geral, direcionado e específico) e os métodos utilizados na

construção do programa, ajustando o controle do treino, possibilita ao técnico

maior confiabilidade no planejamento proporcionando aos atletas melhoras

consideráveis no desempenho, de uma forma segura e organizada. Assim, o

planejamento e controle das sessões de treinos permitem eliminar

sensivelmente os fatores ocasionais e facilita a organização do trabalho.

(SZMUCHROWSKI et al., 2005).

Ao passo que o controle da capacidade velocidade, segundo Platonov (2008)

pode se realizar em condições específicas e não específicas. Os testes não

específicos servem para controlar as capacidades elementares da velocidade,

como teste de freqüência dos movimentos motores dos membros inferiores

(tapping test). Os testes específicos fornecem informações sobre as funções do

sistema locomotor através de testes funcionais, como testes de corrida lançada

e de aceleração partindo do bloco de partida.

Como o objetivo do treinamento é a melhora do rendimento esportivo é

necessário avaliar os efeitos do treinamento sobre o estado do atleta

freqüentemente, com vista a uma eventual correção tanto na carga do

treinamento como na competição. Uma seleção adequada de testes de

controle válidos, reprodutíveis e fidedignos normalmente é considerada

suficiente para resolver essa tarefa. Por outro lado, Viru e Viru, (2003) afirmam

que os índices de rendimento não revelam as adaptações que ocorrem no

interior do organismo do atleta, e indicam como complemento o uso de

controles metabólicos, particularmente daqueles que reflitam a síntese

Page 18: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

17

adaptativa de proteínas estruturais e enzimáticas, que seriam a base para o

desenvolvimento morfofuncional da célula.

É importante salientar que o planejamento de construção, evolução e

adequação das cargas de treinamento depende essencialmente dos resultados

individuais de cada atleta. Portanto, desse modo, é possível desenvolver

adaptações funcionais compatíveis com a prática do atletismo.

Contudo, o entendimento global do processo de avaliação da aquisição

desportiva depende de todos os fatores apresentados acima e, portanto, o

esclarecimento e o registro destes dentro de todas as etapas anuais são

fundamentais para avaliar as reais causas e os melhores resultados obtidos

através de testes e observações. Desta forma o sistema de Planejamento,

Registro e Análise da Carga do Treinamento Esportivo (PRACTE) proposto por

Ferreira e Szmuchrowski (2008) visa atender esses objetivos.

2.2.1 – Relação do desempenho do salto vertical e velocidade

Autores têm feito estudos investigando a relação entre os vários testes

preditores da capacidade velocidade, níveis de força específica de potência e

força máxima como parâmetros de controle dos componentes condicionantes

da corrida de velocidade (CRONIN e HANSEN, 2005).

Segundo Wisloff et. al. (2004) o desempenho em saltos verticais tem relação

direta com o desempenho na corrida de velocidade. Sendo que o aumento da

força disponível pode resultar em um aumento crítico de aceleração e

velocidade em diversas habilidades. Dessa forma, deve-se estar atento de que

a capacidade de aceleração depende em grande parte do nível de força

desenvolvida pelos membros inferiores para a impulsão vertical e horizontal do

atleta e da programação temporal acíclica, ou seja, a rapidez de coordenação.

Os saltos verticais funcionam como teste para a avaliação muscular no CAE,

que esta presente em movimentos de salto, de arranque e velocidade, como

Page 19: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

18

por exemplo, nas corridas, quando o tempo de contato do pé com o solo é

inferior a 250 milissegundos(SCHIMDTBEICHER ,1992).

O trabalho de Komi e Bosco (1978) citado por Menzel e Campos (1999) se

tornou clássico para o estudo do CAE, pois os autores o analisaram em testes

específicos de salto verticais, através de duas técnicas distintas para a sua

execução. A eficiência do CAE foi verificada através de curvas força-

velocidade, onde a força gerada era maior, quando comparada a movimentos

que não utilizavam esse mecanismo, na mesma velocidade de execução.

De acordo com Menzel e Campos (1999) os saltos podem ser divididos de

acordo com o tipo de contração muscular (concêntrica, CAE longo e curto),

podem ser distinguidas três técnicas de saltos, que são:

Salto Agachado (SJ)

Salto com contramovimento (CMJ)

Salto em profundidade ( DJ)

(Menzel e Campos, 1999)

No Salto agachado (SJ) O executante assume uma posição estática de flexão

dos joelhos a 90°, mãos na cintura, os pés paralelos com um afastamento

confortável, não são permitidos um novo abaixamento do centro de gravidade

(CG), sendo o movimento apenas ascendente. De acordo com Bosco e Komi

(1982) citado por Menzel e Campos (1999), essa posição possibilita somente a

utilização do sistema contrátil do músculo. Portanto, a forma de contração e

exclusivamente concêntrica. Na pratica esportiva, esta forma de salto é

raramente encontrada (por ex. solto de esqui). Tal forma de salto possui sua

maior importância de diagnóstico nessa modalidade esportiva.

Page 20: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

19

O salto com contramovimento (CMJ) é um salto vertical com um movimento de

preparação e amortecimento, em que o individuo parte de uma posição em pé

e se movimenta para baixo flexionando as articulações do joelho e do quadril,

joelho e tornozelo. Na primeira fase a contração é excêntrica. Na segunda fase

(fase concêntrica), que segue a primeira em movimento contínuo, as devidas

articulações são estendidas. A transição da fase descendente para a

ascendente deve ser feita o mais rápido possível, desta forma o CAE poderá

ser utilizado produzindo uma maior geração de força, uma maior elevação do

centro de gravidade (CG), com uma maior eficiência mecânica (menor gasto

energético). Por conta da longa duração (>200 milissegundos) do CAE, o salto

vertical com contramovimento também é conhecido por ser uma medida da

capacidade do CAE “longo” (HENNESSY e KILTY, 2001; SCHMIDTBLEICHER,

1992).

Através do aproveitamento do Princípio da Força Inicial (MENZEL e CAMPOS,

1999), é possível saltar mais alto através de um salto com movimento de

preparação (Salto com contramovimento) do que sem esse movimento (Salto

Agachado). O movimento de preparação é realizado na direção contrária ao

movimento principal que causa, devido à força de frenagem, uma força inicial

maior no momento da inversão da direção do movimento. Sendo assim, o

aproveitamento do movimento preparatório leva à otimização do rendimento.

O Salto em profundidade (DJ) é um salto um salto no qual o indivíduo parte de

uma plataforma e logo que toca o solo, realiza a fase excêntrica, seguida da

concêntrica. O tempo de contato com o solo não deve exceder 200

milissegundos, sendo esta técnica também uma forma de avaliação da

utilização do CAE, porém de curta duração (SCHMIDTBLEICHER, 1992). A

altura ótima é aquela na qual o indivíduo atinge a maior elevação do centro de

gravidade, porém sem ultrapassar os 200 milissegundos de contato com o solo

(SCHMIDTBLEICHER, 1992).

Page 21: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

20

E ainda entre os testes não descritos acima encontramos teste de multissaltos.

O teste de Multissaltos, segundo Galdi (2000) consta basicamente de uma

série de sucessivos saltos verticais realizados com as mãos fixas na cintura, os

pés paralelos e separados aproximadamente à largura dos ombros. Os saltos

são realizados com ligeiras "flexões" das articulações dos quadris, joelhos e

tornozelos, sendo utilizados os mecanismos musculares envolvidos no CAE.

Este teste é utilizado para diagnosticar os processos neuromusculares e força

explosiva.

Também encontramos na literatura trabalhos que se destinaram a investigar a

correlação entre os componentes e parâmetros da corrida de velocidade com

diversos tipos de saltos (verticais e horizontais).

Bissas e Havenetidis (2008) realizaram testes de velocidade máxima,

freqüência passada, amplitude da passada durante 35 m como também, testes

de saltos que foram: (salto agachado (SJ), salto em distancia (SBJ), salto com

contramovimento (CMJ) e salto em profundidade (DJ) a partir das alturas de

30, 50 e 80 cm na plataforma de força. E a força isométrica máxima bilateral,

extensores e do pico de potência anaeróbia, medida através de repetidos

sprints máximos de 6 segundos. E concluíram que a força rápida, medida pelo

tempo para atingir 60% da contração voluntária máxima está relacionada ao

desempenho de velocidade máxima, com o coeficiente de determinação,

representando 53% da variância nos dados. Os dados também mostraram que

a capacidade velocidade e salto em profundidade estão relacionadas com o

desempenho, especialmente com o salto em profundidade na altura de 30 cm.

Já no estudo de Maulder et al. (2006) estes autores tiveram como objetivo

identificar os determinantes da cinética do salto no desempenho da velocidade

de aceleração na saída de bloco de 10 metros em sprinters de nível

competitivo nacional e regional. Para esse estudo os autores utilizaram os

seguintes testes: Salto agachado (SJ), Salto com contramovimento (CMJ),

saltos contínuos com as pernas estendidas (SLJ), salto em distância com uma

perna, salto triplo com uma perna. Os resultados identificaram o CMJ potência

Page 22: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

21

média (w / kg) como um preditor de desempenho aceleração de 10 metros na

saída de bloco (r = 0,79, r2 = 0,63, p <0,01). A análise Pearson revelou

correlação CMJ força e potencia (r = -0,70 a -0,79, p = 0, 011 - 0,035) e

potência no SJ (r= -0,72 a -0,73, p = 0,026 - 0,028). Demonstrando que a

capacidade de desempenho nestes testes estarem fortemente relacionada com

desempenho da velocidade de aceleração. E concluíram que a capacidade de

gerar energia elástica tanto durante um CMJ e concentricamente durante uma

SJ parecem ser bons indicadores de desempenho na velocidade de aceleração

na saída de bloco na distancia de 10 metros.

A influencia do CAE no desempenho de velocidade também foi verificada no

estudo de Young et al. (1995), onde participaram 20 atletas de atletismo de 16

a 18 anos de idade, os autores relatam que as medidas obtidas através de

saltos agachados (flexão joelho120º) e com contramovimento e forca

isométrica e as velocidades medidas na saída de bloco nas distancias 2.5, 5,

10, 20, 30, 40 e 50 metros e verificaram uma correlação com o desempenho na

corrida de velocidade em 50 metros e que essa relação difere na fase inicial e

na fase de velocidade máxima da corrida em alta intensidade. Hennessy e Kilty

(2001), em estudo com 17 corredoras de velocidade com média de 17,6 anos

de idade, observaram que existe uma correlação linear negativa,

estatisticamente significante, entre o teste de CMJ (expresso em centímetros) e

os testes de velocidade em 30 metros (expresso em segundos) (r= - 0,60), 100

metros (r= - 064) e 300 metros (r= - 0,55). Assim, o treino com diferentes

modalidades de saltos e multissaltos melhora de forma significante a aptidão

de aceleração e de velocidade máxima.

Entretanto, para melhor uso dos saltos para de controle para o treinamento, os

saltos verticais devem fornecer informações sobre as adaptações dos atletas

em relação cargas de treinamento oferecidas.

Page 23: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

22

2.2.2 – Métodos controle do treinamento de velocidade

Diversos são os métodos de controle dos indicadores funcionais das distintas

capacidades motoras, os quais devem ir ao encontro das especificidades da

modalidade e fornecer informações quantitativas acerca da capacidade

analisada. Na escolha dos métodos devemos levar em consideração a

objetividade, acessibilidade, facilidade de obtenção dos dados, custo

operacional e pessoas treinadas na coleta de dados (PLATONOV, 1998).

A utilização do salto vertical com o objetivo de monitorar as respostas do

treinamento (intervenção) é difundida na literatura. Moir et al. (2004) e Cronin et

al. (2004). Estes autores afirmam que a medida do desempenho no salto

vertical é uma forma bastante comum para controle da velocidade. E ressaltam

as diversas formas de salto vertical (salto agachado e multissaltos) com o

objetivo de se aferir as qualidades neuromusculares de um indivíduo.

Devido necessidade compreender de forma rigorosa o impacto do esforço dos

atletas a nível funcional, para melhor poder desenvolver estratégias eficazes no

âmbito da recuperação, verifica-se a utilização dos saltos verticais em

intervenções durante períodos previsíveis de declínio do desempenho físico

decorrente de uma carga de treinamento, como no trabalho de Welsh et al.,

(2008),onde estes autores verificaram o efeito 8 dias contínuos de treinamento

em operações militares sobre o desempenho nos testes de saltos verticais

(salto com contramovimento) com 1, 5, 30 repetições aplicados antes e após

esse treinamento. Encontraram que os valores de altura (m) e potência (w) do

salto foram mais fidedignos utilizando apenas 1 salto, que estes valores

diminuíram 4,9 e 8,9%, respectivamente, após esse treinamento. A potência

diminuiu progressivamente mais no teste com 30 repetições (20%). O teste

com 5 repetições não ofereceu mais vantagens que o teste de 1 salto e foi

insuficiente para analisar mudanças na fadiga do músculo (pré: 1294 ± 138 w;

após : 1250 ± 165 w). E concluíram que os saltos verticais são sensíveis para

controle da relação fadiga / recuperação de uma carga de treinamento.

Page 24: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

23

Cormack et al.(2008) em um estudo designado para avaliar a fadiga

neuromuscular durante uma temporada de futebol australiano utilizando testes

de saltos com contramovimento de 1 e 5 saltos . Os autores sugerem que a

utilização dos saltos verticais pode ser útil para monitoramento da fadiga do

treinamento que permitiria uma adequação da carga de treinamento para

alcance do rendimento esportivo.

A utilização testes de saltos com objetivos de refletir a resultado de um

aumento da carga do treinamento é sustentada pela literatura, Nicol, Avela e

Komi (2006) afirmam que o CAE manifestado durante os saltos, como nos

saltos verticais, está intimamente relacionado com estado de fadiga, o que

sugeriria a possibilidade de se verificar queda no desempenho de através do

uso de saltos verticais.

Adicionalmente, esta redução de desempenho no salto foi reportada durante

períodos de treinamento intensivo (GALY et al., 2003) e em estudos que

também buscaram a intensificação do processo de treinamento, como modelo

de investigação de Coutts, Slattery e Wallace (2007) que buscaram investigar a

utilidade dos testes de campo para monitorar o estado de fadiga em triatletas

submetidos a quatro semanas de intensificação (realizada através do

incremento do volume de treinamento de natação, ciclismo e corrida), com

duas semanas de redução dessa intensificação . Os autores utilizaram o teste

de cinco saltos alternados (perna direita e esquerda) para monitorar as

respostas neuromusculares dos membros inferiores. O grupo com

intensificação do treinamento revelou queda significante no desempenho de

11,4 metros para 10,5 metros, retornando aos valores pré-treinamento após as

duas semanas de redução. Não houve alteração significante dos resultados no

teste de salto para o grupo que não intensificou o treinamento. Os autores

especularam que a diminuição do desempenho no grupo com intensificação do

treinamento poderia estar relacionada a inflamações e danos musculares

decorrentes da fadiga, e que, conseqüentemente, o teste utilizado poderia ser

um indicador bastante útil de fadiga neuromuscular.

Page 25: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

24

A carga imposta ao atleta durante os treinamentos pode ser entendida como

combinação de elementos, como os componentes: intensidade, duração e

exercício, que quando aplicados de maneira apropriada, a adaptação do atleta

ocorre satisfatoriamente. Portanto o planejamento prevê uma estrutura de

controle da carga de treinamento, regulação do processo de fadiga e

recuperação, que é essencial para melhoras no desempenho esportivo

(SMITH, 2003). O monitoramento da fadiga é importante para detectar

efetivamente a capacidade de recuperação e ajudar a determinar apropriadas

cargas de treinamento para aperfeiçoar o desempenho (FOWLES, 2006).

Assim, a utilização dos saltos verticais como uma variável que tem correlação

com o desempenho do treinamento de velocidade e fornece informações sobre

os efeitos da carga de treinamento sobre o estado do atleta, portanto, os saltos

verticais podem ser uma ferramenta aplicável no controle de treinamento para

otimização do processo de condução e regulação do treinamento e da

competição de corredores de velocidade.

Page 26: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

25

2 – CONCLUSÃO

Os métodos de controle possuem sua importância para monitorar o grau de

condicionamento em que os atletas se encontram, por isso sugere-se sua

realização. Através dos resultados obtidos, podem-se preparar atividades

adequadas para cada atleta. Assim, o controle do treinamento possibilita a

avaliação das repercussões, no organismo, da carga de treinamento e o que

esta representa no processo de treinamento, tornando necessário conhecer

freqüentemente os seus efeitos para as tomadas de decisões para melhora do

rendimento. Mas para que isso seja possível, o desempenho nos testes deve

dar informações úteis sobre as performances dos treinos e das competições e

sobre a eficácia do programa, para o treinador saber se está produzindo os

benefícios programados para que sejam feitas modificações para manutenção

dos resultados esperados.

Atualmente, o desenvolvimento dos protocolos de testes referentes aos saltos

verticais, tem auxiliado de maneira expressiva a determinação de parâmetros,

referenciais e indicadores próximos a realidade esportiva, cujo objetivo é o

aprimoramento das cargas de treinamento e sua eficiência nas adaptações

biológicas dos atletas (MOIR et al., 2004). A utilização dos saltos ou

movimentos que empregam grupos musculares correlacionados com a corrida

de velocidade ressalta importância de sua utilização em testes, permitindo a

avaliação de diferentes sistemas e podem ser utilizados como marcadores de

fadiga para acompanhamento da fadiga e recuperação do atleta.

Portanto, controlar sistematicamente a carga de treinamento aplicada constitui

um fator fundamental no sistema de preparação desportiva, auxiliando de

forma decisiva na criação de maiores possibilidades de interferência no

processo de treinamento para aumento do rendimento, orientando o processo

de desenvolvimento das capacidades motoras, contribuindo para as tomadas

de decisões e desenvolvimento de uma metodologia de treinamento adequada

para a corrida de velocidade.

Page 27: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

26

Nesse sentido, procurou-se contribuir com subsídios da literatura consultada

para destacar a importância do controle na preparação de corredores de

velocidade, com proposta de otimizar a organização das cargas durante a

preparação do treinamento nas corridas de velocidade.

Page 28: Controle do Treinamento de Corredores de Velocidade

27

3 – REFERÊNCIAS

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