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CONTROLE DE TRAJETÓRIA DE UMA PLATAFORMA STEWART PARA SIMULAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CARGA FORA DE PORTO Camilla Bacellar Mello Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientador: Max Suell Dutra Rio de Janeiro Abril de 2011

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CONTROLE DE TRAJETÓRIA DE UMA PLATAFORMA STEWART PARA

SIMULAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CARGA FORA DE PORTO

Camilla Bacellar Mello

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica.

Orientador: Max Suell Dutra

Rio de Janeiro

Abril de 2011

ii

iii

Mello, Camilla Bacellar

Controle de Trajetória de uma Plataforma Stewart para

Simulação de Transferência de Carga Fora de Porto/

Camilla Bacellar Mello. - Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE,

2011.

XVII, 114 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Max Suell Dutra

Dissertação - UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia

Mecânica, 2011.

Referências Bibliográficas: p. 103-107.

1. Plataforma Stewart. 2. Técnica de Controle. 3.

Transferência de Carga entre Navios I. Dutra, Max Suell.

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

Programa de Engenharia Mecânica. III. Título.

iv

Ao meu avô Hélio Bento: que seu

orgulho se concretize com meu

trabalho.

v

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido Bernardo pela pasciência e compreensão nos momentos que estive

ausente me dedicanto a essa dissertação. Por não me deixar desanimar, por acreditar

sempre no meu melhor e principalmente pelo seu amor que me sustenta.

A minha filha Alice, que desde de dentro da minha barriga só me trouxe mais

motivação para trabalhar nesse projeto.

Aos meus pais agradeço pelo incentivo nos dias de euferia, pelo interesse durante o

percurso e pelo carinho nos momentos em que fraquejei. Obrigada por me trazerem

até aqui.

Aos meus irmãos Gabi, Duda, Rodrigo, Suenya, Renata e Claudemar pelas

experiências vividas e pelos conselhos oferecidos. Obrigada por poder contar sempre

com vocês.

Maria Clara, João Francisco e Bethânia que encheram meus finais de semana de

diversão e motivação.

Ao professor, orientador e amigo professor Max por acreditar em mim e estar sempre

disponível apesar do assunto. Obrigada por dividir seus conhecimentos, por me forçar

a dar sempre o meu melhor, pelas críticas e pela ajuda nos momentos ruins.

Aos professores do curso de Eng. Mecânica da Coppe, pelos ensinamentos e tempo.

A Capes e ao CNPq pelo suporte financeiro e a Finep pelo apoio ao projeto sem os

quais essa dissertação não teria suporte

Aos colegas do LABROB Magda, Omar, Alexandre, Elkin, Ivan, Professor Ricardo,

Alox, Hernan, sem vocês tudo seria mais difícil.

Ao clube da Luluzinha: Bianca, Ivana e Lohana vocês são peças fundamentais nessa

conquista. Obrigada pelas quartas-feiras motivantes.

vi

À secretaria acadêmica da mecânica nossa querida Verinha, Maysa, Bia e Tito que

continuem sempre com toda aquela alegria. Um abraço para todos.

Aos amigos que estiveram presentes na minha vida nesse período sem reclamar da

minha ausência e me incentivando a sempre melhorar.

vii

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

CONTROLE DE TRAJETÓRIA DE UMA PLATAFORMA STEWART PARA

SIMULAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CARGA FORA DE PORTO

Camilla Bacellar Mello

Abril/ 2011

Orientador: Max Suell Dutra

Programa: Engenharia Mecânica

Tendo em vista a crescente demanda no transporte marítimo em todo o mundo

a transferência de carga entre navios fora de porto objetiva reduzir custos e riscos em

operações portuárias. Este trabalho propõe o controle de trajetória de uma plataforma

Stewart para reprodução do spectro de movimentação de navios para esse

procedimento. Com base nas análises cinemática e dinâmica inversas do sistema é

proposto um simulador capaz de reproduzir os seis graus de liberdade do manipulador

paralelo. As seguintes técnicas de controle foram estudadas: PID, lógica fuzzy e

torque computado. Seus resultados foram comparados e analisados quanto a

utilização proposta.

viii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

TRAJECTORY CONTROL OF A STEWART PLATAFORM USED TO SIMULATE OFF-

SHORE CARGO TRANSFERING

Camilla Bacellar Mello

April/2011

Advisor: Max Suell Dutra

Department: Mechanical Engineering

Given the increasing demand on shipping all aroud the world, transfer cargo

between ships out of port areas aims to reduce costs and risks during port operations.

This paper aims to present a Stewart platform trajectory control in order to reproduce

ship's movements. A simulator capable of playing the manipulator’s six degrees of

freedom is proposed based on inverse kinematics’ and dynamics’ analysis. The

following control techniques were studied: PID, fuzzy and computed torque. Their

results were compared and analyzed for the proposed use.

ix

ÍNDICE

ÍNDICE IX

LISTA DE FIGURAS XII

LISTA DE TABELAS XV

LISTA DE TABELAS XV

LISTA DE SÍMBOLOS XVI

LISTA DE SÍMBOLOS XVI

GLOSSÁRIO XVII

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Motivação 2

1.2 Objetivo 4

1.3 Descrição da Dissertação 5

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 7

2.1 Sistemas Robóticos 7

2.2 Manipuladores Paralelos 9

2.2.1 Comparação entre Manipuladores Paralelos e Seriais 9

2.2.2 Estado da Técnica dos Robôs Paralelos 11

2.2.3 Classificação dos Robôs Paralelos. 18

2.2.3.1 Manipuladores de 3 Graus de Liberdade. 19

2.2.3.2 Manipuladores de 4 Graus de Liberdade. 20

2.2.3.3 Manipuladores de 5 Graus de Liberdade. 21

2.2.3.4 Manipuladores de 6 Graus de Liberdade 22

x

3 MANIPULADOR TIPO PLATAFORMA DE STEWART E SUA

MODELAGEM 25

3.1 PLATAFORMA STEWART 25

3.1.1 Classificação do Manipulador Plataforma de Stewart 26

3.1.2 Geometria do Problema 27

3.2 ANÁLISE CINEMÀTICA 29

3.2.1 Cinemática Inversa 30

3.2.2 Cinemática Direta 33

3.2.3 Volume de Trabalho 33

3.2.4 Singularidades 35

3.3 DINÂMICA 38

3.3.1 Dinâmica Inversa 38

3.3.1.1 Análise dinâmica dos atuadores 39

3.3.1.2 Análise dinâmica da placa móvel 46

3.3.2 Simulação Dinâmica Inversa da Plataforma Stewart 48

3.3.2.1 Simulação 1 49

3.3.2.2 Simulação 2 52

3.3.2.3 Simulação 3 53

4 SIMULADOR VIRTUAL 56

4.1 Movimentos de Navios 56

4.1.1 Condições de Mar 58

4.2 Dados do CIAGA 59

4.3 Simulador 62

5 SISTEMA DE CONTROLE 66

5.1 Revisão Bibliográfica 67

5.2 Modelo da Planta 68

5.2.1 Análise do Modelo 71

5.3 Estratégias de Controle 74

5.3.1 Controle PID baseado na cinemática 74

5.3.2 Controle por Lógica Fuzzy 82

5.3.3 Controle de Torque Computado 88

xi

5.3.4 Simulação da estratégia de controle com dados reais 96

6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS 100

6.1 Trabalhos Futuros 101

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 103

8 ANEXOS 108

8.1 Anexo A - Programação da cinemática inversa em Matematica© 108

8.2 Anexo B - Rotina de simulação dinâmica inversa em MATLAB© 110

8.3 Anexo D - Expressão iV (DASGUPTA, et al. 1998) 114

xii

Lista de Figuras

FIGURA 1 - PROJETO CONCEITUAL DE UM TERMINAL FLUTUANTE PARA GRANEL (NORDSTRÖMS

SELFUNLOADING SYSTEMS - MACGREGOR). ................................................................................... 3

FIGURA 2 - SITUAÇÕES DE RISCO............................................................................................................. 4

FIGURA 3 – MOVIMENTO EM 6 GRAUS DE LIBERDADE DE UM NAVIO. .................................................... 4

FIGURA 4 -ESQUEMÁTICO DO SISTEMA DE NAVIOS PARA TRANSFERÊNCIA DE CARGA FORA DE PORTO

(FRANÇA, ET AL., 2009)................................................................................................................... 5

FIGURA 5 - ELEMENTOS DE UM SISTEMA ROBÓTICO (LARA, 2008). ......................................................... 8

FIGURA 6 - EXEMPLOS DE ESTRUTURAS CINEMÁTICAS (A) ROBÔ DE ESTRUTURA SERIAL USADO EM

SOLDAGEM (KUKA ROBOTICS) (B) MANIPULADOR PARALELO COM 6 GRAUS DE LIBERDADE. .......... 9

FIGURA 7- POSSIVELMENTE O PRIMEIRO ROBÔ PARALELO PATENTEADO EM 1931

(US PATENT NO. 1,789,680). ......................................................................................................... 11

FIGURA 8 - (A) PROJETO ORIGINAL DE GOUGH PARA TESTES DE PNEUS DE AERONAVES (B) VERSÃO

MODERNA DO APARATO COM ATUADORES ELÉTRICOS (CORTESIA DE MIKE BEESON, DUNLOP

TYRES).......................................................................................................................................... 12

FIGURA 9 - PROJETO DE STEWART PARA SIMULADORES DE VÔO (MERLET, 2006). ................................ 13

FIGURA 10 - PRIMEIRO MODELO DE SIMULADOR CONSTRUIDO COM ARQUITETURA HEXAPODE (MELET,

2006). .......................................................................................................................................... 14

FIGURA 11 - SIMULADOR DE VÔO CAE 5000 (CANADIAN AVIATION ELECTRONICS LTD). ........................ 14

FIGURA 12 - SIMULADOR AUTOMOBILÍSTICO (TOYOTA). ....................................................................... 15

FIGURA 13 - ROBÔ DELTA FLEXPICKER IRB 340 (MERELT, 2006). ............................................................ 15

FIGURA 14 - APLICAÇÕES MÉDICAS PARA MANIPULADORES PARALELOS (WAPLER ET. AL. , 2003). ........ 16

FIGURA 15 - ESQUEMÁTICO DO MANIPULADOR POSICIONADOR DO TELESCÓPIO UKIRT (JOINT

ASTRONOMY CENTER). ................................................................................................................. 17

FIGURA 16 - SIMULADOR COM TRÊS GRAUS DE LIBERDADE PARA SITUAÇÕES DE RISCO EM NAVEGAÇÃO

(NMRI). ........................................................................................................................................ 17

FIGURA 17 - PLATAFORMA DE POSICIONAMENTO IMPLEMENTADA NO LAR-UNICAMP (OLIVEIRA, 2008).

.................................................................................................................................................... 18

FIGURA 18 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO 3 GDL DE TRANSLAÇÃO, FLEXPICKER IRB 340

(MERLET , 2006). .......................................................................................................................... 19

FIGURA 19 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO 3 GDL DE ROTAÇÃO, PULSO ESFÉRICO DE GOSSELIN

(MERLET, 2006). ........................................................................................................................... 19

FIGURA 20 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO COM 3 GDL MISTO USADO EM SIMULADORES DE

CARROS (MERLET, 2006). ............................................................................................................. 20

FIGURA 21 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO COM 4 GDL USADO COMO SIMULADOR DE VÔO

(MERLET, 2006). ........................................................................................................................... 21

xiii

FIGURA 22 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO COM 5 GDL (MERLET, 2006). ............................... 21

FIGURA 23 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO COM 6 GDL TIPO UPS (MERLET, 2006). ................ 22

FIGURA 24 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO COM 6 GDL TIPO PUS, HEXAGLIDE (MERLET, 2006).

.................................................................................................................................................... 23

FIGURA 25 - EXEMPLO DE MANIPULADOR PARALELO COM SEIS GDL TIPO PUS, INRIA (MERLET, 2006). . 23

FIGURA 26 - EXEMPLOS DE MANIPULADOR PARALELO COM 6 GDL TIPO RUS (MERLET, 2006). .............. 24

FIGURA 27 - MANIPULADOR HEXÁPODE CONHECIDO COMO PLATAFORMA STEWART .......................... 25

FIGURA 28 - DIFERENTES TIPOS DE MPS QUANTO À GEOMETRIA (A)3-3 (B) 6-3 (C) 6-6 (LARA, 2008) ... 26

FIGURA 29 - ESQUEMÁTICO DO MPS (GONZALEZ, 2008) ....................................................................... 27

FIGURA 30 - GEOMETRIA DA PLATAFORMA STEWART. .......................................................................... 28

FIGURA 31 - ESQUEMÁTICO DOS VETORES PARA CINEMÁTICA INVERSA................................................ 31

FIGURA 32 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA CINEMÁTICA INVERSA EM WOLFRAM MATHEMATICA 7.0®. 32

FIGURA 33 - MPS E SEU VOLUME DE TRABALHO EM VISTA SUPERIOR E FRONTAL. ................................ 34

FIGURA 34 - ESQUEMÁTICO DO ATUADOR LINEAR ELÉTRICO (GONZALEZ, 2008). .................................. 39

FIGURA 35 - TRANSFORMAÇÃO DE SISTEMA DE COORDENADAS (GONZALEZ, 2008). ............................. 41

FIGURA 36 - FORÇAS ESTÁTICAS ATUANTES NO ATRUADOR. ................................................................. 43

FIGURA 37 - SUGESTÃO DE TRAJETÓRIA PARA SIMULAÇÃO 1 (GONZALEZ, 2008). .................................. 50

FIGURA 38 - DESLOCAMENTO E ROTAÇÃO DO CENTÓRIDE DA PLATAFORMA MÓVEL DURANTE

TRAJETÓRIA DA SIMULAÇÃO 1. .................................................................................................... 50

FIGURA 39 - VELOCIDADE E ACELERAÇÃO DO CENTRÓIDE DA PLACA MÓVEL DURANTE TRAJETÓRIA DA

SIMULAÇÃO 1. ............................................................................................................................. 51

FIGURA 40 - FORÇAS NOS ATUADORES PARA TRAJETÓRIA VERTICAL: SIMULAÇÃO 1 (A) RESULTADOS

OBTIDOS (B) RESULTADOS DE GONZALEZ (2008). ......................................................................... 51

FIGURA 41 - DESLOCAMENTO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO DO CENTRÓIDE DA PLACA MÓVEL DURANTE

TRAJETÓRIA DA SIMULAÇÃO 2. .................................................................................................... 52

FIGURA 42 - FORÇAS NOS ATUADORES PARA TRAJETÓRIA VERTICAL COM ROTAÇÃO EM X NA

SIMULAÇÃO 2. ............................................................................................................................. 53

FIGURA 43 - DESLOCAMENTO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO DO CENTRÓIDE DA PLACA MÓVEL DURANTE

TRAJETÓRIA NA SIMULAÇÃO 3. .................................................................................................... 54

FIGURA 44 - FORÇAS NOS ATUADORES PARA TRAJETÓRIA COM MOVIMENTAÇÃO NOS 6GDL NA

SIMULAÇÃO 3. ............................................................................................................................. 54

FIGURA 45 - SISTEMAS DE REFERÊNCIA NOS NAVIOS, (GONZALEZ, 2008). ............................................. 57

FIGURA 46 - DADOS PROVENIENTES DO SIMULADOR DE PASSADIÇO DO CIAGA. ................................... 60

FIGURA 47 - FFT DO SINAL DE HEAVE. ................................................................................................... 61

FIGURA 48 - FFT DO SINAL DE ROLL. ...................................................................................................... 61

FIGURA 49 - FFT DO SINAL DE PITCH. .................................................................................................... 62

FIGURA 50 - SOFTWARE DESENVOLVIDO PARA VERIFICAÇÃO DOS DADOS. ........................................... 63

FIGURA 51 – ARQUIVO COM DADOS DO CIAGA. .................................................................................... 64

xiv

FIGURA 52 - PLANTA DO MPS EM SIMMECHANICS MATLAB .................................................................. 69

FIGURA 53 - MODELO DO ATUADOR EM SIMMECHANICS MATLAB........................................................ 69

FIGURA 54 - MODELO FINAL DO ATUADOR EM SIMMECHANICS MATLAB. ............................................. 70

FIGURA 55 - ANÁLISE DE FORÇAS NO MODELO. .................................................................................... 71

FIGURA 56 - VISUALIZAÇÃO GEOMÉTRICA. ............................................................................................ 72

FIGURA 57 - RESULTADO DA ANÁLISE DE DINÂMICA DIRETA DO MODELO............................................. 73

FIGURA 58 - MALHA DE CONTROLE PID BASEADO NA CINEMÁTICA DO MPS. ........................................ 75

FIGURA 59 - MALHA DE CONTROLE PID BASEADO NA CINEMÁTICA DO MPS EM SIMULINK. .................. 76

FIGURA 60 - FERRAMENTA SISO DESIGN DO MATLAB PARA CONTROLADOR UNITÁRIO. ........................ 77

FIGURA 61 - FERRAMENTA SISO DESIGN DO MATLAB PARA CONTROLADOR PID. .................................. 78

FIGURA 62 - TRAJETÓRIA SENOIDAL COM 6 GRAUS DE LIBERDADE. ....................................................... 79

FIGURA 63 - ERROS DE POSICIONAMENTO DA PLACA MÓVEL PARA O ESQUEMA DE CONTROLE BASEADO

NA CINEMÁTICA. .......................................................................................................................... 80

FIGURA 64 - ERROS NOS ATUADORES E FORÇAS PARA O ESQUEMA DE CONTROLE BASEADO NA

CINEMÁTICA. ............................................................................................................................... 81

FIGURA 65 - ESQUEMÁTICO DO CONTROLADOR FUZZY. ........................................................................ 82

FIGURA 66 - FUNÇÕES DE PERTINÊNCIA RELACIONADAS AS ENTRADAS "ERRO DE POSIÇÃO" E

“VELOCIDADE DO ATUADOR”. ...................................................................................................... 83

FIGURA 67 - FUNÇÕES DE PERTINÊNCIA RELACIONADAS À "FORÇA EXERCIDA PELO ATUADOR". ........... 84

FIGURA 68 – EXEMPLO DE SITUAÇÕES POSSÍVEIS PARA A CRIAÇÃO DA TABELA DE REGRAS................... 85

FIGURA 69 - MALHA DE CONTROLE POR LÓGICA FUZZY DO MPS EM SIMULINK. ................................... 86

FIGURA 70 - ERROS DE POSICIONAMENTO DA PLACA MÓVEL PARA O ESQUEMA DE CONTROLE BASEADO

EM LÓGICA FUZZY. ....................................................................................................................... 87

FIGURA 71 - ERROS NOS ATUADORES E FORÇAS PARA O ESQUEMA DE CONTROLE BASEADO EM LÓGICA

FUZZY. ......................................................................................................................................... 88

FIGURA 72 - ESQUEMÁTICO DO CONTROLE DE TORQUE COMPUTADO (LEE ET AL., 2003). .................... 93

FIGURA 73 - MALHA DE CONTROLE DE TORQUE COMPUTADO DO MPS EM SIMULINK. ......................... 93

FIGURA 74 - ERRO DE POSICIONAMENTO DA PLACA MÓVEL PARA O ESQUEMA DE CONTROLE BASEADO

NA DINÂMICA. ............................................................................................................................. 94

FIGURA 75 - FORÇAS REQUERIDAS DOS ATUADORES PARA O ESQUEMA DE CONTROLE BASEADO NA

DINÂMICA. ................................................................................................................................... 95

FIGURA 76 - SINAIS ADQUIRIDOS PELO SIMULADOR DE NAVIOS DO CIAGA E CURVAS APROXIMADAS DOS

SEIS GDL DA EMBARCAÇÃO. ......................................................................................................... 97

FIGURA 77 - ACELERAÇÃO DOS SEIS GDL DA EMBARCAÇÃO. ................................................................. 97

FIGURA 78 - ERROS DE TRANSLAÇÃO E ROTAÇÃO PARA SIMULAÇÃO DE ESTADO DE MAR 4. ................. 98

FIGURA 79 - FORÇAS EXIGIDAS DOS ATUADORES PARA SIMULAÇÃO DE ESTADO DE MAR 4. .................. 99

xv

Lista de Tabelas

TABELA 1 - COMPARAÇÃO ENTRE MANIPULADORES SERIAIS E PARALELOS (LARA, 2008) 11

TABELA 2 - PARÂMETROS DA GEOMETRIA SELECIONADA 28

TABELA 3 - CARACTERÍSTICAS DO MPS 29

TABELA 4 - CARACTERÍSTICAS DO MPS EM ESTUDO 49

TABELA 5 - CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE MARES PELO TAMANHO DA ONDA 59

TABELA 6 - REGRAS DE IMPLICAÇÃO 85

xvi

Lista de Símbolos

i Índice referente do i-ésimo link, 1,2,...6i

p Vetor de translação da placa móvel

ia Vetor posição do i-ésimo vértice da placa móvel (referencial local)

ib Vetor posição do i-ésimo vértice da base

B

A Matriz de rotação da plataforma móvel no referencial inercial

iq B

A ia , Vetor posição do i-ésimo vértice da placa móvel (referencial inercial)

iS Vetor do i-ésimo atuador

iL Comprimento do i-ésimo atuador

is Vetor unitário direcional do i-ésimo atuador

p Velocidade de translação do centróide da placa móvel

Velocidade angular da placa móvel

p Aceleração de translação do centróide da placa móvel

Velocidade angular da placa móvel

iS Velocidade de translação do i-ésimo atuador

iS Aceleração de translação do i-ésimo atuador

i Velocidade angular do i-ésimo atuador

i Aceleração angular do i-ésimo atuador

xvii

Glossário

MPS - Manipulador plataforma Stewart;

GDL - Grau de liberdade;

TEU – Twenty-foot equivalent unit, um TEU representa a capacidade de carga de um

contêiner padrão intermodal, 20 pés (6,1 m) de comprimento e 8 pés (2,4 m) de

largura;

PID – Proporcional, integral e derivativo;

FFT – Fast Fourrier transform;

CG – Centro de gravidade;

IDP - Posicionamento dinâmico inteligente

1

1 INTRODUÇÃO

Sistemas mecânicos capazes de movimentar um corpo rígido em relação a um

referencial fixo são importantes em diversas aplicações. Um corpo rígido no espaço

pode movimentar-se de várias maneiras, com movimentos de translação e rotação.

Esses são chamados de Graus de Liberdade (GDL) do sistema. O número máximo de

GDL de um corpo rígido no espaço não pode exceder seis: três de translação em

direções mutuamente ortogonais e três de rotação em torno de cada eixo desse

sistema coordenado. A posição e a orientação do corpo rígido, também chamados de

pose, podem ser descritas por coordenadas generalizadas. Habitualmente são usadas

as coordenadas de um ponto e os ângulos que definem sua orientação, mas nada

impede que outro conjunto de parâmetros seja escolhido para definir de forma única a

pose do efetuador. Se existe a possibilidade de controlar um ou mais GDL do corpo

rígido através de sistemas mecânicos ou eletrônicos esse sistema pode ser chamado

de robô (MERLET, 2000).

Nos dias de hoje os robôs mais populares, tanto na indústria quanto na área

acadêmica, são aqueles que apresentam características antropomórficas, remetendo

muitas vezes a verdadeiros braços humanos. Conhecidos como robôs seriais, esses

são construídos por uma sucessão de elos conectados ao seu antecessor e sucessor

por meio de juntas com um ou mais graus de liberdade que permitem, por exemplo, a

rotação do corpo rígido em torno de um determinado eixo ou o movimento

translacional do elo. Apesar de atraente, a arquitetura desses manipuladores não é

interessante para toda e qualquer aplicação. Projetados para executar tarefas feitas

por humanos, os manipuladores seriais deviam ter uma boa manobrabilidade e bom

espaço de trabalho, mas sua relação da capacidade de carga com o seu peso é baixa.

Os robôs seriais quando submetidos a carregamentos têm tendência a apresentar

vibrações e flambagem de seus elos, comprometendo o desempenho dinâmico do

sistema. Nessas condições a rigidez do sistema é comprometida, acarretando em

uma menor precisão e capacidade de posicionamento. Por isso, embora a arquitetura

serial ainda seja predominante em robôs manipuladores, os modelos paralelos vêm

ganhando cada vez mais interesse.

Robôs paralelos são mecanismos com cadeias fechadas que apresentam bom

desempenho em termos de precisão, rigidez e capacidade de manipular cargas

pesadas (MERLET, 2006). O primeiro projeto de manipulador paralelo que se tem

registro data de 1931 (GWINNETT et. al., 1931), mas foi na década de 60 que Gough

2

e Whitehall desenvolveram essa tecnologia em uma máquina de teste para pneus

(GOUGH et al., 1962), seguidos por Stewart com seu simulador de vôo que deu a

relevância ao assunto. Dentre as diferentes aplicações de sistemas de posicionamento

modernos utilizando dispositivos robóticos paralelos podemos destacar: simuladores

de vôo, máquinas ferramentas, manipuladores cirúrgicos, sistemas de locomoção

bípedes, entre outros.

Pelo fato de ser constituído por uma base fixa ligada a uma única placa móvel

por vários atuadores, os manipuladores paralelos apresentam dificuldades

provenientes de suas cadeias fechadas. Por outro lado, essa disposição apresenta

vantagens frente aos robôs seriais quanto à rigidez, precisão e velocidade de

posicionamento e razão peso/carga. Suas principais desvantagens, no entanto,

referem-se ao espaço de trabalho limitado e à maior complexidade de seus

componentes mecânicos.

Capaz de reproduzir movimentos com seis GDL com grande precisão, o

manipulador paralelo conhecido como plataforma de Stewart torna-se uma ferramenta

conveniente para a reprodução do spectro de movimentos do mar quando se pensa

em movimentação de navios. Navios podem ser definidos como construções côncavas

e compridas, feitas de madeira, metal ou qualquer outro material que flutue em água e

geralmente são usados como meio de transporte (GONZALEZ, 2008).

Na presente dissertação se faz um estudo e análise do controle de trajetória de

um manipulador robótico paralelo aplicado à simulação de movimentos de navios.

Segundo GONZALEZ (2008), simuladores reproduzem fielmente os movimentos de

um modelo concreto e geralmente leva a representação de comportamentos ou

características fundamentais de um sistema físico ou abstrato que se estuda ou

analisa. Para controlar esse sistema de forma que o mesmo seja capaz de imitar

movimentos específicos, é essencial conhecer quais são suas características

cinemáticas e dinâmicas, suas limitações espaciais e finalmente de que forma podem

ser controlados os diferentes atuadores para realizar as diferentes trajetórias

planejadas.

1.1 Motivação

Diante da crescente demanda de transporte marítimo, navios cada vez maiores

estão sendo construídos solicitando o crescimento de portos em mesma escala. Em

2010, o maior navio transportador de container, o MSC Daniela, de 366 metros de

comprimento e capacidade nominal de 13.800 TEU, não aporta no Brasil devido às

3

restrições de tamanho e calado. Esse cenário parece cada vez mais comum não só no

país, mas em todo o mundo, exigindo obras caras de expansão portuária ou custos

altos com logística e transporte terrestre.

Uma solução para essa pendência é a transferência de cargas entre navios em

águas profundas. A mesma idéia tem sido utilizada em terminais de carga flutuantes

fora de porto para granel e líquidos, onde navios de grande porte descarregam em

terminais em alto mar nos quais navios de menor porte são então carregados e

seguem para diferentes destinos. O conceito desse projeto pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 - Projeto conceitual de um terminal flutuante para granel (Nordströms Selfunloading Systems - MacGREGOR).

A manipulação de um corpo rígido de grande volume entre embarcações, como

no caso de containers, também é possível, porém trata-se de um procedimento mais

delicado devido à precisão exigida. Em última instância, vislumbra-se simular um

sistema controlado via software que tornará possível a transferência segura de cargas

pesadas entre duas embarcações em alto mar. Esse equipamento poderá revolucionar

o atual sistema de logística no Brasil e será adequado para atender a uma

necessidade futura do setor, reduzindo significativamente o tempo e os custos gerados

pelo desembarque tradicional. Essa nova medida, além de agilizar o processo e

reduzir os gastos com o transporte, poderá ser a solução para a esperada saturação

dos principais portos do país nos próximos anos.

Além das vantagens acima citadas, em situações de risco como adernamento,

incêndios e desastres ambientais, como mostrados na Figura 2, o sistema seria de

extrema relevância no salvamento de carga mesmo durante um sinistro.

4

Figura 2 - Situações de risco.

Sendo assim, esse sistema quando desenvolvido e aplicado à indústria naval

pode possibilitar a transferência de cargas de sistemas de grande porte que

transportem grande quantidade de containers e apenas poucos deles seriam

descarregados em uma dada região. O mesmo possibilitaria uma diminuição grande

nos custos de manutenção de portos em diversos lugares do país, facilitaria o

salvamento de cargas e de pessoas quando em situação de risco e ajudaria no

escoamento de cargas do país.

1.2 Objetivo

Este trabalho é parte integrante de um projeto que visa criar um mecanismo

automatizado para transferência de carga entre navios de grande porte que não

podem atracar em pequenos portos ou que se encontram em situação de risco. Nesse

contexto, é essencial o desenvolvimento de um simulador com 6 GDL capaz de

reproduzir o spectro de movimento de um navio, conforme mostra o esquemático da

Figura 3.

Figura 3 – Movimento em 6 graus de liberdade de um navio.

5

Para o estudo detalhado do problema, o projeto conta com dois manipuladores

paralelos do tipo plataforma Stewart que devem trabalhar simultaneamente a fim de

reproduzir o comportamento de embarcações em diferentes condições de mar. A idéia

geral do sistema pode ser conferido na Figura 4.

Figura 4 -Esquemático do sistema de navios para transferência de carga fora de porto (FRANÇA, et al., 2009).

O objetivo final desse trabalho é controlar uma plataforma Stewart para que a

mesma seja capaz de reproduzir movimentos de navios em testes de transferência de

carga fora de porto. Para alcançar essa meta é ambicionado apresentar uma pesquisa

bibliográfica extensa sobre o manipulador, realizar um estudo detalhado da cinemática

e dinâmica inversa do sistema, testar os modelos obtidos através de um simulador

virtual e por fim propor uma técnica de controle adequada ao problema.

1.3 Descrição da Dissertação

Esta dissertação de mestrado será subdividida em seis capítulos, sendo no

primeiro capítulo apresentada a introdução, motivação do trabalho e principais

objetivos enfatizados na pesquisa.

O capítulo 2 trará uma revisão bibliográfica dos manipuladores paralelos. Serão

apresentadas suas principais características e justificativas pela escolha da

arquitetura, além do estado da técnica dessa tecnologia. Por fim, uma classificação

baseada nos graus de liberdade dos manipuladores paralelos será ilustrada com

exemplos práticos.

No capítulo 3 será abordada a modelagem matemática do problema.

Primeiramente será estudada sua cinemática inversa tendo em vista o controle de

trajetória, seu espaço de trabalho e suas singularidades. Feito isso, uma análise das

6

forças e torques envolvidos no processo será detalhada no estudo da dinâmica inversa

utilizando o método de Newton-Euler.

No capítulo 4 será proposto um simulador virtual para verificar os resultados

obtidos no capítulo anterior. Uma breve introdução sobre movimentos de navios será

apresentada e dados experimentais provenientes do simulador de embarcação

existente no CIAGA (Centro de Instrução Almirante Graça Aranha) serão analisados.

Tais dados servirão como entrada do simulador para análise das grandezas estudas

no capítulo anterior.

Um modelo da planta e as estratégias de controle utilizadas no seguimento de

trajetória de manipuladores paralelos do tipo Plataforma Stewart serão exposta no

capítulo 5. Será determinado qual a melhor opção para o problema estudado baseado

na precisão alcançada e no tempo computacional envolvido.

Finalmente no capítulo 6 são apresentadas as conclusões desse trabalho

assim como algumas propostas para trabalhos futuros na área.

7

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Na intenção de melhor compreender o alvo principal delineado deste trabalho,

este capítulo apresenta uma introdução sobre manipuladores paralelos. Para tanto, a

seção será dividida em duas partes. A primeira trata de forma geral os sistemas

robóticos, exemplificando e enumerando seus componentes. A segunda aborda

exclusivamente os manipuladores paralelos, aplicações reais da tecnologia suas

principais vantagens e uma classificação de acordo com os graus de liberdade do

modelo.

2.1 Sistemas Robóticos

Ainda hoje estudiosos e pesquisadores divergem sobre um conceito único a

respeito de "O que é um robô?". Segundo o Instituto Americano de Robótica (1979)

trata-se de "um manipulador reprogramável e multifuncional projetado para

movimentar materiais, partes, ferramentas ou outros aparelhos especializados através

de vários movimentos programados, a fim de realizar uma grande variedade de

tarefas". Essa é uma das definições mais abrangentes e aceitas no meio científico e

será utilizada no presente trabalho.

Um sistema robótico consiste normalmente dos seguintes elementos:

manipulador (sistema mecânico), atuadores, efetuador, sistema de controle e uma

malha de sensoriamento.

O manipulador mecânico é o que forma a estrutura do robô. Constituído por

links interligados através de articulações. Na Figura 5 é apresentado um manipulador

robótico do tipo serial onde o link da base é fixo e as articulações entre os links são

atuadas.

Os atuadores são encarregados pelo movimento de cada link. Existem diversos

tipos de atuadores, tais como motores elétricos, pistões hidráulicos e pneumáticos e

músculos artificiais. Na Figura 5 os links, ou também chamados braços do

manipulador, são acionados por motores redutores que aplicam torques capazes de

rodar cada braço promovendo os movimentos necessários para execução de uma

tarefa.

O efetuador é a parte do robô encarregada da manipulação de peças de

trabalho, ou qualquer que seja a função do robô. O efetuador pode ser visto como a

interface entre o manipulador mecânico e o ambiente de atuação do sistema.

8

O controlador é responsável por manipular as entradas do processo a fim de se

obter um comportamento desejado. Pode ser constituído de um simples esquema On-

Off de baixo nível a um controlador de alto nível baseado no modelo de um sistema de

controle inteligente. Encoders, tacômetros ou câmeras de vídeo são exemplos de

sensores utilizados para medir os movimentos do manipulador permitindo a

realimentação do sistema de controle, formando a malha de sensoriamento.

Figura 5 - Elementos de um sistema robótico (LARA, 2008).

Os manipuladores robóticos podem ser classificados em diferentes categorias

dependendo de vários critérios, dentre eles, o número de graus de liberdade, estrutura

cinemática, geometria do espaço de trabalho e características do movimento. No

presente trabalho será enfatizada a classificação de um manipulador robótico segundo

as suas cadeias cinemáticas. Nesse campo pode-se classificar um manipulador

robótico como serial, paralelo ou híbrido - que consiste na união dos dois anteriores.

Essa categorização leva em consideração a presença de cadeias cinemáticas abertas

ou fechadas, como será explicado no item seguinte. A Figura 6 apresenta exemplos

industriais de manipuladores do tipo paralelo e serial.

9

Figura 6 - Exemplos de estruturas cinemáticas (a) robô de estrutura serial usado em soldagem (KUKA Robotics) (b) manipulador paralelo com 6 graus de liberdade.

2.2 Manipuladores Paralelos

Um robô paralelo pode ser definido como um mecanismo constituído de

um efetuador com n graus de liberdade e de uma base fixa, interligados por, no

mínimo, duas cadeias cinemáticas fechadas independentes (MERLET, 2006).

Mecanismos redundantes, nos quais o número de atuadores é maior que o

número de graus de liberdade que controlam o efetuador, também podem ser

descritos pela definição anterior. Por esse motivo MERLET (2006) sugere

características que delimitam o estudo dos robôs paralelos. Essas características são:

• Ao menos duas cadeias cinemáticas suportam o efetuador. Cada uma dessas

cadeias cinemática deve ter ao menos um atuador;

• O número de atuadores é igual ao número de graus de liberdade do efetuador;

• A mobilidade do manipulador é zero com os atuadores sem movimento;

Essas considerações garantem que o número de atuadores seja mínimo, e que

o número de sensores necessários para fechar a malha de controle do mecanismo

também seja mínimo.

2.2.1 Comparação entre Manipuladores Paralelos e Seriais

Com intuito de justificar a arquitetura escolhida, serão apresentas as principais

diferenças entre manipuladores paralelos e os manipuladores seriais tidos como

convencionais.

No começo os robôs foram projetados para executar tarefas humanas, por isso

deviam ter uma boa manobrabilidade e bom espaço de trabalho, mas a relação da

10

capacidade de carga com o seu peso era baixa (DASGUPTA & MRUTHYUNJAYA,

2000). Autores como TANEV (2000) afirmam que o interesse pelos robôs paralelos

deu-se como uma solução para os problemas de pouca capacidade de carga e rigidez

que tinham os robôs de configuração serial.

Em termos mecânicos, os manipuladores seriais são constituídos por

atuadores nas suas partes móveis, implicando em massas e momentos de inércia

relativamente altos. Na sua maioria um atuador é fixo à base, sendo que os demais

são embarcados, ocasionando no aumento de inércia das partes móveis. Além disso,

cada junta suporta a massa das demais e dos segmentos subseqüentes. Por isso,

para garantir um mínimo de rigidez ao sistema, os elementos devem ser volumosos e

pesados, comprometendo o comportamento dinâmico da estrutura serial. Erros nas

juntas até o órgão terminal, somados à flexibilidade da estrutura, comprometem à

precisão do conjunto (VIANNA, 2002).

Nos manipuladores paralelos, todos os atuadores são montados próximos à

base, possibilitando assim uma possível redução da massa nas suas partes móveis,

implicando que os manipuladores paralelos apresentam características dinâmicas

melhores em relação aos seriais (MOLINA, 2008).

Outro conceito importante é a complacência de um robô. Em geral o efetuador

de um robô serial quando submetido a forças e torques externos sofre pequenas

modificações em sua pose devido a uma folga dos atuadores, vibração de seus

componentes ou deformação em seus links, entre outros. Essas grandezas não

podem ser quantificadas por sensores internos do robô e por isso não podem ser

corrigidas pela malha de controle, dai o nome complacência passiva. Em diversas

aplicações na indústria como, por exemplo, em máquinas ferramentas, essa

complacência é uma característica indesejada. Cadeias cinemáticas fechadas

possuem, em geral, rigidez mais elevada que as estruturas com cadeias abertas, e a

deformação proveniente da complacência passiva é facilmente medida no efetuador.

A Tabela 1 apresenta uma comparação qualitativa das características mecânicas e de

modelagem dos manipuladores com arquitetura serial e paralela, onde se pode

observar as principais diferenças entre essas duas arquiteturas, e as principais

vantagens e desvantagens na utilização das mesmas (LARA, 2008).

A partir das considerações apresentadas nesse capítulo, foi escolhido um

manipulador paralelo do tipo plataforma Stewart para reprodução do spectro de

movimentos de navios. Tendo em vista os GDL envolvidos e principalmente a precisão

desejada no controle de posição dentro do seu espaço de trabalho conclui-se que o

modelo é o mais adequado para o problema.

11

Tabela 1 - Comparação entre manipuladores seriais e paralelos (LARA, 2008).

2.2.2 Estado da Técnica dos Robôs Paralelos

Segundo BONEV (2003), o primeiro mecanismo paralelo que se tem registro

data de 1928. Trata-se da patente de GWINNETT (1931) para uma plataforma móvel

projetada para indústria de entretenimento. O aparato exibido na Figura 7 foi

desenvolvido para se movimentar durante a exibição de filmes, mas não chegou a ser

construído.

Figura 7- Possivelmente o primeiro robô paralelo patenteado em 1931 (US Patent No. 1,789,680).

12

Em 1947 GOUGH (1962) desenvolveu o que é hoje a arquitetura mais

conhecida para manipuladores paralelos: uma plataforma hexápode, com seis

atuadores lineares que ao modificarem seu comprimento imprimem movimentos de

rotação e translação à placa móvel. O aparato foi criado com o objetivo de testar

pneus sob o efeito do pouso de um avião, permitindo a aplicação de pequenas cargas

em diferentes direções através do acionamento independente de atuadores

hidráulicos.

No decorrer de seus trabalhos, GOUGH (1962) menciona mecanismos

hexápodes já existentes antes de seu projeto. Estruturas com seis atuadores lineares -

três verticais e três horizontais capazes de promover pequenos deslocamentos, foram

o ponto de partida de sua concepção. As mesas de simulação muti-eixo, como são

conhecidas, são confeccionadas por várias empresas até hoje. A novidade no projeto

de GOUGH (1962) foi o arranjo dos seis atuadores. Como o estudioso precisava de

uma gama de movimentos relativamente grande, ele optou por um posicionamento

simétrico em forma de octaedro. A máquina, exibida na Figura 8 foi construída em

1950, mas só ficou totalmente pronta para operação em 1954.

Figura 8 - (a) Projeto original de Gough para testes de pneus de aeronaves (b) Versão moderna do aparato com atuadores elétricos (Cortesia de Mike Beeson, Dunlop

Tyres).

Apesar disso, a utilização e popularização dos manipuladores paralelos só

ocorreu o quando o primeiro simulador de vôo foi construído. Durante a década de 60,

com o crescimento da indústria aeronáutica, os altos custos envolvidos nos

treinamentos de pilotos junto com a necessidade de testar novos equipamentos sem

13

levantar vôo, estimularam pesquisadores a estudarem sistemas com múltiplos graus

de liberdade que pudessem simular uma plataforma capaz de suportar altas cargas e

com uma dinâmica rápida, como no caso de uma cabine de avião. Motivado por esses

fatos, STEWART (1965) propôs um mecanismo com seis graus de liberdade para ser

usado como simulador de vôo. A configuração proposta por STEWART (1965), exibida

na Figura 9, apresenta alterações consideráveis em relação à configuração proposta

por GOUGH (1962).

Figura 9 - Projeto de Stewart para simuladores de vôo (MERLET, 2006).

Enquanto o projeto de STEWART (1965) não se mostrou muito interessante

em outras aplicações, a plataforma de GOUGH (1962) foi aplicada como solução em

diversos campos de estudo. Apesar disso, a plataforma do tipo hexápode é hoje

conhecida contraditoriamente como plataforma Stewart.

Em paralelo ao trabalho de STEWART (1965), no centro de pesquisa The

Franklin Institute Research na Filadélfia, CAPPEL (1967) surgiu com um manipulador

similar ao proposto por GOUGH (1962) enquanto estudava uma maneira para

melhorar a mesa de vibração redundante com seis graus de liberdade e sete

atuadores do laboratório. Segundo BONEV (2003), esse simulador de movimentos foi

o primeiro simulador de vôo baseado na estrutura de um hexápode octaedro. Sendo

resultado de um requisito da Sikorsky Aircraft Division dos Estados Unidos

especificado para projetar e construir um simulador de vôo de um helicóptero de seis

graus de liberdade. Sua foto pode ser observada na Figura 10.

14

Figura 10 - Primeiro modelo de simulador construido com arquitetura hexapode (MELET, 2006).

A utilização de cilindros hidráulicos convencionalmente utilizados para o

acionamento do mecanismo dificulta o controle de movimentos prescritos com

precisão. Mais recentemente têm se montado mecanismos eletromecânicos dotados

de servo motores, possibilitando um alto grau de precisão nos movimentos além de

exigir um sistema de controle mais simples. A exatidão de posicionamento e a

velocidade de performance em conjunto com a alta rigidez oferecida pela arquitetura

paralela tornaram esse tipo de manipulador atraente para as mais diferentes

aplicações como centros de usinagem, posicionamento de antenas astronômicas,

correção de foco em telescópios, entre outros.

A CAE, Candian Aviation Eletronics, empresa líder do mundo na construção de

simuladores de vôo e modelagem na aviação civil e militar, lançou em 2008 a mais

nova linha de simuladores de vôo CAE 7000 e CAE 5000, exibido na Figura 11. Esses

simuladores têm como característica inovadora o uso de cilindros elétricos, trocando

os sistemas hidráulicos originalmente utilizados em seus simuladores. Isso ofereceu

uma redução no custo de fabricação, um menor gasto de manutenção e ainda uma

melhora na precisão dos movimentos.

Figura 11 - Simulador de vôo CAE 5000 (Canadian Aviation Electronics Ltd).

15

Atualmente, inúmeros simuladores de movimento, e não apenas de vôo,

utilizam os princípios antes citados. Na Toyota foi desenvolvido um simulador

automobilístico que analisa o comportamento de um motorista ao dirigir sonolento ou

sob efeito de álcool. O simulador visto na Figura 12, é formado por uma cápsula de

sete metros de diâmetro onde se encontra um carro de frente para uma tela circular de

4,5 metros de altura. Os comandos do carro controlam a movimentação da plataforma

que pode se movimentar 35 metros em uma direção e 20 metros em outra a 90º. O

custo desse simulador foi de 86 milhões de dólares.

Figura 12 - Simulador automobilístico (Toyota).

Grandes fabricantes de robôs acreditam nas vantagens e oferecem produtos

para aplicações genéricas na indústria. O IRB 940 Tricept da ABB, um robô híbrido

com três graus de liberdade paralelos em conjunto com três graus de liberdade

seriados, e o F200i da FANUC que tem arquitetura hexápode e suporta até 100kg, são

dois exemplos já disponíveis no mercado. O Robô Delta, observado na Figura 13,

desenvolvido pela Asea Brown Boveri, tem utilidade nas atividades "pick and place".

Com três graus de liberdade translacionais se tornou popular em aplicações nas áreas

de embalagem, indústria farmacêutica, alimentícia, e de eletrônicos, entre outras.

Figura 13 - Robô Delta FlexPicker IRB 340 (MERELT, 2006).

16

As características da arquitetura proposta por GOUGH (1962) também

ajudaram a tornar esse tipo de plataforma atraente para procedimentos médicos. O

sistema oferece características que facilitam a sua utilização em cirurgias complexas,

tais como as realizadas no cérebro. A Figura 14 apresenta a utilização de uma

plataforma de Stewart para neuroendoscopia proposta por WAPLER et. al. (2003).

Também são amplamente utilizados tamanhos menores, nos casos que envolvem

nanotecnologia. Trata-se de uma aplicação que necessita de pouca movimentação e

muita precisão. Nessa área podemos destacar o endoscópio com dispositivo de

fixação ativo usando um robô com 3 graus de liberdade atuados por fios, construído

por WENDLANDT & SASTRY (1994). Outra aplicação médica para a estrutura

paralela é o uso na assistência de pessoas deficientes para a movimentação de seus

braços, como sugerido por ARAI et al. (1990).

Figura 14 - Aplicações médicas para manipuladores paralelos (WAPLER et. al. , 2003).

Além dos antes citados, inúmeros outros exemplos se beneficiaram das

vantagens oferecidas pelo modelo paralelo, introduzindo a novidade nas mais diversas

áreas. BOSSCHER et al. (2007) propõe um manipulador paralelo atuado por cabos a

ser utilizado na construção civil. SPECKERT (2008) sugere a utilização de dois

hexápodes trabalhando independentemente para testes de suspensão de veículos.

Outra aplicação diferente baseada na plataforma proposta por Gough é o robô tipo

escalador apresentado por ALMONACID et al. (2003), utilizado na inspeção de

tubulações. Para aplicações espaciais vale mencionar o hexápode desenvolvido pelo

Instituto Max Planck responsável por movimentar lentamente o telescópio UKIRT

17

(United Kingdom Infra-Red Telescope) em busca de foco. Seu esquemático pode ser

visto na Figura 15.

Figura 15 - Esquemático do manipulador posicionador do telescópio UKIRT (Joint Astronomy Center).

Na área naval, encontram-se simuladores recreativos de lanchas com movimento,

porém sem maiores compromissos com o real comportamento dinâmico das ondas.

Existem também os simuladores de ponte de comando para o treinamento de

tripulação. O NMRI, National Maritime Research Institute no Japão, desenvolveu um

simulador de ponte de comando para treinamento de tripulação em situações de risco

durante a navegação. Montado sobre uma plataforma com três graus de liberdade, o

aparato conta ainda com uma tela de 240º graus o que proporciona uma sensação de

realidade aos usuários. A Figura 16 ilustra o simulador.

Figura 16 - Simulador com três graus de liberdade para situações de risco em navegação (NMRI).

18

Com uma finalidade semelhante com a proposta na presente dissertação, foi

desenvolvida no Brasil, em um projeto de pesquisa envolvendo a UNICAMP/CENPES-

PETROBRAS, uma plataforma de simulação para movimentos aquáticos. Baseada no

projeto de Gough trata-se de um manipulador paralelo com capacidade para a

reprodução do spectro de movimentos do mar. É utilizado no processamento primário

de fluidos, basicamente na separação de gás, óleo e água (OLIVEIRA, 2008). A

plataforma é acionada hidraulicamente e controlada através de sistema FIELDPOINT

da National Instrument, por um programa computacional implementado em ambiente

LABVIEW. Uma foto do mecanismo pode ser vista na Figura 17.

Figura 17 - Plataforma de posicionamento implementada no LAR-UNICAMP (OLIVEIRA, 2008).

2.2.3 Classificação dos Robôs Paralelos.

Autores com trabalhos na área de robôs paralelos propõem diferentes formas

para classificá-los. MERLET (2006) apresenta uma classificação baseada no número

de graus de liberdade do sistema, enquanto KONG & GOSSELIN (2007) fazem uma

classificação baseada no tipo de mecanismos que os robôs paralelos apresentam. No

presente trabalho será adotada a classificação de MERLET (2006) como descrito a

seguir.

19

2.2.3.1 Manipuladores de 3 Graus de Liberdade.

Os manipuladores de três graus de liberdade estão subdivididos em três

grupos: manipuladores de translação, manipuladores de orientação e manipuladores

de graus de liberdade mistos.

O primeiro tipo de manipulador é usado na indústria em tarefas de pick-and-

place e em operações de máquina. O robô mais conhecido com três graus de

liberdade para translação é o robô Delta visto na Figura 18.

Figura 18 - Exemplo de manipulador paralelo 3 GDL de translação, FlexPicker IRB 340 (MERLET , 2006).

Já os manipuladores de orientação são capazes de realizar três rotações em

torno de um dado ponto apresentando uma alternativa aos pulsos utilizados nos robôs

seriais como efetuador. Um exemplo clássico é o pulso esférico de GOSSELIN et al.

(1990) onde três cadeias esféricas são utilizadas junto a atuadores de rotação com os

eixos convergentes ao centro da plataforma móvel conforme exibido na Figura 19.

Figura 19 - Exemplo de manipulador paralelo 3 GDL de rotação, pulso esférico de Gosselin (MERLET, 2006).

20

Os manipuladores mistos, por sua vez apresentam uma combinação dos três

graus de liberdade anteriores com translação ao longo do eixo vertical e rotação em

torno dos outros dois eixos mutuamente ortogonais. A Figura 20 ilustra um mecanismo

proposto por HUNT & LEE onde as juntas da base são de revolução enquanto as

juntas da plataforma móvel são juntas esféricas ligadas a atuadores prismáticos

possibilitando a alteração do comprimento dos links durante o processo.

Figura 20 - Exemplo de manipulador paralelo com 3 GDL misto usado em simuladores de carros (MERLET, 2006).

2.2.3.2 Manipuladores de 4 Graus de Liberdade.

Manipuladores capazes de realizar as três rotações e uma translação na

vertical. Segundo MERLET (2006) tal arquitetura não é teoricamente possível de ser

construída com os quatro links iguais a não ser que possua uma restrição mecânica

passiva, ou que os links tenham uma geometria específica ou ainda se os links forem

diferentes. Um exemplo para ilustrar tal mecanismo foi criado em 1975 por

Koevermans como simulador de vôo, onde uma restrição passiva garante não haver

translação que não no eixo vertical, pode ser visto na Figura 21.

21

Figura 21 - Exemplo de manipulador paralelo com 4 GDL usado como simulador de vôo (MERLET, 2006).

2.2.3.3 Manipuladores de 5 Graus de Liberdade.

Assim como no caso dos manipuladores com 4 GLD, robôs paralelos com 5

GDL também dependem de restrições passivas ou de uma geometria elaborada. São

estruturas interessantes para o ramo de máquinas ferramentas nas chamadas

"máquinas de 5 eixos", onde aparatos com 6 GDL não são totalmente necessários

uma vez que a rotação do fuso adiciona o grau de liberdade faltante. Exemplos de

robôs dessa classe com restrições passivas são apresentados na Figura 22.

Figura 22 - Exemplo de manipulador paralelo com 5 GDL (MERLET, 2006).

Nesses casos o elemento restritivo é interessante para a rigidez do sistema,

porém reduz a sua área de atuação devido à interferência do link. Como alternativa um

22

dos links atuados pode impedir a movimentação em um GDL da plataforma como

mostra o terceiro modelo da Figura 22.

2.2.3.4 Manipuladores de 6 Graus de Liberdade

Por fim, manipuladores com 6 graus de liberdade são capazes de se mover em

qualquer direção no espaço, efetuando translações e rotações em três direções

independentemente. Em termos de mobilidade, todos os mecanismos dessa classe

possuem a mesma característica, porém sua arquitetura de juntas determina algumas

particularidades. Por isso, a seguir serão apresentadas diferentes configurações e

suas distinções.

Seja P, U e S a abreviação de juntas prismática, universal e esférica

respectivamente, robôs tipo UPS tem seus links formados por uma junta universal,

uma junta prismática e finalmente uma junta esférica. São também conhecidos como

seis UPS, robô 6-6, hexápode. A Figura 23 ilustra um exemplo utilizado para simulador

de vôos. A plataforma móvel é conectada à base por seis cadeias cinemáticas

fechadas. O link é acoplado à base pela junta universal enquanto a parte superior é

conectada por juntas esféricas. O atuador prismático possibilita a mudança de

comprimento dos links durante a trajetória.

Figura 23 - Exemplo de manipulador paralelo com 6 GDL tipo UPS (MERLET, 2006).

Um detalhe interessante dessa arquitetura é que ela é muito menos suscetível

a questões de escala do que os manipuladores seriais. É a arquitetura mais popular e

já foi usada em diversos laboratórios e protótipos.

Vale mencionar que a direção de atuação das juntas prismáticas não é

importante e existem modelos, como o Hexaglide da Ecole Polytechnique Fédérale of

23

Zürich, em que a junta prismática se movimenta na horizontal. A Figura 24 exibe esse

modelo sendo utilizado como máquina ferramenta.

Figura 24 - Exemplo de manipulador paralelo com 6 GDL tipo PUS, Hexaglide (MERLET, 2006).

O robô tipo PUS, como o ilustrado na Figura 25 apresenta uma junta prismática

que atua na vertical conectada a um link de comprimento fixo por uma junta universal.

O outro extremo do link é acoplado a plataforma móvel por uma junta esférica. Essa

estrutura possui a vantagem de ter um centro de gravidade baixo, uma massa em

movimento leve e baixo risco de colisão entre os links se comparado com o modelo 6

UPS. O modelo exibido na Figura 25 é conhecido como INRIA, é utilizado na

confecção de lentes.

Figura 25 - Exemplo de manipulador paralelo com seis GDL tipo PUS, INRIA (MERLET, 2006).

24

Por fim, os robôs tipo RUS são baseados no modelo delta com três GDL. Esse

tipo de robô apresenta uma articulação de rotação seguida por uma junta universal e

finalmente uma junta esférica. A Figura 26 ilustra dois exemplos dessa arquitetura.

Figura 26 - Exemplos de manipulador paralelo com 6 GDL tipo RUS (MERLET, 2006).

Robôs de cadeias mistas são ainda citados por MERLET (2006). Essa

categoria engloba manipuladores existentes na literatura cujos princípios de atuação

não se encaixam em nenhuma das classificações antes feitas.

25

3 MANIPULADOR TIPO PLATAFORMA DE STEWART E

SUA MODELAGEM

Nesse capítulo será abordada a modelagem matemática e suas simplificações

para um manipulador do tipo plataforma Stewart. Primeiramente, será explorada sua

geometria, seguida por uma análise cinemática e finalmente um estudo sobre seu

comportamento dinâmico será apresentado de acordo com o objetivo proposto pela

dissertação.

3.1 PLATAFORMA STEWART

Apesar da estrutura a ser descrita ter sido primeiramente pensada por GOUGH

(1962), foi Stewart quem levou o crédito pela popularização do manipulador usado em

simuladores de vôos. O manipulador plataforma Stewart (MPS) é uma estrutura

cinemática paralela que pode ser usada para controlar ou gerar movimentos em seis

graus de liberdade. Tem aplicações em diferentes processos de manufatura e tarefas

de precisão.

O mecanismo consiste em uma placa estacionária (base), e uma placa móvel

(efetuador) que se conecta à base por seis elos. Cada elo é formado por um atuador

linear e duas juntas posicionadas nos extremos do atuador. Os mesmos são

organizados como um hexápode formando um octaedro. A Figura 27 ilustra o

mecanismo.

Figura 27 - Manipulador hexápode conhecido como plataforma Stewart

26

Cada um dos atuadores pode se movimentar de forma independente mudando

seu comprimento, mas para obter a pose desejada do efetuador é preciso uma

combinação dos comprimentos de todos os atuadores. Dessa forma se obtém a

transformação dos seis deslocamentos lineares em três movimentos de translação e

três movimentos de rotação da placa móvel. Devido à sua construção mecânica o

comprimento dos atuadores não pode ser mudado de forma totalmente independente

visto que poderia ocasionar danos nos próprios atuadores ou na estrutura mecânica

do manipulador (GONZALEZ, 2008).

3.1.1 Classificação do Manipulador Plataforma de Stewart

A plataforma de Stewart pode ter variações quanto à forma da placa móvel e

da base. Uma plataforma de Stewart é dita m-n, ou seja, existem m pontos articulados

na placa superior e n pontos articulados na base. A Figura 28 ilustra alguns exemplos.

Figura 28 - Diferentes tipos de MPS quanto à geometria (a)3-3 (b) 6-3 (c) 6-6 (LARA, 2008)

Quanto à escolha das articulações, o MPS pode ter diferentes configurações

entre elas 6-UPS e 6-SPS, onde cada nome é dado pelas siglas das juntas em inglês:

U (universal), P (prismatic) e S (spherical).

A plataforma selecionada como objeto de estudo dessa tese é simétrica e

classificada como 6-6 UPS, com ambas as placas hexagonais, semelhante à

apresentada na Figura 27. A escolha das articulações foi feita baseada nos graus de

liberdades do sistema. O número de GDL de um mecanismo, também conhecido como

mobilidade, é o número de parâmetros independentes necessários para especificar

completamente a sua configuração no plano ou no espaço. Segundo o critério de

Grübler (TSAI, 1999) a mobilidade de um sistema é dada pela equação (1).

1

( 1)j

GDL i f

i

n n j g I ( 1 )

27

Onde,

nGDL = Número de graus de liberdade do sistema;

λ = Graus de liberdade do espaço onde o mecanismo está

(λ=3 para o caso planar e λ=6 para o caso espacial);

n = Número de elos fixos do mecanismo incluindo a base e a parte móvel;

j = Número de juntas no mecanismo;

gi = Graus do movimento relativo por junta;

If = Número de graus de liberdade passivos do mecanismo.

Para o MPS com cadeias cinemáticas UPS, tem-se λ=6; n=14 (os dois

extremos das seis pernas, a plataforma móvel e a base), j1=6 dos atuadores lineares;

j2=6 das articulações universais de 2 graus de liberdade; j3=6 das articulações

esféricas de 3 graus de liberdade; logo j=18; If=0, pois não há grau de liberdade

passivo pela configuração cinemática. Substituindo os valores em (1):

6(14 18 1) (6 1 6 2 6 3) 0 6GDLn

No modelo SPS a plataforma móvel também possui seis graus de liberdade,

porém cada link pode ainda girar em torno de seu próprio eixo.

3.1.2 Geometria do Problema

Para os cálculos subseqüentes serão utilizados dois sistemas de coordenadas:

o primeiro denominado “inercial” localizado no centróide da placa fixa, e o segundo

chamado “local” centrado na placa móvel. Os sistemas são representados

respectivamente por (B) e (A) na Figura 29.

Figura 29 - Esquemático do MPS (GONZALEZ, 2008)

28

Os seis GDL do efetuador podem então ser matematicamente descritos. Os

três GDL relacionados com o deslocamento linear consistem no longitudinal, lateral e

vertical. Enquanto a movimentação angular é expressa pelos ângulos de Kardan com

respeito aos eixos x, y e z.

A base e a placa móvel do manipulador são polígonos hexagonais inscritos em

circunferências com raio Rb e Ra respectivamente. Os parâmetros que definem a

geometria do sistema são apresentados na Tabela 2. Na Figura 30, a visão superior

do sistema em suas condições iniciais permite a apresentação gráfica do modelo

geométrico do manipulador.

Figura 30 - Geometria da plataforma Stewart.

Onde,

Tabela 2 - Parâmetros da geometria selecionada

Símbolo Parâmetro

RA Raio da Placa móvel

θA Ângulo entre vértices da placa móvel

RB Raio da base

θB Ângulo entre vértices da base

Seja ia o vetor que descreve a posição da junta i do efetuador em respeito ao

referencial local (A) nas condições iniciais e é descrito pela equação (2).

29

cos( )

sin( )

0

A i xi

i A i yi

zi

R a

a R a

a

( 2 )

1

, 1,3,53

, 2,4,6

i A

i i A

ii

i

Para a base, ib descreve a posição da junta i da plataforma em respeito ao

referencial inercial (B) e é expresso em (3).

cos( )

sin( )

0

B i xi

i B i yi

zi

R b

b R b

b

( 3 )

1

, 1,3,53

, 2,4,6

i B

i i B

ii

i

Para a plataforma em estudo foi utilizado o dimensionamento proposto por

GONZALEZ (2008) a fim de replicar alguns resultados por eles obtidos nos capítulos

que seguem. A Tabela 3 apresenta grandezas antes discutidas para a caracterização

do manipulador.

Tabela 3 - Características do MPS.

RA 1 m RB 3 m

θA 3 / 5 rad θB / 20 rad

Lmin 0.55 m Lmax 0.95 m

3.2 ANÁLISE CINEMÀTICA

A cinemática trata dos aspectos geométricos e temporais relativos aos

movimentos do sistema, sem levar em consideração torques ou forças envolvidas no

processo. Nesta seção será feita uma análise da cinemática da plataforma paralela,

seu espaço de trabalho e as singularidades do problema. Tendo em vista que o

objetivo final da dissertação é simular o comportamento de navios em um

30

procedimento de transferência de carga fora de porto, será dada ênfase ao problema

inverso.

3.2.1 Cinemática Inversa

Quando se trata de controle de um robô geralmente são indicados pontos no

espaço para onde seu efetuador deve ir. Nesse caso, é conhecida a pose do

efetuador, ou seja, sua posição e orientação frente a um referencial inercial, e deseja-

se calcular uma configuração que a satisfaça. A cinemática inversa calcula a posição

de cada um dos atuadores que atende a essa condição. Essa abordagem é muito

utilizada em geração de trajetórias e aplicações de controle. Na literatura, autores

como MERLET (2004), LIU et al (1993), entre outros abordam esse tema para MPS.

Durante o trajeto a placa móvel apresenta rotações nos eixos , ,A A Ax y z em

relação ao sistema coordenado fixo (B). Determinadas pelos ângulos de Kardan

, , . Cada rotação é representada pela matriz (4), (5) e (6) respectivamente.

1 0 0

( , ) 0 cos sin ;

0 sin cos

x ( 4 )

cos 0 sin

( , ) 0 1 0 ;

sin 0 cos

y ( 5 )

cos sin 0

( , ) sin cos 0 ;

0 0 1

z ( 6 )

A matriz de orientação da placa móvel em relação ao sistema coordenado fixo

(B) é calculada multiplicando as matrizes de rotação na ordem mostrada na equação

(7):

( , ). ( , ). ( , )B

A z y x ( 7 )

Obtêm o seguinte resultado:

31

B

A

c c c s s c s c c s s s

c s c c s s s c s c s s

s c s c c

( 8 )

onde cos( )c e sin( )s .

Assumindo [ ]T

x y zp p p p como o vetor translação entre a base fixa e o

efetuador e analisando a Figura 31, pode-se descrever o vetor iS , que caracteriza o i-

ésimo atuador, como uma soma de vetores segundo a equação (9).

B

i A i iS a p b ( 9 )

Figura 31 - Esquemático dos vetores para cinemática inversa.

Como a grandeza de interesse nesse caso é o comprimento do atuador i , iL , e

sua direção is , basta calcular a distância euclidiana entre os vetores:

( , )B

i i A i iL S D a p b,

/i i is S L

2 2 2 2

11 12 21 22 31 32[( ) ] [( ) ] [( ) ]i xi yi xi xi yi yi xi yiL a r a r x b a r a r y b a r a r z ( 10 )

onde nmr é a componente da n-ésima linha e m-ésima coluna da matriz

B

A expressa

em (8). Desenvolvendo (10) tem-se:

32

2 2 2 2 2 2 2 2 2

11 12 21 22 31 32

11 12 21 22 31 32

( ) ( ) ( )

2( )( ) 2( )( ) 2( )

2( )

i xi yi xi yi xi yi xi yi

xi yi xi xi yi yi xi yi

xi yi

L x y z b b a r a r a r a r a r a r

a r a r x b a r a r y b a r a r z

xb yb

( 11 )

Substituindo (2), (3) e (8) em (11) e simplificando:

2 2 2 2 2 2

11 12 21 22

31 32

2( )( ) 2( )( )

2( ) 2( )

i b a xi yi xi xi yi yi

xi yi xi yi

L x y z R R a r a r x b a r a r y b

a r a r z xb yb ( 12 )

De posse da equação (12), dada uma determinada trajetória é possível calcular

o comprimento exigido de cada atuador em cada instante do trajeto. A equação (12) é

escrita seis vezes, uma para cada atuador, descrevendo assim o movimento da placa

móvel relativo à base fixa. Os valores negativos para o comprimento do atuador não

são fisicamente possíveis e quando a solução do problema é um número complexo a

localização da plataforma móvel não é atingível (LARA, 2008).

Com base nesses resultados foi implementado em WOLFRAM MATHEMATICA

7.0® um algoritmo para calcular o comprimento de cada atuador dada a pose do

efetuador. A representação é exibida graficamente. O programa encontra-se no Anexo

A.

Para uma plataforma com as características exibidas na tabela 3 e as

seguintes condições de posicionamento: 0.2 ; 0.2 ; 0.6x m y m z m ;

/ 4 ; / 6 ; /10rad rad rad . Na Figura 32 é apresentada um

desenho esquemático da configuração escolhida.

Figura 32 - Representação gráfica da cinemática inversa em WOLFRAM MATHEMATICA 7.0®.

33

3.2.2 Cinemática Direta

Ao contrário da cinemática inversa antes apresentada, a cinemática direta de

um manipulador paralelo não apresenta uma solução única. Os cálculos para

determinação da posição e orientação da placa móvel baseados no comprimento dos

atuadores são complexos e envolvem solução de um sistema com equações não

lineares. Apesar do método de Newton-Raphson ser amplamente usado para esse

problema, o mesmo possui um custo computacional elevado por suas repetitivas

iterações até que a solução convirja e ainda pode resultar em um loop infinito

dependendo da escolha dos valores iniciais. Isso é um impeditivo quando se trata de

solução em tempo real. GONZALEZ (2008) imerge nesse problema e relata as suas

dificuldades. Como esta dissertação tem como objetivo o controle de trajetória de um

MPS, a cinemática direta não será discutida com detalhes, e sua forma geral pode ser

expressa manipulando a equação (12) segundo a equação (13).

2 2 2 2 2

11 12 21 22

2

31 32

( , , , , , )

2( )( ) 2( )( )

2( ) 2( ) 0

b a

xi yi xi xi yi yi

xi yi xi yi i

f x y z x y z r r

a r a r x b a r a r y b

a r a r z xb yb L

( 13 )

onde ( 1,2,...6)i .

Vale ainda mencionar poucos dos vários trabalhos publicados nesta área. LIU

et al. (1993) propôs um algoritmo numérico que apresenta um sistema simultâneo de

três equações não lineares para simplificar a cinemática direta da plataforma Stewart

de seis GDL. NANUA et al. (1998) idealiza um estudo baseado em uma formulação

vetorial obtendo aproximadamente 30 equações, com um alto custo computacional.

JAKOBOVIC (2001), por sua vez, faz uma análise detalhada de convergência,

exatidão e velocidade de algoritmos de otimização para solução do problema. Para

finalizar, SADJADIAN et al. (2005) aplica um método baseado em redes neurais para

solucionar o problema da cinemática direta para um manipulador paralelo redundante.

3.2.3 Volume de Trabalho

A movimentação de um manipulador paralelo pode ser limitada por diversos

fatores, entre eles pode-se citar limitação mecânica de juntas passivas, colisão entre

elementos do robô, limitação física do curso do atuado,r entre outros. Para uma dada

aplicação é importante ter ciência do volume de trabalho na etapa de projeto,

34

assegurando que o mecanismo atende as necessidades do problema. Comparados

com os manipuladores seriais, o volume de trabalho de robôs paralelos são mais

limitados e sua determinação não é trivial devido à complexidade do mecanismo de

cadeias cinemáticas fechadas.

WOO et al. (1998) em sua proposta de um sistema de cinco barras para

sensação de força experimentada pelo usuário em um sistema mestre escravo, faz um

estudo do volume de trabalho para diferentes modelos de manipuladores paralelos,

incluindo a plataforma de Stewart, um sistema baseado em mecanismos pantográficos

e um modelo 3 PRPS.

Dentre os mais usuais volumes de trabalho indicados por MERLET (2000) foi

implementado o volume de trabalho de orientação constante, ou translacional. São

determinados todos os pontos possíveis do espaço cartesiano que podem ser

alcançados pelo centróide do efetuador , ,A A Ax y z com uma dada orientação. Para

tanto, foi utilizado o método de discretização no qual o espaço de trabalho é

preenchido por uma malha regular, cartesiana ou polar. Cada nó é então testado para

averiguar se o mesmo faz parte do volume de trabalho. Para uma plataforma com as

características conferidas na Tabela 3 foi encontrado o resultado exibido na Figura 33.

Figura 33 - MPS e seu volume de trabalho em vista superior e frontal.

Essa análise nos permite avaliar apenas em parte a abrangência do volume de

trabalho do MPS. Apesar da movimentação de um navio incluir rotação nos três eixos,

o volume de trabalho com orientação variável não será abordada aqui devido a sua

complexidade. Suas limitações serão abordadas em experimentos mais adiante, no

capítulo destinado ao simulador virtual.

35

3.2.4 Singularidades

O estudo da cinemática de um sistema mecânico leva inevitavelmente ao

problema de configurações singulares, que assim como o volume de trabalho, é um

fator limitante em seu desempenho. Essas configurações são definidas como aquelas

nas quais a matriz jacobiana i.e, a matriz que relaciona as velocidades de entrada com

as velocidades de saída do sistema, tem determinante nulo.

As singularidades podem representar configurações nas quais a mobilidade da

estrutura é reduzida, ou quando infinitas soluções são possíveis. Na proximidade de

configurações singulares, pequenos deslocamentos podem acarretar em uma

instabilidade do grupo, por isso devem ser evitadas.

Seja X x y z o vetor que contem a pose do efetuador e

1 2 3 4 5 6L L L L L L L o vetor que contem o comprimento de cada um dos

seis atuadores, então existe uma função F tal que:

( , ) 0F X L ( 14 )

F é uma função de dimensão seis e 0 um vetor 6x1 nulo. Diferenciando (14)

com relação ao tempo encontra-se a relação entre as velocidade de entrada e saída

do sistema segundo (15).

0X L ( 15 )

onde F

X e

F

L. M e N são ambas matrizes 6x6 e dependem de X e L , i.e,

( , )X L e ( , )X L . Como dito anteriormente, as singularidades ocorrem

em configurações onde ou M ou posseum deteminantes nulos. Segundo

GOSSELIN & ANGELES (1990) em um sistema de cadeia cinemática fechada cada

caso representa um significado físico:

• ( ) 0Det N - significa que existe um vetor velocidade de juntas L

não nulo para o

qual a plataforma móvel não se movimenta. Pode ser interpretada como uma perda da

mobilidade da estrutura, já que nessas configurações limites o efetuador não possui

mais todos os seus graus de liberdade. Geralmente ocorrem quando o manipulador

está em uma configuração na fronteira do seu volume de trabalho. SICILIANO (2009)

36

defende que esse tipo de singularidade não representa um verdadeiro fator limitante

do robô já que pode ser evitada impedindo que o manipulador alcance a fronteira do

seu volume de trabalho.

• ( ) 0Det M - significa que existe um vetor velocidade do efetuador X não nulo para

o qual a velocidade das juntas atuadas é nula. Mais clara nos manipuladores seriais,

esse tipo de singularidade adiciona graus de liberdade ao sistema possibilitando

movimentação do efetuador ainda que os atuadores não estejam operando. Isso

acarreta que pequenas perturbações possam gerar grandes mudanças no seu

posicionamento. Diferentemente da anterior, esse tipo de singularidade constitui um

sério problema no controle de trajetória já que pode estar em qualquer lugar do espaço

de trabalho, sendo mais difícil de evitá-la.

• ( ) 0Det N & ( ) 0Det M - essa terceira classificação provem de uma análise

ligeiramente diferente das duas anteriores, já que solicita parâmetros geométricos do

sistema.

Dito isso, seja is o vetor unitário na direção do i-ésimo atuador, i o vetor que

representa a velocidade angular do atuador, 1 2 3 4 5 6

T

L L L L L L L

o vetor

que representa o módulo das velocidades lineares dos atuadores na direção is , X o

vetor formado pela velocidade linear x y zp p p p e a taxa de variação angular

da placa móvel. No caso estudado nesta dissertação, derivando (9)

obtêm-se a relação entre as velocidades das juntas ativas com a velocidade linear e

angular da placa móvel segundo a equação (16).

( 1,2,...6)i i i i i iL s L s p q i ( 16 )

Onde .B

i A iq a .

Efetuando o produto escalar de ambos os lado da expressão pelo vetor unitário

is , o termo referente à velocidade angular de cada cilindro é eliminado segundo

mostra a equação (17).

37

. .[( ) ]i i i iL p s q s ( 17 )

De (17) conclui-se que:

1 1 1 1 1 1

6 6 6 6 6

0

0 6

L s q L s L

L s q L s L

( 18 )

Com o resultado exposto em (18) pode-se fazer as seguintes colocações:

• Como N é uma matriz diagonal, seu determinante só será nulo se ao menos um dos

atuadores tiver comprimento zero. Nesse caso, a direção dessa junta prismática é

indefinida, e por isso gera uma singularidade. Porém em manipuladores reais, seus

atuadores tem curso limitado maxL e

minL , e min 0L . Nesse caso, o primeiro tipo de

singularidade ocorre quando um ou mais de seus atuadores alcança um de seus

limites de curso, sendo ele máximo ou mínimo, o que corresponde a um ponto na

superfície do volume de trabalho do robô. Como ao menos um dos atuadores não

pode movimentar-se mais em uma certa direção, uma combinação de forças e

momentos aplicados ao efetuador pode não afetar os atuadores.

• A análise das singularidades provenientes de ( ) 0Det M é mais complicada pois

exige que se encontre as condições nas quais a matriz M é singular. MERLET (2008)

faz uma análise geométrica do problema baseado na teoria de Grassmann e conclui

que as singularidades são presentes nos seguintes casos:

o Os links do robô pertencem ao mesmo plano;

o Ao menos dois links são paralelos;

• Apesar de não se aplicar ao manipulador escolhido para esse estudo, vale mencionar

que o terceiro tipo de singularidade pode ocorrer quando as seguintes condições

geométricas são atendidas:

A B A BR R e ( 19 )

38

Com essa geometria, quando todos os atuadores possuírem o mesmo comprimento

assumirão uma configuração paralela permitindo que a plataforma móvel experimente

movimentos translacionais limitados ainda que os atuadores estejam parados.

3.3 DINÂMICA

Enquanto a cinemática descreve o movimento puro e simples do corpo, a

dinâmica explica esse movimento em função das forças e torques envolvidos no

processo. Pelas leis de Newton e Euler, as acelerações de um corpo estão

diretamente relacionadas com as forças e torques aplicados a ele. Sendo assim o

modelo dinâmico de um robô é essencial para avaliar as informações sobre os

esforços que o sistema exige ao executar uma dada trajetória. Junto a isso, a

modelagem dinâmica é particularmente importante no controle de um manipulador

paralelo já que essa arquitetura é preferida em aplicações nas quais exatidão em

posicionamento e boa performance dinâmica são requeridas.

Na literatura as pesquisas sobre dinâmica de um manipulador paralelo ainda

não se esgotaram. Apesar das já existentes formulações matemáticas, os resultados

apresentados são escassos em comparação com a vasta literatura sobre cinemática.

Dentro desse contexto, diferentes métodos têm sido aplicados para a obtenção do

modelo dinâmico do MPS, entre eles: método de Newton Euler, a formulação de

Lagrange e o princípio do trabalho virtual.

Novamente, o estudo do problema inverso é o mais apropriado para conhecer

as forças e torques experimentados pelos atuadores do manipulador durante uma

trajetória escolhida.

3.3.1 Dinâmica Inversa

Com base nos trabalhos de DASGUPTA & MRUTHYUNJAYA (2000), LEE et

al. (2003) e GONLAZEZ (2008), onde se apresentam análises da dinâmica inversa de

um manipulador paralelo pelo método de Newton Euler, a presente dissertação

desenvolve o estudo dinâmico do MPS dividido em três etapas: a primeira focada na

dinâmica dos atuadores onde o problema é decomposto em seis cadeias abertas e

são calculadas as forças de reação em cada link, a segunda dá destaque a dinâmica

da placa móvel para encontrar a totalidade das forças que atuam no sistema de malha

fechada, na terceira etapa são expostas simulações segundo os resultados obtidos.

39

Para o estudo da dinâmica inversa do MPS foram feitas algumas

considerações expostas a seguir:

- o mecanismo em estudo possui uma junta universal na base e uma junta esférica na

plataforma móvel, conectando as duas partes por meio de uma junta prismática;

- apesar do modelo escolhido para essa dissertação ter característica simétrica, o

modelo dinâmico pode ser utilizado para qualquer geometria de interesse, ressaltando

que esse estudo não utiliza nenhum pré-requisito nesse sentido;

- a formulação incorpora todas as forças dinâmicas (inércia, centrípeta, coriolis),

gravitacional e externas e inclui uma aproximação do atrito viscoso presente nas

juntas;

- é aceito que os links são rígidos e não há deformação durante o processo. Forças de

atrito de Coulomb não são consideradas nas juntas, assim como a inércia da junta

universal.

3.3.1.1 Análise dinâmica dos atuadores

Esta seção descreve o estudo dinâmico de um atuador em cadeia aberta e

mostra a contribuição de cada link atuando na plataforma em termos de uma única

incógnita. Todos os resultados aqui encontrados pertencem a um atuador genérico e

pode ser aplicado a qualquer um dos seis atuadores presentes no manipulador.

O atuador linear elétrico é composto por uma parte fixa presa a base do MPS,

chamada de haste, e uma parte móvel presa ao efetuador, denominada camisa do

atuador. Quando acionada por um motor elétrico a camisa promove a movimentação

do efetuador. O esquemático pode ser visto na Figura 34.

Figura 34 - Esquemático do atuador linear elétrico (GONZALEZ, 2008).

40

O ponto ia , comum a parte superior do atuador e ao efetuador, tem sua

velocidade iS dada pela derivada temporal do vetor do i-ésimo link iS , descrito

anteriormente na equação (9). iS é descrita em termos da velocidade de translação p

e da velocidade angular da placa móvel segundo a equação (20). Pode também

ser representada em termos da velocidade de translação iL e angular

i do atuador

como mostra a equação (21).

i iS q p ( 20 )

i i i i i iS L s L s ( 21 )

A magnitude da velocidade na direção is do link, descreve a velocidade de

escorregamento entre as partes fixa e móvel do atuador. Representada por iL é dada

pela equação (22).

.i i iL s S ( 22 )

Aplicando o produto vetorial em ambos os lados da expressão (21) com o vetor

unitário is , utilizando a propriedade algébrica ( ) ( . ) ( . )a b c a c b a b c e assumindo

que não há rotação no eixo do link ( . 0i is ) a velocidade angular do link é expressa

pela equação (23).

/i i i is S L ( 23 )

A aceleração do ponto de conexão atuador-efetuador ia é a derivada temporal

da velocidade iS . Pode ser expressa em termos da aceleração de translação p e a

aceleração angular da placa móvel segundo (24), ou em relação às grandezas do

próprio atuador, como mostra a equação (25).

( )i i iS q q p ( 24 )

( ) 2i i i i i i i i i i i i iS L s L s L s A L s ( 25 )

41

Reescrevendo e simplificando (25) utilizando novamente a propriedade

( ) ( . ) ( . )a b c a c b a b c e sabendo que não há rotação do eixo do atuador, ou seja

. 0i is , encontra-se (26). A magnitude da componente da aceleração na direção do

atuador é dada pela equação (27).

[ . ] 2i i i i i i i i i i i iS L L s L s A L s ( 26 )

. .i i i i i iL s S L ( 27 )

Substituindo (27) em (26) e fazendo o produto vetorial por is encontra-se a

aceleração angular do ponto de conexão, segundo a equação (28).

( 2 ) /i i i i i iA s S L L ( 28 )

Seja 1

r e 2r a localização do centro de gravidade da haste e da camisa

respectivamente no referencial local (U') girado na direção do atuador e localizado na

base do mesmo é preciso transformar essas grandezas para o referencial (U) paralelo

ao referencial inercial (B), mas ainda localizado na base do atuador. Segundo o

trabalho de GONLAZEZ (2008), para tanto é preciso fazer uma transformação linear

como mostra a Figura 35.

Figura 35 - Transformação de sistema de coordenadas (GONZALEZ, 2008).

42

A matriz de rotação do i-ésimo atuador em relação ao sistema coordenado (U)

pode ser calculada segundo as equações (29), (30) e (31).

' ( , ). ( ', )u

u i i iz x ( 29 )

1tan ix ixi

iy iy

a b

a b ( 30 )

1cos izi

i

a

L ( 31 )

Assim,

1 ' 1.u

i u ir r ( 32 )

2 ' 2.( )u

i u i ir L r ( 33 )

O mesmo pode ser observado quanto ao momento de inércia das componentes

do atuador:

1 ' 1 '. .u u T

i u i u iI I ( 34 )

2

2 ' 2 2 '.[ (0,1,1)]u u T

i u i i u iI I m L diag ( 35 )

Dito isso, o cálculo da velocidade do centro de massa da haste e da camisa do

cilindro é apresentado pelas equações (36) e (37):

1 1( )i i ir r ( 36 )

2 2( )i i i i ir r L s ( 37 )

Derivando as equações (36) e (37), encontram-se as acelerações das partes

do atuador, conforme as equações (38) e (39).

1 1 1( )i i i i i ir A r r ( 38 )

2 2 2 1( ) 2i i i i i i i i i ir L s A r r L s ( 39 )

43

Com as velocidades e acelerações antes definidas é possível então descrever

a equação dinâmica de cada atuador. Segundo DASGUPTA & MRUTHYUNJAYA

(1998), as equações de movimento de cada link totalizam doze equações: três de

força e três de momento para parte fixa e para parte móvel do atuador, e treze

incógnitas: três forças e três momentos na junta prismática, três forças e um momento

na junta universal, além de três forças na junta esférica, ilustradas na Figura 36.

Considerando o momento total atuando na haste do atuador pela equação de

Euler encontra-se a expressão (40).

1 1 1 1 1 1 1 1 0i i i i i i i i ui i i pi pi im r r m r g I A I s r F M k ( 40 )

onde, ui representa a magnitude do momento na junta universal atuando no eixo do

atuador, piF o vetor força na junta prismática exercida pela haste na camisa do

atuador linear no ponto ir , piM é o vetor momento na junta prismática atuando na

parte superior do atuador, e o último termo da equação representa o momento

resultante do atrito viscoso na junta universal onde,

1i u ik ( 41 )

Figura 36 - Forças estáticas atuantes no atruador.

44

O mesmo se aplica para a camisa do atuador segundo a expressão (42).

2 2 2 2 2 2 2 2 0i i i i i i i i i si i pi pi im r r m r g I A I S F r F M k ( 42 )

Onde,

2 ( )i s ik ( 43 )

é o momento resultante do atrito viscoso da junta esférica e siF é a força da junta

esférica atuando no i-ésimo link.

Somando as equações (40) e (42) obtém-se a equação do atuador completo

conforme a equação (44).

1 1 1 2 2 2 1 2 1 2 1 2

1 2

( ) ( )

( ) 0

i i i i i i i i i

i i i i ui i i si i

m r r m r r m r m r g I I A

I I s S F k ( 44 )

Onde, 1 2i i ik k k . Reescrevendo (44):

ui i i si is S F C ( 45 )

Onde,

1 1 1 2 2 2 1 2 1 2

1 2 1 2

( )

( ) ( )

i i i i i i i

i i i i i i i i

C m r r m r r m r m r g

I I A I I k ( 46 )

A incógnita ui pode ser eliminada de (45) efetuando o produto vetorial dos

dois lados da equação por is , segundo as expressões (47) e (48).

i ui i i i si i is s s S F s C ( 47 )

[( . ) ]i i si i si i iL s F s F s C ( 48 )

Assim,

45

i isi i i

i

C sF f s

L ( 49 )

Onde,

.i i sif s F ( 50 )

é a componente da força na junta esférica na direção do link is . A equação (49)

expressa a força siF de cada atuador em termos de uma única incógnita if .

Por fim, considerando a parte móvel do atuador, a equação de Newton é

apresentada em (51).

2 2 2 0i pi si p i im g m r F F L s ( 51 )

onde o último termo modela a resistência viscosa presente na junta prismática. Como

a grandeza de interesse é a força exercida na junta prismática na direção axial, ao

efetuar o produto escalar da equação (51) por is obtém-se:

2 2. .( ) .i pi i i p i i sis F m s r g L s F ( 52 )

Assumindo,

2 2.( )i i i p iD m s r g L ( 53 )

.i i piF s F

( 54 )

pode-se reescrever (52) como

i i iF D f ( 55 )

A equação (55) denota a força do i-ésimo atuador em termos da variável de

força desconhecida if . De acordo com DASGUPTA & MRUTHYUNJAYA (1998b) para

o cálculo da força de interesse não há necessidade de considerar a equação de

Newton da haste do atuador a não ser pela força e momento de reação da junta

universal.

46

Feito isso, na próxima seção serão analisadas as forças e momentos atuantes

no efetuador do manipulador.

3.3.1.2 Análise dinâmica da placa móvel

Na seção anterior a força de reação da junta esférica siF foi expressa como

função da variável desconhecida if . Nessa seção, as equações de movimento da

placa móvel são expressas como seis equações lineares em termos das mesmas seis

incógnitas.

Seja AO o vetor posição do centro de gravidade da plataforma no sistema

coordenado local (A) quando a mesma inclui um carregamento. O vetor pode ser

expresso no sistema coordenado inercial (B) pela expressão (56)

B

B A AO O ( 56 )

Nesse caso a aceleração do centro de gravidade é expressa em (57) como

( )B B Ba O O p ( 57 )

O momento de inércia da plataforma, incluindo o carregamento, é também

expresso no referencia inercial em (58).

B B T

B A A AI I ( 58 )

Assumindo que possíveis forças e momentos externos atuam na plataforma

móvel, esses são representados por extF e extM no referencial local. Como

anteriormente esses vetores devem ser transformados para o referencial inercial pela

matriz de transformação B

A . Assim, a equação de Newton para plataforma móvel é

descrita pela equação (59).

6

1

0B

B A ext si

i

Ma Mg F F

( 59 )

47

Substituindo siF pela expressão de (49), tem-se:

6 6

1 1

( ) B i iB A ext i i

i ii

C sM g a F f s

L ( 60 )

Quanto à equação de Euler, os momentos foram calculados para o centróide

da plataforma móvel segundo a expressão (61).

6 6

1 1

( ) ( ) [ ] 0B

B B B B B A ext i si i

i i

M O a M O g I I M q F k ( 61 )

Mais uma vez, substituindo siF da equação (49), tem-se

6 6

1 1

( ( )) [ ] [ ]B i iB B B B A ext i i i i i

i ii

C sM O g a I I M q k f q s

L ( 62 )

As equações (61) e (62) tem como resultado seis equações cada em função de

seis incógnitas 1 2, 6, ...,f f f . Combinando as duas expressões, a equação completa é

dada por (63).

61

11 2 6 2

61 1 2 2 6 6

16

( )...

...( ( )) [ ]

B i iB A ext

i i

B i iB B B B A ext i i

i i

f C sM g a F

Ls s s f

q s q s q s C sM O g a I I M q k

Lf

( 63 )

Assumindo,

1

1 2 6 2

1 1 2 2 6 6

6

6

1

6

1

...,

...

( )

( ( )) [ ]

B i iB A ext

i i

B i iB B B B A ext i i

i i

f

s s s fJ f

q s q s q s

f

C sM g a F

Lc

C sM O g a I I M q k

L

( 64 )

A expressão (63) pode ser reescrita como:

48

Jf c

( 65 )

O sistema linear (65) pode ser resolvido para f , e as forças exigidas como

entrada de cada atuador podem ser então calculadas pela equação expressa em (54).

F D f ( 66 )

onde 1 2 3 4 5 6F F F F F F F e

1 2 3 4 5 6D D D D D D D .

Vale observar que a matriz J é a transposta da matriz Jacobiana M discutida

na seção 3.2.4 sobre singularidades. Quando a matriz J é singular significa que na

dada configuração a força exercida pelos atuadores não é suficiente para suportar a

carga aplicada à plataforma. Como conseqüência há um ganho de um grau de

liberdade na plataforma.

De acordo com DASGUPTA & MRUTHYUNJAYA (1998a, 1998b), para o

controle de trajetória do manipulador paralelo basta determinar a força F exercida

pelos atuadores durante o processo segundo a equação (66). Porém, para

especificação do projeto mecânico as forças de restrição exercidas em cada junta

também são de interesse. Apesar de não fazer parte do escopo dessa dissertação,

nesse caso, após o cálculo de f as equações de cada link são desacopladas e cada

força pode então ser calculada separadamente.

3.3.2 Simulação Dinâmica Inversa da Plataforma Stewart

Nesta seção serão apresentadas simulações realizadas em MatLab© da

dinâmica de um MPS em diferentes cenários. Para tanto é necessário determinar as

características da plataforma em estudo. A geometria escolhida para a plataforma é

descrita na tabela 3. A fim de comparar os resultados obtidos com simulações

previamente estudadas na literatura, optou-se por utilizar as mesmas grandezas

utilizadas no trabalho de GONLAZEZ (2008) para as características da plataforma

segundo indicado na Tabela 4.

Foram realizadas três simulações: a primeira com movimento apenas

translacional na direção Z semelhante a realizada na dissertação de GONLAZEZ

(2008), com a finalidade de validar o modelo descrito na seção anterior. A segunda

49

com movimento translacional e de rotação ambos na direção Z do efetuador e o

terceiro com movimentação nos seis graus de liberdade do sistema. A rotina

implementada pode ser conferida no Anexo B. Em todas as seguintes simulações não

foram considerados atritos, esforços externos nem carregamento sobre a plataforma

móvel.

Tabela 4 - Características do MPS em estudo.

Grandeza Unidade Valores

M [ Kg ] 100

AI [ Kg/m2 ]

3,023 0 0

0 6,046 0

0 0 3,023

1m [ Kg ] 3,59827

1I [ Kg/m2 ]

0,05945 -0,00724 0,00007

-0,00724 0,00673 -0,00006

0,00007 -0,00006 0,06404

2m [ Kg ] 0,41127

2I [ Kg/m2 ]

0,0068 0 0

0 0,00003 0

0 0 0,0068

3.3.2.1 Simulação 1

A primeira simulação tem como objetivo validar o modelo dinâmico descrito na

seção anterior. Foram escolhidos como referência os resultados obtidos por

GONLAZEZ (2008) que estuda a modelagem dinâmica de um MPS pelo mesmo

método, porém sob uma diretriz diferente. Foi proposta uma simulação com trajetória

vertical como apresentado na Figura 37, onde se apresenta um movimento de

elevação da placa móvel seguido por um movimento de descida até o ponto inicial. O

início e o fim da trajetória coincidem no ponto 0 , 0 , 0,4x m y m z m . Não há

movimentação translacional em outra direção que não a vertical. Também não são

consideradas rotações na placa móvel.

50

Figura 37 - Sugestão de trajetória para simulação 1 (GONZALEZ, 2008).

As informações de deslocamento, ângulos de rotação, velocidade e aceleração

linear e angular podem ser observadas nos gráficos a seguir:

Figura 38 - Deslocamento e rotação do centóride da plataforma móvel durante trajetória da simulação 1.

51

Figura 39 - Velocidade e aceleração do centróide da placa móvel durante trajetória da simulação 1.

Utilizando os mesmos parâmetros geométricos da plataforma de GONZALEZ

(2008) e ignorando o atrito viscoso das juntas, os valores de força encontrados para

cada um dos seis atuadores foram iguais, dado a simetria da plataforma e do

movimento.

Comparando com os resultados do autor, os valores encontrados são muito

semelhantes. Apesar de uma pequena discordância, as curvas apresentam o mesmo

comportamento e a mesma ordem de grandeza como pode ser examinado na Figura

40. Sendo assim o resultado alcançado é considerado validado.

Figura 40 - Forças nos atuadores para trajetória vertical: simulação 1 (a) Resultados obtidos (b) Resultados de GONZALEZ (2008).

52

O erro máximo encontrado entre os modelos foi de 2% do valor da força no

instante t=6 seg. A diferença pode ser atribuída ao fato de GONZALEZ (2008) calcular

as componentes x, y, z das forças do atuador e a magnitude da força resultante como

soma vetorial dessas componentes podendo gerar pequenas diferenças atribuídas ao

método de truncamento do MatLab.

3.3.2.2 Simulação 2

A segunda simulação tem como objetivo aproximar o movimento da plataforma

do movimento de um navio em condições de mar específicas. Uma discussão mais

detalhada sobre esse tópico será apresentada no próximo capítulo. Matematicamente

a trajetória escolhida tem características periódicas com deslocamento vertical e

pequenas rotações em torno do eixo de comprimento do navio. A Figura 41 ilustra a

escolha feita.

Figura 41 - Deslocamento, velocidade e aceleração do centróide da placa móvel durante trajetória da simulação 2.

53

O resultado encontrado pode ser observado na Figura 42.N. Forças com

magnitude de 290N foram alcançadas. Nesse caso observa-se que pela não simetria

do movimento as forças dos atuadores não são iguais em um dado instante de tempo.

Figura 42 - Forças nos atuadores para trajetória vertical com rotação em x na simulação 2.

3.3.2.3 Simulação 3

Por último, foi sugerida uma simulação que abrangesse todos os graus de

liberdade do sistema. Podendo representar uma condição de mar mais próxima do

real, apesar das frequências e amplitudes terem sido escolhidas sem base teórica na

movimentação de navios. A Figura 43 ilustra a escolha feita, enquanto a Figura 44

exibe os resultados alcançados.

54

Figura 43 - Deslocamento, velocidade e aceleração do centróide da placa móvel durante trajetória na simulação 3.

Figura 44 - Forças nos atuadores para trajetória com movimentação nos 6GDL na simulação 3.

55

A força máxima alcançada foi próxima a 450N e cada atuador teve um

comportamento diferente dos outros para seguir a trajetória desejada. Apesar dos

movimentos serem independentes a combinação desses movimentos deve ser

coordenada para não haver danos na estrutura do manipulador e garantir o

seguimento do trajeto definido.

56

4 SIMULADOR VIRTUAL

Tendo sido detalhadas as funcionalidades do mecanismo tipo plataforma de

Stewart e estudado os modelos de cinemática e dinâmica do sistema, se fez

necessário a criação de um simulador virtual que vinculasse essas informações

visualmente enquanto simulações de diferentes condições de mar reais fossem

apresentadas. Com esse objetivo, este capítulo apresentará primeiramente uma

introdução sobre a movimentação e GDL de um navio, seguido da aquisição de dados

de comportamento de embarcações em diferentes condições de mar e por fim um

simulador desenvolvido em LabView para movimentação de duas plataformas Stewart

nesses cenários.

4.1 Movimentos de Navios

Uma embarcação em movimento no mar se comporta como um corpo rígido no

espaço e tem seis graus de liberdade: três translacionais e três rotacionais. A

nomenclatura normalmente utilizada para navios e adotada nessa dissertação é:

Avanço ou Surge: translação no eixo X;

Deriva ou Sway: translação no eixo Y;

Afundamento ou Heave, translação no eixo Z;

Jogo ou Roll: rotação em torno do eixo X;

Caturro ou Pitch: rotação em torno do eixo Y;

Guinada ou Yaw: rotação em torno do eixo Z;

Com esses graus de liberdade é possível modelar qualquer posição do navio,

que deve ser levada em conta na hora de fazer os modelos matemáticos dos

manipuladores utilizados na operação de transferência de carga.

Para descrever os movimentos do navio é preciso escolher as coordenadas

que definem a translação e orientação do navio. PEREZ (2005) define essas

coordenadas usando dois tipos de sistema coordenados: uma referência inercial e

uma referência local, fixa no corpo do navio. Os sistemas coordenados para veículos

marinhos são apresentados na Figura 45 e sua orientação segue a regra da mão

direita.

57

Figura 45 - Sistemas de referência nos navios, (GONZALEZ, 2008).

O sistema inercial (n) é fixado na terra. O eixo xn positivo aponta para o Norte,

o eixo yn positivo aponta para o Leste e o eixo zn positivo aponta para o centro da

Terra. A origem do sistema On é localizada na superfície da água.

O sistema do corpo (b) é fixado no casco do navio. O eixo xb positivo aponta

para a proa, o eixo yb positivo aponta para o boreste (estibordo), o eixo zb segue a

regra de mão direita.

O sistema hidrodinâmico (h) não é fixado no casco do navio. Esse se move à

velocidade média do navio que segue um caminho. O plano xh-yh coincide com a

superfície da água. O eixo positivo xh aponta para a proa da embarcação. O eixo yh

positivo aponta para o boreste e o eixo zh positivo segue a regra de mão direita. Esse

sistema é considerado usualmente quando o navio viaja a uma velocidade constante

e, por tanto, os movimentos induzidos pelas ondas fazem com que o navio oscile em

relação ao sistema (h).

O sistema geométrico (g) é fixado no casco do navio. O eixo xg positivo aponta

para a popa, o eixo yg positivo aponta para o boreste, o eixo zg positivo aponta para

cima.

Cada sistema desses possui uma finalidade diferente. O Sistema geométrico

(g), por exemplo, é utilizado pelos arquitetos navais no projeto do navio para definir a

geometria do casco ou a localização da origem do corpo rígido. O sistema (h), por sua

vez, é usado para calcular as forças e movimentos e sua interação com o casco do

58

navio e as ondas. Esse parâmetro é importante para calcular as acelerações induzidas

pelas ondas sendo usado para calcular índices de rendimento ou conforto dos

passageiros. Nessa dissertação o sistema coordenado inercial (n), junto com o

sistema do corpo (b) serão utilizados para definir a pose do navio em um determinado

instante no tempo.

As operações do navio são realizadas em diferentes condições ambientais e

diferentes considerações são assumidas durante o estudo hidrodinâmico. O estudo da

dinâmica é separado em manobrabilidade (manoeuvring) e seguimento (seakeeping).

Manobrabilidade trata do movimento do navio em ausência de excitação. O movimento

resulta da ação de dispositivos de controle, superfícies de controle e unidades de

propulsão. A manobrabilidade é associada a mudanças da trajetória, paradas etc. O

seguimento está associado a ondas de excitação no movimento, enquanto o navio

mantém sua trajetória e sua velocidade constantes (GONZALEZ, 2008).

Apesar do projeto da qual a presente dissertação faz parte contemplar a

manobrabilidade pelo posicionamento dinâmico das embarcações durante o processo

de transferência de carga fora de porto, nesta dissertação será considerada como

movimentação do navio apenas o seguimento, focando somente na interferência das

condições do mar nas embarcações.

4.1.1 Condições de Mar

As condições de mar são ditadas pelas ondas do mar. As ondas oceânicas são

provocadas pelo vento que cria forças de pressão e fricção que perturbam o equilíbrio

da superfície dos oceanos. O vento transfere parte da sua energia para a água através

da fricção entre o vento e a água. Isso faz com que as partículas da superfície tenham

um movimento elíptico, que é uma combinação de ondas longitudinais (para frente e

para trás) e transversais (para cima e para baixo). As ondas do mar são aleatórias no

tempo e no espaço. Essas características são consideradas estocásticas.

O cálculo da força das ondas depende de fatores como o período da onda,

altura da onda, comprimento da boca e do calado da embarcação e a direção. Essas

características têm diferentes classificações como, por exemplo, os tipos de mares

que são apresentados na Tabela 5.

59

Tabela 5 - Classificação dos tipos de mares pelo tamanho da onda

(GONZALEZ, 2008).

4.2 Dados do CIAGA

O Centro de Instrução Almirante Graça Aranha, cooperador no projeto do qual

a presente dissertação faz parte, possui em suas dependências um simulador de

manobra de navios para treinamento de alunos e pessoal da marinha mercante do

Brasil. Trata-se de um simulador de passadiço que conta com uma tela em 180° para

visualização do cenário de navegação e os comandos presentes em uma embarcação

real, qualificado para simular os mais variados tipos de navios e instalações portuárias.

Essa tecnologia permite que sejam realizados ensaios de manobra de navios, tanto

em mar aberto como em águas restritas, constituindo-se em excelente auxílio na

implementação de alterações em instalações portuárias, assim como no estudo sobre

a possibilidade de utilização de determinados tipos de navios nesses portos.

Dentre os cursos ministrados no ambiente, destaca-se o curso de IDP que

utiliza uma tecnologia exclusiva: o algoritmo adaptativo – princípio de inteligência

artificial, tornando o sistema capaz de aprender o comportamento do navio e se

autocalibrar continuamente, proporcionando uma navegação ideal em quaisquer

condições de mar.

Com diversos modelos de navios e situações de mar em sua base de dados,

um exemplo da movimentação de um navio em seus sei graus de liberdade é exibido

na Figura 46. Essa trajetória é proveniente de uma simulação para o navio conteneiro

Panamax de 220 m de comprimento, 22 m de boca e 11 m de calado, com seus

motores desligados em mar 4. O navio encontra-se sob a influência de ventos Belford

ShortCrast com intensidade de 15 nós a 90°. A embarcação encontra-se a deriva em

águas com 30 m de profundidade.

60

Figura 46 - Dados provenientes do simulador de passadiço do CIAGA.

Além dessa simulação, foram feitos outros dois ensaios para diferentes

condições de mar, mantendo as condições iniciais, mas variando o estado de mar

entre 4 e 6. Cada ensaio durou 30 minutos e foram adquiridos 1800 pontos para cada

GDL numa taxa de 1 ponto/segundo. A saída resultante de cada ensaio é um arquivo

.txt codificado com diversas informações sobre a simulação.

Para as condições antes apresentadas e observando-se os dados adquiridos,

pode-se dizer que o navio teve um comportamento linear na direção y (Sway). Para o

movimento de Surge e Yaw nada se pode concluir sobre linearidade ou periodicidade,

enquanto o movimento de Heave, assim como os de Roll e Pitch, parecem prever um

comportamento periódico com adição de ruído. Para comprovar tal conclusão foram

calculadas componentes em frequência dos três sinais utilizando a transformada de

Fourrier FFT (Figura 47, Figura 48 e Figura 49 - FFT do sinal de Pitch.). Constatou-se

que os graus de liberdade possuem componentes periódicas bem definidas por picos

isolados em seus spectros, e que nenhum deles possui componentes com frequência

significante maior que 0,2 Hz.

Para outras condições de mar também testadas as características pouco se

alteram, a não ser pelas amplitudes e alguns pequenos deslocamentos no eixo da

frequência.

61

Figura 47 - FFT do sinal de Heave.

Figura 48 - FFT do sinal de Roll.

62

Figura 49 - FFT do sinal de Pitch.

Tentativas de obter informações sobre o comportamento do navio sob

influência de amarração ou ancoragem foram frustradas por falta de informação para

alimentar o simulador de passadiço sobre o assunto. Assim como, não se obteve

sucesso na simulação para o estudo do chamado efeito sombra, produzido pela

interferência de um segundo navio em paralelo. Essa dificuldade se deu pela

necessidade de ter os propulsores de ambos os navios ligados durante o ensaio,

saindo do escopo inicial delineado para a dissertação.

4.3 Simulador

Baseado nos resultados alcançados foi desenvolvido em LabView® um

programa capaz de imprimir o comportamento desejado em duas plataformas Stewart

independentes para reprodução de movimentos de navios. Através das ferramentas de

visualização gráfica do LabView® é possível ter uma visão em três dimensões do

sistema. O Software permite ao usuário observar os manipuladores em qualquer

ângulo e a qualquer momento de uma simulação predefinida ou movimentar cada um

dos seis GDL do aparato manualmente. Junto a isso, o simulador auxilia na análise

63

das grandezas dinâmicas através de gráficos para melhor compreensão do sistema. A

Figura 50 exibe as telas do programa desenvolvido.

Figura 50 - Software desenvolvido para verificação dos dados.

Da Figura 50, a numeração corresponde a: (1) campos onde usuário pode

determinar os dados físicos da das plataformas, nesses campos o usuário pode

determinar as características físicas da plataforma Stewart a ser simulada; (2) swicth

de escolha para trajetórias predefinidas ou manuais; (3) combo de seleção dentre as

trajetórias predefinidas provenientes do CIAGA; (4) comandos manuais para

movimentação manual dos 6 GDL da plataforma; (5) abas para escolha de

configurações, análise dinâmica e interferência do vento no guindaste (trabalhos

futuros); (6) gráficos em três dimensões para visualização do sistema em diferentes

ângulos; (7) switch de escolha para visualização das grandezas de lineares ou

angulares; (8) gráficos exibindo deslocamento linear/angular, forças nos atuadores,

taxa de variação de deslocamento linear/angular e aceleração angular/de translação.

Os itens 2, 3 e 4 são independentes para cada plataforma.

64

No o simulador virtual o usuário pode optar por movimentar as plataformas por

meio de trajetórias predefinidas ou configurá-las em tempo real. Os dados para

geração das trajetórias predefinidas que alimentam o sistema são provenientes do

simulador de navios do CIAGA. Os dados brutos foram decodificados e processados

para a aplicação no simulador virtual. Um arquivo .txt como o apresentado na Figura

51 foi gerado pelo simulador de passadiço dôo CIAGA para cada segundo de ensaio.

Um programa paralelo ao simulador virtual foi criado para interpretar os dados de

interesse e desprezar informações não importantes para essa etapa. As grandezas

exibidas na Figura 46, por exemplo, foram extraídas e foram calculadas em escala, o

que significa que as curvas de deslocamento linear (Surge, Sway e Heave) devem ter

seus valores multiplicados pelo comprimento do navio/plataforma.Todas as curvas

foram interpoladas usando o método linear em um intervalo de tempo de 100 ms

resultando em trajetórias contínuas para o simulador que é executado nesse intervalo

de tempo.

Figura 51 – Arquivo com dados do CIAGA.

Vale mencionar que o guindaste alocado na plataforma 1 é meramente

ilustrativo, servindo apenas como referências futuras como parte do projeto de

transferência de carga. O aparato não possui massa relevante e a interferência de seu

comportamento dinâmico na desenvoltura da plataforma não é contemplado na

presente dissertação. A placa do guindaste é capaz de seguir os movimentos da

plataforma 2 dentro do seu espaço de trabalho, porém seu seguimento de trajetória é

meramente geométrico sem levar em consideração as forças e acelerações envolvidas

no processo.

65

Como resultado alcançado, o desempenho do simulador mostrou-se concordante

com os resultados cinemáticos e dinâmicos do MPS antes apresentados. Foram

testadas as mesmas trajetórias simuladas no item 3.3.2 dessa dissertação e as curvas

exibidas foram semelhantes aos resultados obtidos anteriormente.

Para simulações de condições de mar reais, foi também verificado que não houve

saturação nas curvas de posicionamento dos atuadores. Comprovando que o

manipulador, com características segundo as apresentadas na tabela 3, trabalha

dentro do seu espaço de trabalho não excedendo os seus limites de curso e não

apresentando colisão entre os links. Nenhum pico abrupto foi detectado nos gráficos

de força garantindo o funcionamento do aparato fora dos pontos de singularidade do

problema.

Sendo assim, o simulador virtual é apresentado como um valioso instrumento para

o estudo de um MPS em qualquer condição de mar desejada. Tendo os dados para

alimentá-lo é possível fazer uma análise detalhada das forças experimentadas nos

atuadores, seu comportamento dentro volume de trabalho e as singularidades do

problema. Além disso, futuramente pode agregar informações sobre o guindaste de

transferência de carga no cenário desejado.

66

5 SISTEMA DE CONTROLE

A teoria de controle é um estudo interdisciplinar entre engenharia e matemática

que trata do comportamento de sistemas dinâmicos. Sendo a resposta desejada de

um sistema denominada referência, quando uma ou mais respostas do sistema segue

uma dada referência ao longo do tempo, o controlador é o responsável por manipular

as entradas do processo obtendo o comportamento desejado. Em outras palavras, o

sistema de controle é encarregado de relacionar o resultado da leitura dos elementos

medidos com a ação dos elementos atuados. Ao receber as informações dos sensores

para computar o estado atual do sistema, o controlador processa as informações e

executa cálculos e lógicas pré-definidas, também chamadas de lei de controle. A partir

daí, o controlador envia o resultado para os atuadores, de modo que a situação atual

do processo seja modificada e um ponto de operação próximo do desejado seja

atingido.

Como exposto em seção anterior, manipuladores paralelos são utilizados nas

mais diferentes finalidades. Para que esses robôs atendam de forma exata, rápida e

com confiabilidade seus objetivos é essencial uma estratégia de controle adequada

para cada sistema. No caso em estudo não é diferente. Na presente dissertação

procura-se um método para acionar os seis atuadores a fim de posicionar

corretamente a placa móvel da plataforma de Stewart dada uma trajetória desejada.

Para esse problema específico, será determinada uma posição e orientação da placa

móvel em relação à placa de base fixa em cada instante do tempo. Esses valores

desejados podem e devem mudar ao longo do tempo. O objetivo é controlar o modelo

da planta não-linear da plataforma de Stewart, onde as seis forças são as entradas da

planta, enquanto as saídas são os comprimentos e velocidades dos seis atuadores.

No estudo em questão, a trajetória apresenta características periódicas

referentes ao estado de mar e suas ondas, em conjunto com componentes aleatórias

provenientes do comportamento dinâmico do navio e interferências do meio. Baseado

nisso foram testados alguns controladores, avaliando-se os resultados em conjunto

com o custo computacional.

Neste capítulo será apresentada uma pequena revisão bibliográfica sobre o

assunto e, posteriormente será sugerido e validado um modelo virtual para representar

o manipulador durante as simulações. Serão então sugeridos três esquemas de

controle capazes de garantir o seguimento da placa móvel a uma trajetória. O primeiro

método será baseado unicamente no estudo cinemático, o segundo utiliza leis de

67

controle não lineares baseado na lógica fuzzy, enquanto o terceiro levará em conta as

grandezas dinâmicas do sistema.

5.1 Revisão Bibliográfica

O controle de um MPS é uma área de estudo ainda pouco explorada. Segundo

GHOBAKHLOO et al. (2006), controladores proporcional-integral-derivativo (PID) são

amplamente utilizados em sistemas de controle industrial sem a preocupação de

garantir um alto rendimento. Dos sistemas com um simples controle on-off aos mais

sofisticados, o importante é atender as necessidades de cada problema.

Para atuadores hidráulicos, OLIVEIRA (2008) propõe a utilização de um

controle do tipo PID para calcular o tempo de abertura dás válvulas on-off em uma

plataforma de simulação para movimentos aquáticos utilizada no processamento

primário de fluidos.

Considerando os atuadores eletromecânicos, LARA (2008) defende que a

dupla redução das forças produzidas pela dinâmica do manipulador, devido ao

parafuso sem fim D e de um redutor planetário N, reduzem a magnitude das forças

produzidas pela dinâmica do mecanismo do manipulador. Ao serem minimizados os

efeitos dinâmicos aumentando as reduções N e D, o sistema tende a ter um

comportamento linear. Conseqüentemente, o controle no espaço das juntas pode ser

realizado através de um controlador PID clássico, onde nesse caso, o desempenho do

controlador é adequado.

Na literatura, o controle baseado na dinâmica inversa, conhecido como controle

de torque computado, é um método popular quando se trata de posicionamento de um

manipulador paralelo. Essa estratégia de controle aponta bons resultados quando se

tem em mãos um modelo matemático fiel ao sistema. Porém as complicações e

simplificações envolvidas no processo de modelagem acarretam em erros inerentes

que podem comprometer o desempenho do controlador (LEE et al., 2003). Assim dito,

para atingir um alto desempenho no controle de trajetória de um manipulador paralelo

com seis GDLs são propostas técnicas de controle adaptativo.

Um controle adaptativo é resultante de modificações das leis de controle

durante o processo para compensar o fato dos parâmetros envolvidos serem variantes

no tempo ou detentores de incertezas. HONEGGER (1997) defende essa metodologia

ao controlar um modelo invertido no qual os atuadores se movem sobre trilhos.

Como opção aos controladores adaptativos, controladores robustos garantem

certa flexibilidade aos parâmetros sem necessidade de mudar as leis de controle. Ou

68

seja, controles robustos estão aptos a superarem pequenas diferenças entre o modelo

real da planta e o modelo nominal utilizado para o projeto. Nessa abordagem, LEE et

al. (2003) apresenta uma combinação do controle de torque computado com um

controle robusto do tipo H∞ .

Ainda no âmbito da não linearidade do MPS, SERRANO et al. (2008) sugere

um controlador em lógica fuzzy para minimizar os erros de posicionamento do

efetuador em seu espaço de trabalho. Uma rede neural artificial é proposta como

compensador para melhorar o desempenho do controlador fuzzy.

5.2 Modelo da Planta

Antes de se iniciar o estudo do controlador é preciso desenvolver um modelo

que será utilizado durante as simulações. Para criar o modelo da planta do

manipulador plataforma Stewart foi escolhido o SimMechanics do MatLab. O

SimMechanics oferece ferramentas de análise dinâmica que permitem um diagnóstico

detalhado do funcionamento do mecanismo, proporcionando modos de estudo em

cinemática, dinâmica direta e inversa, além de possibilitar a especificação do aparato e

analisar perturbações na trajetória de uma máquina através da linearização do seu

modelo.

Com base no trabalho de SMITH & WENDLANDT (2002) a plataforma de

Stewart foi dividida em três partes principais: a placa móvel, os atuadores e a base.

Cada uma das partes foi modelada separadamente e depois unidas fechando a cadeia

cinemática do manipulador, como pode ser visto na Figura 52. Cada componente é

iniciado com valores em um estado inicial de repouso da plataforma. Admite-se a

placa móvel como um corpo rígido e tem como parâmetros a localização e rotação do

centro de gravidade (CG), a localização das juntas de conexão com as camisas dos

atuadores, sua massa e sua matriz de inércia. A base, representada pelo símbolo de

terra, conta apenas com a localização fixa das juntas de conexão com as hastes dos

cilindros.

Já a modelagem dos cilindros detalha cada componente do atuador. Com os

recursos do SimMechanics foram selecionadas as juntas do atuador, suas

localizações e as massas e matrizes de inércia da haste e da camisa representadas

por corpos rígidos entre as juntas. Até o momento, no modelo utilizado neste trabalho

optou-se por uma junta universal na base, uma junta prismática entre as massas e

uma junta esférica na extremidade superior conforme ilustrado na Figura 53. Cada um

69

desses componentes tem suas localizações e rotações especificados para um instante

inicial.

Figura 52 - Planta do MPS em SimMechanics MatLab

Figura 53 - Modelo do atuador em SimMechanics MatLab.

Mediante alguns testes de controle foi atestado que a junta esférica não

apresenta um comportamento controlável. Sendo assim, optou-se por transferir o grau

de liberdade referente à rotação da camisa em torno de seu eixo à junta prismática,

resultando no seguinte modelo: juntas universais localizadas nas extremidades do

atuador em conjunto com uma junta com um grau de translação e um grau de rotação

em torno do seu eixo no próprio atuador. Na Figura 54 está ilustrado o novo modelo a

ser utilizado no trabalho.

70

Figura 54 - Modelo final do atuador em SimMechanics MatLab.

Pode-se dizer ainda que a junta com grau de liberdade translacional é a única

atuada do sistema e possui uma única entrada. Para o estudo do controle essa

entrada foi generalizada como força pois assim pode ser utilizada para qualquer

atuador seja esse hidráulico, pneumático ou elétrico. No caso em estudo, para o

atuador elétrico, a grandeza de interesse seria o torque/voltagem requeridos do motor,

mas como não se tem as especificações do modelo analisou-se a força. Além disso, a

junta é sensoriada quanto ao seu deslocamento e velocidade de translação para

realimentação da malha de controle.

Sendo assim, para uma dada trajetória serão calculadas as forças exigidas de

cada atuador, tais forças serão aplicadas ao modelo e segundo os erros provenientes

da diferença entre os valores desejados e as grandezas sensoriadas serão feitas

atualizações no sistema. Para todas as simulações seguintes foram usadas as

grandezas apresentadas nas Tabelas 3 e 4 para caracterizar a plataforma de Stewart.

Vale mencionar que todas as simulações foram feitas utilizando uma máquina

com as seguintes configurações: Pentium® Dual Core @ 2.50 GHz, Memória Ram

8Gb, sistema operacional de 64 bits com Windows Vista Ultimate

71

5.2.1 Análise do Modelo

Outro passo importante antes do desenvolvimento do sistema de controle é

validar o modelo quanto a sua geometria e dinâmica segundo os resultados obtidos

nos capítulos anteriores. O SimMechanics oferece ferramentas de fácil manipulação e

interpretação para tais análises. Para tanto, no bloco denominado Machine

Environment, marcado na Figura 55 em amarelo (que define o ambiente de trabalho

de simulação do mecanismo como gravidade, modo de análise, tolerâncias, entre

outros), é possível escolher modos de análise entre: cinemática, trimming, dinâmica

direta ou inversa, sendo a segunda só possível para malha aberta,.

Inicialmente foi feito um estudo visando calcular as forças exigidas para manter

o sistema no repouso. O modo de análise foi selecionado para cinemática. Junto a

isso, assinalado em cor rosa na Figura 55, a entrada dos atuadores foi modificada

para deslocamento, velocidade e aceleração nulas e a grandeza medida para força.

Figura 55 - Análise de forças no modelo.

72

Durante a simulação, o software possibilita visualizar o desenvolvimento da

simulação geometricamente. Como primeiro passo para validação, uma análise

superficial pode ser feita utilizando essa ferramenta. A Figura 56 mostra a

representação gráfica extraída do modelo pelo SimMechanics. Pode-se afirmar que a

estrutura do modelo está de acordo com o esperado. Porém essa análise não é

suficiente para validá-lo. Um estudo mais detalhado das forças envolvidas é

necessário para garantir que o modelo realmente represente o sistema em estudo.

Figura 56 - Visualização geométrica.

73

Em uma segunda etapa, observou-se os resultados numéricos da simulação.

No modo de análise selecionado para dinâmica inversa a força exigida de cada um

dos atuadores para manter a plataforma em repouso na posição em x=0m, y=0m e

z=3m foi de 218,2 N. Esse valor é semelhante se calculado pela equação (65) de

218,5 N.

Feito isso, o caminho inverso foi testado. Com o modo de análise selecionado

para dinâmica direta no bloco Machine Environment, e alterando as entradas dos

atuadores para força e saída medida para deslocamento, foi aplicada uma força

constante de 218,2 N em cada atuador e o resultado pode ser visto na Figura 57. O

gráfico mostra que o modelo se mantém em repouso somente nos três primeiros

segundos. Isso se deve ao fato do sistema ser não linear e instável, fazendo com que

a força computada não seja fielmente copiada ao modelo. Por isso, o sistema de

controle se torna ainda mais imprescindível.

Figura 57 - Resultado da análise de dinâmica direta do modelo.

74

5.3 Estratégias de Controle

Com o modelo validado, foram abordados três esquemas de controle para

seguimento de trajetória no problema em estudo. O primeiro, mais simples, utiliza um

controlador PID baseado apenas nos resultados da cinemática inversa, o segundo

considera as não linearidades do MPS aplica lógica fuzzy e o terceiro leva em

consideração as grandezas dinâmicas do manipulador.

Apesar dos manipuladores paralelos serem conhecidos por sua capacidade de

exatidão mesmo em movimentação rápidas os esquemas de controle abordados a

seguir não tiveram preocupação com acelerações e velocidades altas já que o

propósito da presente dissertação é a reprodução de movimentos de navios que

envolvem movimentação nos seis GDL em freqüências não maiores que 0,3 Hz,

conforme discutido na seção 4.4.

5.3.1 Controle PID baseado na cinemática

A abordagem mais simples para implementação de um controle de trajetória

em uma plataforma Stewart é a aplicação de forças aos atuadores proporcionais ao

erro de movimentação da placa superior. Para esse caso um controle do tipo PID,

comumente utilizado para sistemas lineares, pode ser aplicado em uma malha

fechada.

O controlador PID tem como base a realimentação do sistema através do

feedback, calcula o erro entre a sua variável controlada (medida no processo) e o seu

valor desejado (setpoint). Em função desse erro gera um sinal de controle, de forma a

eliminar esse desvio. O algoritmo PID usa o termo em três módulos distintos para

produzir a saída: o termo proporcional (P), o integral (I) e o derivativo (D) (CAMPOS,

2010). OU seja, a lei de um controle PID é uma combinação linear de uma variável

detectada por um sensor, a sua integral temporal, e sua primeira derivada.

O controlador PID baseado na cinemática da plataforma Stewart utiliza o erro

de posição dos links iE , suas velocidades e integrais (SMITH and WENDLANDT,

2002). A lei de controle para cada link i tem a forma:

0

t

i p i i i d iF K E K E dt K E

( 67 )

75

O controlador é aplicado às forças iF na direção do i-ésimo link em cada um

dos atuadores, e sabendo as coordenadas e rotação do centróide da placa móvel para

uma trajetória desejada, o erro é calculado subtraindo o comprimento do atuador

segundo resultado da equação (12) do comprimento do atuador medido pelos

sensores do modelo, segundo a expressão (68):

( )i i sensE L L

( 68 )

Assim, se iE é positivo significa que o comprimento link é menor que o

desejado, por isso iF deve ser de expansão. Se iE é negativo o comprimento link é

maior que o desejado, por isso iF deve ser de compressão. Por fim se iE é nulo, o

comprimento do link é exatamente igual ao comprimento necessário para que a placa

superior alcance a pose desejada, e iF depende apenas do erro residual proveniente

do termo integrativo.

Os reais, não negativos, pK , iK , e

dK são respectivamente os ganhos

proporcional, integral e derivativo que modulam os sinais de resposta medidas na lei

de controle. O primeiro termo é diretamente proporcional ao erro instantâneo do

comprimento do link e corrige de forma linear a atuação, o segundo termo é

proporcional à integral do erro e corrige pequenos desvios durante o processo e o

terceiro é proporcional à derivada do erro e interfere na velocidade que o link se

aproxima do seu tamanho ideal, evitando picos (overshoots) e oscilações durante o

processo.

Dito isso, o seguinte esquema de controle é proposto:

Figura 58 - Malha de controle PID baseado na cinemática do MPS.

Traduzindo para o Simulink temos o seguinte diagrama de blocos exibido na

Figura 59.

76

Figura 59 - Malha de controle PID baseado na cinemática do MPS em SimuLink.

Uma maneira de entender os efeitos dos ganhos do controlador é variando

seus valores e analisando os resultados sistematicamente para uma mesma trajetória.

Métodos de sintonia como o de Ziegler–Nichols, também se mostraram eficazes no

trabalho de GONZALEZ (2008). Nessa dissertação, por sua vez, foi feita uma analise

da resposta do sistema utilizando a ferramenta SISO Design Tool oferecida pelo

MatLab para otimizar os ganhos do controlador. Para determinar os ganhos do

controlador que melhor se adaptassem a planta utilizou-se os recursos de linearização

do MatLab, que permitem converter as informações de malha aberta do controlador e

da planta no comportamento de malha fechada do sistema acoplado. Primeiramente,

utilizando o modo de análise Trimming na planta foram calculadas as forças

necessárias para manter a plataforma móvel em seu estado inicial sem um

controlador, determinando um ponto de operação do sistema. Retornando o modo de

análise para dinâmica direta, a planta foi linearizada em torno do ponto de operação

previamente salvo e posteriormente foi utilizada a função Simreal para reduzir o

sistema linearizado e remover os estados constantes. Esses passos foram feitos

seguindo o estudo de casos do SimMechanics presente na documentação do MatLab.

Seja ( )G s a função de transferência do sistema linearizado e reduzido, a

ferramenta de SISO Design Tool inicia aplicando um controlador unitário ( ) 1C s . O

lugar geométrico das raízes exibido a esquerda na Figura 60 mostra a resposta da

malha fechada ( ) ( ) /1 ( ) ( )C s G s C s G s , os pólos, os zeros e o lugar geométrico das

raízes no plano s . A resposta apresenta oito pólos, quatro no plano positivo, indicando

a instabilidade de ( )G s , e quatro no plano negativo de s . O Diagrama de bode a

direita, mostra resposta em malha aberta a planta ( ) ( )C s G s , incluindo os pólos e

zeros.

Para projetar o controlador PID, representado pela função de transferência

dada pela equação (69), é preciso adicionar dois zeros e um pólo e ajustar o ganho

77

global. Os coeficientes do numerador, incluindo o ganho global, devem ser positivos. A

maneira mais fácil de garantir isso é ambos os zeros terem partes reais negativas. O

pólo deverá ocorrer em zero, correspondendo ao integrador.

2

1 2( )( )( )

d p iip d

K s K s KK s z s zC s K K s K

s s s ( 69 )

No processo de otimização do controlador sua resposta foi alterada a fim de

reprimir respostas indesejáveis e melhorar o feedback. Os objetivos básicos são obter

uma resposta de alto ganho em baixas freqüências para, dessa forma, conseguir

acompanhar o desempenho e diminuir a resposta para altas freqüências limitando a

sensibilidade do controlador a variações na planta e de ruído. Assumindo os

movimentos da plataforma em até 10Hz, sistema apresenta resposta firme até próximo

a esse valor em seguida decaindo a resposta para freqüências mais altas.

Figura 60 - Ferramenta SISO Design do MatLab para controlador unitário.

78

Encontraram-se os seguintes ganhos para o controlador 62 10 [ ]pK N m ,

510 [ . ]iK N m s e 35 10 [ . ]dK N s m para os quais os erros foram mínimos e o

gasto computacional foi aceitável. O lugar geométrico das raízes e o diagrama de

Bode para o controle pode ser observado na Figura 61.

Figura 61 - Ferramenta SISO Design do MatLab para controlador PID.

Por simetria o controlador PID atua da mesma forma em cada um dos

atuadores da plataforma. Projetando as configurações do PID para o comportamento

de uma atuador é possível otimizá-lo para os outros cinco.

Para um primeiro teste, foi simulado o controle para manter a plataforma no

seu estado inicial de repouso, ou seja 0x y e 3z . No regime

79

permanente a plataforma manteve sua posição com um erro de 10-4 m e 10-4 rad. Para

tanto foi aplicada a cada atuador uma força constante de 223, 9 N.

Em uma segunda etapa foi sugerida uma trajetória que envolve os seis graus

de liberdade com a maior frequência próxima a 0.5Hz para a movimentação horizontal

da placa, segundo os gráficos exibidos na Figura 62. Seus movimentos foram

garantidos dentro do seu espaço de trabalho.

Figura 62 - Trajetória senoidal com 6 graus de liberdade.

80

Os erros de posicionamento da placa superior encontrados têm ordem de

grandeza 10-2 tanto para o movimento de translação quanto para o de rotação. O

maior erro relativo ficou em 2% para os movimentos de rotação da placa superior. As

forças exigidas dos atuadores não passaram de 700N e os erros nos atuadores

alcançaram 2 cm, conforme ilustrado nas Figura 63 e Figura 64.

Figura 63 - Erros de posicionamento da placa móvel para o esquema de controle baseado na cinemática.

81

Figura 64 - Erros nos atuadores e forças para o esquema de controle baseado na cinemática.

Com a finalidade de manter a amplitude da trajetória porém mais rápida, a

frequência da aceleração foi dobrada e a amplitude foi quadruplicada. O erro de

rotação se manteve, porém o erro de translação triplicou e a máxima força requerida

chegou a 2000N. Em uma última análise a frequência foi multiplicada por 4 enquanto a

amplitude foi aumentada em seu quadrado. O erro de translação aumentou para 6,7%

e as forças atingiram 6000N. Essas análises dos erros comprovam que o controle

implementado não acompanha a dinâmica do sistema.

82

5.3.2 Controle por Lógica Fuzzy

Levando em consideração as não linearidades inerentes ao sistema foi

verificada a aplicação de um controlador baseado em lógica fuzzy para o MPS. Os

controladores baseados na lógica fuzzy possuem um conjunto de parâmetros que são

definidos pelo projetista baseando-se no conhecimento e experiência do problema, o

que é, sem dúvida, uma vantagem na hora da implementação do controlador. Um bom

conhecimento da dinâmica do problema é suficiente na maioria dos casos para realizar

tarefas de controle satisfatórias. Essa técnica permite adicionar o conhecimento de

experts na área para a melhoria do desempenho através do uso de regras na definição

do controlador. O estudo do sistema permite adquirir um amplo conhecimento sobre a

dinâmica e o comportamento em condições não triviais (LACHE, 2008), facilitando

uma implementação mais intuitiva do controlador.

O controlador fuzzy escolhido para o MPS se utiliza dos resultados obtidos na

presente dissertação. Assim como na estratégia de controle anterior o controlador age

sobre a força exercida em um atuador (iF ) e tem como entradas o erro de posição do

atuador ( iE ) a velocidade de deslizamento do mesmo (iv ). A seleção das entradas e

saídas do controlador também faz parte do seu processo de projeto. Optou-se por

utilizar funções de pertinência triangulares. A Figura 65 ilustra o esquemático do

controlador agora descrito.

Figura 65 - Esquemático do controlador fuzzy.

Para o controlador em estudo, o processo de sintonia foi feito a partir dos

resultados obtidos nas simulações anteriores e foi modificado num procedimento

contínuo de tentativa e erro. Outra característica importante do controlador é o método

de inferência fuzzy. Foi escolhido o tipo Mamdani devido ao seu amplo uso como

método em diversos controladores na literatura. Como técnica de defuzzificação foi

83

usada o centróide devido aos bons resultados obtidos nos primeiros testes do

controlador com essa metodologia.

Para a variável lingüística “Erro de Posição”, ne , foram utilizadas cinco funções

de pertinência triangulares limitadas de -2m até 2m, denominadas: Muito Negativo,

Negativo, Nulo, Positivo e Muito Positivo. Já para a variável lingüística “Velocidade do

Atuador”, nv , foram utilizadas três funções de pertinência triangulares limitadas de -

5m/s até 5m/s, denominadas: Negativo, Nula e Positivo. As funções de pertinência

podem ser observadas na Figura 66.

Figura 66 - Funções de pertinência relacionadas as entradas "Erro de Posição" e “Velocidade do Atuador”.

84

Assim como as entradas, a saída do controlador, a variável lingüística “Força

Exercida pelo Atuador”, nF , utilizou apenas funções de pertinência triangulares, no

caso cinco, limitadas de -5000N até 5000N, denominadas: Muito Negativa, Pouco

Negativa, Zero, Pouco Positiva, Muito Positiva. Esses valores limites foram

selecionados baseados nos resultados obtidos no estudo da dinâmica do MPS. As

funções de pertinência relacionadas a saída do controlador podem ser observadas na

Figura 67.

Figura 67 - Funções de pertinência relacionadas à "Força Exercida pelo Atuador".

Depois da definição da forma e dos limites dos conjuntos de pertinência das

variáveis lingüísticas, a tarefa subseqüente é a denominação das regras de

implicação, sendo essa uma das partes mais determinantes nos resultados. O

controlador baseado em lógica fuzzy permite inserir regras que correspondem ao

sentido comum da operação de posicionar a placa móvel no espaço. Em outras

palavras é possível criar regras facilmente com a informação e experiência que se tem

sobre a dinâmica do manipulador. Para esse problema em particular foi definido que o

erro é positivo quando o comprimento desejado do atuador é maior que o comprimento

real do atuador e negativo na situação contrária. Para a velocidade dos atuadores se

determinou que ela seja positiva quando o atuador se move na direção positiva do eixo

e negativa para a situação contrária.

Um exemplo da lógica usada para fazer a tabela de regras é observado na

Figura 68. Nota-se que em um dado momento da trajetória o atuador tem tamanho

menor que o necessário para posicionar a placa móvel na posição desejada, ou seja, o

"Erro de Posição" é positivo. Na situação (a) o atuador tem velocidade positiva e assim

85

uma força dita "Positiva" deve ser aplicada de modo que ele atinja a posição desejada.

Na situação (b), porém o atuador está se movimentando com velocidade negativa, ou

seja, no sentido contrário ao desejado, por isso uma força de maior magnitude na

direção oposta ao seu movimento, agora dita "Muito Positiva", deve ser aplicada para

que a placa móvel siga a trajetória definida.

Figura 68 – Exemplo de situações possíveis para a criação da tabela de regras.

A mesma lógica é aplicada quando o atuador tem comprimento maior que o

desejado e a entrada "Erro de Posição" é negativa. Caso a "Velocidade no Atuador"

seja positiva, uma força "Muito Negativa" deve ser aplicada. No caso do "Erro de

Posição" ser nulo a força a ser aplicada depende unicamente da direção eminente do

movimento. No caso exclusivo da "Velocidade no Atuador" também ser nula nenhuma

força deve ser aplicada. As regas completas para cada uma das coordenadas

generalizadas do manipulador estão determinadas na Tabela 6 onde é apresentada a

saída para cada umas das 15 combinações de regras possíveis representando o

conjunto fuzzy correspondente a variável de saída denominada “Força Exercida Pelo

Atuador”.

Tabela 6 - Regras de implicação.

Erro nos Atuadores

Muito

Negativo Negativo Nulo Positiva

Muito

Positiva

Ve

locid

ad

e n

os

Atu

ado

res

Negativa Muito

Negativa Negativa Positiva

Muito

Positiva

Muito

Positiva

Nulo Muito

Negativa Negativa Nula Positiva

Muito

Positiva

Positiva Muito

Negativa

Muito

Negativa Negativa Positiva

Muito

Positiva

86

Sendo assim, uma proposta de malha de controle fechada utilizando seis

controladores fuzzy independentes para cada atuador é exibida na Figura 69.

Figura 69 - Malha de controle por lógica fuzzy do MPS em SimuLink.

Considerando a metodologia aplicada ao esquema de controle anterior, no

primeiro teste foi simulado o controle para manter a plataforma no seu estado inicial de

repouso. No regime permanente a plataforma manteve sua posição com um erro de

8x10-4m e para tanto foram aplicadas aos atuadores uma força constante de 220,18 N.

Para a mesma trajetória com os 6 GDL proposta no esquema de controle

anterior, exibida na Figura 62, o maior erro de posicionamento da plataforma móvel

tem ordem de grandeza 10-2m (0,33% do valor máximo alcançado na trajetória) e de

rotação 3x10-2rad (5% do valor máximo alcançado durante a trajetória). A força

máxima requerida dos atuadores durante o processo foi de 1500N. Os resultados

podem ser observados nas Figura 70 e .

Os resultados aqui alcançados não podem ser diretamente comparados com

os resultados anteriores do PID já que o controlador aqui apresentado reproduz um

PD não linear. Porém, verificou-se que, não ter houve uma melhora substancial no

erro de posicionamento da placa. O tempo computacional consumido durante as

simulações anteriores impossibilitaram os testes para freqüências mais altas. Para 1

segundo de simulação foram necessários 18 minutos e 38 segundos. Junto a isso, as

oscilações em alta frequência presentes nas forças exercidas pelos atuadores durante

a trajetória são um indicativo que, dependendo do sistema eletro-eletrônico utilizado

no sistema real, os atuadores não sejam capazes de reproduzir tal comportamento ou

ainda que vibrações durante o processo possam comprometer a estrutura do aparato

físico.

87

Figura 70 - Erros de posicionamento da placa móvel para o esquema de controle baseado em lógica fuzzy.

88

Figura 71 - Erros nos atuadores e forças para o esquema de controle baseado em lógica fuzzy.

5.3.3 Controle de Torque Computado

Objetivando melhorar a exatidão da técnica de controle e o comportamento

dinâmico da plataforma é sugerida a utilização de um controle baseado na dinâmica

inversa do sistema. Considerando suas acelerações e as forças exigidas de cada

atuador e não apenas a trajetória desejada do centróide da placa móvel, o conhecido

89

controle de torque computado será aplicado ao problema. Segundo LEE, et al. (2003)

essa estratégia de controle apresenta resultados satisfatórios quando se tem em mãos

um modelo acurado do

manipulador. Porém, quando o modelo não representa fielmente o sistema, seu

desempenho é geralmente inaceitável.

Para adotar o torque computado foi preciso separar o sistema em linear e não

linear e fazer algumas aproximações. A matriz c , exibida na equação (64) pode ser

reescrita segundo a equação (70).

( ) ( , )M X X h X X JF

( 70 )

Sendo X o vetor de coordenadas generalizadas, ( )M X a matriz de inércia

que depende apenas da configuração da plataforma e ( , )h X X o termo não linear

incluído as forças de Coriolis, centrípetas e gravitacionais; dependente da posição e

velocidade do manipulador. Para cálculo dessas matrizes é preciso reescrever sF ,

apresentado na equação (49) como uma matriz em função apenas das grandezas

dinâmicas do centróide da plataforma móvel. De acordo com (DASGUPTA, et al.

1998), considerando p ia p a , a força experimentada pelas juntas esféricas de

cada atuador pode ser reescrita segundo a equação (71).

2 2 2

2 2

1 1 2 2

1 21 1 2 2

2 2 2 1 2

1. {( . ) . . }

1[ {( . ) } {( . ) }

( . )( ) ( . )( )

1{ ( . ) } . ( )( )]

si i p i i i p i p i

i

i ii p i p i p i p

i i i

i i p i i i i p i i

i i

i i i i i p i i i i p i i i

i

F m s a s r s a r a sL

m r m rs a s a s a s a

L L L

m ms r a s r s r a s r

L L

m r s r s s a s I I s a V s FL

( 71 )

A expressão completa de iV pode ser observada no Apêndice C.

A equação (71) para a força na junta esférica na parte superior do atuador

abrange o vetor pa em diferentes termos. Para incorporar essa expressão nas

equações de movimento da placa móvel, todos os termos de siF que dependem da

90

variável pa devem ser agrupados e expressos na forma matricial

i pQ a , onde iQ é

uma matriz 3x3 que depende dos parâmetros dos atuadores e da configuração da

plataforma. Para isso, duas regras algébricas se fazem uteis:

Regra 1:

1 2 1 2v v v v ( 72 )

ou seja, um produto vetorial a esquerda equivale a uma pré-multiplicação pela matriz

anti-simétrica 1v , dada por:

1 1

1 1 1

1 1

0

0

0

z y

z x

y x

v v

v v v

v v ( 73 )

Regra 2:

1 2 3 1 2 3 3 1 2 3 1 2( . ) ( ) ( ) ( )T T Tv v v v v v v v v v v v ( 74 )

onde 1v ,

2v e 3v são vetores 3x1 resultando 3 1( )Tv v em uma matriz 3x3.

As regras 1 e 2 oferecem uma forma consistente para transformar operações

algébricas entre vetores em simples multiplicações de matrizes, sendo assim possível

isolar o vetor pa em cada termo da equação (71) e reescrever siF na sua forma

compacta exibida na equação (75).

si i p i i iF Q a V s F ( 75 )

onde,

2 2 2 2

2 1 1 2 2 1 1 2 22 3 32 2

1 11 1 2 2 2 1 1 1 1 22

2 .1

1( ) ( )( ) ( )( ) ( )

Ti i i i i ii i i x

i i i

T T T Tii i i i i i i i i i i i i i i i

i i

s r m r m r m r m rQ m s s E

L L L

m rs r r s m s r s r m s r s r s I I s

L L

( 76 )

91

e 3 3xE

é uma matriz identidade 3x3. Substituindo

p ia p a na equação (75)

obtém-se:

( )si i i i i iF Q p q V s F ( 77 )

ou,

( )si i i i i i iF Q p Q q V s F ( 78 )

Usando a regra 1 descrita na equação (72) a expressão de siF se reduz a

si i i i i i iF Q p Qq V s F ( 79 )

Considerando a equação de movimento da plataforma móvel como feito no

estudo dinâmico do problema, substituindo siF na sua forma reduzida descrita na

equação (79) nas equações de Newton e Euler descritas nas equações (59) e (61)

respectivamente, obtém-se:

6 6

3 3

1 1

6 6

1 1

( )i B i i B

i i

B

A ext i i i

i i

Mg ME Q p MO Q q M O g

F V s F ( 80 )

6 62

3 3

1 1

6 6

1 1

( )

. [ ] ] ( )

T

B i i B B B B i i i

i i

B

B B B i i i A ext i i i

i i

MO q Q p I M O E O O q Q q

I MO O g q V k M q s F

( 81 )

Combinando as equações (80) e (81), as equações de dinâmica da plataforma

são obtidas na forma fechada como:

B

A ext

B

A ext

p FM h JF

M ( 82 )

Onde,

92

6 6

1 1

;plat i plat i

i i

M M M h h h ( 83 )

e

3 3

2

3 3

,(

i i iB

plat iTi i i i iB B B B

Q Q qME MOM M

Q q q Q qMO I M O E O O ( 84 )

{ ( ) },

{( . ) }

iB

plat i

i i iB B B

VM O gh h

q V kI MO O g ( 85 )

Como espaço de trabalho do MPS é relativamente pequeno, o vetor de

coordenadas X

e a matriz de inércia ( )M X

variam pouco, a matriz de inércia pode

ser considerada constante com a introdução de um erro de modelagem no sistema.

A lei que rege o controle baseado na dinâmica inversa é dada por

M hF F F ( 86 )

onde,

1

1

ˆ ˆ ˆ( ) ( ) ( )

ˆ ˆ( , )

M d p d d d i d

h

F J M X K X X K X X K X X dt

F J h X X ( 87 )

onde dX é o vetor que define a trajetória desejada do centróide da placa móvel e X̂ é

o vetor real do modelo.

A Figura 72 ilustra o princípio do controle por torque computado, onde o laço

interno computa a dinâmica inversa e faz o modelo se comportar como um sistema

linear. É valido ressaltar que o termo MF é responsável pela força de controle e é

usada para seguir a trajetória desejada, enquanto hF lineariza a planta cancelando o

termo não linear (LEE et al., 2003). Substituindo as expressões de (87) em (69)

encontra-se:

ˆ ˆˆ ˆ( ) ( ) ( )d p d d d i dMX h M X K X X K X X K X X dt h ( 88 )

93

O termo não linear h presente nos dois lados da equação se cancela

resultando na seguinte expressão:

0d p iE K E K E K Edt ( 89 )

onde ˆdE X X representa o erro e dK , pK , e

iK são determinados para que o

vetor erro se aproxime de zero assintoticamente.

Figura 72 - Esquemático do controle de torque computado (LEE et al., 2003).

Traduzindo para o Simulink temos o seguinte diagrama de blocos:

Figura 73 - Malha de controle de torque computado do MPS em SimuLink.

A calibração do PID foi feita de forma heurística e encontraram-se os seguintes

ganhos para o controlador 4 210 [ ]pK s

310[ ]iK s e 1500[ ]dK s para os quais

os erros e o custo computacional se equilibraram.

94

Repetindo a metodologia dos esquemáticos anteriores, no primeiro teste foi

simulado o controle para manter a plataforma no seu estado inicial de repouso. No

regime permanente a plataforma manteve sua posição com um erro de 10 -7m e para

tanto foi aplicada a cada atuador uma força constante de 218,15 N.

Para a mesma trajetória com os 6 GDL proposta no esquemas de controle

anteriores, exibida na Figura 62, os erros de posicionamento da plataforma móvel para

translação ficaram em torno de 10-5 m (0,001% do valor máximo alcançado na

trajetória) e para rotação foram de 10-4 rad (0,08% do valor máximo alcançado durante

a trajetória). A força máxima requerida dos atuadores durante o processo foi de 600N.

Os resultados podem ser observados através das Figura 74 e Figura 75.

Figura 74 - Erro de posicionamento da placa móvel para o esquema de controle baseado na dinâmica.

95

Figura 75 - Forças requeridas dos atuadores para o esquema de controle baseado na dinâmica.

Dobrando e quadruplicando a frequência da aceleração o erro se mantém na

mesma ordem de grandeza enquanto as forças atingiram 1500 N e 4000N,

respectivamente.

Esses resultados estão de acordo com o esperado: a magnitude das forças é

semelhante às das estratégias anteriores e o erro proveniente de maiores acelerações

não se altera consideravelmente quando são consideradas as grandezas dinâmicas do

sistema. Entretanto, o custo computacional é mais alto se comparado a estratégia de

controle baseada na cinemática do MPS. Os cálculos relacionados com a dinâmica

inversa, como o processamento das matrizes inversas, resultam em um

processamento mais lento do modelo.

96

5.3.4 Simulação da estratégia de controle com dados reais

Segundo a teoria da semelhança na transposição do modelo físico de escala

menor para o tamanho real nem todas as variáveis, como por exemplo a massa, a

velocidade e o atrito, se comportam de forma igual em escala, face ao modelo real

(CARNEIRO, 1996). Levando em consideração que os resultados até aqui alcançados

para o MPS serão extrapolados para navios com dimensões muitas vezes maiores

que o modelo, a estratégia de controle que apresentou melhores resultados para

reproduzir o comportamento do navio extraído do simulador de ponte de comando do

CIAGA foi a baseada no torque computado.

Considerando que os sinais do simulador consistem em 1800 pontos

adquiridos durante 30 minutos de ensaio. Em uma primeira simulação foram usados

os dados brutos interpolados com função spline em intervalos de 0.01 segundos.

Ainda assim, utilizando a diferenciação temporal numérica para cálculo da aceleração

do sistema, picos abruptos foram detectados comprometendo os resultados.

Para solucionar esse problema foram empregadas funções aproximadas aos

sinais adquiridos. Os sinais de Heave, Roll e Pitch foram aproximados por uma soma

de senos de acordo com o spectro exibido nas

Figura 47, 47 e 48 respectivamente. Já os sinais de Surge, Sway e Yaw tiveram suas

curvas aproximadas por polinômios utilizando a funcionalidade Basic Fitting do Matlab.

As curvas dos sinais adquiridos e as funções aproximadas dos seis GDL estão

traçadas nos gráficos a seguir exibidos na Figura 76.

A diferenciação para obtenção da serie temporal da aceleração foi efetuada

sobre as funções que representam os resultados aproximados, evitando picos

abruptos detectados na diferenciação numérica antes testadas. As funções

encontradas tratam-se de polinômios (o menor com grau 1) e somas de funções

trigonométricas, possuem segunda derivadas contínuas e suaves. As curvas das

acelerações dos seis GDL podem ser contempladas nos gráficos exibidos na Figura

77.

97

Figura 76 - Sinais adquiridos pelo simulador de navios do CIAGA e curvas aproximadas dos seis GDL da embarcação.

Figura 77 - Aceleração dos seis GDL da embarcação.

98

A partir dos resultados ilustrados anteriormente foi feita uma nova simulação

para validação da estratégia de controle sugerida nas condições de mar simuladas

pelo simulador do CIAGA. O ensaio durou em torno de 13 minutos e apresentou erros

de translação na ordem de 10-6m e de rotação de 10-5rad conforme pode-se verificar

através dos gráficos exibidos na Figura 78. As forças não ultrapassaram 450 N

durante o teste, esse resultado pode ser observado na Figura 79.

Figura 78 - Erros de translação e rotação para simulação de estado de mar 4.

99

Figura 79 - Forças exigidas dos atuadores para simulação de estado de mar 4.

100

6 Conclusões e Trabalhos Futuros

Este trabalho apresenta a plataforma de Stewart como uma ferramenta para

simular a movimentação de navios em diferentes condições de mar, sendo a

motivação maior usá-las em testes de transferência de carga entre embarcações fora

de porto. O objetivo maior da dissertação é demonstrar técnicas de controle eficazes

para o problema.

Como primeira conclusão, pode-se afirmar que a arquitetura paralela com seis

graus de liberdade leva vantagem frente a arquitetura serial. Apesar do volume de

trabalho mais restrito, a precisão alcançada pelo efetuador e a rigidez conferida do

sistema mecânico são os principais fatores para escolha do modelo. Assim, o controle

de posição do manipulador paralelo é mais simples se comparado ao modelo serial

por esses motivos.

Verificou-se que através do estudo cinemático do modelo, é possível observar que

o projeto da plataforma de Stewart apresenta grandes limitações quanto a seu espaço

de trabalho. Em uma breve análise do volume de trabalho de orientação constante foi

possível perceber que as restrições estão diretamente relacionadas com o curso dos

atuadores e a geometria do aparato. Além disso, ficou claro que, singularidades na

fronteira do volume de trabalho devem ser evitadas, porém singularidades em seu

interior não são facilmente detectadas.

O estudo da dinâmica mostra que as forças e torques exigidos pela plataforma

também são um fator limitante do projeto, sendo importante seu prévio conhecimento

ao escolher os atuadores capazes de efetuar tais esforços. Os resultados obtidos

foram validados quando confrontados com os trabalhos de (GONZALEZ, 2008) e

(DASGUPTA, et al., 1998).

A FFT dos graus de liberdade roll, pitch e heave apresentaram picos claros em

frequencias menores que 0.3Hz para condições de mar 4, 5 e 6. Em uma etapa

posterior, um simulador, desenvolvido em LabView, foi apresentado a fim de ensaiar a

plataforma de Stewart se movimentando a partir de dados reais sobre condições de

mar 4, 5 e 6 provenientes do simulador de ponte de comando do CIAGA. Pôde-se

então afirmar que a geometria e dimensões escolhidas possibilitam a livre

movimentação do aparato dentro do seu volume de trabalho para as trajetórias

selecionadas, afirmando assim a escolha do manipulador paralelo para representar

navios.

Sob o ponto de vista do controle de trajetória foi apresentado um modelo

desenvolvido em SimMechanics/MatLab para representar a plataforma no ambiente

101

de testes. O modelo, quando testado em seu estado de repouso, apresentou

resultados de forças e torques semelhantes aos alcançados no estudo dinâmico.

Foram então apresentadas três técnicas de controle: a primeira um controle PID

simples, baseado apenas na cinemática do problema; a segunda abordando a lógica

fuzzy; e a terceira com enfoque na dinâmica do modelo, tratando o torque computado.

Analisando os erros de translação e rotação do efetuador, em conjunto com as forças

exigidas pelos atuadores e o tempo de computação exigido no processo, a técnica de

controle que apresentou melhores resultados foi a baseada no torque computado.

Somando-se aos resultados anteriores, a estratégia de controle elegida foi

aplicada a plataforma de Stewart a fim que a mesma seguisse uma trajetória mais

próxima do spectro de um navio em águas profundas. Com os dados proveniente dos

ensaios realizados no simulador de ponte de comando do CIAGA, o controlador

baseado no torque computado apresentou resultados semelhantes às simulações

anteriores com erros de rotação e translação menores que 10 -5rad e 10-6m,

respectivamente.

Assim sendo, como conclusão final dessa dissertação pode-se dizer que a

plataforma Stewart replica de forma fiel a movimentação de uma embarcação em

águas profundas, quando seu sistema de controle envolve as grandezas dinâmicas do

problema. Dito isso, o aparato se apresenta como uma solução eficiente na

trasnferência de carga entre navios e quando aplicado à indústria naval vai possibilitar

maior flexibilidade no escoamento de cargas em sistemas de grande porte que

transportem grande quantidade de containers. O mesmo possibilitaria uma diminuição

nos custos de manutenção e novos investimentos desnecessários em portos de

diversos lugares do país e no mundo, e ainda facilitaria o salvamento de cargas e de

pessoas quando em situação de risco.

6.1 Trabalhos Futuros

Apesar dos grandes avanços alcançados no decorrer da dissertação,

comprovando a viabilidade de usar uma plataforma de Stewart na simulação de navios

durante o processo de transferência de carga fora de porto, alguns pontos não

abordados têm sua significância e devem ser considerados em trabalhos

subseqüentes. Primeiramente, um estudo detalhado da influência do guindaste na

plataforma seria de extrema importância tanto na questão estrutural quanto no âmbito

do controle da plataforma suporte. Questões como inércia do novo sistema e

102

acelerações relativas entre os corpos são apenas exemplos que precisam ser

validados quando se pensa em simulação de transferência de conteiners entre navios.

Sobre as entradas que alimentam o simulador, seria interessante realizar ensaios

em ambientes reais, como um tanque oceânico, quanto a interação entre os dois

navios envolvidos no processo. O chamado efeito sombra, e a influência de um navio

sobre o outro devem ser consideradas a fim de se obter dados mais próximos dos

encontrados na situação desejada. Tentativas de obter informações sobre o

comportamento do navio sob influência de amarração ou ancoragem foram frustradas

por falta de informação para alimentar o simulador de passadiço sobre o assunto.

Assim como, não se obteve sucesso na simulação para o estudo do chamado efeito

sombra, produzido pela interferência de um segundo navio em paralelo. Essa

dificuldade se deu pela necessidade de ter os propulsores de ambos os navios ligados

durante o ensaio, saindo do escopo inicial delineado para a dissertação.

Além disso, a estratégia de controle elegida deve ser aplicada a um modelo físico,

e não apenas virtual, a fim de verificar seu bom desempenho. Lembrando que o

aparato físico apresenta limitações por fatores mecânicos como a capacidade do

mecanismo manipulador de carga. Unido às questões acima sugeridas, a sintonia do

controlador deve levar em consideração fatores correspondentes à dinâmica do navio

e abordar mais detalhadamente técnicas de controle não-lineares para que se alcance

resultados mais próximos da situação real.

103

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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108

8 Anexos

8.1 Anexo A - Programação da cinemática inversa em

Matematica©

109

110

8.2 Anexo B - Rotina de simulação dinâmica inversa em

MATLAB©

%% Simulação da Dinâmica de uma plataforma de Stewart % Projeto de tese de mestrado Camilla Mello % Novembro 2009

% nomenclatura segundo DASGUPTA e MRUTHYUNJAYA (1998) clear all clc close all entrada=3;

%% ------------------- Geometria ---------------------------- R_b=1; tetha_b=pi/10;

for i=1:6 if i==1 || i==3 || i==5 lambda(i)=i*pi/3-tetha_b/2; else lambda(i)=lambda(i-1)+tetha_b; end end

b=zeros(3,6); b(1,:)=R_b*cos(lambda); b(2,:)=R_b*sin(lambda); b(3,:)=zeros(1,6);

% %------------------Plataforma movel -----------------

R_a=0.8; %Raio da circunferencia que circunscreve a plataforma tetha_a=pi/10+pi/2; %Angulos entre vertices

for i=1:6 if i==1 || i==3 || i==5 lambda(i)=i*pi/3-tetha_a/2; else lambda(i)=lambda(i-1)+tetha_a; end end

% vertices da plataforma movel em repouso p=zeros(3,6); p(1,:)=R_a*cos(lambda); p(2,:)=R_a*sin(lambda); p(3,:)=zeros(1,6);

%% -------------------------------- Constatntes ---------------------

------

111

Ip=1*[3.023 0.00 0.00 ; 0.00 6.046 0.00;0.00 0.00 3.023];

%Matriz de inercia kg*mts^2 solidworks desidad=0.276 g/mm^3.Massa=100

Kg Id0=[0.05945 -0.00724 0.00007;-0.00724 0.00673 -0.00006;0.00007 -

0.00006 0.06404];%Matriz de inercia de la camisa del cilindro kg*mts^2

desidad=0.002 g/mm^3 Masa = 3.59827 kilogramos Iu0=[0.00608 0 0;0 0.00003 0;0 0 0.00608];

%Matriz de inercia de del vastago del cilindro kg*mts^2 desidad=0.002

g/mm^3 Masa = 0.41127 kilogramos md=3.5; mu=0.5; M=100; rd0=[0 0 0.15]';

%m distancia del vertice Bi hasta el centroide del piston ru0=[0 0 -0.2]'; R0=[0 0 0]';

% constantes referentes ao atrito Cu=0.0001; Cp=0.001; Cs=0.0002; % Cu=0; Cp=0; Cs=0; % Cu=1; Cp=1; Cs=1;

% Vetor aceleração da gravidade g=[0 0 -9.8]';

% grandezas externas Fext=[0 0 0]'; Mext=[0 0 0]';

%% ---------------------- Trajetória ---------------------------------

----

[tempo, t, tetha, v_t, w, a_t, alpha]=trajetoriaHernan(entrada);

%% -----------------------------Simulação-----------------------------

-----

for k=1:length(tempo) % Matriz de Rotação - Angulos de Euler Rx=[1 0 0; 0 cos(tetha(1,k)) -sin(tetha(1,k)); 0 sin(tetha(1,k))

cos(tetha(1,k))]; Ry=[cos(tetha(2,k)) 0 sin(tetha(2,k)); 0 1 0; -sin(tetha(2,k)) 0

cos(tetha(2,k))]; Rz=[cos(tetha(3,k)) -sin(tetha(3,k)) 0; sin(tetha(3,k))

cos(tetha(3,k)) 0; 0 0 1]; Rot=Rz*Ry*Rx;

for j=1:6

% Cinemática e Dinamica de cada link q(:,j)=Rot*p(:,j); % Vetor de cada vertice sem translação vert_a(:,j)=q(:,j)+t(:,k); %vetor de cada vertice com

traslação S(:,j)=vert_a(:,j)-b(:,j); % vetor de cada cilindro L(j)=norm(S(:,j)); %comprimento de cada cilindro s(:,j)=S(:,j)/L(j); %vetor unitário na direção de cada

cilindro

112

v_S(:,j)=cross(w(:,k),q(:,j))+v_t(:,k); %velocidade x y z no

ponto de conexão da plataforma com cada cilindro v_L(j)=dot(s(:,j),v_S(:,j)); %componete de deslizamento da

velocidade entre as partes do cilindro W(:,j)=cross(s(:,j),(v_S(:,j)/L(j))); %velocidade angular de

cada cilindro

a_S(:,j)=cross(alpha(:,k),q(:,j))+cross(w(:,k),cross(w(:,k),q(:,j)))+a

_t(:,k); %Aceleração no ponto de conexao da plataforma com cada

cilindro a_L(j)=dot(s(:,j),a_S(:,j))+L(j)*dot(W(:,j),W(:,j)); %

Aceleração de deslizamento entre as partes do cilindro A(:,j)=(cross(s(:,j),a_S(:,j))-2*v_L(j)*W(:,j))/L(j); %

Aceleração angular de cada cilindro

% aceleração e inercia de cada link % Sistema de coordenadas fixo Angtetha(j)=-atan2((vert_a(1,j)-b(1,j)),(vert_a(2,j)-b(2,j)));

%angulo para Rz Angfi con respecto a Bi Angphi(j)=-acos((vert_a(3,j))/L(j)); Rz2=[cos(Angtetha(j)) -sin(Angtetha(j)) 0; sin(Angtetha(j))

cos(Angtetha(j)) 0; 0 0 1]; Rx2=[1 0 0; 0 cos(Angphi(j)) -sin(Angphi(j)); 0 sin(Angphi(j))

cos(Angphi(j))]; T=Rz2*Rx2;

V(:,j)=[0 0 L(j)]; rd(:,j)=T*rd0; %posição do centro de gravidade da parte fixa

no referencial fixo ru(:,j)=T*[V(:,j)+ru0]; %posicao do centro de gravidade da

parte movel no referencial fixo

a_d(:,j)=cross(A(:,j),rd(:,j))+cross(W(:,j),cross(W(:,j),rd(:,j)));

a_u(:,j)=a_L(:,j)*s(:,j)+cross(A(:,j),ru(:,j))+cross(W(:,j),cross(W(:,

j),ru(:,j)))+2*v_L(:,j)*cross(W(:,j),s(:,j)); Id=T*Id0*T.'; Iu=T*[Iu0+mu*L(j)^2*[0 0 0; 0 1 0; 0 0 1]]*T.';

%equacao dinamica de cada link (Soma dos momentos=0) f(:,j)=Cs*(W(:,j)-w(:,k)); C(:,j)=md*cross(rd(:,j),a_d(:,j))+mu*cross(ru(:,j),a_u(:,j))-

cross((md*rd(:,j)+mu*ru(:,j)),g)-(Id+Iu)*A(:,j)-

cross(W(:,j),(Id+Iu)*W(:,j))+Cu*W(:,j)+f(:,j); K(:,j)=cross(C(:,j),s(:,j))/L(j); D(j)=mu*dot(s(:,j),(a_u(:,j)-g))+Cp*v_L(j);

C0(:,j)=[0 0 0]; K0(:,j)=[0 0 0]; D0(j)=0; end

% cinematica e dinamica da plataforma R=Rot*R0; a(:,k)=cross(alpha(:,k),R)+cross(w(:,k),cross(w(:,k),

R))+a_t(:,k); I=Rot*Ip*Rot.';

113

c=[Rot*Fext+M*(g-a(:,k))-sum(K.').'; M*cross(R,(g-a(:,k)))-

I*alpha(:,k)-cross(w(:,k),I*w(:,k))+Rot*Mext-sum((cross(q,K)-f).').']; H=[s; cross(q,s)]; sol(:,k)=inv(H)*c; F(:,k)=D'-sol(:,k);

% Animação

b(:,7)=b(:,1); vert_a(:,7)=vert_a(:,1);

figure(1) plot3(vert_a(1,:),vert_a(2,:), vert_a(3,:)), axis([-2 2 -2 2 0 1]) hold on plot3(b(1,:),b(2,:), b(3,:))

for j=1:6 line([b(1,j) vert_a(1,j)], [b(2,j) vert_a(2,j)], [b(3,j)

vert_a(3,j)]) axis([-0.6 0.6 -0.7 0.5 0 1.1]); hold on end pause(0.01) hold off end

% Gráficos figure plot(tempo,F), grid, Title('Força Exercida Pelos Atuadores'),

xlabel('Tempo [s]'), ylabel('F [N]'), legend('L1','L2','L3', 'L4',

'L5', 'L6')

figure subplot(3,2,1) plot(tempo,t),grid, Title('Deslocamento do centróide da placa

móvel'),ylabel('d [m]'), subplot(3,2,3) plot(tempo,v_t),grid, Title('Velocidade Linear'), ylabel('v [m/s]') subplot(3,2,5) plot(tempo,a_t),grid, Title('Aceleração Linear'), ylabel('a [m/s^2]'),

xlabel('Tempo [s]') subplot(3,2,2) plot(tempo,tetha),grid, Title('Rotação do centróide da placa móvel'),

ylabel('\phi [rad]'), subplot(3,2,4) plot(tempo,w),grid, Title('Velocidade Angular'), ylabel('\omega

[rad/s]'), subplot(3,2,6) plot(tempo,alpha),grid, Title('Aceleração Angular'), xlabel('Tempo

[s]'), ylabel('\alpha [rad/s^2]'), legend('x','y','z')

114

8.3 Anexo D - Expressão iV (DASGUPTA, et al. 1998)

1

1

2 1

3 2 1 1

4 2 1 2

5 1 1 3 2 2 4 1 2 2 1 2 1 1 2 2

( )

1. ( ).( )

1( 2 )

( )

( ) 2

( ) ( ) ( )

(

i i

i i i i i i i i i

i

i i i i

i

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