controle da poluição

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 CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA METODOLOGIA DE CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 1  Henrique de Melo Lisboa Waldir Nagel Schirmer 1) INTRODUÇÃO De acordo com DE NEVERS (1995) e SEINFELD (1995) o processo de poluição do ar se resume a três momentos: (1) emissão de p oluentes para a atmosfera; (2) transporte, diluição e modificação química ou física dos poluentes na atmosfera; (3) imissão dos poluentes - 2) MÉTODOS DE CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR De modo geral há dois métodos básicos pelos quais s e pode controlar a emissão de poluentes atmosféricos (e odores) nos processos industriais. Estas técnicas são divididas em dois grupos: a) Métodos indiretos, tais como modificação do processo e/ou equipamento; b) Métodos d iretos ou técnicas de tratamento. 2.1) MEDIDAS INDIRETAS Este grupo é classificado como método indireto de controle de gases, uma vez que tal controle é conseguido através da modificação do equipamento/processo, alteração de matérias primas por outras ecologicamente mais adequadas, manutenção dos equipamentos e operação dos mesmos dentro da sua limitação, etc, sempre com o objetivo de prevenir o escape ou formação dos gases. São, em grande parte, c hamadas de “Tecnologias Limpas”. Eis algumas destas medidas:  a) Impedir à geração do poluente: - Substituição de matérias primas e reagentes: . enxofre por soda na produção de celulose . eliminação da adição de chumbo tetraetila na gasolina . uso de resina sintética ao invés de borracha na fabricação de escovas de pintura - Mudanças de processos ou operação: . utilização de operações contínuas automáticas . uso de sistemas completamente fechados . condensação e reutilização de vapores (indústria petrolífera) . processo úmido ao invés de processo seco . processo soda ou termoquímico ao invés de processo KRAFT na produção de celulose (soda reduz emissão de gás su lfídrico) b) Diminuir a quantidade de poluentes geradas: - Operar os equipamentos dentro da capacidade nominal - Boa operação e manutenção de equipamentos produtivos - Adequado armazenamento de materiais pulverulentos - Mudança de comportamentos (educação ambiental) - Mudança de processos, equipamentos e operações: . forno cubilô por forno elétrico de indução 1  Com al gumas modificaçõ es realizadas pelo Prof. Fabricio Gomes

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Controle de Poluição

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  • CONTROLE DA POLUIO

    ATMOSFRICA

    METODOLOGIA DE CONTROLE DA POLUIO ATMOSFRICA1

    Henrique de Melo Lisboa

    Waldir Nagel Schirmer

    1) INTRODUO

    De acordo com DE NEVERS (1995) e SEINFELD (1995) o processo de poluio do ar se

    resume a trs momentos: (1) emisso de poluentes para a atmosfera; (2) transporte, diluio e

    modificao qumica ou fsica dos poluentes na atmosfera; (3) imisso dos poluentes -

    2) MTODOS DE CONTROLE DA POLUIO DO AR De modo geral h dois mtodos bsicos pelos quais se pode controlar a emisso de poluentes

    atmosfricos (e odores) nos processos industriais. Estas tcnicas so divididas em dois grupos: a)

    Mtodos indiretos, tais como modificao do processo e/ou equipamento; b) Mtodos diretos ou

    tcnicas de tratamento.

    2.1) MEDIDAS INDIRETAS

    Este grupo classificado como mtodo indireto de controle de gases, uma vez que tal controle

    conseguido atravs da modificao do equipamento/processo, alterao de matrias primas por

    outras ecologicamente mais adequadas, manuteno dos equipamentos e operao dos mesmos

    dentro da sua limitao, etc, sempre com o objetivo de prevenir o escape ou formao dos gases.

    So, em grande parte, chamadas de Tecnologias Limpas. Eis algumas destas medidas:

    a) Impedir gerao do poluente:

    - Substituio de matrias primas e reagentes:

    . enxofre por soda na produo de celulose

    . eliminao da adio de chumbo tetraetila na gasolina

    . uso de resina sinttica ao invs de borracha na fabricao de escovas de pintura

    - Mudanas de processos ou operao:

    . utilizao de operaes contnuas automticas

    . uso de sistemas completamente fechados

    . condensao e reutilizao de vapores (indstria petrolfera)

    . processo mido ao invs de processo seco

    . processo soda ou termoqumico ao invs de processo KRAFT na produo de celulose (soda

    reduz emisso de gs sulfdrico)

    b) Diminuir a quantidade de poluentes geradas:

    - Operar os equipamentos dentro da capacidade nominal

    - Boa operao e manuteno de equipamentos produtivos

    - Adequado armazenamento de materiais pulverulentos

    - Mudana de comportamentos (educao ambiental)

    - Mudana de processos, equipamentos e operaes:

    . forno cubil por forno eltrico de induo

    1 Com algumas modificaes realizadas pelo Prof. Fabricio Gomes

  • . fornos leo por fornos eltricos de induo (fundies)

    . umidificao (pedreiras)

    . utilizao de material sinterizado em alto-fornos

    . evaporao de contato direto por evaporao de contato indireto na recuperao do licor

    negro na produo de celulose

    . controle da temperatura de fuso de metais

    . operao de equipamentos com pessoal treinado

    . reduo da oxidao de SO2 SO3 pela reduo do excesso de ar (menor que 1%) quando da

    queima de leos combustveis

    - Mudana de combustveis

    . combustvel com menor teor de enxofre (leo BPF por BTE)

    . combustvel lquido por combustvel gasoso

    . combustvel slido por combustvel lquido ou gasoso

    . substituio de combustveis fsseis por energia eltrica

    c) Diluio atravs de chamins elevadas : Figura 7. 2.

    Fatores a serem considerados:

    - Relacionados com o processo: quantidade emitida

    temperatura de emisso

    estado dos poluentes

    concentrao

    distrib. de tamanho das partc.

    propr. qumicas e toxicolgicas

    dos poluentes

    - Relacionados com a fonte: altura e dimetro da chamin

    velocidade dos gases na chamin

    relao da chamin com as demais

    - Meteorolgicas: direo e velocidade dos ventos

    temperatura

    estabilidade atmosfrica

    aspectos topogrficos

    d) Mascaramento do poluente:

    . Eliminao da percepo nasal humana de um odor pela superposio de outro odor.

    e) Localizao seletiva Fonte/Receptor (planejamento territorial)

    f) Adequada construo (lay-out) e manuteno dos edifcios industriais:

    . armazenamento de produtos

    . adequada disposio de resduos slidos e lquidos

    2.2. MEDIDAS DIRETAS

    As medidas ou mtodos diretos de controle incluem tcnicas destrutivas como incinerao e

    biofiltrao, e tcnicas recuperativas, como absoro, adsoro e condensao. Na sequncia

    ser apresentado uma breve descrio de cada uma destas tcnicas. Maiores detalhes, parmetros

    de projeto, etc., podem ser encontrados em literatura especfica. Estas tcnicas passam por duas

    etapas:

    a) Concentrao dos poluentes na fonte para tratamento efetivo antes do lanamento na

    atmosfera:

  • . sistemas de ventilao local exaustora

    b) Reteno do poluente aps gerao atravs de equipamentos de controle de poluio do

    ar

    3. CLASSIFICAO DOS EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DA

    POLUIO DO AR

    Os equipamentos de controle so classificados primeiramente em funo do estado fsico do

    poluente a ser considerado. Em seguida a classificao envolve diversos parmetros como

    mecanismo

    de controle, uso ou no de gua ou outro lquido, etc.

    3.1. EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DE MATERIAL PARTICULADO

    - Coletores secos:

    . coletores mecnicos inerciais e gravitacionais

    . coletores mecnicos centrfugos (ex.: ciclones)

    . precipitadores dinmicos secos

    . filtro de tecido (ex.: o filtro-manga)

    . precipitador eletrosttico seco

    - Coletores midos:

    . torre de spray (pulverizadores)

    . lavadores com enchimento

    . lavador ciclnico

    . lavador venturi

    . lavadores de leito mvel

    3.2. EQUIPAMENTOS DE CONTROLE PARA GASES E VAPORES

    - Absorvedores

    - Adsorvedores

    - Incinerao de gs com chama direta

    - Incineradores de gs catalticos

    - Mecanismo de coleta de partculas

    - Lavadores

    - Coletores centrfugos secos ciclone - Filtros de tecidos

    - Precipitadores eletrostticos

    4. EQUIPAMENTOS DE COLETA DE MATERIAL PARTICULADO

    (AEROSIS)

    A reteno de partculas, originado de gases residuais, um dos problemas de maior

    importncia dentro do contexto da limitao da emisso de contaminantes gasosos. Esses so

    responsveis por elevado nmero de fenmenos que depende da concentrao e tempo de

    exposio.

    Do ponto de vista da meteorologia as partculas se comportam como ncleos de condensao

    favorecendo a formao de neblinas que modificam, nas zonas altamente contaminadas, o

    microclima.

    Do ponto de vista sanitrio, as partculas em suspenso representam um grave perigo para

  • pessoas afetadas por enfermidades bronquticas crnicas.

    Por outra parte, grande a influncia na vegetao, que uma vez depositado, obstruem

    estmatos e folhas dificultando o normal desenvolvimento de muitas das atividades biolgicas

    (fotossntese).

    A reteno das partculas um problema bastante complicado que carece de uma soluo nica.

    Junto com o aspecto da separao em si, se encontram fenmenos tais como: perda de carga,

    esfriamento da corrente gasosa e outros que obrigam estudar cada caso particular elegendo o

    sistema mais adequado em cada circunstncia.

    4.1. MECANISMOS DE COLETA

    A coleta de partculas envolve a aplicao de um ou mais dos seguintes mecanismos:

    - sedimentao gravitacional

    - fora centrfuga

    - impactao

    - intercepo

    - difuso

    - fora eletrosttica

    - fora trmica

    4.1.1. SEDIMENTAO GRAVITACIONAL

    A sedimentao gravitacional um mecanismo de deposio importante somente para partculas

    grandes (maiores que 20 micra). A eficincia de coleta de partculas atravs de sedimentao

    gravitacional funo da velocidade terminal da partcula, que diretamente proporcional

    densidade e dimetro da mesma.

    4.1.2. FORA CENTRFUGA

    A Fora Centrfuga age sobre partculas que estejam em movimento numa trajetria circular,

    fazendo com que a partcula se afaste do centro do crculo e no caso de ciclones, se dirija s

    paredes do mesmo.

    A coleta atravs do mecanismo da fora centrfuga ser tanto maior quanto maiores forem o

    dimetro da partcula e sua velocidade tangencial e quanto menor o dimetro do coletor. A

    coleta por fora centrfuga na prtica limitada a fontes de poluio do ar que emitem

    quantidades razoveis de partculas maiores que 5 a 10 micra. Em geral os coletores centrfugos

    (ciclones) so utilizados como pr-coletores.

    4.1.3. IMPACTAO INERCIAL

    A impactao um importante mecanismo de coleta de partculas. Ela representa a "batida" da

    partcula contra um obstculo que faz com que a partcula que estava em movimento diminua a

    sua energia e se separe do fluxo gasoso que a transportava.

    O controle de partculas por impactao geralmente conseguido atravs de pequenos

    obstculos secos ou midos. O obstculo mido, em geral, so as gotas do lquido de lavagem.

    Os obstculos secos so de vrias formas, como por exemplo, cilndricos, esfricos, chatos,

    elipsidicos, etc. A impactao inercial um importante mecanismo de coleta, mas se restringe a

    partculas maiores que 1 de dimetro.

  • 4.1.4. INTERCEPO

    A intercepo um mecanismo de coleta que pode ser considerado como um caso limite da

    impactao, pois representa o mecanismo de coleta para as partculas que ao atingir o

    coletor (obstculo) estejam a uma distncia igual ao seu dimetro, ou seja, aquelas partculas que

    "raspam" o coletor.

    4.1.5. DIFUSO

    O mecanismo de difuso torna-se mais importante a medida que o tamanho das partculas

    diminui. Esse mecanismo de coleta no apresenta importncia para as partculas maiores que

    1m de dimetro. As partculas menores, em funo da sua energia trmica, esto em constante movimento, similarmente ao que ocorre com as molculas de um gs, fenmeno este chamado

    de Browniano.

    4.1.6. FORA ELETROSTTICA

    A fora eletrosttica um mecanismo de coleta predominante em precipitadores eletrostticos.

    No entanto apresenta importncia em outros tipos de equipamentos de

    controle de poluio do ar, como os filtros de tecidos, uma vez que as partculas podem ter, na

    ausncia de campo eltrico, cargas eltricas positivas ou negativas.

    O carregamento eltrico de partculas ocorre no s por ao do campo eltrico, o qual

    importante para partculas de tamanhos maiores que 0,5 m de dimetro, mas tambm por difuso, o qual age mais intensamente em partculas pequenas ( menores que 0,2 m de dimetro). Para as partculas com dimetro entre 0,2 m e 0,5 m de dimetro o carregamento eltrico ocorre tanto por ao do campo eltrico como por difuso.

    5. CLASSIFICAO DOS EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DE

    MATERIAL PARTICULADO

    Podem ser coletores seco e coletores midos. Um sistema de captao de material particulado formado pelas seguintes partes:

    dispositivo de captao (captor) rede de coletores (tubulaes) aspirador de potncia necessria (ventilador) sistema de evacuao das partculas residurias (equipamento de controle)

    Deve-se respeitar uma srie de princpios a fim de lograr a alta eficincia da captao. Os mais

    importantes so:

    Colocar o dispositivo de aspirao o mais prximo possvel da fonte emissora devido ao fenmeno da diminuio da velocidade de aspirao com a rea da seo.

    Envolver, o mximo possvel, a zona de gerao das partculas slidas. A soluo ideal consiste em colocar a fonte em um recinto hermtico diretamente unido com o circuito de

    aspirao, o que provoca frgil depresso e assegurar uma proteo da zona de emisso

    contra as correntes de ar.

    O desenho da instalao de captao um fator muito importante para resolver corretamente o

    problema da eliminao das partculas. Um sistema sobre-dimensionado pode conduzir a gastos

    muitos elevados, e se um sistema sub-dimensionado d lugar a uma emisso de partculas em

    suspenso muito difcil de controlar.