prevenção e controle de poluição - aula 02

15
Prevenção e Controle de Poluição Aula 02 Gestão de Recursos Hídricos Objevos Especícos Estabelecer critérios ge rais para a outorg a de direito de uso dos recursos hídricos e para a cobrança pelo seu uso. • Tomar decisões sobre as grandes ques tões da área de re cursos hídricos. Temas Introdução 1 Recursos hídricos no mundo 2 Uso, controle e gestão dos recursos hídricos 3 Poluição da água 4 Qualidade da Água : Padrões e Classes 5 Gestão dos Recursos Hídricos Considerações nais Referências Renata Crisna de Souza Professora

Upload: joao-silva-gomes

Post on 07-Jul-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 1/15

Page 2: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 2/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

2

Introdução

Prezado(a) aluno(a)! Inicialmente, deveremos conhecer a água como sendo um bem deuso comum do povo, dotado de valor econômico e a abrangência da dominialidade pública,além disso, é fundamental para nossa sobrevivência e para nossa qualidade de vida.

Veremos que o uso da água está cada vez mais comprome do, devido ao aumentopopulacional, ao consumismo e a poluição das águas. Para o gerenciamento desse recursotão precioso que é a água, abordaremos os obje vos da Polí ca Nacional de Recursos Hídricosa par r da relação com o desenvolvimento sustentável.

Nos instrumentos da Polí ca Nacional de Recursos Hídricos, vamos estudar sobre a

qualidade das águas, enquadramento dos corpos d’ água, bem como suas classes, além daoutorga de direito de uso e a cobrança pelo uso da água.

Bons estudos!

1 Recursos hídricos no mundo

Segundo Braga et al . (2005, p. 72), a água se encontra disponível sob vários estadossicos, e é uma das substâncias mais comuns existentes na natureza, cobrindo cerca de 70%

da super cie do planeta, é encontrada principalmente no estado líquido cons tuindo umrecurso natural renovável por meio do ciclo hidrológico. É fundamental que os recursos hídricosapresentem condições sicas e químicas adequadas para sua u lização pelos organismos.

Existem duas formas de caracterizar os recursos hídricos: com relação a sua quan dadee a sua qualidade, estando essas caracterís cas in mamente ligadas. A qualidade da águadepende diretamente da quan dade de água existente para dissolver, diluir e transportar assubstâncias bené cas para os seres que compõem as cadeias alimentares. A quan dade dedistribuição de água na Terra, está apresentada no Quadro 1.

Page 3: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 3/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

3

Quadro 1 – Distribuição da água na Terra

Reservatório Volume 10 3 km3 % do Volumetotal

% do Volume deágua doce

Oceanos 1338000,0 96,5379 -

Subsolo Água doce Água salgada

23400,010530,012870,0

1,68830,75970,9286

-30,0607-

Umidade do solo 16,5 0,0012 0,0471

Áreas congeladas Antár da Groelândia Ár co

Montanhas

24064,021600,02340,083,5

40,6

1,73621,55850,16880,0060

0,0029

68,697161,66296,68020,2384

0,1159Solos congelados 300,0 0,0216 0,8464

Lagos Água doce Água salgada

176,491,085,4

0,01270,00660,0062

-

0,2598-

Pântanos 11,5 0,0008 0,0328

Rios 2,1 0,0002 0,0061

Biomassa 1,1 0,0001 0,0032

Vapor d água naatmosfera

12,9 0,0009 0,0368

Armazenamento total deágua salgada 1350955,4 97,4726 -

Armazenamento total deágua doce 35029,1 2,5274 100,0

Armazenamento total deágua 1385984,5 100,0 -

Fonte: Shiklomanov (1997).

Percebemos no Quadro 1 que o maior volume de água é proveniente dos oceanos,enquanto a água que u lizamos em nossas a vidades, que nos está disponível, é a menorparcela de água existente na terra.

A respeito do aumento da população, do consumismo, das nossas a vidades antrópicasque causam a poluição da água, vale a pena pensarmos: será que a nossa geração irá enfrentarproblemas quanto ao uso de água? Nós vamos presenciar uma “crise da água”. Vale a penare e rmos para mudar nossas a tudes e termos usos sustentáveis da água, pois ela é um

bem muito precioso e essencial a nossa qualidade de vida.

Page 4: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 4/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

4

2 Uso, controle e gestão dos recursos hídricos

A qualidade da água deve ser tal que sa sfaça as exigências da sua u lização,principalmente deve sa sfazer as exigências de saúde pública. Entretanto, essas normaspodem variar de acordo com o uso da água.

Segundo Derisio (2013, p. 20), os recursos hídricos são u lizados para múl plos ns,tais como: abastecimento domés co, abastecimento industrial, irrigação, dessedentaçãode animais, preservação da ora e da fauna, recreação e lazer, geração de energia elétrica,navegação e diluição de despejos.

Por sua vez, esses usos podem ser subdivididos em dois grupos: consun vos e nãoconsun vos. O grupo consun vo é aquele em que há perda entre o que é derivado e o que

retorna ao corpo d’água, por exemplo, o abastecimento público, industrial, dessedentaçãode animais. Enquanto o grupo não consun vo, é aquele que não há necessidade de re rar aságuas das coleções hídricas onde se encontram, por exemplo: recreação e lazer, preservaçãoda ora e da fauna, geração de energia, transporte, diluição de despejos.

O abastecimento domés co é o uso mais nobre da água (BRAGA et. al., 2005, p. 112).Considera-se que neste caso não é a água somente para nossa dessedentação, mas também aágua como sendo essencial a manutenção da vida, como aquela necessária à higiene pessoal,limpeza de utensílios, alimentos e habitações, irrigação de jardins, lavagem de pisos, combate

a incêndios e limpeza de ruas. A Lei que classi ca esses usos prioritários é a Polí ca Nacionalde Recursos Hídricos (PNRH), ins tuída pela Lei nº 9433/97 (BRASIL, 1997).

O sistema de abastecimento de água para ns de consumo humano é cons tuído deinstalações e equipamentos des nados a fornecer água potável à comunidade. Os indicadores

sicos, químicos e biológicos da água potável, ou seja, de qualidade adequada ao consumohumano, deve estar de acordo com o que estabelece o disposi vo legal em vigor no Brasil.Este disposi vo é a Portaria nº 2.914/11 (BRASIL, 2011), que estabelece os procedimentos eas responsabilidades, rela vos ao controle e à vigilância da qualidade da água para o consumo

humano e seu padrão de potabilidade.

A qualidade da água é fundamental para realização de nossas a vidades,pois dependendo da a vidade deve-se ter um padrão estabelecido, para onosso consumo, os padrões de potabilidade são determinados pela Portaria2.914 de 12 de dezembro de 2011. Acesse o link disponível na Midiateca daportaria e veja os padrões de potabilidade estabelecidos para o consumohumano.

Page 5: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 5/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

5

A portaria em vigor de ne o Padrão de Potabilidade como sendo: “conjunto de valoresmáximos permissíveis das caracterís cas de qualidade da água des nada ao consumohumano”. Nesta Portaria, são relacionadas as caracterís cas sicas, organolép cas equímicas, além dos valores máximos permissíveis (VMP) e as caracterís cas de qualidade

microbiológicas e radioa vas. O Padrão de Potabilidade de ne o limite máximo para cadaelemento ou substância química, não estando ali considerados eventuais efeitos sinérgicosentre elementos ou substâncias.

De acordo com Bragaet al. (2005, p. 105), é importante observar que como o conceito de“qualidade de água boa” para consumo humano é dinâmico, e os parâmetros que o de nem,bem como os valores limite, devem ser man dos sob constante revisão. Isso tudo em funçãodos avanços que vão sendo alcançados no desenvolvimento de tecnologia na detecção doselementos tóxicos, bem como em função dos novos tóxicos que frequentemente são lançadosno meio ambiente e os novos efeitos sinérgicos que podem ser descobertos.

O sistema de abastecimento de água é composto pelo manancial, captação, adução,tratamento e reservatório de distribuição. O manancial é a fonte de onde se ra o suprimentode água, essa escolha deve ser condicionada tanto na disponibilidade quanto na qualidadeda água; a captação, é o conjunto de equipamentos e instalações u lizados para se re rar aágua do manancial; adução é a parte do sistema cons tuída de tubulações sem derivações,que liga a captação ao tratamento ou o tratamento ao reservatório de captação; tratamento,etapa que visa remover impurezas existentes na água, bem como eliminar microrganismosque causem mal à saúde; reservatório de distribuição, u lizado para acumular água, com o

intuito de atender a variação do consumo de água e rede de distribuição, que leva a águado reservatório para os pontos de consumo residenciais, escolas, hospitais, indústria, dentreoutros (BRAGAet al ., 2005, p. 108).

Quanto ao uso industrial, a água é u lizada para o consumo humano, para ns delavagens de matéria-prima ou até mesmo como parte do processo, alimentação de processos,sistemas de refrigeração, resfriamento de caldeiras (PHILIPPI JR.; MALHEIROS, 2005, p. 188).Já na dessedentação de animais e irrigação, devem–se ter cuidados especiais voltados paraa qualidade da água.

Vimos que com esses diferentes usos da água, é necessário um planejamento e umgerenciamento dos recursos hídricos, para se de nir as melhores alterna vas para u lizaçãodos recursos hídricos, para orientar na tomada de decisões, com o obje vo de produzir osmelhores resultados ambientais, econômicos e sociais.

Para saber mais sobre a Gestão de Recursos Hídricos, assista ao vídeodisponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Page 6: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 6/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

6

A gestão de recursos hídricos, segundo (PHILIPPI JR; MARTINS, 2005, p. 124), faz partedo sistema de gestão ambiental (SGA), cons tuindo um conjunto de ações que obje vam aadoção de medidas preven vas e corre vas relacionadas aos impactos prejudiciais ao meioambiente. É um processo que inclui o monitoramento e controle das fontes de poluição eda qualidade da água dos mananciais, propondo soluções preven vas e corre vas para aconservação das propriedades sicas, químicas e biológicas do meio ambiente, tendo emvista a proteção da saúde do homem e dos ecossistemas. Além disso, a gestão de recursoshídricos procura propiciar o desenvolvimento de a vidades sociais e econômicas em perfeitoequilíbrio com a natureza, assumindo a tudes proa vas e cria vas em relação ao meioambiente e não se restringindo somente ao atendimento da legislação vigente.

Os principais poluentes dos recursos hídricos são os e uentes domés cos e industriaislançados sem tratamento adequado, as chuvas com impurezas, lixo urbano jogado nas ruas,

pes cidas, fer lizantes, detergentes. Esses poluentes provocam inúmeros impactos nosrecursos hídricos, que vamos estudar com mais detalhes a seguir.

3 Poluição da água

A poluição da água pode ser de nida como sendo a alteração de suas caracterís caspor quaisquer ações ou interferências, sejam elas naturais ou de origem antrópica. Essasalterações podem produzir impactos esté cos, siológicos ou ecológicos. O conceito depoluição da água tem se tornado cada vez mais amplo em função das maiores exigências comrelação à conservação e ao uso racional dos recursos hídricos (BRAGA et al., 2005, p. 82).

A poluição das águas basicamente se origina de quatro pos de fontes, a saber: natural,industrial, urbana e agropastoril. A poluição natural é aquela causada por fenômenos naturais,por exemplo, chuvas e escoamento super cial, salinização e decomposição de animais mortos;a poluição industrial é cons tuída por e uentes gerados pelos processos industriais, sendoque as principais indústrias poluidoras são as de papel e celulose, re narias de petróleo,usinas de açúcar e álcool, metalúrgicas, siderurgias, químicas, têxteis, abatedouros e frangos;a poluição urbana é oriunda do lançamento de e uentes dos habitantes de uma cidade; e apoluição agropastoril, é decorrente de a vidades ligadas à agricultura e à pecuária por meiode defensivos agrícolas, fer lizantes, excrementos de animais e erosão.

Além desses pos de poluição, é preciso salientar que podemos ter a poluição emcaso de ocorrerem acidentes, por exemplo, o tombamento de um caminhão com produtosquímicos em uma rodovia, o produto, pode vir a a ngir um corpo d´água, e prejudicar todoo ecossistema, além de comprometer a qualidade do abastecimento de água da populaçãolocal. Neste caso, são necessárias ações de emergência, que são aliadas às medidas de caráterpreven vo.

Ao considerar os efeitos da qualidade da água, é preciso dis nguir as fontes pontuaise não pontuais de poluição. As fontes pontuais são as fábricas, instalações industriais e

Page 7: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 7/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

7

comerciais que podem liberar algumas substâncias na água, tais como organoclorados, metaispesados, nutrientes (nitrogênio e fósforo, por exemplo), dentre outros. Enquanto as fontesnão pontuais representam um problema mais complicado. Elas incluem as emissões oriundasdos veículos de transporte, do escoamento super cial da agricultura que podem vir a carregaro excesso de nutrientes, pes cidas para os aquíferos e do escoamento super cial urbano,que pode carregar materiais tóxicos e orgânicos dos bueiros para as usinas de tratamento deesgoto diretamente para os rios (SPIRO; STIGLIANI, 2009, p. 233). Os efeitos do uso da águasobre a qualidade da água, estão apresentados no Quadro 2.

Quadro 2 – Efeitos do uso da água sobre a qualidade da água

Uso da água Efeitos sobre a qualidade da água

Domés co/ comercial Diminui oxigênio dissolvidoIndustrial/ mineração Diminui oxigênio dissolvido; polui água com metais pesados e

substâncias orgânicas tóxicas

Termoelétrico Aumenta a temperatura da água (poluição térmica)

Irrigação/ criação de animais Causa salinização das águas de super cie e subterrâneas, diminui ooxigênio dissolvido (próximo aos criadouros)

Fonte: Adaptado de Spiro e S gliani (2009, p. 232).

Existem inúmeros danos que a poluição de água pode causar à população e à qualidade

de vida, e sempre que pensarmos no problema de poluição de águas, devemos consideraro uso a ser dado a elas. Visto que cada vez mais aumenta o consumo de água, se torna vitalo conhecimento sobre as disponibilidades dos recursos hídricos. Esse conhecimento destadisponibilidade é um fator de fundamental importância no desenvolvimento dos programasde monitoramento e controle das águas.

4 Qualidade da Água : Padrões e Classes

A conformação espacial dos recursos hídricos, desde as nascentes até o mar, forma umsistema progressivamente mais complexo, tanto no aspecto natural quanto no antrópico.No aspecto natural, os corpos d´agua vão se agregando e se transformando ao longo docaminho, pelas bacias hidrográ cas. Essas transformações são o resultado das interações daágua com a geologia, o solo, vegetação e fauna dos lugares, que promovem as alterações naquan dade e qualidade hídrica ao longo do percurso (PHILIPPI JR.; SILVEIRA, 2005, p. 427).Essas transformações causam degradação do meio ambiente por diversas fontes, como vistoanteriormente.

Nesse sen do, a qualidade da água pode passar do conceito de bom ou ruim para oconceito de adequada ou inadequada para determinados usos. A caracterís ca da água podeser estabelecida por parâmetros sicos, químicos e microbiológicos. Essas caracterís cas, se

Page 8: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 8/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

8

man das dentro de certos limites, viabilizam determinado uso. Esses limites cons tuem oscritérios (recomendações) ou padrões (regras legais) da qualidade da água (DERISIO, 2013,p. 42).

Várias razões jus cam a realização de trabalhos de avaliação da qualidade da água. Umadelas é o interesse em constatar a observância ou violação dos parâmetros de qualidade daágua, nesse sen do a Organização Mundial da Saúde sugere três formas básicas de obtençãode dados da qualidade das águas: monitoramento, vigilância e levantamento especial.

O monitoramento consiste no levantamento sistemá co de dados em pontos deamostragem selecionados, que tem por obje vo acompanhar a evolução das condições daqualidade da água ao longo do tempo, fornecendo séries temporais de dados. Já a vigilânciaimplica em uma avaliação con nua da qualidade da água, que procura detectar alterações

instantâneas, de modo a permi r providências imediatas para resolver ou contornar oproblema. E o levantamento especial, é projetado para atender às necessidades de um estudoem par cular, geralmente é realizado em campanhas e com determinada duração.

Após a seleção de qualquer uma das formas citadas de avaliação, o passo seguinteconsiste na caracterização do recurso hídrico, e de acordo com Derisio (2013, p.43) envolveas etapas:

Os principais parâmetros sicos da qualidade da água são a temperatura, a turbidez,os sólidos totais, suspensos e dissolvidos, a condu vidade e a cor. No aspecto químicosão o pH, cálcio, magnésio, manganês, cromo, ferro, cádmio, mercúrio, cloretos, nitratos,fosfato, alcalinidade, dureza. Enquanto no aspecto biológico indica a presença de organismospatogênicos, como coliformes totais e termotolerantes (PHILIPPI JR.; SILVEIRA, 2005, p. 428).

O enquadramento dos corpos d´água não contempla os corpos de água de todas asordens. A Bacia Hidrográ ca normalmente é cons tuída por corpos de água que se somam eavolumam, transformando riachos e ribeirões em rios. Dentro dessa di culdade de escala, o

Page 9: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 9/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

9

enquadramento é uma norma dire va que pressupõe uma classe de qualidade que se almejaalcançar ou manter (PHILIPPI JR.; SILVEIRA, 2005, p. 428). A resolução do CONAMA 357/05(BRASIL, 2005), de ne o enquadramento como: “estabelecimento da meta ou obje vo dequalidade da água (classe) a ser, obrigatoriamente, alcançado ou man do em um segmentode corpo de água, de acordo com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo”.

As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são classi cadas, segundo aqualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de qualidade, deacordo com o art. 3º da Resolução 357 (BRASIL, 2005).

O enquadramento de corpos d’água determina o nível de qualidade a seralcançado ou man do ao longo do tempo. O enquadramento serve de basepara os níveis de qualidade que devem possuir ou ser man dos para atenderàs necessidades estabelecidas pela sociedade e não apenas a condição atual docorpo d’água em questão.

No Brasil, a classi cação dos corpos d´água, são realizadas mediante aResolução 357 de 17 de março de 2005. Para ler, acesse o link na íntegra naMidiateca.

Os sistemas da gestão da qualidade da água são a aplicação de instrumentos que tempor obje vo manter a poluição sob controle, seja operacional ou baseado em mecanismosde decisão sobre a efe vidade de mecanismos de decisão. Um sistema rígido de controle depoluição por meio de padrões de emissão uniformes ou um sistema mais exível de padrõesde emissão deve ser considerado as caracterís cas peculiares de cada bacia hidrográ ca e osseus ecossistemas.

5 Gestão dos Recursos HídricosO estabelecimento de polí cas públicas com a par cipação da sociedade civil é a forma

mais e caz do tratamento dos problemas gerados pelos con itos do uso da água (FINK;SANTOS, 2003, p. 264). As soluções propostas para a conservação dos mananciais são aimplantação de sistemas de esgotamento sanitário, coleta e des no adequado dos resíduos,controle de pes cidas e fer lizantes, regulação do uso do solo e modi cação dos processosindustriais poluidores.

Entretanto, para colocar essas medidas em prá ca, temos que ter ações planejadas deforma integrada entre as diversas ins tuições do governo e da sociedade, tais como: Comitêsde Bacias, Consórcio Intermunicipal, Secretarias Municipais e Estaduais, Secretarias do Meio

Page 10: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 10/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

10

Ambiente, da Educação, de Recursos Hídricos, de Saneamento e Obras, além da Polí caFlorestal, Organizações Não Governamentais (ONG) e representantes das comunidades(PHILIPPI JR.; MARTINS, 2005, p. 125).

Para dar suporte a essas ações, há uma série de instrumentos legais, como o Plano DiretorMunicipal, a Lei de Proteção de Mananciais, o Código Florestal, a Lei de Crimes Ambiental ePolí ca Nacional de Educação Ambiental. Esses instrumentos nos permitem a scalização demaneira integrada, e o controle de a vidades intervenientes no meio ambiente que possamprovocar problemas relacionados ao uso e à ocupação do solo, bem como ações de autuação,embargos e aplicação de sanções penais e administra vas aos infratores.

Nesse sen do, a Polí ca Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) foi ins tuída pela Lei nº9.433/97 (BRASIL, 1997, online), xando fundamentos, obje vos, diretrizes e instrumentos

capazes de indicar claramente a posição e orientação pública no processo de gerenciamentodos recursos hídricos.

Ao iniciar pela enumeração dos fundamentos da polí ca, a lei indica os princípios eparâmetros que são os fundamentos das bases da PNRH, que são eles:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumohumano e a dessedentação de animais;

IV- a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múl plo das águas;

V- a bacia hidrográ ca é a unidade territorial para implementação da Polí ca Nacionalde Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHídricos;

VI- a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a par cipação

do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

No ano de 1997, a Lei nº 9.433 ins tuiu aPolí ca Nacional de RecursosHídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHídricos com o obje vo de assegurar à atual e às futuras gerações água emqualidade e disponibilidade su cientes por meio da u lização racional eintegrada, da prevenção e da defesa dos recursos hídricos contra eventoshidrológicos crí cos.

Acesse a Polí ca Nacional de Recursos Hídricos, na íntegra, nolink disponibilizado na Midiateca.

Page 11: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 11/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

11

Podemos perceber que a água, ao ser um bem de domínio público e um recurso dotadode valor econômico, cabe ao poder público legislar sobre ela, e sempre pensar no bem-estarcole vo.

5.1 Outorga da água

O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como obje vo asseguraro controle qualita vo e quan ta vo dos usos de água e o efe vo exercício dos direitos deacesso à água.

São águas de domínio da União:

A u lização das águas integrantes desses cursos ou corpos d´água dependerá damanifestação especí ca (outorga) do Poder Execu vo Federal, podendo a União delegá-laaos estados ou ao Distrito Federal.

O direito de u lização das águas de domínio dos estados será concedido pelo Poder

Execu vo Estadual respec vo. O direito de uso dos Recursos Hídricos é chamado de outorga,que é o ato que concede ao interessado a possibilidade de explorar os recursos hídricos naforma e sob as condições previstas em lei (FINK; SANTOS, 2003, p. 269).

Page 12: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 12/15

Page 13: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 13/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

13

Nesse sen do, a questão que decorre a cobrança pelo uso da água, são os critériosque serão estabelecidos para o cálculo do valor a ser cobrado, e é levado em consideraçãose é para captação super cial ou subterrânea, ou para o lançamento de e uentes para suadiluição, transporte ou des nação nal.

5.3 Comitê de Bacias Hidrográ cas

No plano regional, a PNRH ins tui a gura do Comitê de Bacias Hidrográ cas, que tempor competência ar cular a atuação das en dades intervenientes na sua área geográ cade atuação; o arbitramento dos con itos relacionados aos recursos hídricos, a aprovaçãoe o acompanhamento do Plano de Recursos Hídricos da bacia e o estabelecimento dosmecanismos de cobrança pelo uso dos recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados(PHILIPPI Jr.; SILVEIRA, 2005, p. 435).

A PNRH criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que tem porobje vo promover a gestão integrada das áreas interiores, super ciais e subterrâneas, osestuários e o mar territorial. No nível estadual, a integração deve ser feita entre os conselhosEstaduais de Meio Ambiente e os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos. No planoregional, a PNHR ins tui a gura do Comitê de Bacias Hidrográ cas, que tem competênciaar cular as en dades intervenientes da sua área geográ ca de atuação, o arbitramento doscon itos relacionados aos recursos Hídricos, a aprovação e o acompanhamento do Planode Recursos Hídricos da Bacia. Veri ca-se que em âmbito regional, os comitês de bacias sãoen dades administra vas que têm a capacidade de promover a gestão de forma integrada,descentralizada e com a par cipação de setores da sociedade. Em nível municipal, os ConselhosMunicipais de Meio Ambiente podem interagir com a gestão dos comitês, de acordo com alocalização do município na bacia hidrográ ca em questão (PHILIPPI Jr.; SILVEIRA, 2005, p.436).

A área geográ ca de atuação dos Comitês de Bacias Hidrográ cas é a própria baciahidrográ ca, que pode estar em mais de um estado, assim podem ser ins tuídos no contextodo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, comitês interestaduais debacia hidrográ ca. De acordo com o Art. 37 da PNRH (BRASIL, 1997), os Comitês de BaciaHidrográ ca terão como área de atuação:

I - a totalidade de uma bacia hidrográ ca;

II - sub-bacia hidrográ ca de tributário do curso de água principal da bacia, ou detributário desse tributário; ou

III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográ cas con guas.

Parágrafo único. A ins tuição de Comitês de Bacia Hidrográ ca em rios de domínio daUnião será efe vada por ato do Presidente da República.

Page 14: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 14/15

Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados

Prevenção e Controle de Poluição

14

Já no art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográ ca, no âmbito de sua área deatuação:

I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e ar cular aatuação das en dades intervenientes;

II- arbitrar, em primeira instância administra va, os con itos relacionados aos recursoshídricos;

III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;

IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir asprovidências necessárias ao cumprimento de suas metas;

V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos asacumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito

de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, deacordo com os domínios destes;

VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir osvalores a serem cobrados.

O que podemos observar é que no âmbito regional os comitês de bacias hidrográ cassão en dades administra vas, capazes de promover a gestão de forma descentralizada,integrada e com a par cipação de todos os setores da sociedade.

Considerações finaisPodemos perceber nesta nossa aula que o problema com o uso de água está bem perto

de nós, já não está em um futuro distante. Vimos que os diversos usos de água podem trazersérias consequências para a população, os animais e os ecossistemas, e que são ações depolí cas públicas que poderão minimizar esses impactos, pois cabe ao poder público legislarsobre as águas.

Novas tecnologias, como reuso de águas e e uentes, podem ser a possível solução

em uma crise da água, que está cada vez mais próxima de nós. Já percebemos a falta e oracionamento de água em muitas capitais do nosso país. E até quando não vamos mudarnossas a tudes, quando seremos mais sustentáveis, é importante conhecermos e cuidarmosda água, pensando em nós e nas futuras gerações.

Referências

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. 2005. Resolução CONAMA n. 375 de 17 de marçode 2005. Dispõe sobre a classi cação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seuenquadramento . Disponível em: < h p://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014.

Page 15: Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

8/19/2019 Prevenção e Controle de Poluição - Aula 02

http://slidepdf.com/reader/full/prevencao-e-controle-de-poluicao-aula-02 15/15

Prevenção e Controle de Poluição

____. Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controlee vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade . Disponível em: <h p://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em: 20 out. 2014.

DERISIO, J. C.Introdução ao controle de poluição ambiental . 4. ed. São Paulo: O cina detextos, 2012.

FINK, D. R.; SANTOS, H. F. dos. A legislação de reuso de água.In : MANCUSO, P. C. S.; SANTOS, H.F. dos. Reuso de Água. Barueri, SP: Manole, 2003, pp. 269-289.

MAZZAROTO, A. A. V. de S., BERTÉ, R.Gestão ambiental no mercado empresarial . Curi ba:Intersaberes, 2013.

PHILIPPI JR., A.; MALHEIROS, T. F. Águas residuárias: visão de saúde Pública.In : PHILIPPI JR.,

A. (editor). Saneamento Saúde e Ambiente: fundamentos para um desenvolvimentosustentável . São Paulo: Manole, 2005, pp. 181-219.

PHILIPPI JR., A.; MARTINS, G. Águas de Abastecimento.In : PHILIPPI JR., A. (editor).SaneamentoSaúde e Ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável . São Paulo: Manole,2005, pp. 117-180.

PHILIPPI JR., A., SILVEIRA, V. F. Controle da Qualidade das Águas. In : PHILIPPI JR., A. (editor).Saneamento Saúde e Ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável . SãoPaulo: Manole, 2005, pp. 415-438.

SHIKLOMANOV, I. A.Comprehensive Assessment of the Freshwater Resources of the World,Assessment of Water Resources and Water Availability in the World , WMO/SEI, 1997.85p.

SPIRO, T. G.; STIGLIANI, W. M.Química Ambiental. São Paulo: Pearson, 2009.