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CONTRIBUICcedilOtildeES DO SOROBAN NA FORMACcedilAtildeO CONTINUADA DE PROFESSORES DE MATEMAacuteTICA A INCLUSAtildeO DE ALUNOS CEGOS

Wilma Odete Buchholzsup1

Denise Therezinha Rodrigues Marques Wolskisup2

RESUMO Atualmente um dos maiores desafios da escola eacute fazer com que a inclusatildeo de alunos com

necessidades especiais realmente se efetive no acircmbito escolar Para tanto eacute indispensaacutevel o envolvimento de todos os profissionais da educaccedilatildeo fazendo adaptaccedilotildees fiacutesicas metodoloacutegicas e curriculares Muitos professores afirmam natildeo estarem preparados ou capacitados para trabalhar com alunos que necessitam de atendimento diferenciado e mais especificamente na aacuterea de Matemaacutetica Os mesmos afirmam natildeo ter conhecimento de recursos didaacuteticos como o Soroban que eacute o instrumento de caacutelculo utilizado pela maioria dos alunos cegos Diante de tal situaccedilatildeo constatamos a necessidade de oferecer aos docentes da aacuterea de Matemaacutetica do estabelecimento de ensino em que atuamos e demais interessados materiais explicativos e oficinas para o conhecimento baacutesico deste instrumento de caacutelculo No desenvolvimento deste trabalho foram abordados o histoacuterico a estruturaccedilatildeo confecccedilatildeo e manipulaccedilatildeo do Soroban para o caacutelculo das operaccedilotildees fundamentais adiccedilatildeo subtraccedilatildeo multiplicaccedilatildeo e divisatildeo Durante a implementaccedilatildeo pedagoacutegica do projeto na escola procuramos refletir com os participantes sobre como a utilizaccedilatildeo do Soroban pode contribuir para o ensino da Matemaacutetica natildeo somente para o aluno cego pois sua manipulaccedilatildeo envolve habilidades como caacutelculo mental coordenaccedilatildeo motora domiacutenio do sistema de numeraccedilatildeo decimal requisitos fundamentais para um bom desempenho na aprendizagem desta disciplina

Palavras-chave Soroban Inclusatildeo Aluno cego Matemaacutetica Formaccedilatildeo continuada de professores

1 INTRODUCcedilAtildeO

O projeto Contribuiccedilotildees do Soroban na Formaccedilatildeo Continuada de Professores

de Matemaacutetica a inclusatildeo de alunos cegos apresentado ao Programa de

Desenvolvimento Educacional ndash PDE eacute parte integrante das atividades de formaccedilatildeo

continuada da Rede Estadual de Educaccedilatildeo do Paranaacute O referido projeto foi

desenvolvido no periacuteodo de marccedilo a maio de 2013 com professores do Coleacutegio

Estadual do Campo Professor Estanislau Wrublewski localizado no distrito de

Santana municiacutepio de Cruz Machado Nuacutecleo Regional de Uniatildeo da Vitoacuteria Aleacutem de

__________________________ 1 Especialista em Metodologia do Ensino de Matemaacutetica em Educaccedilatildeo Especial e em Educaccedilatildeo

Ambiental pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciecircncias e Letras de Uniatildeo da Vitoacuteria Professora do Coleacutegio Estadual do Campo Professor Estanislau Wrublewski - SEEDPDE 2012 wilmabuchholzhotmailcom

sup2Doutoranda em Educaccedilatildeo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa Mestre em Educaccedilatildeo pela Universidade Federal do Paranaacute Professora Colaboradora do Departamento de Meacutetodos e Teacutecnicas de Ensino da Universidade Estadual de Ponta Grossa denisewolskihotmailcom

professores deste coleacutegio tambeacutem participaram professores do Coleacutegio Estadual

Baratildeo do Cerro Azul localizado no centro do mesmo municiacutepio e ainda docentes da

Rede Municipal de Educaccedilatildeo totalizando 18 participantes

As leis asseguram o acesso agrave escola regular para todas as pessoas

independente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas sensoriais ou intelectuais Para

compreender estas limitaccedilotildees e fazer as adaptaccedilotildees necessaacuterias no cotidiano

escolar destes sujeitos os docentes e demais envolvidos neste processo precisam

buscar constantemente capacitaccedilatildeo e informaccedilotildees que possam auxiliaacute-los Partindo

desta constataccedilatildeo este projeto teve como objetivo principal oportunizar aos

docentes da disciplina de Matemaacutetica e demais interessados formaccedilatildeo continuada

sobre o uso do Soroban material manipulativo que auxilia alunos cegos ou com

baixa acuidade visual no registro de quantidades e realizaccedilatildeo das operaccedilotildees

fundamentais adiccedilatildeo subtraccedilatildeo multiplicaccedilatildeo e divisatildeo

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

No entanto a maioria dos docentes da aacuterea natildeo recebeu em sua graduaccedilatildeo ou

capacitaccedilotildees posteriores o conhecimento baacutesico a respeito da sua estrutura e

manipulaccedilatildeo

Como professora de matemaacutetica atuante no atendimento de um aluno cego e

seis com baixa acuidade visual no Centro de Atendimento Especializado ao

Deficiente Visual ndash CAEDV buscamos oferecer capacitaccedilatildeo para que outros

professores possam desenvolver conhecimentos baacutesicos para auxiliar neste

processo de inclusatildeo na disciplina de matemaacutetica

2 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

A globalizaccedilatildeo as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e outras descobertas da

humanidade nas uacuteltimas deacutecadas proporcionaram grandes transformaccedilotildees na

sociedade e consequentemente na educaccedilatildeo pois a escola tem o dever de preparar

os indiviacuteduos para serem agentes ativos nessa nova realidade

Paralelamente ao que foi descrito acima a partir da obrigatoriedade do ensino

e do direito ao acesso por parte dos alunos com necessidades educativas especiais

a este ensino a escola passou a vivenciar muitas desconstruccedilotildees e adaptaccedilotildees e o

professor principal mediador na construccedilatildeo de uma aprendizagem significativa se

depara diariamente com situaccedilotildees nunca antes vivenciadas Tais situaccedilotildees exigem

dele encaminhamentos diferenciados e a procura de respostas a muitas indagaccedilotildees

a respeito de como promover a inclusatildeo efetiva de todos os educandos respeitando

seus limites e capacidades em outras palavras poderiacuteamos dizer que inclusatildeo e

diversidade satildeo temas primordiais em todas as discussotildees no acircmbito da educaccedilatildeo

atualmente

Deste modo eacute fundamental que nos empenhemos nessa busca procurando

sempre saber mais sobre as caracteriacutesticas de cada necessidade especial Parte

destas respostas deveriacuteamos encontrar nos cursos de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo

continuada o que nem sempre acontece Esta intervenccedilatildeo se daacute neste sentido

3 A EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL ATRAVEacuteS DOS TEMPOS E O MOVIMENTO DE INCLUSAtildeO

Durante muito tempo as pessoas com necessidades especiais ficaram

excluiacutedas dos sistemas de ensino ou seja natildeo lhes era permitido o acesso agrave escola

e nem ao conviacutevio em sociedade pois eram consideradas incapazes e vistas muitas

vezes como ameaccedilas agrave sociedade Mais tarde criaram-se escolas especiais onde

estas pessoas eram ldquodepositadasrdquo para o atendimento de suas necessidades

baacutesicas por se considerar que elas tinham poucas possibilidades de aprendizagem

em relaccedilatildeo aos alunos ditos ldquonormaisrdquo Acreditava-se que se fossem inseridos em

classes comuns essas possibilidades eram praticamente nulas como se destaca

nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para a Construccedilatildeo de Curriacuteculos

Inclusivos

A organizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Especial sempre esteve determinada por um criteacuterio baacutesico a definiccedilatildeo de um grupo de sujeitos que por inuacutemeras razotildees natildeo corresponde agrave expectativa de normalidade ditada pelos padrotildees sociais vigentes Assim ao longo da histoacuteria ela constitui uma aacuterea da educaccedilatildeo destinada a apresentar respostas educativas a alguns alunos ou seja agravequeles que supostamente natildeo apresentariam possibilidades de aprendizagem no coletivo das classes comuns que foram entre outras denominaccedilotildees estigmatizantes rotulados como excepcionais retardados deficientes (SEED-PR 2006 p 17)

Ao longo do seacuteculo XX e mais especificamente na deacutecada de 1960 ocorreram

profundas transformaccedilotildees no campo da educaccedilatildeo especial Como relata Fernandes

(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia

comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo

social

Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo

tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais

trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que

estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em

que vivem

No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que

impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu

a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em

1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades

Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias

principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em

niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo

inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com

necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e

saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)

[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)

Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive

em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com

necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei

de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de

1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a

modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)

Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos

afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional

no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de

aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva

demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento

de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos

Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013

Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas

como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma

forma pois segundo Menezes (2009)

Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)

Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de

avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e

flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um

todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando

31 A inclusatildeo do aluno cego

Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos

sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos

proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a

realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva

olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que

levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade

Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno

aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos

alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende

apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas

adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em

parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente

Visual - CAEDV

O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos

pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando

inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade

visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos

necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais

como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do

coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)

O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)

Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado

tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores

especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees

direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais

32 Formaccedilatildeo continuada de professores

As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de

aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades

educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser

considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de

vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para

promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais

consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido

Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)

destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de

inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas

atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais

Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os

professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas

incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho

Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os

subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola

inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e

outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas

vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal

funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as

identidades dos professores

Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer

com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo

suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso

que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de

responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo

33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego

Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e

efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos

tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para

efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa

Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos

destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde

recebeu o nome de Soroban

Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan

Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

professores deste coleacutegio tambeacutem participaram professores do Coleacutegio Estadual

Baratildeo do Cerro Azul localizado no centro do mesmo municiacutepio e ainda docentes da

Rede Municipal de Educaccedilatildeo totalizando 18 participantes

As leis asseguram o acesso agrave escola regular para todas as pessoas

independente de suas limitaccedilotildees fiacutesicas sensoriais ou intelectuais Para

compreender estas limitaccedilotildees e fazer as adaptaccedilotildees necessaacuterias no cotidiano

escolar destes sujeitos os docentes e demais envolvidos neste processo precisam

buscar constantemente capacitaccedilatildeo e informaccedilotildees que possam auxiliaacute-los Partindo

desta constataccedilatildeo este projeto teve como objetivo principal oportunizar aos

docentes da disciplina de Matemaacutetica e demais interessados formaccedilatildeo continuada

sobre o uso do Soroban material manipulativo que auxilia alunos cegos ou com

baixa acuidade visual no registro de quantidades e realizaccedilatildeo das operaccedilotildees

fundamentais adiccedilatildeo subtraccedilatildeo multiplicaccedilatildeo e divisatildeo

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

No entanto a maioria dos docentes da aacuterea natildeo recebeu em sua graduaccedilatildeo ou

capacitaccedilotildees posteriores o conhecimento baacutesico a respeito da sua estrutura e

manipulaccedilatildeo

Como professora de matemaacutetica atuante no atendimento de um aluno cego e

seis com baixa acuidade visual no Centro de Atendimento Especializado ao

Deficiente Visual ndash CAEDV buscamos oferecer capacitaccedilatildeo para que outros

professores possam desenvolver conhecimentos baacutesicos para auxiliar neste

processo de inclusatildeo na disciplina de matemaacutetica

2 CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

A globalizaccedilatildeo as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e outras descobertas da

humanidade nas uacuteltimas deacutecadas proporcionaram grandes transformaccedilotildees na

sociedade e consequentemente na educaccedilatildeo pois a escola tem o dever de preparar

os indiviacuteduos para serem agentes ativos nessa nova realidade

Paralelamente ao que foi descrito acima a partir da obrigatoriedade do ensino

e do direito ao acesso por parte dos alunos com necessidades educativas especiais

a este ensino a escola passou a vivenciar muitas desconstruccedilotildees e adaptaccedilotildees e o

professor principal mediador na construccedilatildeo de uma aprendizagem significativa se

depara diariamente com situaccedilotildees nunca antes vivenciadas Tais situaccedilotildees exigem

dele encaminhamentos diferenciados e a procura de respostas a muitas indagaccedilotildees

a respeito de como promover a inclusatildeo efetiva de todos os educandos respeitando

seus limites e capacidades em outras palavras poderiacuteamos dizer que inclusatildeo e

diversidade satildeo temas primordiais em todas as discussotildees no acircmbito da educaccedilatildeo

atualmente

Deste modo eacute fundamental que nos empenhemos nessa busca procurando

sempre saber mais sobre as caracteriacutesticas de cada necessidade especial Parte

destas respostas deveriacuteamos encontrar nos cursos de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo

continuada o que nem sempre acontece Esta intervenccedilatildeo se daacute neste sentido

3 A EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL ATRAVEacuteS DOS TEMPOS E O MOVIMENTO DE INCLUSAtildeO

Durante muito tempo as pessoas com necessidades especiais ficaram

excluiacutedas dos sistemas de ensino ou seja natildeo lhes era permitido o acesso agrave escola

e nem ao conviacutevio em sociedade pois eram consideradas incapazes e vistas muitas

vezes como ameaccedilas agrave sociedade Mais tarde criaram-se escolas especiais onde

estas pessoas eram ldquodepositadasrdquo para o atendimento de suas necessidades

baacutesicas por se considerar que elas tinham poucas possibilidades de aprendizagem

em relaccedilatildeo aos alunos ditos ldquonormaisrdquo Acreditava-se que se fossem inseridos em

classes comuns essas possibilidades eram praticamente nulas como se destaca

nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para a Construccedilatildeo de Curriacuteculos

Inclusivos

A organizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Especial sempre esteve determinada por um criteacuterio baacutesico a definiccedilatildeo de um grupo de sujeitos que por inuacutemeras razotildees natildeo corresponde agrave expectativa de normalidade ditada pelos padrotildees sociais vigentes Assim ao longo da histoacuteria ela constitui uma aacuterea da educaccedilatildeo destinada a apresentar respostas educativas a alguns alunos ou seja agravequeles que supostamente natildeo apresentariam possibilidades de aprendizagem no coletivo das classes comuns que foram entre outras denominaccedilotildees estigmatizantes rotulados como excepcionais retardados deficientes (SEED-PR 2006 p 17)

Ao longo do seacuteculo XX e mais especificamente na deacutecada de 1960 ocorreram

profundas transformaccedilotildees no campo da educaccedilatildeo especial Como relata Fernandes

(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia

comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo

social

Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo

tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais

trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que

estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em

que vivem

No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que

impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu

a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em

1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades

Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias

principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em

niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo

inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com

necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e

saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)

[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)

Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive

em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com

necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei

de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de

1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a

modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)

Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos

afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional

no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de

aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva

demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento

de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos

Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013

Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas

como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma

forma pois segundo Menezes (2009)

Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)

Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de

avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e

flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um

todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando

31 A inclusatildeo do aluno cego

Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos

sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos

proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a

realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva

olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que

levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade

Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno

aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos

alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende

apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas

adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em

parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente

Visual - CAEDV

O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos

pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando

inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade

visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos

necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais

como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do

coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)

O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)

Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado

tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores

especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees

direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais

32 Formaccedilatildeo continuada de professores

As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de

aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades

educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser

considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de

vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para

promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais

consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido

Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)

destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de

inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas

atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais

Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os

professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas

incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho

Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os

subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola

inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e

outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas

vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal

funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as

identidades dos professores

Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer

com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo

suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso

que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de

responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo

33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego

Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e

efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos

tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para

efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa

Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos

destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde

recebeu o nome de Soroban

Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan

Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

a este ensino a escola passou a vivenciar muitas desconstruccedilotildees e adaptaccedilotildees e o

professor principal mediador na construccedilatildeo de uma aprendizagem significativa se

depara diariamente com situaccedilotildees nunca antes vivenciadas Tais situaccedilotildees exigem

dele encaminhamentos diferenciados e a procura de respostas a muitas indagaccedilotildees

a respeito de como promover a inclusatildeo efetiva de todos os educandos respeitando

seus limites e capacidades em outras palavras poderiacuteamos dizer que inclusatildeo e

diversidade satildeo temas primordiais em todas as discussotildees no acircmbito da educaccedilatildeo

atualmente

Deste modo eacute fundamental que nos empenhemos nessa busca procurando

sempre saber mais sobre as caracteriacutesticas de cada necessidade especial Parte

destas respostas deveriacuteamos encontrar nos cursos de capacitaccedilatildeo e formaccedilatildeo

continuada o que nem sempre acontece Esta intervenccedilatildeo se daacute neste sentido

3 A EDUCACcedilAtildeO ESPECIAL ATRAVEacuteS DOS TEMPOS E O MOVIMENTO DE INCLUSAtildeO

Durante muito tempo as pessoas com necessidades especiais ficaram

excluiacutedas dos sistemas de ensino ou seja natildeo lhes era permitido o acesso agrave escola

e nem ao conviacutevio em sociedade pois eram consideradas incapazes e vistas muitas

vezes como ameaccedilas agrave sociedade Mais tarde criaram-se escolas especiais onde

estas pessoas eram ldquodepositadasrdquo para o atendimento de suas necessidades

baacutesicas por se considerar que elas tinham poucas possibilidades de aprendizagem

em relaccedilatildeo aos alunos ditos ldquonormaisrdquo Acreditava-se que se fossem inseridos em

classes comuns essas possibilidades eram praticamente nulas como se destaca

nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para a Construccedilatildeo de Curriacuteculos

Inclusivos

A organizaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Especial sempre esteve determinada por um criteacuterio baacutesico a definiccedilatildeo de um grupo de sujeitos que por inuacutemeras razotildees natildeo corresponde agrave expectativa de normalidade ditada pelos padrotildees sociais vigentes Assim ao longo da histoacuteria ela constitui uma aacuterea da educaccedilatildeo destinada a apresentar respostas educativas a alguns alunos ou seja agravequeles que supostamente natildeo apresentariam possibilidades de aprendizagem no coletivo das classes comuns que foram entre outras denominaccedilotildees estigmatizantes rotulados como excepcionais retardados deficientes (SEED-PR 2006 p 17)

Ao longo do seacuteculo XX e mais especificamente na deacutecada de 1960 ocorreram

profundas transformaccedilotildees no campo da educaccedilatildeo especial Como relata Fernandes

(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia

comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo

social

Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo

tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais

trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que

estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em

que vivem

No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que

impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu

a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em

1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades

Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias

principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em

niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo

inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com

necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e

saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)

[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)

Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive

em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com

necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei

de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de

1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a

modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)

Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos

afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional

no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de

aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva

demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento

de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos

Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013

Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas

como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma

forma pois segundo Menezes (2009)

Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)

Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de

avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e

flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um

todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando

31 A inclusatildeo do aluno cego

Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos

sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos

proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a

realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva

olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que

levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade

Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno

aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos

alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende

apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas

adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em

parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente

Visual - CAEDV

O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos

pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando

inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade

visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos

necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais

como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do

coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)

O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)

Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado

tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores

especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees

direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais

32 Formaccedilatildeo continuada de professores

As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de

aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades

educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser

considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de

vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para

promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais

consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido

Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)

destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de

inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas

atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais

Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os

professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas

incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho

Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os

subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola

inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e

outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas

vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal

funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as

identidades dos professores

Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer

com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo

suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso

que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de

responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo

33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego

Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e

efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos

tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para

efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa

Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos

destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde

recebeu o nome de Soroban

Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan

Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

(2006 apud SEED-PR 2006) a partir desse periacuteodo as pessoas com deficiecircncia

comeccedilaram a ser vistas como cidadatildeos com direitos e deveres de participaccedilatildeo

social

Nas deacutecadas de 60 e 70 intensificaram-se os movimentos sociais surgindo

tambeacutem as primeiras associaccedilotildees de pais e pessoas com necessidades especiais

trazendo consigo um movimento denominado inclusatildeo social considerando que

estas pessoas poderiam ser participativas e capazes na interaccedilatildeo com o mundo em

que vivem

No iniacutecio da deacutecada de 90 ocorreram dois grandes eventos mundiais que

impulsionaram grandes mudanccedilas na aacuterea da Educaccedilatildeo Especial Em 1990 ocorreu

a Conferecircncia Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos em Jomtien na Tailacircndia e em

1994 em Salamanca na Espanha a Conferecircncia Mundial sobre as Necessidades

Educativas Especiais A partir dos documentos elaborados nestas conferecircncias

principalmente a Declaraccedilatildeo de Salamanca iniciaram-se muitas discussotildees em

niacutevel de governos a respeito de quais caminhos seguir em busca da educaccedilatildeo

inclusiva e de um maior respeito agraves pessoas agora denominadas pessoas com

necessidades educativas especiais Surgem entatildeo questotildees sobre como definir e

saber a extensatildeo dessas necessidades De acordo com Menezes (2009)

[] satildeo necessidades que o aluno apresenta no contexto escolar considerando qualquer tipo de apoio ou suporte material eou pedagoacutegico que ele requeira independentemente de suas caracteriacutesticas pessoais origem socioeconocircmica cultural e talentos com deficiecircncia ou natildeo Tais necessidades natildeo precisam ser vistas como questatildeo problema ou especificidade do indiviacuteduo e sim analisadas agrave luz das condiccedilotildees que o sistema educacional pode proporcionar ou seja sob o olhar das respostas educativas oferecidas (MENEZES 2009 p 202)

Ocorreram entatildeo significativas mudanccedilas na educaccedilatildeo brasileira inclusive

em relaccedilatildeo ao direito de acesso ao ensino regular por parte dos alunos com

necessidades educativas especiais Esse direito eacute assegurado no artigo 58 da Lei

de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional LDB nordm 939496 de 20 de dezembro de

1996 em que ldquoEntende-se por educaccedilatildeo especial para os efeitos desta Lei a

modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino para educandos portadores de necessidades especiaisrdquo (p 404)

Iniciou-se entatildeo uma fase de muitas indagaccedilotildees e incertezas que podemos

afirmar perdura ateacute os dias atuais Isto porque para ocorrer a inclusatildeo educacional

no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de

aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva

demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento

de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos

Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013

Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas

como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma

forma pois segundo Menezes (2009)

Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)

Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de

avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e

flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um

todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando

31 A inclusatildeo do aluno cego

Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos

sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos

proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a

realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva

olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que

levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade

Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno

aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos

alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende

apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas

adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em

parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente

Visual - CAEDV

O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos

pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando

inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade

visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos

necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais

como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do

coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)

O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)

Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado

tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores

especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees

direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais

32 Formaccedilatildeo continuada de professores

As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de

aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades

educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser

considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de

vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para

promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais

consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido

Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)

destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de

inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas

atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais

Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os

professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas

incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho

Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os

subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola

inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e

outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas

vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal

funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as

identidades dos professores

Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer

com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo

suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso

que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de

responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo

33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego

Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e

efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos

tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para

efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa

Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos

destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde

recebeu o nome de Soroban

Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan

Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

no seu real sentido todos temos ciecircncia de que natildeo basta o aluno estar na sala de

aula pois como cita o item 7 da Declaraccedilatildeo de Salamanca a escola inclusiva

demanda muitas adaptaccedilotildees estrateacutegias recursos e principalmente envolvimento

de toda a comunidade escolar e tambeacutem da famiacutelia para atingir seus objetivos

Princiacutepio fundamental da escola inclusiva eacute o de que todas as crianccedilas devem aprender juntas sempre que possiacutevel independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenccedilas que elas possam ter Escolas inclusivas devem reconhecer e responder agraves necessidades diversas de seus alunos acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educaccedilatildeo de qualidade a todos atraveacutes de um curriacuteculo apropriado arranjos organizacionais estrateacutegias de ensino uso de recurso e parceria com as comunidades Disponiacutevel em httpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdf Acesso em 04102013

Diante destes fatos noacutes docentes natildeo podemos continuar nossas aulas

como se nada tivesse mudado como se todos os alunos aprendessem da mesma

forma pois segundo Menezes (2009)

Inclusatildeo eacute uma questatildeo humana de valores eacute postura maneira de ser eacute questatildeo existencial que se transforma num ato poliacutetico quando o professor escolhe os conteuacutedos e a metodologia de trabalho o quecirc quando e como ensinar assim como o quecirc quando e como avaliar (MENEZES 2009 p 211)

Estas escolhas e diversificaccedilotildees quanto agrave metodologia e a forma de

avaliaccedilatildeo tambeacutem denominadas no ambiente escolar de adaptaccedilotildees e

flexibilizaccedilotildees curriculares demonstram o respeito do professor e da escola como um

todo em relaccedilatildeo agrave forma e ao ritmo de aprendizagem de cada educando

31 A inclusatildeo do aluno cego

Desde pequenos acumulamos experiecircncias que adquirimos atraveacutes dos

sentidos formando assim um conhecimento de mundo A visatildeo eacute o sentido que nos

proporciona grande parte dessa aprendizagem A crianccedila cega portanto percebe a

realidade e constroacutei seu conhecimento a partir de suas percepccedilotildees taacutetil auditiva

olfativa e gustativa Cabe agrave escola oferecer a este aluno recursos didaacuteticos que

levem em conta sua maneira peculiar de perceber a realidade

Para Argenta amp Saacute (2010) ldquotorna-se necessaacuterio explorar o pleno

aproveitamento dos sentidos remanescentes e do potencial de aprendizagem dos

alunos cegos pois a capacidade de perceber conhecer e aprender natildeo depende

apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas

adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em

parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente

Visual - CAEDV

O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos

pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando

inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade

visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos

necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais

como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do

coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)

O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)

Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado

tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores

especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees

direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais

32 Formaccedilatildeo continuada de professores

As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de

aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades

educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser

considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de

vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para

promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais

consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido

Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)

destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de

inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas

atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais

Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os

professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas

incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho

Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os

subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola

inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e

outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas

vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal

funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as

identidades dos professores

Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer

com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo

suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso

que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de

responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo

33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego

Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e

efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos

tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para

efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa

Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos

destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde

recebeu o nome de Soroban

Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan

Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

apenas da visatildeordquo (p 33) Para auxiliar na inclusatildeo do aluno cego algumas

adaptaccedilotildees podem ser feitas pelo proacuteprio professor da classe regular e outras em

parceria com o responsaacutevel pelo Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente

Visual - CAEDV

O CAEDV e tambeacutem a Sala de Recurso Multifuncional II podem ser mantidos

pelo estado (quando inseridas em escolas estaduais) ou pelo municiacutepio (quando

inseridas em escolas municipais) e atendem alunos cegos e com baixa acuidade

visual no turno contraacuterio a sua matriacutecula no ensino regular e desenvolvem requisitos

necessaacuterios para sua independecircncia e boa convivecircncia em ambientes sociais tais

como atividades de vida autocircnoma orientaccedilatildeo e mobilidade leitura e escrita do

coacutedigo Braille utilizaccedilatildeo do Soroban entre outros Segundo as diretrizes poliacuteticas do

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (BRASIL 2008)

O atendimento educacional especializado tem como funccedilatildeo identificar elaborar e organizar recursos pedagoacutegicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participaccedilatildeo dos alunos considerando suas necessidades As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum natildeo sendo substitutivas agrave escolarizaccedilatildeo Esse atendimento complementa eou suplementa a formaccedilatildeo dos alunos com vistas agrave autonomia e independecircncia na escola e fora dela (p 34)

Nesta perspectiva eacute de fundamental importacircncia que seja disponibilizado

tempo e espaccedilo para o compartilhamento de informaccedilotildees entre os professores

especialistas e os professores das classes regulares a fim de potencializar as accedilotildees

direcionadas aos alunos portadores de necessidades especiais

32 Formaccedilatildeo continuada de professores

As leis existem as escolas acolhem a todos mas a garantia de

aprendizagem natildeo eacute sempre alcanccedilada e muitas vezes o aluno com necessidades

educativas especiais passa a ser visto com piedade e eacute sempre aprovado por ser

considerado sem condiccedilotildees de maiores avanccedilos Essa situaccedilatildeo eacute proveniente de

vaacuterios fatores entre eles o desconhecimento e despreparo dos docentes para

promover articulaccedilotildees e flexibilizaccedilotildees necessaacuterias em cada caso eacute o que traz mais

consequecircncias diretas para o trabalho que deve ser desenvolvido

Nas Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial do Paranaacute (SEED 2006)

destaca-se a preocupaccedilatildeo com a flexibilizaccedilatildeo curricular para que o movimento de

inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas

atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais

Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os

professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas

incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho

Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os

subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola

inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e

outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas

vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal

funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as

identidades dos professores

Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer

com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo

suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso

que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de

responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo

33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego

Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e

efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos

tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para

efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa

Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos

destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde

recebeu o nome de Soroban

Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan

Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

inclusatildeo natildeo se constitua em esvaziamento de conteuacutedos e baixa expectativa nas

atividades avaliativas dos alunos com necessidades especiais

Diante dessa nova realidade que deve ser assumida pela escola os

professores segundo Feldmann (2009) se sentem inseguros e com muitas

incertezas diante do seu papel e da proacutepria funccedilatildeo da escola neste tipo de trabalho

Entendemos que na formaccedilatildeo inicial o professor natildeo se apropria de todos os

subsiacutedios necessaacuterios para corresponder ao volume de exigecircncias da escola

inclusiva e eacute na formaccedilatildeo continuada que procuramos respostas a muitas destas e

outras indagaccedilotildees Para Noacutevoa (1991) a partir das inovaccedilotildees e mudanccedilas

vivenciadas por todo o sistema escolar a formaccedilatildeo continuada tem como principal

funccedilatildeo proporcionar um tempo necessaacuterio para elaboraccedilotildees que refazem as

identidades dos professores

Eacute fundamental que estejamos dispostos a assumir o compromisso de fazer

com que todos os que estatildeo sob nossa responsabilidade desenvolvam ao maacuteximo

suas capacidades Para tanto devemos assumir a inclusatildeo como um compromisso

que exige de noacutes a busca constante da superaccedilatildeo de dificuldades a partilha de

responsabilidades e o respeito a todos os envolvidos no processo

33 O Soroban e a matemaacutetica para o aluno cego

Desde a antiguidade o homem teve a necessidade de registrar nuacutemeros e

efetuar caacutelculos O que inicialmente se fazia utilizando pedras e o dedo das matildeos

tomou dimensotildees maiores despertando a necessidade de criar recursos para

efetuar registros de quantidades e caacutelculos de forma mais raacutepida e precisa

Surgiram entatildeo vaacuterios instrumentos entre eles as taacutebuas de contar e os aacutebacos

destacando-se o suan pan de origem chinesa levado para o Japatildeo em 1622 onde

recebeu o nome de Soroban

Figura 1 - Aacutebaco romano Figura 2 - Suan pan

Fonte Abacus Online Museum 2012 Fonte Science Museum 2012

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

No Japatildeo a aprendizagem do Soroban constitui-se mateacuteria obrigatoacuteria ainda

no Ensino Fundamental sendo importante tambeacutem para a formaccedilatildeo profissional do

cidadatildeo Seu uso habitual fomenta a habilidade numeacuterica melhora a capacidade de

concentraccedilatildeo de raciociacutenio loacutegico a memoacuteria a agilidade mental o processamento da

informaccedilatildeo de forma ordenada e a atenccedilatildeo visual requisitos importantes para o bom

desempenho de qualquer funccedilatildeo

No Brasil esta espeacutecie de aacutebaco chegou em 1908 trazido pelos imigrantes

japoneses que o consideravam indispensaacutevel para a resoluccedilatildeo de caacutelculos Em

1956 veio para o Brasil o professor Fukutaro Kato que intensificou a divulgaccedilatildeo

deste instrumento em Satildeo Paulo no Bairro da Liberdade reduto de japoneses onde

ministrava o Curso Satildeo Paulo de Soroban Disponiacutevel em

httpnikkeypediaorgbrindexphpFukutaro_Kato Acesso em 26 jun 2012

Os aacutebacos no Brasil estiveram presentes na escola regular por algum tempo

mas atualmente satildeo pouco utilizados No entanto continuam sendo destacados em

estudos da aacuterea de Educaccedilatildeo Matemaacutetica muitos benefiacutecios no uso deste

instrumento tais como compreensatildeo do sistema de numeraccedilatildeo decimal

desenvolvimento de agilidade no caacutelculo mental destreza motora memoacuteria e

autoconfianccedila O que podemos reafirmar atraveacutes de publicaccedilatildeo da Secretaria de

Educaccedilatildeo Especial - MEC

O uso do Soroban contribui para o desenvolvimento do raciociacutenio e estimula a criaccedilatildeo de habilidades mentais Permite o registro das operaccedilotildees que soacute seratildeo realizadas com sucesso caso o operador tenha o domiacutenio e a compreensatildeo do conceito de nuacutemero e das bases loacutegicas do sistema de numeraccedilatildeo decimal (BRASIL 2009 p 11)

Por volta de 1959 Joaquim Lima de Moraes com o apoio da colocircnia japonesa

no Brasil conseguiu introduzir o Soroban adaptado na educaccedilatildeo do deficiente

visual Esta adaptaccedilatildeo foi feita simplesmente com a colocaccedilatildeo de um tecido

emborrachado sob as contas para que estas natildeo se movimentassem com rapidez e

ressaltasse pontos em relevo na reacutegua intermediaacuteria separando as classes

numeacutericas

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

Figura 3 - Soroban original e Soroban adaptado para cegos

Fonte Soroban na escola 2012

Este instrumento de caacutelculo pode ser de madeira ou plaacutestico de forma

retangular formado por vaacuterias hastes verticais onde estatildeo presas cinco contas

separadas por uma barra longitudinal que o divide internamente em dois

retacircngulos inferior contendo quatro contas de valor um e superior contendo uma

conta de valor cinco O nuacutemero de hastes varia conforme a necessidade de caacutelculo

ou niacutevel do operador Num niacutevel inicial basta um Soroban com 13 ou 15 hastes

Para efetuar caacutelculos com resultados maiores seraacute necessaacuterio um de 23 ou 27

hastes

Figura 4 - Estrutura do Soroban adaptado

Fonte Acervo proacuteprio 2013

O Soroban foi regulamentado pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo por meio da

portaria nordm 657 de 07 de marccedilo de 2002 como instrumento facilitador no processo

de inclusatildeo de alunos cegos nas escolas regulares bem como instrumento de

desenvolvimento soacutecio-educativo de pessoas portadoras de baixa acuidade visual

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

Apesar de todo o desenvolvimento tecnoloacutegico o Soroban continua sendo um

instrumento de grande valia para a pessoa cega e diferentemente das calculadoras

o operador faz todo o processo para encontrar o resultado com maior compreensatildeo

do Sistema de Numeraccedilatildeo Decimal As pessoas cegas precisam construir conceitos

atraveacutes da manipulaccedilatildeo de representaccedilotildees concretas e a construccedilatildeo do conceito de

nuacutemero tambeacutem ocorre desta forma

4 A IMPLEMENTACcedilAtildeO DO PROJETO

A implementaccedilatildeo deste projeto aconteceu em forma de oficinas totalizando

oito encontros conforme descrito a seguir

No primeiro encontro fizemos uma explanaccedilatildeo a respeito do cronograma das

accedilotildees a serem desenvolvidas breve apresentaccedilatildeo da produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica

produzida na etapa anterior do programa reflexatildeo a respeito do histoacuterico da

Educaccedilatildeo Especial e o movimento de inclusatildeo pautado basicamente nas mudanccedilas

que ocorreram nas leis em todo o mundo a partir de documentos como a Declaraccedilatildeo

de Salamanca (elaborada num evento em 1994 na Espanha)

Na sequecircncia assistimos ao filme ldquoVermelho como o Ceacuteurdquo do diretor

Cristiano Bortone que relata um caso veriacutedico ocorrido na deacutecada de setenta com

um menino italiano que ficou cego aos dez anos de idade em decorrecircncia de um

acidente com arma de fogo e passou a frequentar uma escola para cegos pois a lei

natildeo permitia que continuasse frequentando a escola regular

Fazendo a anaacutelise do filme conversamos a respeito daquela realidade ou

seja da eacutepoca e local da ocorrecircncia dos fatos comparando com o que temos hoje

no Brasil com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo de pessoas cegas estendendo o debate tambeacutem

para a inclusatildeo de alunos com as mais diversas necessidades especiais

Abordamos ainda algumas questotildees a respeito das reaccedilotildees apresentadas pelas

famiacutelias no que se refere agrave aceitaccedilatildeo da pessoa que natildeo se encaixa nos ldquopadrotildees de

normalidaderdquo seja quando traz esta diferenccedila desde o nascimento ou a adquire

posteriormente como consequecircncia de alguma enfermidade ou acidente

No segundo encontro procuramos caracterizar a deficiecircncia visual que de

acordo com publicaccedilatildeo do Ministeacuterio da Educaccedilatildeo ndash Secretaria de Educaccedilatildeo

Especial pode ser definida como

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

Uma doenccedila ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indiviacuteduo a incapacidade de ver ou de ver bem acarretando limitaccedilotildees ou impedimentos quanto agrave aquisiccedilatildeo de conceitos acesso direto agrave palavra escrita agrave orientaccedilatildeo e mobilidade independente agrave interaccedilatildeo social e ao controle do ambiente o que poderaacute trazer atrasos no desenvolvimento normal (2002 sp)

Ainda de acordo com a mesma publicaccedilatildeo

A crianccedila deficiente visual eacute aquela que difere da meacutedia a tal ponto que iraacute necessitar de professores especializados adaptaccedilotildees curriculares e ou materiais adicionais de ensino para ajudaacute-la a atingir um niacutevel de desenvolvimento proporcional agraves suas capacidades (2002 sp)

Nestas adaptaccedilotildees principalmente no que se refere ao educando com baixa

visatildeo eacute necessaacuterio que o professor da classe regular tenha o conhecimento baacutesico

das suas necessidades para saber desde posicionaacute-lo no melhor lugar da sala

geralmente na primeira carteira da fila do meio proporcionando um melhor acircngulo

de visatildeo evitando esforccedilo excessivo e consequente cansaccedilo

Em alguns casos haacute a necessidade da utilizaccedilatildeo de alguns recursos oacutepticos

cabendo portanto ao professor regente conscientizar os demais alunos da classe

desta necessidade esclarecendo duacutevidas e curiosidades iniciais Esses recursos

satildeo utilizados mediante prescriccedilatildeo e orientaccedilatildeo oftalmoloacutegica dependendo de cada

caso ou patologia Fizemos ainda neste encontro um breve estudo sobre como

algumas patologias interferem na visatildeo normal procurando compreender como

algumas pessoas enxergam

O terceiro encontro foi direcionado para uma abordagem a respeito do

histoacuterico do Soroban sua importacircncia para a compreensatildeo da Matemaacutetica pelo

aluno cego e as contribuiccedilotildees que pode trazer a qualquer pessoa quanto ao

desenvolvimento do raciociacutenio e a criaccedilatildeo de habilidades mentais

Antes de iniciar a utilizaccedilatildeo do Soroban para registro de nuacutemeros e efetuar

caacutelculos eacute fundamental que o aluno conheccedila bem as regras do Sistema de

Numeraccedilatildeo Decimal (unidade dezena centena valor posicional do algarismo etc)

o que pode ser desenvolvido com a utilizaccedilatildeo do Material Dourado e atividades

luacutedicas diversas Essa etapa eacute denominada Preacute-Soroban

Em ldquoA construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Sorobanrdquo (BRASIL 2006)

encontramos que

Os elementos primordiais envolvidos na formaccedilatildeo do conceito de nuacutemero satildeo

classificaccedilatildeo SeriaccedilatildeoOrdenaccedilatildeo

sequecircncia Loacutegica

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

contagem (em diferentes bases)

inclusatildeo de Classe

intersecccedilatildeo de Classe

conservaccedilatildeo (p 35)

Na continuidade deste encontro expusemos aos participantes vaacuterios jogos e

atividades luacutedicas descritas na publicaccedilatildeo acima citada que utilizam blocos loacutegicos

dados escala Cuisinaire reacuteguas numeacutericas entre outros materiais que promovem o

desenvolvimento destes elementos importantes para que qualquer crianccedila natildeo

apenas o cego possa compreender o sistema de numeraccedilatildeo decimal e as operaccedilotildees

fundamentais e natildeo apenas fazer caacutelculos mecanicamente ou seja apenas

memorizando regras

No quarto encontro confeccionamos o Soroban com materiais alternativos

Este modelo de Soroban foi desenvolvido pelo professor Edson Nunes do Amaral

Bacharel em Sistema de Informaccedilatildeo no Estado do Rio de Janeiro

Figura 5 - Soroban artesanal

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Na continuidade explicamos a estrutura do instrumento sua constituiccedilatildeo

entre outras consideraccedilotildees importantes para registrar quantidades e posteriormente

efetuar caacutelculos tais como

contas peccedilas moacuteveis que ao serem encostadas na reacutegua de numeraccedilatildeo

passam a representar uma quantidade no nuacutemero que se deseja representar

reacutegua de numeraccedilatildeo divide o aacutebaco em parte superior e inferior

eixos geralmente satildeo 21 e em cada eixo estatildeo fixadas 5 contas sendo 4 na

parte inferior e 1 na parte superior da reacutegua de numeraccedilatildeo

pontos saliecircncias que separam os eixos de trecircs em trecircs formando 7

classes Cada classe eacute composta por trecircs ordens U (unidade) D (dezena) e

C (centena)

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

Figura 6 - Constituiccedilatildeo do Soroban

Fonte Acervo proacuteprio 2013

Nos demais encontros repassamos aos cursistas o passo a passo descrito e

ilustrado na produccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica para efetuar as operaccedilotildees sendo uma

em cada encontro Os participantes efetuaram os caacutelculos com gradativa dificuldade

e de iniacutecio alguns consideraram difiacutecil mas posteriormente compreenderam o

mecanismo e a importacircncia de divulgar este instrumento para que mais pessoas

conheccedilam e utilizem

Durante o Grupo de Trabalho em Rede - GTR que ocorreu paralelamente agrave

implementaccedilatildeo do projeto na escola os 14 professores que concluiacuteram o curso

tambeacutem consideraram o assunto abordado como de grande relevacircncia para a

educaccedilatildeo atual e pouco abordado nos cursos de capacitaccedilatildeo a que geralmente

temos acesso como podemos constatar em algumas postagens citadas abaixo

Professor A ldquoA formaccedilatildeo continuada direcionada agrave inclusatildeo sempre eacute solicitada por

noacutes professores em nossos encontros de formaccedilatildeo pois nossa formaccedilatildeo

universitaacuteria foi deficitaacuteria nesse ponto A inclusatildeo eacute um grande desafio para escola

pois muitas vezes sem o conhecimento necessaacuterio e uma metodologia apropriada

para cada situaccedilatildeo noacutes acabamos por excluir ao inveacutes de incluir os alunos com

algum tipo de necessidade especial Seu projeto de intervenccedilatildeo eacute muito importante

para oferecer subsiacutedios para os professores de matemaacutetica e de outras aacutereas

trabalharem com tais situaccedilotildees em sala de aula Ressalto a importacircncia no sentido

que a capacitaccedilatildeo permitiraacute o acontecimento da inclusatildeo dos alunos com baixa

visatildeo cegos ou portadores de outras necessidades especiais na escola de fatordquo

Professor B ldquoEste projeto eacute relevante para o modelo de educaccedilatildeo que temos hoje A

inclusatildeo dos alunos cegos nas classes regulares e o uso do Soroban pode

proporcionar a todos um aprofundamento sobre o sistema de numeraccedilatildeo e resgatar

momentos ricos de aprendizagem tanto dos alunos como do professor Como o

R Reacutegua de numeraccedilatildeo Eixo Ponto Contas

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

Soroban desenvolve o raciociacutenio loacutegico acredito que ele poderia tambeacutem ser usado

para os alunos normais valorizando mais o pensamento construtivo assim eles

podem entender melhor as trocas de unidades por dezenas por centenas etc se o

aluno entende o significado dos conceitos ligados ao sistema de numeraccedilatildeo pode

potencializar mais o entendimento sobre as duacutevidas das operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

Aleacutem da sugestatildeo para utilizaccedilatildeo deste instrumento de caacutelculo por todos os

alunos tambeacutem foi sugerido oferecer oficinas para o Curso Formaccedilatildeo de Docentes

(niacutevel meacutedio)

Professor C ldquoMinha sugestatildeo eacute para o Curso de Formaccedilatildeo de Docentes apresentar

o Soroban e sugerir que seja transformado em temaacutetica para o evento ldquoFeira de

Ciecircnciasrdquo ou ldquoFeira Culturalrdquo []rdquo

Professor D ldquoTambeacutem os alunos podem se organizar para construir o Soroban como

vocecirc demonstrou na sua produccedilatildeo Satildeo materiais uacuteteis para enriquecer o acervo do

Laboratoacuterio de Matemaacutetica onde osas alunosas do Curso de Formaccedilatildeo de

Docentes poderatildeo incrementar os estudos na disciplina de Praacutetica E os demais

alunos poderatildeo desenvolver a habilidade de utilizaccedilatildeo do materialrdquo

As duas sugestotildees foram concretizadas no segundo semestre Participaram

quarenta e trecircs alunos de terceiro e quarto anos do Curso de Formaccedilatildeo de Docentes

de dois coleacutegios do municiacutepio

Ainda foi sugerido desenvolver o projeto com professores durante a semana

pedagoacutegica ou oficinas da ldquoFormaccedilatildeo em Accedilatildeordquo o que tambeacutem jaacute iniciamos falando

a respeito da deficiecircncia visual e do trabalho que desenvolvemos no Centro de

Atendimento Especializado ao Deficiente Visual ndash CAEDV Foram oficinas de quatro

horas em julho de 2012 e julho 2013 com professores e funcionaacuterios dos trecircs

coleacutegios estaduais do municiacutepio

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Apoacutes a conclusatildeo deste trabalho analisando as etapas percorridas

percebemos que o assunto escolhido foi considerado de grande relevacircncia pelos

participantes conforme citado pelos professores no GTR e em instrumento de

avaliaccedilatildeo ao final da implementaccedilatildeo pedagoacutegica A seguir algumas falas das

avaliaccedilotildees

ldquoTodo o periacuteodo do curso foi muito proveitoso pois fomos apresentados a

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

uma maneira diferenciada de pensar imaginar e usar a Matemaacutetica para facilitar o

ensino-aprendizagem das operaccedilotildees baacutesicas Tambeacutem foi bastante importante

poder repensar a inclusatildeo com relaccedilatildeo ao aprender como se aprende em situaccedilotildees

de limitaccedilotildees visuais e de cegueira permanente (Professor 1)rdquo

ldquoFaz-se necessaacuteria a discussatildeo deste tema com maior frequecircncia e para todo

grupo de educadores Natildeo se faz uma educaccedilatildeo sem conhecimento e dificilmente

encontramos pessoas que direcionam atividades especiacuteficas a cada necessidade Eacute

comum falar-se em inclusatildeo mas no geral sem especificar praacuteticas pedagoacutegicas

concretas como esse trabalho proporcionou (Professor 2)rdquo

Constatamos assim que atingimos com este trabalho uma abrangecircncia maior

que a esperada inicialmente pois aleacutem dos professores de Matemaacutetica para os

quais o material foi desenvolvido despertamos tambeacutem o interesse de docentes de

outras aacutereas e ainda daqueles que estatildeo se preparando para enfrentar os desafios

da sala de aula e promover a aprendizagem de todos mesmo que de forma

diferenciada e utilizando recursos ateacute entatildeo pouco conhecidos

REFEREcircNCIAS

ARGENTA Adriana SAacute Elizabet Dias de Atendimento educacional especializado de alunos cegos e com baixa visatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Brasiacutelia DF v5 p32-39

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial A construccedilatildeo do conceito de nuacutemero e o Preacute-Soroban Fernandes Cleonice Terezinha [et al] Brasiacutelia 2006 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inclusatildeo Revista da Educaccedilatildeo Especial Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Secretaria de Educaccedilatildeo Especial v 04 n 05 Brasiacutelia SEESP 2008 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Deficiente visual educaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo Masi Ivete de [et al] Brasiacutelia 2002

BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Soroban manual de teacutecnicas operatoacuterias para pessoas com deficiecircncia visual Mota Maria Gloacuteria Batista da [et al] Brasiacutelia SEESP 2009 1ordf ed CARNEIRO Moaci Alves LDB Faacutecil Leitura criacutetico-compreensiva artigo a artigo 17 ed Petroacutepolis RJ Editora Vozes 2010 DECLARACcedilAtildeO DE SALAMANCA Sobre Princiacutepios Poliacuteticas e Praacuteticas na Aacuterea das Necessidades Educativas Especiais Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013

lthttpportalmecgovbrseesparquivospdfsalamancapdfgt Acesso em 04 out 2013 FELDMANN Marina Graziela Formaccedilatildeo de professores e escola na contemporaneidade 1 ed Satildeo Paulo Senac Satildeo Paulo 2009

KATO Histoacuteria de Fukutaro Disponiacutevel em lthttpnikkeypediaorgbrindex phpFukutaro_Katogt Acesso em 26 jun 2012

MATEMAacuteTICA Soroban na escola Disponiacutevel em

lthttpmatematicaef2blogspotcombr201102soroban-na-escolahtmlgt Acesso em 18 jun 2012

MENEZES M A de Curriacuteculo formaccedilatildeo e inclusatildeo alguns implicadores In FELDMANN M G (org) Formaccedilatildeo de professores na contemporaneidade Satildeo Paulo Editora Senac 2009

NOacuteVOA Antonio A formaccedilatildeo contiacutenua entre a pessoa-professor e a organizaccedilatildeo-escola Inovaccedilatildeo Revista do Instituto de Inovaccedilatildeo Educacional Porto v12 n2 p 187 ndash 202 2006

PARANAacute Diretrizes Curriculares da Educaccedilatildeo Especial para construccedilatildeo de Curriacuteculos Inclusivos Curitiba SEED 2006 Disponiacutevel em lthttpwwweducadoresdiaadiaprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=1gt Acesso em 15 out 2013