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1 Contribuições do Método Recepcional, Estética da Recepção, Teoria dos Gêneros e Análise do Discurso da Linha Francesa no conhecimento da Literatura Paranaense Clair Lima Vasconcelos 1 Luciana Fracasse² Resumo: - Este artigo é o resultado da Proposta PDE intitulada, “Literatura Paranaense sob o domínio da Historia Urbana”. Neste relato descritivo, a experiência da leitura valoriza o aluno leitor. Ao mesmo tempo em que instrumentaliza-o para que tenha condições de explorar e entender as várias possibilidades de sentido que um texto literário oferece ao trabalhar com o conhecimento da Literatura Paranaense. Nesse sentido, este trabalho busca marcar o traço comum da temática urbana desenvolvida nas criações literárias do Paraná e mostra uma diversidade de gêneros textuais próprios da contemporaneidade. Como suporte teórico, esta experiência fundamentou-se nas teorias complementares da Estética da Recepção de Robert Jauss e Wolfgang Iser que valorizam o leitor. Descreve a prática da leitura literária realizada nas segundas séries do ensino médio, do período da manhã do Colégio Estadual padre Chagas. Segue os passos propostos no método Recepcional de Vera Teixeira Aguiar e Maria da Glória Bordini. Estas apontam um processo que vai da historia cultural à expansão do horizonte vivencial do aluno. Vale ressaltar que ao enfocarmos o trabalho com a leitura também recorremos a pressupostos fornecidos pela Analise do Discurso, por ser uma teoria voltada à interpretação e à produção de sentidos nos textos. Palavras chaves: Leitura, Método, Discurso, gêneros, Literatura Paranaense. Abstract: Contributions of the Method Recepcional, Aesthetics of Reception, Theory of Speech Genres and Analysis of the knowledge of the French Language of Literature Paranaense. This article is the result of the proposal EDP, "Literature Paranaense in the field of urban history." In this study highlights the experience of reading the student reader. At the same time that instrumentalizando - so we should be able to explore and understand the various possibilities of meaning that a literary text offers to work with the knowledge with the knowledge of literature Parana. Make the common thread of the theme developed in urban literary creations of Parana, and shows a variety of genres from contemporary texts themselves. As theoretical support, this experiment was based on theories of complementary Aesthetics of reception of Robert Jauss and Wolfgang Iser who value the player. Describes the practice of literary reading in the footsteps of the proposed method of Recepcional Vera Teixeira Aguiar and Maria da Gloria Bordini. These indicate a process of cultural history that will expand the horizon of living of the student. It is worth emphasizing that the focus on working with the reading we also review the assumptions provided by the Speech, is one theory focused on the interpretation and production of meaning in the texts. 1. Professora Especialista em Língua Portuguesa, Literatura e Supervisão Escolar - Professora PDE, SEED. 2007. 2. Professora Orientadora Mestre em Estudos da Linguagem. Departamento de Letras, UNICENTRO, PR.

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1

Contribuições do Método Recepcional, Estética da Recepção, Teoria dos Gêneros

e Análise do Discurso da Linha Francesa no conhecimento da Literatura Paranaense

Clair Lima Vasconcelos1

Luciana Fracasse²

Resumo: - Este artigo é o resultado da Proposta PDE intitulada, “Literatura Paranaense sob o domínio da Historia Urbana”. Neste relato descritivo, a experiência da leitura valoriza o aluno leitor. Ao mesmo tempo em que instrumentaliza-o para que tenha condições de explorar e entender as várias possibilidades de sentido que um texto literário oferece ao trabalhar com o conhecimento da Literatura Paranaense. Nesse sentido, este trabalho busca marcar o traço comum da temática urbana desenvolvida nas criações literárias do Paraná e mostra uma diversidade de gêneros textuais próprios da contemporaneidade. Como suporte teórico, esta experiência fundamentou-se nas teorias complementares da Estética da Recepção de Robert Jauss e Wolfgang Iser que valorizam o leitor. Descreve a prática da leitura literária realizada nas segundas séries do ensino médio, do período da manhã do Colégio Estadual padre Chagas. Segue os passos propostos no método Recepcional de Vera Teixeira Aguiar e Maria da Glória Bordini. Estas apontam um processo que vai da historia cultural à expansão do horizonte vivencial do aluno. Vale ressaltar que ao enfocarmos o trabalho com a leitura também recorremos a pressupostos fornecidos pela Analise do Discurso, por ser uma teoria voltada à interpretação e à produção de sentidos nos textos.

Palavras – chaves: Leitura, Método, Discurso, gêneros, Literatura Paranaense.

Abstract: Contributions of the Method Recepcional, Aesthetics of Reception, Theory of Speech

Genres and Analysis of the knowledge of the French Language of Literature Paranaense. This

article is the result of the proposal EDP, "Literature Paranaense in the field of urban history." In this

study highlights the experience of reading the student reader. At the same time that

instrumentalizando - so we should be able to explore and understand the various possibilities of

meaning that a literary text offers to work with the knowledge with the knowledge of literature

Parana. Make the common thread of the theme developed in urban literary creations of Parana, and

shows a variety of genres from contemporary texts themselves. As theoretical support, this

experiment was based on theories of complementary Aesthetics of reception of Robert Jauss and

Wolfgang Iser who value the player. Describes the practice of literary reading in the footsteps of the

proposed method of Recepcional Vera Teixeira Aguiar and Maria da Gloria Bordini. These indicate

a process of cultural history that will expand the horizon of living of the student. It is worth

emphasizing that the focus on working with the reading we also review the assumptions provided

by the Speech, is one theory focused on the interpretation and production of meaning in the texts.

1. Professora Especialista em Língua Portuguesa, Literatura e Supervisão Escolar - Professora PDE, SEED. 2007. 2. Professora Orientadora Mestre em Estudos da Linguagem. Departamento de Letras, UNICENTRO, PR.

2 Key - Words: Reading, Method , the speech, genres, literature Paranaense.

Introdução

A convicção de que a linguagem literária pode trazer reflexões sobre a

identidade de determinados espaços sociais fez surgir o trabalho com a Literatura

Paranaense nas 2ª series do Ensino médio do Colégio Estadual Padre Chagas. A leitura

dos textos literários leva os sujeitos a observar o contexto: o mundo, as pessoas, os

acontecimentos, os lugares, os sentimentos, as ações dos indivíduos. A observação

desses elementos no texto literário faz com que surjam reflexões sobre o que nos rodeia.

Estabelecem-se conexões entre o que produz significado e o que se torna capaz de trazer

sentido para as outras ações comunicativas. Esse processo de questionamento faz com

que o leitor construa seu discurso o mais próximo do desejado.

O conhecimento da literatura paranaense partiu do interesse dos alunos das 2ªs

series do Ensino médio, após trabalhar com os contos de Machado de Assis. Os

questionamentos levantados como: _Porque não trabalharmos com contos de autores

nossos , mais próximos, dos escritores paranaenses. O desejo mostrava que não

conheciam a literatura do Paraná. Justificaram que nos livros só constam alguns dados de

Paulo Leminski e Dalton Trevisan. E ficou no ar a questão: - Será que eles são os únicos

representantes da literatura do nosso Estado? - E os escritores das cidades menores não

aparecem, por quê?

O que se pode constatar, ao trabalhar a leitura literária partindo do que é

significativo para o educando, seguindo o método recepcional, é que não se trata só de

escolher as obras, os escritores, os gêneros textuais, mas sim de ter a liberdade de

escolher uma leitura significativa para o aluno-leitor. Cabe aqui o registro de uma

preocupação em sair do cotidiano de uma prática tradicional, em que a abordagem

histórica, por meio do conhecimento dos períodos literários, esclarece a leitura literária.

Mas no dia-a-dia observa-se que nossos leitores jovens também valorizam a cultura

paranaense como resignificação do próprio espaço de cada um. Para conduzir essa

prática faz-se necessário buscar um método. O que coloca o leitor em constante diálogo

com o texto é o Método Recepcional de Bordini & Aguiar (1993).

3

De acordo com Cereja (2005), esse método mostra que existe um sujeito

criado pelo autor que fala, um leitor que pode submeter-se ou não, a tais pistas de leitura,

entrando em diálogo com o texto. Para o autor:

não é o ensino da Literatura que faz com que os alunos mostrem-se desinteressados e com dificuldades de entender as especialidades do texto literário. O que ocorre é que por falta de desenvolver-se no país uma cultura que valorize a leitura, os alunos sentem-se despreparados diante de qualquer tipo de texto. Por isso os professores buscam alternativas de pesquisa para enfrentar essas barreiras. O caminho é compreender o processo histórico do ensino da literatura, as razões dos nossos fracassos no Ensino fundamental e Médio. E a partir dos resultados, construir uma proposta onde se contemple todas as possibilidades de melhoria do desempenho de leitura de nossos alunos (2005, p.114).

2. Fundamentação Teórica

2.1. Método Recepcional e o ensino da literatura

Nesse contexto além do método Recepcional recorremos ao suporte teórico da

Análise do Discurso de linha Francesa e a teoria dos gêneros apresentada por Bronckart.

O método Recepcional de Vera Teixeira Aguar e Maria da Glória Bordini além de refletir

sobre a leitura, literatura e a escola propõem alternativas para conciliar o ensino de

literatura com a formação do leitor (BORDINI & AGUIAR, 1993).

O professor Cláudio Mello (UNICENTRO), em seus discursos nas aulas do

Curso de Literatura PDE, faz colocações interessantes ao relatar que os educadores

apropriam-se de obras de intelectuais como Bakhtin, Benedito Nunes, Alfredo Bosi, mas

nem sempre conseguem transpor as idéias deles para as práticas cotidianas do ensino.

Preferem a sincronia e a diacronia, à abordagem supostamente estética, perspectiva

dialógica como meio de abordagem à literatura. Este enfoque favorece o diálogo entre

objetos culturais de diferentes linguagens e épocas. Para realizar essa prática, faz-se

necessário certo distanciamento das obras literárias e do método tradicional que trabalha

a Literatura como conteúdo.

Usa-se a Periodização dos movimentos literários para compreender que a

literatura é um fenômeno que está em seu contexto de produção, dobra-se as malhas da

linguagem e acaba rendendo-se à originalidade e a inventabilidade do artista.Tal leitor é

4 ao mesmo tempo múltiplo e também único, porque “como camaleão se transforma

diante dos discursos plurais que cada texto lhe impõe”. (REIS, 2008 apud CARVALHO).

À medida que o leitor se aproxima das novas leituras vai se construindo, se

transformando de maneira que não se sabe quais os limites entre o que se é e o que as

palavras dizem que somos. Segundo Zilberman (2001, p.7):

A teoria da Estética da Recepção formulada por JAUSS considera o texto literário como suporte para avaliar a recepção em comunicação. Aponta o leitor como responsável pela atualização dos textos e garante a historicidade das obras literárias. Não vê historicidade como momento da produção, mas sim das circunstâncias de serem lidas e apreciadas em diferentes épocas. O mesmo leitor

literário atravessa diferentes horizontes, mantendo sua forma.

A contribuição de Jauss esclarece que a conexão histórica que aparece numa

obra literária, não é uma sucessão fática dos acontecimentos. A recepção reelabora o

fenômeno literário quando os leitores posteriores manifestarem interesse ao conhecê-la e

na socialização atualizá-la, imitá-la, superá-la ou rebatê-la. Estas afirmações vão desde a

historia, à apropriação, à imitação, superação ou contrariedade.

Para o professor Cláudio Mello, uma obra literária acumula ideologias e

comportamentos de sujeitos de um tempo que, ao serem comparadas com a tradição, e

os elementos da sua cultura e de seu tempo, inclui-se ou não, como horizonte de

expectativas.

2.2. Contribuições da Análise do Discurso

A abordagem da Análise do Discurso provoca mudanças significativas ao

trabalhar com a leitura e as interpretações de textos. Orlandi (1999, p.15) explica a

palavra “discurso” etimologicamente, como a que tem em si, a idéia de curso, de correr

por, de movimento. Os discursos se movem em direção a outros. Nunca está só, pois é

atravessado por vozes que o antecederam, que mantém com ele constante duelo, ora a

legitimidade, ora o confrontado.

A formação de um discurso está baseada nos princípios constitutivos – os do

dialogismo. Os discursos povoam o mundo paralelo a outros discursos com os quais

dialogam. Podem estar dispersos pelo tempo e pelo espaço, mas se unem na mesma

escolha temática, mesmos conceitos, objetos, modalidades, ou acontecimentos. O

5 discurso literário pode estabelecer uma relação de similaridade, de identificação, de

semelhança para buscar um efeito, um resultado provocador de sentido.

A memória dos locais, cidades onde nasceram, ou onde vivem os escritores

paranaenses constituem tópicos que são recordações recriadas no imaginário da

Literatura paranaense. A focalização das cidades do Paraná não é mera referência a

espaços públicos nos quais vivem os sujeitos que discursam no universo literário.

Relembrando as palavras de Pêcheux (1990, p.51-52) não há discurso sem sujeito e não

há sujeitado sem ideologia. O individuo é interpretado em sujeito pela ideologia. E é assim

que a língua faz sentido.

No discurso pode-se observar essa relação entre língua e ideologia. A

professora Luciana Fracasse (UNICENTRO) em sua fala no curso PDE para professores

de Língua Portuguesa retoma Pêcheux ao enfatizar que a materialidade do discurso é a

ideologia e a materialidade especifica da ideologia é o discurso. O discurso presente na

literatura paranaense tem um fio condutor que é a ideologia do homem contemporâneo,

influenciado pelas questões da vida urbana.

Para Orlandi (2004, p.21):

como a cidade constitui um espaço de representação particular, podemos perguntar: como os sujeitos interpretam a cidade, como se interpretam na cidade, como a cidade impõe gestos de interpretação, como a interpretação habita a cidade.

A autora auxilia a compreensão desses enfoques quando explica que: “Em uma

sociedade como a nossa o sujeito é o corpo em que o capital está investido”. Num espaço

habitado de memória, de subjetividades, a história se formula na noção do eu - urbano.

“Esse sujeito, por sua vez, está produzindo sentidos na cidade, textualizando sua relação

com objetos simbólicos nesse mundo particular do urbano, o que produz uma realidade

que é estruturada de tal maneira que nos vai dar, enquanto analistas, uma imagem de

texto, do acontecimento urbano que é história e que se apresenta em seus vestígios”.

É o que Domingos Pellegrini registra quando dá vazão à memória discursiva e

deixa o passado vir à tona como imagem de ordenação do mundo, que ora é mostrada a

partir do olhar infantil e outras vezes, aponta para o escritor maduro, que registra com

vozes infantis os fatos do presente, por meio da ficção. Neste ponto a análise do discurso

6 concebe a linguagem como mediação necessária entre o homem e a realidade atual e

social. Procura-se compreender o homem falando.

A leitura dos contos, crônicas, poemas e romances dos escritores paranaenses

mostra o universo ficcional de Domingos Pellegrini, Miguel Sanches Neto, Greta Benitez,

Dalton Trevisan, Adélia Wholner apontando para os sujeitos na sua historia. Considera os

processos e condições de produção da linguagem. As situações da contemporaneidade,

os problemas dos crescimentos das cidades, os bairros mostram espaços onde se

produzem o discurso que relaciona a linguagem e sua exterioridade.

Orlandi (2004) fala que “o trabalho simbólico do discurso” está na base de toda

a produção humana. Desta forma, o discurso de Dalton Trevisan nos remete a uma

cidade na qual as condições de produção mostram sujeitos incomunicáveis, com relação

de sentido de sentimentos e perdas, ausências. A situação do homem moderno

confrontando às políticas e o simbólico nos contextos mais amplos sondam, revelam as

relações entre o lingüístico e o social. Esse percurso que se faz do ato da fala aos

interlocutores concretos, ocasiona uma articulação entre a linguagem e a interação social,

buscando as relações que vinculam a linguagem à ideologia. É o distanciamento entre a

coisa representada e o signo que a representa o que promove a ideologia, ou seja, uma

posição é tomada. Bakhtin afirma:

a palavra é o signo ideológico por excelência, pois é produto da interação social e

se caracteriza na plurivalência l. Por isso é o lugar privilegiado para a manifestação

da ideologia, retrata as diferentes formas de significar a realidade, segundo vozes,

pontos de vista daqueles que as empregam. Dialógica por natureza, a palavra se

transforma em arena de luta de vozes que , situadas em diferentes posições,

querem ser ouvidas por outras vozes” (apud Brandão, 2002:p.10).

Para entender essa nova modalidade de compreensão da linguagem, pode-se

recorrer a Mainguenau, que fala sobre o discurso como uma dispersão de textos cujo

modo de inscrição histórica permite definir como um espaço de regularidades

enunciativas (2005, p.15).

Convém lembrar das contribuições da análise do discurso: Pêcheux (1990) ao

afirmar que é o efeito de sentido entre os interlocutores; Foucault (2005) chama discurso

de um conjunto de enunciados que se apóia na mesma formação discursiva. Ele é

constituído de enunciados variados que se pode definir como um conjunto de existência.

7 Orlandi (1999, p.15) salienta que os discursos movimentam-se atravessados por uma

pluralidade de vozes que se interam em constante dialogo.

A formação discursiva está fundada no principio do dialogismo. Os discursos

estão em permanente diálogo e se unem numa mesma regra de aparição: uma mesma

escolha temática, mesmos conceitos, objetos, modalidades ou um acontecimento. O

discurso é uma unidade de dispersão. Trabalha-se com o discurso para entender o que

ele é. Para Orlandi ( 1986, 1994), a noção do discurso é uma questão fundadora e o fato

fundamental para esta perspectiva é uma questão aberta.

Segundo a autora, a questão aberta é discursiva e não se fecha por ser

filosófica, e este é o ponto em que a Lingüística interage com a Filosofia e com as

Ciências do Social. É preciso considerar que os processos de significação se dão em

certas condições. É assim que a Análise do Discurso trabalha a relação da língua com a

sua exterioridade, vendo nesta exterioridade o jogo das condições (2004, p.19). Ao definir

as tendências no campo dos estudos da linguagem é preciso considerar a interpretação

na teoria da análise do discurso e situá-la em relação às outras filiações. Conforme

Orlandi (1996): a) não há sentido sem interpretações; b) a interpretação joga em dois

níveis, o do analista e o do sujeito, enquanto linguagem e em enquanto tal; c) a finalidade

da analise do discurso não é interpretar, mas compreender como um texto produz sentido.

Há uma “suspensão da noção de interpretação que costumaremos utilizar para que

se opere a leitura como construção de um dispositivo teórico”. Esse dispositivo leva

em conta a materialidade da linguagem e história: a discursividade ORLANDI (2004,

p.20.).

A análise do discurso trabalha com a necessidade teórica operando com a

opacidade da linguagem. Vê, nessa opacidade, a intervenção do político, do ideológico,

ou o fato do funcionamento da língua na historia parta que ela signifique. Os elementos da

analise do discurso estão na relação linguagem/historia. Questiona a interpretação como

objeto da reflexão. Assim como o sentido é uma questão aberta (não temos acesso ao

sentido, como tal) a interpretação não se fecha. Temos a ilusão de seu fechamento

quando na verdade só temos seus efeitos.

Esta forma de considerar a interpretação, segundo Orlandi, 1990, nos permite

deslocar a ideologia de uma formação sociológica (exterior) para uma formação

discursiva. Ao trabalhar a interpretação tem-se a ilusão de conteúdo. E quando se

8 pergunta pelo sentido, o sujeito sempre nos faz um relato, conta uma historia. É a

construção discursiva do referente. O sujeito é a interpretação.

A forma sujeito do discurso não é psicológica, mas ideológica, assujeitada. O

sujeito e descentrado, permite considerar formações imaginárias, imagens que permitem

passar das situações empíricas (lugares do sujeito) para as posições de sujeito do

discurso, assim, há a imagem da posição sujeito interlocutor (quem é ele para me falar

assim, ou para que eu lhe fale assim e a imagem do objeto do discurso, (do que estou

falando, do que ele me fala?)).

Ao trabalhar com textos literários da Literatura Paranaense considerou-se que:

- Os discursos são ao mesmo tempo lingüísticos, históricos, enraizados na historia para

serem produzidos;

- As formas dos sujeitos são ideológicas, assujeitadas;

- Os sentidos dos textos produzidos pelos escritores paranaenses dependem das

condições sociais e históricas.

2.3. Descrevendo a teoria dos gêneros para entender a Literatura Paranaense

Marcuschi (2008, p.146) esclarece que o estudo dos gêneros não é novo. Desde

a tradição ocidental essa expressão esteve ligada aos gêneros literários, cuja análise se

inicia com Platão, para se firmar com Aristóteles, passando por Horácio e Quintiliano, pela

idade Média, pelo Renascimento até os primórdios do século XX. Atualmente, a noção de

gênero já não se vincula apenas à literatura. Hoje se usa para referir-se a uma categoria

distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações

literárias.(apud Swaller: 1990,p.33)

Segundo Todorov, os gêneros antigos não desapareceram. Apenas são

substituídos por novos gêneros em virtude do mundo contemporâneo. Porém, na escola,

a pela expressão gêneros não está clara. Temos os gêneros discursivos ótica de Bakhtin;

e os gêneros textuais pelo enfoque de Bronckart.

9

Bakhtin (1992) introduz os estudos sobre os gêneros do discurso

considerando não a classificações das espécies, mas o dialogismo do processo

comunicativo. Os gêneros discursivos em muito favorecem, porque por meio deles os

indivíduos se comunicam e materializam seu discurso.

Para Bronckart (1997), a prática discursiva, as relações sociais estão

associadas aos usos dos diferentes gêneros. Ele afirma que o texto se organiza em três

pressupostos:

a) folhado textual – infra-estrutura do texto = plano textual global.

b) mecanismos de textualização: conexões, coesão nominal e coesão verbal.

c) mecanismos enunciativos instanciam enunciativos e operações d linguagem.

O internacionalismo sócio-discursivo, segundo Bronckart (1997), compreende as

operações discursivas, resumindo-se a um composto binário:- mundo discursivo do expor

e mundo discursivo do narrar.

No mundo do expor o discurso é autônomo (teórico); já o mundo do narrar o

discurso é interativo, implicado, autônimo engloba a narração, discurso misto-interativo,

teorias comuns na exposição oral, discurso teórico, envolvendo situações históricas

presentes na monografia cientifica.

Para que a seqüência narrativa, argumentativa, descritiva, explicativa, dialogal

possa se combinar em um texto, bem como articular-se a uma gama de seqüências

diversas o que decorre da heterogeneidade com posicional do texto. O tipo de seqüência

utilizada em um texto se relaciona a sua função em determinado gênero.

Bronckart (1999) avalia as condutas humanas como: ações significantes, cujas

propriedades estruturais e ficcionais os produtos de socialização contribuem e

desenvolvem a competência discursiva. Ocorre que na escola a expressão gêneros ainda

não está clara.

Marcuschi (2002:22) apresenta duas definições:

a) Tipos textuais;

10

b) Gêneros textuais;

Segundo o autor os tipos textuais são construções teóricas definidas por

propriedades lingüísticas intrínsecas, já os gêneros textuais são realizações línguísticas

concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas.

Os tipos textuais são constituídos por seqüências lingüísticas ou seqüências de

enunciados no interior dos gêneros e não são textos empíricos; os gêneros constituem

funções em situações comunicativas. A nomeação abrange um conjunto limitado de

categorias teóricas determinadas por aspectos lexicais sintáticos, relações lógicas, tempo

verbais. Os gêneros abrangem categorias ilimitadas de designações concretas

determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função.

A designação teórica dos tipos textuais são: narração, argumentação, descrição,

injunção e exposição. Os gêneros compreendem o sermão, a carta, o telefonema, aula

expositiva, romance, reunião de condomínio, listas de compras, conversa espontânea,

cardápio, receita culinária, inquérito policial, etc. Os tipos textuais são definidos por seus

traços lingüísticos predominantes: aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações

lógicas. Por isso um tipo textual é dado por um conjunto de traços que formam uma

seqüência e não um texto de narração, descrição ou dissertação não está nomeando um

texto, mas uma seqüência de base. Numa releitura de Bakhtin depreende-se que quando

se está numa situação de interação verbal a escolha do gênero não é completamente

espontânea, pois leva em conta a cadeia comunicativa, e coerções determinadas pela

própria situação de produção do discurso: quem fala? Com quem se fala? Com qual

finalidade?

Esses elementos condicionam-se as escolhas do locutor que, tendo ou não

consciência deles, acaba por fazer uso do gênero mais adequado àquela situação. O

trabalho sob a perspectiva dos gêneros não desconsidera os tipos textuais tradicionais: a

narração, a descrição, a dissertação. Incorpora-os numa perspectiva mais ampla a da

variedade de gêneros. Assim começa-se a buscar diferentes enfoques de estudiosos

como Bernard Scheuwly, Jean Paul Bronckart, August Pasquier entre outros, que há mais

de uma década desenvolvem pesquisas acerca da teoria dos Gêneros. Scheuwly vê os

gêneros textuais como ferramentas, ou instrumentos que permitem exercer uma ação

lingüística sobre a realidade.

11

No plano da linguagem o ensino dos diversos gêneros textuais que circulam

entre nós, além de ampliar a competência lingüística dos falantes aponta-lhes inúmeras

formas de comunicação, de participação social que eles como cidadãos podem ter,

fazendo uso da linguagem.

Para Bronckart (2002) os textos se organizam em três superpostos:

Folhado textual-infra-estrutura do texto, plano textual global;

Mecanismos de textualização-conexões, coesão nominal e coesão verbal.

Mecanismos enunciativos-instâncias enunciativas, instâncias e operações de linguagem.

O desenvolvimento do trabalho com a Literatura paranaense. A abordagem dos gêneros

da Literatura Paranaense visa aproximar ainda mais a literatura do universo do aluno.

Descrição da Prática

O trabalho teve como base o Método Recepcional de Bordini & Aguiar, a teoria dos

Gêneros Textuais embasada em Marcuschi, Bronckart e outros estudiosos e a Análise do

Discurso de linha francesa com as teorias de Pêcheux e Eni Orlandi.

O momento inicial deste trabalho ocorreu com os professores. Quando pedi que

comentassem apresentação realizada com o Data show. Alguns comentaram que não

conhecem nada da Literatura paranaense. Outros até afirmaram que não gostam de

Literatura, pois não entendem a leitura literária. Também registraram que há

aproximadamente dez anos sentem a importância de trabalhar junto com os professores

de todas as disciplinas, principalmente os educadores de Língua Portuguesa.

Para determinar o horizonte de dos alunos expectativas (Bordini & Aguiar, 1993) distribui

aos alunos uma folha xerocada com questões que investiga os conhecimentos prévios

sobre a Literatura Paranaense.

Responda as seguintes questões:

Você conhece algum escritor (ª) paranaense?

12

Se você respondeu sim, como ficou sabendo desse autor?

Acha importante conhecer as obras dos escritores paranaenses? Para que esse

conhecimento contribui?

Sobre leitura em geral o que você gosta de ler? Qual o gênero preferido? O que você

leu ou está lendo atualmente?

Cite romances, contos, crônicas, textos, entrevistas, reportagens que você leu e que

você lembra por ter marcado você de alguma forma.

Quantos livros você já leu?

Usa a internet para pesquisar dados sobre suas leituras?

Acha importante fazer apresentações para os colegas sobre o que lê, dando sua opinião

crítica?

9- Pense em algo que você gostaria de ler durante a próxima semana e registre as

impressões de leitura que ficam para você durante esse processo.

Essa experiência de leitura foi desenvolvida com as quatro segundas séries Para a

amostragem foram considerados os dados da segunda série A.

Dos quarenta e três alunos matriculados na segunda série A, quarenta estavam

presentes no dia 28/05/2008. Ao questionar o conhecimento prévio dos alunos, sobre a

Literatura paranaense há uma revelação de cada um para si mesmo. Compreendem que

são sujeitos que opinam e leitores que recebem todo o discurso de outras vozes

interagindo com a caminhada do autor x obra. O resultado da prévia foi:

:

1ª- Questão - Conhecimento da Literatura Paranaense:

13

Numero de alunos

1

2

3

Numero de alunos Porcentagem de resposta

08 20%

32 80%

40 alunos___________________100% ;comparecimento do dia 28/05/2008.

08 alunos responderam sim______20%

32 alunos responderam não______80%

2ª- Questão- (a importância de conhecer a Literatura paranaense)

Numero de alunos

1

2

3

Numero de alunos Porcentagem de resposta

38 95%

08 2%

38 alunos responderam sim_______95%

14

08 alunos responderam não________2%

3ª- Questão - Quanto ao gosto pela leitura.

Gosta de ler?

Numero de alunos

1

2

3

4

5

Numero de alunos Porcentagem de resposta

30 75%

02 5%

04 10%

04 10%

30 alunos responderam sim_______75%

02 alunos não gostam de ler ______ 5%

04 alunos responderam que leram porque o professor pedia tarefas de leitura.

_______10 %

04 alunos responderam que lêem sempre _______10%

15

4ª Questão - Preferência dos alunos sobre os gêneros textuais:

Numero de alunos

1

2

3

4

5

6

7

Numero de alunos Porcentagem de resposta

08 20%

02 5%

06 15%

04 10%

12 30%

08 20%

08 alunos responderam todos__________ 20%

02 alunos preferem revistas____________ 05%

06 alunos preferem leituras virtuais______ 15%

04 alunos responderam contos _________ 10%

12 alunos responderam romances________30%

08 alunos preferem auto-ajuda__________ 20%

16

5ª- Questão- O que o estimula à leitura:

Numero de alunos Porcentagem de resposta

12 30%

04 10%

24 60%

12 alunos responderam que lêem por prazer 30%

04 alunos lêem a pedido da mãe_________ 10%

24 alunos só lêem porque a professora pede 60%

6ª Questão - Usa a internet?

Numero de alunos

1

2

3

4

Numero de alunos Porcentagem de resposta

22 55% 14 35%

04 10%

Numero de alunos

1

2

3

4

17

22 alunos usam diariamente_____________ 55%

14 alunos usam só no laboratório da escola _35%

04 alunos responderam raramente ________10%

Pelas respostas, nota-se que a maioria não conhece a Literatura paranaense.

Os que responderam afirmativamente conhecem Dalton Trevisan e Helena Kolody. Um

dos alunos respondeu que conhece o escritor guarapuavano Carlos Saraff.

Quando é questionados o porquê de não ser trabalhado a cultura e a literatura

do nosso espaço, respondem que no Brasil existem os escritores consagrados e os

autores locais não tem prestígio literário. Uma aluna colocou que existe uma contra

cultura nos Pais que não valorizam a leitura e por conseqüente ainda menos a Literatura

literária.

Em contraponto, reflete-se que não há transformação social, se não

entendermos a leitura como mecanismo político de contribuição pessoal e social. Paulo

Freire ao trabalhar com as classes populares esclarecia que a leitura estabelece o

conhecimento dos artifícios que separam o sujeito de suas informações e desta forma

descobrem que palavras podem ser usadas para adicionar idéias. É a analise dos

discursos, mostrando como podem ser manipulativos.

A maioria acha importante conhecer a Literatura paranaense porque os contos e

autores, os poemas, os romances, com certeza incluirão dados do nosso espaço

deixando-os mais próximos da leitura. Os discursos desses autores são significativos,

porque sentem como os próprios sujeitos das narrativas.

Quanto ao conhecer os escritores paranaenses apontam os outros citados nos

livros teóricos e estes são Dalton Trevisan e Helena Kolody. A escola é o local onde se

produz o conhecimento e precisa estar mais aberta à cultura local e ao seu povo.

Jauss enfatiza que os conhecimentos prévios do leitor devem ser sempre

levados em consideração. A relação dialógica entre o leitor e a obra atualiza a obra,

libertando o texto dos mistérios das palavras. Já os leitores a cada nova experiência

ampliam seu campo de percepção, vislumbrando novas perspectivas da realidade.

18

Quanto a pratica de leitura em geral os alunos não lêem porque falta

estimulo para que se criem hábitos de leitura. Isto porque em diálogos sobre as questões,

a maioria afirma que a presença de uma pessoa que estimule a ler e que esteja sempre

realimentando esse habito é de uma importância. Em alguns casos a mãe é um

referencial que em grande parte a influência do professor que gera muitos protestos. Só

que no decorrer do tempo essa tarefa começa a fazer parte da realidade de cada um e ao

ouvir citar obras, sujeitos e discursos é comum à procura da pesquisa na biblioteca ou nos

laboratórios de Informática.

2.3.1.Quanto aos gêneros

Preferem os gêneros da modernidade, contos, crônicas, todos os gêneros dos

suportes virtuais como blogs, chats, sites de pesquisa, entretenimento e os programas do

suporte televisão: novelas, programas de humor, filmes, etc.

Os romances são lidos a pedido da professora de Língua Portuguesa o que

consideram um dever da disciplina. Ao receberem a proposta de escolherem um livro para

lerem neste primeiro momento muitos optaram pelos livros mais comentados no momento

na biblioteca: “A Menina que roubava livros” (Marcus Zusak). A aluna K. fala sobre os

discursos da obra em que toda a composição dos elementos verbais e dos silêncios entre

uma informação e outras marcam o perfil de uma garota sofrida, às voltas com os

horrores da guerra. Perde os pais e fica por conta de uma família que a trata sem

afetividade. O primeiro livro que ela roubou, foi um a conduz à libertação da vida cheia de

opressão. Esta ideologia de ter uma vida diferente, um outro conhecimento a leitura lhe

traz. Por isso ela rouba livros; como se não fosse um direito seu viver assim de outra

forma. A aluna J. falou que já leu todos os livros de Paulo Coelho e que, “Verônica decide

morrer” (Paulo Coelho) é interessante. Mas acha que os jovens têm que ter um nível de

seleção ao ler um livro como este. Porque o sujeito central da narrativa é Verônica, uma

garota cheia de conflitos que busca a morte. A leitura transmite agonia e sensação

decisão sobre a morte ao leitor. Já o caçador de Pipas, (Khaled Hossein, 2005) mostra

uma amizade de criança convivendo com as revoluções dos países Árabes. Interessante

a leitura do aluno P. que fala da pobreza e da riqueza relacionada aos dois personagens.

Mas a bela amizade dos dois não convence o leitor de que a desigualdade não interfere

na amizade dos dois... A aluna E. leu “A mulher que escreveu a Bíblia (Moacyr Scliar,

2007)”; decidiu pela leitura deste livro porque a bibliotecária recusa-se a emprestar e

19 explica que o livro é uma contravenção, uma blasfêmia. E completa que ali se vê um

discurso feminista carregado de crítica às religiões que se afirmam na bíblia para

conservar a tradição da castidade e que condensam tudo como pecado. A maioria optou

por contos, reportagens das revistas. Também neste 1º momento orientei para a “Agenda

da Leitura”. Este trabalho consistia em ler todos os dias gêneros variados, copiar o texto

com o objetivo de refletir mais sobre o que leu. Após registrar no caderninho as

impressões deixadas após leitura. Análise de acordo com o que foi discutido em aula

sobre a análise do discurso. Enquanto faziam a 1ª leitura em casa e registravam leituras

na agenda durante 45 dias, em sala de aula discutia-se a importância de se criar hábitos

de leitura. Também foi explicado o método Recepcional e suas etapas, seus objetivos, a

“Análise do Discurso” como uma ciência inovadora, que está em estudos em vários

países do mundo e o conhecimento da “Teoria dos Gêneros Discursivos e dos Gêneros

textuais”. Após quinze dias das primeiras leituras começaram as apresentações do que

leram. É um dos momentos em que se atende ao horizonte de expectativas.

Este momento de apresentação através da oralidade é bastante difícil para os alunos.

Demonstram muita insegurança, têm dificuldades de relacionar dados dos textos, não

procuram ver a conotação do discurso, como ele faz sentido. Há que se começar a

caminhada e seguir até que essa prática torne-se conhecida. Após a prática é importante

registrar dados, pois a partir do que se faz é que se pode avaliar o que foi feito e o que

precisa mudar. Ao utilizar as construções lingüísticas dos textos, observa-se que há todo

um despreparo, e uma resistência em aplicar os conhecimentos de funcionamento da

língua nos diferentes discursos.

Impressões de leitura.

Suporte do texto: Lócus de onde foi retirado o texto - Se for de um livro, ou da internet,

jornais, etc.

- Que vozes falam no texto?

- Para quem essas vozes falam?

- Que ideologia (pontos de vista) estes discursos defendem?

-Como o gênero textual se organiza para dizer? (narração, carta, explicação,

descrição...).

20

-Quando o texto foi escrito e sobre o que fala? (É preciso observar que os dizeres do

texto não são apenas mensagens a serem interpretadas).

-Fale sobre os efeitos de sentido que atingiram você como leitor e o que você registrar

sobre as novas informações que essa leitura trouxe.

- O que você não concorda e o que ela modificou em você ou o que você gostaria de

mudar nesse texto?

- Estabeleça relações dos fatos citados no texto com fatos atuais que nós vivenciamos.

Segundo opiniões da maioria dos alunos, essa leitura foi muito gostosa porque não foi

solicitada pela professora. Todos tiveram o prazer de escolher o que queriam ler e

comentar o que leram.

No entanto com os alunos de Ensino Médio das segundas séries e terceiras do noturno

fez-se a apresentação em Data show. Distribuíram-se contos, poemas, livros de romance

de Domingos Pellegrini, Dalton Trevisan, Cristóvão Taxa, Paulo Leminski, Alice Ruiz,

Estrela Leminski, Miguel Sanches Neto, Adélia Wholner, Greta Benitez, Regina Benitez,

Edival Perrini, etc. Caminhando junto com esse conteúdo da sala de aula, a bibliotecária

interessou-se pelo assunto e montou um mural com as fotos dos escritores paranaenses

e uma prateleira com as obras deles que tem no acervo da biblioteca. Desta forma

contribuiu para que todos os que utilizassem a biblioteca iriam interessar-se pelo mural e

obter esse conhecimento. Também foi feito um mural no saguão do colégio para

conhecimento de todos os alunos e da comunidade escolar que visita a escola. O mural

foi organizado pelos alunos dos segundos anos. Neste espaço registraram os contos de

Dalton Trevisan, Domingos Pellegrini, poemas e Haicais de Alice Ruiz e de Helena

Kolody. A outra professora de Língua Portuguesa, das oitavas e primeiras séries

interessou-se pelo projeto e a partir deste montou uma oficina com os haicais de Helena

Kolody, Paulo Leminski, Alice Ruiz e a descoberta de escritores de haicais novos do

Paraná. No final os alunos produziram haicais. Apoiados no Portal Educacional,

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br, no site www.seec.pr.gov.br, sites dos escritores

paranaenses, blogs institucionais, de amigos e familiares dos autores:

www.miguelsanchesneto.com“; “http//:edivalperrini.com. Br”; “http//:germinaliteratura.com.

Br”; “http//:pauloleminski. hpg. ig.com.br. Obtiveram-se dados importantes para nossa

prática.

21

Ao iniciar o 3º momento: Rompimento do horizonte de expectativas, os alunos travam

contato com a Literatura paranaense: contos de Dalton Trevisan, contos e crônicas de

Domingos Pelegrino Jr., Greta Benitez e Miguel Sanches Neto, poemas de Estrela

Leminski, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Adélia Wholner. Cada dupla ficou responsável por

uma obra. A leitura foi feita em sala de aula em voz alta para valorizar a oralidade. Nossos

alunos em geral apresentam dificuldades na dicção por falta da prática da oralidade.

Fomos até o Laboratório de Informática e eles tiveram uma aula para pesquisar sobre a

Literatura paranaense. O contato com as ferramentas modernas da internet proporciona

rapidez, entusiasmo, resultados imediatos. E essa busca serviu para clarear a questão

dos gêneros discursivos e textuais.

Para Marcuschi (2008) Tipos textuais - Designam uma seqüência definida pela natureza

lingüística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos

verbais, relações lógicas: Narração, Descrição, Argumentação, Injunção. E exposição. Já

os gêneros textuais São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses

apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,

composição, conteúdo e canal. Carta pessoal, comercial, bilhete, Diário pessoal, agenda,

anotações, Romance, Resenha, Blog, E-mail ,Bate-papo (Chat), Aula expositiva, virtual ,

Reunião de condomínio, debate, Entrevista, Lista de compras, Piada, Sermão,

Cardápio,Horóscopo, Instruções de uso, Inquérito policial, Telefonema etc.

No início para amostragem de como conhecer melhor a aplicabilidade da análise do

discurso, foi trabalhado um conto de Domingos Pelegrini Jr.: “Os cinco continentes” e fez-

se um trabalho com a análise discursiva dos sujeitos presentes na narrativa, determinou-

se a importância do papel do leitor na relação com a obra, os conhecimentos prévios. E

ficou claro que a leitura literária é para ser apreciada, pela estética, pela reflexão que nos

envolve, pela transformação que ocasiona, mesmo sem ter esse caráter educativo. Mas

como está impregnada de ideologia política e social corrobora na apropriação de novos

discursos que exigem novos comportamentos sociais. Mas entender o objetivo de se

analisar os discursos é mostrar como chegar a obter todos os sentidos que os discursos

dos textos podem assumir dependendo das experiências discursivas do leitor. Merece

atenção um poema de “Alice Ruiz”

Drumundana “E agora Maria”? O amor acabou A “filha casou...”.

22

O discurso intertextual da paródia deu um diferencial ao colocar um eu - feminino com

problemas tão graves tanto quanto o José de Drummond. O título do poema

“Drumundana” traz a ideologia da mulher que vive para a família e quando cada um toma

seu rumo, sente-se ameaçada, perdida, nada resta para ela a não ser consolar-se com

medicamentos. Registraram opiniões sobre as impressões de leitura dos contos, crônicas

e poesias: apresentam as marcas da Contemporaneidade da Literatura paranaense, por

estar voltada para o espaço urbano e social; observaram que conservam o traço da

brevidade aliando-se à rapidez do mundo moderno e às novas tecnologias.

Há um conflito de gerações entre o homem mais velho, marcado pelo ativismo político e

a geração do homem mais novo, esgotado pelas utopias, pela idéia do final do sistema

político. Curitiba é um laboratório para a criação das obras literárias. Nos anos 70 houve

um direcionamento e uma tendência urbanização da literatura. Nossos escritores

participaram deste momento. E Orlandi (2004, p.11) direcionou um olhar interessado para

essa questão e afirma que “a cidade não é só um espaço geográfico, mas a visão de um

mundo enraizada. Ela não sobrevive pelo mito”. A literatura nasce da literatura. Cada obra

nova é uma continuidade por contestação das obras anteriores.

Em contos de Dalton Trevisan como: O Apelo; Com o facão dói; O Senhor meu marido;

Cemitério de Elefantes; Clínica de repouso; A Faca no Coração; Uma vela para Dario;

Noites de Curitiba, enfatizaram o discurso do narrador como um sujeito irônico que vive

no mesmo espaço dos sujeitos que vivem nas vilas, à margem da sociedade na cidade de

Curitiba e que por isso conhece-os tão bem. Faz um paralelo a Dalton Trevisan, a jovem

escritora, Greta Benitez, filha de Regina Benitez também escritora. Greta mostra os

sujeitos urbanos de Curitiba, com todos os problemas de um grande centro, a metrópole,

Curitiba; a memória discursiva de Domingos Pellegrini ao registrar as vozes sociais dos

imigrantes que povoaram o Paraná, em especial Londrina. Em Domingos Pelegrini Jr. O

interesse ficou pelo efeito de sentido da palavra vermelho em sua vida. Considera-se um

pé-vermelho, porque vive na “Terra Vermelha” que é a terra do Norte paranaense. Por

isso escreveu seu primeiro romance “Terra Vermelha”, tem uma página na internet

“http://www.terravermelha.com. Br”. Além do mais diz ter uma ideologia política de pé

vermelho, contestador, politizado, crítico. Esse traço discursivo revelador da cultura do

cidadão paranaense é uma característica de Pellegrini. Em Paulo Leminski a poesia

moderna na forma concretista se faz presente; Alice Ruiz alia-se a Paulo Leminski e

Helena Kolody, para difundir no Paraná o discurso da cultura japonesa com a criação de

23 haicais no estilo abrasileirado. Há que se voltar para Helena Kolody e sua arte literária

determinada pela simplicidade, presença da ternura, olhar voltado às inquietudes, à

natureza de Cruz Machado, sua terra natal, algo que a coloca num diálogo constante com

Mário Quintana e Cecília Meireles. Os comentários sobre as leituras realizadas pelos

alunos sobre os escritores paranaenses e suas obras colocam evidências de um traço

distintivo que se liga à memória discursiva de nossos escritores. É o discurso sobre as

cidades paranaenses, sua gente, sua cultura. Cabe neste espaço a colaboração de Bosi

(2003). “As palavras não vem do nada. Elas vêm carregadas de memória”. As opiniões

contrastavas entre leituras feitas por instrumentos de registros com os alunos,

demonstram que na primeira leitura tudo foi mais fácil. Já na segunda quando houve a

ruptura do horizonte de expectativas exigiu muito dos alunos a análise dos traços

marcantes da Literatura. E foi interessante que pensavam que por ser uma literatura do

nosso espaço seria mais fácil. Assim a compreensão da leitura literária dos escritores

paranaenses segue a mesma linha da literatura em geral, do mundo, da Literatura

portuguesa e brasileira. Entretanto todos foram unânimes ao registrar que a Literatura

paranaense contribuiu bem mais para a formação e informação do que a literatura prazer

do primeiro momento.

- No quarto momento que se dá a ampliação do horizonte de expectativas os alunos

tornaram-se escritores paranaenses e escolheram um gênero diferente para trabalhar.

Algo do qual gostam e que se refere à cultura local. Produziram contos do regionalismo

fantástico, unindo os discursos dos familiares das histórias orais contadas em roda de

conversas, quando se visitam. Alguns se limitam a narrar, porém a maioria preocupou-se

em criar histórias com recursos de linguagem que vão do poético ao humorismo trágico. E

o maior prazer ocorreu na apresentação para a turma. O que se percebe é que o Método

Recepcional valoriza o leitor colocando-o como o núcleo para o qual se volta o trabalho

com a linguagem.

Considerações finais

O desenvolvimento das atividades de leitura mostra que esses jovens leitores não estão

familiarizados com o universo literário paranaense. Com a possibilidade de seguir um

método e escolher qual obra gostariam de ler, os alunos leitores manifestaram vontade de

continuar lendo. O efeito estímulo para eles representou a oportunidade de contar para os

outros a versão que tiveram do seu texto, enquanto receptores de gêneros textuais

24 diversos. O ponto de vista do leitor demonstra uma apropriação de sentidos que

extrapola os limites do texto, A proposta de leitura literária dos diversos gêneros da

Literatura paranaense fez com que os alunos despertassem para as determinadas

situações da ficção transpondo os espaços da criação verbal para o real. Na etapa final

da ampliação do horizonte de expectativas surgiu espontaneamente a vontade de

continuar com essa metodologia e conhecer a literatura regional de outras regiões

brasileiras. É um método de trabalho que valoriza o leitor, interage com a leitura onde as

posições do texto e do leitor se modificam. O leitor descobre que pode assumir posições a

partir do reconhecimento das ideologias dos sujeitos do texto. A Literatura paranaense é

humanizadora, porque provoca reflexões sobre o comportamento social do leitor, dos

sujeitos da obra, a memória discursiva da história paranaense revelada nestes discursos,

dos sujeitos atuais que vivem no espaço Paraná construindo uma identidade cultural

própria da diversidade étnica, o espaço dos diversos gêneros textuais e discursivos que

aqui circulam. E por fim o efeito de sentido revelador do sujeito que o leitor pode vir a ser

após tomar contato com a leitura literária do seu lócus social. Esse trabalho comprovou

que precisamos trabalhar a leitura literária pela valorização do conhecimento de sua

linguagem, pelos efeitos de sentido que mostram traços e marcas da cultura do povo, do

local onde se vive e pelo desenvolvimento da capacidade de entender as situações da

vida e as diversas formas de manifestar alegria, tristeza, saudades, compreensão,

sucesso, relacionamento, amizade, amor.

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