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1 CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO: A QUINTA LEI DE KALDOR Msc. Adilson Giovanini 1 Dr. Marcelo Arend 2 Resumo Kaldor e Thirlwall propuseram quatro leis segundo as quais apenas o crescimento do setor industrial resulta em crescimento econômico. As evidências empíricas mais recentes indicam que o crescimento econômico é na realidade aumento na quantidade de conhecimento produtivo. O setor industrial é constituído por atividades que demandam diferentes quantidades de conhecimento. As atividades com maior conteúdo tecnológico requerem mais conhecimento e são mais difíceis de serem realizadas. A execução destas atividades demanda serviços que fornecem ao setor industrial o conhecimento que ele necessita. Dadas estas evidências, este estudo defende a existência de uma quinta lei de Kaldor, o crescimento econômico depende do tamanho do setor de serviços. A existência desta lei é testada através da estimação de modelos VAR em painel para oito países desenvolvidos no período 1980-2009. Os resultados obtidos corroboram a hipótese levantada. O crescimento do setor de serviços causa Granger a crescimento econômico. Palavras-chave: Kaldor; serviços; complexidade; crescimento econômico Abstract Kaldor and Thirlwall proposed four laws under which only the growth of the industrial sector results in economic growth. The most recent empirical evidence indicates that economic growth is actually increasing the amount of productive knowledge. The industry consists of activities that require different amounts of knowledge. Activities with higher technological content require more knowledge and are more difficult to perform. The implementation of these activities demand services that provide the industry knowledge it needs. Given this evidence, this study supports the existence of a fifth law of Kaldor, economic growth depends on the service sector size. The existence of this law is tested by VAR models pet panel for eight developed countries in the period 1980-2009. The results support the hypothesis. The growth of the service sector because Granger to economic growth. Key-words: Kaldor; services; complexity; economic growth 1 Doutorando, UFSC, [email protected] 2 Professor em economia - UFSC, [email protected]

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CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS PARA O CRESCIMENTO

ECONÔMICO: A QUINTA LEI DE KALDOR

Msc. Adilson Giovanini1

Dr. Marcelo Arend2

Resumo

Kaldor e Thirlwall propuseram quatro leis segundo as quais apenas o crescimento do

setor industrial resulta em crescimento econômico. As evidências empíricas mais

recentes indicam que o crescimento econômico é na realidade aumento na quantidade de

conhecimento produtivo. O setor industrial é constituído por atividades que demandam

diferentes quantidades de conhecimento. As atividades com maior conteúdo tecnológico

requerem mais conhecimento e são mais difíceis de serem realizadas. A execução destas

atividades demanda serviços que fornecem ao setor industrial o conhecimento que ele

necessita. Dadas estas evidências, este estudo defende a existência de uma quinta lei de

Kaldor, o crescimento econômico depende do tamanho do setor de serviços. A

existência desta lei é testada através da estimação de modelos VAR em painel para oito

países desenvolvidos no período 1980-2009. Os resultados obtidos corroboram a

hipótese levantada. O crescimento do setor de serviços causa Granger a crescimento

econômico.

Palavras-chave: Kaldor; serviços; complexidade; crescimento econômico

Abstract

Kaldor and Thirlwall proposed four laws under which only the growth of the industrial

sector results in economic growth. The most recent empirical evidence indicates that

economic growth is actually increasing the amount of productive knowledge. The

industry consists of activities that require different amounts of knowledge. Activities

with higher technological content require more knowledge and are more difficult to

perform. The implementation of these activities demand services that provide the

industry knowledge it needs. Given this evidence, this study supports the existence of a

fifth law of Kaldor, economic growth depends on the service sector size. The existence

of this law is tested by VAR models pet panel for eight developed countries in the

period 1980-2009. The results support the hypothesis. The growth of the service sector

because Granger to economic growth.

Key-words: Kaldor; services; complexity; economic growth

1 Doutorando, UFSC, [email protected] 2 Professor em economia - UFSC, [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Kaldor (1967), a indústria de transformação, doravante denominada

apenas indústria, possui papel central nas economias, sendo o setor mais dinâmico e o

responsável pela disseminação do progresso técnico. O referido autor apresentou três

leis que buscam na indústria a explicação para as diferenças observadas nas taxas de

crescimento econômico apresentado pelos países. Estas leis assumem que as mudanças

observadas no processo produtivo se propagam de forma cumulativa, influenciando na

produtividade dos países.

A primeira lei de Kaldor defende que o aumento da participação da indústria no

PIB resulta em maiores taxas de crescimento do PIB. A segunda lei de Kaldor, também

conhecida como “lei Kaldor-Verdoorn”, afirma que o crescimento do valor adicionado

da indústria resulta em aumento na produtividade deste setor. Esta lei mostra que o

progresso técnico é endógeno à indústria. Isto é, o próprio crescimento da indústria

induz o crescimento da produtividade deste setor.

A terceira lei de Kaldor mostra que o crescimento da produtividade na economia

é determinado pelo crescimento da produção e do emprego na indústria. O raciocínio

econômico associado à terceira lei de Kaldor está diretamente ligado à ideia de mudança

estrutural. Claro é para Kaldor que a indústria apresenta produtividade mais elevada do

que os demais setores da economia. Deste modo, a expansão da indústria resulta na

transferência de trabalhadores que se encontram em situação de desemprego oculto em

outros setores para este setor (THIRLWALL, 1983).

Além destas três leis, Thirlwall (1979) propôs uma quarta lei de Kaldor. Esta

defende a existência de uma relação entre a elasticidade-renda da produção nacional e a

existência de restrições na balança de pagamentos ao crescimento da renda.

Em um exemplo claro de contradição, enquanto Kaldor defende que apenas o

crescimento da produção industrial resulta em desenvolvimento a realidade insiste em

mostrar o contrário. Os países que possuem elevado nível de renda possuem elevado

PIB industrial per capita, mas também apresentam elevada participação do setor de

serviços no valor adicionado, eixo secundário (Gráfico 1). Os países que compõem os

BRICS também possuem participação elevada do setor de serviços no PIB, contudo o

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seu PIB industrial per capita é baixo. Qual a explicação para esta contradição? As leis

de Kaldor ainda são válidas ou elas precisam ser relaxadas? Será que o setor de serviços

explica o maior nível de renda observado nestes países? Conforme se demostrará neste

estudo é a participação do setor de serviços intermediários que explica o maior PIB

industrial per capita dos países desenvolvidos.

Gráfico 1 – Valor adicionado industrial per capita e participação do setor de serviços no

PIB – 2014 (%)

Fonte: Adaptado de Banco Mundial

Em oposição às leis propostas por Kaldor, a partir da década de 60 se observou o

aumento da participação dos serviços como insumo intermediário utilizado pela

indústria. A discriminação dos bens finais vendidos aos consumidores em serviços e

indústria se tornou cada vez mais inadequada. Proporção crescente dos produtos passou

a ser vendida em “pacotes” que incorporam produção física e serviços de forma

simbiótica. Como consequência, o debate econômico sobre a contribuição do setor de

serviços para o crescimento econômico se encontra em expansão (ARBACHE, 2015).

As evidências empíricas são bastante esclarecedoras e apontam para a existência

de elevado descompasso entre a realidade e a teoria. No campo teórico, as leis de

Kaldor se encontram entre as principais justificativas utilizadas pelos países em

desenvolvimento para a realização de políticas voltadas exclusivamente para o

desenvolvimento do setor industrial. Conforme visto, estas leis defendem que a

indústria possui ganhos de escala e, logo, apenas o seu desenvolvimento resulta em

0,01,02,03,04,05,06,07,08,0

01020304050607080

Participação serviços no valor adicionado

Valor adicionado per capita indústria

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aumento da renda. Contudo, se o setor de serviços realmente contribui para o aumento

da competitividade industrial políticas voltadas exclusivamente para o setor industrial

podem não serem capazes de conduzirem os países ao desenvolvimento. A realização de

políticas voltadas para desenvolvimento do setor de serviços se torna necessário.

Apenas a realização destas políticas é capaz de aumentar a complexidade econômica

dos países fazendo-os superar a armadilha da renda média.

Essas evidências criam espaço para a proposição de uma quinta lei de Kaldor.

Esta mostra que a indústria não é composta por um conjunto de atividades homogêneas.

Conforme os países se industrializam eles passam à fabricar produtos cada vez mais

complexos e que demandam maior volume de conhecimento. O desenvolvimento de um

setor de serviços intermediários, especializado no fornecimento de conhecimento, é o

que viabiliza a fabricação de produtos industriais cada vez mais intensivos em

tecnologia. Logo, se defende a hipótese de que a fabricação de produtos mais

complexos na indústria depende do tamanho do setor de serviços utilizados como

insumo pela indústria. O aumento do conhecimento produtivo necessário para a

fabricação de produtos industriais mais complexos demanda o surgimento de novos

serviços que fornecem conhecimento especializado.

Esta hipótese é testada através de modelos VAR em painel para oito países

desenvolvidos (Japão, Estados Unidos, Dinamarca, Espanha, França, Reino Unido,

Itália e Holanda) no período 1980-2009. A justificativa para a utilização apenas destes

países é que a literatura mostra que o setor de serviços intermediários é desenvolvido

apenas nos países com maior renda. O recorte analítico realizado considera que dois dos

cinco setores de serviços discriminados pelo Groningen Growth and Development

Centre (Timmer et al, 2014) são serviços intermediários: Transportes, Armazenagem e

Comunicação; e Intermediação financeira, arrendamento e serviços empresariais.

Seis modelos VAR em painel serão estimados. O primeiro verificará se o

crescimento do valor adicionado do setor de serviços explica o crescimento da

produtividade do setor industrial. O segundo testará se o crescimento da densidade

industrial explica o crescimento do valor adicionado do setor de serviços. O terceiro

identificará se o crescimento do valor adicionado do setor de serviços explica o

crescimento da densidade industrial. O quarto analisará se o crescimento da densidade

industrial resulta em crescimento do PIB. O quinto identificará se o crescimento do

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setor de serviços resulta em crescimento da complexidade econômica. Por fim, o sexto

verificará se o crescimento da complexidade econômica explica o crescimento do setor

de serviços.

Em suma, os resultados estimados corroboraram a hipótese levantada. O

crescimento da produtividade industrial é explicado pelo crescimento do setor de

serviços. Ademais, o crescimento do setor de serviços explica o crescimento da

densidade industrial e da complexidade econômica. Os países que possuem setor de

serviços maior possuem maiores produtividade; densidade industrial e complexidade

econômica. Com isto, os resultados corroboram a hipótese de que existe uma quinta lei

de Kaldor. O crescimento econômico é explicado pelo crescimento do setor de serviços.

Como corolário, se argumenta que apenas o incentivo ao desenvolvimento do setor de

serviços intermediários é capaz de fazer com que a renda per capita brasileira aumente,

fazendo o país superar a armadilha da renda média.

O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: além desta introdução, a

seção 2 realiza uma contextualização do setor de serviços, mostrando as diferentes

formas, através das quais este setor pode influenciar na produtividade industrial. Na

sequência, a seção 3 apresenta algumas argumentações favoráveis à existência de uma

quinta lei de Kaldor. Em seguida, a seção 4 apresenta o procedimento utilizado para

testar a existência da quinta lei de Kaldor. Posteriormente, na seção 5 se encontram os

resultados obtidos. Por fim, a seção 6 apresenta algumas considerações finais.

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2. EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR DE

SERVIÇOS PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO

Historicamente, a dinâmica de crescimento econômico era atribuída à indústria e

ao setor agropecuário. O setor de serviços foi pouco estudado, a literatura não

reconhecia a sua contribuição (OLIVEIRA, 2011). As primeiras definições do setor de

serviços foram realizadas por Fisher (1933) e Clark (1940) e surgiu com a necessidade

de caracterizar um conjunto heterogêneo de atividades consideradas residuais. Na

década de 1960 cresceu o debate sobre mudança estrutural e sobre a contribuição deste

setor para a produtividade e para o crescimento econômico (BAUMOL, 1967;

KATOUZIAN, 1970; GERSHUMY, 1973). Contudo, o setor de serviços ainda era visto

como atividade residual e de pouca importância.

Nas décadas de 70 e 80 o crescimento relativo do setor de serviços nos países

desenvolvidos deu maior visibilidade a este setor. Neste período passaram a ser

discutidas as consequências da emergência das novas tecnologias de comunicação sobre

o crescimento econômico (SUMMERS, 1985; GRILICHES, 1979 e 1985).

Segundo OCDE (2013), o desenvolvimento das novas tecnologias de informação

e comunicação contribuiu diretamente e indiretamente para o crescimento do setor de

serviços e para o aumento da influência deste setor sobre o setor industrial. Diretamente,

pois as novas tecnologias utilizam muitos serviços e a maior parte dos investimentos

neste setor se destina a serviços. E, indiretamente, pois o desenvolvimento das novas

tecnologias facilitou a comunicação, o que reduziu a exigência de proximidade física na

prestação de serviços.

A maior facilidade de comunicação contribuiu para a ocorrência de diversas

modificações na dinâmica econômica, entre as quais se destacam: o aumento no

comércio de serviços; crescimento dos serviços de negócios relacionados à gestão das

cadeias globais de valor; terceirização e offshore de atividades de serviço. Todos estes

fatores contribuíram para o crescimento do setor de serviços; surgimento de novas

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atividades; maior especialização e aumento da sua produtividade. Parte considerável

deste aumento de produtividade foi repassado para o setor industrial3.

Ademais, a difusão das novas tecnologias de comunicação resultou na

introdução de inovações nos processos produtivos da indústria. A natureza destas

inovações induziu o surgimento de demanda por novas especialidades em serviços

intensivos em conhecimento, adquiridas de empresas prestadoras de serviços. Estas

obtiveram ganhos de escala e se tornaram capazes de substituir os serviços produzidos

internamente na indústria (MELO, 1998).

Deste modo, a terceirização de atividades tecnológicas e produtivas a

prestadores de serviços especializados estimulou o crescimento do setor e o seu

crescimento viabilizou o aumento da produtividade e o surgimento de novo leque de

serviços intermediários. O resultado foi a formação de um ciclo virtuoso de

crescimento, terceirização, especialização e ganho de produtividade (JORGENSON,

2007; LESHER e NORDÅS, 2006; FRANKE e KALMBACH, 2005; PARK e CHAN,

1989; MARKUSEN, 1989).

Os ganhos de produtividade reduziram o preço dos serviços. Esta redução foi

repassada para a indústria, resultando em aumento na sua produtividade (TRIPLETT e

BOSWORTH, 2004). Os ganhos de produtividade são maiores para as indústrias que

fazem maior uso de serviços de negócios e para as indústrias que apresentam maior taxa

de crescimento destes serviços4.

O aumento na velocidade e a maior segurança na circulação das informações

acelerou o ritmo de formação das CGV (MIOZZO e SOETE, 1999 e OCDE, 2014). O

que resultou no aumento da complexidade associada às transações realizadas e nos

problemas de coordenação (RODRIGUE, 2006). Isto foi contornado através do

desenvolvimento de diversas atividades de serviços relacionados à gestão das CGV.

Assim, o crescimento das CGVs resultou na expansão do setor de serviços e no

surgimento de novas atividades neste setor (VOSS, 1992; YOUNGDAHL, 1996).

A crescente utilização de serviços no processo produtivo levou Shih (1992) a

propor a “Curva Sorridente”. Esta advoga que a produção de bens demanda um

3 Freund e Weinhold (2002); Hesse e Rodrigue (2004); Rodrigue (2006); Bryson et Al. (2004); Hill et Al.

(2007); Miozzo e Soete (1999); Francois e Woerz (2008); Berlingieri (2013); Cuadrado-Roura e Maroto-

Sanches (2011); Jorgenson e Timmer (2011). 4Berlingieri (2013); Amiti e Wei (2005b); Francois e Woerz (2008); Barker e Forssell (1992).

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conjunto de atividades oriundas do setor industrial e do setor de serviços, sendo que as

atividades de serviços agregam mais valor ao bem final do que o chão de fábrica, Figura

1 (OCDE, 2013)5.

Figura 1 - Curva Sorridente

Fonte: OCDE/ OMC (2013, p. 216).

Outro fator que contribuiu para o crescimento do setor de serviços é a

diferenciação dos produtos vendidos para os consumidores. As novas tecnologias de

comunicação aproximaram firmas e consumidores. O resultado foi a produção de bens

customizados e diferenciados (KOMMERSKOLLEGIUM, 2012 e MARSH, 2012).

A partir da década de 1990 o setor de serviços passou a ser associado à

capacidade de inovação dos países (MIOZZO E SOETE, 2001). A literatura de serviços

intensivos em conhecimento (KIBS) mostra que o setor de serviços supre o setor

industrial com o conhecimento necessário para a realização de inovações. As inovações

surgem da interação entre atividades de serviços e atividades industriais e não de

atividades específicas encontradas em um destes setores (eg. equipes de P&D). Grande

parte das inovações que emergiram a partir da década de 1980 surgiram no setor de

serviços (MILES et Al., 1994, 1995, 2008; HERTOG, 2000; MULLER, 2001;

CZARNITZKI e SPIELKAMP, 2000).

5Para mais detalhes consultar De Borja Reis (2014); Hesseldahl (2010); Linden et Al. (2009); Sousa

(2009); Humphrey (2004); Cruz-Moreira e Fleury (2003); Gereffi e Memedovic (2003); Tempest (1996);

Hobday (1995).

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Dadas estas evidências, Arbache (2012) desenvolveu a representação cartesiana

conhecida como “espaço-indústria” (Erro! Fonte de referência não encontrada.2).

Esta é composta por quatro quadrantes que mostram as diferentes mudanças estruturais

pelas quais um país passa para sair de uma condição de pobreza e obter renda per capita

elevada. Ele é constituído por três dimensões: (i) participação da indústria no PIB; (ii)

densidade industrial, definido como o valor adicionado da indústria de transformação

dividido pela população do país, e (iii) participação dos serviços comerciais no PIB.

Figura 2- Espaço-Indústria

Fonte: Adaptado de Arbache (2012).

NO quadrante R1 a população é predominantemente rural e a agropecuária é o

setor dominante. Neste quadrante o país possui estrutura produtiva especializada em

atividades primárias (MCMILLAN; RODRIK, 2011), se encontrando preso na

armadilha da renda baixa (RODRIK, 2004).

O quadrante R2 é caracterizado pela crescente demanda por produtos industriais

básicos e pelo desenvolvimento de uma indústria de baixo valor adicionado e serviços

gerais. Estes se desenvolvem em paralelo à redução da participação da agropecuária no

PIB. Nesta fase ocorre a urbanização da população e a diversificação da estrutura

produtiva. Conforme demostrado por Imbs e Wacziarg (2003), as economias se tornam

mais diversificadas conforme a sua renda aumenta. Elas se especializam apenas após

obterem nível de renda elevado. Com base neste resultado, Rodrik (2004) conclui que é

a diversificação das economias e não a sua especialização que resulta em aumento da

renda. Rodrik (2012) mostra que a indústria possui convergência incondicional de

Participação da indústria no PIB (%) – D1

Densid

ade indústr

ia e

Com

ple

xid

ade E

conôm

ica –

D2

R1 R2

R4 R3

A

Part

icip

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IB (

%) – D

3

B Armadilha da

pobreza

Renda

Elevada

Armadilha da

renda média

Diversificado Especializado

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produtividade, o que garante a migração do país para um nível de renda média Rodrik

(2014).

Assim, a migração do quadrante R1 para o quadrante R2 é explicada por Kaldor.

Este autor consegue demonstrar com perfeição esta fase de mudança. Contudo,

conforme se argumentará neste artigo, ele não consegue explicar as fases posteriores,

marcadas pela migração do quadrante R2 para o quadrante R3 e deste para o R4. Nestas

fases, como a capacidade de crescimento via convergência incondicional já foi exaurida,

é preciso incentivar outros fatores para garantir a migração de um nível de renda

intermediário para um nível de renda elevado.

Os países que conseguem continuar com o processo de mudança estrutural e

expansão de suas capacidades produtivas migram para o quadrante R3. Neste, as

atividades industriais passam a requerer cada vez mais serviços intermediários e a sua

participação no PIB começa a cair (Buera e Kaboski (2011),

Conforme argumentado por Rodrik (2014), a industrialização é suficiente para o

país sair da armadilha da pobreza, contudo o incentivo exclusivo a este setor faz o país

cair em uma armadilha de renda média (ponto A). A realização de políticas a la Kaldor

tira o país da sua trajetória natural de desenvolvimento, o deslocando para fora do

equilíbrio setorial dinâmico, para um ponto não sustentável no longo prazo. O que as

políticas de desenvolvimento devem fazer é estimular o setor de serviços intermediários.

Apenas o desenvolvimento deste setor resulta na migração do país para a produção de

bens mais sofisticados.

Segundo Rowthorn e Ramaswamy (1997, p.6), o termo desindustrialização é

“usado na literatura para se referir ao declínio secular da participação do emprego

industrial nas economias avançadas”. O referido fenômeno não deve ser percebido

como algo negativo, ou patológico, já que é “uma característica inevitável do

desenvolvimento econômico”. Com isso, os autores procuram deixar claro que

“desindustrialização é simplesmente o resultado natural do processo de

desenvolvimento econômico bem sucedido, e é, em geral, associada com o aumento do

nível de vida.” (Rowthorn e Ramaswamy, 1997, p.14). Isto é, a migração do quadrante

R2 para o quadrante R3, não se mostra prejudicial ao país.

Contudo, Rodrik (2016) mostrou que os países da América Latina e da África

Subsaariana estão passando por um processo patológico de desindustrialização (recuo

em direção ao ponto B). Isto é, eles estão observando a diminuição no grau de

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diversificação de suas estruturas produtivas e redução da participação da indústria e dos

serviços intermediários no valor adicionado.

Ademais, a região R4 representa o estágio mais avançado do desenvolvimento

industrial. Neste quadrante, o processo de expansão da densidade industrial continua e é

acompanhado pela existência de demanda mais do que proporcional por serviços

intensivos em conhecimento, ao passo que a participação da indústria “tradicional”

declina (ARBACHE, 2014). Este estágio também é caracterizado pela elevada demanda

da indústria por serviços específicos e inovações neste setor, com o objetivo de fabricar

bens cada vez mais sofisticados (HELPER et al. 2012, apud ARBACHE, 2014).

No quadrante R4, se encontram os países industrializados, que possuem renda

elevada. Conforme demostrado por Imbs e Wacziarg (2003), este quadrante é

caracterizado pela especialização após os países obterem renda elevada. Neste

quadrante, a demanda por serviços avançados cresce, de modo que estes países se

caracterizam pela fabricação de serviços de elevada complexidade. Seguindo Rodrik

(2014), se pode argumentar que os países que migram para ele são aqueles que

conseguiram desenvolver as capacitações necessárias ao desenvolvimento do setor de

serviços intermediários.

Conforme enfatizado, o crescimento da participação do setor de serviços resulta

no aumento da complexidade econômica. Este conceito é apresentado por Hidalgo e

Hausmann (2009). De acordo com estes autores, a forma encontrada pela sociedade para

fabricar bens sofisticados é a divisão do conhecimento necessário para sua fabricação

em “pedaços”. Estes pedaços de conhecimento são divididos entre os trabalhadores.

Conforme enfatizado por Hidalgo et al. (2012), a capacidade produtiva de cada

sociedade pode ser mensurada pela sua capacidade de reter, criar, modificar, organizar,

distribuir e utilizar as capacidades possuídas pelos trabalhadores. As sociedades mais

desenvolvidas são aquelas que conseguem gerir de modo mais eficaz os conhecimentos

que possuem. O segredo da prosperidade de alguns países em detrimento dos demais se

encontra na sua capacidade organizacional, de distribuir o conhecimento entre os

trabalhadores e de utilizar coletivamente volumes maiores de conhecimento.

Stojkoski et al. (2016) mostram que os países que apresentam maior exportação

de serviços apresentam índices mais elevados de complexidade. Isto indica que os

serviços requerem maior quantidade de conhecimento para serem produzidos, do que os

demais bens. Ademais, os resultados obtidos mostram que as economias cuja pauta de

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exportação é baseada em serviços têm estrutura produtiva mais complexa e maior

potencial de crescimento no longo prazo.

3. A QUINTA LEI DE KALDOR

Conforme discutido na introdução, em um exemplo impar de ironia, bastou que

as leis de Kaldor (1966, 1967, 1970 e 1976) fossem propostas para que o

comportamento da economia se modificasse. Com a emergência das novas tecnologias

de comunicação a indústria, amplamente defendida por Kaldor como o setor mais

dinâmico da economia, perdeu relevância. As novas tecnologias de comunicação

fizeram do setor de serviços um dos principais responsáveis por ditar o ritmo de

crescimento econômico no período após 1970.

Esta seção propõe a existência de uma quinta lei de Kaldor. A proposição desta

nova lei permite a reconciliação das leis propostas por Kaldor com as evidências

empíricas mais recentes. Ela mostra que o crescimento da indústria continua sendo

responsável pelo desenvolvimento econômico. Contudo, se argumenta que o

desenvolvimento deste setor depende do crescimento do setor de serviços.

Seguindo Hidalgo e Hausmann (2009), Hidalgo et al. (2012) e Foster-McGregor

e Verspagen (2016), se considera que conforme um países se desenvolve ele passa a

fabricar bens industriais que demandam mais conhecimento. Esta complexidade

crescente da indústria resulta no aumento da demanda pelo surgimento de atividades

especializadas de serviços na medida em que a renda da economia cresce. O resultado é

a formação de uma espiral positiva de especialização, caracterizado pelo aumento do

conteúdo tecnológico e aumento da interdependência entre serviço e indústria. Pois, o

desenvolvimento do setor industrial demanda o surgimento de atividades de serviços

fornecedoras de conhecimento especializado e o crescimento e especialização deste

setor viabiliza a produção de produtos com maior conteúdo tecnológico. Isto, por sua

vez, permite a diversificação do setor industrial em direção à atividades mais complexas

e que demandam ainda mais serviços, formando-se um ciclo que se perpetua ad

infinitun.

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A medida que a renda do país cresce a gestão do conhecimento produtivo

necessário para que ela continue crescendo se torna cada vez mais complexa e a união

do conhecimento produtivo que se encontra disperso entre os agentes econômicos

demanda cada vez mais esforços. Desenvolver os mecanismos capazes de gerir e prover

a indústria destas quantidades cada vez maiores de conhecimento representa o grande

desafio enfrentado pelos países.

A demanda por quantidades cada vez maiores de conhecimento produtivo faz

com que a complexidade da indústria assuma tal magnitude que surgem diversas

atividades de serviços responsáveis por fornecer o conhecimento demandado pelo setor

industrial. Isto é, o desenvolvimento do setor de serviços ocorre como uma resposta a

esta demanda crescente por conhecimento observada no setor industrial (KON, 2015, p.

120). Por conseguinte, o grau de sofisticação industrial, a densidade industrial, a

produtividade industrial e, de modo mais amplo, a complexidade econômica

apresentada pelos países dependem do crescimento do setor de serviços.

4. METODOS E PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

Esta seção se encontra dividida em três subseções. A subseção 4.1 apresentará a

quinta lei de Kaldor. Em seguida, a subseção 4.2 definirá o procedimento de teste

utilizado para verificar se esta lei é corroborado pelos dados. Por fim, a subseção 4.3

apresenta os dados utilizados.

4.1 Quinta lei de Kaldor: a contribuição do setor de serviços para o dinamismo

industrial

Apresentada a dinâmica de crescimento da renda centrada na expansão do

conhecimento produtivo se tem os argumentos necessários para se elaborar uma quinta

lei de Kaldor. Esta define o setor de serviços intermediários como responsável por

determinar a competitividade industrial e o crescimento da renda per capita a partir de

determinado nível de renda. Com base nas evidências elucumbradas nas sessões 2 e 3 se

apresenta o seguinte teorema:

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14

Teorema: O crescimento do setor de serviços resulta em aumento da

produtividade da indústria, da densidade industrial e da complexidade econômica.

Este teorema é verificado através da aplicação de um teste de causalidade. Para

isto, se estima o seguinte modelo VAR em painel:

𝑒𝑚,𝑡 = 𝛼0 + ∑ 𝛼𝑙𝑔𝑚𝑠,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ 𝛽𝑙𝑔𝑠,𝑡−𝑙

𝑝𝑙=1 + ∑ 𝛾𝑙𝑔𝑘,𝑡−𝑙

𝑙𝑙=1 , (1)

em que, 𝑒𝑚,𝑡 ⊂ ℝ é a taxa de crescimento do seu emprego utilizada como proxy para a

produtividade industrial; 𝑔𝑠,𝑡 ⊂ ℝ é a taxa de crescimento do valor adicionado do setor

de serviços e 𝛼0 > 0 ∈ ℝ; 𝛼𝑙 > 0 ∈ ℝ; 𝛽𝑙 > 0 ∈ ℝ e 𝛾𝑙 > 0 ∈ ℝ são constantes

paramétricas.

Dado que o setor de serviços é utilizado como insumo intermediário pela

indústria se argumenta que a análise separada do setor de serviços e da indústria se

mostra inadequada e pode resultar em interpretações equivocadas sobre a contribuição

do setor de serviços para o crescimento econômico. Conforme visto, o crescimento

deste setor depende das características assumidas pela fabricação industrial, mas a

fabricação de produtos industriais mais sofisticados também demanda o surgimento de

serviços especializados6. Deste modo, qualquer análise realizada precisa,

necessariamente, olhar para a relação existente entre estes setores.

Conforme já exposto, o desenvolvimento do setor de serviços viabiliza a

fabricação de produtos industriais com maior conteúdo tecnológico. A densidade

industrial é uma proxy que pode ser utilizada para medir o conteúdo tecnológico

inserido na indústria. Seguindo Arbache (2012), se estima um modelo VAR em painel

que verifica se a variação no valor adicionado do setor de serviços, 𝑔𝑠,𝑡 ⊂ ℝ, influencia

na variação da densidade da indústria, 𝐷𝑡 ⊂ ℝ, conforme segue:

𝐷𝑖,𝑡 = 𝜔0 + ∑ 𝜔𝑙𝐷𝑖,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ Υ𝑙𝑔𝑠𝑖,𝑡−𝑙

𝑝𝑙=1 , (2)

6 Estimou-se um modelo VAR em painel para verificar a presença de causalidade entre o valor adicionado

da indústria e o valor adicionado do setor de serviços. O mesmo não evidenciou a existência de

causalidade entre estes setores.

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15

em que 𝜔0 > 0 ∈ ℝ; 𝜔𝑙 > 0 ∈ ℝ; Υ𝑙 > 0 ∈ ℝ são constantes paramétricas.

Também se testa a hipótese de que o aumento na densidade da indústria resulta

em maior crescimento do setor de serviços, a saber:

𝑔𝑠𝑖,𝑡 = 𝜗0 + ∑ 𝜗𝑙𝑔𝑠𝑖,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ 𝜃𝑙𝐷𝑖,𝑡−𝑙

𝑝𝑙=1 , (3)

sendo 𝜗0 > 0 ⊂ ℝ e 𝜗𝑙 > 0 ⊂ ℝ e 𝜃𝑙 > 0 ⊂ ℝ constantes paramétricas. Caso os

valores estimados indiquem que 𝜗𝑙 é significativo em termos estatísticos há evidências

de que o crescimento do setor de serviços resulta em aumento da densidade industrial.

Ademais, se 𝜃𝑙 for significativo a hipótese de que o aumento na densidade industrial

contribui para o crescimento do setor de serviços é corroborada pelos dados.

Dado que Stojkoski et al. (2016) argumentam que a complexidade econômica

dos países está relacionada ao grau de especialização e ao tamanho do setor de serviços,

se estima um modelo VAR em painel que testar se o aumento da participação do setor

de serviços resulta em aumento na complexidade econômica:

𝐶𝑖,𝑡 = 𝜑0 + ∑ 𝜌𝑙𝐶𝑖,𝑡−𝑙𝑝𝑙=1 + ∑ 𝜋𝑙𝑔𝑠𝑖,𝑡−𝑙

𝑝𝑙=1 , (5)

sendo 𝐶𝑖,𝑡 o indicador de complexidade econômica; 𝑔𝑠𝑖,𝑡 a taxa de crescimento do setor

de serviços; e 𝜑0 > 0, 𝜌𝑙 > 0 e 𝜋𝑙 > 0 constantes paramétricas.

4.2 Dados utilizados

Os dados de estoque de capital, disponibilizado pelo Pen World Table; de

complexidade econômica, disponíveis no Observatório de Complexidade Econômica; e

os dados de produção e produtividade setoriais, extraídos do Groningen Growth and

Development Centre (GGDC) foram utilizados para estimar os modelos VAR em painel

para o período 1980-2009.

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16

Um problema enfrentado ao se utilizar esta base de dados se refere à definição

do setor de serviços, dos cinco setores de serviços discriminados pelo GGDC, apenas

dois foram classificados como serviços intermediários7: 1) Transportes, Armazenagem e

Comunicação e 2) Intermediação financeira, arrendamento e serviços empresariais.

5. RESULTADOS ENCONTRADOS PARA AS REGRESSÕES

ESTIMADAS

A Tabela 1 mostra os resultados encontrados para o teste de raiz unitária. Os

testes de Levin, Lin & Chu (2002); Im, Pesaran e Shin (2003); ADF - Fisher e PP –

Fisher (MADDALA; WU, 1999; CHOI, 2001) são utilizados para definir a ordem de

integração das séries. Como o resultado encontrado por estes testes divergem entre si se

define uma série como estacionária quando dois ou mais testes assim indicam.

Conforme se observa na Tabela 1, os testes indicaram que todas as séries são

estacionárias em primeira diferença.

Tabela 1 - Valor encontrado para o teste de raiz unitária

Teste/série Levin, Lin & Chu# Im, Pesaran e Shin ADF - Fisher PP - Fisher

Estatística pvalor Estatística pvalor Estatística pvalor Estatística pvalor

𝒈𝒎,𝒊𝒕 -27,738 0,0028 -0,48282 0,3146 148,264 0,5374 135,698 0,6307

d(𝒈𝒎,𝒊𝒕) 0,77513 0,7809 -376,082 0,0001 463,859 0,0001 347,795 0,0043

𝒈𝒊𝒕 -419,266 0,000 -0,77167 0,2202 165,049 0,4183 11,077 0,8047

d(𝒈𝒊𝒕) 410,337 1,000 -107,952 0,1402 236,749 0,0968 169,857 0,3865

𝒈𝒌,𝒊𝒕 -0,30354 0,3807 0,3658 0,6427 242,364 0,0845 859,831 0,929

d(𝒈𝒌,𝒊𝒕) 0,33163 0,6299 -182,718 0,0338 258,573 0,0561 847,738 0,9334

𝒈𝒔,𝒊𝒕 1,59113 0,9442 1,08911 0,8619 11,3001 0,7906 7,44069 0,9638

d(𝒈𝒔,𝒊𝒕) 2,95379 0,9984 -1,1998 0,1151 23,9795 0,09 24,0779 0,0878

7 Isto é, que fornecem insumos para o setor industrial.

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𝑫𝒊𝒕 3,10994 0,9991 -0,66549 0,2529 18,7074 0,2841 27,0941 0,0404

d(𝑫𝒊𝒕) -1,78953 0,0368 -2,34399 0,0095 32,4757 0,0087 83,4216 0,0000

𝐂𝐢𝐭 1,7038 0,9558 1,8571 0,9684 5,4948 0,9927 7,4836 0,9628

D(𝐂𝐢𝐭) -2,9223 0,0017 -6,2923 0 70,2253 0 151,997 0

Fonte: Elaboração própria. *d é a série diferenciada uma vez.

#pvalor abaixo de 0,05 indica que a série é estacionária. A única exceção é o teste de Levin, Lin & Chu,

para o qual o p-valor deve ser superior à 0,95.

Conforme destacado na seção 4, se estima um modelo VAR em painel que

identifica se a taxa de crescimento do emprego industrial, utilizada como proxy para a

produtividade da indústria, é explicada pelo crescimento do valor adicionado deste setor

e do setor de serviços. Os critérios de informação de Schwarz e Hanna-Quin indicam

que o modelo VAR em painel deve ser estimado com uma defasagem.

O valor encontrado para os coeficientes estimados corroboram a hipótese de que

o crescimento no valor adicionado do setor de serviços (𝑔𝑠,𝑖𝑡) causa o crescimento da

produtividade industrial (𝑒𝑚,𝑖𝑡), Tabela 2. De modo mais específico, a variação em 1%

no valor adicionado do setor de serviços resulta em variação de 0,090% na

produtividade da indústria. Ademais, a variação em 1% na produção industrial (𝑔𝑚,𝑖𝑡)

resulta em variação de 0,294% na produtividade deste setor (𝑒𝑚,𝑖𝑡) e a variação de 1%

na sua produtividade defasada resulta em variação de 0,424% nesta mesma série.

Tabela 2 – Valor encontrado para o modelo VAR em painel com a produtividade

industrial como variável dependente

Variável Coeficiente Erro

padrão

Variável Coeficiente Erro padrão

D(𝐞𝐦,𝐢𝐭−𝟏) 0,424* -0,079 D(𝑔𝑘,𝑖𝑡−1) -0,035 -0,165

D(𝐠𝐦,𝐢𝐭−𝟏 ) 0,294* -0,052 C -0,016* -0,005

D(𝐠𝐬,𝐢𝐭−𝟏) 0,090* -0,049

R2 0,410 -0,165 F 38,127

Autocorrelação - Portmanteau 49,815 pvalor 0

Breusch Pagan - 239,654 pvalor 0

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Heterocedasticiade

Fonte: Elaboração própria

Estes resultados corroboram a hipótese levantada. Isto é, confirmam a existência

de uma quinta lei de Kaldor. Conforme colocado pela literatura apresentada nas seções

2 e 3, o aumento do tamanho do setor de serviços contribui para o aumento da

produtividade industrial.

No entanto, esta regressão não fornece nenhuma informação sobre o modo como

os serviços contribuem para o aumento da produtividade industrial. A estimação da

densidade industrial contra o tamanho do setor de serviços é capaz de indicar se este

setor contribui para a produção de bens mais sofisticados.

A densidade industrial pode ser utilizada como proxy para identificar se existe

relação entre a variação no valor adicionado do setor de serviços e a variação no

conteúdo tecnológico da produção industrial. A Tabela 3 mostra os valores encontrados

para o modelo VAR em painel estimado para estes indicadores. Os resultados

encontrados para ambas as regressões são significativos indicando que o crescimento da

densidade industrial, 𝐷𝑖𝑛𝑑 , causa Granger o crescimento do valor adicionado do setor de

serviços, gs. As variações no valor adicionado do setor de serviços também resultam em

variações na densidade industrial.

Tabela 3 – Resultados encontrados para o modelo VAR em painel para a densidade

industrial contra o valor adicionado do setor de serviços

𝒈𝒔 𝑫𝒊𝒏𝒅

Variável Coeficiente Erro padrão Variável Coeficiente Erro padrão

𝑫(𝒈𝒔,𝒊𝒕−𝟏) 0,606* 0,084 𝐷(𝐷𝑖𝑛𝑑,𝑖𝑡−1) 1,318* 0,07822

𝑫(𝑫𝒊𝒏𝒅,𝒊𝒕−𝟏) 20587,532* 4608,7 𝐷(𝑔𝑠,𝑖𝑡−1) -6,30E-06* 1,40E-06

C -14175,350 437592 C 1,354 -7,42703

R2 0,950 R2 0,957

F 2201,427 F 2580,795

Autocorrelação –

Portmanteau

18,594 pvalor 0,0009

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Breusch Pagan –

Heterocedasticiade

98,713 pvalor 0,00

Fonte: Elaboração própria. * significativa ao nível de confiança de 95%.

Estes resultados corroboram as evidências obtidas por Arbache (2014) e indicam

que a relação de causalidade é bidirecional. O desenvolvimento do setor industrial

demanda o surgimento de atividades de serviços. Contudo, o surgimento de atividades

de serviços também contribui para o aumento do conteúdo tecnológico do setor

industrial.

Além das regressões supracitadas também foi estimado um modelo VAR em

painel para verificar se a variação na densidade industrial explica a variação no

crescimento do PIB. Os resultados obtidos se encontram consolidados na Tabela 4. Os

resultados encontrados para o modelo VAR em painel indicam que o PIB defasado é

significativo. Isto é, ele explica o crescimento da densidade industrial. Ademais, o

coeficiente estimado para a densidade industrial com uma defasagem também é

significativo. Este resultado indica que o crescimento da densidade industrial explica o

crescimento do PIB com uma defasagem.

Tabela 4 - Resultados encontrados para a regressão do valor adicionado contra a

densidade industrial

Indicador Coeficientes Erro padrão

𝑷𝑰𝑩𝒊𝒕−𝟏 1,310* -0,08718

𝑷𝑰𝑩𝒊𝒕−𝟐 -0,572* -0,08729

𝑫𝒊𝒕−𝟏 -1,08E+06* -2,30E+05

𝑫𝒊𝒕−𝟐 4,77E+04 -2,40E+05

Constante 5,50E+04 -2,00E+05

R2 0,606156

Autocorrelação – Portmanteau 36,12704 Pvalor = 0,00

Breusch Pagan – Heterocedasticiade 357,8458 Pvalor = 0,00

Fonte: Elaboração própria, * significativa ao nível de confiança de 95%.

A Tabela 5 apresenta os resultados estimados para o modelo VAR em painel

para a regressão do Índice de Complexidade Econômica contra o valor adicionado do

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setor de serviços. Os coeficientes estimados indicam que as variações no valor

adicionado do setor de serviços causam Granger variações no Índice de Complexidade

Econômica. Ademais, as variações observadas no Índice de Complexidade Econômica

também causam variações no valor adicionado do setor de serviços.

Tabela 5 - Resultados encontrados para a regressão do Índice de Complexidade

Econômica contra o valor adicionado do setor de serviços

𝑪𝒊𝒕 𝒈𝒔𝒊

Coeficientes estimados Desvio Padrão Coeficientes estimados Desvio Padrão

𝑪𝒊𝒕−𝟏

-0,024105 -9,02E-09 4606819* -2225880

𝑪𝒊𝒕−𝟐 0,026717 0 5951860* -2219411

𝒈𝒔𝒊,𝒕−𝟏

0,00000000949* 0,00E+00 1,202374* -0,0811

𝒈𝒔,𝒊𝒕−𝟐

-0,00000000902* 0,00E+00 -0,462816* -0,08336

C -0,008105 0 125536,3 -206001

R2 0,0779 0,585582

F 4,456376 74,53707

Fonte: Elaboração própria, * significativa ao nível de confiança de 95%.

Estes resultados corroboram as evidências levantadas por Stojkoski et al. (2016).

O aumento do tamanho do setor de serviços explica a complexidade econômica. Isto

pode indicar que o grau de desenvolvimento do setor de serviços influencia no grau de

complexidade da estrutura produtiva dos países. Assim, o surgimento de atividades de

serviços de apoio viabiliza a fabricação de produtos que demandam maior quantidade de

conhecimento. Contudo, a relação de causalidade é bidirecional, o aumento da

complexidade econômica também demanda o crescimento do setor de serviços.

Em suma, os resultados encontrados para os modelos estimados corroboram a

hipótese levantada. Todos os coeficientes estimados foram significativos indicando que

o crescimento do valor adicionado do setor de serviços causa Granger o crescimento da

produtividade industrial, densidade industrial e da complexidade econômica. Ademais,

o aumento da densidade industrial também causa Granger o crescimento do PIB. Deste

modo, não se rejeita a hipótese da presença de uma quinta lei de Kaldor. A adoção de

políticas que olham apenas para o setor industrial e que negligenciam a contribuição do

setor de serviços para o crescimento econômico não são capazes de promover o

aumento do nível de renda.

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21

Ademais, as regressões estimadas apontaram para a presença de causalidade

bidirecional entre o crescimento do setor de serviços e os indicadores: produtividade

industrial, densidade industrial e complexidade econômica. Isto indica que é o

desenvolvimento simultâneo do setor industrial e do setor de serviços que resultam em

desenvolvimento econômico e não o crescimento de um destes setores em detrimento

do outro conforme apontado por Kaldor (1966, 1967, 1970 e 1976) e Thirlwall (1979,

1983).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Kaldor propôs quatro leis que definem o setor industrial como o setor

responsável pelo desenvolvimento econômico. Segundo este autor, para que os países se

desenvolvam eles devem adotar políticas que estimulem o crescimento e o aumento da

participação deste setor no valor adicionado.

Paralelo a isto, a literatura de serviços mostra que a contribuição da indústria

para o desenvolvimento econômico aumentou consideravelmente a partir da década de

1980, com o advento das novas tecnologias de comunicação. Em especial, a literatura de

KIBS mostra que grande parte das inovações, observadas a partir da década de 1980,

surgiu no setor de serviços. A literatura de serviços de negócios evidencia que este setor

realiza diversas funções, sem as quais a produção industrial não poderia ser levada a

cabo.

Por sua vez, a literatura de complexidade econômica advoga que o

desenvolvimento econômico deve ser visto como a expansão dos conhecimentos

produtivos. Arbache (2012, 2014) encontram relação positiva entre a densidade

industrial e a participação do setor de serviços. Rodrik (2014) argumenta que apenas a

adoção de políticas de desenvolvimento de capacitações e o incentivo ao setor de

serviços intermediários consegue retirar o país da armadilha de renda média.

Segundo Stojkoski et al. (2016), a produção de bens mais complexos está

associada ao desenvolvimento do setor de serviços. Apesar disto, seguindo Kaldor, a

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22

literatura de desenvolvimento econômico continua defendendo o desenvolvimento do

setor industrial como condição suficiente para que os países se desenvolvam.

Dadas estas evidências, este artigo propõem a existência de uma quinta lei de

Kaldor. Isto é, o aumento da produtividade do setor industrial é explicado pelo

desenvolvimento do setor de serviços. Para testar esta hipótese são estimados modelos

VAR em painel que verificam se a produtividade do setor industrial, a densidade

industrial e o Índice de Complexidade Econômica são explicados pelo tamanho do setor

de serviços. Uma regressão adicional é estimada para verificar se o crescimento do PIB

é explicado pela densidade industrial. Todas as regressões estimadas foram

significativas.

Os resultados encontrados para as regressões evidenciaram o caráter simbiótico

existente entre serviços e indústria. A ideia de que o crescimento do setor de serviços

resulta em diminuição da produtividade é errada. O crescimento da participação do setor

de serviços intermediários resulta em aumento da produtividade industrial. Esta é uma

forte evidência de que está ocorrendo repasse de produtividade do setor de serviços para

a indústria.

Ademais, consideradas as especificidades do setor de serviços, os resultados

encontrados para as regressões estimadas corroboraram a hipótese levantada. As leis

propostas por Kaldor não estão incorretas, mas são limitadas. Elas atribuem

inadequadamente todo o crescimento da economia ao crescimento da indústria. Kaldor

atribuiu importância demasiada a este setor, considerando que ele é independente dos

demais setores da economia. Conforme evidenciado pelos resultados encontrados, o

aumento prévio na oferta de serviços intermediários contribui para o crescimento da

produtividade da indústria.

Baumol e Kaldor analisaram o processo histórico de desenvolvimento antes de

ocorrer o fenômeno da desindustrialização natural nas economias avançadas. Este

fenômeno representa uma nova fase no desenvolvimento econômico dos países, na qual

os serviços contribuem para o aumento da competitividade industrial. De modo que a

participação deste setor aumenta em detrimento da participação do setor industrial.

Posterior a análise realizada por estes autores surgiu uma nova relação entre a indústria

e serviços, sendo a simbiose entre estes setores que viabiliza a produção de bens mais

sofisticados em termos tecnológicos e o aumento de complexidade econômica dos

países.

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Os resultados encontrados vão de encontro às evidências levantadas por

Imbs e Wacziarg (2003). Estes mostram que as economias se diversificam conforme a

sua renda aumenta. Eles também corroboram o modelo proposto por Rodrik (2014), que

defende o estímulo ao setor de serviços como única forma de retirar os países da renda

média.

Como corolário, se tem a seguinte proposição: o processo de desenvolvimento

econômico dos países se dá em dois estágios. No primeiro estágio se observa o aumento

da produtividade e da diversificação industrial, enquanto a renda per capita e baixa. No

segundo, se tem o surgimento de serviços de apoio ao setor industrial e o aumento da

especialização industrial, o que viabiliza a obtenção de elevado nível de renda.

No segundo estágio o crescimento da indústria ocorre através do surgimento de

atividades com maior conteúdo tecnológico, sendo o que explica o aumento da renda

per capita conforme os países se desenvolvem. Conforme evidenciado pela literatura de

KIBS, de serviços de valor e pela curva sorridente, a fabricação de produtos industriais

com maior conteúdo tecnológico depende da presença de serviços de apoio. Isto é, o

aumento da densidade industrial e da complexidade econômica está condicionado ao

desenvolvimento do setor de serviços.

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