contratos de adesão

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  • 7/26/2019 Contratos de Adeso

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    CONCEITO LEGAL DE CONTRATOS DE ADESO

    No direito moambicano, o regime dos contratos de adeso est consagrado na Seco II do

    Captulo II referente s clusulas dos contratos, nos artigos 474, 47 e 47! do No"o C#digoComercial e art $7 da lei do consumidor%

    &a leitura do primeiro n'mero do artigo 474 retiram(se os elementos essenciais )ue permitem

    definir e caracteri*ar os contratos de adeso%

    +ssim, da pre"iso legal, podem retirar(se as seguintes caractersticas dos contratos de adeso: apr-elaborao; a generalidade; e a rigide!

    Nos "on#ra#o$ de ade$o est(se perante situaes em )ue uma das partes elabora a suadeclarao negocial pre"iamente, as designadas condies gerais, antes do processo de

    negociao -pr.(elaborao/, a )ual aplica genericamente a todos os contraentes indeterminados-generalidade/, sem )ue a estes se0a concedida outra possibilidade )ue no se0a a aceitao ou

    re0eio do conte'do do contrato -rigide*/%

    1s contratos de adeso, tal como se encontram definidos no No"o C#digo Comercial, costumam

    tamb.m caracteri*ar(se pela de$ig%aldade en#re a$ par#e$, pela "o&ple'idade e pela na#%rea(or&%laria, ainda )ue estas caractersticas no se0am de "erificao necessria, no sendo porconseguinte essenciais%

    + mat.ria respeitante aos contratos de adeso est construda em torno do conceito de

    2"ondi)e$ gerai$ do$ "on#ra#o$3 ( como clusulas predispostas unilateralmente para umageneralidade pessoas )ue no tm possibilidade de tomar con5ecimento delas%

    1 legislador moambicano poderia nesta mat.ria ter e"itado a utili*ao do termo ambguo de

    condio substituindo(o por clusulas, na medida em )ue o primeiro termo possui um significado

    t.cnico especfico -art% $76 e ss do C#digo Ci"il/% + epresso clusula seria mais rigorosa para

    caracteri*ao da insero de dispositi"os negociais gerais unilateralmente impostos por uma das

    partes%

    &o mesmo modo, tamb.m a locuo de 2"on#ra#o$ de ade$o3 para al.m de corresponder a umfen#meno mais amplo, pode ser ob0ecto de reparos terminol#gicos, na medida em )ue d a ideia

    de se estar em presena de uma temtica )ue gira em torno do conte'do contratual -e8 contratode compra e "enda, de doao, de locao, de m'tuo etc%/ e no do modo de celebrao% &a )ue

    se defenda, )ue mel5or teria sido a consagrado a epresso, 2"on#ra#o$ por ade$o3%

    No entanto, 5 )ue registar, se bem )ue a t.cnica se0a diferente, )ue o 2contrato de adeso3 por

    corresponder a um conceito mais amplo de formao contratual )ue pode implicar a utili*ao de

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    condies gerais, no se limita a estas, circunst9ncia rele"ante )uando se analisar adiante o

    9mbito do regime%

    REGI*E GERAL DOS CONTRATOS DE ADESO

    Conforme 0 referido, a impossibilidade )ue uma das partes tem de influenciar o conte'do docontrato, potencia a susceptibilidade de consagrao de clusulas in)uas ou abusi"as e no

    dese0adas por uma das partes, a )ual, a mais das "e*es, s# se apercebe do conte'do )uando

    confrontada com um litgio%

    Nessa medida, e para e"itar os efeitos per"ersos, )ue ocorrem neste modo de formao de

    contratos, a lei inter"eio no sentido de restringir a liberdade de estipulao do predisponente -i%e%

    da parte )ue dita unilateralmente as condies gerais : na terminologia do C#digo Comercial/%

    1 legislador apelando t.cnica da remisso para o regime geral dos contratos comerciais regulou

    a mat.ria dos contratos de adeso em dois planos diferentes, mas complementares%

    i+ O plano da (or&ao do "on#ra#o

    ii+ O plano do "on#e,do do "on#ra#o

    No )ue di* respeito ao primeiro plano, )ue "isa essencialmente assegurar )ue a "ontade do

    aderente . li"re e esclarecida, ele . concreti*ado atra".s da referncia pre"ista no artigo 4!7 ; do CCom,

    e so aplic"eis aos contratos de adeso por remisso do artigo 474;< CCom in fine%

    +s eigncias especficas concreti*am(se ao n"el da "o&%ni"ao da$ "l%$%la$-art% 4!= doCCom/ e pre$#ao pr.ia de in(or&a)e$-artigo 4!> do CCom/%

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    Ao n/.el da "o&%ni"ao, a lei pre" )ue a comunicao das condies gerais de"er ser feitapelo predisponente de modo ade)uado, na ntegra e com antecedncia necessria para o

    con5ecimento efecti"o% n%< doCCom/

    + lei refere, contudo, )ue a eigncia de prestar informaes sobre aspectos rele"antes do

    contrato bem como a eigncia de prestar as informaes solicitadas de"em ter em conta a

    nature*a do contrato% 1 )ue significa, por um lado )ue o #nus de prestar informaes . tanto

    mais rele"ante )uanto a import9ncia, os montantes e a compleidade do contrato em causa% @or

    outro lado, o neo de relao estabelecido com a nature*a do contrato eige )ue 5a0a%

    1 A forma da comunicao pode ser qualquer uma, embora a vocao contratual mltipladicilmenteseja compatvel com a forma oral ou gestual e as exigncias legais de formasolene v!g! "ontratosrelativos a im#veis$!

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    1 n'mero $ do artigo 4!> do CCom determina 2)ue as declaraes de "ontade constantes de

    escritos particulares, recibos, correspondncias, pr.(contratos, publicidade feita por )uais)uer

    meios de di"ulgao, "inculam o declarante subscritor, podendo dar lugar conforme definido em

    lei, a responsabilidade pr.(contratual3

    Nesta pre"iso legal no 5 ino"ao, limitando(se o legislador a reforar a ideia de )ue oinstituto da re$pon$abilidade pr-"on#ra#%al pre.i$#o no ar#igo 1123 do C4digo Ci.il temnesta mat.ria aplicao plena%

    +ssim, a indemni*ao a ttulo de responsabilidade pr.(contratual pode cumular(se com os

    efeitos do artigo 476 do CCom, con)uanto )ue se "erifi)uem os seus pressupostos, mormente, a

    e'i$#5n"ia de dano$ "a%$ado$ "%lpo$a&en#e "a%$ado$ pelo predi$ponen#e )uer nasinformaes ou omisses )ue pre"iamente ten5a prestado e )ue se0am atentat#rias dos de"eres

    de boa(f.%

    Aal como acontece com a deficincia na comunicao das clusulas ou condies gerais doscontratos, tamb.m a "iolao do de"er de informao implica a ecluso de clusulas )ue

    padeam desse "cio, rectius a "iolao implica a sua )ualificao como clusula no escrita, na

    medida em )ue se entende, )ue nessa mat.ria, no 5ou"e possibilidade do efecti"o con5ecimento

    efecti"o por parte do aderente% -artigo 476alnea b/ do CCom/

    Ba*(se notar )ue atra".s das regras comuns, as solues poderiam passar pela indemni*ao,

    5a"endo culpa, a ttulo de responsabilidade pr.(contratual -art%$$7 do C#digo Ci"il/, at.

    anulabilidade por erro -art% $47 e $ do C#digo Comercial%

    erificando(se a ecluso de condies gerais, nos termos do 476 do C#digo Comercial, pode

    )uestionar(se a subsistncia do pr#prio contrato, pois se, se ecluem sem alternati"as,

    determinadas mat.rias do contrato, por "iolao dos artigos 4!= e 4!> do CCom, . poss"el )ue

    o mesmo deie de fa*er sentido, sendo certo )ue a lei . omissa nesta mat.ria%

    No obstante, de"e entender(se )ue no domnio dos contratos de adeso de"er pre"alecer o

    prin"/pio do &aior apro.ei#a&en#o do$ "on#ra#o$, pois estes so muitas "e*es de rele"o oumesmo essenciais para os aderentes, os )uais ficariam pre0udicados )uando o legislador,

    )uerendo pDr cobro a in0ustias, "iesse a multiplicar as nulidades%

    Este princpio est alis "ertido no artigo 47$ do CCom a prop#sito de uma mat.ria mais

    gra"osa para o aderente como so as clusulas abusi"as, no fa*endo, pois, sentido )ue nesta

    mat.ria o regime fosse diferente%

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    Nesta medida, entende(se )ue se de"er estender o regime pre"isto no artigo 47$ do CCom, o

    )ual ser analisado mais adiante a prop#sito das clusulas abusi"as, s situaes em )ue a

    subsistncia do contrato se0a colocada em causa com a ecluso de clusulas operada nos termos

    do 476 do CCom%

    Felati"amente ao segundo plano, respeitante ao conte'do do contrato, o mesmo caracteri*a(sepela enunciao de um determinado n'mero de clusulas )ue so classificadas como sendo

    abusi"as e por conseguinte proibidas%

    + )ualificao de determinadas clusulas contratuais como sendo abusi"as, pela sua amplitude,

    corresponde a uma das principiais no"idades introdu*idas pelo No"o C#digo Comercial e

    por"entura a)uela )ue, certamente, mais repercusses ir tra*er ao n"el da contratao

    comercial%

    1 le)ue de clusulas abusi"as encontra(se enunciado no artigo 47

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    poder subsistir, )uando, mediante a aplicao sucessi"a de normas supleti"as aplic"eis ou dos

    princpios e regras de integrao de lacunas se consiga restabelecer o e)uilbrio das partes%$

    Nos termos do n'mero $ do artigo 47$ CCom, so indicados crit.rios norteadores na tentati"a

    de preser"ao do contrato8 alnea a/ ( 1s "alores fundamentais direito aplicados ao caso

    concretoH alnea b/ a confiana suscitada pelas partes no processo de formao do contrato e nasua eecuoH alnea c/ e os ob0ecti"os pretendido pelas partes%

    1 C#digo Comercial esclarece )ue no . necessria a solicitao do contratante pre0udicado para

    a reali*ao do processo de preser"ao do contrato%?Esgotado o processo pr."io de tentati"a de

    preser"ao da relao contratual, no todo ou em parte, os contratos sero declarados nulos, nos

    termos do artigo 47? do CCom%

    + lei apresenta indcios, no taati"os, das situaes em )ue a declarao de nulidade dos

    contratos . eig"el ap#s uma infrutfera tentati"a de preser"ao contratual, e )ue so os

    seguintes8

    i/ Indeterminao dos aspectos essenciaisH ii/ &ese)uilbrio das

    prestaesH iii/ Contrariedade com a boa(f. e e)uidadeH i"/ ra"osidade das prestaes

    para uma das partes%

    Na ausncia de pre"iso especifica nesta mat.ria, reputa(se )ue a de"larao de n%lidadepre"ista no artigo 47? do CCom% se0a in"oc"el nos termos gerais, ainda )ue temperada pela

    necessidade de recurso pr."io aos mecanismos de preser"ao contratual pre"istos no artigo 47$

    do CCom%4

    % &a'(se notar que embora a )ei no se rera ao mecanismo da reduo previsto no artigo%*%+ do"!", a verdade que aparentemente criou uma modalidade de mecanismo dereduo negocial especial, aplic-vel somente aos contratos de adeso e comerciais, namedida em que fa' operar a reduo, independentemente, da existncia de um ju'o de queo neg#cio no teria sido concludo sem a parte viciada! .-, pois, um reforo do mecanismoda preservao da relao contratual que dita uma especicidade no mecanismo dareduo!

    / 0o entanto, se o contratante prejudicado j- no quiser a manuteno do contrato ter- o

    #nus dedemonstrar que o equilbrio das partes j- no pode ser restabelecido, tendo nosindcios do 2/+ critriosorientadores de tal demonstrao! 0o entanto, desde j- se adianta que tal pretenso podeser infrutferadada a especial tutela que a lei d- aos mecanismos de preservao da relao contratual!

    Aplicam(se portanto os artigos %34+ e ss do "#digo "ivil

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    REGI*E ESECI6ICO DOS CONTRATOS DE ADESO

    +nalisado o plano da formao e o plano conte'do dos contratos de adeso o )ual coincide,

    atra".s da remisso operada pelo artigo 474 n% < do CCom, com o regime geral dos contratoscomerciais, cumpre agora fa*er referncia s especificidades do regime dos contratos de adeso

    )ue se encontram pre"istas no s# nos n'meros $, ? e 4 do artigo 474, como tamb.m nos artigos

    47 e 47! do C#digo Comercial%

    Jm dos aspectos )ue caracteri*am especificamente o regime dos contratos de adeso . a

    pre"alncia das clusulas especialmente negociadas sobre as condies gerais unilateralmente

    impostas pelo predisponente, tal aspecto est consagrado no n'mero ? do artigo 474 do CCom e

    reflecte o entendimento de )ue sempre )ue a liberdade de estipulao se alia liberdade de

    celebrao a mesma de"er pre"alecer sobre os outros modos de manifestao de liberdade

    contratual%

    Nestas situaes, o #nus da pro"a de )ue uma clusula inserida no contrato de adeso resultou de

    uma negociao pr."ia cabe a )uem pretender pre"alecer(se sobre o seu conte'do% -cfr% art% 474

    n% 4/

    +s condies gerais )ue constituem os contratos de adeso plasmados no C#digo Comercial

    podem integrar, formalmente, um instrumento contratual predisposto ou constar de um

    documento apartado% -cfr% 474 n% $/, sendo )ue neste 'ltimo caso constituem uma modalidade

    dos contratos de adeso com especificidades%

    + integrao de condies gerais num documento apartado segue o regime pre"isto no artigo47 do CCom%

    Kogicamente, )ue tamb.m nesta modalidade de contratos de adeso, os acordos indi"iduais ou as

    clusulas especificamente acordadas pre"alecem sobre as condies gerais, mesmo )ue estes

    constem de formulrios% -cfr% art% 47 n% $ do CCom/

    INALICA9ILIDADE DAS CONDI

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    1 regime das condies gerais funciona perante situaes patrimoniais pri"adas, da )ue se ten5a

    retirado do seu 9mbito de aplicao, as situaes 0urdico : p'blicas, bem como as situaes

    familiares e sucess#rias%

    Aal como refere GENELES C1F&EIF1 a prop#sito da lei portuguesa, a ecepo pre"ista na

    alnea b/, referente aos contratos submetidos ao direito p'blico, tem de ser interpretada comalguma cautela, pois, os contratos )ue deten5am aspectos p'blicos e pri"ados, estaro tamb.m

    su0eitos ao regime dos contratos de adeso%