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Contos de ontem e de hoje, para ser saudável amanhã E.B. 2,3 Padre João José do Amaral 6º A Ano letivo 2011/2012

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Contos de ontem e de hoje,

para ser saudável amanhã

E.B. 2,3 Padre João José do Amaral

6º A

Ano letivo 2011/2012

Texto Introdutório

Este livro está constituído por textos elaborados e

ilustrados pelos alunos do 6ºA, durante o ano letivo de

2011/2012.

Os textos foram baseados em contos populares que

tinham como tema principal aspetos relacionados com a

“Alimentação”.

Os textos, escritos nas aulas de Cidadania,

procuram, através da transposição para a actualidade,

incentivar a aquisição de hábitos de vida e de alimentação

saudáveis.

O abutre vegetariano

O Leandro não se livra da alcunha. Na pequena

aldeia de Entre-Coutada conhecem-no por “Legume”. Na

realidade, chama-se Neophron percnopterus, mas assim

que começou a aguentar-se nas asas os pais, para

simplificar, baptizaram-no Leandro.

Ele é como se fosse o patinho-feio de Entre-

Coutada, não por causa do seu aspecto, mas apenas

porque gosta de vegetais. A troça é grande:

- Ó “Legume”, já cozeste as couves? Vê lá se a

beringela está no ponto, hem?! – E riem à gargalhada,

muito alto.

O certo é que só de ouvir falar em rabanetes, alho-

francês ou até brócolos, no bico do abutre Leandro corre

água de deliciado que fica.

Toda a gente sabe que o abutre é necrófago, come

carne de animais mortos, pitéu para todos na aldeia. Mas,

o “Legume”, perdão, o Leandro nunca achou grande

iguaria.

2

Num final de tarde bem catita, com um pôr-do-sol

impressionante, tem uma ideia. Armado em cozinheiro –

nem precisou de avental ou do chapéu de chefe de

cozinha, as suas penas já eram de um branco imaculado e,

no topo da cabeça, um penacho compunha a fatiota –

meteu mãos à obra!

Nem a propósito, ali nas redondezas um burro velhote caía

inanimado.

- Ora aqui está a minha oportunidade! Vou fazer um

mix de legumes salteados, cogumelos gratinados com

molho de soja e rechear este manjar. Aqui vou eu!

Agora era só esperar que a aldeia se reunisse à volta do

burro para o jantar.

Estranhamente a carne estava mais saborosa que

nunca. comeram, lamberam o bico e, no meio dessa

azáfama, ouviam-se sussurros:

- Hum! Que delícia, apetitoso, divinal, único!

Os dias seguintes foram passados a rechear

animais até ao dia em que resolveu parar. Era uma manhã

de Primavera e observou, contente, a reacção de um grupo

de abutres à carne:

- Que horror, que deslavado que isto está, falta-lhe

aqui algum paladar… mas qual?

Saltando detrás de um arbusto, o Leandro pergunta:

- Então, sentem falta de alguma coisa, é?

- Ó “Legume”, volta lá para a tua vidinha que agora

não temos tempo para vegetais. – Rezingou um deles.

Não fazendo caso dos insultos, vai buscar o recheio

e abre o peru que jazia à sua frente. E ainda não tinha

acabado a tarefa já os outros se entusiasmavam:

- Este aroma… estou a reconhecer isto. Deixa ver,

snif, snif. É ele, é o paladar!

Pegaram o Leandro em ombros mas, apesar de

tudo, ainda não era desta que era tratado pelo nome.

Agora, ninguém em Entre-Coutada dispensava os serviços

do … “mestre de culinária”.

Raquel Bulha

4 3

A carnívora

Num pasto, algures na ilha de São Miguel, vivia uma

vaca chamada Fanny que um dia decidiu mudar de

alimentação.

E o que é que esta vaca foi lembrar-se de comer?

Imaginem só… Carne!

Um dia, depois de comer toda a carne do cavalo do

seu lavrador, sentiu-se mal disposta.

Momentos depois, o lavrador foi tirar o leite às

vacas, mas Fanny escondeu-se para que este não a visse,

uma vez que estava toda verde.

Depois do seu dono ir embora, esta foi a correr para

o seu companheiro boi, e disse:

- Amor, mudei de alimentação, e de tanto comer

carne vê a figura em que estou!

O boi olhou-a muito espantado e disse-lhe:

6 5

- Sei onde devemos ir. Não te preocupes.

De seguida, ele levou-a ao pasto ao lado onde vivia

um cientista que talvez os pudesse ajudar.

Chegaram ao pasto e ouviram barulhos estranhos.

Era o cientista a inventar mais uma das suas poções.

Bateram à porta e ouviu-se:

- Quem está aí? – Perguntou o cientista.

- Sou eu, o Manada, preciso da sua ajuda –

respondeu.

Entraram e logo começaram a explicar o que lhes

tinha acontecido.

O senhor Chifres ouviu-os com muita atenção e deu

uma gargalhada.

Começou a fazer uma poção nova. Dentro de uma

garrafa enorme, colocou pés de rã, asas de mosca, olhos

de cavalo e um pouco de sangue de cabra. Misturou tudo

muito bem e deu-a à Fanny para beber.

Alguns segundos depois, ela começou a dançar

como uma vaca louca e voltou à sua cor normal.

7 8

No caminho para casa ela prometeu que nunca mais

iria comer carne, ou outro alimento sem ser erva.

Com isto chegamos à conclusão que devemos

seguir o nosso regime alimentar, não esquecendo de o

fazer sempre de uma forma equilibrada.

(Original: O Abutre Vegetariano de Raquel Bulha)

Beatriz Aguiar, nº4

Cátia Medeiros, nº6

Micaela Borges, nº14

Pedro Pacheco, nº17

As orelhas do abade

Um sujeito bom caçador convidou o abade da sua

freguesia para ir comer com ele duas perdizes guisadas, e

deu-as à mulher para as cozinhar. A mulher, raivosa por

não contarem com ela, cozinhou as perdizes e comeu-as.

Nisto chega o abade muito contente, e diz-lhe a mulher:

- Fuja, senhor abade, que o meu homem jurou que

lhe havia de cortar as orelhas, e isto das perdizes foi um

pretexto para cá o pilhar.

O abade não quis ouvir mais, e ele por aqui me

sirvo.

O marido chega, e diz-lhe a mulher:

- O abade aí veio, viu as perdizes, e não queria

esperar mais por ti, pegou nelas ambas e foi-se embora.

O homem vem à porta da rua, e ainda vê o abade

fugindo, e começa a gritar:

- Ó senhor abade! Pelo menos deixe-me uma.

- Nem uma, nem duas! - respondeu ele lá de longe.

Teófilo Braga

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As orelhas do

Uma raposa caçadora convidou o coelho da sua

floresta para ir comer uma “salada de orelhas” que o seu

irmão ia cozinhar. O irmão da raposa, zangado por não lhe

irem dar nada, decidiu que quando o coelho chegasse à

sua casa contar-lhe-ia o plano da sua irmã.

Quando o coelho chegou a casa da raposa, o irmão

desta disse:

- Olha, é melhor tu fugires porque a minha irmã está

a planear cortar as tuas orelhas para acompanhar a

salada.

Ao ouvir isto, o coelho começa a fugir, mas quando

passou pela raposa, esta apanhou-o.

Depois da raposa apanhar o coelho levou-o para

casa.

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A raposa zangou-se com o irmão por este quase lhe

estragar o plano. E por causa disso só a raposa comeu o

coelho, acompanhado por uma salada de vegetais.

(Original: As orelhas do abade de Teófilo Braga)

André Mendes, nº2

Andreia Reis, nº3

Paulo Amaral, nº16

Rodrigo Sousa, nº19

O caldo de pedra

Um frade andava no peditório. Chegou à porta de

um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar nada.

O frade estava a cair de fome e disse:

- Vou ver se faço um caldinho de pedra.

E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e

pôs-se a olhar para ela, como para ver se era boa para um

caldo.

A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela

lembrança. Diz o frade:

- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes

digo que é uma coisa muito boa.

Responderam-lhe:

- Sempre queremos ver isso.

Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a

pedra, pediu:

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- Se me emprestassem aí um pucarinho...

Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de

água e deitou-lhe a pedra dentro.

- Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao

pé das brasas...

Deixaram. Assim que a panela começou a chiar,

disse ele:

- Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava a

primor!

Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu,

ferveu, e a gente da casa pasmada com o que via.

O frade, provando o caldo:

- Está um nadinha insonso. Bem precisa duma

pedrinha de sal.

Também lhe deram o sal. Temperou, provou e

disse:

- Agora é que, com uns olhinhos de couve, ficava

que até os anjos o comeriam.

A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves.

O frade limpou-as e ripou-as com os dedos e deitou as

folhas na panela. Quando os olhos já estavam

aferventados, arriscou:

- Ai! Um naquinho de chouriça é que lhe dava uma

graça!...

Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na

panela e, enquanto se cozia, tirou do alforge pão e

arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que

era um regalo.

Comeu e lambeu o beiço.

Depois de despejada a panela, ficou a pedra no

fundo.

A gente da casa, que estava com os olhos nele,

perguntou-lhe:

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- Ó senhor frade, então a pedra?

- A pedra... Lavo-a e levo-a comigo para outra vez.

E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.

Teófilo Braga

O Caldo de Peixe

Um mendigo andava a pedir esmola e chegou a

casa de um pescador, onde não lhe quiseram dar nada.

O mendigo estava cheio de fome e disse:

-Vou ver se faço um caldo de peixe na pedra.

Pegou numa pedra do chão, sacudiu – lhe a terra e

pôs-se a avaliá–la para a usar como panela.

O pescador e a sua família troçaram do mendigo,

até que este perguntou:

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- Então nunca comeram caldo de peixe? Digo-vos já

que é fabuloso.

Responderam – lhe:

- Veremos.

Foi a resposta que o mendigo queria ouvir.

- Só preciso de um peixinho!

- Toma lá, mas vê se nos impressionas –

responderam-lhe.

Ele encheu a pedra de água e deitou-lhe o peixe

dentro.

- Agora se deixassem a panela ao pé das brasas…

Deixaram. Passado algum tempo o mendigo achou

que já estaria bom.

- Com um bocadinho de cebola é que o caldo ficava

a primor!

Foram-lhe buscar uma cebola já descascada. Ele

cortou-a em rodelas e colocou-as no caldo. Ferveu, ferveu

e a gente da casa pasmava com o que via.

O mendigo provou o caldo, e disse:

Está um pouco insonso. Bem precisa de uma

pedrinha de sal.

Também lhe deram o sal. Temperou, provou e

disse:

- Agora é que, com umas batatinhas, é que até os

anjos comeriam.

20 19

A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe seis batatas.

O mendigo com um canivete que tinha no bolso

descascou-as e cortou-as em bocadinhos. Quando a

batata já estava boa, arriscou:

- Ai! Um fio de azeite é que lhe calhava melhor.

O pescador, que já estava farto de tantos pedidos,

deu-lhe o azeite, mas avisou-o:

- Levas o azeite mas daqui não levas mais nada!

Após o colocar no caldo, comeu-o e lambeu o beiço.

O mendigo levantou-se e foi-se embora, até que o

pescador o questionou:

- Então e o peixe?

- O peixe... fica para outra ocasião.

E assim comeu onde não lhe queriam dar nada!

(Original: O caldo de pedra de Teófilo Braga)

Francisco Oliveira, nº9

Tomás Carvalho, nº21

Silvino Sousa, nº22

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O SAL E A ÁGUA

Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas

por sua vez, qual era a mais sua amiga. A mais velha

respondeu:

– Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol.

Respondeu a do meio:

– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.

A mais moça respondeu:

– Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal.

O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não

amava tanto como as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi

muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um

rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à

mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou

dentro um anel muito pequeno, e de grande preço.

Perguntou a todas as damas da corte de quem seria

aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi

passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é

que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo

apaixonado por ela, pensando que era de família de

nobreza.

Começou então a espreitá-la, porque ela só

cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajos de

princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o caso. O

rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina

tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o

jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-

se o rei que tinha três filhas, e que pusera fora de casa a

mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares

que haviam de ser postos ao rei seu pai não botou sal de

propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei

convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o dono

da casa, porque é que o rei não comia? Respondeu ele,

não sabendo que assistia ao casamento da filha:

– É porque a comida não tem sal.

O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a

cozinheira viesse ali dizer porque é que não tinha botado

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sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa,

mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou

ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado

por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como

a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se

queixara da injustiça de seu pai.

Teófilo Braga (1883)

O e a

Era uma vez um Primeiro-Ministro que perguntou

aos seus três ministros, cada um por sua vez, qual era o

seu melhor amigo. O Ministro das Finanças respondeu:

- Quero-lhe mais do que à luz do Sol.

Respondeu a Ministra da Educação:

- Gosto mais de si do que de mim mesma.

Afirmou a Ministra da Saúde:

- Quero tanto ser sua melhor amiga, como a comida

quer o sal.

O Primeiro-Ministro entendeu com estas palavras

que a Ministra da Saúde não era sua amiga e que não

gostava dele como Primeiro-Ministro e despediu-a do seu

cargo.

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Ela foi muito triste por este mundo fora até que

chegou à casa do Presidente dos Estados Unidos da

América, onde foi contratada como cozinheira.

Certo dia veio à mesa do Presidente uma comida

muito saudável que este nunca tinha provado. Ele procurou

saber quem é que tinha preparado aquela refeição.

Um dia o Primeiro-Ministro foi aos Estados Unidos

da América, porque tinha sido convocado para uma

reunião no Senado.

Após a reunião foi-lhe oferecido um jantar na Casa

Branca.

O Primeiro-Ministro começou a comer e reparou que

a comida não estava do seu agrado pois faltava-lhe o sal.

Ele tratou logo de saber quem era a cozinheira para poder

reclamar.

Quando esta apareceu ele reparou que ela era a ex-

Ministra da Saúde, que ele tinha despedido, e ao vê-la

lembrou-se da conversa que tinham tido e percebeu que

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ela gostava dele da mesma maneira que os outros dois

ministros.

Como pedido de desculpas o Primeiro-Ministro

readmitiu-a.

(Original: O sal e a água de Teófilo Braga)

Cláudia Luz, nº7

Filipe Albano, nº8

Milton Braga, nº14

O BOLO REFOLHADO

Era uma mulher casada com um homem muito ruim,

que lhe batia todos os dias por qualquer coisa.

Uma vez, ao levantar-se para o trabalho, de

madrugada, disse ele para a mulher:

- À noite, quando vier, quero para a ceia bolo

refolhado. Olha lá, toma cuidado no que digo.

A mulher não sabia o que era bolo refolhado, e foi

ter com uma vizinha para ver se ela lhe ensinava. A

vizinha, que tinha muita pena da vida que ela levava, disse:

- Deixe estar, que eu cá lhe arranjo isso. Com

certeza que o seu homem se enganou, há-de ser bolo

«folhado». E levou-lhe à tardinha o bolo.

Quando veio o homem do trabalho, pediu a ceia, e,

como não achou o bolo refolhado, berrou, ralhou, deu

muitas pancadas na mulher. Ao outro dia a mesma coisa. A

mulher, coitada, foi ter com a vizinha, e ela disse-lhe:

- Arranje-lhe vossemecê uma galinha guisada, que

pode ser isso o que ele talvez queira.

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Volta o homem à noite, e mais pancadaria na

mulher, por não lhe ter feito para a ceia o bolo refolhado,

como mandara. Ao ir para o trabalho, outra vez a mesma

recomendação. A desgraçada da mulher não sabia como

acabar aquele fadário, e foi ter com a vizinha a chorar.

- Deixe estar, vizinha, tudo se arranja! Venha cá ter

comigo à tardinha, vestida com as calças e o jaquetão do

seu homem. A pobre mulher foi. Assim que chegou a casa

da vizinha, também a achou vestida com as calças e o

casaco do marido dela; e partiram ambas com os seus

varapaus para o sítio por onde o homem ruim havia de vir

do trabalho. Puseram-se cada uma de um e outro lado do

caminho. Quando o homem vinha a passar, diz uma:

- Bate-lhe, São Pedro!

- Porquê, São Paulo?

- Porque pede à mulher o bolo refolhado.

Moeram ao som desta cantiga o homem com

pancadas e depois de bem moído fugiram. O homem lá se

arrastou para casa como pôde, e assim que viu a mulher

pediu-lhe perdão de tê-la maltratado tanto tempo, e contou

como lhe tinha aparecido no caminho São Pedro e São

Paulo, que o desancaram em castigo de pedir o bolo

refolhado, que era uma coisa que ele não sabia o que era.

Teófilo Braga

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Uma lição de vida

Era uma vez um homem que todos os dias pregava

partidas à mulher.

Sempre que ele lhe pregava partidas, no dia

seguinte, ela não lhe preparava as refeições.

A mulher pensou e decidiu então fazer-lhe bolo de

chocolate, todos os dias.

Passaram seis meses e o homem já estava muito

gordo.

A certa altura já nem se podia mexer, mas também

não conseguia resistir à comida.

Um dia a mulher perguntou-lhe:

- Gostas de te ver assim? 33

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O homem respondeu-lhe:

- Não.

A mulher já não sabia o que fazer, por isso foi pedir

conselhos à vizinha.

A vizinha ao ver o homem naquele estado ficou sem

saber o que dizer.

Foi então que a vizinha se lembrou que tinha lido um

artigo que ensinava a preparar comida saudável e

equilibrada.

E assim foi. Passado algum tempo o homem estava

mais magro e mais saudável e eles tiverem uma lição de

vida.

(Original: O bolo refolhado de Teófilo Braga)

Gabriela Câmara, nº10

Henrique Januário, nº11

Rafael Franco, nº18

Teresa Mota, nº20

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O Sanduíche da Maricota

A galinha Maricota preparou um sanduíche: pão,

milho, quirera e ovo.

Mas quando ia comer, a campainha tocou.

Era o bode Serafim, que olhou o sanduíche e

exclamou:

- Vixe! Falta aí um capim.

Aí chegou o Kim, o gato, cumprimentou a galinha, e

vendo o sanduíche, palpitou:

- Falta a sardinha.

João, o cão, veio com o seu jeito de bom moço.

E educado, sugeriu:

- Coloquem nele um bom osso.

Sempre zumbindo e agitada, chegou a abelha

Isabel.

Olhou o esquisito recheio:

- Melhora se puser mel.

Da janela, ouvindo o papo, muito metido a bacana,

falou, convencido o macaco:

- Claro que falta banana!

- Banana? Sardinha? Mel?

Era o rato Aleixo.

- Milho? Osso? Capim? Argh!!!

- Vocês esqueceram o queijo!

A brincadeira acabou quando a raposa Celina olhou

bem para a Maricota e falou:

- Falta galinha!

Maricota ficou brava:

- Fora daqui minha gente!

Jogou fora o sanduíche e começou novamente; Pão,

milho, quirera e ovo. Como era pra ter sido.

- Quem quiser que faça o seu com recheio preferido.

Avelino Guedes

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A do Sr. Bolota

O senhor Bolota preparou uma

sanduíche: pão de hambúrguer, bacon,

batata frita e ovo estrelado.

Quando ia comer, a campainha

tocou.

Era o seu amigo médico, o André,

que exclamou:

- Espera, falta a alface!

Aí chegou a dentista Andreia que

cumprimentou o Sr. Bolota.

- Falta leite para fortalecer os dentes.

Veio o bombeiro Pedro com o seu jeito de

mau moço e disse:

- Falta aí um pepino.

Aí veio Rodrigo, o skater, e

exclamou:

- Falta a boa cenoura!

- Esperem! Falta tomate! –

exclamou também a cantora Bea.

39 40

E chegou o futebolista

Paulo.

- Falta atum.

A brincadeira acabou quando a cadela Zizi chegou e

comeu a sanduíche.

Todos ficaram zangados. Foram para as suas casas

e fizeram a sanduíche que queriam e comeram.

Nenhum deles se esqueceu de colocar pelo menos

um alimento de cada grupo da Roda dos Alimentos, visto

serem pessoas bem informadas e preocupadas em

manterem-se saudáveis.

(Original: O Sanduiche da Maricota de Avelino Guedes)

André Mendes, nº2

Andreia Reis, nº3

Paulo Amaral, nº16

Rodrigo Sousa, nº19

2

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A mulher gulosa

Era uma vez um homem que tinha casado com uma

mulher muito gulosa, ou, como diziam lá na terra deles,

muito lambareira. Ela era tão fingida que até fingia, para o

marido, que nunca nunca tinha vontade de comer. O

marido olhava para ela e, para dizer a verdade, não a via lá

muito magrinha nem fraquinha…

Um dia ele saiu de casa, dizendo-lhe que chegava

só muito tarde e nem valia a pena ela fazer o jantarinho

dele. Mas não foi longe: correu a esconder-se no forno que

havia do lado de fora, e onde havia uma janelinha que

dava para um canto da cozinha da sua casa.

E o que é que ele havia de ver?!

Mal se viu sozinha, a mulher foi arranjar só para ela,

um almoço de gulodices, que eram formigos de pão

esfarelado com mel e ovos. Para quem não souber, os

formigos são bolinhas de pão que se fazem do miolo do

pão e que, quando se juntam a umas colheres de mel e a

ovos muito bem batidos, são uma delícia… Algum tempo

depois, fez um pratalhão de migas muito bem temperadas

que comeu num instantinho e até lambeu os dedos

Ao fim da tarde, ainda não era bem a hora do lusco-

fusco (ou do pôr-do-sol), foi buscar à arca dois

franguinhos, tornou a acender o lume e fez os dois

franguinhos ensopados para a ceia.

Depois repimpou-se, muito bem repimpada, à mesa

grande da cozinha e comeu tudo, tudo, até deixar os

ossinhos dos franguinhos a luzir no prato vazio!

O marido, escondido lá no forno de fora, viu isto

tudo, e também viu como ela arrumou muito bem a cozinha

e se sentou num grande cadeirão, a dormitar.

Quando lhe pareceu horas de entrar em casa, lá

saiu do seu esconderijo e fingiu que chegava a casa, vindo

de muito longe.

Todo o santo dia tinha estado a chover, sem parar

nem um bocadinho, e quando o homem entrou em casa, a

mulher reparou que ele vinha enxuto como as palhas!

Muito admirada, disse-lhe:

44 43

- Ó homem, com este dia de água, como vens tão

enxuto?! Onde estiveste?

Ele respondeu:

Chovia miudinho

Como os formigos que almoçaste.

Se chovesse graudinho

Como as migas que jantaste,

Eu viria ensopadinho

Como os frangos que ceaste!

A mulher percebeu que já não enganava o marido,

que se serviu desta cantilena para lhe dizer que não valia a

pena mentir… E dizem que ela aprendeu muito bem a

lição, mas continuou muito, muito gulosa!

Maria Alberta Menéres

Donald: o guloso

Um certo dia, Donald olhou para o espelho, reparou

que estava muito magro e pensou:

- Estou muito magro, tenho de engordar!

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No dia seguinte, decidiu ir ao supermercado e

comprou o triplo dos alimentos que costumava comprar.

A partir desse dia, Donald foi comendo cada vez

mais, mais, e mais… até que…ao fim de dois meses

parecia um balão.

Margarida, que tinha ido de férias, quando foi visitá-

lo paralisou assustada com a barriga do Donald.

- Que se passou, Donald?

- Margarida, estou tão contente! Eu estava muito

magro e agora estou muito melhor - respondeu este.

Margarida pensou:

- Tenho que arranjar um plano.

Então disse ao Donald:

- Olha, Donald, eu preciso de ir ao shopping. Volto

para te visitar logo à noite.

Mas em vez de ir ao shopping, Margarida escondeu-se

no lado de fora e ficou a ver o que o Donald comia.

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Ele, não sabendo que a Margarida estava ali, ao

almoço comeu quatro bifes e uma montanha de

esparguete.

A Margarida ficou assustada.

Ao lanche, o Donald comeu metade de um bolo de

três andares.

- Meu Deus como é que ele tem estômago para isto

tudo? – Pensou baixinho a Margarida.

Ao jantar, ele preparou-se para comer duas pizzas

grandes.

Nesse momento, Margarida entrou em casa e gritou:

- Donald, mas afinal o que é isto?

- Margarida! Eu vou jantar! – disse o Donald

surpreendido.

Margarida acrescentou:

- E vais comer como um monstro!

- Mas como é que estás seca? Está a chover muito!

-perguntou intrigado o Donald.

Ela afirmou:

- Chovia miudinho, como os bifes que almoçaste. Se

chovesse graudinho como o bolo que lanchaste eu viria

ensopadinha, como as pizzas que vais jantar.

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Donald percebeu então que para se ter um peso

ideal não é preciso comer muito e decidiu passar a fazer

uma alimentação equilibrada.

Ana Rita Amaro, nº1

Beatriz Barbosa, nº5

Joana Raposo, nº12

João Arruda, nº13

(Original: A mulher gulosa de Maria Alberta Menéres)

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