contos de machado de assis pai contra mãe o caso da vara capítulo dos chapéus

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Contos Contos de de Machado Machado de de Assis Assis Pai contra mãe” Pai contra mãe” O caso da vara” O caso da vara” Capítulo dos chapéus” Capítulo dos chapéus”

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Page 1: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

ContosContos de de Machado Machado de de

AssisAssis

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”

““O caso da vara”O caso da vara”

““Capítulo dos chapéus”Capítulo dos chapéus”

Page 2: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”

Page 3: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”

O O narradornarrador do texto, é um elemento do texto, é um elemento importante para a construção da ironia importante para a construção da ironia nesta narrativa. Em nesta narrativa. Em terceira pessoaterceira pessoa, a , a sua perspectiva aproxima o leitor do sua perspectiva aproxima o leitor do tempo e do espaço através de relatos tempo e do espaço através de relatos históricos sobre os fatos que envolviam históricos sobre os fatos que envolviam a escravidão, como na descrição das a escravidão, como na descrição das crueldades das quais os escravos eram crueldades das quais os escravos eram vítimas. vítimas.

Page 4: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”

Os escravos Os escravos pareciam ser transformados pareciam ser transformados em coisas, deixando de ser humanos. Por em coisas, deixando de ser humanos. Por exemplo, quando fugiam exemplo, quando fugiam “grande parte era “grande parte era apenas repreendida; havia alguém em casa apenas repreendida; havia alguém em casa que servia de padrinho, e o mesmo dono que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, por que propriedade moderava a ação, por que dinheiro também dói” . dinheiro também dói” .

Page 5: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”

O O escravoescravo, essa coisa, objeto, mesmo , essa coisa, objeto, mesmo quando fugisse, não poderia sofrer quando fugisse, não poderia sofrer muitos castigos, já que estes poderiam muitos castigos, já que estes poderiam impedi-lo de prestar os serviços impedi-lo de prestar os serviços necessários a seu senhor, inutilizando-o, necessários a seu senhor, inutilizando-o, causando assim, grande prejuízo. causando assim, grande prejuízo.

Page 6: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”Quando o Quando o narradornarrador comenta comenta “nem todos “nem todos gostavam da escravidão”gostavam da escravidão” e e “nem todos “nem todos gostavam de apanhar pancadas”,gostavam de apanhar pancadas”, qual qual pessoa gostaria de viver em completa pessoa gostaria de viver em completa escravidão, à mercê dos mandos e escravidão, à mercê dos mandos e desmandos de alguém e, ainda por cima, desmandos de alguém e, ainda por cima, levar algumas pancadas? Com sua ironia, levar algumas pancadas? Com sua ironia, parece que é ele (o narrador), quem dá parece que é ele (o narrador), quem dá uma pancada nesse sistema de uma pancada nesse sistema de escravatura.escravatura.

Page 7: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”

No conto No conto “Pai contra mãe”,“Pai contra mãe”, MachadoMachado aventura-se pelo caminho da aventura-se pelo caminho da análise análise socialsocial. Sem oratória e redundância, quer . Sem oratória e redundância, quer mostrar-nos como a miséria torna o pobre mostrar-nos como a miséria torna o pobre inimigo da sua própria classe e como, inimigo da sua própria classe e como, dramaticamente, o desumaniza.dramaticamente, o desumaniza.

Page 8: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”

““Pai contra mãe”Pai contra mãe” quer ensinar-nos o que quer ensinar-nos o que é o horror da escravatura, mas para é o horror da escravatura, mas para chegar a isso utiliza o que há de mais chegar a isso utiliza o que há de mais chocante para o leitor: chocante para o leitor: a apresentação do a apresentação do horror como normalidade.horror como normalidade.

Page 9: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”ArmindaArminda está grávida e suplica ao rapaz está grávida e suplica ao rapaz que a deixe ir ou que a guarde como que a deixe ir ou que a guarde como escrava. escrava. “Você é que tem culpa, responde “Você é que tem culpa, responde Candinho, quem lhe manda fazer filhos e Candinho, quem lhe manda fazer filhos e fugir depois?”.fugir depois?”. E arrasta-a, entre lutas E arrasta-a, entre lutas desesperadas, até à casa do patrão. desesperadas, até à casa do patrão. ArmindaArminda cai no corredor e, enquanto o cai no corredor e, enquanto o patrão paga o prêmio a patrão paga o prêmio a CandinhoCandinho, , “no “no chão, onde jazia, levada do medo e da dor, chão, onde jazia, levada do medo e da dor, e após algum tempo de luta a escrava e após algum tempo de luta a escrava abortou”. abortou”.

Page 10: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Pai contra mãe”Pai contra mãe”CandinhoCandinho volta para casa com o dinheiro na mão, volta para casa com o dinheiro na mão, o filho já não será abandonado. o filho já não será abandonado. “Cândido Neves, “Cândido Neves, beijando o filho, entre lágrimas verdadeiras, beijando o filho, entre lágrimas verdadeiras, abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto. — abençoava a fuga e não se lhe dava do aborto. — Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o Nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração”.coração”. O frio bom senso de O frio bom senso de CandinhoCandinho e a e a sensação de normalidade criada pelo final feliz sensação de normalidade criada pelo final feliz contrastam violentamente com a sensação de contrastam violentamente com a sensação de horror que constitui, em última análise, a horror que constitui, em última análise, a verdadeira característica do conto.verdadeira característica do conto.

Page 11: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”

Page 12: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”

Narrado em Narrado em terceira pessoaterceira pessoa, o conto , o conto O O caso da varacaso da vara, evidencia, em sua crítica , evidencia, em sua crítica social, social, o aspecto sórdido e desumano da o aspecto sórdido e desumano da escravidão e suas mazelas morais.escravidão e suas mazelas morais.

Page 13: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”

Neste conto, Neste conto, MachadoMachado se utiliza de uma se utiliza de uma querela doméstica sem importância para querela doméstica sem importância para ilustrar a ilustrar a questão do favor e do questão do favor e do apadrinhamentoapadrinhamento. Para conseguir seu . Para conseguir seu objetivo (deixar de vez o seminário que objetivo (deixar de vez o seminário que ele tanto detesta) ele tanto detesta) DamiãoDamião faz uso dos faz uso dos recursos de que dispõe. recursos de que dispõe.

Page 14: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”

Não conseguindo mobilizar o Não conseguindo mobilizar o “padrinho” “padrinho” João CarneiroJoão Carneiro, ele recorre a , ele recorre a Sinhá RitaSinhá Rita, , cujo poder sobre o padrinho de cujo poder sobre o padrinho de DamiãoDamião é é conhecido. Note-se que conhecido. Note-se que Sinhá RitaSinhá Rita somente decidiu apadrinhá-lo porque somente decidiu apadrinhá-lo porque sentiu-se sentiu-se “lisonjeada com as súplicas”“lisonjeada com as súplicas” de de DamiãoDamião. Novamente . Novamente MachadoMachado trabalha trabalha com a inversão dos com a inversão dos valores tradicionaisvalores tradicionais: : Sinhá RitaSinhá Rita tem poder e, apenas por isso, tem poder e, apenas por isso, pode ou não querer usar tal poder.pode ou não querer usar tal poder.

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““O caso da vara”O caso da vara”

A dialética entre A dialética entre forçaforça e e desejo desejo será será romanticamente invertida por romanticamente invertida por Damião Damião ao ao se compadecer da escrava se compadecer da escrava Lucrécia,Lucrécia, ameaçada pela ameaçada pela varavara. . DamiãoDamião acredita acredita que a comoção (pena, compaixão, que a comoção (pena, compaixão, solidariedade) ou o senso de justiça são solidariedade) ou o senso de justiça são argumentos suficientes o bastante para argumentos suficientes o bastante para exercer o favor. exercer o favor.

Page 16: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”

Sabe-se o quanto ele (Damião) está Sabe-se o quanto ele (Damião) está enganado. Tanto que, na hora fatal, enganado. Tanto que, na hora fatal, momento em que precisa escolher o lado, momento em que precisa escolher o lado, DamiãoDamião acaba colaborando para o castigo acaba colaborando para o castigo de de LucréciaLucrécia. . “Damião sentiu-se “Damião sentiu-se compungido; mas ele precisava tanto sair compungido; mas ele precisava tanto sair do seminário”,do seminário”, relata o narrador relata o narrador machadiano.machadiano.

Page 17: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”Dividido entre a auto-preservação e a Dividido entre a auto-preservação e a consideração do outro, consideração do outro, DamiãoDamião coloca-se coloca-se ao lado das instituições, que neste caso é ao lado das instituições, que neste caso é o Direito, a Lei, (no conto, simbolizada o Direito, a Lei, (no conto, simbolizada pela vara). Transposta, pois, para o pela vara). Transposta, pois, para o âmbito familiar, a manobra política de âmbito familiar, a manobra política de DamiãoDamião é um exemplo contundente da é um exemplo contundente da teoria da ação humana, de que fala teoria da ação humana, de que fala Maquiavel.Maquiavel.

Page 18: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”Outro fator chama a atenção nos contos de Outro fator chama a atenção nos contos de MachadoMachado. Trata-se da eterna sensação de . Trata-se da eterna sensação de insuficiência (dependência), do sujeito insuficiência (dependência), do sujeito diante da vida. diante da vida. Suas personagens parecem Suas personagens parecem sempre marcadas por esta ausência de sempre marcadas por esta ausência de auto-suficiência, ou seja, surgem sempre auto-suficiência, ou seja, surgem sempre desprovidas de liberdade para prescindir desprovidas de liberdade para prescindir das instituiçõesdas instituições. Sem o apoio destas, o . Sem o apoio destas, o homem nada consegue.         homem nada consegue.        

Page 19: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”Os contos Os contos O caso da varaO caso da vara e e Pai contra mãePai contra mãe , segundo , segundo Alfredo BosiAlfredo Bosi, dão testemunho , dão testemunho tanto da vilania dos protagonistas quanto tanto da vilania dos protagonistas quanto da lógica que rege os seus atos. As da lógica que rege os seus atos. As “tendências da alma”“tendências da alma” e os e os “cálculos da “cálculos da vida”vida” somam-se na luta pela somam-se na luta pela autoconservação. Ambos têm em comum autoconservação. Ambos têm em comum a situação do homem juridicamente livre, a situação do homem juridicamente livre, mas pobre e dependente, ou meramente mas pobre e dependente, ou meramente dependente, que está um degrau, mas só dependente, que está um degrau, mas só um degrau, acima do escravo. um degrau, acima do escravo.

Page 20: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““O caso da vara”O caso da vara”A essa condição ainda lhe resta usar do A essa condição ainda lhe resta usar do escravo, não diretamente, pois não pode escravo, não diretamente, pois não pode comprá-lo, mas por vias transversas, comprá-lo, mas por vias transversas, entregando-o à fúria, ou posse do senhor, entregando-o à fúria, ou posse do senhor, delatando-o ou capturando-o quando se delatando-o ou capturando-o quando se rebela e foge. O poder do senhor rebela e foge. O poder do senhor desdobra-se em duas frentes: desdobra-se em duas frentes: ele não é só ele não é só o dono do cativo, é também dono do o dono do cativo, é também dono do pobre livre na medida em que o reduz a pobre livre na medida em que o reduz a polícia de escravo.polícia de escravo.

Page 21: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapéus”Capítulo dos chapéus”

Page 22: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”

Narrado em Narrado em terceira pessoaterceira pessoa, o conto é , o conto é dominado pelas figuras de duas dominado pelas figuras de duas mulheres: mulheres: MarianaMariana e e SofiaSofia. . Personalidades opostas, elas Personalidades opostas, elas representam dois mundos diferentes, representam dois mundos diferentes, mas próximos entre si, presentes na mas próximos entre si, presentes na nova configuração da realidade brasileira nova configuração da realidade brasileira da segunda metade do século XIX. da segunda metade do século XIX.

Page 23: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”MarianaMariana é a é a mulher infantilizada e mulher infantilizada e alienada num ambiente domésticoalienada num ambiente doméstico; sua ; sua vida resume-se a casa e seus objetos: vida resume-se a casa e seus objetos: Móveis, cortinas, ornatos supriam-lhe os Móveis, cortinas, ornatos supriam-lhe os filhos; tinha-lhes um amor de mãe; e tal filhos; tinha-lhes um amor de mãe; e tal era a concordância da pessoa com o meio era a concordância da pessoa com o meio que ela saboreava os trastes na posição que ela saboreava os trastes na posição ocupada, as cortinas com as dobras do ocupada, as cortinas com as dobras do costume, e assim o resto. costume, e assim o resto.

Page 24: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”

Sua caracterização evidencia o quanto Sua caracterização evidencia o quanto está de acordo com os ideais de está de acordo com os ideais de feminilidade de um feminilidade de um mundo marcado pela mundo marcado pela figura do patriarcafigura do patriarca: era uma criatura : era uma criatura passiva, meiga, de uma plasticidade de passiva, meiga, de uma plasticidade de encomenda, capaz de usar com a mesma encomenda, capaz de usar com a mesma divina indiferença tanto um diadema divina indiferença tanto um diadema régio como uma touca. régio como uma touca.

Page 25: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”Ou seja, é uma Ou seja, é uma criatura feita de clichêscriatura feita de clichês que servem para reafirmar o oposto, a que servem para reafirmar o oposto, a virilidade masculina. Sua vida estreita, virilidade masculina. Sua vida estreita, concorda com suas leituras: Os hábitos concorda com suas leituras: Os hábitos mentais seguiam a mesma uniformidade. mentais seguiam a mesma uniformidade. MarianaMariana dispunha de mui poucas noções, dispunha de mui poucas noções, e nunca lera senão os mesmos livros: e nunca lera senão os mesmos livros: a a MoreninhaMoreninha, de Macedo, sete vezes; , de Macedo, sete vezes; IvanhoéIvanhoé e o e o PirataPirata, de Walter Scott, dez , de Walter Scott, dez vezes; e vezes; e Mot de l´enigmeMot de l´enigme, de Madame , de Madame Craven, onze vezes.Craven, onze vezes.

Page 26: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”

Em oposição à sua figura, há Em oposição à sua figura, há SofiaSofia, uma , uma mulher da nova sociedade: independente, mulher da nova sociedade: independente, resoluta, seus limites vão além da vida resoluta, seus limites vão além da vida doméstica, estendendo-se para a rua: doméstica, estendendo-se para a rua: SofiaSofia, prática daqueles mares, , prática daqueles mares, transpunha, rasgava ou contornava as transpunha, rasgava ou contornava as gentes com muita perícia e tranqüilidade. gentes com muita perícia e tranqüilidade.

Page 27: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”

Mais ainda, Mais ainda, Sofia Sofia era honesta, mas era honesta, mas namoradeira: o termo é cru e não há namoradeira: o termo é cru e não há tempo de compor um mais brando. tempo de compor um mais brando. Namorava a torto e a direito, por Namorava a torto e a direito, por necessidade natural, um costume de necessidade natural, um costume de solteira. A relação das duas mulheres com solteira. A relação das duas mulheres com os maridos segue esse caráter de os maridos segue esse caráter de oposição. Sofia domina o marido: oposição. Sofia domina o marido:

Page 28: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”““Olhe eu cá vivo, muito bem com o meu Olhe eu cá vivo, muito bem com o meu Ricardo; temos muita harmonia. Não lhe Ricardo; temos muita harmonia. Não lhe peço coisa que ele não faça logo; mesmo peço coisa que ele não faça logo; mesmo quando não tem vontade nenhuma, basta quando não tem vontade nenhuma, basta que eu feche a cara, obedece logo. Não era que eu feche a cara, obedece logo. Não era ele que teimaria assim por causa de um ele que teimaria assim por causa de um chapéu! Pois não! Onde iria ele parar! chapéu! Pois não! Onde iria ele parar! Mudava de chapéu, quer quisesse, quer Mudava de chapéu, quer quisesse, quer não.”não.”

Page 29: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”

A A típica dialética machadiana da típica dialética machadiana da aparência x essênciaaparência x essência, aparece em , aparece em algumas passagens desse conto: 1) Na algumas passagens desse conto: 1) Na atitude do atitude do pai de Marianapai de Mariana que transmite que transmite à filha a idéia de que o chapéu usado à filha a idéia de que o chapéu usado pelo seu pelo seu marido marido rebaixava sua rebaixava sua verdadeira pessoa. verdadeira pessoa.

Page 30: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”

2) Na fala de 2) Na fala de ConradoConrado, quando considera , quando considera o chapéu como o chapéu como a integração do homem, a integração do homem, um prolongamento da cabeça, um um prolongamento da cabeça, um complemento decretado complemento decretado ab eterno; ab eterno; ninguém o pode trocar sem mutilação”.ninguém o pode trocar sem mutilação”.

Page 31: Contos de Machado de Assis Pai contra mãe O caso da vara Capítulo dos chapéus

““Capítulo dos chapeús”Capítulo dos chapeús”

3) No 3) No dilema de Marianadilema de Mariana, que se divide , que se divide entre a atmosfera organizada de sua entre a atmosfera organizada de sua casa, em seu mundo fechado, e o casa, em seu mundo fechado, e o passeio pelo Rua do Ouvidor, a cuidar a passeio pelo Rua do Ouvidor, a cuidar a variedade dos chapéus. variedade dos chapéus.