contos barzÍsticos
DESCRIPTION
ACESO, NÃO!TRANSCRIPT
Colatina/ES, 07 de maio de 2011.
Blog do GAZ
CONTOS BARZÍSTICOS
ACESO, NÃO!
Dois matutos conversavam na beira de um riacho, contemplando o cair da tarde, quando um
deles diz ao amigo sentir saudades dos tempos em que havia peixe em abundância naquelas
águas, quando o rio era caudaloso, a poluição ainda não havia chegado por ali e várias espécies
e tamanhos podiam ser pescadas com facilidade.
-É, cumpadi, dá saudade daqueles tempos de fartura... – lamentou um deles.
-Ora, se dá, cumpadi... – concordou o outro.
E os dois continuaram ali, em silêncio, recordando os bons tempos de pescaria.
-Num tenho nem conta de quantas traíras peguei aqui...
-E lambari?
-E tilápia?
-E apaiari?
Colatina/ES, 07 de maio de 2011.
Blog do GAZ
-E acará?
-E curimba...?
E assim foram relembrando a variedade de peixes que outrora podiam ser encontrados com
facilidade naquele riacho.
-Lembro de uma piaba que peguei aqui num domingo... Foi uma briga danada pra tirá ela
d’água.
-Uma piabinha, cumpadi?
-Coisa de uns quarenta e poucos quilos...
E o silêncio voltou a tomar conta do ambiente, até que o outro resolveu quebrá-lo.
-Trodia vim pra cá de noitinha, pra vê se pegava alguma coisa pra janta.
-E pegou?
-Pra cumê, não.
_?
-Nu que lancei o anzol, num demorô muito senti uma fisgada na ponta da vara... E tô puxando
e o ‘bicho’ fazendo força...E tô puxando e o ‘bicho’ fazendo força...
-E daí, cumpadi, e daí? – Pergunta o amigo, já sem paciência.
Colatina/ES, 07 de maio de 2011.
Blog do GAZ
-Eu só via aquele clarão se aproximando, e se aproximando...
-‘Clarão’, cumpadi?
-Era um lampião
-Aceso, cumpadi?!
-Cesinho...
E de novo o silêncio voltou a reinar entre os dois, entrecortado pelo cantar de canários e
trinca-ferros.
-Tá bão, cumpadi, tá bão... Vou passar minha piaba pra 300 gramas. Mas apaga esse lampião,
pelo amor de Deus!